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Curso: Delegado de Polícia de Civil - MA

Disciplina: Direito Processual Penal


Material: Apostila de conteúdo complementar
Responsáveis: Equipe acadêmica
Temas abordados nesta apostila: Princípios; Lei Processual Penal no Tempo e no
Espaço; Inquérito; Ação; Jurisdição e Competência.

Sumário
PRINCÍPIOS............................................................................................................................. 3
Princípios constitucionais explícitos ..................................................................................... 3
Princípios constitucionais implícitos do processo penal ................................................... 8
Princípios do processo penal propriamente ditos ............................................................ 13

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO .................... 15


Exceções à aplicação da lei processual brasileira ........................................................... 16
Tratados, convenções e regras de direito internacional ................................................. 16
Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras autoridades. 17
Os processos da competência da Justiça Militar................................................................ 17
Crimes eleitorais ................................................................................................................... 17
Lei processual penal no Tempo.......................................................................................... 18
Leis 11.689/08 e 11.719/08 ................................................................................................. 18
Normas heterotópicas .......................................................................................................... 19
Vigência, validade, revogação e derrogação e ab-rogação da lei processual penal 19

INQUÉRITO POLICIAL .......................................................................................................... 20


Considerações iniciais ......................................................................................................... 20
Características do Inquérito Policial ................................................................................... 20
Início do Inquérito Policial .................................................................................................... 24
Desenvolvimento do Inquérito Policial ............................................................................... 27
Prazo para a conclusão do Inquérito ................................................................................. 29
Prazos especiais ................................................................................................................... 29
Relatório final e indiciamento .............................................................................................. 30
Indiciamento .......................................................................................................................... 30
Trancamento do Inquérito Policial ...................................................................................... 31
Arquivamento e desarquivamento do I.P .......................................................................... 31
Arquivamento indireto .......................................................................................................... 32

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Desarquivamento .................................................................................................................. 32
Termo Circunstanciado ........................................................................................................ 33

AÇÃO PENAL ............................................................................................................................. 34


Condições da Ação .............................................................................................................. 35
Princípios da ação penal ..................................................................................................... 35
Espécies de ação penal....................................................................................................... 36
Da legitimidade ..................................................................................................................... 37
Da discricionariedade e prazo para o oferecimento ........................................................ 37
Da retratação ......................................................................................................................... 38
Ação Penal Privada .............................................................................................................. 39
Princípios da ação penal privada ....................................................................................... 40
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa ........................................................... 41
Espécies de ação penal privada......................................................................................... 41
Ação Penal nos Crimes contra a dignidade sexual ......................................................... 42
Denúncia ou Queixa ............................................................................................................. 42
Requisitos Obrigatórios ........................................................................................................ 43

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ....................................................................................... 44


Jurisdição ............................................................................................................................... 44
Características da jurisdição ............................................................................................... 44
Princípios da jurisdição criminal ......................................................................................... 44
Competência ......................................................................................................................... 45
Competência territorial – Ratione Loci............................................................................... 46
Domicilio ou residência do réu como foro supletivo – art. 72 do CPP .......................... 49
Competência em razão da matéria ratione materiae, ou pela natureza da infração –
art. 74 CPP ............................................................................................................................ 49
A distribuição como alternativa à competência cumulativa supletiva – art. 75 CPP . 58
Competência por conexão e continência – alteração de competência – art. 76 e 77
CPP. ....................................................................................................................................... 58
Foro prevalente – art. 78 ..................................................................................................... 61
Separação obrigatória de processo – art. 79 CPP ............................................................. 63
Separação facultativa do processo – art. 80 CPP ........................................................... 64
Perpetuatio juridictionis – perpetuação da jurisdição – art. 81 CPP.............................. 64
Autoridade da jurisdição prevalente – art. 82 CPP .......................................................... 65
Prevenção como critério residual de fixação de competência – art. 83 CPP .............. 65

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Competência em razão da prerrogativa de foro – ratione personae ............................. 66
Perpetuação da jurisdição em caso de foro privilegiado – art. 84 § 1º CPP................ 68
Extensão do foro privilegiado às ações de improbidade administrativa – art. 84 § 2º
CPP......................................................................................................................................... 68
Exceção da verdade nos crimes contra a honra – art. 85 CPP ..................................... 68

PRINCÍPIOS
Normativa

Função

Interpretativa

Explícitos

Princípios constitucionais

O processo penal implícitos

Princípios de processo penal propriamente ditos.

Princípios constitucionais explícitos

Princípio da presunção da inocência/ Estado de inocência/ situação jurídica de


inocência ou não culpabilidade – art. 5º, LVII CR/88: Todo acusado é presumido
inocente até a eventual sentença condenatória transitar em julgado. Para Eugênio
Pacceli é preferível o uso da expressão situação jurídica de inocência, porque a
inocência não é presumida, ela já existe desde o nascimento, persistindo até o trânsito
em julgado da sentença condenatória.

Consequências do referido princípio:

 O ônus da prova, em regra, caba à acusação: pra que o Estado de inocência


se altere é preciso, em regra, que o autor da ação prove o contrário.

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Exceção: cabe ao acusado as provas das excludentes de ilicitude ou de
culpabilidade. Embora a Lei 11690/08 tenha autorizado o juiz a absolver o réu
se houver fundada dúvida sobre a existência destas causas, art. 386, VI. Cabe
também a defesa a prova de caudas de extinção de punibilidade – art. 107 e
circunstancia que mitigue a pena.

 Excepcionalidade das prisões cautelares: por ser presumido inocente o


indivíduo só deve ser levado ao cárcere se existirem motivos cautelares – art.
312 ultima ratio:
 Garantia da ordem pública;
 Garantia da ordem econômica;
 Conveniência da instrução criminal;
 Assegurar a aplicação da Lei Penal – desde que haja prova da
existência do crime e indicio suficiente da autoria;
 Em caso de descumprimento das obrigações impostas por foça
das outras medidas cautelares; ausentes estes motivos, a regra
é de que o indivíduo responda o processo em liberdade =
liberdade provisória com ou sem fiança.
 Toda medida constritiva de direitos individuais na verdade, só pode ser
decretada excepcionalmente: o mesmo raciocínio desenvolvido para as
prisões cautelares devem ser estendidos a todas as medidas constritivas de
direitos.

Principio da igualdade processual ou paridade de armas – par conditio – art. 5º


CR

As partes devem ter, em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões e
ser tratadas igualmente, na medida de suas igualdades, e desigualmente na proporção
de suas desigualdades.

Paridade de armas: condições de igualdade processual.

Consequências desse princípio:

 O réu não pode se defender sozinho, salvo se for advogado, pois não teria
condições técnicas para tanto – art. 263 do CPP.
 Mitigação da paridade de armas: principio do favor rei o interesse do acusado
possui certa prevalência sobre a pretensão punitiva estatal.

Princípio da ampla defesa – art. 5º LV CR

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O réu tem direito a amplo arsenal de defesa, como forma de compensar sua
hipossuficiência e fragilidade em relação ao Estado, que atua no processo penal por
meio de diversos órgãos (polícia judiciária, MP e Juiz) de forma especializada e com
acesso irrestrito de dados.

Autodefesa: disponível: o direito ao silêncio não abarca a


primeira parte do art. 187 §1º, qualificação. Sua negativa poderá
incorrer em contravenção penal prevista no art. 68 da LCP, ou se
atribuir identidade falsa a sim próprio pode restar tipificado o
crime do art. 307 CP.

Ampla defesa

Defesa técnica: indisponível

Observações:

 Se o acusado atribui acusação falsa a terceiro comente o crime tipificado no


art. 339 do CP (denunciação caluniosa); se atribui a si falsa acusação poderá
responder pelo art. 341 do CP.
 Direito de audiência: ser ouvido no processo;
 Direito de presença: estar presente aos atos processuais, direta ou
indiretamente (videoconferência);
 STF e STJ entendem que não há nulidade se o réu estava ausente na oitiva de
testemunha e não demonstrou prejuízo.
 Súmula 707 STF: constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a
suprindo a nomeação de defensor dativo.

Consequências do referido princípio:

 Apenas o réu tem direito à revisão criminal, nunca pro societati;


 O juiz deve sempre fiscalizar a eficiência da defesa do réu.
 Falta de defesa = nulidade absoluta;
 Defesa deficiente: somente se houver prova de prejuízo para o réu.

Princípio da plenitude da defesa – art. 5º, XXXVIII ‘a’

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Aplicação no tribunal do júri, pode-se utilizar meios, ainda que não previstos, desde
que lícitos.

Consequências:

 A atenção do juiz com a efetividade da defesa é ainda maior;


 É possível a defesa apresentar nova tese na tréplica;
 Caso o réu precise de mais tempo nos debates, poderá pedi-lo sem que isso
gere necessariamente igual direito ao MP.

Princípio da prevalência do interesse do réu/ favor rei/ favor libertatis/ indubio


pro reo/ favor inocente – art. 5º LVII CR/88

Decorre da presunção de inocência, havendo dúvidas prevalece o direito do réu –


liberdade.

Consequência:

A dúvida sempre beneficia o réu.

Princípio do contraditório ou da bilateralidade da audiência – art. 5º LV

As partes têm o direito de se manifestar sobre qualquer fato alegado ou prova


produzida pela parte contrária, visando a manutenção do equilíbrio entre o direito de
punir do Estado e o direito de liberdade do réu.

Para que se possa materializar é necessário o cumprimento dos seguintes direitos das
partes:

 Direito de ser intimado sobre os fatos e provas;


 Direito de se manifestar sobre os fatos e provas;
 Direito de interferir efetivamente no pronunciamento do juiz.

Princípio do Juiz Natural – art. 5º, LIII CR/88

Vedação ao tribunal ou juiz de exceção, que é aquele escolhido após o crime e para
determinado caso. Busca-se garantir a imparcialidade. Tal princípio não impede a
criação de varas especializadas e a consequente remessa dos autos, pois nessa
hipótese a medida é válida para toda coletividade, não atingindo um réu em especifico.

Princípio da publicidade – art. 5º, LX e XXXIII, 93, IX da CR/88 e 792 do CPP

Todos os atos processuais devem ser praticados publicamente.

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Comporta exceção: defesa da intimidade ou interesse social
Doutrina traz:
 Publicidade geral – não comporta exceção;
 Publicidade específica – havendo as exceções constitucionais permite o
acesso somente as partes.

Princípio da vedação das provas ilícitas – art. 5º, LVI da CR/88

Devem ser desenhadas do processo; se permanecerem nos autos, mas não forem
utilizadas não haverá nulidade, caso sejam utilizadas pelo magistrado haverá nulidade
absoluta.

São ilícitas as provas que violem normas constitucionais ou legais. A doutrina traz
como gênero a prova proibida ou vedada ou inadmissível, tendo como espécie:

 Prova ilícita: viola regra de direito material. Exemplo: confissão obtida


mediante tortura; intercepção telefônica sem autorização.
 Prova ilegítima: obtida mediante violação de direito processual. Exemplo:
laudo pericial emitido por 1 perito NÃO OFICIAL.

Distinções estas, não trazidas no CPP nem na CR/88.

O CPP, no art. 157 § 1º consagrou ainda as provas ilícitas por derivação, teoria dos
frutos da árvore envenenada ou do efeito a distância – fuits of the poisonou tree.
Deverá ser demonstrado o nexo causal entre as provas ou quando as provas
derivadas não puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
Considera-se independente, a fonte que por si só, seguindo os trâmites típicos e de
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
objeto da prova.

O STF vem admitindo exceções, reconhecendo as teorias da proporcionalidade,


razoabilidade, interesse predominante, e admitindo excepcionalmente a utilização
da prova em beneficio do réu inocente que produziu a prova (pro reo) o que para
alguns (Grinover; Gomes Filho, Fernandes) seria legitima defesa; para outros, Estado
de Necessidade, e para Nucc, inexigibilidade de conduta diversa.

Princípio da economia processual, celeridade e duração razoável do processo –


art. 5º LXXVII

Trata-se da resposta jurisdicional no menor tempo possível.

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Consequências:

 Prisões cautelares devem persistir por tempo razoável;


 Possibilidade de carta precatória itinerante;
 Suspensão do processo, havendo questões prejudiciais, somente deve ser
feita quando há casos de difíceis soluções, para que não procrastine.

Princípio constitucional geral do devido processo legal – devido processo legal


ou duo processo of law – art. 5º LIV da CR/88

Visão garantista do processo penal, instrumento de efetivação dos direitos


fundamentais do réu.

Aspectos:

 Aspecto material ou substancial: liga-se a máxima de que ninguém deve ser


processado senão por crime previsto em Lei. Fazendo valer os princípios
penais.
 Aspecto processual ou procedimental: liga-se ao procedimento e a ampla
possibilidade de o réu produzir provas.

Princípios constitucionais implícitos do processo penal

Princípio de que ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo ou da


não autoincriminação – nemo tenetur se detegere

Decorre dos princípios expressos da presunção da inocência, ampla defesa e direito


ao silêncio. Está expressamente previsto no art. 8º do Pacto de São José da Costa
Rica, que tem status supralegal, conforme entendimento do STF.

O estado por ser superior ao réu no processo penal, não necessita de sua ajuda na
atividade persecutória.

Por força deste princípio, o STF e STJ vêm considerando que o acusando não está
obrigado a participar de atividades probatórias que impliquem em intervenções
corporais (como o DNA).

Uso do bafômetro e o direito de não produzir prova contra si

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O código de trânsito brasileiro dispõe que o condutor do veículo automotor envolvido
em acidente de trânsito, ou que for alvo de fiscalização de trânsito, poderá ser
submetido a teste, exame clínico, pericia ou outro procedimento que, por meios
técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência
de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. Nesse caso a
infração administrativa de trânsito de dirigir sob a influencia de álcool ou de qualquer
outra substância psicoativa que determine dependência prevista no art. 165 do CTB
poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que
indiquem, na forma disciplinada pelo contran, alteração da capacidade psicomotora ou
produção de quaisquer outras provas em direito admitidas.

