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DPC0213 TEORIA GERAL DO PROCESSO

Prof. Marcelo José Magalhães Bonício s2


18/02/2016
Aula 1

Professor diz: “professor também sente medo do primeiro dia de aula.


Fico pensando: será que vai dar certo? A turma vai gostar de mim?”

BUROCRAS
Vai ter seminário. Discussão com os monitores. Um é dia 17/03;
Prova marcada para dia 28/04. Uma redação sobre tema do seminários
(arbitragem) e mais 5 perguntinhas (valendo um ponto cada); segunda
prova com redação sobre o tema ‘contraditório’;

PROCESSO
Para atuar perante o judiciário, precisa saber processo, oras! Não tem
muito como fugir.
“Processo te dá a chave para você mover uma ação na justiça, acessar
os tribunais, para obter uma liminar, etc.”. Cada vez que precisar ir a
justiça, precisa saber de processo.
BOA: vamos ser a primeira turma formada só com o novo CPC.

OBJETIVOS
Saber que ação propor. É mandato de segurança ou não? É o que? É
interpolação de recurso? Recebe ou não recebe?
LIVRO
“Teoria Geral do Processo”, de Araujo Cintra e Cândido Dinamarco
Em termos de Teoria Geral do Processo, a parte teórica do livro ainda
vale. Só lá na frente, nas partes mais específicas, que edições mais
recentes do livro são recomendadas.

LÁ PRA FRENTE
TGP é nossa matéria agora.
Depois teremos T.P. Civil / Penal / Trabalho. Os 3 não tem nada a ver
um com o outro. Mas TGP se propõe a encontrar coisas em comum.

O PROCESSO É NEUTRO
O processo é neutro. Ele, teoricamente, não carrega aqueles juizos de
valores de “quem agiu com dolo tem que recompensar bla bla bla”.
Mas, a medida em que o processo atual no direito material, ele fica
com a cara do direito material onde ele atua.
TGP é “só processo”. Aqui, não há valores. Em TPCivil, o processo
absorve parte da cara do Direito Civil.
Exemplo: direito civil leva em consideração que as pessoas são todas
maiores e capazes. Elas são iguais. O Processo Civil tende a ser
equilibrado. Parte do princípio do equilíbrio entre as partes.
Exemplo 2: no direito penal, temos sempre um órgão acusador, o MP
(Estado) e todo seu aparato contra um acusado. Todo o poder do
Estado se reúne para adquirir provas para conferir um crime. No
direito penal, esse cidadão está numa posição de inferioridade.
Pensando nisso, ninguém pode ser posto na prisão sem prévia
condenação (pelo menos teoricamente). Aqui, o ônus da acusação é do
MP. O réu só se defende. In dubio pro reo.
Exemplo 3: Direito do trabalho: rege as relações entre empresa e
empregado. Empregado está em relação de inferioridade. Logo, o
processo do trabalho pende ao lado do trabalhador, tende a corrigir
uma fragilidade que se confere na sociedade. Empregado tem direito à
proteção de suas garantias individuais.
Isso tudo pra dizer que: o processo é neutro. TGP vai estudar essa
neutralidade, institutos comuns. Mas, em contrapartida, TGP nos dá
base para entender os processos em específicos
(civil/penal/trabalhista).
Consequência: precisamos estudar processo.

1. EVOLUÇÃO DO PROCESSO

Processo é iminentemente social.


Mas, desde seu nascimento, lá em Roma, tem sempre um elemento
que faz com que ele apareça. É o CONFLITO. Quanto mais conflitos
na sociedade, mais o Estado se desestabiliza. Na medida em que o
Estado não consegue resolver os conlfitos que lhe são submetidos,
mais cresce o caos social.
Se o Estado não resolve esse conflito, perde o poder e a autoridade –
futuramente se desintegrando (em última análise).

CONFLITO
Quem está envolvido? Como resolver? Que remédio dar?
Há conflitos familiares, tributários, trabalhistas, previdenciários, etc.
O ser humano é essencialmente cheio de conflitos.

LÁ EM ROMA…
Conflitos entre cidadãos romanos. Como o Estado ainda era muito
incipiente naquela época, permitia que os cidadãos escolhessem uma
terceira pessoa, um ÀRBITRO. O árbitro, pessoa de confiança
daqueles que estavam em litígio, proferia uma decisão. Essa decisão
era levada ao pretor para que ele a chancelasse.
Quem resolvia o conflito era os próprios cidadãos, o Estado só
chancelava a decisão.
Só depois, o Estado toma para si a função de resolver os conflitos.
Cria-se a figura do JUIZ, que julgará os litígios entre os romanos.
Terá por base um codex de ius, de leis.
Roma atingiu um alto estágio de evolução com relação ao processo,
complexo – que só foi alcançado novamente lá nost tempos modernos.
A única coisa que sempre houve em comum em todas essas regras é
que toda a sociedade necessitava de um processo. Se há um litigio, é
necessário haver um ritual para saber quem tinha razão. Isso vale para
todas as sociedades, das mais complexas às mas “rústicas”.

FASE SINCRÉTICA
A medida que o Estado ficou mais complexo e estável, o processo
também evolui. Só que, até meados do sec. XIX, o processo era
considerado SINCRÉTICO. Veio de Roma até o sec. XIX, na
Alemanha, dessa forma.
SINCRETISMO é a união de coisas diferentes. Era tudo envolvido
dentro do direito civil/material.
A ideia era que o processo não tinha autonomia, era apenas o direito
real em movimento. A ciência processual não existia. Processo era
como se fosse um mero capítulo do direito civil. Ainda não havia
ciência processual.

ALEMANHA, SEC. XIX


Mas, um alemão, OSKAR VON BÜLLOW, em 1858 [“Das
Excessões e dos Pressupostos Processuais”], teve uma ideia
belíssima: “há determinados temas que não estão no Código Civil. Há
determinados temas que são exclusivamente processuais. Portanto, há
uma ciência nova a ser estudada, Direito Processual Civil”.
LITISPENDÊNCIA, por exemplo, é quando há duas ações iguais na
justiça. Isso é um tema exclusivamente processual. Não está no
Código Civil.
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, por exemplo, quando
uma sentença já foi julgada – no nosso exemplo, esse réu foi
absolvido. Ele não pode ser processado novamente pelo mesmo caso
em que já foi julgado – e ele pode se defender com base nesse julgado.
Isso também provem da ciência processual.

FASE AUTONOMISTA
Quando o processo ganha sua vida própria. A partir daí, dois
ordenamentos jurídicos: o DIREITO MATERIAL (direito civil,
administrativo, tributário, etc) e o DIREITO PROCESSUAL.
O ordenamento jurídico tem uma DUALIDADE, tem esses dois
níveis diferentes – e que necessitam um do outro para existirem e
fazerem sentido.
O material e o processual se ligam, são interdependentes entre eles. E,
para as coisas funcionarem, essas ligações precisam estar muito bem
operantes na sua cabeça, se não, não tem como ir no fórum conversar
com o juiz – ou não tem como fazer com que direitos materiais serem
cobrados.
PROBLEMA DA FASE AUTONOMISTA: foi marcada por uma
preocupação técnica muito grande. A técnica processual, que estava
sendo criada naquele momento pós 1958, recebia a atenção louca de
juizes e advogados. Começa a se formar o mundo técnico, de grandes
brigas técnicas (até meados dos anos 1950). Havia uma
despreocupação com o cidadão, FALTA SE SENSIBILIDADE
SOCIAL. O ordenamento jurídico era criado, mas quem realmente
precisava da justiça se perdida em questões técnicas. Um
distanciamento da sociedade

GRANDE DISCUSSÃO DA ÉPOCA: ação: é um direito abstrato ou


direito concreto?
ABSTRACIONISTAS diziam que o direito de ação independe de
existir um direito material, é abstrato. Posso processar qualquer pessoa
por qualquer motivo.
CONCRETISTAS falavam que só tem direito de ação que tem
direito na esfera material. Quem não tem direito material não pode
abrir processo. Se não, a ferramenta processual daria ferramentas para
quem não tem direito nenhum.
QUEM PREVALECEU? A TEORIA ECLÉTICA. Mistura o
pensamento abstrato e o concreto.
Diz: todos têm direito de ação, desde que preencham requisitos
mínimos para isso. Se tiverem interesse de agir, legitimidade e se o
pedido for juridicamente possível, então há processo e há o direito
de açõa para a pessoa.
A teoria eclética permite que o juiz analise se naquela ação há
razoabilidade, se há fundamentos mínimos para se mover aquela ação.
PRINCIPAL VANTAGEM DA FASE AUTONOMISTA Criar
todo o arcabouço técnico que sobrevive até hoje. O problema: ainda é
técnico demais, formal demais, o tempo que o processo leva para
terminar é muito longo =(

OUTROS NOMES
GIUSEPPE CHIOVENDA: precursor de todo pensamento
processual que temos hoje. Ele era concretista;
FRANCESCO CARNELUTTI: tinha uma visão unitária do direito.
Era o opositor de Chiovenda. Era abstracionista;
HENRICO TULIO LIEBMAN: veio pro Brasil e arrasou. É um dos
criadores da Teoria Eclética (todos tem direito à ação, desde que
preencham requisitos mínimos).

3a fase do Processo, até hoje em curso:


FASE INSTRUMENTALISTA
Começa por volta dos anos 60.
Em 1967, Mauro Cappelletti deu início, em Firenze, a chamada fase
instrumentalista do processo.
Mais filósofo do que processualista, pensou que o processo como
técnica, é ótimo. Mas o processo precisa se preocupar com resultados
sociais, senão não serve pra nada, vira uma coisa puramente técnica.
“Preocupação com os resultados do processo na sociedade”.
A partir de Mauro Cappelletti, desloca-se o ponto de visão do
processo, do sistema, dentro dele mesmo, para o cidadão. É o processo
visto pela ótica do cidadão, do beneficiado pela tutela jurisdicional.
Processo querendo melhora de vida na vida das pessoas.
Livro do homem: “Acesso à Justiça”. Ele pensa: “quem é o
consumidor do nosso serviço? O cidadão! Então vamos olhar pela
ótica dele”;
A partir daí, começa a fase instrumentalista do processo; o processo
como forma de realização social, realização do desejo do cidadão.
Cappelletti pensou TRÊS BARREIRAS que deviam ser
ultrapassadas (ondas renovatórias do processo) para que o processo
migre da fase técnica para a fase preocupada com realização social:

 Abertura do sistema às pessoas economicamente carentes

1. O Estado precisa disponibilizar advogados para quem não tem


dinheiro para pagar. Sem conseguir dar justiça a todos na sociedade,
não há processo. “Sem isso, não se acessa uma ordem jurídica justa”;
2. Naquela época, já havia litígios de massa (planos de saúde, consórcios
de veículos, financiamentos). Geralmente, o que fode para um, fode
para vários. Naquela época já havia litígios de massa. Não há como
lidar com litígios de massa senão através de ações coletivas;
1. No Brasil hoje, “Ação Civil Pública”;
2. Vários lesados numa ação civil homogênea em comum;
3. EXEMPLO: Empresa de plano de saúde que oferece um plano para 5
mil pessoas no país todos. Há uma ilegalidade. As pessoas perdem R$
5 por ano por causa dessa ilegalidade. Individualmente, ninguém vai
entrar na justiça, mas a ideia de Cappelletti é essa empresa não ficar
impune. Uma pessoa representa essas 5 mil pessoas;
4. Hoje, no Brasil, há entidades que fazem essa representação geral,
como o Procon, por exemplo;
3. “Projeto Florença”. Pensava na desburocratização do processo. Era
necessário ser mais flexível, menos técnico, mais adaptável à
realidade;
1. Foi a onda que causou menos impacto;
2. Hoje está menos pior, mas continua muito técnico;
3. O FORMALISMO COMO UMA TRETA Entrar com ação de
reparação de danos no caso de um acidente de trânsito. Por engano,
preencher errado o nome da rua. Um juiz pode falar: “depois de
citado, não pode mudar; nessa rua que está escrito aqui, nunca
aconteceu acidente. Perdeu!”

INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO (ESCOLA


PROCESSUAL DE SÃO PAULO)
Prof. Cândido Dinamarco, anos 80.
Ainda dentro da Fase Instrumentalista.
Tentando encontrar o escopo do processo.
“O processo tem finalidades a serem atingidas”.
Cappelletti dizia que a ideia do processo era alcançar o social.
Dinamarco complementa com a instrumentalidade. Há finalidades
sociais, mas há também finalidades políticas e jurídicas por trás
de todo processo.
Um juiz, ao julgar, não vai se preocupar só com o social, mas também
deve levar em consideração as finalidades políticas.
Juridicamente, a ideia é aplicar a lei.
EXEMPLO: hoje, no nosso ordenamento, a propriedade precisa
atingir um fim social. Uma grande propriedade precisa ter fim social,
caso contrário, essa grande propriedade pode ser dividida em
pequenos lotes. Um juiz, ao tomar uma decisão dessa, pensa
socialmente na necessidade de pessoas interessadas nessa terra, mas
também o lado político, inserido na nossa consituição.
É essa a fase que vivemos hoje, de busca de resultados: jurídicos,
políticos e sociais.
EXEMPLO: casamento homoafetivo adquiriu mesmo status do
casamento heteroafetivo. Não foi uma alteração na lei, mas uma
mutação de valores na sociedade que levou o juiz a julgar contra a lei.
Os fins sociais do processo recomendaram que se julgasse contra a lei.
Diminuiu-se o valor jurídico, o escopo jurídico do processo, para se
elevar o escopo social e político da decisão. Entretanto, “o cobertor é
curto”. Nenhum desses escopos prepondera sobre os outros; dar
atenção demais a um pode fuder um outro lado. A busca desse
equilíbrio é o desafio do mundo moderno.
“O processo está cada vez mais preocupado com as repercussões
do resultado de suas decisões”.

“O processo está aí para melhorar a sociedade, independente do que


isso significar”, Marcelinho s2

O QUE É PROCESSO?

