Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Sumário
PRINCÍPIOS............................................................................................................................. 3
Princípios constitucionais explícitos ..................................................................................... 3
Princípios constitucionais implícitos do processo penal ................................................... 8
Princípios do processo penal propriamente ditos ............................................................ 13
1/68
Desarquivamento .................................................................................................................. 32
Termo Circunstanciado ........................................................................................................ 33
2/68
Competência em razão da prerrogativa de foro – ratione personae ............................. 66
Perpetuação da jurisdição em caso de foro privilegiado – art. 84 § 1º CPP................ 68
Extensão do foro privilegiado às ações de improbidade administrativa – art. 84 § 2º
CPP......................................................................................................................................... 68
Exceção da verdade nos crimes contra a honra – art. 85 CPP ..................................... 68
PRINCÍPIOS
Normativa
Função
Interpretativa
Explícitos
Princípios constitucionais
3/68
Exceção: cabe ao acusado as provas das excludentes de ilicitude ou de
culpabilidade. Embora a Lei 11690/08 tenha autorizado o juiz a absolver o réu
se houver fundada dúvida sobre a existência destas causas, art. 386, VI. Cabe
também a defesa a prova de caudas de extinção de punibilidade – art. 107 e
circunstancia que mitigue a pena.
As partes devem ter, em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões e
ser tratadas igualmente, na medida de suas igualdades, e desigualmente na proporção
de suas desigualdades.
O réu não pode se defender sozinho, salvo se for advogado, pois não teria
condições técnicas para tanto – art. 263 do CPP.
Mitigação da paridade de armas: principio do favor rei o interesse do acusado
possui certa prevalência sobre a pretensão punitiva estatal.
4/68
O réu tem direito a amplo arsenal de defesa, como forma de compensar sua
hipossuficiência e fragilidade em relação ao Estado, que atua no processo penal por
meio de diversos órgãos (polícia judiciária, MP e Juiz) de forma especializada e com
acesso irrestrito de dados.
Ampla defesa
Observações:
5/68
Aplicação no tribunal do júri, pode-se utilizar meios, ainda que não previstos, desde
que lícitos.
Consequências:
Consequência:
Para que se possa materializar é necessário o cumprimento dos seguintes direitos das
partes:
Vedação ao tribunal ou juiz de exceção, que é aquele escolhido após o crime e para
determinado caso. Busca-se garantir a imparcialidade. Tal princípio não impede a
criação de varas especializadas e a consequente remessa dos autos, pois nessa
hipótese a medida é válida para toda coletividade, não atingindo um réu em especifico.
6/68
Comporta exceção: defesa da intimidade ou interesse social
Doutrina traz:
Publicidade geral – não comporta exceção;
Publicidade específica – havendo as exceções constitucionais permite o
acesso somente as partes.
Devem ser desenhadas do processo; se permanecerem nos autos, mas não forem
utilizadas não haverá nulidade, caso sejam utilizadas pelo magistrado haverá nulidade
absoluta.
São ilícitas as provas que violem normas constitucionais ou legais. A doutrina traz
como gênero a prova proibida ou vedada ou inadmissível, tendo como espécie:
O CPP, no art. 157 § 1º consagrou ainda as provas ilícitas por derivação, teoria dos
frutos da árvore envenenada ou do efeito a distância – fuits of the poisonou tree.
Deverá ser demonstrado o nexo causal entre as provas ou quando as provas
derivadas não puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
Considera-se independente, a fonte que por si só, seguindo os trâmites típicos e de
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
objeto da prova.
7/68
Consequências:
Aspectos:
O estado por ser superior ao réu no processo penal, não necessita de sua ajuda na
atividade persecutória.
Por força deste princípio, o STF e STJ vêm considerando que o acusando não está
obrigado a participar de atividades probatórias que impliquem em intervenções
corporais (como o DNA).
8/68
O código de trânsito brasileiro dispõe que o condutor do veículo automotor envolvido
em acidente de trânsito, ou que for alvo de fiscalização de trânsito, poderá ser
submetido a teste, exame clínico, pericia ou outro procedimento que, por meios
técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência
de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. Nesse caso a
infração administrativa de trânsito de dirigir sob a influencia de álcool ou de qualquer
outra substância psicoativa que determine dependência prevista no art. 165 do CTB
poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que
indiquem, na forma disciplinada pelo contran, alteração da capacidade psicomotora ou
produção de quaisquer outras provas em direito admitidas.
9/68
desfavorável àquele que, suspeito ou acusado de praticar alguma infração penal,
exerce o direito de não produzir provas contra si.
Veda que o juiz deflagre a ação penal de ofício, exigindo-se para tanto a iniciativa do
titular da ação. Por força deste princípio é que não se admite mais o processo
judicialiforme, que consistia na possibilidade de início da ação penal, nas
contravenções penais, por meio do auto de prisão em flagrante delito ou por portaria
expedida pelo delegado ou pelo magistrado, de oficio ou a requerimento do MP.
É extraído do sistema acusatório (art. 129, I CR; 257, I do CPP; 5º, LIX da CR) os
quais garantem a titularidade da ação penal pública ao MP e a possibilidade de
oferecimento da ação penal privada subsidiária da pública, se a ação penal pública
não for intentada pelo MP no prazo Legal.
Consequência do princípio:
Exceções ao princípio da iniciativa das partes, ou seja, em que o juiz pode conceder
provimentos de ofício:
10/68
Procedimento de execução penal;
Decorre do princípio constitucional expresso do juiz natural, pois o juiz pode estar
previamente investido na jurisdição, mas mesmo assim não ser imparcial, motivo pelo
qual o CPP prevê hipóteses de impedimento e suspeição do julgador.