As penalidades e medidas administrativas previstas no art. 277, § 2º do CTB são:


multa, suspensão do direito de dirigir, recolhimento do documento de habilitação e
retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado – que também serão
aplicadas ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos
previstos no caput do art.

Para Renato Brasileiro, a aplicação das penalidades e medidas administrativas ao


condutor que não se sujeitar a qualquer dos procedimentos é constitucional; ao
contrário do que ocorre no âmbito criminal. Por força do princípio da presunção de
inocência, não se admite eventual inversão do ônus da prova em virtude de recusa do
acusado em se submeter a uma prova invasiva. No âmbito administrativo, o agente
também não é obrigado a produzir prova contra si, porém, como não se aplica a regra
probatória que deriva do princípio da inocência a controvérsia é resolvida com base na
regra do ônus da prova, sendo a recusa interpretada em prejuízo do agente.

Para fins de comprovação da embriaguez ao volante, o meio de prova mais eficaz


para aferição da dosagem etílica é o exame de sangue. Considerando que a extração
de sangue é um método muito invasivo, foi criado o bafômetro, aparelho de ar alveolar
destinado a estabelecer o teor alcóolico no organismo do condutor do veículo
automotor através do sopro do motorista.

Segundo referido autor, o entendimento dominante é que não configura crime de


desobediência a recusa do motorista em soprar o bafômetro, nem pode ser
interpretada em seu desfavor, no âmbito criminal. Nesse sentido há precedentes do
STF de que não se pode presumir a embriaguez de quem não se submete a exame de
dosagem alcoólica, afinal a CR impede que se extraia qualquer conclusão

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desfavorável àquele que, suspeito ou acusado de praticar alguma infração penal,
exerce o direito de não produzir provas contra si.

Princípio da iniciativa das partes ou da ação da demanda – ne procedat judex ef


officio -, e princípio consequencial da correlação entre acusação e sentença.

Veda que o juiz deflagre a ação penal de ofício, exigindo-se para tanto a iniciativa do
titular da ação. Por força deste princípio é que não se admite mais o processo
judicialiforme, que consistia na possibilidade de início da ação penal, nas
contravenções penais, por meio do auto de prisão em flagrante delito ou por portaria
expedida pelo delegado ou pelo magistrado, de oficio ou a requerimento do MP.

É extraído do sistema acusatório (art. 129, I CR; 257, I do CPP; 5º, LIX da CR) os
quais garantem a titularidade da ação penal pública ao MP e a possibilidade de
oferecimento da ação penal privada subsidiária da pública, se a ação penal pública
não for intentada pelo MP no prazo Legal.

Consequência do princípio:

 Surgimento de outro princípio, o da correlação (ou congruência ou relatividade


ou reflexão) entre a acusação e a sentença, o qual implica na exigência de que
o fato imputada ao réu, na peça inicial acusatória, guarde correspondência com
o fato reconhecido pelo juiz, na sentença, sob pena de grave violação aos
princípios do contraditório e da ampla defesa;
 Devido processo legal.
 O juiz está adstrito aos exatos termos do que fora narrado na peça inicial da
ação penal, não podendo decidir fora, além ou aquém dos seus limites – sob
pena de nulidade absoluta;

Havendo necessidade de ampliação da tese acusatória, faz-se imprescindível o


aditamento à denúncia ou queixa – art. 384 CPP – mutatio libelli.

Exceções ao princípio da iniciativa das partes, ou seja, em que o juiz pode conceder
provimentos de ofício:

 Decisões referentes ao estado de liberdade do indivíduo, HC, relaxamento


de prisão em flagrante e revogação de prisão preventiva.
Obs: Prisão temporária é modalidade de prisão cautelar que não pode ser
decretada de ofício pelo juiz, dependendo sempre de representação da
autoridade policial ou de requerimento do MP.

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 Procedimento de execução penal;

Princípio do duplo grau de jurisdição

Decorre da própria estrutura do poder Judiciário traçada pela Constituição Federal,


consistente em sua divisão em instâncias: magistrados singulares, tribunais, STJ e
órgão de cúpula STF. Decorre ainda da necessidade de controle de todo e qualquer
ato estatal, característica do Estado democrático de Direito. Decorre também do
princípio constitucional expresso da ampla defesa, e é consagrado expressamente no
Pacto de São José de Costa Rica – art. 8º, item 2, ‘h’.

Princípio do juiz imparcial

Decorre do princípio constitucional expresso do juiz natural, pois o juiz pode estar
previamente investido na jurisdição, mas mesmo assim não ser imparcial, motivo pelo
qual o CPP prevê hipóteses de impedimento e suspeição do julgador.

Assim, além de investido na função jurisdicional do Estado, não deve ter vínculos
subjetivos com o processo de modo a lhe tirar a neutralidade necessária para conduzi-
lo com isenção (Távora). Princípio também expresso no Pacto São José da Costa
Rica.

Princípio do promotor natural ou imparcial ou promotor legal

Decorre dos seguintes princípios:

 Princípio da inamovibilidade funcional dos membros do MP – art. 128 § 5º, I, ‘b’


CR/88;
 Princípio da independência funcional dos membros MP – art. 127 § 1º da
CR/88;
 Principio do juiz natural – art. 5º LIII, CR – por analogia.

Por este princípio, entende-se que o agente delitivo deve ser acusado por órgão
imparcial do Estado, previamente designado por lei, vedada a indicação de acusador
para atuar em casos específicos.

Segundo o STF, tal princípio tem como escopo impedir que chefias institucionais do
MP determinem designações casuísticas e injustas de modo a instituir a reprovável
figura do acusador de exceção – informativo 644. As designações estão estipuladas
no art. 10, IX da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica do MP dos Estados). STJ também têm
julgados reconhecendo tais princípios.

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Os tribunais superiores não são pacíficos quanto a aceitação de referido princípio, já
para a doutrina majoritária é amplamente aceito.

Princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, ou legalidade processual, e


princípio consequencial da indisponibilidade da ação penal pública.

Consiste no dever imposto á polícia judiciária e ao MP de, respectivamente investigar


e processar crimes desta espécie de ação penal. O princípio da oportunidade só tem
aplicação nos crimes de ação penal privada. Na ação penal pública condicionada à
representação é regida pelo princípio da oportunidade, e o oferecimento da denúncia
pelo MP é regido pela obrigatoriedade.

O princípio da obrigatoriedade decorre dos seguintes princípios constitucionais


expressos:

 Legalidade penal – art. 5º XXXIX CR/88: não há crime sem previa lei que o
defina, nem pena sem previa cominação legal; havendo tipicidade penal, há
obrigatoriedade da aplicação da sanção penal.
 Titularidade da ação penal pública exclusivamente pelo MP – art. 129, I
CR/88, art. 257, I CPP; e em caráter excepcional, pelo ofendido – art. 5º, LIX
CR.

A obrigatoriedade é mitigada pelo instituto da transação penal, art. 76 da Lei 9.099/95,


que consagra o princípio da discricionariedade regrada, ou da obrigatoriedade
mitigada, ou seja, discricionariedade de acordo com os parâmetros da Lei: uma vez
preenchidos os requisitos legais, art. 76 § 2º, da Lei 9.099, surge para o MP o poder-
dever de oferecer a proposta do beneficio ao agente delitivo, evitando o início da ação
penal.

O princípio da indisponibilidade da ação penal pública decorre do princípio da


obrigatoriedade e implica na proibição de que o MP desista da ação penal instaurada,
dar. 42 CPP. Tal princípio não implica na obrigatoriedade do MP recorrer.- art. 576
CPP.

Mitiga ainda o princípio da indisponibilidade da ação penal publica, a suspensão


condicional do processo, art. 89 da Lei 9.099/95.

Princípio da oficialidade

A atividade persecutória será exercida necessariamente por órgãos oficiais do Estado,


não sendo possível o particular exercê-la.

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Aplica-se apenas aos crimes de ação penal pública já que, na ação penal privada, o
autor da ação é um particular – trata-se de princípio diferente do princípio da
OFICIOSIDADE.

Princípio da oficiosidade

As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, sem


necessidade de provocação ou de assentimento de outrem.

Princípio da autoritariedade

Os rogaos investigantes e processantes devem ser autoridade públicas – delegado de


policia, MP ou procurador de justiça -.

Não se aplica aos crimes de ação penal privada, pois é oferecida por particular.

Princípio da intrascendência ou da pessoalidade

Decorre do princípio da culpabilidade, exige-se que o processo penal seja instaurado


apenas em face de quem efetivamente cometeu o crime.

Princípio da vedação da dupla punição e do duplo processo pelo mesmo fato –


ne bis in idem

Decorre dos seguintes princípios:

 Princípio da legalidade: não há crime sem lei anterior que o defina, ao há


pena sem lei anterior que a comine – art. 5º, XXXIX CR/88.
 Princípio da dignidade da pessoa humana – art. 1º, III da CR/88.

É expresso no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, impede que a pessoa
seja processada novamente pelo mesmo fato quando já foi absolvido com sentença
transita em julgado.

Princípios do processo penal propriamente ditos

Princípio da busca da verdade real ou material


No direito processual penal, por se tratar de direitos indisponíveis, não há que se falar
em “verdade formal”, “verdade processual”, “presunção de veracidade dos fatos”,
busca-se a verdade real ou material, objetiva – daí a iniciativa probatória do juiz.

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Oralidade e consequências da concentração, da imediatidade e da identidade
física do juiz
 Oralidade: a palavra oral prevalece;
 Concentração: a colheita de prova deve ocorrer em uma única audiência, ou
em menor número de audiências;
 Imediaticidade: o magistrado deve ter contato direto com a prova produzida;
 Identidade física do juiz: o juiz que preside a instrução deve ser o mesmo que
julga.

Indivisibilidade da ação penal privada – art. 48 CPP


Não pode o ofendido escolher contra qual agente oferecerá a ação penal. Para o STF
e STJ a ação penal pública é regida pela divisibilidade, já que pode aditar a denuncia
ou oferecer novas. Prevalece na doutrina que a ação penal publica também é
indivisível. Discussão tem pouca relevância, pois a ação penal pública é regida pela
obrigatoriedade, logo o MP se obriga a denunciar a todos.

Comunhão ou aquisição de provas


Prova produzida, pertence ao juízo, pode ser utilizada pelas partes, ainda que não
tenha requerido.

Impulso oficial
Iniciada a ação penal o juiz tem o dever de promover seu andamento – aplica-se
também a ação penal privada.

Persuasão racional ou livre convencimento motivado do juiz


O juiz forma seu convencimento de forma livre, embora deve fundamentá-lo.
Exceções ao principio do livre convencimento, segundo Nucci:
 Tribunal do Júri – jurados não precisam fundamentar o voto;
 Fato que exigem necessariamente determinadas provas. Exemplo a
inimputabilidade, crimes que deixam vestígio, marte.

Legalidade processual
Dever de verdade, vedação aos meios fraudulentos – art. 347 CP (fraude processual)

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Princípios constitucionais expressos na CR Princípios constitucionais implícitos na CR

Presunção da inocência; Não autoincrimição;


Igualdade processual; Iniciativa das partes e consequencial da correlação
Ampla defesa; entre sentença e acusação;
Plenitude de defesa; Duplo grau de jurisdição;
Favor rei; Juiz natural;
Contraditório; Promotor natural;
Juiz natural; Obrigatoriedade da ação penal pública e princípio
Publicidade; consequencial da indisponibilidade da ação penal
Vedação das provas ilícitas; pública;
Economia, celeridade e razoável duração do Oficialidade;
processo; Oficiosidade; comum ao IP
Devido processo legal. Autorietariedade;
Intranscendência;
Ne bi in idem.

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO


A lei penal aplica-se o principio da territorialidade, conforme art. 5º do CP e da
extraterritorialidade incondicionada e condicionada, art. 7º CP, já o Código de
Processo Penal adota o princípio da territorialidade, pois a atividade jurisdicional é um
dos aspectos da soberania nacional, não pode ser exercida além das fronteiras do
respectivo Estado.

Portanto, caso necessite da prática de atos processuais no exterior (citação,


intimação, interrogatório, oitiva de testemunha etc), a lei processual a ser aplicada é a
do país aonde tais atos venham a ser realizados. De igual forma aplica-se a lei
processual brasileira aos atos referentes às relações jurisdicionais com autoridades
estrangeiras (carta rogatória, homologação de sentença estrangeira, procedimento de
extradição etc).

Para a doutrina há situações que a Lei processual pode ser aplicada fora de seus
limites territoriais:
 Aplicação da lei processual penal de um Estado em território nullius;

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 Quando houver autorização do Estado onde deve ser praticado o ato
processual;
 Em caso de guerra, em território ocupado.

O princípio da territorialidade é trazido no art. 1º do CPP:

o
Art. 1 O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
o
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, n 17);
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
o
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos n s. IV e V,
quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.

Deste modo, nota-se que o artigo acima citado refere-se à ordem espacial, tendo
então a aplicação processual penal todo o Território brasileiro no que se refere à
abrangência. Assim, a aplicação da lei processual penal no espaço trata da própria
soberania do Estado.

Exceções à aplicação da lei processual brasileira

Tratados, convenções e regras de direito internacional.

Quando o Brasil é signatário de tratados internacionais, estes podem afastar a


incidência da norma brasileira em determinadas infrações, fazendo com que a
apreciação destas infrações sejam feitas por Tribunais estrangeiros, como, por
exemplo, diplomatas estrangeiros que praticam infrações penais em território
brasileiro. Trata-se a hipótese de regras expressas ou tácitas que os signatários que
se relacionam entre si criam, no sentido de se obrigarem a respeitar no âmbito do
direito internacional.