 Método (estatal) de solução de conflitos.

o Processo é uma relação jurídica – essa definição está diretamente


ligada à dualidade do ordenamento jurídico
 EXEMPLO. Contrato: é uma relação jurídica (ligada ao direito
material civil). Manifestação de vontade, seja escrita ou verbal
(dependendo do caso), caracteriza uma relação jurídica
 “Quando olhamos a sociedade, vemos várias relações entre pessoas,
empresas, etc”. Quando nasce uma relação jurídica?
 RELAÇÃO JURÍDICA

 Precisa de um objeto (não proibido por lei);


 Precisa de partes (maiores e capazes)
 Precisa ser relevante
 “Condutas humanas que, de tão importantes, são disciplinadas pela
lei”;
 “Nascem e morrem a nossa volta 24h por dia”;
 Uma relação jurídica pode existir, mas pode não ser processualmente
provada (por exemplo, xingar o amiguinho mas não conseguir provar
isso para ganhar uma indenização por injuria)
 No campo do direito material, há relações jurídicas que nascem e
morrem todos os dias independente da vontade das pessoas. No campo
do direito material, a relação jurídica processual só nasce quando há
pessoas que buscam a materialização dessa existência e quando o
Estado aceita tal relação

DPC0213 TEORIA GERAL DO PROCESSO


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
25/02/2016
Aula 2

SEMANA PASSADA
Breve história da evolução processual;
“Teoria Geral do Processo”, Candido Rangel Dinamarco é nosso livro.
Tem aqui: https://direito3c.files.wordpress.com/2013/04/teoria-geral-
do-processo-25-edicao.pdf
Nos anos 50, o juiz era “a boca da lei”. O legalismo era o valor
supremo, ainda que contra valores sociais.
Fim dos anos 60, inicio da fase instrumentalistas; Cappeletti e ondas
renovatórias.
Mais pra frente, instrumentalismo chega ao ápice. Não só o valor
jurídico, mas também o valor social e político estão na mira do
processo. Hoje, a própria constituição diz isso (“função social da
propriedade”).
Na hora da julgar, o juiz terá de pesar tudo isso. Outro ponto é que se
valorizar demais um desses pontos, deixa os outros a descoberto – o
que é algo tenso.
“Esse complexo de valores interage. Isso tem repercussões
econômicas, políticas, etc.”
Um dos primeiros brasileiros a estudar isso foi Celso Furtado. Nossas
leis não repercutem só judicialmente, mas também economicamente e
politicamente.

1. PROCESSO

o Vamos estudar de maneira mais próxima. Tentar enxergar de maneira


mais técnica. Seu conceito;

 Processo é uma relação jurídica;

o Relação jurídica? EX: um contrato. No âmbito do direito material, o


contrato é um tipo de relação jurídica estática. Ele não é dinâmico. Ele
pode ter mudanças, mas ele nasce e morre do jeito que sempre foi;
o Já o processo é uma relação jurídica em movimento. Relação
jurídica em movimento é algo só do direito processual. Essa relação
jurídica é iniciada pelo autor, vai para o juiz, chega no réu e continua
numa sucessão de atos. O processo vai se construindo até chegar ao
seu momento final: o julgamente e o trânsito em julgado da decisão
(uma decisão que não cabe mais recurso);
o Pense no ato de defesa do réu, a contestação. A contestação (se
defender) tem um prazo e uma forma prevista em lei. A contestação só
faz sentido dentro do processo;
o “Os atos processuais são encadeados. Eles tem esse dinamismo porque
o da frente depende do de trás”. Há uma sucessão de atos destinados a
um único fim: proferir uma sentença;

 EX: ninguém faz uma contestação assim do nada, fora do contexto de


um processo. Nao acordo um belo dia e falo “nossa, que vontade de
fazer uma contestação. Sobre o que? Sei lá, qualquer coisa, só estou
afim…”;

 Relação jurídica ângular: a que tem o formato: autor ─ juiz ─ réu.


Esse esquema não liga autor e réu, mas sim, coloca o juiz entre esses
dois. O juiz impõe sua vontade a autor e réu. Autor e réu devem
aceitar a decisão do juiz. As partes estão sujeitas a esse poder estatal;

 Elio Fazzalari diz: “processo é um procedimento realizado em


contraditório”

 Procedimento: na teoria pura, processo é apenas uma abstração,


apenas uma ideia do pensamento humano. Quando você vai no fórum,
você pega os autos do processo. Processo é abstrato, procedimento
é concreto. Procedimento, é, por exemplo, quem pode depor, quando
pode depor, qual a ordem das coisas, etc.

 Contraditório é participação, a possibilidade de você falar num


processo, de ser ouvido no processo e, consequentemente, através do
diálogo, poder influir legitimamente na decisão do juiz. Se o juiz não
ouve as partes e se as partes não podem participar, no nosso
ordenamento, essa decisão é inexistente. O processo nem existe. Não
existe processo sem contraditório;

o “Há um meio legal de influir no convencimento de um juiz, através da


petição inicial, através da contestação, através da acusação por meio
do min. público (penal), defesa dos advogados…” ─ para isso, o juiz
precisa ser imparcial;
 EXTRA: na cobrança de impostos, todos nós ja nascemos
condenados. A gente vai ter que pagar o imposto e isso é uma
imposição do Estado. Se houver uma razão para o não pagamento, o
contraditório será ouvido lá na frente, depois do imposto ─ “são
exceções que confirmam a regra, não se preocupem”;

 O procedimento legitima uma decisão, desde que esse procedimento


esteja guiado pelo contraditório;

2. CONTRADITÓRIO

 “Meio de defender os seus interesses, os seus pontos de vista”.


Contradizer no sentido de falar no sentido contrário. Defender seus
interesses as vezes falando algo que está contrário à lei;
 Quanto mais contraditório, mais justa deve ser essa decisão. É a
própria decisão com base no diálogo;

RESUMO ATÉ AGORA


Teoria geral do processo: como nasceu (1858); unitário X dualista
(olhar sistema jurídico e enxergar duas direções, d. material e d.
processual); método de solução de conflitos.

3. INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO D. PROCESSUAL //


COLUNAS QUE SUSTENTAM O DIREITO PROCESSUAL //
POLOS METODOLÓGICOS

 “Processo é um dos institutos fundamentais do direito processual”;


 Há 4 institutos fundamentais do direito processual;

1. Processo;
2. Jurisdição:
1. juris dictio, dizer o direito
2. Tem três perspectivas: poder, função e atividade
 Poder jurisdicional, um dos poderes da república, o judiciário;

 Função de dizer o direito, função que não lhe pode ser subtraída (art.
5°, XXXV);

 Atividade: quando o juiz está trabalhando no fórum, está exercendo


atividade. Isso lhe confere poder de império: poder para arrancar um
advogado na sala, ordenar busca e apreensão, etc

 Defesa

1. Due Process of Law, no common law;


2. Direito de defesa. É parte do contraditório (tanto a defesa quanto a
autoria do processo). A garantia do contraditório é garantia de fala
para todas as partes. O direito de defesa é elevado ao mesmo grau
de importância que o direito de acusação (a própria Constituição
garante que “todos são iguais perante a lei”)

 Ação

1. Direito de invocar/pedir tutela jurisdicional quando alguém precisa;


2. Ação é um ato. Ato de invocar é inerente de um Estado de Direito.
Todos têm direito de ação, de obter tutela (ajuda);

 CC Art. 5° XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito;

1. O cidadão que se sentir lesado, terá direito de ação. D. de ação


envolve o acesso à justiça. Para isso, precisamos superar problemas
sociais, a falta de informação da sociedade precisa ser superada, é
preciso haver meios para que a populção alcance
2. “Direito de ação é direito de acesso a uma ordem jurídica justa”. Onde
há um juiz imparcial, um juri competente, acesso à contraditório, etc.
// isso porque até em Estado de exceção temos direito de ação, mas
essa ação só é concreta se meu acesso não é precário;

4. AUTOTUTELA, AUTOCOMPOSIÇÃO E
HETEROCOMPOSIÇÃO

 Autotutela

1. Conceito simples e complexo;


2. “Direito que você tem de defender os seus direitos e interesses usando
as suas forças”. Tenho direito de me autotutelar em alguns
casos; EX: No direito penal, meu direito de legítima defesa; “se me
atacar, eu vou atacar”, BRASIL, Inês. EX2: No direito civil, se
alguém invade minha propriedade, também posso usar meu esforço
próprio para repelir injusta agressão (mas tem que ser proporcional);

 A autotutela é proibida pelo Estado de direito! Se ela fosse


permitida, o mais forte sempre venceria. É essa proibição que é a
justificativa para a criação da jurisdição Estatal – para o Estado
agir em nosso nome. O Estado invoca para si o poder de resolver
litígios ─ por outro lado ele proíbe a vingança;

1. “Como o Estado evocou para si a vingança [o remédio para o litigio,


para o mal provocado], o Estado é o único a quem é permitido a
atividade jurisdicional;
2. Só é permitido a tutela jurisdicional em substituição da
necessidade das partes de reparar o mal que sofreu / a ofensa / o
pŕejuízo; aquele que sofre um prejuízo, só pode reaver tal direito se
for através da via jurisdicional do Estado;
3. “Em 99% das situações a autotutela é, no mínimo, não recomenda”;
4. É a proibição da autotutela que “resfria” o tecido social, que “acalma”
a sociedade, para que não aconteça montes de vinganças por aí;

 Jurisdição atua em regime substitutivo também / e principalmente


para evitar a autotutela

 Autocomposição

1. Jurisdição, a ideia que envolve acesso à justiça e a uma ordem jurídica


justa foi, a partir dos anos 60, amplificada;
2. A partir dos anos 70, houve uma grande corrida ao poder judiciário.
Montes de pessoas indo à justiça tutelar seus direitos. Houve
ampliação de acesso à justiça;
3. Naquela época, por mês, cada juiz dava 60 sentenças. Hoje, a
produtivadade mínima (determinada pelo CNJ) é de 100
sentenças/semana!
4. Hoje, mais de 52 milhões de processos pendentes;
5. Portanto, a justiça meio que se fudeu;
6. O acesso à justiça está aí. Vem todo mundo que quiser. Mas, em vez
de vir assim com tanta sede assim, que tal vocês se resolverem mais
entre vocês. Que tal aumentar o incentivo a autocomposição

 Novo CPC Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos


essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz
designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos
20 (vinte) dias de antecedência.

1. Novo CPC obriga as pessoas a passarem por uma fase de


autocomposição – isso é uma super inovação;
2. O Estado gasta tempo demais para resolver litígios
 O processo é um método de solução de conflito. A conciliação
também!

 Novo CPC Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as


disposições deste Código, incumbindo-lhe: V – promover, a qualquer
tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais;

 EXTRA No Direito Penal não existe conciliação! Estado não admite


transação para quando a liberdade está em jogo =P ─ só no caso de
alguns crimes de pequena expressão se admite uma transação (tem lei
pra isso, não consegui anotar o número do trem)

 EXTRA 2 Justiça trabalhista é campeã de negociação. Réu (empresa)


sabe que tem poucas chances de ganhar. Consequência: o advogado,
ao sentir uma condenação, força um acordo, até mesmo com
pagamento de acordos que não existiriam;

1. “Autocomposição, assim como o processo, é um método de solução


de conflitos”;
2. Novo CPC joga obrigatoriamente as partes numa fase de conciliação.
É um meio de diminuir o número de processos na justiça.

 Heterocomposição

1. Composição entre autor e réu que conta com a ajuda de uma terceira
pessoa para resolver. Nesse caso, falamos basicamente de arbitragem
2. Lei 9307/96 ─ criação da faculdade (não é obrigação) de submeter o
litígio a uma terceira pessoa, o árbitro, que pode julgar sozinho ou, se
for a escolha das partes, através de um painel arbitral ─ órgão
colegiado formado de pelo menos 3 pessoas (sempre número ímpar);
3. É exatamente como funcionava lá no direito romano! Mais uma forma
de diminuir o número de litígios na justiça e uma possibilidade das
pessoas resolverem o problema de um jeito mais rápido;
4. A arbitragem/autocomposição é basicamente como um contrato. Ao
concluí-lo, é como se assinássemos um contrato, um ato jurídico
perfeito;
5. O árbitro pode ser qualquer pessoa, não precisa ser formado em
direito. O árbitro, dentro da arbitragem, profere uma decisão,
resolvendo o litígio. A decisão da arbitragem tem a mesma força de
uma sentença dada por um juiz. Caso seja necessária executar essa
decisão, seria do mesmo jeito que fosse executada um decisão
judicial;

 Cabe recurso no litígio? xxxx

1. Arbitragem não é meio alternativo de solução de conflitos. Assim


como a conciliação, não é meio alternativo à solução de conflitos. Não
são “mecanismos multiportas” de solução de conflitos. Processo,
conciliação, conflito estão todos no mesmo nível. Uma não é
alternativa a outra!

TG do Processo
Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Aula 3
03/03/2016

1. INTRO / RELEMBRANDO

 O que eu posso fazer para solucionar um conflito?

o Processo é um método de solução de conflito;


o Mas ele às vezes é falho. Quais são os problemas?
 Tempo. Demora demais, é muito formalista; Aldo Attardi disse que
processo leva muito tempo para acabar por causa do “tempo morto”, o
tempo que o processo fica parado para absolutamente nada; quando
você abre um processo, a citação do réu é feita um ano e meio depois
(!), réu se defende na contestação e processo fica mais uns 10 meses
para andar de novo
 EXTRA Em 2004, o CNJ controla o trabalho dos juízes ─ coloca meta
para quantidade de julgados

 Falta de experiência/vontade do próprio judiciário de fazer correr


a máquina. Fazer julgados corretos, até que sim, mas julgados
rápidos, nem sempre ─ quem quer velocidade é o CNJ

 Informatização

 “A Justiça que tarda é falha!”


o Alternativas ao processo: sistema multiportas de solução de litígio. A
porta do processo estatal, hoje, é a pior.
o “A justiça é uma estrada que, quanto mais se alarga, mais
congestionada fica”.
o É no processo que aparece o poder do judiciário. Se você judicializa,
até para fazer acordo, precisa da concordância do juiz;

 Outras portas?

