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UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE - ENSINO A DISTÂNCIA ®

3
Fascículo

Gestão Social, Participação


e Controle Social João Martins
Rosélia Mesquita
Copyright © 2017 by Fundação Demócrito Rocha

FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)


Presidência
João Dummar Neto
Direção Geral
Marcos Tardin

UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (Uane)


Coordenação Geral
Ana Paula Costa Salmin

CURSO GESTÃO SOCIAL


Concepção e Coordenação Geral
Cliff Villar
Organizadores de Conteúdo
João Martins de Oliveira Neto e
Jeová Torres Silva Júnior
Coordenação Pedagógica
Ana Cristina Pacheco de Araújo Barros
Coordenação Executiva
Rebeca Sabóia
Edição de Design e Projeto Gráfico
Amaurício Cortez
Editoração Eletrônica
Cristiane Frota
Ilustrações
Carlus Campos
Catalogação na Fonte
Kelly Pereira
Gerente de Serviços
Valéria Freitas
Produtora
Thaís de Paula

Este fascículo é parte integrante do Curso Gestão Social


composto por 12 fascículos oferecido pela Universidade
Aberta do Nordeste (Uane), em decorrência do contrato
celebrado entre a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento
Social – STDS e a Fundação Demócrito Rocha (FDR), sob o
nº 076/2017.

C975 Curso gestão social / concepção e coordenação geral, Cliff Villar;


organizadores de conteúdo; João Martins de Oliveira Neto
Todos os direitos desta edição reservados à:
e Jeová Torres Silva Júnior. – Fortaleza: Fundação Demócrito
Rocha/UANE/BID/STDS-Ce, 2017.
288. il. color; (Curso em 12 Fascículos)

ISBN 978-85-7529-836-7 Fundação Demócrito Rocha


Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
CEP 60.055-402 - Fortaleza-Ceará
1. Curso – gestão social I. Villar, Cliff. II. Oliveira Neto, João Tel.: (85) 3255.6180 - 3255.6153
Martins. III. Silva Júnior, Jeová Torres. IV. Título Fax: (85) 3255.6271
fdr.com.br
fundacao@fdr.com.br
CDU 304(813.1) uane@fdr.com.br
sumário
1. Introdução................................................................................................ 52

2. Um breve percurso da evolução do modo


de gerir as organizações ....................................................................... 53

3. Governança e Gestão Social ................................................................ 56


3.1 Conceituando governança .................................................................... 56
3.2 Conceituando Gestão Social ..................................................................57

4. Participação e controle social............................................................. 58


4.1 Participação e seu constructo .............................................................. 58
4.2 Sentidos da participação ....................................................................... 60
4.3 Participação e controle social no Brasil ............................................. 62

5. Exemplos de conselhos municipais


que fazem o controle social no Brasil ................................................ 66
5.1 Conselho de Assistência Social ............................................................. 66
5.2 Conselho do Fundo de Educação Básica (Fundeb) ........................... 67
5.3 Conselho Municipal de Saúde................................................................ 68
5.4 Conselho de Alimentação Escolar ........................................................ 69

Síntese do Fascículo .............................................................................. 70


Perfil dos Autores .................................................................................. 70
Referências Bibliográficas ................................................................... 70

OBJETIVOS
1. Apresentar os principais conceitos operacionais das escolas de
gestão, gestão social, participação e controle social;

2. Estabelecer conexões entre os conceitos operacionais e suas práticas


a fim de demonstrar as suas utilizações no ambiente da gestão de
políticas públicas; e

3. Oportunizar o acesso ao conhecimento e a discussão sobre a gestão


social das políticas públicas.
substantiva. Uma racionalidade é
complementar a outra e não há or-
ganização exclusivamente racional e
nem substantiva. (Ramos, 1983)
As organizações são, portanto, or-
ganismos de relações sociais em que
os indivíduos, além de ajudarem a
cumprir os objetivos organizacionais,
procuram atingir os seus particulares.
O homem é social e, nessa condição,
para além do reconhecimento técni-
co e/ou financeiro, quer ser valorizado
enquanto ser humano.
Nesse sentido, o resultado das re-
lações sociais dentro das organizações
deve se pautar pelo diálogo, pela par-
ticipação, pelo controle e pelo apren-
dizado dos envolvidos nos processos
de produção de bens e/ou serviços.
Neste fascículo, o cursista terá a
oportunidade de fazer um percurso
conceitual sobre as diversas esco-
las de gestão que, ao longo dos tem-

1.
pos, vem influenciando o nosso modo
As discussões sobre a Gestão Social moderno de produzir. A intenção de
(GS) e sua aplicação no campo das or- percorrer esse caminho histórico da
ganizações socais, públicas e estraté- gestão é fornecer ao(à) leitor(a) co-
gicas têm evoluído muito nas últimas nhecimentos de como as organiza-
décadas do Brasil, aliando a teoriza- ções são importantes enquanto espa-

Introdução ção de conceitos com o estudo aplica-


do de suas práticas.
ço de socialização humana.
Em seguida, os demais tópicos
Essa discussão, para além do ad- dos fascículos que abordam gestão
jetivo social agregado ao substantivo social, participação e controle so-
gestão, resgata o sentido sociológico cial introduzem o(a) leitor(a) no uni-
das organizações e as percebem como verso substantivo das organizações
organismos sociais complexos orien- com o fito de auxiliá-los(las) em suas
tadas por objetivos (Etzione, 1967). análises e compreensões sobre a im-
Ou seja, entende que as organiza- portância da conjugação das duas
ções não operam apenas em termos racionalidades no fazer histórico da
de sua racionalidade instrumental, gestão de organizações socais, públi-
mas, sobretudo, pela racionalidade cas e estratégicas.

