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Katie Urban / Processional
Walkway
Neli Oliveira, Melting men
• alexandre orion
Neste sentido O Projeto Imediações se alinha a uma abordagem da intervenção urbana a partir
da idéia modularização das ações, pelo viés hibridização de procedimentos da escritura, da
urbanidade e das mídias locativas, para a elaboração de táticas intervencionista.
A modularização , como metodologia de construção, tem uma longa história nos campos da
arquitetura e do design, mas foi a partir do pensamento formalista do construtivismo russo
e alemão que começou ser sistematizada também no campo das artes (Paul Klee4, El Lissitzky
). Ao longo do século XX, esta estratégia foi amplamente empregada a partir de diferentes
estratégias que contribuíram para a sua legitimação como procedimento artístico e mote
para abordar questões próprias da arte.
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A Teoria da Forma de Paul Klee é um exemplo de estudo que pressupõe o uso de
modelos para a elaboração artística. Klee’s Personal Notebooks
Artistas como Calder e de Jean Tinguely , por exemplo, adotam a modularização para
refletir sobre a natureza predominantemente estática do objeto artístico . Victor Vasarely,
postula, em seu manifesto Jaune5, o uso do modulo para propor uma arte repetível e
multiplicável.
Alexander Calder, escultura
cinetiva, 1960
Ou ainda podemos falar das produções de artistas como Tony Smith, Sol LeWitt, Dan Flavin e
Donald Judd, representantes do movimento de arte minimalista, foram fundamentais para
transformar a modularização, de uma ferramenta de composição e produção, para um dos
temas centrais da arte na década de 1960.
Para o projeto Imediações parte de uma poética da modularização - como descrito – pelo viés
da estratégia do encapsulamento. Sendo assim a idéia de módulo (capsula) permite relacionar
um conjunto complexo de ações empregadas, como um elemento de tamanho controlado.
Modo como são eles coordenados- como se encaixam em um arranjo lógico previsto, mas não
controlado – descreve propostas de estratégias de intevençao urbana nas cidades hibridas .
(gráfico)
Modos de fazer (módulorizaçao )
1. Coleta de relatos - realização de entrevistas sonoras
2. Tradução das histórias - desenhos, ilustracões e ensaios visuais.
3. Produção de ensaios áudio visuais.
4. Produção APP de Realidade Aumentada.
5. Aplicação dos stickers (adesivos) - marcadores (RA)
Para levar adiante esta questão recorremos a Calvino em dois momentos. Um primeiro , Seis
propostas para o próximo milênio (1998), quando reflete sobre a leveza como estratégia para
salvar a escritura do pesadume, da inércia e da opacidade do mundo. Um Segundo , quando
em as Cidades invisiveis (1990), constrói cidades partir de escrituras que deixam transparecer,
mais do que lugares, personagens e estruturas narrativas, as imagens e os imaginários que nos
(as) definem.
Como complementar as ações do UU, tendo em vista uma compreensão da urbanidade como
dinâmica que continuamente se faz, se desfaz e se refaz , pelo viés do jogo- Calvino oferece a
leveza (Calvino, 1998). Estratégia de abstração, que descrita pelo autor, protege as escrituras
.Ou seja, evita q que certas qualidades do mundo (pesadume, inercia e opacidade) adira ás
escrituras .
Calvino, parte recorre ás abstrações literárias, recorre a maneira de Perceu para dizer que a
melhor forma de abordar o mundo pela forma indireta .
Ou ainda
Eis que Perseu vem ao meu socorro até mesmo agora, quando já me sentia capturado pela
mordaça de pedra — como acontece toda vez que tento uma evocação histórico-
autobiográfica. (Calvino, 1998, 17)
Em tempos em que as densas qualidades do mundo parecem cada vez mais invadir as
escrituras, não podemos responder com subjetividades. A mobilidade, a circulaçao das
imagens nas telas dos smatphones e devinculaçao entre objetos e lugares, quem sab epode
ser aproveitado como recursos para fazer persistir as narrativas, como açoes contudentes de
interveçao urbana.
