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2016
© 2016 Vestcon Editora Ltda.
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gráficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração
da obra, bem como às suas características gráficas.
Autores:
Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Júlio Lociks • Júlio César Gabriel
Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti
PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Dinalva Fernandes
GESTÃO DE CONTEÚDOS
Welma Maia
CAPA
Lucas Fuschino
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Marcos Aurélio Pereira
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PMPE
SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Expressão escrita:
divisão silábica, ortografia e acentuação (v. Reforma Ortográfica vigente)...........................................................33/34/43
Pronomes de tratamento..................................................................................................................................................... 49
Formação de Palavras:
derivação, composição, hibridismo etc............................................................................................................................. 46
Figuras de linguagem............................................................................................................................................................ 10
Língua Portuguesa
Ernani Pimentel / Márcio Wesley
Ernani Pimentel que está escrito, mas o que se pode inferir, ou concluir, ou
deduzir do que está escrito.
INTELECÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Comandos para Questão de Interpretação
Texto Da leitura do texto, infere-se que...
O texto permite deduzir que...
Textum, em latim, particípio do verbo tecer, significa Da fala do articulista pode-se concluir que...
tecido. Dessa palavra originou-se textus, que gerou, em Depreende-se do texto que...
português, “texto”. Portanto, está-se falando de “tecido” de Qual a intenção do narrador quando afirma que...
frases, orações, períodos, parágrafos... Uma “tessitura” de Pode-se extrair das ideias e informações do texto que...
ideias, de argumentos, de fatos, de relatos...
Questão
Intelecção (ou Compreensão)
1. Observe a tirinha a seguir, da cartunista Rose Araújo:
Intelecção significa entendimento, compreensão. Os
testes de intelecção exigem do candidato uma postura muito
voltada para o que realmente está escrito.
ponto de vista técnico, financeiro, econômico, am- vista do texto em relação ao assunto, mas quer testar o
biental e social é exclusiva do PROÁGUA/Nacional. conhecimento do candidato a respeito daquela matéria.
Gabarito: d Questões
Interpretação significa dedução, inferência, conclusão, Os oceanos ocupam 70% da superfície da Terra,
ilação. As questões de interpretação não querem saber o mas até hoje se sabe muito pouco sobre a vida em suas
3
regiões mais recônditas. Segundo estimativas de ocea- 6. No trecho “até hoje se sabe” (l.2), o elemento linguís-
nógrafos, há ainda 2 milhões de espécies desconhecidas tico “se” tem valor condicional.
5
nas profundezas dos mares. Por ironia, as notícias mais
frequentes produzidas pelas pesquisas científicas relatam 7. O trecho “muito pouco sobre a vida em suas regiões
não a descoberta de novos seres ou fronteiras marinhas, mais recônditas” (ls.2-3) é complemento da forma
mas a alarmante escalada das agressões impingidas verbal “sabe” (l.2).
aos oceanos pela ação humana. Um estudo recente do
10
Greenpeace mostra que a concentração de material 8. A palavra “recônditas” (l.3) pode, sem prejuízo para
plástico nas águas atingiu níveis inéditos na história. Se- a informação original do período, ser substituída por
gundo o Programa Ambiental das Nações Unidas, existem profundas.
46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros
quadrados da superfície dos oceanos. Isso significa que 9. O termo “mas” (l.8) corresponde a qualquer um dos
15
a substância já responde por 70% da poluição marinha seguintes: todavia, entretanto, no entanto, conquanto.
por resíduos sólidos.
10. Na linha 9, a presença de preposição em “aos oceanos”
Veja, 5/3/2008, p. 93 (com adaptações). justifica-se pela regência do termo “impingidas”.
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a 11. O termo “a substância” (l.15) refere-se ao antecedente
amplitude do tema por ele abordado, julgue os itens de 1 a 5. “plástico” (l.11).
1. Ao citar o Greenpeace, o texto faz menção a uma das Gabarito: itens 6, 7 e 9 errados; itens 8, 10 e 11 certos.
mais conhecidas organizações não governamentais
cuja atuação, em escala mundial, está concentrada na Como Fazer Prova
melhoria das condições de vida das populações mais
pobres do planeta, abrindo-lhes frentes de trabalho no
Normalmente, o candidato, no momento da prova, fica
setor secundário da economia.
preocupado com o tempo, razão pela qual lê rapidamente
o texto e vai direto às perguntas. Evite tal conduta. O tempo
2. Por se decompor muito lentamente, o plástico pas-
gasto com a leitura bem feita é compensado na hora de
sa a ser visto como um dos principais responsáveis
pela degradação ambiental, razão pela qual cresce o responder às questões.
movimento de conscientização das pessoas para que Numa prova de vestibular ou concurso, não basta o
reduzam o consumo desse material. conhecimento da matéria; é importante ter agilidade para
adequar-se ao tempo permitido, por isso, se você ainda não
3. Considerando o extraordinário desenvolvimento cien- tem uma técnica para resolver prova, experimente esta.
tífico que caracteriza a civilização contemporânea, é
correto afirmar que, na atualidade, pouco ou quase 1ª Leitura: leia duas vezes o texto e uma só vez cada
nada da natureza resta para ser desvendado. item das questões. Esta primeira leitura é
apenas para conhecer a prova e resolver o
4. A exploração científica da Antártida, que enfrenta enor- que estiver mais fácil.
mes dificuldades naturais próprias da região, envolve
a participação cooperativa de vários países, mas os 2ª Leitura: releia o texto uma só vez e duas vezes as
elevados custos do empreendimento impedem que alternativas não respondidas. Não perca
representantes sul-americanos atuem no projeto. tempo, resolva as que você sabe e deixe as
outras para depois.
5. Infere-se do texto que a Organização das Nações Unidas
(ONU) amplia consideravelmente seu campo de atuação 3ª Leitura: é a vez das difíceis. Leia mais uma vez cada
e, sem deixar de lado as questões cruciais da paz e da item ainda não respondido. Se sabe, respon-
segurança internacional, também se volta para temas da; se não sabe, vá em frente, que o tempo
que envolvem o cotidiano das sociedades, como o meio é curto.
ambiente.
Na hora de preencher o Cartão de Resposta: chute a
Gabarito: itens 1, 3 e 4 errados; itens 2 e 5 certos. resposta das questões não respondidas. Porém, se a questão
errada descontar ponto, não chute.
Comandos para Medir Conhecimentos Linguísticos Aqui você vai ter muitas questões para treinar. Se quiser
mais, conheça as apostilas Provas Comentadas de Língua
Considerando as estruturas linguísticas do texto, julgue Portuguesa.
os itens.
Assinale a alternativa que apresenta erro gramatical. Erros Comuns de Leitura
Aponte do texto a construção que não foge aos preceitos
da norma culta. Extrapolação ou ampliação: a questão abrange mais do
Língua Portuguesa
Considerando as estruturas linguísticas do texto, julgue os Redução ou limitação: a questão reduz a amplitude do
itens seguintes. que diz o texto.
4
O texto disse: Muitos se predispuseram a participar do Lenda: história com base em informações imaginárias.
jogo. São lendários o saci-pererê, a boiuna, a mula sem cabeça...
A questão diz: Alguns se predispuseram a participar do
jogo. Anedota: história curta engraçada ou picante.
Explicação: o sentido da palavra “alguns” é mais limitado
que o de “muitos”. Paródia: reescritura cômica de um texto:
Contradição: a questão diz o contrário do que diz o texto. Texto motivador: Jingle bells, jingle bells, jingle all the
O texto disse: Maria é educada porque é inteligente. way!
A questão diz: Maria é inteligente porque é educada.
Explicação: no texto, “inteligente” justifica “educada”; na Paródia: Dingo Bel, Dingo Bel, acabou o papel,
questão se inverteu a ordem e “educada” é que justifica Não faz mal, não faz mal, use o jornal...
“inteligente”.
Paráfrase: texto sinônimo, de sentido semelhante a
Desvio ou Deturpação: outro.
O texto disse: A contratação da funcionária pode ser
considerada competente. Texto motivador: Teresa, mãe de João, comprou em
A questão diz: A funcionária contratada pode ser consi- Brasília agasalhos para frio.
derada competente.
Explicação: no texto, “competente” refere-se a “contra- Paráfrase: A mãe de João ampliou seu guarda-roupa de
tação” e não a “funcionária”. inverno na capital do Brasil.
Tipologia Textual Conto: história curta com poucos personagens em torno
de um núcleo de ação.
Narração ou história: texto que conta uma história, cur-
tíssima ou longa, tendo personagem, ação, espaço e tempo, Novela: história mais longa que o conto e que também
mas o tempo tem de estar em desenvolvimento. envolve só um núcleo de ação.
Ela chegou, abriu a porta, entrou e olhou para mim. (As
ações acontecem em sequência) Romance: história longa e complexa em que os persona-
gens atuam em torno de vários núcleos de ação. As chamadas
Descrição ou retrato: novelas de televisão literariamente são romances porque
1. Texto que mostra um ambiente. revezam vários núcleos temáticos, revezando também como
O Sol estava a pino, as portas trancadas, as janelas protagonistas grupos diferentes de personagens.
escancaradas, as ruas vazias, os carros estacionados, os
galhos das árvores e o capim absolutamente parados. Epígrafe: inscrição que antecede um texto (no frontispí-
cio de um livro, no início de um capítulo, de um poema, de
2. Texto que mostra ações simultâneas. uma crônica...).
Enquanto ela falava, o cachorro latia, a criança cho-
rava, o vizinho aplaudia. (As ações acontecem no Título: EPICÉDIO III
mesmo momento, o tempo está parado)
Epígrafe: À morte apressada de um amigo
Dissertação ou ideias: texto construído não para con-
tar história ou fazer um retrato, mas para desenvolver um
Texto: Comigo falas; eu te escuto; eu vejo
raciocínio.
Quanto apesar de meu letargo, e pejo,
É sábio dizer-se que o limite de um homem é o limite de
Me intentas persuadir, ó sombra muda,
seu próprio medo.
Que tudo ignora quem te não estuda.
Na prática, um texto pode misturar as tipologias, por isso
(Cláudio Manuel da Costa)
é comum classificá-lo com base em qual tipologia predomina,
ou seja, para atender a qual tipologia o texto foi feito.
Níveis de Fala (Tipos de Norma)
Gêneros Literários (e Componentes)
Nível formal ou adloquial: as circunstâncias exigem do
Crônica: texto curto dissertativo, comentando fato ou emissor postura concentrada e adequada a um grupo sofis-
situação do momento. ticado de falantes. Tende ao uso da norma culta (também
chamada de padrão, ou erudita), que se estuda nas gramá-
Parábola: história, em prosa ou verso, para transmitir ticas normativas.
ensinamento. Cristo falava por parábolas, como a do Filho Por favor, entenda que seria importante para nós sua
presença.
Língua Portuguesa
Fábula: parábola curta que apresenta animais como per- Nível informal ou coloquial: o ambiente permite ao
sonagens. Famosas são as fábulas de Fedro, como A raposa emissor uma postura mais à vontade, sem preocupações
e as uvas, O lobo e cordeiro... gramaticais.
Vem, que sua presença é importante. (A gramática orien-
Apólogo: narrativa didática, em prosa ou verso, em que ta: Vem, que tua presença... ou Venha, que sua presença...)
se animam e dialogam seres inanimados. Um bom exemplo Na informalidade, a língua é usada na forma de cada
é o texto de Machado de Assis intitulado A Agulha e a Linha. região, profissão, esporte, gíria, internet...
5
Nível vulgar: normalmente envolve uso de calão ou gíria. 3. distrair a atenção do receptor –
Oi, cara, pinta lá no pedaço. Ele: Onde você estava até esta hora?
Ela: Por favor, ligue agora para o José e lhe deseje
Baixo calão: é o nível das gírias pesadas e dos palavrões. sorte. (Ela desviou a atenção do assunto dele)
Naquele cafofo só vai ter piranha e Zé-mané, porra.
Função Metalinguística: predomina o assunto “língua”,
Funções da Linguagem é o uso da língua para falar da própria língua.
Todo emissor, no momento em que realiza um ato de fala, Língua: tipo de código usado na comunicação.
atribui, consciente ou inconscientemente, maior importância
a um dos seis elementos da comunicação (emissor, recep- Os dicionários, as gramáticas, os livros de texto, de re-
tor, referente, canal, código ou mensagem). Descobrir qual dação, as críticas literárias são exemplos de metalinguagem.
elemento está em destaque é definir a função da linguagem.