52 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


2.
Um breve percurso
da evolução
do modo de gerir
as organizações
A Revolução Industrial1 nos possibi- Com isso, o modo de produção
litou sair do modo de produção ar- se tornou mais especializado e o
tesanal para o de produção em série ambiente organizacional mais com-
e de massa. Esse feito, além de rein- plexo, exigindo uma reorganização
ventar a forma de como se produzia, na cadeia de controle e comando a
modificou o modelo de gestão dos fim de garantir um aproveitamento
negócios e as relações de trabalho necessário dos meios e pessoas dis-
até então prevalente. poníveis no processo para produzir
Na era da produção artesanal, bens de consumo.
havia a fusão do trabalhador e pro- Com o evoluir dos anos, o acú-
prietário, não sendo possível separar mulo de conhecimentos empíricos
quem produzia de quem comandava sobre a arte de produzir e atingir o(s)
a produção e seus meios. O artesão objetivo(s) da organização, e a ne-
realizava todo o processo produti- cessidade de responder de forma or-
vo do bem de consumo e, ao mesmo ganizada e racional como as organi-
1. A expressão Revolução Industrial é usualmen-
tempo, era o proprietário dos meios zações evoluem e contribuem para o te empregada para assinalar mudanças sociais e
de produção. bem-estar humano, surgem no início econômicas que marcam a transição de um modo
No que se refere aos avanços do século XX as teorias científicas de vida centrado em atividades estáveis na agricul-
tura e no comércio, para outro centrado na veloci-
tecnológicos, a primeira geração da para estudar e compreender os am- dade das descobertas mecânicas e no emprego de
automação da produção na era da bientes organizacionais compostos máquinas complexas em amplas instalações fabris,
Revolução Industrial significou um de processos, manufatura e pessoas. submetendo o campo à cidade. Esse período está
compreendido entre as metades dos séculos XVIII
ganho de eficiência exponencial na Para um melhor entendimen- e XIX. (Fonte: Washington José de Souza & Marcos
manufatura de bens em série para a to desse percurso, o quadro abaixo Dias de Oliveira. Fundamentos da Gestão Social na
época, permitindo um ganho de esca- apresenta uma síntese das principais Revolução Industrial: Leitura e Crítica aos Ideais de
Robert Owen. o&s - v.13 - n.39 - Outubro/Dezembro
la nunca antes experimentado. escolas, suas caracterizações e seus – 2006) http://www.scielo.br/pdf/osoc/v13n39/
principais idealizadores: a04v13n39.pdf

gestão social 53
Teorias Administrativas
Principais
Teorias Caracterização
idealizadores
Fundamenta-se na aplicação de métodos da ciência positiva, racional e metódica
aos problemas administrativos, a fim de alcançar a máxima produtividade. Essa
teoria provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no
mundo industrial. Para o aumento da produtividade, propôs métodos e sistemas de
racionalização do trabalho e disciplina do conhecimento operário colocando-o sob Frederick W.
Teoria da
comando da gerência; a seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tarefas; Taylor,
Administração
a fragmentação e a hierarquização do trabalho. Investiu nos estudos de tempos e Henry Ford
Científica
movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador e propôs que as atividades
complexas fossem divididas em partes mais simples facilitando a racionalização e
a padronização. Propõe incentivos salariais e prêmios pressupondo que as pessoas
são motivadas exclusivamente por interesses salariais e materiais, de onde surge o
termo “homo economicus”.
Propõe a racionalização da estrutura administrativa, em que a empresa passa a
ser percebida como uma síntese dos diversos órgãos que compõem a sua estrutura.
A preocupação maior é com a direção da empresa dando ênfase às funções e
Teoria Clássica Fayol
operações no interior dela. Estabeleceu os princípios da boa administração, sendo
dele a clássica visão das funções do administrador: organizar, planejar, coordenar,
comandar e controlar.
Identifica certas características da organização formal voltada exclusivamente
para a racionalidade e para a eficiência. Em suas dimensões essenciais, muitos dos
aspectos do modelo burocrático podem ser encontrados em Taylor e Fayol: a divisão
Teoria Burocrática do trabalho baseada na especialização funcional; hierarquia e autoridade definidas; Max Weber
sistema de regras e regulamentos que descrevem direitos e deveres dos ocupantes
dos cargos; sistema de procedimentos e rotinas; impessoalidade nas relações
interpessoais, promoção e seleção baseadas na competência técnica, dentre outros.
Surge da crítica à Teoria da Administração Científica e a Teoria Clássica, porém
o modelo proposto não se contrapõe ao taylorismo. Combate o formalismo na
administração e desloca o foco da administração para os grupos informais e suas
inter-relações, oferecendo incentivos psicossociais, por entender que o ser humano
Teoria das Relações
não pode ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas. A Escola das Relações Maslow, Herzberg
Humanas
Humanas depositou na motivação a expectativa de levar o indivíduo a trabalhar
para atingir os objetivos da organização. Defende a participação do trabalhador nas
decisões que envolvessem a tarefa, porém essa participação sofre restrições e deve
estar de acordo com o padrão de liderança adotado.
Max Weber,
Parte da análise e limitações do modelo burocrático e declínio da teoria das relações
Robert K. Merton,
humanas, de quem na verdade aproxima-se conceitualmente. Inaugura um sistema
Philip Selznick,
Teoria Estruturalista aberto das organizações. Avança em relação às demais teorias ao reconhecer a
Alvin Gouldner,
existência do conflito nas organizações, assumindo que este é inerente aos grupos e
Amitai Etzioni e
às relações de produção.
Peter M. Blau.

