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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
DISCIPLINA LIBRAS

FICHAMENTO DE BILINGUÍSMO

A criança surda cap. 2 e 4


Filosofias Educacionais
Bilinguísmo
Educação Bilíngue MEC 2014

Discentes: Nara Fernandes


Júlio Cesar
Luís
Adalto

RECIFE, 2018
FICHAMENTO DOS TEXTOS

EDUCAÇÃO BILINGUE MEC 2014

INTRODUÇÃO

O Bilinguismo, como proposta para a educação de surdos, surgiu na década de 80.


Esta linha teórica defende que o aprendizado da Língua sinalizada deve preceder o da
Língua oral, utilizada na comunidade a qual o surdo pertence. Nesta proposta entende-
se a Língua sinalizada como materna para o sujeito surdo, devido suas características,
por primazia visual, que compensam eficazmente a falta de comunicação, situação
imposta pela deficiência auditiva. A Língua sinalizada é reconhecida como L1, ou
primeira Língua. Por serem as principais características das Línguas oficiais, que são
utilizadas pela grande maioria nas comunidades, orais e auditivas, são entendidas
nesta proposta como segunda língua para o sujeito surdo, ou L2. A educação do surdo
pela proposta bilíngue apresenta como primordial o acesso da criança, com deficiência
auditiva, à sua Língua materna, sendo de preferência a vivência e aprendizagem desta
estimulada pelo contato com comunidade surda, na qual estará inserida quando maior.
Seu desenvolvimento na Língua materna é considerado primordial para o
aprendizado da segunda Língua (língua oral), em sua forma escrita a ser aprendida na
escola. Este trabalho visa identificar quais serviços oferta, e quais as necessidades
ainda existentes, na educação bilíngue de surdos. Tendo em vista a grande importância
deste método para o desenvolvimento integral do sujeito surdo.

1. LEIS SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL

A educação bilíngue de surdos no Brasil está amparada pela Lei e é recomendada pelo
Ministério Nacional da Educação (MEC), como sendo uma proposta válida e eficaz para
o ensino das duas Línguas reconhecidas pelo país, Língua Portuguesa e LIBRAS,
necessárias para a inclusão social efetiva destes sujeitos.
2. A CULTURA E IDENTIDADE SURDA

Toda Língua é uma construção cultural utilizada como forma de transmissão de


conhecimentos e da cultura da comunidade que a utiliza. A partir desta compreensão,
pode-se perceber a existência de uma identidade específica e inerente ao sujeito surdo.
A existência desta identidade contempla as características culturais e sociais de
produção e transmissão cultural, tendo como base os níveis de participação na
comunidade surda, as características assumidas na identidade surda. São classificadas
como:

 Identidade Flutuante: quando o surdo se espelha no ouvinte, vivendo de acordo com a


realidade do ouvinte;
 Identidade inconformada: quando o surdo não consegue viver de acordo com a
realidade do ouvinte e se sente como tendo uma identidade subalterna;
 Identidade de transição: quando o contato do surdo com a comunidade surda não
acontece na infância, o que traz um conflito cultural interno;
 Identidade híbrida: quando o sujeito nasce ouvinte e sofre uma perda auditiva, e este
se utiliza para comunicar a língua sinalizada e para pensar a língua oral;
 Identidade surda: quando o surdo pôde desenvolver-se em contato precoce com a
língua sinalizada e a comunidade surda, aprendendo a perceber o mundo visualmente.

3. O BILINGUISMO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS


O Bilinguismo e a Educação de Surdos na escola inclusiva parte do pressuposto da
valorização das diferenças, tendo no contexto escolar o ensino de Libras como primeira
língua e a Língua Portuguesa como segunda língua.
O Bilinguismo junto à educação somente pode ter sucesso, se houver intérpretes
capacitados e uma formação adequada aos licenciados e aos fonoaudiólogos,
estendendo-se evidentemente com a oportunidade aos cursos de extensão e de
aprimoramento. A educação de Surdos totalmente avançada com a devida qualificação
está um pouco longe de acontecer, mas um grande avanço foi dado, na
regulamentação e no respeito a identidade e cultura dos surdos.

4. BASES PARA A PROPOSTA EDUCATIVA


 A definição da palavra bilíngue segundo o dicionário Aurélio: “adj. Que está em duas
línguas diferentes: inscrição bilíngue. / Onde se falam duas línguas: país bilíngue. / Que
fala duas línguas”. A proposta bilíngue entende o sujeito surdo como participante de
duas realidades, como um estrangeiro no próprio país, vivendo ao mesmo tempo a
realidade da língua materna, na qual tem sua visão de mundo construída e aprimorada,
e a realidade de uma segunda língua, a utilizada no cotidiano da comunidade a que
pertence. Nesta proposta, o ideal para o sujeito surdo não seria a sua adequação à
realidade ouvinte, usuária da língua oral, mas sim assumir sua condição de surdez
como parte de suas características e identidade. Além do caminho que a legislação
brasileira abriu para a educação bilíngue para surdos, também são bases para a
proposta, documentos internacionais e teorias adotadas e divulgadas pelo MEC do
Brasil.
 Ainda nesta direção está a recomendação da UNESCO quanto ao direito de toda
criança a aprender, na educação básica, em sua língua materna. Para que a formação
bilíngue ocorra, é indicado que haja um instrutor surdo responsável por ensinar e
transmitir a cultura surda juntamente com a LIBRAS, trabalhando em conjunto com o
professor bilíngue, ouvinte. Segundo o manual do Atendimento Educacional
Especializado para deficiência auditiva, editado pelo MEC/SEESP, este atendimento
deve ocorrer por três momentos diferenciados:
 Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras na escola comum: em
que todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares, são explicados
nessa língua por um professor, sendo o mesmo preferencialmente surdo. Esse trabalho
é realizado todos os dias.
 Momento do Atendimento Educacional para o ensino de Libras na escola comum: no
qual os alunos com surdez terão aulas de Libras, favorecendo o conhecimento e a
aquisição, principalmente de termos científicos. Este trabalhado é realizado pelo
professor e/ou instrutor de Libras (preferencialmente surdo), de acordo com o estágio
de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra. O atendimento
deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito
da Língua de Sinais.
 Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua
Portuguesa: no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas
com surdez. Este trabalho é realizado todos os dias para os alunos com surdez, à parte
das aulas da turma comum, por uma professora de Língua Portuguesa, graduada nesta
área, preferencialmente. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do
conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa.