Assim, além de investido na função jurisdicional do Estado, não deve ter vínculos
subjetivos com o processo de modo a lhe tirar a neutralidade necessária para conduzi-
lo com isenção (Távora). Princípio também expresso no Pacto São José da Costa
Rica.
Por este princípio, entende-se que o agente delitivo deve ser acusado por órgão
imparcial do Estado, previamente designado por lei, vedada a indicação de acusador
para atuar em casos específicos.
Segundo o STF, tal princípio tem como escopo impedir que chefias institucionais do
MP determinem designações casuísticas e injustas de modo a instituir a reprovável
figura do acusador de exceção – informativo 644. As designações estão estipuladas
no art. 10, IX da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica do MP dos Estados). STJ também têm
julgados reconhecendo tais princípios.
11/68
Os tribunais superiores não são pacíficos quanto a aceitação de referido princípio, já
para a doutrina majoritária é amplamente aceito.
Legalidade penal – art. 5º XXXIX CR/88: não há crime sem previa lei que o
defina, nem pena sem previa cominação legal; havendo tipicidade penal, há
obrigatoriedade da aplicação da sanção penal.
Titularidade da ação penal pública exclusivamente pelo MP – art. 129, I
CR/88, art. 257, I CPP; e em caráter excepcional, pelo ofendido – art. 5º, LIX
CR.
Princípio da oficialidade
12/68
Aplica-se apenas aos crimes de ação penal pública já que, na ação penal privada, o
autor da ação é um particular – trata-se de princípio diferente do princípio da
OFICIOSIDADE.
Princípio da oficiosidade
Princípio da autoritariedade
Não se aplica aos crimes de ação penal privada, pois é oferecida por particular.
É expresso no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, impede que a pessoa
seja processada novamente pelo mesmo fato quando já foi absolvido com sentença
transita em julgado.
13/68
Oralidade e consequências da concentração, da imediatidade e da identidade
física do juiz
Oralidade: a palavra oral prevalece;
Concentração: a colheita de prova deve ocorrer em uma única audiência, ou
em menor número de audiências;
Imediaticidade: o magistrado deve ter contato direto com a prova produzida;
Identidade física do juiz: o juiz que preside a instrução deve ser o mesmo que
julga.
Impulso oficial
Iniciada a ação penal o juiz tem o dever de promover seu andamento – aplica-se
também a ação penal privada.
Legalidade processual
Dever de verdade, vedação aos meios fraudulentos – art. 347 CP (fraude processual)
14/68
Princípios constitucionais expressos na CR Princípios constitucionais implícitos na CR
Para a doutrina há situações que a Lei processual pode ser aplicada fora de seus
limites territoriais:
Aplicação da lei processual penal de um Estado em território nullius;
15/68
Quando houver autorização do Estado onde deve ser praticado o ato
processual;
Em caso de guerra, em território ocupado.
o
Art. 1 O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
o
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, n 17);
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
o
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos n s. IV e V,
quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
Deste modo, nota-se que o artigo acima citado refere-se à ordem espacial, tendo
então a aplicação processual penal todo o Território brasileiro no que se refere à
abrangência. Assim, a aplicação da lei processual penal no espaço trata da própria
soberania do Estado.
Esta hipótese trata do que se chama “jurisdição política”, que desloca a competência
do judiciário para o legislativo, em se tratando de julgamento e processamento das
16/68
ações penais que envolvem o Presidente da República, Ministros do STF, nos crimes
de responsabilidade.
De acordo com o art. 124 da CR/88, a compete a Justiça Militar da União julgar os
crimes militares definidos em lei; e o art. 125§ 4º da CR/88 traz como competência da
Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do Júri quando a vítima for civil. Mas o código de processo
penal militar prevê a possiblidade de os casos omissos serem supridos pela legislação
de processo penal comum.
Crimes eleitorais
A competência da justiça eleitoral é fixada em razão da matéria, cabendo a ela o
processo e julgamento dos crimes eleitorais – somente o crime tipificado no Código
eleitoral.
Há outras exceções, quanto a aplicação da lei processual penal, que não estão
expressas algumas Leis especiais editadas posteriormente ao CPP, trazem
procedimentos distintos, aplicando-se subsidiariamente o CPP:
Processo e julgamento dos crimes de auso de autoridade – Lei 4898;
Crimes de competência originária dos Tribunais – Lei 8038;
Infrações de menor potencial ofensivo (crime e contravenções, cuja pena
máxima não seja superior a 02 anos) – procedimento Lei 9099;
Crimes falimentares – Lei 11.101;
Estatuto do Idoso – Lei 10.741;
Leia Maria da Penha – Lei 11.340;
17/68
Lei de drogas – Lei 11.343.
A lei penal mais grave não pode retroagir, mas a lei benéfica é dotada de
extratividade, ou seja, possui ultratividade, o que significa que a lei, mesmo depois de
ser revogada, continua a regular fatos ocorridos durante a sua vigência.
Exemplo:
Lei de drogas
18/68
Para solucionar o conflito quanto à aplicação das leis novas aos processos em
andamento sugiram três sistemas:
Sistema da unidade processual: o processo apresenta uma unidade,
apensar dos desdobramentos distintos, e portando deve ser regulamentado por
uma única lei – a lei antiga, pois a aplicação da lei nova teria efeitos retroativos.
Para esse sistema a lei antiga tem caráter ultrativo;
Sistema das fases processuais: cada fase processual pode ser regulada por
uma lei diferente (fases postulatória, ordinária, instrutória, decisória e recursal)
cada uma pode ser disciplinada por leis distintas.