II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos


crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade.

Esta hipótese trata do que se chama “jurisdição política”, que desloca a competência
do judiciário para o legislativo, em se tratando de julgamento e processamento das

16/68
ações penais que envolvem o Presidente da República, Ministros do STF, nos crimes
de responsabilidade.

Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras


autoridades
Denominada justiça politica – a atividade jurisdicional é exercida por órgãos políticos
alheios ao Poder Judiciário, a exemplo do art. 52, I, II da CR/88: compete
privativamente ao senado processar e julgar o presidente e o vice presidente nos
crimes de responsabilidade

Os processos da competência da Justiça Militar.

De acordo com o art. 124 da CR/88, a compete a Justiça Militar da União julgar os
crimes militares definidos em lei; e o art. 125§ 4º da CR/88 traz como competência da
Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do Júri quando a vítima for civil. Mas o código de processo
penal militar prevê a possiblidade de os casos omissos serem supridos pela legislação
de processo penal comum.

Crimes eleitorais
A competência da justiça eleitoral é fixada em razão da matéria, cabendo a ela o
processo e julgamento dos crimes eleitorais – somente o crime tipificado no Código
eleitoral.

Há outras exceções, quanto a aplicação da lei processual penal, que não estão
expressas algumas Leis especiais editadas posteriormente ao CPP, trazem
procedimentos distintos, aplicando-se subsidiariamente o CPP:
 Processo e julgamento dos crimes de auso de autoridade – Lei 4898;
 Crimes de competência originária dos Tribunais – Lei 8038;
 Infrações de menor potencial ofensivo (crime e contravenções, cuja pena
máxima não seja superior a 02 anos) – procedimento Lei 9099;
 Crimes falimentares – Lei 11.101;
 Estatuto do Idoso – Lei 10.741;
 Leia Maria da Penha – Lei 11.340;

17/68
 Lei de drogas – Lei 11.343.

Lei processual penal no Tempo


No Direito penal, por força da CR/88, art. 5º, XL, a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu – vige o principio da irretroatividade.

A lei penal mais grave não pode retroagir, mas a lei benéfica é dotada de
extratividade, ou seja, possui ultratividade, o que significa que a lei, mesmo depois de
ser revogada, continua a regular fatos ocorridos durante a sua vigência.

Exemplo:

Lei de drogas

6360/76 (benéfica) ------------------------------------------------------- 11.343 (maléfica)

Diferente aplicação é dada ao processo penal. Nos termos do art. 2º do CPP, o


princípio tempus regit actum é que prevalece, “a lei processual penal aplicar-se-á
desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior” – aplicabilidade imediata.

A doutrina e jurisprudência trabalham uma distinção entres as normas processuais:


 Normas genuinamente processuais: as que cuidam de procedimentos, atos
processuais, técnicas do processo – aplica-se art. 2º do CPP;
 Normas processuais materiais (mistas ou hibridas): são aquelas que
abrigam naturezas diversas, de caráter penal e de caráter processual penal.
Cuidam do crime, pena, medida de segurança, dos efeitos da condenação e do
direito de punir do Estado. Assim se o dispositivo legal estiver inserido na Lei
processual, mas versar sobre regra penal, a elas são aplicáveis os princípios
da lei penal (ultratividade e retroatividade).

Leis 11.689/08 e 11.719/08


Referidas leis trouxeram alterações processuais no procedimento do júri e no comum.

18/68
Para solucionar o conflito quanto à aplicação das leis novas aos processos em
andamento sugiram três sistemas:
 Sistema da unidade processual: o processo apresenta uma unidade,
apensar dos desdobramentos distintos, e portando deve ser regulamentado por
uma única lei – a lei antiga, pois a aplicação da lei nova teria efeitos retroativos.
Para esse sistema a lei antiga tem caráter ultrativo;
 Sistema das fases processuais: cada fase processual pode ser regulada por
uma lei diferente (fases postulatória, ordinária, instrutória, decisória e recursal)
cada uma pode ser disciplinada por leis distintas.
 Sistema do isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge os atos
processuais praticados sob a vigência da lei anterior, porém é aplicável aos
atos processuais que ainda não foram praticados – adotado pelo CPP.

Normas heterotópicas

Consiste na intromissão ou superposição de conteúdos materiais no âmbito de


incidência de uma norma de natureza processual, ou vice-versa, produzindo efeitos
em aspectos relacionados à ultratividade, retroatividade ou aplicação imediata.

Vigência, validade, revogação e derrogação e ab-rogação da lei processual penal

 Vigência: A lei processual, como demais leis, entra em vigor na data de sua
publicação ou no dia posterior à vacância, quando o legislador assim
estabelece.
 Revogação: cessação da vigência formal da lei, ou seja, a norma processual
penal deixa de integrar o ordenamento jurídico, pode ser tácita. Quanto a
abrangência pode ser:
 Parcial: Derrogação
 Total: ab-rogação

19/68
INQUÉRITO POLICIAL

Considerações iniciais

Inquérito é uma espécie de investigação criminal presidida pela autoridade policial,


seu objetivo é a formação da JUSTA CAUSA para futura instauração da ação penal.

Por justa causa entende-se a busca de indícios suficientes de autoria e prova da


materialidade.

O inquérito policial tem por natureza jurídica ser PROCEDIMENTO


ADMINISTRATIVO.

O inquérito policial é uma das formas de apuração de crimes, pois existem ainda
outros meios tais como;

PIC (MP) – Procedimento investigatório Criminal


PAD – Processo administrativo disciplinar
CPI – Comissão Parlamentar de inquérito

Características do Inquérito Policial

É realizado pela Polícia Judiciária

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a


competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares.

20/68
Função típica - É órgão do estado com atuação repressiva, ou seja, vai atuar após a
ocorrência do crime verificando-se a materialidade e autoria.

Função atípica – Ex. nos aeroportos e fronteiras para inibir crimes

Procedimento Escrito

o
Art. 9 Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Tal característica se dá em nome do rigor formal apresentado pelo inquérito, observa-


se que mesmo que a prova ou diligência seja colhida de forma oral e, esta deverá ser
reduzida a termo.

Dispensável
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.

A existência de inquérito policial não é obrigatória para a existência de ação penal,


pois é permissível que a denúncia ou queixa seja apresentada por peças de
informação que possam alcançar a justa causa.

Discricionário
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Os atos praticados do inquérito não são processuais, sendo assim são submetidos a
um juízo de conveniência e oportunidade.

O art. 158, CPP deixa evidente que não haverá discricionariedade no caso de a
infração deixar vestígios.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Sigiloso

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou


exigido pelo interesse da sociedade.

21/68
Não há acesso público a autos e atos do inquérito, pois não é processo, tem como
finalidade garantir a eficácia a apuração delitiva e resguardar os direitos fundamentais
do cidadão.

Exceções ao sigilo

Juiz – Poderá ter acesso ILIMITADO a qualquer tempo ao inquérito.

Ministério Público - Poderá ter acesso ILIMITADO a qualquer tempo ao inquérito.

Advogado - tem acesso LIMITADO, tem a prerrogativa funcional contida no Art. 7°,
inciso XIV do Estatuto da OAB – Lei n° 8.906/94;

Art. 7º São direitos do advogado:


XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos,
em meio físico ou digital;

Com a alteração do dispositivo, o advogado pode ter acesso a qualquer investigação,


no entanto cabe ressaltar que quando se tratar de segredo de justiça, o advogado
deverá apresentar a procuração a que se refere o § 10º.

Art. 7º São direitos do advogado: ...


§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos
direitos de que trata o inciso XIV.

A súmula vinculante 14 trata da responsabilidade criminal pelo descumprimento das


prerrogativas do advogado.
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

Indisponível
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Não cabe à autoridade policial o arquivamento do inquérito.

Se não houver alcançado a justa causa, o delegado não indiciará, mas ainda assim
remeterá os autos ao MP para que seja debatido entre MP e Juiz.

22/68
Inquisitivo

É um procedimento em que não há o princípio do contraditório e ampla defesa,


pois estes são exigidos na fase processual, quando já formalizada pelo Estado a
acusação.

A reforma do Estatuto da OAB trouxe duas correntes quanto à natureza inquisitiva do


I.P.

1ª Corrente Minoritária entende que a partir da alteração, o inquérito deixou de ser


inquisitivo, pois agora o advogado pode, além de acompanhar a colheita de provas
interferir, além de encaminhar razões, quesitos, perguntas.

2° corrente o inquérito ainda continua sendo inquisitivo. Não é obrigatória a presença


do advogado na colheita de prova no inquérito, pois se fosse, no depoimento o
advogado seria intimado. A prova é colhida no inquérito sem contraditório e ampla
defesa , em regra ela é repetida em juízo.

Art. 155 Caput do CPP


O Juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Oficiosidade
É um dever do Delegado em instaurar de ofício o inquérito policial nos crimes de ação
penal pública incondicionada, como se observa no art. 5° § 4° e 5° do CPP.

Art. 5 o Nos crimes de ação pública o Inquérito Policial será iniciado:


§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.
§ 5 o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Oficialidade
O inquérito será presidido por órgão oficial do Estado, no caso, pela polícia judiciária.

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Autoritariedade
O Inquérito será presidido pela autoridade policial.

23/68
Inexistência de nulidades
Vícios eventuais no inquérito não contaminam a futura ação penal.

Observações quanto ao curador

O art. 15 do Código de Processo Penal determina que, sendo o indiciado menor,


deveria ser interrogado na presença de um curador nomeado pela autoridade. O artigo
refere-se aos réus menores de 21 anos de idade, menores que dependiam de
assistência. O novo Código Civil no art. 5º, passou a maioridade civil para 18 anos, o
artigo 15 restou prejudicado.

Início do Inquérito Policial


o
Art. 5 Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
o
§ 2 Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o
chefe de Polícia.
o
§ 3 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.
o
§ 5 Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Assim, o inquérito se inicia das seguintes formas;


 De ofício;
 Requisição da autoridade competente;
 Delação de terceiros;
 Auto de prisão em flagrante;
 Requerimento do ofendido ou seu representante legal;
 Notícia crime;

De ofício

O delegado deparando-se com a infração poderá instaurar o inquérito policial, tal ato
deverá ser voluntário.

Por requisição da Autoridade competente

24/68
A autoridade competente é o Ministério Público ou o Juiz.

Art. 5º ...

o o
§ 1 O requerimento a que se refere o n II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

No que se refere ao Juiz, existe grande polêmica, pois neste caso poderia ferir a
imparcialidade do magistrado, pois qualquer ato que ele praticar o torna prevento para
uma ação penal.

A requisição é sinônimo de ordem, estando o delegado obrigado a instaurar o IP neste


caso.

Delação de terceiros

O CPP elenca em seu art. 5º, § 3º a hipótese em que qualquer pessoa pode
comunicar a autoridade policial da infração penal - (delatio criminis).

o
§ 3 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

Trata-se de uma faculdade do terceiro.

Observação: Denuncia anônima


O delegado não está obrigado a instaurar o I.P baseado em uma denúncia apócrifa, no
entanto servirá como ato provocador para que o delegado proceda com diligências
preliminares no intuito de obter o mínimo de veracidade.

Auto de prisão em flagrante


Documento formal que anuncia o crime em flagrante.
Se lavrado, obrigatoriamente instaura o I.P (notícia crime coercitiva);
O ADPF apenas inicia o inquérito.

25/68
Requerimento do ofendido ou representante legal
Impõe o inicio do I. P
Estabelece expressamente o art. 5º, § 4º, do CPP, que, nos crimes em que a ação
pública depender de representação, o inquérito não poderá sem ela ser iniciado, ou
seja, é necessária a prévia existência da representação para a instauração do
inquérito.

Art. 5º

o
§ 4 O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.

Na não abertura do I.P, o denunciante poderá entrar com recurso administrativo ao


chefe de polícia, o que não impede que o denunciante de apresentar a denúncia ao
Ministério público.

o
§ 5 Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Noticia crime

A notícia crime não abre o inquérito obrigatoriamente, é pedido.

Espécies de noticia crime


Direta ou espontânea (cognição imediata)
O delegado tem a notícia de forma espontânea, de ofício.

Indireta (cognição mediata)


A notícia crime vem através de terceiros.

Observação: Prerrogativa de foro


Os sujeitos que tem prerrogativa de foro não são investigados por inquérito, nestes
casos, o delegado ao deparar-se com um investigado com prerrogativa de foro informa
ao foro por prerrogativa e remete os autos.

Informativo 825
EMENTA: “HABEAS CORPUS”. GOVERNADOR DE ESTADO. INDICIAMENTO. POSSIBILIDADE.
PRESSUPOSTOS LEGITIMADORES. NATUREZA JURÍDICA. ATO ESTATAL NECESSARIAMENTE
FUNDAMENTADO QUE SE INCLUI NA ESFERA DE PRIVATIVA COMPETÊNCIA DO DELEGADO DE
POLÍCIA (LEI Nº 12.830/2013, ART. 2º, § 6º). MAGISTÉRIO DOUTRINÁRIO. JURISPRUDÊNCIA.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL INSTAURADA CONTRA PESSOA DETENTORA DE PRERROGATIVA DE

26/68
FORO “RATIONE MUNERIS”. INEXISTÊNCIA, MESMO EM TAL HIPÓTESE, DE IMUNIDADE OU DE
OBSTÁCULO A QUE SE EFETIVE, LEGITIMAMENTE, ESSE ATO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DESDE
QUE PRECEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DO RELATOR DO INQUÉRITO ORIGINÁRIO NO TRIBUNAL
COMPETENTE (O STJ, NO CASO). PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
EXISTÊNCIA, NA ESPÉCIE, DE AUTORIZAÇÃO DEVIDAMENTE MOTIVADA DO MINISTRO RELATOR
NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, QUE ACOLHEU EXPRESSA SOLICITAÇÃO FEITA PELA
PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL. INEXISTÊNCIA DE SITUAÇÃO CONFIGURADORA DE INJUSTO
CONSTRANGIMENTO. PUBLICIDADE E PROCESSO JUDICIAL: FATOR DE LEGITIMAÇÃO DAS
DECISÕES DO PODER JUDICIÁRIO. “DISCLOSURE” DO NOME DO PACIENTE. LEGITIMIDADE.
SISTEMA DEMOCRÁTICO E VISIBILIDADE DO PODER: ANTÍTESE CONSTITUCIONAL AO REGIME
DE SIGILO. “HABEAS CORPUS” QUE IMPUGNA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR.
NECESSIDADE DE PRÉVIO ESGOTAMENTO DA VIA RECURSAL NO STJ. AUSÊNCIA.
INCOGNOSCIBILIDADE DA AÇÃO DE “HABEAS CORPUS”. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. RESSALVA PESSOAL DA POSIÇÃO DO MIN. CELSO DE MELLO, FAVORÁVEL
AO CONHECIMENTO DO “WRIT” CONSTITUCIONAL. OBSERVÂNCIA, NO ENTANTO, DO
POSTULADO DA COLEGIALIDADE. “HABEAS CORPUS” NÃO CONHECIDO.