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Termos que descrevem a cidade pela lógica espetacular de criação de imagens para a construção de
consensos.
Neste cenário investimos em escrituras que espalham as narrativas através de textos em
pedaços, fragmentos espalhados nos tempo-espacos das cidades – registos de praticas
cotidianas vividas e virtualizadas - assim como funciona a memória.
A ideia de leveza procura oferecer caminhos para pensar intervenção urbana como um acordo
entre arte e cidade, uma espécie de metáfora dos lugares, ou ainda, a metaforizaçao de
alguns protocolos de uso da cidade, para fazê-los funcionar em registros desafiam a cidade
como forma de escritura .
1.2. A CIDADE HÍBRIDA
Os espaços urbanos contemporâneos são atravessados e preenchidos por “novas redes
telemáticas” de acordo com André Lemos (2007). Além das mais conhecidas ondas de rádio e
TV, existem também as dos satélites, das diferentes faixas de telefonia celular (GSM, 3G, 4G
etc), wi-fi, e vários outros, modificando potencialmente o local mesmo que não se possa
acessá-las. Independente da possibilidade de acesso às redes constantes em um lugar,
inúmeras camadas de informação estão presentes ao mesmo tempo.
A relação entre espaço físico e o espaço eletrônico criam o que Lemos chama de Território
Informacional: uma sobreposição de vários espaços em um só (urbano e eletrônico) em
pequenas parcelas de tempo cumulativas.
Santaella(2008)chama de “espaços intersticiais” as bordas entre espaços físicos e digitais que
compõem espaços conectados, nos quais se rompe a distinção tradicional entre espaços
físicos, de um lado, e digitais, de outro. A autora usa a noção de “espaços intersticiais” para
apreender e caracterizar tal convergência espacial.
Peter Anders, definindo o espaço a partir do ponto de vista da cognição, esclarece que nós
estamos envolvidos na criação do mundo percebido imediatamente ou por meio de
extensões dos nossos sentidos:
But if we were to argue that there is this world that is beyond our senses,
we can have access to that world through direct sensory perception, but we
can also have it through another, what I call extended set of senses, which
include telescopes, microscopes and all those tools that we use to project
ourselves out into the world and reciprocally sense something that is
beyond normal perception. And when I say mediated entities, I could also
say that that might be digital information that's passed over the Internet as
an extended form of sense and then interpreted by my computer on a
screen so that my eyes can understand, or my eyes can take in the
information and process it from there. (ANDERS, 2001)
Anders chama de “espaço cíbrido” a combinação entre espaços físicos e o cyberspace,
símbolos ou imagens digitais eletrônicas, buscando com isso, superar a antinomia entre
sensação e pensamento, corpo e mente.
Para Giselle Beiguelman (2013) definição de Peter Anders de cibridismo é uma projeção do
virtual no real. A autora desloca o conceito de cíbrido de Anders para o contexto da
interconexão entre redes on-line e off-line, buscando superar a oposição entre real e virtual,
entendendo "que o processo de digitalização é tão inequívoco, que as redes são tão ubíquas,
que se tornou anacronismo falar em real e virtual. Então, esse estado de emergência cíbrida é
a emergência dessa interpenetração de campos." (Beiguelman, 2013) É na interseção dessas
redes on-line e off-line que Imediações: Praia de Iracema busca atuar.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O Projeto Imediações
2.2 Contexto de desenvolvimento
Fortaleza é uma cidade litorânea, capital do Ceará. Ao longo de sua história passou por
diversas reformas, dentre as quais destacamos aquela pautada pelas demandas da crescente
globalização da economia e da cultura, a partir do final de 1980.