Função Poética (ou Estética): predomina em importância
Função Emotiva (ou Expressiva): predomina em impor- a elaboração da mensagem.
tância o emissor e é muito usada em textos líricos, amorosos,
autobiográficos, testemunhais... Constitui uma característica Mensagem, fala ou discurso: é o como se diz e não o
de subjetividade. que se diz.
Emissor: aquele que fala, representado por eu, nós, a As frases “Você roubou minha caneta” e “Você achou
gente (no sentido de “nós”). minha caneta antes de eu a perder”, embora tenham o mes-
mo assunto ou referente, são mensagens, falas ou discursos
São índices desta função: diferentes, tanto é que provocam sensações diferentes no
1. sujeito emissor – Eu vi Mariana chegar. A gente viu receptor.
Mariana chegar. Nós vimos Mariana chegar. A função poética valoriza a escolha das palavras, ora pela
2. uso de exclamação – Mariana chegou! sonoridade, ora pelo ritmo (Quem casa quer casa. Quem tudo
3. uso de interjeição – Ih! Mariana chegou. quer tudo perde. Quem com ferro fere com ferro será ferido),
ora pelo significado inusitado (Penso, logo desisto), ora por
Função Conativa (ou Apelativa): predomina em impor- mais de uma dessas ou outras características.
tância o receptor e é frequente em linguagem de publicidade
e de oratória. Obs.: todas essas funções podem interpenetrar-se no
texto, mas uma (qualquer uma) tenderá a ser predominante.
Receptor: com quem se fala, representado por tu, vós,
No caso de um texto poético ou estético, as demais funções
você(s), Vossa Senhoria, Vossa Alteza, Vossa...
ocupam o segundo plano.
São índices desta função:
1. sujeito receptor – Você sabia que Mariana chegou?
Tipos de Discurso
2. vocativo – Paulo, tu estás correto.
3. imperativo – Por favor, venha cá. Beba guaraná.
Discurso Direto: reprodução exata da fala do personagem.
Julieta respondeu: Estou satisfeita com sua resposta.
Função Referencial (ou Informativa): predomina em
Pode vir entre aspas: “Estou satisfeita com sua resposta.”
importância o referente e é empregada nos textos científicos,
Pode vir após travessão: – Estou satisfeita com sua
jornalísticos, profissionais – correspondências oficiais, atas...
É uma característica de objetividade. resposta.
Referente: de que ou de quem se fala, representado por Discurso Indireto: o narrador traduz a fala do persona-
ele(s), ela(s), Sua Excelência, Sua Majestade, Sua..., ou por gem.
qualquer substantivo ou pronome substantivo de terceira Julieta respondeu que estava satisfeita com a resposta
pessoa. dele.
Julieta respondeu estar satisfeita com a resposta dele.
É índice desta função:
1. sujeito referente – Mariana chegou. Ele chegou. Sua Discurso Indireto Livre: a fala do personagem se confun-
Senhoria chegou. Quem chegou? de com a do narrador.
Mariana sentou-se em frente ao guri, o que se passava
Função Fática: predomina em importância o canal e naquela cabecinha? Que sorrisinho maroto...
normalmente aparece em trechos pequenos, dentro de
outras funções. Discurso do Narrador: é a fala de quem conta a história.
Julieta respondeu: Estou satisfeita com sua resposta.
Língua Portuguesa
6
Semântica Clareza
Sema é unidade de significado. A palavra “garotas” tem Clareza é a qualidade que faz um texto ser facilmente
três semas: entendido. Obscuridade é o seu antônimo.
1. garot é o radical e significa ser humano em formação;
2. a é desinência e significa feminino; Questões
3. s é desinência e significa plural.
O menino e seu pai foram hospedados em prédios diferentes
Monossemia ou unissignificação: é o fato de uma ex- o que o fez ficar triste.
pressão ter no texto apenas um significado.
Assinale C para certo e E para errado.
Polissemia ou plurissignificação: é o fato de uma expres- 1. ( ) A estruturação da frase se dá de maneira clara e
são, no texto, ter múltiplos significados. objetiva.
2. ( ) A leitura desse trecho se torna ambígua em virtude
Ambiguidade ou anfibologia: significa duplo sentido.
do mau uso do pronome oblíquo “o”.
Denotação: sentido objetivo da palavra – Teresa é 3. ( ) Colocando-se o oblíquo “o” no plural, caberia plu-
agressiva. ralizar “ficar triste” (o que os fez ficarem tristes) e a
clareza se restaura porque o “triste” passa a se referir
Conotação: sentido figurado da palavra – Teresa é um a ambos, “o menino” e “seu pai”.
espinho. 4. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “este” (o que fez
este ficar triste ), também se elimina a ambiguidade,
Campo Semântico: área de abrangência ou de interpe- passando a significar que só o pai ficou triste.
netração de significado(s). 5. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “aquele” (o que
Chuteira, pênalti, drible, estádio... pertencem ao campo fez aquele ficar triste) comete-se uma incorreção
semântico do futebol. gramatical.
Oboé, melodia, contralto... pertencem ao campo semân- 6. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “aquele” (o que
tico da música. fez aquele ficar triste) resolve-se também a obscu-
Aeromoça, aterrissar, taxiar... pertencem ao campo se- ridade, pois afirma-se que só o menino ficou triste,
mântico da aviação. porque o demonstrativo “aquele” refere-se ao subs-
tantivo mais distante.
Contexto: as palavras ou signos podem estar soltos ou con-
textualizados. O contexto é a frase, o texto, o ambiente em que Gabarito: itens 2, 3, 4 e 6 certos; itens 1 e 5 errados.
a palavra ou signo se insere. Normalmente, uma palavra solta,
fora de um contexto, desperta vários sentidos (polissemia) e os Coerência
dicionários tentam relacioná-los, apresentando cada um dos
sentidos (monossemia) ligado a um determinado contexto. Se as ideias estão entrelaçadas harmoniosamente em
No Dicionário Houaiss, a palavra ponto tem 62 significa- termos lógicos, encontra-se no texto coerência. O seu an-
dos e contextos; linha tem outros 58, sendo que, em cada tônimo é ilogicidade, incoerência.
um desses contextos, a monossemia prevalece.
Nos textos literários ou artísticos, ambiguidade e po-
Questões
lissemia são valores positivos. O texto artístico pode ser
considerado tão mais valioso quanto mais plurissignificativo.
Nos textos informativos (jornalísticos, históricos, cien- I – Toda mulher gosta de ser elogiada. Se queres agradar a
tíficos... ), a monossemia é valor positivo, enquanto a ambi- uma, mostra-lhe suas qualidades.
guidade e a polissemia devem ser evitadas.
II – Toda mulher gosta de ser elogiada. Se queres agradar a
Sinonímia: existência de palavras ou termos com signi- uma, mostra-lhe seus defeitos.
ficados convergentes, semelhantes: vermelho e encarnado,
brilho e luminosidade, branquear e alvejar... Assinale C para certo e E para errado.
1. ( ) O texto I exemplifica raciocínio incoerente.
Antonímia: existência de palavras ou termos de sentidos 2. ( ) O texto II desenvolve raciocínio coerente.
opostos: claro e escuro, branco e negro, alto e baixo, belo 3. ( ) A incoerência se faz presente em ambos os parágra-
e feio... fos.
4. ( ) Os dois parágrafos são perfeitamente coerentes.
Homonímia: palavras iguais na escrita ou no som com 5. ( ) O raciocínio do texto I é perfeitamente lógico e
sentidos diferentes: cassa e caça, cardeal (religioso), cardeal coerente.
(pássaro), cardeal (principal)... 6. ( ) O desenvolvimento racional do texto II peca por
Língua Portuguesa
incoerência.
Paronímia: palavras parecidas: eminência e iminência,
vultoso e vultuoso...
Gabarito: itens 1, 2, 3 e 4 errados; itens 5 e 6 certos.
Qualidades do Texto
Concisão
Um texto bem redigido deve ter algumas qualidades.
A seguir, cada tópico apresenta uma dessas qualidades e, Concisão é a capacidade de se falar com poucas palavras.
também, seu defeito, o oposto. O seu oposto é prolixidade.
7
Questões Elemento coesivo: “aprovação” retoma “foram apro-
vados”.
I – Andresa trouxe Ramiro e Osvaldo à minha presença, no
meu escritório e me apresentou essas duas pessoas. Pronominalização: pronome retomando ou antecipando
substantivo.
II – Andresa trouxe-me ao escritório Ramiro e Osvaldo e Conector: na frase anterior, “lhes” retoma “alunos”.
mos apresentou.
Repetição vocabular: repetição de palavra.
Assinale C para certo e E para errado. A mulher se apoia no homem e o homem na mulher.
1. ( ) Os dois textos apresentam o mesmo teor informa- Elemento coesivo: na segunda oração repetem-se os
tivo. substantivos “homem” e “mulher”.
2. ( ) O primeiro é mais prolixo (dezessete palavras, uma
vírgula e um ponto final). Sintetização: uso de expressão sintetizadora.
3. ( ) O segundo é mais conciso (onze palavras e um ponto Viagens, passeios, teatros, espetáculos... Tudo nos mos-
final). tra o mundo.
4. ( ) A última oração da frase II deve ser corrigida para Conector: na segunda oração, a expressão “tudo” sinte-
“e nos apresentou”. tiza “Viagens, passeios, teatros, espetáculos...”.
5. ( ) No período II, “mos” funciona como objeto indireto e
direto, porque representa a fusão de dois pronomes Uso de numerais:
oblíquos átonos (me + os). São possíveis três situações. A primeira é ela estar sendo
sincera. A segunda é estar mentindo. A terceira é não
saber o que fala.
Gabarito: itens 1, 2, 3 e 5 certos; item 4 errado. Elemento coesivo: os ordinais, “primeira”, “segunda” e
“terceira” retomam o cardinal “três”.
Correção Gramatical
Uso de advérbios:
Correção é o ajuste do texto a um determinado padrão Hesitando, entrou no quarto de Raquel. Ali deveria estar
gramatical. Tradicionalmente as provas sempre visaram a escondida a resposta.
medir o conhecimento da norma culta (também chamada de Conector: o advérbio “Ali” recupera a expressão “quarto
erudita ou padrão), por isso, quando simplesmente pedem de Raquel”.
para apontar o que está certo ou errado gramaticalmente,
estão-se referindo à adequação ou inadequação do texto a Elipse: omissão de termo facilmente identificável.
essa norma culta. Nós chegamos ao jardim. Estávamos sedentos.
Elemento coesivo: a desinência verbal “mos” retoma o
Questões sujeito “nós” expresso na primeira oração.
I – Nóis num é loco, nóis só véve ansim pruquê nóis qué. Sinonímia: palavras ou expressões de sentidos seme-
lhantes.
II – Não somos loucos, só vivemos assim porque queremos. O extenso discurso se prolongou por mais de duas ho-
ras. A peça de oratória cansativa foi responsável pelo
Assinale C ou E, conforme julgue a afirmação certa ou errada. desinteresse geral.
a) O texto I está correto em relação ao padrão popular Conector: o sinônimo “peça de oratória” retoma a ex-
regional e errado relativamente ao culto. pressão “discurso”.
b) O texto II está certo de acordo com o padrão culto e
errado se a referência for o popular regional. Hiperonímia: hiperônimo é palavra cujo sentido abrange
o de outra(s). Roupa constitui hiperônimo em relação a
calça, vestido, paletó, camisa, pijama, saia...
Gabarito: ambas as afirmações estão corretas.
Ela escolheu a saia, a blusa, o cinto, o sapato e as meias...
Aquele conjunto estaria, sim, adequado ao ambiente.
Coesão e conectores Elemento coesivo: o hiperônimo “conjunto” retoma os
substantivos anteriores.
Coesão é a inter-relação bem construída entre as partes
de um texto e se faz com o uso de conectores ou elementos Hiponímia: hipônimo é palavra de sentido incluído no
coesivos. Seu antônimo é incoesão ou desconexão. sentido de outra. Boneca, pião, pipa, bambolê, carrinho,
bola de gude... são hipônimos de brinquedo.
Coesão gramatical (ou coesão referencial endofórica) Naquela disputa havia cinco times, contudo apenas o
Flamengo se pronunciou.