Nestes casos o foro por prerrogativa deve AUTORIZAR o indiciamento.

Desenvolvimento do Inquérito Policial

Diligências investigatórias
o
Art. 6 Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título
Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do
o
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei n 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público
ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos.

Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá:

I - o nome da autoridade requisitante

27/68
II - o número do inquérito policial; III - a identificação da unidade de polícia judiciária
responsável pela investigação

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de


pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.

o
§ 1 Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura,
setorização e intensidade de radiofrequência.
o
§ 2 Na hipótese de que trata o caput, o sinal;
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a
30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de
ordem judicial.
o
§ 3 Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
o
§ 4 Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com
imediata comunicação ao juiz.

Reprodução simulada dos fatos

É a reprodução do “modus operandi” do crime.

Não há procedimentos legais para a execução.

Impossibilidade de execução nos casos de violação da ordem pública, moralidade e


nos casos de crimes contra a dignidade sexual.
A prova da reconstituição é prova atípica (principio da liberdade de provas), que
embora aceita não tem previsão legal.

O STF entende que não é cabível a condução coercitiva do agente que fará a
reprodução, isso dado ao fato do princípio da não autoincriminação, porém é cabível
nos casos de reconhecimento de pessoas e coisas.

A doutrina minoritária entende cabível a condução coercitiva, mesmo quando o


indivíduo apenas é levado ao local, podendo negar-se a participar.

28/68
Prazo para a conclusão do Inquérito

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

A regra é que se o indivíduo estiver preso 


10 dias 
improrrogável

Se solto 
30 dias 
30 dias 
Prorrogável

o
§ 3 Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.

Prazos especiais

Lei de Tóxicos (11343/06)

Se preso 
30 dias
Prazo duplicável.
Se Solto 
90 dias

Justiça Federal

Se preso 
15 dias (duplicável)

Se Solto 
30 dias (prorrogável)

Crimes contra a economia popular

Se preso ou solto 
10 dias (Improrrogável)

Inquérito Policial Militar

Se preso 
20 dias (improrrogável)

Se Solto 
40 dias (prorrogável 1 vez por 20 dias)

29/68
Relatório final e indiciamento

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

o
§ 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.

o
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

O relatório é a peça PRIVATIVA do Delegado em que descreverá de forma objetiva e


sucinta as diligencias realizadas ao longo do inquérito.

No relatório o delegado NÃO expressa seu juízo de valor, PORÉM, na lei de tóxico é
permissível que o delegado no relatório expresse juízo de valor.

Indiciamento

O indiciamento é a formalização do Estado, pelo delegado em indicar o principal


suspeito da infração penal.

No relatório existe o momento propício do indiciamento, como se lê no parágrafo 6º do


art. 5ª da lei 12.830/13;

o
§ 6 O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.

Observações:


O indiciamento não tem efeitos práticos sobre o indivíduo.
O indiciamento não é obrigação do Delegado (ato não vinculativo).
O indiciamento não se apaga.

Se o indiciamento não indicar a Justa Causa, pode-se impetrar o habeas corpus.

30/68
Pelo entendimento do STF e STJ, o desindiciamento só poderá ocorrer até o
oferecimento da denúncia, e o desindiciamento poderá ocorrer de ofício pelo
delegado.

Lembra-se que a autoridade policial não poderá determinar o arquivamento do


inquérito policial. (art. 17. CPP)

Trancamento do Inquérito Policial

O STF e STJ entendem que poderá haver o trancamento do I.P (habeas corpus) caso
a investigação se demonstre arbitrária, o que poderá ocorrer em três situações;

1) Ausência Manifesta de Justa Causa.


2) Se o fato for manifestamente atípico.
3) Nas causa de extinção de punibilidade.

Arquivamento e desarquivamento do I.P

Arts. 18, 28, CPP e Súmula 524 STF.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de
base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícia.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o


arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.

O arquivamento ocorre quando existe o exaurimento das diligências investigatórias


e nos casos de ausência de justa causa.

O arquivamento SEMPRE ocorre pelo Ministério Público, que poderá adotar as


seguintes medidas;

 Oferecimento da denúncia;

 Devolução à autoridade policial, para a realização de novas diligências,


indispensáveis, a seu juízo, ao ajuizamento da ação penal;

31/68
 Requerimento de arquivamento do inquérito.

O Juiz, concordando com o MP homologa o arquivamento do I.P, discordando (art. 28,


CPP) remete os autos ao PGJ (esfera estadual), se a esfera for Federal é remetido
para a Câmara de Coordenação e revisão criminal do MPF.

Recebido os autos pelo PGJ, este tem duas opções;


Concorda com o MP 
Arquivamento.
Discorda do MP 
Ele mesmo oferece a denúncia ou designa outro membro do MP
que é obrigado a fazê-la. (“longa manus” do PGJ).

OBS.: no caso de ser esfera Federal, substitui-se o PGJ pela Câmara de coordenação
e revisão criminal.

Arquivamento indireto

Ocorre quando o membro do MP não possui atribuição para atuar naquele caso,
sendo o I.P enviado a um juízo criminal competente.

Se ocorrer assim, o deferimento do envio dos autos do I.P a novo juízo criminal,
ocorrerá assim o arquivamento indireto no juízo anterior, sendo que os autos
tramitarão no novo juízo.

Desarquivamento

Para a doutrina não há que se falar em coisa julgada, pois no âmbito do I.P a decisão
do juiz não seria ato judicial.

Para a jurisprudência, em linhas gerais, forma coisa julgada formal, podendo esta ser
revista, cabendo o desarquivamento nos casos em que haja novas provas ou novos
fatos.

Sumula. 524, STF


Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não
pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

32/68
Se o arquivamento faz coisa julgada material, sendo assim, imutável, mesmo com
novas provas não poderá ser desarquivado.

O STF e STJ entendem que não é cabível o desarquivamento se há a atipicidade do


fato.

No informativo 858 o STF entendeu que o arquivamento com base em excludentes de


ilicitude não faz coisa julgada material.
“O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em
provas fraudadas não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info 858).

Obs1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude
pode ser reaberto mesmo que não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for
com provas fraudadas, como no caso acima, com maior razão pode ser feito o
desarquivamento.
Obs2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito policial
baseado em excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não
pode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/02/2015”.

Termo Circunstanciado
No âmbito do Juizado Especial Criminal, o qual julga crimes de menor potencial
ofensivo, ou seja, as contravenções penais e os crimes cujas penas não excedam a 2
anos, não há necessidade de instauração de IP. O art. 69 da Lei 9.099/95, prevê que a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando as requisições dos exames periciais.

Trata-se de um relatório sumário, contendo a identificação das partes envolvidas, a


menção à infração praticada, bem como todos os dados básicos e fundamentais que
possibilitem a perfeita individualização dos fatos, a indicação das provas, com rol de
testemunhas, quando houver.

É elaborada pela autoridade policial, conforme previsão expressa no art. 69 da Lei


9099/95. O STF reconheceu que a lavratura de referido documento pela Polícia Militar
configuraria hipótese de usurpação de atribuições exclusivas da policia Judiciária.

33/68
AÇÃO PENAL

A ação penal é conceituada como o direito de postular ao Estado a aplicação de


sanção correspondente a uma infração penal incriminadora, levando em conta a
natureza do crime praticado. Trata-se, portanto do direito de buscar tutela jurisdicional
junto ao Estado.

As espécies de ação penal estão descritas no código penal, art. 24 e 100.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público,
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Ação pública e de iniciativa privada

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige,
de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha


qualidade para representá-lo.

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério
Público não oferece denúncia no prazo legal.

§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

Ação Penal Pública 


Promovida pelo Ministério Público.
Ação Penal Privada 
Ofendido, representante legal ou sucessor.

As ações penais têm como qualquer outra ação, pressupostos para que este seja
postulada, quais sejam;

a) Existência de um fato, ou seja, a materialidade.


b) Condições de autoria, ou seja, que este fato seja imputado a alguém.
c) Construção da materialidade normativa, ou seja, a construção de uma ação
típica, ilícita e culpável.

34/68
d) Não incidência de extinção de punibilidade.

Condições da Ação

Como anteriormente dito, a ação penal tem características comuns aos outros
processos, e deles decorrem;

Interesse de agir: Esta característica é presumida na ação penal, pois sem ela, não
há de se alcançar o resultado a que se pretende obter.

Legitimidade: Em regra a legitimidade para postular o direito de ação é do Estado,


porém, em forma excepcional, o Estado permite, face a sua inércia que a ação seja
intentada pela vítima.

Possibilidade Jurídica do pedido: Diferentemente do processo civil, no processo


penal a possibilidade jurídica do pedido deve estar expressa no ordenamento jurídico,
ou seja, o pedido não poderá ultrapassar os limites legais, a conduta deverá ser
escrita como uma conduta criminosa.

Princípios da ação penal

Obrigatoriedade ou Legalidade Processual: O Ministério Público tem o DEVER de


iniciar a ação penal.
Exceção 
Juizado Criminal
Indisponibilidade: O Ministério Público não poderá desistir da ação penal por ele
interposta, hipóteses prevista no art. 42, CPP.

Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Oficialidade: O processo penal deverá ser promovido por órgão oficial.

Oficiosidade: O Ministério Público tem o dever de iniciar a ação penal.

Autoritáriadade: A autoridade pública é quem inicia a ação penal.


Indisponibilidade:

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Intranscendência ou pessoalidade: Este princípio assegura que a ação penal só
pode ser imposta ao autor da infração penal, sendo vedado que atinja seus
sucessores ou responsáveis civis.

Indivisibilidade: A ação penal é indivisível, como assegura o art. 48, CPP.

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

Assim, não é possível optar por apenas a punição face de um ou algum dos autores do fato.

Espécies de ação penal

As ações penais dividem-se em Pública e Privada.

Ação penal pública é aquela em que é intentada pelo Ministério Público que
subdivide-se em Pública Incondicionada e Condicionada.

Ação penal privada é aquela em que o ofendido ou seu representante legal a


promoverá.
Ação Penal Pública

Ação penal Pública se dá com a denúncia pelo Ministério Público, e, este promoverá a
ação sem que haja intervenção de ninguém.

A ação penal pública é desdobra-se em dois tipos;

Pública Condicionada

É aquela que necessita de certa condição para que se inicie, pode ser a manifestação
do ofendido, ou a requisição do Ministro da Justiça, como dito anteriormente.

Além das condições genéricas, a ação penal pública possui condições que lhe são
específicas, ou seja, condições de procedibilidade.

Representação da vítima ( delatio criminis postulatória )

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Segundo Fernando Capez, a natureza jurídica da representação é a manifestação de
vontade do ofendido ou de seu representante legal em autorizar o desencadeamento
da persecução penal.

A delatio criminis postulatória configura-se com a comunicação do delito em conjunto


com o requerimento de providências.

Não há que se falar em qualquer formalidade para o requerimento, pois pode ser
escrito ou oral, como assegura o código de processo penal em seu artigo 39.

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.

Da legitimidade

Alcançando a esfera pessoal do ofendido, é ele que tem a capacidade postulatória


para autorizar a ação penal. Desde que o ofendido seja maior e capaz.
No caso de se tratar de menor de 18 anos ou incapaz, a representação poderá ser
oferecida por representante legal ou por qualquer pessoa que tenha sob sua guarda,
salvo nos casos em que se colidam os interesses do menor ou incapaz com de seus
representantes, sendo esta hipótese sanada de ofício pelo Juiz, ou a requerimento do
MP, que designará um curador especial.

Cabe ressaltar que, na ausência (declarada pode decisão judicial) ou morte do


ofendido, poderão oferecer queixa ou prosseguir na ação penal os seguintes;

Cônjuge, Ascendente, Descendente ou irmãos do ofendido.

Da discricionariedade e prazo para o oferecimento

O direito à representação é uma faculdade do ofendido ou seu representante legal,


neste caso, não há dever algum, sendo por conveniência dos legitimados.

Cabe lembrar que, não é a qualquer tempo que o ofendido poderá oferecer a queixa
ou representação, visto que o prazo decadencial se dá com seis meses, contados a

37/68
saber da autoria do fato, ou do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da
denúncia por parte do M.P.

Assim aduz o art. 38, CPP.

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no
direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em
que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do


mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

No caso em que a vítima for menos de 18 anos, ou se possuir incapacidade por


doença mental, o prazo não correrá enquanto não cessar a incapacidade (mental ou
por idade), porém, se o autor do delito for conhecido pelo representante legal o prazo
corre normalmente.

Da retratação

A representação, como aduz o CPP, art. 25, é irretratável após o oferecimento da


denúncia.

Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

Nos casos em que há violência doméstica ou familiar, a retratação se dará apenas em


audiência específica para este fim, sendo este um caso de exceção no que diz
respeito à retratação.

Art. 16 da Lei nº 11.340/06.


Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata
esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o
Ministério Público.

Cabe lembrar que, no caso da lei Maria da Penha, o STF entendeu que só caberá a
audiência, se, nos autos do processo houver indícios de retratação pela vítima, através
de declaração.

38/68
a) Requisição do Ministro da Justiça nos casos em que há interesse político,
nestes casos, o CPP elenca duas hipóteses;

Nos crimes praticados por estrangeiros fora do Brasil, art. 7,§3º, b, CP

“Art. 7º”...

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Nos crimes contra a honra do Presidente da república, art. 145, § único.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I


do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II
o
do mesmo artigo, bem como no caso do § 3 do art. 140 deste Código.

Neste caso, a ação continua sendo pública, porém, se desencadeará por requisição do
Ministro da Justiça. Trata-se assim, de legitimidade personalíssima do Ministro da
Justiça.

Observa-se que o código não traz o prazo para o oferecimento da requisição, sendo
entendido que o Ministro da Justiça poderá oferecer a qualquer tempo, não
extrapolando os limites das causas de excludente de punibilidade do agente.

No que diz respeito à retratação da requisição, a doutrina majoritária, incluindo


Eugênio Pacceli, entende ser plenamente cabível, desde que seja anterior ao
oferecimento da denúncia, como se lê;

“Finalmente, e embora não seja previsto expressamente no art. 25 do CPP – que se refere
apenas à representação –, e pelas mesmas razões já alinhadas, não vemos como recusar a
possibilidade de retratação também da requisição já apresentada pelo Ministro da Justiça,
bastando apenas que seja feita antes do oferecimento da denúncia.”

Ação Penal Privada

Ação penal privada é aquela em que o estado transfere a legitimidade ativa para o
ofendido ou seu representante legal, cabendo a estes avaliar a conveniência e
oportunidade para instaurar a ação penal privada.

39/68
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação
privada.

O Artigo 33, CPP, prevê que, se o ofendido for menor ou com patologia mental, ou
ainda se não tiver representante legal, poderá ser exercido seu direito à queixa por
curador especial;

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
competente para o processo penal.

Princípios da ação penal privada

Disponibilidade; trata-se a ação penal privada de discricionariedade do ofendido,


faculdade de oferecer a queixa.

Conveniência e oportunidade; trata-se de iniciar a ação se assim o entender por


bem.

Indivisibilidade: Art. 48, CPP

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

Intranscêndencia ou pessoalidade; a queixa será dirigida apenas ao autor da


infração penal.

Cabe lembrar que, o querelante poderá renunciar do direito de propor a ação penal,
isso por meio de uma manifestação de sua vontade, e, neste caso, será de forma
expressa ou tácita, sendo que a forma tácita se dá quando o ofendido pratica atos
incompatíveis com o prosseguimento da ação, nos termos do art. 104, CP;

40/68
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa

Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.

Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade
de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo
crime.

Espécies de ação penal privada

Ação penal exclusivamente privada


Tal ação penal ocorre quando os legitimados ativos podem ser vistos de forma ampla,
ou seja, legitimidade do ofendido ou seu representante legal, do curador especial, dos
sucessores.

Ação Penal Privada personalíssima


São as hipóteses em que apenas o ofendido poderá ser o legitimado, tal como ocorre
no art. 236, CP;

Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento


Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe
impedimento que não seja casamento anterior:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.


Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada
senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o
casamento.

Ação penal Privada subsidiária da pública

Ocorre se, decorrido o prazo de oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, este
não a oferecer, é admitido que o particular intente a ação penal, sendo de forma
subsidiária.
No entendimento de Paccelli:

A ação privada subsidiária da pública, conforme se encontra na história da evolução dos


sistemas processuais do mundo ocidental, nada mais é, então, que o reconhecimento explícito
da existência do interesse também privado na imposição de sanção penal ao autor do fato
criminoso.

Ocorre que o particular só poderá intentar a ação penal em casos de plena inércia do
MP, e, neste caso, o prazo será de seis meses depois de transcorrido o prazo do
Ministério Público.

41/68
Ação Penal nos Crimes contra a dignidade sexual

A regra é q que consta no art. 225, CP.

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação
penal pública condicionada à representação.

Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a


vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.

A lei 12.015/09 modificou diversos tipos legais e pôs fim à ação penal privada para os
crimes contra a dignidade sexual.

Desde então, os referidos crimes tem se assentado na ação penal pública,


condicionada a representação do ofendido, sendo por via de exceção tratados no
parágrafo único do artigo 225, sendo na hipótese de vítima menor de 18 anos ou
pessoa vulnerável.

Importa salientar que para o STJ, se a vulnerabilidade for permanente, a ação penal
será pública incondicionada, e se a vulnerabilidade for temporária, será condicionada a
representação, como descreve o informativo 553/STJ.

Procede-se mediante ação penal condicionada à representação no crime de estupro


praticado contra vítima que, por estar desacordada em razão de ter sido anteriormente
agredida, era incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos
libidinosos. De fato, segundo o art. 225 do CP, o crime de estupro, em qualquer de suas
formas, é, em regra, de ação penal pública condicionada à representação, sendo, apenas em
duas hipóteses, de ação penal pública incondicionada, quais sejam, vítima menor de 18 anos
ou pessoa vulnerável. A própria doutrina reconhece a existência de certa confusão na previsão
contida no art. 225, caput e parágrafo único, do CP, o qual, ao mesmo tempo em que prevê ser
a ação penal pública condicionada à representação a regra tanto para os crimes contra a
liberdade sexual quanto para os crimes sexuais contra vulnerável, parece dispor que a ação
penal do crime de estupro de vulnerável é sempre incondicionada. A interpretação que deve
ser dada ao referido dispositivo legal é a de que, em relação à vítima possuidora de
incapacidade permanente de oferecer resistência à prática dos atos libidinosos, a ação penal
seria sempre incondicionada. Mas, em se tratando de pessoa incapaz de oferecer resistência
apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos – não sendo considerada pessoa
vulnerável –, a ação penal permanece condicionada à representação da vítima, da qual não
pode ser retirada a escolha de evitar o strepitusjudicii. Com este entendimento, afasta-se a
interpretação no sentido de que qualquer crime de estupro de vulnerável seria de ação penal
pública incondicionada, preservando-se o sentido da redação do caput do art. 225 do CP. HC
276.510-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/11/2014, DJe 1º/12/2014.

Denúncia ou Queixa

A denúncia ou queixa é a peça inicial da ação penal, que é prevista no art. 41, CPP;

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Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

Requisitos Obrigatórios

Dão requisitos que se não preenchidos a peça acusatória se torna inepta.

 Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; Narrativa


do crime, bem como circunstancias de tempo, lugar, autoria.

 Qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa


identificá-lo: Nota-se que a insuficiência de dados não afasta a possibilidade
da denúncia.

 Classificação do crime: este requisito indica o crime praticado, tipificação da


conduta delituosa.

Observa-se que o artigo traz o rol de testemunhas como sendo facultativo

No que se refere à exposição do fato criminoso e qualificação do acusado, estes


requisitos se fazem necessários para o alcance da aplicação da lei penal bem como
do contraditório e ampla defesa.

Na hipótese de concurso de agentes, assegura Nucci que, a denúncia deverá conter a


precisa participação de cada um deles, porém, os tribunais tem visto isso com certa
dificuldade a depender do caso concreto, levando a flexibilização deste requisito como
de denúncia genérica quanto aos autores.

O prazo para o oferecimento da denúncia em regra é de 15 dias estando o acusado


solto ou de 5dias estando preso, conforme art. 46, CPP.

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à
autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos.

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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Jurisdição
Jurisdição é o poder soberano do Estado de dizer o direito no caso concreto,
resolvendo conflitos, em substituição à vontade das partes.

Características da jurisdição
 Substitutividade: implica na atuação do Estado em substituição à vontade
das partes na resolução das lides, o que impede, em regra, a autotutela.
 Inércia: para atuarem, os órgãos jurisdicionais, em regra, precisam ser
provocados – ne procedat judex ex officio.
 Existência de lide: para o exercício da jurisdição, pressupõe uma lide, um
conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida (Carnelutti),
posicionamento que prevalece; porém, para Távora, no processo penal, na há,
em regra, um conflito de interesses, já que a defesa e acusação possuem o
mesmo objetivo, que é o justo provimento jurisdicional. O MP deixou de ser
mero órgão de acusação, passando a funcionar como fiscal da lei e guardião
da sociedade.
 Atuação do direito: é objetivo da jurisdição a aplicação do direito no caso
concreto, resolvendo-se a lide, para que seja garantida a paz social.
 Imutabilidade: a jurisdição tem o seu exercício concluído em uma sentença,
que, visando a pacificação social, deve ter caráter definitivo, salvo exceções
expressamente previstas em lei, como a revisão criminal pro reo.

Princípios da jurisdição criminal


 Investidura: é necessário ser magistrado, devidamente investido na função.
 Indeclinabilidade: o juiz não pode abster-se de julgar os casos que lhes forem
apresentados – proibição do non liquet.
 Inevitabilidade ou irrecusabilidade: É imposta, não está sujeita à vontade
das partes.
 Idelegabilidade: não pode ser delegada a função jurisdicional a quem não
possui. Lembrando que a carta precatória e carta de ordem não implicam em
delegação da jurisdição, mas sim em delegação de competência.
 Juiz natural: art. 5º, LIII CR/88, ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente e inciso XXXVII não haverá juiz de exceção.
 Inafastabilidade: a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou
ameaça a direito art. 5º, XXXV da CR/88.

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 Devido processo legal: também com previsão constitucional no art. 5º, LIV
ninguém será privado da liberdade ou de seu bem sem o devido processo
legal.
 Unidade: É uma; pertencente ao Poder Judiciário, diferenciando-se apenas no
tocante à sua aplicação e grau de especialização, podendo ser civil – federal
ou estadual; penal – federal ou estadual; militar – federal ou estadual; eleitoral
ou trabalhista;

Competência
É a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional ode ser exercido.
Todo juiz possui jurisdição, mas a competência não. O STF tem competência sobre
todo o território nacional, enquanto um juiz de direito tem competência apenas na
comarca em que exerce as suas funções.

A competência pode ser:

Absoluta: não permite prorrogação, por envolver interesse público, podendo ser
arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de oficio, sua
não observância gera nulidade de todos os atos praticados no feito. Há três hipóteses
de competência absoluta:

 Competência em razão da matéria – ratione materiae: é aquela que leva em


contra a natureza da infração a ser julgada. É o que ocorre, por exemplo, nos
crimes eleitorais a competência é da Justiça Eleitoral; crimes militares,
competência da Justiça Militar; tribunal do júri para processar e julgar os crimes
dolosos contra a vida.
 Competência por prerrogativa de função – ratione personae: leva em conta
o cargo público ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração
penal – foro por prerrogativa de função. Para Renato Brasileiro essa espécie
de competência, de modo algum guarda qualquer relação com a pessoa do
acusado, mas sim com as funções por ele desempenhadas, razão pela qual
entende que o termo ratione personae não seria apropriado, entendendo ser
apropriado o termo ratione funcionae.
 Competência funcional: considera a distribuição dos atos processuais
praticados; a competência é fixada conforme a função que cada um dos vários
órgãos jurisdicionais exerce em um processo envolve os seguintes critérios:
 Fase do processo: dois juízes atuam em fases distintas
do feito; um juiz instrui e sentencia a causa criminal outro

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é responsável pela fase de execução penal – art. 65 da
LEP;
 Objeto do juízo: distribuição de tarefas dentro de um
mesmo processo; como ocorre no tribunal do júri, em
que o juiz-presidente é responsável pela resolução das
questões de direito, pela prolação da sentença e pela
dosimetria da pena, e os jurados são competentes para a
votação dos quesitos;
 Grau de jurisdição: também chamado de competência
funcional vertical, resulta no duplo grau de jurisdição,
com o oferecimento de recursos, ou na competência
originaria dos Tribunais, em casos de foro por
prerrogativa de função.

Relativa: permite a prorrogação, caso não seja arguida a tempo a incompetência do


foro, pois interessa as partes. Sua inobservância, segundo doutrina majoritária, leva
apenas a nulidade relativa dos atos decisórios – não são anulados os atos instrutórios
– art. 567 do CPP. É hipótese de competência relativa a Competência territorial –
ratione loci: que trata da delimitação da comarca (âmbito da justiça estadual) ou
subseção Judiciária (no âmbito da Justiça Federal) fixação da competência territorial,
seja pelo lugar da infração, pelo domicilio ou residência do réu – art. 69, I e II do CPP.

No processo penal poder ser reconhecida de oficio pelo juiz – a súmula 33 do STJ: A
incompetência relativa não pode ser declarada de oficio, só tem aplicabilidade no
processo civil.

Doutrina majoritária entende que a declaração de oficio só poderá ocorrer até a


absolvição sumária, art. 397 CPP, quanto à defesa poderá alegar a matéria até o
prazo final de apresentação da resposta escrita à acusação, que é de dez dias, sob
pena de preclusão –art. 396 CPP.

Competência territorial – Ratione Loci


O lugar da infração penal como regra geral – art. 70 CPP

Adota-se como regra geral o local em que ocorreu a consumação do delito ou, no caso
de tentativa, o local em que foi praticado o último ato de execução – teoria do
resultado (local do resultado).

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Sendo incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção – art. 70, § 3º do CPP –
adoção excepcional da teoria da ubiquidade ou mista ou eclética – local da ação ou
omissão ou local do resultado.

Nos casos de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas


ou mais jurisdições, art. 71 do CPP, a competência também será pela prevenção –
teoria da ubiquidade.

