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O Fédon de Platão 1

O Fédon de Platão
“Sócrates – [...] Essas mesclas, meu estimado Cebes, são um invólucro pesado,
terrestre e visível, e a alma carregada com este peso é arrastado para o mundo
visível, pelo receio de que possui do mundo invisível, do Hades, e fica se revirando,
conforme dizem, pelos cemitérios, em volta dos túmulos, onde foram vistos
fantasmas medonhos, os espectros dessa almas que, por haverem sido liberadas,
não em estado de pureza, mas, ao contrário, de participação no visível,
transformaram-se também em visíveis.”

Platão fora primeiramente discípulo de Crátilo, que por sua vez foi discípulo de
Heráclito. Seguindo a linha de pensamento heraclitiana, Platão aprendera que tudo no
universo está em constante mudança, isto é, num constante devir e que não podemos
confiar em nossos sentidos para definir a realidade, já que a realidade sensível nunca
permanece a mesma. Posteriormente, seu encontro com Sócrates (que ocorreu
provavelmente na faixa dos 20 anos de Platão) mudará seu pensamento para sempre.
Uma das narrativas desse encontro é a de Diógenes Laércio em seu Vidas e doutrinas
dos filósofos ilustres1. Conta ele que Platão, que até então era poeta, estava a participar
de um concurso de tragédias, e após ouvir um discurso de Sócrates, em frente ao teatro
Diônisos, resolveu atirar fogo em seus próprios poemas, desistindo assim de sua
carreira poética e passando então a seguir seu novo mestre, Sócrates.
Um Sócrates platônico Diante desta exposição das características socráticas e
platônicas encontradas no Sócrates do Fédon, torna-se evidente que temos um Sócrates
muito mais platônico do que propriamente socrático. Platão, apesar
de retratar seu mestre num mesmo momento cronológico ao de sua “Quem comete
Apologia (no dia de sua trágica morte pela cicuta), percebe-se que uma injustiça
o retrata de maneira muito diferente. É claro que o Sócrates
é sempre mais
apresentado na Apologia está muito mais próximo do Sócrates
histórico, visto que seria muito improvável que Platão escondesse
infeliz que o
durante tanto tempo algo tão complexo e relevante como a teoria injustiçado.”
das Ideias e suas especulações sobre a pós vida. No Fédon, trata-se Platão
de uma suposta última conversa de Sócrates com seus conhecidos,

1
Diógenes Laércio. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, 2008.
O Fédon de Platão 2

já na Apologia trata-se do último discurso de Sócrates aos cidadãos atenienses. Apesar


de
3 O Fédon de Platão

ser um mesmo momento, a diferença dos discursos e as ideias. Pode-se deduzir também
Platão tinha diferentes objetivos com o Fédon: percebe-se no diálogo um forte apelo
estético na beleza especulações sobre a pós vida, evidenciando assim um objetivo
literário e artístico da obra; a ordem dos discursos e as ideias apresentadas evidenciam
também uma preocupação didática em explicá-las da melhor forma, sendo uma obra
provavelmente feita para os integrantes da Academia ou mesmo aos pensadores fora
dela; trata-se também de uma tentativa de imortalizar Sócrates, este que é retratado
como um homem tão nobre e sábio mesmo diante de algo tão chocante como a morte.

Platão (427–347 a.C.)


Foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de
diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira
instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu
mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os
alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. Acredita-se
que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles. Platão era um racionalista,
realista, idealista e dualista e a ele tem sido associadas muitas das ideias que
inspiraram essas filosofias mais tarde. Em contraste com a sua reticência sobre
si mesmo, Platão muitas vezes introduziu seus ilustres parentes em seus
diálogos, ou a eles referenciou com alguma precisão: Cármides tem um diálogo
com o seu nome; Crítias fala tanto em Cármides quanto em Protágoras; e
Adimanto e Glauco têm trechos importantes em A República.

Leitura indicada:
"Compreender Platão" de Christopher Rogue. Vozes, 2005.
"Ler Platão" de Thomas A. Szlezak. Loyola, 2005. 198 págs.
"História da filosofia antiga: Platão e Aristóteles" de G. Reale. Loyola, 2002. 503 págs.
"Como ler um diálogo platônico" de Samuel Scolnicovi. Artigo científico, Revist Hypnos:
(http://www.hypnos.org.br/revista/index.php/hypnos/article/view/155/157)

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