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de filosofia política, até que num determinado momento Guy interrompe-me e diz:
‘Eu não sou um filósofo, sou um estratega’. Esta frase chocou-me porque eu
um estratega. Mas creio que aquilo que Guy Debord queria dizer é que todo
pensamento, por mais puro, por mais geral e por mais abstracto que seja, é sempre
alguma maneira, a uma estratégia e a uma urgência. Fiz esta introdução porque as
polis que partiam para fundar uma colónia eram chamados por um curioso termo:
é a primeira consideração: a isonomia (que define, por exemplo, a polis grega como
governamental.
palavra economia não significa nada mais que governo, o que claramente se mostra
no século XVIII: o governo dos homens e das coisas. A cidade do sistema feudal
autónoma dos poderes de governo das grandes entidades territoriais. Por outro
das coisas.
Como é óbvio, governo não significa simplesmente domínio e violência, mas sim
uma configuração muito mais complexa do poder que pretende passar através da
poder que não é transcendente, mas imanente e, por isso, no fundo, o seu carácter
colateral, algo que que vem de uma economia geral e cai no particular. Quando os
bombardeios, como, por exemplo, aqueles das cidades iraquianas, estes devem ser
paradigma, cujo carácter deve ser analisado. Certamente um dos seus traços
uma curiosa zona na qual não é possível decidir o que é privado e o que é público.
Michel Foucault tentou definir algumas características essenciais desse novo
que é impossível deslocar as vítimas para fora. Pelo contrário, trata-se de criar pela
Estes são divididos em sectores e, no interior destes, cada rua é tornada autónoma
assim, todos os dias os habitantes de cada casa são controlados: quantos são, se
ainda estão lá, quem morreu e quem não morreu, etc. Em suma, um quadrillage
hoje, é resultado da fusão desses dois paradigmas. Isto é, em certo ponto o poder
sujeitos. Este é um primeiro esquema que poderia ser útil para a definição geral e
sumária do espaço metropolitano actual. E isso explica muitas das coisas que aqui
paradigma: não apenas simples divisão binária, mas projecção sobre essa divisão
que fossem experiências para tratar o centro histórico de uma cidade velha (que
ainda conservava a sua estrutura arquitectónica antiga) para ver se nesse centro
poderiam ser repentinamente criados muros, portões etc., que não tinham apenas a
finalidade de excluir e separar, mas de articular espaços diversos, de individualizar
espaços e sujeitos.
num outro registo e de me concentrar sobre um outro ponto. Disse que a cidade é
anteriormente era a ideia, muito sumária, segundo a qual se pode dividir a realidade
subjectivação que não tenha estes dois aspectos (de um lado, assunção de uma
dessubjectivação. Talvez sempre tenha sido assim, coexistindo desde sempre estes
confissão judiciária, que ainda vivemos hoje): implicava sempre, juntamente com
entanto, a metrópole pode ser vista como um imenso lugar onde um grande
sabemos o bastante. Quando digo que precisamos tentar conhecer esses processos
consciência está hoje muito carente e que talvez seja isso que torne os conflitos
será possível quando penetrarmos nos processos de subjectivação, que neles estão
implicados, de um modo mais articulado e mais profundo. Isso, porque penso que
poder na sua figura de governo; e este ingovernável é também para mim o início e
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Giorgio Agamben
Filósofo. Nasceu em Roma em 1942. É fundamentalmente conhecido pela sua obra magna
Homo Sacer, publicada parcialmente em português, nomeadamente “Poder Soberano e
Vida Nua” e “Estado de Excepção”. É autor também de “Ideia da prosa” e “A comunidade
que vem”.
Notas da edição
Este texto resulta da intervenção de Giorgio Agamben no segundo, e penúltimo, acto do
seminário “Nomade” Metropoli/Moltitudine, realizado a 11 de Novembro de 2006, na IUAV,
em Veneza, com o tema “Novos conflitos sociais na metrópole”. Esta tradução foi realizada
a partir da versão brasileira realizada por Vinícius N. Honesko publicada na Revista Sopro
26 (Abril 2010).
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Ficha Técnica