54 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Teorias Administrativas
Principais
Teorias Caracterização
idealizadores
Tem sua ênfase mais significativa nas ciências do comportamento e na busca de
soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais, preocupando-
se mais com os processos e com a dinâmica organizacional do que com a
estrutura. Amplia a discussão sobre a motivação humana com base nas teorias da
motivação de Maslow e a teoria sobre os fatores que orientam o comportamento
Teoria
das pessoas de Herzberg. Esta abordagem ganha impulso no início da década de Maslow, Herzberg
Comportamentalista
1980 quando começa a aparecer um conjunto de ideais, experiências e princípios
provenientes do estilo japonês de administração, que se preconizou chamar Teoria
Z da administração. A Teoria Z fundamenta-se nos princípios de: emprego estável;
baixa especialização; avaliação permanente do desempenho e promoção lenta;
democracia e participação nas decisões; valorização das pessoas.
Surge de estudos do biólogo alemão Ludwig Von Bertalanfly publicados entre 1950 e
1968 e busca formulações conceituais passíveis de aplicação na realidade empírica.
Ludwig Von
Teoria dos Sistemas Para este autor, “um sistema pode ser definido como um complexo de elementos
Bertalanfly
em interação”. Interação significa que os elementos estão em relação. E que o
comportamento destes elementos se modifica quando há mudança na relação.
Surge de um conjunto de ideias a respeito do ser humano, da organização e
do ambiente na perspectiva de propiciar o crescimento e o desenvolvimento
Teoria do
organizacional, de acordo com suas potencialidades. Volta-se para estratégias Lawrence e
Desenvolvimento
organizacionais planejadas por meio de modelos de diagnóstico, intervenção Lorsch
Organizacional
e de mudanças envolvendo modificações estruturais ao lado de modificações
comportamentais para melhorar a eficiência e a eficácia das empresas.
Este modelo, dotado de grande flexibilidade, descentralização e desburocratização, é
colocado como opção para ambientes em constante mutação e condições instáveis,
contrapondo-se, de certa forma, ao modelo mecanicista que prevalece em situações
e ambientes relativamente estáveis. No que se refere à organização do trabalho, Alfred D.
esta abordagem privilegia a análise tecnológica, entre as diversas contingências, Chandler; T. Burns;
Teoria da abordagem no sentido de limites à reorganização do trabalho. Está associada à participação do G.M. Stalker;
Contingencial trabalhador, sendo que os estudos desenvolvidos colocam a participação relacionada F. E. Emery; E.L.
às variáveis de condições estruturais, que facilitam ou dificultam a interação Trist; P.R.Laurence
trabalhador/gerência e a propensão dos trabalhadores para buscar a participação. e J.W. Lorsch
Desmitifica a administração científica do trabalho e reconhece os fatores
contingenciais que interferem nas organizações e nas relações funcionais. É conhecido
também como modelo orgânico nas organizações.
Com ênfase nas relações entre o funcionamento dos subsistemas social (os indivíduos
e suas relações, relações sociais no trabalho e cultura) e técnico (tecnologia, máquinas
Teoria da Abordagem e equipamentos, procedimentos e tarefas); princípio da otimização conjunta; Robert Katz;
Sóciotécnica escolha organizacional; desenvolvimento de trabalho em grupos semiautônomos; Daniel Kahn
preocupação com evolução e aprendizado contínuo. Coloca-se numa lógica distinta e
oposta de organização do trabalho em relação ao modelo taylorista-fordista.

FONTE: ELABORADO A PARTIR DE ELIANE MATOS E DENISE PIRES (2006, P. 509-510).

gestão social 55
3.
Governança
e Gestão Social
3.1 Conceituando governança
Toda e qualquer organização, seja ela DALLABRIDA, 2003; PIRES et al., 2011),
uma empresa, seja uma organização com o intuito de exercer suas habili-
social, se preocupa em coordenar dades de gestão dos espaços públicos,
seus processos para obter uma maior com transparência. Portanto, uma
eficiência e conseguir os resultados forma de outros atores, não apenas
almejados. Entende-se isso como os agentes do Estado (da governabi-
uma forma de incluir e corresponsa- lidade)2, exercerem funções político-
bilizar os participantes da organiza- -sociais para o alcance de objetivos
ção em dispositivos de coordenação comuns e coletivos.
e decisões que levem ao alcance e Nesse sentido, a “governança
melhoria dos resultados de forma pode ser entendida como processo de
A teoria da Gestão Social, como transparente. Em síntese, uma forma coordenação de atores, grupos so-
visto no fascículo 1, é um conceito de como governar bem. ciais e instituições com vistas a rea-
em construção e de aplicação ainda Nessa perspectiva, originalmen- lizar objetivos definidos e discutidos
restrita às organizações públicas não te, a partir da década de 1970, o ter- coletivamente”. (Le Galés, 1999, apud
estatais e que, aos poucos, as orga- mo governança surge no ambiente BONNAL & MALUF, 2009, p.220)
nizações públicas estatais começam empresarial para, designar “os dis- Corroborando com esse pensa-
a utilizar como forma de aprimora- positivos operacionalizados pela mento de parceria entre atores sociais
mento dos seus procedimentos de firma para conduzir coordenações e os agentes do Estado, Sachs et. al.
gestão de processos e pessoas. eficazes”. (Oliver Williamson apud (2012, p. 241) nos guiam para a gover-
A seguir, retomaremos alguns dos DALLABRIDA, 2003, p.76) nança participativa ou responsive go-
conceitos de Gestão Social e também No âmbito das organizações so- vernance, pelo qual:
de Governança para compreender- ciais, o termo governança está liga-
mos as diferenças básicas entres os do à ideia de partilhar e dividir poder pressupõe que no espaço público a
termos que geralmente confundimos. (SCHIAVINATO, 2012; FERRÃO, 2010; boa gestão se consegue por meio da

56 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


articulação inteligente e equilibrada 3.2 Conceituando Gestão Social
do conjunto dos atores interessados
no desenvolvimento, os chamados Como vimos anteriormente, os espa- como os que se aproximam do conceito
atores interessados, ou stakeholders. ços de decisão constituídos para a de Guerreiro Ramos (1983, p.39), citado
É uma gestão que busca ‘responder’, governança sejam em uma empresa, por Severo e Pedrozo (2008, pp. 64-65),
ou ‘corresponder’ aos interesses que seja em uma organização social, são de racionalidade instrumental e subs-
diferentes grupos manifestam, e espaços livres para o exercício da par- tantiva, pois na realidade não há orga-
supõe sistemas amplamente parti- ticipação. Essa participação pode ser nizações puramente instrumentais.
cipativos, e em todo caso mais de- efetiva no sentido da tomada de deci- Em consequência disso, define-se
mocráticos, na linha da ‘governança são ocorrer depois do processo dialó- Gestão Social como sendo:
participativa’, além da ampliação da gico em que todos têm o mesmo espa-
transparência de todos os processos. ço de voz e poder de decisão ou não. O processo gerencial dialógico em
(Sachs et. al. 2012, p. 241) Nesse sentido, o conceito de que a autoridade decisória é com-
Gestão Social acrescenta e ao mesmo partilhada entre os participantes
Também os organismos multila- se diferencia do conceito de gover- da ação (ação que possa ocorrer em
terais3, a exemplo do Banco Mundial, nança, já que reconhece que todas as qualquer tipo de sistema social –
possuem suas conceituações sobre go- organizações possuem racionalidades público, privado ou de organizações
vernança. Borges (2003, p.126) nos diz instrumentais e substantivas, e as de- não governamentais). O adjetivo so-
que esse organismo multilateral defi- cisões não poderão ser tomadas por cial qualificando o substantivo ges-
ne governança como “a maneira pela apenas um dos indivíduos do grupo tão será entendido como o espaço
qual o poder é exercido na administra- representativo gestor, mas pelo con- privilegiado de relações sociais na
ção dos recursos econômicos e sociais junto dos participantes ao fim do pro- qual todos têm o direito à fala, sem
do país, com vistas ao desenvolvimen- cesso dialógico. nenhum tipo de coação. (Tenório,
to” (BANCO MUNDIAL, 1992, p.1). A racionalidade instrumental (ou 2008 apud Cançado, 2010 p.135)
Dessa maneira, no percurso dos funcional) orienta a conduta humana
conceitos aqui expostos, a governança como um meio para atingir determi-
se revela como uma forma de conduzir nado fim, ou seja, a ação é estimulada
eficientemente práticas de partilhar por uma estimativa utilitária das con-
poder e governar. Sejam elas em cor- sequências. Por sua vez, a raciona-
porações empresariais, espaços públi- lidade substantiva é inerente ao ho-
cos, órgãos governamentais ou países. mem, pelo que toda a ação orientada
Dessa forma, o conceito de governan- por uma razão substantiva se baseia
ça pode ser considerado polissêmico e num conhecimento lúcido e autôno- 2. O termo governabilidade, nesse contexto, signi-
fica o conjunto de atributos essenciais da autorida-
ser utilizado para diversos meios e fins mo de relações entre fatos, atestando de formal para o exercício do governo.
com o intuito de descrever como vá- o ser humano como criatura dotada 3. Para Schiavinato (2012, p. 6), “as instituições
rios atores se relacionam em busca de de razão. (Ramos, 1983, p. 39). multilaterais tornaram-se as grandes dissemina-
doras do conceito de governança com uma visão
eficiência na gestão, na tomada de de- Portanto, a Gestão Social enten- bastante a-histórica, acrítica e fortemente basea-
cisões e na partilha de poder. de os processos e práticas gerenciais da nos princípios neoliberais.”

