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CURSO DE DIREITO
DIREITO DAS PESSOAS
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Tribunal de Exceção
Rio de Janeiro
2015
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
1.1 DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................. 3
1.1.1 Conceitos ...................................................................................................................... 3
1.1.2 Contexto Histórico ...................................................................................................... 3
1.1.3 Classificações ............................................................................................................... 4
1.1.4 Características ............................................................................................................. 4
1.1.5 Direitos da Personalidade e Direitos Fundamentais ................................................ 5
1.1.6 Direitos da Personalidade e Tribunal de Exceção .................................................... 5
2. TRIBUNAL DE EXCEÇÃO ............................................................................................. 5
2.1 PRINCÍPIOS INFRINGIDOS PELO TRIBUNAL DE EXCEÇÃO ................................... 7
2.2 EXEMPLOS DE TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO PELO MUNDO ...................................... 8
2.2.1 Tribunal de Leipzig ..................................................................................................... 9
2.2.2 Tribunal de Nuremberg .............................................................................................. 9
2.2.3 Tribunal de Tóquio .................................................................................................... 10
2.2.4 Tribunal Penal Internacional da Antiga Iugoslávia ............................................... 11
2.2.5 Tribunal Penal Internacional da Ruanda ................................................................ 12
3. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 13
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 15
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1. INTRODUÇÃO
1.1.1 Conceito
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”.
1.1.3 Classificações
1.1.4 Características
Os direitos da personalidade são inatos à pessoa, em todas as suas projeções, sendo que
são dotados de certas características peculiares, quais sejam:
a) Intransmissibilidade e irrenunciabilidade — Essas características acarretam a
indisponibilidade dos direitos da personalidade. Não podem os seus titulares deles dispor,
transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se
extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em
nome de outrem, bens como a vida, a honra, a liberdade etc.
b) Absolutismo — O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de sua
oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de
abstenção, de respeito. Sob outro ângulo, têm caráter geral, porque inerente a toda pessoa
humana.
c) Não limitação — É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o Código
Civil, nos artigos. 11 a 21, tenha se referido expressamente apenas a alguns. Reputa-se tal rol
meramente exemplificativo, pois não esgota o seu elenco, visto ser impossível imaginar-se um
numerus clausus nesse campo.
d) Imprescritibilidade — Essa característica é mencionada pela doutrina em geral pelo fato de
os direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do tempo, nem pela
inércia na pretensão de defendê-los.
e) Impenhorabilidade — Se os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana e dela
inseparáveis, e por essa razão indisponíveis, certamente não podem ser penhorados, pois a
constrição é o ato inicial da venda forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do
exequente.
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“Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
2. TRIBUNAL DE EXCEÇÃO
Assim pode-se dizer que um tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado
temporariamente para julgar um caso (ou alguns casos) específico após o delito ter sido
cometido. Também são conhecidos por juízos ad hoc ou tribunais de segurança nacional. Por
ter caráter temporário ou excepcional, não condiz com o estado democrático de direito, é mais
comum em estados ditatoriais.
Foram eles instituídos logo após a segunda guerra mundial, para condenar os crimes de
guerra cometidos pelos nazistas, nesse julgamento a defesa negou ofensa ao princípio da
legalidade que era baseado nos postulados do direito penal tradicional, os réus foram
condenados por crimes de guerra.
Assim, os tribunais de exceção, em sua grande maioria, são expressões de países
totalitários ou formas de repressão pública de alguns indivíduos “desviados” ou que, aos olhos
da população, mereçam severa repreensão. Países que se dizem democráticos, como o Brasil,
devem abolir todo e qualquer tipo de tribunal de exceção. Por isso, hoje eles foram extirpados
do mundo jurídico e passou-se a admitir, apenas, a existência dos chamados tribunais comuns.
É necessário considerar os percalços na existência deles. O primeiro e mais claro é que
eles invariavelmente não são imparciais, uma vez que a sua criação é direcionada para um caso
em especificidade. Ou seja, só é criado um tribunal de exceção quando há algum interesse na
direção das decisões e do resultado. O segundo é que aquele a ser julgado sob este tipo de
tribunal perde alguns direitos e garantias do processo como o duplo grau de jurisdição do juiz
natural. Não só estes como também se pode destacar que tais tribunais não são sempre formados
por juristas, pois podem ser compostos por qualquer pessoa.
Não se deve confundir os tribunais de exceção com os juízos especiais, já que estes
últimos são previstos na própria Constituição Federal. Não obstante seja una a jurisdição, a fim
de agilizar e de propiciar a prestação jurisdicional específica, existem as justiças especializadas,
com competência expressa. Tudo isso, obedecidos aos critérios impostos pela norma que
disciplina o ordenamento jurídico, o que afasta desde logo, qualquer dúvida acerca da remota
possibilidade das especializadas se constituírem em tribunais de exceção.
