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Análise: manifestações no Maranhão retomam combates contra a oligar... http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/07/03/analis...

Protestos pelo Brasil


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Análise: manifestações no Maranhão


retomam combates contra a
oligarquia
Wagner Cabral da Costa *
Especial para o UOL 03/07/2013 07h00
A onda de protestos que varreu o país nas últimas semanas, se de um lado,
alinhou o Brasil com as novas formas globalizadas de mobilização baseadas em
redes sociais e críticas dos mecanismos tradicionais de representação política, por
outro lado, encontrou terreno fértil de propagação na juventude dos grandes
centros urbanos, asfixiada por problemas estruturais de todo tipo, dentre os quais o
da mobilidade urbana se converteu no leitmotiv (motivo condutor) das mobilizações.

No entanto, ao sair às ruas as manifestações deram vazão às mais diversas


insatisfações, desde questões de alcance nacional (a defesa da reforma política, a
luta contra a PEC-37, a crítica da corrupção e dos gastos excessivos com a Copa
do Mundo, por exemplo) até problemas específicos de ordem regional e/ou local
(insegurança pública, ausência de infraestrutura urbana). O alcance dos protestos
impactou de forma desigual os três poderes da República (nos níveis federal,
estadual e municipal), que, instados a sair da paralisia decisória pela vox populi,
vêm propondo e adotando pactos e medidas visando responder à urgência da crise
de representação.

(http://noticias.uol.com.br/infograficos/2013/07/02/saibam-onde-ocorreram-
as-manifestacoes-de-junho-na-capital-maranhense.htm)

No Maranhão, particularmente na região LEIA MAIS ARTIGOS SOBRE OS


metropolitana da capital (São Luís), PROTESTOS
acompanhamos o desenrolar do ciclo de
manifestações, que, iniciado nos dias 18 e 19 BAHIA: Não é por acaso que

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de junho, ainda não tem data para acabar. estádio da Copa é alvo de protestos
Assim, ao longo de 12 dias, listamos 28 em Salvador (http://noticias.uol.com.br
protestos espalhados por todo o tecido /cotidiano/ultimas-noticias/2013/07
urbano, do centro da capital à zona rural da /03/analise-nao-e-por-acaso-
ilha, de conjuntos populares até bairros de que-estadio-da-copa-e-alvo-
classe média (veja o mapa acima); protestos de-protestos-em-salvador.htm)
muitas das vezes violentamente reprimidos
GOIÁS: Caminhoneiros, turistas e
pela Polícia Militar, ocasionando vários feridos
produtores agrícolas protestam contra
e inúmeras prisões.
estradas esburacadas

Acompanhando a novidade das mobilizações (http://noticias.uol.com.br/cotidiano

nacionais, as maiores manifestações da /ultimas-noticias/2013/07/03/analise-

juventude ludovicense foram marcadas por em-goias-caminhoneiros-turistas-

uma ampla convocação virtual. Assim, o e-produtores-agricolas-protestam-

movimento "Vem Pra Rua São Luís" convidou contra-estradas-esburacadas.htm)

mais de cem mil pessoas em sua página no


MINAS GERAIS: O gigante mineiro
Facebook, das quais quase 17 mil
já estava acordado; as pessoas é que
confirmaram presença no ato pela mobilidade
não se davam conta
urbana, no dia 19 de junho (4ª feira). Já o
(http://noticias.uol.com.br/cotidiano
movimento "Acorda Maranhão" convocou 212
/ultimas-noticias/2013/07/03/analise-
mil pessoas via internet, com mais de 37 mil
o-gigante-mineiro-ja-estava-acordado-
confirmando presença na passeata do dia 22
as-pessoas-e-que-nao-se-davam-
(sábado), com extensa pauta: contra a PEC
conta.htm)
37; por saúde, educação, segurança e
transporte de qualidade; contra a corrupção; PARÁ: Manifestações abordam do
contra a oligarquia. transporte fluvial à morte de bebês
(http://noticias.uol.com.br/cotidiano
Esses dados não são discrepantes, quando /ultimas-noticias/2013/07/03/analise-
comparados com imagens e estimativas de manifestacoes-no-para-abordam-
manifestantes: aproximadamente dez mil do-transporte-fluvial-a-morte-
pessoas participaram do "Vem Pra Rua" e de-bebes.htm)
mais de 30 mil do "Acorda Maranhão", ambos
coordenados com intensa atividade virtual, PARANÁ: Protestos refletem
com postagens instantâneas dos protestos sistema de transporte aquém das
no Twitter e Facebook, dentre outras redes expectativas em Curitiba
sociais. As imagens da multidão na avenida (http://noticias.uol.com.br/cotidiano

