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Aula 6
Interpretação gramatical:
A interpretação gramatical permite desvendar o significado da norma, por meio da
compreensão do significado dos seus termos e o sentido que adquirem no texto.
Especial atenção aqui para os signos, ou seja, as categorias que se encontram expressas no texto
de uma norma e o conceito que cada uma possui.
Interpretação sistemática:
Os dispositivos legais devem ser interpretados, considerando-as como integrados num conjunto
maior de normas jurídicas. Portanto, se o ordenamento jurídico é um todo unitário e que tende
para a harmonia, por ocasião da interpretação de uma norma isolada, deve-se escolher a
alternativa que seja coerente com o conjunto. Devem ser evitadas, principalmente, as
contradições com normas superiores e com os princípios gerais do direito.
Em síntese, o método sistemático impede que as normas jurídicas sejam interpretadas de modo
isolado, exigindo que todo o conjunto seja analisado simultaneamente à interpretação de
qualquer texto normativo. Assim, não podemos buscar o significado de um artigo, de uma lei
ou de um código sem compreender o contexto em que está inserido. Todos devem ser analisados
em sintonia com a Constituição e as demais normas jurídicas infraconstitucionais
Outro aspecto importante a se destacar, e que possui relação com a interpretação sistemática,
diz respeito à compreensão de como são organizadas as leis do ponto de vista estrutural.
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A Lei Complementar nº 95/98 e o Manual de Redação da Presidência da República são ótimas
consultas para se entender como deve ser estruturados os dispositivos de uma norma legal.
Do ponto de vista da estrutura de uma lei, deve ser observada a seguinte ordem:
1) Livro
2) Título
3) Capítulo
4) Seção
5) Subseção.
Conclusão: Para a interpretação adequada das normas jurídicas é importante entender também
a sua estruturação.
Interpretação histórica:
A interpretação histórica assemelha-se à busca da vontade do legislador. Recorrendo aos
precedentes normativos e aos trabalhos preparatórios que antecedem a aprovação da lei, tenta-
se encontrar o significado do texto, no contexto histórico da sua criação.
Cita-se o exemplo do IPVA, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, que não
incide sobre embarcações e aeronaves, ainda que sejam considerados veículos automotores,
pois do ponto de vista histórico este imposto foi criado em substituição à antiga TRU – Taxa
Rodoviária Única, que incidia apenas sobre veículos que circulavam em rodovias.
Intepretação teleológica:
Método que procura identificar na norma legal, qual a finalidade pretendida, ou seja, qual o fim
que objetiva alcançar.
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Quanto à fonte
Autêntica: É a própria lei ou lei posterior que explica o sentido de um dispositivo legal.
Doutrinária: É a doutrina que constrói o sentido da norma jurídica.
Judicial: Interpretação fundada na jurisprudência, súmulas, etc.
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neoconstitucionalista, as normas constitucionais deixaram de ser meras promessas ou utopias,
que para produzirem efeitos demandavam a edição de leis infraconstitucionais.
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AS DISPOSIÇÕES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO
O preâmbulo pode ser utilizado como fundamento jurídico para aplicar a situações concretas?
Não, segundo entendimento do STF, o preâmbulo contém os valores supremos expressos na
Constituição. Na busca de soluções a casos concretos, precisamos identificar as normas
constitucionais que se encontram descritas no seu texto.
Portanto, dizemos que o preâmbulo não possui eficácia normativa, conforme se depreende do
acordão a seguir transcrito:
"Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se
trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa."
(ADI 2.076, rel. min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-2002, Plenário, DJ de 8-8-2003.)
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
O princípio republicano
O termo República provém de res publica que significa coisa pública. Coisa pública é o que
pertence à sociedade. O que pertence à sociedade denominamos de bem comum. A sociedade
tem o direito de decidir o que é melhor para ela (democracia).
Todavia, é por meio da União que a República Federativa do Brasil se apresenta nas suas
relações internacionais. (CF, art. 21, I a IV)
Por sua vez, a União representa um dos entes da República Federativa do Brasil.
