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Os crimes contra a pessoa inauguram o título concernente aos crimes contra a vida. Dentre eles temos o crime de
homicídio, o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, o crime de infanticídio e o crime de aborto.
Nos crimes contra a vida apenas o homicídio admite a modalidade culposa.

Homicídio

Previsto no artigo 121 do Código Penal, o crime de homicídio pode ser classificado na forma dolosa ou culposa. O
primeiro importante passo é indagar acerca do elemento subjetivo da conduta. Ou seja, há dolo ou culpa!?

Tal indagação se justifica, pois na modalidade culposa não há outras espécies. Já o homicídio doloso pode ser
subdivido em: simples, privilegiado ou qualificado.

Esquematizando:

Outro importante ponto a ser estudado é o homicídio culposo praticado a direção de veículo automotor, previsto
no Código de Trânsito Brasileiro (artigo 302).

Vejamos o disposto no artigo 302 do CTB:

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.

Pergunta-se: Qual a diferença entre o crime de homicídio previsto no Código Penal do crime de homicídio culposo
previsto no Código de Trânsito Brasileiro?

O grau de reprovabilidade do homicídio culposo previsto no Código de Trânsito Brasileiro é maior, tendo em vista
que é praticado na direção de veículo automotor. Observa-se que ser praticado na direção de veículo automotor é
justamente a maior diferença entre eles.

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Ainda nesse sentido, tanto o homicídio quanto a lesão corporal previstos no CTB não precisam ser praticados em
via pública, bastando que seja na direção de veículo automotor.

O parágrafo 5º do artigo 121 do Código Penal traz a hipótese do perdão judicial. O perdão judicial pode ser aplica-
do quando as consequências do crime atingirem o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desne-
cessária.

Esse perdão judicial está apenas no Código Penal. Todavia, em que pese não exista previsão típica no Código de
Trânsito Brasileiro também poderá ser aplicado quando houver homicídio culposo praticado na direção de veículo
automotor. Essa afirmativa se justifica justamente nas razões de veto, que mostraram que seria irrelevante constar
no CTB visto que o Código Penal abarcaria a previsão.

A hipótese de perdão judicial também poderá ocorrer no crime de lesão corporal praticada na direção de veículo
automotor (artigo 129, parágrafo 8o ).

Vejamos o parágrafo 5º do artigo 121

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Homicídio Simples:

O homicídio na modalidade simples deve ser analisado pelo critério de exclusão. Será simples quando não for
encontrada qualquer outra situação dos parágrafos posteriores.

Vamos esquematizar:

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Homicídio x Crime Hediondo (Lei nº 8.078/90)

A Lei nº 8.072/90 – lei de crimes hediondos – tem base constitucional no artigo 5º, inciso XLIII, permitindo ao legis-
lador que escolhesse quais seriam estes crimes. Todavia, a Carta Magna citou quais seriam os equiparados. São
eles: tráfico, tortura e terrorismo.

O artigo 1º da lei de crimes hediondos estabeleceu quais seriam os crimes hediondos, através do critério legal.
Malefícios dos crimes hediondos - inafiançabilidade e a insuscetibilidade de anistia, graça e indulto. Também se-
rão diferenciadas, conforme visto na parte geral, as regras de progressão de regime.

Atenção: Banco de Aulas nº 9 - Progressão de regime.

Vejamos o que dispõe o artigo 1º da Lei nº 8.072/90

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de-
zembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:

I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº
13.142, de 2015)

É muito importante atentar que a hipótese de homicídio simples necessariamente precisa ser praticado em ativi-
dade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. De resto, quanto ao homicídio, o quali-
ficado será considerado crime hedio

Obs.: Banco de Aula nº 18 – Lei de crimes hediondos.

Alterações Legislativas Importantes:

As alterações legislativas têm importante significado visto que estão diretamente interligadas ao estudo da aplica-
ção da lei penal no tempo. A partir do momento que existe uma lei penal maléfica não será aplicado aos crimes
cometidos antes de sua vigência.

Assim, as qualificadoras do homicídio (nova escala penal) estão previstas no parágrafo 2º do artigo 121.

A lei nº 13.104/2015, por exemplo, entrou em vigor no dia 10/03/2015 incluindo a qualificadora do feminicídio no
artigo 121 do Código Penal.

