Juízo de Admissibilidade

e Juízo de Mérito
Juízo de admissibilidade
1. Análise do conjunto dos requisitos necessários para que seja apreciado
o mérito do recurso.

2. Preenchimento de requisitos específicos para justificar uma nova

decisão.

3. O juízo de admissibilidade é sempre preliminar ao juízo de mérito e

determina se este será ou não analisado, é uma condição necessária,
mas não suficiente, para o julgamento do recurso.
Juízo de admissibilidade
REQUISITOS INTRÍNSECOS = estão relacionados à própria existência do poder de
recorrer:
● cabimento
● legitimação para recorrer
● interesse em recorrer
● inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

REQUISITOS EXTRÍNSECOS = fazem referência ao modo como se exerce este poder:

● tempestividade
● regularidade formal
● preparo.
 Juízo de admissibilidade
● O juízo de admissibilidade de, portanto, consiste na análise das
questões prévias, preliminares, não tem relação com a análise dos
fundamentos do recurso, pois se limita à existência ou inexistência
dos requisitos no momento da interposição.
● Trata de matéria de ordem pública, que pode ser conhecida e
revista de ofício pelo órgão judiciário a qualquer tempo, nos termos
do artigo 267, §3º do Código de Processo Civil.
 Juízo de admissibilidade
RECORRIBILIDADE A decisão será recorrível quando o juízo for negativo.
Não pode haver julgamento de inadmissibilidade sem que haja
possibilidade de recurso desta decisão que inadmite ao órgão que deveria
analisar o mérito da questão.

Entretanto, se o juízo de admissibilidade for positivo, não há recurso para esta

decisão, pois o momento para atacar a falha é nas contrarrazões recursais.
 Juízo de admissibilidade

DECLARATÓRIA

NATUREZA DA DECISÃO CONSTITUTIVA NEGATIVA

MISTA
 Juízo de admissibilidade
NATUREZA DECLARATÓRIA
● A existência ou não dos requisitos analisado já estão presentes desde a interposição,
portanto são anteriores ao pronunciamento, que não os gera, mas apenas os reconhece.
● Juízo de admissibilidade se dá no plano da existência, destarte, se estiverem presentes os
pressupostos e condições exigidos em lei, existe o direito de recorrer, caso contrário,
inexiste tal direito.

● O juízo de admissibilidade negativo apenas declara que que no momento da interposição

inexistiam esses requisitos.

● Logo, o trânsito em julgado se deu no momento em que a decisão se tornou irrecorrível e

não momento do julgamento do recurso.
 Juízo de admissibilidade
Via de regra as decisões de natureza declaratória têm efeito retroativo, mas isto
pode causar problemas quando se tratar de juízo de admissibilidade negativo.

Assim, mesmo nesta corrente há divergência com relação aos efeitos desta
decisão de natureza declaratória:
● José Carlos Barbosa Moreira, Nelson Nery Junior, Alexandre Freitas Câmara =
natureza declaratória e efeitos ex tunc.
● Flavio Cheim Jorge, Araken de Assis, José Miguel Garcia Medina e Teresa Arruda
Alvim Wambier = apesar da natureza declaratória, não possui efeitos retroativos (ex
nunc), para evitar problemas.
 Juízo de admissibilidade
NATUREZA CONSTITUTIVA NEGATIVA
● Esta corrente entende que o juízo de admissibilidade opera sobre o plano da
validade dos atos jurídicos (não existência).

● Partindo desta premissa, se o juízo for negativo será um ato constitutivo negativo,
em que se aplica a sanção da inadmissibilidade do ato complexo que se apresenta
defeituoso/viciado.

● O juízo negativo terá efeitos ex nunc, portanto, com efeitos prospectivos inerentes
a sua natureza.
 Juízo de admissibilidade
NATUREZA MISTA = Há certos requisitos que se localizam no plano da existência do
direito de recorrer e outros que se localizam no plano da validade do ato jurídico.
● Os requisitos no plano da existência são: renúncia ao direito de recorrer; pendência de
multa por embargos protelatórios; e, intempestividade do recurso.
Neste caso o juízo de admissibilidade negativo importa na própria inexistência do recurso,
portanto a decisão será de natureza declaratória e efeitos retroativos.

● Os requisitos no plano da validade são: cabimento, legitimidade e interesse recursal,

regularidade formal, desistência, existência de súmula impeditiva de recurso, requisitos
específicos dos recursos excepcionais.
Nestes casos, o ato será existente, mas inválido, caso em que o juízo de admissibilidade será
constitutivo negativo, por consequência com efeitos ex nunc.
 Juízo de admissibilidade
SÚMULA IMPEDITIVA DE RECURSO
● Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará
dar vista ao apelado para responder.
§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade
com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.

● Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,

improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior.
 Juízo de admissibilidade
NOVO CPC
Art. 945. Incumbe ao relator:
(...)
III – não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV – negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
 Juízo de admissibilidade
Art. 1.023. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
(...)
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de quinze dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar
contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
Enunciado n.º 99: O órgão a quo não fará juízo de admissibilidade da apelação.
Enunciado n.º 207: Cabe reclamação, por usurpação da competência do tribunal de justiça ou tribunal
regional federal, contra a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir recurso de apelação.
Enunciado n.º 208: Cabe reclamação, por usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra
a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir recurso ordinário, no caso do art. 1040, II, ‘b’.
 Juízo de admissibilidade
Art. 1.043. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Findo esse prazo, serão os autos remetidos ao respectivo tribunal
superior, independentemente de juízo de admissibilidade.
Enunciado n.º 211: Cabe reclamação, por usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de
presidente ou vice-presidente do tribunal de 2º grau que inadmitir recurso especial não repetitivo.

Enunciado n.º 212: Cabe reclamação, por usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal, contra a decisão de
presidente ou vice-presidente do tribunal de 2º grau que inadmitir recurso extraordinário não repetitivo.

Enunciado n.º 221: Fica superado o enunciado 634 da súmula do STF após a entrada em vigor do NCPC (“Não compete ao
Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi
objeto de juízo de admissibilidade na origem”).

Enunciado n.º 222: Fica superado o enunciado 635 da súmula do STF após a entrada em vigor do NCPC (“Cabe ao presidente
do tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de
 Juízo de mérito
● O conteúdo do juízo de mérito recursal é a matéria devolvida pelo recurso, que
pode levar à anulação ou reforma da decisão recorrida. Destarte, o objeto do juízo
de mérito é o conteúdo da impugnação.

● O mérito do recurso pode ser o mesmo que o mérito da demanda, pois o tema
discutido no primeiro grau pode ser novamente levantado no recurso.

● Mas isso não quer dizer que será sempre assim, pois uma questão preliminar ao
mérito pode ser o objeto do recurso, neste caso o mérito do recurso será distinto do
mérito da causa.