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formato Daisy
1
Tamara Salvatori
2
Marina Dal Ponte
3
Andréa Poletto Sonza
Resumo
O objetivo deste trabalho é nortear usuários normovisuais no processo de conversão de
documentos para o formato Daisy. Para tal, detalham-se aqui as etapas percorridas desde o início
até o final do processo de conversão. Inicialmente, é discutida a importância do Tocador
MecDaisy para a autonomia de pessoas cegas ou com baixa visão, fazendo a caracterização do
software. Em seguida, são mostrados os passos para instalação dos aplicativos necessários para
geração de livros digitais acessíveis. Abordam-se também os cuidados que o usuário deve ter no
ato de preparar o documento para conversão em Daisy. Por último, são abordados os estilos
utilizados nos arquivos e ainda soluções para outros entraves que podem vir a ocorrer.
Introdução
Pessoas com deficiência visual têm acesso restrito a material impresso e mesmo digital
devido à falta de acessibilidade dos mesmos. No caso dos materiais digitais, essa falta de
acessibilidade é consequência, não apenas de arquivos em formato frequentemente incompatível
para uso dos leitores de tela4, mas também pela falta de descrições das imagens, gráficos,
tabelas e quaisquer elementos visuais que constituem o conteúdo desses materiais. Como
consequência, o deficiente visual enfrenta sérias barreiras para aproveitar funções amplamente
utilizadas por pessoas que enxergam, tais como, manusear e localizar informações e realizar
anotações em materiais impressos ou digitais.
Uma das formas de extinguir essas barreiras de acessibilidade, e que começa a tomar
vulto, são os materiais em formato digital acessível no padrão Digital Accessible Information
System (Daisy). Esse padrão foi introduzido no Brasil pelo Ministério da Educação (MEC), em
parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio da criação do Projeto
1
Licenciada em Física pelo Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia no Câmpus Bento Gonçalves.
Bolsista do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE) e do Projeto de
Acessibilidade Virtual no IFRS-BG. [tamara.salvatori@bento.ifrs.edu.br]
2
Licenciada em Física pelo Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia no Câmpus Bento Gonçalves.
Bolsista do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE) e do Projeto de
Acessibilidade Virtual no IFRS-BG. [marina.dalponte@bento.ifrs.edu.br]
3
Assessora de Ações Inclusivas do IFRS. [andrea.sonza@ifrs.edu.br]
4
Os Leitores de Tela são programas que interagem com o Sistema Operacional, reproduzindo, de forma
sonora, os eventos ocorridos no computador. Essas interfaces leem para o usuário as informações, botões,
enfim, todos os eventos que se apresentam em forma de texto ou equivalente (imagens etiquetadas) na tela
do computador (SONZA, 2008).
MecDaisy. Tal projeto tem como objetivo possibilitar a geração de livros falados e sua reprodução
em áudio gravado ou sintetizado (NCE/UFRJ, 2012).
A conversão de um material para o formato Daisy exige que um usuário que enxerga
(normovisual) utilize um editor de texto para fazer a descrição de todas as imagens (mapas,
gráficos, desenhos, fotografias e quaisquer elementos não textuais) do livro ou outro material
impresso ou digital, adicione estilos e, em seguida, faça a conversão para o formato Daisy. Com
isso, amparadas pelo Tocador MecDaisy, as pessoas com deficiência visual se beneficiam do livro
já adaptado por um normovisual.
Durante a conversão do livro digital acessível, erros e falhas podem ocorrer. Como esta é
uma área ainda pouco explorada e repleta de dúvidas, este artigo apresenta um tutorial que
objetiva auxiliar na diminuição de problemas de conversão de documentos para o formato Daisy.
2 Instalação
É importante frisar que, neste trabalho, serão tratadas apenas as situações nas quais a
conversão de documentos para o formato Daisy é realizada utilizando o Sistema Operacional
Windows XP e o editor de texto Microsoft Office Word 2007. Assim, não se pode afirmar que as
soluções trazidas aqui serão eficazes para usuários que estejam utilizando uma configuração de
sistema diferente da supracitada.
Primeiramente, o usuário deve certificar-se de que o Java 1.5 (ou versão superior) e o
Microsoft Word 2007 estão devidamente instalados na máquina que será utilizada. Para verificar
se estes softwares estão instalados, deve-se acessar o Painel de Controle, clicando em Adicionar
ou Remover Programas. Também é necessário possuir o Microsoft .NET Framework. Caso ele
não esteja instalado na máquina, é possível fazer o download5 diretamente do site da Microsoft,
onde é possível encontrar a versão 3.5, utilizada no Windows XP. É preciso seguir os passos
apresentados no assistente de instalação até sua conclusão.