Vejamos o que dispõe a lei:

Art. 121
(...)

Feminicídio

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:

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Esquematizando:

Já a lei nº 13.142/2015, entrou em vigor em 07/07/2015 e incluiu como qualificadora o “homicídio funcional”, que
passou a constar no Inciso VII do parágrafo 2o do artigo 121.

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Esquematizando:

Homicídio Privilegiado:

O denominado homicídio privilegiado, previsto no parágrafo 1º do artigo 121, possui natureza jurídica de causa de
diminuição de pena.

Relevante valor moral: Entende-se como relevante valor moral o motivo que tem muita importância para aquela
pessoa que pratica a conduta.

Ex.: A mata o pai, que é doente terminal, por compaixão.

O crime de homicídio está configurado, independentemente que seja o pai pedindo. É preciso relembrar que a
vida é bem jurídico indisponível, e que não cabe o consentimento do ofendido.

Relevante valor social: O agente quer beneficiar a sociedade, pensando agir em prol dos interesses da coletivi-
dade.

Ex.: A mata o estuprador que está atacando várias mulheres daquele bairro que mora. O crime é configurado,
tendo em vista que o fato é típico, ilícito ou antijurídico e culpável. É importante frisar que neste exemplo não cabe
a hipótese de legitima defesa, estado de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa.

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Domínio de violenta emoção: Enquadra-se aqui o crime de homicídio emocional (passional).

Ex.: A mulher chega a sua casa mais cedo e se depara com sua amiga tendo relação sexual com seu marido.
Nesse caso, não há que se falar em legitima defesa da honra, é preciso lembrar da proporcionalidade. Caso ela
mate o marido, pode-se estar diante de um homicídio privilegiado.

O domínio de violenta emoção está intimamente ligado ao imediato e intenso abalo emocional. Não há que se
falar em intervalo temporal ou emoção leve, momentânea ou passageira.

O homicídio privilegiado não precisa ser praticado sob as três hipóteses (cumulativas): Relevante valor moral;
Relevante valor social; Domínio de violenta emoção. Basta uma delas para que o homicídio seja privilegiado.

Vários são os exemplos mencionados na doutrina quanto à prática do crime de homicídio na forma privilegiada.
Rogério Greco, por exemplo, em sua obra, menciona o caso do agente que mata o parlamentar corrupto para
livrar a pátria da corrupção.

Pergunta-se: O homicídio pode ser híbrido (qualificado e privilegiado)? A resposta é positiva, desde que a qualifi-
cadora seja objetiva. Ou seja, não pode ter ligação com a motivação.

Exemplificando: O pai mata o estuprador da filha, com emprego de fogo. Neste caso, prevalece o entendimento de
que fica afastada a hediondez.

Passemos a analisar algumas qualificadoras do homicídio:

Analisemos o inciso III, do parágrafo 2º:

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;

Particularidades do veneno:

- Não pode ser do conhecimento da vítima. Caso seja do conhecimento da vítima, poderá qualificar pelo meio
cruel, mas não pelo emprego do veneno.

O veneno só vai qualificar o homicídio quando for um meio insidioso. Quando for do conhecimento da vítima, mas
que provoque a morte dolorosa, responderá o agente por homicídio qualificado pelo meio cruel.

Exemplificando: Imagine que Pedro está sofrendo muito e decide matar seu pai, que está internado com uma do-
ença terminal. Após uma conversa com seu pai, que é grande conhecedor de algumas substâncias químicas, o
pai pede e indica para o filho uma determinada substância que causa a morte de forma indolor. O filho, por sua
vez, compra e ministra a substância em seu pai, provocando sua morte.

Surge a seguinte indagação: Neste caso poderia ser considerado homicídio privilegiado na modalidade de rele-
vante valor moral? A resposta é positiva, porém ressaltando que neste caso haverá o privilégio somente e não a
qualificadora, pois o veneno somente qualifica o homicídio quando não houver o conhecimento da vítima ou quan-
do se caracterizar como meio cruel.