5. LER E ESCREVER NA LÍNGUA PORTUGUESA

A partir da compreensão do termo bilíngue como sendo um sujeito conhecedor e


eficiente em duas línguas, o que se propõe como forma de ensino para a aquisição da
segunda língua, que para o sujeito surdo é a Língua Portuguesa, é a forma escrita da
língua oral ensinada a partir de sua língua materna. Isto se deve ao conceito de que o
sujeito surdo interage melhor com o sentido da visão, e pelo respeito à sua condição
de surdez, que dificultaria a aquisição da língua oral. Esta preocupação quanto à
necessidade do ensino da segunda língua, em sua forma escrita, se baseia na estreita
relação existente entre cidadania e competência comunicativa.

6. EDUCAÇÃO BILINGUI – CONCLUSÃO

Percebe-se, que o ensino bilíngue é o método que mais se aproxima do respeito ao


sujeito surdo em sua identidade e cultura. Assim como a preocupação, que é inerente
a esta proposta, de trazer ao sujeito surdo a condição de se incluir na sociedade de
forma efetiva e completa, reconhecendo suas diferenças e capacidades. Além disso,
dentre as propostas para o ensino de surdos, esta é a que mais aparece, hoje, nos
documentos oficiais brasileiros, sendo recomendada como modelo para as escolas
inclusivas. As línguas de sinais de vários países foram preservadas e passadas de
geração em geração por meio das associações de surdos e famílias de surdos. No
Brasil, as associações de surdos sempre mantiveram intercâmbios por meio de redes
possibilitando contatos entre surdos do país inteiro. As festas, os jogos, os
campeonatos, as sedes organizadas por surdos são formas de interação social e
linguística que não aparecem nas escolas de surdos (muito menos nas escolas
regulares) por representarem movimentos de resistência a um sistema que poda, que
determina, que lesa a formação da comunidade surda brasileira. Que significados os
surdos atribuem a sua própria língua? Com base em trechos de conversas com surdos
sobre a língua de sinais, apresento algumas possíveis reflexões sobre esta
pergunta. Nesta passagem, percebe-se que a língua de sinais apresenta a
possibilidade efetiva de troca com o outro. Além disso, é uma língua que possibilita aos
surdos falar sobre o mundo, sobre significados de forma mais completa e acessível,
uma vez que se organiza visualmente. Nesse contexto, a língua de sinais é trazida
como elemento constituidor dos surdos na relação com outros surdos e na produção
de significados a respeito de si, do seu grupo, dos outros e de outros grupos. O encontro
surdo-surdo representa, pois, a possibilidade de troca de significados que na língua de
sinais, nas políticas, na marcação das diferenças carregam a marca da cultural. Assim,
o outro igual é aquele que usa a mesma língua e que consegue trilhar alguns caminhos
comuns que possibilitam o entendimento sem esforços de outra ordem. O
processamento mental é rápido e eficiente, além de abrir possibilidades de troca efetiva
e o compartilhar, o significar, o fazer sentido. Os caminhos comuns passam por formas
surdas de pensar e significar as coisas, as ideias e os pensamentos necessariamente
na língua de sinais. Neste momento, também no Brasil, muitos surdos se apropriam da
própria língua e fazem um movimento intenso para garantir seus direitos de acesso a
ela. Os próprios surdos tomam a frente dos movimentos para reconhecimento legal. Os
surdos reivindicam a presença de intérpretes de língua de sinais em diferentes
espaços, incluindo os espaços de negociação com os ouvintes para pensarem e
definirem aspectos relacionados com a vida dos surdos. Dessa forma, a autoria surda
passa a ser representada em algumas instâncias delineando o período pós-colonialista
em relação aos surdos brasileiros. Isso se traduz na presença dos surdos no Ministério
da Educação, na restrição do ensino da língua de sinais aos instrutores
necessariamente surdos, na articulação dos movimentos surdos, na legislação.
O fato dos surdos adquirirem a língua de sinais como uma língua nativa fora do berço
familiar com o povo surdo, demanda à escola um papel que outrora fora desconhecido.
Já se reconhece que a língua de sinais é a primeira língua, que a língua portuguesa é
uma segunda língua, já se sabe da riqueza cultural que o povo surdo traz com suas
experiências sociais, culturais e científicas. Neste momento, a situação bilíngue dos
surdos está posta para debates e demonstra avanços, no entanto, os espaços de
negociação ainda precisam ser instaurados. A política linguística ainda mantém uma
hierarquia vertical entre o português e as demais línguas no Brasil, apesar de algumas
iniciativas no sentido de reconhecimento das “diversidades” linguísticas do país.
Estamos diante de um processo simbólico de negociação política: a língua de sinais
brasileira e a língua portuguesa no espaço educacional em que o surdo está inserido.
Os espaços políticos que cada língua representa para uns e para outros não são os
mesmos. Não estamos mais diante de argumentações oposta, mas de entre meios, de
fissuras, de objeções, de representações simbólicas que formam uma trama que vira
um drama para a vida dos surdos brasileiros. Daí podemos partir para as negociações
nos embates sobre as políticas linguísticas. “Negociações” somente são possíveis
quando o outro deixa de ser convidado e passa a ser integrante da rodada. Enquanto
convidado, a sua posição sempre é subalterna a de quem o convidou. Assim, os
espaços de negociação tornam-se possíveis quando o outro passa a ser um eu no
espaço compartilhado sendo ao mesmo tempo o outro diante do outro eu traduzindo-
se nas alteridades que convivem umas com as outras.

