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ALIENADA... EU?... IMAGINA!!!...

Escrever é a mais perigosa forma de se comunicar. Eu sei. Pois não existe forma de se negar o que se escreve. O
papel não dá esta possibilidade. Ele é fiel ao seu autor. Não admite contradições que não estejam óbvias: pois ele
mesmo às mostra. É por isso que é minha forma favorita de comunicar. E depois da música é a arte mais sublime,
num sentido de que sua imaterialidade se representa no indivíduo e interagem com seus pensamentos sentimentos e
sensações. Mas ainda não é este o tema que quero abordar. Em verdade, este á apenas um prólogo que antecede
uma crítica à mídia televisonada, que deturpa alguns sentidos e aliena a outros. A facilidade com que as imagens
nos acessam... Isto mesmo, ELAS nos acessam... Acaba por desenvolver uma “osmose” mental. Proponho por
algum tempo ficarmos todos cegos. Aguçarmos outros sentidos.

O mundo moderno nos trouxe um vício, uma alienação: precisamos ver tudo, pior, precisamos “pré-ver”. Vemos
um filme já sabemos o final. Ouvimos uma música, e prevemos sua forma, olhamos um quadro e queremos ver
algo conhecido. Nenhuma sensação é mais importante que ver, ver e prever. Um vício. Quando esta expectativa é
frustrada... É o bastante para sairmos insatisfeitos da experiência... Agora vem a indagação: “Tá, mas... o que tem
mais para fazer se não for olhar?” “Então... se a música não diz nada para que serve?” “E para que mesmo que
serve um quadro se não for para mostrar uma figura?”. Se quiserem observar comigo mais uma hipótese,
continuem lendo este artigo.

Estes dias, bem monótonos, depois de horas em frente ao computador estudando, resolvi ligar a TV para me
distrair, (na verdade me irritar... Mas não sei porque sempre tento... Talvez ainda seja resultado da alienação!...)
então com o controle remoto na mão, começo a passar de canal para canal... Os poucos a que tenho acesso, pois não
tenho cabo na televisão (estudante universitária, economia para o mestrado, coisa e tal...) e de repente paro no
programa da Luciana Gimenez que tem a seguinte chamada: “Critico de Música analisa sucessos referentes a
fenômenos de massa”. Não acreditei! Atônita, continuei no canal. Pensei: “Meu Deus, é o apocalipse ou está
acontecendo uma revolução no canal de televisão?!...” Pobre de mim... Mal sabia o que estava por vir... Uma
figura que se dizia roqueiro, falava sem qualquer noção sobre um cd de Frank Aguiar (Argh!...) enquanto a platéia
ensandecida grita o nome do “forrozeiro” em seu favor... O “critico” se dizia intelectual... E falava aos berros com
a platéia que eles eram uns “alienados”...

Sinceramente me senti ofendida. Qual a imagem do crítico de música neste país? Um chato que fala pelos
cotovelos sem ter a menor noção do que está sendo dito? E dos intelectuais? Insuportáveis figuras que ditam o que
é certo ou errado dentro de uma sociedade alienada? Foi exatamente isso que pareceu. Mais uma vez a
manipulação da mídia através da imagem deixa as necessidades de cultura e de expressão artística ridicularizadas.
E a “imagem” dos estudiosos, cada vez mais estereotipada, aliás, esta é mais uma questão que está ligada ao
excessivo apelo ao ato de ver. Fiquei envergonhada e triste. A chacota sobre a imagem dos estudiosos em assuntos
antológicos não é nenhuma novidade, mas nunca a tinha visto tão explicita num programa de auditório num horário
nobre. Qualquer pessoa pode se intitular “crítico” de arte. Ai você me pergunta: “Então, o que mesmo tem a ver
com ver, imagem?”

Os apelos visuais estão por toda parte: quanto mais perfeito dentro de uma estética (geralmente corporal) pré-
estabelecida como boa mais chance você tem de ser reconhecido. Criam-se estereótipos que dominam nossos
pensamentos, ou melhor, não é mais necessário pensar... Tudo já está pronto, mastigado... Isso, agora ENGULA! E
desta maneira é que os valores vão sendo distorcidos, e as meninas de cinco anos querem parecer com a vocalista
da banda de música brega: loiras, corpo avantajado e com aparelhos nos dentes. Quem tira notas boas no colégio é
“nerd”, ridicularizado, quem toca um instrumento é gênio, mesmo fazendo só três “notinhas” e quem é bonito é
rico (sortudo!!!...) Ou se não é... Vai ser quando for descoberto por alguma emissora famosa de TV. Num país
onde o estereótipo do intelectual é de gago, maluco, mal-amado, careca e de óculos... Não se podia esperar outra
coisa.

O que fazer para mudar? A pergunta é, queremos mesmo mudar isso? Esse é mundo que queremos para nossos
sobrinhos e filhos? Para quem quer mudança, eu particularmente ainda acredito na educação... As pessoas mais
verdadeiras, sábias e bonitas que conheci foram no mundo acadêmico, tão discriminado, em especial os
professores. E ainda, o interessante é ouvir nosso presidente se “gabar” de não ter feito faculdade e ter chegado a
ser chefe de Estado (Durma-se com um barulho destes!). Mas, para nós que provavelmente não teremos a mesma
sorte, não há outra saída senão o acesso à cultura, um direcionamento a leitura, ao contato com as artes e temos que
viabilizar isso no mínimo aos nossos, porque o futuro é deles... E esta é a única herança que realmente ninguém vai
poder tirar deles: conhecimento. Façamos isso, antes que a celebre frase de um aluno meu seja ecoada por todos
os cantos do Brasil: “Ah!... Se o Lula chegou aonde chegou, nem preciso mais estudar estas porcarias....” Bom...
Se suas crianças ainda forem pequenas e você conseguir que eles não assistam TV aberta... Também ajuda!...

Vanessa Rodrigues é Professora Habilitada em Música pela UFMT, estudante de


Composição e violinista da Camerata do Departamento de Artes da UFMT.

Sobre a autora:
www.musicacba.blog-se.com.br

Contato:
wanessah@sapo.pt
wanessah@pop.com.br
wanessah@hotmail.com
ICQ: 199034590

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