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Coleção Resumos – Crónica de D. João I, de Fernão Lopes 2.4.

Capítulos 11, 115 e 148 (Primeira parte)

2.4. Capítulos 11, 115 e 148 (Primeira parte) Tópicos de análise

• O protagonista deste capítulo é a população, “as gemtes”. Asseme-


Capítulo 11 – Resumo lhando-se a um repórter que assistiu ao desenrolar dos acontecimen-
tos, Fernão Lopes transmite-nos as movimentações dessas gentes

CRES-PTROV © Ideias de Ler


Do alvoroço que foi na çidade cuidamdo que matavom o Meestre, através de sensações auditivas (“dizemdo altas vozes, braadamdo pella
e como allo foi Alvoro Paaez e muitas gemtes com elle rrua”, “e começamdo de fallar huus com os outros”, “Soarom as vozes do ar-
A frase que serve de título a este capítulo espelha a reação e a extraordinária ade- roido pella çidade ouvimdo todos braadar que matavom o Meestre”, “Alli
são do povo à pessoa do Mestre. O título destaca também o papel desempenhado eram ouvidos braados de desvairadas maneiras”), mas também visuais
por Álvaro Pais nesse levantamento popular de apoio e de defesa.
(“se moverom todos com maão armada, corremdo a pressa”, “A gemte come-
Este capítulo enquadra-se na sequência de eventos que levaram ao cerco da cidade
de Lisboa, considerado um dos focos estruturadores da Crónica de D. João I (o outro
çou de sse jumtar a elle, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nõ ca-
é a batalha de Aljubarrota). Fernão Lopes relata como se deu a aclamação do Mes- biam pellas ruas primçipaaes, e atrevessavom logares escusos”).
tre, após o assassinato do conde Andeiro, as ações da população quando soube que
o Mestre corria perigo e os seus sentimentos relativamente ao futuro monarca. • O relato revela uma concentração espacial (rua-paço-janela) que coin-
O capítulo abre com uma referência ao pajem do Mestre de Avis que estava à porta cide com uma gradação e um ritmo crescentes das ações (ao apelo do
e já preparado para ir pelas ruas, bradando “Matom o Meestre! matom ho Meestre nos pajem e de Álvaro Pais segue-se o alvoroço da população, que se desloca
Paaços da Rainha! Acorree ao Meestre que matam!”1. Dirige-se a casa de Álvaro Pais. para o paço e que aí mostra o seu estado de espírito – confusão, nervo-
Como resultado, as gentes “sahiam aa rrua veer que cousa era”, mostram-se agitadas
e começam a pegar em armas. Estas gentes são mesmo comparadas a uma viúva sismo), culminando no clímax: o aparecimento do Mestre à janela.
que encontra um novo marido em quem se apoiar: “e assi como viuva que rei nom
• Após esse momento, o ritmo narrativo diminui e o estado de espírito
tiinha, e como sse lhe este ficara em logo de marido, se moverom todos com maão armada”.
da população passa a ser de alegria, satisfação e alívio (“ouveram gram
Entretanto, Álvaro Pais, que também já estava preparado, segue com o pajem e
outros aliados para os paços. Novo apelo é lançado à população: “Acorramos ao prazer quamdo o virom”).
Meestre, amigos, accorramos ao Meestre, ca filho he delRei dom Pedro”.
• Os sentimentos desta “gemte” são ainda realçados através das falas
Assim, começa-se a formar uma multidão nervosa que acompanha Álvaro Pais:
“A gemte começou de sse jumtar a elle, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nõ transcritas, que conferem uma tonalidade realista e expressiva a
cabiam pellas ruas primçipaaes, e atrevessavom logares escusos, desejando cada huu de todo o episódio. Estas falas servem também para denegrir a imagem
seer o primeiro”. de Leonor Teles (repare-se nos comentários que são feitos sobre ela) e
Chegados às portas do paço, que estavam fechadas, as gentes dão sinais de ner- para fazer a apologia do futuro monarca (veja-se como sai ilibado de
vosismo e agitação: “Alli eram ouvidos braados de desvairadas maneiras.” Querem
queimar o conde Andeiro e Leonor Teles (que apelidam de traidora) e entrar nos
ter morto o conde – “Oo que mall fez! pois que matou o treedor do Comde,
paços: “Delles braadavom por lenha, e que vehesse lume pera poerem fogo aos Paaços, e que nom matou logo <e> a alleivosa com elle!”).
queimar o treedor e a aleivosa. Outros se afficavom pedimdo escaadas pera sobir açima,
pera veerem que era do Meestre”. • Entre a multidão (ator coletivo) destacam-se, porém, alguns atores
A população exige ver o Mestre e este, aconselhado pelos que estavam consigo e individuais, nomeadamente:
atendendo ao alvoroço das pessoas, aparece finalmente à janela para que todos – pajem do Mestre – já preparado (“segumdo já era perçebido”), é a pri-
constatem que estava vivo. Então, a população manifesta um “gram prazer”.
meira personagem referida e é ele quem desencadeia toda a movi-
Sentindo-se seguro, o Mestre deixa os paços e cavalga pelas ruas, com todos “mui
ledos arredor delle”, em direção aos paços do Almirante, onde se encontrava o conde mentação posterior;
D. João Afonso, irmão da rainha. Pelo caminho contacta com a população que revela – Álvaro Pais – avisado pelo pajem, e também ele pronto (“que estava
a sua alegria e disponibilidade. As donas da cidade dizem: “Mamtenhavos Deos, Se-
prestes e armado cõ huua coiffa”), pegou no seu cavalo e com os seus
nhor. Beemto seja Deos que vos guardou de tamanha traiçom, qual vos tiinham basteçida.”
Próximo dos paços do Almirante, o Mestre é acolhido pelo conde, pelos funcioná-
aliados foi até ao paço, espalhando igualmente o alvoroço e influen-
rios da cidade e por outros fidalgos. Já à mesa, vêm-lhe dizer que as gentes da ci- ciando o povo a correr em auxílio do Mestre;
dade querem matar o bispo. O Mestre faz tenções de o ir socorrer mas é aconse-
– Mestre de Avis – atua segundo o conselho dos que o rodeiam; de
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lhado a permanecer ali. O capítulo termina com a seguinte informação: “Ao dito do
Comde çessou o Meestre de sua boa voomtade, e o Bispo foi morto desta guisa que se segue.” início, parece ter receio da multidão; depois, mostra-se à janela e,
sentindo-se seguro (“Veedo
 el estomçe que nehuua duvida tiinha em sua
1
Os excertos apresentados neste capítulo são retirados da obra Fernão Lopes, Crónica de D. João I –
seguramça”), abandona o palácio e percorre as ruas da cidade a ca-
I Volume, Porto, Civilização, 1994. valo até aos Paços do Almirante.

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