gestão social 57
4.
4.1 Participação e
seu constructo
O termo participação e seus congêneres
participar e participante, descritos em

Participação dicionários da língua portuguesa, têm


consecutivamente os significados de

e controle social “ato ou efeito de participar”, “ter ou to-


mar parte em”, “associar-se pelo pensa-
mento ou pelo sentimento”, “solidarizar-
-se”, “compartilhar”, “que, ou pessoa que
participa”. Portanto, apresenta-se tex-
tualmente com ampla significância na
vida cotidiana dos sujeitos na sociedade.
Significância nos modos de ser e agir
em interação com outros, na família, no
trabalho, no convívio social ou mesmo
no seu estado de ser passivo ou ativo na
tomada de decisões das mais simples as
mais complexas.
Assim, a participação tem por natu-
reza um enfoque social e político, por-
que os sujeitos de quaisquer partes deste
planeta vivem e convivem em socieda-
de, em verdadeiras coletividades huma-
nas. E neste âmbito, todos se interagem
num afluxo contínuo de participação
social, uns mais ativos, outros mais pas-
sivos, não importa. Todos, de alguma
forma participam para a performance
dos contextos históricos, social, econô-
mico e político donde habitam e, de al-
guma forma, nos derredores.
Neste cenário, os sujeitos podem
utilizar formas de participação das
mais variadas, de forma direta ou indi-
reta, por meio de seus representantes,
com desempenho mais ativo ou passi-
vo, aliados a condição de estar como
voluntário, coagido, dentre outras si-
tuações diversas.

58 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Escorel e Moreira (2008: 979-1008) ponderação sobre os custos e os be-
tratam da temática participação so- nefícios da sua participação e do re-
cial e citam três formas ou níveis de gime políticos em que se inserem.
participação a partir das definições de Destacam que o papel das ins-
Bobbio, Matteuci & Pasquino (1991): tâncias participativas é permitir que
os sujeitos atuem em conjunto e po-
1. A “presença”, ou seja, a forma tencializem seus esforços participati-
menos intensa e mais marginal que vos e a consecução de seus objetivos.
engloba comportamentos essencial- Além de dar oportunidades de atuar e
mente receptivos ou passivos, situa- deliberar, ter acesso a informação, a
ção em que o indivíduo não dá qual- qualificação, a capacitação e as pos-
quer contribuição pessoal. sibilidades de intercâmbio com outras
2. A “ativação”, em que o sujeito redes, e troca de experiências.
desenvolve, dentro ou fora de uma or- Enfatizam que as instituições
ganização política, uma série de ati- mais permeáveis à participação são
vidades, que lhe foram confiadas por aquelas que valorizam o espaço pú-
delegação permanente (envolvimen- blico e reconhecem a necessidade que
to em campanhas eleitorais, partici- as relações pessoais, sociais, econô-
pação em manifestação de protestos). micas e políticas sejam, pelo menos,
3. A “participação”, quando o in- mais debatidas. Contudo, quando ela
divíduo contribui direta ou indireta- própria gera o espaço de participa-
mente para uma decisão política. ção, é mais provável que este seja re-
conhecido e legitimado, mas poderá
Prosseguindo, salienta que os in- vir reconhecer a participação de su-
divíduos, ao participarem, têm pro- jeitos que conseguem construir uma
pósitos egoístas, individuais, solidá- rede participativa forte.
rios e ou coletivos, com objetivos que Com base no acima exposto, po-
visam à manutenção, ao aprimora- demos inferir que as formas de parti-
mento, à reforma ou à transforma- cipação têm uma dinâmica histórica
ção total da situação em questão. ao se efetivar nos espaços de inter-re-
Ao mesmo tempo em que podem ser lações humanas em processos tempo-
condicionados por fatores culturais, rais. Isso é perfeitamente observado
grau e tipo de instrução, e psicosso- ao analisarmos as dinâmicas dos es-
ciais, como normas e valores, bem tilos do viver social humano por ciclos
como por elementos simbólicos como de vida, pelas estruturas culturais e
a esperança de um futuro melhor, a ambientais, econômicas e políticas.

