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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E CONTROLE DE CONTAS PÚBLICAS

DISCIPLINA:

INFRAÇÕES COMETIDAS POR AGENTES PÚBLICOS NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

RESPONSABILIDADE POR IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA

Gerson Giuliangeli
Luzia Goretti Carmo
Mirian A Figueiredo Clug
Remisson Cezar dos Santos
Silvana Mattos

Trabalho apresentado sob assistência da Professora Simone Foyen no Curso


de Especialização em Gestão e Controle das Contas Públicas da Escola
Superior de Gestão e Contas Públicas Conselheiro Eurípedes Sales do
Tribunal de Contas do Município de São Paulo em cumprimento a um dos
requisitos para aprovação na disciplina referente às infrações cometidas por
agentes públicos na Administração Pública.

São Paulo

NOVEMBRO/2017

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 1 | 62


RESUMO

A Lei de Improbidade, 8.429/92, em relação a legislação anterior que tratava apenas poucos atos
de enriquecimento ilícito, ampliou o conceito dos atos que importam improbidade
administrativa, na medida em que trata também dos atos de improbidade que causam prejuízo
ao Erário e dos atos de improbidade que atentam contra os princípios da Administração Pública.
Ampliou as medidas cautelares para assegurar o provimento judicial futuro, tornou
independentes as responsabilidades administrativa, civil e criminal, equiparou os agentes
públicos da Administração direta e indireta e definiu exemplos de enriquecimento ilícito.

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Sumário

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E CONTROLE DE CONTAS PÚBLICAS ......... 1


DISCIPLINA: ........................................................................................................................................... 1
INFRAÇÕES COMETIDAS POR AGENTES PÚBLICOS NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA ... 1
Delimitação ................................................................................................................................................ 6
Previsão Constitucional .............................................................................................................................. 6
Lei 1079/50- Crimes de Responsabilidade ................................................................................................. 6
Sujeitos Ativos nos Crimes de Responsabilidade ................................................................................... 6
Jurisprudência ...................................................................................................................................... 6
Correlação Código Penal.......................................................................................................................... 7
Ilícito civil .............................................................................................................................................. 7
Classificação de ilícitos administrativos.......................................................................................... 7
Elementos Doutrina Lei 8429/92 ............................................................................................................. 8
Sujeito ativo ............................................................................................................................................ 8
Sujeito passivo ........................................................................................................................................ 8
Espécies .................................................................................................................................................. 9
Elemento Subjetivo ................................................................................................................................. 9
Lei 8429/92 - Improbidade Administrativa – Definições, Condutas e Penas ..................................... 9
Definição - Lei 8429/92 ......................................................................................................................... 9
Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário- artigo 10º ............................... 38
Definição dos Atos do Artigo 10º ..................................................................................................... 39
Rol de Prejuízos do artigo 10º .......................................................................................................... 39
Penalidades ....................................................................................................................................... 41
Doutrina e Jurisprudência ................................................................................................................. 41
Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário- Artigo 10º A .................... 42
Penalidades ....................................................................................................................................... 42
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração
Pública .................................................................................................................................................. 43
Da Declaração de Bens ......................................................................................................................... 44

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DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, DO PROCESSO JUDICIAL E DAS SANÇÕES
CABÍVEIS ............................................................................................................................................... 46
ESTUDO DE CASO................................................................................................................................. 52
CONCLUSÃO – EFICÁCIA DA LEI ................................................................................................................ 54
Punições ................................................................................................................................................ 54
Dados gerais...................................................................................................................................... 54
Tempo médio para condenação definitiva ........................................................................................ 59

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RESUMO

A Lei de Improbidade, 8.429/92, em relação a legislação anterior que tratava apenas poucos
atos de enriquecimento ilícito, ampliou o conceito dos atos que importam improbidade
administrativa, na medida em que trata também dos atos de improbidade que causam prejuízo
ao Erário e dos atos de improbidade que atentam contra os princípios da Administração Pública.
Ampliou as medidas cautelares para assegurar o provimento judicial futuro, tornou
independentes as responsabilidades administrativa, civil e criminal, equiparou os agentes
públicos da Administração direta e indireta e definiu exemplos de enriquecimento ilícito.

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Delimitação

As bases de pesquisa estão delimitadas, observando a linha do tempo nas seguintes fontes: Lei
nº 1.079, de 10 de abril de 1950, Constituição Federal de 1988, Lei nº 8.429, de 2 de junho de
1992 , doutrinas e jurisprudência e por fim, na apresentação de caso concreto.

Previsão Constitucional

Há na Constituição Federal de 1988 diversos dispositivos que tratam da improbidade, como o


artigo 14 , § 9º (cuida da improbidade administrativa em período eleitoral), artigo 15 , V (veda
a cassação de direitos políticos, permitindo apenas a suspensão em caso de improbidade),
artigo 85 , V (tipifica a improbidade do Presidente da República como crime de
responsabilidade) e artigo 37 , § 4º (dispõe algumas medidas aplicadas em caso de
improbidade).

Lei 1079/50- Crimes de Responsabilidade

É importante destacar que há no ordenamento jurídico, lei anterior que permanece vigente, foi
recepcionada pela CF e concorre em alguns casos com a Lei 8429/92. Trata-se da Lei 1079/50,
chamada Lei dos Crimes de Responsabilidade que define sujeitos ativos e condutas específicas.

Sujeitos Ativos nos Crimes de Responsabilidade


 Presidente da República;
 Ministro de Estado;
 Procurador Geral da República;
 Ministro do Supremo Tribunal Federal;
 Governador
 Secretário de Estado

Jurisprudência

Acerca da intersecção das Leis de Crimes de Responsabilidade e de Improbidade Administrativa,


o STF entende que essa última não se aplica aos agentes acima descritos (Agentes Políticos
Específicos), desde que as condutas estejam previstas na Lei de 1950, e presentes
simultaneamente as seguintes condições:

 O agente político deve estar expressamente entre os descritos na referida lei.


 A conduta praticada precisa ter previsão nas leis nº 1.079/50 e na nº 8.429/92.

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Em outras palavras, a Lei nº 8.429/92 prossegue sendo aplicável para os agentes públicos e
políticos que não possuem foro por prerrogativa de função de que se trata o artigo 102, I, “c”,
da Constituição da República (STF AI 810393).

Essa é a razão pela qual os prefeitos, se submetem à lei de improbidade administrativa,


submetendo-se, ainda, à ação penal por crime de responsabilidade, na forma do Decreto-lei nº
201/67, em decorrência do mesmo fato (STF ARE 644.749).

Correlação Código Penal

Apesar dos atos de improbidade não estarem previstos no Código Penal por se tratarem de ilícitos
civis e, portanto, não são crimes, estão relacionados com diversos crimes tipificados, portanto,
concomitantemente ao processo civil, poderá haver um processo penal.

Sobre ilícitos:

“Ato antijurídico é todo aquele contrário ao Direito. Ato ilícito, porém, é


somente aquele que viola direito e causa dano a outrem, fazendo exsurgir por
conta disso a obrigação de reparar.”

https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1373(artigo)

Ilícito civil
A responsabilidade civil é marcada pelo dano que ocorre face à transgressão de
um direito juridicamente tutelado, sem a prática do crime. Neste caso, haverá
reparação do dano (moral ou patrimonial) por meio de indenização ou
recomposição do statu quo ante.

A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a


reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por
ela mesmo praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela
pertencente ou de simples imposição legal

Classificação de ilícitos administrativos


Da combinação das espécies vistas, pode-se concluir pela existência da
seguinte classificação de ilícitos administrativos:

 Ilícito administrativo puro: afeta somente a administração;


 Ilícito administrativo-civil: conduta contrária a dispositivo estatutário e
causadora de prejuízo ao erário ou a terceiro;

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 Ilícito administrativo-penal: afeta não apenas a administração, mas a
sociedade como um todo;
 Ilícito administrativo-penal-civil: além de afetar a administração e a
sociedade, causa prejuízo ao erário ou a terceiro.
https://veromingosdomingos.wordpress.com – Artigo

COMPARATIVO

LEI 8429/92 CÓDIGO PENAL - TITULO XI


ILÍCITO CÍVIL CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Enriquecimento ilícito  Peculato
 Que causam prejuízo ao erário  Abandono de função
 Concessão ou Aplicação Indevida de
Benefício  Advocacia administrativa
 Atentam contra os princípios da
Administração Pública  Concussão
 Condescendência criminosa
 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
 Excesso de exação
 Violação de sigilo funcional
 Corrupção passiva
 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
prolongado
 Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
documento
 Facilitação de contrabando ou descaminho
 Prevaricação
 Violação do sigilo de proposta de concorrência
 Violência arbitrária

Elementos Doutrina Lei 8429/92

Por tratar-se de ilícito civil, considerando que as leis que tratam do assunto estão fora do Código
Penal brasileiro, não haverá classificações de crime, porém alguns elementos, segundo a
doutrina (Alexandre Mazza), podem ser destacados:

Sujeito ativo
 Agente público - servidor ou não, remunerado ou não, transitório ou não
 Não agente públicos – que induzam ou concorram ao ato
 Sucessores – nos limites do valor da herança
Sujeito passivo
 Administração Pública Direta

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 Administração Pública Indireta;
 Empresas incorporadas ao patrimônio público ou de entidade cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual;
 Entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício,
provenientes de órgão público;
 Entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
50% do patrimônio ou receita anual.
Espécies
 Enriquecimento ilícito – (artigo 9º);
 Que causam prejuízo ao erário – (artigo 10);
 Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário (artigo 10 A)
 Atentam contra os princípios da Administração Pública – (artigo 11).
Elemento Subjetivo
 Dolo
 Culpa

Lei 8429/92 - Improbidade Administrativa – Definições, Condutas e Penas

Definição - Lei 8429/92

Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

1.2.1 Responsabilidade Administrativa

O mesmo autor ensina que a responsabilidade administrativa é a que resulta da violação de normas
internas da Administração pelo servidor sujeito ao estatuto e disposições complementares estabelecidas
em lei, decreto ou qualquer outro provimento regulamentar da função publica. A falta funcional gera o
ilícito administrativo e dá ensejo à aplicação de pena disciplinar, pelo superior hierárquico, em
sindicância, obedecido o devido processo legal.

1.2.2 Responsabilidade Civil

No que tange a responsabilidade civil, prossegue o festejado mestre, é a obrigação que se impõe
ao servidor de reparar o dano causado à Administração por culpa ou dolo no desempenho de suas funções.
Não há, para o servidor, responsabilidade objetiva ou sem culpa. A sua responsabilidade nasce com o ato
culposo e lesivo e se exaure com a indenização. A responsabilidade civil é independente das

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responsabilidades administrativa e criminal e se apura na forma forma do Direito Privado, perante a
Justiça Comum, em ação regressiva por danos acusados a terceiros, nos termos do art. 37, § 6.o , da CF e
art. 122, § 3.o, da Lei 8112/90, obedecido amplamente o devido processo legal.

1.2.3 Responsabilidade Criminal

A respeito da responsabilidade criminal, o referido mestre advoga que é a resultante do


cometimento de crimes funcionais, praticados contra a Administração Pública e contra as Finanças
Públicas, previstos no título XI, capítulo I, artigos 312 a 326 e capítulo II, artigos 359-A a 359-H, do
Código Penal - CP. O ilícito penal sujeita o servidor público comum (art. 327, CP) a responder, em ação
penal pública a processo crime e a suportar os efeitos legais da condenação (CP, arts. 91 e 92). A lei
1079/1950, estabelece os crimes de responsabilidade praticados por agentes políticos – Chefes do
Executivo federal e estadual, Ministros de Estado e do STF, Procurador Geral da República e Secretários
de Estado. Perfeitos e vereadores respondem na forma do Decreto-Lei 201/1967.