Os componentes de um texto se inter-relacionam, referin- Conector: o hipônimo “Flamengo” cria coesão com a
Língua Portuguesa
do-se uns aos outros, evidenciando o que se chama coesão palavra “times”.
referencial endofórica, ou coesão gramatical. Além do uso das
preposições e conjunções, eis alguns recursos de coesão refe- Anáfora: chama-se anafórico ao elemento de coesão
rencial endofórica e seus elementos coesivos ou conectores: que retoma algo já dito.
Nominalização: substantivo que retoma ideia de verbo O lobo e o cordeiro se olharam; aquele, com fome; este,
anteriormente expresso. com temor.
Os alunos esforçados foram aprovados e a aprovação Coesivos anafóricos: “aquele” e “este” retomam “lobo”
lhes trouxe euforia. e “cordeiro”.
8
Catáfora: palavra ou expressão que antecipa o que vai 2. e. Uso dos demonstrativos: este refere-se ao que se vai
ser dito. falar; esse, ao que já foi dito.
Não se esqueça disto: já estamos comprometidos. 3. a. Uso dos demonstrativos: este refere-se ao que se vai
Conector catafórico: “disto” antecipa a oração “já esta- falar; esse, ao que já foi dito.
mos comprometidos”. 4. b (falar de um artigo).
5. a (falar uma frase).
Obs.: a coesão é uma qualidade do texto e sua falta cons- 6. b (fugir de algo).
titui erro. Desconexo ou incoeso é o texto a que falta coesão. 7. b (falta coesão a algo).
8. a (o dinheiro estava escondido no quarto).
Domínio dos mecanismos de coesão textual 9. b (você chegou a um local).
10. b (cujo não vem seguido de artigo).
Os mecanismos de coesão textual exigem conhecimentos
outros, como uso dos pronomes, regência, concordância, Outros Conceitos
colocação...
Barbarismo
Resolva as questões seguintes, onde aparecem 10 coesões
bem feitas e 10 imperfeitas, com relação à norma padrão Erro no uso de uma palavra.
oficial. 1. Erro de pronúncia ou grafia: Ele é adevogado e co-
nhece o pograma.
Qual dos dois textos está mais bem escrito, levando em con- 2. Erro de flexão: Eu reavi os leitães. (O certo é reouve
sideração os mecanismos de coesão textual? os leitões)
1. a) O cavalo e o ganso e a ovelha andavam lado a lado; 3. Troca de sentido: tráfico x tráfego, estrutura x esta-
enquanto este relinchava, aquele grasnava e ela tura, ascendente x descendente...
balia.
b) O cavalo e o ganso andavam lado a lado; enquanto Cacofonia
aquele relinchava, esse grasnava e esta balia.
Som desagradável ou ambíguo.
2. a) Atenção a este aviso: “Piso Escorregadio”. Meus afetos por ti são (tição). Louca dela (cadela), por
b) Atenção a esse aviso: “Piso Escorregadio”. não perceber que dedico a ti (quati) o meu amor.
5. a) Foi essa a frase que você falou. Uso de palavras ou expressões estrangeiras.
b) Foi essa a frase de que você falou. Internet, slow motion, pick-up, abat-jour, débauche,
front-light...
6. a) Era uma situação que ele fugia.
b) Era uma situação de que ele fugia. Solecismo
Erro sintático.
7. a) Estamos diante de um texto que falta coesão.
1. De regência: Emprestei de você um calção. Ele obede-
b) Estamos diante de um texto a que falta coesão.
ceu o pai.
2. De concordância: Nós vai... A gente pensamos... As
8. a) Finalmente chegou ao quarto onde estava escondido
menina...
o dinheiro.
b) Finalmente chegou ao quarto aonde estava escon-
Arcaísmo
dido o dinheiro.
Uso de palavras ou expressões antigas.
9. a) Veja o local onde você chegou. Palavras adrede escolhidas (especialmente). Brincavam
b) Veja o local aonde você chegou. de trocar piparotes (petelecos).
10. a) Convide para a mesa as senhoras cujos os maridos Neologismo
Língua Portuguesa
estão presentes.
b) Convide para a mesa as senhoras cujos maridos estão Palavra recém-inventada.
presentes. – O que ele está fazendo?
– Ah! Deve estar internetando.
Gabarito:
1. b. Uso dos demonstrativos: aquele, para o mais dis- Preciosismo
tante; esse, para o intermediário; este, para o mais
próximo. Preocupação exagerada com a construção do texto.
9
Figuras de Linguagem Silepse de Número: E o casal de garças pousaram tran-
quilamente.
Figuras de Pensamento
Silepse de Pessoa: Todos deveis estar atentos.
São as figuras que atuam no campo do significado.
Figuras de Sonoridade
Antítese: aproximação de ideias opostas – O belo e o feio
podem ser agressivos ou não. São as figuras relacionadas ao trabalho com os sons das
palavras.
Paradoxo: aparente contradição – Esta sua tia é uma Aliteração: repetição de sons consonantais próximos –
beleza de feiura. “Gil engendra em Gil rouxinol”
(Caetano Veloso)
Ironia: afirmação do contrário – O animal estava limpo,
com os cascos reluzentes, firme, saudável... Muito maltratado!
Assonância: repetição de sons vocálicos próximos –
Eufemismo: suavização do desagradável – Passou desta Cunhã poranga na manhã louçã.
para a melhor (= morreu).
Onomatopeia: tentativa de imitação do som – coxixo,
Hipérbole: exagero – Já repeti cem mil vezes. tique-taque, zum-zum, miau...
Perífrase: substituição de uma expressão mais curta Paronomásia ou trocadilho – Contudo... ele está com
por uma mais longa e pode ser estilisticamente negativa ou tudo.
positiva, dependendo do contexto.
Tropos (Uso do Sentido Figurado ou Conotação)
Texto: Apoio sinceramente sua decisão.
Perífrase: Antes de mais nada, é importante que você Comparação ou Analogia: relação de semelhança explí-
me permita neste momento comunicar-lhe meus sinceros cita sintaticamente.
sentimentos de apoio ao resultado de suas meditações. Ele voltou da praia parecendo um peru assado.
Teresa está para você, assim como Júlia, para mim.
Também constitui perífrase o uso de duas ou mais pala-
Corria como uma lebre assustada.
vras em vez de uma:
titular da presidência (= presidente); a região das mil e Sua voz é igual ao som de panela rachada.
uma noites (= Arábia)
Metáfora: relação de semelhança subentendida, sem
Figuras de Sintaxe conjunção ou palavra comparativa.
Voltou da praia um peru assado.
São as figuras relacionadas à construção da frase. A sua Tereza é a minha Júlia.
Correndo, ele era uma lebre assustada.
Elipse: omissão de termo facilmente identificável – (eu) Sua voz era uma panela rachada.
cheguei, (nós) chegamos.
Metonímia: relação de extensão de significado, não de
Hipérbato: inversão da frase – Para o pátio correram semelhança.
todos. Continente x conteúdo
Só bebi um copo. (Bebeu o conteúdo e não copo)
Pleonasmo vicioso: repetição desnecessária de ideia –
Chutou com o pé, roeu com os dentes, saiu para fora, lustro Origem x produto
de cinco anos... Comeu um bauru. (Bauru é a origem do sanduíche)
10
Parte x todo 8. ________ os direitos políticos de José Orfeu. (caçaram
Havia mais de cem cabeças no pasto. (Cem reses) - cassaram)
9. Ele perdeu seu ________ político. (mandado - mandato)
Catacrese: metáfora estratificada, que já faz parte do 10. O criminoso foi apanhado em _____________. (flagrante
uso comum. - fragrante).
Asa da xícara, asa do avião, barriga da perna, bico de 11. Os surdos não conseguem ___________ música e baru-
bule, pé de limão... lho. (descriminar - discriminar).
12. É intensa a campanha para __________ o aborto. (des-
Prosopopeia ou Personificação: criminar - discriminar)
O céu sorria aberto e cintilante... As folhas das palmeiras 13. O político foi ___________ de subversivo. (tachado -
sussurravam aos nossos ouvidos. taxado)
14. O estacionamento não era ____________ naquele pré-
Márcio Wesley dio. (tachado - taxado)
15. O professor _________ metáfora e metonímia. (deferiu
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS - diferiu)
16. O secretário ___________ o pedido do aluno. (deferiu
Emprego de Expressões, Homônimos, Parônimos, - diferiu)
Sinônimos e Antônimos 17. Chegou à cidade um _____________ conferencista.
(eminente - iminente)
Denotação consiste no sentido real, exato, dicionarizado. 18. O edital do concurso é _________ . Pode sair a qualquer
O homem tinha dez mil animais. hora. (eminente - iminente)
19. Aquele homem ____________ a “lei seca”. (infringiu -
Conotação consiste no sentido figurado, literário, ima- infligiu)
ginário. 20. O delegado _______ -lhe uma dura pena. (infringiu -
O homem tinha dez mil cabeças de gado. infligiu)
21. A escolha do candidato ___________ os prognósticos
Homônimos são palavras com escrita igual e ou pronún- do partido. (retificou - ratificou)
cia igual, mas sentidos diferentes. 22. O comentário do professor __________ os erros do es-
A sede(ê) x a sede(é) tudante. (retificou - ratificou)
sessão x cessão x seção 23. A mensagem do autor ficou _________ . (subtendida -
subentendida)
Parônimos são palavras com escrita semelhante, com 24. Com maior valor do dólar, os produtores podem
sentidos diferentes. __________ mais lucros. (auferir - aferir)
infringir = desobedecer 25. Os técnicos do Inmetro vão ___________ a balança.
inflingir = aplicar, impor (auferir - aferir)
depercebido = não foi notado 26. É verdade que, __________, a inflação deixou de inco-
desapercebido = não preparado, desprevenido modar. (em princípio - a princípio)
27. É verdade que, __________, a reunião demorou a co-
Sinônimos são palavras diferentes com sentidos seme- meçar. (em princípio - a princípio)
lhantes. 28. Todos trabalharam _________ obter reconhecimento.
cachorro / cão (a fim de - afim)
cotidiano / dia a dia 29. Priscila e Ana têm uma preocupação _______ (a fim
de - afim)
Antônimos são palavras diferentes com sentidos opostos. 30. Obteremos lucro apenas ___________ rigoroso controle.
claro / escuro (através de - por meio de)
alto / baixo
feio / bonito Gabarito
4. Hoje a ________ de trabalho se encerra às quatro. (ses- 10. flagrante 27. a princípio
são - seção - cessão - secção) 11. discriminar 28. a fim de
5. Encaminharemos à _______ de Normas Técnicas esse 12. descriminar 29. afim
texto. (sessão - seção - cessão - secção) 13. tachado 30. por meio de
6. O governo efetivou a _______ de auxílio-gás. (sessão - 14. taxado
seção - cessão - secção) 15. diferiu
7. Foi feita uma pequena ________ para introduzir o ca- 16. deferiu
teter. (sessão - seção - cessão - secção) 17. eminente
11
SINTAXE DO PERÍODO locuções conjuntivas coordenativas explicativas, que são:
pois (antes do verbo), que, porque, por quanto etc.
Saia logo, pois já são nove horas.
Relações Morfossintáticas e Semânticas no Ele está lutando, pois precisa vencer.
Período Composto Não a prejudique, porque ela é doente.
Período Composto por Coordenação
Exercícios
No período composto por coordenação, as orações re-
cebem o nome de orações coordenadas e podem ser assin- Coloque nos parênteses que precedem os períodos a seguir,
déticas ou sindéticas. em relação às orações sublinhadas:
• São assindéticas quando não são introduzidas por co- (A) para oração coordenada assindética.
nectivos (conjunções). (B) para oração coordenada sindética adversativa.
• São sindéticas quando são introduzidas por conectivos (C) para oração coordenada sindética aditiva.
(conjunções). (D) para oração coordenada sindética alternativa.
(E) para oração coordenada sindética explicativa.
Observe: (F) para oração coordenada sindética conclusiva.
No período:
Compramos, vendemos, fazemos qualquer negócio. 1. ( ) O vaqueiro do Sul ou está cavalgando ou está par-
Há quatro orações coordenadas e todas assindéticas. ticipando de corrida.
2. ( ) Havia muita gente na sala, mas ninguém socorreu
Porém no período: a vítima.
As casas estavam fechadas e as ruas desertas. 3. ( ) O vaqueiro no Norte conhece bem os seus espaços,
Há duas orações coordenadas, sendo a primeira assin- pois nasceu nas caatingas.
dética e a segunda sindética. 4. ( ) Ele devia estar muito enfraquecido, pois desmaiou.