gestão social 59
4.2 Sentidos da participação
As diversas e divergentes posições teó- O pensamento político liberal
ricas reportadas ao tema participação ainda no século IX alicerçava nos pri-
e seu âmbito de intervenção oscilam mórdios do sistema capitalista a li-
e se intercambiam no sentido dos se- berdade do mercado autorregulável e
guintes eixos: a) da esfera política de a competição pelo lucro. Quanto à li-
representação partidária e democrá- berdade dos indivíduos, indicava que
tica; b) das decisões de naturezas de a democracia representativa ou par-
cunho cultural, social, administrativa lamentar seria a forma compatível
etc.; c) das de defesa de interesses par- com o Estado Liberal, ou seja, o poder
ticulares ou coletivos, de forma esti- do cidadão é delegado ao represen-
mulada ou espontânea, de forma que, tante escolhido pelo povo.
direta ou indiretamente, todas acabam Portanto, nos dias atuais, a con-
interferindo nas ações de governos. cepção liberal de participação social
Num sentido etimológico, o ter- e democracia configura-se intrinse-
mo participação significa “fazer parte camente com o Estado e o mercado.
de”, “parte em qualquer coisa”. Nesta Contudo, a participação social e polí-
acepção, poder-se-ia afirmar que a tica dos cidadãos contribuíram para a
noção de participação política reme- ampliação dos direitos democráticos
te a ideia de alguém “tomar parte na para além das classes proprietárias e
vida política”. (Pateman, 1970). das liberdades econômicas.
A participação política é enten- Nesse sentido, Osvaldo Coggiola
dida como instrumento da realização (2003, p. 311-318), ao escrever a te-
plena do cidadão na comunidade so- mática da autodeterminação social,
cial e política, ao passo que as con- discorre que no século XX a luta pela
cepções mais moderadas sustentam cidadania se confundia com a luta pe-
novas formas de concretização do los direitos sociais.
ideal participativo, defendendo o uso Cita que, desde as Revoluções
do referendo, a dinamização das pe- de 1848, a luta pela “República do
quenas comunidades, o governo local Trabalho” (grifo do autor) foi o des-
e a descentralização política e admi- dobramento principal das revolu-
nistrativa (Barber, 1984). ções democráticas de toda a história
Sem o envolvimento ativo dos ci- europeia e mundial posterior. Assim,
dadãos e sem a preocupação dos go- à época, a democracia era identifi-
vernantes em consultar o povo, não cada como movimento de luta pe-
existe verdadeira participação, sendo los direitos dos oprimidos, ou seja,
que o contrário só pode configurar uma “o poder do povo” (grifo do autor).
democracia aparente, sem substância, Aliado a isso, junta-se o problema da
marcada pela encenação e pelo espe- independência ou autodetermina-
táculo da consulta aos cidadãos após ção nacional, ou seja, a criação de
a tomada das decisões (Arblaster,1987). Estados independentes.

60 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Exemplifica a Comuna de Paris, em nove comissões (militar, traba-
de 1871, como o grande antecedente lho, ensino etc.). Para Karl Marx, (...) a
histórico das lutas do século XX. Como Comuna foi o ressurgimento da au-
um organismo proletário, seus mem- têntica vida social do povo, foi uma
bros eleitos formavam um único cole- revolta contra o poder executivo e as
tivo sem presidente e eram revogáveis formas parlamentares.
a qualquer momento. Dividiam-se

Síntese das dimensões de análise da participação política


Dimensões Atributos Caracterização
Ativa Participação intensa (ação)
Grau Equilibrada Participação ativa e passiva (ação)
Passiva Ausência de participação (inação)
Comportamentos Ações manifestas (observáveis)
Visibilidade
Atitudes Predisposições para agir (não observáveis)
Legal Atos previstos e consentidos
Enquadramento
Semilegal Atos não previstos e consentidos
Normativo
Ilegal Atos não previstos e não consentidos
Influência Determina os sentidos das decisões
Objetivos da Ação
Não influência Não determina os sentidos das decisões
Profissionais Atividade permanentes
Agentes
Não profissionais Atividades ocasional
Convencionais Tradicionais/formais
Formas
Não convencionais Não tradicionais/informais
Decisões autoritárias gerais no âmbito
Político (geral e particular)
estrito da esfera política
Âmbito
Decisões autoritárias gerais no âmbito da
Social (geral e particular)
esfera política e da esfera social
Espontânea Despoletada por iniciativa do próprio
Inciativa dos Agentes
Estimulada Despoletada ou condicionada por terceiros

Relação com Independente Variável independente


outros fenômenos Dependente Variável dependente
FONTE: MANUEL MEIRINHO MARTINS, CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA – TEMAS E PERSPECTIVAS DE ANÁLISE – CAPÍTULO 1, PÁG. 47

gestão social 61
4.3 Participação e controle social no Brasil
A denominada “Constituição Cidadã” governos com a participação da po-
promulgada em 1988, após um ciclo pulação, e os conselhos gestores, for-
de ditadura militar iniciado no ano de malizados em vários órgãos com a
1964, garantiu a participação social participação de instâncias colegiadas
por meio das seguintes instâncias: com caráter deliberativo referentes
• Eleições diretas para presiden- às políticas sociais, como os de saúde,
te, governadores, prefeitos, deputa- criança, adolescente, educação etc.
dos federais e estaduais, e vereadores A Constituição Federal de 1988, no
por meio de sufrágio universal direto e seu bojo de “Constituição Cidadã”, es-
secreto, sendo obrigatório para aque- tabelece a participação popular nas
les entre 18 e 70 anos de idade. políticas públicas que atendam os in-
• Plebiscito – ocorre quando a po- teresses da população e ao exercício do
pulação é chamada a decidir sobre controle social tanto no Sistema Único
algo que ainda não foi transformado da Assistência Social (Suas) como no
em ato legal. Sistema Único de Saúde (SUS).
• Referendo – nos casos em que a O SUAS e o SUS são normatiza-
população é chamada a decidir sobre dos com os mesmos princípios de
a confirmação ou a desaprovação de enfoque social, participativo e uni-
um ato legislativo. versal. Ambos são regulados por Lei
• Iniciativa popular – quando 1% da Orgânica, respectivamente a Lei
população do país, distribuída em, pelo Orgânica da Assistência Social (LOAS)
menos cinco estados da federação, en- e a Lei Orgânica da Saúde (LOS). São
caminha projeto de lei ao Congresso organizados de forma descentrali-
Nacional, que tem de apreciá-lo. zada com a presença de conselhos
Destacam-se outras modalida- por âmbitos de governos: no Suas,
des de participação no setor público, o Conselho Nacional de Assistência
merecendo destaque o orçamento Social (CNAS), o Conselho Estadual
participativo, que define as priorida- de Assistência Social (CEAS) e os
des para alocação de recursos pelos Conselhos Municipais de Assistência