Por sua vez, quem detém a soberania é a República Federativa do Brasil, ou seja, o Estado
brasileiro.
O Princípio Federativo
O que é uma Federação?
A federação se caracteriza pela união de entidades políticas autônomas, marcada por um vínculo
indissolúvel e que precisa estar firmado através de uma Constituição.
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Significa que cada ente tem plena autonomia para decidir, desde que observadas as
competências previstas na Constituição Federal, tema que vocês estudarão com maior
profundidade adiante.
Para o momento é importante lembrar que os diversos entes (U, E, DF e M) são autônomos,
mas não existe hierarquia entre eles. Exemplo: O governo federal (União) não pode interferir
na edição de uma lei municipal que altera a alíquota do IPTU, dentro de critérios estabelecidos
na Constituição.
A soberania:
Soberania interna: Poder do Estado de regular as relações sociais, políticas e econômicas.
Soberania externa: Independência política, administrativa e financeira em relações aos demais
estados nacionais.
Lembrete: A fonte da soberania do Estado provém do povo. O parágrafo único do artigo 1º da
CF é uma assimilação da teoria de Rousseau.
A cidadania
É detentor da prerrogativa de cidadão todo brasileiro nato ou naturalizado. Contudo, é
importante destacar que a cidadania vem sendo debatida como uma prerrogativa que não se
reduz ao espaço de um Estado nacional, para contemplar também o estrangeiro (no que diz
respeito apenas a alguns direitos).
O pluralismo político
O Pluralismo político demonstra que a sociedade brasileira é formada por uma pluralidade de
ideologias, crenças, opiniões, credos, religiões, posições políticas, etc., que devem ser
respeitadas e valorizadas, pois vivemos num Estado democrático.
Por evidente, o pluralismo estará sempre limitado pelos direitos fundamentais, pois ninguém
tem ampla e irrestrita liberdade para adotar qualquer concepção que implique em desrespeito à
pessoa humana.
Parágrafo único:
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição”.
Eis aqui a reafirmação das ideias de Jean Jacques Rousseau, um dos precursores filosóficos da
Revolução Francesa. A concepção da participação do povo, mas sob a forma direta, ou seja,
mediante uma democracia direta, já era praticada na Grécia, no período clássico.
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Os objetivos fundamentais tratados no artigo 3º são considerados pela doutrina majoritária
como “normas programáticas” (programas).
Questão central: As normas programáticas previstas neste dispositivo tem eficácia normativa,
ou seja, devem ser observadas pelo Poder Judiciário nas suas decisões e pela Poder Executivo
nas suas ações?
Apesar das divergências doutrinárias, no Brasil predomina ainda a vertente que defende a
impossibilidade de se atribuir eficácia direta e concreta às normas programáticas.
As normas programáticas devem se consideradas como mandamentos a serem observados pelo
LEGISLADOR na elaboração das normas jurídicas e, por consequência, pelo aplicador destas
normas, quando for interpretá-las.
Geração de Direitos
Direitos de primeira geração: Liberdade (direitos civis e políticos)
Direitos de segunda geração: Igualdade (saúde, educação, lazer, repouso, saneamento, etc.)
Direitos de terceira geração: Solidariedade (Direitos ambientais, patrimônio histórico e cultural,
redução das desigualdades sociais, etc.)
Direitos de quarta geração: Direito à informação, Biodireito, desenvolvimento sustentável,
direito à paz, direito da internet, etc.
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a) Imprescritíveis: Não prescrevem
b) Inalienáveis: Não podem se alienados a outra pessoa.
c) Irrenunciáveis: Os destinatários dos direitos fundamentais não podem renunciar a eles.
d) Relativos: Não são absolutos, ou seja, qualquer direito fundamental pode ser
relativizado em situações que a lei ou a Constituição definir, como veremos adiante.
e) Universais: Alcançam indistintamente a todos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Desse modo, mesmo os estrangeiros que estejam no país apenas de passagem são titulares de
alguns direitos fundamentais.