1.2.4 Responsabilidade por atos de improbidade administrativa

A LIA, sem exaurir as condutas, define os atos de improbidade (comissivos ou omissivos) e os


classifica em três modalidades: o artigo 9.o, trata dos atos que inoportuna em enriquecimento ilícito; o
artigo 10, os atos que que causam prejuízo ao erário; e o artigo 11, elenca atos que atentam contra os
princípios da Administração Pública. O artigo 12, incisos I, II e III, descreve as previsões das punições,
podendo ser a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente; ressarcimento integral do dano; perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos; multa civil; proibição de contratar com o poder público
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Cabendo ao Poder Judiciário aplicá-las, levando
em conta a extensão dos danos e o proveito patrimonial obtido pelo agente, dentre outros fatores inerentes
e inafastáveis na aplicação da lei (art. 12, parágrafo único).1

2. Conceitos e definições: Administração Pública, Patrimônio Público e Social, Interesse Público e


Agentes Públicos

2.1 Administração Pública

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A Lei de improbidade, também conhecida por lei anticorrupção, tem por finalidade a tutela da
Administração Pública, do Patrimônio Público Social, do Interesse Público contra atos de improbidade
praticados por Agentes Públicos.

Administração pública, na definição de Plácido e Silva2, em síntese e num sentido amplo e,


especialmente, evitando a celeuma dos doutrinadores experts em Direito Administrativo, quanto a sua
conceituação, pode ser compreendida como uma das manifestações do poder público na gestão ou
execução de atos ou de negócios políticos.

E o poder público e aquele exercido pelos agentes públicos nas atividades da Administração direta
e indireta.

A Administração Pública centralizada ou direta é o complexo de órgãos próprios integrados na


estrutura administrativa do Poder Executivo de cada nível ou esfera de governo (União, Estado, Distrito
Federal, Município).

A Administração Pública indireta ou descentralizada é o conjunto de entes ou entidades com


personalidade jurídica própria, criadas ou autorizadas por lei, na forma do art. 37, XIX, da CF, com
autonomia financeira e administrativa, prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividades
econômicas, vinculadas ao Poder Executivo de cada nível ou esfera de governo. São autarquias, as
sociedades de economia mista e as empresas públicas; as fundações públicas e todas as entidades sem fins
lucrativos, mantidas ou subvencionadas com dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.

2.1.1 Administrador público

Administrador público e todo aquele que gere bens e interesses da comunidade cujos poderes e
deveres são os expressos em lei, os impostos pela moralidade administrativa e os exigidos pelo interesse
da coletividade, estando sujeito, portanto, ao ordenamento jurídico geral e às leis administrativas especiais
que lhe atribui esses encargos.

2
Vocabulário Jurídico

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Cada agente administrativo é investido da necessária parcela de “ poder público “ para o
desempenho de suas atribuições. Esse poder é em razão do cargo ou da função e não em razão da pessoa
que o exerce. A autoridade do agente público decorre desse poder, da lei que lhe confere a competência
decisória e forca para impor suas decisões aos administrados, por isso que o agente, quando despido da
função ou fora do exercício do cargo, não pode usar da autoridade pública, tampouco invocá-la para obter
tratamento diferente dos demais cidadãos em flagrante abuso de autoridade, no caso. A admissão somente
de prerrogativas funcionais com exclusão de privilégios pessoais decorre de Estados de Direito e
Democráticos, como o nosso que estabelece no art. 5.o, caput, da CF que todos são iguais perante a lei,
conforme ensina, por outras palavras, o saudoso prof. Hely Lopes Meirelles.3

2.2 Patrimônio Público e Social

O Patrimônio Público, na definição do autor mencionado, é representado pelo conjunto de bens


que pertencem ao domínio do Estado, e que se instituiu para atender a seus próprios objetivos ou para
servir a produção de utilidades indispensáveis às necessidades coletivas. A defesa do patrimônio público
e social, nos termos do art, 5.o, III, da Lei Complementar 75/1993, é função do Ministério Publico, logo,
direitos e os valores éticos e morais pertencentes a todos os cidadãos formam o patrimônio público e
social do Brasil e devem ser protegidos pelo Estado e observados por todos os agentes públicos.4

2.3. Interesse Público

No escólio do professor Hely Lopes Meirelles5, o Interesse público ou supremacia do interesse


público – Também chamado de princípio da supremacia do interesse público ou da finalidade pública,
com o nome de interesse público, o art. 2.o, caput, da Lei 9784/99 coloca-o como um dos princípios de
observância obrigatória pela Administração Pública, correspondendo ao “atendimento a fins de interesse
geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competência, salvo autorização em lei’(art. 2. o, §
único, II).

O principio do interesse público esta intimamente ligado ao da finalidade e sua primazia em


relação ao interesse privado decorre da própria atuação estatal, porque o Estado só se justifica pela busca
do interesse geral e deve ser observado inclusive nas atividades ou serviços públicos delegados a
particulares e o principio da indisponibilidade do interesse público é dele decorrente.

3
MEIRELLES, Hely Lopes, obra citada, pg. 106/108
4
http://bdjur.stj.gov.br/jspui/bitstream/2011/615/4/Contrato_Dep%C3%B3sito.pdf
5
Op. Cit. Pág. 105

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Nós ensina a professora Alice Gonzalez Borges6, que todo o direito administrativo é construído
sobre dois pilares básicos: a supremacias do interesse público sobre o interesse privado e a
indisponibilidade do interesse público. O direito administrativo tem por objeto o estudo das regras que
disciplinam o exercício da função pública e citando SANTI ROMANO, esclarece que “ a função é poder
que se exerce, não por interesse próprio, ou exclusivamente próprio, mas sim por interesse de outrem ou
por um interesse objetivo”, a função administrativa está irremediavelmente vinculado a uma finalidade
de interesse público, do qual é ancila (escrava) e serviente.

ARISTÓTELES7, no Livro I da Política, afirmou que o homem é político por natureza. É somente
através da participação como cidadãos da comunidade política, ou polis, prestados pelo Estado, que os
homens podem alcançar o bem comum da comunidade através do engajamento ativo com a política, seja
como funcionário público, como participante na deliberação de leis e justiça, ou como um soldado
defendendo uma nação.

A professora, citando o mesmo pensador de A Política, traz o seguinte trecho:

“Evidentemente, o Estado está na ordem da natureza antes do


indivíduo; porque, se cada indivíduo isolado não se basta a si mesmo,
assim também se dará com as partes em relação ao todo. Ora, aquele
que não pode viver em sociedade, ou que de nada precisa por bastar-
se a si próprio, não faz parte do Estado: é um bruto ou um Deus.”

Assim, prossegue a professora, dizendo que o interesse publico é um somatório de interesses


individuais coincidentes em torno de um bem da vidas que lhes significa um valor, proveito ou utilidade
de ordem local ou material, que cada pessoa deseja adquirir, conservar ou manter em sua própria esfera
de valores, que passa a ser público, quando deles participam e compartilham um tal número de pessoas,
componentes de uma comunidade determinada, que o mesmo passa a ser também identificado como
interesse de todo o grupo, ou, pelo menos, como querer valorativo predominante da comunidade.

Ainda, consoante a professora, pode muito bem acontecer que uma parcela da comunidade não
reconheça ou identifique aquele interesse como seu, ou cujo próprio interesse se ache, até, em colisão
com esse querer valorativo predominante. O interesse público, em uma ordem democrática, não se impõe
coativamente. Somente prevalece, em retaliação aos interesses individuais divergentes, com a
predominância, por ser um interesse majoritário. O interesse público e o interesse individual colides-te ou
não coincidente, são qualitativamente iguais; somente se distinguem quantitativamente por ser o interesse

6
Interesse Público: Um Conceito a Determinar, RDA, Rios de Janeiro, jul./set.1996, pág. 109/116
7
https://www.meusdicionarios.com.br/bem-comum

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público nada mais que um interesse individual que coincide com interesse individual da maioria dos
membros da sociedade, e, nessa medida, o interesse publico individual quantitativamente menor tem de
ser compensado pela perda de seus direitos e interesses, mediante sua equitativa conversão em ou valor
equivalente, como ocorre, por exemplo, nas indenizações por desapropriações, por rescisão unilateral de
contrato, encampação do serviço concedido etc.

2.4 Agente Público

Finalmente, o agente público8, o conceito, para efeitos da LIA – arts. 2o e 3o -, é mais abrangente
do que o comumente adotado em outros institutos do Direito Público por contemplar todas as pessoas
físicas que, de qualquer modo, com ou sem vínculo empregatício, definitiva ou transitoriamente, exerçam
uma função pública ou de interesse público, remunerada ou não, nos órgãos e entidades das
administrações direta e indireta do Poder Executivo dos entes da Federação; nos Poderes Judiciário e
Legislativo nas esferas de sua atuação; nos Ministérios Públicos Federais, Estaduais e Distritais; nos
Tribunais de Contas da União, Estados e Municípios; nas empresas incorporadas ao patrimônio público;
nas empresas privadas dependentes de controle direto ou indireto do Poder Público; e nas entidades
privadas de interesse público.

De acordo com esse conceito, o agentes públicos se classificam em quatro categorias: 1) agentes
políticos; 2) agentes autônomos; 3) servidores públicos; e 4) particulares em colaboração com o Poder
Público.

Na lição de Celso Antonio Bandeira de Mello9, agentes políticos:

“São os titulares dos cargos estruturais à organização política do


País, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço do Estado, o
esquema fundamental do Poder. Dai que se constituem nos
formadores da vontade superior do Estado. São os titulares de cargos
estruturais á organização política do País, ou seja, ocupantes dos que
integram o arcabouço constitucional do Estado, o esquenta
fundamental do Poder. Daí que se constituem nos formadores da
vontade superior do Estado. São agentes políticos apenas o

8
PAZZAGLINI, Filho, Marino, Lei de Improbidade Administrativa Comentada: Aspectos Constitucionais,
Administrativos, Civis, Criminais, Processuais e de Responsabilidade Fiscal, 5.a. Edição, Editora Atlas – 2011, pág.
9/12
9
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 9. Edição, São Paulo: Malheiros, 1997. P.
151-152

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Presidente da República, os Governadores, os Prefeitos e respectivos
vices, os auxiliares imediatos dos Chefes de Executivo, isto é,
Ministros e Secretários das diversas pastas, bem como os Senadores,
Deputados federais e estaduais e os Vereadores. O vinculo que tais
agentes entretêm com o Estado não é de natureza profissional, mas
de natureza política”.

Agentes autônomos são os membros do Poder Judiciário, dos Ministérios Públicos, dos Tribunais
de Contas e Chefe da Advocacia-Geral da União que, regidos por legislação própria, exercem funções
superiores e essenciais, mas não participam diretamente de decisões políticas.

Servidores públicos são as pessoas físicas que prestam serviços aos Poderes do Estado e às
entidades da Administração Pública Indireta de natureza profissional, com vínculo empregatício e
mediante remuneração paga pelo Erário e classificam-se em três categorias:

a) servidores estatutários: titulares de cargos públicos efetivos ou em comissão e sujeitos ao regime


jurídico estatutário;

b) empregados públicos: ocupantes de empregos públicos da Administração Direta e Indireta, contratados


sob regime da legislação trabalhista (CLT) e;

c) servidores temporários: contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público (art. 37, IX, da CF). Os servidores militares incluem-se nessa categoria.

Particulares em colaboração com o Poder Público são as pessoas físicas que exercem atividades
de interesse público e gerenciam verbas publicas em empresas privadas controladas pelo Estado (para as
quais o Erário contribui com mais de 50% do seu patrimônio ou renda anual); em entidades particulares
de interesse público, que recebam do Estado subsídios (sociais e econômicos), benefícios ou incentivos
(fiscais ou creditícios), como por exemplo, serviços sociais autônomos, organizações sociais – ONGs – e
organizações sociais de interesse público – OSCIP

Incluem-se nessa categoria, também :

 Administradores de concessionárias e permissionárias de obras e serviços públicos;

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 Leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos;

 Prestadores de serviços notariais e de registro não oficializados (art. 236 da CF);

 Pessoas requisitadas para exercício de função pública: jurados, integrantes da mesa receptor ou
apuradora de votos nas eleições; e

 Gestoras de negócios públicos, que, sponte sua, em situação de emergência (por exemplo,
enchentes, furacões, epidemias, desabamentos, incêndios), assumem gestão temporária da coisa
pública.

