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Temas:

CRIMES PATRIMONIAIS
Continuação

Estelionato

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias;

Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando
tem a posse do objeto empenhado;

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Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conse-
qüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de


instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Estelionato contra idoso

§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso.(Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

Entrada em vigor – 29/12/2015

Majorantes no roubo:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;


II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

Majorantes não se confundem com as qualificadoras:

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
O parágrafo 3º, in fine, prevê o latrocínio. Cabe destacar que neste caso, a morte pode decorrer de dolo ou culpa.
O crime não será necessariamente preterdoloso. No entanto, é fundamental que esteja dentro do contexto patri-
monial.
É muito importante atentar para os enunciados 603 e 610 do STF.

Súmulas STF:

SÚMULA 610
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima.

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SÚMULA 603
A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.
Qual é a diferença entre roubo e extorsão?

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou-
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
até metade.
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de
25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a ob-
tenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

No roubo, a conduta da vítima pode até existir, mas ela não é imprescindível como na extorsão.

ATENÇÃO

No crime de extorsão, a vantagem deve ser indevida!

VIII Exame

Visando abrir um restaurante, José pede vinte mil reais emprestados a Caio, assinando, como garantia, uma nota
promissória no aludido valor, com vencimento para o dia 15 de maio de 2010. Na data mencionada, não tendo
havido pagamento, Caio telefona para José e, educadamente, cobra a dívida, obtendo do devedor a promessa de
que o valor seria pago em uma semana.

Findo o prazo, Caio novamente contata José, que, desta vez, afirma estar sem dinheiro, pois o restaurante não
apresentara o lucro esperado. Indignado, Caio comparece no dia 24 de maio de 2010 ao restaurante e, mostrando
para José uma pistola que trazia consigo, afirma que a dívida deveria ser saldada imediatamente, pois, do contrá-
rio, José pagaria com a própria vida.

Aterrorizado, José entra no restaurante e telefona para a polícia, que, entretanto, não encontra Caio quando che-
ga ao local.

Os fatos acima referidos foram levados ao conhecimento do delegado de polícia da localidade, que instaurou in-
quérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. Ao final da investigação, tendo Caio confirmado a ocor-
rência dos eventos em sua integralidade, o Ministério Público o denuncia pela prática do crime de extorsão qualifi-
cada pelo emprego de arma de fogo. Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara Criminal, o réu é citado no dia 18 de
janeiro de 2011.

Procurado apenas por Caio para representá-lo na ação penal instaurada, sabendo-se que Joaquim e Manoel pre-
senciaram os telefonemas de Caio cobrando a dívida vencida, e com base somente nas informações de que dis-
põe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija, no último dia do prazo, a peça cabível, invo-
cando todos os argumentos em favor de seu constituinte.

Quanto ao crime de dano, também é comum que ele apareça ligado a algum instituto da parte geral, como por
exemplo, o aberratio criminis (resultado diverso do pretendido).

ESPELHO DE CORREÇÃO

O examinando deverá redigir uma resposta à acusação, prevista no artigo 396 do CPP (e/ou art. 396-A do CPP), a
ser endereçada ao juízo da 5ª Vara Criminal e apresentada no dia 28 de janeiro de 2011.

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Na referida peça, o examinando deverá demonstrar que a conduta descrita pelo Ministério Público caracterizaria
apenas o crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no artigo 345 do CP, uma vez que para a con-
figuração do delito de extorsão seria imprescindível que a vantagem fosse indevida, sendo a conduta, com relação
ao delito do artigo 158, atípica.

Outrossim, o examinando deverá esclarecer que o Ministério Público não é parte legítima para figurar no polo
ativo de processo criminal pelo delito de exercício arbitrário das próprias razões, pois não houve emprego de vio-
lência, sendo este persequível por ação penal privada.

Em razão disso, o examinando deverá afirmar que caberia a José ajuizar queixa-crime dentro do prazo decaden-
cial de seis meses, contados a partir do dia 24 de maio de 2010 e, uma vez não tendo sido oferecida a queixa-
crime até o dia 23 de novembro de 2010, incidiu sobre o feito o fenômeno da decadência, restando extinta a puni-
bilidade de Caio.

Ao final, o examinando deverá pedir a absolvição sumária de Caio, com fundamento no artigo 397, III (pela atipici-
dade do delito de extorsão) e IV (pela incidência da decadência), do CPP. Além de tais pedidos, com base no
princípio da eventualidade, deverá requerer a produção de prova testemunhal, com a oitiva de Joaquim e Manoel.

