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CURVELLO, João José Azevedo; SCROFERNEKER, Cleusa Maria Andrade.

A
comunicação e as organizações como sistemas complexos: uma análise a partir das
perspectivas de Niklas Luhmann e Edgar Morin. Revista da Associação Nacional dos
Programas de Pós-Graduação em Comunicação – E-compós, Brasília, v. 11, n. 3,
2008.

Curvello e Scroferneker apresentam através de profícua pesquisa bibliográfica


nas obras de Niklas Luhmann e Edgar Morin, uma discussão sobre as concepções destes
autores e suas relações com a comunicação e as organizações. E deixam claro que
apesar de antagônicas, as teses defendidas por Luhmann e Morin não são excludentes e
sim complementares.

Antes de discorrer especificamente acerca do pensamento complexo, os


pesquisadores traçam um breve panorama da evolução conceitual que possibilitou o seu
surgimento. “Até então, vigorava uma visão de mundo que se baseava na ordem das
coisas, na legislação universal, na matemática, na sistematização do real, no absoluto,
na máquina” (p.1). Essa percepção orientou a organização e a estruturação das
organizações na transição do século XIX para o século XX, que elaboravam regras,
padrões e modelos com o objetivo de controlar determinada realidade. Realidade esta
que sempre foi complexa, embora os tempos atuais evidenciem mudanças e cenários
mais imprevisíveis e voláteis.

A ideologia de “organizar e ordenar para melhor controlar (p.2)” e da otimização


do tempo e dos recursos na busca pela eficácia acaba restringindo o pensamento apenas
ao ideal da produtividade, dificultando também a livre circulação de informações.
“Tudo o mais é visto como desperdício” (p.3).

Porém, essa percepção predominantemente racional começa a ser contestada a


partir do desenvolvimento de novas teorias, entre elas a Teoria Geral dos Sistemas, de
autoria do biólogo alemão Ludwig Von Bertalanfy na década de 1930. Da ordem, da
simetria e das relações entre causa e efeito, o indeterminado passa a ter protagonismo.
Assim, em meio à incerteza, os fenômenos poderiam ser tratados como probabilidades e
não mais como algo previsível e totalmente controlável. Por este pensamento sistêmico
perpassava a ideia de que os sistemas encontravam na interação com o seu entorno a
chave para as suas manutenções, buscando o equilíbrio e promovendo as mudanças
necessárias para as adaptações ao ambiente.

Esse paradigma convive com a complexidade do mundo que, pela


impossibilidade da abrangência de sua totalidade, faz com que o sistema necessite
conviver com constantes ruídos e tomar atitudes como ignorância, indiferença, descarte
e aproveitamento parcial (apud NEVES e NEVES, 2006, p. 187).

Com os estudos de Maturana e Varela, novos valores agregam-se a ideia de que


os sistemas são unidades estruturadas, mas abertas a influências externas. Eles
defendem que os sistemas: “seriam operacionalmente fechados, em um processo
circular de autoconstrução, capaz de construir identidade, reduzir complexidade e
permitir a diferenciação do ambiente”. As percepções dos autores ocasionaram uma
revolução paradigmática que residiu no fato de orientar uma análise a partir da diferença
entre o sistema e o seu entorno e não mais pelo todo ou pela parte. Dessa maneira, não
cabia mais observar as organizações mediante divisões por estruturas, setores,
departamentos, normas e regras e sim como entidades conectadas ao seu ambiente.
Porém, essa conexão seria: “centrada muito mais no ruído, na irritação provocada pela
complexidade do entorno do que no entendimento e no equilíbrio harmônico” (p.4).

Diante disso, a clássica visão simplista não daria mais conta para explicar os
processos organizacionais num ambiente tomado por transformações tão rápidas e
intensas, tornando necessária a adoção de um pensamento que superasse a linearidade
do paradigma simplista. Esse contexto respalda a adoção do pensamento complexo, que

O pensamento complexo extrapola, portanto, os limites do


pensamento linear, herdeiro de uma visão mecanicista do mundo.
Hoje, na era das redes e das hiperconexões, em que impera o
hipertexto e sua capacidade de conectar e recuperar um número
infinito de informações num “verdadeiro caleidoscópio de
representações” (apud LEVY, 1993) tudo está em constante
construção e renegociação, tudo parece caoticamente heterogêneo.
(p.5).

A perspectiva de Edgar Morin

Com a finalidade de melhor contextualizar a discussão sobre o Paradigma da


Complexidade de Edgar Morin, Curvello e Scroferneker explicitam três conceitos
fundamentais nesse contexto: organização, sistema e complexidade. De acordo com
Morin, o conceito de organização é fundamental, “o nó que liga a ideia de inter-relação
a ideia de sistema”. A organização seria a responsável por formar uma nova realidade
traduzida pela unidade complexa ou sistema.

Já sistema, na ótica de Morin, é mais um conceito complexo e, portanto, não


pode ser divido em partes, conduzido por regras ou representado por esquemas. O
próprio sistema seria a raiz da complexidade.