2.4.1 Terceiros

O sujeito ativo próprio do ato de improbidade administrativa é o agente público, muitas vezes,
porém, o comete em parceria, em conluio com terceiro (particular ou agente público estranho as funções
publicas exercidas por aquele). Esse terceiro responde, por extensão, aplicando-se-lhe, no que couber, as
sanções do artigo 12 da LIA., cuja participação, nos termos da lei, ocorre por indução ou concurso para
a prática do ato de improbidade administrativa. E sempre que, sob qualquer forma direta ou indireta,
auferir benefício ilícito.

Nesse sentido, observa Marcelo Figueiredo que10:

“O terceiro, o particular, aquele que não é servidor ou agente


público, segundo a lei, somente poderá se coautor ou participante na
conduta ilícita. De fato, o agente ou servidor público e quem dispõe
efetivamente de meios e condições muito eficazes de de realização das
condutas materiais (positivas ou negativas), porquanto é dele o poder
de praticar o ator estatal lesivo. Isso não impede que o particular ou
terceiro seja o mentor intelectual da ação de improbidade, seja o
verdadeiro ‘gerente’ dos atos ilícitos. Contudo, a lei é clara: as
figuras para terceiros circunscrevem-se a duas ações: ‘induzir’ ou
concorrer’. “ (art. 3.o, da LIA).,

10
FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade administrativa. 5. Ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 53

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Indução e o ato de instigar, sugerir, estimular, incentivar agente público a praticar ou omitir ato
de ofício caracterizador de improbidade administrativa. O concurso é a atividade de auxílio, de
participação material na execução por agente público de ato de improbidade administrativa. Auferir
benefício é tirar proveito patrimonial, direto ou indireto, de ato ímprobo cometido por agente público, seja
ajustado previamente com este, seja sem associação ilícita, agindo, nesse caso, o terceiro, de má-fé, ciente
da improbidade cometida, dela se locupletando. Esse agir configura ato de improbidade administrativa e
sujeita o terceiro as sanções previstas na LIA.

3. A Lei de Improbidade – Disposições Gerais arts. 1o ao 8o da Lei 8429/92 – LIA

A lei de improbidade regula o § 4o. do art. 37 da CF, que trata das disposições gerais da
Administração Pública, que estabelece: “Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”

A Lei 8429/92 tem por finalidade a proteção dos valores morais da Administração Pública,
porque, além dos atos que provocam o enriquecimento ilícito e aqueles que causam dano ao erário,
reprime atos corruptores dos valores éticos e morais da Administração Pública em atentado aos seus
princípios.

3.1 Improbidade Administrativa

O vocábulo latino improbitate tem o significado de “desonestidade”e a expressão improbus admistrator


quer dizer “administrador desonesto ou de má-fé”.

De Plácido e Silva11, conceitua o ímprobo:

“Mau, perverso, corrupto, devasso, falso, enganador. É atributivo de


qualidade de todo homem ou de toda pessoa que procede atentando
contra os princípios ou as regras da lei, da moral e dos bons costumes,
com propósitos maldosos ou desonestos. O ímprobo é privado de
idoneidade e de boa fama.”

11
DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico. Atualizado por Nagib Salibi Filho e Gláucia Carvalho, 26 ed. São
Paulo: Forense, 2005, p. 715

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 17 | 62


Portanto, diz Pazzaglini Filho12, a conduta ilícita do agente publico para tipificar ato de
improbidade administrativa deve ter esse traço comum ou característico de todas as modalidades de
improbidade administrativa: desonestidade, má-fé, falta de probidade no trato com a coisa pública.

A probidade administrativa como princípio constitucional é, como se vê, o dever do agente


público agir sempre com honestidade, decência, honradez na gestão dos negócios públicos.

O eminente constitucionalista José Afonso da Silva, ensina que:

A probidade administrativa é uma forma de moralidade administrativa


que mereceu consideração especial pela Constituição, que pune o
ímprobo com a suspensão dos direitos políticos (art. 37, § 4o ). A
probidade administrativa consiste no dever de o ‘funcionário servir
a Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas
funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes
em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer’. Cuida-
se de uma imoralidade administrativa qualificada pelo dano ao
erário e correspondente vantagem ao ímprobo ou a
outrem.”(grifei)13

Assim, ilegalidade não é sinônimo de improbidade, o ato ilegal por si só, não configura ato de
improbidade administrativa., e, sim, a ausência de integridade na gestão pública.

A LIA, no entendimento do Superior Tribunal de Justiça – STJ – tem por objetivo :

“ punir o o administrador público desonesto, não o inábil. Ou, em


outras palavras, para que se enquadre o agente público na Lei de
Improbidade é necessário que haja o dolo, a culpar o prejuízo ao ente
público, caracterizado pela ação ou omissão do administrador público
(Mauro Roberto Gomes de Mattos, em Ó Limite da Improbidade
Administrativa, Ed. América Jurídica, 2a ed., p. 7 e 8). Á finalidade
da lei de improbidade administrativa é punir o administrador
desonesto.’(Alexandre de Moraes, in “Constituição do Brasil
interpretada e legislação constitucional”, Atlas 2002, p. 2.611). ‘De
fato, a lei alcança o administrador desonesto, não o inábil,
despreparado, incompetente e desastrado (REsp 213.994-0/MG, 1a
Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, DOU de 27-9-1999; RE 734.984-SP,

12
Obra citada, p.2
13
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 19 ed. São Paulo, 2001, p.6753

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R.P/Acórdão: Min. Luiz Fux, DJ 18-12-2007) (REsp 758.639/PB,
Rel: José Delgado, 1a Turma, DJ 15-5-2006).14

Ao lado do dever de probidade dos administradores públicos e como seu complemento natural
está sempre o dever de prestar contas ao órgão competente para fiscalização, ou seja, ao órgão legislativo
de cada entidade estatal, através do Tribunal de Contas competente.15

3.2 Sujeitos dos Atos Improbidade Administrativa

3.2.1 Passivos (art. 1o, da LIA)

É sujeito passivo a pessoa jurídica de direito público interno (União, Estado, Município,
Autarquia e fundações públicas) ou pessoa jurídica de direito privado (Empresa Pública, Sociedade de
Economia Mista, empresa com envolvimento de capitais públicos), ou seja, é sujeito passivo de
improbidade administrativa qualquer entidade pública ou particular que tenha participação de dinheiro
público em seu patrimônio ou receita anual, bem como a empresa incorporada ao patrimônio publico e
as entidades para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita anual ou que foram ou sejam subvencionadas ou que receberam ou
recebam benefícios fiscais (isenções, remissões, subsídios, anistias) ou creditícios de órgão público. Nos
dois últimos casos a sanção patrimonial se limitará a contribuição dos cofres públicos (art. 17, § 2 o, da
LIA).

Empresa incorporada e aquela que foi constituída sob a forma de sociedade anônima é absorvida
por sociedade de economia mista ou por empresa publica que lhe sucede em todos os direitos e
obrigações (art. 223, da lei 6404/1976).

3.2.2 Ativos (art. 2o e art. 3o da LIA)

Ato de improbidade administrativa, para os efeitos da LIA, pode ser praticado por todas as pessoas
físicas capazes e que de qualquer modo, com ou sem vínculo empregatício, definitiva ou transitoriamente,
exerçam alguma função pública ou de interesse público, remunerado ou não, nos órgãos e entidades das

14
PAZZAGLINI FILHO, obra citada, p.2/3
15
MEIRELLES, Hely Lopes, obra citada, p. 111/112

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 19 | 62


administrações direta e indireta do Poder Executivo dos entes da Federação; nos Poderes Judiciário e
Legislativo nas esferas de sua atuação; nos Ministérios Públicos Federais, Estaduais e Distritais; nos
Tribunais de Contas da União, Estados e Municípios; nas empresas incorporadas ao patrimônio público;
nas empresas privadas dependentes de controle direto ou indireto do Poder Público; e nas entidades
privadas de interesse público.

São sujeitos ativos abarcados pela LIA também, ao meu ver, considerando que somos um Estado
Direito estruturado com fundamento nos princípios da democracia e da república, ou seja, no qual todo
o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da
Constituição, onde todos são iguais perante a lei e com respeito a coisa pública, já consideradas as
prerrogativas de cada um, os Chefes de Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos) e
seu auxiliares imediatos (Ministros e Secretários de Estado e de Município); os membros das Corporações
Legislativas (Senadores, Deputados e Vereadores); os membros do Poder Judiciário (Magistrados em
geral); os membros do Ministério Público (Procuradores da República e da Justiça, Promotores e
Curadores Públicos); os membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Conselheiros), Os representantes
diplomáticos e demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho de atribuições
governamentais, judiciais ou quase-judiciais, estranhas ao quadro do serviço publico. Todos regiamente
remunerados, mediante subsídios, pagos pelos cofres públicos.

Nesse sentido, o agente publico é autor ou sujeito ativo do ato de improbidade administrativa, em
sentido próprio.

A participação do terceiro, por indução ou concurso, para a prática do ato de improbidade, será
sob a forma direta ou indireta (quando apenas desfruta da vantagem auferida), para se beneficiar, obtendo
alguma vantagem indevida, esse conluio, mas não só, com o agente público configura sua
responsabilidade por equiparação, e também quando apenas se vale indevidamente de ato executado pelo
ímprobo.

Nesse sentido, observa Jacintho de Arruda Câmara, cita por Pazzaglini Filho,16 que:

“A extensão da lei a particulares refere-se a duas situações distintas:


a participação no ato de improbidade e a auferição de benefício
decorrente de tal ato. Um particular que tenha praticado ato de
improbidade em conjunto com o agente público (como na hipótese de
celebração de contrato de locação a preço inferior ao mercado em
virtude de conluio – art. 10, IV) será alcançado pela lei. Essa

16
Obra citada, p. 12

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participação, é claro, depende da intenção, do dolo, da má-fé do
particular. No outro caso, quando se fala de benefício auferido está se
pretendendo atingir aqueles que, mesmo não participando da prática
do ato (lembre-se que na celebração de contratos o particular participa
efetivamente da prática do ato), tenha ‘dolosamente’ recebido direta,
ou indiretamente, beneficio em função da improbidade (como na
hipótese de, em razão de recebimento de propina, agente público tenha
frustrado a licitude de processo licitatório – art. 10, VIII).

4. Princípios Constitucionais da Administração Pública - (art. 4o, da LIA)

Os princípios constitucionais fundamentais da gestão pública direta, indireta ou fundacional de


qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, estão arrolados no artigo 37,
caput, da CF, cuja obediência, como corolário do regime democrático e de um governo republicano, é
dever imposto a todos os agentes públicos e são eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência.

4.1 Principio da Legalidade – LIA

O principio da legalidade é o princípio nuclear do sistema jurídico brasileiro:

“A legalidade é a base e a matriz de todos os demais princípios constitucionais que instruem,


condicionam, limitam e vinculam as atividades administrativas. Os demais princípios constitucionais
servem para esclarecer e explicitar o conteúdo do princípio maior ou primário da legalidade.”17

Na lição do jurista Seabra Fagundes, citado por Marino Pazzaglini Filho18:

“Todas as atividades da Administração Pública são limitadas pela


subordinação à ordem jurídica, ou seja, à legalidade.”

17
PAZZAGLINI FILHO, Marino: Princípios constitucionais reguladores da administração pública, 3. Ed. São Paulo:
Atlas, 2008. p. 17.
18
______________, obra citada, p.14

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Dessa sujeição da Administração Pública em relação a todas as suas atividades à lei podem-se extrair
as seguintes obrigações e regras que regem a conduta dos agentes públicos:

 Atuação em estrita conformidade com as normas do sistema jurídico em vigor;


 Respeito aos princípios constitucionais e infraconstitucionais do ordenamento jurídico a que
estão sujeitos;
 Sujeição à vigência da norma jurídica, sendo-lhes defeso deixar de cumpri-la sob pretexto de
julgá-la inconstitucional;
 Submissão completa às leis, no cerceamento sem aparo legal direitos e liberdades dós
particulares;
 Responsabilização por atos ilegais (nulos ou anuláveis) que praticarem no exercício de sua função
pública.