BILINGUISMO

PROPOSTA BILINGUE

o bilinguismo é uma proposta de ensino afirma que o aluno surdo de ter acesso as duas
línguas no contexto escolar, a primeira seria a língua de sinais, pois os surdos formam uma
comunidade com cultura e linguagem próprias, a segunda língua seria a língua portuguesa
escrita. Isso porque a libras é considerada a língua natural e adquirida de forma espontânea
pelos surdos, já a língua portuguesa deve ser ensinada de forma gradativa e sistemática.

A linguagem privilegiada no sistema bilíngue deve ser o português escrito, não sendo
enfatizadas ações de desenvolvimento de fala ou leitura labial, já que esse esses aspectos
são tratados pelos profissionais de saúde.

AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM
No processo de aquisição de linguagem existem duas correntes de pesquisas a primeira
conhecida como gerativismo qua há um dispositivo de aquisição de linguagem comum a todos
os seres humanos e que só é acionado mediante experiências linguísticas positivas. Já outa
linha de referencia é o sociointeracionismo que afirma que a linguagem seria a constituição
do pensamento, a significação na forma com o individuo percebe a si e ao mundo.

Outro estudioso diz ainda que a língua é um instrumento que permite ao ser receber a
ideologia de sua comunidade, permitindo sua atuação.

O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO

A criança surda deve ser exposta o mais cedo possível a língua de sinais, afim de que possa
a ter o domínio no mesmo tempo em que uma criança não surda domina a linguagem falada,
pois a a Libras servirá de base para que ela possa aprender a segunda língua, que será o
português escrito.

A criança surda deverá preferencialmente aprender a língua de sinais através da interação


com outras pessoas surdas, já fluentes nessa língua, para que possa forma sua identidade
cultural e linguística, o tempo para aprendizagem dessa língua é semelhante a da criança
ouvinte aprende a falar a língua oral-auditiva.

os contextos família e escolar não devem sobressair um ao outro, e será esperado que a
linguagem de sinais esteja sempre um pouco mais avançado que a linguagem escrita. No
entanto para as crianças surdas provenientes de comunidades ouvintes, deverá ter essa
disparidade suprida pela escola e outros profissionais bilíngues.

LETRAMENTO

A língua é a ferramenta de comunicação para que a criança conheça o mundo e possa se


comunicar. No entanto muitas crianças surdas estão sendo ensinadas da mesma forma que
as ouvintes, sem levar em conta as particularidades de aprender por meios de experiências
visuais.A maioria dos pesquisadores afirma que a língua escrita deve ser aprendida
plenamente sem enfatizar a relação letra X som

BILINGUISMO

A criança surda
Capítulo 2 (Breve relato sobre a educação de surdos)

Para entender as filosofias educacionais para surdos, é necessário relacionar a


exposição ao meio social, a linguagem e a qualidade de interações interpessoais ao
desenvolvimento cognitivo da criança surda.

No decorrer da história, a sociedade apresentava geralmente aspectos negativos


quanto aos surdos. Na antiguidade os surdos foram percebidos de formas variadas: com
piedade e compaixão, como pessoas castigadas pelos deuses ou como pessoas enfeitiçadas,
consequentemente eram abandonados ou sacrificados. Até mesmo na bíblia pode-se
perceber uma posição negativa em relação à surdez.

Até o século XV, o surdo era visto como uma pessoa primitiva; ele não poderia ser
educado e viviam totalmente à margem da sociedade e não tinham nenhum direito
assegurado. Só a partir do século XVI surgem os primeiros educadores de surdos.

Os educadores criaram diferentes metodologias para ensinar surdos. Baseavam


apenas na língua oral. Outros defenderam a língua de sinais criada através de gerações pelas
comunidades de surdos. Até hoje existem diversas correntes com diferentes pressupostos em
relação à educação de surdos.

Ainda no século XVI, na Espanha, o monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1520-
1584) desenvolveu uma metodologia de educação de surdos que incluía datilologia
(representação manual de letras do alfabeto), além da escrita e oralização, e criou uma escola
de professores surdos. Ponce de Leon, também ensinou quatro surdos a falar grego, latim e
italiano, além de conceitos de física e astronomia. Os surdos eram filhos de nobres.