Três situações podem acontecer: 1) homicídio qualificado pelo emprego de veneno, quando a vítima não sabe que
está ingerindo; 2) a vítima sabe que está ingerindo veneno e a morte é provocada com sofrimento. 3) Não há qua-
lificadora, mas poderá haver a forma privilegiada, pois a vitima sabe que é veneno, quer tomar e o agente aplica a
substância, podendo haver no caso concreto homicídio privilegiado em virtude de compaixão do sujeito ativo pelo
sujeito passivo.

Ainda no inciso III temos o homicídio qualificado pela tortura. No entanto, o crime de tortura encontra previsão na
Lei nº 9.455/97, que prevê várias modalidades de tortura ao longo do artigo 1º.

Vejamos o parágrafo 3º, do artigo 1º da Lei de Tortura.

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§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Desta forma, o parágrafo 3º traz a modalidade de tortura qualificada.

Pergunta-se: Qual a diferença entre o homicídio qualificado pela tortura para a tortura qualificada pela morte? O
elemento subjetivo.

A diferença entre homicídio qualificado pela tortura e a tortura qualificada pela morte é justamente o dolo. No ho-
micídio qualificado pela tortura, o dolo é de matar. A tortura é meio. Caso o dolo seja de torturar, ocorrendo a mor-
te a título de culpa, haverá crime de tortura qualificada pela morte. O crime de tortura é equiparado a crime hedi-
ondo.

Observação: Quando o agente quer torturar e depois decide matar a vítima, há a responsabilização por dois cri-
mes, sendo: tortura no primeiro momento e homicídio no segundo momento. Lembrando que o crime de homicídio
não irá absorver a tortura, pois não é o meio natural para a conduta. Neste caso, configura-se a progressão crimi-
nosa, tendo em vista que o agente decidiu progredir a conduta para matar. Na maioria dos exemplos de progres-
são criminosa o crime último absorve os demais. Isso se um deles é o normal passo para alcançar o segundo. No
entanto, a tortura não é um normal meio para a ocorrência do crime de homicídio.

Imagine o seguinte exemplo: A quer lesionar B e começa a agressão. No momento da pratica criminosa A decide
matar B. Nesse exemplo, como a lesão se encontra como elementar do homicídio a lesão será absorvida. O agen-
te responderá tão somente por homicídio.

Na progressão criminosa quando há a substituição do dolo geralmente o último crime absorve o anterior. Mas para
isso é necessário que um deles seja normal meio de execução para o outro. A tortura não é normal meio de exe-
cução para o homicídio.

Concluindo: Se no caso concreto, a conduta inicial do agente era de torturar e posteriormente decide matar, confi-
gura-se concurso material de crimes. Há duas condutas (torturar e matar).

1) O agente quer matar e usa a tortura como meio – homicídio qualificado pela tortura;
2) O agente quer torturar e culposamente pratica a morte da vítima – tortura seguida de morte;
3) O agente quer torturar, mas no decorrer decide matar a vítima (alterando, então, o dolo inicial) – crime de tortu-
ra e homicídio em concurso material de crimes.

Além de hipóteses de privilégio e de qualificadoras, o artigo 121 prevê causas de aumento de pena.

Relembrando: Consideração na terceira fase da dosimetria da pena.

Causas de aumento de pena no homicídio:

Na redação do parágrafo 4º do artigo 121 é possível enxergar que existem causas de aumento de pena que ser-
vem apenas para homicídio doloso, e outras que servem apenas para o homicídio culposo. Vejamos:

§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminu-
ir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é au-
mentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessen-
ta) anos.

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Esquematizando:

Imagine que o agente está limpando a arma de fogo quando dispara e atinge uma senhora de 65 anos de idade.
Neste caso, não se pode falar na aplicação de causa de aumento na terceira fase da dosimetria da pena.

Dois pontos são relevantes nesse caso concreto: a vítima é maior de 60 anos e o homicídio foi culposo. A idade
da vítima é causa de aumento de pena do homicídio doloso.

No homicídio culposo, a pena será aumentada quando:

• o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício


• o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante.

Exemplificando: O agente dispara arma de fogo contra a vítima com a intenção de matá-la, e posteriormente foge,
sem ajudar a vítima. Observe que a intenção do agente é matar a vítima e o fato de não prestar socorro não justi-
fica a causa de aumento do parágrafo 4º. Isso porque, o homicídio é doloso. A referida causa de aumento (omis-
são de socorro) somente seria aplicada se o homicídio fosse culposo.