5. ( ) O trabalho do vaqueiro é duro, portanto ele tem de
As orações coordenadas sintédicas podem ser: ser um homem forte.
6. ( ) Você vem comigo, ou vai-se embora com eles?
1. Orações coordenadas sindéticas aditivas 7. ( ) Telefonei-lhe ontem, mas você tinha saído.
Quando simplesmente ligadas à anterior, sendo introdu- 8. ( ) Meus amigos, o verdadeiro homem não foge, en-
zidas por conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas frenta tudo.
aditivas, que são: e, nem, e não, mas também, bem como, 9. ( ) Ele foi a São Paulo de automóvel e voltou de avião.
também etc. 10. ( ) Passou a noite, veio o novo dia e ele continuava
Ele não toma uma atitude nem nos apoia. dormindo.
A casa foi vendida e o carro trocado.
11. ( ) Você não estuda, portanto não passará de ano.
Ele comprou o carro e não comprou a casa.
12. ( ) Tudo parecia difícil, mas ela não reclamava, nem
perdia o ânimo.
2. Orações coordenadas sindéticas adversativas
Quando o seu sentido se opõe ao da anterior, sendo in- 13. ( ) Havia problemas, mas ninguém tentava resolvê-los.
troduzidas por conjunções ou locuções conjuntivas coorde- 14. ( ) Ninguém nos atendeu; ou estavam dormindo, ou
nativas adversativas, que são: mas, porém, todavia, contudo, tinham saído.
entretanto, no entanto, não obstante etc. 15. ( ) Não perturbes teu pai, que ele está trabalhando.
Queremos lutar, mas ninguém nos apoia. 16. ( ) Nós o prevenimos; portanto ele acautelou-se.
Estou estudando, porém preciso parar. 17. ( ) Ele não só me atrapalha, como também me preju-
Ele estudou, contudo não passou. dica.
18. ( ) Nós o prevenimos, mas ele descuidou-se.
3. Orações coordenadas sindéticas alternativas 19. ( ) Vocês sentem-se prejudicados; ninguém, no entan-
Quando têm significados que se excluem (ou um ou ou- to, protesta.
tro), sendo introduzidas por conjunções ou locuções conjun- 20. ( ) Certamente ele acautelou-se, pois nós o prevenimos.
tivas coordenativas alternativas, que são: ou, ou... ou, já... 21. ( ) Tudo já está terminado, portanto vamo-nos embora.
já, ora... ora, seja... seja, quer... quer etc. 22. ( ) Provavelmente seremos punidos, porque transgre-
Ou ele resolve tudo, ou tenho de ir eu mesmo. dimos a lei.
Quer estude, quer trabalhe, ele não muda. 23. ( ) O professor não veio; logo não haverá aula.
Esta terra é assim mesmo, ora chove, ora faz sol. 24. ( ) Transgredimos a lei, logo seremos punidos.
25. ( ) Você se diz meu amigo, todavia nem sempre o en-
4. Orações coordenadas sindéticas conclusivas tendo.
Quando exprimem uma conclusão, sendo introduzidas
por conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas con- Gabarito
Língua Portuguesa
clusivas, que são: logo, portanto, então, por isso, por con-
seguinte, pois (depois do verbo) etc.
1. D 8. A 15. E 22. E
Houve algum engano, por isso vamos verificar.
2. B 9. C 16. F 23. F
Ele estudou muito, logo venceu na vida.
3. E 10. A 17. C 24. A
Ele pagou seus compromissos, então merece crédito.
4. E 11. F 18. B 25. B
5. F 12. B 19. B
5. Orações coordenadas sindéticas explicativas
6. D 13. A 20. E
Quando encerram uma explicação daquilo que vem ex-
7. B 14. D 21. F
presso na anterior, sendo introduzidas por conjunções ou
12
Período Composto por Subordinação Período simples:
Meu desejo é a vossa felicidade.
Vimos no período composto por coordenação que as (predicativo do sujeito)
orações são independentes, não havendo nenhuma ligação Período composto:
de subordinação entre elas, ou seja, uma principal e uma, Meu desejo é que sejais feliz.
ou várias subordinadas. (oração subordinada substantiva predicativa)
Quanto ao período composto por subordinação, haverá f) Aposto – oração subordinada substantiva apositiva
uma espécie de dependência entre elas, havendo é claro, Desempenha a função de aposto da oração principal.
uma principal e uma ou mais subordinadas. Veja:
As orações de um período composto por subordinação Período simples:
podem ser. Só quero uma coisa: a tua absolvição.
• substantivas (aposto)
• adjetivas Período composto:
• adverbiais Só quero uma coisa: que sejais absolvido.
(oração subordinada substantiva apositiva)
• Orações Subordinadas Substantivas
Observação:
As orações subordinadas substantivas, além de desempe- Você deve ter notado que as orações subordinadas subs-
nharem as funções de substantivo, desempenham também tantivas começaram todas por:
as funções dos elementos de um período simples, ou seja: • Conjunção integrante: que ou se
a) Sujeito – oração subordinada substantiva subjetiva Todavia podem também ser introduzidas por:
Desempenha a função de sujeito da oração principal. • Advérbio interrogativo: por que? onde? quando?
Veja: como?
Período simples: • Pronomes interrogativos: que? quem? qual? quanto?
É necessário a morte do peru.
(sujeito) • Pronomes indefinidos: quem? quantos?
Período composto:
É necessário que o peru morra. Exercícios
(oração subordinada substantiva subjetiva)
Coloque nos parênteses que precedem os períodos a seguir,
b) Objeto direto – oração subordinada substantiva ob- analisando o que estiver sublinhado.
jetiva direta (OSSSU) para oração subordinada substantiva subjetiva.
Desempenha a função de objeto direto da oração prin- (OSSSOD) para oração subordinada substantiva objetiva di-
cipal. reta.
Veja: (OSSSOI) para oração subordinada substantiva objetiva in-
Período simples:
direta.
Eu quero a tua colaboração.
(objeto direto) (OSSSPR) para oração subordinada substantiva predicativa.
Período composto: (OSSSAP) para oração subordinada substantiva apositiva.
Eu quero que tu colabores. (OSSSCN) para oração subordinada substantiva completava
(oração subordinada substantiva objetiva direta) nominal.
1. ( ) Ali, bem ali, esperávamos que os balões caíssem.
c) Objeto indireto – oração subordinada substantiva 2. ( ) É necessário que você colabore.
objetiva indireta 3. ( ) Alberto disse que não morava na cidade.
Desempenha a função de objeto indireto da oração 4. ( ) Ficamos à espera de que o barco se aproximasse.
principal. 5. ( ) Somos gratos a quem nos ajuda.
Veja: 6. ( ) Reconheço-lhe uma qualidade: você é sincera.
Período simples: 7. ( ) O sonho do pai era que o filho se formasse.
Eu preciso de tua colaboração. 8. ( ) Convém que te justifiques.
(objeto indireto)
Período composto: 9. ( ) Está provado que esta doença já tem cura.
Eu preciso de que tu colabores. 10. ( ) Roberto era quem mais reclamava.
(oração subordinada substantiva objetiva indireta)
11. No período: “Que conversassem de amores, é possível”.
d) Complemento nominal – oração subordinada subs- A primeira oração classifica-se como:
tantiva completiva nominal a) subordinada substantiva predicativa.
Desempenha a função de complemento nominal da b) subordinada substantiva apositiva.
oração principal. c) subordinada substantiva subjetiva.
Veja: d) subordinada substantiva objetiva direta.
Período simples: e) Principal.
Sou favorável à execução da fera.
Língua Portuguesa
(complemento nominal)
12. A oração sublinhada em: “Não permita Deus que eu
Período composto:
morra...” tem:
Sou favorável a que executem a fera.
(oração subordinada substantiva completiva nominal) Valor de função sintática de
a) adjetivo objeto direto
e) Predicativo – oração subordinada substantiva pre- b) substantivo sujeito
dicativa c) advérbio adjunto adverbial
Desempenha a função de predicativo do sujeito da ora- d) substantivo objeto direto
ção principal. e) adjetivo sujeito
13
13. Observe as orações sublinhadas nos períodos seguintes: Que: Mulher que muito se mira, pouco fiado tira.
I – Era necessário que Tistu compreendesse. Quem: Sou eu quem perde.
II – Todos esperavam que vencêssemos.
III – Tistu precisava de que o ajudassem. Observação:
Para analisar orações em que entre o relativo quem, é
São respectivamente: necessário desdobrá-lo em: aquele que.
a) objetiva direta, objetiva direta e subjetiva. Qual: Dê-me o troco do dinheiro com o qual você pagou
b) subjetiva, objetiva direta e objetiva indireta. a entrada.
c) subjetiva, subjetiva e completiva nominal. Cujo: Xadrez é um jogo cujas regras nunca entendi.
Onde: Conheço a rua onde mora o professor.
d) predicativa, completiva nominal e subjetiva.
e) subjetiva, objetiva indireta e objetiva direta. Observação:
Onde = em que
14. Numere corretamente, de acordo com a classificação Quanto: Tudo quanto existe é obra divina.
das orações subordinadas substantivas:
(1) Subjetiva A oração subordinada adjetiva pode ser:
(2) Objetiva direta
(3) Objetiva indireta Restritiva ou Explicativa
(4) Predicativa
(5) Completiva nominal É restritiva quando restringe ou limita o sentido do nome
(6) Apositiva ou pronome a que se refere. A qualidade ou propriedade
expressa pela oração subordinada adjetiva, nesses casos, não
( ) Fabiano viu que tudo estava perdido. é intrínseca, não é essencial ao nome ou pronome a que se
( ) O seu desespero era que os bichos se finavam. reporta a oração.
( ) Era preciso que chovesse. O homem que crê, nunca se desespera.
( ) Tudo dependia de que Deus fizesse um milagre. Oração principal: O homem nunca se desespera.
( ) Eles só esperavam uma coisa: que chovesse. Oração subordinada adjetiva: que crê.
( ) Sinhá Vitória fez referência a que Fabiano a acom- Justificativa: Nem todo homem crê.
panhasse. Logo, a crença não é qualidade comum a todos os ho-
mens.
Assinale a sequência obtida: A oração restringe ou limita o sentido do termo homem,
a) 2 – 4 – 1 – 3 – 6 – 5 pois o autor refere-se somente ao homem que crê, e não a
b) 2 – 4 – 3 – 1 – 5 – 6 todo e qualquer homem.
c) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6
d) 2 – 4 – 1 – 6 – 5 – 3 É explicativa quando exprime uma qualidade inerente,
essencial ao nome com que se relaciona.
Gabarito O homem, que é mortal, tem no túmulo o epílogo da vida.
Oração principal: O homem tem no túmulo o epílogo da
1. OD 5. CN 9. SU 13. b vida.
2. SU 6. AP 10. PR 14. a Oração subordinada adjetiva explicativa: que é mortal.
3. OD 7. PR 11. c Justificativa: todo homem é mortal.
4. CN 8. SU 12. d Logo, a morte é inerente à natureza do homem.
e está sendo introduzida pelo pronome relativo que. Diga-me onde mora o professor.
oração sub. sub. ob. direta
Veja outros exemplos:
Restavam-se as conversas interrompidas à noite. Ficamos admirados todos quantos o viram.
Restavam-se as conversas que eram interrompidas à noite. Antecedente expresso: todos
Algumas fábricas liberam gases prejudiciais à saúde. Or. sub. adj. restr.: quantos o viram
Algumas fábricas liberam gases que prejudicam à saúde.
As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por Veja quanto pode emprestar-me.
um pronome relativo (que, quem, qual, cujo, onde, quando). or. sub. sub. obj. direta
14
• Oração Subordinada Adjetiva • Orações Subordinadas Adverbiais
15
toras são: antes que, quando, assim que, logo que, até que, h) ( ) Os preços dos gêneros alimentícios aumentam
depois que, mal, apenas. diariamente, porque a inflação está acelerada.
Assim que deu o sinal, os alunos saíram. i) ( ) Semeie hoje, para que colha bons frutos amanhã.
j) ( ) Os deveres tomam-se agradáveis, se os cumpri-
Exercícios mos com boa vontade.
k) ( ) Os outros nos tratam, conforme os tratamos.
1. No período: “As nuvens são cabelos crescendo como l) ( ) À proporção que lemos, vamos adquirindo mais
rios” (JCMN). cultura.