Por fim, o examinando deverá apontar em sua peça a data de 28 de janeiro de 2011.

Não sendo observada a correta divisão das partes, indicação de local, data e assinatura, será impossível atribui-
ção dos pontos relativos à estrutura.

Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido:

I - com violência à pessoa ou grave ameaça;


II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade
de economia mista;
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Vejamos o que dispõe o artigo 74:

Resultado diverso do pretendido

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resulta-
do diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre tam-
bém o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

Logo, se em caso de resultado diverso do pretendido, o agente atira uma pedra para atingir uma pessoa e culpo-
samente atinge uma vidraça, ele não poderá responder pelo dano, por ausência de previsão na modalidade cul-
posa.

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IMUNIDADES NOS CRIMES PATRIMONIAIS

Os artigos 181 e 182 trazem previsões de imunidades.

A imunidade contida no artigo 181 é absoluta. Trata-se de uma escusa absolutória. Já a imunidade do artigo 182 é
relativa e tão somente transmuda a ação penal.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;


II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
(Vide Lei nº 10.741, de 2003)

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;


II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

O artigo 181 do Código Penal prevê hipótese de escusa absolutória. A imunidade é absoluta. Há crime, mas a
punibilidade não chega a nascer.

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pes-
soa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

VII Exame

Maurício, jovem de classe alta, rebelde e sem escrúpulos, começa a namorar Joana, menina de boa família, de
classe menos favorecida e moradora de área de risco em uma das maiores comunidades do Brasil. No dia do
aniversário de 18 anos de Joana, Maurício resolve convidá-la para jantar num dos restaurantes mais caros da
cidade e, posteriormente, leva-a para conhecer a suíte presidencial de um hotel considerado um dos mais luxuo-
sos do mundo, onde passa a noite com ela. Na manhã seguinte, Maurício e Joana resolvem permanecer por mais
dois dias. Ao final da estada, Mauricio contabiliza os gastos daqueles dias de prodigalidade, apurando o total de
R$ 18.000,00 (dezoito mil reais). Todos os pagamentos foram realizados em espécie, haja vista que, na noite an-
terior, Maurício havia trocado com sua mãe um cheque de R$20.000,00 (vinte mil reais) por dinheiro em espécie,
cheque que Maurício sabia, de antemão, não possuir fundos. Considerando apenas os fatos descritos, responda,
de forma justificada, os questionamentos a seguir.

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Maurício e Joana cometeram algum crime? Justifique sua resposta e, caso seja positiva, tipifique as condutas
atribuídas a cada um dos personagens, desenvolvendo a tese de defesa. (valor: 0,70)

Caso Maurício tivesse invadido a casa de sua mãe com uma pistola de brinquedo e a ameaçado, a fim de conse-
guir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sua situação jurídica seria diferente? Justifique. (valor: 0,55)

ESPELHO DE CORREÇÃO

Para garantir pontuação, o examinando deveria, no item ‘A’, deixar expresso que Joana não cometeu qualquer
crime porque não houve sequer conduta de sua parte. Cabe ressaltar que somente será aceita, como fundamento
para essa hipótese, a ausência de conduta, levando em consideração o conhecimento teórico exigido no Exame
de Ordem.

Assim, descabe analisar a existência de elemento subjetivo (dolo ou culpa), ilicitude ou culpabilidade, pois tais
somente seriam apreciados quando houvesse conduta. Consequentemente, a resposta que trouxer apenas tal
análise (sem mencionar a conduta) não será pontuada no item respectivo.

Ainda no tocante ao item ‘A’, o examinando deverá indicar que Maurício, diferentemente de Joana, cometeu crime,
qual seja, estelionato (OU que teria praticado a conduta descrita no art. 171 caput do CP), mas que poderia alegar
em sua defesa a escusa absolutória prevista no art. 181, II do CP.

Sobre esse ponto, não será passível de pontuação a mera indicação do dispositivo legal, dissociada da argumen-
tação exigida.

De igual modo, não será pontuada nenhuma outra modalidade de estelionato senão aquela descrita no caput do
art. 171 do CP. Ressalte-se que dados não descritos no enunciado não podem ser presumidos pelos examinan-
dos.