Em 1620, Juan Martin Pablo Bonet publicou, na Espanha, o livro Reduccion de las letras
y artes para enseñar a hablar a los mudos, que trata da invenção do alfabeto manual de Ponce
de Leon. Em 1644 foi publicado o primeiro livro em inglês sobre a língua de sinais Chirologia,
de J. Bulwer, acreditava ser a língua de sinais universal e seus elementos constitutivos
icônicos. O mesmo autor publicou em 1648 o livro Philocopus, em que afirma ser a língua de
sinais capaz de expressar os mesmos conceitos na língua oral.
Em 1750, na França, surge Abade Charles Michel de L´Epée, uma pessoa que foi muito
importante para a história da educação dos surdos. L´Epée se aproximava dos surdos que
perambulavam pelas ruas de Paris e aprendeu com eles a língua de sinais e criou os "Sinais
Metódicos" que é uma combinação da língua de sinais com gramática sinalizada francesa.
Com grande sucesso na educação de surdos, Abade transformou sua casa em escola publica,
e (de 1771 à 1785) sua escola atendia 75 alunos surdos. Abade juntamente com o seu
seguidor Sicard, acreditavam que os surdos deveriam ter acesso à educação
independentemente do nível social, sendo escolas públicas e gratuita.

Houve também em 1750, por Samuel Heinick, na Alemanha, sendo este o fundador da
primeira escola pública baseada no método oral, sua escola tinha nove alunos.

As metodologias de L´Epée e Heinick se confrontaram e foram submetidas à análise


da comunidade científica, sendo que os argumentos de L´Epée foram considerados mais
fortes.

O século XVIII é considerado o período mais fértil da educação dos surdos. Tendo um
grande impulso quantitativo com o aumento de escolas para surdos e qualitativo pela língua
de sinais facilitando o domínio diverso para os surdos.

Em 1815, Thomas Hopkins Gallaudet, era um professor americano interessado em


obter informações sobre a educação de surdos, tanto pela linguagem oral e pela linguagem
de sinais. Viajou para Inglaterra, mas os Braidwood se recusaram a ensinar a Gallaudet sua
metodologia, restou então o método manual. Gallaudet fundou 1817 a primeira escola
permanente para surdos nos EUA com ajuda de Laurent Clerc, um dos melhores alunos do
Abade L´Epée. Sua metodologia de ensino, tornou mais a frente uma filosofia da Comunicação
Total.

A partir de 1821, todas as escolas públicas americanas passaram a mover-se em


direção a American Sign Language (ASL), esta teve uma influência do francês sinalizado. Em
1850, a ASL, passar a ser utilizada nas escolas, assim como ocorria na maior parte dos países
europeus. Esse período facilitou e muito o grau de escolarização dos surdos, onde eles
aprendiam com facilidade. E em 1864, foi fundada a primeira universidade nacional para
surdos, Universidade Gallaudet.
Alexander Graham Bell, o célebre inventor do telefone e o mais importante defensor do
Oralismo, exerceu grande influência no resultado da votação do Congresso Internacional de
Educadores de Surdos, realizado em Milão em 1880. Foi votado na época, qual deveria ser o
método utilizado para educação dos surdos, tendo como vencedor o Oralismo e proibindo o
uso da língua de sinais. Detalhe: os professores surdos foram negados o direito de votar.

Ainda no século XX, a oralização era utilizada na maior parte das escolas em todo o
mundo e tinha como o objetivo principal da educação das crianças surdas, consequentemente
com a proibição do uso da língua de sinais, houve uma queda no nível de escolarização dos
surdos.

O Oralismo dominou em todo o mundo até a década de 1970, após William Stokoe
publicar o artigo "Sign Language Structure: An Outline of the Visual Communication System
of the American Deaf". Baseado nessa publicação, surgiram várias pesquisas sobre a língua
de sinais e sua aplicação na educação e na vida do surdo, e onde houve também uma grande
insatisfação por parte dos educadores e dos surdos com o método oral, dando assim uma
retomada à utilização da língua de sinais e de outros códigos manuais na educação da criança
surda.

Ainda em 1970, Dorothy Schifflet, professora e mãe de surdo, utilizava um método que
combinava a língua de sinais em adição à língua oral, leitura labial, treino auditivo e alfabeto
manual. Ela denominou seu trabalho de Total Aproach, (Abordagem total). A Universidade
Gallaudet, além de utilizar o inglês sinalizado, adotou a Comunicação Total e se tornou o maior
centro de pesquisa dessa filosofia. E ainda na década de 70 surge a filosofia bilíngue, e que
o surdo poderia utilizar a língua de sinais ou a língua oral dependendo da situação
apresentada; e a partir da década de 1980, mais efetivamente na década 1990, ganha cada
vez mais adeptos em todos os países do mundo.

NO BRASIL

1855 chega ao Brasil o professor surdo francês Hernest Huet, trazido pelo imperador
D. Pedro II, onde iniciou um trabalho de educação de duas crianças surdas, com bolsas de
estudo pagas pelo governo.
Em 26 de setembro 1857 é fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual
Instituto Nacional de Educação dos Surdos (Ines), que utilizava a língua de sinais.

Em 1911, o Ines, seguindo uma tendência mundial, escabele o Oralismo puro em todas
as disciplinas. Só que a língua de sinais sobrevive em sala de aula até 1957, quando a diretora
Ana Rímola de Faria Doria, com assessoria da professora Alpia Couto proíbe a língua de
sinais oficialmente em sala de aula.

Ainda na década de 1970, chega ao Brasil a Comunicação Total, após uma visita de
Ivete Vasconcelos, educadora de surdos na Universidade Gallaudet. E em 1980, começa no
Brasil o bilinguismo, com base nas pesquisas da professora linguista Lucinda Ferreira Brito,
sobre a língua brasileira de sinais. A professora abreviou esta língua de Língua de Sinais dos
Centros Urbanos Brasileiros (LSCB) para diferenciá-la da Língua de Sinais Kaapor Brasileira
(LSKB), utilizada pelos índios Urubu-Kaapor no Estado do Maranhão. A partir de 1994, Brito
passa a utilizar a abreviação Língua Brasileira de Sinais (Libras).