2. CONCILIAÇÃO

 Art. 334 do novo CPC: fase de conciliação obrigatória na qual deverão


passar todos os autos (?) do processo. Essa fase exige a participação
de conciliadores formados;
 O conciliador exerce o papel de fazer com que as partes cedam um
pouco cada um e façam uma concilição. Ele tem que informar as
partes, fazer com que elas entendam que o processo não é um caminho
razoável/apropriado e, através da conciliação, colocar fim no litígio;
 Art. 125 do CPC velho: competia ao juiz fazer com que as partes
passem pela conciliação ou não;

3. MEDIAÇÃO

 Nosso sistema diferencia mediação de conciliação ─ na prática, são


quase iguais
 Lei 13.140/2015
 É diferente da conciliação;
 Mediação pressupõe o reestabelecimento de uma relação que se
perdeu. Esse reestabelecimento passa pela solução do
litigio. EX: casal que está se separando; aparece um mediador que
reestabelece a relação; EX2: duas empresas têm um contrato de 10
anos e tretam no meio do caminho ─ a ideia é solucionar a treta e
reestabelecer o contrato anterior. Litígios relacionados a contratos de
longa duração;
 Como me qualificar a mediador/conciliador? Tem curso nos Tribunais
de Justiça do Estado;
 Mediador é alguém que vai mais a fundo, estuda mais o caso, fornece
às partes subsídios melhores, fornece subsídios do que aconteceria na
justiça

4. ARBITRAGEM

o Lei 9.307/96;
o Para a arbitragem, podem ir pessoas maiores e capazes;
o Só podem ir litígios que envolvam direitos disponíveis. Litígios que
envolvem direitos indisponíveis não são arbitráveis;

 EX: Submeter à arbitragem o meu direito a receber alimentos (no caso


de divorciados) ─ alimentos é uma coisa indisponível, o árbitro não
pode arbitrar litígio sobre direito indisponível ─ direito ao nome, à
saúde, segurança, questões estatais (rodovia, rua, prédio público);
o O ideal: direitos patrimoniais ─ dinheiro! Contrato não cumprido,
indenização, prestação vencida. EX: duas empresas de alta tecnologia
discutindo sobre uma patente. Um litígio sobre isso na justiça pode
demorar, pagar caro e ainda ter uma solução imprecisa. Juiz não tem
conhecimento, o períto nomeado pelo juíz também pode não ser bom.
Esse litigio altamente especializado pode ser submetido a arbitros e a
solução desse litígio pode vir rápido;
o Litígios ideiais para arbitragem: litígios complexos de direitos
disponíveis (e as partes têm que ser maiores e capazes);
o Quando se vai a arbitragem, se vai de livre e expontânea vontade. Por
isso, se considera que as partes sejam maiores e capazes. Além disso,
interesses precisam ser disponíveis (não batem em questão de
segurança/públicos);
o Há alguns contratos (principalmente usado por empresas estrangeiras)
com cláusula compromissória, no qual as partes assumem o
compromisso de submeter qualquer litígio que possa aparecer à
arbitragem ─ uma cláusula compromissória é um negócio jurídico que
tem como objeto uma questão processual (negócio jurídico
processual); é possível fazer outros negócios sobre o processo, vamos
ver mais pra frente;
o Para ser árbitro, não precisa ser formado em direito;

 Arbitragem com cláusula cheia: antes da arbitragem, estabelecem-se


todos os trâmites de como vai rolar a arbitragem: quem vai ser o
árbitro, quando vai acontecer, que lei vão usar;

 Também pode existir um painel arbitral, um julgamento colegiado


feito por árbitros. A ideia é evitar e diminuir casos de corrupção;
 Normalmente, as decisões arbitrais, tecnicamente, são melhores.
Vantagem: tempo, mais rápido. Desvantagem: alto custo. Porque é
cara? Porque os árbitros cobram muito caro para serem árbitros. No
âmbito empresarial/internacional, dificilmente não se gasta menos de
US$ 300 mil, árbitros cobram uma bolada. Quanto custa um processo
judicial, grosso modo? Depende do valor do litígio, porque a justiça
cobra 3% do valor do litígio ─ há um teto de R$ 40 mil de despesas
processuais. Fora isso, tem todas as depesas com advogados; em
resumo, vai dar uns 5% do valor do litígio;
 Para sugerir a arbitragem para alguém, precisa entender a arbitragem.
Direitos disponíveis, pessoas maiores e capazes, velocidade rápida,
tática empresarial (grandes empresas;
 Decisão arbitral, dada ao final, tem o mesmo peso da decisão
proferida por um juiz;
 Arbitragem é exercício de poder juridicional (privado). O árbitro, seja
quem for, exerce atividade juridicional. Isso confirma que as
sentenças de arbitragem tem o mesmo peso que a da sentença
proferida pelo juiz;
 HISTORINHA O antecedente da arbitragem é o navio pirata ─
juridição internacional;
 FIKDIK Ter aula de arbitragem com o prof. Carlos Alberto
Carmona
 A arbitragem precisa contar com apoio juridicional; arbitragem não
possui poder de coerção, que só existe no âmbito do processo estatal.
 EX: árbitro pode expedir liminares? (liminar: decisão
provisória/transitória para resolver urgências/emergências; mas
precisam de força de coerção para ter resultados no mundo real).
Árbitro não tem poder de coerção. É nessa hora que ele precisa de
apoio juridicional, ir até o juiz da comarca para que este valide a
liminar do árbitro. Árbitro expede e juiz faz cumprir a liminar;
 Causa de indisponibilidade por cancelar a arbitragem? Depende, se
uma das partes (no geral, no final, a prejudicada) vai lá no juiz
comum.
 Art. 32 e 33 da Lei da Arbitragem: depois que arbitragem acaba,
partes podem levar à justiça para “validar”. No geral, sistema estatal
não invalida decisão arbitral ─ afinal, se for ficar se metendo na
arbitragem, que tivessem vindo logo para o processo tradicional logo;
 Árbitro também precisa do apoio juridicional para ajudar a executar
sua decisão definitiva (tende a transitar em julgado), afinal das contas,
o árbitro continua sem o poder de coerção do Estado. Na decisão final,
ele também vai ao juiz para que esse confirme/mande executar a
decisão do árbitro
 RESUMO Árbitro tem juridição, mas não tem coertio, poder
coercitivo;
 Essência do árbitro é a especialização no assunto.

5. PROCESSO ESTATAL
 É o que a gente vai ver no resto do semestre tudo #eeeee #dahora #sqn
#cadedinheiros?

Teoria Geral do Processo


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Aula 4
10/03/2016
BUROCRAS

 Semana que vem é o seminário de arbitragem. Vai ter redação na


prova sobre o tema;

1. INTRO

 Já vimos: mecanismo multiportas de solução de conflitos. O processo


tradicional é o mecanismo estatal/oficial. Mordernamente, também
temos mediação, conciliação e arbitragem;
 “Lembrem-se que, para o processo estatal, vão direitos disponíveis e
indisponíveis”. Um conflito que envolve um menor absolutamente
incapaz só pode ir para o processo estatal;
 Multiporta: perfeito quando se fala em direitos disponíveis. Qual é a
palavra ideal? A-DE-QUA-ÇÃO. Dependendo do caso, uma porta é
melhor que a outra;
 Indisponibilidade: pode ser decorrente da capacidade do titular do
direito ou porque o próprio direito em si é indisponível (direito à vida,
ao nome, etc.). Direito patrimonial para alguém que tem 50 anos é
disponível; para quem tem 5, indisponível;
 Hoje: Jurisdição. O que raios é, conceito (capacidade de dizer o
direito), características…

2. JURISDIÇÃO

 CONCEITO: capacidade de dizer o direito (jus dicere / juris dictio);


 Para que exista jurisdição, preciso de alguns elementos determinados
pela lei;
 UM DOS ELEMENTOS DETERMINADOS POR LEI PARA
EXISTIR JURISDIÇÃO: orgão jurisdicional. Órgão jurisdicional
são juizes e tribunais. Juiz é um órgão jurisdicional. Tribunal também
é um orgão jurisdicional. Tribunal é um órgão colegiado (formado por
vários desembargadores);
 Jurisdição é também poder estatal, um dos poderes da república
cuja missão é solucionar conflitos. Judiciário resolve os problemas
passados (executivo: presente; legislativo: futuro). Jurisdição é um
poder exercído por juizes, é um poder federal, é uma função (todo juiz
tem por função aplicar o direito ao caso concreto) e também é uma
atividade;

3. REQUISITOS ELEMENTARES/CARACTERÍSTICAS DA
JURISDIÇÃO (elementos para identificar a atividade
jurisdicional)

 3.1. INÉRCIA. A jurisdição é inerte. Isso é a chave para entender o


processo (a forma como a jurisdição aparece no mundo real).
Nenhuma jurisdição atua “de ofício” (ex officio). Ela é inerte, só
aparece quando é provocada. É uma forma de respeito à autonomia
da vontade privada. As pessoas vão atrás da jurisdição se elas
quiserem. Novo Código de Processo Civil tem isso como um dogma.
Eliminou toda e qualquer possibilidade de um juiz iniciar um processo
sozinho (no anterior, juiz poderia abrir inventário, mas, na prática, isso
ocorreu pouquíssimas vezes). No direito penal também vale isso. A
diferença é que quem atua de ofício (inicia o processo) é o Ministério
Público (tanto federal quando a nível estadual);
 “Mesmo diante de direitos indisponíveis, a jurisdição continua inerte”;
 Durante o processo o juiz se torna um órgão ativo. Se ele encontrar
coisas que pode fazer “de ofício”, o fará. A jurisdição é inerte no
início do processo;
 Qual vantagem de termos uma jurisdição inerte? Evitar a
parcialidade do juiz ─ queremos um órgão jurisdicional imparcial,
que não esteja torcendo para nenhum dos dois lados;
 Juiz deve estar equidistante dos interesses das partes;
 “ne procedat judex ex offcio” / não proceda ao juiz de ofício;
 “O processo é a manifestação física do poder jurisdicional”;
 3.2. LIDE
 Lide é uma expressão antiga para designar um LITÍGIO;
 Processo nasce para resolver litígios. Não admito o exercício do poder
jurisdicional se não tiver litígio;
 EXTRA Atividade judiciária: dos 3 poderes, o mais limitado ─ afinal
das contas, ele não é escolhido pelo povo;
 3.3 DEFINITIVIDADE
 Dizer o direito em regime definitivo, ou seja, as suas decisões se
tornarão indiscutíveis (trânsito em julgado [após esgotados os
recursos]);
 “A sentença (decisão judical) faz lei entre as partes” ─ se torna um
imperativo entre as partes. Decisões judiciais ganham estabilidade, e é
isso que garante paz social / segurança jurídica;
 Pode apelar e pedir recurso para próxima instância? Pode! Decisão vai
ser reformada? Não sei. Em pesquisas informais, gira em torno de
30% o número de decisões que são reformadas (totalmente ou
parcialmente). Mas ter uma possibilidade de recurso é importante para
diluir o poder e diminuir o número de arbitrariedades;
 Hoje, devido o grande número de recursos, há mecanismos inibidores;
 3.4 SUBSTITUTIVIDADE
 É o elemento presuposto dos outros demais 3. É a ideia geradora da
jurisdição;
 Autotutela é proibida! “Quem se sentir prejudicado, que venha até o
Estado”;
 Autodefesa pode. Posso me defender de um ataque, mas de forma
proporcional a tal ataque. Autotutela só se admite de acordo com a
proporção do ataque;
 Por que isso? Porque compete somente ao Estado a solução de litigios.
Isso nos coloca em pé de igualdade, uns dos outros;
 Barbosa Moreira (ou Nogueira?) compara o processo moderno aos
antigos duelos da idade média. Frente a um conflito, as pessoas
duelam para ver quem tem razão. Pessoas estão, teoricamente, em pé
de igualdade. Em tese, não vence o mais forte, mas sim, a justiça;
 “A justiça avoca para si a solução do litigio”

4. ESCOPOS/FINALIDADES DA JURISDIÇÃO

 ESCOPO JURÍDICO: Resolver conflitos com justiça / Dar a cada


um o que é seu;
 Mas há outros escopos. Os da jurisdição são os mesmos do processo
(aplicar a lei (jurídico) / resolver questões sociais (SOCIAL) /
resolver questões políticas (POLÍTICO);
 Lá atrás, também falamos que “o cobertor é curto!”
 É na interação desses valores que aparece a jurisdição;

5. RELAÇÃO JURISDIÇÃO + LEGISLAÇÃO

 Juiz não pode ir contra a lei;


 A ele compete cumprir a promessa feita pelo legislador e tornar
concreta uma regra da lei;
 “Relação entre jurisdição e legislação, obviamente que um não está
nem acima nem abaixo do outro, é uma relação
de complementariedade. A jurisdição efetiva a lei ao caso concreto”;
 Reforça a ideia de dualidade do direito: é processual e é lei
 EXTRA Existe jurisdição internacional (ONU, Tribunal Penal
Internacional, Tribunais Europeus). Mas o mais comum é a jurisdição
ligada ao território. Conflitos modernos/econômicos;
 Jurisdição e legislação interagem, mas um não está acima do outro.
Mas, por EXEMPLO, segundo a lei, mulher que dá à luz tem direito a
licença maternidade; e a mulher que adota, também pode? Como o
juiz julga um caso desse?
 Lei elege valores. Quando o juiz tenta enxergar valores sob a ótica da
justiça, não há uma regra com valor congente. Frente ao caso
concreto, ele se desprende com um olhar de direitos
fundamentais/princípios. Ou você enxerga uma lacuna e supre essa
lacuna ou, mesmo contrário a uma lei, você escolhe eleger valores
constitucionais / princípios constitucionais;
 “Juiz não é apenas a boca da lei, mas intérprete do direito, seja ele a
lei, seja contra a lei”. Excepcionalmente o juiz tem o direito de aplicar
a justiça ao caso concreto;
 Seja qual for a discussão, o valor é subjacente à norma;
 “A jurisdição só atua diante o caso concreto, frente a um litígio”. Ele
adequa o direito frente ao caso concreto;

6. LEGISLAÇÃO + ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / PODER


EXECUTIVO

 Absoluta submissão da adm. pública à legislação. O executivo tem


que cumprir aquilo que está na lei ─ às vezes, até irritantemente;
 Adm. Pública deve sempre fazer aquilo que está exatamente na lei;

7. JURISDIÇÃO + ADM. PÚBLICA / PODER EXECUTIVO

 Poder judiciário pode, de alguma forma, rever decisões do executivo?


 Se o ato da adm, pública for discricionário, não dá para se intrometer.
Mas, se for ato vínculado (à lei), cabe sim ao judiciário rever os atos
da adm. pública. Isso é uma característica muito presente nas
administrações modernas;
 Executivo está submetido à jurisdição;
 (Até se o ato for discricionário, o controle de jurisdição pode se
intrometer ─ com base em princípios…

8. “ESPÉCIES” DE JURISDIÇÃO

 Jurisdição é UNA. Há apenas uma jurisdição. O que se divide em


espécies é apenas o EXERCÍCIO da jurisdição. Quem é juiz é juiz
igual ao outro em todo lugar. Mas alguns são civis, outros são
trabalhistas, outros são militares… Tudo isso são exercícios
jurisdicionais;
 O que muda é a COMPETÊNCIA de cada juiz. A competência é
ditada pela Constituição e pela lei. É a jurisdição civil / residual para
os efeitos de competência aquela voltada para a resolução de litigios
civil (residual porque também resolve litígio administrativo,
comercial, etc);
 Pode existir jurisdições específicas, como a trabalhista, regida pela
famigerada CLT; jurisdição penal é aquela somente da esfera
criminal; entre outros exemplos;
 Falar em espécie de jurisdição já é uma expressão equivocada. O que
há de diferente são os exercícios;

9. “GRAUS” DE JURISDIÇÃO

 Designa o juiz da comarca como o juiz de primeiro grau de jurisdição


/ ou / juiz de primeira instância;
 Juizes de tribunais seriam chamados juizes de segundo grau de
jurisdição / ou / juiz de segunda instância;
 MAS A JURISDIÇÃO É UNA. Falar em “graus” de jurisdição
também é uma expressão equivocada. Nossa Constituição
estabelece ÓRGÃOS de jurisdição;
 INSTÂNCIA: apenas o local onde o processo está;
 NÃO EXISTE terceiro grau de jurisdição. Os tribunais de Brasília não
são terceiro grau de jurisdição!
 Brasília só tinha o Eros Grau #HAHA #TCHARÃNS
#pegadinhadomalandro

Teoria Geral do Processo


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Monitores belíssimos: Cris (crisbessas@gmail.com) e Roberto
(roberto.barracco@gmail.com)
18/03/2016
SEMINÁRIO 1: ARBITRAGEM
1. HISTÓRIA