Nos crimes à distância (aquele em que a ação ou omissão ocorre em um país e o


resultado em outro), aplica-se também por exceção a teoria da ubiquidade – art. 6º do
CP considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu ação ou omissão, no todo
ou em parte, bem como onde produziu ou deveria produzir-se o resultado – para o
Direito Penal, para o lugar do crime aplica-se a teoria da ubiquidade, e no
processo para definição do juízo territorial competente a regra é a teoria do
resultado.

Nos casos que permitem a aplicação da Lei penal brasileiro, para crimes cometidos no
estrangeiro (extraterritorialidade), pode-se afirmar que será competente o juízo do
local da ação ou omissão ou do resultado – teoria da ubiquidade.

Exemplo: o indivíduo envia pelos correios do Brasil uma carta-bomba dirigida ao


Presidente da República que se encontra na Argentina, e provoca sua morte (art. 7º, I,
‘a’ do CP), incidindo a Lei penal brasileira, aplica-se para fins de definição do foro
competente a regra prevista no art. 70 § 1º do CPP, se iniciada a execução no
território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada
pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil o ultimo ato de execução. No
exemplo será competente o foro do local do Brasil em que o agente enviou a carta
pelos correios.

Porém, se o ultimo ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado – art. 70 § 2º.

Obs: os crimes à distância não se confundem com os plurilocais, inclusive para fins de
definição do foro competente. Crimes plurilocais são aqueles nos quais a ação ou
omissão se dá em um lugar e o resultado em outro, ambos os locais se encontro
dentro do mesmo território (crimes a distância envolvem países distintos). Plurilocal

47/68
seria o caso de um indivíduo que envia carta-bomba dos correios de uma capital para
outra (brasileiras) provocando a morte de uma pessoa, nestes casos aplica-se, em
regra, a teoria do resultado – art. 70. Neste caso o foro seria do local onde ocorreu a
morte (destinatário).

Porém, há entendimento jurisprudencial no sentido de que, no caso de homicídio,


deve prevalecer o juízo da ação ou da omissão – teoria da atividade, como forma de
privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova, bem como para garantir
uma efetiva resposta à sociedade do local em que o crime foi executado. Alterando-se
o foro para o local onde a carta foi remetida (local da ação) – posicionamento do STJ
no informativo 489 e STF no informativo 715.

Para os crimes preterdolosos ou qualificados pelo resultado, aplica-se, regra, a teoria


do resultado – art. 70 do CPP. Nucci tem entendimento contrário, no sentido de que
deve se aplicar a teoria da atividade como forma de privilegiar a verdade real e facilitar
a colheita de prova.

No crime de estelionato praticado pela emissão de cheque sem fundo (art. 171, § 2, VI
CP), o juízo competente é o do local onde houver a recusa do pagamento do cheque,
conforme súmula 521 do STF e Sumula 244 do STJ. Já o crime de estelionato
praticado mediante falsificação de cheque, a regra é diversa, sendo competente o
local da obtenção da vantagem ilícita – súmula 48 do STJ. Conforme o STJ compete
ao juízo do foro onde se encontra localizada a agencia bancaria por meio da qual o
suposto estelionatário recebeu o proveito do crime, e não ao juízo do foro em que está
situada a agencia da qual a vitima possui conta, processar a persecução penal
instaurada para apurar o crime de estelionato no qual a vitima teria sido induzida a
depositar determinada quantia na conta pessoal do agente do delito – informativo 565
– as regras para o julgamento de estelionato decorrem da teria do resultado.

Para o crime de contrabando ou descaminha, o juízo competente é definido pela


prevenção do Juízo Federal do luar da apreensão dos bens – súmula 151 STJ.

Nas infrações de menor potencial ofensivo, art. 63 da Lei 9.099/95 a competência para
o julgamento é o local onde foi praticada a infração, que, pelo entendimento
majoritário, é o local da ação ou da omissão – teoria da atividade.

Para os crimes de impressa, Lei 5.520/67, o STF na ADPF 130 julgou pela não
recepção ou revogação de toda a referida lei, portanto, aplica-se a regra geral do art.
70 CPP. Antes, segundo referida Lei, o foro competente era o definido pelo local da

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impressão do jornal ou periódico, e pelo local onde estiver situado o estúdio do
permissionário ou concessionário do serviço de radiodifusão, bem como o da
administração principal da agencia noticiosa.

Domicilio ou residência do réu como foro supletivo – art. 72 do CPP


Não sabendo o local da consumação do crime, aplica-se a regra supletiva do foro do
domicílio ou residência do réu. Havendo mais de um domicílio ou residência a
competência será fixada pela prevenção – art. 72 § 1º do CPP. Se o réu não tiver
residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro
tomar conhecimento do fato – art. 72 § 2º do CPP.

Na Ação penal exclusivamente privada – art. 73 CPP, e nas personalíssimas, mesmo


que conhecido o local da infração, o querelante pode optar pelo foro do domicílio ou
residência do réu.

Competência em razão da matéria ratione materiae, ou pela natureza da infração


– art. 74 CPP
 Competência do Tribunal do Júri: Julga os crimes dolosos contra a vida,
arts. 121 a 127 do CP, consumado ou tentados (art. 74, § 1º CPP). Não julga
os crimes com resultado morte, como o latrocínio (súmula 603 STF), estupro
seguindo de morte, lesão corporal seguida de morte.

A competência é constitucional, art. 5º XXXVIII, “d”, pode ser ampliada, ou


seja, Lei ordinária pode disciplinar que outros crimes ficaram sujeitos ao
julgamento do Tribunal do Júri, mas não pode disciplinar que algum crime
doloso contra a vida deixará de ser julgado pelo referido tribunal.

Será competente ainda para o julgamento dos crimes conexos ou continentes


aos crimes dolosos contra a vida.

Poderá ocorrer a desclassificação dos crimes que não sejam dolosos contra a
vida, quando indicará o órgão jurisdicional que passará a ter a competência
para o seu julgamento:
 Se a desclassificação é feita pelo juiz no momento da
análise da pronúncia do réu, os autos devem ser
remetidos ao juízo competente (art. 74 § 3º CPP): caso
não haja alteração fática do delito, mas sim novo
enquadramento legal, não é necessário o aditamento da
inicial, sendo recomendável, porém, em respeito ao
contraditório, que o juízo competente possibilite que as
partes se manifestem, inclusive indicando provas,
requerendo diligências e apresentando alegações finais.
Lado outro, se houver alteração fática do delito por força
da desclassificação, deve o juízo competente determinar

49/68
que o autor da ação penal adite a inicial – mutatio libelli,
art. 384 do CPP), indicando provas, após o que a defesa
deve se manifestar, prosseguindo-se logo após a
instrução criminal (Nucci, Tavora).
 Se a desclassificação do crime doloso contra a vida é
feita pelo Conselho de Sentença em plenário, o juiz-
presidente do Tribunal do Júri é quem vai julgar
singularmente o feito, não o remetendo ao juízo
competente, por economia processual – art. 74 § 3º, e
art. 492 § 1º do CPP: O mesmo raciocínio se aplica se há
um crime doloso contra a vida e um crime conexo ou
continente de outra natureza – não doloso contra a vida:
feita a desclassificação do crime doloso contra a vida, o
juiz-presidente do Tribunal do júri julgará o crime conexo
ou continente – art. 492 § 2º do CPP. Em ambas as
situações, se, por força de desclassificação, for possível
a aplicação dos institutos previstos na Lei 9.099/95, o
magistrado assim deverá proceder, conforme disposto no
art. 492, § 1º CPP.

 Competência da justiça Eleitoral: compete julgar os crimes eleitorais e


aqueles que lhes são conexos ou continentes, tem previsão constitucional nos
arts. 118 e 121 da CR/88. O STJ já decidiu que compete a Justiça Federal, e
não a eleitoral, processar e julgar o crime caracterizado pela destruição do
título eleitoral de terceiro, quando não houver qualquer vinculação com pleitos
eleitorais e o intuito for, somente impedir a identificação pessoal – informativo
555.
Conexão entre crime eleitoral e crime doloso contra a vida: ambos têm
competência prevista na constituição, nos dois casos, a competência é
especializada, havendo conexão entre os crimes deve proceder a separação; o
crime eleitoral será julgado pela justiça Eleitoral e o crime doloso contra a vida
pelo Tribunal do Júri – posicionamento majoritário na doutrina.

 Competência da Justiça Militar: É prevista na CR/88, art. 125 §§ 3º e 5º. A


Lei estadual poderá criar, mediante proposta do TJ, a Justiça Militar estadual,
que é constituída em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos
de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio TJ ou por Tribunal de Justiça
Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

Compete processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares


definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,

50/68
ressalvada a competência do Júri quando a vitima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças – art. 125 § 4º da CR.

Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente,


os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência do
juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

A competência territorial da justiça militar estadual é estipulada pelo local em


que o policial estadual exerce as suas funções, pouco importando o Estado-
Membro onde houve a consumação do delito – súmula 78 do STJ: compete à
Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o
delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.

O crime de abuso de autoridade é crime comum, portanto será julgado pela


justiça comum, ainda que cometido por militar – súmula 172 do STJ Compete á
Justiça Comum Estadual processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, ainda que praticado em serviço.

Conexão entre crime militar e crime comum: haverá disjunção (separação)


do feito, por força do art. 79, I do CPP e súmula 90 do STJ: Compete à justiça
Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar,
e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.
Obs: súmula 53 STJ: Compete à justiça Comum Estadual processar e julgar
civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais.
Obs: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil deverá ser
julgado pela justiça Comum (Tribunal do Júri), art. 9º paragrafo único do CPM.
No entanto, quando o crime desta natureza for praticado no contexto de ação
militar realizada na forma do art. 303 do Código Brasileiro de Aeronáutica, a
competência será da Justiça Militar.

 Competência da justiça Federal – art. 109 CR/88: É expressa e taxativa,


enquanto a competência da justiça Estadual é residual. Havendo conexão ou
continência entre crime de competência da Justiça Federal e crime de
competência da Estadual prevalece a Justiça Federal – súmula 122 do STJ.

51/68
Não há hierarquia entre Justiça Federal e Estadual, pois ambas é da justiça
comum, porém entende-se que a Justiça Federal é especial em relação a
Estadual.

As hipóteses de competência da Justiça Federal de primeiro grau estão


previstas nos incisos IV, V, V-A, cc § 5º, VI, VII, IX, X, XI e § 3º do art. 109 da
CR/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV. os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas púbica,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral.

Exceções: nos termos da súmula 38 do STJ compete à justiça comum, na


vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda
que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União e de
suas entidades. De igual forma, é de competência da justiça estadual o
julgamento de contravenções penais, mesmo que conexas com delitos de
competência da Justiça Federa – informativo STJ 511.

As regras de competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral também


devem prevalecer sobre a regra de competência tratada no dispositivo
constitucional – súmula vinculante 36 Compete à Justiça Federal comum
processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de
documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e
Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação Amador (CHA), ainda que
expedidas pela Marinha do Brasil.

Havendo conexão entre crime eleitoral e crime de competência da Justiça


Federal, deverá ocorrer a disjunção – STJ conflito de competência 126729.

Quantos os crimes cometido contra Conselhos de fiscalização profissional,


como OAB, deve ser julgado pela Justiça Federal.

O simples fato de um réu ser servidor público federal não atrai a competência
para a justiça federal. Para fins de definição desta competência, é preciso,
além disso, que o crime viole bens, serviços ou interesses da União e de suas

52/68
autarquias públicas ou empresas públicas, conforme entendimento do STJ –
informativo 430.
No que se refere ao delito previsto no art. 304 do CP (uso de documento falso)
deve ser fixada com base na qualificação do órgão ou entidade à qual foi
apresentado o documento falsificado, não importando, em princípio, a natureza
do órgão responsável pela expedição do documento – súmula do STJ 546 A
competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor.

No delito do art. 297 § 4º, omissão de anotação de vinculo empregatício na


CTPS, a terceira Seção do STJ modificou o entendimento, passando a
reconhecer que tal competência deve ser atribuída ao Juízo Federal, pois o
sujeito passivo é o Estado – informativo 554.

Súmulas do STJ aplicáveis ao assunto:


Súmula 62 Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa
privada;
Súmula 73 A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado confira, em
tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 104 Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes
de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular
de ensino.
Súmula 147 Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da
função.
Súmula 165 Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso
testemunho cometido no processo trabalhista.
Súmula 200 O juízo Federal compete para processar e julgar acusado de crime
de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito consumou.
Súmula 208 Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209 Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio do município.

53/68
Obs: quando o agente utiliza papel-moeda que não é grosseiramente
falsificado, responderá pelo crime contra a fé pública, previsto no art. 289 § 1º
do CP (moeda falsa), o qual, por lesar diretamente os interesses da União, é
de competência da justiça Federal, nos moldes do art. 109, IV da CR/88 –
entendimento do STJ no conflito de competência 119010/PR.

V. os crimes previstos em tratados ou convenção internacional, quando, iniciada a


execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

Registra-se ainda, que quanto ao crime de tráfico internacional de drogas a


competência será da Justiça Federal quando o tráfico for para o exterior –
súmula 522 STF Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a
competência será da justiça Federal, compete à justiça dos Estados o processo
e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes; e súmula 528 do STJ
Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior
pela via posta processar e julgar o crime de tráfico internacional.

Os crimes dos art. 241 e 241-A do ECA , quando envolverem a rede mundial
de computadores, serão julgados pela Justiça Federal, no local em que o
material pornográfico foi publicado, que é o local da consumação do delito –
art. 70 CPP, não importando o local onde se encontra o provedor em que o
material está armazenado ou onde foi visualizado. Não sendo identificado o
responsável e o local em que ocorreu o ato de publicação de imagens pedófilo-
pornográficas, competirá ao juízo federal que primeiro tomar conhecimento do
fato apurar o suposto crime – critério da prevenção do art. 72, § 2º CPP.