4.2 Princípio da impessoalidade

O princípio da impessoalidade caracteriza-se pela objetividade e neutralidade da atuação da


Administração Pública, que tem our único propósito legal o atendimento do interesse público.

Desta forma, o princípio da impessoalidade impõe ao agente publico, no desempenho da função


estatal, comportamento sempre objetivo, neutro e imparcial, isto é, imune a seus liames de caráter pessoal,
subjetivo ou partidário, procurando o atendimento dos interesses de todos e não de determinados grupos,
facções ou indivíduos.

4.3 Princípio da Moralidade Administrativa

O principio da moralidade norteia e confere validade a atuação da Administração Pública,


constituindo-se em exigência fundamental para a validade do comportamento do agente público no
exercício de atividade estatal.

“A moralidade significa a ética da conduta administrativa; a pauta de valores moais a que a


Administração Pública, segundo o corpo social, desde submeter-se para-a consecução do interesse
coletivo. Nessa pauta de valores insere-se o ideário vigente no grupo social sobre, v.g., honestidade, boa
conduta, bons costumes, equidade e justiça. Em outras palavras, a decisão do agente público deve atender
aquilo que a sociedade, em determinado momento, considera eticamente adequado, moralmente
aceito.”19

19
_______________, obra cit., p. 17

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 22 | 62


A moralidade administrativa se caracteriza com o cumprimento da finalidade do ato
administrativo especifico, que deve atender não apenas os requisitos da legalidade do ato, deve ter também
motivo e objeto assentado no interesse público, de tal forma que ocorre vício da moralidade administrativa
quando agente público praticar ato administrativo (contrato administrativo ou ato administrativo
complexo) fundando-se em motivo: a) inexistente; b) insuficiente; c) inadequado; d)incompatível; e e)
desproporcional; ou; quando pratica o ato administrativo visando a objeto: a) impossível; b) desconforme
com o dever da boa Administração ; e c) ineficiente, por execução com grave comprometimento do
interesse público pela desproporcionalidade entre custos e benefícios.20

Em suma, o agente público, na prestação de atividade administrativa administrativa, tem o dever


constitucional de se pautar pela ética, ou seja, sem violar a moral vigente na sociedade. E esse dever
corresponde “o direito público subjetivo de todo o cidadão ao trato ético da coisa pública, ou seja, todo
cidadão tem direito à administração honesta e moral.21

Com efeito, de ninguém se exige que gerencie a coisa pública, mas se alguém se apresenta para
investir-se em cargo público, assume, na lição de Max Weber, o ônus moral de bem administrar.22

Nesse sentido, impossível deixar de consignar que a violação de um princípio é imensamente mais
grave que a transgressão de qualquer norma de nível inferior, como ensina o mestre Celso Antonio
Bandeira de Mello:23

“A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico


mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais
grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o
escalão do princípio atingido, porque representa insurgência
contra todo o sistema, subversão dos seus valores fundamentais,
contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua
estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que
o sustêm e alui-se toda a estrutura reforçada.” (Grifei).

4.4 Princípio da publicidade

O art. 5.o, XXXIII da CF garante a todos o acesso a suas informações pessoais constantes dos
Arquivos públicos, ao preceituar que “ todos têm de receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de

20
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo: moralidade administrativa: do conceito à efetivação, RDA 190,
out./dez.1992 – Rio de Janeiro – p. 1/44
21
PAZZAGLINI FILHO, Marino, obra citada, pg.19
22
MOREIRA NETO, Diogo, p.15

23
In Curso de Direito Administrativo, p. 477, Malheiros Editores, 6a ed.

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responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.”

O art. 37, §1.o, da CF, ordena a publicidade dos governos e demais agentes públicos vedando a
autopromoção quando diz que “a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”

Em suma, a publicidade dos atos administrativos deve ser ampla e transparente, pois é através
dela que a sociedade exerce a fiscalização da gestão pública.

4.5 Princípio da eficiência

O principio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza,
perfeição e rendimento funcional.

A EC 45/2004, que alçou a eficiência na Administração Pública como um direito de tratamento


constitucional, ao tratar da promoção, por merecimento, do juiz e do membro do Ministério Público,
determina ao órgão competente que afira a presteza no exercício da função e que não promova aquele
que “retiver autos em seu poder alem do prazo legal (cf. Art. 93,II, “c” e “e, e art. 129, §4 o). Assim, a
eficiência passa a ser elemento objetivo de aferição de merecimento impeditivo da promoção para todas
as carreiras, a presteza no exercício das funções e a retenção indevida de processo, ou mesmo a
demora excessiva e injustificada na prolação de decisão administrativa deverão ser consideradas
para a promoção por merecimento, podendo, conforme o caso, ate mesmo caracterizar imoralidade
administrativa.(grifei)24

Do principio da eficiência decorre o dever de eficiência. O dever de eficiência, ainda no escólio


de festejado mestre Hely Lopes Meirelles25, corresponde ao dever de “boa administração”, abrangendo,
pois, a eficiência funcional, em sentido amplo, não só a produtividade do exercente do cargo ou da função
como também a perfeição do trabalho e sua adequação técnica aos fins visados pela Administração, para
o quê se avaliam os resultados, confrontam-se os desempenhos e se aperfeiçoa o pessoal através de seleção
e treinamento. Assim, a verificação da eficiência atinge aspectos quantitativo e qualitativo do serviço,
para aquilatar de seu rendimento efetivo, do seu custo operacional e da sua real utilidade para os

24
MEIRELLES, Hely Lopes, obra citada, pg 99
25
__________________,__________, pg. 108/109

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 24 | 62


administrados e para a Administração. Tal controle desenvolve-se, portanto, na tríplice linha
administrativa, econômica e técnica.

A EC 19/1998 que acrescentou o §4o ao artigo 41 da CF, institui como condição para a aquisição
da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída com essa
finalidade.

5. Ressarcimento integral do dano – (art. 5o, da LIA)

O dever do agente público e de terceiro de indenizar o dano patrimonial por um e por outro
ocasionado ao Erário, em decorrência de to de improbidade ministraria, que tenham agido com culpa civil
lato sensu, a qual compreende o dolo e a culpa em sentido estrito (imprudência, negligência e imperícia),
ou seja, trata-se de responsabilidade subjetiva.

Não há responsabilidade mesmo dano, se não há dolo ou culpa, ou seja, não há ressarcimento ao
Erário se este resultou seja de ato administrativo lícito, seja de ato administrativo ilícito praticado por
agente publico quando não remanescer comprovado que ele lhe deu causa por dolo ou culpa.

Em suma, diz Pazzaglini Filho:26

“não há reparação civil, por ato de improbidade administrativa lesivo


ao patrimônio público, sem culpa.”

Não destoa a jurisprudência, conforme o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:

“A interpretação do art. 5o da lei no 8.429/92 permite afirmar que o


ressarcimento do dano por lesão ao patrimônio público exige a
presença do elemento subjetivo, não sendo admitida a
responsabilidade objetiva em sede de improbidade
administrativa”(REsp n 802.382/MG, Rel. Min. Denise Arruda, DJ
o

24-6-08).

26
Obra citada, p. 28

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 25 | 62


A LIA é clara quantos reparação integral do dano por lesão ao patrimônio público, sendo assim
não há grau de culpa a ser aferida, nem há dano presumido, nem há dano moral. O dano é real (efetivo) e
de natureza econômica (com desfalques ao Erário).

6. Perdimento de bens resultantes do enriquecimento ilícito – (art. 6o, da LIA)

Para a lei de improbidade, enriquecimento ilícito é o proveniente da pratica de ato de improbidade


administrativa definido no caput do art. 9o e exemplificado em seus incisos, e consiste em qualquer
vantagem econômica (bens e valores) ilícita que engrandeça o patrimônio de su autor (agente público) e
de terceiros (agente público sem atribuição para executá-lo ou particular).

A perda dos bens ou valores acrescidos é uma das sanções estabelecida no art. 12, I, tem natureza
indenizatória e é executável somente após o trânsito em julgado da sentença civil que a decretou,
obedecidos o devido processo legal.

7. Representação para indisponibilidade de bens – (art. 7o, da LIA)

Havendo indícios suficientes (fumus boni Juris) de que o agente publico praticou ato de
improbidade administrativa lesivo ao erário ou que importe em enriquecimento ilícito, e que tenha
provocado dano econômico ao patrimônio público ou recebido vantagem ilícita, a autoridade
administrativa responsável pela sindicância ou procedimento administrativo sob sua responsabilidade
está obrigada a representar ao Ministério Público para que providencie a indisponibilidade de seu bens,
suficientes para assegurar, à época da tutela definitiva, o integral ressarcimento do dano ao erário ou a
restituição completa do acréscimo patrimonial ilícito por ele obtido pelo enriquecimento ilícito.

Trata-se de cautelar assecuratória e visa garantir a efetividade do provimento judicial futuro,


evitando-se que, com a demora do tramite processual (periculum in mora), haja dilapidação do patrimônio
do autor do ato ímprobo.

8. Responsabilidade dos sucessores– (art. 8o, da LIA)

A responsabilidade dos sucessores dos agente público acusado de lesão ao erário ou de


enriquecimento ilícito de reparação de dano patrimonial ou de restituição de bens ou valores acrescidos
ilicitamente ao seu patrimônio até o limite do valor da herança, nos termos previstos no art. 1.997 do
Código Civil, que dispõe:

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 26 | 62


“A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas,
feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção
da parte que na herança lhe coube.”

A responsabilidade do sucessor, para efeitos da LIA, é somente para o caso de prosseguimento


na pretensão de ressarcimento ao Erário.

Nesse sentido responde o eminente administrativista Arnoldo Wald, citado por Pazzaglini
27
Filho :

“O sucessor não poderá perder direitos políticos, cargos públicos ou


ter restringido o direito de contratar com a Administração. Tais
penalidades são personalíssimas e intransmissíveis. Poderá o
sucessor, nos limites das forças da herança, responder pela
indenização eventualmente devida, mas ainda assim observados os
mesmo limites aplicáveis ao próprio agente público acusado, como a
preservação da disponibilidade dos bens adquiridos pelo de cujus
antes do ato impugnado e antes da vigência da própria Lei no
8.429/92, pois não poderia a responsabilidade do sucessor ser
superior à do sucedido.”

9. Modalidades e Sanções dos Atos de improbidade administrativa – (arts. 9o ao 12, I, da LIA)

A Lei de Improbidade, dispõe sobre sanções aplicáveis aos agentes públicos nos caos de
improbidade administrativa em três especies: atos que importam enriquecimento ilícito do agente público
(art. 9o), atos que causam prejuízo efetivo ao erário (art. 10) e atos que atentam contra os princípios da
Administração Pública (art. 11), cominando-lhes sanções politicas, civis e administrativas (art.12), além
de definir seus sujeitos ativos e passivos dos atos de improbidade, regular os procedimentos
investigatórios desses atos, bem como regula a ação civil de improbidade administrativa e também dispõe
quanto a declaração de bens, prescrição e ação penal.

Em suma, a LIA tem por objetivo a tutela do patrimônio público e a moralidade pública, bem
como a confiança na Administração Pública e o prestígio do exercício das funções publicas.

27
Obra citada, p. 31

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 27 | 62


9.1 Atos de improbidade administrativa que importam em enriquecimento ilícito (art. 9o, incisos
I/XIII da LIA)28

O rol de condutas que ensejam enriquecimento ilícito estabelecido nos incisos do artigo 9o da Lei
8429/92, é exemplificativo, admitindo a inclusão de novas situações de obtenção ilícita de vantagem
econômica auferida por agentes públicos em razão de suas atividades na Administração Pública direta e
indireta. O terceiro que concorre para o enriquecimento ilícito do agente público entregando-lhe, pagando-
lhe ou oferecendo-lhe sujeita-se às sanções, por equiparação, nos termos do art. 3o.

