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análise de conjuntura 3

Agricultura: As Perspectivas do Agronegócio Brasileiro até 2024


Antonio Carlos Lima Nogueira (*)

A elaboração de cenários é uma dução, consumo e exportação das mais lento da demanda doméstica e
ferramenta usual para a tomada de principais cadeias produtivas. internacional e declínio dos preços
decisões dos agentes econômicos reais para a maioria das commodi-
em qualquer setor de atividade. As projeções do relatório adotam ties agrícolas. Do lado da oferta, é
Trata-se de um insumo útil nos como premissas básicas que não esperado que os produtores se be-
processos de previsão de deman- ocorram mudanças significativas neficiem do crescimento contínuo
da, análise de riscos e definição de na política agrícola ao longo dos da produtividade, complementada
investimentos de empresas. Este próximos dez anos e que o clima por uma depreciação do real.
artigo apresenta uma análise de permaneça em condições normais,
cenários para o agronegócio brasi- sem a ocorrência de eventos graves Para avaliarmos as bases utiliza-
leiro, com foco no sistema agroin- de um ano para outro. As projeções das para as previsões, é preciso
dustrial da soja no período de 2014 para mudanças macroeconômicas considerar as estimativas adotadas
até 2024. As projeções foram apre- no Brasil e no mundo são baseadas pelos autores para o crescimento
sentadas no relatório da OCDE (Or- no OECD Economic Outlook (2014) econômico. O relatório destaca que
ganização para a Cooperação Eco- e World Economic Outlook do FMI o Brasil exibiu um crescimento
nômica e Desenvolvimento) e FAO (2014), enquanto as projeções para relativamente forte da renda real,
(Organização para a Alimentação e os preços internacionais do pe- com média de 3,5% ao ano entre
Agricultura) intitulado Agricultural tróleo seguem o World Economic 2000 e 2007. Com o início da crise
Outlook 2015-2014. Cabe destacar Outlook da AIE. financeira global, o crescimento di-
que o documento apresenta um minuiu entre 2008-2013 para uma
capítulo dedicado ao agronegócio Segundo o relatório, as perspecti- média de 3,1% ao ano. As projeções
brasileiro, com uma análise da vas para a agricultura brasileira do relatório até 2016 indicavam
evolução histórica do setor e das permanecem positivas, apesar da que o crescimento não seria supe-
perspectivas de evolução de pro- visualização de um crescimento rior a 2% ao ano. A partir de 2017

