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Disciplina

Física III

Coordenador da Disciplina

Prof. José Milton Pereira Júnior

8ª Edição
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.

Créditos desta disciplina

Realização

Autor

Prof.ª Talita Felipe de Vasconcelos


Sumário
Aula 01: Carga elétrica - Lei de Coulomb .............................................................................................. 01
Tópico 01: Carga elétrica ....................................................................................................................... 01
Tópico 02: Condutores e isolantes ......................................................................................................... 14
Tópico 03: Força elétrica: A lei de Coulomb ......................................................................................... 18
Tópico 04: Conservação e Quantização da carga elétrica ...................................................................... 27

Aula 02: O Campo Elétrico ...................................................................................................................... 30


Tópico 01: Campo Elétrico e linhas de forças ....................................................................................... 30
Tópico 02: Cálculo do campo elétrico: Distribuição discreta ................................................................ 40
Tópico 03: Campo elétrico de um dipolo ............................................................................................... 46
Tópico 04: Movimento de cargas puntiformes em campos elétricos ..................................................... 52
Tópico 05: Dipolo em um campo elétrico .............................................................................................. 57
Tópico 06: Cálculo do campo elétrico: Distribuição contínua ............................................................... 61

Aula 03: Lei De Gauss .............................................................................................................................. 72


Tópico 01: Fluxo De Campo Elétrico .................................................................................................... 72
Tópico 02: A Lei De Gauss .................................................................................................................... 82
Tópico 03: Cargas e Campos Elétricos nos Condutores ........................................................................ 94
Tópico 04: Cálculo do campo elétrico a partir da Lei de Gauss..........................................................103
Tópico 05: A lei de Gauss e a Lei de Coulomb...................................................................................116
Tópico 06: Aplicações da Lei de Gauss no cotidiano..........................................................................119

Aula 04: O Potencial Elétrico.................................................................................................................125


Tópico 01: Energia Potencial Elétrica..................................................................................................125
Tópico 02: Diferença de Potencial elétrico...........................................................................................136
Tópico 03: Potencial De Cargas Puntiformes.......................................................................................143
Tópico 04: Potencial de Distribuições Contínuas de cargas.................................................................151
Tópico 05: Diferença de potencial e campo elétrico.............................................................................158
Tópico 06: Superfícies Equipotenciais..................................................................................................165
Tópico 07: Um Condutor Isolado..........................................................................................................171

Aula 05: Capacitores e Dielétricos..........................................................................................................179


Tópico 01: Capacitância........................................................................................................................179
Tópico 02: Energia no capacitor...........................................................................................................187
Tópico 03: Associação de capacitores..................................................................................................192
Tópico 04: Capacitor de Placas Paralelas com Isolamento Dielétrico..................................................198
Tópico 05: Visão microscópica dos dielétricos.....................................................................................203
Tópico 06: Aplicações no cotidiano......................................................................................................210

Aula 06: Corrente Elétrica......................................................................................................................216


Tópico 01: Corrente e densidade de corrente........................................................................................216
Tópico 02: Resistência, Resistividade e Condutividade.......................................................................224
Tópico 03: Lei de Ohm.........................................................................................................................229
Tópico 04: Transferência de Energia, Potência, Efeito Joule...............................................................231
Tópico 05: Aplicações no Cotidiano.....................................................................................................236
Tópico 06: Efeitos Fisiológicos Da Corrente Elétrica..........................................................................241
Aula 07: Circuitos Elétricos de Corrente Contínua........................................................................245
Tópico 01: Força eletromotriz............................................................................................................245
Tópico 02: Leis de Kirchhoff..............................................................................................................249
Tópico 03: Circuitos de uma malha....................................................................................................253
Tópico 04: Circuitos de mais de uma malha.......................................................................................257
Tópico 05: Associação de Resistores..................................................................................................260
Tópico 06: Instrumentos de Medição.................................................................................................265

Aula 08: Circuitos RC.........................................................................................................................269


Tópico 01: Carregando Um Capacitor................................................................................................269
Tópico 02: Descarregando um capacitor............................................................................................276
Tópico 03: Energia no Circuito RC....................................................................................................280
Tópico 04: Aplicações no Cotidiano..................................................................................................283
FÍSICA III
AULA 01: CARGA ELÉTRICA - LEI DE COULOMB

TÓPICO 01: CARGA ELÉTRICA

Veja as notícias publicadas nos Jornais O Povo, edição de 15/03/07 e TV


Canal 13, edição de 27/03/2008, sobre carga elétrica. Clique nos jornais
abaixo para ver as notícias:

VERSÃO TEXTUAL
JORNAL 1 – ACIDENTE DE TRABALHO MATA TRÊS PESSOAS EM CAUCAIA

Três trabalhadores morreram e três ficaram feridos ontem, em


consequência de um choque elétrico.

O acidente aconteceu na empresa Ancar Veiculos Especiais, em


Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, enquanto os homens
estavam afastando um andaime de ferro, para proceder a pintura de
uma parede da fábrica. O andaime estava próximo a um poste de alta
tensão, de 13.800 volts, que fica no interior do imóvel. Eles não
perceberam a proximidade com os fios e, com o contato, os operários
foram vitimados pela corrente elétrica. O acidente ocorreu por volta
das 9 horas.

As seis vítimas foram socorridas pelas equipes só SOS Caucaia e


levadas para o Hospital Municipal. O coordenador do SOS, Edemir
Saraiva, diz que os feridos tiveram o quadro estabilizado e dois deles
foram transferidos. Um dos proprietários da empresa, Ângelo
Nicolleti, foi encaminhado para um hospital particular. O funcionário
Marcelo Cassimiro de Freitas foi enviado para o Instituto Doutor José
Frota (IJF), enquanto Manoel Domingos de Oliveira permaneceu no
Hospital de Caucaia. Os três sofreram queimaduras nos pés e nas
mãos.

Os Corpos de Francisco Djacir Pereira, 29, Paulo Ricardo de Lima


Moreira, 31, e Antônio Anderson Silva de Ávila, 19, até as 16 horas de
ontem, ainda permaneciam no hospital.

JORNAL 2 – BRASIL: RAIO ATINGE PROFESSOR NO MARANHÃO

O professor maranhense José Ferreira de Araújo, pegava carona


na rodovia MA - 127, em São João do Sóter (MA) quando foi atingido
pela descarga. Dos 50 milhões de raios que caem no Brasil, 70% se
concentram no verão.

Ficar em campos abertos como jardins, praias ou mesmo na rua


durante tempestades é um grande risco para a população.

"As dicas são as de sempre: se abrigar em lugar fechado, evitando


principalmente contato com aparelhos elétricos e falar ao telefone com
fio", afirma Pinto Júnior. Em menos de três meses as mortes
provocadas por raios no Brasil chegaram bem perto do mesmo
número registrado durante todo o ano de 2007. Até esta terça-feira,

1
25, as descargas atmosféricas tinham causado 45 mortes no País
contra 46 no ano passado, segundo o Grupo de Eletricidade
Atmosférica.

Essas notícias e muitas outras desse tipo, que você lê ou ouve no seu dia
a dia, são diretamente relacionadas à eletricidade. Mas espere um pouco, não
pense que a eletricidade é uma fonte de tragédias. Na verdade, sem ela a vida
seria muito difícil.

Você já imaginou alguma vez em sua vida, como seria o mundo sem
eletricidade? Não é possível imaginar uma coisa dessas não é? A eletricidade
nos cerca por todos os lados. Seria muito difícil viver em um mundo sem
lâmpadas elétricas, geladeiras, ferro elétrico, televisor, computador, enfim,
sem todos esses confortos da vida moderna que dependem diretamente da
eletricidade para poder funcionar.

OLHANDO DE PERTO
A eletricidade está envolvida em fenômenos muito mais importantes
do que o funcionamento de equipamentos elétricos. A eletricidade está na
origem e no desenvolvimento da própria vida.

A eletricidade está envolvida profundamente no processo de


fecundação do ser humano, na atividade do coração e do cérebro.

A ELETRICIDADE NA ORIGEM, DESENVOLVIMENTO E MELHORIA DE NOSSA


VIDA
NO PROCESSO DE FECUNDAÇÃO
NA ATIVIDADE CEREBRAL
NA ATIVIDADE CARDÍACA
NA ASSISTÊNCIA ELÉTRICA AO CORAÇÃO
NO PROGRESSO DA MEDICINA

NO PROCESSO DE FECUNDAÇÃO

No processo de fecundação apenas um espermatozoide penetra o oócito


e neste exato momento, uma contra ordem elétrica é produzida na
membrana que se fecha, impedindo a entrada de qualquer outro. A entrada
do espermatozoide no oócito provoca uma reação cujo efeito é alterar as
características elétricas da membrana plasmática provocando sua
despolarização. Esse processo é muito rápido e impede, temporariamente,
que novos espermatozoides fundam a sua membrana com a do oócito.
Portanto, a Eletricidade é um dos processos responsáveis pela fecundação.
Para saber mais sobre esse assunto veja:

Como funciona a reprodução humana [2] (Craig C. Freudenrich, Ph.D.)

NA ATIVIDADE CEREBRAL

Agora mesmo, enquanto você estuda esta aula, as células do seu cérebro
estão trabalhando para que você consiga desempenhar a sua tarefa. A
atividade cerebral ainda não é completamente entendida, mas certamente
ela envolve uma atividade elétrica. Seja qual for a nossa atividade: o bater do
nosso coração, o movimento de um músculo, um piscar de olhos, o ato de

2
respirar, sempre acarretará a presença de uma corrente elétrica através dos
neurônios. A tensão elétrica decorrente dessa corrente equivale a mais ou
menos 5% da tensão produzida por uma pilha AAA. A medida da atividade
cerebral é feita através do eletroencefalograma (EEG) que mede a
propagação do estímulo nervoso no cérebro através de eletrodos colocados
na cabeça do paciente.

NA ATIVIDADE CARDÍACA

Para que o coração funcione, bombeando o sangue arterial para todo o


organismo, é necessário que as suas células sejam inicialmente ativadas por
um estímulo elétrico que comanda o funcionamento do coração. A atividade
elétrica gerada no coração é captada por meio de eletrodos colocados em
determinadas posições padronizadas no nosso corpo, considerando que o
corpo humano é um bom condutor de eletricidade. Esta atividade elétrica é
mostrada no eletrocardiograma que, assim, pode ser definido como o
registro gráfico da atividade elétrica do coração.

NA ASSISTÊNCIA ELÉTRICA AO CORAÇÃO

Se, por algum motivo o ritmo normal do coração for perturbado, o


coração deve ser assistido através do uso de um marcapasso artificial. O
marcapasso é um sistema de estimulação elétrica que consiste em um
gerador de pulsos e um eletrodo. O gerador de pulsos elétricos é um circuito
eletrônico miniaturizado e em uma bateria compacta. O marcapasso está
apto a reconhecer ou perceber a atividade cardíaca. Quando o marcapasso
não capta nenhuma pulsação natural, libera um impulso elétrico. Como
resultado, o músculo cardíaco contrai-se. O marcapasso é ligado ao coração
através de um ou dois eletrodos. O eletrodo é um fio condutor muito fino,
eletricamente isolado, que é colocado diretamente no lado direito do
coração. É através destes fios que os impulsos elétricos são transportados até
o coração. Para saber mais sobre este assunto veja, por exemplo:

Marcapasso Cardíaco - vamos conhecê-lo [3]

NO PROGRESSO DA MEDICINA

Ondas cerebrais de bebê são medidas no útero – Uma Pesquisa


desenvolvida por cientistas da Universidade de Arkansas, nos Estados
Unidos, resultou em um teste cuja finalidade é medir os sinais elétricos do
cérebro de um feto. Essa pesquisa pode, um dia, ajudar os médicos a
proteger os bebês de lesões ocorridas ainda no útero de suas mães.
Para saber mais sobre esse assunto veja:

Ondas cerebrais de bebê são medidas no útero [4]

OLHANDO DE PERTO
Como você pode ver, este é um assunto importante demais e você,
como futuro professor de Física, precisa conhecê-lo a fundo para que em
um futuro próximo possa mostrar aos seus alunos que a Eletricidade não é
um choque.

Mas o que é eletricidade? De onde ela vem?

3
CARGA ELÉTRICA
A origem da eletricidade é muito antiga. Sete séculos antes do
nascimento de Cristo, na Grécia, o filósofo Tales de Mileto [5] observou um
fenômeno curioso. Ao esfregar um pedaço de âmbar em um pedaço de lã, ele
notou que o âmbar adquiria a capacidade de atrair objetos leves como
pequenos pedaços de palha e fragmentos de madeira. A origem dessa atração
está ligada a uma propriedade da matéria chamada CARGA ELÉTRICA.

ÂMBAR

Um tipo de resina vegetal fóssil, de uma espécie de pinheiro já


desaparecida há milhões de anos, tem uma cor amarela
semitransparente e, por combustão, exala um aroma muito agradável.
Com o passar do tempo, a resina perdeu água e ar, e as substâncias
orgânicas que a constituíam sofreram o que os químicos chamam de
polimerização: a resina endureceu e se transformou naquilo que
conhecemos como âmbar.

Hoje podemos dizer que o âmbar adquiria uma carga elétrica, isto é,
tornava-se carregado.

DICA
A palavra eletricidade vem da palavra grega elektron que quer
dizer "âmbar".

OLHANDO DE PERTO
A carga elétrica, assim como a massa é uma propriedade intrínseca da
matéria.

OS DOIS TIPOS DE CARGAS ELÉTRICAS

Você não precisa voltar no tempo à época de Tales de Mileto para


observar os fenômenos da eletricidade. Em sua casa mesmo você poderá
fazer esta experiência muito simples:

Você só vai precisar de um pente de plástico, uma flanela e um pedaço


de papel cortado em pedaços bem pequenos.

Então, vamos começar?

1 - Esfregue rapidamente, várias vezes o pente na flanela.

4
2 - Segure o pente com dois dedos, evite tocá-lo diretamente com a
mão. Encoste o pente no papel, levante-o com cuidado e observe: alguns
pedaços ficam grudados no pente!

3 - Você também pode levantar seu cabelo (seco), aproximando o


pente da cabeça.

Outra experiência fácil de ser feita, para a qual você só precisa de:

- Um tubo de vidro (um tubo de ensaio, por exemplo);

- Um pedaço de seda ou lã;

5
Como fazer: Esfrega-se vigorosamente o pedaço de seda no tubo de
vidro, tomando o cuidado de fazê-lo sempre na mesma região.

Em seguida, separamos os dois (vidro e seda) e notamos que há entre


eles uma força de atração, em decorrência das cargas de sinais contrários
no vidro e na seda.

Fonte [6]

Se você aproximar o bastão de vidro depois de esfregado com a seda,


daquele pente da experiência anterior, verá que os dois, pente e bastão se
atraem, mas entre o pente e o pedaço de seda haverá uma repulsão.

Essas experiências e muitas outras semelhantes a elas mostram que


existem dois tipos de interação: repulsão e atração, o que nos conduz à
suposição que existem dois tipos de carga: um tipo de carga acumulado no
pente e outro tipo acumulado no bastão de vidro.

Como você sabe, antigamente não existia o plástico. Os pentes eram


feitos de resina, por exemplo.

Aos dois tipos de carga, deu-se o nome de "vítrea" para as que


aparecem no vidro e de "resinosa" para as da resina. Foi Benjamin Franklin
[7] (1706-1790) quem escolheu chamar a carga que surgiu no vidro de
positiva e no pente de negativa. Essa denominação é usada até hoje.

Para compreender a existência de tipos diferentes de cargas vamos dar


uma olhada na estrutura do átomo.

A ESTRUTURA DO ÁTOMO

Os átomos são formados por três tipos diferentes de partículas: os


prótons e os nêutrons que constituem o núcleo e os elétrons que circundam
o núcleo.

Fonte [8]

Os prótons têm carga positiva (+ e), os elétrons carga negativa (– e) e


os nêutrons, como o nome indica, não têm carga elétrica.

6
Um átomo é eletricamente neutro, isto é as cargas positivas têm o
mesmo valor que as cargas negativas dos elétrons. Quando um elétron
abandona o átomo, vencendo a força de atração do núcleo, o átomo que
perdeu uma carga negativa, fica carregado positivamente.

Se o elétron livre ligar-se a outro átomo, esse átomo agora


adquire uma carga total negativa.

Tanto a falta como o excesso de elétrons, deixam o átomo com um


desequilíbrio de carga. Os átomos que apresentam desequilíbrio de carga
se chamam íons.

Dos estudos de Millikan [9] e Thomson [10] ficou estabelecido que o


módulo da carga negativa do elétron é exatamente igual ao módulo da carga
positiva do próton.

DICA
De acordo com o modelo atômico atual, os prótons e nêutrons não são
mais considerados partículas elementares. Eles seriam formados de três
partículas ainda menores. Para saber um pouco sobre assunto, acesse:
quarks [11].

Quando um corpo é eletrizado há um desequilíbrio entre suas cargas


elétricas causado, em geral, pela perda ou ganho de elétrons.

A carga nunca é criada nem destruída.

Os elétrons têm maior mobilidade do que os prótons que estão presos no


núcleo, por isso é mais fácil transferir elétrons de um corpo para outro.

Você está se iniciando no estudo da Eletrostática.

ELETROSTÁTICA

A Eletrostática (do grego elektron + statikos que significa


estacionário) é o ramo da Física que estuda as propriedades e o
comportamento das cargas elétricas em repouso em relação a um
sistema inercial de referência. Generalizando, a Eletrostática estuda os
casos de equilíbrio dos corpos carregados.

Você já ouviu falar que os opostos se atraem? É exatamente isso que


acontece na natureza, (com relação à Eletricidade) a carga positiva (+) atrai a
carga negativa (–) e vice-versa.

PARADA OBRIGATÓRIA
Lei de Du Fay [12]:

Cargas de mesmos sinais se repelem e cargas de sinais opostos se


atraem.

7
OLHANDO DE PERTO

A unidade de carga no sistema SI é o Coulomb, em homenagem a


Charles Augustin de Coulomb [15].

PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
Podemos eletrizar um corpo por três maneiras:

ELETRIZAÇÃO POR ATRITO


ELETRIZAÇÃO POR CONTATO
ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO

ELETRIZAÇÃO POR ATRITO

Esse processo é conhecido desde a Antiguidade, pelos gregos, e consiste


em se atrair corpos inicialmente neutros. Com o atrito ocorre a transferência
de elétrons de um corpo para outro. O corpo que perde elétrons fica
eletrizado positivamente e aquele que ganha elétrons, eletriza-se
negativamente. Você vai aprender, ainda nesta Aula 1, que a carga sempre se
conserva.

Lembra da experiência com o pente?

Na fricção do pente com a flanela, o atrito faz com que ele ganhe mais
carga negativa (-). Por conservação da carga a flanela fica carregada
positivamente.

No caso do bastão de vidro atritado com a seda ocorre uma transferência


de elétrons do bastão para a seda.

8
Fonte [16]

ELETRIZAÇÃO POR CONTATO

O corpo é eletrizado pelo contato com outro corpo previamente


carregado.

Colocando-se em contato dois condutores, um neutro B e o outro


eletrizado A, o corpo neutro B se eletriza com carga de mesmo sinal que A.

Considere que A está eletrizado positivamente. Ao entrar em contato


com B, ele atrai parte dos elétrons livres de B. Assim, A continua eletrizado
positivamente, mas com carga menor e B, que estava neutro, fica eletrizado
positivamente.

Fonte: Adaptado de http://educacao.uol.com.br/fisica/ult1700u39.jhtm

Na eletrização por contato os corpos sempre se eletrizam com cargas de


mesmo sinal.

OBSERVAÇÃO

É importante não esquecer o princípio da conservação das cargas


elétricas: a quantidade de cargas elétricas antes do contato é igual
à quantidade de cargas elétricas depois do contato.

Se os dois corpos forem absolutamente idênticos, no final da experiência


eles ficarão com a mesma quantidade de carga elétrica, que será determinada
pela média aritmética da quantidade de cargas antes do contato.

ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO

Na eletrização por atrito e por contato, é necessário que haja contato


físico entre os corpos. Na eletrização por indução o contato não é necessário.
Deve haver um condutor carregado que será o indutor e os condutores
neutros serão os induzidos.

Considere três condutores, um carregado eletricamente e outros dois


neutros e encostados um no outro.

9
Fonte: Adaptado de http://educacao.uol.com.br/fisica/ult1700u39.jhtm

Aproxime o condutor carregado dos condutores neutros.

Durante a aproximação, ocorre uma separação de cargas nos condutores


neutros. Como o indutor é positivo, o corpo (induzido) que está mais
próximo do indutor ficará negativo e o outro corpo (induzido) que está mais
afastado ficará positivo.

Agora com o indutor ainda próximo, separe os dois condutores que


estão juntos. Finalmente retira-se o indutor das proximidades dos outros
dois corpos. Você terá como resultado os dois condutores que inicialmente
estavam neutros, agora carregados com cargas de sinais opostos.

Note que não houve, em nenhum momento, o contato entre o condutor


carregado (indutor) e os condutores inicialmente neutros (induzidos). Por
isso esse processo é chamado de indução.

O condutor que provoca a indução, é denominado indutor e o


condutor que sofre indução, é denominado induzido.

Em um processo de indução envolvendo apenas dois


condutores (um indutor e um induzido) o induzido sempre se
eletriza com carga de sinal contrário ao da carga do indutor.

DESAFIO
No processo de indução que você viu acima, como ficariam as cargas
dos induzidos se eles tivessem, cada um, o dobro do tamanho do indutor?

Os aparelhos que servem para verificar se um corpo está eletrizado são


chamados de eletroscópios.

Os eletroscópios podem ser de vários tipos:

PÊNDULO ELÉTRICO

Imagem adaptada [18]

Como o próprio nome indica esse instrumento é um pêndulo, feito de


uma esfera sem carga (neutra), um fio de seda (isolante) e uma haste.

Ele funciona da seguinte maneira:

Se aproximarmos um corpo da esfera e ela for atraída por ele, então


esse corpo estará carregado. Se nada acontecer, então este corpo estará
neutro, isto é, descarregado.

10
Fonte

As imagens seguintes descrevem a sucessão de fases de uma


experiência eletrostática usando um eletroscópio de pêndulo.

Fonte [19]

Tente explicar o que está acontecendo em cada uma das situações


mostradas acima

ELETROSCÓPIO DE FOLHAS

Esse é o tipo de eletroscópio mais usado. Ele é formado por uma haste
metálica, que é ligada na parte superior a uma esfera metálica, e na parte
inferior a duas folhas metálicas bem finas. As duas folhas são mantidas no
interior de um recipiente que pode ser uma garrafa de vidro.

Se você quer saber se um corpo está eletrizado, deve aproximar o


corpo da esfera. A esfera, a haste e as duas lâminas eletrizam-se com cargas
de mesmo sinal que a do corpo. As duas folhas repelem-se, já que têm
cargas de sinais iguais.

Fonte [20]

DESAFIO 2
Por que você não tenta construir o seu próprio eletroscópio?

11
DESAFIO 3
Tente mais este desafio:

Sendo dadas duas esferas de metal montadas em suporte portátil de


material isolante, invente um modo de carregá-las com quantidades de
cargas iguais e de sinais opostos. Você pode usar uma barra de vidro
atritada com seda, mas ela não pode tocar as esferas. É necessário que as
esferas sejam do mesmo tamanho, para o método funcionar?

DESAFIO 4
Com o que você aprendeu neste tópico, tente resolver mais este
desafio!

Três esferas metálicas iguais, A, B e C, estão apoiadas em suportes


isolantes, tendo a esfera A carga elétrica negativa. Próximas a ela, as
esferas B e C estão em contato entre si, sendo que C está ligada à Terra por
um fio condutor, como na figura. A partir dessa configuração, o fio é
retirado e, em seguida a esfera A é levada para muito longe. Finalmente, as
esferas B e C são afastadas uma da outra. Qual é o item abaixo que
corresponde às cargas das esferas?

Não se esqueça de justificar suas respostas.

FÓRUM
Com base nos conhecimentos adquiridos neste tópico, discuta com os
seus colegas e seu professor a seguinte questão:

É possível atrairmos pedacinhos de papel com um canudinho de


plástico, previamente atritado com flanela. Explique os fenômenos
elétricos que permitem tal experiência se os pedacinhos de papel estavam
eletricamente neutros.

EXERCITANDO
Antes de você começar a resolver os exercícios, é bom ver antes alguns
exemplos resolvidos. Clique aqui (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.) e acesse a lista de Exemplos Resolvidos da Aula
01-Tópico 01.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://saude.hsw.uol.com.br/reproducao-humana.htm

12
3. http://departamentos.cardiol.br/gecesp/coluna/06.asp
4. http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp
?cod_noticia=758
5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto
6. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20031/Letiano/ATRITO.jpg
7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin
8. http://www.las.inpe.br/~cesar/Infrared/gifs/atomo.jpg
9. http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Andrews_Millikan
10. http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?
idSecao=9&idSubSecao=&idTexto=16
11. http://pt.wikipedia.org/wiki/Quark
12. http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Du_Fay
13. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
14. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
15. http://e-escola.tecnico.ulisboa.pt/site/personalidades.asp?
nome=coulomb-charles-augustin-de
16. http://www.oocities.org/informacao_us/atrito.jpg
17. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
18. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap01/fig16.
gif
19. http://br.geocities.com/jcc5000/oqueeelectroscopio.html
20. http://www.fisicaecidadania.ufjf.br/conteudos/eletricidade/eletroscop
ios.html
21. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

13
FÍSICA III
AULA 01: CARGA ELÉTRICA - LEI DE COULOMB

TÓPICO 02: CONDUTORES E ISOLANTES

Fonte [1]

Fonte [2]

Fonte [3]

Veja esse eletricista fazendo o seu trabalho. Qual dos dois alicates
mostrados, você acha que ele deve estar utilizando? É quase certo que você
responderá que o eletricista deve usar o alicate amarelo, pois está isolado.
Com o outro alicate ele levaria um choque.

Esta é uma situação tão corriqueira, que a maioria das pessoas nem para
pra pensar quanta Física tem nesse simples ato do eletricista usar um alicate
com isolamento. Você vai aprender sobre esse assunto neste tópico.

PARADA OBRIGATÓRIA
Alguns materiais possibilitam a movimentação das cargas elétricas de
uma região para outra, enquanto outros impedem o movimento das
cargas.

Os materiais que permitem o movimento de cargas elétricas através


dele, são chamados de condutores. Um exemplo de condutores são
os metais.

14
Os isolantes não permitem o movimento de cargas através deles.

CONDUTORES

Nos átomos dos metais, a última órbita eletrônica perde um elétron


com muita facilidade. Estes elétrons que se soltam das últimas órbitas
eletrônicas podem mover-se livremente através do material. Por isso diz-se
que os metais possuem elétrons livres. O movimento dos elétrons livres
produz a transferência de carga através do metal.

Um exemplo de condutor é o sódio, cujo número atômico Z é igual 11,


ou seja, ele tem 11 prótons no seu núcleo e 11 elétrons se estiver neutro. A
figura abaixo mostra, em uma representação bem simples, o processo do
transporte das cargas elétricas através do sódio.

Fonte [4] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

PARADA OBRIGATÓRIA
Nos metais a condução de eletricidade se dá por meio dos elétrons
livres.

O elétron é a partícula responsável pela carga elétrica negativa do átomo


e também responsável pelo processo de condução de eletricidade nos metais.

ELÉTRON

Características do elétron:

• Massa: 9,11x10-31 kg
• Massa em unidades de massa atômica: 5,49x10-4 uma (1 uma =
1,66x10-27 kg)
• Razão massa do próton/massa do elétron: 1840
• Carga elétrica: – 1,60x10-19 C
• Razão carga/massa (em módulo): 1,76x1011 C/kg

OLHANDO DE PERTO

15
Nem todos os condutores são metálicos. Existem outras categorias de
condutores: os eletrólitos (soluções aquosas de ácidos, bases e sais), os
gases rarefeitos, os corpos dos animais, o nosso próprio corpo.

ISOLANTES

Os materiais que não permitem a movimentação das cargas no seu


interior são chamados ISOLANTES.

Em um isolante não existem elétrons livres e a carga elétrica não pode


ser transferida através do material.

Exemplos de isolantes: vidro, louça, porcelana, borracha, ebonite,


madeira seca, baquelite, algodão, seda, lã, parafina, enxofre, resinas, água
pura e ar seco.

OLHANDO DE PERTO
Os isolantes são também chamados dielétricos.

SEMICONDUTORES

Uma classe intermediária é a dos SEMICONDUTORES. São


materiais que possuem propriedades intermediárias entre as de um bom
condutor e as de um bom isolante.

Sem dúvida não estaríamos usando nossos


computadores neste momento caso a área de física
de semicondutores não tivesse se desenvolvido
enormemente nas últimas décadas. O que seria de
todos nossos equipamentos eletrônicos super
modernos, compactos e portáteis se os físicos que
trabalham na área de matéria condensada não
tivessem desenvolvido e aperfeiçoado os
transistores? E quanto às diversas aplicações do
laser que observamos na medicina, indústria e até
mesmo em nossos aparelhos de DVD.

Fonte [5]

Os materiais semicondutores mais usados na indústria eletrônica são o


Germânio (Ge) e o Silício (Si), apesar do Silício predominar a produção
atualmente.

LEITURA COMPLEMENTAR
Para um maior aprofundamento nesse assunto, você pode ver o
capítulo 21 do livro Fundamentos de Física, Halliday/Resnick, Vol.3, 7ª
edição.

Para saber mais sobre o elétron e sua descoberta, acesse o link


Descoberta do Elétron [6]

16
DESAFIO
Com base na sua experiência prévia, liste os materiais que você
considera como bons condutores e os que são isolantes.

CURIOSIDADES
◾ Você sabia que se um motorista dirigir seguidamente por muito tempo, ao
sair do carro pode sofrer um choque causado pela eletricidade estática?

PARE SABER COMO, CLIQUE AQUI

O veículo ficando muito tempo em atrito com o ar acumula a


carga elétrica (o atrito arranca elétrons - cargas negativas - do metal
do veículo, que fica assim com prótons - as cargas positivas - a
mais), e o motorista acaba fazendo a ligação entre as partes
metálicas e o solo, ao colocar os pés no chão. Para isso ocorrer, o ar
precisa estar bastante seco, como ocorre nos países de clima frio,
durante o inverno.

◾ Você sabia que os caminhões-tanque possuem correntes que arrastam pelo


chão para descarregar a eletricidade estática do veículo?

PARE SABER O PORQUÊ, CLIQUE AQUI

Isso evita uma eventual explosão do combustível transportado.

◾ Você sabia que nas corridas de Fórmula 1, por exemplo, os boxes das
equipes têm o chão revestido de chapas flexíveis de cobre?

PARE SABER O PORQUÊ, CLIQUE AQUI

Porque elas retiram as cargas positivas da lataria dos carros de


corrida, restabelecendo o equilíbrio elétrico, como se fosse um fio-
terra. Assim, o reabastecimento dos veículos pode ser feito em
segurança.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://eletricatotal.files.wordpress.com/2010/04/9492b_3.jpg
2. http://www.casaferramentas.com.br/wp-
content/uploads/2010/08/Alicate-Universal-Profissional-ELETRICISTA-
BELZER.jpg
3. http://thumbs2.ebaystatic.com/d/l225/m/m6VoNjIOHGYKiLaiSlvbqo
Q.jpg
4. http://szfisica.pro.br/parte4/eletrostatica1.pdf
5. http://incertezaemprincipio.wordpress.com/2007/11/24/semicondutor
es
6. http://www.infoescola.com/fisica/descoberta-do-eletron/
7. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

17
FÍSICA III
AULA 01: CARGA ELÉTRICA - LEI DE COULOMB

TÓPICO 03: FORÇA ELÉTRICA: A LEI DE COULOMB

Você já viu no tópico anterior que corpos carregados atraem-se ou


repelem-se dependendo do sinal de suas cargas. Mas, o que faz com eles se
aproximem ou se afastem?

Certamente essa pergunta deve ter incomodado muitos cientistas no


passado. Um deles foi o francês Charles Augustin de Coulomb (1736 – 1806)
que encontrou em 1785, a resposta que hoje é uma lei que leva o seu nome.

LEI DE COULOMB

Para explicar a interação entre corpos carregados Coulomb mediu, em


1785, o valor das forças elétricas de atração e repulsão entre pequenas
esferas carregadas. Para isso ele desenvolveu um aparelho chamado
balança de torção que consiste de um mecanismo muito sensível ao torque,
ou seja, se o corpo for atraído ou sofrer algum tipo de repulsão esta balança
pode calcular a grandeza da força que provocou esse torque.

O cientista francês Charles Coulomb conseguiu estabelecer


experimentalmente uma expressão matemática que nos permite calcular o
valor da força entre duas partículas carregadas.

Resultados obtidos experimentalmente por Coulomb:

◾ A intensidade da força elétrica é diretamente proporcional ao produto das


cargas elétricas.
◾ A intensidade da força elétrica é inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre as cargas.

PARADA OBRIGATÓRIA
Se duas cargas puntiformes Q1 e Q2 estão separadas pela distância
d, a LEI DE COULOMB diz que o módulo da força entre elas é:

onde k = 9x109 N m2/C2 é a constante eletrostática do vácuo.

A lei de Coulomb, que expressa a força elétrica entre duas cargas


puntiformes, pode ser expressa em um gráfico, como mostrado na figura
abaixo:

18
PARADA OBRIGATÓRIA
A Lei de Coulomb é válida somente para partículas, isto é, para corpos
cujas dimensões são muito menores do que a distância de separação entre
eles. Costuma-se dizer também que partículas carregadas são cargas
puntiformes.

A CONSTANTE ELETROSTÁTICA

A constante k é chamada de constante eletrostática e está relacionada


com as propriedades elétricas do meio. Comumente ela é expressa em
termos de outra constante, a permissividade elétrica do meio representada
pela letra gregaε.

No Sistema Internacional ( SI ) a constante k é dada por:

ε é a constante de permissividade elétrica do vácuo:

Na resolução dos problemas numéricos, nos contentaremos com o


valor aproximado de ε

No Sistema SI a constante eletrostática no vácuo, k0, é dada por

OLHANDO DE PERTO
Lembre-se que força é uma grandeza vetorial. A direção da força que
qualquer uma das cargas exerce sobre a outra é sempre ao longo da linha
reta que liga as duas cargas: a força elétrica é uma força central.

FORÇAS DE REPULSÃO

19
FORÇAS DE ATRAÇÃO

: Força que a carga 2 exerce sobre a carga 1

: Força que a carga 1 exerce sobre a carga 2

OLHANDO DE PERTO
Esta notação é arbitrária, você poderá encontrar a força que a carga 2
exerce sobre a carga 1 escrita assim:

PARADA OBRIGATÓRIA
A força elétrica obedece à Terceira Lei de Newton (lei da ação e
reação).

Aproveite para fazer uma revisão das Leis de Newton.

Eletrostática, isso tem alguma utilidade?

O PRECIPITADOR ELETROSTÁTICO

As grandes indústrias lançam toneladas de poluentes na atmosfera


através de suas chaminés. Na Vila Parisi, situada dentro do parque
industrial de Cubatão, na Baixada Santista, os 4 mil habitantes sofriam
graves doenças respiratórias. Casos de anencefalia (crianças nascidas sem
cérebro) eram atribuídos à poluição.

A força elétrica pode ser utilizada para diminuir essa poluição


atmosférica causada pelas chaminés das indústrias ou para filtrar o ar de
nossas casas.

20
Fonte [4]

Grande parte dos poluentes expelidos pelas chaminés das indústrias é


formada por partículas sólidas muito pequenas. A maneira mais eficaz de
limpar a fumaça é usar um precipitador eletrostático. A fumaça ou ar
contaminado passa através de eletrodos carregados que eletrizam as
partículas poluentes. Em seguida elas são recolhidas por placas eletrizadas
com cargas opostas. A placa coletora por ter carga contrária à carga das
partículas poluentes, as atrai, fazendo com que essas partículas se
depositem em sua superfície, limpando o ar. A figura abaixo mostra um
esquema simplificado do processo.

Fonte [5] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

A COPIADORA XEROX

Quantas cópias Xerox você já tirou na sua vida? Nem dá para contar
não é? Você sabia que as máquinas copiadoras tipo Xerox funcionam
graças aos processos de eletrização?

Fonte [6]

21
CURIOSIDADE
Xerografia significa escrita a seco. Hoje em dia todo mundo fala
apenas Xerox. Mas a cópia Xerox foi inicialmente chamada de
eletrofotografia. O nome foi alterado depois para xerografia, do grego
Xerox = seco e grafia = escrita.

UMA COPIADORA XEROX FUNCIONA ASSIM:


1º PASSO

O cilindro é previamente eletrizado (carregado);

2º PASSO

A luz incide no original e atinge o cilindro carregado. As partes claras


do original (refletem mais luz) e descarregam as partes do cilindro que ela
atinge. As partes escuras do original (refletem menos luz) não
descarregando as partes correspondentes no cilindro;

3º PASSO

Adiciona-se o toner que vai se fixar nas partes que permaneceram


carregadas no cilindro em concentração proporcional à carga existente
naquelas partes;

4º PASSO

Ao passar a folha em branco o toner, após leve aquecimento, é


transferido ao papel onde termina por aderir completamente e
reproduzindo a imagem do original, com partes claras e escuras
correspondente às quantidades de toner fixado no cilindro. É por este
motivo que em dias úmidos ou se o papel não estiver seco as cópias tendem
a ser de má qualidade.

OLHANDO DE PERTO
O inventor da fotocopiadora foi o químico Chester F. Carlson [7].

A Lei de Coulomb pode ser aplicada para mais de duas cargas?

Para responder a esta pergunta, veja o exemplo abaixo envolvendo 3


cargas puntiformes. O procedimento é simples: as forças são calculadas
separadamente para cada par de cargas e o resultado é dado pela soma
vetorial das forças atuantes.

As forças sobre a carga q2, por exemplo, são F12 exercida pela carga 1 e
F32 exercida pela carga 3. A força resultante sobre a carga q2 é a soma
vetorial das duas forças, isto é:

DESAFIO

22
Você pode descobrir quais são as forças sobre as outras cargas?

VEJAMOS MAIS UM EXEMPLO

Fonte [8]

Se você quer determinar a força total que as cargas q2 e q3 exercem


sobre a carga q1, deve calcular separadamente as forças F12 e F13 usando a
lei de Coulomb, como você já viu. A força resultante é dada pela soma
vetorial de ambas:

O módulo da força resultante sobre a carga q1 você calcula usando o


Teorema de Pitágoras:

DESAFIO
Da mesma forma você pode determinar a força total atuando nas
outras cargas, q2 e q3. Vamos tentar?

FORÇAS ELÉTRICAS E GRAVITACIONAIS NO ÁTOMO

Imagine que a figura abaixo representa um átomo de hidrogênio: Um


elétron de carga –e girando em torno do núcleo de carga +e:

Temos aqui um caso de atração eletrostática entre as duas cargas de


sinais contrários, aonde a força coulombiana desempenha o papel da força
centrípeta que mantém o elétron no seu movimento circular em torno do
núcleo.

CURIOSIDADE

23
Você sabia que houve um tempo em que muitos cientistas respeitáveis
não acreditavam na existência dos átomos?

ELES NÃO ACREDITAVAM NA EXISTÊNCIA DO ÁTOMO


JEAN BAPTISTE DUMAS

O notável químico francês Jean Baptiste Dumas, por exemplo,


proclamou: " Se eu fosse dono da situação, eu faria desaparecer da
Ciência o termo átomo, persuadido de que ele ultrapassa a experiência, e
que, na química, nunca devemos ultrapassar a experiência."

KEKULÉ

O químico alemão Kekulé, famoso por sua descoberta do anel do


benzeno (que ele supostamente, interpretou de maneira puramente
simbólica), encontrou, para dizer sobre o átomo, as seguintes palavras:
" A questão da existência do átomo é pouco significativa sob o ponto de
vista químico; sua discussão pertence mais à metafísica. Na química,
devemos apenas decidir se o reconhecimento dos átomos constitui uma
hipótese condizente com o esclarecimento dos fenômenos químicos."

MARCELIN BERTHELOT

"E quem já viu uma molécula de gás ou um átomo?" aguilhoava o


químico Marcelin Berthelot.

Atualmente ninguém mais duvida da existência dos átomos e podemos


utilizar a eletrostática para determinar a força que mantém unidos os
elétrons ao núcleo dos átomos.

VEJAMOS MAIS UM EXEMPLO

Vamos determinar a força entre o elétron e o núcleo do mais simples


dos átomos, o átomo de hidrogênio.

Você pode comparar na tabela abaixo os valores de carga elétrica e


massa das partículas fundamentais do átomo. A massa do elétron é cerca
de 1840 vezes menor do que a do próton.

Partícula Próton

Carga (C) + 1,6 x 10-19

Massa (Kg) - 1,6 x 10-19

Para um átomo de hidrogênio a distância entre o elétron e o núcleo


(próton) é aproximadamente 5,3 10-11 m.

Calculando as forças gravitacionais e elétricas entre o próton e o elétron:

FORÇA ELÉTRICA (EM MÓDULO)


FORÇA GRAVITACIONAL (EM MÓDULO)
COMPARANDO OS VALORES

FORÇA ELÉTRICA (EM MÓDULO)

24
FORÇA GRAVITACIONAL (EM MÓDULO)

COMPARANDO OS VALORES

Você pode ver com isso como a força elétrica é muito mais forte do que a
gravitacional.

MULTIMÍDIA
Entre neste site:Física Interativa [10] onde você poderá assistir a uma
aula interativa, COM ÁUDIO, sobre:

◾ Processos de eletrização
◾ Condutores e Isolantes
◾ Eletrização por contato
◾ Eletrização por indução
◾ Lei de Coulomb

MULTIMÍDIA
Acesse este site:

Física Interativa [11] para ver a solução, COM ÁUDIO, de um


exercício envolvendo a Lei de Coulomb. É muito interessante!

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Antes de começar a resolver as suas atividades de portfólio, treine
com estes exemplos resolvidos.

Acesse no material de apoio a lista de exemplos resolvidos da aula 01-


tópico 03 (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.).

25
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
4. http://bp0.blogger.com/_LsNSsZKIVs4/SI4NQ0J9AZI/AAAAAAAAAJ
Y/Q7AKSBts-SI/s200/cubatao.jpg
5. http://szfisica.pro.br/parte4/eletrostatica1.pdf
6. http://marcioleitaoexpress.files.wordpress.com/2011/05/fotocopiadora.
jpg?w=645
7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Chester_Carlson
8. http://www.mspc.eng.br/elemag/img01/eletr_carga03.png
9. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
10. http://www.fisicainterativa.com/vestibular/eletrostatica/player.html
11. http://www.fisicainterativa.com/vestibular/eletrostatica/player.html
12. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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26
FÍSICA III
AULA 01: CARGA ELÉTRICA - LEI DE COULOMB

TÓPICO 04: CONSERVAÇÃO E QUANTIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA

CONSERVAÇÃO DA CARGA
Quando um corpo é eletrizado não há criação de cargas no processo. Se
um dos corpos cede certa carga negativa ao outro, ele ficará carregado
positivamente, com a mesma quantidade de carga cedida ao outro. Isto é
coerente com a observação de que a matéria neutra, isto é, sem excesso de
cargas, contém o mesmo número de cargas positivas ( -- (prótons no núcleo
atômico) ) e negativas ( -- (elétrons).) .

PARADA OBRIGATÓRIA
Lei da conservação da carga elétrica: A carga não pode ser criada nem
destruída. Podemos transferir carga de um corpo para outro, mas a carga
total de um sistema isolado permanece inalterada.

DICA
A Lei da conservação da carga é tão poderosa que se aplica a todos os
fenômenos envolvendo cargas elétricas. Desde o simples esfregar de um
pente com uma flanela a uma reação nuclear no interior de uma bomba
atômica.

DESAFIO
Se você acessar este site: Conservação da carga elétrica [1] você verá a
sugestão de uma experiência cujo objetivo é mostrar que quantidades
iguais de cargas positivas e negativas são sempre geradas
simultaneamente.

QUANTIZAÇÃO DA CARGA
No século XVIII, acreditava-se que a carga elétrica era um fluido
continuo. No início do século XX, Robert Millikan (1868-1953) com sua
experiência da gota de óleo [2] mostrou que a carga de um corpo é sempre
um múltiplo inteiro de uma carga fundamental.

PARADA OBRIGATÓRIA
LEI DA QUANTIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA:

A carga de um corpo eletrizado é sempre um múltiplo inteiro de uma


carga fundamental.