Para UZZO (2014 ), o modelo de planejamento urbano adotado nas cidades brasileiras, neste
período, partia do proposito de construir atributos para qualificarem a inserção das cidades no
cenário competitivo internacional e regional, marcado por uma politica neolibeal.
O início da aplicação deste plano esteve pautado com tensões entre diferentes movimentos
engajados com os processos de reforma urbana no período, pela contraposição entre uma
concepção de reforma urbana pautada em uma ética social e uma abordagem da cidade como
fonte de lucros para poucos. (TRINDADE, 2014). As críticas feitas às reformas denunciavam os
seus efeitos na definição de um quadro de desigualdade social promovido pela exclusão da
maior parte dos habitantes da cidade por conta de uma lógica da segregação espacial – pela
mercantilização do solo urbano e da valorização imobiliária; pela apropriação privada dos
investimentos públicos em moradia, em transportes públicos, em equipamentos urbanos e em
serviços públicos em geral.
Segundo UZZO (2009), os programas de formulação das cidades urbanas, iniciadas neste
período, não só não foram realizados, como resultaram em uma Anti-Reforma, ou numa
privatização/mercantilização crescente das cidades, que passou a ser tratada como mais um
ramo dos negócios. O planejamento estratégico, expressão usada nas ações de guerra e pelas
empresas, passou a ser aplicada na administração publica neste período, segundo Harvey
(1996, p. 53 apud Silva), propunha “muito mais o investimento e o desenvolvimento
econômico através de empreendimentos imobiliários pontuais e especulativos do que a
melhoria das condições em um âmbito específico.
No Ceará estes ajustes foram patrocinados por ações de políticos e empresários - liderados
pelo então governador do Estado Tasso Jereissati - a partir de uma política de atração de
investimentos, mediante incentivos fiscais, para estabelecer a cidade de Fortaleza como um
polo do turismo Céu e Mar.
Para PAIVA (2011), a atividade turística, como um dos indutores da urbanização de Fortaleza,
parecia realizar parte das demandas de metropolização da cidade no período.
Localização da Praia de Iracema
Fonte: Arquivo do ACTlab
3. RESULTADOS
II. desenhos que compõem a edição Imediações Praia de Iracema, realizado por um dos
artistas participantes do projeto.
Ilustração de Matheus Costa
III. stikers produzidos, apenas com uma vista parcial do desenho. O desenho se completa ao
usar o aplicativo. Juntamente com a animação, ouve-se a história que inspirou aquele desenho
Fonte: Arquivo do ACTlab
3.4 Este é o momento da intervenção, que consiste em recortar as figuras, colar os stickers e
mediar a interação das pessoas com a interface em Realidade Aumentada.
Figura 4 – Intervenção do Largo do Mincharia
Fonte: Arquivo do ACTlab
Quando o conteúdo audiovisual é acessado, é criado um curto-circuito temporal. São
contrapostos o momento em que o participante acessa o vídeo e a história do passado recente
ou distante daquele mesmo espaço.
Figura 4 – Intervenção do Largo do Micharia.
Fonte: Arquivo do ACTlab. Foto de Mariana Gomes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda que tenha como matéria a memória, o projeto Imediações não propões uma abordagem
memorialista, conservadora ou passadista do espaço urbano; antes disso investe em uma
poética que explora a potência de criação de redes e de engajamento coletivo, ao mesmo
tempo em que instaura uma discussão sobre formas produção de imagens da cidade. Busca-se,
sobretudo, colocar em debate o modelo de desenvolvimento em vigor na transformação do
espaço urbano, bem como questionar as formas de uso da cidade a partir de uma perspectiva
de quem efetivamente a ocupa.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANDERS, Peter. Toward an architecture of mind. In: CAiiA-STAR Symposium: 'Extreme parameters. New
dimensions of interactivity'. 11-12 de julho de 2001. Disponível em:
http://www.uoc.edu/artnodes/eng/art/anders0302/anders0302.html