Também não será passível de pontuação a indicação genérica do art. 181 do CP, sem a especificação do inciso
adequado ou de argumentação pertinente ao inciso.

Ademais, aplicação da escusa absolutória não conduz à atipicidade da conduta. A conduta continua típica, ilícita e
culpável, havendo apenas opção legislativa pela não imposição de sanção de natureza penal, embora a sentença
possa produzir efeitos civis.

Em relação ao item ‘B’, a atribuição de pontos estaria condicionada à expressa argumentação no sentido de que a
condição jurídica de Maurício seria alterada na medida em que a isenção de pena prevista no Código Penal não
se aplica aos crimes de roubo (OU à prática da conduta descrita no art. 157 caput do CP), nos termos do art.183, I
do CP. Portanto, Maurício seria processado e apenado pelo crime cometido.

Cumpre salientar que a mera indicação de artigo legal, dissociada da correta argumentação (em qualquer um dos
itens), não pode ser pontuada. De igual modo, a mera indicação, no item ‘B’, de que não haveria isenção de pena
(ou de que não se aplicaria o art. 181, II do CP por força do disposto no artigo 183, I, do CP), sem a correta tipifi-
cação da conduta, não é passível de pontuação.

Além disso, levando em conta que o delito de roubo não se confunde com a extorsão, não será admitida fungibili-
dade entre as condutas de forma a se considerar qualquer das duas como a prática empreendida por Maurício.

Por fim, não poderá ser considerada correta a resposta que imponha a causa de aumento de pena prevista no
parágrafo segundo, inciso I, do artigo 157 do CP. Isso porque a controvérsia acerca da incidência da referida cau-
sa de aumento quanto ao uso de arma de brinquedo foi suficientemente solucionada no âmbito do Superior Tribu-
nal de Justiça, que, em 2001, cancelou o verbete sumular n. 174, no julgamento do RESP 213.054-SP.

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Enunciados STJ:

Súmula 582
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça,
ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sen-
do prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Terceira Seção, aprovada em 14/9/2016, DJe 19/9/2016.

Súmula 567
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de es-
tabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

Súmula 511
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualifica-
do, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva.

Súmula 442
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

Súmula 244
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de
fundos.

Súmula 107
Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das
guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal.

Súmula 96
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

Súmula 73
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência
da justiça estadual.

Súmula 48
Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido medi-
ante falsificação de cheque.

Súmula 24
Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência social, a qualifi-
cadora do § 3º, do art. 171 do código penal.

Súmula 17
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, e por este absorvido.

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Súmulas STF:

SÚMULA 610
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima.

SÚMULA 603
A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.

SÚMULA 554
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosse-
guimento da ação penal.

SÚMULA 521
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa
de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

Questões para a técnica


do Questionamento Elaborativo

01 – Qual é a distinção entre furto e roubo?


02 – Como diferenciar furto de uso de arrependimento posterior?
03 – Existe possibilidade de furto qualificado e privilegiado?
04 – O reconhecimento do furto privilegiado poderá conduzir à atipicidade do fato?
05 – O roubo de filho contra pai é punido?
06 – Diferencie imunidade absoluta de imunidade relativa nos crimes patrimoniais
07 – Qual é o momento de consumação do crime de roubo?
08 – A apropriação de coisa alheia sempre caracteriza crime de apropriação indébita?

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Abrange:

- Crimes contra a liberdade sexual


- Crimes sexuais contra vulnerável
- Disposições gerais
- Lenocínio
- Ultraje público ao pudor
- Disposições gerais

PONTOS DE IMPORTÂNCIA PARA A PROVA:

- Modalidades de estupro
- Distinção entre estupro e violação sexual mediante fraude
- Estupro de vulnerável e experiência sexual anterior da vítima
- Estupro de vulnerável e erro de tipo
- Tráfico de pessoas
- Ação penal

Modalidades de estupro:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou per-
mitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de
14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

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§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

Estupro de vulnerável

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou defi-
ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência.

O que diferencia o estupro (artigo 213) do estupro de vulnerável (artigo 217 A)?

A condição de vulnerabilidade da vítima. Se a vítima é vulnerável o agente tem ciência disso, não importa como o
ato libidinoso foi praticado (com consentimento, violência, grave ameaça ou fraude), o crime será sempre de estu-
pro de vulnerável.

Vejamos o novo enunciado do STJ:

Enunciado 593

O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de
14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

E se o agente não tem ciência, por exemplo, de que a vítima é menor de 14 anos?