OLHANDO DE PERTO

O valor da carga do elétron e = 1,6021917 x 10-19 C é uma das


constantes fundamentais da natureza.

27
QUANTIZAÇÃO

O termo quantização teve origem com o desenvolvimento da Física


Moderna. Uma grandeza é quantizada, ou discreta, quando não assume
valores contínuos.

As grandezas físicas são ditas quantizadas quando entre os valores que


ela pode assumir existem valores que são proibidos.

Quando você estudar o átomo de hidrogênio na disciplina de


Princípios de Física Moderna, você aprenderá que a menor energia que um
elétron pode possuir ao orbitar em torno de um núcleo de hidrogênio é
-13,6 eV.

Quando o átomo é excitado o elétron poderá saltar para o nível


seguinte (-3,4 eV), mas jamais possuirá uma energia intermediária. Todos
os valores de energia entre -13,6 eV e -3,4 eV estão proibidos! Por isso
dizemos que a energia é QUANTIZADA.

Talvez uma comparação com o cotidiano o faça entender melhor essa


questão da quantização. Que tal falarmos de dinheiro? Disso todo mundo
entende não é?

Imagine que você tem R$ 100,00 no bolso. Você já parou pra pensar
que não importa se você tem R$ 1,00, R$ 100,00 ou R$ 1.000.000,00,
qualquer quantidade de dinheiro é sempre múltipla da unidade mínima da
nossa moeda que é R$ 0,01? Isso mesmo, um centavo! Não existe moeda
menor do que essa. Nesse sentido R$ 0,01 é um quantum do nosso
dinheiro.

Qualquer quantidade de dinheiro (QD) pode ser escrita como:

QD = n 0,01

Onde n é um inteiro

Se o valor de n é grande ou pequeno, isso já é outra questão!

CURIOSIDADE
A palavra QUANTUM é originária do latim e significa quantidade de
algo. Quantum é um termo genérico que significa uma quantidade,
usualmente elementar, unitária, de algo de natureza qualquer, abstrata ou
concreta.

O plural de QUANTUM é QUANTA.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Agora resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio como parte das
atividades da aula 1.

FONTES DAS IMAGENS

28
1. http://www.feiradeciencias.com.br/sala11/11_45.asp
2. http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/PHYSICA/Millikan/millikan.htm
3. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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29
FÍSICA III
AULA 02: O CAMPO ELÉTRICO

TÓPICO 01: CAMPO ELÉTRICO E LINHAS DE FORÇAS

Estudando a Lei de Coulomb, é inevitável a comparação com a Lei da


Gravitação Universal.

OLHANDO DE PERTO
Lei da Gravitação
Universal:

Lei de Coulomb:

Tanto no caso da força gravitacional como no caso da força elétrica, a


interação entre os corpos se dá sem que seja necessário o contato físico
entre eles. Você já parou alguma vez para pensar como um dos corpos
percebe a presença do outro? O que existe no espaço entre eles para que a
interação seja comunicada de um para outro? Pode ser que até hoje você
não tenha dado a mínima importância para essas questões, mas elas foram
a preocupação de muitos estudiosos no passado.

Para responder a essas perguntas vamos usar o conceito de CAMPO


ELÉTRICO.

Na região do espaço que envolve um corpo carregado, manifestam-se


ações elétricas, ou seja, se outro corpo carregado for colocado em qualquer
ponto nessa região, ele fica sujeito à ação de uma força elétrica. Dizemos
que nessa região do espaço existe um campo elétrico.

O campo elétrico não é a região do espaço.

PARADA OBRIGATÓRIA
Cargas elétricas modificam as propriedades do espaço à sua volta
criando um campo elétrico. Esse campo é que vai interagir com outras
cargas produzindo forças de atração ou repulsão.

"SENTINDO” O CAMPO ELÉTRICO

Para você entender melhor o conceito de campo elétrico imagine a


seguinte situação:

30
Fonte: Adaptado de http://miriamsalles.info/wp/wp-
content/uploads/mafaldamaquina.jpg

Você, certamente já vivenciou uma situação semelhante. Você sabe


que não precisa ter nenhum contato físico com a "fonte perfumada" para
sentir o cheiro, mesmo de longe. O perfume espalha-se pelo ar. Você
também sabe que quanto mais perfumada está a pessoa (quando ela passa
uma grande "carga" de perfume), mais o ambiente onde ela está (a região
do espaço) fica impregnado. E nem precisa dizer que quanto mais você se
aproxima, mais intenso vai ficando o perfume que diminui quando você se
afasta.

Percebeu a analogia? O perfume nesse exemplo faz o papel de um


campo elétrico. Você não pode ver e nem tocar, mas sente a sua presença
assim como uma carga colocada em uma região aonde existe um campo
elétrico sofre a influência dele.

DICA
Nos tempos mais remotos, os homens invocavam os deuses por meio
da fumaça. Eles queimavam ervas que liberavam diversos aromas. Foi
neste contexto que surgiu a palavra "perfume", do latim "per fumum", que
significa "através da fumaça".

OLHANDO DE PERTO
O campo elétrico pode ser determinado experimentalmente:

Se você colocar em uma dada região do espaço uma pequena carga q0,
chamada carga de prova, e ela ficar sujeita a uma força de repulsão ou
atração, você pode dizer que ali existe um campo elétrico.

PARADA OBRIGATÓRIA
O vetor campo elétrico em um dado ponto é definido como a força
elétrica que atua sobre uma carga q0 nesse ponto, dividida pela carga q0.

OLHANDO DE PERTO
O campo elétrico é usualmente representado pela letra maiúscula E.

31
No Sistema SI, sua unidade é N/C.

DICA
Quando o campo elétrico é conhecido em um dado ponto, você pode
conhecer a força elétrica que atua sobre uma carga puntiforme q0 colocada
nesse ponto. Ou seja:

Se o sinal de q0 for positivo, os vetores F e E terão o mesmo sentido.

Se o sinal de q0 for negativo, os vetores F e E terão sentidos opostos.

OLHANDO DE PERTO
A ideia básica do conceito de campo elétrico é: Um corpo carregado
produz um campo elétrico no espaço em torno dele e outros corpos sofrem
a ação desse campo.

O campo elétrico desempenha o papel de transmissor da interação


entre as cargas.

DESAFIO
Com base no conceito de campo elétrico, volte à aula 1 e procure
explicar o processo de eletrização por indução.

CAMPO ELÉTRICO E CAMPO GRAVITACIONAL

Para que você tenha uma compreensão completa, vamos discutir um


pouco mais o campo elétrico, fazendo uma comparação com o campo
gravitacional da Terra.

CAMPO GRAVITACIONAL – A massa M da Terra cria em torno de


si um campo gravitacional. Um corpo de massa m próximo à Terra fica
sujeito a uma força de atração gravitacional (a força peso) decorrente da
ação do campo gravitacional da Terra (massa M) sobre m.

CAMPO ELÉTRICO – A carga Q (positiva) cria em torno de si um


campo elétrico. Uma carga q0 (negativa) colocada próxima à carga +Q fica

32
sujeita a uma força de atração (a força elétrica) decorrente da ação do
campo elétrico de +Q sobre – q0.

Observe que a aceleração da gravidade g, em analogia com a definição


do campo elétrico, pode ser interpretada como o campo gravitacional, que
está após as duas equações que mostram a força gravitacional e a força
elétrica.

DICA
Se a carga q0 fosse positiva, a ação do campo elétrico de +Q sobre ela
daria origem a uma força repulsiva.

No caso gravitacional, não existem forças repulsivas.

OLHANDO DE PERTO
A carga q0 que é utilizada para estudar as características do vetor
campo elétrico, é simplesmente um auxiliar para o raciocínio e não
influencia nos resultados. O mesmo acontece com a aceleração da
gravidade; a aceleração (g), num ponto qualquer ao redor da Terra não
depende da massa de nenhum corpo que por ventura seja colocado nesse
ponto. Depende da posição do ponto ao redor da Terra. A carga q0 é
utilizada somente para a verificação da existência do campo elétrico num
determinado ponto da região, por isso ela é chamada de carga de prova.

Força gravitacional:

Força elétrica:

Observe que a aceleração da gravidade g, em analogia com a definição


do campo elétrico, pode ser interpretada como o campo gravitacional.

DICA
Uma carga de prova deve ser muito pequena para ela própria não
perturbar o campo elétrico que se deseja medir. Uma definição rigorosa do
campo elétrico deve levar em conta este fato, por isso a definição
completamente correta do campo elétrico é:

A carga de prova é geralmente considerada positiva.

O SIGNIFICADO DO LIMITE Q0 -> 0

Para investigar se em um dado ponto do espaço existe um campo


elétrico, você coloca nesse lugar uma carga. Se ela ficar submetida a uma

33
força de atração ou repulsão, você diz que naquele ponto existe um campo
elétrico. Campo este produzido por uma carga ou distribuição de cargas.

Você pode perguntar:

- Ora, se eu coloco uma carga q0 naquele lugar, ela própria não daria
origem também a um campo elétrico que perturbaria as outras cargas, cujo
campo eu quero investigar?

Você está certíssimo em fazer essa colocação.

A saída para evitar esse problema é você usar uma carga q0 tão
pequena, mas tão pequena que a perturbação causada pela sua presença
seja desprezível. Por isso é que se utiliza o limite de q0 tendendo ao valor
zero.

Rigorosamente falando, a carga não terá valor zero. Como você


aprenderá nos próximos tópicos desta aula, a carga elétrica tem um valor
mínimo.

O limite (lim q0 -> 0) significa que a carga de prova, ou carga teste é


muito pequena. Tão pequena que podemos desprezar os seus efeitos sobre
as demais.

Para todos os efeitos práticos do cálculo do campo elétrico, você pode


esquecer o rigor matemático e utilizar sem medo a expressão:

LINHAS DE FORÇA OU LINHAS DE CAMPO

As linhas de força são uma maneira muito conveniente de visualizarmos


o campo elétrico. Elas são uma "fotografia" do campo elétrico. O conceito de
linhas de força foi introduzido por Michael Faraday [2].

DICA
As linhas de força são linhas imaginárias que mostram a atuação do
campo elétrico em um determinado ponto no espaço.

CAMPO ELÉTRICO E LINHAS DE FORÇA


AS LINHAS DE FORÇA ESTÃO RELACIONADAS AO CAMPO ELÉTRICO PELAS
SEGUINTES PROPRIEDADES

PROPRIEDADE 1

34
Uma linha de força sempre começa em uma carga positiva e termina
em uma carga negativa.

As linhas de campo elétrico são contínuas.

Linhas de campo de duas cargas puntiformes de sinais contrários:

Fonte [5]

Se as duas cargas são de mesmo sinal, positivas, por exemplo, as


linhas de força são assim:

Fonte [6]

PROPRIEDADE 2
A tangente à uma linha de força num dado ponto, nos dá a direção
do vetor campo elétrico neste ponto.

35
Fonte [7]

Lembre-se que

Então a tangente à linha de força dá também a direção de força que


atua numa carga elétrica colocada nesse ponto.

Não se esqueça que, sendo o campo elétrico um vetor, em cada ponto


ele só pode ter uma direção. O mesmo vetor não pode apontar para dois
lugares diferentes.

PROPRIEDADE 3
As linhas de força são traçadas de tal forma que o número de linhas
que atravessam uma unidade de área perpendicular à direção das
mesmas, é proporcional ao módulo do campo elétrico. Se o campo
elétrico tiver módulo grande, as linhas do campo estarão muito juntas, e,
se o módulo for pequeno, as linhas estarão separadas. Veja na figura
abaixo, que os campos elétricos em pontos mais distantes da carga, são
menores:

Fonte: Adaptado de
http://educar.sc.usp.br/licenciatura/1999/figura8.gif

PROPRIEDADE 4
A quantidade de linhas de força é proporcional ao valor da carga.

36
Fonte: Adaptado de
http://www4.uwsp.edu/physastr/kmenning/images/pop4.19.f.19.gif

Você pode dizer qual das duas cargas acima tem o maior valor?

Não se esqueça de justificar sua resposta.

DESAFIO
As linhas (1) e (2) mostradas na figura abaixo podem ser linhas de
campo? Por que?

Fonte [8]

A visualização do campo elétrico em termos de linhas de força está de


acordo com a lei de Coulomb. Por isso elas devem obedecer às propriedades
relacionadas acima.

De acordo com as propriedades para as linhas de força, podemos


concluir que, por simetria, a intensidade do campo elétrico (de uma carga
puntiforme) deve ser a mesma em todos os pontos de uma superfície esférica
de raio r. Sendo N o número de linhas que se originam na carga, então o
número de linhas por unidade de área da superfície esférica é:

Mas o número de linhas de linhas por unidade de área é proporcional ao


valor do campo elétrico:

37
o que está completamente de acordo com a lei de Coulomb.

DESAFIO
Baseado(a) no que você acabou de ver sobre as linhas de campo
elétrico, responda:
Qual das figuras abaixo mostra as linhas do campo elétrico de forma
correta?

Não se esqueça de justificar!

Fonte [9]

CAMPO ELÉTRICO UNIFORME


Um campo elétrico é uniforme se o vetor campo tem mesma
intensidade, mesma direção e mesmo sentido em todos os pontos.

Já vimos das propriedades das linhas de força que elas são sempre
tangentes ao vetor campo, então podemos concluir que em um campo
uniforme as linhas de força são retas e paralelas.

Fonte [10]

O caso do campo elétrico uniforme é muito importante quando você for


estudar o assunto de Capacitores, que você verá mais tarde.

DICAS
DICA 1

Apresentando... o campo eléctrico [11], neste site você encontra um


applet representando o campo elétrico para várias configurações de
cargas. Imperdível!

DICA 2

O campo elétrico [12] - Neste outro site, você encontra dois


aplicativos onde você visualiza as linhas de campo de várias cargas
puntiformes. Não perca!

FONTES DAS IMAGENS

38
1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Faraday/Faraday3.htm
3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
4. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
5. http://1.bp.blogspot.com/-L93fS7Ffuno/TcMB1vYBNrI/AAAAAAAAAD
g/8JQMXS5oJ60/s320/fig52.gif
6. http://2.bp.blogspot.com/-bG4wfexosv8/TcMCBc8juoI/AAAAAAAAAD
o/QTcKIHbolkY/s320/fig53.gif
7. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig46.
gif
8. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig48.
gif
9. http://www.geocities.ws/saladefisica8/eletrostatica/campo83.gif
10. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/
11. http://faraday.fc.up.pt/files/fis_applets/efield_pt.shtml
12. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod02/m_s02.html
13. http://www.denso-wave.com/en/

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39
FÍSICA III
AULA 02: O CAMPO ELÉTRICO

TÓPICO 02: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÃO DISCRETA

Agora você vai aprender como calcular o campo elétrico produzido por
cargas puntiformes.

Que tal começarmos pelo caso mais simples?

CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO DE UMA CARGA PUNTIFORME +Q

Considere uma carga de prova, positiva, +q0, colocada próxima de


uma carga puntiforme +Q. Considere a carga +Q fixa em uma dada
posição. Como você já viu, sendo as duas cargas de mesmo sinal, haverá
uma força de repulsão mútua entre elas. Estando a carga de prova livre
para s mover, ela será repelida para longe.

Você também já viu, no tópico anterior que isso acontece porque existe
um campo elétrico em toda região do espaço onde está a carga +Q.

Qual é o campo elétrico produzido por essa carga em um ponto a uma


distância R?

De acordo com a Lei de Coulomb, (aproveite e volte à Aula 1, Tópico 3


e faça uma revisão), a força entre as duas cargas é:

O valor do campo elétrico no ponto aonde se encontra a carga de prova


q0 é:

O campo elétrico é uma grandeza vetorial, tem módulo, direção e


sentido.

Qual o sentido desse vetor? Sendo a carga de prova positiva, ela


sofrerá uma repulsão pela carga Q também positiva. Nesse caso força sobre
a carga de prova q0 no ponto P apontará para a direita, como está indicado
na figura.

A direção de E é radial, em relação á carga +Q, e o seu sentido é da


carga +Q para fora, afastando-se dela.

Escrevendo na notação vetorial:

40
,

onde, É o vetor unitário orientado da carga para fora, ao longo da


linha de força.

Você poderia perguntar:


– Faria alguma diferença no campo elétrico produzido pela carga +Q se a
carga de prova q0 fosse negativa?
– A resposta é não, não faria. Como já foi dito, o campo não depende da
carga de prova. Como o próprio nome indica, ela é utilizada apenas para
provar que o campo existe naquele local.

O campo continuaria a apontar par a direita, independente do sinal da


carga que você coloque no ponto P. O sinal da carga de prova só tem
influência no efeito que ela própria sofrerá: Se for positiva, sofrerá uma
força para a direita (repulsão); se for negativa, sofrerá uma força para a
esquerda (atração).

CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO DE UMA CARGA PUNTIFORME – Q

Se a carga tem sinal negativo, o campo produzido por ela, a uma


distância r, é idêntico ao da carga positiva. O que faz a diferença é a
orientação do vetor campo elétrico.

CAMPO ELÉTRICO DE VÁRIAS CARGAS PUNTIFORMES

OLHANDO DE PERTO
Várias cargas puntiformes formam uma distribuição discreta. Essa é a
situação em que você tem um conjunto de cargas q1, q2, q3, ..., qN.

Fonte [1]

Qual é o campo resultante no ponto P? Isto é, qual é o campo produzido


por todas as cargas no ponto P?
41
OLHANDO DE PERTO
Se existisse só a carga q1, ela produziria em P, um campo E1. Se
existisse só a carga q2 , ela produziria em P um campo E2.

O campo que resultante em P é obtido pela SOMA VETORIAL de todos


os campos produzidos por cada carga individualmente.

PARADA OBRIGATÓRIA
PRINCÍPIO DE SUPERPOSIÇÃO DOS CAMPOS ELÉTRICOS:
O campo elétrico resultante em um dado ponto, é a soma vetorial dos
campos que cada carga da distribuição produz naquele ponto.

OLHANDO DE PERTO
De acordo com o princípio de superposição, quando vários efeitos são
produzidos simultaneamente num ponto, esses efeitos se somam. Se os
efeitos forem representados por grandezas escalares elas são somadas
escalarmente. Se forem representados por grandezas vetoriais elas são
somadas vetorialmente.

EXEMPLO 1
Determine o campo elétrico no ponto A se as cargas Q1 e Q2 valem
respectivamente, + 1,0 µC e 2,0 µC. Considere as distâncias d1 = d2 = 40
cm e o ângulo formado pelos campos de cada carga em A, igual a 60º.

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig45.gif

SOLUÇÃO

O módulo do campo resultante no ponto A pode ser calculado


usando a Lei dos cossenos:

Veja que o ângulo entre os dois vetores é α e que os dois


ângulos α e <θ, somados formam um ângulo de 180º

42
Usando um pouco da trigonometria que você já viu nas aulas de
matemática:

Como você bem sabe, cos 180º = -1 e sen 180º = 0. Então cos
<θ = - cos α. E assim a expressão para o campo elétrico fica:

Para determinar o módulo de E, precisamos primeiro calcular


os módulos dos campos E1 e E2. Estes são os campos produzidos por
cada carga Q1 e Q2, respectivamente.

DADOS:

Q1 = 1,0 μC = 1,0 x 10-6 C

Q2 = 2,0 μC = 2,0 x 10-6 C

d1 = d2 = 40 cm = 0,40 m

α = 60º

k= 9 x 109 N . m2/C2

Substituindo na expressão para E:

DIREÇÃO

Vamos encontrar a direção do campo resultante, determinando


o ângulo que o vetor E faz com E1, por exemplo.

Para isso vamos usar a Lei dos Senos que diz que em um
triângulo QUALQUER os seus lados são proporcionais aos senos
dos ângulos opostos. Considere o triângulo ABC. Usando a Lei dos
Senos:

43
Já vimos que:

sen (180 - α) = sen180 cos α - sen α cos180 = sen α. Então


podemos usar na Lei dos Senos o ângulo α, em vez de <θ.

EXEMPLO 2
Duas cargas puntiformes de
-7
módulos q1=2.0X10 C e q2=

8.5X10-8C estão separadas por uma


distância de 12cm. (a) Qual o módulo
do campo elétrico que cada carga
produz no local da outra? (b) Que
força elétrica atua sobre cada uma
delas?

SOLUÇÃO

(a) O módulo do campo sobre cada carga é diferente, pois o


valor da carga é diferente em cada ponto.

(b) O módulo da força sobre a carga é o mesmo. Pela 3ª lei de


Newton (ação e reação):

F12=-F21 e, portanto

Note que como não sabemos s sinais das cargas, não podemos
determinar o sentido dos vetores.

EXEMPLO 3

Duas cargas iguais e de sinais opostos (de módulo 2.0 X 10-7C) são
mantidas a uma distância de 15 cm uma da outra. (a) Quais são o módulo,
a direção e o sentido E no ponto situado a meia distância entre as cargas?

44
(b) Que força (módulo, direção e sentido) atuaria sobre um elétron
colocado nesse ponto?

SOLUÇÃO

(a) Como o módulo das cargas é o mesmo, estando elas


igualmente distantes do ponto em questão, o módulo do campo
devido a cada carga é o mesmo.

Portanto, o campo total é

Na direção da carga negativa – q.

(b) Como o elétron tem carga negativa, a força sobre ele tem
sentido oposto ao do campo. O módulo da força é

FONTES DAS IMAGENS


1. http://ensinoadistancia.pro.br/ead/Eletromagnetismo/PrincSuperposic
ao/PrincipioSuperposicao.html
2. http://www.denso-wave.com/en/

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45
FÍSICA III
AULA 02: O CAMPO ELÉTRICO

TÓPICO 03: CAMPO ELÉTRICO DE UM DIPOLO

Você sabia que a maior parte do nosso corpo é feita de água? É


incrível, mas cerca de 70% do nosso peso corporal é devido à água no
nosso corpo.

A COMPOSIÇÃO DE ÁGUA NO NOSSO CORPO

Fonte [1]

DIPOLO ELÉTRICO
Uma situação muito importante que merece ser estudada é o caso do
dipolo elétrico.

A água, a principal componente do nosso corpo, substância


indispensável à nossa vida, tem uma propriedade elétrica que você vai
estudar agora, neste tópico.

A água é uma molécula polar, isto é, a molécula da água é um dipolo


elétrico.

OLHANDO DE PERTO
Uma distribuição de duas cargas de mesmo módulo e de sinais
contrários, formam um dipolo elétrico.

A figura abaixo mostra um dipolo elétrico, uma configuração


representada por duas cargas iguais e de sinais contrários, mantidas
separadas por uma distância fixa d.

46
Fonte [2]

A ÁGUA TEM UMA MOLÉCULA POLAR. VOCÊ SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?

As figuras abaixo representam a molécula de água:

Fonte [3] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

A molécula de água é formada por um átomo de oxigênio e dois


átomos de hidrogênio, unidos por ligações covalentes. Os elétrons que
formam os orbitais moleculares, na água, não são igualmente
compartilhados entre os átomos. Como consequência da maior
eletronegatividade do Oxigênio, a distribuição dos elétrons na molécula é
heterogênea, isto é os elétrons não são igualmente compartilhados pelo
oxigênio e pelo hidrogênio, resultando uma densidade de carga negativa (-)
sobre o átomo de oxigênio e densidades de carga positiva (+) sobre os
átomos de hidrogênio. Isto torna a molécula da água polar, isto é, a
molécula tem polos positivos (os átomos de hidrogênio) e negativo (o
átomo de oxigênio) sendo capaz de sofrer uma orientação na presença de
um campo elétrico.

Os hidrocarbonetos [4], por exemplo o petróleo, não apresentam essa


distorção elétrica sendo, por isso, chamados apolares, isto é, sem polos.

Como você pode ver a substância mais importante para a nossa vida é
uma substância polar, ou seja, é um dipolo elétrico.

A figura abaixo mostra a representação da molécula da água no estado


líquido.

CURIOSIDADE
Quando você adoça o seu café ou o seu suco, você está dissolvendo o
açúcar na água. A sacarose, como a água, é uma molécula polar. Neste
caso, a interação com a água é do tipo dipolo-dipolo. A sacarose contém
grupos O – H e a ligação entre as suas moléculas e as moléculas de água é
do tipo pontes de hidrogênio. Isto promove a sua solubilização na fase
aquosa.

Você nem imaginava que podia ter eletricidade no seu cafezinho!


Pense nisso da próxima vez que tomar café. Veja como a Física está em
todo lugar!

47
LEITURA COMPLEMENTAR
Quer saber mais sobre a água? Então clique aqui:

Água (substância) [5]

O produto do módulo da carga pela distância que as separa, é definido


como o MOMENTO DE DIPOLO p

O CORAÇÃO COMO UM DIPOLO

A célula cardíaca em repouso (polarizada) é rica em potássio, e


apresenta-se negativa em relação ao meio externo que é positivo e rico em
sódio, como mostrado a seguir.

Quando ocorre a ativação de uma célula miocárdica característica


(atrial ou ventricular), ocorrem trocas iônicas e inverte-se a polaridade da
célula, que é mantida nesta polaridade, originando na superfície da célula
uma região despolarizada e outra ainda em repouso, gerando uma frente
de onda de despolarização/repouso, resultando portanto em um dipolo
equivalente. À medida que se propaga a ativação, há uma tendência
progressiva da parte intracelular da membrana ficar positiva, enquanto que
a parte extracelular ficará gradativamente negativa. Desta forma um dipolo
(- +) será formado com intensidades diferentes e se propagará, formando
um limite móvel entre a parte estimulada e a parte ainda em repouso.

A célula totalmente despolarizada fica com sua polaridade invertida. A


repolarização fará com que a célula volte às condições basais.

Em uma única célula, a despolarização e a repolarização começam no


mesmo ponto. Mas, no coração como um todo, sucede que, apesar da
despolarização dos ventrículos começar no endocárdio, é o epicárdio quem
primeiro termina de se repolarizar. Dentre as explicações dadas para tal
fenômeno, destaca-se que o endocárdio é mantido em regime de pressão
48
mais alta que o epicárdio, enquanto que este é melhor irrigado e apresenta
temperatura ligeiramente superior a do endocárdio.

VAMOS CALCULAR O CAMPO DE UM DIPOLO ELÉTRICO

Qual é o campo produzido pelo dipolo, mostrado na figura acima, no


ponto P, a uma distância r?

Usando o Princípio de Superposição:

Como as cargas têm o mesmo módulo e estão à mesma distância do


ponto P. os módulos dos campos E1 e E2 são iguais:

O campo elétrico é um vetor. Vamos analisar as componentes ao longo


dos eixos x e y:

Eixo y:

Como essas duas componentes são iguais e apontam para sentidos


opostos, a resultante no eixo y é nula.

Eixo x:

49
Agora você tem as duas componentes iguais e apontando para o
mesmo sentido (para a direita).

A resultante no eixo x será a soma:

Da figura temos:

Então o campo resultante é:

Se considerarmos que o ponto onde se calcula o campo elétrico está


muito distante do dipolo, isto é, y >> a, podemos desprezar a no
denominador e o campo fica assim:

Veja que a distância entre as cargas é 2ª. Então o numerador da fração


acima é exatamente o que foi definido como o momento de dipolo p.

O módulo do campo elétrico do dipolo sobre a mediatriz do


segmento que une as duas cargas é dado por:

O campo resultante está orientado ao longo do eixo x, portanto


perpendicular ao eixo do dipolo e o sentido do vetor é apontado da carga
negativa para a positiva.

PARADA OBRIGATÓRIA
O momento de dipolo é um vetor que aponta no sentido da carga
negativa para a positiva.

Um dipolo é uma distribuição de cargas muito simples, mas tem muita


importância no eletromagnetismo porque pode ser usada como modelo para
várias situações de interesse, como por exemplo, o estudo das bases físicas
do eletrocardiograma.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/3/normal
_6_5corpoagua2.jpg

50
2. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig52.
gif
3. http://plato.if.usp.br/~fap0291d/Site/Slides_das_aulas_files/Lei%
20de%20Coulomb.pdf
4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrocarboneto
5. http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_(mol%C3%A9cula)
#Propriedades_el.C3.A9tricas
6. http://www.denso-wave.com/en/

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51
FÍSICA III
AULA 02: O CAMPO ELÉTRICO

TÓPICO 04: MOVIMENTO DE CARGAS PUNTIFORMES EM CAMPOS ELÉTRICOS

Você alguma vez já parou para pensar como é que uma impressora
"jato de tinta" sabe exatamente onde a tinta deve ser jateada?

E quem não gosta de ver um programa na televisão? Você já se


perguntou como são formadas as imagens em tubo de TV?

Neste tópico você vai encontrar resposta para essas questões.

COMO FUNCIONA UMA IMPRESSORA JATO DE TINTA

Na figura abaixo você vê o esquema de funcionamento de uma


impressora jato de tinta.

Jato de tinta utilizado em impressoras - Fonte: Física, Vol 2. Eletricidade e


Magnetismo, Ótica - Paul Tipler e Gene Mosca, 5ª edição, editora LCT,
2006.

A tinta pressurizada sai de um bocal na forma de minúsculas gotas. As


gotas são lançadas com uma certa velocidade e carregadas eletricamente. O
defletor que você vê na figura consiste de duas placas carregadas com
cargas iguais e opostas, o que dá origem a um campo elétrico uniforme
entre as placas. É esse campo que causa a deflexão das gotas carregadas.
Ao passar pelo campo elétrico, produzido pelas placas defletoras, as gotas
eletrizadas são desviadas, de forma que atinjam exatamente um ponto
predeterminado na folha de papel. Quanto maior for a carga da gota, maior
será a deflexão sofrida por ela. Abaixo, um esquema mais simplificado de
uma impressora jato de tinta. A gota negativamente carregada é lançada
horizontalmente com uma velocidade v, atingindo o ponto P na folha de
papel.

52
O tubo da televisão é um tubo de vidro em cujo interior foi feito vácuo
cuja parte frontal é revestida com um material fluorescente. Na extremidade
oposta, um canhão eletrônico lança elétrons contra a tela, que ao colidirem
com ela, produzem pontos luminosos. Esse tubo é chamado tubo de raios
catódicos.

Os eletros liberados pelo canhão passam através de placas paralelas


carregadas com cargas de sinais opostos, onde existe um campo elétrico
uniforme. Os elétrons deslocam-se rumo à uma tela fluorescente e, ao
colidirem com ela provocam um ponto luminoso no local do impacto. O
brilho de cada ponto é regulado controlando-se a velocidade com que o
elétron atinge a tela.

O feixe eletrônico varre todos os pontos da tela, desviado pela ação dos
defletores (que na televisão é composto por bobinas magnéticas). O feixe
percorre todos os pontos de uma linha e todas as linhas, vinte e cinco vezes
por segundo. A iluminação distinta dos diferentes pontos da tela produz a
imagem de uma cena.

TV A CORES

Numa televisão em cores, o tubo tem três canhões eletrônicos, um para


cada uma das cores primárias da luz: azul, verde e vermelho, como se fossem
três tubos. A câmara também transmite três sinais, um para cada cor. A tela
é composta por uma infinidade de pontos triplos, fosforescentes, que,
atingidos pelo feixe de elétrons, emitem luz de cada uma das cores primárias.
Utilizam-se cores primárias porque, como o próprio nome indica, a partir
delas podem se formar todas as outras cores.

53
Fonte [1]

1. Canhões de elétrons e lentes eletrônicas de focalização

2. Bobinas defletoras (deflexão eletromagnética)

3. Anodo de alta tensão

4. Máscara de sombra

5. Detalhe da matriz de pontos coloridos RGB (vermelho, verde, azul)

A imagem colorida aparece com a mistura ou superposição dessas cores


na tela do tubo de televisão.

Fonte [2]

OLHANDO DE PERTO
Da próxima vez que você estiver assistindo ao seu futebol, ou ao
capítulo da sua novela favorita, lembre-se que você está utilizando um
tubo de raios catódicos.

Isso se sua TV é de tubo. Atualmente as TVs de plasma e LCD estão


pouco a pouco tomando o lugar das TVs de tubo.

DICA
O tubo de raios catódicos foi desenvolvido por William Crookes [3]
(17/06/1832 - 04/04/1919).

E AGORA VAMOS ESTUDAR O MOVIMENTO DE CARGAS PUNTIFORMES ATRAVÉS DE


CAMPOS ELÉTRICOS

De acordo com o que você aprendeu no Tópico 1 desta aula, quando uma
partícula carregada é colocada em um campo elétrico ela fica sujeita a uma
força elétrica. Ou seja:

Se esta for a única força atuante na partícula, de massa m, podemos


determinar a sua aceleração, usando a Segunda Lei de Newton:

54
PARTÍCULA DE MASSA M E CARGA Q ABANDONADA EM REPOUSO EM UM CAMPO
ELÉTRICO UNIFORME

PARTÍCULA DE MASSA M E CARGA Q LANÇADA COM VELOCIDADE V0 EM UM CAMPO


ELÉTRICO UNIFORME

VAMOS ANALISAR OS MOVIMENTOS AO LONGO DAS DIREÇÕES HORIZONTAL (EIXO


X) E VERTICAL (EIXO Y)

Movimento na direção X:

Na direção horizontal, o movimento é retilíneo uniforme. O


movimento ao longo da direção x é dado por:

Movimento na direção Y:

Na direção y o movimento do elétron é acelerado. O elétron percorre a


região entre as placas e a força elétrica sobre ele tem sentido oposto ao
campo já que a carga do elétron é negativa:

Usando a Segunda Lei de Newton, você terá a aceleração do elétron:

55
O sinal negativo significa que a força, bem como a aceleração têm
sentidos opostos ao campo elétrico.

Em qualquer instante a posição Y é dada por:

Substituindo t da equação (4) na equação (5) para y, teremos:

A equação (6) lhe diz que a trajetória do elétron na região entre as


placas defletoras é uma parábola (yα x2 ), como é o caso de um movimento
acelerado.

Foi analisando o movimento de pequenas partículas carregadas através


de campos elétricos uniformes, que Millikan [4] determinou, em 1910, a
carga precisa do elétron, mostrando também que a carga do elétron é a
unidade elementar de carga.

A EXPERIÊNCIA DE MILLIKAN

Na experiência de Millikan o movimento de gotículas de óleo


eletricamente carregadas sujeitas a um campo elétrico e ao campo
gravitacional é investigado e as velocidades das gotículas são determinadas
por medidas diretas dos tempos de subida e descida. A carga elementar é
então obtida a partir da medida das cargas elétricas de uma grande
quantidade de gotículas.

DICA
No site do RIVED [5] você tem acesso a um objeto de aprendizagem
cujo objetivo é simular a experiência de Millikan, bem como a análise dos
dados experimentais.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://bp0.blogger.com/_RcxnpmyaGe0/R9F5XfO0GXI/AAAAAAAAA
CA/pv2uchJU9-Y/s400/Tubo+rayos+catodicos.png
2. http://thumbs.buscape.com.br/tv/semp-toshiba-2086ms-crt-
convencional-20-polegadas_100x100-PU1d9c_1.jpg
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Crookes
4. http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/PHYSICA/Millikan/millikan.htm
5. http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/elecmagnet/millikan/millikan.html
6. http://www.denso-wave.com/en/

56
FÍSICA III
AULA 02: O CAMPO ELÉTRICO

TÓPICO 05: DIPOLO EM UM CAMPO ELÉTRICO

Nos dias de hoje muitas donas de casa possuem um forno de micro-


ondas em suas cozinhas. As que ainda não têm um, vivem a sonhar com ele.
Também pudera! Uma batata que pode levar até 45 minutos para ser cozida
em um fogão tradicional, no microondas leva cerca de 8 minutos!

Esse equipamento veio para simplificar o trabalho na cozinha.

Fonte [1]

E o que a Física tem a ver com essa nova maneira de cozinhar?

PARA SABER A RESPOSTA

O aquecimento dos alimentos no micro-ondas deve-se à interação da


onda eletromagnética (a micro-onda) com o dipolo elétrico da molécula.

Como você viu no Tópico 3 desta aula, a água é uma molécula polar.
Isto significa que a água tem um momento de dipolo. As moléculas polares
na presença de um campo elétrico externo tendem a alinhar-se com ele.

No caso do micro-ondas, os dipolos elétricos das moléculas de água


presentes nos alimentos, sofrem a ação do campo elétrico da onda
eletromagnética.

O princípio básico do cozimento pelas micro-ondas é a vibração


molecular.

As moléculas de água de um alimento em estado normal estão em


desordem, sendo assim os seus momentos de dipolo estão orientados
completamente ao acaso. Mas quando submetidas a um campo elétrico os
dipolos têm tendência a orientar-se na direção do campo.

O campo elétrico da onda eletromagnética (a micro-onda) é um campo


oscilante que provoca uma alternância na orientação dos dipolos. As várias
mudanças de orientação ocorrem em uma certa frequência. É a situação de
ressonância (vibração dos dipolos na mesma frequência da onda) que
provoca a absorção de energia da onda eletromagnética.

O momento de dipolo da água é o principal responsável pela absorção


de calor pelos alimentos colocados no forno de micro-ondas.

57
É o teor de água contido no alimento que torna o uso do micro-ondas
mais ou menos eficaz. Por exemplo, você não tem um bom resultado
quando coloca pão para aquecer no micro-ondas. O pão, em geral, tem um
baixo teor de água.

UM DIPOLO EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

Fonte [2]

A figura acima nos mostra um dipolo colocado em um campo elétrico


uniforme.

OLHANDO DE PERTO
O campo elétrico aqui não é produzido pelo dipolo. É um campo
externo e o dipolo sofre a sua ação.

Cada uma das cargas puntiformes que formam o dipolo sofrerá a ação de
uma força dada por:

FORÇA SOBRE A CARGA FORÇA SOBRE A CARGA FORÇA RESULTANTE


POSITIVA NEGATIVA

Zero

PARADA OBRIGATÓRIA
As forças que atuam sobre as cargas têm o mesmo módulo, mas
sentidos contrários, portanto a força resultante sobre o dipolo é nula.

OLHANDO DE PERTO
As forças não atuam ao longo da mesma linha reta, isso dá origem a
um torque em relação ao eixo que passa pelo ponto O. É este torque que
tende a fazer o dipolo girar e alinhá-lo com o campo elétrico externo.

TORQUE SOBRE O DIPOLO

58
Em Física I você aprendeu que existe uma grandeza chamada Torque
que está de certa forma associado com a ação de girar um corpo em relação
a um eixo que passa por um certo ponto de referência. O torque depende
tanto da força quanto da distância entre o ponto de referência e a linha de
ação da força. A definição do torque é:

Onde o módulo do vetor imagem é a distância entre a linha de ação


da força imagem e o ponto de referência por onde passa o eixo em
relação ao qual o torque é calculado.

O torque resultante das forças sobre as duas cargas é:

Usando a definição do produto vetorial teremos:

Ora, veja na figura acima que 2d é a distância entre as cargas. Então,


lembrando da definição de momento de dipolo, você pode escrever a
equação acima de outra maneira:

Considerando que o momento de dipolo é um vetor, uma expressão


para o torque será:

OLHANDO DE PERTO
Agora, o movimento da carga é análogo ao movimento de um projétil
lançado horizontalmente no campo gravitacional da terra. Aproveite para
fazer uma revisão desse assunto em FÍSICA I.

FÓRUM
Um dipolo elétrico é colocado em um campo elétrico uniforme como
mostrado na figura, sendo a seguir liberado.

Descreva completamente o seu movimento.

FONTES DAS IMAGENS

59
1. http://www.google.com.br/imgres?
imgurl=http://images.quebarato.com.br/T440x/forno%2Bmicroondas%
2Bsamsung%2B32%2Blitros%2Bsao%2Bbernardo%2Bdo%2Bcampo%
2Bsp%
2Bbrasil__143A6F_2.jpg&imgrefurl=http://sp.quebarato.com.br/sao-
bernardo-do-campo/forno-microondas-samsung-32-
litros__143A6F.html&h=330&w=440&tbnid=by1fSBxeMrUfjM&zoom=1&tb
nh=194&tbnw=259&usg=__OBxxd9NgTPfoo7gnk5QPuLJQTgE=
2. http://www.mspc.eng.br/elemag/img01/eletr2041.gif
3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
4. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
5. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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60
FÍSICA III
AULA 02: O CAMPO ELÉTRICO

TÓPICO 06: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO: DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA

Muitas aplicações tecnológicas importantes envolvem o movimento de


partículas carregadas através de campos elétricos. Podemos citar o
movimento dos elétrons em um tubo de TV, ou os núcleos atômicos
carregados movendo-se em aceleradores que são utilizados para
tratamento de câncer. Embora essas aplicações sejam de extrema
importância, fazendo-se necessário calcular detalhadamente o campo
elétrico, sabemos que na vida real as cargas não são exatamente
puntiformes. O que encontramos no dia a dia são objetos carregados em
que a carga se distribui ao longo do volume, da superfície ou do
comprimento dos corpos.

OLHANDO DE PERTO
Para calcular o campo elétrico de um corpo carregado, é importante
saber como a carga está distribuída nesse corpo: ao longo de uma
dimensão, apenas na sua superfície ou por todo o volume.

OLHANDO DE PERTO
Quando a carga se distribui pelo comprimento, superfície ou volume
de um corpo dizemos que a distribuição de cargas é contínua.

DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA DE CARGAS


DENSIDADE LINEAR DE CARGAS
Quando a carga se distribui ao longo de uma dimensão apenas,
definimos a densidade linear de carga ( ) que diz como a carga está
distribuída ao longo de um comprimento L.

DENSIDADE SUPERFICIAL DE CARGAS


Para distribuições superficiais, definimos a densidade superficial de
carga ( ) que diz como a carga está distribuída pela superfície S do corpo.

DENSIDADE VOLUMÉTRICA DE CARGAS


Quando a carga está distribuída por todo o volume, definimos a
densidade volumétrica de carga ( ) que diz como a carga está distribuída
pelo volume V do corpo.

61
A figura abaixo mostra um corpo carregado com uma carga Q
distribuída por todo o seu volume V.

Você aprendeu no Tópico 2 desta aula como se calcula o campo de


cargas puntiformes. Se a carga está distribuída por todo o volume, ou por
qualquer outra dimensão do corpo, ela não pode mais ser considerada como
uma carga puntiforme.

DICA
Quando a distribuição é continua, a saída para se calcular o campo
elétrico é dividir toda a carga do corpo em pedaços tão pequenos (dq) que
cada um deles pode ser considerado como uma carga puntiforme.

OLHANDO DE PERTO
Cada uma das pequenas cargas dq dá origem a um campo em um
ponto P onde se deseja determinar o campo elétrico.

PARADA OBRIGATÓRIA
O campo resultante é a soma vetorial de todas as contribuições
. Mais uma vez, usamos o princípio de superposição para calcular o
campo total em P.

DICA
É muito importante que você faça uma boa revisão do que aprendeu
sobre integral na disciplina Matemática II.

CAMPO RESULTANTE

A soma de todas as contribuições é na verdade uma integral,


conforme você aprendeu em Matemática II.

Agora você verá como calcular o campo elétrico de vários tipos de


distribuições contínuas.

CAMPO DE UM ANEL DE CARGAS

62
Consideremos um anel uniformemente carregado, possuindo carga
total Q, positiva. Queremos determinar o campo elétrico em um ponto P,
que está a uma distância x do plano do anel, situado no eixo do anel,
conforme a figura abaixo.

Fonte: Adaptado de http://forum-epl.be/files/physique_q2_synthse.pdf

Observe que a soma vetorial das componentes do campo elétrico


ortogonais ao eixo x (dEy e dEz) é nula. Isso ocorre porque para cada
elemento de carga dQ, existe outro, diametralmente aposto, produzindo
uma componente ortogonal com sinal oposto. Dessa forma restam apenas
as contribuições ao longo do eixo x.

Considerando que cada pedacinho de carga é tão pequeno que pode


ser considerado como uma carga puntiforme, podemos escrever o campo
dEx devido a cada uma dessas "cargas puntiformes" como:

Observe a figura, você pode concluir que:

Agora vem o passo importante no problema que é identificar como a


carga está distribuída.

Nos problemas de determinação do campo elétrico de


distribuições continuas é fundamental identificar corretamente
a distribuição de cargas, isto é, a densidade de carga a ser
utilizada.

Você, é claro, já viu um anel. Olhe para a sua mão, tem um anel agora?
Um anel é geralmente um aro fino em que toda a massa está distribuída ao
longo do seu comprimento e, por conseguinte, também a sua carga. Isso
quer dizer que você vai usar a densidade de carga linear.