A oração sublinhada é classificada como: m) ( ) Só valorizamos certas coisas, quando as perdemos.
a) adverbial consecutiva. n) ( ) Tanto vai o vaso à fonte, que um dia se rompe.
b) adverbial final. o) ( ) O amor só floresce, se o regarmos com muito
c) adverbial proporcional. carinho.
d) adverbial comparativa. p) ( ) O silêncio pode comunicar tanto, quanto a palavra.
q) ( ) Habituai-vos a obedecer, para aprender a mandar
2. Nos versos: (R.R.)
r) ( ) Se eu não fosse imperador, desejaria ser profes-
“... delas se emite um canto
sor (D. Pedro II)
de uma tal continuidade
s) ( ) Os olhos nunca enganam; nem mesmo quando
que continua cantando (1)
pretendem enganar.
se deixa de ouvi-lo a gente; t) ( ) Se os espelhos falassem, haveria menos gente
como a gente às vezes canta (2) diante deles.
para sentir-se existente” (3)
(J.C.M.N.)
Gabarito
Temos nos versos (1), (2) e (3) sublinhados, respectiva-
mente, orações subordinadas adverbiais: 1. d c) 4 i) 7 o) 4
a) consecutiva ‑ comparativa – final. 2. a d) 2 j) 4 p) 2
b) final – proporcional – comparativa. 3. c e) 9 k) 5 q) 7
c) Causal – conformativa – final. 4. c f) 3 l) 8 r) 4
d) causal – comparativa – final. 5. a) 8 g) 6 m) 9 s) 9
b) 5 h) 1 n) 6 t) 4
3. No período: “Não permita Deus que eu morra sem que
eu volte para lá”. (Gonçalves Dias)
A oração subordinada adverbial deve ser classifica como: Exercícios
a) comparativa.
b) consecutiva. (MMA) Foram expedidas cerca de 7 mil cartas de expulsão
de brasileiros no ano passado. O medo faz parte da rotina
c) condicional.
de boa parte dos cerca de 60 mil brasileiros sem papéis,
d) final.
que vivem de casa para o trabalho e do trabalho para casa,
receosos de serem detidos e repatriados.
4. No período: “Como havia pouca gente presente, a reu-
1. O uso das vírgulas justifica-se por isolar oração subor-
nião foi suspensa”. dinada adjetiva restritiva.
A oração destacada apresenta uma circunstância de:
a) tempo. (MMA/Analista) Quando, há cerca de cinco anos, chegou ao
b) condição. mercado brasileiro o primeiro modelo de carro bicombustí-
c) causa. vel, que pode utilizar gasolina e álcool em qualquer propor-
d) consequência. ção, ninguém apostava no seu êxito imediato e muito menos
na sua permanência no mercado por muito tempo.
5. Coloque nos parênteses que precedem os períodos 2. A vírgula após “bicombustível” isola oração subordinada
abaixo, em relação às orações subordinadas adverbiais adjetiva explicativa.
sublinhadas:
(1) para causal (MPE-RR/Atendente) Os Estados Unidos da América (EUA),
(2) para comparativa que desde a última década vinham relegando para um segun-
(3) para concessiva do plano esforços direcionados à conservação de energia – os
(4) para condicional carros grandes têm hoje maior participação relativa, no total
(5) para conformativa da frota norte-americana, que a registrada antes do primeiro
(6) para consecutiva choque do petróleo, em 1973/1974 –, até estabeleceram me-
(7) para final tas ambiciosas de redução do consumo de óleo no setor de
(8) para proporcional transportes, contando com expressiva produção de etanol.
(9) para temporal 3. A vírgula empregada após “transportes” isola oração
adjetiva restritiva.
a) ( ) À medida que o trem se aproximava, o barulho
Língua Portuguesa
16
(Teresina-PI/Agente Fiscal) A produtividade industrial, que Anita trabalhou e estudou.
se mede dividindo o volume da produção pelo número de O povo não só exige respeito, mas também paga im-
trabalhadores, vem crescendo há bastante tempo, mas, até postos.
recentemente, o crescimento era fruto da redução do nível
de emprego. Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto,
5. A oração “que se mede dividindo o volume da produ- entretanto, não obstante.
ção pelo número de trabalhadores” está entre vírgulas O país cresceu, mas não gerou empregos.
porque tem natureza restritiva.
Alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja.
Emprego das Conjunções Ou saio para ir com você ou fico em casa.
1) Conjunções subordinativas e locuções prepositivas Conclusivas: logo, pois (após o verbo da oração e entre
Causais: porque, pois, visto que, já que, na medida em vírgulas), portanto, assim, por isso, por conseguinte, dessar-
que, que, visto como, uma vez que, como (anteposto à oração te/destarte, posto isso.
principal), porquanto. Mílvio estuda Português faz dois anos, portanto já sabe
Os turistas desistiram da visita, visto que chovia. muito.
Já que o país não crescia, o investidor se retirava.
Explicativas: pois (antes do verbo), que ( = porque), por-
Concessivas: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, porquanto.
que, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que, Feche a porta, que está frio.
apesar de, não obstante, malgrado, conquanto. O país cresceu, porque o desemprego diminuiu.
Embora chova, sairei.
Por mais que tente, não te entendo. Exercícios
A fé ainda move montanhas, posto que esteja abalada.
Malgrado seja domingo, ela está trabalhando. (Banco do Brasil/Escriturário) As empresas que pretendem
fazer um investimento social mais eficaz tendem a não ser as
Condicionais: se, caso, desde que, contanto que, a não executoras dos projetos, contratando consultores ou orga-
ser que, sem que. nizações especializadas para desenvolvê-los. Ao adotar essa
O amor não se rompe, desde que sejam fortes os laços. estratégia, a empresa compartilha o papel de produtora so-
Se viagens instruíssem homens, os marinheiros seriam cial com a organização executora.
o mais sábios. 6. A substituição de “Ao adotar” por Quando adota man-
A não ser que trabalhe, não prosperará. tém a correção gramatical e o sentido original do perí-
odo.
Consecutivas: tal que, tanto que, de sorte que, de modo
que, de forma que, tamanho que. (Banco do Brasil/Escriturário) O número de mulheres no
A fé era tamanha que muitos milagres se operavam. mercado de trabalho mundial é o maior da História, tendo
Choveu tanto que a ponte caiu. alcançado, em 2007, a marca de 1,2 bilhão, segundo relatório
da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em dez anos,
Conformativas: conforme, como, segundo, consoante. houve um incremento de 200 milhões na ocupação feminina.
Chorarão as pedras das ruas, como diz Jeremias sobre as Ainda assim, as mulheres representaram um contingente
de Jerusalém destruída. distante do universo de 1,8 bilhão de homens empregados.
7. O desenvolvimento das ideias do texto confere à ora-
Comparativas: como, assim como, tal qual, que, do que, ção reduzida iniciada por “tendo alcançado” um valor
(tanto) quanto / como. adjetivo, correspondente a que tem alcançado.
Janete estuda mais que trabalha. 8. A relação de sentidos entre as orações do 1º parágrafo
Elias canta tal qual Zezé. do texto permite substituir “Ainda assim” por No en-
Jesus crescia tanto em estatura quanto em sabedoria. tanto ou por Apesar disso, sem prejuízo da correção
gramatical do texto.
Finais: para que, porque, a fim de que, para, a fim de.
O gerente deu ordens para que nada faltasse aos hós- (Banco do Brasil/Escriturário) Vale notar, também, que os
pedes. bons resultados dos bancos médios brasileiros atraíram gran-
Estudei porque vencesse na vida. des instituições do setor bancário internacional interessa-
das em participação segmentada em forma de parceria. O
Proporcionais: à medida que, à proporção que, ao pas- Sistema Financeiro Nacional só tem a ganhar com esse tipo
so que, quanto mais... mais, quanto mais... menos, quanto de integração. Dessa forma, o cenário, no médio prazo, é
menos... mais, quanto menos... menos. de acelerado movimento de fusões entre bancos médios,
Quanto mais conhecia os homens, mais Pafúncio confiava processo que já começou. Será um novo capítulo da história
em Deus. bancária do país.
À medida que enxergava, o ex-cego se alegrava. 9. A relação semântico-sintática entre o período que ter-
mina em “parceria” e o que começa com “O Sistema
Língua Portuguesa
Temporais: quando, enquanto, logo que, antes que, de- Financeiro” seria corretamente explicitada por meio da
pois que, mal, sempre que. conjunção Entretanto.
Sempre que corríamos à janela, assistíamos ao pôr-do-sol.
Mal as provas chegaram, os alunos se agitaram. (Banco do Brasil/Escriturário) A Airbus mantém 4.463 aerona-
ves em operação, enquanto a Boeing tem 24 mil – incluindo
2) Conjunções coordenativas (para comparar e distin- 5 mil Boeing 737, o principal rival do Airbus 320, o mesmo
guir) modelo do envolvido em recente acidente aéreo. As duas
Aditivas: e, nem ( = e não), mas também. empresas travam um duelo à parte pelo mercado da aero-
Astolfo não cantou nem dançou. náutica. No ano passado, a Airbus recebeu 791 encomendas
17
contra 1.044 da Boeing. No entanto, a Airbus entregou 434 E então a paz começa a chegar.
aviões a jato; sua concorrente, 398. 46 A paz é uma infatigável busca de valores para o bem
10. O termo “enquanto” pode, sem prejuízo para a correção de todos. É o esforço criador da humanidade gerando
gramatical do período, ser substituído por ao passo que. recursos econômicos, culturais, sociais, morais, espiri-
49 tuais, que são indispensáveis à subsistência, ao cresci-
(Banco do Brasil/Escriturário) Uma pesquisa realizada em 16 mento e ao relacionamento consciente e fraterno da
países mostrou que os jovens brasileiros são os que colecio- humanidade.
nam o maior número de amigos virtuais. A média brasileira
de contatos é mais do que o dobro da mundial, que tem como Acerca das ideias e da sintaxe do texto, julgue os itens.
base países como Estados Unidos da América (EUA) e China. 14. A oração “Pois o que importa são as situações concretas”
11. Em “mais do que”, a eliminação de “do” prejudica a cor- (l.11-12) estabelece uma relação de causa com a oração
reção gramatical do período. anterior.
15. A oração “Se a humanidade quiser a paz efetiva” (l. 20)
(Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o estabelece uma relação de condição.
desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em 16. Nos períodos “A paz conformista que adia soluções”
escala mundial – como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun- (l. 25), “A paz alienante que distrai a consciência” (l. 28)
do – quanto regional, com disputas nos vários continentes. e “A paz cúmplice que disfarça absurdos” (l. 31), o vo-
12. O emprego de “tanto” está articulado ao emprego de cábulo “que” é um pronome relativo que exerce função
“quanto” e ambos conferem ao período o efeito de sen- de sujeito.
tido de comparação. 17. Na oração “A paz é uma infatigável busca de valores”
13. Subentende-se após “quanto” a elipse da expressão (l. 46), a expressão sublinhada é predicativo do sujeito.
como.
Julgue os itens subsequentes, relativos à sintaxe do trecho:
(CBM-ES/Soldado) Exigências da paz “Expressa o modo existencial como os homens trabalham,
se relacionam e conduzem o destino da História”.
1 Acredito na paz e na sua possibilidade como forma 18. Subentende-se a expressão essa forma de convivência
normal de existência humana. Mas não acredito nas ca- como sujeito da forma verbal “Expressa”.
ricaturas de paz que nos são constantemente propostas, 19. Antes de “se relacionam” e de “conduzem” subentende-
4 e até inculcadas. Há por aí uma paz muito proclamada, -se o conector “como”.
mas que na realidade atrapalha a verdadeira paz. 20. A expressão “o destino da história” é complemento
A paz não é uma abstração. É uma forma de convi- direto das formas verbais “trabalham”, “relacionam” e
7 vência humana. Expressa o modo existencial como os “conduzem”.
homens trabalham, se relacionam e conduzem o destino
da História. (CPC) Se a Holanda tivesse vencido os portugueses no Nor-
10 Sendo assim, não adianta apregoar a sublime paz. deste no século XVII, nosso herói não seria Matias de Albu-
Que não passe de fórmula sem conteúdo. Pois o querque, mas Domingos Fernandes Calabar, senhor de terras
que importa são as situações concretas em que vive a e contrabandista que traiu os portugueses e se passou para
13 humanidade. o lado dos batavos.