Sistema do isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge os atos
processuais praticados sob a vigência da lei anterior, porém é aplicável aos
atos processuais que ainda não foram praticados – adotado pelo CPP.
Normas heterotópicas
Vigência: A lei processual, como demais leis, entra em vigor na data de sua
publicação ou no dia posterior à vacância, quando o legislador assim
estabelece.
Revogação: cessação da vigência formal da lei, ou seja, a norma processual
penal deixa de integrar o ordenamento jurídico, pode ser tácita. Quanto a
abrangência pode ser:
Parcial: Derrogação
Total: ab-rogação
19/68
INQUÉRITO POLICIAL
Considerações iniciais
O inquérito policial é uma das formas de apuração de crimes, pois existem ainda
outros meios tais como;
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
20/68
Função típica - É órgão do estado com atuação repressiva, ou seja, vai atuar após a
ocorrência do crime verificando-se a materialidade e autoria.
Procedimento Escrito
o
Art. 9 Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Dispensável
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.
Discricionário
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Os atos praticados do inquérito não são processuais, sendo assim são submetidos a
um juízo de conveniência e oportunidade.
O art. 158, CPP deixa evidente que não haverá discricionariedade no caso de a
infração deixar vestígios.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Sigiloso
21/68
Não há acesso público a autos e atos do inquérito, pois não é processo, tem como
finalidade garantir a eficácia a apuração delitiva e resguardar os direitos fundamentais
do cidadão.
Exceções ao sigilo
Advogado - tem acesso LIMITADO, tem a prerrogativa funcional contida no Art. 7°,
inciso XIV do Estatuto da OAB – Lei n° 8.906/94;
Indisponível
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Se não houver alcançado a justa causa, o delegado não indiciará, mas ainda assim
remeterá os autos ao MP para que seja debatido entre MP e Juiz.
22/68
Inquisitivo
Oficiosidade
É um dever do Delegado em instaurar de ofício o inquérito policial nos crimes de ação
penal pública incondicionada, como se observa no art. 5° § 4° e 5° do CPP.
Oficialidade
O inquérito será presidido por órgão oficial do Estado, no caso, pela polícia judiciária.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Autoritariedade
O Inquérito será presidido pela autoridade policial.
23/68
Inexistência de nulidades
Vícios eventuais no inquérito não contaminam a futura ação penal.
De ofício
O delegado deparando-se com a infração poderá instaurar o inquérito policial, tal ato
deverá ser voluntário.
24/68
A autoridade competente é o Ministério Público ou o Juiz.
Art. 5º ...
o o
§ 1 O requerimento a que se refere o n II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
No que se refere ao Juiz, existe grande polêmica, pois neste caso poderia ferir a
imparcialidade do magistrado, pois qualquer ato que ele praticar o torna prevento para
uma ação penal.
Delação de terceiros
O CPP elenca em seu art. 5º, § 3º a hipótese em que qualquer pessoa pode
comunicar a autoridade policial da infração penal - (delatio criminis).
o
§ 3 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
25/68
Requerimento do ofendido ou representante legal
Impõe o inicio do I. P
Estabelece expressamente o art. 5º, § 4º, do CPP, que, nos crimes em que a ação
pública depender de representação, o inquérito não poderá sem ela ser iniciado, ou
seja, é necessária a prévia existência da representação para a instauração do
inquérito.
Art. 5º
o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.
o
§ 5 Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Noticia crime
Informativo 825
EMENTA: “HABEAS CORPUS”. GOVERNADOR DE ESTADO. INDICIAMENTO. POSSIBILIDADE.
PRESSUPOSTOS LEGITIMADORES. NATUREZA JURÍDICA. ATO ESTATAL NECESSARIAMENTE
FUNDAMENTADO QUE SE INCLUI NA ESFERA DE PRIVATIVA COMPETÊNCIA DO DELEGADO DE
POLÍCIA (LEI Nº 12.830/2013, ART. 2º, § 6º). MAGISTÉRIO DOUTRINÁRIO. JURISPRUDÊNCIA.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL INSTAURADA CONTRA PESSOA DETENTORA DE PRERROGATIVA DE
26/68
FORO “RATIONE MUNERIS”. INEXISTÊNCIA, MESMO EM TAL HIPÓTESE, DE IMUNIDADE OU DE
OBSTÁCULO A QUE SE EFETIVE, LEGITIMAMENTE, ESSE ATO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DESDE
QUE PRECEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DO RELATOR DO INQUÉRITO ORIGINÁRIO NO TRIBUNAL
COMPETENTE (O STJ, NO CASO). PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
EXISTÊNCIA, NA ESPÉCIE, DE AUTORIZAÇÃO DEVIDAMENTE MOTIVADA DO MINISTRO RELATOR
NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, QUE ACOLHEU EXPRESSA SOLICITAÇÃO FEITA PELA
PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL. INEXISTÊNCIA DE SITUAÇÃO CONFIGURADORA DE INJUSTO
CONSTRANGIMENTO. PUBLICIDADE E PROCESSO JUDICIAL: FATOR DE LEGITIMAÇÃO DAS
DECISÕES DO PODER JUDICIÁRIO. “DISCLOSURE” DO NOME DO PACIENTE. LEGITIMIDADE.
SISTEMA DEMOCRÁTICO E VISIBILIDADE DO PODER: ANTÍTESE CONSTITUCIONAL AO REGIME
DE SIGILO. “HABEAS CORPUS” QUE IMPUGNA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR.
