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JUSTIFICATIVA

A FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo solicita a suspensão


do Projeto de Lei que prevê a privatização da Eletrobrás, tendo em vista a
complexidade do tema e a necessidade de debate mais aprofundado com os
agentes do setor de energia.

É inegável a importância da Eletrobrás para o setor elétrico. Com 233 usinas de


geração e 70 mil km de linhas de transmissão, a empresa representa 32% da
capacidade de geração de energia do país e 47% do sistema de transmissão.
Apenas entre 2012 e 2016, foram investidos R$ 45 bilhões nesses segmentos e
mais R$ 30 bilhões são previstos para o próximo quinquênio.

A Eletrobrás é hoje a maior empresa de energia elétrica da América Latina e


uma das cinco maiores geradoras hidroelétricas do mundo, referência
internacional em energias renováveis. Também merece destaque seu notável
papel no desenvolvimento regional do Nordeste – pela atuação da Chesf – e do
Sudeste – com Furnas.

Todavia, a empresa está aquém do que poderia oferecer para o país. Seus ativos
podem e devem estar à disposição do mercado, atuando em ambiente
competitivo com as grandes empresas do setor. Por isso, a FIESP manifesta-se
favorável à privatização das subsidiárias da Eletrobrás, de forma a promover
maior eficiência na gestão das empresas, mais transparência nos processos e
retomar a capacidade de investimento, sem depender de aportes do Tesouro
Nacional.

No entanto, consideramos que o modelo de privatização divulgado até o


momento está equivocado. Ele fere princípios de segurança jurídica e regulatória
ao romper contratos de concessão com pelo menos 25 anos de vigência
(mecanismo chamado de “descotização”) e propor a venda de usinas sem o
devido processo licitatório. O modelo proposto não coopera para o ambiente
concorrencial no setor de energia, pois criará um agente privado com grande
poder de mercado. Além disso, a manutenção de Golden Share, com direito à
indicação do presidente do Conselho de Administração, apenas deprecia o valor
da empresa.

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Para a população brasileira, o impacto negativo nas tarifas é inequívoco. Com a
“descotização”, mantidas as regras atuais, as tarifas poderão subir de 7% a 16%,
segundo estimativas preliminares da agência reguladora (ANEEL) e de outros
especialistas do setor. Com a cobrança do bônus de outorga o Governo poderá
arrecadar em torno de R$ 10 bilhões no ano de 2018. A contrapartida será o
incremento de R$ 400 bilhões nas contas de luz, nos próximos 30 anos (período
de concessão das usinas hidroelétricas), pagos pelos consumidores.

Acreditamos que a privatização da Eletrobrás só será viável no contexto de um


novo paradigma do marco regulatório do setor elétrico, com mais mecanismos
de mercado e menor presença do Estado. Desde 2003, uma mentalidade
estatizante predominou sobre o setor, com planejamento centralizado, extrema
regulação, operação discricionária do sistema e preços sem aderência com a
realidade. É preciso mudar de direção e apontar para uma lógica de livre
mercado.

Nesse sentido, é essencial aumentar o número de agentes no setor e a venda da


Eletrobrás é uma oportunidade que não pode ser perdida. A abertura de capital
das subsidiárias da holding é a forma mais rentável para o Estado e a mais
benéfica para a sociedade, mantendo sob o controle estatal apenas a Binacional
Itaipu e as usinas nucleares, por obrigação legal e constitucional. Para isso, a
FIESP apoia a contratação de uma consultoria especializada para desenhar o
melhor modelo de privatização para a Eletrobrás.

Também é preciso ampliar o mercado livre de energia, alcançando toda a classe


industrial até 2021 e todos os consumidores assim que possível. Desta forma,
haverá maior concorrência, realidade de preços e desindexação da economia,
para o bem da competitividade da indústria e do país.

Dada a relevância do tema para o setor elétrico, a complexidade do assunto e a


sua importância para a retomada da economia, a FIESP se coloca à disposição
para participar das discussões e apresentar suas contribuições à revisão do marco
regulatório do setor elétrico brasileiro.

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