Outro exemplo: o agente está limpando a arma municiada quando ocorre o disparo e por consequência acaba
atingindo uma pessoa. No desespero pelo que ocorreu, o agente sai correndo e não presta auxílio à vítima, que
consequentemente veio a óbito. Nesse caso, está configurada a aplicação do parágrafo 4º. Sempre que há a apli-
cação do aumento da pena, deixa-se de tipificar crime autônomo. A pessoa que mata culposamente e omite so-
corro, responderá pelo crime de homicídio culposo com pena aumentada e não por concurso de crimes entre ho-
micídio e omissão de socorro.

No entanto, não temos causas de aumento de pena somente no parágrafo 4º do artigo 121. Vejamos outra causa
de aumento:

Essa causa de aumento é aplicada quando o homicídio é praticado por milícia privada.

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretex-
to de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012 – vi-
gência 28/09/2012)

E temos ainda a causa de aumento de pena do parágrafo 7o do artigo 121.

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Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio:

Base Legal: artigo 122 do Código Penal.

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa.

O Código Penal traz no artigo 122 a previsão do crime de induzimento, instigação ou auxilio a suicídio. Dentro
desse contexto é preciso entender o que é o suicídio. Nelson Hungria conceitua suicídio como a “eliminação vo-
luntária e direta da própria vida. Para que haja suicídio, é indispensável a intenção positiva de despedir-se da vi-
da”.

Vamos esquematizar:

Imagine que Luiza está desanimada com a vida que está levando. Ao conversar com seu amigo de trabalho, Lu-
cas diz a Luiza que não há solução para seus problemas, e que o mais certo seria ela tomar uma substância que
não causa dor e que ela morrerá rapidamente. Lucas cria a ideia em Luiza de se matar.

Na instigação, o sujeito irá reforçar a ideia na vítima, que já tem a intenção de se matar.

Imagine que Luiza está desanimada com a vida que está levando. Ao conversar com seu amigo de trabalho, Lu-
cas, diz que vai se matar. Lucas então pergunta se ela precisa de ajuda para se matar.

O auxilio é efetivamente participar do suicídio. Trata-se de uma participação material.

Lucas compra a corda para ela se matar, compra o veneno, ajuda a subir na janela. No entanto ele na pode prati-
car ato apto a matar, pois neste caso responderá por crime de homicídio.

Vejamos como o tema é cobrado em prova:

01. (VII EXAME OAB – SEGUNDA FASE – DIREITO PENAL – QUESTÃO) Há muito tempo Maria encontra-se
deprimida, nutrindo desejos de acabar com a própria vida. João, sabedor dessa condição, e querendo a morte de
Maria, resolve instigá-la a se matar. Pondo seu plano em prática, João visita Maria todos os dias e, quando ela
toca no assunto de não tem mais razão para viver, que deseja se matar, pois a vida não faz mais sentido, João a
estimula e a encoraja a pular pela janela.

Um belo dia, logo após ser instigada por João, Maria salta pela janela de seu apartamento e, por pura sorte, sofre
apenas alguns arranhões, não sofrendo qualquer ferimento grave. Considerando apenas os fatos apresentados,
responda, de forma justificada, aos seguintes questionamentos:

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João cometeu algum crime? (valor: 0,65)

Caso Maria viesse a sofrer lesões corporais de natureza grave em decorrência da queda, a condição jurídica de
João seria alterada? (valor: 0,60)

Trecho do padrão de resposta:

O examinando deve responder, no item ‘A’, que João não cometeu qualquer crime, pois o delito descrito no art.
122 do CP, o qual prevê a conduta de instigação, auxílio ou induzimento ao suicídio, não admite a forma tentada
(art. 14, II do CP), sendo certo que tal delito somente se consuma com a ocorrência de lesões corporais graves ou
morte. Nesse sentido, como Maria teve apenas alguns arranhões, não houve crime.

Todavia, com o fim de privilegiar a demonstração de conhecimento doutrinário, será aceita como resposta correta
ao item ‘A’, a indicação de que haveria crime, mas que o fato não seria punível por faltar condição objetiva de
punibilidade. Nesse caso específico, o examinando deverá demonstrar conhecimento sobre o conceito analítico de
crime (fato típico, antijurídico e culpável), indicando que a punibilidade não o integra.