62 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Social (CMAS); e no SUS, o Conselho premente a vontade política institu-
Nacional de Saúde (CNS), o Conselho cional dos governos, como dar condi-
Estadual de Saúde (CESAU) e os ções à participação plena, investir em
Conselhos Municipais de Saúde (CMS). capacitação e propiciar as estruturas
Possuem também Lei Municipal de gestão permeáveis à sociedade.
de Criação dos seus respectivos Concomitante ao exposto logo
Conselhos e do Fundo Municipal. acima, faz-se necessária a parti-
Portanto, podemos dizer que o cipação ativa da população e dos
controle é uma forma de exercício segmentos dela representados, no
democrático de acompanhamento sentido de se fazer efetivamente a
da gestão com foco nos interesses da mobilização, a organização dos atos
sociedade, e dos recursos financei- processuais inerentes a suas funções,
ros destinados à sua implementação. a representação ativa para a defesa
Competem aos conselhos acima tra- dos interesses públicos e a qualifica-
tados: a) a convocação das suas res- ção de seus membros para a tomada
pectivas conferências por âmbito de de decisões deliberativas.
governos; b) a fiscalização das ações
e a utilização dos recursos, incluindo
as prestações de conta.
A composição desses conselhos
é paritária. No caso do SUAS, por
meio da representação do governo
e da sociedade (com a participação
de usuários); e no caso do SUS, com a
participação dos usuários, governo e
trabalhadores de saúde.
O controle social é realizado de
forma compartilhada a partir das
suas conferências, de audiências pú-
blicas; por meio de ações populares,
ação civil pública e sociedade civil,
dentre outros. Acrescenta-se a isso o
controle interno institucional dos ór-
gãos, a exemplo das ouvidorias e das
procuradorias, e do controle externo,
por meio do Tribunal de Contas e do
Ministério Público.
Para o funcionamento regular
desses conselhos, faz-se necessária
a presença de uma diretoria (eleita
entre seus membros), plenária com
pautas definidas e previamente di-
vulgadas, grupos de trabalho e se-
cretária executiva. Para tanto, faz-se

gestão social 63
Há outras diversas modalidades organizadas por Serapione e Matos
em termos participativos. Pode-se (2016), que trata de experiência sobre
destacar duas que vêm sendo utili- a participação em saúde.
zadas na atualidade por iniciativas Dentre essas, destacamos a ex-
de governos específicos: em termos periência em que analisaram a par-
participativos, pode-se ressaltar ticipação em Saúde no município
duas potencialidades: o Orçamento de Fortaleza-CE, cujos resultados
Participativo (OP), no qual os sujeitos apontam para a necessidade de re-
se organizam para definir as priori- forçar, além do Conselho Municipal
dades de alocação de recursos; e os de Saúde (CMS), novos espaços e
conselhos gestores, que representam participação em articulação com os
a participação dos sujeitos em instân- movimentos sociais atuantes na ci-
cias colegiadas com caráter delibera- dade e que defendam um projeto de
tivo sobre determinados setores das reforma do sistema de saúde.
políticas sociais, como os de saúde, Além dessa, a pesquisa sobre o
criança, adolescente, educação etc. CES do Estado do Rio de Janeiro,
Para demonstrar situações da ressaltando: a) a falta de definições
participação e do controle social no no que concerne ao papel das diver-
Brasil, a seguir expomos pesquisas sas representações conselheiras, e a

64 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Democracia de
Baixo Impacto
“O modelo de
democracia liberal
foi se impondo
como modelo único
e universal e a sua
consagração foi
consumada pelo
Banco Mundial e o
FMI ao transformá-lo
em condição política
burocracia do controle social; b) os institucional foi mais forte, os pro-
conselheiros enfrentam o desafio de cessos eleitorais e parlamentares para a concessão
atuar em uma arena política hege- estão cada vez mais desacreditados. de empréstimo e
monizada e dirigida politicamente Em situações como esta, verifica-se
pelos gestores; c) o critério de parida- também a “patologia da representa-
ajuda financeira.
de adotado na composição do CES/ ção” em que os cidadãos se sentem Com isso, perdeu-se
RJ e a maior pluralidade de institui-
ções que participam das arenas não
cada vez menos representados por
aqueles que elegeram.
‘demodiversidade’,
permite avaliar sobre como se deli- Continuando, diz que o desencanto entendida como a
neia o processo deliberativo na aná- com a democracia seria decorrente da coexistência (pacífica
lise das decisões; d) identificou as- proposta de democracia que se tornou
pectos de conflito entre as demandas hegemônica ao fim das duas guerras
ou conflituosa)
da sociedade e as decisões tomadas mundiais – a democracia de baixo im- de diferentes
pelos representantes do governo.
Santos & Avritzer (2002) alerta
pacto –, que implicou uma restrição
das formas de participação e sobera-
modelos e práticas
que, em diversos países do mundo, nia ampliada em favor de um consenso democráticas.”
até mesmo em sociedades europeias, em torno de um procedimento eleitoral
nas quais a história da valorização para a formação de governos. FONTE: SANTOS & AVRITZER, 2002:72

gestão social 65
5.
Exemplos de
5.1 Conselho de Assistência Social
Conselho de Assistência Social
(Os programas são voltados para as crianças (creches),
idosos, portadores de deficiências físicas)

conselhos
O que faz Quem faz parte

• Acompanha a chegada do dinheiro e a • Representantes indicados pela prefeitura

municipais aplicação da verba para os programas


de assistência social.
e pelas entidades que fazem assistência
social no município, como creches,

que fazem • Aprova o plano de assistência social


feito pela prefeitura.
associações de apoio ao adolescente, ao
idoso, associações comunitárias.

o controle Para saber mais:

social no • Prefeitura
• Conselho Estadual de Assistência Social (funciona na capital do seu estado). O

Brasil conselho Nacional de Assistência Social, em Brasília, informa os telefones dos conselhos
estaduais: (61) 3433-2431/3433-2422.
• Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - www.mds.gov.br.
• Conselho Nacional de Assistência Social - www.mds.gov.br/cnas.
• MDS - 0800 707 2003 (ligação gratuita)
Fonte: Controladoria-Geral da União (CGU). Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas. Controle
Social: orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. (2012, p.24)