Os atos de improbidade administrativa que causam o enriquecimento ilícito arrolados na lei, tratam
de condutas dolosas, porque nenhum agente desconhece a proibição de se enriquecer às expensas do
exercício de atividade publica ou de permitir que, por ilegalidade de sua conduta, outro o faca, de modo
que não se pode falar em enriquecimento ilícito imprudente ou negligente.

Os núcleos verbais indicativos da conduta ímproba estão nos seguintes verbos:

 Receber, com sentido de entrar na posse (I, V e VI);


 Perceber, idem, em proveito próprio (II e III)
 Aceitar, além do sentido de entrar na posse, tem o de vir a ter a posse; e aceitar proposta (V , in
fine, e VIII)
 Utilizar, significando emprego ou utilização em benefício próprio do agente público
 Usar, idem
 Adquirir, traduz alienação onerosa (não vale doação)
 Incorporar, ao patrimônio do ímprobo

Todas as hipóteses apresentadas no art. 9o permitem, conjuntamente com a verificação da


responsabilidade civil do agente público e do terceiro beneficiado, a repressão penal, pois cometem
também crime contra a Administração Pública, sendo comum os casos de concurso do ato de improbidade
por enriquecimento ilícito com os delitos de concussão (art. 316, do CP) e peculato (art. 312, do CP);
corrupção passiva (art. 317, do CP).

28
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 28 | 62


O inciso I

receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou
omissão decorrente das atribuições do agente público;

Ocorre a improbidade com o simples recebimento da vantagem pelo agente ímprobo. O


atendimento do interesse ou beneficio ilícito pretendido pelo terceiro que o corrompe é mero
exaurimento da conduta. (Ex. Aditamento em contratos públicos super faturados, editais
direcionados para obra determinada...).

Vantagem econômica recebida a título de comissão refere-se ao preço cobrado pelo


agente público posta proceder alguma intermediação intermediação, como, por exemplo,
intermediar a facilitação empréstimos nas instituições financeiras publicas;

A percentagem é o valor calculado sobre a vantagem (ex.: contratos superfaturados);

A gratificação é a recompensa pelo “favor”ou “serviço” prestado (relógios, joias,


gravatas, bebidas, charutos cubanos...).

Ambiente propício às organizações criminosas.

O inciso II

perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
preço superior ao valor de mercado;

A conduta do inciso é de fraude no procedimento licitatória porque a vantagem e obtida para


facilitar a aquisição ou locação, ou a contratação de serviços por preço superfaturado.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 29 | 62


Deve ser investigada, além da atuação do agente publico, a atuação do terceiro que contrata, bem
como a atuação dos peritos avaliadores e os membros da Comissão de Licitação.

O inciso III

perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta


ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço
inferior ao valor de mercado;

O agente público recebe a vantagem econômica para beneficiar terceiro em detrimento da


entidade, pela alienação, permuta ou locação de bem ou prestação de serviço, por valores inferiores ao
cobrados por outrem, diferentemente do inciso II em que há o superfaturamento naquilo que é adquirido
pela Administração Pública, aqui há o subfaturamento do que vende, troca ou fornece.

A conduta ocorre no processo licitatório, por isso, não e isolada, com a participação de diversas
pessoas, podendo coexistir com outros dispositivos da lei, se aquelas estiverem, cientes e concordes com
a manobra. Como, por exemplo, se o perito avaliador estiver conluiado com o agente responsável pela
licitação, poderá subavaliados o bem, incorrendo no que dispõe o inciso VI.

A alienação de bens imóveis requer: autorização legislativa, avaliação prévia, interesse público e
realização de concorrência, dispensada esta se se tratar de dação em pagamento, doação, permuta ou
investidura. A cessão de direito real de uso também poderá ser processada mediante dispensa de licitação,
quando o uso destinar a outro órgão ou entidade da Administração Pública.

A alienação de bens móveis depende de avaliação ;previa e de licitação, salvo se a doação (para
atender a fins sociais e justificada sua conveniência e oportunidade por razões técnicas) permuta (admitida
apenas entre órgãos da própria Administração), venda de títulos e ações, alienação de materiais e
equipamentos inservíveis e venda de bens produzidos ou comercializados pela própria Administração (cf.
Arts. 17, 18 e 19 da lei Federal no 8.666/93).

O inciso IV

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 30 | 62


utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material
de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

A utilização de veículos oficiais, tratores e outros equipamentos, utensílios e materiais


pertencentes ao patrimônio público, ou locados, ou cedidos gratuitamente ou colocados de qualquer forma
à disposição da Administração Pública para uso no exercício da atividade pública corresponde a forma
mais comum de atos de improbidade que enriquecem ilicitamente os autores que praticam a conduta.

Contraria o dever de probidade, por exemplo, o uso, por autoridades públicas, de carros oficiais
com ou sem o servidor na função de motorista, para o desfrute em passeios, viagens, Shoppings, institutos
de beleza, sauna, em proveito próprio ou de seus familiares e amigos.

Máquinas de terraplenagem, tratores agrícolas e outros equipamentos e utilidades são


frequentemente utilizados, porque vistos em áreas, terras, serviços e até em voos, em beneficio de
particulares, tudo como sendo conduta naturalmente aceitável para o ímprobo ou devasso.

Esse tipo de conduta para os prefeitos e vereadores também constitui crime de responsabilidade
desde o Decerto-lei 201/67.

Contudo, a punição, embora necessária à existência do Estado de Direito, dos princípios da


democracia e do regime republicano, ocorre somente em excepcionalíssimas situações, haja vista a
ausência de mecanismos que proteja “informante”, que ao aceitar a atividade irregular e ilicita pratica
igualmente a conduta ímproba, e também as muitas formas de retaliação existente, afastam ou diminuem
muito a chances de que haja qualquer denúncia ou procedimento para investigação da improbidade
cometida.

O uso de bem público é regular e licito e aquele precedido de autorização de uso, permissão de
uso, cessão ou concessão de uso, conforme o caso.29

29
Autorização de uso é ato unilateral que permite a utilização de bem público por particular, de forma precária e
sem termo final predefinido, podendo ser revogados qualquer tempo e sem gerar qualquer ônus para o Poder
Público;
A permissão de uso é também, ato unilateral, precária, onerosa ou gratuita, revogável a qualquer tempo, mas
também e usada como disfarce de uma concessão de fato.;

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 31 | 62


O inciso V

receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a


exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

O inciso V descreve a conduta ímproba, por ação ou omissão, praticada normalmente pelos
agentes públicos, unilateral ou em associação com outras pessoas, de forma habitual ou não, cujo dever
funcional é reprimir as atividades ilícitas arroladas, sendo esse dever funcional elementar para configurar
a conduta ímproba.

Trata-se de conduta praticada no interior das instituições criadas com a finalidade precípua de
investigar e buscar as provas da autoria e materialidade do ilícitos penais, com forte espírito de corpo e
uma cultura ainda pouco afeta aos princípios republicanos, portanto, nesse ambiente, os atos de
improbidade que causam o enriquecimento ilícito praticados são de rara investigação e de difícil prova.

Muitos são os exemplos: É o responsável pela fiscalização nas fronteiras, portos etc que, mediante
paga, “faz vistas grossas” a entrada de drogas, armas, mercadorias contrabandeadas ou sem o pagamento
dos impostos, ou aquele que se nega a diligenciar e autuar em flagrante delito o narcotraficante.

O inciso VI

receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

A Cessão de uso é a transferência da posse operada entre órgãos da Administração direta, indireta ou fundacional,
de determinado bem público. Não deve ser confundida com a “cessão” de bens a particulares;”
A concessão de uso deriva da contratação promovida pela Administração com particular, visando permitir a
utilização exclusiva de determinado bem público (se móvel – cessão de direito real de uso). Possui índole negocial,
é onerosa e gera ônus para a Administração, diversamente do que ocorre com a autorização e a permissão.
Segundo a Lei Federal no 8.666/93, toda concessão depende de prévia licitação nos termos do art. 17, § 2o) e
autorização legislativa.

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A pratica da improbidade prevista no inciso VI requer qualificação técnica do agente publico,
como as exigidas para peritos, geralmente com títulos de engenheiros, arquitetos, matemáticos, físicos,
biólogos etc., tem amplo espaço para sua incidência nas avaliações de bens, obras ou serviços, nas
medições dos serviços executados.

A declaração falsa se refere ao preço, ao peso, a quantidade, a qualidade e à medida.

A realização de medições em obras públicas, por exemplo, determinam a realização do


pagamento, atestando a conclusão de serviços e a obediência aos cronogramas fixados nos editais de
licitação.

A conduta ímproba deste inciso pode concorrer com a falsa pericia que superestima a avaliação
do bem, como, por exemplo, no processo de venda de uma empresa estatal o perito avalia superestima o
valor dos bens da pessoa jurídica que, em processo de privatização adquire a estatal, dará como forma de
pagamento. Ou, inversamente, quando ocorre a subavaliação dos preços dos bens ou serviços alienados
pela Administração.

Inciso VII

adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública,
bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda
do agente público;

Bastante comum a pratica desse tipo de improbidade. É o caso do agente publico que, recebendo
ou não parcos salários, ostenta riqueza material incompatível com os seus ganhos ou evolução patrimonial
muito superior a sua renda.

Quanto a prova da evolução desproporcional do patrimônio do agente publico causa do seu


enriquecimento ilícito por ato de improbidade, há divergências entre os alguns doutrinadores alguns
entendem que o ônus cabe ao agente público e outros que o ônus é do titular da ação civil indenizatória.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 33 | 62


Pela inversão do ônus da prova, o promotor de justiça do Rio de Janeiro, Luiz Fabião Guasque,
sustenta que:30

“No caso de agente público, há uma presunção de responsabilidade


se existiremos de incompatibilidade entre o patrimônio e a renda
auferida no exercício do cargo. O dano é presumido com a
constatação da variação patrimonial injustificada. Por via de
consequência, há inversão no ônus da prova, devendo o agente
justificar a origem para escapar à sanção do art. 12, I da lei.

Para Pazzaglini Filho31, o ônus compete:

“Ora, se para a caracterização da ilicitude há que se comprovar o


nexo de ‘abuso do exercício funcional’’ com ‘enriquecimento, com
certeza incumbe ao Ministério Público ou à entidade autora, na ação
civil pública pertinente, comprovar que o enriquecimento do agente
público decorreu de determinado ato de improbidade praticado no
exercício de função pública. Não há que se falar em inversão do ônus
da probatório. O princípio segundo o qual ó ônus da prova incumbe
a quem alega”incide em toda sua intensidade. Mesmo porque, só se
justifica a inversão do ônus da prova, no processo civil, quando o réu
suscita questão suspensiva, impeditiva ou modificativo do direito
alegado pelo autor, o que não é o caso.”

O inciso VIII

aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para


pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

O simples ato de aceitar a proposta emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou


assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrentes das atribuições do agente público, durante a atividade.

30
RT-712, A Responsabilidade da Lei de Enriquecimento Ilícito, p. 358/361
31
Obra citada, p. 69

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 34 | 62


Poucas atividades públicas admitem cumulação com outra atividade, sendo a maioria em regime
de dedicação exclusiva e, nos casos e moldes do inciso, de qualquer forma, não e permitido ao agente
público a prestação dos serviços.

Por exemplo, não pode agente publico prestar assessoria em processos judiciais contra pessoa
física ou jurídica em que atua como parte acusadora.

O Inciso IX

perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba


pública de qualquer natureza;

Trata-se de “corretagem” de verbas públicas junto ao responsável pelo empenho.

Verba pública, no sentido da LIA, abrange todo e qualquer tipo de liberação de pagamento
efetuada pela Administração Pública, importância destinada por lei orçamentar a satisfação de um serviço
ou de uma utilidade.

Ocorre, via de regra, quanto a realização de empenho de determinada despesa orçamentária a


partir do chamado “trafico de influência”, “jeitinho”ou lobby.

Um exemplo dessa conduta, de concurso necessário do agente público com o prticular, ocorre
quando o agente público que “intercede” ao encarregado pelo empenho, no sentido de dar preferência no
pagamento a determinada obra ou serviço público, em desconformidade com a finalidade da destinação
da verba pública.