Logo após, é necessário que o usuário faça o download6 do Primary Interop Assembly
(PIA). Ao executar o arquivo baixado, será aberta uma janela que solicitará que o usuário escolha
uma pasta para que os arquivos sejam descompactados. Esta pasta deve ser criada no diretório
C:/ do computador. Depois de descompactados, deve-se executar o arquivo “o2007pia”.
Em seguida, o usuário deve instalar o aplicativo para geração do livro digital acessível. É
preciso fazer o download7 do plugin para a geração do livro digital acessível. Deve-se escolher a
opção de acordo com a configuração do computador em uso. No caso do Windows XP (onde a
versão em português é obrigatoriamente 32 bits), deve-se clicar em “Download from Daisy site
version 2.5.5.1 for 32-bit Office” e baixar o arquivo. Após, é preciso executar o arquivo “Daisy
addin for Word setup” e seguir os passos do assistente de instalação até sua conclusão.
Para certificar-se que o aplicativo foi instalado corretamente, o usuário deve abrir o editor
de texto e visualizar a aba “Accessibility” junto ao menu, conforme a indicação da Figura 1.
DAL PONTE et al. (2012) ensinam os passos que devem ser seguidos quando a aba
“Accessibility” não é incluída automaticamente no editor de texto:
5
MICROSOFT. Microsoft .NET Framework 3.5. Disponível em <http://www.microsoft.com/pt-
br/download/details.aspx?id=21>. Acesso em abr 2013.
6
MICROSOFT. 2007 Microsoft Office System Update: Redistributable Primary Interop Assemblies.
Disponível em <http://www.microsoft.com/en-us/download/details.aspx?id=18346>. Acesso em abr 2013.
7
DAISY CONSORTIUM. Save As DAISY - Microsoft Word Add-In. Disponível
<http://www.daisy.org/projects/save-as-daisy-microsoft/>. Acesso em abr 2013.
Após isso, é preciso fazer download8 do arquivo MecDaisy_setup_r678.exe que se
encontra dentro da pasta v_1.0_r678, sendo essa a versão mais recente do Tocador MecDaisy.
Depois, deve-se executar o arquivo e seguir as instruções de instalação até a conclusão. Por
último, o usuário deve reiniciar a máquina para concluir a instalação de todos os componentes.
8
NCE/UFRJ. MecDaisy. Disponível em <http://intervox.nce.ufrj.br/~mecdaisy/windows/>. Acesso em abr
2013.
9
FREE OCR. Disponível em <http://www.free-ocr.com>. Acesso em abr 2013.
3. Caso o arquivo seja muito extenso (acima de 150 páginas), é aconselhável dividi-lo em
capítulos, páginas ou outra forma que se adeque à preferência do usuário. Isso se deve ao fato
de que erros no processo de conversão podem ocorrer com mais frequência com arquivos
muito longos. Esse tópico será abordado mais adiante.
4. Após o texto, sem formatação, ser colado no novo documento, chega o momento de se
inserir todas as imagens no arquivo. Esse processo será facilitado se o usuário fizer alguma
marcação no espaço onde deve ser introduzida a imagem (Inserir Figura 1, por exemplo).
5. O próximo passo é fazer a descrição de todas as imagens. Este é um dos processos que
pode ser feito à parte. Sua ordem não altera o processo de conversão. Então, se o usuário
preferir, esse pode ser o primeiro passo. Quanto à metodologia para a descrição das imagens,
cada indivíduo pode ter a sua própria. No entanto, há documentos oficiais sobre esse assunto,
um exemplo é a Nota Técnica n° 21 (BRASIL, 2012), que traz orientações para descrição de
imagens na geração de material digital acessível – MecDaisy. Outros documentos que
abordam essa temática e que embasam a metodologia utilizada pelas autoras são
apresentados em DAL PONTE et al. (2012). Abaixo um excerto desse artigo:
Uma imagem pode ter diversas formas de se ver e a forma de cada um percebê-la
e apreciá-la depende da própria forma de vê-la. Por isso, chamamos a atenção
para a tentativa de imparcialidade, já que deve-se evitar impor a interpretação do
descritor sobre o que a imagem está retratando. Sentimentos são muito relativos e
cada indivíduo tem o seu próprio entendimento sobre o que está sendo
reproduzido. [...] Além disso, a descrição e os detalhes de uma ilustração podem
determinar o papel que a mesma desempenha no contexto (DAL PONTE et al,
2012, p. 21).