E um estrangeiro que não esteja no território brasileiro pode ter assegurado algum direito
fundamental?
Existem inúmeros direitos decorrentes de sua condição, como o direito de propriedade, os
direitos tributários, os direitos processuais, etc. que devem ser garantidos também aos
estrangeiros. É o caso de um estrangeiro de nacionalidade americana e que reside nos EUA,
mas possui propriedades e outros investimentos no Brasil.
Mas afinal, qual o fundamento jurídico que pode ser utilizado para estender os direitos
fundamentais a estrangeiros que sequer encontram-se no território brasileiro?
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O fundamento jurídico encontra-se no artigo 1º do Pacto de San Jose da Costa Rica, do qual o
Brasil é signatário, ao considerar que todo ser humano pode ser titular desses direitos.
Avançando nestas discussões, um estrangeiro que está de passagem pelo Brasil tem direito a
tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde)?
Vejam o interessante julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que reconheceu o
direito à saúde a um estrangeiro que estava no país em situação irregular, determinando que o
SUS custeasse o seu transplante de medula:
Direito à vida
Inviolabilidade – O direito à vida contra terceiros
Irrenunciabilidade – Não está prevista na Constituição, mas é característica de todos os direitos
fundamentais.
É um direito absoluto? Não, podem ter exceções. CF, art. 5º, inc. XLVII (possibilidade de pena
de morte), aborto para algumas situações , etc.
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Transfusão de sangue – liberdade religiosa – Testemunha de Jeová
Os tribunais vêm decidindo que a vida é um valor que está acima dos demais direitos. Portanto,
o médico não pode se abster de fazê-lo, exceto se houver tratamento alternativo.
Eutanásia
É uma forma de apressar a morte de um doente incurável, sem que esse sinta dor ou sofrimento,
por meio de um procedimento médico. A Eutanásia é realizada por um terceiro, com a
autorização da pessoa ou de terceiro (geralmente um familiar). No Brasil a eutanásia é
considerada homicídio.
Testamento vital
O testamento vital é feito pelo próprio indivíduo, enquanto no gozo de suas faculdades mentais,
com o objetivo de deixar expressamente informado eventuais tratamentos que deseja ou não ser
submetido quando estiver com uma doença incurável, após não estar mais lúcido.
Não se trata de uma autorização de morte, mas um direito de desfrutar o final de sua vida em
paz e sem padecer as consequências de tratamentos dolorosos ou que lhe causem grande
sofrimento.
Suicídio assistido
É entendido como a prática realizada pela própria pessoa que possui diagnóstico médico de
doença incurável, que lhe causará enorme sofrimento e poucos meses de vida.
Em regra, é concretizado pela colocação a disposição do paciente de altas doses de medicação
que causarão sua morte rápida e de forma indolor. No Brasil é considerado crime.
Aborto
Permitido nas seguintes situações:
a) Aborto necessário: Salvar a vida da gestante. Código Penal, art. 128.
b) Aborto sentimental: Estupro . Código Penal, art. 128.
c) Aborto de anencéfalos (má formação do cérebro)
Direito à liberdade
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Posso fazer tudo desde que a lei não proíba.
A liberdade é um direito pré-existente (uma espécie de direito originário ou natural). Isto
significa que para ter uma restrição ao direito de liberdade deve haver um motivo juridicamente
justificado.
Por isso, a liberdade, do ponto de vista jurídico, é limitada pelas normas legais.
Direito à igualdade
O Bolsa família
Uma renda mínima concedida a classes pobres, vinculada à observância de determinados
requisitos, como filhos na escola, vacinação infantil, etc.
Sistemas de quotas
Não lhes falei das ações afirmativas.
Ações afirmativas: Políticas de caráter público que visam reduzir desigualdades.
Os critérios devem estar bem delimitados. Alguns problemas decorrentes dos critérios
estabelecidos: Um exemplo clássico é de irmãos gêmeos que obtiveram decisões contrárias para
ingressar na UNB em Brasília. Um foi aceito e o outro não porque era de cor mais clara.