 Bem primitivo. Raizes em Roma! Arbitragem, pra gente, começou em


Roma;
 Em conflitos de guerra entre “nações”/tribos, essa ideia de mediação
era usada;
 Mauro Capeletti trata do assunto. Suécia começou com essa ideia,
através do “ombudsman”, o mediador que era usado em conflitos de
consumidor. Ele tentava resolver o conflito de maneira mais
adequada;;
 No Brasil, o ombudsman sueco é o Procon!;
 Arbitragem ganha muita força de cara e, só depois, a mediação;
 No Brasil, a conciliação trabalhista era inspirada nessas ideias (agora
não existe mais);

2. THE EVOLVING “A” IN ADR

 A = antes era de “alternativo”. PROBLEMA: alternativo significa ou


um ou outro;
 Depois, esse ‘a’ vira de “adequado”. Você escolhe qual porta do
sistema multiportas é o mais adequado (no original, a tradução mais
próxima seria de “apropriado”);
 Nos anos 2000, surge a ideia de “amigável”. Houve uma cisão total do
que é judiciário, arbitragem e a mediação. Para tentar promover mais
as ideias de mediação, resolvem fazem essa “propaganda” de ADR;
 Hoje em dia, Michael Moffitt fala que não ligamos mais para esse
“A”. ADR é uma ideia ligada à paz social. Uma relação de
mutualismo. Você pega o melhor de cada ferramenta possível de se
aplicar ao caso;

3. DIREITO POSTO E ADR

 Judiciário em si: dá um parâmetro do que cada parte tem direito;


 Se não houvesse o direito posto, não existiria ADR;
 Além disso, é o direito posto que garante que a solução alcançada na
ADR será colocada em prática;
 O direito posto também cria comportamentos. Entre eles, o de código
de ética. Códigos de Ética? 1. Da OAB; 2. Do lugar onde você
trabalha;
 Se você não age eticamente? Pode perder sua OAB e ainda ter que
pagar o dano (que pode chegar a mulhoes);

4. VANTAGENS DA ADR PARA O JUDICIÁRIO

 Economia de tempo;
 Gestão mais eficáz dos processos ─ isso está super incluído no novo
código;

5. NOS EUA

 ADR bomba nos EUA;


 Tem muito mais coisas, muito mais diferenças;
 Nos EUA, ADRs são bem mais comuns. É aberto ao poder público.
Até agência reguladora usa isso. O Min. Público dos EUA tem
programas de ADR para resolver os mais diversos problemas ─ no
Brasil, isso é tido como um absurdo;
 Levantamento de dpto. de justiça dos EUA fez um levantamento. Em
2015, índice de sucesso nos programas voluntários é de 71% de
sucesso!
 EXTRA EUA: são 59 legislações diferentes! Cada Estado é uma coisa
diferente, cada Estado permite casos diferentes em ADR. EX:
Delaware deixa tudo, é sucesso. Lichtenstein na Europa também
bomba com tudo;
 Economia em valores, tempo de trabalho e tempo de litigância;
 Em 2015, são R$ 14 milhões economizados, 21 mil dias de trabalho,
2100 meses de trabalho poupados. Se esses números forem tudo de
verdade, arrasou;
 Isso leva em conta os números de economia em mediação;
 R$ 14 milhões em 542 casos;
 No Brasil, não temos números para comparar =( #xati

6. TIPOS DE ADR

 Arbitragem possível
 Arbitragem obrigtória ─ o Oregon obriga arbitragem dentro do
judiciário em casos de valores até 50 mil dólares (de valores baixos!
Ao contrário do Brasil);
 Mediação avaliativa (d. De família);
 “Conciliação”;
 Michigan midiation;
 Investigação maluca
 Joint F. Find;
 Mini-trial: tipo um mini game
 TEM UM MONTE DE FORMATOS SOCORR;
 “Regra Negociada”: funciona no âmbito de agência reguladora.
Agência negocia regras que sejam interessam interessantes para
governo e possíveis de serem executadas pelos ‘players’;

7. ADR E O PAPEL DO ADVOGADO

 Até 1996, arbitraristas e advogados que trabalhavam com ADR não


eram bem vistos;
 Hoje, até funciona ─ mas, na tradição, “processo é um duelo, as partes
não se dialogam”. Então ainda fica meio ruim;
 Na Europa, o advogado consensualista é super mal visto (texto do
Jennifer W. Reynolds);

8. NO BRASIL

 Mediadores no Brasil, códigos de ética e metas;


 CF 88: vamos fiscalizar o Estado ─ porque o Estado é super poderoso.
Nesse contexto, o acesso a justiça foi super garantido. Com isso, os
números de processos cresceram exponencialmente;
 São milhões de casos entrando todo ano ─ e o número de servidores,
juizes e afins não aumenta desse jeito. Processo demorando 10 anos
#nãodá;
 ADR veio. Entre eles, principalmente, mediação;

9. MEDIADOR

 MEDIADOR: não tem a função de ele chegar a uma solução. Não tem
poder de fazer propostas. Ele tem que mostrar a lei para as duas partes
e fazer com que eles chegem;
 CONCILIADOR: pode oferecer propostas e trabalhar mais perto das
partes;
 Na real, mediador e conciliador, na prática, é a mesma coisa ─ mas o
legislador quis diferenciar.

10. CARACTERÍSTICAS DA MEDIAÇÃO NO BRASIL

 A partir do Novo CPC, todo processo tem que rolar uma sessão de
mediação. Agora é praticamente obrigatório;
 Agilidade? Sim, rapidinho. Dá até para resolver numa sessão só;
 No Brasil, tem muito mediador nas comunidades (enfermeira de
postinho, pastor evangélico…);
 Conciliardor/mediador é o representante do poder judiciário naquele
momento ─ mas também é bem informal, pode acontecer em qualquer
ambiente;
 É mais barato;
 Mas e agora, com a mediação obrigatória? Vai dar certo? Não temos
estrutura pra isso. Vai ter umas filas gigantes?

11. CENTROS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

 Competições de mediação desde 2013;


 “Competição Nacional de Mediação”;
 Fase pré-processual: CeJusC chama as pessoas e resolve o conflito.
É homologado pelo juiz e tudo. Mas, formalmente, você vai no
judiciário e não existe nada disso. No geral, essa fase pré-processual
envolve conflitos de família e pensão de família. As pessoas ficam
tudo chocada e obedecem tudo bonitinho. Qual a merda? Conflito
pode ser resolvido numa cagada louca, tipo a pessoa devendo 70% do
salário mensalmente como pensão alimentícia #fudeu
 CASE CEJUSC DE JUNDIAÍ: mulher que implementou um super
Cejusc em Jundiaí com “peritos” especializados (pintores, serralheiro,
mecânico) e que fazem uma “perícia” toda informal mas que consegue
resolver tudo #maravilhoso. “É válido? É, mas para casos pequenos”,
diz Cris Bessas;
 Caso Ceará

12. ARBITRAGEM NO BRASIL

 Só pode para direito patrimonial disponível!


 Mas as vezes, essa disponibilidade não está tão explicita. EX Direito
trabalhista pode dar merda

Teoria Geral do Processo


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Aula 5
28/04/16
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA
0. BUROCRAS

 Atrasou tudo pós greve. Paciência;


 Sobre o trabalhinho, pesquisem, fale sobre o sistema multiportas,
livros de conciliação e mediação, métodos alternativos no Novo CPC.
“O ápice deste trabalho seria a doutrina estrangeira ─ em especial, a
norte-americana”. Há textos disponíveis;

1. RELEMBRE: ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA

 Último tema: organização judiciária. São órgãos do poder judiciário o


 STF: defender a Constituição;
 STJ: manter a integridade do ordenamento jurídico infraconstitucional
e federal;
 Art. 102, inc.3 CF/88. Se um TJ-Estadual faz algo contra uma regra do
CC, por exemplo, vamos ao STJ para reverter essa violação ao texto
legal ─ claro, o STJ também cuida de princípios, até de texto
constitucional, etc;
 “Enxerguem isso como uma diluição de poder. Diluição de poder é
saudável para evitar arbitrariedades”;
 Todo o complexo sistema judiciário custa caro, é algo complexo, mas
é uma forma de evitar arbitrariedades. Esses juízes não são eleitos
pelo povo, portanto, é esse sistema de diluição de poder que
possibilita evitar os abusos;

2. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ESTADUAL

 Organização da justiça estadual: chamadas Leis de Organização


Judiciária;
 Regras estaduais que fixam, por exemplo, o limite territorial das
comarcas;
 E o que é uma comarca? Espaço territorial onde o juiz exerce sua
jurisdição. Pode compreender mais de uma cidade (o que não é
comum no Estado de SP ─ no nosso Estado, as comarcas ocupam o
mesmo espaço que o espaço da cidade);
 Cidades pequenas, que não é suficientemente grande para ser
comarca, acaba agregada por uma cidade maior que seja próxima;
 A justiça estadual também tem subdivisões: justiça militar, eleitoral,
trabalhista… (perdi mais ou menos essa bagaça)

3. FÓRUM, FORO, VARA…


 Regra de funcionamento dos fóruns
 Fóruns regionais, por exemplo, são os que existem em SP;
 ─ mas essa expressão não é muito correta. Fórum é o prédio físico.
Mas Foro (EX: Foro Regional de Santana, Foro Regional etc) existem
em SP (“Mais correto seria chamar isso de ‘varas’);
 EXTRA Foro é sinônimo de Comarca;
 Quando focê entra num Fórum, a primeira diferença é a de vara X
 Vara é o local físico onde está o juiz (da expressão romana “conduzir
sob vara”);
 Cartório ou ofício é onde ficam os processos e os funcionários do
juiz que está ali na vara;
 EX: Se vou buscar documentos, vou no ofício; mas se vou numa
audiência, vou na vara;

4. DIVISÕES/REGIÕES DA JUSTIÇA FEDERAL

 Justiça federal se divide por regiões, não por comarcas;


 Não há juiz federal em todas as cidades. Ao contrário, são raras as
cidades que têm juízes federais;
 1a região: AC, GO, MG;
 2a região: ES e RJ;
 3a região: MS e SP;
 4a região: PR, RS e SC
 5a região: AL, CE e demais estados do nordeste
 Os demais estados que não foram citados são englobados nas regiões
citadas
 Tribunal Regional Federal da 3a Região tem sede na Av. Paulista! \o/
Se alguém do MS precisa despachar alguma coisa, precisa vir aqui pra
Av. Paulista #pans

5. PARA QUE SERVE CADA JUSTIÇA

 A justiça estadual é a que é mais procurada pelas pessoas


 Resolve questões de família, acidente de trânsito, impostos
(estaduais), etc;
 Advogados dificilmente vão à justiça federal. Justiça federal serve
para questões que abrangem toda a União;
 EX: Questões relacionadas a IPI ─ imposto da área federal;

6. FUNCIONAMENTO DO TRABALHO FORENSE


 Novo CPC disciplina que o trabalho forense será initerrupto, mas
haverá suspensão de prazos do dia 20.dez ao dia 10.jan.;
 Mesmo assim, a justiça é initerrupta. Sempre haverá juizes de plantão

7. OUTROS ÓRGÃOS IMPORTANTES

 Há órgãos não jurisdicionais de extrema importancia


 CNJ: Conselho Nacional de Justiça. Realiza o controle externo do
poder judiciário. Não entra no mérito de como o juiz julga, mas sim,
tem condições de fiscalizar a forma de trabalho ─ inclusive tem poder
de sanções. Foi o CNJ que impôs cotas de produção mínimas para
juizes e desembargadores. Se o juiz não obedece essa cota mínima, ele
pode ser punido (punição máxima: aposentadoria compulsória ─
juizes tem vitalicidade)

 Juizes de primeiro grau (e desembargadores também) precisam julgar,


em um ano, a mesma quantidade de processos que entrou no ano
anterior. Não pode ter mais processo entrando no ano do que no ano
anterior;
 Por ano, no Forum João Mendes, por exemplo, chegam 6000 casos
novos; Isso dá umas 500 sentenças por mês, 150 sentenças por semana
#táfácil Dá pra fazer? Até dá, manda o estagiário / assessor ralar. Cada
desembargador tem direito a 10 assessores. Muitos dos acórdãos e
decisões são feitos por assessores;
 “É a realidade, fruto de um sistema que resolveu judicializar tudo”;
 “Meu estagiário propõe a ação, o está
 CNJ é um órgão colegiado composto de juizes, promotores,
advogados e gente “do povo” também. É um órgão misto que tem
condições de oferecer um controle dos órgãos judiciais;
 “O grande problema dos países de Civil Law é este, quem controla o
controlador? O juiz precisa ter independência, mas então, como
controlar essa independência? Aqui no Brasil, você entra na
magistratura através de um concurso e lá está “totalmente”
independente até o fim da carreira;
 CNJ: não se mete nas decisões individuais, mas pode interferir nas
condutas e na produtividade;
 Composição do CNJ é feita através de uma eleição. Pessoas têm um
mandato temporário de 2 anos;
 Presidente do CNJ = Presidente do STF
 CNMP: Conselho Nacional do Ministério Público. Fiscaliza os
Min. Públicos estaduais. Tem poder de sanção
 Corregedorias: órgãos internos de fiscalização. Há corregedoria do
MP, Corregedoria da Magistratura Paulista… Função: detectar desvios
na conduta de juizes, assessores e funcionários;

 Mas, nem corregedoria nem CNJ vai julgar a qualidade dos


julgamentos;
 EX: Corregedoria pode instaurar processo contra juiza que determinou
soltura de pessoas condenadas (direito penal) porque não tinha vagas
em cadeias nem em delegacias. Essa é uma questão mais interna.
Conduta do juiz está correta ou não?