A liberação de verba pública consiste no fato de se empenhar, liberando a respectiva dotação


orçamentária. Pelo empenho da dotação e que se liberam quantias estabelecidas no orçamento. No caso,
também é ato de improbidade lesiva ao Erário o praticado pelo agente publico que empenha
indevidamente, ilegalmente a dotação (art. 10, XI).

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 35 | 62


As dotações ou são especificas ou são globais, estas com liberações parciais. A modalidade
receber vantagem para aplicação de verba quase sempre consistirá na empenho de parcela da dotação
global para pagamento de despesa sem dotação orçamentária específica. É o caso do pagamento por obra
ou serviço que não tem dotação específica no orçamento.

Esta modalidade de improbidade quase sempre é instrumental, e não final. É que a intermediação
que a lei pune tem por finalidade liberação ou aplicação indevidas, pois, se devidas fossem, o corretor
seria desnecessário. No mais das vezes, trata-se de empenhar o pagamento de despesas, obras e serviços
incompletos, não entregues e, até mesmo, inexistentes.

A intermediação pode ocorre mesmo para a antecipação do empenho mesmo que licita a
liberação, o que, em determinadas circunstâncias, caracteriza a improbidade, como por exemplo, se não
forem observadas as prioridades orçamentárias ou situações emergenciais de interesse social.

O inciso X

receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para


omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

A conduta é o recebimento de vantagem econômica para deixar de fazer, se omitir ou silenciar


quando tem o dever funcional de praticar o ato de ofício ou agir providenciando o que a lei manda ou
deixar de declarar, ou seja, o agente público vende o seu silêncio, a sua omissão. A vantagem indevida,
geralmente, é recebida indiretamente.

O Inciso XI

incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

A conduta ocorre com incorporação ou inclusão a qualquer título e de qualquer modo, inclusive
pela aquisição, O agente se apropria do bem e o desfruta como se dele fosse, com inversão da titularidade
do bem.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 36 | 62


É o peculato consistente na apropriação indevida de bem ou valor público, invertendo ilegalmente
a titularidade da posse.

A lei erroneamente fala em incorporação de rendas e verbas orçamentária, impossíveis de se


apropriar.

O Inciso XII

usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo


patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

A lei pune o uso indevido de bens, rendas e valores públicos, por exemplo, o diretor financeiro
de empresa estatal que elege determinada instituição bancaria não credenciada, particular, para o
recolhimento da vultosa receita diária da empresa, para, assim, obter em troca elevado limite de crédito
em sua conta pessoal no mesmo banco ou até mesmo, empréstimos pessoais à custa do saldo médio da
empresa. É a reciprocidade oblíqua, vantagem indireta que caracteriza a hipótese, ainda que a empresa
estatal que dirige aufira vantagens (melhor remuneração dos depósitos, juros etc) do banco.

As hipóteses dos incisos XI e XII e o próprio agente que incorpora ou utiliza bens, rendas ou
valores da entidade, diferentemente das hipóteses previstas nos incisos I e II, do art. 10, que o agente
permite, facilita ou concorre para que terceiro utilize ou incorres os bens, re da ou valores da entidade.

9.1.2 Sanções por atos de improbidade que importam em enriquecimento ilícito

(art.9o , incisos I ao XII e 12, I, da LIA)

O fundamento constitucional da punição aos que cometem atos de improbidade administrativa


está alocado no art. 37, § 4o, da CF, que reza que aqueles atos “importarão a suspensão dos. Direitos
políticos, a perda da função publica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 37 | 62


Com efeito, a regulamentação do mandamento constitucional enunciado esta positivado nos
arts. 5o, 6o 8o e 12 da lei.

Para os atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito, nos arts. 6o, 8o e 12, I, da lei,
seus agentes são sancionados mais fortemente, com sanções pelo prazo de oito a dez anos.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens
ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120,
de 2009).

I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos;

Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário- artigo 10º


Antes de adentrarmos nas condutas que estão previstas no artigo 10º da Lei 8429/92, cabe
conceituar o termo “ Erário” e Patrimônio Público.

• Erário (em latim: ærarium; por sua vez de æs "bronze"), ou seja, "reserva de moedas", é
um termo que indica genericamente as finanças do Estado.

• Patrimônio Público - Numa acepção mais ampla, patrimônio público, é o conjunto de


bens e direitos que pertence a todos e não a um determinado indivíduo ou entidade. De
acordo com essa visão, o patrimônio público é um direito difuso, um direito
transindividual, de natureza indivisível de que são titulares pessoas indeterminadas e
ligadas pelo fato de serem cidadãos, serem o povo, para o qual o Estado e a Administração

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 38 | 62


existem. Nesse sentido, o patrimônio público não tem um titular individualizado ou
individualizável – seja ele ente da administração ou ente privado – sendo, antes, de todos,
de toda a sociedade.
Assim é que o patrimônio público abrange não só os bens materiais e imateriais
pertencentes às entidades da administração pública (os bens públicos referidos pelo
Código Civil, como imóveis, os móveis, o erário, a imagem, etc.), mas também aqueles
bens materiais e imateriais que pertencem a todos, de uma maneira geral, como o
patrimônio cultural, o patrimônio ambiental e o patrimônio moral.

Definição dos Atos do Artigo 10º


Ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º

Rol de Prejuízos do artigo 10º

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio


particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio


de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte
delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço


superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou


aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de


parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 39 | 62


X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito
à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,


equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público,
empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação


orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio


particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos
pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie

VII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
à espécie

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a


observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas


de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas

XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades


privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a
sua aplicação irregular

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 40 | 62


Penalidades
ARTIGO 12- Penalidades aos atos praticados pelo art 10º - Danos ao Erário
• Ressarcimento integral do dano,
• Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
• Perda da função pública,
• Suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
• Pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano
• Proibição de contratar com o poder público ou
• Receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos;

Doutrina e Jurisprudência
Segundo artigo de Cid Capobiango Soares de Moura publicado no site Ambito Jurídico:

Posicionamento do Poder Judiciário quanto a aplicação das penas.

O Judiciário Brasileiro tem entendido que nos casos de atos que atentam
contra os Princípios da Administração Pública e que importam
enriquecimento ilícito somente haverá punição se comprovado o DOLO.
Para os casos de atos que causam prejuízo ao erário basta a CULPA.

Neste sentido, segue

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


ALEGAÇÃO DE IRREGULARIDADES NA DISPENSA DE LICITAÇÃO.
AUSÊNCIA DE PROVA QUE DEMONSTRASSE O PREJUÍZO AO
ERÁRIO E O DOLO DO AGENTE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Não houve
prejuízo ao Erário, tampouco dolo na conduta do agente, o que afasta a
incidência do art. 11 da Lei 8.429/92 e suas respectivas sanções; esta Corte
Superior de Justiça já uniformizou a sua jurisprudência para afirmar que é
necessária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado no dolo,
para os tipos previstos nos arts. 9o. e 11 e, ao menos, na culpa, nas hipóteses
do art. 10 da Lei 8.429/92” (REsp. 1.261.994/PE, Rel. Min. BENEDITO
GONÇALVES, DJe 13/04/12).

O STJ em diversos acórdãos, a questão da incidência ou não da Lei 8429/92


não tem sido solucionada por critério constitucional, mas por critério infra-
constitucional, qual seja, a Lei 1079/50. Melhor explicando, de acordo com a
jurisprudência do STJ as autoridades elencadas na Lei 1079/50 não estão
sujeitas ao regime jurídico da Lei 8429/92, pois já respondem pelos crimes de

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 41 | 62


responsabilidade da Lei 1079/50 (AGENTES POLÍTICOS). Esse é o critério
da jurisprudência do STJ, que é de fundamento legal, não constitucional, e bem
diverso do critério do STF que é constitucional. Por exemplo, um presidente
de tribunal está elencado pela Lei 1079/50 como possível sujeito ativo de crime
de responsabilidade; pela jurisprudência do STJ sujeita-se ao regime jurídico
da Lei 1079/50, mas não o da Lei 8429/92. Já os demais desembargadores da
mesma Corte, respondem pelo regime jurídico da Lei 8429/92, respeitando-se
o foro próprio por prerrogativa de função.

http://www.ambitojuridico.com.br (artigo)

Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário- Artigo 10º A

Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder,


aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do
art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar
nº 157, de 2016)

........- § 1o O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios


tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito
presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou
indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota
mínima estabelecida no caput,(ISS 2%) exceto para os serviços a que se referem os
subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar :de obras de
construção civil, hidráulica ou elétrica/reparação, conservação e reforma de edifícios,
estradas, pontes, portos e congêneres/Serviços de transporte coletivo municipal

Penalidades

ARTIGO 12- Penalidades aos atos praticados pelo art 10-A

A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos
e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário
concedido. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 42 | 62


Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração
Pública

No artigo 11 da LAI estão apontadas ações que, se praticadas pelo agente público, não causam
prejuízo ao erário, também não visam a obtenção de ganhos próprios. O artigo está ligado
diretamente aos princípios da Adminstraçao pública. O Caput do referido arquivo é bem expresso
quanto ao fato:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele


previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e
que deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da
respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de
afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de
contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
(Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na
legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
...“
Note-se que, assim como no CAPUT, todos os incissos do artigo 11 remete a atos ligados
diretamente aos princípios da adminsitração pública alcançando inclusive a inclusão da pessoa
com deficiência (inciso IX).

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 43 | 62


Por abarcar principios gerais da administração pública e a intenção de proteger tais princípios, a
configuração da improbidade prevista neste artigo requer existência de dolo de forma genérica
não cabendo a culpa, e desnecessário o dolo específico, entretanto, uma vez que a todos existe a
presunção de conhecimento da lei, para afastar a improbidade o agente público precisa,
necessáriamente, comprovar o erro de direito.

A Improbidade e a ilegalidade estão muito próximas o que requer cuidado na interperetação dos
fatos pois não se deve considerar toda ofensa à legalidade como sendo ato improbo; a finalidade
da lei é punir agente corrupto e não o descuidado, é necessário que o ato seja caracterizado como
sendo praticado de forma dolosa. José antonio Leiva já apontou essa preocupação:

“O art. 11 da lei nº 8429/1992 exige adequada interpretação, pois não seria razoável
entender que a simples violação ao princípio da legalidade, por si só, ensejaria a
caracterização de ato improbo. Seria confundir os conceitos de improbidade
administrativa e de legalidade. (Neiva, 2011, p. 9).”

A amplitude do artigo 11 e sua complexidade pode acarretar sanções indevidas assim como
insegurança jurídica se não houver uma interpretação cuidadosa, por outro lado a presunção de
conhecimento da legislação em vigor amplifica a responsabilidade do agente. Nesse sentido o
STF já tem julgados em que analisa a conduta e a intenção do ato do Agente público no
enquadramento por improbidade administrativa, contudo tal posicionamento requer cuidado para
que não seja esvaziado o teor da Lei de improbidade Administrativa que certamente foi um
grande avanço para nossa Sociedade.

Da Declaração de Bens

O artigo 13 da Lei de Improbidade administrativa é basicamente uma ferramenta para subsidiar


o artigo 9º, é ele que fornece a pricipal ferramenta para apuração de enriquecimento ilícito,
entretanto deve se ter a clareza que a declaração de bens é só uma ferramenta, não devendo esta
ser utilizada cegamente, e sim observando o devido processo legal para apuração dos fatos pois
o enriquecimento pode não estar diretamente ligado às funções do agente público.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 44 | 62


“Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à
apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio
privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.

§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro,


títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado
no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que
vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos
e utensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o


agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem


prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar
declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual


de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da
legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste
artigo .”