63
O campo resultante será a integral de todas as contribuições dEx:

Veja que dl é cada um dos pequenos pedacinhos em que o anel foi


dividido. A soma de todos os pedaços deve, naturalmente ser igual ao
comprimento total do anel, ou seja, o seu perímetro.

A constante eletrostática é:

Você pode escrever o campo em termos da carga total do anel.

DICA
Se a densidade de carga é constante, então:

Vamos substituir na expressão do campo elétrico a densidade linear?

64
Podemos traçar um gráfico representando o campo elétrico (E = f(x))
em função da distância x:

Fonte [1]

DESAFIO
Você pode explicar, FISICAMENTE, por que o campo
elétrico é zero no centro do anel?

CASO PARTICULAR: X >> A


Imagine que o ponto P está muito distante do anel, (x >> a), como fica
o campo elétrico?

Se x >> a, então podemos desprezar a no denominador da equação


acima. Obtemos então uma expressão aproximada para o campo elétrico:

OBRSERVAÇÃO
Note que o campo elétrico, quando se considera o ponto P
muito distante do anel, parece o campo de uma carga
puntiforme Q. Bem longe, você não sabe se existe um anel e as
linhas de campo que chegam até você parecem vir que uma
carga puntiforme Q.

Uma maneira interessante de visualizar o campo de um anel de


carga é através da simulação que ilustra o campo elétrico gerado por um
anel carregado. É mostrado que, por meio do princípio de superposição,
uma distribuição contínua de cargas pode ser considerada como a soma
discreta de uma grande quantidade de elementos de carga (neste caso,
trinta).

65
Cada elemento gera seu próprio campo, representado na simulação
pelos vetores menores fixados no ponto de observação.

A contribuição de todos os outros elementos, resulta no campo total


do anel (dado pelo vetor resultante maior e pelo mapa bidimensional do
campo).

Deslocando-se o ponto de observação com as teclas de seta, pode-se


observar as alterações na magnitude de campo e direção em diferentes
posições em relação ao anel.

CAMPO DE UM DISCO CARREGADO

Agora vamos calcular o campo elétrico gerado por um disco


uniformemente carregado possuindo carga total Q. O disco mostrado na
figura abaixo, tem raio R e queremos calcular o campo elétrico em um
ponto P situado no eixo do disco, a uma distância z do plano do disco.

Obviamente um disco tem sua carga distribuída por toda a sua


superfície, o que nos permite trabalhar com a densidade superficial de
cargas.

Fonte [2]

Consideremos o disco de raio R, uniformemente carregado com uma


densidade de carga σ composto por inúmeros anéis de raio a e de largura
da. Cada anel se constitui em uma carga elementar dq. A carga dq é
distribuída pelos anéis.

Cada anel tem raio a e largura da de modo que a área desses pequenos
anéis elementares é:

DICA
Na figura acima você pode ver, junto ao disco, o pedaço
amarelo que representa um anel aberto. Assim você realmente
pode ver que a área elementar desses anéis é o produto do
comprimento σ pela largura da.

A densidade de carga pode ser escrita assim:

66
Do exemplo anterior temos o campo de um anel ao longo de um eixo z:

Você viu no exemplo anterior como calcular o campo de um anel de


carga. Agora temos o campo dE produzido por um anel elementar de carga,
de raio a e de largura da, que contém uma carga dq=σ.2πa.da

O campo total produzido pelo disco carregado é a soma (integral) dos


campos produzidos por todos os anéis que formam o disco.

Mais uma vez, lembre-se que o ponto onde você calcula o campo é fixo,
isto significa que z é constante. Como o disco é uniformemente carregado,
a densidade de carga é constante.

Colocando todas as constantes fora da integral, temos:

Para resolver a integral acima, lembre-se das regras de integração


aprendidas nas aulas de Matemática II.

RESOLVENDO A INTEGRAL

Na figura abaixo é mostrado o gráfico do campo elétrico como função


da distância ao disco:

67
Fonte [3]

CAMPO DE UMA LINHA INFINITA DE CARGAS

Agora você vai aprender como determinar o campo produzido por uma
linha infinita, carregada em um ponto P distante R da linha. Essa linha
pode ser um fio, reto muito comprido.

Fonte [4]

Esta é uma situação em que trabalhamos com a carga distribuída ao


longo do comprimento do fio, o que significa que devemos introduzir aqui
o conceito de densidade linear de carga

O fio, que é muito longo (infinitamente longo), vai ser partido em


muitos pedaços de comprimento infinitesimal dx, carregados com uma
porção infinitesimal de carga dq.

Este elemento de carga dq agora se comporta como uma carga


puntiforme e o campo elétrico dE produzido por essa "carga puntiforme"
dq compreendida entre x e x + dx, tem a direção e o sentido indicado na
figura e seu módulo é:

OBSERVAÇÃO
Você não pode esquecer nunca que o campo elétrico é um
vetor. Este campo tem duas componentes: uma ao longo do eixo
vertical Y, e a outra ao longo do eixo horizontal X.

Podemos ver da figura acima que o campo elétrico dE tem


componentes x e y dadas por:

ATENÇÃO
A componente horizontal, ao longo do eixo X não é
necessário calcular já que por simetria se anulam de duas em
duas. Observe a figura: Você pode concluir que existe uma
simetria em relação ao eixo vertical que passa pela origem: para
cada elemento de carga dq situado em x, há um elemento de
carga dq situado em –x. Cada um desses elementos dq

68
produzem campos cujos módulos são iguais, e cujas
componentes horizontais são iguais e opostas.

Na direção Y, as componentes dEy apontam para o mesmo sentido,


portanto o campo total é a soma de todas as componentes verticais.

Da definição da densidade linear de cargas, temos:

Substituindo na expressão anterior teremos:

Da figura, você pode ver que:

Lembrando as derivadas de funções trigonométricas que você viu em


Matemática I:

Teremos:

Lembre-se da definição da secante e da tangente de um ângulo:

69
OBSERVAÇÃO
A simetria da figura nos permite concluir que basta
calcularmos o campo de metade do fio. Para encontrar o campo
total será necessário apenas multiplicarmos o resultado por 2.

DICA
É muito importante que você faça uma boa revisão dos
métodos de integração que viu em Matemática II. Chegou a
hora de usar bastante essa ferramenta.

Fazendo a integral da função cosseno, substituindo os limites de


integração, você terá a expressão para o campo elétrico:

O campo total tem direção perpendicular à linha indefinida carregada,


como mostrado na figura.

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Caro aluno,

Este tópico da aula 2 requer muito treino na resolução dos exercícios.


Você deverá fazer uma boa revisão dos assuntos Derivada e Integral.

Antes de passar as atividades de Portfólio, aconselho fortemente que


você veja o maior número possível de exemplos resolvidos.

70
Acesse a lista de exemplos resolvidos da Aula 2 (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.)

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Baixe aqui o arquivo Atividade de portfólio da aula 02 (Visite a aula
online para realizar download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio
como parte das atividades da aula 02.

DICA
Antes de começar a resolver os exercícios, dê uma olhada nessas dicas
de resolução de exercícios do Prof. Dr. Anderson Coser Gaudio.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/oficina/roteiro/Campos.htm
2. http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/elecmagnet/campo_electrico/anillo
/anillo_4.gif
3. http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/oficina/roteiro/Campos.htm
4. http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/elecmagnet/campo_electrico/linea/
lineaCargada.gif
5. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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71
FÍSICA III
AULA 03: LEI DE GAUSS

TÓPICO 01: FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO

Uma boa maneira de se proteger dos raios durante uma tempestade é


ficar no interior de um carro que possua carcaça metálica. Se um raio atingir
o carro, você estará seguro dentro dele. Por que isso acontece?

Fonte [1]

Você sabia que a proteção se deve ao fato da carroceria do carro ser feita
de metal e não por causa dos pneus de borracha?

Para compreender essa situação você deve aprender como as cargas se


distribuem sobre a superfície de um condutor. Este assunto você irá
aprender nesta aula sobre a Lei de Gauss.

DICA
Na Aula 2, você aprendeu como calcular o campo elétrico de qualquer
distribuição de carga. Você também deve ter reparado como às vezes esse
processo é trabalhoso.

Com a Lei de Gauss você verá que é possível calcular o campo elétrico
de uma forma muito mais simples e elegante, embora não possa fazer isso
sempre e para todas as situações.

Quando e como usar a Lei de Gauss é o que você vai aprender com
esta aula.

Antes aprender sobre a lei de Gauss, é preciso que você entenda


perfeitamente o conceito de fluxo.

O QUE É FLUXO?

A figura abaixo mostra a instalação hidráulica de uma casa. Todo


mundo sabe que abrindo a torneira a água vai fluir, vai escoar.

72
Fonte [2]

A ideia de fluxo é aplicada em muitas situações. Nessas frases, que


você possivelmente já ouviu inúmeras vezes, observe como o conceito de
fluxo aparece aplicado a várias situações:

• "A água que entra no terreno vai formar um FLUXO de água


subterrâneo."

• "O FLUXO de água que evapora dos oceanos é cerca de 47.000


km³/ano maior que o fluxo que nele cai em forma de precipitação."

• "O FLUXO de veículos nas rodovias cresceu 1,5% em agosto, em


relação a julho."

• "O FLUXO de veículos está moroso para quem segue pela Avenida
Treze de Maio."

• "Apesar da Internet facilitar a divulgação de notícias sobre os


diferentes países, o FLUXO da informação ainda é o mesmo dos anos
1980".

• "Otimizando o FLUXO de informações nas empresas..."

• "Se soubéssemos viver de acordo com o FLUXO da Vida..."

• "Solta tudo que tens preso em tua alma, em teu corpo. Deixa a vida
FLUIR."

O que há de comum em todas as frases acima?

Observe que em todas elas quando se fala de FLUXO, está presente a


ideia de escoamento, seja de água, veículos, notícias, sentimentos,
emoções, etc.

FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO


Se você pudesse ver cada gota de água correndo em um tubo, poderia
visualizar a figura abaixo em que as linhas representariam as trajetórias das
gotas de água. EM CADA PONTO, A TANGENTE A CADA LINHA DARIA A
VELOCIDADE DAS GOTAS DE ÁGUA NAQUELE PONTO.

73
E se as linhas da figura acima representassem linhas de força?

PODEMOS COMPARAR O FLUXO (VAZÃO) DE ÁGUA ATRAVÉS DE UMA


MANGUEIRA DE JARDIM COM O FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO ATRAVÉS
UMA ÁREA QUALQUER.

Na Aula 2, em que você estudou o campo Elétrico, você aprendeu que o


campo elétrico pode ser representado por linhas de força (ou de campo) e
que a tangente à linha de força em qualquer ponto dá a direção do campo
elétrico.

DICA
Para representar o fluxo de campo elétrico (ou fluxo elétrico), usa-se a
letra grega Φ.

FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE

Vamos começar pelo caso mais simples que é o campo elétrico


uniforme, em que as linhas de campo, ou de força, são todas igualmente
espaçadas e paralelas.

O fluxo Φ de um campo elétrico uniforme, através de uma


SUPERFÍCIE PERPENDICULAR ao campo, com área A, é definido como o
produto do módulo do campo vezes a área da superfície:

Nem sempre acontece das linhas de campo atravessarem a área


perpendicularmente.

Na figura acima a área é atravessada pelas linhas de força


perpendicularmente, mas apenas a projeção da área ( .cos ) é
perpendicular ao campo elétrico.

Da definição do fluxo podemos dizer, no caso da figura acima, que:

74
A vazão de um fluido (líquido ou gás) através da área de uma
tubulação é o fluxo, o fluido está de fato escoando. No caso do fluxo de
campo elétrico não há escoamento.

A definição do fluxo ficará mais resumida se introduzirmos um conceito


novo: o conceito de VETOR DE ÁREA.

PARADA OBRIGATÓRIA
O vetor de área é um vetor cujo módulo é igual à área A, com direção
perpendicular ao plano da área que estamos descrevendo e sentido
apontando para fora da área, sempre.

Observe a figura abaixo:

Veja que o vetor de área (perpendicular à seção reta de área ), é

paralelo ao campo elétrico, mas o vetor de área (perpendicular à seção


reta de área ) forma um ângulo com o campo elétrico.

PARADA OBRIGATÓRIA
O fluxo de campo elétrico pode ser definido em termos do produto
escalar do vetor de área com o vetor campo elétrico:

OLHANDO DE PERTO
O fluxo de campo elétrico é uma grandeza escalar e no sistema SI sua
unidade é N.m2/C

Clique nas abas abaixo:

ÂNGULO = 360º

ÂNGULO ENTRE O VETOR DE ÁREA E O CAMPO É IGUAL A ZERO


(OU 360°)

Fonte [5]

75
0
Considere o vetor de área fazendo um ângulo =0 com o campo
elétrico:

As linhas de campo são paralelas à área A. O FLUXO É MÁXIMO. O


mesmo ocorreria se o ângulo fosse de 360°.

ÂNGULO = 180º

ÂNGULO ENTRE O VETOR DE ÁREA E O CAMPO É IGUAL A 180°

Fonte [6]

Considere o vetor de área fazendo um ângulo =180° com o campo


elétrico:

As linhas de campo são antiparalelas à área A. O FLUXO É MÁXIMO


E NEGATIVO.

ÂNGULO = 90º

ÂNGULO ENTRE O VETOR DE ÁREA E O CAMPO É IGUAL A 90°

Fonte [7]

0
Considere o vetor de área fazendo um ângulo =90 com o campo
elétrico:

As linhas de campo são perpendiculares. NÃO HÁ FLUXO ATRAVÉS


DA ÁREA A.

ÂNGULO = 270º

ÂNGULO ENTRE O VETOR DE ÁREA E O CAMPO É IGUAL A 270°

76
Fonte [8]

Considere o vetor de área fazendo um ângulo =270° com o campo


elétrico:

Neste caso as linhas de campo também são perpendiculares, mas o


vetor área está orientado em sentido contrário ao caso de = 90°. Aqui
também não há fluxo através da área A.

Em todas as figuras acima o vetor de área foi representado pelo


vetor N. Você encontrará algumas vezes, esse tipo de notação.

FLUXO MÁXIMO

O fluxo de campo elétrico é máximo quando as linhas de campo


atravessam a área perpendicularmente.

Da mesma forma que as pessoas quando vão à praia e querem se


bronzear ficam voltadas para o sol (de frente ou de costas) para que a
radiação solar que atinge os seus corpos seja máxima, uma superfície que é
orientada completamente de frente para o campo elétrico (= 0 ou = 180°)
recebe o fluxo máximo.

Fonte [9]

Nem sempre o campo elétrico é uniforme. Em muitas situações o


campo elétrico varia de um ponto para outro e muitas vezes a área é parte
de uma superfície curva.

O FLUXO COMO UMA INTEGRAL DE SUPERFÍCIE

Nesses casos, nós dividimos a área total A em uma quantidade muito


grande de pequenas áreas infinitesimais dA. Teremos assim um número
igualmente grande de vetores de área infinitesimais . Essas áreas são tão
pequenas que podemos supor que os campos sejam uniformes nesta região
infinitesimal. Assim através de cada área infinitesimal teremos um fluxo
também infinitesimal d :

77
Fonte: Adaptado de
http://itaporangasp.com/usp/fisica3/notas_de_aula/img111.gif

O fluxo total será a soma de todos os fluxos infinitesimais. Esta soma,


você já aprendeu na MATEMÁTICA II é representada por uma integral.
(APROVEITE PARA FAZER UMA REVISÃO).

PARADA OBRIGATÓRIA
A forma mais geral de definir o fluxo de campo elétrico é:

DESAFIO
Retorne aos quatro casos particulares discutidos acima e mostre que
pode obtê-los da integral acima, como um caso particular para o campo
uniforme.

Nem sempre a superfície é aberta. Podemos ter as linhas de campo


elétrico através de superfícies fechadas.

Fonte: Adaptado de
http://www.aif.estt.ipt.pt/Ficheiros_PDF/FisicaII_EEC/Fichas/EM_CAP3.pdf

OLHANDO DE PERTO
O campo elétrico definido acima representa o fluxo através de
superfícies abertas. Mas também podemos representar o campo elétrico
através de superfícies fechadas:

Onde a integral significa que a superfície é fechada.

78
EXEMPLO RESOLVIDO
Determinando o fluxo de campo elétrico

Para aprender a determinar o fluxo de campo elétrico em várias


situações, nada melhor do que ver alguns exemplos resolvidos.

EXEMPLO 1: FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO ATRAVÉS DE UM DISCO

Um disco de raio R = 0,1 m é orientado de modo que o vetor de área


forme um ângulo de 300 com um campo elétrico uniforme cujo módulo é
igual a 2,0. 103 N/C.

a) Qual é o fluxo através do disco?

b) Qual é o fluxo através do disco se ele for girado e passar a ocupar


uma posição perpendicular ao vetor campo elétrico?

c) Qual é o fluxo através do disco quando sua normal é


perpendicular ao campo?

SOLUÇÃO

a) Usando a definição do fluxo:

O raio do disco é r=0,10m, então sua área é:

b) Se o disco for girado e passar a ocupar uma posição


perpendicular ao vetor campo elétrico, seu vetor de área estará paralelo
ao campo.

79
Nesta situação o fluxo é máximo.

c) Se a normal ao disco é perpendicular ao campo, significa que o


vetor de área é perpendicular ao campo elétrico.

EXEMPLO 2: FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO ATRAVÉS DE UM CILINDRO

A figura abaixo mostra um cilindro de raio R, colocado em uma


região de campo elétrico uniforme, paralelo ao seu eixo. Qual é o valor
do fluxo através dessa superfície fechada?

Fonte: Resnick, Halliday, Vol 3, 7a Edição

SOLUÇÃO

Agora temos uma superfície fechada. Vamos escrever o fluxo para


este caso:

A superfície inteira do cilindro pode ser pensada como a junção de


três superfícies:

• a superfície lateral representada pela letra b;

• a base esquerda do cilindro, representada pela letra a;

• a base direita do cilindro, representada pela letra c.

Assim a integral sobre a superfície fechada do cilindro pode ser


escrita como uma soma de três termos:

80
Observe a figura e veja que:

Na base esquerda (superfície a) o ângulo entre o vetor de área e o


campo é 180°.

Na base direita (superfície c) o ângulo entre o vetor de área e o


campo é 0°.

Na superfície lateral do cilindro (superfície b) o ângulo entre o vetor


de área e o campo é 90°.

Então o fluxo será:

O campo é uniforme, E é o mesmo em todas as integrais. Então:

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.geocities.ws/saladefisica8/eletrostatica/campo60.jpg
2. http://www.forumdaconstrucao.com.br/materias/imagens/00118_02.jp
g
3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
4. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
5. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig58.
gif
6. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig58.
gif
7. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig58.
gif
8. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig58.
gif
9. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/campo/fluxo_eletrico/
10. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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81
FÍSICA III
AULA 03: LEI DE GAUSS

TÓPICO 02: A LEI DE GAUSS

Na Aula 2 você viu que as linhas de força nos dão um modo de


descrever visualmente o campo elétrico. Nesta aula, você vai aprender
como expressar aquela descrição em uma formulação matemática que é a
Lei de Gauss.

OLHANDO DE PERTO
A lei de Gauss que relaciona o fluxo de campo elétrico através de uma
superfície fechada com a carga elétrica no interior da mesma, é uma das
Equações de Maxwell, as equações fundamentais do Eletromagnetismo.

Gauss foi um dos maiores matemáticos de todos os tempos e também


deu contribuições importantes para a Física.

JOHANN CARL FRIEDRICH GAUSS

Johann Carl Friedrich Gauss (Braunschweig, 30 de Abril de 1777 —


Göttingen, 23 de Fevereiro de 1855) foi um famoso matemático, astrônomo
e físico alemão. Gauss era muito pobre, nasceu em um casebre. Aprendeu a
ler e a somar sozinho. Aos sete anos entrou para a escola. Segundo uma
história famosa, seu professor pediu que os alunos somassem os números
inteiros de um a cem. Imediatamente o jovem Gauss, com 10 anos, deu a
resposta: 5050, encontrada através do raciocínio que demonstra a fórmula
da soma de uma progressão aritmética. Inventou aos dezoito anos o
método dos mínimos quadrados, que hoje é indispensável em pesquisas
geodésicas. Interessou-se pela Astronomia e pela Física. Fez investigações
sobre campos magnéticos e calculou a órbita do primeiro asteroide que foi
descoberto. Gauss é considerado o maior gênio da história da Matemática.
Seu QI foi estimado em cerca de 240.

Para saber mais sobre Gauss acesse:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Friedrich_Gauss [1]

FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO E LINHAS DE FORÇA

Você viu na Aula 2 que o campo elétrico pode ser representado por
linhas de força, ou linhas de campo e que essas linhas devem apresentar
certas características.

Uma delas é: O módulo do campo elétrico é proporcional à densidade


de linhas, isto é, o número de linhas por unidade de área.
82
Considere a figura abaixo:

Veja que o mesmo número de linhas atravessa as duas áreas e ,


mas como > as linhas de campo em estão mais espaçadas, isto
significa que a densidade de linhas é menor aí.

Se N linhas de campo atravessam perpendicularmente qualquer área


A, então o módulo de E é proporcional à densidade de linhas de campo,
isto é:

Onde é a área perpendicular ao campo elétrico.

Agora imagine que você tem uma carga puntiforme q está encerrada
dentro de uma superfície esférica de raio R. Veja as linhas de campo que
atravessam essa superfície. Como a superfície é esférica, todas as linhas de
campo são perpendiculares a ela.

O campo de uma carga puntiforme q a uma distância r você já calculou


na Aula 2 e pode ver que não é um campo uniforme. As linhas de campo
são radiais.

Agora o campo não é uniforme e a superfície é fechada. Então o fluxo


através da superfície, como já visto no tópico 1, é dado por:

Resnick, Halliday, Vol 3, 7ª Edição

83
Podemos interpretar o fluxo em termos das linhas de força. Vamos ver
como?

A superfície sendo esférica de raio r implica .

Por sua vez, campo de uma carga puntiforme q a uma distância r (você
já aprendeu isso na Aula 2) é:

Uma das propriedades das linhas de força é a proporcionalidade entre


o módulo do campo e a densidade de linhas:

O número de linhas é proporcional ao valor da carga, conforme já


tinha sido visto das propriedades das linhas de força.

Determinação do fluxo do campo elétrico de uma carga puntiforme


através de uma superfície esférica.

Resnick, Halliday, Vol 3, 7ª Edição

O módulo do campo elétrico E em qualquer ponto a uma distância r da


carga q é dado por

OLHANDO DE PERTO
Veja que qualquer ponto a uma distância r da carga está sobre a
superfície da esfera de raio r que está encerrando a carga q.

Observe também que embora o campo não seja uniforme, pois ele
depende de r, todos os pontos à distância r, estão submetidos ao mesmo
campo. Isso nos permite colocar o campo elétrico para fora da integral.

84
DÚVIDA
Se a carga fosse negativa? Como seria o fluxo?

DESAFIO
Repita o procedimento anterior para obter o fluxo no caso da carga
negativa.

OLHANDO DE PERTO
Quando a carga é positiva, as linhas de campo saem da superfície o
que implica no fluxo de campo elétrico positivo. Para cargas negativas o
fluxo é negativo. Você pode explicar por que?

O fluxo de campo elétrico não depende do raio da esfera. Não


depende nem mesmo da forma da superfície.

SE EM VEZ DE APENAS UMA CARGA (POSITIVA OU NEGATIVA) VOCÊ TIVER


UM SISTEMA DE CARGAS?
CARGAS DIFERENTES I

85
Fonte: Adaptado de
http://www.hgs.k12.va.us/Physics/PowerPoint_Slides/PHY-
chp15_files/slide0039_image095.jpg

A superfície fechada engloba duas cargas de módulos e sinais


diferentes.

A carga resultante, ou carga líquida, dentro da superfície é:

CARGAS DIFERENTES II

Fonte: Adaptado de
http://www.hgs.k12.va.us/Physics/PowerPoint_Slides/PHY-
chp15_files/slide0039_image095.jpg

A superfície fechada engloba duas cargas de valores e sinais diferentes,


tal que:

A carga resultante, ou carga líquida, dentro da superfície é

CARGAS DE MESMO MÓDULO E MESMO SINAL

86
Fonte (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

A superfície fechada engloba duas cargas iguais.

A carga resultante, ou carga líquida, dentro da superfície é:

CARGAS DE MESMO MÓDULO E SINAIS DIFERENTES

Fonte (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

A superfície fechada engloba duas cargas de módulos iguais, mas


sinais diferentes: Um dipolo.

A carga resultante, ou carga líquida, dentro da superfície é:

A Lei de Gauss se aplica a qualquer superfície fechada e fornece a


relação entre o fluxo e a carga total contida na superfície.

PARADA OBRIGATÓRIA

87
LEI DE GAUSS: O fluxo de campo elétrico total através de qualquer
superfície fechada é proporcional à soma algébrica das cargas (carga
líquida) no interior desta superfície.

Para o vácuo a permissividade elétrica é = 8,85 x 10-12 N m2/C2

OLHANDO DE PERTO
A superfície fechada que engloba as cargas é chamada SUPERFÍCIE
GAUSSIANA.

PARADA OBRIGATÓRIA
A lei de Gauss é válida para qualquer situação, com campo uniforme
ou variável, e para qualquer tipo de superfície Gaussiana.

O fluxo através de uma superfície fechada não depende da forma da


superfície, nem da localização da carga dentro dela.

Veja as duas figuras abaixo:

PARADA OBRIGATÓRIA
O fluxo é o mesmo nas duas situações, pois a carga é a mesma dentro
das superfícies gaussianas. Não importando nem a forma da superfície
gaussiana nem a localização das cargas dentro dela.

MULTIMÍDIA
Clique aqui [2] e você verá uma simulação que mostra que o fluxo
elétrico de uma carga puntiforme independe da forma da superfície
gaussiana.

OLHANDO DE PERTO
Não confunda o campo elétrico com o fluxo de campo elétrico!

CAMPO ELÉTRICO E FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO

• O campo elétrico é um vetor. O fluxo é um escalar.

88
O fluxo é definido por:

Se o campo for nulo, obviamente não haverá fluxo. Mas você pode
ter um fluxo nulo mesmo que o campo não seja nulo, basta que o
vetor campo elétrico e o vetor de área sejam perpendiculares.

• Da Lei de Gauss:

Se a carga líquida (carga total) encerrada na superfície gaussiana for


igual a zero, o fluxo também será zero, o que não significa que o
campo elétrico seja zero.

Veja a figura abaixo que mostra um dipolo elétrico.

Analise as persas situações:

Fonte: Adaptado de http://www.mspc.eng.br/elemag/img01/eletr207.gif

1. A superfície S1 envolve apenas a carga positiva +q.

Pela Lei de Gauss:

A carga encerrada na superfície gaussiana é positiva: as linhas de


campo saem da superfície S1, o fluxo é positivo.

2. A superfície S2 não envolve nenhuma carga.

Pela Lei de Gauss, se qliq.=0:

As linhas de campo que entram na superfície S2 são as mesmas que


saem, então o fluxo é nulo.

3. A superfície S3 envolve apenas a carga negativa – q.

89
Pela Lei de Gauss:

A carga encerrada na superfície gaussiana é negativa: as linhas de


campo entram na superfície S3, o fluxo é negativo.

4. A superfície S4 envolve o dipolo todo, isto é, a carga resultante


(carga líquida) dentro da superfície gaussiana S4 é nula.

Pela Lei de Gauss:

As linhas de campo que entram na superfície S4 são as mesmas que


saem, o fluxo é nulo.

ATENÇÃO: Em algumas regiões em torno de um dipolo, o fluxo de


campo elétrico é nulo, mas o campo elétrico é sempre diferente de zero.
Observe que há linhas de campo em todo lugar.

Volte à Aula 2 e faça uma revisão do campo elétrico e


linhas de campo.

E agora, para que você se exercite, vamos ver alguns exemplos


resolvidos sobre este assunto.

EXEMPLO RESOLVIDO 1
Qual é o fluxo de campo elétrico através da superfície fechada S
mostrada na figura abaixo?

=+2,5 x 10-6 C; = - 2,5 x 10-5 C; = 25 x 10-4 C

SOLUÇÃO

Pela Lei de Gauss o fluxo é dado por:

90
Veja que a carga q3 está fora da superfície gaussiana,
portanto ela não é levada em conta para o cálculo do fluxo.

EXEMPLO RESOLVIDO 2
Considere o dipolo elétrico mostrado na figura abaixo. Qual é o fluxo
de campo elétrico através da superfície pontilhada S?

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade_magnetismo/basico/cap03/fig52.gif

SOLUÇÃO

Pela Lei de Gauss temos

qtotal = + mas no dipolo, as cargas são iguais e de


sinais opostos, então qtotal= zero

Conclusão:

EXEMPLO RESOLVIDO 3
Uma carga elétrica puntiforme q= 40 statC é colocada no centro de
um cubo de aresta 5,5 cm. Determine o fluxo que atravessa toda a
superfície do cubo. O cubo está no vácuo.

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig79.gif

SOLUÇÃO

A superfície do cubo sendo uma superfície fechada, o fluxo


através dessa superfície pode ser calculado pela Lei de Gauss.

ATENÇÃO ÀS UNIDADES!
91
1 STATC ≈ 3.3356×10−10 C

Como no interior do cubo só existe uma carga, então:

DESAFIO
Prove que o resultado seria o mesmo se a carga q não estivesse
colocada no centro do cubo. Atenção ela ainda estando dentro do cubo.

DESAFIO
Imagine agora que a carga q está em dos vértices do cubo, como
mostrado na figura abaixo. Tente encontrar agora o fluxo através do cubo.

EXEMPLO RESOLVIDO 4
Uma rede de caçar borboletas está numa região onde existe um
campo elétrico uniforme, como ilustra a figura abaixo. A extremidade
aberta é limitada por um aro circular de raio a, perpendicular ao campo.
Calcule o fluxo de E através da rede.

Fonte: Resnick-Halliday, Física Vol. 3 - 7ª edição

SOLUÇÃO

Considere uma superfície gaussiana (superfície fechada) no


mesmo formato da rede.

Aplicando a Lei de Gauss:

Veja que não existe nenhuma carga no interior da superfície.

Agora imagine que podemos expressar a nossa superfície


gaussiana-rede de caçar borboletas como sendo formada de duas
partes: uma parte é a rede propriamente dita e a outra é a "tampa"
92
circular, ou seja, o aro de raio a. Então podemos escrever a
superfície assim:

Então o fluxo total, através da superfície gaussiana, que é


fechada, também pode ser escrito assim:

Então vamos calcular o fluxo através do aro.

O aro é circular e as linhas de campo elétrico o atravessam


perpendicularmente. Então, pela definição do fluxo:

Atenção: Deixe as borboletas em paz!

FONTES DAS IMAGENS


1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Friedrich_Gauss
2. http://www.unb.br/iq/kleber/EaD/Fisica-4/Aulas/Aula-2/aula-2.html
3. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

93
FÍSICA III
AULA 03: LEI DE GAUSS

TÓPICO 03: CARGAS E CAMPOS ELÉTRICOS NOS CONDUTORES

Um raio é uma descarga elétrica muito poderosa que ocorre entre as


nuvens ou entre as nuvens e o solo. O raio é, sem dúvida uma das mais
violentas manifestações da eletricidade na natureza.

Você sabia que o Brasil é o país com maior incidência de raios no


mundo?

Cerca de 100 milhões de raios por ano e que no ano 2000 mais de 100
pessoas morreram vítimas da descarga elétrica causada por um raio.

Somente no verão de 2001, houve a incidência de cerca de 15.000 raios


na cidade do Rio de Janeiro.

Os estados mais atingidos por raios são: Amazonas, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Minas Gerais, nesta ordem.

O QUE É O RAIO

Durante as tempestades, as nuvens ficam eletrizadas e as cargas da


parte mais baixa das nuvens induzem uma carga positiva na superfície da
Terra. Isso dá origem a um campo elétrico entre a nuvem e a Terra. O
campo elétrico é tão intenso que causa uma ionização no ar, ou seja, os
átomos do ar perdem elétrons. A região entre as nuvens e a terra funciona
como um condutor. Os elétrons das nuvens movimentam-se na direção do
solo e as cargas positivas do solo movimentam-se para cima em direção às
nuvens. É um circuito elétrico que é fechado, causando assim uma
descarga elétrica muito intensa o que provoca mais ionização no ar,
criando novos "caminhos" ionizados no ar.

OBSERVAÇÃO: Não confunda raio com relâmpago. O relâmpago é


apenas a claridade causada pelo raio. O raio é a descarga elétrica, o
relâmpago é o efeito luminoso do raio.

94
O raio aquece o ar, provocando uma expansão que se propaga em
forma de uma onda sonora, que é o trovão.

As pessoas que trabalham na zona rural, por estarem mais expostas,


estão mais sujeitas aos raios do que os moradores das cidades. São várias
as recomendações para as pessoas se protegerem dos raios, todas elas
explicadas pela Física, como você verá na próxima aula.

Para saber mais sobre raios você pode consultar estes sites:

Riscos dos Raios [2]

Fúria dos Céus [3]

Durante uma tempestade com raios uma boa maneira de se proteger é


ficar no interior de um carro que possua carcaça metálica. Se um raio atingir
o carro, você estará mais seguro dentro dele.

Fonte [4]

A proteção se deve ao fato da carroceria do carro ser feita de metal.

Agora você vai aprender por que isso acontece.

UM CONDUTOR EM EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO

Como você aprendeu em Física I, qualquer corpo está em equilíbrio se


não existem forças resultantes atuando sobre ele.

Aproveite para fazer uma revisão!

A situação de equilíbrio se estende também às cargas elétricas: Não há


força resultante sobre cargas elétricas em equilíbrio.

OLHANDO DE PERTO

95
Nos condutores metálicos os elétrons da parte mais externa dos
átomos estão ligados muito fracamente a eles e podem se mover
livremente. Diz-se que os condutores possuem elétrons livres.

Apesar de existirem elétrons livres nos metais, na ausência de um


campo elétrico externo esses elétrons praticamente não saem do lugar
ficando em movimento aleatório em torno de uma região.

PARADA OBRIGATÓRIA
O campo elétrico no interior de um condutor em equilíbrio
eletrostático é nulo.

CAMPO NO INTERIOR DE UM CONDUTOR ISOLADO

Você viu na Aula 1 que os condutores são materiais que permitem o


movimento de cargas elétricas através deles. Um exemplo de bons
condutores são os metais, eles têm elétrons livres.

Estudando a Aula 2, você também viu que na presença de um campo


elétrico, uma carga fica sujeita a uma força dada por:

Imagine que exista um campo elétrico no interior do condutor. Nesse


caso os elétrons livres ficariam sujeitos à ação de uma força, e como eles
são livres poderiam entrar em movimento, dando origem a uma corrente
elétrica, o que violaria a condição do equilíbrio eletrostático, já que por
definição, não existe um movimento efetivo de cargas em uma situação de
equilíbrio eletrostático. Lembre-se, a Eletrostática é o estudo das
cargas em repouso.

VERSÃO TEXTUAL
Se existir campos, existe uma força e força, você já sabe, não
combina com o estado de equilíbrio.

Temos que concluir que o campo elétrico em todos os pontos no


interior de um condutor em equilíbrio eletrostático de cargas é zero.

Se o condutor está carregado, aonde se localiza a sua carga?

PARADA OBRIGATÓRIA
A carga elétrica de um condutor carregado e isolado fica distribuída
apenas em sua superfície.

CARGA DE UM CONDUTOR ISOLADO

Se um corpo é neutro, a sua carga total é zero. Se um corpo está


carregado, é porque existe nele carga em excesso. Em um condutor

96
carregado e isolado, todo excesso de carga vai para a sua superfície. Vamos
utilizar a Lei de Gauss para mostrar isso.

A figura abaixo mostra um condutor com uma forma arbitrária. Vamos


desenhar uma superfície gaussiana dentro do condutor.

http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node31.html

Você acabou de ver que a condição de equilíbrio eletrostático obriga o


campo elétrico em toda parte de dentro de um condutor a ser igual a zero.

Da lei de Gauss, você está aprendendo que

A forma da superfície gaussiana é completamente arbitrária e pode


ser traçada tão próxima da superfície interna do condutor quanto
desejarmos.

Pontos a considerar:

• A superfície gaussiana, que é arbitrária, pode estar tão próxima à


superfície interna do condutor que pode até ser imaginada como estando
colada à superfície interna, real do condutor;

• Não pode haver nenhuma carga líquida (carga resultante) dentro da


superfície gaussiana;

Conclusão:

Se o condutor está carregado e a carga não pode estar dentro


dele, o único lugar aonde essa carga pode estar é na
SUPERFÍCIE DO CONDUTOR.

OLHANDO DE PERTO
A lei de Gauss nos diz que excesso de carga de um condutor tem de
estar na sua superfície, mas ela não diz como esse excesso de carga é
distribuído na superfície. Isso você vai aprender na próxima aula.

97
Como você acabou de ver, um condutor carregado em equilíbrio
eletrostático, tem campo elétrico nulo no seu interior e o excesso de cargas
localiza-se na sua superfície. Essas cargas produzem um campo elétrico.

No Tópico 4 você vai aprender como usar a Lei de Gauss para


determinar o campo elétrico.

Por enquanto você aprenderá qual é a direção do vetor campo elétrico


na superfície de um condutor.

CAMPO ELÉTRICO NA SUPERFÍCIE DE UM CONDUTOR CARREGADO

Vamos considerar a hipótese que em um ponto qualquer da superfície


do condutor, o vetor campo elétrico pode ter qualquer direção, como está
mostrado no ponto A na figura abaixo.

Fonte [6]

No ponto A o vetor campo elétrico pode ser decomposto em suas


componentes: uma na direção perpendicular, que forma um ângulo de 900
com a superfície e a outra na direção tangente à superfície.

Lembrando mais uma vez aquela história dos elétrons livres, você
pode concluir que se existir essa componente tangente à superfície do
condutor, haverá uma força sobre os elétrons, forçando-os a um
deslocamento sobre a superfície do condutor que pelo nosso estudo deve
estar em equilíbrio de cargas, isto é, cargas não se movem em um condutor
em equilíbrio eletrostático.

A única saída para o problema é a não existência dessa componente


tangencial, o que significa que o campo elétrico na superfície do condutor
carregado está na direção perpendicular à superfície.

VERSÃO TEXTUAL

Não importa a forma do condutor, o vetor campo elétrico é


sempre perpendicular à sua superfície.

OLHANDO DE PERTO
O campo elétrico na direção perpendicular à superfície do condutor,
em geral, não provoca movimento de cargas porque o condutor está
envolvido pelo ar que é um isolante.

Vamos voltar à situação do automóvel na tempestade.

98
Agora você está pronto para responder à pergunta: Por que o interior do
carro é um lugar seguro durante uma tempestade com raios?

A carcaça do carro é de metal, portanto um condutor, então se um raio


atinge o carro todas as cargas ficarão na superfície. Nenhum campo elétrico
poderá existir no interior da parte metálica, as linhas do campo elétrico
"param" na superfície. Tudo o que está no interior do carro fica protegido da
descarga elétrica do raio. Esse fenômeno é chamado de Blindagem
eletrostática.

BLINDAGEM ELETROSTÁTICA

Imagine que seja feita uma cavidade no condutor, isto é, ele seja oco,
ou imagine que o objeto é uma caixa metálica.

Um carro é uma "caixa" metálica.

Quando um condutor é eletrizado, as cargas elétricas tendem


rapidamente a se localizar em sua superfície externa, distribuindo-se de
modo a tornar nulo o campo elétrico em todos os pontos do interior do
condutor. Assim uma cavidade no interior de um condutor é uma região
que não é atingida por efeitos elétricos produzidos do lado externo. Diz-se
que o interior do condutor está blindado eletrostaticamente.

PARADA OBRIGATÓRIA
O campo elétrico jamais penetra em uma região completamente
envolvida por um condutor.

GAIOLA DE FARADAY
A gaiola de Faraday é um aparelho que mostra, na prática, que as cargas
de um condutor carregado realmente situam-se apenas na sua superfície
externa.

GAIOLA DE FARADAY

99
A gaiola de Faraday foi construída a primeira vez, por Michael Faraday
[9] que realizou inúmeras experiências para comprovar que o interior dos
condutores ocos é protegido pela blindagem eletrostática.

Ele construiu uma grande caixa cúbica revestida com metal e montada
sobre suportes isolantes, eletrizando-a com um potente gerador
eletrostático.

Usemos suas próprias palavras.

"Eu entrei no cubo e vivi dentro dele, usando velas acesas,


eletrômetros e todos os aparelhos para testar a existência de estados
eletrizados, não encontrando o menor caso de influência sobre eles...
ainda que a parte externa do cubo estivesse fortemente carregada e que
grandes faíscas saíssem de todas as partes de sua superfície externa."

Fonte: Física 3- Resnick-Halliday, 4ª edição (1984)

O que acontece quando um corpo carregado entra em contato com o


interior de um condutor oco?

DESAFIO
Tente você mesmo esse teste simples:

Experimente eletrizar uma pequena esfera metálica e introduza-a,


pendurada por um fio, no interior de uma lata, também de metal. Toque o
interior da lata com a esfera e notará que ao ser retirada, a esfera estará
totalmente descarregada.

Você sabe por que?

A explicação para o desafio acima pode ser dada através de um exemplo.

EXEMPLO
Um condutor descarregado tem um orifício dentro do qual se
encontra uma pequena esfera carregada com carga + q sem contato com as
paredes do condutor. Mostre que isso induz uma carga – q na superfície
interna do condutor (as paredes do orifício) e uma carga + q na superfície
externa.

Como já discutido antes, o campo no interior do condutor é zero. Isso


significa que o fluxo através da superfície gaussiana pontilhada é zero.

100
Usando a Lei de Gauss:

Vemos que existe uma carga +q no interior da cavidade. Se a superfície


gaussiana (pontilhada) encerra uma carga total líquida igual a zero, então

OLHANDO DE PERTO
Uma vez que no interior de um condutor isolado não podem existir
cargas, o único lugar aonde essa carga – q pode estar é na superfície
interna da cavidade.

A introdução de uma carga no interior da cavidade, fez surgir uma carga


igual e de sinal contrário na parede interna da cavidade.

Se você deixar que a pequena esfera toque a superfície interna da


cavidade, elas irão se descarregar já que têm cargas iguais e de sinais
contrários.

DETERMINANDO A CARGA NA SUPERFÍCIE EXTERNA DO CONDUTOR

Vamos usar a lei da conservação de cargas:

Como o condutor estava inicialmente neutro, sua carga inicial era


zero:

Você aprendeu na Aula 1 que a carga se conserva, (faça uma revisão),


então:

A superfície interna do condutor está agora carregada com uma


carga – q, para que a carga total do condutor permaneça igual a zero, sua
superfície externa deverá adquirir uma carga + q.

OLHANDO DE PERTO

101
Benjamin Franklin [10], o inventor do para-raios, parece ter sido o
primeiro a observar que não existem cargas dentro de um recipiente
metálico isolado.

VEJA O QUE ELE ESCREVEU A UM AMIGO EM 1755

"Eletrizei um caneco de prata e introduzi no seu interior uma esfera


de cortiça, de diâmetro aproximadamente igual a uma polegada,
pendurada na extremidade de um fio de seda até que ela tocasse o fundo.
A esfera não foi atraída pelo caneco (como seria o caso se ela estivesse do
lado de fora) e, ainda que ela tenha tocado o fundo, não ficou eletrizada
por esse contato, o que teria acontecido no caso dela tocar o seu exterior.
O fato é singular. Você pede uma explicação e eu não a conheço..."

Fonte: Resnick, Halliday, Física 3. Vol. 3. 4ª edição

DESAFIO
Tente você mesmo.

Experimente testar a lei de Gauss, fazendo esta experiência simples.

Blindagem eletrostática – um rádio dentro de um recipiente


metálico.

Coloque um pequeno rádio, ligado dentro de um recipiente metálico.


O que acontece?

Coloque um pequeno rádio, ligado dentro de um recipiente de


plástico. O que acontece?

Fonte: Adaptado de
http://www.feiradeciencias.com.br/sala20/image20/5B2035.gif

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/raios.htm
3. http://www.silverioortiz.kit.net/blog/furia_dos_ceus.htm
4. http://www.bonde.com.br/folha/imgsistema/2006/05/img_foto1819.J
PG
5. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
6. http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/fisica/imagens/campo-
eletrico-7.jpg
7. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
8. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
9. http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Faraday/Faraday3.htm
10. http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin

102
FÍSICA III
AULA 03: LEI DE GAUSS

TÓPICO 04: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DA LEI DE GAUSS

A lei de Gauss pode facilitar muito a tarefa de determinar o campo


elétrico.