Conclui-se, portanto que o tribunal de exceção é uma farsa jurídica, pois, não é
legitimada pela constituição para regular o exercício de direito. O julgamento tem a carência de
legalidade e o veredicto é previsível, a defesa e a acusação não têm direitos iguais no tribunal.
Então essencialmente o tribunal de exceção é constituído ao oposto dos direitos básicos
constitucionais, tais como: contraditório e ampla defesa, legalidade, igualdade, dignidade da
pessoa humana, juiz natural todos os demais princípios relacionados ao devido processo legal.
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A Segunda Guerra Mundial demonstrou o grande descaso pelos direitos humanos, visto
principalmente pelos alemães nazistas que provocaram a morte de aproximadamente 6 milhões
de judeus, 11 milhões de russos, vários ciganos, homossexuais, outras minorias e prisioneiros
de guerra. Ocorreram inúmeras perdas tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial,
porém o que assustou nesta foi a “coisificação” do homem, o tratamento desumano de modo
que ele fosse um objeto.
O Tribunal Militar Internacional de Nuremberg foi esquematizado durante todo conflito,
onde Aliados e representantes dos governos da Europa encontravam-se para imputar a punição
e pena dos responsáveis nazistas. Sua criação deu-se em 8 de agosto de 1945, e de acordo com
a Carta de Londres (1945) o tribunal tinha a competência para julgar os réus pelos crimes contra
paz, contra humanidade e contra a guerra. O Tribunal Militar Internacional foi sediado no
Palácio da Justiça de Nuremberg, na Alemanha. Os procedimentos duraram aproximadamente
1 ano e dos 24 indiciados, somente 22 foram efetivamente julgados (12 condenados à morte, 3
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mais crimes tipificados no artigo 5° do Estatuto do Tribunal Militar de Tóquio (nota-se aqui
uma semelhança com o Código Penal brasileiro para atenuação da pena). Tanto o Estatuto do
Tribunal de Nuremberg como de Tóquio vedavam a impunidade dos delitos por obediência aos
superiores, o que culminou num grande marco para o Direito Internacional.
Dos 80 suspeitos de terem praticados os crimes, somente 28 deles foram a julgamento
(9 civis e 19 militares de carreira), sendo todos eles pessoas físicas. As sentenças foram as
mesmas proferidas no Tribunal de Nuremberg, tais como enforcamento e prisão perpétua. Vale
ressaltar que o imperador Hirohito não foi a julgamento pois entendeu-se que o mesmo seria
indispensável para a administração do país. Uma diferença entre ambos os tribunais realizados
após a Segunda Guerra Mundial foi que no Tribunal de Tóquio havia a possibilidade de recurso
à Suprema Corte Americana.
Salienta-se que os princípios violados neste tribunal são os mesmos vistos no Tribunal
Militar Internacional de Nuremberg.
O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia foi criado a partir da resolução 808
de 22 de fevereiro de 1993 do Conselho de Segurança da ONU, com objetivo de julgar os
responsáveis pelas violações ao Direito Internacional Humanitário cometidos no território da
ex-Iugoslávia, onde ocorreu uma guerra civil, que ocasionou na fragmentação em diversos
Estados.
Dessa forma, no dia 3 de maio de 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas
aprovou, através da resolução 827, um relatório feito pelo Secretário Geral da ONU, que deu
origem à criação do Tribunal ad hoc (para esta finalidade), que buscava julgar os crimes
cometidos na ex-Iugoslávia, onde havia grande ocorrências de massacres, expulsões e
deslocamentos de populações, buscando uma limpeza étnica.
O Tribunal é formado por 2 câmaras de 3 juízes e uma corte de apelação. Ele possuiria
a autoridade para processar os crimes que violassem os princípios básicos, como graves
violações às Convenções de Genebra de 1949, violações às leis e costumes da guerra, além do
genocídio e crimes contra a humanidade. Esse tribunal não julgava apenas os sérvios, mas
também os croatas, albaneses, bósnios e todos envolvidos nesse conflito na região.
Esperava-se que o julgamento do principal acusado por esse Tribunal fosse um exemplo
de advertência pelos crimes que cometeu, porém ele foi encontrado morto dentro de sua cela.
Trata-se do ex-presidente da antiga Iugoslávia e da Sérvia, o Slobodan Milosevic, que era
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Ruanda é um país marcado por conflitos, principalmente pelas etnias hutu (maioria da
população local) e os tutsi. Em abril de 1994 os líderes extremistas hutu, iniciaram uma
campanha de extermínio contra a minoria tutsi.