O artigo 13 da Lei de Improbidade Administrativa é basicamente um mecanismo de controle e


monitoramento da evolução Patrimonial dos Agentes Públicos, os municípios em geral editam
legislação específica observando teor do referido artigo, e delegam para suas corregedorias a
responsabilidade de investigação no caso de denúncias ou constatação de crescimento
patrimonial incompatéivel. O governo Federal editou decreto nº 5.483/2005 que regulaenta os
procedimentos investigatórios por meio de Sindicância Parimonial, tal procedimento vem sendo
questionado por Não ter a sindicância autonomia para quebra de sigilo da declaração de bens,
isto só poderia ocorrer a partir de autorização judicial, pois a declaração de bens estaria protegido
pelo sigilo, tal como os dados fornecidos pela receita federal.

Em artigo acerca do assunto Mauro Roberto Gomes de Mattos faz uma análise do Decreto
Federal 5483/05 e conclui que a quebra de sigilo só será aceito mediante auorização judicial:

“...

O Decreto nº 5.483/2005 extrapolou a sua função de regulamentar o artigo 13, da Lei nº


8.429/92 e de forma ilegal criou a sindicância patrimonial, invadindo a competência do

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artigo 9º, do mesmo diploma legal, criando o “tipo do enriquecimento ilícito presumido.”
E conforme aduzido alhures, padece de grave vício de inconstitucionalidade. Ele viola o
artigo 84, inciso IV, da CF, porquanto somente poderia ser utilizado para a fiel execução
da lei e não para criar tipo novo de sindicância e muito menos servir para a interpretação
de real alcance do artigo 9º, inciso VII, da Lei nº 8.429/92. Além do mais, a quebra de
sigilos bancário, fiscal e de dados, levada a efeito pela Comissão Processante da
sindicância patrimonial, sem autorização judicial, viola o disposto no artigo 5º, incisos
X e XII, da CF, tornando a prova ilícita e imprestável para fins de persecução
disciplinar.” (mattos, 2011)

DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, DO PROCESSO


JUDICIAL E DAS SANÇÕES CABÍVEIS

A Lei nº 8429/92, em seu capítulo V, disciplinou um procedimento administrativo


específico para apuração dos atos de improbidade administrativa no âmbito interno da
Administração.
Nos termos do art.14 da Lei nº 8.429/92, qualquer pessoa poderá representar à autoridade
administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de
ato de improbidade. Essa representação deverá ser formulada por escrito ou reduzida a termo e
devidamente assinada pelo representante, que também deverá se qualificar, apresentar as
informações sobre o fato, sua autoria e as provas disponíveis de que tenha conhecimento.
A autoridade administrativa competente deve, necessariamente, pronunciar-se sobre o
conteúdo da representação, podendo, contudo, rejeitá-la, por meio despacho devidamente
fundamentado, desde que ausentes as formalidades descritas na Lei de Improbidade. Rejeitada a
representação, poderá a autoridade promover, de ofício, a apuração dos fatos representados, se
entender que existem indícios da prática de conduta ímproba.
A rejeição da representação por falta das formalidades previstas no § 1º do art.14 da Lei
nº 8.429/92 não impede nova representação ao Ministério Público. Nesse caso, o Ministério
Público poderá instaurar inquérito civil, se não dispuser de elementos suficientes para o
ajuizamento direto da ação de improbidade.

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Caso o representado seja servidor público federal, a autoridade administrativa deverá
instaurar procedimento administrativo disciplinar, na forma dos arts. 142 a 182 da Lei nº
8.112/9128.
Após a instauração de processo administrativo para apurar a prática de ato de
improbidade, a comissão processante deverá noticiar tal fato ao Ministério Público e ao Tribunal
ou Conselho de Contas, oferecendo-lhes a oportunidade de indicar representantes para
acompanhar o procedimento administrativo.

A omissão na adoção de tais deveres por parte da autoridade administrativa e o


indeferimento da representação podem conduzir, “à responsabilização administrativa e criminal
da autoridade”, conforme art.319 do Código Penal 1940.

Prevaricação

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,


indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa

Nesta última hipótese, desde que caracterizados o interesse ou sentimento pessoal.

Nos casos em que for comprovada a existência de fundados indícios de responsabilidade,


a comissão processante representará ao Ministério Público ou à Procuradoria junto ao órgão da
Administração lesado para o ajuizamento de ação cautelar perante juízo competente, com pedido
de decretação do sequestro de bens do agente público ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, nos termos do art. 16, caput, da Lei n º
8.429/92. O mesmo dispositivo prevê, também, a possibilidade de formulação do pedido de
sequestro de bens e a adoção de outras medidas de indisponibilidade de bens e valores como o
bloqueio de ativos, inclusive no exterior, se necessárias à recuperação do patrimônio.

Não pode esquecer-se, entretanto, que a ação cautelar somente será conhecida e provida
se houver a comprovação dos pressupostos: fumus boni iuris e periculum in mora, o que
significa que o autor deverá demonstrar a probabilidade da existência do seu direito e a

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necessidade de concessão imediata da cautelar a fim a afastar o risco efetivo de perecimento ou
dilapidação dos bens durante o período de instrução processual da ação principal:

Em face à dimensão da medida cautelar, o Ministério Público ou a Pessoa Jurídica de


Direito Público interessada há que se certificar que a indisponibilidade dos bens seja restrita aos
bens que assegurem a reparação integral da lesão ao patrimônio público ou à perda do acréscimo
patrimonial obtido como resultado do enriquecimento ilícito, mediante apuração prévia dos
valores dos danos.

O autor da ação de improbidade também deve se certificar que o requerimento de


indisponibilidade de bens, seja na hipótese de enriquecimento ilícito (art.9º), seja na de lesão
ao erário (art.10), seja ligado aos bens adquiridos posteriormente ao ato de improbidade
administrativa que foi imputado ao agente público ou terceiro.

Após o ajuizamento da medida cautelar, o Ministério Público ou a Pessoa Jurídica


interessada deverá propor a ação principal no prazo de trinta dias da efetivação da medida, se
assegurando de que a instrução probatória seja a mais completa possível e que abarque todos os
meios de provas previstos no art.369 e seguintes do Código de Processo Civil 2015, notadamente,
produção de farta prova documental, depoimento pessoal dos requeridos, prova testemunhal e
pericial.
O artigo 17 da Lei nº 8.429/92, declara que a ação principal será proposta pelo MP ou
pela pessoa jurídica interessada. O autor, Alexandre Mazza (p. 492/493, 2012), apresenta dois
tipos de ações que são cabíveis de aplicação diante dos atos de improbidade administrativa, são
elas:

a) Ação popular – artigo 5ª, LXXIII da CF/88;


b) Ação de Improbidade Administrativa – artigo 37, § 4º da CF/88.
O § 4º do artigo 17 expressa que “o Ministério Público, se não intervir no processo como parte,
atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade”.
Há que se destacar, ademais, que Lei nº 8.429/92 buscou preservar a indisponibilidade
dos interesses públicos ao vedar expressamente, em seu art. 17, § 1º, a realização de transação,
acordo ou conciliação nas ações para apuração de atos de improbidade. Dessa proibição legal,

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pode-se concluir que também não há possibilidade de desistência da ação pela parte postulante,
embora não haja previsão normativa expressa nesse sentido.
O mesmo espírito de proteção do patrimônio público e de garantia da efetividade e
integralidade da recomposição dos valores desviados do erário também está consignado no art.
17, §2º, da Lei nº 8.429/92, segundo o qual Fazenda Pública deverá promover as ações
necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público.
Ainda com o escopo de proteção do patrimônio público, há também a determinação do
art. 17, § 5º, da Lei nº 8.429/92, segundo a qual a propositura de ação de improbidade prevenirá
a jurisdição do juízo para todas as causas posteriormente intentadas que possuam a mesma causa
de pedir e o mesmo objeto.
A instituição da prevenção do juízo da ação de improbidade em relação às demais ações
judiciais com objetos similares visa afastar a possibilidade de trâmites de ações conexas em
juízos diversos que pudessem resultar em decisões judiciais conflitantes.
Sob outra vertente, constata-se que a Lei de Improbidade se preocupou em afastar a
possibilidade de ajuizamento de ações de improbidade sem fundamento, ao asseverar, em seu
art.17, § 6º, que a ação judicial deverá ser instruída com documentação robusta, reveladora de
indícios suficientes da existência de ato de improbidade ou com fundamentos consistentes acerca
da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.
Outra precaução com objetivo de evitar o ajuizamento de ações sem fundamento, consiste
na instituição de uma fase preliminar de defesa prévia, a ser seguida antes do recebimento da
petição inicial. De acordo com a regra do art. 17, § 7º, primeiramente o juízo notificará o
requerido para apresentar manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
justificações, dentro do prazo de 15 quinze dias. Trata-se de um juízo de admissibilidade da ação
civil de improbidade cujo descumprimento acarretará a nulidade do processo, conforme a
doutrina de Marino Pazzaglini Filho.
De posse das manifestações do requerido, o juiz poderá, em decisão fundamentada,
rejeitar a ação de improbidade, desde que caracterizada a inexistência do ato de improbidade, a
inadequação da via eleita ou a impossibilidade de julgamento procedente da ação nos termos do
artigo 17 Lei nº 8.429/92.

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De modo contrário, havendo indícios da prática de ato de improbidade, o juízo receberá
a petição inicial e determinará a citação do réu para apresentar contestação, ficando facultado ao
requerido impugnar tal ato judicial por meio de agravo de instrumento.
O objetivo da Lei de Improbidade administrativa de evitar o ajuizamento e processamento
de ações de improbidade desarrazoadas também está presente nas disposições do § 12º do art.17,
que determinam que, em qualquer fase do processo, constatada a inadequação da ação de
improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento de mérito com fundamento no art. 485
do Código de Processo Civil 2015.

DAS DISPOSIÇÕES PENAIS


Além das sanções de caráter cível, os responsáveis por representações desprovidas de
fundamento serão submetidos às sanções penais previstas no art.19 da Lei nº 8.429/92 que
consideram crime, sujeito à pena de detenção de seis a 10 dez meses e multa e ao pagamento de
danos morais e materiais em favor dos acusados, a formulação de representação por ato de
improbidade administrativa contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da
denúncia souber de sua inocência.
Com o intuito de assegurar a observância dos princípios constitucionais da ampla defesa
e do contraditório, a Lei de Improbidade, em seu art. 20, estipulou que a perda da função pública
e suspensão dos direitos políticos somente se concretizarão após o trânsito em julgado da
sentença condenatória. Para tanto, a autoridade administrativa ou judicial competente poderá
determinar o afastamento do agente público do cargo, emprego, ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
Importante consignar, também, a previsão contida no art. 21 da Lei de Improbidade
Administrativa, com redação dada pela Lei nº 12.120, de 15 de dezembro de 2009, no sentido de
que a ação de improbidade e seus consectários independem da efetiva ocorrência de dano ao
patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento, e da aprovação ou rejeição das contas
pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
A previsão normativa do art. 21 da Lei nº 8.429/92 revela que a aprovação ou rejeição
das contas pelos órgãos técnicos auxiliares do Poder Legislativo não têm o condão de afastar o
controle jurisdicional previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição. Isso porque a decisão da Corte
de Contas que aprecia as contas dos agentes públicos faz coisa julgada administrativa, exaurindo

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as instâncias administrativas e impedindo a revisão nessa esfera, não podendo, entretanto, ser
excluída da apreciação pelo Poder Judiciário, em razão da incidência do princípio constitucional
da inafastabilidade da jurisdição segundo o qual a lei não poderá excluir, da apreciação do Poder
Judiciário, lesão ou ameaça a direito.
Será aplicada a pena de detenção de seis a dez meses e multa para os atos de
improbidade que constituem crimes de representação (artigo 19). “A perda da função pública
e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória”. (artigo 20 “caput”).