Pedro II, protestando em frente ao Palácio /ultimas-noticias/2013/07/03/analise-

dos Leões (governo estadual) e ao Palácio La manifestacoes-refletem-sistema-


Ravardiere (governo municipal) de-transporte-aquem-
provavelmente marcarão a memória político- das-expectativas-em-curitiba.htm)
afetiva de toda a nova geração; da mesma
PERNAMBUCO: Mobilizações
forma o simbolismo de ocupar e "tomar de
sociais retomam feridas profundas
assalto" a ponte José Sarney, renomeada de
(http://noticias.uol.com.br/cotidiano
Ponte do São Francisco pelo movimento
/ultimas-noticias/2013/07/03/analise-
"Acorda Maranhão" – um ato que uniu a luta
mobilizacoes-sociais-retomam-feridas-
da geração atual com as gerações anteriores
profundas-em-pernambuco.htm)
de combatentes contra a oligarquia.
PORTO ALEGRE: Protestos
MAPA DOS PROTESTOS geraram aliança política histórica e
improvável (http://noticias.uol.com.br
/cotidiano/ultimas-noticias/2013/07
/03/analise-protestos-geraram-
alianca-politica-historica-
e-improvavel-em-porto-alegre.htm)

RIO DE JANEIRO: Não é de hoje


que se fala no "caráter rebelde" do
povo carioca

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(http://noticias.uol.com.br/cotidiano
/ultimas-noticias/2013/07/03/analise-
nao-e-de-hoje-que-se-fala-no-carater-
rebelde-do-povo-carioca.htm)

SÃO PAULO: "Mais saraus, menos


presídios"; periferia paulistana faz
novas reivindicações
(http://noticias.uol.com.br/cotidiano
/ultimas-noticias/2013/07/03/analise-
mais-saraus-menos-presidios-
periferia-de-sao-paulo-faz-novas-
reivindicacoes.htm)
(http://noticias.uol.com.br/infograficos Houve uma dezena de protestos de
/2013/06/21/protestos- novo tipo (divulgação nas redes
pelo-brasil.htm?v52) sociais, horizontalidade, pautas
Clique no mapa e veja onde aconteceram os
múltiplas), os quais se conjugaram
principais protestos no Brasi até agora
muitas vezes a formas mais
tradicionais de ação coletiva, quer
convocadas por movimentos sociais e partidos de esquerda (movimento "Periferia
vai ao centro", em 25 de junho), quer eclodindo como protestos nos bairros
populares (puxados por associações de moradores ou similares) contra as
péssimas condições das vias públicas (a cidade já foi comparada à lua, pelo
número de crateras), a deficiência do sistema de transportes (uma caixa preta,
marcada pelo monopólio dos péssimos serviços por poucas empresas), a
insegurança pública (São Luís se tornou uma das cidades mais violentas do país),
a falta de água crônica na capital (por descaso e falta de investimentos no setor),
ou ainda a situação específica da escola ou posto de saúde da comunidade.