Neste tópico você vai aprender como calcular o campo elétrico de


várias distribuições de carga usando a Lei de Gauss.

PARADA OBRIGATÓRIA
A lei de Gauss é válida para qualquer situação, qualquer campo
elétrico e para qualquer tipo de superfície Gaussiana.

OLHANDO DE PERTO
A Lei de Gauss é válida para qualquer distribuição, isto é, você pode
sempre calcular o fluxo elétrico, mas o cálculo do campo elétrico através
da Lei de Gauss só é possível em certas situações especiais.

Quais são as situações especiais em que o cálculo do campo elétrico pode


ser feito usando a Lei de Gauss?

OLHANDO DE PERTO
Uma situação especial ocorre quando a distribuição de cargas
apresenta alta simetria. Nessas situações o cálculo da integral torna-se
muito fácil, pois a orientação dos vetores de área e do campo elétrico serão
paralelos ou perpendiculares em cada ponto da superfície gaussiana. Além
disso, a simetria permite a escolha de uma superfície gaussiana de tal
modo que o campo elétrico tenha o mesmo valor em todos os pontos sobre
a superfície.

Você verá agora como determinar o campo elétrico nessas situações


especiais usando a lei de Gauss.

EXEMPLO 1
Como primeiro exemplo de aplicação da Lei de Gauss, vamos
determinar o campo elétrico de uma esfera condutora de raio R carregada
com uma carga + Q.

CAMPO ELÉTRICO DE UMA ESFERA CONDUTORA DE RAIO R

Você já viu que um condutor carregado não tem cargas no seu interior.
Todas as cargas estão sobre a sua superfície.

Vamos escolher uma superfície gaussiana esférica de raio r envolvendo


toda a esfera carregada.

103
Você se lembra da definição do vetor de área? Ele é sempre
perpendicular à superfície.

Observe na figura acima que o vetor de área aponta na direção radial,


já que a superfície gaussiana escolhida é esférica.

Você viu no tópico 3 desta aula, que o campo elétrico é sempre


perpendicular à superfície de um condutor.

Esta é uma situação em que o campo elétrico e o vetor de


área são paralelos.

Usando a Lei de Gauss:

A carga líquida (ou total) é a carga encerrada na superfície gaussiana,


no caso:

ATENÇÃO:

Esta não é uma situação de campo uniforme.

Veja que embora o campo elétrico não seja uniforme, o fato de termos
uma superfície gaussiana esférica nos permite concluir que o campo
elétrico tem o mesmo valor em cada ponto sobre a superfície escolhida.
Assim, a integral acima assumirá uma forma muito simples:

A equação acima representa o campo elétrico de uma esfera condutora


carregada, em um ponto qualquer fora da esfera (r > R).

Vamos parar um pouco e considerar algumas questões


importantes:

1. Você deve ter em mente que o campo não é uniforme neste caso.
Veja o resultado acima: o campo varia com 1/r2.

104
2. O campo E foi retirado de dentro da integral não por que ele é
uniforme (ele não é uniforme), mas devido à simetria da situação
(simetria esférica) que nos permite afirmar que o campo elétrico em
TODOS os pontos sobre a superfície gaussiana tem o mesmo valor.

3. Se você escolhesse uma superfície gaussiana com outro raio, por


exemplo , os valores do campo elétrico sobre essa outra superfície, seriam
outros, mas sobre ela todos seriam iguais.

Compare com uma carga puntiforme e veja que a configuração das


linhas de campo é a mesma para os dois casos. Imagine que você esta
muito longe da esfera carregada, tão distante que não tem como saber se
aquele objeto carregado, cujo campo você está medindo é um corpo
esférico ou se é apenas uma carga puntiforme.

O campo da esfera carregada com uma carga Q é o mesmo de uma


carga Q a uma distância r.

Em um ponto distante o campo elétrico de uma esfera


carregada parece vir de uma carga puntiforme.

Pode-se dizer então que o campo de uma esfera carregada é o mesmo


como se toda a sua carga pudesse ser concentrada em um ponto no seu
centro.

Em qualquer ponto, a uma distância r de uma esfera carregada, o campo


elétrico, como função de r, é dado por:

Na superfície da esfera, temos r = R, então na superfície o campo ES é


dado por:

No interior da esfera, o campo é nulo, pois como vimos, no interior de


um condutor em equilíbrio eletrostático não pode existir campo elétrico.

Podemos representar esse campo em um gráfico:

105
EXEMPLO 2
Agora vamos determinar o campo de uma esfera carregada em que a
carga se distribui por todo o seu volume. É claro que esta não pode ser
uma esfera condutora. Você sabe responder por que?

CAMPO ELÉTRICO DE UMA ESFERA NÃO CONDUTORA UNIFORMEMENTE CARREGADA

Se a carga está distribuída pelo volume da esfera, podemos usar o


conceito de densidade de cargas:

I – Campo no interior da esfera (r < R)

Para determinar o campo no interior da esfera, a superfície gaussiana


é traçada no interior da esfera.

A superfície gaussiana é a esfera de raio r < R, que encerra a região


azul na figura abaixo:

A escolha de uma superfície gaussiana esférica, mais uma vez facilita


os cálculos pois o vetor de área aponta na direção radial, ou seja, é paralelo
ao campo elétrico.

Usando a Lei de Gauss:

A carga líquida (ou total) é a carga encerrada na superfície gaussiana,


no caso:

106
Vamos determinar a carga líquida q,:

Se a carga é distribuída uniformemente, a densidade de carga é


constante, então:

Onde

é o volume total da esfera de raio R.

é o volume apenas da esfera gaussiana de raio r.

Substituindo q' na expressão da Lei de Gauss:

Novamente o fato de termos uma superfície gaussiana


esférica nos permite concluir que o campo elétrico tem o mesmo
valor em cada ponto sobre a superfície escolhida, permitindo
que se retire o campo elétrico de dentro da integral.

é a área da superfície gaussiana (uma esfera de raio r)

Este é o campo em qualquer ponto no interior da esfera


carregada, isto é, em qualquer ponto em que r < R.

II – Quando r = R temos o campo na superfície:

III – Campo no exterior da esfera (r > R)

107
Esta é situação absolutamente idêntica à situação anterior
quando você estudou o campo elétrico de uma esfera condutora:
o vetor campo elétrico e o vetor de área são paralelos.

Usando a Lei de Gauss:

A carga líquida (ou total) é a carga encerrada na superfície gaussiana,


que no caso é a carga total da esfera.

Mais uma vez, atenção:

Esta não é uma situação de campo uniforme.

Mais uma vez, o fato de termos uma superfície gaussiana esférica nos
permite concluir que o campo elétrico tem o mesmo valor em cada ponto
sobre a superfície escolhida. Assim, a integral acima assumirá a forma mais
simples possível para uma integral:

A equação acima representa o campo elétrico de uma esfera condutora


carregada, em um ponto qualquer fora da esfera (r > R).

Em qualquer ponto, a uma distância r de uma esfera uniformemente


carregada, o campo elétrico, como função de r, é dado por:

Na superfície da esfera, temos r = R, então na superfície o campo ES é


dado por:

No interior da esfera (r < R), o campo é dado por

Podemos representar esse campo em um gráfico:

108
Fonte: Resnick, Halliday, Walker, Vol.3

OLHANDO DE PERTO
Compare o gráfico acima com o gráfico do campo da esfera
condutora: Veja a diferença entre os campos no interior da esfera em
cada um dos casos.

Veja também que na região externa não há diferença entre o campo


de uma esfera condutora ou isolante.

DESAFIO
Tente você mesmo!

Procure justificar as afirmativas feitas acima acerca dos gráficos dos


campos elétricos das duas esferas: condutora e isolante.

EXEMPLO 3
Campo elétrico de um plano de cargas

Agora vamos determinar o campo elétrico de uma placa não


condutora, plana e infinita com uma densidade superficial de cargas
constante.

QUAL É O CAMPO ELÉTRICO A UMA DISTÂNCIA R DO FIO?

Aqui você vai aprender a usar a densidade de carga linear.

Você lembra o que é isso?

O fio que consideramos é muito comprido, tão comprido que vamos


considerar seu comprimento como se fosse infinito.

É claro que em um fio assim tão comprido a dimensão mais evidente é


o seu comprimento. Dizemos então que a carga está distribuída ao longo do
comprimento do fio.

A densidade linear de carga é dada por:

Vamos tomar como superfície gaussiana um cilindro de raio r e altura


h, fechado nos extremos por duas bases planas e perpendiculares ao fio.

Fonte: Resnick, Halliday, Walker Vol 3, 7ª ed.

109
Vamos usar a lei de Gauss?

Temos duas questões a considerar:

• Qual é a carga líquida?

• Qual é o vetor de área?

A carga líquida é apenas a carga que está encerrada na superfície


gaussiana.

Vamos usar a densidade de carga, considerando que se trata de


densidade uniforme, portanto é constante. Então:

O vetor de área, por definição, é sempre perpendicular à superfície e


aponta para fora dela.

A superfície gaussiana cilíndrica, pode ser pensada como a soma de


três superfícies:

As linhas de campo de um fio carregado são radiais e apontam para


fora, se as cargas forem positivas, como neste caso.

Assim a lei de Gauss pode ser escrita assim:

Novamente estamos lidando com uma situação em que a simetria


permite que o campo elétrico, que não é uniforme, seja colocado fora
da integral. Em todos os pontos sobre a superfície cilíndrica lateral o
campo elétrico tem o mesmo módulo.

110
O vetor E aponta na direção radial, para fora.

Refaça os cálculos anteriores considerando o fio carregado com uma


carga negativa.

EXEMPLO 4
Campo de uma carga distribuída ao longo de um fio retilíneo. Uma
carga elétrica q é distribuída uniformemente ao longo de um fio retilíneo
muito comprido.

DETERMINANDO O CAMPO ELÉTRICO A UMA DISTÂNCIA R DO PLANO

Fonte: Resnick, Halliday, Walker, Vol. 3 - 7ª Edição

Uma superfície gaussiana adequada para este caso é um cilindro que


atravessa a placa de um lado para outro.

A gaussiana cilíndrica tem bases iguais a A e altura igual a 2r, como


mostrado nas figuras acima.

Na figura (b) você vê claramente que o campo elétrico é uniforme


e suas linhas regularmente espaçadas, são perpendiculares à placa
carregada.

Com a gaussiana escolhida, você também pode ver que não há fluxo
através da superfície lateral do cilindro, ou seja, só há fluxo através das
bases do cilindro gaussiano.

Usando a lei de Gauss:

111
Vamos agora descobrir qual é a carga líquida.

A carga da placa está uniformemente distribuída por toda a sua


superfície, então vamos usar o conceito de densidade superficial de carga:

A carga líquida encerrada na superfície gaussiana é apenas a porção de


carga dentro da região marcada na figura (b)

Neste caso em que o campo elétrico é uniforme, a aplicação da Lei de


Gauss resulta em:

EXEMPLO 5
Campo elétrico de um condutor carregado

Considere um condutor de forma arbitrária, carregado com uma


densidade de carga superficial . Qual é o campo elétrico em um ponto
situado a uma pequena distância acima de sua superfície?

DETERMINANDO O CAMPO ELÉTRICO

Como você já viu a direção do campo elétrico nas proximidades do


condutor em equilíbrio eletrostático é sempre perpendicular a sua
superfície. Se o campo não fosse perpendicular, haveria uma componente
tangente à superfície que agindo sobre os elétrons livres do condutor
(metálico) daria origem a um deslocamento de cargas, que não poderia
ocorrer devido à condição de equilíbrio eletrostático.

A superfície gaussiana (fechada) é um pequeno cilindro, com área da


base igual a A.

112
Assim o fluxo do campo elétrico produzido pela distribuição de carga
de na superfície do condutor compõe-se de três termos.

- Fluxo através da superfície lateral. Aqui o campo E é perpendicular


ao vetor dA.

- Fluxo através da base inferior. Não se esqueça que E=0 no interior


do condutor, portanto o fluxo através desta superfície é zero.

- Fluxo através da base superior. Aqui o vetor campo e o vetor


superfície são paralelos.

Aplicando a Lei de Gauss:

O campo elétrico é nulo em qualquer ponto dentro do condutor,


portanto o fluxo através da base inferior do cilindro gaussiano é zero:

O fluxo do campo elétrico através da superfície lateral também é igual


a zero pois o campo e o vetor de área lateral, são perpendiculares:

A única contribuição para o fluxo de campo elétrico é através da base


que está do lado de fora do condutor:

O condutor tem uma forma qualquer, mas a única superfície através


da qual o fluxo não é nulo é tão pequena que o campo elétrico aí pode ser
considerado uniforme.

A superfície gaussiana cilíndrica corta a superfície do condutor


delimitando uma área A, que contém a carga líquida qliquida= .A.

Este é o campo elétrico nas proximidades de um condutor. A


densidade superficial de carga é uma densidade local.

O condutor tendo uma forma arbitrária, a densidade de cargas não é


uniforme.

Existem pontos em que a densidade sendo maior, resulta em um


campo maior.

PARADA OBRIGATÓRIA

113
Sempre é possível usar a Lei de Gauss para determinar o fluxo, pois o
fluxo não depende da forma da superfície.

O emprego da Lei de Gauss para determinar o campo elétrico é


limitado a situações que apresentem uma certa simetria.

ORIENTAÇÕES PARA DETERMINAR O CAMPO ELÉTRICO USANDO A LEI DE GAUSS

IDENTIFICAR A SIMETRIA

A partir da simetria da distribuição de carga, determinar a


direção do campo elétrico.

ESCOLHER UMA SUPERFÍCIE FECHADA APROPRIADA PARA CALCULAR O


FLUXO

A escolha da superfície gaussiana, que é sempre uma superfície


fechada, é fundamental para se determinar o campo elétrico. A
superfície deve permitir a retirada do campo elétrico de dentro da
integral. Isso só será possível se você tiver a garantia que o campo
elétrico tem o mesmo módulo em todos os pontos da superfície
gaussiana escolhida.

DETERMINAR A CARGA QUE HÁ NO INTERIOR DA SUPERFÍCIE FECHADA

A carga líquida no interior da gaussiana é determinada pelo


tipo de distribuição.

OLHANDO DE PERTO
O uso da Lei de Gauss torna a tarefa de se calcular o campo elétrico
muito mais fácil, uma vez que elimina os cálculos trabalhosos que
podemos encontrar pelo método direto discutido na Aula 2.

Você pode estar se perguntando: por que tanta preocupação com o


cálculo de campos elétricos? Campo elétrico é uma coisa tão importante
assim?

Uma das inúmeras respostas que esta sua pergunta pode ter, pode ser
dada nesta curiosidade:

VOCÊ SABIA QUE OS TUBARÕES TÊM A CAPACIDADE DE DETECTAR CAMPOS


ELÉTRICOS?

Nos anos 60 foi descoberto que os tubarões possuem a capacidade de


detectar campos elétricos muito fracos. Eles conseguem detectar o campo
elétrico produzido pelos músculos de vários peixes a alguns metros de
distância. Mesmo que o peixe esteja escondido sob a areia, o tubarão
consegue encontrá-lo. Eles podem sentir um campo elétrico até 20.000
vezes menores que 1 volt/m, equivalente ao da batida do coração de um
peixe.

114
Fonte [1]

Os tubarões possuem sensores de campo elétrico localizados perto de


sua boca. Com esse conhecimento foi possível fabricar aparelhos que
repelem o tubarão. Os aparelhos geram um campo elétrico pulsante que
irrita os sensores do tubarão fazendo com que ele se afaste.

Fonte: Física 3, Fernando Cabral e Alexandre Lago, Editora Harbra, 2004

Para saber mais sobre tubarões acesse este site: Tubarão Branco [2]

FÓRUM
Com o que você aprendeu até agora sobre a Lei de Gauss, interprete
esta lei, detalhadamente, com suas próprias palavras.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://imagens.kboing.com.br/papeldeparede/6183tubarao.jpg
2. http://educar.sc.usp.br/licenciatura/98/deyves.html
3. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

115
FÍSICA III
AULA 03: LEI DE GAUSS

TÓPICO 05: A LEI DE GAUSS E A LEI DE COULOMB

Na Aula 1, quando você começou seus estudos de Eletricidade, você


aprendeu a Lei de Coulomb.

Agora você está aprendendo a Lei de Gauss.

Existe alguma relação entre essas duas leis tão importantes no


Eletromagnetismo?

Neste tópico você verá qual é a relação entre as duas leis.

Aproveite e faça uma boa revisão dos conteúdos da Aula 1.

Vamos mostrar a relação entre as Leis de Coulomb e de Gauss


determinando o campo elétrico de uma carga puntiforme q.

OLHANDO DE PERTO
A lei de Gauss é absolutamente verdadeira para qualquer superfície, a
forma mais simples de determinar o campo elétrico da carga puntiforme é
escolhendo uma superfície gaussiana esférica centrada na carga.

OLHANDO DE PERTO
A vantagem da escolha da superfície gaussiana está no fato de
podermos trabalhar com a simetria a nosso favor. No caso da gaussiana
esférica, com a carga no seu centro, nos permite colocar o campo elétrico
para fora da integral, uma vez que ele terá o mesmo módulo em TODOS os
pontos sobre a superfície gaussiana.

DESAFIO
Se a carga não estiver no centro da superfície, você ainda poderá
calcular o campo usando a Lei de Gauss?

E o fluxo, você poderá calcular?

116
Na figura (a) você vê a carga puntiforme no centro de uma esfera oca,
metálica e no centro de uma superfície gaussiana esférica. Note as linhas de
campo na superfície interna da casca, elas estão distribuídas de uma forma
regular, na direção radial.

Na figura (b), a carga está deslocada do centro da esfera e também da


superfície gaussiana. Veja agora as linhas de campo. Elas não estão
distribuídas regularmente como antes. Você não pode mais dizer que o
módulo do campo elétrico é o mesmo em todos os pontos na
superfície interna da casca.

CAMPO DE UMA CARGA PUNTIFORME

Considere uma carga puntiforme –q. Qual é o campo produzido por essa
carga em um ponto a uma distância r?

Vamos seguir os procedimentos para utilizar a lei de Gauss


adequadamente:

1- Escolher uma superfície adequada: queremos o campo em um ponto r,


então escolhemos uma superfície gaussiana esférica de raio exatamente
igual a r;

2- Observar as orientações dos vetores campo elétrico e de área: No


problema em questão, a carga é negativa, o que implica em linhas de
campo apontando para a carga. O vetor de área, por definição, aponta
sempre para fora da superfície. Concluímos que, neste caso, os vetores E
e dA são antiparalelos.

3- Determinar a carga líquida encerrada na superfície gaussiana: No caso,


a carga líquida é a própria carga – q.

Usando a lei de Gauss:

Como o campo elétrico tem o mesmo valor em todos os pontos da


superfície gaussiana, podemos retirá-lo para fora da integral:

117
A gaussiana é esférica, então Agaussiana = 4 r2. Então:

Obtivemos o campo elétrico de uma carga puntiforme em um ponto


qualquer a uma distância r da carga.

Imagine que exatamente em um ponto a uma distância r da carga


puntiforme – q, você coloque uma carga de prova q0.

Na Aula 2, você viu que na presença de um campo elétrico, uma carga


fica sujeita a uma força dada por:

O módulo da força sobre a carga de prova (positiva) é dado por:

O vetor força é na mesma direção e sentido do campo elétrico.

O módulo do campo elétrico, como você acabou de ver é:

; substituindo na equação acima para a força elétrica, teremos:

Esta equação é exatamente a Lei de


Coulomb.

OLHANDO DE PERTO
A Lei de Gauss é mais fundamental do que a Lei de Coulomb. A Lei de
Coulomb pode ser obtida a partir da Lei de Gauss.

A Lei de Gauss faz parte do conjunto das Equações de Maxwell que


são, por sua vez, os pilares fundamentais do Eletromagnetismo.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

118
FÍSICA III
AULA 03: LEI DE GAUSS

TÓPICO 06: APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS NO COTIDIANO

Todos os tópicos desta aula foram trabalhados com um único objetivo:


que você aprenda a Lei de Gauss. Que saiba aproveitar a elegância desta lei
para calcular o campo elétrico com um mínimo de esforço matemático.
Entretanto você pode estar se questionando, pra que serve, na vida prática,
uma fórmula matemática? O que é que eu vou fazer na minha vida com
uma integral, uma superfície gaussiana?

A grande questão é: isso serve para alguma coisa?

Pois é exatamente isso o que eu quero lhe mostrar agora: a utilidade


da Lei de Gauss.

Antes de ver as aplicações no cotidiano, vale a pena rever alguns pontos


importantes decorrentes da aplicação da Lei de Gauss.

No tópico 3, você aprendeu que a carga elétrica de um condutor


carregado e isolado fica distribuída apenas em sua superfície e que o campo
elétrico na superfície de um condutor isolado é necessariamente
perpendicular à superfície do condutor, qualquer que seja a sua forma.

Qual é a ligação deste fato com a Lei de Gauss? Você se


lembra?

Vamos relembrar. Que tal uma pequena revisão?

CARGA DE UM CONDUTOR ISOLADO

Se um corpo é neutro, a sua carga total é zero. Se um corpo está


carregado, é porque existe nele carga em excesso. Em um condutor
carregado e isolado, todo excesso de carga vai para a sua superfície. Vamos
utilizar a Lei de Gauss para mostrar isso, mais uma vez.

A figura abaixo mostra um condutor com uma forma arbitrária. Vamos


desenhar uma superfície gaussiana dentro do condutor.

Você já viu que a condição de equilíbrio eletrostático obriga o campo


elétrico em toda parte de dentro de um condutor ser igual a zero.

Da lei de Gauss, você está aprendendo que

119
A forma da superfície gaussiana é completamente arbitrária e pode
ser traçada tão próxima da superfície interna do condutor quanto
desejarmos.

Pontos a considerar:

• A superfície gaussiana, que é arbitrária, pode estar tão próxima à


superfície interna do condutor que pode até ser imaginada como estando
colada à superfície interna, real do condutor;

• Não pode haver nenhuma carga líquida (carga resultante) dentro da


superfície gaussiana;

Conclusão:

Se o condutor está carregado e a carga não pode estar dentro


dele, o único lugar aonde essa carga pode estar é na
SUPERFÍCIE DO CONDUTOR.

PARADA OBRIGATÓRIA
A lei de Gauss nos diz que excesso de carga de um condutor está
distribuído na sua superfície.

Se toda a carga de um condutor carregado só pode estar na


sua superfície, que vantagens isso pode nos trazer?

OLHANDO DE PERTO
Em um condutor eletrizado, as cargas elétricas localizam-se em sua
superfície externa, distribuindo-se de modo a tornar nulo o campo elétrico
em todos os pontos do interior do condutor. Assim uma cavidade no
interior de um condutor é uma região que não é atingida por efeitos
elétricos produzidos externamente. Diz-se que o interior do condutor
está blindado eletrostaticamente.

A blindagem eletrostática é muito utilizada para a proteção de aparelhos


elétricos e eletrônicos contra efeitos externos perturbadores.

Os aparelhos de medidas sensíveis são acondicionados em caixas


metálicas, para que as medidas não sofram influências externas. As
estruturas metálicas de um avião, de um automóvel e de um prédio
constituem blindagens eletrostáticas.

APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS NO COTIDIANO


Nosso país é um dos que mais sofrem com a incidência de Descargas
Elétricas Atmosféricas (raios). Aproximadamente 100 milhões de

120
ocorrências por ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE).

A descarga elétrica de um raio pode chegar a mais de 10.000 Ampères


(A) e a milhões de Volts (V) com duração de menos de um segundo. A sua
ação e efeito causam diversos prejuízos. Um raio pode causar incêndios em
florestas, campos e prédios; destruição de estruturas e árvores; colapso na
rede de energia elétrica, interferência na rádio transmissão; acidentes na
aviação; acidentes nas embarcações marítimas; acidentes nas torres de poços
de petróleo; acidentes nas plataformas marítimas de petróleo; isso sem falar
nas mortes de seres humanos e animais.

Fonte [1]

DANOS CAUSADOS POR DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A descarga direta, aquela que cai diretamente sobre uma pessoa, mata
instantaneamente, porém é bastante rara. A descarga indireta é mais
frequente e pode provocar sequelas graves e até mesmo a morte.

Mas não são apenas os seres vivos os atingidos pelos efeitos de um


raio.

Atualmente, com a sofisticação e proliferação acelerada de


equipamentos eletrônicos, os raios têm sido uma preocupação constante.
Em regiões onde a incidência de raios é muito alta, são frequentes os
problemas ocasionados em sistemas de computação, transmissão de dados,
equipamentos cirúrgicos, telefônicos, etc. Geralmente os raios provocam
sobrecargas que podem até inutilizar os equipamentos.

Indústrias que trabalham com materiais combustíveis ou explosivos


precisam ter mais cuidado com a proteção, pois os danos provocados pelos
raios, nesse caso, podem levar a incêndios e/ou explosões gravíssimos.

Edifícios residenciais, comerciais, públicos, de convenções, hospitais,


hotéis e outros semelhantes localizados em regiões abertas e com alta
incidência de raios devem contar com um sistema de proteção eficiente.

PROTEÇÃO DE EDIFICAÇÕES
Método da Gaiola de Faraday

Um dos métodos de proteção contra raios é chamado método da gaiola


de Faraday. Você se lembra desse assunto? Aproveite para fazer uma
revisão.

121
Esse método de proteção consiste no lançamento de cabos (metálicos)
horizontais sobre a cobertura da edificação, modulados de acordo com o
nível de proteção. Este sistema funciona como uma blindagem
eletrostática. Como os cabos são condutores, as cargas que eles
porventura venham a adquirir, se um raio atingir a edificação, ficam na
parte externa, protegendo o interior da construção.

PROTEÇÃO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

Hoje em dia, com o desenvolvimento da Informática e a tecnologia da


eletroeletrônica, call centers, CPDs, NPDs, laboratórios de computação,
laboratórios de manutenção eletroeletrônica, são ambientes de trabalho
cada vez mais frequentes. Você sabia que em um ambiente desses se não
houver um controle de umidade o simples atrito do ar frio do ar
condicionado contra a bancada ou outra superfície não protegida contra
descarga eletrostática, pode carregá-la com uma carga suficientemente
alta, a ponto de danificar um equipamento eletrônico ali depositado?

Como proteger instrumentos delicados?

Todos os instrumentos delicados que não funcionam bem na presença


de campos elétricos, devem ser protegidos.

Partindo do princípio que o campo elétrico no interior de condutores


isolados é sempre nulo, é possível criar regiões onde o campo elétrico seja
zero. Para criar essas regiões basta envolver a região a ser protegida com
uma grade metálica ou alguma superfície metálica. A região interna ficará
blindada eletrostaticamente, portanto protegida.

Equipamentos sensíveis à descarga eletrostática devem ser embalados


transportados envolvidos por materiais que proporcionem uma boa
blindagem eletrostática. Essas embalagens podem ser caixas metálicas ou
sacos metalizados.

DICA
Os materiais e equipamentos sensíveis às descargas eletrostáticas são
identificados por este símbolo. O símbolo oficial de material sensível à
descarga eletrostática.

Fonte [2]

PROTEÇÃO DE PESSOAS
Um dos conselhos que se dá a uma pessoa surpreendida por uma
tempestade com raios é: permaneça dentro do seu carro, caso ele
tenha estrutura metálica.

122
Fonte [3]

O CARRO PROTEGE DURANTE AS TEMPESTADES

Nessa história, muita gente acha que estará protegido dentro do carro
por ele ter pneus de borracha.

Veja só essa notícia veiculada por um importante jornal de nossa


cidade, no dia 24/01/2008:

"Dicas para os dias de chuva com raios"

Como a FUNCEME prevê para este ano uma quantidade de chuvas


acima da média histórica, é bom tomar cuidado com os raios.

A população deve ficar alerta.

Uma opção para quem não está na rua é proteger-se dentro do


carro, que funciona como uma "blindagem" à passagem dos elétrons
descarregados por conta do isolamento dos pneus. As pessoas que
estão dentro do veículo, assim, não são atingidas."

Você viu como muita gente se engana?

A proteção não se dá "por conta do isolamento dos pneus" . Ela


vem do fato do carro ter estrutura metálica e funcionar como uma gaiola de
Faraday.

A Física explica:

Se a carcaça do carro é de metal, toda carga que ela receber, fica


distribuída por sua superfície externa. O campo elétrico, que será
perpendicular à superfície externa do carro, não pode atravessar a barreira
de metal.

Conforme você já viu, estudando a Lei de Gauss, toda carga de um


condutor fica sobre sua superfície e nenhum campo elétrico pode existir no
seu interior.

Tudo que estiver dentro do carro, inclusive você, fica blindado


eletrostaticamente contra influências elétricas externas.

O(a) repórter precisaria saber só um pouquinho de Física para


escrever a notícia corretamente.

Na próxima aula, você voltará a ver esse assunto com mais detalhes.

Nós ouvimos nos noticiários, quase que diariamente, que os presos estão
comandando, de dentro da cadeia, o tráfico de drogas e fugas de presos e

123
muitas outras ações, por meio de telefones celulares. Dizem os responsáveis
que é difícil controlar a entrada de telefones no presídio (!)

Uma pessoa ouviu falar que uma solução possível para evitar os
telefonemas, era fazer uma blindagem das ondas eletromagnéticas do
celular, usando telas de tal forma que as ligações não fossem completadas.
Essa pessoa ficou em dúvida se as telas eram metálicas (condutor) ou
plásticas (isolante). Então ela resolveu fazer duas experiências bem simples
usando seu próprio telefone celular e o telefone fixo de sua casa.

DESAFIO
Tente você também fazer essas experiências e justificar os seus
resultados.

1 - Lacrar um saco plástico com seu celular dentro.

Ligar do telefone fixo para o celular. A ligação será completada?

2 – Repita o procedimento, fechando uma lata metálica com o


celular dentro. A ligação será completada?

FÓRUM
No Fórum Trocando ideias, discuta os resultados da sua
experiência. Explique os resultados.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Agora resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio como parte das
atividades da aula 3.

Antes de começar a resolver os exercícios, NÃO esqueça que


esta atividade é INDIVIDUAL!

Você deve resolver os exercícios por você mesmo. É claro


que isso não invalida o estudo em grupo. Mas entre estudar em
grupo e apenas copiar os exercícios do colega, tem uma infinita
diferença.

Lembre-se sempre que na hora de qualquer prova, será


apenas você!

FONTES DAS IMAGENS


1. http://3.bp.blogspot.com/_gTJMEP-
c2fo/SGDgFqS2kzI/AAAAAAAAAqo/3_Qig4YCB8I/s640/thunder_lighteni
ng9.jpg
2. http://img.photobucket.com/albums/v428/fotobravo/simbolo.gif
3. http://www.geocities.ws/saladefisica8/eletrostatica/campo60.jpg
4. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

124
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 01: ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

Quando se fala em energia elétrica, a primeira coisa que vem à cabeça


de muita gente é a conta da luz. Falando nisso, você sabe "ler" a conta de
luz da sua casa? Quer aprender?

ENTENDENDO A CONTA DE LUZ

Para entender a sua conta de luz, é útil que você saiba um pouquinho
sobre como a energia elétrica chega até sua casa. A figura abaixo ilustra
esse processo. Saiba que você paga por cada etapa e paga mais ainda pelos
impostos.

Fonte [1] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

O que está embutido na sua conta de energia?

Fonte [2]

No gráfico abaixo, você pode ver para cada item, os percentuais que
você paga na sua conta de energia elétrica, todo mês.

Fonte [3] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

Veja na conta abaixo que a senhora Fulano de Tal dos Anzóis pagou
R$ 103,83 pela sua conta de energia em maio de 2006, mas o consumo na
casa dela foi de apenas R$ 37,95. Além disso ela pagou pela transmissão

125
(no nosso caso de Paulo Afonso até aqui) apenas R$ 4,56 e pela
transmissão R$ 30,18. O resto são os impostos.

Fonte [4]

◾ Consumo-Mês Atual - quantidade de energia utilizada ao longo de trinta


dias, medida pela unidade quiloWatt- hora (kWh).

Quilowatt-hora, o que é isso?

Consumo de energia elétrica: Na prática, o Joule como unidade


de energia elétrica é substituído pelo kilowatt-hora (kWh).

O quilowatt-hora (kWh) representa mil (1000) watt-hora.

Fator de conversão entre o quilowatt-hora (kWh) e o Joule (J):

◾ Fornecimento - é a tarifa expressa em R$/kWh, aplicada ao consumo que


apareceu no medidor de energia elétrica.

126
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias, Bens e Serviços
pago aos Estados e Distrito Federal pela prestação do serviço de
fornecimento de energia.

Se você quer ficar por dentro de sua conta de luz, clique aqui:

Por dentro da conta de luz da Coelce [5] (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)

E se quer economizar energia, quem é que não quer? Clique aqui:

A sua conta de luz por sua conta [6]

No Brasil, o custo do kW.h varia de acordo com a região, e com a faixa


de consumo. Para consumidores residenciais no estado do Ceará custa
cerca de R$ 0,49. Desta forma é possível calcular o consumo de qualquer
aparelho elétrico a partir do seu tempo de utilização.

Estudando Física você está de vez em quando falando de energia.

OLHANDO DE PERTO
A unidade de trabalho no Sistema SI é o Joule, a mesma da energia.

O seu objetivo agora é estudar eletricidade, então você precisa saber


como relacionar trabalho e energia quando o corpo possui carga elétrica.

ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL E ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

Você já viu na Aula 1 a semelhança entre as forças gravitacional e


elétrica. Veja novamente:

Esta experiência todo mundo já fez na vida: Pegar uma pedra (de
massa m) que está no chão e levantá-la até a uma certa altura (h) do solo.
Se você soltar a pedra, ela ganha velocidade para baixo (aumenta sua
energia cinética) até chocar-se contra o solo.

127
Mas onde estava a energia quando a pedra estava no alto? Você sabe
que se a pedra for solta, ela cairá na direção da Terra, sob a ação do seu
peso mg. Mas você também tem certeza que a pedra não foi parar lá em
cima sozinha. O que foi preciso fazer para com que a pedra chegasse até a
altura h? Ela teve que ser levada por um agente externo, pode ter sido você,
que trabalhou contra a força da gravidade (o peso da pedra).

Essa energia que você gastou para levar a pedra até a altura h, que foi
o trabalho realizado, como você já viu, fica armazenada na forma de
energia potencial gravitacional.

A energia potencial tem sua origem na interação do campo


gravitacional da Terra com a pedra.

A energia cinética que a pedra foi acumulando até chegar ao solo


corresponde à mesma quantidade de energia que você lhe forneceu ao
erguê-la.

Quando a pedra foi abandonada, ela caiu, atraída pela Terra e sua
energia potencial gravitacional se transformou em energia cinética.
(estamos desprezando quaisquer perdas de energia).

Na Aula 1, você viu que se você tenta aproximar dois objetos com
carga elétrica positiva, eles "tentam" resistir (existe uma força que tende
a separá-los). Para aproximá-los, você precisa vencer esta força. O
mesmo aconteceria se as duas cargas fossem negativas. Cargas de mesmo
sinal não gostam de ficar juntas: elas se repelem.

No caso dos dois objetos terem cargas de sinais contrários, você já


sabe que existe uma atração fatal entre eles.

Imagine agora que esses dois objetos carregados com cargas de sinais
contrários estão inicialmente bem próximos um do outro. Quando você
tenta afastá-los, você sente uma força que tende a reaproximá-los. Cargas
de sinais contrários gostam de ficar juntas: elas se atraem.

Se você os afastar um pouco e depois os soltar, eles serão acelerados


um na direção do outro, aumentando sua velocidade de aproximação o que
aumenta a sua energia cinética.

Mas, espere um pouco. Nós já sabemos que energia não pode ser
criada (nem destruída), então essa energia cinética surge de onde?

Considere agora na figura acima a carga Q negativa em vez de positiva.

Pela Lei de Coulomb as cargas –Q e + se atrairão irresistivelmente.


Para levar a carga + até a distância h da carga –Q você precisará realizar
uma certa quantidade de trabalho, ou seja, vai ter que gastar energia, pois a
ordem natural das coisas diz que essas cargas querem ficar juntas.

128
Se a carga + for solta, ela se deslocará na direção da carga –Q,
transformando a energia potencial que estava armazenada em energia
cinética. Nesse caso, trata-se de uma energia potencial elétrica.

E se as cargas tivessem o mesmo sinal? Nesse caso ao invés de


atração teríamos uma repulsão. As cargas não querem ficar juntas e se você
quiser aproximá-las, terá que fazer muita força para isso, isto é, terá que
realizar trabalho que também ficará armazenado na forma de energia
potencial elétrica. Experimente soltar a carga , ela será repelida para
longe da carga Q.

A analogia com o caso gravitacional é perfeita, com exceção do fato das


forças elétricas poderem ser atrativas e repulsivas, enquanto as forças
gravitacionais são sempre atrativas.

PARADA OBRIGATÓRIA
Energia Potencial Elétrica para duas cargas puntiformes e
separadas pela distância r:

Para começar, vamos determinar a energia potencial elétrica de apenas


duas cargas puntiformes positivas e .

Vamos considerar a carga fixa. Não é necessário que a carga esteja


fixa mas, para iniciar os nossos cálculos, esta suposição torna as coisas mais
simples.

Se a carga estava for abandonada ela será acelerada pela ação da força
coulombiana exercia sobre ela pela carga .

DETERMINANDO A ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA DE UM SISTEMA DE DUAS


CARGAS PUNTIFORMES

Você já aprendeu na Física I que o trabalho de uma força conservativa


não depende da trajetória. Aproveite para fazer uma revisão. Então,
já que a trajetória seguida pela carga não tem influência no trabalho,
vamos escolher um caminho que facilite a nossa vida: nós trazemos a carga
seguindo uma linha de campo elétrico.

129
Sobre a carga temos os vetores Força e Campo Elétrico

é o campo elétrico criado pela carga . é a força elétrica sobre


a carga

• Os vetores força e campo elétrico estão levemente deslocados apenas


para maior clareza.

• Os tamanhos das setas que representam os vetores força e campo


elétrico são apenas simbólicos.

• O módulo da força (F=q.E) não é necessariamente maior do que o


módulo do campo elétrico, isso vai depender do valor da carga.

• Sob a ação apenas da força Felet , a carga q2, obviamente não pararia
na posição B. A animação é apenas simbólica.

Como as cargas são de mesmo sinal (no caso, positivas) a força


coulombiana é repulsiva. Vamos calcular agora o trabalho que realizado
nessa ação da carga ser levada de A para B sob a ação do campo elétrico.

Você ainda se lembra da definição de trabalho? Aproveite para


fazer uma boa revisão.

Vamos reescrever o trabalho para a nossa situação, o trabalho da força


elétrica:

Onde o módulo da força Felet é dado por:

130
Aproveite para fazer uma revisão do cálculo integral que
você viu em Matemática II.

Este trabalho foi realizado pela força elétrica.

Da Física I, você aprendeu o Teorema do Trabalho-Energia Cinética:

TEOREMA DO TRABALHO-ENERGIA CINÉTICA


O trabalho resultante (W) é igual à variação da energia cinética ( K)

Os índices 1 e 2 referem-se às posições e velocidades inicial e final,


respectivamente.

Consideremos qualquer um dos termos da equação acima:

131
O primeiro termo você já reconheceu como a energia cinética.
Considerando que você só pode somar energia com energia, o segundo
termo na equação acima terá que representar, necessariamente, também
uma energia. É a energia potencial, aquela que o sistema adquire graças
ao trabalho que foi realizado sobre a carga pelo campo elétrico da
carga , para levar a carga desde a posição 1 até a posição 2.

Podemos então, escrever a energia total , como:

PARADA OBRIGATÓRIA

Para um sistema de mais de duas cargas, a energia potencial é a soma


algébrica das energias correspondentes a cada par de cargas e é igual ao
trabalho realizado para trazer todas as cargas desde uma posição muito
distante até a posição atual.

ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA DE UM SISTEMA DE N CARGAS

Não diz o provérbio que um exemplo vale mais do que mil palavras?

Então veja agora esse exemplo que "fala" para você sobre a energia de
um sistema de três cargas.

EXEMPLO
Três cargas estão dispostas como se vê na figura abaixo. Qual é a
energia potencial do sistema se q = 1,0 x 10-7 C e d = 10 cm?

SOLUÇÃO

A energia potencial da configuração é o trabalho necessário


para reunir todas as cargas.

132
Uelet = U12 + U13 + U23

Substituindo os valores teremos:

Qual é o significado físico do sinal negativo da energia


potencial?

O sinal negativo da energia significa que será preciso realizar


trabalho sobre o sistema.

Para separar os objetos você precisa "fazer força", ou seja,


realizar um trabalho o que significa que você está fornecendo
energia ao sistema. (O sistema é formado pelos dois objetos e mais o
campo de forças com o qual eles interagem).

Se você fornecesse suficiente energia ao sistema a ponto de


separar as cargas a tal distância que a força de atração entre elas se
tornasse imperceptível, então você teria trazido o sistema a uma
situação em que a energia potencial (de interação) é praticamente
nula. Veja só, se as cargas estão tão distantes uma da outra que a
atração entre elas deixa de existir, deixará também de haver
qualquer interação energética entre elas.

Lembra daquele ditado popular, longe dos olhos mas perto do


coração?

Pois na Eletrostática o que vale é: longe dos olhos, longe do


coração! Se as cargas estão muito distantes uma da outra, dizemos
que elas estão no infinito, então elas não interagem.

Para chegar a essa situação você teve que realizar um trabalho.


Teve que fornecer energia ao sistema para que a energia potencial
chegasse a ser zero. Isto significa que a energia potencial era
negativa quando os objetos estavam próximos.

No exemplo acima, se todas as cargas tivessem o mesmo sinal,


o valor da energia potencial seria:

133
Para colocar essas três cargas de mesmo sinal na posição da
figura, foi preciso realizar trabalho.

Você já sabe que quando tenta aproximar dois ou mais objetos


com carga elétrica de mesmo sinal, há uma "resistência", existe uma
força que tende a separá-los, a força devida à repulsão coulombiana.
Para aproximá-los você precisa realizar trabalho para vencer esta
força. E realizar trabalho, você já sabe, significa fornecer energia.
Portanto ao vencer a força de repulsão, você está aumentando a
energia potencial dos objetos carregados. Se eles forem libertados, a
energia potencial será liberada na forma de energia cinética.

Como já consideramos antes, se os objetos carregados


estiverem tão distantes a ponto de praticamente não interagirem,
podemos considerar sua energia de interação, ou energia
potencial, como sendo aproximadamente zero.

Quando você aproxima cargas elétricas que se repelem (ou seja,


possuem o mesmo sinal), você está fornecendo energia ao sistema.
Se a energia potencial era nula antes de você fazer isso, ela se torna
positiva após o processo.

Corpos com cargas elétricas iguais acabam se afastando se você


para de tentar aproximá-los.

OLHANDO DE PERTO
Quanto mais negativa for a energia potencial mais difícil será separar
as cargas. Quando a energia potencial é positiva, o sistema tende a se
separar. Quanto mais positiva for a energia potencial mais difícil será
juntar as cargas.

DE ONDE VEM A ENERGIA ELÉTRICA?

A Energia Elétrica pode ser gerada através de fontes renováveis como


a força das águas, dos ventos. Essas fontes, por sua vez, são subprodutos da
Energia Solar, já que os ventos são formados pelas correntes de convecção
e a energia potencial acumulada nas quedas d'águas também é proveniente
do Sol.

GERAÇÃO DE ENERGIA

134
HIDRELÉTRICAS
Uma das maneiras de se gerar Energia Elétrica acontece nas
hidrelétricas, onde a energia potencial da água é utilizada para
movimentar turbinas (energia mecânica) que estão ligadas a geradores.
No Brasil temos 133 usinas hidrelétricas (entre as de grande e pequeno
porte). A maior delas é Itaipu com uma potência de 14.000 MW.

Nos geradores a energia mecânica é transformada em Energia


Elétrica em um processo próximo ao de um dínamo. Isto obedecendo ao
princípio de conservação de energia, ou seja, parte da energia utilizada
para girar as turbinas é transformada em energia elétrica através da
indução magnética, você aprenderá sobre esse assunto em Física IV.