As diferentes abordagens causam muitas discórdias e muitos conflitos entre os


profissionais que as seguem. No decorrer da história essas divergências sempre ocorreram,
e que em dois momentos, nos anos 1750 e 1880. No Brasil, convive com diferentes visões
sobre os surdos e sua educação, acreditando que a verdade única não existe e, portanto,
todas as abordagens seriamente estudadas devem ter espaço.

Filosofias Educacionais para Surdos

Oralismo

O Oralismo ou filosofia oralista visa à integração da criança surda na comunidade de


ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. Que seria no Brasil, o português.
Vários profissionais dessa filosofia, restringe-se à língua oral, e diz que seja a única forma de
comunicação dos surdos.

O Oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada pela
estimulação auditiva. O objetivo do Oralismo é fazer uma reabilitação da criança surda em
direção à normalidade, à "não-surdez".
A maioria das metodologias baseadas no Oralismo, tem como embasamento teórico
lingüístico o Gerativismo de Noam Chomsky. Seguindo as idéias desta teoria, Couto afirma
que "não é possível ensinar a linguagem, mas apenas dar condições para que esta se
desenvolva espontaneamente na mente, a seu próprio modo".

Muitos profissionais oralistas, tem uma grande preocupação em relação à inferência


das regras gramaticais, sendo estas considerada um salto qualitativo na aprendizagem da
língua portuguesa.

Uma vez que as crianças ouvintes não terão dificuldades para inferir as regras
gramaticais, diferente das crianças surdas, por estas não terem os estímulos auditivos.

O trabalho de compreensão e de oralização é direcionado no sentido de possibilitar à


criança dominar gradativamente as regras gramaticais e chegar a um bom domínio da língua
portuguesa.

Couto diz que a criança que não recebe estimulação precoce, começará a se comunicar
por gestos, o que prejudicará o aprendizado da oralização.

Esta idéia é compartilhada por todos os profissionais oralistas, receosos com a


possibilidade de a criança surda utilizar a língua de sinais ou qualquer comunicação gestual.
A maioria desses autores não reconhece que a língua de sinais é realmente uma língua e a
considera prejudicial para o aprendizado da língua oral, seu maior objetivo.

O surdo que consegue dominar as regras da língua portuguesa e consegue falar


(oralizar) é considerado bem-sucedido. O Oralismo espera que, dominando a língua oral, o
surdo esteja apto para integrar-se à comunidade ouvinte. Porém, Leal, Palmeiro e Fernandez
(1985) afirmam que esta integração ainda não foi alcançada pela maioria dos surdos em nossa
comunidade.

COMUNICAÇÃO TOTAL
A filosofia da comunicação total tem como principal preocupação os processos
comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos ouvintes. Essa filosofia defende a
utilização de recursos espaço-viso-manuais como facilitadores da comunicação.

Segundo a edição de Comunicação Total do Centro Internacional de La Sordera in


Nogueira (1994, p. 32) são explicitados os seguintes princípios orientadores da Comunicação
Total:

- Os estudos desde 1960 claramente indicam que a criança que cresce em um ambiente de
Comunicação Total demonstra mais habilidade para comunicar-se e tem mais êxito na escola.

- A comunicação oral exclusiva não é adequada para satisfazer as muitas necessidades das
crianças surdas.

- Em um ambiente de Comunicação Total sempre existe a segurança do que se está dizendo.


Um sistema de dupla informação ou interação sempre existe.

- Menos de 50% dos sons da fala podem ser observados e entendidos quando se lê os lábios.

- E outros.

Uma das grandes diferenças entre a Comunicação Total e as outras filosofias


educacionais é o fato de a Comunicação Total defender a utilização de qualquer recurso
lingüístico, seja a língua de sinais, a linguagem oral ou códigos manuais, para facilitar a
comunicação com as pessoas surdas.

Nos Estados Unidos surgiram diversos códigos manuais, diferentes da língua de sinais.
São eles: Mannually Coded English (MCE), Simultaneos Communication (Sim ou SC), etc. No
Brasil, além da Língua Brasileira de Sinais (Libras), tem também cued-speech (sinais manuais
que representam os sons da língua portuguesa), o pidgin (simplificação da gramática de duas
línguas em contato, no caso, o português e a língua de sinais).

A Comunicação Total recomenda o uso simultâneo destes códigos manuais (que têm
como objetivo representar de forma espaço-viso-manual uma língua oral) com a língua oral.
Esta comunicação também denomina esta forma de comunicação de bimodalismo e é um dos
recursos utilizados no processo de aquisição da linguagem pela criança e na facilitação da
comunicação entre surdos e ouvintes.
A Comunicação Total acredita que o bimodalismo pode minimizar o bloqueio de
comunicação que geralmente a criança surda vivencia, evitando assim suas conseqüências
para o desenvolvimento da criança e possibilitando aos pais ocuparem seus papéis de
principais interlocutores de seus filhos.

Ciccone (1990) critica a filosofia bilíngue. A autora compara esta postura com a postura
adotada pelo Oralismo, no sentido de não aceitar a diferença. No caso do Oralismo, o objetivo
é igualar a criança surda ao padrão ouvinte, e no caso do bilinguismo procura-se igualar a
família ouvinte ao padrão surdo.

No Brasil, atualmente a Comunicação Total é adotada em algumas clínicas e escolas.