66 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


5.2 Conselho do Fundo de Educação Básica (Fundeb)
Conselho do Fundo da Educação Básica (Fundeb)
O que faz Quem faz parte

• Examina os gastos realizados com • Representantes do Poder Executivo


recursos do Programa. Municipal (Prefeitura), dos quais pelo
• Supervisiona o censo escolar anual e a menos 1 (um) deve ser da Secretaria
elaboração da proposta orçamentária Municipal de Educação ou de órgão
anual, com o objetivo de concorrer para educacional equivalente.
o regular e tempestivo tratamento e • Representante dos professores da
encaminhamento dos dados estatísticos educação básica pública.
e financeiros. • Representante dos diretores das escolas
• Acompanha a aplicação dos recursos básicas públicas.
federais referentes ao Programa • Representante dos servidores técnico-
Nacional de Apoio ao Transporte do administrativos das escolas básicas
Escolar (Pnate) e ao Programa de públicas.
Apoio aos Sistemas de Ensino para • Representante(s) dos pais de alunos da
Atendimento à Educação de Jovens educação básica pública.
Adultos, e, ainda recebe e analisa as • Representante(s) dos estudantes
prestações de contas referentes a da educação básica pública, um é
esses Programas, formula pareceres indicado pela entidade de estudantes
conclusivos sobre a aplicação desses secundaristas.
recursos e encaminha-os ao Fundo • Representante(s) do respectivo Conselho
Nacional de Desenvolvimento da Municipal de Educação.
Educação (FNDE). • Representante do Conselho Tutelar da
Criança e do Adolescente, indicados por
seus pares, quando houver no município.

Para saber mais:


• Prefeitura de sua cidade.
• Departamento de Desenvolvimento de Políticas de Financiamento da Edu-
cação Básica – Defineb Esplanada dos Ministérios, bloco L, 5º andar, sala 510 –
CEP 70047-900 – Brasília/DF
• Ligação gratuita: 0800-616161
• Endereço eletrônico: fundeb@mec.gov.br
Fonte: Controladoria-Geral da União (CGU). Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas. Controle
Social: orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. (2012, p.23)

gestão social 67
5.3 Conselho Municipal de Saúde
Conselho Municipal de Saúde
O que faz Quem faz parte

• Controla o dinheiro destinado à saúde. • Representante(s) das pessoas que usam


• Acompanha as verbas que chegam o Sistema Único de Saúde.
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e os • Profissionais da área de saúde
repasses de programas federais. (médicos, enfermeiras).
• Participa da elaboração das metas • Representante(s) de prestadores
para a saúde. de serviços de saúde (hospitais
• Controla a execução das ações na particulares).
saúde. • Representantes da prefeitura.
• Deve se reunir frequentemente.

Para saber mais:


• Disque-Saúde – 0800 61 1997
Fonte: Controladoria-Geral da União (CGU). Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas. Controle
Social: orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. (2012, p. 22)

68 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


5.4 Conselho de Alimentação Escolar
Conselho de Alimentação Escolar
O que faz Quem faz parte

• Controla o dinheiro para a merenda. • Representante(s) da prefeitura.


Parte da verba vem do Governo • Representante(s) da câmara municipal.
Federal. A outra parte vem da • Representante(s) dos professores.
prefeitura. • Representante(s) de pais de alunos.
• Verifica se o que a prefeitura comprou • Representante(s) de um sindicato
está chegando às escolas. ou associação rural (cada órgão ou
• Analisa a qualidade da merenda entidade indica seu representante.
comprada.
• Examina se os alimentos estão bem
guardados e conservados.
• Deve se reunir frequentemente.

Para saber mais:


• Ministério da Educação – 0800 61 6161
Fonte: Controladoria-Geral da União (CGU). Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas. Controle
Social: orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. (2012, p. 22)

gestão social 69
Síntese do Perfil dos Referências
Fascículo Autores Bibliográficas
Ao término da leitura deste fascículo, João Martins 1. BOBBIO, N.; MATTEUCI, N. PASQUI-
percebemos que as diversas escolas de Doutorando em Ciência Política pelo NO, G. Dicionário de Política. Brasília:
gestão tinham como ênfase a organi- Instituto Superior de Ciências Sociais Editora UnB, Sarah Escorel, MarCarce-
zação ou a gestão e que buscaram tor- e Políticas da Universidade de Lisboa lo Rasga \moreira – Participação Social
nar arte de produzir e gerir em ciência. (ISCSP-ULisboa), Portugal (2016/cur- in Política e Sistema de Saúde no Brasil.
Para tanto, estabelecerem parâ- sando). Mestre em Desenvolvimento e Organizado por Lígia Giovanelha, Sarah
metros verificáveis e passíveis de re- Gestão Social pelo CIAGS/Universidade Escorel,, ET AL – Rio de Janeiro: Editora
plicação em qualquer da organização Federal da Bahia-UFBA (2015). Graduado FIOCRUZ, 2008
com a finalidade de atingir os objetivos em Administração pela Universidade 2. Participação e Controle Social no
das organizações no que refere à efi- Estadual do Ceará (Uece – 2001). SUAS. Acesso em 04/10/2017: https://
ciência econômica, por meio do envol- pt.slideshare.net/alavieira/o-que-con-
vimento social de todos os envolvidos Rosélia Mesquita trole-social-no-suas
no ambiente organizacional. Mestre em Saúde Coletiva, pela 3. BONNAL, Philippe; MALUF, Renato S.
Outros aspectos aprendidos nes- Universidade de Fortaleza (Unifor); espe- Políticas de desenvolvimento territorial
te fascículo foi a conceituação e a di- cialista em Atenção Primária em Saúde e e multifuncionalidade da agricultura
ferença entre governança e gestão em Gestão de Sistemas Locais de Saúde, familiar no Brasil. Política e Sociedade,
social e de como cada conceito desse pela Escola de Saúde Pública do Ceará n. 14, abr., 2009.
se aplica às diversas organizações so- (ESP); especialista em Planejamento 4. BORGES, André. Governança e polí-
ciais, púbicas e estratégicas. O homem e Gestão de Políticas Públicas, pela tica educacional: a agenda recente do
social não quer ser reconhecido ape- Universidade Estadual do Ceará (Uece); Banco Mundial. Revista Brasileira de cio da cidadania
tuições criadas
dos diversos esp
incentivada, ma
de 1998, essa p
Brasil, com o ad
lidade das açõe
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percebemos que
Ao término da l

Fascíc
Síntese

nas economicamente/tecnicamente, graduada em Filosofia (licenciatura) e Ciências Sociais, v. 18, n. 52, 2003.
mas também como ser humano capaz em Serviço Social, pela Uece.
de participar e contribuir nos proces-
sos decisórios.
No que se refere à participação e
ao controle social, o envolvimento ci-
dadão na definição, no planejamento e
no monitoramento das políticas públi-
cas e organizacionais determina a qua-
lidade das ações implementadas. No
Brasil, com o advento da Constituição
de 1998, essa participação não só foi
incentivada, mas garantida por meio
dos diversos espaços públicos e insti-
tuições criadas para permitir o exercí-
cio da cidadania.