A complexidade, por sua vez, consiste na impossibilidade de simplificar. O


simples é somente um momento de todo o processo complexo. “A complexidade sob a
perspectiva desse autor revela-se no embate permanente das probabilidades e
improbabilidades, das possibilidades e das impossibilidades, dos acertos e dos
equívocos, movimentos pendulares que impõem desafios”.

Todavia, o pensamento complexo reconhece a visão determinista e simplista,


porém a considera insuficiente. E as organizações, por conviverem em cenários em
constante mutação, já seriam cada vez mais difíceis de serem vistas a partir de um
Paradigma Simplificador. Apesar disso, registra-se cada vez mais tentativas de sua
adoção através de novos modelos de gestão, novas metodologias de avaliação e controle
de processos, etc. Para Curvello e Scroferneker, essas alternativas seriam mais do
mesmo: “no mais das vezes modelos antigos, revisitados e apresentados como soluções
‘salvadoras’ para as organizações (p. 6).

Três princípios explicam o Paradigma da Complexidade, são eles os princípios:


dialógico, hologramático e da recursividade organizacional.

Princípio dialógico – diz respeito a associação de instâncias necessárias em conjunto


para a existência e a manutenção de um fenômeno organizado.

Princípio da recursividade organizacional – consiste em considerar o processo


recursivo, em que produtos e efeitos são concomitantemente causas e produtores
daquilo que os produziu.

Princípio hologramático – está ligada a ideia de recursividade que, por sua vez, está
vinculada a ideia dialógica.

Em suma, o que Morin quer dizer com esses três princípios, é que o todo e a
parte não podem ser vistos de forma separada. “A complexidade do todo necessita da
complexidade das partes, a qual necessita retroativamente da complexidade
organizacional do todo”. O autor ainda acrescenta que as organizações vistas a partir
desse paradigma estão em processo contínuo de ordem e desordem, de junção e
disjunção, de certezas e incertezas, ocasionando reações que o mesmo define como:
auto-organização, auto-produção e auto-eco-organização: “para as organizações
contemporâneas implica confrontar-se no seu cotidiano, com realidades, situações e
acontecimentos não mais tão previsíveis e tangíveis, ressignificando as suas ações e
práticas” (p.7).

A perspectiva de Niklas Luhmann

A base da Teoria dos Sistemas Sociais de Luhmann reside na redução da


complexidade pela distinção dos sistemas com relação ao seu entorno. Assim, ao
reduzirem complexidade, as organizações também produzem a sua própria
complexidade. Ainda para o autor, importa mais saber como a complexidade é
observada, pois sem a figura do observador não existe complexidade. “É o observador ,
de segunda ordem, que pode captar de forma reflexiva, a partir das distinções que
realiza, como a representação da complexidade se constrói na forma de sentido, a partir
da comunicação” (p. 8).
Uma das concepções mais polêmicas de Luhmann é de que o processo de
redução de complexidade se dá por decisões que se concretizam em eventos
passageiros. Ele acredita que isto prova que um sistema não é estável, estando sempre
em uma situação processual e sendo organizado por eventos.

As percepções de Luhmann sobre três conceitos merecem atenção: decisão,


auto-organização e comunicação. Sobre decisão, o autor entende que os eventos que
se sobrepõem a organização impossibilitam a mudança de decisões. Uma mudança de
decisão é uma nova maneira de se pensar sobre um mesmo tema. E por mais que se
decida sobre algo, o indeterminado e o improvável sempre poderá acontecer. O conceito
de auto-organização, que teve origem a partir dos estudos biológicos e consiste na
interação não programada de elementos do sistema. Apesar dessa característica, possui
uma melhor organização do que se tivesse ocorrido de forma planejada. Esse contexto
coloca em xeque a figura consagrada no administrador que estuda a estrutura
organizacional, elabora estratégias e coordena ações em busca de resultados. Nessa
direção, o papel desse profissional é modificado, trabalhando agora pela diversidade de
perspectivas em detrimento à conduta meramente simplista de linhas de comando e
atuação pelo respeito a normas e regras.

Para Luhmann, a sociedade é um sistema autopoiético que se compõe de


comunicações. Conceito central para o entendimento de sua teoria, a comunicação é
considerada pelo autor como o dispositivo fundamental da dinâmica evolutiva dos
sistemas sociais, já que se trata de um processo de seleções e são por seleções que as
organizações reduzem a complexidade em relação com o ambiente. Curvello e
Scroferneker vão além e citando Esteves, afirmam que na ótica luhmaniana a
comunicação é condição sine qua non para a regularização da vida social, por ser um
processo de seleção que é viabilizado através de três níveis: “produção de um conteúdo
informativo, difusão e aceitação desse mesmo conteúdo [...] A comunicação para
Luhmann surge como dispositivo cibernético destinado a normalizar as relações
sistema-meio a partir da distinção entre mensagem, informação e compreensão (apud
STOCKINGER, 1997, p. 7-8).

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