Neste caso, é possível a aplicação do artigo 20 do Código Penal. O erro de tipo exclui o dolo, embora permita a
punição por culpa. No entanto, estupro não tem modalidade culposa.

XIV Exame

Felipe, com 18 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu Ana, linda jovem, por quem se encantou.
Após um bate-papo informal e trocarem beijos, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram
carícias, e Ana, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Felipe.

Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas redes
sociais.

No dia seguinte, Felipe, ao acessar a página de Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta,
esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Felipe ficado em choque com essa constatação. O seu medo
foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público
Estadual, pois o pai de Ana, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato.

Por Ana ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o Ministério Público Estadual
denunciou Felipe pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do arti-
go 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com
base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no
artigo 61, II, alínea “l”, do CP.

O processo teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo,
local de residência do réu.

Felipe, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade. Na
audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que tinha o hábito
de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos.

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As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para sair com
as amigas.

As testemunhas de defesa, amigos de Felipe, disseram que o comportamento e a vestimenta da Ana eram incom-
patíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (qua-
torze) anos, e que Felipe não estava embriagado quando conheceu Ana.

O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Ana, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse
que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18
(dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e
voluntária por ambos.

A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro
da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual.

O Ministério Público pugnou pela condenação de Felipe nos termos da denúncia. A defesa de Felipe foi intimada
no dia 10 de abril de 2014 (quinta-feira).

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redi-
ja a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus, sustentan-
do, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.

PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL - ESPELHO DE CORREÇÃO

Peça processual: alegações finais

O examinando deve redigir alegações finais na forma de memoriais, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código
de Processo Penal, sendo a petição dirigida ao juiz da XX Vara Criminal de Vitória, Estado do Espírito Santo.

Conforme narrado no texto da peça prático-profissional, o examinando deveria abordar em suas razões a neces-
sidade de absolvição do réu diante do erro de tipo escusável, que colimou na atipicidade da conduta. Conforme
ficou narrado no texto da peça prático-profissional, o réu praticou sexo oral e vaginal com uma menina de 13 (tre-
ze) anos, que pelas condições físicas e sociais aparentava ser maior de 14 (quatorze) anos.

O tipo penal descrito no artigo 217- A do CP, estupro de vulnerável, exige que o réu tenha ciência de que se trata
de menor de 14 (quatorze) anos. É certo que o consentimento da vítima não é considerado no estupro de vulnerá-
vel, que visa tutelar a dignidade sexual de pessoas vulneráveis. No entanto, tal reforma penal não exclui a alega-
ção de erro de tipo essencial, quando verificado, no caso concreto, a absoluta impossibilidade de conhecimento
da idade da vítima.

Na leitura da realidade, o réu acreditou estar praticando ato sexual com pessoa maior de 14 (quatorze) anos, inci-
dindo, portanto, a figura do erro de tipo essencial, descrita no artigo 20, caput, do CP.

Como qualquer pessoa naquela circunstância incidiria em erro de tipo essencial e como não há previsão de estu-
pro de vulnerável de forma culposa, não há outra solução senão a absolvição do réu, com base no artigo 386, III,
do CPP.

Por sua vez, o examinando deveria desenvolver que no caso de condenação haveria a necessidade do reconhe-
cimento de crime único, sendo excluído o concurso material de crimes. A prática de sexo oral e vaginal no mesmo
contexto configura crime único, pois a reforma penal oriunda da lei 12.015/2009 uniu as figuras típicas do atentado
violento ao pudor e o estupro numa única figura, sendo, portanto, um crime misto alternativo.

Prosseguindo em sua argumentação, o examinando deveria rebater o pedido de reconhecimento da agravante da


embriaguez preordenada, pois não foram produzidas provas no sentido de que Felipe se embriagou com intuito de
tomar coragem para a prática do crime, também indicando a presença da atenuante da menoridade.

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Por fim, por ser o réu primário, de bons antecedentes e por existir crime único e não concurso material de crimes,
o examinando deveria requerer a fixação da pena-base no mínimo legal, com a consequente fixação do regime
semiaberto.

Apesar do crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado como infração hedionda na lei
8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo
que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o pre-
ceito em abstrato. Assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena será fixada em 8 (oito) anos de reclusão,
sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para o réu, pois o artigo
33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é
o caso.