USINA TERMELÉTRICA
Outra maneira é observada em uma termelétrica, onde a queima de
combustíveis produz vapor que é utilizado para movimentar as turbinas
ligadas a geradores.

MULTIMÍDIA
Outra solução para geração de energia elétrica é a utilização de
Energia Nuclear, baixe o vídeo neste link:

Energia Elétrica [8] e no mesmo link, saiba como a energia elétrica


também pode ser gerada pelas ondas do mar.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Catilha_1p_atual.pdf
2. http://www.golgo.com.br/images/tarifa-de-energia.png
3. http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Catilha_1p_atual.pdf
4. http://www.aneel.gov.br/arquivos/gif/conta.gif
5. http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Cartilha_COELCE2.pdf
6. http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/aneel_luz/default.html
7. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
8. http://www.efeitojoule.com/2008/09/geracao-energia-eletrica.html
9. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

135
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 02: DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO

Veja esta notícia publicada em um jornal de nossa capital:

ACIDENTE EM CAUCAIA (10/3/2007)

Choque elétrico mata três pessoas em fábrica

Três pessoas morreram eletrocutadas e outras


três ficaram feridas em consequência de um acidente
de trabalho ocorrido, na manhã de ontem, em
Caucaia.

No momento da remoção de um andaime


metálico, o andaime tocou numa fiação elétrica de alta
tensão, junto a um poste onde está instalado um
transformador.

O resultado foi trágico. Com o andaime


eletrificado, os seis homens foram atingidos por
uma descarga elétrica estimada em cerca de 13
mil volts.

Nesta aula você vai aprender sobre o Potencial Elétrico e ficará em


condições de criticar, com base na Física, uma notícia como essa, que por
mais trágica que seja, está fisicamente errada, pois não é a voltagem que
pode matar uma pessoa e sim a corrente elétrica que você estudará na aula 6.

PARADA OBRIGATÓRIA
Se uma carga de prova for transportada em equilíbrio entre dois
pontos A e B em uma região aonde existe um campo elétrico, um trabalho
WAB deverá ser realizado. A diferença de potencial (ddp) entre os pontos A
e B é definida como:

O Potencial elétrico é uma grandeza escalar.

DIFERENÇA DE POTENCIAL

A figura abaixo mostra uma carga puntiforme Q positiva e algumas


linhas do campo elétrico gerado por ela. Se uma carga de prova também
positiva for colocada a uma distância r de Q, ela ficará sujeita à ação de
uma força F como mostra a figura.

136
Esse movimento da carga é o resultado da repulsão coulombiana em
virtude das cargas terem o mesmo sinal.

Se você quiser que a carga + se aproxime da carga Q, vai precisar


realizar trabalho.

Se a carga fosse negativa?

Também nesse caso seria necessário realizar um trabalho se você


quiser afastar a carga – , já que cargas de sinais opostos mantêm aquele
irresistível desejo de ficarem juntas, que se chama atração coulombiana.

Em qualquer um dos casos, para a carga ser transportada entre dois


pontos, é necessário que um agente externo realize trabalho sobre ela. Para
que você possa calcular esse trabalho, é conveniente que a carga seja levada
em equilíbrio através dos dois pontos, pois dessa forma, você sempre
saberá que a força empregada pelo agente externo é, em módulo, igual à
força elétrica que você já aprendeu que é igual a:

O trabalho realizado para transportar a carga em equilíbrio entre


dois pontos A e B, dividido pela carga é a diferença de potencial entre A e
B.

Se o ponto A estiver muito distante, tão distante que a influência da


carga Q não é mais percebida, atribui-se a esse ponto o potencial zero.
Nesse caso, temos o valor do potencial no ponto B.

A DIFERENÇA DE POTENCIAL E ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA


Como já você já conhece a definição de diferença de potencial (ddp) é:

137
Onde WAB é o trabalho para levar a carga, com velocidade constante, de
A até B. Você já sabe que a força elétrica, assim como a força gravitacional, é
conservativa. Você lembra o que isso significa? Aproveite para fazer uma
revisão.

Significa que sob a ação da força elétrica a energia total do sistema (U)
se conserva, ou seja, a energia é constante.

TRABALHO DE UMA FORÇA CONSERVATIVA

A energia total ( ) do sistema é conservada:

O Teorema do Trabalho-Energia Cinética diz que:

Mas,

Então:

A expressão para a diferença de potencial entre dois pontos A e B,


pode ser escrita em termos da variação da energia potencial:

A UNIDADE DE DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO

Veja que a diferença de potencial (ddp) é definida como:

A unidade da ddp é Joule/Coulomb. Essa unidade recebeu um nome


especial, VOLT, no Sistema SI, em homenagem ao físico italiano Alessandro
Volta (1745-1827). Clique aqui [3] para conhecer Alessandro Volta.

Símbolo de Volt: V

A PILHA DE VOLTA

Alessandro Volta foi o inventor da pilha elétrica. A pilha de Volta tinha o


seguinte formato e anatomia:

138
FORMATO

Uma pilha de discos de cobre e zinco intercalados por discos de feltro


embebidos em ácido sulfúrico diluído em água. Os discos colocados uns
sobre os outros formavam uma pilha que deu origem ao nome que se usa
até hoje, embora as pilhas atuais sejam construídas de outra maneira.

Fonte [4]

Embora as pilhas atuais não sejam mais formadas por empilhamento


de discos, o princípio de funcionamento é o mesmo da pilha construída por
Alessandro Volta.

ANATOMIA DE UMA PILHA

A parte externa (capa exterior) da pilha é construída em zinco, e é em


geral, coberta com papelão ou plástico para evitar o derrame. No interior
da pilha existe um bastão de grafite (carbono) que faz o papel do outro
metal que Volta utilizava. O recipiente é preenchido com uma pasta úmida,
constituída por alguns sais e óxido de manganês que substitui a solução de
ácido diluído da pilha de Volta. A placa de zinco e o óxido de manganês
presente na pasta úmida interagem, na presença dos sais e do carbono,
gerando uma corrente elétrica.

Com o uso, as quantidades das substâncias que reagem vão


diminuindo, a produção de energia elétrica sendo menor. Diz-se que a
pilha descarregou.

Fonte [5]

A DIFERENÇA DE POTENCIAL NO DIA A DIA

Por que é importante saber esse assunto? Porque você o encontra em


todo lugar a todo instante.

139
Quando você compra uma pilha para a sua lanterna, uma bateria para
o controle remoto do carrinho de seu filho, ou quando vai ligar um
aparelho elétrico na tomada de sua casa. Qual é a primeira coisa que você
faz?

Se respondeu: verificar a voltagem, parabéns!! Acertou em cheio.

Voltagem é a denominação popular que se usa para a diferença de


potencial (ddp).

Se sua lanterna funciona com 2 pilhas de 1,5 V, você só compra as


pilhas com essa voltagem.

Uma bateria para controle remoto de um carrinho de brinquedo, deve


ter 9,0V.

Fonte [6]

Quando vai ligar um aparelho elétrico na tomada, se ele funciona com


ddp de 110V, você não pode ligá-lo direto numa tomada cuja ddp é 220V.

Você queima o aparelho!

A ddp entre dois pontos, significa que as cargas elétricas ficam "com
vontade" de se mover entre esses dois pontos. Se isso for permitido, elas se
Fonte [7]
movem.

Uma voltagem de 220V entre dois pontos, significa que para cada
Coulomb de carga que se movimente entre esses dois pontos, 220 J de
energia são transferidos para essa carga. Se o aparelho foi feito para
funcionar com 110V, ele não suportará uma energia de 220J. Ele queima!

DESAFIOS
Tente você mesmo: Experimentos simples que você pode
fazer em casa

Se você gosta de experimentar, se é daqueles que só acreditam vendo,


então tente você mesmo realizar essas experiências simples:

1. Construir uma pilha artesanal.


2. Utilizar um limão ou até uma batata para fazer a sua pilha.

DESAFIOS

DESAFIO 1

140
Fonte [8]

DESAFIO 2

A eletricidade que vem da feira

Fonte [9]

O sumo do limão tem propriedades químicas ácidas.

Introduzindo no limão, objetos metálicos (metais diferentes)


por exemplo cobre e zinco, a uma pequena distância um do outro,
iremos provocar uma reação química, da qual resultará a produção
de eletricidade.

Amasse um limão, rolando-o sobre a mesa, pressionando-o com


as mãos. Isto visa quebrar os gomos a fim de que o suco seja
liberado no interior do limão. Espete um clipe metálico e um pedaço
de fio de cobre em um limão. Mantenha as extremidades dos metais
próximas, mas sem se tocarem, e depois as encoste na língua. O leve
formigamento e o gosto metálico que você experimenta são
causados por uma pequena corrente elétrica que a pilha de limão
movimenta através das pontas metálicas, quando sua língua
molhada de saliva completa o circuito.

Variações possíveis: Você pode usar um fone de ouvido para


captar o sinal elétrico da corrente. O limão pode ser substituído por
uma batata.

Se quiser ver outras sugestões legais de experimentos simples,


clique AQUI! [10]

EXEMPLO RESOLVIDO
O potencial da Terra é por convenção igual a zero. Podemos
considerar o potencial da Terra igual a +250 V em vez de zero? Esta
escolha faria alguma diferença nos valores medidos para:

141
(a) o potencial?
(b) diferenças de potencial?

SOLUÇÃO

Sim. O potencial elétrico num ponto pode assumir qualquer


valor. Somente a diferença de potencial é que possui sentido
físico determinado. Por razões de comodidade, é que admitimos o
potencial da Terra (ou de qualquer outro referencial equipotencial)
igual a zero. Qualquer outro valor escolhido também serviria.

(a) A escolha do valor +250 V para o potencial da Terra,


acarretaria o acréscimo desse valor a todas as medidas de potencial
que fizéssemos.

(b) A escolha de +250 V, ou de qualquer outro valor para o


potencial de referência não traz nenhuma modificação nas medidas
de diferença de potencial (ddp) que é o que de fato importa. Todos
os efeitos físicos são decorrentes da ddp e não do potencial em um
dado ponto.

PARADA OBRIGATÓRIA
A diferença de potencial entre dois pontos não depende do caminho
percorrido entre os dois pontos. Só depende do ponto inicial e final.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alessandro_Volta
4. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap11/fig210.
gif
5. http://2.bp.blogspot.com/-czhFk4hjexo/TZDfmOI4IoI/AAAAAAAAAJw
/fNnbZK5YBoU/s1600/quatro.bmp
6. http://meioambiente.culturamix.com/blog/wp-
content/uploads/2010/09/energia-quimica-1.jpg
7. http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/foto/0,,11087029-EX,00.jpg
8. http://eduardopaulo.no.sapo.pt/pilha.jpg
9. http://1.bp.blogspot.com/_wFPt5B8euGs/S6FjuVCUTgI/AAAAAAAAA
Hs/kk0ddl5vTB8/s200/Sem+t%C3%ADtulo.jpg
10. http://educar.sc.usp.br/ciencias/fisica/mf2.htm
11. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

142
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 03: POTENCIAL DE CARGAS PUNTIFORMES

Imagine que, na figura acima, você veio trazendo a carga + desde um


ponto infinitamente distante até o ponto P, situado a uma distância r da
carga puntiforme +Q. Como as cargas têm o mesmo sinal, você precisou
realizar um trabalho para colocar a carga + no ponto P.

A diferença de potencial (ddp) no ponto P devido à carga Q, é dada por:

POTENCIAL DE UMA CARGA PUNTIFORME

Você viu no Tópico 2 desta aula que a definição de ddp é:

Onde Wif é o trabalho que você teve que realizar para trazer a carga de
prova + desde um ponto infinitamente distante até o ponto P. Lembre-se
de que para realizar esse trabalho, você enfrenta a repulsão coulombiana,
já que as cargas têm o mesmo sinal.

Se a carga é transportada em equilíbrio, então:

Como a energia nunca se perde, a energia que você gastou realizando


esse trabalho, vai ficar armazenada na forma de energia potencial elétrica.
É essa energia armazenada que faz com a carga se afaste rapidamente da
carga Q, quando for liberada.

No caso, a posição inicial está no infinito e a posição final está em P.

No tópico 1 desta aula você aprendeu sobre a energia potencial


elétrica. Para um sistema de 2 cargas separadas pela distância r é:

143
Substituindo a expressão da energia na equação para a ddp, teremos:

Se o ponto i está no infinito, podemos arbitrar o potencial desse ponto


como sendo zero. Nesse caso o potencial Vf será chamado simplesmente de
V.

Se Vi = zero e Vf = V, temos:

Este é o potencial de uma carga puntiforme +Q.

No sistema SI a constante k vale:

Se a carga Q for negativa?

Nesse caso o seu potencial no ponto P será:

Usando recursos computacionais, você pode obter o gráfico do potencial


de uma carga puntiforme positiva ou negativa, como se vê na figura abaixo.

Fonte: Adaptado de
http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/PreVestibular/2005-1/mod1/node26.html

DICA
O potencial é uma grandeza escalar e você deve levar em consideração
o sinal da carga.

POTENCIAL DE VÁRIAS CARGAS PUNTIFORMES


Se você quer determinar o potencial de um sistema de várias cargas
puntiformes, você deve proceder da seguinte maneira:

1. Calcule o potencial de cada carga como se ela estivesse sozinha.

144
2. Some algebricamente todos os potenciais obtidos individualmente.

PARADA OBRIGATÓRIA
Se você tem um sistema de N cargas puntiformes, o potencial em um
dado ponto será o resultado da soma algébrica dos potenciais de cada
carga naquele ponto. Não se esqueça que estamos considerando o
potencial inicial igual a zero (no infinito).

OLHANDO DE PERTO
A soma dos potenciais individuais deve levar em conta o sinal de cada
carga.

EXERCITANDO
Quatro cargas puntiformes são colocadas nos vértices de um
quadrado de lado a = 1,0 m.

Suponha que = +1,0 x 10-8 C , = – 2,0 x 10-8 C, = +3,0 x 10-8 C


e = +2,0 x 10-8 C.

Determine o potencial no centro do quadrado.

SOLUÇÃO

O potencial de cada carga é:

Lembre-se, estamos considerando o potencial no infinito igual


a zero.

145
O potencial no centro do quadrado é:

d é distância de cada carga ao centro do quadrado. Vamos


calcular d?

Veja o triângulo retângulo pontilhado em vermelho. Os catetos


são os lados do quadrado (a) e a hipotenusa é a diagonal (D). A
distância d é metade de diagonal D.

Usando o Teorema de Pitágoras:

Então:

Vamos agora substituir os valores dados:

POTENCIAL PRODUZIDO POR UM DIPOLO ELÉTRICO


No estudo do campo elétrico, na Aula 2, você viu que um dipolo elétrico
é um sistema de cargas puntiformes muito importante.

O fato da água, substância vital para a vida, ter uma molécula polar, é
razão suficiente para nos dedicarmos um pouco mais ao estudo do dipolo
elétrico.

VAMOS DETERMINAR O POTENCIAL DE UM DIPOLO ELÉTRICO

A figura abaixo representa um dipolo elétrico.

146
Resnick, Halliday, Walker, Vol. 3, 7a ed.

O potencial no ponto P é dado por:

Imagine que o ponto P esteja muito distante, isto é a distância r entre


o dipolo e o ponto aonde você calcula o potencial, é muito maior do que a
distância entre as cargas.
r >> d

Na figura ao lado, você pode ver a diferença entre as distâncias: r- - r+

Como a distância é muito grande, a diferença entre a retas r, r- e r+ é


muito pequena. Assim nós podemos supor que:

, substituindo na expressão para o potencial, teremos:

O produto q.d é o módulo do vetor momento de dipolo elétrico que


você viu na Aula 2.
Aproveite para fazer uma revisão.

147
O potencial de um dipolo, em um ponto arbitrário P (muito distante) é
dado por:

DESAFIO
Faça uma análise das diversas situações de valores do potencial de um
dipolo, dependo dos valores do ângulo .

Você pode verificar que sobre o plano perpendicular ao eixo do dipolo, V


= 0 em qualquer ponto. Se uma carga elétrica vier do infinito até um ponto
qualquer sobre esse plano, não será preciso realizar nenhum trabalho sobre
ela.

Você sabe explicar por quê?

OLHANDO DE PERTO
O plano perpendicular ao eixo do dipolo é chamado o plano equatorial
do dipolo.

A linha que une as duas cargas é o eixo do dipolo.

A seguir, alguns exemplos resolvidos para você fixar melhor as ideias


sobre este assunto.

EXEMPLO 1
Uma partícula alfa é um átomo de Hélio duplamente ionizado,
portanto sua carga qa= +2e. Uma partícula alfa em um acelerador nuclear

148
se move de um terminal cujo potencial é Va = +6,5 x 106 V para outro de
potencial Vb = 0.

a) Qual a variação correspondente na energia potencial do sistema?

b) Supondo que nenhuma força dissipativa atua no sistema, qual a


variação na energia cinética da partícula alfa?

SOLUÇÃO

a) A diferença de potencial (Vb –Va) pode ser dada em termos


da variação da energia potencial:

b) Supondo que nenhuma força dissipativa atua no sistema, a


energia total permanece constante.

OUTRA UNIDADE DE ENERGIA: ELÉTRON-VOLT (EV)


Se uma partícula carregada se move em uma região onde existe uma
ddp, você sabe que o trabalho realizado sobre essa carga para transportá-la
em equilíbrio entre dois pontos é dados por:

Lembrando do Teorema do Trabalho Energia Cinética esse trabalho


pode ser também escrito assim:

Onde a carga é dada em Coulomb, a ddp em Volts e a energia em Joule,


no Sistema SI.

Se a carga for um elétron então teremos:

Você lembra da Aula 1 quando estudou a carga elétrica? Lá você


aprendeu que a carga elementar é a carga do elétron, é o quantum de carga.

149
Se em vez da unidade (SI) Coulomb para a carga elétrica, adotarmos a
carga elementar (e) como unidade de carga teremos uma nova unidade de
energia o elétron-volt (eV):

O elétron-volt (eV) é uma unidade de energia como qualquer outra. É


uma unidade muito pequena, não muito adequada para as medidas do dia a
dia, mas que é muito utilizada nos problemas de Física Nuclear e Física
Atômica.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

150
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 04: POTENCIAL DE DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGAS

No tópico 3 desta aula, você aprendeu como se calcula o potencial de


cargas puntiformes.
Para uma única carga puntiforme Q o potencial é:

Para um sistema de N cargas puntiformes, o potencial é dado por:

Como determinar o potencial se em vez de ter cargas puntiformes você


tem um objeto carregado?

Você sabe calcular o potencial de cargas puntiformes, então faça de


conta que o objeto é formado por inúmeras cargas puntiformes. Como fazer
isso?

DICA
Imagine que a carga total do objeto pode ser dividida em inúmeros
elementos de carga dq, cada qual tão pequeno que pode ser considerado
como uma carga puntiforme.

OLHANDO DE PERTO
Cada elemento de carga dq contribui com um potencial dV. O
potencial total será a "soma" de cada dV. Esta "soma" é uma integral,
como você viu em Matemática II.

Supondo dq tão pequeno que pode ser considerado como uma carga
puntiforme, seu potencial dV é dado por:

DETERMINANDO O ELEMENTO DE CARGA DQ

Na aula 2, quando você estava estudando o campo elétrico, você


também precisou determinar o elemento de carga dq, usando o conceito de
densidade de carga.

151
FAÇA UMA REVISÃO DESSE ASSUNTO.

Dependendo do tipo de distribuição de cargas podemos ter:

Densidade linear:

Densidade superficial:

Densidade volumétrica:

A geometria do problema é que vai definir o tipo de densidade de


cargas adequada.

POTENCIAL ELÉTRICO DE UM ANEL UNIFORMEMENTE CARREGADO COM


CARGA Q

A figura abaixo mostra um anel de raio R uniformemente carregado com


carga q. Vamos determinar o potencial elétrico no ponto P, sobre o eixo de
simetria do anel, a uma distância z (fixa) dele.

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3, 7a ed.

DETERMINANDO O POTENCIAL

Imagine o anel dividido em uma quantidade muito grande de


pequenos pedacinhos ds, cada qual com uma carga dq.

O potencial devido a cada pedacinho de carga, é dado pelo potencial de


uma carga puntiforme dq.

Onde r, a distância de cada elemento de carga dq ao ponto P, é dado


por:

152
R é o raio do anel e z é a distância do anel até o ponto aonde se deseja
calcular o potencial. Essas duas grandezas são fixas, ou seja, são constantes
e podem, por isso, ser colocadas fora da integral:

Podemos também expressar o potencial em termos de uma densidade


de carga, no caso uma densidade linear , já que as cargas estão
distribuídas sobre o comprimento do anel.

Você pode ver na figura que ds representa cada pedacinho em que o


anel foi dividido. Se você somar todos os pedaços, obterá o comprimento
total do anel, ou seja, o seu perímetro.

Portanto:

Tente mostrar que os dois resultados encontrados são iguais.

POTENCIAL DE UM DISCO CIRCULAR UNIFORMEMENTE CARREGADO


A figura abaixo mostra um disco de raio R uniformemente carregado
com uma densidade de carga superficial .

Vamos determinar o potencial no ponto P, a uma distância z (fixa) do


disco.

153
Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3, 7a ed.

DETERMINANDO O POTENCIAL

O procedimento neste caso é considerar o disco formado por inúmeros


anéis muito finos de raio R´ e espessura dR´. Dessa forma você poderá
utilizar o resultado encontrado anteriormente para o caso de um anel.

Agora temos como carga elementar a carga dq distribuída nos anéis


elementares. Podemos então dizer que o potencial de cada anel de carga
elementar dq é:

Vamos então, determinar dq:

A densidade de carga é superficial, então:

Precisamos também determinar dA, a pequena área de cada anel


elementar.

Então a carga elementar dq fica assim:

O potencial que queremos é:

Todos os termos constantes são postos fora da integral:

154
A solução da integral é:

Para resolver a integral devemos fazer uma mudança de variável: (faça


uma revisão da Matemática II)

Substituindo na integral teremos:

Lembre-se das regras de integração:

Resolvendo a integral, o potencial V fica:

Este é o resultado geral, válido para todas os valores positivos das


distâncias z.

Quando o ponto P está muito distante (z >> R), o potencial do disco será
semelhante ao de uma carga puntiforme.

DESAFIO
Você está convidado a provar esse resultado.

OLHANDO DE PERTO
O cálculo do potencial é uma tarefa mais simples do que o cálculo do
campo elétrico. O potencial é uma grandeza escalar por isso não
precisamos nos preocupar com decomposições em componentes, como no
caso do campo elétrico.

EXEMPLO RESOLVIDO 1
Um anel de plástico de raio R possui cargas positivas distribuídas de
forma homogênea sobre seu perímetro, na forma de uma densidade linear
de cargas λ. O anel é partido ao meio. Determine o potencial elétrico no

155
ponto P, o antigo centro do anel, conforme a figura abaixo. (Fonte:
fisica.ufpr.br/kleber/lista2_fbIII.pdf)

SOLUÇÃO

O potencial elétrico gerado pela carga dq na posição do ponto P


é:

Então:

EXEMPLO RESOLVIDO 2
Um disco de plástico de raio R = 64,0 cm é carregado na sua face
superior com uma densidade superficial de carga s = 7,73 fC/m2. Em
seguida três quadrantes do disco são retirados. O quadrante que resta é
mostrado na figura abaixo.

Qual é o potencial criado por esse quadrante no ponto P, sobre o eixo


central do disco original, a uma distância D = 25,9 cm? Admita V = 0 no
infinito.

Resnick, Halliday, Walker; Fundamentos de Física, Vol.3 - 7ª Edição

SOLUÇÃO

A distribuição de cargas sobre o disco era uniforme, isto


significa que no disco completo cada quadrante contribuía
igualmente para o potencial no ponto P.

Assim podemos concluir que o potencial de um único


quadrante é um quarto do potencial do disco completo.

Precisamos então calcular o potencial de um disco.

O resultado para esse potencial você já tem:


156
Este é o potencial de um disco de raio R determinado neste
tópico.

APROVEITE PARA REVER E DETERMINAR NOVAMENTE O


POTENCIAL DO DISCO.

O potencial do quadrante, VQ, pedido no exercício então será


dado por:

Dados:

R = 64,0 cm;
s = 7,73 fC/m2;
1,0 fC = 1,0 x 10-15 C
D = 25,9 cm
0 = 8,854 x 10-12 C2 .N-1 m-2.
AGORA SUBSTITUA OS VALORES E ENCONTRE O RESULTADO
NUMÉRICO.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

157
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 05: DIFERENÇA DE POTENCIAL E CAMPO ELÉTRICO

Agora você aprenderá como relacionar o campo elétrico com a diferença


de potencial.

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

A figura acima mostra uma carga puntiforme percorrendo uma


trajetória qualquer em uma região aonde existe um campo elétrico qualquer.

Você pode ver pelas linhas de campo, que este não é um campo
uniforme.

Para transportar a carga dos pontos i até f, é necessário realizar um


trabalho se você quiser que a carga se desloque em equilíbrio.

Porque é importante levar a carga em equilíbrio? Por que não


abandonar a carga simplesmente?

OLHANDO DE PERTO
É conveniente que a carga seja levada em equilíbrio através dos dois
pontos, pois assim você sempre saberá que a força empregada pelo agente
externo é, em módulo, igual à força elétrica.

O campo elétrico exerce uma força qE sobre a carga, então um agente


externo, pode ser você, deve exercer uma força – qE se quiser que a carga se
movimente sem aceleração, em equilíbrio.

O trabalho W para deslocar a carga, em equilíbrio, desde a posição


inicial i até a posição final f será:

Na definição da diferença de potencial, vamos substituir o trabalho W:

158
Com esta expressão você pode calcular a diferença de potencial entre
dois pontos conhecendo o campo elétrico.

Podemos escolher um ponto de referência ao qual atribuímos o valor de


potencial zero. Esse ponto inicial (i) pode ser escolhido infinitamente
distante e, por convenção, fazemos ponto o potencial é nulo nesse ponto. O
potencial no ponto final (f) será designado simplesmente por V. Então:

OLHANDO DE PERTO
Só faz sentido falar em potencial elétrico em um ponto, se tomarmos
um ponto de referência em que se atribui o valor zero de potencial. Em
geral considera-se o potencial zero em um ponto no infinito, ou seja, muito
distante de todas as cargas presentes. Essa escolha é totalmente arbitrária.

Em muitos problemas envolvendo circuitos elétricos é escolhido o


potencial zero na terra.

A figura abaixo mostra uma esfera condutora de raio R carregada com


carga +q. Qual é o potencial dessa esfera em um ponto P, situado a uma
distância r da esfera?

POTENCIAL DE UMA ESFERA CONDUTORA CARREGADA

Para calcular a diferença de potencial entre dois pontos não importa o


percurso seguido, importam apenas as posições inicial e final.

Vamos então calcular a diferença de potencial entre o ponto P a uma


distância r da esfera e um ponto no infinito:

Onde E é o campo elétrico da esfera, que como sabemos, é idêntico ao


de uma carga puntiforme.

159
Substituindo na expressão para o potencial, teremos:

NO INFINITO O POTENCIAL É ZERO. VAMOS CHAMAR O POTENCIAL


NO PONTO P (VP) SIMPLESMENTE DE V. ENTÃO TEREMOS:

Este é o potencial de uma esfera carregada com carga q. Compare com


o potencial de uma carga puntiforme determinado no Tópico 3 desta aula.

Na superfície da esfera, r = R e o potencial será constante e igual a:

Nas figuras abaixo podemos ver o potencial (figura a) e o campo


elétrico (figura b) de uma esfera condutora.

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

PARADA OBRIGATÓRIA
O potencial elétrico no interior de uma esfera condutora é constante.
Não havendo campo elétrico no interior da esfera, não há variação do
potencial.

DIFERENÇA DE POTENCIAL EM UM CAMPO UNIFORME

O campo elétrico é uniforme, então pode ser colocado fora do sinal da


integral. Além disso o campo elétrico é paralelo ao vetor deslocamento (na
figura este vetor é representado como ds)

Qual é o significado do sinal negativo?

160
Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

Esta equação mostra que a maior variação no potencial ocorre quando o


deslocamento é na mesma direção do campo elétrico. Na direção
perpendicular ao campo a variação do potencial é nula. Isto significa que o
potencial decresce (lembre-se que a variação é negativa) mais rapidamente
na direção do campo elétrico e mantém-se constante na direção
perpendicular ao campo.

PARADA OBRIGATÓRIA
Se uma carga positiva for abandonada em uma região onde existe
uma diferença de potencial, ela seguirá espontaneamente para a região de
potencial mais baixo. O contrário ocorre com a carga negativa que segue
para os potenciais mais altos.

Conforme você acaba de ver, se temos o campo elétrico podemos


encontrar o potencial. O contrário é possível? Isto é, podemos encontrar o
campo elétrico conhecendo o potencial?

É O QUE VOCÊ VERÁ AGORA!

161
A figura abaixo mostra uma carga puntiforme q0 que atravessa uma
região aonde existem um campo elétrico, movendo-se ao longo de uma
direção genérica s.

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

OLHANDO DE PERTO
Na figura acima que E.cos é exatamente a componente do vetor
campo elétrico ao longo da direção do deslocamento DS.

Por exemplo, se s fosse a direção x, E.cos seria a componente Ex..


Genericamente falando, temos a componente Es= E.cos .

Você sabe que tanto o campo elétrico quanto o deslocamento, são


vetores. Então podemos expressá-los em termos de suas componentes:

Assim o campo elétrico pode ser escrito em termos do potencial:

OLHANDO DE PERTO
Se o potencial é conhecido, é possível determinar todas as
componentes do campo elétrico.

Agora vamos ver alguns exemplos resolvidos para fixar as ideias.

EXEMPLO 1

162
A figura abaixo mostra uma carga puntiforme q0, movendo-se entre
os pontos i e f, seguindo a trajetória mostrada na figura. O campo elétrico
é uniforme. Determine a ddp entre i e f.

Eesnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

SOLUÇÃO

O percurso de i até f pode ser desdobrado em 2 caminhos:

O campo é uniforme:

Substituindo na expressão (*) para a diferença de potencial:

Note que o resultado encontrado é igual ao caso em que a partícula


se deslocava em linha reta, paralelamente ao campo, de i até f.

Neste problema conhecemos o campo elétrico. Queremos determinar o


potencial.

EXEMPLO 2
O potencial elétrico em um ponto sobre o eixo de um disco
uniformemente carregado foi determinado no Tópico 4 desta Aula:

163
A partir deste resultado, encontre o campo elétrico em um ponto
sobre o eixo do disco a uma distância z.

SOLUÇÃO

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

Devido à simetria circular em torno do eixo z, o campo elétrico deve


apontar ao longo deste eixo.

Conhecemos o potencial:

É necessário derivar o potencial em função de z:

Sabemos que:

Então o campo elétrico que procuramos será:

Neste problema conhecemos o campo elétrico. Queremos determinar o


potencial.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior

164
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 06: SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS

DICA
Você sabia que o prefixo equi vem do latim aequus e significa igual?

Equipotencial então, significa potencial igual, ou mesmo potencial.

Quando você toca um objeto sólido, você está tocando a sua superfície.
Geometricamente, a área de um objeto é a sua superfície de contato.

Na Química a superfície de contato é um fator que influencia na rapidez


de uma reação química. Nos Sólidos, as reações químicas começam na
superfície externa para depois alcançarem seu interior. A superfície externa é
a que propicia o contato direto entre os reagentes.

E na Física, o que vem a ser uma SUPERFÍCIE EQUIPOTENCIAL?

PARADA OBRIGATÓRIA
Superfície equipotencial é uma superfície cujos pontos estão todos no
mesmo potencial.

PARADA OBRIGATÓRIA
O trabalho para transportar uma carga sobre uma superfície
equipotencial é zero.

A definição de diferença de potencial nos diz que:

Sobre uma superfície equipotencial V = constante em todos os pontos.

OLHANDO DE PERTO
Não há realização de trabalho no deslocamento de uma carga sobre
uma superfície equipotencial, mesmo se esse deslocamento implique em
atravessar várias superfícies.

165
Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

A figura acima mostra quatro superfícies equipotenciais.

No trajeto I sobre a superfície equipotencial V1 e no trajeto II sobre a


equipotencial V3 não há realização de trabalho.

Você consegue explicar por quê?

EXPLICAÇÃO

Volte ao Tópico 3 desta Aula e reveja o potencial de uma carga


puntiforme q:

Veja que todos os pontos que estão sobre a linha pontilhada de raio r
terão o mesmo potencial.

As linhas de campo se distribuem em todas as direções, de modo que


você pode pensar em superfícies esféricas em volta da carga e que em todos
os pontos dessas superfícies esféricas o valor do potencial é o mesmo.

Não importa se a carga é positiva ou negativa, as superfícies


equipotenciais serão esferas centradas na carga.

166
No caso de um campo uniforme, as superfícies equipotenciais são
planos paralelos, perpendiculares às linhas de campo elétrico.

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

OLHANDO DE PERTO
As linhas de força de um campo elétrico são perpendiculares às
superfícies equipotenciais desse campo.

Fonte: Adaptado de http://baldufa.upc.edu/baldufa/imatges/e0cp0021.gif

DÚVIDA
Por que as linhas de campo devem ser perpendiculares às superfícies
equipotenciais?

Suponha que o campo não seja perpendicular á superfície equipotencial.


Isso significa que uma linha de força qualquer não é perpendicular à
superfície equipotencial S como mostrado na figura abaixo.

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig71.gif

VOCÊ APRENDEU NA AULA 2 QUE O VETOR CAMPO ELÉTRICO É TANGENTE À UMA


LINHA DE FORÇA

167
Se a linha de força não for perpendicular à superfície, o campo
também não será perpendicular à superfície, e no ponto A, por exemplo,
ele poderia ser decomposto em duas componentes: uma tangente e outra
perpendicular (ou normal) à superfície.

Uma carga elétrica puntiforme q colocada no ponto A ficaria então


sujeita a duas forças: uma tangente à superfície e outra normal à superfície.

Sob a ação da componente tangencial a carga seria deslocada ao longo


da tangente, isto é, ao longo da superfície S. O deslocamento da carga sob a
ação dessa força implicaria na realização de um trabalho:

Mas, como a superfície é equipotencial, já sabemos que isso não é


possível.

Logo também não é possível a decomposição do vetor em uma


componente tangencial. A única direção possível para o campo elétrico
nesse caso é a normal à superfície.

ALGUNS EXEMPLOS DE SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS


CARGA PUNTIFORME

De uma carga puntiforme:

Fonte [3]

DIPOLO

De um dipolo:

168
Fonte [4]

MULTIMÍDIA
Neste site:

Clicando aqui [5] você pode ver uma simulação muito interessante
que ilustra o padrão de campo elétrico e o potencial criados por duas
cargas puntiformes de sinais opostos.

Clicando aqui [6] você pode alterar a posição e a carga de cada


partícula em tempo real. Você pode ver não só as linhas de campo mas
também as equipotenciais.

Observação: É necessário ter instalado o Java™ J2SE v1.4+ JRE [7].

EXEMPLO RESOLVIDO
Uma partícula com carga elétrica q = +4,5pC e massa m = 1,0mg
está em uma superfície equipotencial VA. Ela é abandonada no ponto A
dessa equipotencial e segue em linha reta, paralelamente ao campo
elétrico uniforme representado na figura abaixo. Determine a velocidade
escalar da partícula ao passar pelo ponto B da equipotencial VB.

Fonte [8]

Resposta: v = 3,0 . 10-2 m/s

SOLUÇÃO

Dados:

Como o campo é uniforme, a força sobre a carga é constante, o


que significa uma aceleração constante.

A diferença de potencial entre os pontos A e B é:

169
A carga se move com aceleração constante. Podemos usar aqui
a equação de Torricelli para o movimento uniformemente acelerado.
(Aproveite para fazer uma revisão)

A carga foi abandonada no ponto A, significa que sua


velocidade nesse ponto era zero.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
3. http://www.educarchile.cl/UserFiles/P0001/Image/Mod_4_contenidos
_estudiantes_ciencias_fisica/fig%2013.JPG
4. http://camp-electromagnetic.infarom.ro/image122.gif
5. http://ocw.mit.edu/ans7870/8/8.02T/f04/visualizations/electrostatics/
39-pcharges/39-twocharges320.html
6. http://www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/Rived/25hPo
tencialEletrico/index.html
7. http://java.sun.com/j2se/1.4.2/download.html
8. http://www.coladaweb.com/questoes/fisica/img/camelu13.jpg
9. http://www.denso-wave.com/en/

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Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

170
FÍSICA III
AULA 04: O POTENCIAL ELÉTRICO

TÓPICO 07: UM CONDUTOR ISOLADO

No tópico 3 da Aula 3 falamos sobre raios, um fenômeno natural em


que a eletricidade da natureza se manifesta com toda a sua força. As
diferenças de potencial chegam a atingir valores da ordem de 125 milhões
de volts e a temperatura pode chegar a 25 mil graus Celsius.

Algumas das recomendações para as pessoas se protegerem dos raios,


são:

• Não ficar embaixo de árvores;

• Não segurar objetos metálicos longos, como vara de pescar, etc.;

• Não permanecer no topo de morros ou cordilheiras.

Você vai aprender, neste tópico, a razão para essas recomendações.

Um condutor carregado em equilíbrio eletrostático, você já sabe, só pode


ter cargas na sua superfície. Se o condutor for esférico, a carga se distribui de
modo homogêneo sobre a superfície. Mas todos nós sabemos muito bem, que
nem todos os condutores são esféricos.

PARADA OBRIGATÓRIA
Em um condutor de forma arbitrária, a concentração de cargas é
maior nas partes pontiagudas.

OLHANDO DE PERTO
A concentração de cargas é a densidade superficial de cargas, isto é, a
carga por unidade de área da superfície do condutor.

DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS NA SUPERFÍCIE DE UM CONDUTOR

Você já sabe que o potencial elétrico de um condutor esférico de raio


R, carregado com uma carga Q é igual ao de uma carga puntiforme. Na
superfície da esfera o potencial VS é:

Considere 2 esferas de raios R1 e R2, com R2 > R1. As duas esferas


estão carregadas com cargas Q1 e Q2.

171
Fonte [1]

Os potenciais na superfície de cada uma delas é:

Se ligarmos as duas esferas por um fio condutor, a carga passa de uma


esfera a outra até que seus potenciais se igualam. As esferas ligadas pelo fio
passam a ser um único condutor.

Fonte [2]

Os potenciais nas superfícies das esferas serão iguais. Então teremos:

A distribuição das cargas na superfície, define o que chamamos


densidade superficial de cargas que representamos pela letra grega .

Se substituirmos a equação (4) por cada carga Q na equação (3)


teremos:

OLHANDO DE PERTO
Concluímos que se dois condutores esféricos carregados têm raios
diferentes, a concentração (densidade) de cargas será maior naquele de
menor raio.

172
No caso geral de um condutor de forma qualquer, a maior concentração
de cargas ocorre nas regiões que apresentam saliências pontiagudas. Esse
fenômeno é conhecido como PODER DAS PONTAS.

PARADA OBRIGATÓRIA
A distribuição das cargas na superfície de um condutor carregado e
isolado não é uniforme, mas a superfície do condutor SEMPRE será uma
superfície equipotencial.

OLHANDO DE PERTO
As cargas se distribuem de modo a deixar a superfície do condutor em
um mesmo potencial.

Nas regiões onde a concentração de cargas é muito grande o campo


elétrico pode se tornar muito intenso.

http://www.feiradeciencias.com.br/sala11/11_25.asp

CURIOSIDADE
Você sabia que a NASA lançou no espaço, em 24/10/1998 a missão
Deep Space 1 (Espaço Profundo) e que o sistema de propulsão dessa

173
sonda super moderna é baseado no poder das pontas, é o chamado motor
iônico.

MULTIMÍDIA
Neste site, Inovação Tecnológica, você poderá ver uma aplicação da
técnica dos motores iônicos e muitas outras aplicações tecnológicas:

Motor iônico funcionará como freio da Venus Express [3]

DICA
Acesse os sites abaixo para testar experimentalmente, com recursos
simples e baratos o poder das pontas:

http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/o-poder-das-pontas.htm [4]
http://para-raio.info/mos/view/O_Poder_das_Pontas/ [5]

Como um isolante se torna condutor?

UM ISOLANTE PODE SE TORNAR UM CONDUTOR

Você aprendeu na aula 1 desta disciplina que um isolante se diferencia


de um condutor pelo fato do condutor ter cargas livres para se moverem, o
que não ocorre nos isolantes. Nos isolantes os elétrons estão presos aos
núcleos dos átomos, de modo que não existem cargas livres na estrutura
interna destes materiais. O ar, por exemplo, em certas condições é um
isolante.

Se os elétrons estão presos aos núcleos, seria necessária uma força


bem grande para libertá-los. Lembre-se que a força elétrica é bastante
forte.

Agora veja o caso do condutor pontiagudo mostrado acima. Como há


uma grande concentração de cargas nas vizinhanças da ponta, o campo
elétrico aí, será muito intenso.

Ora, você também já aprendeu que qualquer carga elétrica na presença


de um campo, fica sujeita à ação de uma força:

Estando o objeto pontiagudo no ar (isolante), ele estará cercado por


átomos por todos os lados.

Os elétrons dos átomos do isolante (o ar ), ficarão sujeitos à ação da


força elétrica que atuará sobre eles, tendendo a arrancá-los dos seus
átomos.

Se o campo elétrico aplicado for forte o suficiente, os elétrons serão


arrancados dos átomos e ficarão livres. O átomo, por sua vez, ao perder
seus elétrons, torna-se um íon, um átomo com desequilíbrio elétrico. Agora
com elétrons libertados (cargas negativas) e os íons positivos, o material,
no caso o ar, passa a ser condutor de eletricidade. Este processo pode

174
ocorrer com qualquer isolante, dependendo apenas do valor do campo
elétrico aplicado.

PARADA OBRIGATÓRIA
O maior valor do campo elétrico aplicado a um isolante, a partir do
qual ele se torna um condutor, é chamado de RIGIDEZ DIELÉTRICA.

A rigidez dielétrica do ar vale cerca de 3 x 106 N/C

Entendeu agora porque não se deve ficar perto de pontas agudas


durante uma tempestade?

Fonte: Adaptado de
http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2000/raios/fig4.jpg

ATENÇÃO

Se você ficar no cume da colina, em campo aberto ou sob uma árvore,


você é que fará o papel da "ponta" carregada. Não se esqueça que nosso
corpo é um condutor de eletricidade.

DICAS PARA PRECAUÇÃO DURANTE UMA TEMPESTADE

Durante uma tempestade, uma pessoa pode sentir que vai ser atingida
por um raio, porque a pele começa a formigar e os pelos do corpo se
eriçam. Por que isso acontece? Você já foi ao supermercado e ao puxar o
saquinho plástico para embalar as verduras, sentiu que os pelos do seu
braço ficam eriçados? O saquinho fica eletrizado quando você o puxa do
rolo e então atrai os pelos do seu braço.

Se os saquinhos plásticos de supermercado ficam eletrizados com um


simples puxão, imagine como fica o ar em volta de você, na iminência de
cair um raio!

Se você estiver em um descampado e for surpreendido por uma forte


tempestade, não corra para baixo de nenhuma árvore, nesse caso é melhor
ficar molhado. Apenas se agache, mantendo os pés bem juntos e não toque
no solo.

175
Fonte [6]

Agora você já sabe que objetos pontiagudos como árvores, postes,


edifícios, são favoráveis ao acúmulo de cargas, ou seja, nesses objetos é
muito favorável o aparecimento do fenômeno "poder das pontas" portanto,
devem ser evitados durante tempestades.

Um para-raios é um equipamento que usa o poder das pontas para


proteger a região aonde ele é instalado.

O PARA-RAIOS

Quando uma nuvem carregada se aproxima de uma região, ela induz


cargas de sinal contrário no solo que fica eletrizado. Se nessa região
existir um para-raios, este, também ficará eletrizado, mas devido ao
PODER DAS PONTAS um maior número de cargas elétricas irá se
concentrar nas pontas do para-raios. E após uma certa concentração de
cargas nessas pontas, o campo elétrico se torna tão intenso que ocorre a
quebra da rigidez dielétrica do ar, que se ioniza, formando-se, assim,
íons e elétrons livres que agora viajam pelo ar. O raio procura o caminho
mais fácil para chegar ao chão. Como os metais conduzem melhor a
eletricidade, a descarga (o raio) se completará pelo para-raios, sendo
dispersa pelo solo através do aterramento.

