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Língua
Além da corte, da administração e do exército, a principal língua usada nas
províncias romanas orientais mesmo antes do declínio do Império Ocidental
sempre foi o grego, falado na região séculos antes do latim.[368] Na verdade,
logo no início do Império Romano, o grego se tornou língua comum da Igreja
Cristã, da erudição, das artes e, em grande medida, foi lingua franca para o
comércio entre as províncias e outras nações. Durante algum tempo, a língua
ganhou natureza dual, com a principal língua falada, o coiné vernacular em
constante desenvolvimento (que haveria de evoluir para o grego demótico),
coexistindo com o grego ático, uma língua literária mais antiga; o coiné acabou
por evoluir até se tornar o dialeto padrão.
O uso administrativo do latim persistiu até ser abandonado por Heráclio (r. 610–
641). O latim académico caiu rapidamente em desuso entre as classes
instruídas, embora fez parte, ao menos cerimonialmente, da cultura durante
algum tempo. Além disso, o latim vulgar continuou a ser língua minoritária no
império, e entre as populações traco-romanas deu origem ao proto-romeno. Do
mesma modo, na costa do mar Adriático se desenvolveu outro vernáculo
neolatino, que mais tarde originaria a língua dálmata. Nas províncias do
Mediterrâneo Ocidental, temporariamente conquistadas sob Justiniano (r. 527–
565), o latim (que posteriormente evoluiu às línguas românicas) continuou a ser
usado como língua falada e como língua acadêmica.
Muitos outros idiomas existiam e algumas receberam estatuto oficial limitado em
suas províncias em várias ocasiões.
Sobre o legado bizantino, a abordagem tradicional tem sido questionada, parcial
ou totalmente, e revisada por estudos modernos, que focam nos aspectos
positivos. Averil Cameron considera inegável sua contribuição à formação da
Europa medieval, e tanto Cameron como Obolensky reconhecem o papel central
do Império Bizantino na formação da Ortodoxia, que por sua vez ocupou posição
central na história e sociedade da Grécia, Bulgária, Rússia, Sérvia e outros
países. Os bizantinos preservaram e copiaram manuscritos clássicos, pelo que
são assim reconhecidos como transmissores do conhecimento clássico,
importantes contribuidores à civilização europeia moderna e precursores tanto
do humanismo renascentista como da cultura eslava ortodoxa.
Como único Estado de longo prazo na Europa na Idade Média, ele isolou a
Europa Ocidental das forças emergentes do Oriente. Sob ataque constante,
manteve afastados da Europa Ocidental persas, árabes, turcos seljúcidas e, por
algum tempo, turcos otomanos. De uma perspectiva diferente, desde o século
VII, a evolução e constante reformulação do Estado foram diretamente
relacionadas com o progresso do Islã. Com a tomada de Constantinopla em
1453, o sultão Maomé II, o Conquistador usou o título de "César de Roma" (em
turco: Kaysar-i-Rûm), pois queria fazer o Império Otomano herdeiro do Império
Bizantino. Segundo Cameron, ao considerarem-se "herdeiros" do Império
Bizantino, os otomanos preservaram aspectos importantes de sua tradição,
permitindo um "renascimento ortodoxo" durante o período pós-comunista nos
Estados do Leste Europeu.
Na parte oriental do Império Bizantino, predominou a prática do cristianismo,
embora ele tenha se desenvolvido, quando comparado ao Ocidente, de forma
peculiar. Em Istambul, muito do que foi herdado à respeito da forma
governamental de Roma, foi herdada, e gradualmente, o imperador passou a ser
caracterizado como o chefe principal da igreja. Em meio à esse contexto, o
Ocidente encontrava-se em crise do Baixo Império, e em 455, com o apoio total
do imperador, o bispo de Roma foi elevado à chefia de toda a igreja, tornando-
se o primeiro papa da cristandade, reconhecido como Leão I.
E apesar das tradições da administração e também jurídicas herdadas de Roma,
os bizantinos sofreram clara e grande influência helênica. Além disso, adotaram
como idioma oficial do século III, o grego, mantiveram constante contato com os
povos da Ásia e ainda vivenciaram a invasão persa e o posterior assédio árabe.
A combinação desses elementos, acabaram por doar algumas características,
como o desprezo por imagens que eram caracterizados como ícones, como
santos, a Virgem Maria e Cristo, o que levou à Iconoclastia, um movimento de
destruição por parte dos bizantinos. Questionando os dogmas e as crenças dos
cristãos, que eram pregados pelo clero que seguia o papa de Roma, deram
origem a algumas heresias, correntes doutrinárias discordantes da interpretação
cristã tradicional.
Toda essa tensão, que ainda era alimentada através das diferenças existentes
entre o Ocidente e o Oriente, e pelas recorrentes disputas do imperador e do
papa pelo poder, culminou em 1054, na total divisão da igreja, criando uma
cristandade oriental, e uma ocidental. A oriental era chefiada pelo imperador e a
ocidental estava sendo liderada pelo papa. Esse episódio ficou conhecido como
Cisma do Oriente, consolidando as diferenças entre as tradições e a forma de
organização do culto de cada uma das igrejas.