NECESSIDADE DE PRÉVIO ESGOTAMENTO DA VIA RECURSAL NO STJ. AUSÊNCIA.
INCOGNOSCIBILIDADE DA AÇÃO DE “HABEAS CORPUS”. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. RESSALVA PESSOAL DA POSIÇÃO DO MIN. CELSO DE MELLO, FAVORÁVEL
AO CONHECIMENTO DO “WRIT” CONSTITUCIONAL. OBSERVÂNCIA, NO ENTANTO, DO
POSTULADO DA COLEGIALIDADE. “HABEAS CORPUS” NÃO CONHECIDO.
Diligências investigatórias
o
Art. 6 Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título
Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do
o
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei n 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público
ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá:
27/68
II - o número do inquérito policial; III - a identificação da unidade de polícia judiciária
responsável pela investigação
o
§ 1 Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura,
setorização e intensidade de radiofrequência.
o
§ 2 Na hipótese de que trata o caput, o sinal;
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a
30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de
ordem judicial.
o
§ 3 Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
o
§ 4 Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com
imediata comunicação ao juiz.
O STF entende que não é cabível a condução coercitiva do agente que fará a
reprodução, isso dado ao fato do princípio da não autoincriminação, porém é cabível
nos casos de reconhecimento de pessoas e coisas.
28/68
Prazo para a conclusão do Inquérito
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.
Se solto
30 dias
30 dias
Prorrogável
o
§ 3 Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.
Prazos especiais
Se preso
30 dias
Prazo duplicável.
Se Solto
90 dias
Justiça Federal
Se preso
15 dias (duplicável)
Se Solto
30 dias (prorrogável)
Se preso ou solto
10 dias (Improrrogável)
Se preso
20 dias (improrrogável)
Se Solto
40 dias (prorrogável 1 vez por 20 dias)
29/68
Relatório final e indiciamento
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.
o
§ 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
o
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
No relatório o delegado NÃO expressa seu juízo de valor, PORÉM, na lei de tóxico é
permissível que o delegado no relatório expresse juízo de valor.
Indiciamento
o
§ 6 O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.
Observações:
O indiciamento não tem efeitos práticos sobre o indivíduo.
O indiciamento não é obrigação do Delegado (ato não vinculativo).
O indiciamento não se apaga.
30/68
Pelo entendimento do STF e STJ, o desindiciamento só poderá ocorrer até o
oferecimento da denúncia, e o desindiciamento poderá ocorrer de ofício pelo
delegado.
O STF e STJ entendem que poderá haver o trancamento do I.P (habeas corpus) caso
a investigação se demonstre arbitrária, o que poderá ocorrer em três situações;
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de
base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícia.
Oferecimento da denúncia;
31/68
Requerimento de arquivamento do inquérito.
OBS.: no caso de ser esfera Federal, substitui-se o PGJ pela Câmara de coordenação
e revisão criminal.
Arquivamento indireto
Ocorre quando o membro do MP não possui atribuição para atuar naquele caso,
sendo o I.P enviado a um juízo criminal competente.
Se ocorrer assim, o deferimento do envio dos autos do I.P a novo juízo criminal,
ocorrerá assim o arquivamento indireto no juízo anterior, sendo que os autos
tramitarão no novo juízo.
Desarquivamento
Para a doutrina não há que se falar em coisa julgada, pois no âmbito do I.P a decisão
do juiz não seria ato judicial.
Para a jurisprudência, em linhas gerais, forma coisa julgada formal, podendo esta ser
revista, cabendo o desarquivamento nos casos em que haja novas provas ou novos
fatos.
32/68
Se o arquivamento faz coisa julgada material, sendo assim, imutável, mesmo com
novas provas não poderá ser desarquivado.
Obs1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude
pode ser reaberto mesmo que não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for
com provas fraudadas, como no caso acima, com maior razão pode ser feito o
desarquivamento.
Obs2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito policial
baseado em excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não
pode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/02/2015”.
Termo Circunstanciado
No âmbito do Juizado Especial Criminal, o qual julga crimes de menor potencial
ofensivo, ou seja, as contravenções penais e os crimes cujas penas não excedam a 2
anos, não há necessidade de instauração de IP. O art. 69 da Lei 9.099/95, prevê que a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando as requisições dos exames periciais.
33/68
AÇÃO PENAL
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público,
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige,
de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério
Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
As ações penais têm como qualquer outra ação, pressupostos para que este seja
postulada, quais sejam;
34/68
d) Não incidência de extinção de punibilidade.
Condições da Ação
Como anteriormente dito, a ação penal tem características comuns aos outros
processos, e deles decorrem;
Interesse de agir: Esta característica é presumida na ação penal, pois sem ela, não
há de se alcançar o resultado a que se pretende obter.
35/68
Intranscendência ou pessoalidade: Este princípio assegura que a ação penal só
pode ser imposta ao autor da infração penal, sendo vedado que atinja seus
sucessores ou responsáveis civis.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Assim, não é possível optar por apenas a punição face de um ou algum dos autores do fato.
Ação penal pública é aquela em que é intentada pelo Ministério Público que
subdivide-se em Pública Incondicionada e Condicionada.
Ação penal Pública se dá com a denúncia pelo Ministério Público, e, este promoverá a
ação sem que haja intervenção de ninguém.
Pública Condicionada
É aquela que necessita de certa condição para que se inicie, pode ser a manifestação
do ofendido, ou a requisição do Ministro da Justiça, como dito anteriormente.
Além das condições genéricas, a ação penal pública possui condições que lhe são
específicas, ou seja, condições de procedibilidade.