 Escola Superior da Magistratura / Escola Superior do


MP: Escolas Superiores contribuem para o aperfeiçoamento de juizes
e servidores do poder judiciário com cursos de pós-graduação,
extensão, etc;
 Auxiliares (permanentes ou eventuais da sua função): os
contadores que estão em cada fórum, peritos em geral (permanentes);
pessoas não concursadas que se habilitam como colaborador da justiça
(eventuais) EX: médicos especializados que se habilitam para ajudar
em caso de alguma perícia muito específica. Esses eventuais recebem
uma grana no caso de serem acionadas. Enquanto trabalham, são
considerados servidores públicos;

 No Novo CPC, art. 334, precisamos de mediadores e conciliadores,


pessoas formadas para isso que receberão por isso, mas não serão
funcionários públicos;
 “Com o tempo, a tendência é sumir com os eventuais e aumentar o
investimentos nos permanentes)

8. SUJEITOS ESSENCIAIS NA DISTRIBUIÇÃO DA JUSTIÇA


(DIREITOS E GARANTIAS)

 ADVOGADO (art. 131 a 135 CF + Estatuto da advocacia, lei


8.906/94);

 Advogado possui o Ius Postulandi, o direito de postular. Isso o coloca


numa posição de protagonismo dentro do poder judiciário;
 Ele não é um servidor público, mas costuma exercer uma função
pública. Sua função é defender, na justiça, direitos, interesses, valores,
garantias, etc.
 “Sem advogado, não há como mover a máquina judiciárias”;
 Há algumas poucas coisas que para as quais não precisa de um
advogado. EX Habeas Corpus ─ exemplo de se poder postular sem
advogado;
 EX2: Mandado de Segurança (prevenir ilegalidades feita pelo Estado).
Esse sim só pode ser feito por um advogado;
 Lei dos juizados especiais: dispensa advogados em casos até 20
salários mínimos. O juizado especial permite que o cidadão vá
diretamente até a justiça num caso menor;
 Leis de inviolabilidade: aquilo que o advogado sabe, os segredos que
lhe foram confiados pelo seu cliente, estes são segredos profissionais,
ele não está obrigado a contar (o mesmo que acontece com o sigilo
médico). Por que isso? Para que o advogado possa atuar na justiça
livremente. Se exigirmos que o advogado conte tudo, não há como
sustentar a democracia;
 Poder de trânsito: pela lei, o advogado não pode ter sua locomoção
obstada por obstáculos colocados pelo Estado. Teoricamente ele pode
entrar e ter acesso a qualquer sala e a qualquer documento. Na prática,
não pega bem, mas num estado de exceção, isso faz muito sentido;
 EXTRA Garantismo processual: “um polo metodológico de estudar
os institutos processuais sob a ótica das garantias individuais”. Uma
corrente doutrinária pensando em evitar as arbitrariedades do Estado;
 “Vida de advogado é uma das mais difíceis”. Você começa num
escritório grande. Ganha vários clientes. Depois de um tempo, você
briga com todo mundo do escritório, sai e leva

 ADVOGADOS PÚBLICOS

 Para a União: Advocacia Geral da União / ou / Procurador


Federal
 Para o Estado: Advogado do Estado de São Paulo / Procurador do
Estado de São Paulo
 Para o Município: Procurador Municipal;
 Nesse caso, você é o representante do ente federal em juizos. Posso
trabalhar com várias coisas. EX: Desapropriação de imóveis, tributos,
etc;
 Está sujeito ao estatuto dos advogados mas também sujeito ao estatuto
dos funcionários públicos (e os princípios da adm. pública)

 MINISTÉRIO PÚBLICO

 A partir da CF/88 ganhou ampla autonomia;


 Atua na esfera do processo penal como o principal autor das ações
criminais;
 Direito de processar o criminoso é um direito quase que exclusivo do
promotor da comarca;
 Confere segurança nas acusações criminais, maior estabilidade de
atuação, evitam-se arbitrariedades ou desvios;
 Promotor recebe todos os dias inquéritos policiais de causos de
crimes e afins. Com a ajuda da polícia, ele vai coletar provas e tem o
poder de processar o criminoso;
 Esse promotor tem as mesmas prerrogativas da magistratura:
estabilidade, vitalicidade (nao pode ser demitido
administrativamente), está sujeito somente aos seus próprios orgãos de
controle (tirando o CNMP);
 EXTRA Na Inglaterra, elege-se o promotor da comarca. Governo
também pode contratar um promotor para um caso específico;
 Promotor também tem atuação na esfera civil. Promotor funciona
como fiscal da lei (“custus legis”). Protege os direitos indisponíveis
eventualmente discutidos na esfera civil;
 Direitos indisponíveis: cunho de proteção. Basicamente em torno das
pessoas incapazes. EXEMPLO: saúde, direito de família, adoção,
casamento, divórcio quando há menores; MAIS EX: Discussão de
uma herança onde há um menor absolutamente incapaz. Em cada
passo do processo, o juiz da comarca tem que mandar a bagaça para o
promotor do MP avaliar o caso. Em certos casos, ele pode até atuar
mesmo no processo (veremos a frente);
 Ingresso de ações coletivas: promotor também pode mover ações
coletivas para resolver litígios de massa (saúde, meio ambiente, etc),
mas também serve para casos de improbidade administrativa (l.
7.347/85) (EX: desvio de dinheiro público);
 Art. 127 a 130 CF + Lei Orgânica do MP
 4 garantias do MP
 1. Inamovibilidade: há um “promotor natural” em cada comarca. O
promotor não poderá ser removido ou transferido segundo critérios
políticos. Ele é inamovível. EX: caso de um promotor que está
combatendo a corrupção dentro da sua comarca de atuação; numa
medida política, alguém tenta o transferir;
 2. Vitaliciedade: assegura o posto de promotor durante toda a vida.
Na prática, só pode ser demitido através de uma ação na justiça. Não
pode ser demitido administrativamente, só judicialmente. O
procurador geral de justiça (chefe do MP), se descobrir que um
promotor atual com dolo/corrupção/etc. e quiser demitir esse
procurador, o procurador geral de justiça tem condições de mover um
processo. Se for condenado e mantida a condenação, aí sim ele perde
seu cargo;
 3. Irredutibilidade de vencimentos: salários do MP não podem ser
reduzidos;
 4. Autonomia: dada pela CF/88. Autonomia é ampla. Nos anos 90,
dizia-se que o MP era o 4° poder. Pode ter a iniciativa de ter suas
próprias leis. O procurador geral de justiça que regula isso. A
fiscalização é só interna. E ainda há autonomia financeira. A CF
determina que um pedaço do orçamento (2%) sejam destinados
diretamente ao MP, sem passar por nenhum critério do governador do
Estado. EX: 2% da arrecadação do Estado de SP é automaticamente
creditada na conta do MP do Estado. Governador não tem muita
chance de mandar nessa verba e nem dizer como o MP deve gastar
essa verba;
 Controle externo do poder judiciário, CNMP, apareceu pós anos
90, após excessos do MP;

 MAGISTRATURA

 Tem ─ e praticamente sempre possuiu ─ as garantias que o MP tem;


 4% do orçamento vai para a magistratura. Executivo não tem sequer
controle dessa fatia do orçamento;
 Autonomia financeira que permite a contratação de servidores,
compra de material, independência do executivo, etc;
 “Liberdade de julgar é a garantia de um Estado Democrático de
Direito”;
 Excessos praticados pela magistratura resultou no CNJ (controle
externo). Se você cria autonomia, você acaba criando espaço de
arbitrariedade;
 Quais são os problemas/desvios da magistratura? SÓ SEMANA QUE
VEM!
Teoria Geral do Processo
Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Aula 6
05/05/2016
PRINCÍPIOS DO PROCESSO
0. BUROCRAS E EXTRAS

 OBS1: Hoje tem princípios do processo: constitucionais e


infraconstitucionais. É tema novo e importante;
 OBS2: Marcelinho estava conversando com colegas sobre a situação
da justiça no Brasil hoje. Está atolada e toda cagada. Como proceder?
Parece que ninguém presta atenção em nada: advogado não presta
atenção no que escreve, juiz não presta atenção no que lê. Advogado
precisa prestar atenção no que o cliente está falando. A história precisa
fazer sentido e ter coisas relevantes. “Todo advogado é o primeiro juiz
do caso”. O advogado, ao ouvir a história do cliente, é o cara que vai
destacar um pedaço da vida real e a recompor num “caso de pedido”:
com os fatos e com os fundamentos jurídicos, vai elaborar uma peça
inicial que será transmitida ao juiz. Quando você chegar na fase
instrutória (produção de provas), as testemunhas vão ter que
corroborar com a história que você criou. E é este um dos maiores
problemas do nosso sistema judiciário, o descompasso com o
cotidiano. Nossa justiça não é uma justiça de consultórios, mas sim,
um sistema de pronto-socorro: um monte de gente desesperada, um
monte de funcionários tapando buraco, gente morta pelos corredores.
Por conta disso, nota-se que cada vez mais advogados vão falar com
juizes. Por que? Para tirar o processo da chamada “vala comum”. Se
você não aparece, o juiz não vai ler com atenção a história que você
construiu. “Enquanto vocês forem estagiários, o poder vai estar na
mão de vocês”. O estagiário é o cara que está mais próximo do
processo, que mais presta atenção. Em resumo, essa matéria é a que
mais vai dar problema na vida prática. Qual a solução processual
aplicada a cada caso? Qual o recurso cabível? Processo é um
problema atrás do outro (enquanto o direito civil/penal/etc. é mais
fixo). “O que se fala nos bancos da universidade parece um desfile de
alta costura”, a vida real é muito diferente do que vemos na São
Francisco;
 OBS3 Princípio da oralidade do direito. No passado (e no Sistema
Norte Americano), tudo é debatido ao vivo. No nosso sistema baseado
no direito romano, nos baseamos mais em coisas documentadas em
papel. Agora, porque um advogado mané faz uma coisa de 40 folha
para o juiz sendo que poderiam ser 5? Para se mostrar? Mostrar
erudição? Falta pragmatismo! É uma falha. Ministra Ellen Gracie
propôs que toda petição inicial devesse ter 3 folhas. “Quanto mais a
gente gosta de escrever, mais nos distanciamos da realidade”.
Prolixidade é uma bosta #issoélamentável “Quanto mais prático você
for, melhor”.

1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO: INTRODUCTION

 Tema mais importante;


 Primeira parte: definição de princípios. Essa parte pode ser meio
viagem, então vamos direto à definição aceita pelo departamento
daqui da SF:
 “Princípios são formas de otimização / mandados de otimização no
sentido de se fazer o melhor possível numa determinada direção /
num determinado sentido”
 Princípio tem que ser algo inerente a todo sistema, com grau de
abstração e amplitude o bastante a ponto de valer para tudo;
 EXEMPLO Princípio da ampla defesa. Faço tudo pela defesa da
pessoa, nunca a restrinjo. É algo aberto, abstrato, um típico princípio;
 EXEMPLO Princípio da boa fé: serve para tudo no direito/processo
civil;
 Mas tem coisa que não são necessariamente princípios. São regras,
normas aplicáveis apenas a um ponto do processo. Elas são
específicas e importantes ─ e aí tem gente que chama de princípio,
apesar de não ser;
 EXEMPLO Quem é derrotado no processo, pagará ao vencedor as
despesas que este teve com o processo. O que se gasta com o
processo? Geralmente as custas processuais corresponde a 3% da
grana que vale o processo. Isso é chamado de sucumbência, aquilo
que resulta da derrota em juízo / despesas do processo. Isso NÃO é
um fucking raio “princípio da sucumbência”. Isso só se aplica no final
do processo. Isso é uma regra, tem uma lei específica dizendo isso
(Novo CPC art. 85).

2. PRINCIPAL PRINCÍPIO: DEVIDO PROCESSO LEGAL

 Art. 5°, LIV da CF: – ninguém será privado da liberdade ou de seus


bens sem o devido processo legal;
 Aparece pela primeira vez lá no Direito Inglês ─ e serve muito bem
para os sistemas de common law, que não tem tudo registrado por
escrito;
 “Due Process of Law”: ‘law’ entende-se como direito, não como lei;
 Se alguém se sente prejudicado com o andamento de um processo,
pode alegar que não foi respeitado o devido processo legal;
 Entretanto, quase nunca recorremos a esse princípio. Por que? Porque
há outras garantias que são mais utilizadas e que são mais “densas”.
EXEMPLO Se fui prejudicado num processo, posso falar que não tive
respeitado meu “Direito a Ampla Defesa”;
 Due Process of Law vale como um principiozão pai, geral, mas ele
não é muito prático, não o vemos sendo utilizado. Essa cláusula é
quase vazia de sentido para nós;
 EXEMPLOS DE DUE PROCESS SENDO USADO Um funcionário
de uma prefeitura pequena do interior é processado por ter cometido
um crime administrativo. Segundo os procedimentos
locais/administrativos, a defesa desse funcionário tem que ser feita em
48h. Dá pra se defender com esse tempo? Não! Pode alegar “ampla
defesa” ou “due process”, mas esse processo todo vai andar atéééééé o
STF;
 Portanto, Devido Processo Legal serve como “princípio
encerramento”. Fica mais para o último caso (mas há divisões, tem
gente da doutrina que acha esse princípio o primeiro de todos, a raiz
de tudo #lindeza);

EXTRA | PRINCÍPIO X GARANTIA

 Alguns princípios são importantes porque garantem uma posição


frente ao Estado, outros são só princípio mesmo

3. PRINCÍPIO 2: AMPLA DEFESA

 “Vamos fazer o melhor possível no sentido de permitir que a defesa


das partes no processo não seja restrita (mas também não precisa ser
muito ampla)”;
 No processo penal, por exemplo, réu apresenta sua defesa escrita só
no final, após ver todas as provas (no processo civil, processo começa
e réu tem 15 dias para se defender);
 Não estamos falando apenas da defesa do réu, mas também da defesa
do autor da ação. Falamos de defesa de argumentos, não defesa de
partes;
 Restrições à defesa: no processo civil, funciona bem, ninguém fica
restrito, todos ficam felizes; já no processo penal, isso pode dar treta.
EXEMPLO Advogado pede para ouvir a testemunha x, juiz não
aceita, advogado pode falar que a ampla defesa não foi respeitada e,
portanto, decisão condenatória do juiz deve ser invalidada;
 EXTRA Não é o processo que não é válido (processo é muito
complexo, tem atos demais), a decisão final é que pode ser ou não
válida;
 EXTRA Direito Penal. Policial entra numa casa, encontra drogas,
moço vai preso. Advogado diz que a única testemunha é o policial, ele
foi o cara que forçou entrada e que a ampla defesa foi prejudicada.
Quem vai decidir? O juiz! Nosso sistema de leis não diz nada
#eagorajosé
 Amplitude da defesa também é a possibilidade de recorrer;

4. PRINCÍPIO 3: CONTRADITÓRIO

 CF Art. 5°. LV – aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
 Bem prático. Garantia Constitucional;
 É a alma do processo;
 Possui duas perspectivas;
 1. Perspectiva política. Contraditório é participação. Quanto mais
participação das partes no processo, mais justa a decisão final tende a
ser. Quanto mais ouvirmos as partes, em tese, maior justiça faremos
(ou uma justiça mais próxima da realidade). Aqui também há uma
noção de legitimação da decisão: quanto maior o contraditório
(quanto maior a participação das pessoas), mais legítima é a decisão
final do processo.
 EXTRA Teoricamente é a mesma legitimação do exercício do poder
político feito pelo cara do cargo elegível. O deputado pode fazer leis
contra mim porque minha participação no voto é a forma do
contraditório acontecer, minha participação no processo;
 EXTRA Qual a diferença entre ampla defesa e contraditório? Ampla
defesa é um problema das partes, são as partes que precisam se
defender. Contraditório é eu abrir a visão, pensar esse problema na
visão do sistema: quanto mais participação houver no processo,
melhor e mais legítima a decisão final. Conduta das partes de tentar
influenciar o juiz está correta, esse “jogo” é contraditório;
 EXTRA Inexistência de contraditório é diferente de Dispensa de
contraditório. Dispensa é quando o réu simplesmente não participa
(porque perde o prazo ou porque não quis). O contraditório foi
ofertado, mas, se o réu não quis usar, problema dele;
 EXTRA Ausência de defesa significa revelia / réu é revel;
 2. Perspectiva técnica. Ajuda a resolver problemas de
contraditório. Primeiro elemento: informação, significa que o juiz
deve informar as partes sobre tudo o que ocorrer durante o processo;
nada pode escapar do conhecimento das partes. Segundo
elemento: reação das partes (é uma consequência da informação);
para cada ato do processo, partes precisam ser informadas e precisam
poder reagir a esse ato;
 EXEMPLO Pessoa que move o processo adiciona aos autos um
documento importantíssimo. Réu tem que ser informado sobre esse
documento (“diga ao réu sobre as folhas xyz”) e tem que ter
possibilidade de reagir, juntar outros documentos no sentido contrário
ou tentar impugnar esse novo documento. Essa reação faz parte do
contraditório. “O direito de reagir é inerente ao contraditório”;
 A reação também tem dois lados:
 1. Exigida: é necessária. Quanto mais indisponível o direito for, mais
será exigida a reação (EXEMPLO Com caso de menores de idade ou
incapazes, vara de família e questões relacionadas a crianças, saúde).
Direito Penal é marcado pela indisponibilidade. O direito material
‘direito penal’ é indisponível. Ninguém pode abrir mão do seu direito
de ir e vir. EXEMPLO Eu quero ir preso, por favor, me leva, eu matei,
tá aqui tudo as provas, me leva. Delegado diz: bem, primeiro você tem
que ser acusado pela promotoria do Estado, produzir provas, todo o
processo anda e aí sim que você vai pra cadeia. EXEMPLO 2 Direito
Penal. Há a citação de um réu nos autos de um processo penal; dá o
tempo de reação e o ré não dá as caras, o que o juiz faz? Ante a inércia
do réu e a indisponibilidade do direito ir e vir, defensoria pública é
intimada a aparecer no processo. Maioria das situações do processo
penal, reação é exigida ─ indisponibilidade do direito. No direito
civil, tem alguns casos de reação exigida;
 2. Facultativa: se não quiser, não precisa reagir. Para o caso
de direitos disponíveis. Maioria dos casos do direito civil é de
direitos disponíveis. EXEMPLO Duas empresas discutem sobre os
direitos autorais de uma obra/de um programa de computador, etc. No
plano do direito material, posso fazer o que eu quiser/dispor com os
meus direitos.
 RESUMO ATÉ AQUI Contraditório é inerente ao processo. Se eu
não tenho contraditório, eu nem tenho processo