Ainda quanto ao item ‘A’, é indispensável a indicação do dispositivo em análise.

Portanto, afirmações vagas e genéricas não são passíveis de pontuação.

Já no item ‘B’, o examinando deveria responder que ante a ocorrência de lesões corporais de natureza grave em
Maria, a condição jurídica de João seria alterada, passando ele a responder pelo delito previsto no art. 122 do CP
na modalidade consumada.

Ressalte-se que levando em consideração a natureza do Exame de Ordem, não será atribuída pontuação para
respostas com teses contraditórias, ou mesmo sugestiva de delito na modalidade tentada. Ademais, considera-se
errada a resposta indicativa de configuração de concurso de crimes ou a fundamentação isolada.

Pelo mesmo motivo exposto no item ‘A’ (impossibilidade de consideração de afirmações vagas ou genéricas),
também não é passível de pontuação a resposta, no item ‘B’, que não indique, de maneira expressa, o artigo legal
a que se refere a questão. Desse modo, a mera referência à pena de reclusão de 1 a 3 anos, ou seja, a mera indi-
cação do preceito secundário do tipo, dissociada da tipificação da conduta, também não é pontuada.

Por fim, também não será pontuada a simples transcrição do artigo, dissociada da demonstração de conhecimen-
to doutrinário.

Como vimos, o auxilio não pode ser um ato apto a matar. Se a pessoa pega a corda e enforca a vítima, por exem-
plo, não se considera mais o crime de auxilio a suicídio, mas sim homicídio.

Existem dois pontos importantes: 1) O auxilio não pode ser um ato apto a matar; 2) A vítima precisa ter a intenção
de se matar.

Exemplificando: Imagine que Joaquim diz a Jurema que caso ele não tome o veneno letal, matará seu filho, que
está no mesmo local. Jurema ingere o veneno e morre lentamente.

- Não cabe o artigo 122, pois a vítima não queria morrer naquele momento. Somente age assim, visto que está
moralmente coagida. Neste caso Joaquim responderá por homicídio.

Exemplo: Se Jurema já tem o desejo de tirar a própria vida ou ainda se tal desejo é criado por Joaquim, aí sim é
possível que haja crime do artigo 122 caso Joaquim crie a ideia ou reforce a ideia já existente de Jurema em tirar
a própria vida.

Pergunta-se: Mas por que é possível? Não é algo certo? Não basta praticar os verbos previstos no artigo?

A resposta é negativa, tendo em vista que o artigo 122 é crime de resultado obrigatório.

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O crime do artigo 122 não está consumado no momento do induzimento, da instigação ou do auxilio, pois é um
crime que exige resultado obrigatório. E esse resultado pode ser a morte ou quando a vítima sobrevive gravemen-
te lesionada.

Vejamos a penalidade imposta:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Pergunta-se: E se a vítima sobreviver sem qualquer lesão ou apenas com lesão corporal de natureza leve?

Nesse caso o agente não responde!

Pergunta-se: Há tentativa?

A resposta é negativa, visto que o artigo 122 já estabeleceu quais resultados seriam puníveis. Atenção!! Quando o
artigo 122 traz a penalidade e cita a expressão “tentativa de suicídio” não se quer dizer a tentativa do artigo 14,
inciso II. Frisa-se que o artigo 122 não pode ser combinado com o art. 14, II do CP.

Voltemos ao auxilio com a seguinte indagação:

Considerando que o auxílio não pode ser um ato apto a matar e imaginemos que Albertino ministra o veneno em
Carlinhos, que quer morrer. Trata-se de auxílio?

A resposta é não, pois ministrar veneno é ato apto a matar. Neste caso será responsabilizado pelo crime de homi-
cídio. Caso Albertino apenas entregasse o veneno nas mãos de Carlinhos, para que ele mesmo ingerisse, aí sim
haveria auxílio ao suicídio.

Aquele que pratica ato de execução que seja apto a matar, responderá por homicídio consumado ou tentado.

Lembrando que o pacto de morte é quando duas ou mais pessoas decidem tirar a própria vida conjuntamente.

