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Segundo Fernando Novais em seu clássico estudo sobre a crise do Antigo Sistema
Colonial, “paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana
colonial, e não o contrário”. Essa foi uma compreensão que perdurou em nossa historiografia
contemporânea até pelo menos o final da década de 90 e que associa a escravidão moderna diretamente
ao tráfico de escravos. O mais complexo nesse caso, no entanto, seria entender como a escravidão
perdurou para além desse mesmo tráfico.
Com base nas leituras que temos feito, elabore um texto de no máximo quatro laudas apontando a
complexidade dessa questão. Faça as indicações bibliográficas com correta citação. Prazo de entrega,
dia 26/01, 05 pts.
Resposta
Escritores como José de Alencar apontam que a escravidão é um fato social que
cumpre o papel social de civilizar e que outras instituições piores foram superadas e o
momento desta chegaria. Acreditavam que à medida que o capitalismo ia avançando a
tendência era que ele fosse sendo superado, mas percebemos o fator contrário de persistência
da mão de obra escrava. Há que se dizer inicialmente que a escravidão foi amplamente aceita
pelas sociedades do Novo Mundo e do Velho, tal aceitação é um produto do pensamento que
minimiza seus efeitos negativos e suas inconveniências ante os benefícios, especialmente
econômicos, que ela produz. Ao colocar as discussões historiográficas para pensarmos a
escravidão percebemos que concretiza uma dicotomia muito acirrada nas relações sociais e
no lugar do negro nas sociedades Ibéricas e Anglo-saxônicas. Para entendermos isso
precisamos focar como as diferenças gritantes nos modos de colonização, condução da
escravidão e religião foram os embasadores para as discussões.
Apesar das sensíveis diferenças elencadas acima há algo mais forte que os une que
foi o uso recorrente à violência e a produção de uma hierarquia baseada em fatores raciais. A
hierarquia servia basicamente aos interesses de manutenção dos privilégios. O produto, no
caso dos EUA, foi ainda mais acirrado devido a dificuldade da manumissão e a racialização
da escravidão. A explicação? Simples. Eram negros! Esse entendimento dificultou a inclusão
dos povos subjulgados e não se permitiu a cristianização dos escravos. Percebemos que a
liberdade então começa a se transformar em um valor dos mais valiosos uma vez que a
participação nas camadas de decisões, a propriedade e a capacidade de possuir escravos
mostrava aos senhores de escravos que somente assim eles não estavam sujeitos a algum tipo
de dependência.
Referências Bibliográficas
ALENCAR, José de. Cartas a favor da escravidão. Org. Tamis Parron. São Paulo: Hedra,
2008.
Berbel, Márcia; Marquese, Rafael; Parron, Tâmis. Escravidão e política. Brasil e Cuba,
c.1790-1850. São Paulo: Hucitec, 2010
PARRON, Tamis. A política da escravidão no Império do Brasil, 1826-1865. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.