DA PRESCRIÇÃO
As condições para a prescrição do provimento da ação contra os atos de improbidade
administrativa estão previstas nos incisos do artigo 23 da Lei nº 8.429/92, ficando a saber que:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função
de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
(Lei nº 8.429/92).
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final
pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019,
de 2014)

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o dever de probidade é de total relevância para a Administração Pública,
devendo ser seguido por todos os seus agentes públicos. Caso a violação a este dever venha a
ocorrer, estará toda a sociedade propícia a males, que podem estar diretamente ou indiretamente
vinculados a ela. Exemplos podem ser vistos atualmente com a “onda de corrupção” que vem
abalando o país, problemas que estão sendo apreciados por CPIs e que acabam prejudicando o
erário público, através da sonegação, desvios etc. Nesses casos, há, acima de tudo, uma violação
ao princípio da moralidade, o qual é norteador da Administração Pública em geral.

Responsabilidade Por Improbidade Administrativa Novembro/17 Página 51 | 62


MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 492/493, 2012
GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade Administrativa. 4 ed.
Rev.Ampl. Rio de Janeiro: Ampl, Lumen Juris, 2008.
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de Improbidade Administrativa Comentada. 3 ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da republica Federativa do Brasil, 1988.
18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017,. (Vade Mecum – Compacto).
BRASIL. Código de Processo Civil. 2015. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017,. (Vade
Mecum – Compacto).
BRASIL. Código de Processo Penal. 1940. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017,. (Vade
Mecum – Compacto).
BRASIL. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017,.
(Vade Mecum – Compacto).
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 96/491-509

ESTUDO DE CASO
Postado em Improbidade Administrativa Por Portal do Munim em outubro 24, 2017

MP pede bloqueio dos bens do prefeito de Vargem Grande, Carlinhos Barros por nepotismo.

Prefeito de Vargem Grande, Carlinhos Barros (PCdoB).


VARGEM GRANDE/MA – A prática de nepotismo na gestão do prefeito de Vargem Grande,
Carlinhos Barros (PCdoB), motivou o Ministério Público do Maranhão (MPMA) a pedir, em 10
de outubro, em Ação Pública por ato de improbidade administrativa, a indisponibilidade dos bens
do gestor.
O objetivo do pedido, formulado pelo promotor de justiça da comarca, Benedito Coroba, é
garantir o ressarcimento dos valores acrescidos ilicitamente, de janeiro a setembro de 2017, ao

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patrimônio de Ana Kássia Garreto de Sousa, Antonio Garreto de Sousa, Carla Danielle Mesquita
de Mesquita e Maria Gorete Leite Costa.
Os servidores estão enquadrados na Súmula Vinculante nº 13, do Supremo Tribunal Federal
(STF), que veta o nepotismo na Administração Pública.
Além da indisponibilidade de bens do prefeito, o representante do MPMA requer a suspensão
imediata das remunerações. Também solicita o afastamento, a exoneração e a anulação dos atos
de nomeação.
Casos
Ana Kássia Garreto de Sousa, que ocupa cargo comissionado na Secretaria Municipal de
Assistência Social, e o diretor do Almoxarifado da prefeitura, Antonio Garreto de Sousa, são
cunhados do secretário de Obras, José Sousa Barros Filho.
Também detentora de cargo comissionado na Secretaria Municipal de Assistência, Carla Danielle
Mesquita de Mesquita é irmã da secretária de Saúde, Carla Nicoly Mesquita de Mesquita.
O último caso é o da diretora-geral do Centro de Educação Infantil do município, Maria Gorete
Leite Costa, que é tia da controladora geral do Município, Thais Kellen Leite de Mesquita. O
cargo de controladora geral equivale ao de secretário municipal.
Recomendação
Em fevereiro, o promotor de justiça que estava respondendo pela comarca de Vargem Grande,
Felipe Boghossioan Soares de Rocha, encaminhou ao prefeito uma Recomendação, solicitando
a exoneração, até o dia 20 daquele mês, de todos os enquadrados na Súmula Vinculante nº 13.
Na Recomendação nº 05/2017, o Ministério Público também pediu que o prefeito não nomeasse
pessoas e nem contratasse pessoas jurídicas em enquadradas em casos de nepotismo. As
solicitações não foram cumpridas.
Improbidade
O descumprimento levou o MPMA a pedir, que, ao final do processo, o prefeito seja condenado
por improbidade administrativa.
As punições requeridas são perda do mandato; suspensão dos direitos políticos oito anos;
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de cinco anos. Outra penalidade é o pagamento de multa civil no valor de
100 vezes o valor da remuneração recebida pelos servidores em 2017.

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CONCLUSÃO – EFICÁCIA DA LEI
Punições
Dados gerais
Considerando o total de 11.607 condenações (de pessoas físicas e jurídicas) no período analisado,
a multa é a punição mais frequente, presente em 74,1% dos casos (8.598).

Os dados mostram que há uma intersecção entre as punições. Existem poucos casos em que se
aplica uma única sanção – quando isso ocorre é mais comum que os condenados sejam proibidos
de contratar o Poder Público ou obrigados a pagar multas.

 Multa: 74,1% (8.598 casos)


 Proibição de contratar com o Poder Público: 68,3% (7.926 casos)
 Suspensão dos direitos políticos: 64,1% (7.436 casos)
 Inelegibilidade: 58,7% (6.818 casos)
 Ressarcimento integral do dano: 54,5% (6.330 casos)
 Perda de cargo, emprego ou função pública: 25,4% (2.951 casos)
 Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio: 4,33% (503 casos)

O que entra nos cofres públicos

 Em cada 10 condenações por dano ao Erário, em 7,5 houve ressarcimento aos cofres
públicos
 Em cada 10 condenações por enriquecimento ilícito, em 7,1 houve ressarcimento
 Em cada 10 condenações por violação aos princípios da administração pública, em 3,9
houve ressarcimento
Pessoas jurídicas lesadas

Não foi possível identificar: 53,3% (6.190 casos)

Dos que foi possível:

 Esfera municipal: 96,22% (5.212 casos)


 Estadual: 2,71% (147 casos)
 Federal: 1,07% (58 casos)
Pessoas físicas e jurídicas condenadas

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94.2% (10.727 casos) das pessoas físicas foram condenadas a punições envolvendo dinheiro
(ressarcimento integral do dano, multa ou perda de bens ou valores) e também punições
envolvendo função e direitos políticos (inelegibilidade ou perda de cargo, emprego ou função
pública ou suspensão dos direitos políticos)

Condenações de pessoas jurídicas

5,85% (666 casos) das pessoas jurídicas foram condenadas a punições envolvendo dinheiro
(ressarcimento integral do dano, multa ou perda de bens ou valores) e proibição de contratar com
o Poder Público

Por Estado

São Paulo (3.259 casos), Paraná (874 casos), Minas Gerais (839 casos), Rio Grande do Sul (821
casos) e Roraima (712 casos) são os cinco Estados com maior número de condenações, em termos
absolutos.

Alagoas (40 casos), Distrito Federal (61 casos), Roraima (63 casos), Acre (93 casos) e Mato
Grosso do Sul (93 casos) são as cinco unidades da Federação com menor número de condenações.

Ressarcimento integral do dano

Por Estados

Pessoas

 Físicas: 54,4% das condenações (5.891 casos)


Valor total: R$ 1.243.511.341

 Jurídicas: 56,2% das condenações (437 casos)


Valor total: R$ 161.153.823

Função das pessoas físicas condenadas

 76,1% (4.485 casos) funcionários públicos


 23,9% (1.408 casos) particulares
Pessoas jurídicas lesadas

*Em 52.5% dos processos (3.323 casos) não foi possível determinar

Dos que foi possível:

 96,40% (2.894 casos) municipais

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 2,70% (78 casos) estaduais
 0,90% (35 casos) federais
Esferas do Judiciário

 75,6% (4.788 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Estadual
 24,4% (1.542 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Federal

Por Estados

(colocar tabelas em grade e explicar a diferença entre elas)

Pessoas

 Físicas: 74,6% das condenações (8.075 casos)


Valor total: R$ 1.237.578.406

 Jurídicas: 66,7% das condenações (519 casos)


Valor total: R$ 70.113.486

Função das pessoas físicas condenadas

 78,2% (6321 casos) funcionários públicos


 21,8% (1758 casos) particulares
Pessoas jurídicas lesadas

Em 52,9% dos processos (4.545 casos) não foi possível determinar/

Dos que foi possível,

 95,80% (3882 casos) municipais


 3,07% (125 casos) estaduais
 1,13% (46 casos) federais

Esferas do Judiciário

 74,6% (6.415 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Estadual
 25,4% (2.183 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Federal

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Inelegibilidade

Por Estados

Função das pessoas físicas condenadas

 78,4% (5291 casos) funcionários públicos


 21,6% (1455 casos) particulares
Pessoas jurídicas lesadas

* Em 49,1% dos processos (3.350 casos) não foi possível determinar

Dos que foi possível:

 96,92% (3.361 casos) municipais


 2,30% (80 casos) estaduais
 0,78% (27 casos) federais

Esferas do Judiciário

 74,8% (5.097 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Estadual
 25,2% (1.721 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Federal

Perda de cargo, emprego ou função pública

Por Estados

Função das pessoas físicas condenadas

 81,3% (2.368 casos) funcionários públicos


 18,7% (544 casos) particulares
Pessoas jurídicas lesadas

Em 52,5% dos processos (1.550 casos) não foi possível determinar

Dos que foi possível:

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 92,94% (1.302 casos) municipais
 5,77% (81 casos) estaduais
 1,29% (18 casos) federais

Esferas do Judiciário

 74,7% (2.203 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Estadual
 25,3% (748 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Federal

Suspensão dos direitos políticos

Por Estados

Função das pessoas físicas condenadas

 78,9% (5.806 casos) funcionários públicos


 21,1% (1.554 casos) particulares
Pessoas jurídicas lesadas

Em 48,8% dos processos (3.628 casos) não foi possível determinar

Dos que foi possível

 96,96% (3.692 casos) municipais


 2,22% (85 casos) estaduais
 0,82% (31 casos) federais
Esferas do Judiciário

 73,6% (5.476 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Estadual
 26,4% (1.960 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Federal

Proibição de contratar com o Poder Público

Por Estados

Função das pessoas físicas condenadas

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 75,4% (5.507 casos) funcionários públicos
 24,6% (1.793 casos) particulares
Pessoas jurídicas lesadas

Em 54,1% dos processos (4.286 casos) não foi possível determinar

Dos que foi possível

 96,40% (3.509 casos) municipais


 2,70% (98 casos) estaduais
 0,90% (33 casos) federais
Esferas do Judiciário

 72,5% (5.745 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Estadual
 27,5% (2.181 casos) dos processos transitaram em julgado pela Justiça Federal

Tempo de tramitação dos processos

Overview

As condenações definitivas (transitadas em julgado, sobre as quais não cabem mais recursos)
demoram, em média, 6 anos para acontecer.

A distribuição dos tempos de condenação não varia em relação às características dos condenados.
Prefeitos, vereadores e servidores demoram o mesmo tempo para ser condenados. O mesmo vale
para os órgãos atingidos.

 76,6% (8.916 casos) das ações transitaram em julgado na primeira instância estadual
 23,1% (2.686 casos) das ações transitaram em julgado na primeira instância federal
 0,0345% (4 casos) das ações transitaram em julgado na segunda instância estadual
 0,00862% (1 caso) das ações transitaram em julgado na segunda instância federal

Tempo médio para condenação definitiva

 Pessoa jurídica: 6 anos e 8 meses


 Pessoa física: 6 anos e um mês
Por Estados

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O Acre foi o Estado com o maior tempo para a condenação definitiva, com 7 anos e 5 meses, e
o Sergipe, com o menor tempo, 4 anos e 2 meses.

Pessoas físicas

94,2% (10.727 casos) das pessoas físicas foram condenadas a punições envolvendo dinheiro
(ressarcimento integral do dano, multa ou perda de bens ou valores) e também a punições
envolvendo função e direitos políticos (inelegibilidade ou perda de cargo, emprego ou função
pública ou suspensão dos direitos políticos)

Condenações de pessoas jurídicas

5,85% (666 (casos) das pessoas jurídicas foram condenadas a punições envolvendo dinheiro
(ressarcimento integral do dano, multa ou perda de bens ou valores) e também proibição de
contratar com o Poder Público.

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Referencias

Constituição da republica Federativa do Brasil, 1988.

Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950

Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.
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