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Vários estudiosos já jogaram fora muita tinta para decidir qual é o sentido do
sacrifício. Seus esforços estavam condenados desde o início. Eles tentavam encontrar A
única coisa por trás de todos os sacrifícios. Simplesmente não há uma. O sacrifício pode ter
diferentes significados em diferentes culturas, e até mais de um na mesma cultura. Vou
concentrar no sacrifício comum à cultura Indo-Européia.
A refeição compartilhada é o mais simples e mais óbvio dos três. A pessoa mediana,
pensando em sacrifício, pensa no grande holocausto da antiga Israel, quando animais
inteiros eram destruídos pelo fogo. Este tipo de sacrifício não existe na religião Indo-
Européia (os sacrifícios humanos druídicos vêm à mente), mas eles eram excepcionais e eu
não tentarei abordá-los aqui. O sacrifício usual é um tanto diferente. Em vez de destruir o
animal inteiro, certas partes (normalmente não comestíveis) são ofertadas aos deuses
através do fogo, porém a maior parte é cozida e comida pelos participantes humanos. Dessa
forma, o sacrifício é uma refeição compartilhada – os deuses comem sua parte e nós
comemos a nossa, reunidos em volta da mesma mesa. É uma festa para a qual convidamos
os deuses, um churrasco sagrado. É comunhão no seu sentido mais literal.
Contudo, há um tanto mais sobre isso. Não é uma mera transação comercial. A troca
é a base das amizades Indo-Européias. Ao nos comprometermos em relações-ghosti com os
deuses, nos tornamos amigos deles. E como na sociedade Indo-Européia o rei deve dar mais
que o plebeu em tal relação, os Grandes e Iluminados concedem maravilhosas bênçãos em
troca dos nossos mais modestos presentes. "Ghostiye:s dos Deuses" é o título mais honroso
que podemos ter. É através do sacrifício que se merece este título.
O significado final que vejo é o mais sutil. O sacrifício é uma batidinha nas costas
do nosso relacionamento com os „Forasteiros‟, uma forma de permitir, de maneira
controlada, a entrada de sua vida e poder em nosso Cosmos, animando sem destruir.
Sacrifício é o Caos controlado.
Receio ter me deixado levar pelo entusiasmo. Espero não ter deixado meus leitores
por fora, perguntando que diabos isso tem a ver com sacrifício. Aguarde só mais um
momento, e tentarei fazer a conexão.
Em primeiro lugar, por que convidá-lo? Por que arriscar nosso mundo? Dois
motivos. Primeiro, como expliquei, o Cosmos precisa do Caos para continuar vivo. Tudo
precisa de um pequeno espaço de manobra. A única alternativa é a morte.
Segundo, o Caos entrará quer queira, quer não. A entropia afeta a todos nós, não
importa o que façamos. Nossa única esperança é mediar o Caos de tal forma que ele apenas
seja animado em vez de nos dominar.
Mas o que tem a ver o sacrifício com os tempos modernos e com a ADF em
particular? Vamos começar a sacrificar animais?
Quando a ADF começou, sacrifício animal era proibido. Há uma razão para tal.
Simplesmente não temos pessoal treinado, não existe um victimarii. Qualquer tentativa de
sacrifício possivelmente resultará numa bagunça sangrenta. É como ser o Caos sem
mediação, dará aos deuses um presente insatisfatório, nos dará comida impura para
compartilhar em nossa mesa. Não satisfará nenhuma das razões para o sacrifício.
Isso não significa, no entanto, que não haja lugar para outros tipos de sacrifício na
ADF. No mundo clássico, a troca do animal pelo pão era perfeitamente aceitável, se fosse
impossível sacrificar o animal. No Zoroastrismo e Hinduísmo, a preocupação com a não-
violência levou a substituição do sacrifício por pão e bolas de arroz, respectivamente.
Portanto, há precedentes suficientes para que troquemos o sacrifício animal pelo sacrifício
de um grão, ainda seguindo os modos antigos.
Este problema pode ser resolvido sem oferecer violência ao formato ritual da ADF,
e sem ofender as sensibilidades modernas. A antiga prática da substituição ritual nos mostra
de que modo. Podemos substituir o animal pelo pão. Pela essência da realidade ritual,
simbólica quando vista de fora, é atual quando dentro do contexto. Um pedaço de pão
nomeado e tratado como um sacrifício animal é, para os propósitos do ritual, o animal em
si, e seu sacrifício é ritualisticamente tão efetivo quanto seria o do próprio animal.
As próprias Águas foram identificadas com o sacrifício. Isto foi feito vertendo-as
em uma tigela enquanto o “animal” era sacrificado. Desta forma, as Águas foram sacrifício
tanto quanto o pão.
A adição desta forma de sacrifício possibilita para o ritual da ADF todos os três
significados. A força e profundidade do ritual é grandemente reforçada desta maneira. E o
melhor de tudo, coloca-nos firmemente na tradição antiga. Permite que fiquemos mais perto
do lugar dos ancestrais, e aborda os deuses da forma como eles costumam ser tratados.
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