Aquele que pratica ato de execução que seja apto a matar, responderá por homicídio consumado ou tentado.
Nessa hipótese, quem praticou ato apto a matar, deve responder por homicídio tentado. Já o outro não responde-
rá por nada, pois embora tenha reforçado a ideia, não houve resultado obrigatório que permitisse a punição pelo
artigo 122.

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A-t-e-n-ç-ã-o!!!

Quando a vítima é menor (menor de 18 e maior de 14 anos) duplica-se a pena do artigo 122, conforme dispõe
parágrafo único.

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;


II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Pergunta-se: Mas o parágrafo único do artigo 122 não determina o aumento de pena se a vítima for menor? A
resposta é positiva, com a ressalva que apenas no caso de vítima menor de 18 e a partir de 14, pois se ela tem
menos de 14, o crime não será do artigo 122 e sim de homicídio.

Essa afirmativa acima é uma construção doutrinária análoga aos crimes contra a dignidade sexual. É crime de
estupro de vulnerável, por exemplo, quando for praticado contra uma vítima menor de 14 anos, que consente em
praticar ato libidinoso. O legislador resolveu desconsiderar a capacidade de consentimento daquela vítima menor
de 14 anos. Se o consentimento para o ato sexual não é considerado quando a vítima é menor de 14 anos, imagi-
na para dispor da própria vida.

A vítima menor de 14 anos não tem capacidade para decidir que quer encerrar a própria vida. Portanto, quem
induz, instiga ou auxilia, responde por homicídio.

Infanticídio:

O crime de infanticídio é conceituado como aquela conduta praticada pela própria mãe contra seu filho, devendo
estar influenciada pelo estado puerperal, durante ou logo após o parto. Partindo dessa premissa, constata-se que
o crime tipificado no artigo 123 do Código Penal é um crime próprio, podendo somente ser praticado pela mãe.

Observa-se que o tipo penal descrito no artigo 123 não deve ser confundido com o previsto no caput do artigo
121, visto que diante do princípio da especialidade o primeiro é mais especifico.

Na existência do conflito de normas alguns princípios são norteadores para solucioná-los.

Vejamos o artigo 123 do Código Penal:

Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

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para identificar o crime de infanticídio:

Deve ser pontuado que o crime de infanticídio não é praticado honoris causa, ou seja, para proteger a própria
honra e, sim por estar a mãe influenciada pelo estado puerperal. Conforme já vimos, trata-se de crime próprio, a
qual exige especial qualidade do sujeito ativo. Alguns classificam o infanticídio como crime de mão própria.

Algumas indagações são pertinentes:

É possível existir concurso de pessoas no crime de infanticídio?

Imagine que a mãe, influenciada pelo estado puerperal e logo após o parto, decide matar seu filho. O pai ajuda a
mãe na consumação do delito. Qual será a conduta de cada um? Essa pessoa que auxilia a mãe deve responder
pelo mesmo crime?

Duas situações podem ocorrer, vejamos:

1) A mãe pratica a conduta principal, ou seja, ela mata, porém tem o auxílio de uma terceira pessoa (conduta
acessória);
2) O terceiro pratica a conduta principal, ou seja, ele mata, porém a mãe que está influenciada pelo estado puer-
peral e logo após o parto, auxilia.

A segunda hipótese abarca uma grande divergência na doutrina. Mas antes estudaremos a primeira:

Artigo 30 do Código Penal:

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime.

O artigo 123 do Código Penal traz circunstâncias de caráter pessoal, qual seja, ser mãe e estar sob influência do
estado puerperal. Assim, as circunstâncias irão se comunicar, visto que são elementares do crime.

Então, como é essa comunicação? A regra, no Direito Penal, não pode ser diferente da regra universal de que o
acessório é que deve seguir o principal. Sendo assim, quando a conduta principal é da mãe, não há maiores pro-
blemas em identificar que a conduta do terceiro que auxilia, segue a conduta principal da mãe, devendo (para a
doutrina amplamente majoritária) ambos responderem pelo crime de infanticídio.

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A-t-e-n-ç-ã-o!!

Na primeira hipótese:

1) A mãe pratica a conduta principal, ou seja, ela mata, porém tem o auxílio de uma terceira pessoa (conduta
acessória); Ambos responderiam pelo crime de infanticídio, aplicando-se o disposto no artigo 30 do Código Penal.