O simples fato de o delito ter sido cometido por meio da rede mundial de
computadores, mesmo que em páginas eletrônicas internacionais, não atrai por
si só, a competência da justiça Federal. Para que haja o deslocamento para a
Justiça Federal, é preciso que o crime ofenda a bens, serviços ou interesses da
União ou esteja previsto em tratado ou convenção internacional em que o
Brasil se comprometeu a combater, como, as mensagens que vinculem
pornografia infantil, racismo, xenofobia, etc. Já os crimes de incitação à
discriminação cometido via internet, contra pessoas determinadas que não

54/68
ultrapassam as fronteiras territoriais brasileiras, o STF decidiu que compete a
justiça Estadual – informativo 744.

V-A. as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste art.


(...)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral
da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a justiça Federal.

O art. 109 § 5º traz o chamado incidente de deslocamento de competência,


ou como ficou popularmente conhecido, federalização dos crimes envolvendo
direitos humanos. Esse incidente tem por objetivo assegurar e preservar a
competência da justiça Federal, competência absoluta, para processar e julgar
crimes que envolvam grave violação a direitos humanos previsto em
tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário, caso os magistrados
e delegado de polícias estaduais não declinem de ofício, respectivamente, de
sua competência e atribuição ou não reconheçam a procedência da exceção
de incompetência do juiz oferecida pela parte.

Havendo instauração de IP na esfera estadual, será mera irregularidade, sendo


possível o aproveitamento por parte da Polícia Federal. No entanto, se houve
início de processo criminal na Justiça Estadual, todos os atos serão nulos – art.
564, I e 573 do CPP.

Referido incidente é suscitado pelo PGR perante o STJ, em qualquer fase do


IP ou do processo.

O incidente foi suscitado no caso da missionária americana Doroty Stang,


assassinada no Pará, no entanto o STJ não acolheu o incidente, ao argumento
de que, além da violação de direitos humanos previstos em tratados ou
convenção internacional do qual o Brasil seja signatário, seria preciso também
que a polícia ou justiça estaduais não cumprissem o seu papel, isto é, seria

55/68
necessário que houvesse algum empecilho na esfera estadual que
dificultasse ou impedisse o êxito das investigações ou do processo.

Alguns doutrinadores, como Rogério Sanches, apontam para


inconstitucionalidade do IDC, sob o argumento de que ele violaria os princípios
constitucionais do juiz e do promotor natural – pois criaria regra de
competência que só seria fixada de acordo com conceitos fluidos, como grave
violação de direito humanos, e com o subjetivismo do PGR, que poderia ou
não, a seu juízo instaurar o incidente - ; da ampla defesa, já que não se permite
a impugnação do incidente por parte de interessados, principalmente do MP, e
do pacto federativo, já que implica em intervenção federal nos Estados fora das
hipóteses previstas na própria Constituição Federal no art. 34, I a VII (tramita
no STF a ADI 3486/DF para atacar referido incidente).

VI. Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por


lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

Nos crimes contra a organização do trabalho, arts. 197 a 207 do CP, o STJ e o
STF entendem que só incide a competência da Justiça Federal no caso de
ofensa às instituições do trabalho ou aos direitos coletivos dos trabalhadores.
Assim seriam de competência da justiça Federal os crimes previstos nos arts.
201, 202, 204, 206 e 207 do CP, e da Justiça Estadual o crime previsto no art.
205 CP; e nos art. 197 a 203 do CP, conforme o caso, poderão ser de uma ou
de outra justiça.

Quanto aos crimes contra o sistema financeiro nacional, previstos na Lei


7.492/86, art. 26, assevera que nos crimes nele previstos, a ação será
promovida pelo MPF, perante a justiça Federal. E os crimes contra a ordem
econômico-financeira, disciplinados pelas leis nº 8.137/90 e 8.176/91 estas não
trazem previsão expressa de competência da justiça Federal para julgamento
dos crimes contra a ordem econômico-financeira, motivo pelo qual se entende
que, em regra, eles são de competência da Justiça Estadual, somente sendo
julgados pela Justiça Federal se houver violação a bens serviços ou interesse
de ente federal.

56/68
Obs: STF e STJ entendem que no crime de redução à condição análoga à de
escrevo – art. 149 do CP, a competência é da justiça federal, pois haveria
violação à atividade do trabalhador em si, como á dignidade humana do
trabalhador.

VII. os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não esteja diretamente sujeitos a
outra jurisdição.

IX. os crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, ressalvada a competência da


Justiça Militar.

Haverá competência da Justiça Federal se o navio for de grande porte e tiver


capacidade de realizar viagens internacionais – informativo STJ 560.

X. os crimes de ingresso ou permanecia irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as
causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

Referido crime está previsto no art. 338 do CP e no art. 125, XI, XII e XIII da Lei
6815/80. A competência para homologação de sentenças estrangeiras é do
STJ, nos temos do art. 105, I, ‘i’ da CR/88.

XI. a disputa sobre direitos indígenas.


Será de competência da justiça Federal somente a causa que envolver direito
indígena propriamente dito, se o interesse é meramente individual do índio será
julgado na justiça comum estadual – súmula do STJ Compete à justiça Comum
Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou
vítima.

Segundo o STJ compete à justiça Federal, e não Estadual, processa e julgar


ação penal referente aos crimes de calúnia e difamação praticados no contexto
de disputa pela posição de cacique em comunidade indígena – informativo 527.

Segundo entendimento do STF, RE 351487/RR havendo genocídio contra


indícios, será de competência do juiz federal singular (não Júri federal),

§ 3º serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos


segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal e, se

57/68
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.

Hipótese de delegação de competência. Não havendo, no local vara federal,


desde que haja expressa previsão legal nesse sentido, deve atuar no feito o
juiz de direito estadual, e por consequência, o MP do Estado, como se juiz
federal fosse, tanto assim, que eventual recurso deve ser oferecido ao TRF. O
crime de tráfico internacional de drogas era exemplo desta regra. Entretanto, o
art. 70 PU, da Lei 11.343/06 passou a estatuir que e o crime for praticado em
Município que não seja sede de Vara Federal, será processado e Julgado na
vara federal da circunscrição respectiva.

A distribuição como alternativa à competência cumulativa supletiva – art. 75 CPP


A distribuição fixará a competência quando, em um mesmo juízo, existirem juízes
igualmente competentes para julgamento de determinada infração – art. 75 do CPP.

O paragrafo único do art. 75 do CPP traz que a distribuição realizada para efeito de
concessão de fiança, ou decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência
anterior à denúncia ou a queixa (dilação de prazo de conclusão de IP, interceptação
telefônica, comunicação de flagrante etc) prevenirá a ação penal, que será distribuída
por dependência (sorteio).

Competência por conexão e continência – alteração de competência – art. 76 e


77 CPP.
Conexão é o vinculo, o liame dentre duas ou mais infrações penais, que, em regra,
enseja a união entre os feitos para facilitar a produção de prova e para evitar decisões
contraditórias (ela não determina a reunião dos processos se um deles já foi julgado –
súmula 235 STJ, o mesmo se aplica a continência).

Espécies de conexão – art. 76

 Conexão intersubjetiva – art. 76, I CPP: É espécie de conexão em que duas


ou mais infrações, interligadas, são praticadas necessariamente por duas
ou mais pessoas (intersubjetivas). Dividem-se em subespécies:
 Conexão intersubjetiva por simultaneidade – art. 76, I 1ª
parte: ocorrendo duas ou mais infrações praticadas ao

58/68
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas. Sem prévio
ajuste entre os agentes – exemplo saques a estabelecimento
comercial.

 Conexão intersubjetiva por concurso – art. 76, I 2ª parte:


duas ou mais infrações, praticadas por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar – concurso dilatado
no tempo. Há prévio ajuste entre os agentes.

 Conexão intersubjetiva por reciprocidade – art. 76, I, 3ª


parte: duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas,
umas contra as outras. Obs: rixa não é um exemplo desta
espécie, pois é um crime único. Na conexão intersubjetiva por
reciprocidade, deve haver duas ou mais infrações, embora
cometidas em reciprocidade. Exemplo: lesões corporais
reciprocas.

 Conexão objetiva ou material ou consequencial ou logica ou teleológica


ou finalista – art. 76, II: duas ou mais infrações praticadas para facilitar ou
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas. Sem prévio ajuste entre os agentes (o que não ocorre na
hipótese de conexão intersubjetiva por concurso que terá o prévio ajuste).
Exemplo: Capitu mata Bentinho, Pádua presencia tudo. Capitu informa para
Escobar, a respeito da testemunha do fato. Escobar, por conta própria, sem
comunicar ‘Capitu, mata Pádua.

 Conexão instrumental ou probatória ou processual ou ocasional – art. 76,


III: quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração. Imagina a prática de um furto,
repassado a res furtiva a terceira pessoa, que, com isso comete receptação. A
conexão instrumental pode envolver apenas um agente, diferente da conexão
objetiva, que exige a presença, de no mínimo, de dois agentes. Outro exemplo
é a ocultação de cadáver (art. 121 e 211 CP)

Continência: ocorre quando um fato criminoso engloba outro fato desta natureza
– art. 77 CPP, tempo por espécies:

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 Continência em razão do concurso de pessoas ou por cumulação
subjetiva – art. 77, I CPP: duas ou mais pessoas forem acusadas pela
mesma infração. Na continência há apenas uma infração, diferente da
conexão intersubjetiva por concurso, pois haverá duas ou mais infrações.
Exemplo: coautoria em crime de homicídio.

 Continência em razão do concurso formal de crimes ou por


cumulação objetiva – art. 77, II: quando a infração for cometida nas
condições previstas nos artigos. 70, 73, segunda parte e 74 segunda parte
do CP (concurso formal de crimes).

Obs.: conexão e continência nas infrações de menor potencial ofensivo: deve


haver a junção dos feitos, no juízo comum ou no tribunal do júri, de acordo com a
infração (e não no JECRIM), e não haverá prejuízo da aplicação dos institutos da
transação penal e da composição civil dos danos – art. 60 PU da Lei 9.099/95.

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor
potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri,
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
institutos da transação penal e da composição dos danos civis.

Em posição minoritária NUCCI alega a inconstitucionalidade do art. 60 da Lei


9099/95, sob a alegação de que a competência do JECRIM está prevista na CR/88,
art. 98, I, sendo, pois, absoluta, e, como tal, deveria promover a disjunção dos feitos.
O STJ já decidiu que a competência do juizado Especial Criminal é absoluta (CC
34586). Porém o posicionamento majoritário é pela constitucionalidade do art. 60, haja
vista que a competência do JECRIM é territorial e não material, sendo relativa, e se
desrespeitada, enseja nulidade relativa do feito, posição do STF no HC 85019.

Por fim, é bom lembrar que conexão e continência não são critérios de definição
de competência e sim de sua alteração, pois sem tais institutos haveria o
julgamento regular por parte de um juiz competente; em virtude dos institutos há o
deslocamento do feito de um juiz competente para outro que possa a ser
legitimamente competente. Em caso de violação dos institutos, haverá nulidade
relativa, que dependerá de demonstração de prejuízo.

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Foro prevalente – art. 78
A conexão e continência são hipóteses de prorrogação da competência. Porém em
caso de duas infrações conexas ou continentes, cada uma com competência distinta
prevista na CR/88 qual será o foro prevalente?

Neste caso deverá haver a disjunção do feito; ao posso que se houver uma infração
sem competência prevista na Carta Magna Federal e outra com competência nela
prevista, ocorrerá a junção dos feitos e ambas serão julgadas neste ultimo foro – foro
de atração.

Regras para fixação de foro prevalente:

 Competência prevalente do Júri – art. 78, I: no concurso entre a


competência do Júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá
a competência do Júri. Sendo a conexão ou continência entre um crime
de competência da Justiça Federal e Júri, ambos serão apreciados no Júri
instalado na orbita federal. Já o concurso entre a competência do Júri e a
competência de jurisdição especial (militar ou eleitoral), ocorrerá a
disjunção dos feitos.

 Jurisdição de mesma categoria – art. 78, II: são aqueles aptos a julgar o
mesmo tipo de causa – ambos os juízes são de primeiro grau. Neste caso
preponderará:

 Foro onde foi cometida a infração mais grave – art. 78, II, ‘a’:
roubo em Belo Horizonte/MG e receptação em Contagem/MG;
ambos serão julgados em Belo Horizonte.
 Foro onde foi cometido o maior número de infrações – art. 78,
II, ‘b’: aplica-se em caso da gravidade das infrações serem as
mesmas. Exemplo: 2 furtos simples em Belo Horizonte/MG e uma
receptação simples em Contagem/MG, ambo serão julgados em
Belo Horizonte.
 Foro residual estabelecido pela prevenção – art. 78, II, ‘c’:
aplica-se na hipótese de gravidade e número de infrações serem os
mesmos.

 Jurisdição de categoria diversa – art. 78, III: Distinção entre jurisdição


superior (tribunais que podem rever as decisões de outras cortes e também de

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juízes monocráticos) e jurisdição inferior (tribunais que não podem rever as
decisões de outras cortes): prevalece a jurisdição superior ou de maior
graduação.
Exemplo: crime praticado por quem tem prerrogativa de foro em concurso com
quem não tem – o crime será julgado pelo foro por prerrogativa de função.
Súmula 704 STF Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou por conexão do processo
do correu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.

Para a doutrina (Távora) se os dois agentes possuírem foro por prerrogativa de


função previsto na Constituição, deveria ocorrer a disjunção do feito. NÃO É
ESSE O POSICIONAMENTO DO STF (informativo 529), que entende que,
nesta hipótese, ambos os agentes devem ser julgados por um órgão da
jurisdição superior.

Assim se um Governador (prerrogativa de função no STJ) comete um crime em


concurso com um magistrado federal (prerrogativa de função no TRF), ambos
serão julgados no STJ.