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até o final do período de projeção, O uso da terra para as principais para o algodão e as oleaginosas,
o crescimento real do PIB será em culturas em 2024 (oleaginosas, com as projeções indicando que o
média de 2,6% ao ano. Os autores arroz, trigo, cana-de-açúcar e al- mercado externo absorverá uma
esperam que a t a xa de câmbio godão) deverá atingir 69,4 milhões parcela maior da produção.
do real se deprecie em relação ao de hectares (Mha), o que indica um
dólar ao longo do período da proje- crescimento de 20% em relação à Os autores do relatório consideram
ção, tornando o setor de exporta- média utilizada durante período que a produtividade também deve-
ção do Brasil mais competitivo nos 2012-14 e uma taxa de crescimento rá aumentar ao longo dos próximos
mercados mundiais, mas também de cerca de 1,5% ao ano. dez anos, mas a taxas distintas
aumentando o custo das importa- entre as culturas. A falta de inves-
ções. Apesar dessas condições, os Em termos relativos, a expansão da timento no setor de cana-de-açúcar
autores não esperam uma pressão área em relação à data base (2014) no passado recente, juntamente
excessiva dos preços ao consumi- será impulsionada pelo cresci- com condições climáticas adversas
dor, e que, assim, a inflação perma- mento de 37% na área plantada resultaram em rendimentos abaixo
neça baixa. de cana-de-açúcar, seguido pelo da média histórica. O investimento
aumento de 35% na área de ce- em canaviais mecanizados deverá
Como avaliação das premissas, reais, para atender à demanda de aumentar durante o período de
verifica-se que a depreciação do ração animal e 23% na área de projeções, levando a melhorias
real está se confirmando a partir oleaginosas, principalmente soja. marginais de rendimento que, no
de 2015, ao atingir e superar o Em termos absolutos, a soja deve entanto, não devem atingir os picos
nível de R$ 4,00 por dólar. Quanto continuar a dominar o uso da terra anteriores. Da mesma forma, o ren-
ao crescimento econômico, a queda no Brasil no período da projeção, dimento das oleaginosas não deve
de 3,8% do PIB em 2015 (IBGE) e ocupando quase metade da área de melhorar substancialmente nos
a perspectiva de nova queda em cultivo adicional em 2024. próximos dez anos. Em contraste, a
torno de 3,0% em 2016 (Banco produtividade nos cereais – grãos,
Central) já revelam uma possibili- O relatório informa que o mercado trigo e arroz – deve crescer subs-
dade de redução na taxa de cres- interno deve consumir a maior tancialmente, enquanto os rendi-
cimento média para o período da parte da produção adicional de mentos do algodão devem aumen-
projeção. A inflação média também cereais e cana-de-açúcar. No caso tar de forma mais moderada.
poderá ser mais elevada, visto que dos cereais, a expansão da pro-
superou o nível de 10% em 2015 e dução de gado deverá responder Espera-se que a soja continue a
estima-se que deverá atingir 7,5% pela maior parcela no aumento da ser o produto agrícola mais im-
em 2016. demanda doméstica, considerando portante do Brasil. Atualmente, o
a produção de ração animal. No País é o segundo maior produtor,
Conforme o relatório, espera-se caso da cana-de-açúcar, a expan- atrás dos Estados Unidos, mas a
que o nos próximos dez anos o são do mercado de etanol deverá diferença deverá se estreitar em
segmento das principais culturas ser o fator predominante para o razão da continuidade da expan-
do Brasil deva continuar a crescer aumento da demanda. Assim, para são da produção de soja no Brasil
com base em ganhos de produtivi- estas culturas, a parte da produção no período da projeção. Entre os
dade e aumento da área agrícola. direcionada aos mercados interna- grandes produtores e exportado-
Espera-se que os preços ao produ- cionais deverá ficar relativamente res de oleaginosas, o Brasil tem
tor apresentem relativa estabilida- estável durante os próximos dez o maior potencial para expandir
de, quando ajustados pela inflação. anos. A situação será diferente a produção. Atualmente, o País