Fonte [7]

A zona de proteção que o para-raios oferece é um círculo em torno do


edifício de raio aproximadamente igual a duas vezes e meia a altura do
edifício. Por exemplo, um edifício de 40 metros de altura oferece proteção
dentro de um círculo ao seu redor de 100 metros de raio
aproximadamente.

DICAS

176
Você sabia que se você e uma vaca estiverem em um pasto e um raio
cair nas proximidades de ambos, é mais provável que a vaca morra do que
você?

SAIBA POR QUÊ

Fonte [8]

Olhe para esta vaca. Como toda vaca que se preza, ela tem 4 patas que
estão mais distantes umas das outras do que os seus dois pés. Você pode se
agachar e juntar os pés, diminuído ao máximo os pontos de contato como o
solo. A vaca, coitada, não pode juntar as patinhas, por isso a diferença de
potencial através de suas patas pode ser grande o suficiente para provocar
uma corrente elétrica mortal.

O que você não deve fazer, de jeito nenhum é deitar-se no chão. Pois aí
você ficará numa situação pior do que a da vaca, já que deitado no chão,
você estará criando muitos pontos de contato.

Na Aula 6, sobre Corrente Elétrica, esse assunto da vaca voltará a ser


discutido com mais detalhes.

EFEITO CORONA
Quem mora perto de linhas de alta tensão, ou de postes com grandes
transformadores, deve presenciar frequentemente um espetáculo de uma
descarga, muitas vezes acompanhada de ruídos ou fortes zumbidos.

Não se espante, é só a eletricidade se manifestando mais uma vez.


Nessas linhas de alta tensão (a ddp pode chegar a 400.000 V), o campo
elétrico pode ser tão intenso que vence a rigidez dielétrica do ar.

Com a quebra da rigidez dielétrica do ar, este se torna ionizado


passando a se comportar como um condutor, criando assim pequenas
descargas em torno do condutor. Essas descargas são semelhantes a uma
coroa, daí o nome do efeito ser descarga em corona ou efeito corona.

O processo é semelhante ao de um raio, em menor escala.

Detalhe de uma coluna de isoladores em uma torre.


Os anéis próximos aos cabos e nas ferragens dos
isoladores são usados para uniformizar o campo elétrico,
reduzindo o efeito corona.

177
Fonte [9]

FÓRUM
Os conselhos dados às pessoas que são surpreendidas por uma
tempestade com raios são:

a) Abandone rapidamente os pontos elevados;

b) Se estiver num descampado, junte os pés e agache-se com apenas


os pés tocando o solo.

Discuta com os seus colegas e o seu professor quais são os


fundamentos físicos desses bons conselhos.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Baixe os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.), resolva-os INDIVIDUALMENTE e coloque-os no seu
Portfólio.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/elecmagnet/campo_
electrico/esfera1/esfera1.htm
2. http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/elecmagnet/campo_
electrico/esfera1/esfera1.htm
3. http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?
artigo=010130060301
4. http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/o-poder-das-pontas.htm
5. http://para-raio.info/mos/view/O_Poder_das_Pontas/
6. http://www0.rio.rj.gov.br/defesacivil/imagem/homem.jpg
7. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap02/fig34.
gif
8. http://www.fotoplatforma.pl/pt/fotos/2343/
9. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d1/High-
voltage_Transmission_Insulator_2005.JPG/150px-High-
voltage_Transmission_Insulator_2005.JPG
10. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

178
FÍSICA III
AULA 05: CAPACITORES E DIELÉTRICOS

TÓPICO 01: CAPACITÂNCIA

As pessoas que gostam de futebol, certamente se lembrarão dessa


notícia: No dia 27 de outubro de 2004, o jogador de futebol Serginho, do São
Caetano, morreu subitamente durante uma partida disputada no estádio do
Morumbi, em São Paulo.

Já essa outra notícia não é tão trágica, uma vez que apesar de ter sofrido
um infarto e duas paradas cardíacas, o volante do Cruzeiro, Diogo de 20
anos, escapou com vida e segundo os médicos que o atenderam o uso correto
do desfibrilador foi fundamental para evitar a morte do atleta.

DÚVIDA
O que um aparelho como o desfibrilador tem em comum com a nossa
aula sobre CAPACITORES?

Para responder a esta pergunta, você precisa entender como um


desfibrilador funciona.

COMO FUNCIONA UM DESFIBRILADOR

Fonte [1]

Em mais ou menos 2/3 das pessoas que sofrem um ataque cardíaco, o


coração entra em um estado chamado fibrilação ventricular, uma
desordem elétrica que se instala no coração, que por isso, deixa de
bombear o sangue. O desfibrilador emite uma descarga elétrica para
corrigir a fibrilação e fazer o coração bater novamente no ritmo adequado.

No desfibrilador existe um capacitor, um dispositivo elétrico que


armazena energia. A diferença de potencial inicial entre as placas de um
capacitor pode atingir valores de 5000 V. Numa parada cardíaca o uso do
desfibrilador provoca a descarga rápida do capacitor o que proporciona
uma corrente elétrica através do coração, por meio de eletrodos aplicados
no peito do paciente.

Cerca de 160.000 pessoas morrem anualmente no Brasil vítimas de


distúrbios que resultam numa parada cardiorrespiratória súbita. 95%
dessas pessoas não conseguem chegar ao hospital. Os cardiologistas e
médicos especializados em atendimentos de emergência são unânimes: se
o Brasil dispusesse de uma lei federal que tomasse obrigatória a instalação
de desfibriladores semiautomáticos em locais públicos, muitas dessas
179
vidas poderiam ser salvas. FONTE REVISTA VEJA (17 de novembro de
2004):
http://www.marimar.com.br/resgate/desfibrilador_aed_plus3.htm [2]

Fonte [3]

OLHANDO DE PERTO
Um capacitor é formado por dois condutores isolados, de formatos
arbitrários. Os condutores recebem o nome de placas, independente de
sua forma geométrica. As placas também podem ser chamadas de
armaduras.

Um capacitor, também chamado de condensador, é um dispositivo


que armazena energia.

Em um circuito o capacitor é representado assim: ou

assim:

OLHANDO DE PERTO
Em geral, não há nenhuma relação entre o símbolo e a forma ou
tamanho do capacitor.

As placas do capacitor podem ter qualquer formato:

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 7 - 7ª Edição

Ao ser ligado a uma bateria ou a uma pilha, cargas se acumulam nas


placas do capacitor. Quando o capacitor está carregado, suas placas contêm
cargas iguais e de sinais opostos.

180
CURIOSIDADE
Você sabia que a tata.....taravó dos capacitores é a garrafa de Leyden
[4] que foi inventada, de modo casual, por Ewald Jüngen Von Kleist em
1745 na Pomerânia e pouco depois (1746) por Pieter van Musschenbroek?

MULTIMÍDIA
Tente você mesmo construir sua própria garrafa de Leyden.

MONTANDO UMA GARRAFA DE LEYDEN

CARGA DE UM CAPACITOR

Na figura abaixo o circuito é formado por uma bateria B, uma chave S


e um capacitor C descarregado. Quando a chave S é fechada, passa a existir
uma ligação elétrica entre os terminais da bateria e as cargas começam a
circular. A placa do capacitor que está conectada ao terminal negativo
recebe os elétrons (cargas elétricas negativas) que são produzidas pela
bateria. A placa do capacitor que está conectada ao terminal positivo perde
elétrons para a bateria.

Fonte [5]

Enquanto as placas estão sendo carregadas, a diferença de potencial


(ddp) entre elas vai aumentando até se tornar igual à ddp entre os
terminais da bateria. Quando isso ocorre, o capacitor está totalmente
carregado.

OLHANDO DE PERTO
Quando nos referimos à carga de um capacitor, estamos falando do
valor absoluto da carga de uma das placas.

Observe que a carga total (+q – q = 0) é sempre igual a zero.

181
As placas de um capacitor são feitas de metal, então elas são superfícies
equipotenciais, independente de sua forma. Faça uma revisão na Aula 4.

A diferença de potencial (ddp) entre as placas do capacitor é


diretamente proporcional à carga acumulada nelas.

PARADA OBRIGATÓRIA
A Capacitância (C) nos diz quanta de carga (q) precisa ser colocada
nas placas de um capacitor para que seja produzida uma diferença de
potencial (V) entre elas.

OLHANDO DE PERTO
No estudo dos capacitores você representa a ddp entre as placas como
V em vez de V.

A capacitância de um capacitor depende da geometria de suas placas.


Embora o símbolo do capacitor em um circuito seja sempre representado
como dois traços paralelos, existem os mais diferentes modelos de capacitor.

Cálculo da capacitância

A capacitância depende da geometria de cada capacitor. Para determiná-


la é útil seguir um esquema de trabalho que consiste de alguns passos:

1. Admite-se que existe uma carga q nas placas;

2. Determina-se o campo elétrico entre as placas;

3. Sabendo o campo elétrico, determina-se a diferença de potencial entre


as placas;

4. Da definição, calcula-se finalmente a capacitância.

CAPACITOR PLANO
O mais simples dos capacitores é o capacitor plano. Ele é formado por
duas placas, planas e paralelas separadas por uma pequena distância d.

Fonte: Adaptado de
http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/images/cap5f01.gif

O campo elétrico entre as placas de um capacitor é uniforme na região


central. Nas bordas o campo não é uniforme. As linhas de campo não são
paralelas, como pode ser visto na figura abaixo:

182
Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol. 3 - 7ª Edição

Em geral, a distância entre as placas é tão pequena que você não vai se
preocupar com as suas bordas, onde as linhas de campo não são paralelas.
Por exemplo, um capacitor em que as placas têm área de 21 cm2 podem estar
separadas por apenas 1 mm. Assim você sempre vai poder considerar o
campo uniforme, uma vez que os efeitos das bordas são desprezados em
virtude da distância entre as placas ser muito pequena.

CÁLCULO DA CAPACITÂNCIA DE UM CAPACITOR PLANO

1 – Supomos que as placas estão carregadas com carga de módulo q.

2 – O módulo do campo elétrico E entre as placas é calculando usando


a Lei de Gauss:

Aproveite e faça uma revisão na Aula 3.

3 – Para um campo uniforme, você aprendeu na aula 4 que a diferença


de potencial entre dois pontos é dada por: onde d é a distância
entre as placas. Como

4 – Da definição da capacitância temos:

Temos então a capacitância de um capacitor de placas planas e


paralelas:

No sistema SI a permissividade elétrica do vácuo

A: área das placas; d: distância entre as placas.

Um capacitor plano não tem suas placas necessariamente quadradas,


elas podem ter outros formatos, por exemplo, circular.

CAPACITOR ESFÉRICO
O capacitor de placas esféricas (capacitor esférico) é formado por duas
esferas metálicas concêntricas, de raios e .

183
CÁLCULO DA CAPACITÂNCIA DE UM CAPACITOR ESFÉRICO

1 – Supomos que as placas estão carregadas com carga de módulo q.

2 – O módulo do campo elétrico E entre as placas é calculado usando a


Lei de Gauss.

Considerando uma superfície gaussiana esférica de raio r (pontilhada


em vermelho), aplicamos a Lei de Gauss:

DICA
Você sabia que o nosso belo planeta azul pode ser pensado como um
grande capacitor esférico? Detalhes sobre esse assunto você poderá obter
na página da Seara da Ciência:

Clique aqui [6]

CAPACITOR CILÍNDRICO
Um capacitor cilíndrico é formado por um cilindro condutor de
comprimento L, e raio a, coaxial com uma casca cilíndrica de raio b ( b a),
também condutora. Os cilindros são as placas do capacitor.

Fonte [7]

O cálculo da capacitância de um capacitor cilíndrico de altura L e raios a


e b, também requer um formalismo matemático que envolve o cálculo
integral mais elaborado.

Apenas o resultado final é mostrado aqui.

DESAFIO

184
Fica aqui um desafio: Procure discutir com o seu professor como
chegar a este resultado.

A unidade de medida da capacitância no sistema SI é o farad (F).

Os submúltiplos do Farad são unidades mais convenientes de serem


usadas na prática, pois o farad é uma unidade muito grande.

UNIDADE DE CAPACITÂNCIA

Para você ter uma ideia da ordem de grandeza do Farad, a unidade de


capacitância, vamos resolver este pequeno exercício.

Imagine um capacitor de placas planas e paralelas, cuja capacitância é


1,0 F. Se a distância entre as placas é de apenas 1,0 mm, qual seria a área
das placas desse capacitor?

Para um capacitor plano a capacitância é:

Imagine uma placa com uma área de 100 milhões de metros


quadrados!

Desse resultado você já pode entender porque sempre se usa os


submúltiplos do Farad.

Submúltiplos do Farad:

CURIOSIDADE
Você sabia que a unidade farad é uma homenagem a Michael Faraday
[8]? Conheça essa importante personagem da história do
eletromagnetismo.

EXEMPLOS
Agora você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão
de guia para a resolução de outros problemas.

185
TENTE PRIMEIRO ANTES DE VER A SOLUÇÃO
EXEMPLO 1

Um capacitor plano é conectado a uma bateria de ddp


constante V, como mostra a figura, adquirindo carga elétrica
Q. Mantendo-o conectado à bateria, afastam-se as placas até
que a distância entre as mesmas seja o triplo da inicial. Ao final do
processo, qual será a sua carga elétrica?

Resposta: Q/3

Solução do exemplo 1 - clique aqui (Visite a aula online


para realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

No exercício anterior, desliga-se o capacitor da bateria


antes de afastar as placas e em seguida dobra-se a
distância entre as mesmas. Qual será nova ddp nos seus
terminais?

Resposta: 2V

Solução do exemplo 2 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://0.tqn.com/d/enfermedadescorazon/1/0/9/1/-/-/desfibrilador.jpg
2. http://www.marimar.com.br/resgate/desfibrilador_aed_plus3.htm
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Desfibrilador-lown.png
4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Garrafa_de_Leyden
5. http://eletronicos.hsw.uol.com.br/capacitor1.htm
6. http://www.seara.ufc.br/tintim/fisica/tempestades/tempestade1.htm
7. http://professor.ucg.br/siteDocente/admin/arquivosUpload/6741/mate
rial/Eletricidade%20e%20eletronica%20nota%20de%20aula1.pdf
8. http://www2.ee.ufpe.br/codec/faraday.htm
9. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

186
FÍSICA III
AULA 05: CAPACITORES E DIELÉTRICOS

TÓPICO 02: ENERGIA NO CAPACITOR

Como você acabou de ver no tópico 1 desta aula, que um capacitor é


um dispositivo que armazena cargas elétricas em suas placas. Isto significa
que entre elas existe um campo elétrico.

Fonte [1]

Imagine uma situação em que um capacitor, com capacitância C, já está


carregado com uma certa carga q, e suas placas estejam a uma diferença de
potencial V. Para transferir uma pequena porção de carga dq de uma placa
para outra, é necessário realizar um trabalho (dW), por menor que seja a
porção dq. É claro que quanto menor for a porção de carga transportada,
menor será o trabalho realizado.

Você já aprendeu, da definição de diferença de potencial (ddp), que o


trabalho (W) realizado para transportar uma carga entre dois pontos aonde
existe uma ddp ( V) é dado por:

Lembre-se que no estudo de capacitores, designam a ddp


apenas por V.

PARADA OBRIGATÓRIA
O trabalho realizado para carregar as placas do capacitor, fica
armazenado na forma de energia potencial.

ENERGIA ARMAZENADA

Da definição da capacitância você tem:

187
Veja que, da equação acima, q e V são grandezas diretamente
proporcionais. Isso significa que o gráfico corresponde a uma linha reta,
pois a capacitância C é constante.

O gráfico abaixo representa a carga elétrica q de um capacitor em


função da ddp V nos seus terminais.

A área total é a soma de todas as áreas infinitesimais. Portanto:

Usando a definição da capacitância, podemos escrever a equação


acima de outra forma:

Qual é a interpretação física para essa área?

Você se lembra que carga multiplicada por diferença de potencial é


igual ao trabalho? Você já viu isso quando estudou o potencial elétrico na
aula 4.

Isso significa que a área total (área do triângulo) é numericamente


igual ao trabalho total realizado, já que cada pequenina área dA representa
um pequeno trabalho dW.

O trabalho realizado para carregar as placas do capacitor não se perde,


ele fica armazenado na forma de energia potencial. Então:

Podemos expressar a energia potencial de outras maneiras: Energia em


função da carga e em função da carga e da ddp. Veja os exemplos resolvidos.

OLHANDO DE PERTO
Um capacitor produz um campo elétrico entre suas placas carregadas.
Podemos dizer que a energia armazenada no capacitor é armazenada no
campo elétrico.

188
ENERGIA ARMAZENADA NO CAMPO ELÉTRICO

Considere o caso de um capacitor de placas paralelas separadas pela


distância d.

A diferença de potencial (ddp) V entre as placas será a ddp entre dois


pontos de um campo elétrico uniforme. Reveja a Aula 4.

A capacitância desse capacitor você já viu no tópico 1 desta aula:

Substitua estas duas equações na expressão para a energia:

Observe que se as placas têm área A e estão separadas pela distância


d, a região entre elas ocupará um volume v que é exatamente A . d.

Densidade de energia – Vamos definir a densidade de energia


(u): a energia por volume:

Embora a equação acima tenha sido deduzida para o caso particular de


um capacitor de placas paralelas, ela é absolutamente geral, vale para
qualquer capacitor.

189
Ela fornece a densidade de energia de um campo elétrico em
determinada região do espaço, não importando como ele tenha sido
produzido.

EXEMPLOS
Agora você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão
de guia para a resolução de outros problemas.

TENTE PRIMEIRO ANTES DE VER A SOLUÇÃO


EXEMPLO 1

Carrega-se um capacitor de capacitância 5 µF com carga


elétrica de 20 µC.

a) Calcule a ddp entre as placas do capacitor

b) Calcule a energia potencial elétrica armazenada no


capacitor

-5
Resposta: a) 4,0 V; b) 4 x 10 J

Solução do exemplo 1 - clique aqui (Visite a aula online


para realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

–6
Um capacitor armazena 8 x 10 J de energia elétrica
quando submetido à uma ddp V. Se ddp nos seus terminais for
dobrada o que acontece com a energia armazenada ?

–6
Resposta: 32 x 10 J

Solução do exemplo 2 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 3

Para tirar as fotos da festa de aniversario de sua filha, um pai


precisou usar o flash da máquina fotográfica. Este dispositivo
utiliza uma bateria de 3,0 V que carrega completamente um
capacitor de 15mF. No momento da fotografia, quando o flash é
disparado, o capacitor, completamente carregado, se descarrega
sobre sua lâmpada.

a) Calcule o valor máximo da energia armazenada no


capacitor.

b) Calcule a carga que estava nas placas do capacitor da


máquina fotográfica, antes deles se descarregar com o flash.

–5
Respostas: a) 6,75 x 10 J; b) 4,5 x
–5
10 C

Solução do exemplo 3 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

190
FONTES DAS IMAGENS
1. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/capacitor/exemplo_calc_cap
ac_condensadores/
2. http://www.denso-wave.com/en/

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191
FÍSICA III
AULA 05: CAPACITORES E DIELÉTRICOS

TÓPICO 03: ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES

Como você acabou de ver no tópico 1 desta aula a carga (q) e a


diferença de potencial (V) de um capacitor, são relacionadas pela definição
da capacitância:

Na prática, muitas vezes, surge a necessidade de uma capacitância maior


do que a capacitância que um único capacitor pode fornecer. Também
podem acontecer situações em que o capacitor precisa ser ligado a uma
diferença de potencial superior àquela para a qual foi projetado. É claro que
num caso desses, a diferença de potencial elevada estragaria o capacitor.
Para resolver esses problemas, muitas vezes é necessário usar mais de um
capacitor em um circuito, fazendo-se associações com eles. Os padrões mais
comuns de associações são as associações em paralelo, em série, mas temos
também a associação mista.

ASSOCIAÇÕES EM PARALELO

Uma associação em paralelo é caracterizada pelo fato de todos os


capacitores estarem ligados a uma mesma diferença de potencial entre
as placas.

Fonte [1]

PARADA OBRIGATÓRIA
Na associação em paralelo, todos os capacitores estão conectados à
mesma diferença de potencial.

Na associação em paralelo, a capacitância equivalente do conjunto,


, será maior do que a maior capacitância dos capacitores da associação.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE

Uma associação em série de dois ou mais capacitores é a situação


em que a placa negativa de um capacitor é ligada diretamente à placa
positiva do outro. Por isso é que se chama associação em série: os
capacitores estão em "fila", um seguido do outro.

192
Fonte [2]

PARADA OBRIGATÓRIA
Uma associação em série é caracterizada pelo fato de todos os
capacitores terem a mesma carga em todas as placas.

A capacitância equivalente do conjunto, é menor do que a menor


capacitância dos capacitores da associação.

ASSOCIAÇÃO MISTA

Na associação mista, como o próprio nome indica, temos


associações em série e em paralelo no mesmo circuito, como mostra a
figura abaixo.

OLHANDO DE PERTO
Determinar a capacitância equivalente de uma associação de
capacitores é encontrar a capacitância de um capacitor que substitui a
associação com o mesmo efeito.

CAPACITÂNCIA EQUIVALENTE DE ASSOCIAÇÃO EM PARALELO

Dois ou mais capacitores estão associados em paralelo quando seus


terminais estão ligados à mesma diferença de potencial V.

A figura abaixo mostra dois capacitores e com suas placas


positivas ligadas ao terminal positivo da bateria (a letra A designa todos os
pontos no mesmo potencial positivo) e as placas negativas ligadas ao
terminal negativo (a letra B designa todos os pontos no mesmo potencial
negativo).

193
Fonte: Adaptado de
http://dc274.4shared.com/doc/DY3rY2C8/preview_html_m10e4989c.png

A carga Q fornecida pela bateria se divide entre os dois capacitores.

A capacitância de cada capacitor, por definição é:

A situação é equivalente a um novo capacitor cuja capacitância é a


soma das capacitâncias individuais. Esta nova capacitância é chamada de
capacitância equivalente.

A figura abaixo ilustra muito bem o conceito de capacitância


equivalente:

O circuito mostrado na figura 1 é completamente equivalente ao


circuito mostrado na figura 2, o que significa que o circuito 2 de
capacitância substitui o circuito 1 com o mesmo efeito.

CAPACITÂNCIA EQUIVALENTE DE ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE

A figura abaixo mostra uma associação em série de três capacitores.

194
Devido à diferença de potencial elétrico que é estabelecida, as cargas
elétricas se movimentam até que os capacitores estejam completamente
carregados.

Observe a figura acima. A placa do capacitor que é conectada ao


terminal positivo da bateria fica carregada positivamente (+Q), pois
elétrons deixam essa placa, atraídos pelo polo positivo da bateria. Da
mesma forma a placa do capacitor ligada ao polo negativo da bateria, fica
carregada negativamente (–Q). As cargas nas placas se distribuem de
modo que todas ficam carregadas com o mesmo valor.

Os capacitores ficam carregados com a mesma carga


elétrica Q.

A carga elétrica da associação é igual a Q, pois foi essa quantidade


que a bateria movimentou da placa positiva do capacitor para a placa
negativa do capacitor .

A diferença de potencial V com que a bateria alimenta o conjunto de


capacitores, se distribui entre eles, tal que:

Para cada capacitor vamos escrever a capacitância:

Da definição da capacitância:

Podemos concluir que a capacitância equivalente de uma associação


de três capacitores em série é dada por:

195
Os dois circuitos mostrados na figura acima são completamente
equivalentes. O capacitor de capacitância substitui a associação dos três
capacitores com o mesmo efeito.

PARADA OBRIGATÓRIA
Qualquer que seja o tipo de associação, em série, em paralelo ou
mista, a energia armazenada na associação é igual à soma das energias em
cada capacitor individualmente.

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a resolução!

EXEMPLOS

EXEMPLO 1

Uma associação de l.000 capacitores de 10 mF cada um,


associados em paralelo, é utilizada para armazenar energia. Qual o
custo para se carregar esse conjunto até 50.000 V, se o preço do
kWh custa R$ l,00?

Resposta: R$ 3,47

Solução do exemplo 1 - clique aqui (Visite a aula online


para realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

Calcule a capacitância equivalente da associação mista


mostrada na figura abaixo para os capacitores = 20 F, = 10
F e = 40 F

Resposta: 17,14 F

196
Solução do exemplo 2 clique aqui (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 3

Dois capacitores de capacitância = 6,0 F e = 3,0 F e


são associados em paralelo e a associação é submetida a uma ddp
V. O capacitor de capacitância é carregado com = 1,2 x
-4
10 C e o de capacitância , com carga elétrica . Determine
Ve .

-5
Respostas: 20,0 V; 6 x10 C

Solução do exemplo 3 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/images/cap5f05.gif
2. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/images/cap5f06.gif
3. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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197
FÍSICA III
AULA 05: CAPACITORES E DIELÉTRICOS

TÓPICO 04: CAPACITOR DE PLACAS PARALELAS COM ISOLAMENTO DIELÉTRICO

Muitas vezes os capacitores são usados em circuitos muito pequenos,


como por exemplo, num flash de máquina fotográfica. É claro que se o
circuito é pequeno, os seus componentes também deverão ser pequenos.
Entretanto um capacitor com placas de pequena área (A) terá um pequeno
valor de Capacitância para uma distância (d) fixa. Por outro lado, uma
pequena distância (d) entre as placas, resulta em uma capacitância grande
para uma dada área (A).

Na prática é complicado manter uma pequena separação (da ordem de


alguns milímetros) entre as placas sem que elas se toquem. Uma solução
consiste em introduzir entre elas um material isolante.

O preenchimento do espaço entre as placas com um material isolante


não tem apenas a função de mantê-las separadas. Efeitos importantes
acontecem quando um isolante ou dielétrico é introduzido entre as placas de
um capacitor.

Michael Faraday, em 1837, foi o primeiro a fazer esse tipo de


investigação. Nas palavras do próprio Faraday.

NAS PALAVRAS DO PRÓPRIO FARADAY

Seja A uma placa metálica eletrizada suspensa no ar, B e C duas


outras, isoladas, idênticas a A e dela equidistantes, dispostas
paralelamente, em lados opostos. A placa A estabelecerá uma indução
idêntica sobre B e C, (isto é, as cargas que aparecerão nessas placas
serão iguais). Se nessa situação, um outro dielétrico diferente do ar, por
exemplo goma laca, for introduzido entre A e C, será que a indução
entre essas placas permanece a mesma? Será que a relação de C e B com
A permanece inalterada, não obstante a presença do dielétrico
introduzido entre elas?

PARADA OBRIGATÓRIA
Quando dois capacitores são carregados sob uma mesma diferença
de potencial, verifica-se, experimentalmente, que a carga nas placas do
capacitor com um dielétrico é maior.

PARADA OBRIGATÓRIA
Quando dois capacitores são carregados com uma mesma carga,
verifica-se, experimentalmente, que a diferença de potencial entre as
placas do capacitor com um dielétrico é menor.

EFEITO DO DIELÉTRICO SOBRE A CAPACITÂNCIA

198
I – DDP CONSTANTE

Se os dois capacitores abaixo estão ligados à mesma diferença de


potencial V, o capacitor com dielétrico terá mais carga nas suas placas.

Fonte [1]

Mais uma vez, olhe para a expressão que define a capacitância de um


capacitor:

Quanto maior a carga, maior a capacitância.

II – CARGA CONSTANTE

Fonte [2]

Capacitor com carga constante é capacitor desligado da bateria.

Quanto menor a ddp, maior a capacitância.

OLHANDO DE PERTO

199
A capacitância C de um capacitor com dielétrico é maior do que a
capacitância de um capacitor sem dielétrico.

PARADA OBRIGATÓRIA
Se C e são as capacitâncias de um capacitor totalmente preenchido
com um dielétrico e de um capacitor vazio, respectivamente, a relação
entre elas é:

C=k .

OLHANDO DE PERTO
k é uma propriedade do material isolante. É chamada de constante
dielétrica do material e é sempre maior do que 1.

A constante dielétrica do vácuo é igual a 1.

Cada material tem sua constante dielétrica.

A tabela abaixo dá os valores aproximados da constante dielétrica para


alguns materiais.

K RIGIDEZ K
MATERIAL CONSTANTE DIELÉTRICA MATERIAL CONSTANTE
DIELÉTRICA (106 V/M) DIELÉTRICA

Água (a Polietileno
78,0 – 2,3
250 C)

Âmbar 2,7 90,0 Poliestireno 2,6

Ar 1,00054 3,0 Porcelana 6,5

Baquelita 4,8 12,0 Quartzo 3,8

Celulose 3,7 – Teflon 2,1

Dióxido de Vácuo
100,0 6,0 1,0
titânio

Mica Vidro
5,4 160,0 7,75
comum

Neoprene 6,9 12 Vidro pirex 4,5

Papel 3,5 14

A terceira coluna mostra os valores da rigidez dielétrica para os


materiais.

APROVEITE PARA REVER A AULA SOBRE O POTENCIAL ELÉTRICO AONDE VOCÊ FOI
APRESENTADO À RIGIDEZ DIELÉTRICA

A rigidez dielétrica é o máximo valor de campo elétrico que um


material isolante (um dielétrico) pode suportar antes de virar um condutor.

200
Você pode ver que um isolante pode se tornar condutor, basta que seja
submetido a um campo elétrico muito intenso. Na tabela acima você pode
notar que a rigidez dielétrica do ar apresenta o valor mais baixo. Isso
significa que um capacitor vazio, com ar entre suas placas, tem maior
possibilidade de ser danificado se for submetido a campos elétricos muito
intensos.

Com o ar se tornando condutor, o capacitor se danifica, uma vez que


sua função de acumulador de cargas deixa de existir se elas puderem
passar de uma placa para a outra.

Dessa forma, a introdução de um dielétrico entre as placas de um


capacitor apresenta uma série de vantagens:

◾ Permitir que as placas condutores possam ser colocadas muito próximas


sem o risco de entrarem em contato. Esta é a mais simples dessas vantagens,
mas nem por isso menos importante, uma vez que as placas do capacitor não
podem se tocar, sob o risco dele ser danificado.
◾ Qualquer substância submetida a um campo elétrico muito alto pode se
ionizar e se tornar um condutor, com a quebra da rigidez dielétrica. Os
dielétricos, por terem uma maior rigidez dielétrica são mais resistentes à
ionização que o ar. Assim um capacitor contendo um dielétrico pode ser
submetido a uma ddp mais elevada.

DICA
A constante dielétrica k é adimensional.

CAPACITÂNCIA DE UM CAPACITOR DE PLACAS PARALELAS COM DIELÉTRICO


Uma das coisas que você já conhece é a capacitância de um capacitor de
placas paralelas que é dada por

Agora você também sabe que a capacitância de um capacitor com


dielétrico é maior do que a de um capacitor vazio:

Se é a capacitância de um capacitor de placas paralelas sem dielétrico,


então:

Podemos concluir que a capacitância equivalente de uma associação de


três capacitores em série é dada por:

Como a ddp e o campo elétrico são afetados pela presença do dielétrico?


Veja o arquivo: Campo e Potencial-Dielétrico (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.).

OLHANDO DE PERTO
A permissividade elétrica do material:

é a permissividade elétrica do vácuo.

201
MULTIMÍDIA
Neste site: Eletricidade e Magnetismo [3], além de encontrar uma boa
leitura complementar sobre Capacitores, você pode fazer um EXERCÍCIO
INTERATIVO muito interessante.

É um aplicativo com um capacitor de placas paralelas com quatro


dielétricos diferentes, quatro possibilidades de áreas das placas, e quatro
distâncias entre elas.

LEITURA COMPLEMENTAR
Para saber mais sobre este assunto você poderá ver, por exemplo, o
livro Fundamentos de Física: Eletromagnetismo - Vol. 3 de David Halliday
& Robert Resnick & Jearl Walker.

FÓRUM
Com base no que você aprendeu nesta aula, discuta a seguinte
questão: Um capacitor é carregado com uma bateria que é depois retirada.
Descreva qualitativamente o ocorre com a carga, a capacitância, a
diferença de potencial, o campo elétrico entre as placas e a energia
armazenada no capacitor.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.mspc.eng.br/eletrn/cap110.shtml
2. http://www.mspc.eng.br/eletrn/cap110.shtml
3. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/m_s08.html
4. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

202
FÍSICA III
AULA 05: CAPACITORES E DIELÉTRICOS

TÓPICO 05: VISÃO MICROSCÓPICA DOS DIELÉTRICOS

PARADA OBRIGATÓRIA
A presença de um dielétrico aumenta a capacitância do capacitor.

Para você compreender porque isso acontece você precisa "ver" a


estrutura molecular do dielétrico.

VISÃO MICROSCÓPICA DOS DIELÉTRICOS

Você já aprendeu que as moléculas de algumas substâncias na


natureza são polares, por exemplo, a água H2O o ácido clorídrico (HCl).
Lembra disso? Volte à aula 1, tópico 03 e faça uma revisão.

As ligações polares ocorrem entre átomos diferentes:

As moléculas polares já têm um dipolo natural que tende a se alinhar


com um campo elétrico externo. Na ausência de um campo elétrico, a
agitação térmica desorganiza os dipolos que ficam orientados ao acaso. A
presença do campo tem o efeito de organizar os dipolos.

As moléculas apolares não possuem dipolo natural. A ligação apolar


ocorre entre átomos iguais:

Essas moléculas, na presença do campo elétrico sofrem um processo


de separação de suas cargas o que dá a elas uma característica polar
temporária. Só existe na presença do campo.

Quer a substância tenha moléculas polares ou apolares, na presença de


um campo elétrico externo todas as moléculas tendem a se alinhar.

O campo elétrico é como o comandante de um batalhão de soldados.


Na presença dele todos se alinham. Aqueles que naturalmente têm essa
tendência (moléculas polares) e até os que não têm a intenção de serem
soldados (moléculas apolares).

203
Na ausência do "comandante" Campo Elétrico, mesmo asa moléculas
polares se desorganizam em virtude a agitação térmica.

Fonte [1]

Na presença do comandante Campo Elétrico, todas as moléculas,


polares ou apolares, se alinham.

Moléculas polares na ausência de um campo elétrico externo:

Resnick, Halliday. Walker, Fundamentos de Física Vol. 3 - 7ª Edição

Moléculas polares na presença de um campo elétrico externo:

Resnick, Halliday. Walker, Fundamentos de Física Vol. 3 - 7ª Edição

204
O efeito global do alinhamento dos dipolos é deixar a superfície do
dielétrico com uma carga induzida, como mostrado na figura abaixo. Diz-se
que o dielétrico está POLARIZADO.

PARADA OBRIGATÓRIA

O campo elétrico produzido pelas cargas superficiais induzidas na


superfície do dielétrico se opõe ao campo elétrico produzido pelas cargas
nas placas do capacitor.

Q : Cargas nas placas

q' : Cargas induzidas na superfície do dielétrico

E0: Campo elétrico produzido pelas cargas Q

E': Campo elétrico produzido pelas cargas induzidas na superfície do


dielétrico

OLHANDO DE PERTO
O efeito do dielétrico é enfraquecer o campo elétrico:

AUMENTO DA CAPACITÂNCIA
DIFERENÇA DE POTENCIAL CONSTANTE

Se o capacitor permanece ligado a uma bateria, a ddp


obrigatoriamente permanecerá constante: a mesma da bateria.

Estudando a aula 4 sobre o Potencial Elétrico ( aproveite para


fazer uma revisão) você aprendeu que em um campo uniforme, a ddp
entre dois pontos é dada por:

205
Como o campo elétrico E é menor do que E 0, a ddp tenderia a
diminuir também. Mas isso não pode acontecer, já que o capacitor está
ligado à bateria o que obriga sua ddp permanecer igual à da bateria .
A saída para esse impasse quem resolve é a bateria mandando mais cargas
para as placas. Com isso o campo E 0 aumenta e compensa a diminuição
causada pelo campo induzido E'

Um aumento das cargas provoca um aumento na


capacitância, já que por definição:

CARGA CONSTANTE

A carga constante representa a situação em que o capacitor é desligado


da bateria. Não se esqueça que a bateria é a única fonte de suprimento de
cargas para o capacitor. Se ela for desligada, a carga, que não pode ser
criada nem destruída ( reveja a aula 1) é obrigada a permanecer
constante.

Mas como já vimos, . Agora não tem saída, .

Se V diminui, a capacitância aumenta.

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a resolução.

EXEMPLO 1

Uma certa substância tem uma constante dielétrica 2,8 e uma


rigidez dielétrica 18 MV/m. Se a usarmos como dielétrico num capacitor
de placas paralelas, qual deverá ser a área mínima das placas para que a
-2
capacitância seja de 7,0 x 10 μF, e para que o capacitor seja capaz de
resistir a uma ddp de 4,0 kV?

2
Resposta: A = 0,63 m

Solução do exemplo 1 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

Um capacitor de placas planas e paralelas de capacitância C=12 pF é


carregado através de uma bateria até que a diferença de potencial entre
as placas seja de 25 V. a bateria é então desligada e uma placa de mica
(k=5,4) é introduzida entre as placas. Determine a energia armazenada
no capacitor antes e depois da introdução da placa.

206
-9 -10
Respostas: 3,75 x 10 J; 6,944 x 10 J

Solução do exemplo 2 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

A LEI DE GAUSS E OS DIELÉTRICOS


Na Aula 3 quando você estudou a Lei de Gauss, todas as cargas estavam
no vácuo. Lembre-se que você usava a constante de permissividade elétrica
do vácuo :

Vamos generalizar a Lei de Gauss para que ela possa ser utilizada
também na presença de dielétricos.

A NOVA FACE DA LEI DE GAUSS

As figuras abaixo mostram dois capacitores: Figura (a) capacitor sem


dielétrico. Figura (b) capacitor com dielétrico.

Resnick, Halliday. Walker, Fundamentos de Física Vol. 3 - 7ª Edição

Para determinar a carga na superfície do dielétrico devido à


polarização vamos aplicar a Lei de Gauss. Aproveite e faça uma
revisão na Aula 3.

Na figura (a), com o capacitor sem dielétrico, a superfície gaussiana


mostrada envolverá apenas a carga da placa, chamada carga livre.

Aplicando a Lei de Gauss:

Como o campo entre as placas é uniforme, a Lei de Gauss nos dará o


campo elétrico E0

Para a situação da figura (b), vamos também usar a Lei de Gauss para
determinar o campo elétrico na região entre as placas. Como esta região

207
está preenchida com um dielétrico, estaremos determinando o campo
resultante (E) no interior do dielétrico.

Veja que agora a superfície gaussiana envolve tanto as


cargas da placa (+q), chamada carga livre, quanto as cargas na
superfície do dielétrico (- q,), chamada de carga induzida.

O campo elétrico, como você viu no Tópico 4 desta aula, sofre uma
diminuição em consequência da presença do dielétrico:

Determinamos, assim, a carga induzida na superfície de um dielétrico


que preenche totalmente a região entre as placas de um capacitor.

Às vezes dielétrico preenche a região entre as placas apenas


parcialmente, como mostrado na figura abaixo.

Resnick, Halliday. Walker, Fundamentos de Física Vol. 3 - 7ª Edição

DESAFIO
Nesse caso, você deve determinar o campo tanto na região ocupada
pelo dielétrico como nos espaços vazios entre as placas e o dielétrico.

EXEMPLOS RESOLVIDOS

208
Clique aqui: Mais Exemplos Resolvidos (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.) para acessar mais exemplos resolvidos
sobre este assunto.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.porjati.ru/uploads/posts/2012-
02/thumbs/1329926614_1298357210_024.jpg
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

209
FÍSICA III
AULA 05: CAPACITORES E DIELÉTRICOS

TÓPICO 06: APLICAÇÕES NO COTIDIANO

No nosso dia a dia encontramos inúmeras situações onde os capacitores


são utilizados.

PARADA OBRIGATÓRIA
Um capacitor é um dispositivo capaz de armazenar energia e carga
elétrica.

DICA
Você sabe por quê?

Você já percebeu que na parte de trás dos aparelhos de televisão


aparece o símbolo de alta tensão? Ainda não viu? Dê uma olhada, mas
tenha cuidado! Você poderá levar uma descarga elétrica violenta ao mexer
no aparelho de forma imprudente, mesmo que ele esteja desligado da
tomada.

Você sabe por que isso ocorre? Por causa dos capacitores:
mesmo com o aparelho desligado, existe ainda uma grande quantidade de
carga elétrica no televisor.

VERSÃO TEXTUAL

1. Flash'' de máquina fotográfica.

Uma aplicação muito simples do capacitor se encontra no flash


das máquinas fotográficas. O flash de uma máquina fotográfica é
basicamente uma lâmpada de descarga de gás (xenônio), que deve
permanecer acesa por um curto período, aproximadamente o tempo
de exposição do filme.

Todo mundo sabe que ao se ligar o flash, uma luz vermelha leva
um certo tempo até acender. Durante o acendimento dessa luz, um
capacitor está sendo carregado. Quando a luz está acesa, o flash está
pronto para ser disparado.

Olhe para a figura abaixo. Parece assustadora? Você está olhando


para a “anatomia” de um flash de máquina fotográfica. Achou os
capacitores?

210
Fonte da imagem: Adaptado de http://static.hsw.com.br/gif/camera-
flash-diagram.gif

Toda essa parafernália acima pode ser “trocada” pelo circuito


equivalente, muito mais simples, mostrado abaixo:

Quando se aperta o botão de disparo da máquina fotográfica, uma


chave eletrônica coloca o capacitor em série com a lâmpada de flash,
fazendo com que este se descarregue em tempo muito curto. Durante
este tempo, a lâmpada produz um pulso de luz intensa, convertendo
grande parte da energia elétrica que estava armazenada no capacitor
em energia luminosa.

2. Sintonizador de rádio.

Imagine que você está ouvindo o seu rádio e começa a tocar uma
música que você detesta. O que você faz? Muda de emissora! Saiba que
ao fazer isso, você está usando uma aplicação dos capacitores.

Uma aplicação bastante comum dos capacitores é encontrada em


rádios e equipamentos de telecomunicação para sintonia e controle de
frequências.

Na sintonia dos rádios é usado um capacitor cuja capacitância


pode ser mudada alterando-se a superfície da área das placas
superpostas.

Fonte da imagem: Adaptado de


http://www.reocities.com/capecanaveral/6731/LoopCap.jpg

211
Fonte da imagem: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap05/fig102.gif

Este capacitor plano é formado por várias camadas, em que as


placas metálicas, semicirculares, são dispostas de tal modo que os
centros de todos os círculos estejam sobre um eixo (veja a figura
acima). Um conjunto de placas fixas alternadas com um conjunto de
placas móveis é preso a uma haste metálica que passa pelos seus
centros, de maneira que, girando a haste, todas as placas móveis
giram. Desse modo é possível modificar a área S das superfícies de
móveis que ficam em frente às fixas. Assim é possível variar a
capacitância do capacitor.

Para sintonizar uma nova emissora, deve-se modificar a


frequência do oscilador local (o rádio). Essa frequência depende, entre
outros fatores, da capacitância. Variando-se a capacitância, varia-se a
frequência. Um capacitor de capacitância variável é utilizado
para variar a frequência do oscilador e assim sintonizar
uma nova emissora.

Filtros.

Quem gosta de “curtir” um som tem muita familiaridade com


essas palavras: tweeter, woofer, subwoofer.

Tweeter: é um alto-falante de dimensões reduzidas (de 0,5 a 3


polegadas) usado para reproduzir a faixa de alta frequência dos sons
audíveis (acima de 5kHz ), ou seja, os sons mais agudos.

Woofer: também é um alto-falante usado para reproduzir


frequências graves (abaixo de 300Hz ). Seu tamanho pode variar de 5
a 18 polegadas.

Para reproduzir frequências ainda mais baixas (abaixo de 120Hz )


os alto-falantes são chamados de subwoofers.

Aonde entram os capacitores nessa história?

Os capacitores funcionam como filtros que podem ser utilizados


tanto para direcionar as altas frequências a um tweeter enquanto
bloqueia os sinais mais graves que poderiam interferir ou danificar o
alto-falante, como para direcionar as baixas frequências ao woofwer.

Capacitores microscópicos em memória RAM de


computadores.

212
As memórias RAM têm como base do seu funcionamento
capacitores microscópicos que acumulam energia elétrica.

A leitura e escrita da memória acontecem conforme figura abaixo:

Os capacitores não ficam carregados muito tempo, aí entra um


circuito chamado "refresh", que tem a função de não permitir que os
capacitores se descarreguem. Se esse circuito parar de funcionar, as
informações constantes na memória durariam poucos segundos, por
isso a DRAM é uma memória volátil, se desligarmos o computador, o
circuito de refresh para e as informações consequentemente são
apagadas.