5. EXTRAS SOBRE O CONTRADITÓRIO

 O que vai para o Diário Oficial? Teoricamente, tudo. Abri um


processo, cito o réu: sai no DO. Réu recorre: aparece no DO. Tudo sai
no DO. OAB e AASP têm sistemas de busca (gratuitos e pagos) que
possibilitam o advogado a ver tudo o que vai saindo. No caso de
sentenças com segredo de justiça, sai só um resumo no DO ─ mas o
nome do advogado aparece. “Tudo o que é relevante para as partes
obviamente sai no DO”. Despachos que não alteram nada para as
partes não necessariamente são publicados.

Teoria Geral do Processo


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Aula 7
12/05/2016
PRINCÍPIOS DO PROCESSO (PARTE 2)
EXTRA: UMA CORREÇÃO SOBRE JURISDIÇÃO

 Lá atras, quando falei de jurisdção, a jurisdição é inerte. Juiz não atua


de ofício;
 No cód. De 73, havia um único exemplo, art. 980 (cod. 73): pedir um
inventário de ofício, para apurar quem são os herdeiros e quanto cada
um recebe;
 No código novo, dos arts 730 até 74X, há hipóteses em que o juiz
pode atuar de ofício. Por exemplo, art. 730, juiz pode, de oficio,
determinar uma alienação judicial. MAIS EXEMPLOS Testamento
(art 735), herança jacente (art. 738);
 EM RESUMO Código de Processo Novo tem até mais hipóteses para
o juiz atuar de ofício. Mas continua a mesma ideia: são casos
excepcionais. Difícil, mesmo nessas hipóteses, vermos esses processos
funcionarem de oficio;
 “Essas hipóteses afirmam a má vontade do sistema em agir de ofício”

0. AGORA SIM! RELEMBRE ÚLTIMA AULA

 Princípio do contraditório, a alma do processo;


 Contraditório é participação. E quanto mais, melhor;
 Também vimos o contraditório numa feição mais técnica. Informação
sempre; reação, exigida (direitos indisponíveis) ou facultada (direitos
disponíveis);
 Quais direitos? Os direitos materiais, lá do direito civil (dir.
Indisponíveis, EXEMPLO Dir. à saúde, à vida, casos envolvendo
menores de idade)

1. HOJE. MAIS OBSERVAÇÕES SOBRE CONTRADITÓRIO

 “Pode haver processo sem contraditório, temporariamente”. Esse é um


caso de contraditório diferido. É o contraditório deixado para depois.
EXEMPLO CLÁSSICO Separação de um casal sob o argumento de
que o homem está agredindo a mulher; ela pede uma liminar para sair
do lar; sistema pensa: primeiro vamos dar a liminar, retira a mulher do
lar conjugal e, depois que tudo isso estiver concretizado, aí sim
fazemos a citação do réu e damos a chance de contraditório para ele se
defender;
 EXEMPLO DOIS Quero retomar um bem meu que está com o réu.
Peço uma liminar para reaver esse bem. Depois de reaver o bem, aí
sim, a justiça cita o réu e concede a chance de contraditório;
 EXTRA O que é liminar? Ordem judicial interlocutória. São aquelas
que resolvem pequenos problemas/questões no curso de um processo,
sem resolver o próprio processo. É uma decisão transitória, instável.
Quando cedo uma liminar antes de dar chance de contraditório para
uma das partes, dizemos que essa é uma liminar inaudita altera
parte (antes de se ouvir a outra parte). Geralmente, só aparecem em
processos em que o contraditório é diferido. Juizes concedem muitas
dessas? Sim!
 Ação monitória (tema advanced) também é caso de contraditório
diferido (só vamos ver no futuro);
 Também existem decisões proferidas sem que haja processo.
EXEMPLO Casos de sentenças homologatórias (emprestar força a),
dadas para problemas resolvidos por meio de conciliação/mediação
(EXTRA Nem toda conciliação/mediação precisa ser homologada,
mas está confere à aquela um caráter mais “sério”);
 Existe contraditório sem processo? Sim! Contraditório nas relações
privadas, entre particulares e encontra particulares e órgãos do estado
(EXEMPLO com relação a agências reguladoras);

2. PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL


 Decorre da igualdade material, que tem uma raiz constitucional (Art.
5, inc II CF), todos são iguais perante a lei e perante o processo;
 Igualdades ganhar força na medida das desigualdades das partes;
 EXEMPLO Quem é hipossuficiente de dinheiros tem direito a
“ganhar” um defensor público. Agora, se essa pessoa entra em litígio
com alguém que está pagando seu próprio advogado, isso seria uma
desigualdade? Não, ué. O sistema está tentando compensar as
desigualdades (no caso, a desigualdade financeira de uma das partes);
 Tema da igualdade desperta discussões ao tratamento diferenciado
dado a entes públicos no processo. O Estado (MP, a Fazenda Pública
e, inclusive, a defensoria pública) possuem tratamento
diferenciado dentro do processo, e isso é previsto no Código.
EXEMPLO Prazo em dobro para se manifestar no processo; enquanto
pessoas privadas têm 15 dias para se defender/recorrer, o MP e o
Estado tem 30 dias para se defender/recorrer. Doutrina diz que esse
tratamento diferenciado é inconstitucional (Estado é dotado de
condições e aparelhamentos, não precisa de prazo em dobro); a
jurisprudência diz que não, pois esses órgãos possuem limitações
administrativas (EXEMPLO Taboão da Serra, deve ter uns 5
advogados para representar o município; se Taboão tiver montes de
mil processos novos em um mês, fudeu! Além disso, esses órgãos
trabalham com a proteção do patrimônio público, por isso, esses
órgãos merecem um prazo diferenciado, mais confortável para
recorrer na justiça ─ CRÍTICA Quando eu parto para entes públicos
maiores, como os grandes estados ou a União, essa justificativa fica
pobre);
 EXTRA Litis consortes (caso em que há mais de um autor/mais de um
réu) com diferentes advogados, os prazos são dobrados (mas só uma
vez, o dobro é o máximo de extensão do prazo que o código dá);
 Princípio da igualdade também é conhecido como isonomia
processual. Está no art. 5° inc II; art. 139, inc I;
 Quem observa essa igualdade? O juiz!;
 EXTRA Se um advogado é ruim demais, juiz pode “se intrometer”,
estender prazos e afins? No direito penal, sim (por causa da
indisponibilidade de direitos). No caso de direito civil, teoricamente
não, mas, na prática, veladamente, pode fazer isso;
 EXTRA No Processo Civil, tem advogado que se finge de “frágil”
para se aproveitar do juiz e dessa tendência em ajudar o mais
coitadinho;
 “Big Brother Brasil é o único do mundo em que ganha o cara mais
frágil, o que dança com a vassoura, o que conversa com o
ventilador…”
 “Dentro de um universo de possibilidades, o processo é reducionista.
Joga tudo numa possibilidade de solução, a sentença judicial”
 3. IMPARCIALIDADE DO JUIZ
 “Trataria isso como uma garantia ou uma regra, mas não tanto como
um princípio”;
 Resultado do processo deve/deveria ser indiferente ao juiz ─ logo, ele
é imparcial;
 Essa mesma afirmação, sob a ótica do Estado-juíz deveria ser “dar a
cada um o que é seu”, portanto, continuaria imparcial;
 Em nenhum momento da CF está escrito que o juiz tem que ser
imparcial. Infringimos isso a partir das possibilidades em que o juiz
está suspeito ou impedido de julgar;
 3.1 QUANDO JUIZ NÃO PODE JULGAR
 Art. 144 a 148 do CPC: juiz está impedido de julgar um processo
quando ele já trabalhou como advogado ou perito desse mesmo
processo ─ isso para manter sua imparcialidade;
 Quando ele julga sua própria sentença ─ era juiz, deu sentença, virou
desembargador e vai rever seu próprio processo;
 Não pode julgar casos com parentes envolvidos;
 Se houver a descoberta depois de finalizado o processo, é possível
desfazer a sentença;
 EXTRA Em Brasília, escritórios malandros (e de maneira bem
comum) forçam as suspensões de juiz para obter vantagem.
EXEMPLO Caiu com o ministro X, mas eu queria tanto que caísse
com o ministro Y, como fazer? Admito no meu escritório um
advogado parente do ministro X, e forço ele a ser impedido de julgar;
 EXTRA Art. 145, Inc I: suspensão de juiz quando ele é amigo/inimigo
íntimo de uma das partes. Pode dar merda. Jurisprudência diz: amigo
íntimo = frequentar a casa;
 EM RESUMO: Imparcialidade é inferida do sistema, não está escrita.
Embora imparcialidade seja garantia constitucional ─ e motivo de
invalidação de uma decisão ─, não se espera de um juiz
neutralidade;
 Neutralidade X Imparcialidade. Todo juiz, como ser humano, está
sujeito aos valores da sociedade. Essa neutralidade de valores (gostos,
ideias, afinidades, etc) é impossível de ser demandada do juiz. No
sistema norte-americano, há o ápice da transparência: juiz se declara
democrata/republicano, é possível prever tendências. Na arbitragem
norte-americana, já se sabe quais regiões são mais
progressistas/conservadoras com determinados assuntos. EXEMPLO
Causa gay? Decida em New York cosmopolita belíssima.
 Como melhorar a questão da neutralidade? Análise da
motivação/fundamentação da sentença. Novo CPC diz que é aí que dá
para ter noção se juiz prejudicou ou beneficiou alguém, Art. 489.
CRÍTICA Vamos ver se isso vai dar certo mesmo, já que juizes vivem
fazendo ctrl+c e ctrl+v;
 EXTRA Errore in judicando Errou o direito material daquele caso,
não valorizou as provas; Errore in procedendo Erro em matéria
processual

4. JUIZ NATURAL / PROIBIÇÃO DE TRIBUNAIS DE


EXCEÇÃO

 Em teoria, temos um “juiz natural”;


 O que significa isso? Para cada processo, já há juiz previamente
fixado pelo sistema para proferir a decisão (existência de um juiz
naturalmente designado para aquele caso) (isso é válido especialmente
no direito penal);
 Nós não admitimos atribuição de “juizes especiais” para julgar
“pessoas especiais”;
 Dependendo do tipo de ocorrência e onde aconteceu, já sabemos quem
é o juiz natural. Isso já está previsto. Isso acontece para que não sejam
criados tribunais de exceção;
 Não vale mandar um juiz “mais amigo”, “que manja mais”, etc. Esse
tipo de situação não pode acontecer;
 EXEMPLO Crime cometido pelo presidente da república, segundo a
CF/88, tem que ser julgado pelo STF. Não é um órgão de exceção, já
está previsto antes do fato ocorrer;
 Mais famoso tribunal de exceção: tribunal de nuremberg. Julgou
crimes da 2a Guerra, crimes cometidos por alemães e de crimes
cometidos na Alemanha;
 EXTRA Isso não quer dizer mudanças de comarca, por exemplo.

5. INAFASTABILIDADE DA TUTELA JUDICIAL

 CF Art. 5°, inc 35


 “Nenhuma lesão ou ameaça a direito poderá ser subtraída da
apreciação do poder judiciário” ─ o acesso à justiça é garantia
constitucional;
 Tenho direito a acessar um órgão jurisdicional para resolver meus
problemas;
 NA PRÁTICA Essa garantia ainda é muito utilizada. EXEMPLO
“Para você recorrer de uma multa, primeiro você tem que pagar a
multa” ─ isso é uma regra administrativa bobinha que não vale. Quer
dizer então que se eu não tenho direito eu não posso ter acesso à
justiça? EXEMPLO 2 Detran que quer bloquear seu carro num pátio
porque você não pagou multas/impostos ─ também não vale!
 LEMBRANDO Liminar é uma decisão transitória/instável! Não acaba
o processo. Nesse exemplo do Detran, o processo continua, seu direito
de ficar com o carro ainda não está garantido até você terminar de
pagar a dívida;
 EXTRA Lei 12.019/09, Lei do Mandado de Segurança. Art. 7°, p. 2°:
proibida a concessão de liminares nas hipóteses elencadas: mercadoria
bloqueada pela alfândega ─ mas impedir acesso a liminar não é
bloquear o acesso à justiça? Siiiiim!
 Há garantia constitucional que nenhuma lesão (violação de direito já
ocorreu) ou ameaça de direito (uma liminar pode fazer cessar a
ameaça) poderá ser subtraída da apreciação do poder judiciário;
 HÁ UMA EXCEÇÃO Caso de arbitragem! Na arbitragem, eu abro
mão do direito de seguir um processo judicial. Uma vez eleita a
arbitragem, não dá mais para voltar atrás. Jurisdição diz que isso não é
bloqueio de acesso à Justiça, fez-se a escolha de ir à justiça privada;
 EXTRA Convenções de arbitragem. Cláusula compromissória:
preventiva, já é negociado previamente no contrato, dizendo que se
der merda, vão para a arbitragem // Compromisso arbitral
 EXTRA Justiça Desportiva. Um mundo estranho a parte

Teoria Geral do Processo


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Aula 8
19/05/2016
MAIS SOBRE PRINCÍPIOS DO PROCESSO
AULA PASSADA

 Princípios
 Imparcialidade do juiz
 Hoje: continuamos princípios;
 Últimas duas aulas: introdutorinho para civil
 FICADICA Livro de princípios, by professor Marcelinho! “É
totalmente coincidência, gente!”