Sociedade pacífica não é a sociedade que usa e con- 21. A substituição de “Se a Holanda tivesse vencido” por
Tivesse a Holanda vencido preserva a correção e o sig-
some slogans de paz, mas a que desenvolve concreta-
nificado.
16 mente formas de existência social em que os homens
vivam com dignidade, e possam participar dos valores
(Seplag/DFTrans/Técnico)
materiais e espirituais que respondam às necessidades
19 básicas da vida humana. 1 A compreensão dos processos históricos relacio-
Se a humanidade quiser a paz efetiva, deve estar nados a determinados assuntos é possível quando se
disposta a remover tudo aquilo que a impede. E a buscar levam em consideração manifestações concretas que
22 tudo aquilo que a possibilita. Antes de tudo, remover a 4 acontecem na vida das pessoas, contextualizando-as no
falsa paz: A paz concordista que aceita, com tolerância espaço e no tempo. Assim sendo, é de suma importância
descabida, situações injustas. relacionar fatos históricos brasileiros ao desenvolvimen-
25 A paz conformista que adia soluções contorna pro- 7 to dos meios de transporte para facilitar o entendimento
blemas, silencia dramas sob a alegação de que o mun- da participação e da importância destes na integração
do sempre foi assim, e de que é preciso esperar com das regiões brasileiras e no seu desenvolvimento so-
28 paciência. 10 cioeconômico.
A paz alienante que distrai a consciência para que Tão antigos quanto a existência do próprio homem
não se percebam os males que machucam o corpo e são o desejo e a necessidade humanos de se deslocar, de
31 encolerizam a alma da humanidade. A paz cúmplice que 13 se mover, de transportar, enfim, de transitar, fato que se
disfarça absurdos, desculpa atrocidades, justifica opres- antecipa mesmo ao surgimento dos meios de transporte.
sões e torna razoáveis espoliações desumanas. Foi exatamente pela necessidade de transitar que, há
34 A paz não tem a missão de camuflar erros, mas 16 500 anos, os europeus chegaram ao continente ameri-
de diagnosticá-los com lucidez. Não é um subterfúgio cano e fizeram do território que hoje se chama Brasil o
Língua Portuguesa
para evitar a solução reclamada. Existe para resolver o seu espaço de exploração. Entretanto, para descobrir as
37 problema. 19 potencialidades de um país com tamanha vastidão terri-
Pode haver paz onde há fome crônica? Pode haver torial e conhecê-lo em sua totalidade, desenrolaram-se
paz no lar em que a criança está morrendo por falta de muitas histórias.
40 remédios? Pode haver paz onde há desemprego? Pode
haver paz onde o ódio domina? Pode haver paz onde a 22. A relação que o período iniciado por “Assim sendo”
perseguição age bem acobertada? Nesses casos, o pri- (l. 5-6) mantém com as ideias do período imediatamente
43 meiro passo é suprimir a fome, a doença, o desemprego, anterior permite que esse termo seja substituído por
o ódio, a perseguição. Desse modo ou Por isso.
18
23. As ocorrências da preposição “para” nas linhas 7 e 18 30. A expressão “A despeito da” pode, sem prejuízo para a
introduzem, no desenvolvimento da argumentação, fi- correção gramatical e as informações originais do perí-
nalidades para as ações centradas em “relacionar” (l. 6) odo, ser substituída por qualquer uma das seguintes:
e em “desenrolaram-se” (l. 20), respectivamente. Apesar da, Embora haja, Não obstante a.
(MMA/Analista) Por ironia, as notícias mais frequentes pro- (Prefeitura de Vila Velha-ES) O restante corresponde à água
duzidas pelas pesquisas científicas relatam não a descober- salgada dos mares (97%) e ao gelo nos polos e no alto das
ta de novos seres ou fronteiras marinhas, mas a alarmante montanhas. Administrar essa cota de água doce já desperta
escalada das agressões impingidas aos oceanos pela ação preocupação.
humana. 31. A oração “Administrar essa cota de água doce” exerce
24. O termo “mas” corresponde a qualquer um dos seguin- função sintática de sujeito.
tes: todavia, entretanto, no entanto, conquanto.
Ele só descobre que um bem é fundamental quando dei-
(MPE-RR/Atendente) Enquanto autoridades internacionais xa de possuí-lo. Preso naquele porão, eu descobria que a
vêm condenando duramente a expansão da produção de liberdade mais importante que existia era a liberdade de ir
biocombustíveis, o governo federal arma-se, acertadamente, e vir, a liberdade de movimento. Eu tinha todas as outras
para enfrentar a onda de rejeição daí nascida. liberdades, preso no porão.
25. A substituição do termo “Enquanto” por À medida que 32. A oração “que um bem é fundamental” exerce a mesma
prejudica a correção gramatical do período. função sintática que “todas as outras liberdades”.
(MRE/Assistente de Chancelaria) O boom no preço das com- 33. No trecho “de que me adiantava isso”, o pronome “isso”
modities exportadas pelo Brasil amplia o fôlego da economia complementa a forma verbal “adiantava”.
nacional para absorver importações crescentes sem ameaçar
o equilíbrio externo. O nível do câmbio, entretanto, também (Abin/Analista) A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência
produz efeitos adversos, não neutralizados pela política eco- (Sisbin) e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligência
nômica. (Abin) permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a ativi-
26. O termo “entretanto” pode, sem prejuízo para a corre- dade de Inteligência, mediante uma ação coordenadora do
ção gramatical e a informação original do período, ser fluxo de informações necessárias às decisões de governo, no
substituído por qualquer um dos seguintes: contudo, que diz respeito ao aproveitamento de oportunidades, aos
mas, porém, todavia, conquanto. antagonismos e às ameaças, reais ou potenciais, relativos
aos mais altos interesses da sociedade e do país.
34. O primeiro período sintático permaneceria gramatical-
(MRE/Assistente de Chancelaria) Certamente, o recorde de
mente correto e as informações originais estariam pre-
atração de investimentos externos confirmado agora tem
servadas com a substituição da palavra “mediante” por
relação direta com o fato de o país ter-se transformado de
qualquer uma das seguintes expressões: por meio de,
devedor em credor internacional. Ao assegurar um volume
por intermédio de, com, desencadeando, realizando,
de reservas cambiais superior ao necessário para garantir o
desenvolvendo, empreendendo, executando.
pagamento da dívida externa, o Brasil tranquilizou os credo-
res sobre a sua possibilidade de honrar os compromissos. O dinheiro foi aplicado em um poderoso esquema para evitar
27. A substituição de “Ao assegurar” por Quando assegurou ataques terroristas, como ocorreu nos Jogos de Munique, em
prejudica a correção gramatical do período e altera as 1972, quando palestinos da organização Setembro Negro
suas informações originais. invadiram a Vila Olímpica e mataram dois atletas israelenses.
35. A inserção de o que imediatamente antes de “ocorreu”
(MRE/Assistente de Chancelaria) O afastamento de Fidel Cas- prejudicaria a sintaxe do período e modificaria o sentido
tro, como quer que deva ser analisado de diversos pontos da informação original.
de vista, tem certamente significado simbólico. Ele aponta
para o fim de uma singular experiência revolucionária no 36. (TRT 1ª R/Analista)As conjunções destacadas nos trechos
hemisfério, que, não obstante o que aparece como sobrevi- a seguir estão associadas a uma determinada interpre-
da melancólica nas condições de hoje, ao nascer incendiou tação. Assinale a opção que apresenta trecho do texto
romanticamente a imaginação de muitos de nós e nos mo- seguido de interpretação correta da conjunção desta-
bilizou. cada.
28. O termo “não obstante o” pode, sem prejuízo para a a) A série de dados do Caged tem início em 1992. Con-
correção gramatical e para as informações originais do tra os três primeiros meses de 2007, quando foram
período, ser substituído por apesar do ou a despeito do. criadas 399 mil vagas (recorde anterior), segundo
informações do MTE, o crescimento no número de
(Teresina-PI/Agente Fiscal) No ano passado, a produção in- empregos formais criados foi de 38,7%. (proporcio-
dustrial cresceu 6%, enquanto o emprego aumentou 2,2% e o nalidade)
total de horas pagas pela indústria aumentou 1,8%. Isso quer b) “Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos,
dizer que a produtividade cresceu sem necessidade de de- bombou”, afirmou o ministro do Trabalho a jornalis-
Língua Portuguesa
19
e) “Os preços dos bens duráveis (fogões, geladeiras e (Abin/Oficial de Inteligência) Há histórias, no plural; o mundo
carros, por exemplo, que são impactados pela de- tornou-se intensamente complexo e as respostas não são
cisão dos juros) não estão aumentando”, disse ele diretas nem estáveis. Mesmo que não possamos olhar de
a jornalistas. O ministro avaliou, entretanto, que o um curso único para a história, os projetos humanos têm um
impacto maior se dará nas operações de comércio assentamento inicial que já permite abrir o presente para a
exterior. Isso porque a decisão sobre juros tende a construção de futuros possíveis.
trazer mais recursos para o Brasil “Isso porque a de- 45. A relação que a oração iniciada por “e as respostas” man-
cisão sobre juros tende a trazer mais recursos para tém com a anterior mostra que a função da conjunção
o Brasil”. (conclusão) “e” corresponde à função de por isso.
(SGA-AC) A sentença determina, entre outras medidas, que (Detran/Analista de Trânsito) Construções e usos de interesse
as penitenciárias somente acolham presos que residam em particular desrespeitam sistematicamente os códigos de obra
um raio de 200 km. Segundo o juiz, as medidas que tomou e as leis de ocupação do solo. Invadem o espaço público, e
são previstas pela Lei de Execução Penal. Sua sentença foi o resultado é uma cidade de edificação monstruosa e hostil
muito elogiada. Contudo, o governo estadual anunciou que ao transeunte. É preciso, portanto, que o espírito da blitz na
irá recorrer ao Tribunal de Justiça. avenida Paulista seja estendido para toda a cidade.
37. As orações subordinadas “que as penitenciárias somente 46. A palavra “portanto” estabelece relação de condição
acolham presos”, “que tomou” e “que irá recorrer ao entre segmentos do texto.
Tribunal de Justiça” desempenham a função de com-
plemento do verbo. (Detran/Analista de Trânsito) Há, porém, outras mais graves,
que se instalam lentamente no organismo, como o aumento
(SGA-AC) Sua sentença foi muito elogiada. Contudo, o gover- da pressão arterial e a ocorrência de paradas cardíacas. Estas
no estadual anunciou que irá recorrer ao Tribunal de Justiça. podem passar despercebidas, já que nem sempre apresen-
38. O emprego da conjunção “Contudo” estabelece uma tam uma relação tão clara e direta com o fator ambiental.
relação de causa e efeito entre as orações. De imediato, existe o alerta: onde morar em metrópoles?
47. A locução “já que” estabelece uma relação de compa-
(SGA-AC) Falara com voz sincera, exaltando a beleza da pai- ração no período.
sagem e revelando que, se dependesse só dele, passaria o
resto da vida ali, morreria na varanda, abraçado à visão do (Detran/Analista de Trânsito) Todavia, foi somente após a
rio e da floresta. Era isso o que mais queria, se Alícia estivesse Independência que começou a se manifestar explicitamente,
ao seu lado. no Brasil, a preocupação com o isolamento das regiões do
39. As orações “se dependesse só dele” e “se Alícia estivesse país como um obstáculo ao desenvolvimento econômico.
ao seu lado” estabelecem circunstância de condição em 48. O termo “Todavia” estabelece uma relação de causa
relação às orações às quais se subordinam. entre as ideias expressas no primeiro e no segundo pe-
ríodos do texto.
(SGA-AC) Não parecia estar no iate, e sim em sua casa, em
Manaus: sentado, pernas e pés juntos, tronco ereto, a cabeça (Detran/Analista de Trânsito) Observe o trecho:
oscilando, como se fizesse um não em câmera lenta. linguagem. S.f. 1. o uso da palavra articulada ou escrita como
40. A oração “como se fizesse um não em câmera lenta” meio de expressão e de comunicação entre as pessoas.
expressa uma comparação estabelecida pelo narrador. 49. No texto do verbete de dicionário, o valor de comparação
da palavra “como” deixa subentender uma expressão
(SGA-AC) Eu esperava o fim da tarde com ansiedade. mais complexa: assim como.