Na segunda hipótese: (controvérsia)

2) O terceiro pratica a conduta principal, ou seja, ele mata, porém a mãe que está influenciada pelo estado puer-
peral e logo após o parto, auxilia.

a) Ambos respondem pelo crime de homicídio;


b) Ambos respondem pelo crime de infanticídio;
c) O terceiro responde pelo crime de homicídio e a mãe pelo crime de infanticídio. Se quando a mãe esta prati-
cando a conduta principal (crime de infanticídio) e tem a pena menor, como poderia no caso de auxilio, onde ela
estaria vigiando o local, por exemplo, responder por uma pena muito maior?!

Lembrando: Quando foi abordado o instituto do erro sobre a pessoa foi dito o exemplo de uma mãe que querendo
matar seu filho e sob a influência do estado puerperal se dirige ao berçário e mata a criança. Depois do cometi-
mento do crime ela percebe que aquele não era seu filho, mas sim, o da moça do quarto ao lado.

Verifica-se que houve um erro quanto à pessoa. A mãe acreditava que estava cometendo o crime contra seu filho.
Com base no artigo 20, parágrafo 3º, é preciso esquecer a vítima real e considerar as condições de quem ela que-
ria realmente agir (vítima virtual). Ou seja, ela responderá pelo crime de infanticídio.

E como diferenciar o crime de infanticídio do aborto?

Crime de aborto:

Inicialmente é preciso lembrar que o Código Penal adota a teoria da atividade, onde se considera consumado o
crime no momento da conduta, ainda que o resultado ocorra em momento posterior. Para que se configure o cri-
me de aborto a conduta precisa ser praticada antes de iniciar o parto.

O aborto admite três situações possíveis, sendo todas na modalidade dolosa. Vejamos as tipificações:

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Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

Por escolha legislativa os artigos 124 e 126 representam uma quebra da teoria monista. Embora a gestante e
terceiro possam estar concorrendo para um mesmo resultado, que é o aborto, cada um deles responderá pelo
próprio crime.

Diante esse contexto surge o seguinte questionamento: Com a configuração do artigo 126 admite-se o concurso
de pessoas no artigo 124? Em regra, não. No entanto, a depender do caso concreto, é possível a participação
para o terceiro que auxilia sem praticar diretamente qualquer ato abortivo.

Exemplo 1 – A amiga ministra, com consentimento, substância abortiva na gestante para provocar o aborto. O
crime por ela praticado é do artigo 126, ou seja, ela provoca o crime de aborto.

Exemplo 2 – A amiga compra medicamento abortivo e entrega para a gestante tomar, com a sua ciência. A pró-
pria gestante é que ingere ou aplica a medicação. No exemplo 2, ambas respondem pelo artigo 124. A amiga é
partícipe do crime do artigo 124.

Por que ela não pratica a conduta descrita artigo 126? Porque ela não praticou verbo núcleo deste tipo. Ela não
provocou o aborto.

Atenção!!

Em que pese o Código Penal fazer menção ao artigo 127 como forma qualificada, é preciso prestar atenção, pois
na verdade ele possui natureza jurídica de causa de aumento de pena.

Vejamos o artigo 127 do Código Penal:

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são dupli-
cadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Com base nesse artigo, a morte ou a lesão decorrem do aborto, mas não são desejadas pelo autor do crime. Es-
ses resultados se dão a título de culpa.

Caso haja dolo na morte da gestante o agente deverá responder pelo crime de homicídio em concurso com o cri-
me de aborto.

Vejamos o caso concreto: Albertino toma ciência da gravidez de sua mulher Antonieta. Sabendo que Antonieta
possui doença fatal, ele a convence a ir a um obstetra, mas trata-se de fraude, pois já combinou previamente com

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o amigo Carlinhos que seria realizado um aborto. Antonieta vai ao consultório com Albertino. Lá, Carlinhos pratica
manobras abortivas, enquanto Antonieta está desacordada. Albertino não comunicou ao amigo a doença grave de
Antonieta. Albertino já sabia que o procedimento causaria a morte da esposa, o que de fato ocorreu. Ele já dese-
java esse resultado, pois queria ficar com sua amante.

Pergunta-se: Qual será a responsabilidade penal dos envolvidos?

