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A principal lei penal do Brasil é o Código Penal (Decreto-lei nº 2.848/1940), que é dividido em Parte Geral e Parte
Especial.
- Parte Geral: Prevê os princípios e as normas de aplicação do Direito Penal.
- Parte Especial: traz o rol de crimes e respectivas penas.
Existem ainda diversas leis especiais que preveem infrações penais e as penas cominadas (Ex.: Lei de Drogas, Lei de
Tortura, CTB, etc.)
Observação: Princípio da Taxatividade: lei penal deve definir a conduta criminosa de forma
taxativa, certa e estrita.
É por isso que o adolescente que comete um ato infracional responde por ele ainda que o resultado de sua conduta
ocorra depois de completar 18 anos.
Em relação ao lugar do crime, o Brasil adotou a teoria da ubiquidade ou mista, pois considera ocorrido o crime tanto
no local da conduta quanto no lugar do resultado.
Observação: o artigo 7º do Código Penal prevê a extraterritorialidade da lei penal brasileira,
ou, em outras palavras, hipóteses em que a lei penal brasileira poderá ser aplicada ainda que o
fato criminoso tenha ocorrido no estrangeiro.
2. Crime e Contravenção
Toda conduta humana contrária à lei configura um ato ilícito, o qual, dependendo da natureza da norma violada, pode
ser penal, civil, administrativo, trabalhista, tributário, etc. O ilícito penal, no Brasil, recebe o nome de “infração penal”,
e pode ser de duas espécies: “crime” ou “contravenção penal”.
Quanto à natureza, não existe diferença entre crime e contravenção penal, pois são ambos infrações penais, às quais
são punidas através da imposição de uma pena prevista em lei.
A principal diferença, então, está no tipo e no grau (intensidade) da pena cominada, conforme o previsto no artigo
1º da Lei de Introdução ao Código Penal (D.L. 3914/1941).
- Crime: pena de detenção ou de reclusão, quer isolada, quer cumulada ou alternativamente com pena de
multa.
-> reclusão
Crime - detenção
-> reclusão e/ou multa
- detenção e/ou multa
Obs.: esse critério não é absoluto, eis que, atualmente, se admite a existência de crime sem a
cominação de pena privativa de liberdade. Ex.: art. 28 da Lei de Drogas (droga para consumo
próprio).
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A Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei nº 3.688/1941) prevê ainda outras diferenças entre crime e
contravenções penais:
1. as contravenções penais cometidas no exterior não são punidas no Brasil (art. 2º, LCP);
2. as contravenções penais, em regra, não exigem dolo ou culpa, apenas voluntariedade (art. 3º, LCP);
3. as contravenções penais não são punidas a título de tentativa (art. 4º, LCP);
4. a reincidência se dá com a prática de uma contravenção depois do trânsito em julgado da sentença que
tenha condenado o autor, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção
(art. 7º, LCP);
5. as contravenções são todas de ação penal pública incondicionada (art. 17, LCP);
3. Crime: Conceitos
O crime é um fenômeno que pode ser observado e estudado por diversas ciências, tal como a Criminologia, a
Sociologia, a Psicologia, a Economia, dentre outras.
No campo da Direito Penal como ciência, a doutrina destaca três diferentes formas de conceituar o crime, quais sejam,
o conceito formal, o Conceito Material e o Conceito Analítico.
a) Conceito formal (ou legal): é o conceito dado por lei. Encontra-se no já citado artigo 1º da Lei de Introdução
ao Código Penal. Em suma, crime é uma infração à lei penal e tem por pena cominada a de detenção ou de
reclusão, cumulada ou alternativamente com multa. Como visto, este conceito não é absoluto.
b) Conceito Material: versa sobre o próprio conteúdo do crime, sua essência. Por esse conceito, crime é a
conduta dolosa ou culposa, ativa ou omissiva, que causa lesão ou ameaça de lesão relevante um bem
jurídico penalmente protegido, por ser ele essencial para o harmonioso convívio do ser humano em
sociedade.
c) Conceito Analítico: refere-se à análise dogmática do crime a partir dos elementos que constituem sua
estrutura. Existem diferentes conceitos analíticos de crime na doutrina, a depender da teoria adotada a
respeito dos elementos do crime, em especial, quanto à conduta e à culpabilidade.
- Pergunta: Qual o conceito analítico de crime adotado pelo Código Penal Brasileiro?
Em sua redação original (1940), não resta dúvida que fora adotado o conceito tripartido de crime, sob a vertente
clássica ou causalista.
A partir da Reforma da Parte Geral (Lei nº 7.209/1984), aparentemente, o CP passou a adotar a posição
Bipartida/Finalista.
Exemplo: art. 23 (excludentes de ilicitude): “não há crime” / art. 26 e 28 (exclusão da culpabilidade): “isento de pena”.
