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DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E TRIBUTOS

Falar em democracia, estado de direito e tributos implica delimitar a democracia a partir da ótica
do direito. A autonomia adquirida pelo direito a partir do segundo pós-guerra está sujeita à forte
interferência da economia nos dias atuais. O direito após a superação dos totalitarismos passou,
democraticamente, a ser constituído pelos seus textos fundantes de onde devem ser sacadas as
suas características e vocações. Trata-se do constitucionalismo em sua relação político-jurídica.
Por democracia refere-se ao acesso aos espaços públicos e aos recursos para a concretude e
eficácia dos direitos e garantias fundamentais, incluídas as questões sociais. O estado de direito
é marcado pela democracia que é da sua essência e que deve ser protegida, inclusive, das suas
maiorias de ocasião. O estado de direito constitucional e democrático atingiu valores em sua
cooriginariedade com a moral, sem com ela se confundir, os quais foram institucionalizados no
direito, incorporando as conquistas civilizatórias que são e devem ser preservadas da submissão
aos demais sistemas sociais, respeitada sua autonomia, sob pena de reconhecermos aos textos
constitucionais uma função meramente ilustrativa e considerando objetivamente que o
relevante é apenas a versão de quem vence a disputa retórica ou coerciva. A independência do
direito tende a conferir uma blindagem contra os predadores desse grau elaborado de
emancipação garantidor da democracia evitando que o direito seja transformado em uma mera
racionalidade instrumental a serviço das análises econômicas. Nesse cenário globalizado e de
transversalidade os tributos contribuem para atingir os objetivos constitucionais brasileiros de
erradicação da pobreza e construção de uma sociedade justa e solidária. A vocação do sistema
tributário exerce fortíssima influência. É esperado, nesta quadra de Estado Democrático de
Direito, que o princípio da progressividade tributária enforme o sistema observado em sua
totalidade, portanto, para além das suas espécies. É valor republicano que a solidariedade como
uma das bandeiras da revolução liberal seja implementada, de modo que se contribua para o
Estado na medida da capacidade econômica. Contudo, a marca indelével do sistema tributário
brasileiro é sua regressividade, incidindo principalmente sobre o consumo, onerando, dessa
forma, proporcionalmente mais àqueles com menor capacidade contributiva, que o situa no
sentido inverso aos sistemas tributários da maioria dos países, principalmente dos países de
referência conforme será explorado. Em tempos de debate mundial sobre preponderância dos
sistemas tributários em onerar prioritariamente o consumo, desonerando a renda, ressalta-se
que no Brasil isso já ocorre, o que explica parcialmente o elevado índice de desigualdade social
e concentração de riqueza. O caráter regressivo denota uma opção nacional conflitante com os
propósitos democraticamente constituídos para nosso País. Outro fator relevante no Brasil é a
altíssima rejeição social ao tributo, sendo que possuímos índices recordes de sonegação fiscal
mundial e uma legislação branda a ponto de excluir a delituosidade da sonegação pelo mero
pagamento posterior do tributo. O Brasil não pratica as mais altas cargas tributárias do mundo;
figura na média dos países da OCDE, equidistante entre o topo e a base.

MACIEL, Miguel Angelo. Doutor em Ciências Jurídicas (UMSA-ARG), Mestre em Direito


Internacional Econômico (UCB-BRA), especialista em Direito Tributário (UDF-BRA). Pós-
doutorando em Direitos Humanos e Doutorando em Estado de Derecho y Gobernanza Global
pela Universidad de Salamanca. Professor de Direito na Universidade Regional da Campanha.
Ex-Executivo de Tributos do Conglomerado Banco do Brasil. Advogado.

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