Ponto importante: Albertino usa o Carlinhos como instrumento para a prática do crime de homicídio; Albertino,
esposo, tem dolo de matar (por motivo fútil – querer ficar com a amante) a esposa e de praticar o crime de aborto
sem o consentimento da vítima.

No caso concreto, Albertino deve responder por homicídio qualificado, com agravante de ter sido cometido contra
cônjuge. Responde ainda pelo crime de aborto do artigo 125, em concurso formal impróprio (pois ele tinha desíg-
nios autônomos). Já Carlinhos deve responder pelo artigo 125 c/c artigo 127.

Ao retornar a leitura do artigo 127 percebe-se que o próprio dispositivo traz essa previsão. Vejamos:

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. (grifo nosso)

Casos de Aborto Permitido:

O artigo 128 prevê a possibilidade do aborto praticado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. O
que configura o estado de necessidade especial, ou seja, uma causa de excludente da ilicitude prevista na parte
especial do Código Penal.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de
seu representante legal.

O inciso II é abarcado por uma divergência doutrinária e também é entendido como causa especial excludente da
ilicitude. No entanto, Rogério Greco sustenta que é causa de excludente da culpabilidade, por inexigibilidade de
conduta diversa.

É importante ter atenção para a ADPF 54, de relatoria do ministro Marco Aurélio Mello, que foi ajuizada pela CNTS
(Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde) em 2004, tendo sido julgada apenas oito anos depois, em
uma votação não unânime da qual participaram 11 ministros, nos dias 11 e 12 de abril de 2012. O STF julgou a
ação procedente por 8 votos a favor, e 2 votos contra.

Foi decidido que não há de ser considerado crime de aborto a interrupção terapêutica induzida da gravidez de um
feto com anencefalia. Foi reconhecida a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção deste
tipo de gravidez é conduta tipificada nos artigos 124, 126, 128, incisos I e II, do CP. Trecho citado pelo Relator da
ADPF 54: "Nesse contexto, a interrupção da gestação de feto anencefálico não configura crime contra a vida –
revela-se conduta atípica".

O aborto de feto anencefalo, no Brasil e de forma jurisprudencial, não é considerado crime.

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Vejamos como o ponto é cobrado em prova:

02. (XXII EXAME OAB – SEGUNDA FASE – DIREITO PENAL – QUESTÃO) Jerusa, atrasada para importante
compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em
uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permiti-
da. Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veícu-
lo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto
no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das
demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. Instaurado o respectivo inquéri-
to policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputan-
do-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte
final, ambos do CP). Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que
poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito
em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei
foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente funda-
mentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado
da referida decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira).

Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recurso cabível e
date-o com o último dia do prazo para a interposição.

Trecho do padrão de resposta:

O examinando deverá elaborar um recurso em sentido estrito com fundamento no Art. 581, IV do CPP.

A petição de interposição deverá ser endereçada ao Juiz da Vara Criminal do Tribunal do Júri. Deverá, o
examinando, na própria petição de interposição, formular pedido de retratação (ou requerer o efeito re-
gressivo/iterativo), com fundamento no Art. 589, do CPP.

Caso não seja feita petição de interposição, haverá desconto no item relativo à estrutura da peça, além
daqueles relativos aos itens de referida petição. As razões do recurso deverão ser endereçadas ao Tribu-
nal de Justiça.

No mérito, o examinando deve alegar que Jerusa não agiu com dolo e sim com culpa. Isso porque o dolo
eventual exige, além da previsão do resultado, que o agente assuma o risco pela ocorrência do mesmo,
nos termos do Art. 18, I (parte final) do CP, que adotou, em relação ao dolo eventual, a teoria do consenti-
mento. Nesse sentido, a conduta de Jerusa amolda-se àquela descrita no Art. 302 do CTB, razão pela qual
ela deve responder pela prática, apenas, de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Em con-
sequência, não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é competente para apreciar a
questão, razão pela qual deve ocorrer a desclassificação, nos termos do Art. 419, do CPP.

Ao final, o examinando deverá elaborar pedido de desclassificação do delito de homicídio simples doloso,
para o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor (Art. 302 do CTB). Levando em conta o
comando da questão, que determina datar as peças com o último dia do prazo cabível para a interposição,
ambas as petições (interposição e razões do recurso) deverão ser datadas do dia 09/08/2013.

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