Ao final o examinando deveria formular os seguintes pedidos:

a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de tipicidade; Diante da condenação, de
forma subsidiária:
b) Afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único.
c) Fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante da embriaguez preordenada e a incidência
da atenuante da menoridade.
d) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, § 2º, alínea “b”, do CP,
diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/90.

Por derradeiro, cabe destacar que o texto da peça prático-profissional foi expresso em exigir a apresentação dos
memoriais no último dia do prazo. Considerado o artigo 403,§ 3º, do CPP, o prazo será de 5 (cinco) dias, sendo
certo que o último dia para apresentação é o dia 15 de abril de 2014.

XVIII Exame

Durante o carnaval do ano de 2015, no mês de fevereiro, a família de Joana resolveu viajar para comemorar o
feriado, enquanto Joana, de 19 anos, decidiu ficar em sua residência, na cidade de Natal, sozinha, para colocar os
estudos da faculdade em dia. Tendo conhecimento dessa situação, Caio, vizinho de Joana, nascido em 25 de
março de 1994, foi até o local, entrou sorrateiramente no quarto de Joana e, mediante grave ameaça, obrigou-a a
praticar com ele conjunção carnal e outros atos libidinosos diversos, deixando o local após os fatos e exigindo que
a vítima não contasse sobre o ocorrido para qualquer pessoa.

Apesar de temerosa e envergonhada, Joana contou o ocorrido para sua mãe. A seguir, as duas compareceram à
Delegacia e a vítima ofertou representação. Caio, então, foi denunciado pela prática como incurso nas sanções
penais do Art. 213 do Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 71 do Estatuto Repressivo. Durante a ins-
trução, foi ouvida a vítima, testemunhas de acusação e o réu confessou os fatos. Foi, ainda, juntado laudo de
exame de conjunção carnal confirmando a prática de ato sexual violento recente com Joana e a Folha de Antece-
dentes Criminais (FAC) do acusado, que indicava a existência de duas condenações, embora nenhuma delas com
trânsito em julgado.

Em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação de Caio nos termos da denúncia, enquanto a
defesa buscou apenas a aplicação da pena no mínimo legal. No dia 25 de junho de 2015 foi proferida sentença
pelo juízo competente, qual seja a 1ª Vara Criminal da Comarca de Natal, condenando Caio à pena privativa de
liberdade de 10 anos e 06 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Na sentença consta que
a pena base de cada um dos crimes deve ser aumentada em seis meses pelo fato de Caio possuir maus antece-
dentes, já que ostenta em sua FAC duas condenações pela prática de crimes, e mais 06 meses pelo fato de o
acusado ter desrespeitado a liberdade sexual da mulher, um dos valores mais significativos da sociedade, restan-
do a sanção penal da primeira fase em 07 anos de reclusão, para cada um dos delitos. Na segunda fase, não
foram reconhecidas atenuantes ou agravantes. Afirmou o magistrado que atualmente é o réu maior de 21 anos,
logo não estaria presente a atenuante do Art. 65, inciso I, do CP. Ao analisar o concurso de crimes, o magistrado
considerou a pena de um dos delitos, já que eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), na forma do Art. 71 do CP,
justificando o acréscimo no fato de ambos os crimes praticados serem extremamente graves. Por fim, o regime
inicial para o cumprimento da pena foi o fechado, justificando que, independente da pena aplicada, este seria o
regime obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. Apesar da condenação, como Caio respondeu
ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele o direito de aguardar o trânsito em julgado da mesma forma.

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Caio e sua família o (a) procuram para, na condição de advogado (a), adotar as medidas cabíveis, destacando
que estão insatisfeitos com o patrono anterior. Constituído nos autos, a intimação da sentença ocorreu em 07 de
julho de 2015, terça- feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país.

Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça
cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas
as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00 pontos)

ESPELHO DE CORREÇÃO

O candidato deve elaborar, na condição de advogado, um Recurso de Apelação, com fundamento no Art. 593,
inciso I, do Código de Processo Penal.