Nesses momentos, as demandas mais LEIA MAIS


abstratas por saúde, educação, segurança e
transporte adquiriram sua face concreta e Governo do Maranhão diz que
vimos, ao lado da juventude estudantil manifestações locais não foram
(secundarista e universitária), trabalhadores e "predominantemente anti-oligárquica"
trabalhadoras das periferias urbanas e até (http://noticias.uol.com.br/cotidiano
pequenos comerciantes (preocupados com o /ultimas-noticias/2013/07/04/governo-
aumento do número de assaltos), do-maranhao-diz-que-manifestacoes-
pressionando e dirigindo suas queixas às locais-nao-foram-predominantemente-
secretarias de governo (da Prefeitura e do anti-oligarquica.htm)
Governo do Estado) ou a uma estatal (Caema
– companhia de águas e esgotos). Destes, apenas a prefeitura da capital até o
momento recebeu os manifestantes, não sem contradições, começando a discutir a
pauta da mobilidade urbana; enquanto o governo estadual, depois de longo
silêncio, sinalizou com um "pacote de obras", requentando em 2013 promessas de
campanha feitas pela governadora Roseana Sarney em 2010.

Além das questões urbanas, as manifestações deram também visibilidade para a


questão agrária, de contornos dramáticos num Estado que tem 1/3 da população
residindo no campo, de onde saíram 30% dos trabalhadores em situação análoga à
escravidão resgatados país afora e que foi, pelo terceiro ano consecutivo, o infeliz
"campeão" de conflitos agrários no Brasil. Assim, as ruas da capital presenciaram
ainda a mobilização de diversas etnias indígenas para a ocupação da Funasa
(reivindicando melhorias na saúde das aldeias), a participação do movimento das
comunidades tradicionais quilombolas (Moquibom) e o Grito da Terra 2013 (com a
presença de cinco mil pessoas, em 18 de junho), organizado pela Federação dos
Trabalhadores na Agricultura (Fetaema), com pautas específicas para o governo
estadual e federal (Incra).

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Portanto, uma das singularidades da "primavera brasileira" no Maranhão foi a


conjugação de movimentos de novo tipo com padrões tradicionais de mobilização e
ação coletiva, além da combinação, numa visada abrangente, de questões urbanas
(que predominaram no país) com a questão agrária, conferindo uma "cor local" ao
movimento.

Por outro lado, a emergência de protestos de novo tipo foi acompanhada de toda
sorte de incompreensões e dificuldades, seja pela repressão policial ou pelas
cenas lastimáveis de agressão a jornalistas, seja pelos conflitos internos aos
manifestantes, nas críticas aos que incitavam a violência (os chamados "vândalos"
e "baderneiros"), aos grupos "infiltrados" (com sérias acusações de envolvimento
da juventude do PMDB, ligado à oligarquia), ou ainda, e especialmente, os conflitos
oriundos da posição política apartidária dos movimentos (que merece reflexão mais
aprofundada sobre as características da crise de representação política envolvendo
partidos e sindicatos). Assim, foi lamentável ainda a agressão ao militante do PSTU
Luiz Carlos Noleto, que teve a bandeira arrancada e queimada na praça Deodoro.

Tais episódios, que alguns um tanto apressadamente classificaram de "fascistas",


evidenciam a intensa disputa política envolvendo os rumos e principalmente o
"significado" dos protestos no Maranhão. Pois, além da crítica aos governos e
partidos, apontando para uma crise geral do sistema de representação política no
Brasil, as manifestações no Maranhão estão imbricadas na dinâmica das disputas
regionais, envolvendo o grupo Sarney (que domina há quase cinco décadas), os
diferentes setores da oposição e a formidável "geração Facebook" (que
surpreendeu e fez pensar a todos). Neste contexto, a "cor local" foi
predominantemente anti-oligárquica, pois, dentre os temas específicos, a única
palavra de ordem entoada em uníssono por um coro de 30 mil vozes foi: "Sarney,
ladrão, devolve o Maranhão!".

Vivemos nestes dias uma inédita conjunção de futebol + protestos + democracia,


apontando para possibilidades históricas novas... Que o Brasil e, especialmente, o
Maranhão saibam aproveitá-las!

* Wagner Cabral da Costa é historiador e professor da UFMA

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