36/68
Segundo Fernando Capez, a natureza jurídica da representação é a manifestação de
vontade do ofendido ou de seu representante legal em autorizar o desencadeamento
da persecução penal.
Não há que se falar em qualquer formalidade para o requerimento, pois pode ser
escrito ou oral, como assegura o código de processo penal em seu artigo 39.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.
Da legitimidade
Cabe lembrar que, não é a qualquer tempo que o ofendido poderá oferecer a queixa
ou representação, visto que o prazo decadencial se dá com seis meses, contados a
37/68
saber da autoria do fato, ou do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da
denúncia por parte do M.P.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no
direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em
que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Da retratação
Cabe lembrar que, no caso da lei Maria da Penha, o STF entendeu que só caberá a
audiência, se, nos autos do processo houver indícios de retratação pela vítima, através
de declaração.
38/68
a) Requisição do Ministro da Justiça nos casos em que há interesse político,
nestes casos, o CPP elenca duas hipóteses;
“Art. 7º”...
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Neste caso, a ação continua sendo pública, porém, se desencadeará por requisição do
Ministro da Justiça. Trata-se assim, de legitimidade personalíssima do Ministro da
Justiça.
Observa-se que o código não traz o prazo para o oferecimento da requisição, sendo
entendido que o Ministro da Justiça poderá oferecer a qualquer tempo, não
extrapolando os limites das causas de excludente de punibilidade do agente.
“Finalmente, e embora não seja previsto expressamente no art. 25 do CPP – que se refere
apenas à representação –, e pelas mesmas razões já alinhadas, não vemos como recusar a
possibilidade de retratação também da requisição já apresentada pelo Ministro da Justiça,
bastando apenas que seja feita antes do oferecimento da denúncia.”
Ação penal privada é aquela em que o estado transfere a legitimidade ativa para o
ofendido ou seu representante legal, cabendo a estes avaliar a conveniência e
oportunidade para instaurar a ação penal privada.
39/68
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação
privada.
O Artigo 33, CPP, prevê que, se o ofendido for menor ou com patologia mental, ou
ainda se não tiver representante legal, poderá ser exercido seu direito à queixa por
curador especial;
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
competente para o processo penal.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Cabe lembrar que, o querelante poderá renunciar do direito de propor a ação penal,
isso por meio de uma manifestação de sua vontade, e, neste caso, será de forma
expressa ou tácita, sendo que a forma tácita se dá quando o ofendido pratica atos
incompatíveis com o prosseguimento da ação, nos termos do art. 104, CP;
40/68
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade
de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo
crime.
Ocorre se, decorrido o prazo de oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, este
não a oferecer, é admitido que o particular intente a ação penal, sendo de forma
subsidiária.
No entendimento de Paccelli:
Ocorre que o particular só poderá intentar a ação penal em casos de plena inércia do
MP, e, neste caso, o prazo será de seis meses depois de transcorrido o prazo do
Ministério Público.
41/68
Ação Penal nos Crimes contra a dignidade sexual
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação
penal pública condicionada à representação.
A lei 12.015/09 modificou diversos tipos legais e pôs fim à ação penal privada para os
crimes contra a dignidade sexual.
Importa salientar que para o STJ, se a vulnerabilidade for permanente, a ação penal
será pública incondicionada, e se a vulnerabilidade for temporária, será condicionada a
representação, como descreve o informativo 553/STJ.
Denúncia ou Queixa
A denúncia ou queixa é a peça inicial da ação penal, que é prevista no art. 41, CPP;
42/68
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Requisitos Obrigatórios
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à
autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos.
43/68
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Jurisdição
Jurisdição é o poder soberano do Estado de dizer o direito no caso concreto,
resolvendo conflitos, em substituição à vontade das partes.
Características da jurisdição
Substitutividade: implica na atuação do Estado em substituição à vontade
das partes na resolução das lides, o que impede, em regra, a autotutela.
Inércia: para atuarem, os órgãos jurisdicionais, em regra, precisam ser
provocados – ne procedat judex ex officio.
Existência de lide: para o exercício da jurisdição, pressupõe uma lide, um
conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida (Carnelutti),
posicionamento que prevalece; porém, para Távora, no processo penal, na há,
em regra, um conflito de interesses, já que a defesa e acusação possuem o
mesmo objetivo, que é o justo provimento jurisdicional. O MP deixou de ser
mero órgão de acusação, passando a funcionar como fiscal da lei e guardião
da sociedade.
Atuação do direito: é objetivo da jurisdição a aplicação do direito no caso
concreto, resolvendo-se a lide, para que seja garantida a paz social.
Imutabilidade: a jurisdição tem o seu exercício concluído em uma sentença,
que, visando a pacificação social, deve ter caráter definitivo, salvo exceções
expressamente previstas em lei, como a revisão criminal pro reo.
44/68
Devido processo legal: também com previsão constitucional no art. 5º, LIV
ninguém será privado da liberdade ou de seu bem sem o devido processo
legal.
Unidade: É uma; pertencente ao Poder Judiciário, diferenciando-se apenas no
tocante à sua aplicação e grau de especialização, podendo ser civil – federal
ou estadual; penal – federal ou estadual; militar – federal ou estadual; eleitoral
ou trabalhista;
Competência
É a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional ode ser exercido.
Todo juiz possui jurisdição, mas a competência não. O STF tem competência sobre
todo o território nacional, enquanto um juiz de direito tem competência apenas na
comarca em que exerce as suas funções.