Em um primeiro momento, deve ser redigida a petição de interposição do recurso, direcionada ao Juízo da 1ª Vara
Criminal da Comarca de Natal/RN, requerendo o encaminhamento do feito para instância superior. A petição de
interposição deve constar o local, estar devidamente datada, contendo as expressões “assinatura” e “número da
OAB”. Posteriormente, devem ser apresentadas as respectivas razões recursais, peça essa endereçada direta-
mente ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte. No conteúdo das Razões Recursais, não haveria
necessidade de o examinando pleitear a absolvição de Caio, tendo em vista que os fatos foram provados, assim
como houve confissão em juízo dos mesmos por parte do réu em seu interrogatório. Contudo, existem questões
técnicas, envolvendo o mérito, que devem ser alegadas pelo advogado de modo a reduzir a pena aplicada ao
agente, sendo certo que houve alguns equívocos por parte do magistrado no momento de elaborar a sentença.

Inicialmente, deve o advogado alegar que a conduta de Caio, no caso concreto, configura um único crime de es-
tupro e não dois crimes em concurso. Desde 2009, com a edição da Lei nº 12.015, a conduta que era prevista
como crime autônomo de atentado violento ao pudor passou a ser abrangida pelo tipo penal previsto no Art. 213
do Código Penal. Hoje, responde pelo crime de estupro aquele que constrange alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso. A jurisprudência entende que, de acor-
do com a nova redação, o Art. 213 do CP passou a prever um tipo misto alternativo. Assim, quando praticada con-
junção carnal e outro ato libidinoso diverso em um mesmo contexto e contra a mesma vítima, como exatamente
ocorreu no caso concreto narrado, haveria crime único. Dessa forma, deveria o advogado de Caio requerer, em
suas razões, o afastamento do concurso de crimes, com o consequente reconhecimento de crime único de estu-
pro, pois a conjunção carnal e os demais atos libidinosos foram praticados em um mesmo contexto fático. Ade-
mais, deve o advogado requerer que seja refeita a dosimetria da pena, pois contém uma série de incorreções.
Primeiramente, deve ser requerida a fixação da pena base no mínimo legal. A fundamentação do magistrado para
incrementar a pena base pela existência de maus antecedentes foi inadequada, pois as ações penais em curso
não podem justificar o reconhecimento prejudicial desta circunstância judicial, nos termos do Enunciado 444 da
Súmula de Jurisprudência do STJ, sob pena de violação do princípio da presunção de inocência. O fato de existi-
rem sentenças condenatórias não afasta o que foi aqui defendido, tendo em vista que estas não são definitivas,
não ostentando trânsito em julgado. Ademais, o aumento pelo fato de o acusado ter desrespeitado a liberdade
sexual da vítima também deve ser afastado, tendo em vista que é inerente ao tipo penal.

Na segunda fase, deve ser reconhecida a atenuante da confissão espontânea, na forma do Art. 65, inciso III, alí-
nea ‘d’ do Código Penal. Além disso, incorreto o magistrado ao afirmar que não aplicaria a atenuante da menori-
dade relativa pelo fato do réu, hoje, ser maior de 21 anos. O que deve ser considerado é a data do fato e não da
sentença. Em caso de ser mantida a decisão pela existência de dois crimes de estupro em concurso, subsidiaria-
mente deve o advogado pleitear a redução do quantum de aumento pela continuidade delitiva. Isso porque o ma-
gistrado aplicou o aumento de metade (1/2) em razão da gravidade dos delitos praticados. Ocorre que é pacífico o
entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que a fração a ser adotada pelo concurso de crimes de-
verá considerar o número de delitos praticados e não outros critérios em abstrato. No caso, foram dois os crimes
de estupro, no entendimento do magistrado, logo o aumento de pena pela aplicação do Art. 71 do CP deveria ser
de 1/6, ou seja, do mínimo legal.

V Exame

Joaquina, ao chegar à casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, Adaílton, mantendo relações
sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, fato ocorrido no dia 2 de janeiro de 2011. Transtornada

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com a situação, Joaquina foi à delegacia de polícia, onde registrou ocorrência do fato criminoso. Ao término do
Inquérito Policial instaurado para apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adaílton vinha mantendo relações
sexuais com a referida menor desde novembro de 2010. Apurou-se, ainda, que Esmeralda, mãe de F.M., sabia de
toda a situação e, apesar de ficar enojada, não comunicava o fato à polícia com receio de perder o marido que
muito amava.