A escola Concórdia, em Porto Alegre, e algumas turmas do Instituto Nacional de Educação de
Surdos (Ines), são exemplos da aplicação prática da filosofia da Comunicação Total.

BILINGUISMO

O bilingüismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja,
deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos
surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país.

Atualmente, o bilinguismo está ocupando um grande espaço no cenário científico


mundial. Nos EUA, Canadá, Suécia, Venezuela, Israel, entre outros países, existem diversas
universidades pesquisando a Surdez e a língua de sinais sob a óptica da filosofia bilíngüe.

Sanches (1993) acreditam ser necessário para o surdo adquirir a língua de sinais e a
língua oficial de seu país apenas na modalidade escrita e não na oral.

É sabido que mais de 90% dos surdos têm família ouvinte.

A língua oral, que geralmente é a língua da família da criança surda, seria a segunda
língua desta criança. A criança surda necessita de um atendimento específico para poder
aprender esta língua. Este aprendizado, ao contrário da língua de sinais, é muito lento, haja
vista as dificuldades de um surdo em aprender uma língua oral, já envolve recursos orais e
auditivos, bloqueados por sua perda auditiva.
Rocha-Coutinho (1986) considera que, um deficiente auditivo não pode adquirir uma
língua falada como língua nativa porque ele não tem acesso a um sistema de monitoria que
forneça um feedback constante para sua fala.

Brito (1993) afirma que, se a criança surda não for exposta à língua de sinais desde
seus primeiros anos de vida sofrerá várias conseqüências. São elas:

- Não se socializa adequadamente;

- Não supera a ação impulsiva;

- Não adquire independência da situação visual concreta;

- Não controla seu próprio comportamento e o ambiente, e outros.

No Brasil existe um hiato entre a quantidade de pesquisas sobre o bilingüismo e a língua


de sinais que vem sendo realizadas e a utilização do bilinguismo que, na prática, ainda não
foi implantado.

Em relação à educação pública, é muito raro encontrarmos escolas que utilizem a


língua de sinais em sala de aula.

A pior realidade é que grande parte dos surdos brasileiros e seus familiares nem sequer
conhecem a língua de sinais. Muitas crianças, adolescentes e até adultos surdos não
participam da comunidade surda, não utilizam a língua de sinais e também não dominam a
língua oral.

Capítulo 4

Análise Crítica das Filosofias Educacionais para Surdos

ORALISMO

O ensino da língua oral para o surdo, como a própria palavra "ensino" já demonstra,
não ocorre naturalmente. As crianças ouvintes não precisam aprender uma língua - sistema
semiótico criado e produzido no contexto social e dialógico, servindo como elo de ligação entre
o psiquismo e a ideologia -, elas a adquirem espontaneamente através de diálogos
contextualizados em suas relações sociais, e se estruturam cognitivamente através da
linguagem (língua) de sua sociedade.

A criança surda (portadora de surdez severa e/ou profunda) não tem condições de
adquirir a língua oral apenas através do diálogo. Ela necessita sempre de terapia
fonoaudiológica que possa oferecer uma estimulação sistematizada da língua oral.

O aprendizado da língua oral de forma sistematizada e ao logo de muitos anos, não


garante o pleno desenvolvimento da criança surda e nem a sua integração à comunidade
ouvinte, já que apenas o domínio desta língua em hipótese alguma possibilita a equiparação
entre pessoas surdas e ouvintes.

A maior falha do Oralismo é a utilização de um conceito bastante simplista de língua.

A única maneira da criança construir um sistema conceitual hierárquico é participando


interativamente de uma sociedade, compartilhando seus conceitos, não apenas através da
aprendizagem da língua oral, que é a proposta do Oralismo.

Profissionais ligados à metodologia audiofonatória não considerariam importante


ensinar frases que possuem a mesma estrutura sintática através do Organograma da
Linguagem, que representa a sistematização gramatical de uma língua.

Organograma da Linguagem pode ser útil em outras situações, como no ensino da


gramática para a criança em idade escolar, mas não pode ser considerado um método de
ensino de língua materna.

Couto, autora ligada à filosofia oralista, diz que a linguagem se desenvolve


espontaneamente na mente, ao seu próprio modo. Ponce, que segue a mesma filosofia, diz
que a inferência das regras da língua materna, visualizadas através do organograma da
linguagem, permite a organização do pensamento para criar infinitas frases.

Percebe-se que as autoras não privilegiam as relações sociais e o diálogo,


considerando a linguagem algo individual, que é criado a seu próprio modo, necessitando
apenas que a criança seja exposta sistematicamente a uma língua, aprendendo suas
estruturas frasais, para fazer inferências de regras gramaticais aumentando assim a
possibilidade de criação de frases até dominar os elementos lingüísticos, podendo criar
infinitas frases.
O termo “língua materna”, utilizado por Ponce, parece não fazer sentido, já que ao
adquirir uma língua formalmente, sistematicamente, não podemos considerar que estamos
adquirindo uma língua materna. A língua materna é aquela que traz significações para a
criança, através da qual ela forma sua consciência, não podendo por tanto ser aprendida
formalmente, e sim adquirida através das relações interpessoais.

O principal objetivo da filosofia oralista, é promover a oralização do surdo e possibilitar


sua integração na comunidade geral. O surdo, apesar de poder falar o português,
provavelmente sofrerá dificuldades cognitivas, sociais e emocionais e, portanto, não será
integrado facilmente à comunidade ouvinte, mesmo conseguindo oralizar.