6. Em seguida, devem ser aplicados os estilos. Para isso, é necessário que o usuário acesse
a aba Accessibility, no menu do editor de texto, e clique no botão Import – DAISY Styles,
conforme a Figura 2 (parte superior); ele ficará desabilitado e os estilos serão carregados
juntamente com os estilos do Microsoft Word. Estes estilos podem ser conferidos clicando-se
em Início→Estilo. No canto direito inferior do grupo Estilos, conforme a Figura 2 (parte inferior)
é preciso clicar no ícone que possibilita abrir a janela de seleção de estilos ou usar o atalho
“Alt+Ctrl+Shift+S”.
Figura 2. Captura de tela indicando o Import - DAISY Styles na parte superior da imagem. Abaixo, a indicação do
ícone que possibilita a abertura da caixa de seleção de Estilos
Os estilos definem a hierarquia do documento e possibilitam que o leitor navegue pelo livro
através do sumário do próprio Tocador MecDaisy. Sendo assim, o usuário deve definir
previamente esta hierarquia para poder aplicá-la. São aproximadamente 35 estilos Daisy, além
de aproximadamente 20 estilos do editor de texto. Alguns poucos estilos aplicados são
suficientes para que o leitor possa trafegar pelo documento com precisão.
Na sequência, serão abordados os estilos que mais utilizamos e a função de cada um:
Considerações Finais
O objetivo desse tutorial foi auxiliar o indivíduo incumbido da conversão de arquivos para o
formato Daisy. Por se tratar de uma proposta relativamente nova, há pouco material disponível
para sanar determinadas dúvidas e problemas que surgem durante o processo de conversão.
Fazendo uma busca superficial na internet, foram encontrados dois tutoriais10 para a conversão de
arquivos em Daisy. Mesmo assim, os problemas que foram abordados nesse tutorial não são
citados nos documentos consultados. Além disso, no endereço da UFRJ11 é possível assistir o
tutorial em vídeo sobre o Tocador MecDaisy.
10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Assistência Social. Disponível em
<http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/assistencia_social/cartilha/>. Acesso em abr
2013.
11
NCE/UFRJ. MecDaisy. Disponível em <http://intervox.nce.ufrj.br/~mecdaisy/tutorial.htm>. Acesso em abr
2013.
Infelizmente, por mais que os passos anteriores sejam devidamente seguidos, às vezes
ocorrem falhas não identificadas durante o processo de conversão. Nesses casos,
frequentemente optamos por limpar todo o documento (com o estilo Limpar Tudo) e recomeçamos
o processo para tentar uma nova conversão, usualmente com sucesso.
Apesar dos percalços, os arquivos convertidos, após corrigidas as palavras mal
sonorizadas de forma diferente pelo tocador, ficam exatos. A pessoa com baixa visão ou cega tem
a possibilidade de navegar por todo o documento facilmente.
Embora seja um processo bastante trabalhoso, a conversão de arquivos para o formato
Daisy é também gratificante, representando um divisor de águas no que tange à inclusão
sociodigital, possibilitando a democratização do acesso a essa parcela de usuários muitas vezes
alijados de espaços digitais tutelados por imagens.
Referências
BRASIL, 2012. Nota Técnica nº 21 - Orientações para descrição de imagem na geração de material
digital acessível – MecDaisy SECADI/MEC. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=10538&Itemid=>.
Acesso em Jun 2012.
DAL PONTE, Marina; SALVATORI, Tamara; SONZA, Andréa Poletto. Material digital acessível para
deficientes visuais: ampliando o acesso à informação. Instituto Benjamin Constant, Rio de Janeiro, n.53,
p.16-29, 2012. Quadrimestral.
MICROSOFT. 2007 Microsoft Office System Update: Redistributable Primary Interop Assemblies.
Disponível em <http://www.microsoft.com/en-us/download/details.aspx?id=18346>. Acesso em abr 2013.
SONZA, Andréa Poletto. Ambientes Virtuais Acessíveis sob a perspectiva de usuários com limitação
visual. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em
Informática na Educação, Porto Alegre, 07 de Maio de 2008. Disponível em
<http://acessibilidade.bento.ifrs.edu.br/manuais-acessibilidade-web.php> Acesso em mar 2013.