1.1 ‘PRINCÍPIO’ DA MOTIVAÇÃO DA SENTENÇA

 (ou princípio da motivação em geral, e especialmente da sentença // ou


dos atos jurídicos processuais);
 É pressuposto do Estado Democrático de Direito;
 Não há Estado de Direito se não houver justificação das decisões;
 Em especial, aquelas que provocam alguma restrição/limitação às
pessoas;
 “Estado Democrático é aquele que se justifica”, diz a doutrina alemã;
 “Quanto mais motivável uma decisão, mais nós poderemos a
questionar”; quanto mais motivos o juiz dá, mais chances eu tenho
para poder apelar/recorrer de tal decisão;
 Essa é uma garantia constitucional explícita ─ art. 93, inc. IX e art.
489 CPC;

1.2 TRÊS TIPOS DE DECISÃO NO PROCESSO (seja civil,


trabalhista, etc.)

 1. DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE;


 Tratam de questões relacionadas ao andamento do processo, mas não
possuem carga decisória. EXEMPLO Determinação de abertura de um
2° volume quando um processo está grande demais; designação de
data de audiência;
 Esses despachos ajudam o processo a caminhar, mas não definem
nada, não ajudam nenhum dos lados;
 O que se espera da motivação desses despachos? Praticamente nada. É
irrelevante para as partes ─ porque não provoca restrições de direitos;
 EXTRA Quando o advogado vai despachar com o juiz? Geralmente
quando há algo muito delicado ou que precise ser decidido rápido. No
geral, esse despacho feito na presença do juiz é relacionado a decisões
interlocutórias (pedido de liminar, etc);
 EXTRA Teoricamente, o juiz não pode se recusar a despachar com o
advogado ─ mas advogado não pode abusar;
 2. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS;
 Não definem o conflito, mas resolvem questões incidentais / pequenos
detalhes;
 Normalmente, devido a sua carga decisória (impondo decisões,
causando prejuízos ou benefícios às partes;
 EXEMPLO Decisão que concede uma liminar (num caso,
EXEMPLO, em que duas partes estão disputando a propriedade de
uma casa; ao verem que a casa está sendo ocupada/depredada, uma
das partes pede uma liminar para que possa cuidar da casa no decorrer
do processo). A decisão de uma liminar dessa não diz a quem pertence
o imóvel, mas dá um benefício/prejuízo a alguém. A esta decisão,
exijo uma fundamentação;
 Para explicar a razão de uma decisão interlocutória, juiz não pode
usar uma motivação ‘per relationem’ ─ apenas relacionar com uma
outra parte do processo;
 Precisa ser bem fundamentado ─ ou minimamente razoável para
que o réu, se prejudicado por essa decisão, tenha possibilidade de
recorrer dessa decisão;
 EXTRA Liminares. Juizes geralmente justificam através da: 1.
probabilidade do direito (aparência do bom direito) e 2. perigo da
demora. No novo código, isso aparece (meio misturado) com a tutela
de urgência
 EXTRA Qual o recurso cabível contra uma liminar? Agravo de
instrumento (processo civil) ou Recurso em sentido
estrito (processo penal, art. 581 CPP);
 HISTÓRIA DA VIDA REAL Prof. diz sobre um processo que levou
10 anos até sair a decisão final. Eram 14 réus. Foram mais de 80
agravos;
 Motivação tem que ser regra
 3. SENTENÇA
 Tem que ser muito bem fundamentada;
 Art. 489 CPC. “No processo civil, a deficiência de fundamentação na
sentença costuma ser angustiante”. Boa parte das decisões pode ser
estereotipante, genérica;
 Novo CPC criou regras para os juizes obedecerem na hora de proferir
a sentença;
 Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
 I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do
caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das
principais ocorrências havidas no andamento do processo;
 II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de
direito;
 III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que
as partes lhe submeterem.
 § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja
ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
 I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida; [Fazer paráfrases e reproduções e não relacionar com o caso
NÃO VALE. Código exige que o juiz relacione os textos de lei
colocados na sentença e a causa discutida]
 II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso; [Conceitos jurídicos
indeterminados (EX. Boa-fé, mulher honesta…) tem que ter
explicação com a causa. É bem infantil a necessidade de ter que
explicitar uma coisa dessas]
 III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão; [Motivo genérico NÃO VALE! Formula mística NÃO
VALE! “Isso aqui é vergonhoso. Se me convidarem para um
congresso internacional sobre motivação, eu não vou!”]
 IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador; [EXEMPLO Você, autor, apresenta ao juiz 3 fundamentos
que por si só levam à condenação do réu; há 3 causas de pedir/causas
petendi. Juiz vai precisar responder a todas essas questões (se ele não
responde a todos os fundamentos, posso pedir embargos de
declaração). Essa norma inserida no novo CPC foi uma forma de
superar a jurisprudência, que até antes disso, deixava o juiz responder
só a uma questão e deixar tudo pra lá]
EXTRA Questões (controvertidas): pontos que ficou contravertido
entre as partes (EXEMPLO Acidente de transito com mais de uma
razão, como 1. passou no farol vermelho; 2. excesso de velocidade; 3.
andou na contramão) No inciso IV, a palavra argumento pode não ser
tão bom;
 V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; [Os fundamentos
de fato são os mesmos? Tendo em vista essas normas, jurisprudência
poderá ser uma fonte de direito. Mas ainda não estamos num sistema
de procedentes. Estamos num sistema em que o juz julga de acordo
com a lei (CF, Lei de Introdução, CPC). Ao mesmo tempo, tentamos
utilizar os precedentes para não perder tempo com casos repetitivos.
EXTRA Súmula vinculante é vinculante constitucionalmente. Este
inciso é uma lei infraconstitucional, pode ser razoavelmente
questionado]
 VI – deixar de seguir enunciado de súmula [EXTRA Súmula é algo
que vamos ver mais para frente. Sumula é diferente de precedente.
Tem mais sobre súmula no art. 926 CPC, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
 EXTRA: IRDR ─ Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas. É um instituto que aparece no Novo CPC. Poderá fazer
com que nosso direito comece a utilizar precedentes vinculantes. O
dilema é saber se vamos abraçar esse sistema de precedentes (que,
inicialmente, parece inconstitucional) e fulminar as causas repetitivas
ou não (e deixar tudo como está)

EXTRAS

 Leitura de férias: RENÉ DAVI, Sistemas Jurídicos Atuais. Common


Law X Civil Law. Tecnologia jurídica X Eficiência;
 “Juizes Legisladores”, do Cappelletti
 EXTRA Precatório, dívidas dos países (que nunca pagam), e como
levar casos para os juízes de Nova York pode ser vantagem

1.3. NON LIQUET

 Do latim, “Não está claro”


 No sistema jurídico brasileiro, isso não existe!;
 Juiz não pode não-julgar!
 Se não tem prova o bastante, réu é
 Juiz terá sempre que dar solução ao caso concreto

1.4 FUNDAMENTAÇÃO

 Quanto aos fatos


 Quanto ao direito
 Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
 I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do
caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das
principais ocorrências havidas no andamento do processo;
 II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e
de direito;
 III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que
as partes lhe submeterem.
 Conflito tem que ter uma situação de fato. É esse fato que provoca o
juiz;
 O juiz, ao proferir a sentença, é quando vai “dar a cada um o que lhe é
de direito”;
 Por isso, nessa sentença, ele tem que analisar e expor as questões de
fato e de direito;
 Sentença: aquilo que resolve o litígio (mesmo se for mal resolvido)

2. PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

 CPC Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em


segredo de justiça os processos:
 I – em que o exija o interesse público ou social; [interesse público ou
social é uma fórmula aberta. Cabe ao juiz determinar isso. No
processo civil, isso é muito raro ─ talvez nos casos de
responsabilidade administrativa (Lei 8.429, improbidade
administrativa)]
 II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e
adolescentes [Mais comum são as ações de alimentos ─ menores ou
incapazes que pedem alimentos e não querem ser expostas pelo
sistema;
 III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à
intimidade;
 IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de
carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na
arbitragem seja comprovada perante o juízo. [Processo arbitral não
precisa ser público. É a cláusula de confidencialidade, uma das
grandes vantagens da decisão arbitral. Pode-se expor segredos
industriais, detalhes de uma concorrência e que não precisam ir a
público]
 § 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em
segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes
e aos seus procuradores.
 § 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao
juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de
partilha resultantes de divórcio ou separação.

 CF Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)


 Todo processo ocorrendo na justiça é público. Todos nós temos direito
de conhecer qualquer que seja o processo;
 Nada pode ser secreto ou sigiloso;
 Não pode existir audiência a portas fechadas. Momentos de ouvir
testemunhas, proferir julgamentos… O princípio geral é que isso tudo
é público;
 Há exceções: segredo de justiça. No processo penal, pode ser sigiloso
quando o juiz verifica que a publicidade pode 1. atrapalhar as
investigações criminais; 2. colocar em risco a vida ou saúde de
alguém. Isso deve ser definido em caráter excepcional;
 Máxima transparência motiva a publicidade das ações do judiciário;
 Nos tribunais superiores, decisões também são públicas e deliberações
também são acessíveis. Pessoas podem ir lá ver as decisões;
 DICA DO PROF. “Façam estágio. No processo civil, isso é essencial.
No 4°/5° ano, há um abismo processual entre quem fez estágio e quem
não fez. Vão ao Tribunal de Justiça, assistam a sessões de oitiva, de
julgamento”.

3. RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO

 Art. 5°, inc LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
 Isso provocou alguma melhora na celeridade do processo? #huehue
 Emenda Constitucional 45. Ideia era fazer a justiça melhorar;
 Legislativo tentou aprovar tudo para ajudar o judiciário. Hoje, 10 anos
depois, o principal fator de melhora foi a criação do CNJ (controle
externo e produtividade mínima). O segundo fator foi a
informatização do sistema ─ que ainda é precária, mas curiosamente o
processo pelo meio digital caminha mais rápido que pelo meio físico;
diminuiu o tempo morto do processo;
 Há 10 anos, o tempo médio para se chegar a uma sentença, aqui na
capital, era de 6 a 8 anos. 90% do tempo era tempo morto;
 Hoje, com o sistema digital, aqui na capital, um processo é julgado em
1 a 1,5 ano em média;

Teoria Geral do Processo


Prof. Marcelo José Magalhães Bonício
Resumão pré-prova final
Todo o material das aulas MENOS sistema multiportas (adeus
arbitragem e cia). Pedaço final: Cozinhado das anotações da Victoria
Perpetuo e outros cadernos
AULA 1
O PROCESSO É NEUTRO

 O processo é neutro. Ele, teoricamente, não carrega aqueles juizos de


valores de “quem agiu com dolo tem que recompensar bla bla bla”.
Mas, a medida em que o processo atual no direito material, ele fica
com a cara do direito material onde ele atua.

EVOLUÇÃO DO PROCESSO

 Importância do conflito
 Roma: árbitro. Depois aparece a figura do juiz
 Fase sincrética. Até meados sec. XIX. Sincretismo: união de coisas
diferentes. Era tudo envolvido dentro do direito civil/material;
 Fase autonomista. A partir sec. XIX. Quando o processo ganha sua
vida própria. A partir daí, dois ordenamentos jurídicos: o DIREITO
MATERIAL (direito civil, administrativo, tributário, etc) e o
DIREITO PROCESSUAL. Ordenamento em dualidade. Problemas
da fase autonomista: falta de sensibilidade social, processo tecnico
demais. Teorias discutidas na época: abstracionistas, concretistas,
ecléticos. Teoria eclética: todos têm direito de ação, desde que
preencham requisitos mínimos para isso. Se tiverem interesse de agir,
legitimidade e se o pedido for juridicamente possível, então há
processo e há o direito de ação para a pessoa;
 Fase instrumentalista. Mauro Cappelletti, a partir dos anos 1960.
“Preocupação com os resultados do processo na sociedade”. TRÊS
BARREIRAS que deviam ser ultrapassadas (ondas renovatórias do
processo) para que o processo migre da fase técnica para a fase
preocupada com realização social: 1. Abertura do sistema às pessoas
economicamente carentes; 2. Não há como lidar com litígios de massa
senão através de ações coletivas; 3. Desburocratização do processo
 Instrumentalidade do processo (Escola Processual de São Paulo).
Ainda na fase instrumentalista. Cândido Dinamarco, anos 1980. Há
finalidades sociais, mas há também finalidades políticas e
jurídicas por trás de todo processo. É essa a fase que vivemos hoje,
de busca de resultados: jurídicos, políticos e sociais. EXEMPLO:
casamento homoafetivo adquiriu mesmo status do casamento
heteroafetivo. Não foi uma alteração na lei, mas uma mutação de
valores na sociedade que levou o juiz a julgar contra a lei. Os fins
sociais do processo recomendaram que se julgasse contra a lei.
Diminuiu-se o valor jurídico, o escopo jurídico do processo, para se
elevar o escopo social e político da decisão. Entretanto, “o cobertor é
curto”. Nenhum desses escopos prepondera sobre os outros; dar
atenção demais a um pode fuder um outro lado. A busca desse
equilíbrio é o desafio do mundo moderno.

O QUE É PROCESSO?

 Método (estatal) de solução de conflitos.