Um indivíduo que ficou conhecido nesse genocídio foi Jean-Paul Akayesu (prefeito de Taba)
que até o início do massacre conseguiu manter sua cidade violência. No entanto, após uma
reunião com os líderes do governo ruandense interino (os mesmos que planejaram e
orquestraram o genocídio), Akayesu adotou a violência contra os tutsi. Provavelmente, ele
acreditava que seu futuro político e social dependia da sua integração com as forças
governamentais.
Com a mudança de rumo daquela guerra, Akayesu fugiu para o Zaire, atual República
Democrática do Congo, e depois para Zâmbia, onde foi preso em outubro de 1995. Foi
condenado por genocídio em 1998 e cumpre pena de prisão perpétua em Mali.
Este genocídio teve fim em julho de 1994, quando a Frente Patriótica Ruandesa, uma
guerrilha comandada pelos tutsi, expulsou os extremistas genocidas e todo seu governo
provisório. O massacre concluiu-se com um saldo de 800.000 mortos, em sua maioria tutsi,
num extermínio de um décimo da população na época. As consequências do genocídio
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continuam a ser sentidas ainda hoje pois Ruanda ficou devastada, com centenas de milhares de
sobreviventes traumatizados, a infraestrutura do país arruinada, e tendo que manter mais de
100.000 criminosos nas suas prisões. Desde 1996 a República Democrática do Congo, país
vizinho à Ruanda, transformou-se em um campo de batalha, com sucessivos conflitos armados
entre o governo atual de Ruanda e os assassinos hutus que para lá fugiram após o massacre do
povo tutsi.
Em julho de 1994, o Conselho de Segurança, por meio da Resolução n. 935, estabeleceu
uma comissão para investigar as violações humanitárias ocorridas ao longo da guerra civil em
Ruanda. As investigações tiveram como resultado dois relatórios que levaram ao
estabelecimento de um Tribunal ad hoc para Ruanda. O Estatuto do Tribunal de Ruanda não
faz menção a penas específicas para cada delito cometido. Dessa forma, pode-se dizer que
houve uma violação ao princípio da individualização das penas, tendo em vista que serão os
juízes que irão decidir qual pena deve ser aplicada no caso. Em 1995, o Tribunal foi sediado
em Arusha, na Tanzânia. Após muitas etapas preparatórias, no ano de 1997 fora convocada em
Roma uma Conferência de Plenipotenciários com o intuito de concluir as negociações do
referido Estatuto.
O Tribunal tem jurisdição sobre genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de
guerra, que são definidos como violações de artigos relativos a genocídios cometidos em
conflitos internos pela Convenção de Genebra. Este Tribunal ficou bastante conhecido,
principalmente, por ter sido o primeiro Tribunal a julgar o genocídio como crime após a sua
criação Legal na Convenção contra o crime de Genocídio, em 1948.
Até maio de 2012, o Tribunal Penal Internacional ad hoc para Ruanda havia proferido
sentenças relativas a 73 casos. Deste universo, 35 acusados foram absolvidos; 15 casos
encontram-se em fase de apelação; 2 acusados foram liberados (tiveram a acusação retirada); 2
acusados morreram ao longo do processo; e 9 acusados encontram-se foragidos. Remanescem,
ainda, em andamento perante o tribunal 2 casos sobre a prática de graves violações de Direito
Internacional Humanitário no território de Ruanda. Quanto às prisões, até junho de 2012, 58
acusados estavam detidos, 22 estavam cumprindo penas em outros Estados e 36 estavam detidos
em Arusha (Tanzânia), sede do tribunal. Dentre eles, destaca-se a prisão de 10 líderes políticos;
8 líderes militares; 7 administradores do Governo; 1 líder religioso; e 4 outros.
3. CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paula Wojcikiewicz et al. Guia de estudo: visita aos Tribunais Internacionais
da Haia, 2011. Disponível em: <
http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/Guias_de_estudo_tribunais_internacionais.p
df>. Acesso em: 27 maio 2015.
BENSIMAN, Lucas; CARNEIRO, Vitor; João Gabriel. Tribunal Penal Internacional, 2008.
Disponível em: <http://academico.direito-rio.fgv.br/wiki/Tribunal_Penal_Internacional>.
Acesso em: 29 maio 2015.
BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União. Brasília, DF: Senado Federal.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. 16.
ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 1
16
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v.
1.
GRINOVER, Ada Pellegrini. O princípio do juiz Natural e sua dupla garantia. Revista de
Processo, v. 29, jan. /mar, 1983, p. 11.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. 692 p.