CONCEITO ANALÍTICO DE
CRIME
Conduta
Legítima defesa Imputabilidade
Exercício
Tipicidade
regular de
direito
1. Crime Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex.: homicídio, furto, estelionato.
2. Crime Próprio: São aqueles que exigem ter o agente uma condição especial. Ex.: funcionário público, médico, mãe.
3. Crime de Mão Própria (Atuação Pessoal): é uma subespécie de crime próprio, que exige que o agente portador de
condição especial pratique o crime por si só, não admitindo coautoria. Ex.: falsidade ideológica de atestado médico e
o de falso testemunho ou falsa perícia.
4. Crimes de Dano: Só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico protegido. Ex.: lesão à vida, no homicídio; ao
patrimônio, no furto; à honra, na injúria etc.
5. Crimes de Perigo: O delito consuma-se com o simples perigo criado para o bem jurídico. Ex.: Embriaguez ao volante.
6. Crime material: o tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, dependendo da ocorrência deste para
a consumação do delito. Ex.: art. 121, CP.
- Crime material - tipo penal = conduta + resultado natural
- consumação = resultado natural
7. Crime formal (ou de consumação antecipada): o tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, porém,
a consumação ocorre desde a prática da conduta. Ex.: art. 159, CP.
- tipo penal = conduta + resultado natural
- Crime formal - consumação = conduta
- resultado = exaurimento
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8. Crime de mera conduta: o tipo penal descreve somente a conduta (sem resultado naturalístico). Ex.: art. 135, CP
(omissão de socorro), art. 150, CP (violação de domicílio).
- Crime de mera conduta - tipo penal = conduta
- consumação = conduta
9. Crime exaurido: refere-se à ocorrência do resultado natural no crime formal. Neste caso, o crime já se consumou
e o resultado é mero exaurimento do delito. Ex.: pagamento de resgate no crime de extorsão mediante sequestro.
10. Crimes Comissivos: São os crimes praticados por ação, um fazer. Ex.: no furto (art. 155) o “subtrair”.
11. Crimes Omissivos: são os crimes que ocorrem por omissão. Ex.: omissão de socorro (art. 135).
12. Crimes Comissivos por Omissão: é um crime comissivo imputado a alguém que omitiu-se do dever de impedir o
resultado, conforme o artigo 13, § 2º, do CP. Ex: Mãe que dolosamente deixa de amamentar ou cuidar do filho,
causando-lhe a morte, responderá por homicídio por omissão.
13. Crimes Instantâneos: É aquele que, uma vez consumado, está encerrado, a consumação não se prolonga no
tempo. Ex.: lesão corporal (art. 129).
14. Crimes Permanentes: A consumação se prolonga no tempo, dependente da ação do sujeito ativo. Ex.: Cárcere
privado (art. 148).
15. Crimes Instantâneos de Efeitos Permanentes: Ocorrem quando, consumada a infração em dado momento, os
efeitos permanecem, independentemente da vontade do sujeito ativo. Ex.: homicídio (art. 121).
Exercícios
01. Ano: 2010 - Banca: PC-SP - Órgão: PC-SP - Prova: Escrivão de Polícia Civil
Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que tem em
Welzel seu maior expoente.
a) Ação típica, antijurídica e culpável.
b) Ação típica, antijurídica e voluntária.
c) Ação típica e juridicamente relevante.
d) Ação típica, antijurídica e dolosa.
e) Ação típica e culpável.
02. Ano: 2012 - Banca: PC-SP - Órgão: PC-SP - Prova: Delegado de Polícia
A ideia de que o Direito Penal, deve tutelar os valores considerados imprescindíveis para a sociedade, e não todos os
bens jurídicos, sintetiza o princípio da
a) adequação social
b) culpabilidade
c) fragmentariedade
d) ofensividade.
e) proporcionalidade
03. Ano: 2014 - Banca: VUNESP - Órgão: PC-SP - Prova: Atendente de Necrotério Policial.
As contravenções penais se diferenciam dos crimes, pois aquelas não
a) geram antecedentes criminais (LCP, art. 7.º).
b) são punidas na forma tentada (LCP, art. 4.º).
c) são processadas por ação penal de iniciativa pública (LCP, art. 17).
d) geram reincidência (LCP, art. 7.º).
e) admitem pena de prisão, apenas multa (LCP, art. 9.º).
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04. Ano: 2014 - Banca: VUNESP - Órgão: PC-SP - Prova: Fotógrafo Técnico Pericial
Considera-se, consoante o art. 1.º da Lei de Introdução ao Código Penal, contravenção a infração penal a que a Lei
comina pena(s)
a) de prisão simples ou multa.
b) privativa de liberdade.
c) de reclusão ou de detenção.
d) restritiva de direitos.
e) privativas e restritivas de liberdade.
05. Ano: 2014 - Banca: VUNESP - Órgão: PC-SP - Prova: Investigador de Polícia
Com relação ao crime e à contravenção, assinale a alternativa correta.
a) A contravenção penal somente pode ser apenada com detenção
b) O crime é infração penal menos grave do que a contravenção.
c) A contravenção poderá ser dolosa ou culposa.
d) A contravenção penal poderá ser apenada com prisão simples
e) O crime é doloso e a contravenção, culposa.