Absoluta: não permite prorrogação, por envolver interesse público, podendo ser
arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de oficio, sua
não observância gera nulidade de todos os atos praticados no feito. Há três hipóteses
de competência absoluta:
45/68
é responsável pela fase de execução penal – art. 65 da
LEP;
Objeto do juízo: distribuição de tarefas dentro de um
mesmo processo; como ocorre no tribunal do júri, em
que o juiz-presidente é responsável pela resolução das
questões de direito, pela prolação da sentença e pela
dosimetria da pena, e os jurados são competentes para a
votação dos quesitos;
Grau de jurisdição: também chamado de competência
funcional vertical, resulta no duplo grau de jurisdição,
com o oferecimento de recursos, ou na competência
originaria dos Tribunais, em casos de foro por
prerrogativa de função.
No processo penal poder ser reconhecida de oficio pelo juiz – a súmula 33 do STJ: A
incompetência relativa não pode ser declarada de oficio, só tem aplicabilidade no
processo civil.
Adota-se como regra geral o local em que ocorreu a consumação do delito ou, no caso
de tentativa, o local em que foi praticado o último ato de execução – teoria do
resultado (local do resultado).
46/68
Sendo incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção – art. 70, § 3º do CPP –
adoção excepcional da teoria da ubiquidade ou mista ou eclética – local da ação ou
omissão ou local do resultado.
Nos casos que permitem a aplicação da Lei penal brasileiro, para crimes cometidos no
estrangeiro (extraterritorialidade), pode-se afirmar que será competente o juízo do
local da ação ou omissão ou do resultado – teoria da ubiquidade.
Porém, se o ultimo ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado – art. 70 § 2º.
Obs: os crimes à distância não se confundem com os plurilocais, inclusive para fins de
definição do foro competente. Crimes plurilocais são aqueles nos quais a ação ou
omissão se dá em um lugar e o resultado em outro, ambos os locais se encontro
dentro do mesmo território (crimes a distância envolvem países distintos). Plurilocal
47/68
seria o caso de um indivíduo que envia carta-bomba dos correios de uma capital para
outra (brasileiras) provocando a morte de uma pessoa, nestes casos aplica-se, em
regra, a teoria do resultado – art. 70. Neste caso o foro seria do local onde ocorreu a
morte (destinatário).
No crime de estelionato praticado pela emissão de cheque sem fundo (art. 171, § 2, VI
CP), o juízo competente é o do local onde houver a recusa do pagamento do cheque,
conforme súmula 521 do STF e Sumula 244 do STJ. Já o crime de estelionato
praticado mediante falsificação de cheque, a regra é diversa, sendo competente o
local da obtenção da vantagem ilícita – súmula 48 do STJ. Conforme o STJ compete
ao juízo do foro onde se encontra localizada a agencia bancaria por meio da qual o
suposto estelionatário recebeu o proveito do crime, e não ao juízo do foro em que está
situada a agencia da qual a vitima possui conta, processar a persecução penal
instaurada para apurar o crime de estelionato no qual a vitima teria sido induzida a
depositar determinada quantia na conta pessoal do agente do delito – informativo 565
– as regras para o julgamento de estelionato decorrem da teria do resultado.
Nas infrações de menor potencial ofensivo, art. 63 da Lei 9.099/95 a competência para
o julgamento é o local onde foi praticada a infração, que, pelo entendimento
majoritário, é o local da ação ou da omissão – teoria da atividade.
Para os crimes de impressa, Lei 5.520/67, o STF na ADPF 130 julgou pela não
recepção ou revogação de toda a referida lei, portanto, aplica-se a regra geral do art.
70 CPP. Antes, segundo referida Lei, o foro competente era o definido pelo local da
48/68
impressão do jornal ou periódico, e pelo local onde estiver situado o estúdio do
permissionário ou concessionário do serviço de radiodifusão, bem como o da
administração principal da agencia noticiosa.
Poderá ocorrer a desclassificação dos crimes que não sejam dolosos contra a
vida, quando indicará o órgão jurisdicional que passará a ter a competência
para o seu julgamento:
Se a desclassificação é feita pelo juiz no momento da
análise da pronúncia do réu, os autos devem ser
remetidos ao juízo competente (art. 74 § 3º CPP): caso
não haja alteração fática do delito, mas sim novo
enquadramento legal, não é necessário o aditamento da
inicial, sendo recomendável, porém, em respeito ao
contraditório, que o juízo competente possibilite que as
partes se manifestem, inclusive indicando provas,
requerendo diligências e apresentando alegações finais.
Lado outro, se houver alteração fática do delito por força
da desclassificação, deve o juízo competente determinar
49/68
que o autor da ação penal adite a inicial – mutatio libelli,
art. 384 do CPP), indicando provas, após o que a defesa
deve se manifestar, prosseguindo-se logo após a
instrução criminal (Nucci, Tavora).
Se a desclassificação do crime doloso contra a vida é
feita pelo Conselho de Sentença em plenário, o juiz-
presidente do Tribunal do Júri é quem vai julgar
singularmente o feito, não o remetendo ao juízo
competente, por economia processual – art. 74 § 3º, e
art. 492 § 1º do CPP: O mesmo raciocínio se aplica se há
um crime doloso contra a vida e um crime conexo ou
continente de outra natureza – não doloso contra a vida:
feita a desclassificação do crime doloso contra a vida, o
juiz-presidente do Tribunal do júri julgará o crime conexo
ou continente – art. 492 § 2º do CPP. Em ambas as
situações, se, por força de desclassificação, for possível
a aplicação dos institutos previstos na Lei 9.099/95, o
magistrado assim deverá proceder, conforme disposto no
art. 492, § 1º CPP.
50/68
ressalvada a competência do Júri quando a vitima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças – art. 125 § 4º da CR.