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COMENTÁRIOS DE ALGUNS INCISOS DO ARTIGO 5º, DA CF
Seguem abaixo abordagem de alguns incisos do artigo 5º, da CF, que julguei mais relevantes
ou que apresentam alguma complexidade.
Inciso I - igualdade
A lei pode estabelecer diferenças entre homens e mulheres?
Sim, a lei pode fazê-lo, desde que para reduzir desigualdades sociais.
Exemplo: A Lei Maria da Penha adotou pena e procedimentos mais ágeis para o julgamento de
crimes contra a mulher, ocorridos no ambiente familiar.
É constitucional porque o propósito foi reduzir ou eliminar desigualdades, como forma de dar
efetividade ao preceito isonômico previsto na Constituição.
Inciso II - legalidade
É a lei que autoriza ou limita as condutas humanas, de modo que ninguém pode ser obrigado a
praticar um ato não exigido por lei.
Inciso IV
IV – é livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato.
Uma marcha em favor do aborto seria crime? Uma marcha em favor da pena de morte seria
crime? Pelas mesmas razões, a resposta pode ser não.
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Denúncia anônima não pode ser admitida como prova.
Não serve como prova, mas pode utilizar como meio para investigar. Não se pode deixar de
investigar ainda que fundados em fatos ilícitos.
Uma carta sem assinatura vale como prova. Quando faz parte de um delito sim. Ex: sequestrador
envia bilhete para a família do sequestrado.
Inciso VI
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Liberdade de religião
O Brasil é um Estado laico. Contudo, na maioria dos órgãos públicos existem símbolos do
cristianismo. Ex: Congresso Nacional.
O Conselho Nacional de Justiça decidiu que o crucifixo em órgãos do poder judiciário não viola
a neutralidade nas decisões.
O tribunal constitucional alemão em ação dos mórmons decidiu que o crucifixo deveria ser
retirado de escolas públicas.
Os feriados de cunho religioso tem um aspecto cultural.
A lei de diretrizes básicas de educação privilegiou um modelo em que o ensino adota uma visão
pluralista de religiões.
Inciso IX
Liberdade artística
A liberdade artística deve ser entendida de forma mais ampla porque se trata de expressão que
não reflete necessariamente verdades incontestáveis. Mas há limites: Ofensa a valores
fundamentais da sociedade.
Assim, por exemplo, uma charge ou uma música criticando pessoas ou fatos políticos estarão
amparadas pela liberdade de manifestação artística. De modo diverso, uma música denegrindo
claramente uma pessoa, afrontando sua dignidade, não estará amparada por esta liberdade.
Em síntese, somente diante de cada caso concreto será possível identificar se há amparo na
liberdade artística ou não.
Justiça do Rio Grande do Sul: Música “tapinha não dói”. ONG do RS ajuizou ação de
indenização. Juiz decidiu que o FURACÃO 2000 pagasse indenização de R$ 500.000,00.
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Liberdade de comunicação social (liberdade de imprensa em sentido amplo)
Vide CF art. 220
De acordo com o entendimento do STF, a liberdade de imprensa deve ser maior do que a
liberdade de pensamento dos indivíduos em si mesmo considerados.
Alguns aspectos que devem ser observados:
a) Veracidade da informação: Por exemplo: A imprensa deve se certificar da veracidade da
informação, quando possível e necessário, adotando os cuidados com a fonte
informadora.
b) A licitude na obtenção de informação.
c) O meio adequado de divulgação.
Inciso X
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
O direito à privacidade
Diz respeito à esfera pessoal da vida privada e, num grau mais elevado, à esfera da intimidade.
Câmeras de segurança afrontam o direito de privacidade? Não, pois numa ponderação entre a
liberdade individual e o direito à segurança da coletividade, prevalece este.
Policial abrir a mala do passageiro de um automóvel afronta a privacidade? Não, desde que o
faça com senso de razoabilidade e urbanidade. (STJ)
Pessoa pública em lugar público tem direito à privacidade?