Funcionamentos de “air bags”

Em uma colisão frontal, o motorista e os passageiros de um carro


são arremessados para a frente e podem se ferir gravemente ao se
chocarem com o volante, o painel ou o para-brisa. Lembra da Primeira
Lei de Newton?

Os air bags, são almofadas infláveis, que protegem as pessoas nos


casos de acidente. Eles são ejetados do volante ou do painel do carro,
se enchem de ar quase instantaneamente. Em um choque forte, a
almofada se infla por completo em 1/20 de segundo.

O sensor do air bag de um carro é um capacitor. Quando o carro


para bruscamente, numa colisão, a placa traseira do capacitor que é
mais leve se aproxima da placa frontal, mais pesada, diminuindo a
distância entre elas. Isso altera o valor da capacitância. Um circuito
eletrônico detecta essa variação e aciona o air bag.

Teclados de computador

Muitos teclados de computador possuem teclas que funcionam


acopladas a uma das placas de um pequeno capacitor. É o chamado
teclado capacitivo.

Nesse tipo de teclado quando uma tecla é pressionada ela


comprime uma mola que faz com que as placas do capacitor se
aproximem, alterando o valor da capacitância. Essa variação é
detectada por um circuito eletrônico que avisa ao processador que
aquela tecla foi pressionada.

213
Aplicações na Medicina

Grande parte da pesquisa no campo da neurofisiologia é dedicada


à determinação dos vários graus de atividade elétrica associada às
células nervosas isoladas. Os neurônios são as principais células do
sistema nervoso, sendo os responsáveis pela condução, recepção e
transmissão dos impulsos nervosos.

Os axônios são responsáveis pela transmissão de informação


entre diferentes pontos do sistema nervoso e sua função é semelhante
a dos fios que conectam diferentes pontos de um circuito elétrico.

A membrana, que envolve os axônios, parte das células do sistema


nervoso, tem carga positiva na parte externa e negativa na interna,
comportando-se como um capacitor, cuja capacitância vale 108 F. As
duas placas condutoras são o meio iônico interno e externo e a
membrana é o dielétrico.

As cargas nas “placas” desse capacitor sofrem variações à medida


que um impulso é transmitido, percorrendo o axônio.

O fluxo de cargas através de membranas ou dos vasos sanguíneos


altera o valor da capacitância e muda as propriedades de seus tecidos.
Os vasos podem se tornar mais ou menos rígidos, alterando o fluxo
sanguíneo. Existem medicamentos que podem aumentar ou diminuir
a presença das cargas, melhorando o fluxo sanguíneo. Essas pesquisas
resultaram no Prêmio Nobel de Medicina de 1998.

Não podemos esquecer da aplicação dos capacitores nos aparelhos


desfibriladores, que podem salvar muitas vítimas de ataques
cardíacos, como mostramos no tópico 1, desta aula, quando iniciamos
este assunto.

214
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Baixe os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.), resolva-os INDIVIDUALMENTE e coloque-os no seu
Portfólio.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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215
FÍSICA III
AULA 06: CORRENTE ELÉTRICA

TÓPICO 01: CORRENTE E DENSIDADE DE CORRENTE

Você certamente sabe o que é uma ideia luminosa.

Aquela ideia tão genial que é representada por uma das invenções
mais geniais:

A LÂMPADA ELÉTRICA

OLHANDO DE PERTO
A invenção revolucionária da lâmpada elétrica, em 1879 pelo inventor
americano Thomas Alva Edison [1], contribuiu tão decisivamente para o
desenvolvimento da Eletricidade, que podemos dizer que ao lado da
Imprensa, ela foi uma das mais poderosas invenções, com influência no
modo de vida das pessoas no mundo inteiro.

O que faz uma lâmpada elétrica funcionar?

As cargas elétricas não são visíveis, mas podemos comprovar sua


existência conectando, por exemplo, uma lâmpada a uma bateria. Entre os
terminais do filamento da lâmpada existe uma diferença de potencial (ddp)
causada pela bateria. A ddp entre dois pontos, como você já viu na aula 2,
significa que as cargas elétricas ficam "com vontade" de se mover entre esses
dois pontos. Se isso for permitido, elas se movem. Esse movimento ordenado
das cargas elétricas é o que chamamos de CORRENTE ELÉTRICA.

216
Quando a chave S é fechada a corrente elétrica faz a lâmpada
acender.

PARADA OBRIGATÓRIA
A corrente elétrica é um fluxo de cargas que circula por um condutor
quando entre suas extremidades houver uma diferença de potencial. Ela é
definida como carga transferida por unidade de tempo, ou seja,

A unidade da grandeza corrente elétrica, no sistema SI, é o AMPÈRE


( A ), em homenagem ao cientista francês André-Marie Ampère [3]
(1775—1836).

DICA
1 ampère é igual a 1 coulomb por segundo:

CORRENTE ELÉTRICA

Nas aulas anteriores você aprendeu as leis e teorias envolvidas com a


Eletrostática, que trata das situações de cargas em repouso. A partir
desta aula, você começa a estudar os fenômenos relacionados com as
cargas em movimento, você está se iniciando, com esta aula, nos
estudos da Eletrodinâmica.

O movimento de uma partícula livre carregada no interior de um


condutor é muito diferente do movimento de uma partícula livre no
espaço. Você já aprendeu que os metais são ricos em elétrons livres. Os
elétrons livres estão em contínuo movimento, mas eles se movem
caoticamente, em todas as direções, semelhante às moléculas de um gás em
um recipiente. Como esse movimento é caótico, não há um fluxo efetivo de
cargas em uma dada direção, que é a característica da corrente elétrica.

Movimento caótico dos elétrons livres no interior de um condutor

Se uma diferença de potencial (ddp) aplicada entre os extremos do


condutor, o movimento dos elétrons passa a ser organizado e tem uma
direção preferencial, como pode ser visto na figura abaixo:

217
Movimento orientado dos elétrons livres, submetidos a uma ddp

A ddp aplicada entre os extremos do condutor, significa a existência de


um campo elétrico

Quando estudou o campo elétrico na Aula 2 (aproveite para fazer uma


revisão) você viu que se existe um campo elétrico, a carga fica submetida à
ação de uma força dada por:

Se a carga tem sinal positivo, a força tem a mesma orientação do


campo, mas se a carga for negativa, então a força tem sentido contrário ao
do campo elétrico.

As cargas sob a ação da força elétrica se aceleram, mas como fazem


parte da estrutura, elas se movem colidindo continuamente com os átomos
do metal. Nessas colisões com os átomos no condutor, as cargas perdem a
velocidade que haviam adquirido começando tudo novamente. Assim, elas
se movem no sentido da força com uma velocidade média chamada de
velocidade de arraste ou de arrastamento.

Velocidade de arrastamento

Vamos imaginar que existem N cargas elétricas contidas no volume

Se cada carga elétrica, tem módulo e, a carga total das N cargas contidas
no volume é:

dq = N e

Podemos definir uma densidade de cargas n, como o número (N) de


cargas por unidade de volume

218
As cargas se movem com velocidade de arrastamento constante, v, então

Onde v é velocidade de arrastamento.

Assim a quantidade de carga dq = N e, será dada por:

O SENTIDO DA CORRENTE ELÉTRICA

Admite-se que o sentido da corrente é o sentido de


deslocamento das cargas positivas. Essa convenção foi sugerida
em 1746 por Benjamin Franklin.

Edwin Hall, em 1879, determinou experimentalmente que os


portadores de carga em um condutor metálico eram os elétrons, mas
mesmo assim decidiu-se não mudar a convenção. Os resultados dos
cálculos, para as principais aplicações práticas, são exatamente os
mesmos.

OLHANDO DE PERTO
Nos condutores metálicos, a corrente elétrica é formada pelos
elétrons.

Nas soluções eletrolíticas os portadores de cargas elétricas são íons


positivos e negativos.

Nos gases a corrente é formada por íons e elétrons.

A CORRENTE ELÉTRICA
NOS METAIS

Nos metais, como você já viu, os portadores são os elétrons. Os


metais têm elétrons livres que entram em movimento ordenado sob a ação
de um campo elétrico que se estabelece quando é aplicada uma diferença
de potencial.

219
NAS SOLUÇÕES

Nas soluções (ácidos, bases ou sais em água), a corrente é constituída


pelo deslocamento de íons que resultam da dissociação das moléculas. Por
exemplo, o cloreto de sódio (NaCl), nosso sal de cozinha, quando é
dissolvido em água tem um comportamento bem diferente do que quando
está seco. Quando uma molécula de cloreto de sódio é colocada na água os
seus íons se separam. Nessa separação formam-se íons positivos,
chamados cátions e íons negativos, chamados ânions. A corrente elétrica é
formada pelo movimento dos íons nos dois sentidos. Os cátions se
deslocam no sentido do campo e os ânions se deslocam no sentido oposto
ao campo elétrico.

Fonte [5]

NOS GASES

Um exemplo de corrente elétrica nos gases, ocorre nos raios. A


diferença de potencial é tão alta que provoca a quebra da rigidez dielétrica
do ar, que se ioniza. Assim tem-se o movimento de elétrons livres e íons
que se movem entre as nuvens e a terra.

Fonte [6]

220
Nos gases a corrente é formada tanto por cargas negativas
quanto positivas.

OLHANDO DE PERTO
A corrente elétrica é uma grandeza escalar. Embora ela seja
representada como uma seta, ela não é um vetor. É uma grandeza
orientada que se soma algebricamente.

A razão de se poder atribuir uma orientação à corrente elétrica que é


uma grandeza escalar, deve-se ao fato da corrente elétrica ser um fluxo: um
fluxo de cargas elétricas que atravessam uma determinada área.

OLHANDO DE PERTO
Generalizando, podemos dizer que toda corrente é um fluxo de
alguma grandeza vetorial. No caso do fluxo de campo elétrico, a grandeza
vetorial é o campo. Se o fluxo é de massa em um fluido, a grandeza vetorial
é a velocidade das partículas do fluido. No caso da corrente elétrica, a
grandeza vetorial é a densidade de corrente.

DENSIDADE DE CORRENTE

A densidade de corrente é um vetor, representado pela letra J (ou j)


que tem a mesma direção e o mesmo sentido da velocidade das cargas que
formam a corrente se as cargas forem positivas e sentido oposto se as
cargas forem negativas.

Como você sabe, nem todos os fios são retos e de seção uniforme. As
figuras abaixo ilustram alguns exemplos:

Resnick, Halliday, Walker, Fundamentos de Física, Vol - 3, 7ª Edição

Para cada pequena área infinitesimal dA, atravessada por uma


corrente I, o módulo de J é:

Se a corrente é uniforme e paralela ao vetor de área, a densidade de


corrente também será uniforme. Portanto, nesse caso temos:

221
A corrente, você viu, é dada por:

Assim a densidade de corrente pode ser escrita como:

OLHANDO DE PERTO

A unidade da densidade de corrente elétrica, no sistema SI, é A/m2

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão
de guia para a resolução de outros problemas.

TENTE PRIMEIRO ANTES DE VER A SOLUÇÃO


EXEMPLO 1
A seção reta de um condutor é atravessada pela quantidade de carga
-3 -2
∆Q=1,2.10 C no intervalo de tempo ∆t=1,5.10 s.

a) Qual a intensidade da corrente elétrica que atravessa essa seção


normal?

b) Se os portadores de carga são elétrons, quantos elétrons


atravessam essa seção normal nesse intervalo de tempo?

-2 15
Respostas: a) 8,0 x 10 A; b) 7,5 x 10

Solução do exemplo 1 - clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 2
Um fio de cobre com calibre 18 (geralmente usado nos fios que ligam
as lâmpadas) possui um diâmetro igual à 1,02 mm. Esse fio está
conectado a uma lâmpada de 200W e conduz uma corrente de 1,67 A. A
28
densidade de elétrons livres é de 8,5 x 10 elétrons por metro cúbico.
Calcule os módulos:

a) Da densidade de corrente

b) Da velocidade de arraste (ou arrastamento)

222
6 2
Respostas: a) 2,04 x 10 A/m ; b) 0,15 mm/s

Solução do exemplo 2 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

FÓRUM
A velocidade de arrastamento dos elétrons de um condutor é, nas
condições usuais, muito pequena, da ordem de 0,04 cm/s. Como se
explica que a luz de uma lâmpada apague tão logo a corrente é
interrompida?

FONTES DAS IMAGENS


1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison
2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9-Marie_Amp%C3%A8re
4. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
5. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap10/fig197.
gif
6. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/cb/Raio.gif
/200px-Raio.gif
7. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


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223
FÍSICA III
AULA 06: CORRENTE ELÉTRICA

TÓPICO 02: RESISTÊNCIA, RESISTIVIDADE E CONDUTIVIDADE

Toda pessoa que já levou um choque elétrico, sabe que seja o choque
grande ou pequeno, é sempre uma sensação desagradável. Mas os efeitos
do choque elétrico vão depender das condições a que o corpo da pessoa
está submetido. Por exemplo, com o corpo seco o indivíduo leva apenas
um leve choque recebendo uma descarga de 120 volts, mas se o corpo
estiver molhado, a mesma descarga de 120 volts, pode ser suficiente para
provocar até uma parada cardíaca.

A razão para esses efeitos tão diversos é que a corrente elétrica em cada
caso é muito diferente. Note que no exemplo acima a ddp é a mesma em
ambos os casos (120 V).

O que faz a corrente elétrica assumir valores diferentes, mesmo que a


ddp aplicada seja a mesma?

O valor da corrente elétrica além de depender da ddp aplicada, depende


também da capacidade que o condutor tem de se opor à passagem da
corrente.

PARADA OBRIGATÓRIA
A dificuldade de se opor à passagem da corrente elétrica é
denominada RESISTÊNCIA ELÉTRICA, que é definida como a razão
entre a diferença de potencial V e a corrente i:

Se a diferença de potencial (ddp) e a corrente (i) não forem


uniformes, a definição mais geral da resistência elétrica é:

Em um gráfico da ddp versus corrente, a resistência é representada pela


inclinação da curva em cada ponto. Os gráficos abaixo mostram três
situações: Resistência constante e resistências variáveis.

224
RESISTÊNCIA ELÉTRICA

OLHANDO DE PERTO
A resistência depende do comprimento a ser percorrido, da área
através da qual a corrente flui e do material.

Uma boa analogia para uma corrente elétrica em um fio, é uma


tubulação por onde escoa a água. Imagine que a tubulação está cheia de
cascalho. A passagem da água será dificultada. O cascalho oferece resistência
ao fluxo. Um trecho que tenha o dobro do comprimento oferece mais
resistência à passagem da água, já que tem mais cascalho. Em uma
tubulação mais larga (maior área), a água encontrará menos resistência,
pois há mais espaço para ela passar. É claro que o tipo de cascalho também
vai influenciar no escoamento da água: se o cascalho for polido, vai oferecer
menor resistência ao escoamento do que um cascalho bruto são constantes.

A resistência elétrica depende da natureza de cada substância e a


característica da substância está diretamente relacionada a uma grandeza
denominada RESISTIVIDADE

RESISTIVIDADE

A resistividade é uma propriedade específica de cada substância. É


representada pela letra grega e é definida como a relação entre o
campo elétrico (E) e a densidade de corrente (J), isto é a corrente por
unidade de área.

A unidade para a resistividade no sistema SI é

Os bons condutores de eletricidade apresentam baixos valores de


resistividade.

A TABELA ABAIXO MOSTRA AS RESISTIVIDADES DE ALGUNS MATERIAIS

Resistividade (Ω . m)
Material
a 20 °C

Prata 1.59×10−8

Cobre 1.72×10−8

Ouro 2.44×10−8

Alumínio 2.82×10−8

Tungstênio 5.60×10−8

Níquel 6.99×10−8

Latão 0.8×10−7

Ferro 1.0×10−7

225
Estanho 1.09×10−7

Platina 1.1×10−7

Chumbo 2.2×10−7

Manganin 4.82×10−7

Constantan 4.9×10−7

Mercúrio 9.8×10−7

Nicromo [4] 1.10×10−6

Carbono [5] 3.5×10−5

Germânio [5] 4.6×10−1

Silício [5] 6.40×102

Vidro 1010 a 1014

Ebonite aprox. 1013

Enxofre 1015

Parafina 1017

Quartzo (fundido) 7.5×1017

PET 1020

Teflon 1022 a 1024

Fonte: Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Resistividade

Como você pode notar, os valores da resistividade mostrados na tabela


acima, são dados na temperatura de 200C. Por que isso?

OLHANDO DE PERTO
A resistividade de um material depende da temperatura.

RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA R E A RESISTIVIDADE

Considere um fio de comprimento e área A. Este fio é percorrido por


uma corrente i, devido a uma ddp V aplicada entre suas extremidades.

226
Entre as extremidades, separadas pela distância , podemos escrever a
ddp V em termos do campo elétrico E:

A densidade de corrente J, como já foi dito é definida como :

Se a resistividade é definida como , vamos substituir as equações

para E e J:

Ora, você acabou de ser apresentado à resistência elétrica. V/i é


justamente a definição da resistência R, portanto:

Agora fica fácil entender porque a resistividade depende da


temperatura.

Como vimos, a resistência é o obstáculo à passagem das cargas


elétricas e depende, entre outros fatores, do material por onde circula a
corrente elétrica.

Lembra daquela comparação da tubulação de água cheia de cascalho?

227
Veja as "tubulações" acima, cheias de cascalhos diferentes. Você,
certamente, concorda que a água não escoaria da mesma forma por cada
uma delas, mesmo que tivessem o mesmo comprimento e a mesma área.

Na nossa comparação, o cascalho representa os átomos que formam o


material através do qual a corrente circula. No caso dos metais, os elétrons
circulam pelo fio e no seu caminho, "tropeçam" o tempo todo nos átomos
que formam a estrutura metálica do fio.

Quando a temperatura aumenta, a agitação dos átomos também


aumenta, por conseguinte, a resistência à passagem dos elétrons fica mais
dificultada.

PARADA OBRIGATÓRIA
O inverso da resistividade (r) é a condutividade (s):

Bons condutores de eletricidade, como os metais, têm resistividade ( )


baixa e condutividade ( ) alta. Com os isolantes ocorre o contrário.

A unidade de resistência elétrica no sistema SI é o Ohm, simbolizado


pela letra grega maiúscula ômega ( ). A Unidade de resistência elétrica é
uma homenagem ao cientista alemão Georg Simon Ohm [1] (1787 – 1854).

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão
de guia para a resolução de outros problemas.

TENTE PRIMEIRO ANTES DE VER A SOLUÇÃO

EXEMPLO 1
Um condutor cilíndrico de comprimento L tem resistência elétrica
R. Ele é esticado até um comprimento 2L, mantendo o mesmo volume.
Qual será agora a nova resistência elétrica deste condutor?

Resposta: R 2 =4R

Solução do exemplo 1 - clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

EXEMPLO 2
Um fio cilíndrico A tem resistência elétrica igual a duas vezes a
resistência elétrica de um outro fio, também cilíndrico, B. Sabe-se que
o fio A tem o dobro do comprimento do fio B e sua seção transversal
tem raio igual à metade do raio da seção transversal do fio B. Qual é a
relação entre as resistividade A/ B dos dois materiais?

Resposta: 0,25

Solução do exemplo 2 clique aqui (Visite a aula online para


realizar download deste arquivo.)

228
FÍSICA III
AULA 06: CORRENTE ELÉTRICA

TÓPICO 03: LEI DE OHM

No tópico anterior você viu que a resistência elétrica é definida como:

Viu também que nem sempre a resistência é constante. Vale a pena ver
de novo as figuras que mostram a relação entre a ddp (V) e a corrente
elétrica (i):

A figura (1) mostra o caso em que a ddp é diretamente proporcional à


corrente elétrica, o que significa que a resistência elétrica é constante.

PARADA OBRIGATÓRIA
A relação linear entre a ddp e a corrente é conhecida como a Lei de
Ohm

OLHANDO DE PERTO
A expressão ou é a definição de resistência. Esta

expressão somente representará a Lei de Ohm se R for sempre


constante.

Os condutores que obedecem à Lei de Ohm são chamados condutores


ôhmicos. Os metais são bons exemplos de condutores ôhmicos. Os
condutores não ôhmicos, naturalmente, são aqueles que não obedecem à
Lei de Ohm, ou seja, suas resistências não são constantes.

Para os condutores ôhmicos, o gráfico da ddp versus corrente elétrica é


sempre uma reta cuja inclinação é numericamente igual à resistência.

INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA

A lei de Ohm diz que a resistência de um condutor ôhmico é constante,


isso significa que a diferença de potencial (ddp) é proporcional à corrente
elétrica.

O gráfico da ddp em função da corrente é uma reta, cuja inclinação é o


valor da resistência.

229
No gráfico ao lado, calcular a
tangente do ângulo (a
inclinação da reta) é o mesmo que
calcular a resistência R.

Veja o triângulo em
vermelho, por exemplo, é possível
concluir imediatamente que R é
igual à inclinação da reta que
representa a diferença de
potencial (ddp) versus corrente
elétrica.

Da definição da resistência: R= V/i, (ddp/corrente).

Se o condutor não é ôhmico, sua resistência é variável e o gráfico da


ddp versos corrente pode ter, por exemplo, o aspecto mostrado na figura
abaixo:

Da definição da resistência temos:

A derivada da ddp (V) em relação à corrente (i,) é inclinação da reta a


tangente à curva naquele ponto (Aproveite e faça uma revisão na
Matemática I).

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

230
FÍSICA III
AULA 06: CORRENTE ELÉTRICA

TÓPICO 04: TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA, POTÊNCIA, EFEITO JOULE

Nos Tópicos 2 e 3 desta aula, quando falamos da resistência elétrica,


dissemos que no caso dos metais, os elétrons circulam pelo fio e no seu
caminho, "tropeçam" o tempo todo nos átomos que formam a estrutura
metálica do fio. Pode parecer que a resistência é sempre um fator negativo
e que o ideal seria se ela não existisse. Neste tópico você verá que muitos
dos benefícios da vida moderna que temos hoje, como lâmpadas
incandescentes, ferros elétricos, aquecedores, chuveiros elétricos, têm o
seu funcionamento baseado na existência da resistência elétrica.

OLHANDO DE PERTO
Quando um condutor metálico é percorrido por uma corrente elétrica
ele se aquece.

VOCÊ SABE POR QUE UM FIO ESQUENTA QUANDO É PERCORRIDO POR UMA
CORRENTE ELÉTRICA?

Dê uma lida no tópico 2 desta aula. Você aprendeu lá que a resistência


é o obstáculo à passagem das cargas elétricas e depende, entre outros
fatores, do material por onde circula a corrente elétrica.

Quando se estabelece uma ddp entre os extremos de um fio condutor,


o campo elétrico que agora existe no interior do fio, força as cargas
elétricas a se moverem aceleradas sob a ação da força elétrica. Os elétrons,
que são os portadores de carga nos metais, nos seus movimentos através
do condutor chocam-se com os átomos do metal, transferindo a eles uma
parte de sua energia. Com isso os átomos passam a vibrar mais
intensamente, aumentando a sua energia cinética média e,
consequentemente, aumentando sua temperatura. O fio se aquece. Se o
meio em volta do condutor estiver em uma temperatura mais baixa, haverá
uma transferência de calor do para fora do fio.

PARADA OBRIGATÓRIA
O aquecimento de um resistor pela passagem de corrente é chamado
efeito Joule em homenagem a James Prescott Joule [2]

ENERGIA E POTÊNCIA NOS CIRCUITOS ELÉTRICOS

231
No circuito mostrado na figura acima, a corrente, de acordo com a
convenção, flui de a para b.

O terminal a ligado ao polo positivo da bateria está em um potencial


maior do que o do terminal b, ligado ao polo negativo.

Se uma certa quantidade de carga q atravessa o fio de a para b, sua


energia potencial sofrerá uma variação U, igual ao trabalho realizado para
levar essa carga de a para b.

Da definição da ddp entre a e b temos:

Como sabemos, a corrente elétrica é definida como

Substituindo na expressão da variação da energia potencial elétrica


teremos:

PARADA OBRIGATÓRIA
A variação da energia no tempo (DU/Dt) é a POTÊNCIA, que mede a
taxa de transferência da energia:

OLHANDO DE PERTO
A potência mede quão rapidamente a energia é absorvida ou liberada.

EFEITO JOULE

Esta expressão da potência é completamente geral.

Imagine que o circuito que você viu acima, agora se apresentasse da


forma como mostrado abaixo. Você não sabe o que pode conter a caixa
preta. Poderia ser uma bomba d'água, uma bateria descarregada

232
precisando de carga, um ventilador, ou um ferro elétrico, um chuveiro
elétrico, uma torradeira.

Se o elemento do circuito for um motor, uma bomba d'água, por


exemplo, a potência do motor, que por definição é , a energia ( U)
aparecerá principalmente como o trabalho mecânico que esse motor
produzirá. Mas você também pode escrever P= i . V

Se for uma bateria que está sendo carregada, a energia U aparecerá


em grande parte na forma de energia química acumulada.

Se o elemento dentro da caixa for um aquecedor, um ferro elétrico, um


chuveiro elétrico, enfim um elemento cuja finalidade seja produzir um
aquecimento, a energia vai aparecer sob a forma de calor, ou seja, nesse
caso observamos o EFEITO JOULE.

Para a potência, de modo geral temos:

Para o caso de um resistor podemos combinar a expressão acima para


a potência com a Lei de Ohm:

A potência agora pode ser escrita também como:

DICA
É muito comum as pessoas falarem Vat, se referindo à potência. Não
diga Vat. James Watt era inglês e na língua inglesa o w tem som de u.

AS UNIDADES DA POTÊNCIA
WATT
233
No sistema SI, a unidade de potência J/s, é denominada WATT (W)
em homenagem a James Watt. Os múltiplos e submúltiplos do Watt são:

-3
1 mW = 10 W

3
1kW = 10 W

CALORIA POR SEGUNDO

Como o calor é comumente medido em calorias a potência também


pode ser expressa em calorias por segundo (1 cal/s).

1 cal/s = 4,186 W

CAVALO VAPOR

1 Cv = 745,7 W

DICA
Entre nesse site www.saladefisica.cjb.net [3] para conhecer a vida de
James Watt.

OLHANDO DE PERTO
Da definição de potência (energia por tempo) temos mais uma
unidade para a energia.
Potência = energia/tempo Þ energia = Potência x tempo. Se a potência for
dada em kW e o tempo em hora, temos a energia dada em kWh. Esta é
uma unidade de energia que não pertence a nenhum sistema de unidades,
mas que é de muita utilidade nas medidas de energia no dia a dia.

Dê uma olhada no medidor de energia de sua casa.

APLICAÇÕES NO COTIDIANO
A Lâmpada incandescente ( A iluminação foi uma das
primeiras utilizações da eletricidade. A lâmpada de filamento
incandescente funciona graças ao efeito Joule. O filamento com a
passagem da corrente elétrica se aquece tanto que fica
incandescente, isto é, e libera energia em forma de luz. Como fica
muito quente, libera energia em forma de calor. )

Fonte [4]

OLHANDO DE PERTO
É a potência que determina se uma lâmpada brilha mais ou menos.

EXEMPLOS
234
Agora você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão
de guia para a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a solução.

EXEMPLO 1

Qual a quantidade de calor liberada durante 10 minutos pela


passagem de uma corrente de 5 ampères por um chuveiro elétrico de
resistência 2 ohms?

Resposta: 7166,74 cal

Solução do exemplo 1 (Visite a aula online para realizar


download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

Você se lembra dos tempos do apagão? Todo mundo tinha que


economizar energia elétrica. O dono de um bar, para se proteger
naqueles tempos difíceis fez uma ligação de uma lâmpada de 40 W à
bateria de 12 V do seu carro. Quais eram a corrente e resistência do
filamento da lâmpada?

Respostas: 3,33 A e 3,6

Solução do exemplo 2 (Visite a aula online para realizar


download deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Prescott_Joule
3. http://www.saladefisica.cjb.net
4. http://ykonline.yksd.com/distanceedcourses/Courses/PhysicalScience/
Lessons/FourthQuarter/Chapter11/11-01Images/21ClosedCurcuit.gif
5. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

235
FÍSICA III
AULA 06: CORRENTE ELÉTRICA

TÓPICO 05: APLICAÇÕES NO COTIDIANO

Você pode imaginar que complicação seria viver sem a eletricidade?


Neste tópico você terá alguns exemplos das aplicações da corrente elétrica no
cotidiano.

APLICAÇÕES NO COTIDIANO
VOLTAGEM OU CORRENTE

É a voltagem ou a corrente que faz mal?

Quantas vezes você já viu um símbolo com este?

Fonte [1]

Ele é o símbolo internacional de alta tensão.

Este símbolo vem sempre acompanhado de aviso dizendo: "Perigo -


alta voltagem".

Mas alta voltagem, ou alto potencial, ou alta tensão, sozinho, não lhe
causará mal. A Alta voltagem pode dar lugar a uma intensa corrente, e esta
é que produz o dano.

Como você acabou de ver nos tópicos anteriores, a intensidade da


corrente elétrica depende de dois fatores: a ddp e a resistência. Assim,
mesmo que a voltagem seja alta, se a resistência também for alta, a
corrente pode ser pequena e inofensiva. Por outro lado, se a resistência for
baixa, mesmo uma ddp pequena, pode proporcionar uma corrente elétrica
capaz até de matar uma pessoa.

PÁSSAROS

Por que um pássaro pode pousar num fio de alta tensão?

Um pombo, pousando num fio de alta tensão, não é afetado por esta
porque nenhuma corrente passa através do seu corpo. Embora a ddp
sozinha não possa causar mal, é necessário que haja uma ddp diferente de
zero para que as cargas possam circular. Lembra? A ddp dá às cargas uma
"vontade" de se moverem.

Um passarinho, pela sua própria natureza, tem as patinhas muito


próximas uma da outra. Quando ele pousa no fio, ele toca apenas em um
dos fios. Não existe uma diferença de potencial entre as suas patas. Se ele
pudesse tocar os dois fios ao mesmo tempo, a corrente o mataria.

Veja na foto abaixo, que o pássaro pousa apenas em um fio


(desencapado):

236
Fonte [2]

PIPAS

Por que é perigoso tirar a pipa enroscada nos fios?

Fonte [3]

Quando a meninada está soltando pipas (arraias), é muito comum que


uma delas se prenda na fiação elétrica das ruas. É claro que todos correm
para tentar soltar a pipa e ficar com ela também! É aí que mora o perigo. Se
a pipa se prende em um dos fios, o garoto, (ou a garota, por que não ?) que
está com os pés no solo, fecha o circuito, tocando em dois pontos com
diferentes potenciais: os pés no chão e a mão em contato com a pipa
no fio. O potencial da terra é sempre considerado como zero (lembre-
se da aula 2). Nesse caso haverá uma diferença de potencial entre o
potencial do fio e o potencial da terra. Essa ddp pode provocar uma
corrente e causar um dano muito grave.

Se tentar subir no poste para liberar a pipa, o risco será grande da


mesma forma. Todo garoto, é maior do que um passarinho, é óbvio!
Subindo no poste ele corre o risco de tocar nos dois fios ao mesmo tempo e
com isso sofrer um choque elétrico.

PISCA-PISCA

Como funciona o pisca-pisca de um carro?

O sistema é igual em todos os carros. As lâmpadas de sinalização


acendem e apagam porque a corrente elétrica passa pelo relé (peça
formada por uma resistência e contatos). Quando a alavanca do pisca é
acionada, a lâmpada acende. Mas, como ela consome mais energia do que a
resistência, a corrente acaba sendo cortada. Em seguida, a resistência esfria
e a corrente passa outra vez. E novamente ela é cortada. Esse processo

237
ocorre várias vezes seguidas, o que dá o efeito pisca-pisca, até que a
alavanca volte à posição inicial.

DETECTOR DE MENTIRAS

O objetivo do detector de mentiras, também chamado POLÍGRAFO, é


investigar se a pessoa está dizendo a verdade ou mentindo quando
responde a certas perguntas. Placas metálicas são presas ao corpo da
pessoa e ligadas a uma bateria. Se uma pergunta causa alguma perturbação
a pessoa transpira, com isso a resistência elétrica diminui causando um
aumento na corrente elétrica.

No início do teste de polígrafo, o examinador faz algumas perguntas


simples para estabelecer os padrões de sinais da pessoa. A seguir, as
perguntas que realmente importam e precisam do teste do polígrafo são
feitas. Durante todo o interrogatório, todos os sinais da pessoa são
registrados em gráficos.

Durante o teste e depois dele, o examinador de polígrafo pode


observar os gráficos e ver se os sinais vitais mudaram de maneira
significativa durante alguma pergunta. Em geral, uma mudança
significativa (como frequência cardíaca mais acelerada, pressão sanguínea
mais alta e aumento da transpiração) indica que a pessoa está mentindo.

Os sensores geralmente registram: a frequência respiratória, os


batimentos cardíacos, a pressão sanguínea e a transpiração da pessoa.

Reações fisiológicas registradas por um polígrafo.

Fonte [4]

238
MATERIAL DE APOIO
Caro aluno, convido-o a entrar nesse site.

Seara da Ciência [5]

EXEMPLO
01) Um pássaro pousa em um dos fios de uma linha de transmissão de
energia elétrica. O fio conduz uma corrente elétrica i = 1000A e sua
resistência, por unidade de comprimento, é de 5,0.10-5 /m. A distância
que separa os pés do pássaro, ao longo do fio, é de 6,0 cm. Determine a
diferença de potencial, em milivolts (mV), entre os seus pés.

Resposta: 3 mV

SOLUÇÃO

A ddp entre os pés do pássaro pode ser calculada como V=E x d,


onde d é a distância entre os pés e E é módulo do campo elétrico no fio.
A resistência do fio é dada por:

Sabemos também que a resistividade é definida como:

Substituindo na expressão para a resistência, teremos:

O MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA

Na entrada de sua residência, existe um medidor, instalado pela


companhia de eletricidade. O objetivo desse aparelho é medir a quantidade
de energia elétrica usada na residência durante um certo tempo
(normalmente 30 dias).

Como você acabou de ver nesta aula, energia = potência x tempo.

239
Portanto, quanto maior for a potência de um aparelho eletrodoméstico e
quanto maior for o tempo que ele permanecer ligado, maior será a
quantidade de energia elétrica que ele utilizará. O valor registrado no
medidor equivale à soma das energias utilizadas, durante um certo período,
pelos diversos aparelhos instalados na casa.

OLHANDO DE PERTO
Observe o medidor de sua residência e veja que a energia é medida em
kWh. Confira na sua conta de luz.

Fonte [6]

SOBRECARGA NAS TOMADAS

É muito importante saber qual é a potência de cada aparelho antes de


ligá-lo a uma tomada. Os fios e as tomadas normalmente são fabricados de
modo que têm um valor máximo de corrente que podem suportar sem se
danificar.

Se esse valor for ultrapassado, os fios se aquecem muito em decorrência


do efeito Joule, podendo resultar em um derretimento da sua capa isolante.
O derretimento da capa isolante dos fios provoca um curto circuito, que pode
causar incêndio.

DICA
Por isso, antes de ligar os aparelhos verifique se a potência que cada
um exige ao serem somadas não é maior do que o recomendado na
tomada.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Baixe os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.), resolva-os INDIVIDUALMENTE e coloque-os no seu
Portfólio.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a9/High_v
oltage_warning.svg/220px-High_voltage_warning.svg.png
2. http://www.flickr.com/photos/mixavier/66192975/
3. http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/imagem.php?
idImagem=483
4. http://static.hsw.com.br/gif/lie-detector-chart.jpg
5. http://www.seara.ufc.br/animacoes/animacoes00.htm
6. http://1.bp.blogspot.com/-_7QEXeiwc6k/TZdLDNxrPgI/AAAAAAAAA
MM/eS5nkEhbI-M/s1600/watt.jpg

240
FÍSICA III
AULA 06: CORRENTE ELÉTRICA

TÓPICO 06: EFEITOS FISIOLÓGICOS DA CORRENTE ELÉTRICA

Aprendendo sobre a resistência elétrica, você agora pode entender


porque às vezes um choque elétrico pode ser grave ou não. O choque elétrico
é a contração involuntária dos músculos causados pela passagem de corrente
elétrica. Há aplicações médicas como por exemplo em tratamentos
fisioterápicos e em ressuscitação cardíaca (desfibrilação) com o uso do
desfibrilador.

DANOS PARA O ORGANISMO

A pele humana é um bom isolante e oferece, quando seca, uma


resistência de cerca de 100.000 Ω à passagem da corrente elétrica. Quando
a pele está molhada, essa resistência cai para apenas 1.000 Ω, 100 vezes
menor. Se houver rompimentos na pele, a resistência do corpo pode ser
reduzida para valores da ordem de 500 Ω.

Veja estes exemplos numéricos: os 2 primeiros casos, referem-se à


baixa voltagem (corrente de 120 volts) e o terceiro, à alta voltagem.

Da definição de resistência temos:

Os valores da corrente para as três situações

a) Corpo seco:

Com uma corrente de 1,2 mA a pessoa leva apenas um leve choque.


Desagradável, mas não mortal.

b) Corpo molhado:

Uma corrente de 120 mA já pode ser suficiente para provocar um


ataque cardíaco.

c) Pele rompida:

Um corrente de 2 A pode causar danos severos ao organismo, levando


a uma parada cardíaca e sérios danos aos órgãos internos.

Além da intensidade da corrente elétrica, o caminho percorrido pela


eletricidade ao longo do corpo (do ponto onde entra até o ponto onde ela
sai) e a duração do choque, são os responsáveis pela extensão e gravidade
das lesões.

Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/eletric.htm [1]

241
EFEITOS FISIOLÓGICOS DA CORRENTE ELÉTRICA
1 - Choque elétrico

O efeito de um choque elétrico varia muito de pessoa para pessoa. A


corrente elétrica tem ação, de modo geral, sobre todos os tecidos vivos,
porque os tecidos do nosso corpo e dos animais contém substâncias coloidais
e os coloides sofrem ação da eletricidade. Particularmente, falando de seres
humanos, podemos afirmar que o corpo humano é um condutor de
eletricidade. A ação da corrente elétrica sobre os nervos e os músculos é
particularmente importante. Em geral, quando uma pessoa é exposta a uma
corrente alternada de frequência igual a 60 Hz e essa corrente flui através do
seu corpo de uma mão à outra, o choque podem levar à morte ou deixar
sequelas muito graves.

A ação da corrente elétrica sobre os nervos sensitivos dá a sensação de


dor e nos músculos, produz uma contração.

Nesse caso, atravessando o tórax, ela tem grande chance de afetar o


coração e a respiração.

O valor mínimo de corrente que uma pessoa pode perceber é 1 mA. Com
uma corrente de 10 mA, a pessoa perde o controle dos músculos, sendo
difícil abrir as mãos para se livrar do contato. O valor mortal está
compreendido entre 10 mA e 3 A.

CONDUÇÃO AO LONGO DE UM NERVO

Fonte [4] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
242
A condução dos estímulos nervosos até o cérebro é basicamente um
processo elétrico. O axônio é uma fibra nervosa, ao longo da qual o impulso
elétrico se propaga. Quando recebe um estímulo, modifica as suas
características elétricas, o que produz uma pequena corrente elétrica que
circula num único sentido: das dendrites para o corpo celular e deste para o
axônio. O axônio de um neurônio liga-se aos dendritos do outro neurônio; o
axônio desse último liga-se ao dendrito de um terceiro neurônio e assim
sucessivamente. Dessa forma o impulso é transmitido em um único sentido.
A ligação entre os neurônios é feita pelas sinapses, possibilitando a
transmissão da atividade elétrica de uma célula à outra. O impulso que
percorre a célula nervosa se dá por modificações químicas e elétricas nessas
células.

A célula nervosa em repouso é eletricamente polarizada, o interior é


negativo e o exterior é positivo, lembrando um capacitor.

Fonte: Adaptado de http://www.afh.bio.br/nervoso/img/impulso%


20nervoso%20700.gif

PARADA OBRIGATÓRIA
Acesse o site:
ttp://i100.photobucket.com/m32/maxaug/impulsonervosoanimado.gif
[5] para ver a simulação da condução de um impulso em uma célula
nervosa.

Quando um impulso elétrico é aplicado ao axônio, sua membrana se


torna temporariamente mais permeável a outros íons presentes nos fluidos,
produzindo uma variação na diferença de potencial. Essa perturbação se
propaga ao longo da membrana, como uma onda, com uma velocidade da
ordem de 30m/s.

O potássio é o principal íon presente no fluido interno das células,


enquanto o sódio é o principal do fluido externo. O funcionamento do
organismo depende da regulação de potássio dentro e fora das células. O
potássio é um eletrólito importante para a transmissão nervosa, contração
muscular e equilíbrio de fluidos no organismo.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u29.jhtm [6]

CURIOSIDADE
A arraia elétrica tem dois grandes órgãos elétricos em cada um dos
lados de sua cabeça, onde a corrente passa da superfície inferior para a
superfície superior do seu corpo. Esses órgãos são compostos por colunas,

243
cada uma consistindo de quatro mil a meio milhão de placas gelatinosas.
Nos peixes de água salgada essas baterias são conectadas em paralelo,
enquanto nos peixes de água doce as baterias são conectadas em série,
transmitindo descargas de alta tensão. A água doce tem uma resistividade
maior do que a água salgada, assim para ser mais efetiva uma tensão
maior é necessária. É com essas baterias que uma arraia elétrica média
pode eletrocutar um peixe, descarregando 50 A a 50 V.

Fonte: Física, Vol. 2, Paul Tipler e Gene Mosca, 5a Ed.,


editora LCT, 2004

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/eletric.htm
2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
4. http://ceiciencia.files.wordpress.com/2013/06/regulac3a7c3a3o-
nervosa-e-hormonal-em-animais.pdf
5. http://i100.photobucket.com/albums/m32/maxaug/impulsonervosoani
mado.gif
6. http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u29.jhtm
7. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

244
FÍSICA III
AULA 07: CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 01: FORÇA ELETROMOTRIZ

Quando você estava estudando a Aula 4, viu no Tópico 2 a seguinte


frase: A ddp entre dois pontos, significa que as cargas elétricas
ficam "com vontade" de se mover entre esses dois pontos. Se
isso for permitido, elas se movem. Se não se lembrar que viu isso,
que tal voltar à Aula 4 e fazer uma boa revisão do assunto?

Não basta as cargas "ficarem com vontade" de se mover, para ter uma
corrente elétrica é preciso que elas possam se mover. Elas precisam de um
"caminho".

OLHANDO DE PERTO
Um circuito elétrico é um caminho fechado formado pela associação
de componentes elétricos (capacitores e resistores, por exemplo), aonde
uma corrente elétrica é estabelecida.

A figura abaixo representa um circuito elétrico simples.

Para fazer as cargas elétricas se movimentarem continuamente,


proporcionando uma corrente estável, é necessário um dispositivo que
forneça energia às cargas. Um dispositivo que fornece energia elétrica a um
circuito é chamado de fonte ou gerador de força eletromotriz (fem).

DICA
O termo força eletromotriz (fem) não tem nada a ver com força.

A unidade da fem é joule/Coulomb = Volt.

Uma fonte ou gerador de fem é também chamada fonte de tensão.

FONTE OU GERADOR DE FORÇA ELETROMOTRIZ (FEM)

Baterias, pilhas, geradores elétricos, células solares, termopares,


células de combustível, são exemplos de fontes ou geradores de fem. São

245
dispositivos que convertem algum tipo de energia (química, mecânica,
térmica) em energia elétrica.

Uma corrente é um movimento ordenado de cargas elétricas. No caso


da corrente através de um fio metálico, as cargas que se movimentam são
os elétrons. O campo elétrico no interior do fio, "ordena" aos elétrons que
se movam, mas nesse movimento os elétrons colidem continuamente com
os átomos que formam a estrutura metálica do fio. A força elétrica "puxa"
os elétrons, mas em sua caminhada, eles são freados pelo material aonde se
movem, como se sofressem a ação de uma força de atrito. Isso é a
resistência elétrica.

Esse "atrito" gera calor. Na verdade nas colisões com os átomos, os


elétrons transferem parte de sua energia cinética para a rede metálica,
aumentando assim a agitação dos seus átomos, o que se manifesta em um
aumento de temperatura.

Para suprir essa perda de energia em forma de calor, é necessário uma


fonte que suprindo essa perda de energia, proporcione uma circulação
contínua da corrente. Esse é o papel da fonte ou gerador de fem.