51/68
Não há hierarquia entre Justiça Federal e Estadual, pois ambas é da justiça
comum, porém entende-se que a Justiça Federal é especial em relação a
Estadual.
O simples fato de um réu ser servidor público federal não atrai a competência
para a justiça federal. Para fins de definição desta competência, é preciso,
além disso, que o crime viole bens, serviços ou interesses da União e de suas
52/68
autarquias públicas ou empresas públicas, conforme entendimento do STJ –
informativo 430.
No que se refere ao delito previsto no art. 304 do CP (uso de documento falso)
deve ser fixada com base na qualificação do órgão ou entidade à qual foi
apresentado o documento falsificado, não importando, em princípio, a natureza
do órgão responsável pela expedição do documento – súmula do STJ 546 A
competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor.
53/68
Obs: quando o agente utiliza papel-moeda que não é grosseiramente
falsificado, responderá pelo crime contra a fé pública, previsto no art. 289 § 1º
do CP (moeda falsa), o qual, por lesar diretamente os interesses da União, é
de competência da justiça Federal, nos moldes do art. 109, IV da CR/88 –
entendimento do STJ no conflito de competência 119010/PR.
Os crimes dos art. 241 e 241-A do ECA , quando envolverem a rede mundial
de computadores, serão julgados pela Justiça Federal, no local em que o
material pornográfico foi publicado, que é o local da consumação do delito –
art. 70 CPP, não importando o local onde se encontra o provedor em que o
material está armazenado ou onde foi visualizado. Não sendo identificado o
responsável e o local em que ocorreu o ato de publicação de imagens pedófilo-
pornográficas, competirá ao juízo federal que primeiro tomar conhecimento do
fato apurar o suposto crime – critério da prevenção do art. 72, § 2º CPP.
O simples fato de o delito ter sido cometido por meio da rede mundial de
computadores, mesmo que em páginas eletrônicas internacionais, não atrai por
si só, a competência da justiça Federal. Para que haja o deslocamento para a
Justiça Federal, é preciso que o crime ofenda a bens, serviços ou interesses da
União ou esteja previsto em tratado ou convenção internacional em que o
Brasil se comprometeu a combater, como, as mensagens que vinculem
pornografia infantil, racismo, xenofobia, etc. Já os crimes de incitação à
discriminação cometido via internet, contra pessoas determinadas que não
54/68
ultrapassam as fronteiras territoriais brasileiras, o STF decidiu que compete a
justiça Estadual – informativo 744.
55/68
necessário que houvesse algum empecilho na esfera estadual que
dificultasse ou impedisse o êxito das investigações ou do processo.
Nos crimes contra a organização do trabalho, arts. 197 a 207 do CP, o STJ e o
STF entendem que só incide a competência da Justiça Federal no caso de
ofensa às instituições do trabalho ou aos direitos coletivos dos trabalhadores.
Assim seriam de competência da justiça Federal os crimes previstos nos arts.
201, 202, 204, 206 e 207 do CP, e da Justiça Estadual o crime previsto no art.
205 CP; e nos art. 197 a 203 do CP, conforme o caso, poderão ser de uma ou
de outra justiça.
56/68
Obs: STF e STJ entendem que no crime de redução à condição análoga à de
escrevo – art. 149 do CP, a competência é da justiça federal, pois haveria
violação à atividade do trabalhador em si, como á dignidade humana do
trabalhador.
Referido crime está previsto no art. 338 do CP e no art. 125, XI, XII e XIII da Lei
6815/80. A competência para homologação de sentenças estrangeiras é do
STJ, nos temos do art. 105, I, ‘i’ da CR/88.
57/68
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.
O paragrafo único do art. 75 do CPP traz que a distribuição realizada para efeito de
concessão de fiança, ou decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência
anterior à denúncia ou a queixa (dilação de prazo de conclusão de IP, interceptação
telefônica, comunicação de flagrante etc) prevenirá a ação penal, que será distribuída
por dependência (sorteio).
58/68
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas. Sem prévio
ajuste entre os agentes – exemplo saques a estabelecimento
comercial.
Continência: ocorre quando um fato criminoso engloba outro fato desta natureza
– art. 77 CPP, tempo por espécies:
59/68
Continência em razão do concurso de pessoas ou por cumulação
subjetiva – art. 77, I CPP: duas ou mais pessoas forem acusadas pela
mesma infração. Na continência há apenas uma infração, diferente da
conexão intersubjetiva por concurso, pois haverá duas ou mais infrações.
Exemplo: coautoria em crime de homicídio.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor
potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri,
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
institutos da transação penal e da composição dos danos civis.
Por fim, é bom lembrar que conexão e continência não são critérios de definição
de competência e sim de sua alteração, pois sem tais institutos haveria o
julgamento regular por parte de um juiz competente; em virtude dos institutos há o
deslocamento do feito de um juiz competente para outro que possa a ser
legitimamente competente. Em caso de violação dos institutos, haverá nulidade
relativa, que dependerá de demonstração de prejuízo.
60/68
Foro prevalente – art. 78
A conexão e continência são hipóteses de prorrogação da competência. Porém em
caso de duas infrações conexas ou continentes, cada uma com competência distinta
prevista na CR/88 qual será o foro prevalente?
Neste caso deverá haver a disjunção do feito; ao posso que se houver uma infração
sem competência prevista na Carta Magna Federal e outra com competência nela
prevista, ocorrerá a junção dos feitos e ambas serão julgadas neste ultimo foro – foro
de atração.