Corte europeia decidiu que sim. A pessoa tem direito à privacidade. A privacidade só
pode ser afastada em caso de interesse público. Lembre-se que este entendimento é
adotado pela justiça brasileira.
O direito ao entretenimento
Pessoa pública em local público tem direito à privacidade se seus atos não são de interesse
público. Ex: Uma pessoa famosa sendo fotografada numa academia fazendo exercícios.
Gravação clandestina
Gravação clandestina não vale como prova. Mas existem algumas situações em que são válidas,
como por exemplo:
a) se foi feita pelo réu para comprovar sua inocência.
b) Gravação feita em legítima defesa.
Observações finais:
Precisamos ter claro que em muitas situações, somente analisando o caso concreto poderemos
concluir se há ofensa a um direito fundamental ou não.
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Lembremos novamente do caso de uma mulher que com os seios desnudos se expôs numa
praia em SC, repleta de banhistas. Tendo sua imagem estampada na primeira página de um
Jornal estadual, buscou na justiça amparo com base no direito de privacidade. Conflito entre o
direito de privacidade com o direito de informação. O TJ entendeu que quando alguém
espontaneamente expõe-se a um grupo de pessoas, buscou notoriedade e não privacidade.
Noutro caso, envolvendo uma pessoa famosa, um Tribunal de Justiça decidiu que afrontava a
sua privacidade, a publicação de uma foto, sem sua autorização, em situação constrangedora,
em que não pretendeu expor-se, mas teve sua privacidade invadida.
Inciso XI
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;
O domicílio é inviolável
Qual a amplitude da expressão “casa”? Vejamos o resumo que apresento de uma decisão do
STF.
Apreensão de livros contábeis e documentos fiscais em escritório de contabilidade, por
auditores fiscais. O STF considerou inconstitucional, pois o escritório contábil está
amparado pela proteção constitucional da inviolabilidade domiciliar (CF, art. 5º, XI).
Segunda o Supremo Tribunal, a noção conceitual de ‘casa’ compreende os espaços privados
não abertos ao público, onde alguém exerce atividade profissional. Por isso, exige do fisco
um mandado judicial.
Quarto de hotel em que a pessoa está hospedada. Exige mandado judicial para ter acesso.
Inciso XIII
"Em síntese, a legislação local submete o contribuinte à exceção de emitir notas fiscais
individualizadas, quando em débito para com o fisco. Entendo conflitante com a Carta da
República o procedimento adotado. (...) A lei estadual contraria, portanto, os textos
constitucionais evocados, ou seja, a garantia do livre exercício do trabalho, ofício ou
profissão – inciso XIII do art. 5º da Carta da República – e de qualquer atividade
econômica – parágrafo único do art. 170 da CF." (RE 413.782, voto do Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 17-3-2005, Plenário, DJ de 3-6-2005.)
Inciso XVII
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Observações:
a) Entidades de caráter paramilitar são aquelas criadas à margem da lei, ou seja, se amparo
na Constituição.
b) Tratando-se de sindicatos, deve atender o requisito da Unicidade sindical, ou seja,
somente é possível a criação de uma entidade sindical por categoria para uma mesma
base territorial. Vide artigo art. 8º, da CF.
Inciso XX
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
Ninguém é obrigado a filiar-se, mas todos pertencem a uma categoria. Por essa razão são
obrigados a recolher a Contribuição Sindical que é um tributo. Por isso, todos fazem juz aos
direitos da convenção coletiva e as decisões que lhes são favoráveis.
Os artigos 578 e 579 da CLT preveem que as contribuições devidas aos sindicatos, pelos que
participem das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas
pelas referidas entidades, previstas no artigo 149, da CF, têm a denominação de "Contribuição
Sindical".
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Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa
de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
Incisos XXII
XXII - é garantido o direito de propriedade;
"O direito de propriedade não se revela absoluto. Está relativizado pela Carta da
República – arts. 5º, XXII, XXIII e XXIV, e 184." (MS 25.284, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 17-6-2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.)
Inciso XXIII
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
“O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave
hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art.
5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada, observados,
contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria CR.
O acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado
do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e a preservação
do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da propriedade.”
(ADI 2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-4-2002, Plenário, DJ de 23-
4-2004.) No mesmo sentido: MS 25.284, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17-6-
2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.
Mas afinal, quando uma propriedade urbana ou rural atende a função social?
A resposta pode ser encontrada no art. 182, §2º (urbano) e art. 186 (rural) da Constituição
Federal.
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Art. 182 da CF – “§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.”
O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) estabelece quais são as exigências fundamentais que
deve conter o plano diretor para que o imóvel cumpra sua função social.
Inciso XXIV
Pode ocorrer a penhora de bem imóvel pelo não pagamento de despesas de condomínio?
Sim, pois a propriedade não pode ser utilizada para causar prejuízo a terceiros.
Inciso XXVI
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
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dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
A pequena propriedade é aquela com até 4 módulos fiscais, conforme dispõe a Lei nº 8.629/93.
Inciso XXXII
O Código do Consumidor – Lei 8.078/90.
Os três pressupostos gerais:
a) a hipossuficiência do consumidor;
b) a responsabilidade objetiva do fabricante, produtor, construtor, prestador, etc.;
c) a responsabilidade solidária do vendedor ou prestador.
Inciso XXXIII
Lei 15.527/2011 – Lei de acesso à informação.
As informações precisam ser prestadas de forma ágil e em linguagem clara. Peço que leiam esta
Lei, pois é fundamental para entenderem futuramente aspectos do Direito Administrativo.
Inciso XXXIV
Direito de Certidão e Direito de Petição.
Lembremos que o direito de petição é ato de formal de pedir, reclamar, sugerir, etc. aos órgãos
da Administração Pública. Não devemos confundir esse termo com a petição que apresentamos
quando ingressamos na via judicial, pois esta se caracteriza como um direito de ação.
A resposta à petição sempre deve conter a MOTIVAÇÃO e a FUNDAMENTAÇÃO. Não
esqueçam disso: Toda resposta emitida pela Administração Pública, por meio de seus
servidores, deve ser motivada (conter o motivo da decisão) e o fundamento legal que lhe deu
amparo.
Inciso XXXV
XXXV – A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
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Uma sanção administrativa pode ser discutida diretamente no Poder Judiciário, sem
apresentação de reclamação na via administrativa? Sim, CF, art. 5º, inc. XXXV.
Contudo, há exceções, como por exemplo nos casos em que você busca amparo no Poder
Judiciário porque um órgão público não te concede um direito que é legítimo. Nesse caso, você
precisa demonstrar que o órgão público te negou o direito. Pensemos numa situação em que
alguém requer um alvará de construção e a prefeitura informa por escrito que não tem direito.
O prejudicado precisa apresentar esse documento e demonstrar ainda que tem direito a receber
o referido alvará.
Inciso LI e LII
- Relembrando: De forma simplificada, podes dizer que crimes comuns são aqueles tipificados
no Código Penal, enquanto crimes políticos são aqueles decorrentes de atos praticados na defesa
de opiniões ou convicções de caráter político. É um exemplo os atos praticados durante o
período da revolução de 1964 no Brasil.
Síntese do caso Cesare Battisti. Decisão do STF: O Supremo Tribunal Federal, tendo poder de
julgamento, decidiu que Cesare Battisti praticou crime comum ao cometer quatro assassinatos
na década de 70 na Itália. Mas o ato normativo de extradição é da competência do Presidente
da República que detém o poder discricionário para deliberar sobre a extradição. Nesse caso o
Presidente decidiu, com base no entendimento da Procuradoria Geral da União, em não
extraditá-lo por considerar que os assassinatos qualificaram-se como crimes políticos.
Inciso LV
Igualdade Processual
- Ampla defesa, contraditório e devido processo legal, são assegurados aos litigantes de um
processo judicial ou administrativo, e aos acusados.
Relembrando, toda decisão judicial (CF, art. 93, IX) ou administrativa deve ser motivada e
fundamentada, sob pena de invalidação.