A grande diferença entre as crianças surdas e ouvintes é que as surdas não dominam
uma língua que possa ser compartilhada com seus pais e, se os pais seguirem à risca os
pressupostos do oralismo, eles não procurarão formas alternativas de comunicação com seus
filhos surdos, restringindo-os a apenas uma língua à qual estes não tem acesso através do
diálogo contextualizado.

Pereira pesquisou por três anos a relação entre crianças surdas expostas à educação
oralistas e suas mães. Ela verificou que as mães priorizam a comunicação oral, mas utilizam
gestos e procuram compreender os gestos utilizados por seus filhos.

COMUNICAÇÃO TOTAL

A Comunicação Total apresenta aspectos positivos e negativos. Por uma lado, ele
ampliou a visão de surdo e surdez, deslocando a problemática do surdo da necessidade de
oralização, e ajudou o processo em prol da utilização de códigos espaço-visuais. Por outro
lado, não valorizando suficientemente a língua de sinais e a cultura surda, propiciou o
surgimento de diversos códigos diferentes da língua de sinais, que não podem ser utilizados
em substituição a uma língua, como a língua de sinais, no processo de aquisição da linguagem
e desenvolvimento cognitivo da criança surda.

A Comunicação Total encontrou uma forma de transmitir a linguagem às crianças


surdas de forma contextualizada, fugindo ao ensino formal de língua, foi a criação de códigos
visuais que acompanha a fala oral do adulto ouvinte, possibilitando uma melhor compreensão
pela criança.
A Comunicação Total pretende garantir uma relação dialógica entre a criança surda,
sua família ouvinte e a sociedade geral.

A LIBRAS carrega características marcadas pela história dos surdos; estas marcas não
podem ser apagadas e a tentativa de criar uma nova língua leva a este caminho de perdas.
Ramos cita um exemplo interessante da LIBRAS que demonstra a história percorrida pelos
surdos. Existe um sinal que imita a representação de um botão na roupa e seu significado é
um palavrão ofensivo. Quando os surdos queriam falar "botão", por sua dificuldade
articulatória eles falavam algo sonoramente parecido com "putão", o que era motivo de risos
por parte de seus interlocutores ouvintes.

Aqui no Brasil, o português sinalizado, ou seja, uma língua com regras fixas, criada a
partir da fusão entre o português e a LIBRAS, não chegou a ser difundido. O que é comumente
utilizado é a mistura não sistemática do português e da LIBRAS, que acabou sendo chamada
de português sinalizado, mas que pode ser considerado um pidgin.

Como já foi dito, o Bilingüismo tem como origem a insatisfação dos surdos com a
proibição da língua de sinais e a mobilização de diversas comunidades em prol do uso desta
língua, aliado aos estudos lingüísticos e comprovando o status das línguas de sinais enquanto
verdadeiramente uma língua.

Atualmente, o INES, maior centro de referências de surdos no Brasil, que atende em


torno de oitocentas crianças e adolescentes surdos, ainda tem como filosofia educacional
oficial o Oralismo e a metodologia multissensorial. No entanto, a realidade é bastante diferente
da década de setenta. Hoje, a língua de sinais não é proibida como era, ao contrário, ela é
estimulada por vários profissionais. A direção procura oferecer cursos sobre bilingüismo e
criou projetos alternativos de ensino, ou seja, que utilizam a LIBRAS.

Vários professores já ministram suas aulas em LIBRAS, e os alunos estão bastante


mobilizados e organizados através do grêmio estudantil. Eles estão exigindo que as aulas
sejam todas em LIBRAS e não em português ou português sinalizado. Possivelmente, em um
futuro breve, o INES, devido à pressão de seus alunos e profissionais, aos avanços nos
estudos lingüísticos e pedagógicos e seguindo a tendência mundial, será oficialmente uma
escola bilíngüe.

O importante é que todos os profissionais percebam a importância da língua de sinais


no desenvolvimento da criança surda. Esta língua é a única que pode ser adquirida
espontaneamente pela criança surda, ou seja, em suas relações sociais, nos diálogos, pois,
como já se afirmou aqui, a língua oral requer técnicas específicas para ser aprendida pela
criança surda.

Filosofias educacionais

Oralismo

Defende o ensino da língua oral e rejeita a língua de sinais. Fundado por Samuel
Heinick, na Alemanha, onde construiu a primeira escola pública para crianças surdas.

Após o congresso de Milão, várias escolas adotaram a filosofia oralista, dispensando


professores surdos e proibindo oficialmente o uso de sinais, sob a alegação de que destruíram
a aquisição da linguagem na modalidade oral.

Para os oralistas, a linguagem delimita-se apenas à fala.

No Brasil, a educação dos surdos teve início durante o segundo império, coma chegada
do educador francês Eduard Huet.

Em 1857, foi fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual (INES), que inicialmente
utilizava a língua de sinais, mas que em 1911 passou a adotar o oralismo.

Segundo Dorziat (2006), as técnicas mais utilizadas no modelo oral são:

 Treinamento auditivo
 Leitura labial

A aplicação do método oral é um trabalho que não envolve somente a escola e terapeutas.
Faz- se necessária a dedicação dos familiares e os profissionais envolvidos na orientação dos
familiares.

Comunicação total

Na década de 1970, com a visita de Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da


Universidade Gallaudet nos Estados Unidos, chegou ao Brasil a filosofia educacional
denominada comunicação total.
A comunicação total defende a utilização simultânea de todos os recursos linguísticos,
orais ou visuais, sem preocupação hierárquica, privilegiando a comunicação, e não apenas a
língua. O objetivo principal era garantir a comunicação dos surdos entre si e entre surdos e
ouvintes.Todos eles são facilitadores de comunicação com as pessoas surdas, privilegiando
a comunicação e a interação entre as línguas (orais e sinalizadas).