Jurisdição de mesma categoria – art. 78, II: são aqueles aptos a julgar o
mesmo tipo de causa – ambos os juízes são de primeiro grau. Neste caso
preponderará:
Foro onde foi cometida a infração mais grave – art. 78, II, ‘a’:
roubo em Belo Horizonte/MG e receptação em Contagem/MG;
ambos serão julgados em Belo Horizonte.
Foro onde foi cometido o maior número de infrações – art. 78,
II, ‘b’: aplica-se em caso da gravidade das infrações serem as
mesmas. Exemplo: 2 furtos simples em Belo Horizonte/MG e uma
receptação simples em Contagem/MG, ambo serão julgados em
Belo Horizonte.
Foro residual estabelecido pela prevenção – art. 78, II, ‘c’:
aplica-se na hipótese de gravidade e número de infrações serem os
mesmos.
61/68
juízes monocráticos) e jurisdição inferior (tribunais que não podem rever as
decisões de outras cortes): prevalece a jurisdição superior ou de maior
graduação.
Exemplo: crime praticado por quem tem prerrogativa de foro em concurso com
quem não tem – o crime será julgado pelo foro por prerrogativa de função.
Súmula 704 STF Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou por conexão do processo
do correu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
O STF em julgado mais recente, entendeu que compete a este tribunal decidir
quanto à conveniência de desmembramento de procedimento de investigação
ou persecução penal, quando houver pluralidade de investigação ou
persecução penal, quando houver pluralidade de investigados e um deles tiver
prerrogativa de foro perante a Corte (informativo 750).
62/68
justiça eleitoral, pois esta tem competência para julgar os crimes eleitorais e
aqueles que lhes são conexos ou continentes.
Não se aplica a mesma regra para a Justiça Militar, pois tal órgão somente
julga crimes militares. Havendo crime militar em concurso com crime comum,
haverá a disjunção do feito.
Obs: a situação em que o réu não pode ser julgado à revelia é conhecida como
crise de instancia. Hipótese prevista no art. 366 do CPP, segundo o qual o
réu revel citado por edital que não comparecer aos autos nem constituir
advogado não poderá ser julgado, devendo o processo ficar suspenso.
63/68
Separação facultativa do processo – art. 80 CPP
Tais situações podem ser arguidas pelas partes ou reconhecidas de oficio pelo juiz,
são elas:
A consequência desta regra é que em caso de criação de nova vara criminal em uma
determinada comarca, os processos que versem sobre infração penal que passa era
de competência da nova vara não deve ser remetidas a esta.
STJ já decidiu que a redistribuição do feito decorrente da criação de vara com idêntica
competência com a finalidade de igualar os acervos dos juízes e dentro da estrita
norma legal, não viola o principio do juiz natural, uma vez que a garantia constitucional
permite posteriores alterações de competência – HC 102.193/SP.
64/68
trabalho, não ensejou a incompetência do juízo em que já se encontrava a ação penal,
Belo Horizonte/MG, em respeito a perpetuatio jurisctionis – informativo 783.
No caso de tribunal do júri, exceção a regra, neste caso se o juiz singular profere
decisão de absolvição sumária, impronuncia ou desclassificação do crime doloso
contra a vida para crime que não é doloso contra a vida, não deve julgar tal crime nem
o crime conexo ou continente, devendo remeter os auto ao juízo competente para seu
julgamento – art. 81 PU.
Não sendo possível a reunião dos feitos por já ter sido prolatada sentença definitiva, a
unidade dos processos ocorrerá ulteriormente, para efeito de soma ou unificação de
penas na fase de execução penal, pelo próprio juiz da execução – art. 66, III, ‘a’ da LEI
7.210/84, LEP.
A prevenção é critério residual; incide nas hipóteses previstas nos arts. 70 § 3º, 71, 72
§§ 1º e 2º, 78, II, ‘c’ do CPP.
65/68
Competência em razão da prerrogativa de foro – ratione personae
Visa privilegiar o cargo ocupado, nunca a pessoa que ocupa (razão pela qual não se
recomenda o termo foro privilegiado), pois não se trata de privilégio e sim proteção a
um cargo de relevância pública. Apensar da expressão “competência em razão da
pessoa – ratione personae”, ser amplamente consagrada entende-se inconveniente tal
referência. Tem-se como mais técnico, ser competência em razão da prerrogativa de
foro (prerrogativa esta que não existe em causas cíveis, apenas criminais).
66/68
Sugestão de leitura dos artigos 102, I, ‘b’ e ‘c’ (competência do STF); art. 105, I, ‘a’
(competência do STJ); art. 108, I, ‘a’ (competência dos TRFs); art. 96, III, e 125 § 1º
(competência dos tribunais de Justiça dos Estados e do DF).
Em se tratando de desvio de verbas públicas por parte do prefeito, súmulas 208 e 209
do STJ: 208 Compete à justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio
de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal – 209 Compete a justiça
Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao
patrimônio municipal.
67/68
contra a vida, será julgado no Tribunal do Júri, cuja competência está prevista na
constituição, súmula vinculante 45 A competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
constituição estadual. (antes, súmula 721).
Tal posicionamento não colite com a súmula 703 do STF segundo o qual A extinção
do mandato de prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos crimes
previstos no art. 1º do Decreto-Lei 201/67. Isso porque, nesta hipótese, a ação penal
não será mais instaurada no foro por prerrogativa de função.
Para o STJ, o juízo de admissibilidade desta exceção da verdade pode ser feito pelo
juízo da ação penal de origem, portanto, está autorizado a inadmiti-la caso verificada a
ausência dos requisitos de admissibilidade para o processamento do referido incidente
– informativo 522.
68/68