O STF em julgado mais recente, entendeu que compete a este tribunal decidir
quanto à conveniência de desmembramento de procedimento de investigação
ou persecução penal, quando houver pluralidade de investigação ou
persecução penal, quando houver pluralidade de investigados e um deles tiver
prerrogativa de foro perante a Corte (informativo 750).

No que ser refere ao tribunal do júri (competência constitucional – art. 5º,


XXXVIII, ‘d’ CR/88) em concurso com quem não possua prerrogativa, a
hipótese será de disjunção, posicionamento do STF (JSTF 175/346), embora
este mesmo tribunal já tenha decidido anteriormente que não seria caso de
junção do feito no foro por prerrogativa de função. (HC 83583/PE).

 Jurisdição comum e especial – art. 78, IV: A jurisdição comum tem


competência residual; a especial (eleitoral e militar) tem competência expressa;
em caso de concurso entre jurisdição comum e especial prevalece a especial.
Ou seja, ocorrendo um crime eleitoral e um comum, ambo serão julgados na

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justiça eleitoral, pois esta tem competência para julgar os crimes eleitorais e
aqueles que lhes são conexos ou continentes.

Não se aplica a mesma regra para a Justiça Militar, pois tal órgão somente
julga crimes militares. Havendo crime militar em concurso com crime comum,
haverá a disjunção do feito.

Já em caso de concurso entre justiça estadual e federal prevalece esta.

Separação obrigatória de processo – art. 79 CPP


São exceções a regra do art. 78 do CPP, nas quais a conexão e continência não
importarão em unidade processo e julgamento:

 Jurisdição comum e jurisdição militar – art. 79, I CPP: Disjunção do


processo. Súmula 90 STJ compete à justiça Estadual Militar processar e julgar
o policial militar pela prática de crime militar, e à Comum pela prática de crime
comum simultâneo àquele.

 Justiça comum e justiça da infância e juventude – art. 79, II CPP: disjunção


do feito. O agente menor de 18 anos será julgado pelo Juizado da infância e da
Juventude, no qual haverá aplicação de medida socioeducativa – ECA,
enquanto o agente maior de idade será julgado na justiça criminal na qual
receberá pena.

 Superveniência de doença mental – art. 79 § 1º CPP: se após a prática de


um crime, um dos réus sofrer doença mental, exigindo-se que haja suspensão
do processo até que se recupera e possa acompanhar a instrução – art. 152 do
CPP. Haverá a disjunção, prosseguindo regularmente o feito em ralação ao
outro réu.

 Fuga de um dos réus – art. 79, § 1º CPP: Haverá a disjunção do feito ou


desmembramento dos processos, se um dos réus estiver foragido e não for
possível seu julgamento à revelia.

Obs: a situação em que o réu não pode ser julgado à revelia é conhecida como
crise de instancia. Hipótese prevista no art. 366 do CPP, segundo o qual o
réu revel citado por edital que não comparecer aos autos nem constituir
advogado não poderá ser julgado, devendo o processo ficar suspenso.

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Separação facultativa do processo – art. 80 CPP
Tais situações podem ser arguidas pelas partes ou reconhecidas de oficio pelo juiz,
são elas:

 Separação em caso de tempo ou lugar diferenciado – art. 80 1ª parte CPP:


quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugares diferentes e o juiz reputar conveniente a separação.

 Separação facultativa em virtude do excessivo número de acusados – art.


80 2ª parte CPP: visa efetivar o princípio constitucional da duração razoável do
processo, art. 5º, LXXVIII CR/88, assim como o princípio da duração razoável
das prisões cautelares; evitar o prolongamento da prisão provisória.

 Separação facultativa em face de motivo relevante – art. 80 3º parte CPP:


pela conveniência do juiz, se entender relevante.

Perpetuatio juridictionis – perpetuação da jurisdição – art. 81 CPP


No caso de junção dos feitos, se constatada a incompetência do juízo que exerceu a
força atrativa (por absolvição ou desclassificação), por questões de economia
processual (pois a prova já foi produzida), o crime conexo ou continente será julgado
também pelo juízo de atração – art. 81 caput, o que constitui a perpetuação da
jurisdição.

A consequência desta regra é que em caso de criação de nova vara criminal em uma
determinada comarca, os processos que versem sobre infração penal que passa era
de competência da nova vara não deve ser remetidas a esta.

STJ já decidiu que a redistribuição do feito decorrente da criação de vara com idêntica
competência com a finalidade de igualar os acervos dos juízes e dentro da estrita
norma legal, não viola o principio do juiz natural, uma vez que a garantia constitucional
permite posteriores alterações de competência – HC 102.193/SP.

Já o STF no julgamento que envolveu a “chacina de Unaí”, entendeu que a criação


superveniente da vara federal na localidade de ocorrência de crime doloso contra a
vida, na cidade de Unaí/MG, local da prática de homicídios de auditores-fiscais do

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trabalho, não ensejou a incompetência do juízo em que já se encontrava a ação penal,
Belo Horizonte/MG, em respeito a perpetuatio jurisctionis – informativo 783.

No caso de tribunal do júri, exceção a regra, neste caso se o juiz singular profere
decisão de absolvição sumária, impronuncia ou desclassificação do crime doloso
contra a vida para crime que não é doloso contra a vida, não deve julgar tal crime nem
o crime conexo ou continente, devendo remeter os auto ao juízo competente para seu
julgamento – art. 81 PU.

Segunda exceção ocorre se a desclassificação do crime doloso contra a vida é feita


pelo conselho de sentença; nesse caso, o crime doloso contra a vida e o crime conexo
ou continente deverão ser julgados pelo juiz-presidente (não pelo juízo competente ou
pelos jurados) – art. 492, § 2º do CPP. Se o conselho julga pela absolvição do réu pelo
crime doloso conta a vida, será o próprio conselho de sentença que continuará
julgando o crime conexo ou continente.

Autoridade da jurisdição prevalente – art. 82 CPP


Segundo referido art. se mesmo havendo conexão ou continência, forem instaurados
processos diferentes, o juízo prevalente pode avocar os processos instaurados em
outros juízos, desde que não tenha sentença definitiva.

Não sendo possível a reunião dos feitos por já ter sido prolatada sentença definitiva, a
unidade dos processos ocorrerá ulteriormente, para efeito de soma ou unificação de
penas na fase de execução penal, pelo próprio juiz da execução – art. 66, III, ‘a’ da LEI
7.210/84, LEP.

Prevenção como critério residual de fixação de competência – art. 83 CPP


Trata-se de critério residual de fixação de competência aplicado quando dois ou mais
juízes poderiam conhecer do caso. Escolhe-se o juiz que primeiro tomar conhecimento
do caso, o que implica naquele que primeiro tomou algum ato decisório, ainda que
esta decisão tenha sido proferida em sede de IP – art. 75 PU do CPP.

Obs: as decisões proferidas por magistrados de plantão em dias não uteis ou


relacionados ao julgamento de HC interposto contra ato praticado pelo de delegado na
fase do IP, não firmam o juízo prevento para julgamento da ação principal.

A prevenção é critério residual; incide nas hipóteses previstas nos arts. 70 § 3º, 71, 72
§§ 1º e 2º, 78, II, ‘c’ do CPP.

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Competência em razão da prerrogativa de foro – ratione personae
Visa privilegiar o cargo ocupado, nunca a pessoa que ocupa (razão pela qual não se
recomenda o termo foro privilegiado), pois não se trata de privilégio e sim proteção a
um cargo de relevância pública. Apensar da expressão “competência em razão da
pessoa – ratione personae”, ser amplamente consagrada entende-se inconveniente tal
referência. Tem-se como mais técnico, ser competência em razão da prerrogativa de
foro (prerrogativa esta que não existe em causas cíveis, apenas criminais).

Tal foro por prerrogativa tem previsão constitucional, e em certos casos na


constituição dos Estados-membros, e persiste enquanto permanecer no cargo, ou
seja, se praticou a infração penal antes de exercer o cargo, terá direito a ser julgado
pelo foro por prerrogativa de função, e se por acaso, a ação penal foi ajuizada em
primeiro grau, os autos deverão ser encaminhados ao foro por prerrogativa de função
(sendo válidos todos os atos), informativo 556 STJ, encerrado o cargo, os autos
devem retornar ao juízo singular.

O STF havia firmado entendimento de que em caso de renúncia do cargo, os autos


deveriam ser encaminhados ao juízo de primeiro grau para prosseguimento do feito.
Contudo, a supremo corte passou perceber que a renúncia do cargo público poderia
servir de expediente para protelar o andamento do processo, levando a prescrição da
pretensão punitiva da conduta em julgamento. Para evitar a tutela da má fé
processual, a corte, no julgamento do então Deputado Federal Natan Donadon, abriu
uma exceção à regra, e determinou que referido agente continuaria a ser julgado pelo
tribunal, ainda que tenha renunciado ao cargo, pois a renuncia se deu após o feito ter
sido incluído na pauta para julgamento do Plenário, as vésperas do julgamento, com
abuso de direito, fraude processual e iminente risco de prescrição da pretensão
punitiva. A corte entendeu que a renúncia de mandato seria legitima, mas não
deslocaria a competência, pois não cabe ao réu escolher a instancia que será julgado
– AP 396/RO.

Prevalece atualmente o entendimento de que, eventual renúncia de parlamentar ao


cargo eletivo após o final da instrução criminal, não gera o efeito de cessar a
competência do STF – informativo 754. Assim com fincas no art. 11 da Lei 8.038/90
realizadas as diligências, ou não sendo estas requeridas nem determinadas pelo
relator, serão intimadas a acuação e a defesa para, sucessivamente, apresentarem,
no prazo de quinze dias, alegações escritas, o réu, ao invés de encaminhar suas
alegações finais, deveria oferecer sua renúncia, sob pena de prevalecer a
competência do foro por prerrogativa de função até o julgamento final.

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Sugestão de leitura dos artigos 102, I, ‘b’ e ‘c’ (competência do STF); art. 105, I, ‘a’
(competência do STJ); art. 108, I, ‘a’ (competência dos TRFs); art. 96, III, e 125 § 1º
(competência dos tribunais de Justiça dos Estados e do DF).

Jurisdição política – julgamento perante órgãos do Poder Legislativo;

 Art. 52, I e II da CR = julgamento perante o Senado Federal;


 Art. 78 § 2º da Lei 1.079/50 = julgamento perante Tribunal Especial, constituído
por 5 deputados estaduais, escolhidos pela Assembleia Legislativa, e 5
desembargadores, sorteados pelo presidente do TJ, que também presidirá;
 Art. 4º do Decreto-Lei 201/67 = julgamento perante a Câmara Municipal.

O Prefeito é julgado no TJ, atenção para a Súmula 702 do STF.


Súmula 702 – A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos restringe-se
aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a
competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.
Se cometer um crime Estadual o Prefeito será julgado do TJ. A competência será do
TJ do Estado em que da respectiva cidade está inserida. Nos demais casos, crime
federal ou eleitoral, competem ao respectivo tribunal de 2º grau.

Em se tratando de desvio de verbas públicas por parte do prefeito, súmulas 208 e 209
do STJ: 208 Compete à justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio
de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal – 209 Compete a justiça
Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao
patrimônio municipal.

Em se tratando de magistrados e membros do MP, serão sempre julgados pelo


Tribunal a que estão vinculados, ressalvada apenas a competência da justiça Eleitoral
– art. 96, III da CR/88, pouco importando a natureza do crime, mesmo em se tratando
de crimes dolosos contra a vida (não será o tribunal do júri).

Em caso de concurso de competência entre a prerrogativa de função e tribunal do júri


prevalece aquela, apesar de ambas terem sede constitucional, a prerrogativa de
função é especializada. Porém, em se tratando de concurso de agentes, um com
prerrogativa outro sem, deverá haver a disjunção dos feitos, e o particular será julgado
pelo tribunal do Júri.

Por fim, em caso de competência com prerrogativa de função estabelecida


EXCLUSIVAMENTE em constituição Estadual, praticando o agente crime doloso

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contra a vida, será julgado no Tribunal do Júri, cuja competência está prevista na
constituição, súmula vinculante 45 A competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
constituição estadual. (antes, súmula 721).

Perpetuação da jurisdição em caso de foro privilegiado – art. 84 § 1º CPP


Dispositivo considerado inconstitucional, prevalece que a regra de do foro por
prerrogativa de função, é uma proteção ao cargo e não à pessoa que o ocupa, e só
persiste enquanto perdurar o exercício da função.

Tal posicionamento não colite com a súmula 703 do STF segundo o qual A extinção
do mandato de prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos crimes
previstos no art. 1º do Decreto-Lei 201/67. Isso porque, nesta hipótese, a ação penal
não será mais instaurada no foro por prerrogativa de função.

Extensão do foro privilegiado às ações de improbidade administrativa – art. 84 §


2º CPP
Também considerado inconstitucional; consagrava o foro por prerrogativa de função
às ações de improbidade administrativas de natureza civil. O foro por prerrogativas de
função só é aplicado a infrações penais.

Exceção da verdade nos crimes contra a honra – art. 85 CPP


Cabível no crime de calúnia – art. 138 § 3º do CP, quando interposta contra agente
com foro privilegiado, deverá ser processada em tal foro, segundo posição do STF.

Para o STJ, o juízo de admissibilidade desta exceção da verdade pode ser feito pelo
juízo da ação penal de origem, portanto, está autorizado a inadmiti-la caso verificada a
ausência dos requisitos de admissibilidade para o processamento do referido incidente
– informativo 522.

Se a exceção da verdade for julgada procedente, o querelado é absolvido e


futuramente o querelante poderá até ser processado criminalmente por denunciação
caluniosa – art. 339 do CP; se julgada improcedente, a ação penal voltará a ter seu
curso normal.

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