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apresenta produtividade similar à tivo, com mais da metade da pro- continuar a aumentar. Espera-se
dos Estados Unidos, mas tem uma dução brasileira destinada para os crescimento na demanda de cerca
grande base de terras disponíveis mercados mundiais. As exportações de 2,3% ao ano no período de pro-
para a expansão da produção de devem gerar R$ 87,5 bilhões (USD jeção, atingindo quase 47,1 Mt,
soja. Os EUA são mais competiti- 22,8 bilhões) em 2024. A China tem cerca de 27% superior ao período
vos na produção de milho, o que sido o maior mercado importador de base.
limita seu potencial para converter do mundo para a soja e o maior
grandes áreas para a produção de cliente do Brasil. O Brasil também O crescimento da ativ idade de
soja e atender à demanda futura de se tornou o maior fornecedor da esmagamento deverá gerar um
oleaginosas. China em 2013, superando os Esta- aumento na produção de rações
dos Unidos. para 39 Mt em 2024. A maior parte
Os preços no produtor devem se dessa produção adicional será di-
manter atrativos durante o período A estimativa do relatório sobre a recionada para o mercado domés-
de projeção, com aumento de 6,9% exportação de soja está condicio- tico nos setores de aves e suínos,
ao ano. Esse comportamento de- nada à continuidade da demanda que devem apresentar aumento
verá apoiar a produção de oleagi- da China por soja importada, e de 4,9% ao ano para mais de 27
nosas, com um aumento esperado que a maior parte desta demanda Mt, cerca de 66% maiores do que
de 2,5% ao ano durante o período adicional seja atendida pelo Brasil, a base. Entretanto, a expansão da
de projeção, para 108 Mt. A maior país com o maior potencial para capacidade de moagem não deverá
parte do aumento esperado da pro- expandir a produção nos próxi- acompanhar o ritmo de aumento
dução decorrerá de um aumento de mos anos. Caso essa demanda se da demanda doméstica por fare-
23% na área colhida para 34,3 mi- reduza ou a China diversifique lo de soja dos setores de aves e
lhões de hectares (Mha) em 2024, suas fontes de importação, o Brasil suínos. Com esses movimentos, o
visto que a produtividade média pode ter que ajustar rapidamente a excedente exportável de farelo de
deverá ter um aumento modesto produção. Se a demanda da China soja deverá recuar para 11,9 Mt,
para 3,15 t / ha em 2024. Espera-se enfraquecer, as exportações brasi- partindo de 14 Mt no período de
que a terra adicional para produzir leiras de soja serão reduzidas não base.
soja seja principalmente da região somente para a China, mas também
denominada MATOPIBA, com áreas para outros países. Sem mercados A demanda de esmagamento adi-
do Maranhão, Tocantins, Piauí e internacionais alternativos, a pro- cional para o farelo de soja vai re-
Bahia e que não ocorra o desloca- dução e exportação de soja do Bra- sultar no aumento da oferta de óleo
mento de outras culturas para essa sil poderão se ficar abaixo do nível de soja. A produção de óleo vegetal
expansão. de base (2014). deverá crescer a uma taxa anual
média de 2,5%, chegando a 10,2
O consumo de oleaginosas deve O Brasil não só produz uma grande Mt até 2024, que é 31% superior
aumentar ao longo do período de quantidade de soja em grão, mas ao período de base. No entanto, a
projeção, mas a um ritmo mais lento também tem um setor de esmaga- demanda interna de óleo vegetal
do que a produção (2,3% ao ano) mento considerável para a produ- para consumo humano vai crescer
para 53,3 Mt. O crescente exceden- ção de farelo e óleo de soja. Embora a um ritmo mais lento. A demanda
te doméstico (a diferença entre a a maior parte da produção de soja de óleo vegetal para consumo hu-
produção e o consumo interno) será do Brasil seja para os mercados de mano crescerá a apenas 2,2% ao
exportado. A soja seguirá como o exportação, a demanda interna de ano, atingindo cerca de 5,2 Mt. Es-
produto de exportação mais lucra- produtos de esmagamento deverá pera-se um aumento no consumo

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per capita de óleo vegetal de cerca de 1,5% ao ano para deve atingir 1,8 Mt em 2024, que indica baixo cresci-
chegar a 24,2 kg por pessoa. mento sobre o nível de 1,6 Mt no período de base.

Uma fonte adicional de demanda doméstica por óleo


vegetal é a produção de biodiesel. O consumo total de
óleo vegetal cresce a 1,4% ao ano, chegando a 9 Mt,
que representa um crescimento de 34% sobre o pe-
ríodo de base. Durante a primeira metade do período
de projeção, a demanda de biodiesel deverá aumentar
fortemente devido ao percentual de mistura obrigató-
ria no diesel. A redução na demanda para alimentos e
produção de biodiesel na segunda metade do período
(*) Pesquisador do PENSA USP - Centro de Conhecimento em Agro-
de projeção perspectiva levará a um aumento do exce- negócios e pós-doutorando em administração na FEA USP.
dente exportável. Assim, a exportação de óleo vegetal (E-mail: aclimano@gmail.com).

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