41. A correção gramatical e o sentido do texto seriam manti-
dos se a preposição a fosse incluída após a forma verbal (Ibama/Analista) Preso em diversas ocasiões, só foi defini-
“esperava”: Eu esperava ao fim da tarde com ansiedade. tivamente absolvido em 1º de março de 1984, quatro anos
depois, portanto, de iniciadas as perseguições. De acordo
(DFTrans/Analista) Acho que se compreenderia melhor o com a conselheira Sueli Bellato, embora o relatório não tenha
funcionamento da linguagem supondo que o sentido é um se aprofundado na questão, foi possível constatar que Chico
efeito do que dizemos, e não algo que existe em si, inde- Mendes também foi torturado enquanto estava sob custódia
pendentemente da enunciação, e que envelopamos em um de policiais federais.
código também pronto. 50. Os termos “portanto” e “enquanto” estabelecem idên-
42. O valor condicional da oração iniciada por “supondo” ticas relações de sentido.
permite sua substituição, no texto, por se supusermos,
sem que sejam prejudicadas a coerência ou a correção GABARITO
gramatical.
1. E 14. E 27. E 40. C
(MS/Agente) Para aumentar o volume de doações e trans- 2. C 15. C 28. C 41. E
plantes de órgãos no país, o ministro da Saúde lançou a Cam-
3. E 16. C 29. E 42. E
panha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos.
4. E 17. C 30. C 43. E
43. A primeira oração do texto estabelece com a segunda
5. E 18. E 31. C 44. E
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SINTAXE DA ORAÇÃO • Termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto ad-
verbial, aposto.
Relações Morfossintáticas e Semânticas no • Vocativo.
Período Simples
Estudo dos Termos em Sequência Didática
Conceituando frase, período e oração
1) Sujeito
Frase precisa ter sentido completo. Sem verbo, é frase O primeiro passo para uma análise sintática correta é
nominal. Com verbo, é frase verbal. Início com maiúscula, fim encontrar o sujeito.
com ponto, exclamação, interrogação ou reticências. Para encontrar o sujeito, lembremos que o sujeito é o
Psiu! Chuva, fogo, vento, neve, tudo de uma vez. (frases assunto da oração.
nominais) Uma pergunta bem feita ajuda a encontrar o sujeito com
Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (frase verbal) segurança. Devemos perguntar antes do verbo: O que é que
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (frase + verbo? ou Quem é que + verbo?
verbal) Aqui faltava um caderno.
Pergunte: O que é que faltava?
Período é frase com verbo, ou seja, é frase verbal. Sen- Resposta (sujeito): um caderno.
tido completo. Início com maiúscula, fim com ponto, excla-
mação, interrogação ou reticências. A resposta pode estar onde estiver (antes ou depois do
O período é simples quando tem só uma oração. Esta verbo). Ela será o sujeito. Só depois de encontrar o sujeito,
oração é chamada de oração absoluta. podemos procurar complementos para o verbo.
Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado,
destacam-se as vagas em concurso público. (período simples São quatro casos de sujeito inexistente
tem apenas um verbo ou locução, com o mesmo sujeito; a
oração é absoluta) VERBO SENTIDO
= existir
O período é composto quando tem mais de uma ora- haver = ocorrer
ção. Haverá oração principal, oração coordenada e oração
subordinada. = tempo decorrido
Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (período com- = tempo
fazer
posto tem dois ou mais verbos independentes. Orações in- = clima
dependentes são coordenadas) = tempo
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (perí- ser = data, hora
odo composto. Uma oração tem função sintática para outra:
= distância
uma é subordinada e a outra é principal).
Fenômenos naturais: chover, ventar, nevar etc.
Oração só precisa ter verbo. O sentido não precisa ser
Coloque nos parênteses que precedem as orações:
completo.
(S) para sujeito simples (um só núcleo).
Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (três orações, (C) para sujeito composto (dois ou mais núcleos).
porque são três verbos independentes) (O) para sujeito oculto, elíptico ou implícito (subentendido
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (duas no contexto).
orações, porque são dois verbos com sentidos próprios, in- (I) para sujeito indeterminado (3ª plural; ou com índice e
dependentes, ou seja, não formam locução verbal) verbo na 3ª singular).
Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado, (SS) para sujeito inexistente ou oração sem sujeito.
destacam-se as vagas em concurso público. (uma oração (SO) para sujeito for uma oração (sujeito oracional).
absoluta)
8. ( ) Voavam, nas alturas, os pássaros.
Exercícios 9. ( ) Entraram, apressadamente na sala, o diretor e o
secretário.
Identifique frases, períodos e orações 10. ( ) Deixaremos a cidade amanhã.
11. ( ) Havia muitas pessoas no gabinete do diretor.
1. Casa de ferreiro, espeto de pau. 12. ( ) Todos os dias passavam muitos vendedores pelas
2. Todos os que lançam mão da espada, à espada perece- estradas.
rão. (Mt. 26, 52) 13. ( ) Entregaram a ela um bilhete anônimo.
3. O temer ao Senhor é o princípio da sabedoria. 14. ( ) Choveu copiosamente no dia de ontem.
4. Foi escolhido o projeto que tinha sido mais bem elaborado. 15. ( ) Apareceu um pássaro no jardim.
16. ( ) Hoje, pela manhã, telefonaram muitas vezes para você.
5. Dentre as mais belas histórias, uma não tão bela.
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21
26. ( ) Assaltaram um banco na cidade. 534 km da cidade de São Paulo, impondo critérios bastante
27. ( ) Já é muito tarde. rígidos para que os estabelecimentos penais da região pos-
28. ( ) São sete horas da noite. sam receber novos presos, confirma a dramática dimensão
29. ( ) ( ) Convém que o país cresça. da crise do sistema prisional.
30. ( ) Abre a porta, Maria! 43. O trecho “pequena cidade a 534 km da cidade de São
31. ( ) Chegaste antes da hora marcada. Paulo” encontra-se entre vírgulas por exercer a função
32. ( ) Devagar, caminhavam os tropeiros na estrada. de aposto.
33. ( ) Aquelas aves azuis cruzavam o céu cinzento.
34. ( ) Nada o aborrecia. (MS/Agente) A diretora-geral da OPAS, com sede em Washing-
35. ( ) Poucos entenderam a palavra do chefe. ton (EUA), Mirta Roses Periago, elogiou a iniciativa de estados
36. ( ) Brincavam na calçada os meninos e as meninas. e municípios brasileiros de levar a vacina contra a rubéola
37. ( ) Chegaram os primeiros imigrantes italianos. aos locais de maior fluxo de pessoas, especialmente homens,
38. ( ) Ouviu-se uma voz de choro dentro da noite brasi- como forma de garantir a maior cobertura vacinal possível.
leira. 44. O nome próprio “Mirta Roses Periago” funciona como
39. ( ) Ao longe, tocavam os sinos da aldeia. aposto de “A diretora-geral da OPAS”.
40. ( ) Atropelaram um cão na estrada.
Indique se o termo destacado é aposto ou predicativo.
41. (MJ/Adm.) Aparece uma oração sem sujeito em: 45. A moça, bonita, chegou.
a) “... há uma linha divisória entre o trabalho formal e Morfologia:
informal...” Sintaxe:
b) “No entanto, creditam à prática apenas um ‘jeito de Semântica:
ganhar a vida’ sem cometer crimes.”
c) “Todos gostariam de trabalhar tendo um patrão...” 46. A moça, chefe da seção, chegou.
d) “Isso é quase um sonho para muitos” Morfologia:
e) “São pouquíssimos os que ganham mais de R$ 300 Sintaxe:
por mês.” Semântica:
22
53. A mãe carinhosa observava o filho. 65. O juiz considerou a jogada ilegal.
Morfologia: Na voz passiva: A jogada foi considerada ilegal pelo juiz.
Sintaxe: Note: “ilegal” separado de “a jogada”. Então:
Semântica: Morfologia: adjetivo.
Sintaxe: predicativo do objeto.
54. A mãe, carinhosa, observava o filho. Semântica: estado.
Morfologia:
Sintaxe: 66. O juiz observou a jogada ilegal.
Semântica: Na voz passiva: A jogada ilegal foi observada pelo juiz.
Note: “ilegal” junto de “a jogada”. Então:
55. A mãe era carinhosa. Morfologia: adjetivo.
Morfologia:
Sintaxe: adjunto adnominal.
Sintaxe:
Semântica: característica.
Semântica:
57. O trem chegou atrasado. 68. Um fraco rei faz fraca a forte gente.
Morfologia: Morfologia:
Sintaxe: Sintaxe:
Semântica: Semântica:
23
Analise os termos destacados colocando ADN para adjunto 8) Complemento Nominal Versus Adjunto Adnominal
adnominal e ADV para adjunto adverbial.
74. Muitos animais da floresta são perigosos. Complemento nominal Adjunto adnominal
75. Estes belos animais vieram da floresta. Pode ser agente, posse ou
76. Ele é um narciso às avessas. É alvo, é passivo.
espécie.
77. Ele sempre agiu às avessas. Completa adjetivo, advérbio
78. Investigaram em sigilo os escândalos de alguns políticos. Só determina substantivo.
ou substantivo abstrato.
79. Uma investigação em sigilo desvendou alguns mistérios.
80. É saudável caminhar de manhã. Identifique os termos destacados conforme o código: CN
81. Passeios de manhã fazem bem à saúde. para complemento nominal e ADN para adjunto adnominal.
82. Devemos dirigir com cautela. 111. Foi forte o chute do jogador na bola.
83. Manobras com cautela são mais seguras. 112. O mergulho do atleta no mar causou espanto.
84. As enchentes causam muito prejuízo à população. 113. A comunicação do crime à polícia deixou revoltada a
85. A população sofre muito com as enchentes. população do bairro.
114. O ataque dos EUA ao Iraque promoveu inimizade do
6) Adjunto Adverbial povo árabe contra o Ocidente.
115. Nenhum de nós seria capaz de tanto.
Indique a circunstância expressa pelos adjuntos adverbiais 116. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da seta.
destacados. 117. As outras filhas do latim se mantiveram mais ou menos
86. No Pátio do Colégio afundem meu coração paulistano. fiéis às suas tradições.
87. As cores das janelas e da porta estão lavadas de velhas. 118. Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
88. Clara passeava no jardim com as crianças. 119. As leis de assistência ao proletariado ainda não são
89. Ainda era muito cedo, não podia aparecer ninguém. muito eficientes.
90. Foi para vós que ontem colhi, senhora, este ramo de 120. O interesse do povo não diminuiu.
flores que ora envio. 121. Minha terra tem macieiras da Califórnia.
91. A gente não pode dormir com os oradores e os perni- 122. Os vigilantes, enérgicos, regularizavam a ocupação dos
lugares.
longos.
123. O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração.
92. Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar...
124. (...) fez o paraíso cheio de amores e frutos, e pôs o
93. És tão mansa e macia, que teu nome a ti mesma acaricia.
homem nele.
94. Sigo depressa machucando a areia.
125. O olho da vida inventa luar.
95. Saio de meu poema como quem lava as mãos. 126. Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
96. O céu jamais me dê a tentação funesta de adormecer 127. O estudante de Direito elogiou o leitor de alfarrábios.
ao léu, na lomba da floresta.
97. A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca (Jucerja/Administrador)
é trágica.
98. Talvez um dia o meu amor se extinga. “Velhos e novos”
Predicativo Adjunto adverbial Quero discutir uma questão que vem há muito me in-
É advérbio ou locução ad- comodando. Há alguns anos, o governo e a sociedade se
É adjetivo ou equivalente. preocupam com o ingresso no mercado de trabalho de jovens
verbial.
e idosos (o que acho válido). E a faixa intermediária, como
Refere-se a um verbo, um
Refere-se ao substantivo. fica? Sendo velhos para o mercado de trabalho e novos para
adjetivo ou um advérbio.
se aposentarem, ficam esquecidos, sujeitos a todo tipo de
Estado passageiro ou perma- Tempo, modo, lugar, causa, humilhação, caindo muitas vezes na depressão, no alcoolis-
nente. intensidade etc. mo, com baixa autoestima. Por que até o momento ainda
Varia. Não varia. não foram lembrados? Alguém já fez alguma pesquisa a esse
respeito, para saber o número dos cidadãos brasileiros que
Analise os termos destacados colocando PDV para predica- passam por esse momento?
tivo e ADV para adjunto adverbial.