A comunicação total, incorpora o desenvolvimento de quaisquer restos de audição para


melhoria das habilidades de fala ou de fala ou de leitura orofacial, atreves de uso constante,
por um longo período de tempo, de aparelhos auditivos individuais.

Já para Capovila (2000), a Comunicação total não é uma técnica ou método e sim uma
filosofia de linguagem que tem como objetivo básico “abrir canais de comunicação adicionais”
para facilitar a interação entre surdos e ouvintes, de modo a aumentar a visibilidade da língua
falada para além da simples leitura labial. Assim, pretendia-se melhorar o desempenho do
surdo na função de ler e escrever.

Com a filosofia da Comunicação Total e a consequente adoção da


língua falada e sinalizada nas escolas e nos lares, as crianças começaram
a participar das conversas com seus professores e familiares, de um modo
que jamais havia visto desde a adoção do oralismo estrito. No fim dos
anos 1960 e início dos anos 1980, na Dinamarca, por exemplo, o
progresso se tornou tão aparente que a sinalização da fala usada na
comunicação total foi logo adotada como “o método” por excelência.
(HANSEN, APUD CAPOVILA, 2000. p. 104).

Outros estudiosos defendem o uso da Comunicação Total para viabilizar a interação


entre surdos, e surdo com ouvinte. A Drª Rosimar Poker (2007) enfoca os dispositivos com os
quais as crianças podem contar para auxiliar no ato de comunicar. São eles: o alfabeto digital;
a língua de sinais; a amplificação sonora; português sinalizado. Ela alerta também para o
aspecto humano dessa filosofia que “valoriza a comunicação e interação, não apenas a
língua”. E além do mais, tem algo extremamente importante para os defensores da cultura
surda que é enxergar o surdo como uma pessoa e não como uma patologia.

A Comunicação Total valoriza a comunicação e a interação e não apenas a língua. Seu


objetivo maior não se restringe ao aprendizado de uma língua. Outro aspecto a ser salientado
é que esta filosofia respeita a família da criança com surdez. Acredita que cabe à família o
papel de compartilhar valores e significados, formando, junto com a criança, através da
possibilidade da comunicação, sua subjetividade.

Português sinalizado (ou bimodalismo)

Conforme Goldfield (1997), a partir da década de setenta, percebeu-se que a língua de


sinais deveria ser utilizada independentemente da língua oral. Surge assim a filosofia Bilíngue,
que desde a década de oitenta vem se disseminando por todos os países do mundo.

De acordo com Brito (1993) no bilingüismo a língua de sinais é considerada uma


importante via para o desenvolvimento do surdo, em todas as esferas de conhecimento, e,
como tal, “propicia não apenas a comunicação surdo – surdo, além de desempenhar a
importante função de suporte do pensamento e de estimulador do desenvolvimento cognitivo
e social”.

Existem duas vertentes dentro da filosofia Bilíngüe. Uma defende que a criança com
surdez deve adquirir a língua de sinais e a modalidade oral da língua, o mais precocemente
possível, separadamente. Posteriormente, a criança deverá ser alfabetizada na língua oficial
de seu país. Outra vertente acredita que se deve oferecer num primeiro momento apenas a
língua de sinais e, num segundo momento, só a modalidade escrita da língua. A língua oral
neste caso fica descartada. Segundo Quadros (1997), o bilingüismo é uma proposta de ensino
usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto
escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequada para o
ensino das crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua
natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. A preocupação do
bilingüismo é respeitar a autonomia das línguas de sinais organizando-se um plano
educacional que respeite a experiência psicossocial e linguística da criança com surdez.
Quando o professor ouvinte conhece e usa a Língua de Sinais, tem condições de comunicar-
se de maneira satisfatória com seu aluno surdo. A introdução da Língua de Sinais no currículo
de escolas para surdos é um indício de respeito a sua diferença. É o que caracteriza uma
escola inclusiva para esse alunado.

A educação do surdo pela proposta bilíngüe apresenta como primordial o acesso da


criança, com deficiência auditiva, à sua Língua materna, sendo de preferência a vivência e
aprendizagem desta estimulada pelo contato com comunidade surda, na qual estará inserida
quando maior. Seu desenvolvimento na Língua materna é considerado primordial para o
aprendizado da segunda Língua (língua oral), em sua forma escrita a ser aprendida na escola.

A educação bilíngüe de surdos no Brasil esta amparada pela Lei e é recomendada pelo
Ministério Nacional da Educação (MEC), como sendo uma proposta válida e eficaz para o
ensino das duas Línguas reconhecidas pelo país, Língua Portuguesa e LIBRAS, necessárias
para a inclusão social efetiva destes sujeitos.

Referências Bibliográficas

BRITO, Lucinda Ferreira. A Língua Brasileira de Sinais. In: BRASIL, Ministério da Educação.
Deficiência Auditiva. Série Atualidade Pedagógicas, fascículo 7. Brasília: SEESP, 1997.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto nº 5.626, de 22


de Dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto nº 6.571, de 17


de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o
parágrafo único do art.60 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo
ao Decreto nº 6.253, de 13 de novembro de 2007.

STUMPF, Marianne Rossi. Sistema Sign Writing: por uma escrita funcional para o surdo. In:
THOMA, Adriana da Silva; LOPES; Maura Corcini (Orgs). A invenção da surdez: Cultura,
alteridade, identidade e diferença no campo da educação. EDUNISC, 2004.

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