Vejam o interessante exemplo abaixo de uma decisão do STF:
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Inciso LVI
Provas Ilícitas:
- São inadmissíveis provas obtidas por meio ilícito.
- São admitidas para fins de análise dos fatos, mas não podem servir de prova junto ao processo.
Inciso LVII
Trânsito em Julgado.
- Ninguém é considerado culpado até o trânsito julgado da sentença penal condenatória.
- Questão interessante levantada pelo João Eduardo em aula: O caso da Lei da Ficha Limpa (LC
135/10). A Lei da Ficha Limpa estabeleceu a perda dos direitos políticos por oito anos para os
políticos que forem julgados por um órgão colegiado, em virtude da prática de ato tipificado
como de improbidade administrativa. Decisão do STF: a) A Lei estabelece a perda do direito
de candidatura por oito anos de pessoas que foram julgadas por órgãos colegiados, mesmo se
houver possibilidade de recursos. b) A Lei foi julgada constitucional, considerando que o inciso
LVII, do artigo 5º, da CF, diz respeito somente à sanção penal e não a sanções políticas. A
mesma interpretação se extrai do artigo 15, inciso III. Em resumo, a inelegibilidade é uma
sanção política e não uma sanção penal.
Inciso LXVII
Prisão por dívida do depositário infiel. Pacto de São José da Costa Rica, artigo 7º, item 7.
O inciso LXVII nessa parte, não foi revogado, apenas perdeu a eficácia.
Fundamento. Os tratados internacionais que não foram votados pelo rito do §3º do artigo 5º,
são considerados normas supralegais. As normas processuais que tratam da prisão por dívidas
estão expressas no CPC. Em resumo, o STF considerou que o Tratado revogou as normas do
CPC (Lei ordinária) que tratam do tema.
Inciso LXVIII
“Habeas corpus”
Modalidades:
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-Repressivo: libertar quem está preso ou coagido em sua liberdade de locomoção.
-Preventivo: evitar eventual prisão ou coação da liberdade de locomoção.
Pode ser impetrado apenas contra ato emanado do poder público ou também contra ato de
particular? Resposta: Pode ser também contra ato de particular.
Inciso LIX
“Mandado de Segurança”
-Lei nº 12.016/09
-Tem o intuito de garantir direito líquido e certo.
-Aplicável quando agente da Administração Pública nega um pedido ou pratica uma
ilegalidade. É necessária a comprovação da prática do ato.
-Liminar: (para a concessão de uma liminar, deve-se observar)
a) Fumus Boni Iuris – fumaça do bom direito. Demonstrar a existência do direito. b)
Periculum in Mora – perigo da demora. Comprovar dano irreversível.
Inciso LXXI
“Mandado de Injunção”.
Quando não existe norma regulando determinado direito.
No passado, as decisões do STF se resumiam em comunicar o poder competente para que
editasse a norma legal.
Contudo, atualmente o STF tem decidido que o autor da ação pode fruir o direito que
pleiteia, se o legislativo não editou a norma legal no prazo estabelecido na decisão. Em
resumo, a decisão do Poder Judiciário vale para o autor como um direito e obriga o órgão
público a concedê-lo ainda que não haja lei disciplinando a matéria.
Inciso LXXII
“Habeas Data”.
Remédio jurídico a ser utilizado por pessoa que pretender ter conhecimento ou retificar
informações a seu respeito que se encontram em repartição pública, quando lhe for negado o
direito na via administrativa. Portanto é aplicável para as duas situações sublinhadas acima.
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É necessária a comprovação da negativa do agente público em fornecer as informações nos
termos do inciso XXXIII, do art. 5º.
Inciso LXXIII
Ação Popular
-Autor: Qualquer cidadão. Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular
(Súmula nº 365)
-Alternativa: representação ao Ministério Público.
- Com base na representação e outros elementos que o MP pode colher, decide se oferece a
denúncia para dar início a ação no Poder Judiciário.
Inciso LXXVIII
Razoável duração do Processo
-Vinculado ao Princípio da Eficiência, art 37 “caput”, da CF.
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