Na condição de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, avó da menor, responda aos itens a seguir, empregando
os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Adaílton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3)


b) Esmeralda praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5)
c) Considerando que o Inquérito Policial já foi finalizado, deve a avó da menor oferecer queixa-crime? (Valor: 0,45)

ESPELHO DE RESPOSTA

a) Sim. Estupro de vulnerável, conduta descrita no art. 217-A do CP.


b) Sim. Esmeralda também praticou estupro de vulnerável (artigo 217-A do CP c/c artigo 13, §2º, “a”, do CP), uma
vez que tinha a obrigação legal de impedir o resultado, sendo garantidora da menor.
c) Não, pois se trata de ação penal pública incondicionada, nos termos do art. 225, parágrafo único, do CP.

Por fim, em sendo reduzida a pena aplicada para até 08 anos, o regime aplicado deveria ser o semiaberto. Apesar
de o crime de estupro, de fato, ser hediondo, o Supremo Tribunal Federal, em sede de controle difuso de constitu-
cionalidade, reiteradamente vem decidindo que é inconstitucional a imposição em abstrato de regime inicial fecha-
do trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90, devendo o magistrado justificar o regime aplicado com base em
fatores concretos. Diante do exposto, deve o examinando formular os seguintes pedidos:

1. reconhecimento do crime único de estupro;


2. aplicação da pena base no mínimo legal;
3. reconhecimento das atenuantes da confissão e da menoridade relativa;
4. em caso de manutenção da condenação pela prática de dois crimes de estupro em continuidade, redução da
fração de aumento do Art. 71 do CP para o mínimo legal;
5. aplicação de regime semiaberto.

O prazo a ser indicado é o dia 13 de julho de 2015. O prazo para interposição de apelação é de 05 dias. Ocorre
que o dia 12 de julho é domingo, logo o prazo é prorrogado para segunda-feira, dia 13.07.2015.

Violação sexual mediante fraude

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

Qual é o critério que diferencia a violação sexual mediante fraude do crime de estupro (artigo 213)?
O meio empregado para a prática do ato libidinoso. Caso o agente empregue a fraude, o crime será do artigo 215.
Caso o agente empregue violência ou grave ameaça, o crime será do artigo 213.
Cabe destacar que se a vítima for vulnerável e o agente tiver conhecimento disso, não importa o meio empregado,
pois o crime será sempre o do artigo 217 A (estupro de vulnerável).

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ATENÇÃO:

Já no crime de assédio sexual, não há emprego de violência ou de grave ameaça. No máximo, em havendo ame-
aça, ela não será grave. Exemplo: Ameaçar de não dar a promoção que é devida.

Assédio sexual

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o
agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou fun-
ção.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Parágrafo único. § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

A prática de ato libidinoso com menor de 18 anos e maior de 14 anos configura crime?
Somente se o menor de 18 anos e maior de 14 estiver em situação de prostituição ou exploração sexual.

DEMAIS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL

Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerá-


vel.

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.

§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:

I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (cator-
ze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste
artigo.

§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localiza-
ção e de funcionamento do estabelecimento.

O tráfico de pessoas para fins sexuais é crime contra a dignidade sexual?

A lei 13.344/16 revogou os artigos 231 e 231 A do Código Penal. O crime passou a estar previsto no artigo 149 A,
incluindo também outras motivações para o tráfico. Passou a se caracterizar como crime contra a liberdade pes-
soal.

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Tráfico de Pessoas

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:

I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;


II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:

I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de depen-
dência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou
função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.

§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa.

A Lei 13.344 entrou em vigor no dia 21 de novembro de 2016.

Ação penal

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicio-
nada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18
(dezoito) anos ou pessoa vulnerável.

Conclusão da leitura do artigo 225:

A maioria dos crimes contra a dignidade sexual é de ação penal pública incondicionada.
A exceção (ação penal pública condicionada à representação) aplica-se apenas aos crimes previstos no Capítulo I
(arts. 213, 215 e 216A). Os crimes contra vulnerável são de ação penal pública incondicionada.

Questões para a técnica


do Questionamento Elaborativo

01 – Qual é a distinção entre estupro e estupro de vulnerável?


02 – Qual é a consequência de o agente ignorar a idade de alguém que tem 13 anos quando com ela pratica ato
libidinoso?
03 – Constitui tese plausível de defesa a alegação de relacionamento amoroso entre o agente e jovem de 13 anos
com a qual ele manteve relação sexual?
04 – É possível a prática de violação sexual mediante fraude quando o agente emprega a fraude contra vítima
menor de 14 anos?
05 – Caso agente seja condenado ao crime do artigo 218B, como se dará a progressão de regime?

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