70 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


5. COGGIOLA, Osvaldo. Auto deter-
minação Nacional. In Jaime Pinsky E
Carla Bassanez Pinsky org), História
da Cidadania. São Paulo. Editora Con- 13. MARTINS, Manuel Meirinho. Cida-
texto. 2003. dania e Participação Política – temas
6. CANÇADO, Airton Cardoso; PEREI- e perspectivas de análise. Instituto Su-
RA, José Roberto. Gestão Social: por perior de Ciências Sociais e Políticas,
onde anda o conceito? In: FERREIRA, Universidade Técnica de Lisboa, coleção
Marcos Aurélio; et. al. (Org.). Adminis- Instituto pedagógico, outubro de 2010.
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mia solidária: avanços e desafios. Vi- Teorias administrativas e organização
çosa, MG, 2010. do trabalho: de Taylor aos dias atuais,
7. CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO influências no setor Saúde e na Enfer-
– CGU. Secretaria de Prevenção da magem. Texto Contexto Enferm, Floria-
Corrupção e Informações Estratégicas. nópolis, 2006 Jul-Set; 15(3):508-14.
Controle Social: orientações aos cida- 15. Osvaldo Coggiola. Autodetermi-
dãos para participação na gestão pú- nação Nacional. In História da cida-
blica e exercício do controle social. Bra- dania/ Jaime Pinsky, Carla Bussanezi
sília-DF. 2012 Pinsky. (org). – São Paulo: Contexto, 2003 20. SANTOS, B. de.S. & AVRITZER, L.
8. DALLABRIDA, Valdir Roque; BECKER, 16. PIRES, Elson L. S. et al. A governan- Para ampliar o cânone democrático,in
Ferminiano Dinizar. Governança Terri- ça territorial no Brasil: conceitos e mo- Sarah Escorel, Marcelo Rasga \moreira –
a.
para permitir o exercí-
paços públicos e insti-
as garantida por meio
participação não só foi
dvento da Constituição
es implementadas. No
onais determina a qua-
nto das políticas públi-
ção, no planejamento e
ial, o envolvimento ci-
refere à participação e

contribuir nos proces-


omo ser humano capaz
amente/tecnicamente,
r ser reconhecido ape-
estratégicas. O homem
ersas organizações so-
mo cada conceito desse
governança e gestão
a conceituação e a di-
ectos aprendidos nes-
ganizacional.
de todos os envolvidos
ica, por meio do envol-
es no que refere à efi-
e de atingir os objetivos
alquer da organização
veis e passíveis de re-
, estabelecerem parâ-
duzir e gerir em ciência.
ão e que buscaram tor-
como ênfase a organi-
e as diversas escolas de
leitura deste fascículo,

culo
e do
torial um primeiro passo na construção dalidades. In: Circuito de Debates Acadê- Participação Social in Política e Sistema
de uma proposta teórico-metodológica. micos, 1, Ipea, Anais... 2011. de Saúde no Brasil. Organizado por Lígia
Desenvolvimento em Questão. Editora 17. RAMOS, A. G. Administração e con- Giovanelha, Sarah Escorel,, ET AL – Rio
Unijuí, ano 1, n. 2, jul./dez., 2003. texto brasileiro: esboço de uma teoria de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008.
9. ESCOREL, Sarah; MOREIRA, Marce- geral da administração. 2. ed. Rio de Ja- 21. SERAPIONE, Mauro; MATOS, Ana
lo Rasga – Participação Social in Polí- neiro: Fundação Getúlio Vargas, 1983. Raquel (organizadores); Participação
tica e Sistema de Saúde no Brasil. Or- 18. SACHS, Ignacy; LOPES, Carlos; DO- em saúde: experiências brasileiras e do
ganizado por Lígia Giovanelha, Sarah WBOR, Ladislau. Crises e oportunidades Sul da Europa – a modo de apresenta-
Escorel et al. Rio de Janeiro: Editora em tempos de mudança. In: CANÇADO, ção. 2016.
FIOCRUZ, 2008. Airton C.; SILVA JR., Jeová Torres; TENÓ- 22. TENÓRIO, Fernando Guilherme. Um
10. ETZIONI, Amitai. Organizações Mo- RIO, Fernando G. Gestão Social (Orgs.). espectro ronda o terceiro setor, o espec-
dernas. Pioneira. São Paulo. 1967. Aspectos teóricos e aplicações. Ijuí: Ed. tro do mercado. 3.ed. Ijuí: Editora da Uni-
11. FERRÃO, João. Governança e or- Unijuí, 2012. juí, 2008.
denamento do território: reflexões para 19. SCHIAVINATO, Mônica. Governança 23. WASHINGTON, José de Souza &
uma governança territorial eficiente, territorial e novos processos de desen- OLIVEIRA, Marcos Dias de. Fundamen-
justa e democrática. Prospectiva e Pla- volvimento: um Estudo de caso do Terri- tos da Gestão Social na Revolução In-
nejamento, Lisboa, v. 17, 2010. tório da Cidadania Vale do Jamari – Ron- dustrial: Leitura e Crítica aos Ideais de
12. LE GALÉS, P. Régulation, Gouver- dônia. In: ENANPPAS, 6, Anais ... Setembro Robert Owen. o&s - v.13 - n.39 - Ou-
nance et Territoires. In: COMMAILLE, J. & de 2012. Disponível em:<http://www. tubro/Dezembro – 2006). Disponível
JOBERT, B. (Dir.). Les Métamorphoses de anppas.org.br/encontro6/anais/ARQUI- em: http://www.scielo.br/pdf/osoc/
la régulation politique. Paris: LGDJ, coll. VOS/GT2-1381-1178-20120629150505. v13n39/a04v13n39.pdf . Acesso: 30 de
Droit et Société, 1999. pdf >. Aceso em: 29 mar. 2015. setembro de 2017.

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