 Processo é uma relação jurídica em movimento. Relação jurídica
em movimento é algo só do direito processual. Essa relação jurídica é
iniciada pelo autor, vai para o juiz, chega no réu e continua numa
sucessão de atos. O processo vai se construindo até chegar ao seu
momento final: o julgamento e o trânsito em julgado da decisão (uma
decisão que não cabe mais recurso);
 Elio Fazzalari diz: “processo é um procedimento realizado em
contraditório”. Não existe processo sem contraditório

AULA 2
INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO D. PROCESSUAL //
COLUNAS QUE SUSTENTAM O DIREITO PROCESSUAL //
POLOS METODOLÓGICOS

 São 4

1. Processo
2. Jurisdição. juris dictio, dizer o direito. Tem três perspectivas: poder,
função e atividade.

 Poder jurisdicional, um dos poderes da república, o judiciário;


 Função de dizer o direito, função que não lhe pode ser subtraída (art.
5°, XXXV);

 Atividade: quando o juiz está trabalhando no fórum, está exercendo


atividade. Isso lhe confere poder de império: poder para arrancar um
advogado na sala, ordenar busca e apreensão, etc

3. Ação. Direito de invocar/pedir tutela jurisdicional quando alguém


precisa. Ação é um ato. Ato de invocar é inerente de um Estado de
Direito. Todos têm direito de ação, de obter tutela (ajuda). O
cidadão que se sentir lesado, terá direito de ação. D. de ação envolve o
acesso à justiça. Para isso, precisamos superar problemas sociais, a
falta de informação da sociedade precisa ser superada, é preciso haver
meios para que a populção alcance. “Direito de ação é direito de
acesso a uma ordem jurídica justa”
4. Defesa. Direito de defesa. É parte do contraditório (tanto a defesa
quanto a autoria do processo). A garantia do contraditório é garantia
de fala para todas as partes. O direito de defesa é elevado ao mesmo
grau de importância que o direito de acusação (a própria Constituição
garante que “todos são iguais perante a lei”)

AULA 4: JURISDIÇÃO
CONCEITO

 Capacidade de dizer o direito (jus dicere / juris dictio);

UM DOS ELEMENTOS DETERMINADOS POR LEI PARA


EXISTIR JURISDIÇÃO
 Orgão jurisdicional. Órgão jurisdicional são juizes e tribunais. Juiz é
um órgão jurisdicional. Tribunal também é um órgão jurisdicional.
Tribunal é um órgão colegiado (formado por vários desembargadores)

REQUISITOS ELEMENTARES/CARACTERÍSTICAS DA
JURISDIÇÃO (elementos para identificar a atividade
jurisdicional)

 1. INÉRCIA. A jurisdição é inerte. Isso é a chave para entender o


processo (a forma como a jurisdição aparece no mundo real).
Nenhuma jurisdição atua “de ofício” (ex officio). Ela é inerte, só
aparece quando é provocada. É uma forma de respeito à autonomia da
vontade privada. As pessoas vão atrás da jurisdição se elas quiserem.
Qual vantagem de termos uma jurisdição inerte? Evitar a parcialidade
do juiz ─ queremos um órgão jurisdicional imparcial, que não esteja
torcendo para nenhum dos dois lados;
 2. LIDE/LITÍGIO. Processo nasce para resolver litígios. Não admito
o exercício do poder jurisdicional se não tiver litígio;
 3. DEFINITIVIDADE. Dizer o direito em regime definitivo, ou
seja, as suas decisões se tornarão indiscutíveis (trânsito em julgado
[após esgotados os recursos]). Decisões judiciais ganham estabilidade,
e é isso que garante paz social / segurança jurídica
 4. SUBSTITUTIVIDADE. É o elemento presuposto dos outros
demais 3. É a ideia geradora da jurisdição. Autotutela é
proibida! Por que isso? Porque compete somente ao Estado a solução
de litigios. Isso nos coloca em pé de igualdade, uns dos outros;

ESCOPOS/FINALIDADES DA JURISDIÇÃO

 ESCOPO JURÍDICO: Resolver conflitos com justiça / Dar a cada um


o que é seu. Mas há outros escopos. Os da jurisdição são os mesmos
do processo (aplicar a lei (jurídico) / resolver questões sociais
(SOCIAL) / resolver questões políticas (POLÍTICO);

RELAÇÃO JURISDIÇÃO + LEGISLAÇÃO

 “Relação entre jurisdição e legislação, obviamente que um não está


nem acima nem abaixo do outro, é uma relação de
complementariedade. A jurisdição efetiva a lei ao caso concreto”;

JURISDIÇÃO + ADM. PÚBLICA / PODER EXECUTIVO


 Se o ato da adm, pública for discricionário, não dá para se intrometer.
Mas, se for ato vínculado (à lei), cabe sim ao judiciário rever os atos
da adm. pública. Isso é uma característica muito presente nas
administrações modernas. Executivo está submetido à jurisdição;

“ESPÉCIES” DE JURISDIÇÃO

 Jurisdição é UNA. Há apenas uma jurisdição. O que se divide em


espécies é apenas o EXERCÍCIO da jurisdição. Quem é juiz é juiz
igual ao outro em todo lugar. Mas alguns são civis, outros são
trabalhistas, outros são militares… Tudo isso são exercícios
jurisdicionais. O que muda é a COMPETÊNCIA de cada juiz. Falar
em espécie de jurisdição já é uma expressão equivocada. O que há de
diferente são os exercícios;

“GRAUS” DE JURISDIÇÃO

 Designa o juiz da comarca como o juiz de primeiro grau de jurisdição


/ ou / juiz de primeira instância. Juizes de tribunais seriam chamados
juizes de segundo grau de jurisdição / ou / juiz de segunda instância.
MAS A JURISDIÇÃO É UNA. Falar em “graus” de jurisdição
também é uma expressão equivocada. Nossa Constituição
estabelece ÓRGÃOS de jurisdição. INSTÂNCIA: apenas o local
onde o processo está. NÃO EXISTE terceiro grau de jurisdição. Os
tribunais de Brasília não são terceiro grau de jurisdição!

AULA 5. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA

 SRF, STJ, TJs-Estaduais… “Enxerguem isso como uma diluição de


poder. Diluição de poder é saudável para evitar arbitrariedades”. Todo
o complexo sistema judiciário custa caro, é algo complexo, mas é uma
forma de evitar arbitrariedades. Esses juízes não são eleitos pelo povo,
portanto, é esse sistema de diluição de poder que possibilita evitar os
abusos;

ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ESTADUAL

 COMARCA. Espaço territorial onde o juiz exerce sua jurisdição.


FORO é sinônimo de comarca
 FÓRUM é o prédio físico
 VARA é o local físico onde está o juiz
 CARTÓRIO / OFÍCIO é onde ficam os processos e os funcionários do
juiz que está ali na vara

DIVISÕES/REGIÕES DA JUSTIÇA FEDERAL

 Justiça federal se divide por regiões, não por comarcas. Não há juiz
federal em todas as cidades. Ao contrário, são raras as cidades que têm
juízes federais. São 5 regiões

PARA QUE SERVE CADA JUSTIÇA

 JUSTIÇA ESTADUAL É a que é mais procurada pelas pessoas.


Resolve questões de família, acidente de trânsito, impostos
(estaduais), etc;
 JUSTIÇA FEDERAL Serve para questões que abrangem toda a
União (EXEMPLO: IPI, imposto federal)

OUTROS ÓRGÃOS IMPORTANTES

 CNJ: Conselho Nacional de Justiça. Realiza o controle externo do


poder judiciário. Não entra no mérito de como o juiz julga, mas sim,
tem condições de fiscalizar a forma de trabalho ─ inclusive tem poder
de sanções. Foi o CNJ que impôs cotas de produção mínimas para
juizes e desembargadores. Se o juiz não obedece essa cota mínima, ele
pode ser punido (punição máxima: aposentadoria compulsória ─
juizes tem vitalicidade)
 CNMP: Conselho Nacional do Ministério Público. Fiscaliza os Min.
Públicos estaduais. Tem poder de sanção
 Corregedorias: órgãos internos de fiscalização. Há corregedoria do
MP, Corregedoria da Magistratura Paulista… Função: detectar desvios
na conduta de juizes, assessores e funcionários;
 Escola Superior da Magistratura / Escola Superior do MP:
Escolas Superiores contribuem para o aperfeiçoamento de juizes e
servidores do poder judiciário com cursos de pós-graduação, extensão,
etc;
 Auxiliares (permanentes ou eventuais da sua função): os contadores
que estão em cada fórum, peritos em geral (permanentes); pessoas não
concursadas que se habilitam como colaborador da justiça (eventuais);

8. SUJEITOS ESSENCIAIS NA DISTRIBUIÇÃO DA JUSTIÇA


(DIREITOS E GARANTIAS)
 ADVOGADO. Advogado possui o Ius Postulandi, o direito de
postular. Isso o coloca numa posição de protagonismo dentro do poder
judiciário;
 ADVOGADOS PÚBLICOS. Nesse caso, você é o representante do
ente federal em juizos. Posso trabalhar com várias coisas. EX:
Desapropriação de imóveis, tributos, etc;
 MINISTÉRIO PÚBLICO. Atua na esfera do processo penal como o
principal autor das ações criminais. Promotor também tem atuação na
esfera civil. Promotor funciona como fiscal da lei (“custus legis”).
Protege os direitos indisponíveis eventualmente discutidos na esfera
civil;
 4 garantias do MP: 1. inamovibilidade; 2. vitaliciedade; 3.
irredutibilidade de vencimentos; 4. autonomia
 MAGISTRATURA

AULA 6 EM DIANTE. PRINCÍPIOS DO PROCESSO


O QUE SÃO PRINCÍPIOS

 “Princípios são formas de otimização / mandados de otimização no


sentido de se fazer o melhor possível numa determinada direção / num
determinado sentido”
 Princípio tem que ser algo inerente a todo sistema, com grau de
abstração e amplitude o bastante a ponto de valer para tudo;

1. PRINCIPAL PRINCÍPIO: DEVIDO PROCESSO LEGAL

 Art. 5°, LIV da CF: – ninguém será privado da liberdade ou de seus


bens sem o devido processo legal;
 “Due Process of Law”: ‘law’ entende-se como direito, não como lei;
 Due Process of Law vale como um principiozão pai, geral, mas ele
não é muito prático, não o vemos sendo utilizado. Essa cláusula é
quase vazia de sentido para nós;

2. AMPLA DEFESA

 Não estamos falando apenas da defesa do réu, mas também da defesa


do autor da ação. Falamos de defesa de argumentos, não defesa de
partes;
 Amplitude da defesa também é a possibilidade de recorrer;

3. CONTRADITÓRIO
 CF Art. 5°. LV – aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
 É a alma do processo;
 Perspectiva política. Contraditório é participação. Quanto mais
participação das partes no processo, mais justa a decisão final tende a
ser. Quanto mais ouvirmos as partes, em tese, maior justiça faremos
(ou uma justiça mais próxima da realidade). Aqui também há uma
noção delegitimação da decisão: quanto maior o contraditório (quanto
maior a participação das pessoas), mais legítima é a decisão final do
processo.
 2. Perspectiva técnica. Ajuda a resolver problemas de
contraditório.Primeiro elemento: informação, significa que o juiz deve
informar as partes sobre tudo o que ocorrer durante o processo; nada
pode escapar do conhecimento das partes. Segundo elemento: reação
das partes (é uma consequência da informação); para cada ato do
processo, partes precisam ser informadas e precisam poder reagir a
esse ato;
 Reação pode ser: exigida ou facultativa

4. PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL

 Decorre da igualdade material, que tem uma raiz constitucional (Art.


5, inc II CF // art. 139, inc I), todos são iguais perante a lei e perante o
processo;
 Igualdades ganhar força na medida das desigualdades das partes;

5. IMPARCIALIDADE DO JUIZ

 No geral, mais um regra/garantia do que um princípio;


 Resultado do processo deve/deveria ser indiferente ao juiz ─ logo, ele
é imparcial;
 EM RESUMO: Imparcialidade é inferida do sistema, não está escrita.
Embora imparcialidade seja garantia constitucional ─ e motivo de
invalidação de uma decisão ─, não se espera de um juiz neutralidade;

6. JUIZ NATURAL / PROIBIÇÃO DE TRIBUNAIS DE


EXCEÇÃO

 O que significa isso? Para cada processo, já há juiz previamente


fixado pelo sistema para proferir a decisão (existência de um juiz
naturalmente designado para aquele caso) (isso é válido especialmente
no direito penal);

7. INAFASTABILIDADE DA TUTELA JUDICIAL

 CF Art. 5°, inc 35


 “Nenhuma lesão ou ameaça a direito poderá ser subtraída da
apreciação do poder judiciário” ─ o acesso à justiça é garantia
constitucional;
 Tenho direito a acessar um órgão jurisdicional para resolver meus
problemas;
 Há garantia constitucional que nenhuma lesão (violação de direito já
ocorreu) ou ameaça de direito (uma liminar pode fazer cessar a
ameaça) poderá ser subtraída da apreciação do poder judiciário;

8. ‘PRINCÍPIO’ DA MOTIVAÇÃO DA SENTENÇA

 Não há Estado de Direito se não houver justificação das decisões;


 “Quanto mais motivável uma decisão, mais nós poderemos a
questionar”; quanto mais motivos o juiz dá, mais chances eu tenho
para poder apelar/recorrer de tal decisão;
 Essa é uma garantia constitucional explícita ─ art. 93, inc. IX e art.
489 CPC;
 LEMBRANDO: 3 tipos de decisçao no processo. 1. Despacho de
mero expediente; 2. Decisão interlocutória; 3. Sentença

9. PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

 Todo processo ocorrendo na justiça é público. Todos nós temos direito


de conhecer qualquer que seja o processo;
 Nada pode ser secreto ou sigiloso;
 Não pode existir audiência a portas fechadas. Momentos de ouvir
testemunhas, proferir julgamentos… O princípio geral é que isso tudo
é público ─ apesar de haver as exceções, segredo de justiça (no geral,
ações de família, alimentos e arbitragem)

10. RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO

 Art. 5°, inc LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
 O que ajudou na velocidade do processo? CNJ, informatização do
sistema
 Possibilidade de indenização por dano moral para as duas partes
quando o processo está demorando demais;
 O que demorando demais? Comportamento do juiz / das partes /
complexidade do litígio;
 Tempo? Processo simples, entre 1,5 ano a 3 anos; justiça estadual, de
3 a 5 anos; justiça federal, até 15 anos

11. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL

 Verdade real é a verdade formal. É a verdade que é possível de ser


encontrada no processo;
 Processo não é instrumento destinado a encontrar “a verdade” (essa
verdade filosófica é um conceito quase que inatingível), mas sim
resolver litígios. Juiz não deve ser passivo frente a essa busca pela
verdade possível, ele deve saber encontrar as provas necessárias para
um correto e razoável julgamento em cada processo (é uma forma de
romper com a inércia, mas que não necessariamente nos leva a dizer
que o juiz está sendo parcial)

12. PROIBIÇÃO DA PROVA ILÍCITA NO PROCESSO

 Art 447, §2º, I do novo CPC: conjuge, companheiro, ascendentes ou


descendentes não podem prestar depoimento quando o familiar for
réu. Isso impedimento visa proibir a parcialidade. Se um juiz mandar
algum desses familiares para prestar depoimento, a forma como a
prova foi adquirida não foi ilícita, mas a própria prova o é;
 Prova pode ser ilícita quanto a forma em que foi colhida (EX: escuta
telefônica adquirida de forma ilícita;
 Prova ilícita pode absolver o réu, mas nunca condená-lo.

13. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO OU PERSUASÃO


RACIONAL

 Art 31 novo CPC;


 Teoricamente, uma prova possui igual valor em relação às outras. Juiz
pode ser livremente convencido;
 Livre convencimento é motivado porque ao final do processo juiz terá
que fundamentar suas decisões na sentença.
14. PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL

 Juiz deve impulsionar o processo caso as partes não o façam;


 Se enrolarem, ocorre preclusão (perda de uma determinada faculdade
processual);
 Preclusão pode ser: temporal (perdeu prazo), lógica ou consumativa;
 EXTRA Fases do processo: postulatória, saneamento, instrutória,
decisória e executória.

15. PREDOMÍNIO DA ORALIDADE

 Novo CPC abandona procedimento sumário (causas simples, que


podiam rolar inteiramente na oralidade);
 Mas ainda hoje, no Brasil, tendência a resolver tudo em audiências;

EXTRAS FINAIS

 Probidade processual (art. 80 CPC): deveres éticos;


 Economia processual: pode ser interna (mínimo de esforço, máximo
de resultado com relação aos atos processuais) ou externa (custos do
processo para a sociedade). Processo é uma coisa cara, não faça coisas
a toa, pois é a grana de toda a sociedade que vai embora

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