Fonte [1]

Esta é uma foto da linda fonte existente no Jardim Botânico, no Rio de


Janeiro. O funcionamento dela assemelha-se ao funcionamento de uma
fonte de fem. Na fonte ornamental do Jardim Botânico, a água jorra do
topo da fonte até o reservatório na sua base (diminuindo a sua energia
potencial gravitacional). Uma bomba eleva a água de volta para o topo da
fonte (aumentando a energia potencial) para iniciar um novo ciclo. Sem a
bomba, a água apenas cairia para a base do recipiente.

No circuito elétrico a carga percorre um ciclo completo, como a água


na fonte. A fonte de fem faz o papel da bomba, "empurrando" as cargas de
um potencial mais baixo (o terminal – ) para um mais alto ( o terminal + ).

A fonte ou gerador de fem realiza uma quantidade de trabalho W


para transferir uma quantidade de carga q e a fem é definida como:

246
Se a fem e a ddp são ambas definidas como o trabalho sobre a carga,
você deve estar pensando, qual é a diferença entre a fem e a ddp?

A DIFERENÇA ESTÁ NA NATUREZA DO TRABALHO REALIZADO.


DIFERENÇA DE POTENCIAL

Na ddp ( V) o trabalho é realizado pela força elétrica, é de natureza


puramente eletrostática e independe do caminho ou trajeto que une
um ponto ao outro.

A ddp entre dois pontos quaisquer é a integral de um campo


eletrostático (E) em um trajeto ( )

O campo elétrico é de natureza eletrostática.

FORÇA ELETROMOTRIZ

Na fem o trabalho para transportar uma carga de um ponto a outro


por um particular trajeto; é de natureza não eletrostática.
Contrariamente à definição de ddp, esse trabalho agora depende do
caminho. O trabalho não eletrostático é decorrente das transformações
ocorridas na própria fonte. Por exemplo, no caso de uma bateria ou uma
pilha, é a energia química, resultante das reações químicas na bateria , que
se transforma em energia elétrica.

A força eletromotriz (fem) também é a integral de um campo elétrico


(E) em um trajeto ( ):

A diferença é que o campo, neste caso, é de natureza não


eletrostática.

Embora a ddp e a fem sejam definidas de modo idêntico


(trabalho/carga) e tenham a mesma unidade de medida (Volt), são
grandezas conceitualmente diferentes.

A ddp expressa o trabalho por unidade de carga realizado por um


campo eletrostático, enquanto a fem exprime o trabalho por unidade de
carga realizado por um campo não eletrostático.

Nas pilhas e nas baterias, o campo não eletrostático é de natureza


eletroquímica, atuando no interior do gerador, orientado do terminal de
potencial mais baixo (negativo) para o terminal de potencial mais alto
(positivo).

Nos geradores eletromecânicos, o campo não eletrostático é induzido


eletromagneticamente.

Nos metais a corrente é formada pelos elétrons, mas nas pilhas e


baterias, as cargas livres responsáveis pela corrente elétrica, são íons
positivos e íons negativos.

247
DICA
Uma fonte de fem é capaz de manter uma ddp entre os extremos do
circuito ao qual ela é ligada.

OLHANDO DE PERTO
Todos os materiais exercem resistência, por menor que seja, à
passagem das cargas elétricas, o que provoca uma perda indesejada de
energia. Com os geradores de fem não é diferente. A resistência que eles
oferecem ao fluxo de cargas é a resistência interna do próprio dispositivo.

A resistência interna de um gerador real é representada pela letra r.

Uma fonte de fem real, isto é, que possui resistência interna é


representada na figura abaixo:

Uma fonte ideal, não oferece nenhuma resistência à passagem das


cargas, isto é, para uma fonte ideal r = 0. Nesse caso a ddp entre os
terminais da fonte é sempre igual à fem.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.rioferias.com/uploadspt/11_jb1.jpg
2. http://www.denso-wave.com/en/

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248
FÍSICA III
AULA 07: CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 02: LEIS DE KIRCHHOFF

Na vida cotidiana os circuitos reais, muitas vezes estão longe de terem


uma forma tão simples quanto o mostrado na figura abaixo:

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap08/fig177.gif

Os circuitos reais muitas vezes possuem muitos "caminhos" por onde a


corrente pode se bifurcar. Eles são formados por conjuntos de geradores,
resistores, capacitores, condutores, enfim, vários elementos ligados entre si,
como no exemplo mostrado na figura abaixo, em que temos alguns pontos de
bifurcação da corrente e caminhos fechados de circulação da corrente.

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap08/fig177.gif

OLHANDO DE PERTO
Um nó é um ponto do circuito onde a corrente tem dois ou mais
caminhos diferentes à sua disposição. Uma malha é qualquer caminho
condutor fechado.

O circuito acima tem dois nós (A e B) e seis malhas. Confira você


mesmo.

Muitas vezes a complexidade do circuito não permite que se determine a


corrente apenas encontrando o circuito equivalente, pois nem sempre ficam
evidentes os tipos de associações dos resistores, se em série ou em paralelo.
Uma forma geral de resolver o problema é usar as Leis de Kirchhoff.

LEIS DE KIRCHHOFF
LEIS DE KIRCHHOFF

249
As leis de Kirchhoff foram formuladas em 1845 pelo físico alemão
Gustav Robert Kirchhoff [1] (1824 - 1887).

LEI DOS NÓS

Em um nó, a soma das correntes elétricas que entram é igual à soma


das correntes que saem, ou seja, um nó não acumula carga.

LEI DAS MALHAS

A soma algébrica das variações de potencial em uma malha fechada


deve ser igual a zero.

1ª LEI DE KIRCHHOFF (LEIS DOS NÓS)

No circuito mostrado na figura abaixo, vamos analisar o nó A:

Fonte: Adaptado de
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap08/fig177.gif

Se a carga não pode ser criada e nem destruída então em um ponto


como o nó A, a quantidade de carga elétrica que chega (dqA) trazida pela
corrente i1, deve ser exatamente igual à quantidade de carga que sai
.

Dividindo por dt teremos:

Generalizando:

PARADA OBRIGATÓRIA
Em um nó, a soma das correntes elétricas que entram é igual à soma
das correntes que saem, ou seja, um nó não acumula carga. Parece tão

250
simples, não é? Mas esta lei é uma consequência da Lei da Conservação da
Carga Elétrica. Reveja a Aula 1 sobre cargas elétricas.

Por convenção, adota-se o seguinte critério:

• Correntes saindo de um nó são negativas.

• Correntes entrando em um nó são positivas.

2ª LEI DE KIRCHHOFF (LEIS DAS MALHAS)

Fonte [3]

Na figura acima, temos 2 nós (e e b) e 3 malhas: (acdfa), (abefa) e


(bcdeb). Para simplificar, vamos considerar as baterias ideais, ou seja, sem
resistência interna.

Analisemos uma dessas malhas, por exemplo, a malha abefa:

Nesse caso, analisar a malha significa que vamos percorrer o circuito


dessa malha e a escolha desse percurso é totalmente arbitrária. Veja na
figura que a seta curva indica que a malha é percorrida no sentido anti-
horário. O início do percurso é também arbitrário, já que se trata de um
percurso fechado.

Na Aula 6, sobre a corrente elétrica, você viu que o sentido da corrente


elétrica, por convenção, é o sentido do fluxo de cargas positivas.

Vamos escolher o início do percurso no ponto a:

1. Seguindo de a para f, nosso percurso é no mesmo sentido da


corrente i1. De acordo com a convenção, isso significa que as cargas
(positivas) se deslocando de a para f, irão para regiões de menor potencial
(reveja a aula 4), isto é Vf < Va, portanto a ddp Vaf < 0.

2. No trajeto de e para b, agora estamos seguindo no sentido contrário


à corrente i3, o que significa que estamos "caminhando" no sentido
contrário ao das cargas, portanto estamos indo para regiões de potencial
mais alto, ou seja, Vb > Ve, portanto a ddp Veb > 0.

3. Para completar o trajeto, devemos "percorrer" o trecho b – a, o que


significa ir do terminal – para o terminal + da bateria, o que implica uma
ddp V = E (as baterias são supostas ideais). Ainda levando em conta a
convenção sobre a corrente elétrica, a bateria realiza um trabalho positivo
sobre os portadores de carga (positivas) para levá-los de um potencial
menor para um maior. Voltamos assim ao ponto de partida.

251
Aplicando a Lei de Ohm a cada resistor, teremos:

Para o resistor R1:

O sinal negativo, como explicado acima, significa que a carga sai de


um potencial Va mais alto para um potencial Vf mais baixo.

Para o resistor R3:

Ora, se você saiu do ponto a e voltou para ele a ddp total tem que ser
zero, já que:

A soma algébrica de todas as variações de tensão (ddp, fem) em um


percurso fechado é nula.

Generalizando:

DICA
Se um resistor R é percorrido no mesmo sentido da corrente que o
atravessa, a variação do potencial é igual a – iR, sendo igual a + iR se o
resistor for percorrido em sentido contrário.

Se uma fonte de força eletromotriz é atravessada no mesmo sentido


de sua fem, isto é do terminal negativo para o positivo, a variação do
potencial será igual a + , sendo igual a – se atravessada em sentido
contrário.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Kirchhoff
2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
3. http://www.wagnumbers.com.br/wp-content/uploads/2012/04/Leis-
de-Kirchhoff.pdf
4. http://www.denso-wave.com/en/

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252
FÍSICA III
AULA 07: CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 03: CIRCUITOS DE UMA MALHA

Nos circuitos de apenas uma malha, não existem nós, ou seja, não
existem pontos de bifurcação da corrente. Você pode ver um exemplo desse
tipo de circuito na figura abaixo:

Para determinar a corrente elétrica no circuito basta aplicar a 2ª Lei de


Kirchhoff:

Na figura abaixo é mostrado um circuito de uma só malha:

Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

PARADA OBRIGATÓRIA
Pela Segunda Lei de Kirchhoff, a soma algébrica das variações de
potencial ao percorremos uma malha fechada é zero.

INTERPRETANDO A SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF

Se você começar a percorrer o circuito da figura acima a partir do


ponto a, escolhendo arbitrariamente um sentido para o percurso, somando
algebricamente todas as ddps encontradas, ao retornar ao ponto inicial
você deverá ter voltado também ao mesmo potencial inicial. Atenção:
Isso é válido para qualquer tipo de malha.

Para que você tenha menos trabalho na resolução dos exercícios vamos
apresentar duas regras que serão de grande utilidade no cálculo das
diferenças de potencial ou quedas de tensão:

PARADA OBRIGATÓRIA
REGRA DAS RESISTÊNCIAS

Quando uma resistência é percorrida no sentido da corrente, a


variação de potencial é negativa (- iR); quando a resistência é percorrida
no sentido contrário à corrente a variação de potencial é positiva (+ iR).

REGRA DAS FONTES

Quando uma fonte é atravessada do terminal negativo para o


positivo, a variação de potencial é positiva (+E); quando atravessamos a
fonte do polo positivo para o negativo, variação de potencial é negativa
(–E).

253
Como um exemplo de circuitos de uma malha, vejamos o caso de
associação de fontes de tensão.

As fontes de tensão (geradores, baterias, pilhas, etc) também podem ser


associadas entre si.

PARADA OBRIGATÓRIA
Fontes de tensão associadas são equivalentes a uma única fonte de
tensão cujo valor da fem é igual à soma algébrica das fem's de todas a
fontes.

FONTES DE TENSÃO CONECTADAS COM AS POLARIDADES INVERTIDAS

Aplique a segunda Lei de Kirchhoff à malha esquerda acima:

Escolha o mesmo sentido da corrente i para percorrer a malha


(lembre-se que esta escolha é arbitrária).

O efeito é o mesmo de uma bateria cuja fem E é a soma algébrica (E1 –


E2) das fem de cada bateria.

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a solução.

EXEMPLO 1

Considere o circuito mostrado na figura abaixo. Determine a


corrente.

254
Fonte [1]

Resposta: 1,4 A

Solução do Exemplo 1 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 2

A bateria de um carro, totalmente carregada, deve ser conectada


através de cabos ("chupeta") à bateria descarregada de outro carro, de
modo a carregá-la. (Fonte: Física, Vol. 2, Paul Tipler e Gene Mosca, 5a
Ed., editora LCT, 2006)

1. Em que terminal da bateria descarregada o terminal positivo da


bateria carregada deve ser conectado?
2. Admita que a bateria carregada disponha de uma fem E 1 = 12 V e
que a bateria descarregada tenha uma fem E 2 = 11 V, que as
resistências internas das baterias são r 1 = r 2 = 0,02 W e que a
resistência dos cabos de conexão seja R = 0,01 W. Qual será a corrente
durante o carregamento?
3. Qual será a corrente se as baterias forem conectadas
incorretamente?

Respostas: b) 20 A; c) 460 A

Solução do Exemplo 2 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 3

Na Figura abaixo o potencial no ponto P é de 100 V. Qual é o


potencial no ponto Q?

Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

Solução do Exemplo 3 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 4

No circuito mostrado na figura abaixo, considere E 1 = 2,0 V e E 2

= 3,0 V. As resistências internas das baterias são iguais r 1 =r 2 = 3,0


.

Que valor deve ter R para que a corrente no circuito seja de 1,0 mA?

255
Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

Resposta: 994

Solução do Exemplo 4 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.estudandoeletronica.xpg.com.br/circuitoscc/Apostila_ACcc.
pdf
2. http://www.denso-wave.com/en/

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256
FÍSICA III
AULA 07: CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 04: CIRCUITOS DE MAIS DE UMA MALHA

Na vida cotidiana os circuitos reais, muitas vezes estão longe de terem


uma forma tão simples quanto o mostrado na figura abaixo:

Os circuitos reais muitas vezes possuem muitos "caminhos" por onde a


corrente pode se bifurcar. Eles são formados por conjuntos de geradores,
resistores, capacitores, condutores, enfim, vários elementos ligados entre si.

Fonte [1]

Na figura acima temos alguns pontos de bifurcação da corrente e


caminhos fechados de circulação da corrente.

Para resolver os problemas envolvendo circuitos de várias malhas vamos


usar as duas Leis de Kirchhoff.

PARADA OBRIGATÓRIA
1ª Lei de Kirchhoff (Leis dos Nós) - Em um nó, a soma das
correntes elétricas que entram é igual à soma das correntes que saem, ou
seja, um nó não acumula carga.

2ª Lei de Kirchhoff (Lei das Malhas) - A soma algébrica das


variações de potencial em uma malha fechada deve ser igual a zero.

DICA
Não esqueça:

◾ Correntes saindo de um nó são negativas.


◾ Correntes entrando em um nó são positivas.

Mas lembre-se isto é apenas uma convenção.

A melhor maneira de aprender alguma coisa é fazendo. Você não acha?


Por isso este tópico será composto basicamente de vários exemplos
resolvidos.

257
EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a solução.

EXEMPLO 1

No circuito indicado na figura abaixo, determine i, R e E.

Resposta: 4 A ; 10 ; 52 V

Solução do Exemplo 1 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 2

No circuito mostrado na figura abaixo, determine a corrente em


cada resistor e a ddp entre os pontos a e b.

Considere E 1 = 6,0 V, E 2 = 5,0 V, E 3 = 4,0 V, R 1 = 100 e


R 2 = 50

Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

Respostas: 0,05 A; - 0,06 A; 9,0 V

Solução do Exemplo 2 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 3

Quando se acendem os faróis de um carro cuja bateria possui


resistência interna r =0,05 um amperímetro indica uma corrente de
10,0 A e um voltímetro uma voltagem de 12 V. Considere desprezível a
resistência interna do amperímetro. Ao ligar o motor de arranque,
observa-se que a leitura do amperímetro cai para 8,0 A e que as luzes
dos faróis diminuem um pouco de intensidade. Determine a corrente
que passa pelo motor de arranque quando os faróis estão acesos.

O circuito em questão é representado na figura abaixo:

258
Resposta: 50 A

Solução do Exemplo 3 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

Mais Exemplos resolvidos envolvendo circuitos de mais de uma


malha você verá no próximo tópico.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap08/fig177.
gif
2. http://www.denso-wave.com/en/

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259
FÍSICA III
AULA 07: CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 05: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

Em um circuito elétrico, frequentemente é necessário fazer uma


combinação ou associação com vários resistores. Existem duas maneiras
de se fazer essas combinações: em série e em paralelo.

DICA
Um corpo ou qualquer elemento colocado em um circuito para
oferecer resistência, é chamado de RESISTOR.

No circuito, o símbolo do resistor é este:

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE: RESISTORES LIGADOS EM SEQUÊNCIA


A figura abaixo mostra um circuito em que os resistores estão ligados
em sequência ou em série.

Fonte [1]

PARADA OBRIGATÓRIA
A corrente elétrica é a mesma em todos os resistores de uma ligação
de em série.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE RESISTORES

Fonte: Adaptado de http://www.infoescola.com/fisica/associacao-de-


resistores/

Aplicando a Lei de ohm para cada resistor:

260
Como a corrente é a mesma para todos, pode-se concluir que a ddp
através de cada resistor é proporcional ao valor da resistência R de cada
um.

A fonte de fem (pode ser uma bateria) fornece uma tensão V ao


circuito todo.

Então podemos escrever:

OLHANDO DE PERTO
A resistência equivalente de uma associação em série, é maior do que
a de qualquer das resistências individuais.

RESISTÊNCIA EQUIVALENTE

Voltemos à comparação com as tubulações de água, imagine 4


tubulações conectadas em série:

A água entrando por uma das aberturas da tubulação composta (4


tubulações) vai ter que atravessar quatro vezes mais cascalho. A dificuldade
que ela vai encontrar para escoar, agora é bem maior do que escoar por
apenas uma tubulação de cada vez.

PARADA OBRIGATÓRIA
Características de uma ligação em série:

◾ A falta ou interrupção de um resistor impede o funcionamento dos demais.


◾ A corrente é a mesma para todos os resistores.
◾ Os valores da ddp entre os extremos de cada resistor dependem do valor de
cada resistência.

ASSOCIAÇÃO EM PARALELO: RESISTORES LIGADOS À MESMA DDP

261
Fonte [2]

PARADA OBRIGATÓRIA
A ddp é a mesma para todos os resistores ligados em paralelo.

ASSOCIAÇÃO EM PARALELO DE RESISTORES

Fonte [3]

Observe que todos os resistores estão conectados à mesma bateria, ou


seja, à mesma tensão, mas diferente da ligação em série, agora a corrente
elétrica tem "bifurcações" por onde ela pode se dividir.

Lembra da Lei da Conservação de Cargas da Aula 1? (Aproveite para


fazer uma revisão)

Como a carga não pode ser criada nem destruída, as cargas que
formam a corrente elétrica, podem se bifurcar à vontade, mas a
conservação sempre se mantém, por isso, a corrente que sai da fonte de
tensão é a soma de todas as correntes que passam por cada resistor.

262
Para uma associação de n resistores, teremos:

PARADA OBRIGATÓRIA
Características de uma ligação em paralelo:

◾ Todos os resistores são ligados à mesma fonte de tensão.


◾ O valor da corrente em cada resistor é inversamente proporcional ao valor
da resistência.
◾ Cada resistor pode funcionar independentemente das demais, isto é a
queima de um deles não interrompe a corrente no circuito.

OLHANDO DE PERTO
A resistência equivalente de uma associação em paralelo, é menor do
que qualquer uma das resistências individuais.

Voltemos à nossa comparação com uma tubulação de água: Se


tubulações diferentes estiverem todas conectadas a uma mesma fonte de
água, a água vai "preferir" escoar através da tubulação aonde os cascalhos
oferecem menos obstáculos à sua passagem, ou seja, a menor resistência.

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a solução.

EXEMPLO 1

Considere o circuito representado na figura abaixo. Se a força


eletromotriz = 12 V, R 1 = 2 e R 2 = 4 . Qual é a queda de
potencial do ponto A ao ponto B em volts?

Fonte [4] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

Resposta: 4 V

Solução do Exemplo 1 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 2

263
Três resistências estão ligadas em paralelo a uma bateria de 12 V,
como mostrado na figura ao lado.

Fonte [5]

Calcule:

1. A resistência equivalente da associação;


2. As correntes i 1, i 2 e i 3 através dos resistores R 1, R 2 eR 3,

respectivamente.
3. A corrente total do circuito.

Resposta: (a) 2,86 ; (b) 2,4 A, 1,2 A, 0,6 A; (c) 4,2 A

Solução do Exemplo 4 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 3

Duas lâmpadas, uma de resistência R1 e a outra de resistência R2,


R1 > R2, estão ligadas a uma bateria,

1. em paralelo
2. em série,

Qual das lâmpadas brilha mais em cada caso?

Solução do Exemplo 3 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

EXEMPLO 4

Nove fios de cobre de comprimento l e diâmetro d estão ligados em


paralelo formando um único condutor composto de resistência R. Qual
deve ser o diâmetro D de um único fio de cobre de comprimento l, para
que ele tenha a mesma resistência?

Resposta: D = 3d

Solução do Exemplo 4 (Visite a aula online para realizar download


deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://2.bp.blogspot.com/_6FppeDfNtJA/SMVRReLJ5TI/AAAAAAAAA
DY/N0bna8xHII0/s320/associacao-resistores-serie1.gif
2. http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/associacao-
resistores-paralelo1.gif
3. http://www.infoescola.com/fisica/associacao-de-resistores/
4. http://www.prof-leonardo.com/downloads/Lista_2.pdf

264
FÍSICA III
AULA 07: CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 06: INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

De acordo com o sistema internacional de unidades, no trecho


dedicado à nomenclatura, os aparelhos de medida direta são grafados com
terminação em "ímetro" (tal como o paquímetro) e os de medida indireta
são grafados com terminação "ômetro" (tais como o cronômetro,
odômetro, amperômetro, voltômetro etc.). No entanto os termos já
consagrados pelo uso em eletricidade, são: amperímetro, voltímetro e
ohmímetro. Mesmo cometendo erros de nomenclatura, é assim que
denominamos os medidores na eletricidade: voltímetro, amperímetro,
ohmímetro, multímetro.

MEDIDORES NA ELETRICIDADE
VOLTÍMETRO

O voltímetro é o aparelho usado para medir as diferenças de potencial.

A figura abaixo mostra um voltímetro digital.

Fonte [1]

O voltímetro deve ser ligado em paralelo com o circuito.

Além disso, ele deve ter uma resistência altíssima, para que a corrente
elétrica que circula por ele, seja a menor possível.

Se houver uma corrente significativa circulando pelo voltímetro, a


medida da ddp que ele marcará não será a ddp entre os pontos do circuito,
já que no próprio instrumento de medida ocorre uma variação na tensão.

Lembre-se que:

265
UM VOLTÍMETRO IDEAL SERIA AQUELE CUJA RESISTÊNCIA
FOSSE INFINITA, O QUE RESULTARIA EM UMA CORRENTE NULA
CIRCULANDO POR ELE (I = V/R).

AMPERÍMETRO

Fonte [2]

Quando desejamos medir a corrente elétrica que passa, por exemplo,


em uma certa resistência, devemos ligar o amperímetro em série com a
resistência, e portanto, toda a corrente que passa nesta resistência passará
através do aparelho.

No interior do amperímetro, como em qualquer aparelho, existem fios


condutores que devem ser percorridos pela corrente elétrica, para que o
aparelho indique o valor desta corrente. Estes fios apresentam certa
resistência elétrica, que é denominada resistência interna do amperímetro.
O simples ato de conectar um amperímetro a um circuito, faz com que sua
resistência interna seja acrescentada à resistência do circuito (a resistência
equivalente é a soma das resistências individuais).

Diferente do voltímetro, a resistência interna de um amperímetro deve


ser a menor possível, para que a perturbação causada por sua presença seja
desprezível.

UM AMPERÍMETRO IDEAL SERIA AQUELE CUJA RESISTÊNCIA


FOSSE ZERO, O QUE RESULTARIA EM UMA QUEDA DE TENSÃO NULA
CIRCULANDO NOS SEUS EXTREMOS (V= R I).

Quando o amperímetro apenas marca a existência de uma corrente,


sem indicar valores, ele é chamado GALVANÔMETRO.

OHMÍMETRO

O ohmímetro é um instrumento que permite medir a resistência


elétrica de um elemento de um circuito.

MULTÍMETRO

Um Multímetro ou Multiteste é um instrumento que incorpora


diversos instrumentos de medidas elétricas num único aparelho como
voltímetro, amperímetro e ohmímetro.

266
Fonte [3]

FÓRUM
Com base no que você aprendeu nesta aula discuta e critique a
seguinte afirmação:

Um eletricista foi acidentalmente eletrocutado e numa reportagem


jornalística afirmou-se que "Ele tocou acidentalmente num cabo de alta
tensão e 20.000 V de eletricidade atravessaram o seu corpo."

MULTIMÍDIA
1. Neste site Interactive Simulations [4] você encontrará um applet
mostrando um circuito simples que contém um resistor. Além disso há
uma fonte de voltagem e um amperímetro. Você pode selecionar valores
para a voltagem e valores para a resistência. O amperímetro indicará o
valor da corrente no circuito.

Qual o Valor do Resistor? [5]

Capacitor de Placas Paralela [6]

Interruptor Simples [7]

Medindo resistores [8]

Acende aqui, apaga ali, ou lá [9]

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Agora resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.eletronica.org/img_artigos/instrumentacao/digital.jpg
2. http://projectos.cienciaviva.pt/pv0625/magnetismo_imagens/campos_
magneticos_electroiman_7_3.jpg
3. http://ersonelectronica.com/images/981-530134300.jpg
4. http://phet.colorado.edu/simulations/sims.php?
sim=Circuit_Construction_Kit_DC_Only
5. http://www.cienciamao.if.usp.br/tudo/exibir.php?
midia=tex&cod=_resistor
6. http://www.cienciamao.if.usp.br/tudo/exibir.php?
midia=tex&cod=_capacitordeplacasparalelas

267
7. http://www.cienciamao.if.usp.br/tudo/exibir.php?
midia=tex&cod=_interruptorsimplesfaca
8. http://www.cienciamao.if.usp.br/tudo/exibir.php?
midia=tex&cod=_medindoresistores
9. http://www.cienciamao.if.usp.br/tudo/exibir.php?
midia=tex&cod=_acendeaquiapagaalioula
10. http://www.denso-wave.com/en/

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Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

268
FÍSICA III
AULA 08: CIRCUITOS RC

TÓPICO 01: CARREGANDO UM CAPACITOR

Na aula 05, você estudou os capacitores. Em todos os tópicos


da aula 05 admitimos que os capacitores já estavam carregados,
sem nos preocuparmos com os processos envolvidos no
carregamento das placas.

APROVEITE E FAÇA UMA REVISÃO DA AULA 05!

Na realidade o processo de carga de um capacitor não é instantâneo. Em


um circuito, como o mostrado na figura abaixo, depois que a chave é fechada,
demora algum tempo até que as placas do capacitor estejam completamente
carregadas.

CIRCUITO RC EM SÉRIE
Vamos examinar o circuito abaixo, composto por um resistor e um
capacitor em série com uma bateria.

Como já vimos, a presença do resistor R implica em uma perda


inevitável de energia pelo efeito Joule, de modo que o tempo para carregar o
capacitor vai depender também do valor de R.

No circuito mostrado na figura abaixo, vamos considerar a bateria ideal,


isto é sem resistência interna. Isto torna a situação mais simples. Com a
chave S aberta, a diferença de potencial entre os terminais da bateria é igual
a .

Depois que a chave S é fechada, uma porção de carga vai circular,


passando através do resistor R e chegar à placa do capacitor.

269
Temos um circuito de uma só malha (abcda) e vamos aplicar a
Segunda Lei de Kirchhoff, percorrendo o circuito no sentido horário.

Percorrendo o circuito no sentido horário vamos ter:

Onde q é a carga no capacitor e i a corrente no circuito em um dado


instante após a chave ter sido ligada.

A corrente i por definição é dada por:

A equação fica assim:

Vamos multiplicar todos os termos da equação acima por C:

PARA VER A SOLUÇÃO DESTA EQUAÇÃO

Vamos introduzir uma mudança de variáveis:

Substituindo:

270
ou

Vamos integrar a equação acima. Integrando:

A integral do tipo mostrado do lado esquerdo da equação é dado por:

Onde lnx é o logaritmo natural de x.

No instante inicial (t=0) o capacitor está completamente


descarregado, ou seja q=0, neste caso temos . Em um instante t
qualquer, a carga no capacitor é q, então teremos .

Assim nossa integração terá os seguintes limites:

Vamos usar as propriedades do logaritmo:

Você se lembra da definição do logaritmo natural?

Vamos usar aqui:

Temos assim a carga como função do tempo:

Para encontrarmos a corrente através do circuito, basta usarmos a


definição da corrente elétrica:

271
TEREMOS QUE FAZER A DERIVADA DA CARGA DADA PELA EQUAÇÃO QUE ACABAMOS
DE DETERMINAR

Derivando a expressão acima temos:

Temos assim a corrente como função do tempo:

Vamos agora analisar a ddp (V) entre as placas do capacitor.

Você se lembra que na Aula 5, no estudo dos capacitores, definimos a


capacitância como:

Substituindo q(t):

VAMOS ANALISAR AS SITUAÇÕES ACIMA PARA A CARGA, A CORRENTE E A DDP

Analisando a carga:

Instante inicial, t=0, não tem carga no capacitor

Depois de um tempo muito longo (t = ) o capacitor está totalmente


carregado:

Analisando a corrente:

272
Instante inicial, t=0 o capacitor não tem carga, a corrente é toda
através do resistor R:

Depois de um tempo muito longo ( t = ) o capacitor está totalmente


carregado e a corrente não circula mais:

Analisando a ddp:

Instante inicial, t=0, o capacitor não tem carga, a ddp entre suas
placas é zero.

Depois de um tempo muito longo ( t = ) o capacitor está totalmente


carregado e a corrente não circula mais, a ddp é a mesma da bateria:

Inicialmente o capacitor está totalmente descarregado (q=0).

Fechando a chave S, aplica-se uma ddp às placas do capacitor.

O circuito será então, percorrido por uma corrente elétrica variável que
irá carregar o capacitor.

A ddp entre as placas vai aumentando.

Quando o capacitor está totalmente carregado, a ddp entre as placas é


igual à tensão da fonte.

Os gráficos abaixo mostram a carga e corrente como função do tempo

Processo de carga do capacitor;


Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

Os gráficos mostram que com o passar do tempo a carga nas placas do


capacitor cresce enquanto a corrente no circuito decresce rapidamente.

273
O máximo valor da carga é que é atingido depois de um tempo
bastante longo. Depois desse tempo, a corrente vai a zero.

OLHANDO DE PERTO
Enquanto as placas do capacitor estão sendo carregadas, a diferença
de potencial (ddp) entre elas vai aumentando até se tornar igual à ddp
entre os terminais da bateria. Quando isso ocorre, o capacitor está
totalmente carregado.

OLHANDO DE PERTO
A constante RC, tem dimensão de tempo e é chamada constante de
tempo capacitiva do circuito ou tempo de relaxação .

CONSTANTE DE TEMPO CAPACITIVA DO CIRCUITO

Vamos calcular a carga de um capacitor depois de decorrido um


tempo igual a RC:

Se

Mas

Ou seja, depois de um intervalo de tempo , a carga no capacitor


será mais de 60% do valor final.

A constante de tempo nos dá uma informação sobre a velocidade do


processo de carga do capacitor.

Se é pequeno, o capacitor se carrega rapidamente, ao contrário


quando é grande, o tempo para carregar o capacitor é mais longo.

MULTIMÍDIA
Clique aqui [1] e veja uma simulação. Nesta simulação você pode
mudar a capacitância (C) e a resistência (R) no circuito RC. Depois de
fechar a chave (close switch), você pode observar a evolução no tempo do
carregamento do capacitor e escolher a variação da voltagem através do
capacitor (V across capacitor) ou a corrente através do capacitor (I across
capacitor).

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a solução.

274
EXEMPLO 1

Um resistor de resistência R= 10 M é conectado em série com um


capacitor cuja capacitância é de C=1,0 e com uma bateria de fem
, como indicado na figura abaixo:

Antes da chave ser fechada no instante t=0, o capacitor está


descarregado.

a) Qual é a constante de tempo capacitiva do circuito?


b) Qual é a fração da carga final que está sobre uma das placas quando
t=46 s?
c) Qual é a fração da corrente inicial que permanece quando t=46 s?

Respostas:

a) 10 s; b) 0,99; c) 0,01

Solução do Exemplo 1 (Visite a aula online para realizar


download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

Quantas constantes de tempo devem decorrer até que um capacitor


rm um circuito RC esteja carregado com menos de 1% de sua carga de
equilíbrio?

Solução do Exemplo 2 (Visite a aula online para realizar


download deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://203.158.100.100/charud/virtualexperiment/lectureonline/ritphy
sics/kap23/RC/app.htm
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. José Milton Pereira Júnior


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

275
FÍSICA III
AULA 08: CIRCUITOS RC

TÓPICO 02: DESCARREGANDO UM CAPACITOR

Suponha que depois de um longo tempo, a chave S que estava ligada no


terminal a, durante o processo de carga do capacitor, é levada para o
terminal b, depois que o capacitor estiver completamente carregado. Assim a
bateria fica totalmente isolada do circuito.

Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

O capacitor será descarregado através da malha inferior do circuito.

Vamos aplicar segunda lei de Kirchhoff à malha inferior:

A SOLUÇÃO DESTA EQUAÇÃO NOS DÁ A CARGA COMO FUNÇÃO DO TEMPO NO


PROCESSO DE DESCARGA DO CAPACITOR

Vamos integrar a equação acima, seguindo o mesmo procedimento


usado no processo de carga do capacitor discutido no Tópico 1 desta aula.

Agora partimos da situação em que o capacitor está completamente


carregado com carga C.

Note que agora a carga é uma função decrescente do tempo e que depois
de um tempo bastante longo, essa carga tende a zero, conforme é mostrado
na figura abaixo:

276
Processo de descarga do capacitor Resnick-Halliday, Fundamentos da Física,
Vol. 3

A corrente no circuito no processo de descarga é dada por:

DESAFIO
Você saberia interpretar o sinal negativo?

A variação da corrente elétrica no processo de descarga do capacitor


pode ser visto na figura abaixo:

Fonte [1]

MULTIMÍDIA
Acesse o endereço abaixo:

Clique aqui [2]

Você encontrará um applet Java que vai lhe mostrar o


comportamento transitório que ocorre quando um capacitor está sendo
carregado e descarregado.

Você verá uma animação excelente sobre os processos de carga e


descarga de um capacitor.

277
Embora o texto esteja em inglês, o aplicativo pode ser utilizado
tranquilamente.

Você pode escolher os processos:

Carregando o capacitor (Charging the Capacitor ).

Descarregando o capacitor (Discharging the Capacitor).

E para cada um deles ver os gráficos da corrente e voltagem versus


tempo.

EXEMPLOS RESOLVIDOS
Agora você verá alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para
a resolução de outros problemas.

Tente primeiro antes de ver a solução.

EXEMPLO 1

No circuito abaixo a chave S é ligada ao terminal b, depois de ter


passado muito tempo ligada ao terminal a, quando o capacitor foi
carregado com uma carga igual a 5,0 .

Com a chave ligada ao terminal b no instante t=0, o capacitor


começa a se descarregar.

a) Em que instante a carga do capacitor é igual a 0,5 ?

b) Qual a corrente nesse instante?

Respostas:

-8
a) 23 s; b) -5,0 x 10 s

Solução do Exemplo 1 (Visite a aula online para realizar


download deste arquivo.)

EXEMPLO 2

Um capacitor com uma diferença de potencial de 100 V é


descarregado através de um resistor quando uma chave entre eles é
fechada no instante t=0. No instante t=10 s a diferença de potencial
através do capacitor é 1,0 V.

(a) Qual é a constante de tempo do circuito?


(b) Qual é a diferença de potencial através do capacitor no instante t=17
s?

Respostas:

278
-2
a) 2,17 s; b) 3,96 x 10 s

Solução do Exemplo 2 (Visite a aula online para realizar


download deste arquivo.)

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod07/images/cap7f09.gif
2. http://webphysics.davidson.edu/physlet_resources/bu_semester2/c11_
RC.html
3. http://www.denso-wave.com/en/

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FÍSICA III
AULA 08: CIRCUITOS RC

TÓPICO 03: ENERGIA NO CIRCUITO RC

O princípio da conservação da energia pode ser utilizado para


determinar a equação que descreve o comportamento de um circuito RC,
como o mostrado na figura abaixo.

Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3

Inicialmente o capacitor está descarregado. A partir do momento em


que a chave S é conectada ao ponto "a" ele começa a ser carregado pela
bateria.

A bateria realiza um trabalho dW para cada carga dq fornecida. De


acordo com o que você aprendeu na Aula 4 sobre o Potencial Elétrico este
trabalho é dado por:

Este trabalho transforma-se em energia dissipada no resistor na forma


de calor, pelo Efeito Joule (reveja a Aula 6)

e em energia acumulada no capacitor (reveja a Aula 5),

onde V é a diferença de potencial entre as placas do capacitor.

Pela conservação de energia devemos ter:

Vamos usar a definição da corrente elétrica:

Então teremos:

280
OLHANDO DE PERTO
Observe que esta é a mesma equação obtida no Tópico 1 com a qual
determinamos a carga como função do tempo no processo de carga do
capacitor:

Durante o processo de carga do capacitor a bateria fornece energia a


uma taxa que é dada pela potência P

A taxa de dissipação de energia no resistor é dada pela potência PR:

A taxa com que a energia é armazenada no capacitor é dada por PC:

Uma parte da potência fornecida pela bateria é dissipada no resistor e a


outra parte é armazenada no capacitor.

A potência fornecida pela bateria, ou seja, a taxa com que a energia E é


fornecida pela bateria é:

Isto significa que ao final, com o capacitor completamente carregado, a


energia total fornecida pela bateria foi:

AJUDA

Lembrando o que você aprendeu na aula 5 sobre Capacitores, temos a


energia armazenada em um capacitor:

281
Quando o capacitor estiver completamente carregado, como você viu no
Tópico 1, a carga total em suas placas é:

Substituindo na energia total armazenada no capacitor:

OLHANDO DE PERTO
Metade da energia fornecida pela bateria fica armazenada no
capacitor e a outra metade é dissipada no resistor, sob a forma de calor.

ENERGIA NO CIRCUITO RC

Potência = taxa de variação da energia elétrica:

Potência fornecida pela bateria:

Potência no capacitor:

Potência dissipada no resistor:

Calor devido ao Efeito Joule

Conservação de energia no circuito:

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

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FÍSICA III
AULA 08: CIRCUITOS RC

TÓPICO 04: APLICAÇÕES NO COTIDIANO

Como você viu nos tópicos 1 e 2 desta aula, um capacitor não se


carrega nem descarrega instantaneamente. Esses processos levam um
certo tempo que depende das características elétricas do circuito, ou seja
os valores da capacitância e da resistência. A utilidade prática de um
capacitor reside no fato de se poder controlar o tempo que ele leva para se
carregar (e descarregar) e a carga que se deseja que seja armazenada em
suas placas.

Em um Circuito RC o papel do resistor R é "amortecer" o processo de


carga e descarga do capacitor. Por exemplo, se não houvesse resistência, o
capacitor iria se carregar instantaneamente. Devido à resistência, no
entanto, ele leva algum tempo para atingir a carga máxima Q. Da mesma
forma, o capacitor não se descarrega imediatamente, mas aos poucos. Essa
é a principal utilidade do circuito RC, o que faz com que ele tenha muitas
aplicações na vida cotidiana.

Para que você possa compreender a importância de um circuito RC na


vida cotidiana, aqui estão algumas aplicações.

FLASH DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS


DESFIBRILADOR CARDÍACO
A ELETRICIDADE NOS CARROS DE CORRIDA

FLASH DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS

Um exemplo muito corriqueiro do uso de um circuito RC é no flash das


máquinas fotográficas. A lâmpada do flash da máquina fotográfica necessita
para funcionar de uma corrente alta por um tempo muito curto. Antes da
foto ser batida, uma bateria carrega o capacitor através de um resistor.
Depois de carregado o capacitor, o flash fica pronto para ser usado. Ao tirar a
foto, a carga acumulada no capacitor é descarregada através da lâmpada. A
bateria então recarrega o capacitor e, após um curto intervalo de tempo o
flash estará pronto para uma nova fotografia.

O circuito do flash armazena uma carga de alta voltagem em um grande


capacitor.

Capacitor de flash de uma câmera comum do tipo "apontar e disparar" [1]

Como uma bateria, o capacitor retém a carga até que seja conectado a
um circuito fechado.

283
O capacitor está conectado permanentemente a dois eletrodos no tubo
do flash, mas o tubo não poderá conduzir a corrente a menos que o gás
xenônio seja ionizado, portanto, o capacitor não se descarrega.

O circuito do capacitor também está conectado, por meio de um resistor,


a um tubo de descarga no gás menor. Quando a voltagem no capacitor é alta
o suficiente, a corrente pode fluir através do resistor para iluminar o tubo
menor. Isso atua como uma luz indicadora, que informa quando o flash está
pronto para ser usado. O disparador do flash é conectado por um fio ao
mecanismo do obturador. Quando você tira uma foto, o disparador fecha
brevemente, conectando o capacitor a um segundo transformador. Esse
transformador intensifica a tensão de 200 volts proveniente do capacitor
para até 1 mil e 4 mil volts, e passa alta voltagem para a chapa metálica
próxima ao tubo do flash. A alta voltagem momentânea na chapa metálica
fornece a energia necessária para ionizar o gás xenônio, tornando o gás
condutor. O flash se acende em sincronia com a abertura do obturador.

DESFIBRILADOR CARDÍACO

Durante um ataque do coração, o coração produz pulsos muito rápidos e


irregulares, condição que é conhecida como fibrilação cardíaca. A fibrilação
cardíaca de modo geral pode ser detida enviando uma rápida descarga de
energia elétrica através do coração. Isto se faz usando um desfibrilador como
o que é mostrado na figura. Este consiste basicamente de duas paletas e um
capacitor que é carregado a milhares de Volts e é descarregado em milésimos
de segundos. A corrente de descarga passa da paleta ao coração e depois a
outra paleta. Frequentemente depois do eletrochoque o coração retorna a
seu pulso normal.

Fonte [2] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

A ELETRICIDADE NOS CARROS DE CORRIDA

Um carro eletricamente carregado e o piso se comportam


como um capacitor que pode se descarregar através dos pneus
(Fonte: Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3).

Quando um carro está em movimento, elétrons passam da pista para os


pneus e dos pneus para a carroceria. O carro armazena esta carga em excesso
como se a carroceria fosse uma das placas de um capacitor e o piso, a outra
placa. Quando o carro para, descarrega o excesso de carga através dos pneus,
da mesma forma como um capacitor se descarrega através de um resistor. Se
um objeto condutor se aproxima do carro antes que esteja totalmente
descarregado, a diferença de potencial associada ao excesso de cargas pode

284
produzir uma centelha entre o carro e o objeto. O objeto pode ser, por
exemplo, o bico de uma mangueira de combustível. Existe um valor crítico de
energia associado à capacidade de inflamar o combustível que se chama
Ufogo. Esse valor é de 50mJ. Se a energia devido à centelha for menor do que
esse valor crítico, a centelha não inflamará o combustível provocando um
incêndio.

Dependendo dos valores das resistências e capacitância, pode ser


necessário esperar pelo menos cerca de 9 segundos para que a energia
associada às cargas do carro caia abaixo do valor crítico (Ufogo), de modo que
seja possível aproximar o bico da mangueira de combustível com segurança
do automóvel.

Durante uma corrida um tempo de espera dessa ordem seria inaceitável.


Por isso a borracha dos pneus dos carros de corrida é misturada com um
material condutor para diminuir a resistência (R) do pneu e assim reduzir o
tempo de descarga. O gráfico da figura ( c) mostra o decaimento da energia.
Para uma resistência de 100 G o tempo necessário para a energia cair para
o valor de segurança é de cerca de 9,4 s. Se a resistência diminuir para 10 G
, esse tempo fica reduzido 0,94 s.

FÓRUM
Com base no que você aprendeu nesta aula, discuta porque a carga de
um capacitor, em um circuito, não aumenta instantaneamente tão logo o
circuito seja fechado.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Agora resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar
download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://kythuatphancung.com/wp-content/uploads/2009/02/tu-
hoa3.jpg
2. http://staff.iium.edu.my/izdihar/NotesP2/CHAP5.pdf
285

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