99. A moça chegou bonita. Atenciosamente,
100. A moça chegou rápido. Jussimar de Jesus
101. A moça chegou rápida.
102. A moça chegou rapidamente. 128. Com referência às palavras e expressões empregadas
Língua Portuguesa
103. A cerveja desceu redondo. no texto, está incorreto o que se afirma em:
104. A cerveja desceu redonda. a) A carta foi escrita em linguagem formal, e as inter-
105. Dona Vitória entrou lenta. rogações cumprem um papel retórico.
106. Dona Vitória lentamente entrou. b) A maioria dos verbos está no presente do indicativo,
107. Dona Vitória, lento, entrou. mas “ainda não foram lembrados” está no pretérito
108. Dona Vitória, lenta, entrou. perfeito passivo.
109. Vivem tranquilos os anões do orçamento. c) “que vem há muito me incomodando”, que refere-se
110. Vivem na tranquilidade os anões do orçamento. à questão e é sujeito de vem.
24
d) “de jovens e idosos” é locução adjetiva e funciona 146. O leitor deve permitir-se repousar um pouco.
como complemento nominal de ingresso. 147. O leitor deve perguntar-se a razão da leitura.
e) O emprego dos parênteses em “(o que acho válido)” 148. O professor deu-se férias.
deve-se à intercalação de um comentário à margem. 149. A minha paz vos dou.
150. Esta regra vos permitirá entender o caso.
129. (Idene-MG/Analista) O segmento inicial do Hino Na- 151. Batei na porta e abrir-se-vos-á.
cional Brasileiro diz o seguinte: “Ouviram do Ipiranga
as margens plácidas// De um povo heroico o brado (Jucerja/Administrador)
retumbante”. Mantendo o sentido original do excerto,
reescrevendo seus versos a partir do sujeito da oração Operário em construção (fragmento)
original e desfazendo as inversões nele ocorrentes, o
texto resultaria em Era ele que erguia casas
a) As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado Onde antes só havia chão.
retumbante de um povo heroico. Como um pássaro sem asas
b) As plácidas margens ouviram do Ipiranga o heroico Ele subia com as casas
brado retumbante de um povo. Que lhe brotavam da mão.
c) As margens do Ipiranga, plácidas, ouviram de um Mas tudo desconhecia
povo o retumbante brado heroico. De sua grande missão:
d) Do Ipiranga as margens plácidas ouviram o brado Não sabia, por exemplo
retumbante de um povo heroico. Que a casa de um homem é um templo
e) Ouviram as margens plácidas do Ipiranga de um povo Um templo sem religião
o heroico brado retumbante. Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
9) Função Sintática dos Pronomes Oblíquos Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
Indique a função sintática dos pronomes oblíquos destaca-
dos: De fato, como podia
(OD) objeto direto Um operário em construção
(OI) objeto indireto Compreender por que um tijolo
(CN) complemento nominal Valia mais do que um pão?
(ADN) adjunto adnominal Tijolos ele empilhava
(S) sujeito Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Técnica: trocar o pronome por o menino e analisar. Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
130. Agora, meu filho, diga-me toda a verdade. Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Trocando por “o menino”: Agora, meu filho, diga toda a Adiante um apartamento
verdade AO MENINO. Além uma igreja, à frente
Assim, temos “diga” como VTDI e “AO MENINO” como Um quartel e uma prisão:
objeto indireto. Portanto, o pronome “me” também será Prisão de que sofreria
objeto indireto. Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
131. O vento batia-me gostosamente no rosto.
(MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Org.
Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004, p. 461)
Trocando por “o menino”: O vento batia gostosamente
no rosto DO MENINO. 152. Considere as afirmações a seguir sobre o emprego dos
Assim, temos “DO MENINO” conectado a “rosto”, que pronomes nos versos.
é substantivo concreto. Portanto, “do menino” só pode ser I – “Era ele que erguia casas” – pronome pessoal reto,
adjunto adnominal e, portanto, o pronome “me” também em função de sujeito.
será adjunto adnominal. II – “Que lhe brotavam da mão.” – pronome pessoal
oblíquo, em função de objeto indireto.
Agora, continue seguindo o modelo acima. III – “Que a casa que ele fazia” – pronome relativo, em
132. Aquele mal atormentou-me durante muito tempo. função de objeto direto.
133. Deixei-me ficar ali em paz. IV – “Sendo a sua liberdade” – pronome possessivo,
134. O processo me foi favorável. em função de adjunto adnominal.
135. Comuniquei-lhe os fatos ontem de manhã.
136. Os meus conselhos foram-lhe bastante úteis. É correto apenas o que se afirma na alternativa:
Língua Portuguesa
25
cidadania, muitas vezes com o hino nacional de fundo, seja 170. Muitos vícios são curados pelas boas leituras.
exercida em outras atividades do dia-a-dia. Por exemplo? Na 171. Ana continua a mesma doçura.
cobrança de transparência das ações de políticos, no con- 172. Elogiaram Pafúncio.
trole do dinheiro arrecadado pelos impostos, no banimento 173. Faz quatro noites que me estão observando.
da vida pública daqueles que nos roubam recursos, mas, 174. A cantora apareceu sorridente e parecia cansada.
sobretudo sonhos. 175. Alguém chegou atrasado.
153. Os pronomes pessoais são muito versáteis quanto aos 176. Eles falaram sério.
valores sintáticos que expressam, em função dos con- 177. Elas falaram sérias.
textos frasais em que se encontrem. Considerando essa 178. Joana e eu entramos apressados no cinema.
reflexão, compare, nos dois fragmentos retirados do
texto de Grecco, o emprego dos pronomes pessoais 12) Aposto Versus Vocativo
nele presentes e indique a alternativa que contém a
indicação correta das funções que eles desempenham Aposto Vocativo
nas orações.
Fala sobre. Fala com.
I. “que nos roubam recursos”
II. “que me incomodam” Explica, resume, restringe ou enumera. Chama.
Ambos os termos desempenham a função de:
a) objeto direto tanto de roubar quanto de incomodar. Identifique predicativos, adjuntos adnominais, apostos e
b) objeto indireto tanto de roubar quanto de incomodar. vocativos nas orações.
c) objeto direto e indireto, respectivamente. 179. Bem-vindo sejas às terras dos Tabajaras, senhores da
d) objeto indireto e direto, respectivamente. aldeia.
e) adjunto adnominal e complemento nominal. 180. Bem-vindo sejas às terras dos Tabajaras, senhor da al-
deia.
10) Podem ser Verbos de Ligação 181. A mãe, dona de bela voz, entre cantos dizia:
– Vá ao mercado para mim, filho!
Veja o mnemônico: CAFÉ SPP MTV 182. Durante sete anos, Jacó serviu Labão, pai de Raquel,
serrana, bela.
183. Jacó serviu ao pai de Raquel, serrana bela.
C Continuar
A Andar Tipos de Aposto
F Ficar
E Estar Aposto Explicativo Versus Aposto Restritivo
Obs.: somente serão verbos de liga-
ção se tiverem predicativo do sujeito. Restrição significa atributo dado a uma parte do todo.
S Ser
Explicação significa atributo dado à totalidade.
P Parecer Nota: Outros verbos sinônimos des-
P Permanecer tes podem ser de ligação. Entendendo restrição e explicação
184. homem honesto.
M Manter-se 185. homem mortal.
186. pedra amarela.
T Tornar-se 187. pedra dura.
V Virar 188. homem fiel.
189. céu azul.
Classifique os verbos.
154. Ana estava tranquila. Entendendo aposto explicativo e aposto restritivo
155. Ana estava em casa. • Aposto restritivo é nome próprio atribuído a um substan-
156. Fernando foi elogiado. tivo anterior, com a finalidade de particularizar um ser
157. Fernando era calmo. entre outros.
158. O país anda preocupado. • Aposto explicativo repete o sentido com outras palavras,
159. O país anda depressa com as reformas. igualando o sentido das expressões.
160. João continua esforçado.
161. João continua no trabalho. 190. Gosto do poeta Fernando Pessoa e do Drummond, mi-
162. A moça chegou bonita. neirão ensimesmado.
163. A moça chegou rápido. 191. A obra de Drummond é orgulho da citada de Itabira.
164. A moça chegou a piloto. 192. O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, no es-
165. Ela vive despreocupada. tado de Minas Gerais.
166. Ela vive bem aqui.
193. O rio Amazonas nasce na Cordilheira dos Andes, maior
167. Ele tornou o setor mais produtivo.
acidente geográfico das Américas.
168. Ele tornou-se mais produtivo.
Língua Portuguesa
26
• Aposto resumitivo consiste de termo que sintetiza uma (PM/Vila Velha-ES) Apenas 1% de toda a água existente no
lista de elementos já citados. Veja: planeta é apropriado para beber ou ser usado na agricultura.
Lemos Castro Alves, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, O restante corresponde à água salgada dos mares (97%) e
todos poetas do Romantismo. ao gelo nos pólos e no alto das montanhas. Administrar essa
Obs.: aposto resumitivo: todos. cota de água doce já desperta preocupação.
204. A oração “Administrar essa cota de água doce” exerce
194. A cidade, os campos, as plantações, as montanhas, tudo função sintática de sujeito.
era mar.
195. João, Maria, Lúcio e Teresa, ninguém acreditava. (Sebrae-BA) Falido e perplexo, o homem que descobriu a lei
196. Piratas modernos, os sequestradores precisam ser de- da gravidade, conjecturou: “consigo calcular os movimentos
tidos. dos corpos celestes, mas não a loucura dos homens”. Pode
197. Piratas modernos, os sequestradores, serão detidos. ser discurso de mau perdedor, mas na verdade foi uma gran-
198. Nem todos estavam escalados. Restavam alguns: Robi- de sacada. Sem saber, Newton estava prevendo a criação de
nho, Fernando e Franco. uma nova ciência, cujas descobertas podem ajudar a enten-
der a crise atual: a neuroeconomia, que vasculha a mente
EXERCÍCIOS humana em busca de explicações para o comportamento
do mercado.
(Idene-MG/Analista) 205. O “homem que descobriu a lei da gravidade” é o sujei-
199. O termo “Brasil”, presente no estribilho a seguir repro- to enunciador da sentença “Pode ser discurso de mau
duzido, desempenha a função sintática de perdedor, mas na verdade foi uma grande sacada”.
(MMA/Analista) O bom momento que vive a economia na- (TCE-TO) Marx, herdeiro e defensor das postulações do Ilu-
cional estimula suas vendas, mas a indiscutível preferência minismo, indagou se as relações de produção e as forças
do consumidor pelo modelo flex tem outras razões. produtivas do capitalismo permitiriam, de fato, a realização
202. No trecho “O bom momento que vive a economia nacio- da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.
nal estimula suas vendas”, o sujeito das formas verbais 210. O trecho “herdeiro e defensor das postulações do Ilumi-
“vive” e “estimula” é o mesmo. nismo” exerce, na oração, a função sintática de vocativo.
Língua Portuguesa
(MS/Redação Oficial) Segundo a observação de H. von Stein, 211. (TCE-AC/ACE) Nos trechos “cinco fatores estão atuan-
ao ouvir a palavra “natureza”, o homem dos séculos XVII e do, em escala mundial, nessa crise”, “e a crise norte-
XVIII pensa imediatamente no firmamento; o do século XIX -americana” e “o diretor-geral do FMI rompeu o silêncio
pensa em uma paisagem. constrangedor...”, os termos sublinhados qualificam os
203. Em “o homem dos séculos XVII e XVIII pensa imediata- nomes aos quais se referem.
mente no firmamento; o do século XIX pensa em uma “Em geral, cinco fatores estão atuando, em escala mun-
paisagem”, o núcleo do sujeito está elíptico, na segunda dial, nessa crise: o aumento da produção subsidiada de
ocorrência do verbo pensar. biocombustíveis; o incremento dos custos com a alta
27
do petróleo, que chega a US$ 114 o barril, e dos fertili- que não os profissionaliza, não os torna livres da dependên-
zantes; o aumento do consumo em países como China, cia química, e onde inexistem programas que os reintegrem
Índia e Brasil; a seca e a quebra de safras em vários saudavelmente e os acompanhem após o desligamento.
países; e a crise norte-americana, que levou investi- 217. O sujeito do verbo “passam” é “resultados”.
dores a apostar no aumento dos preços de alimentos
em fundos de hedge. Foi de olho nessa situação que o (Funiversa/Terracap) A partir da análise morfossintática da
diretor-geral do FMI rompeu o silêncio constrangedor frase “Só em Brasília se anda de camelo ou de baú”, julgue:
que pairava sobre os escritórios de Washington.” 218. Brasília é o sujeito da oração, pois protagoniza a frase.
219. As expressões “de camelo” e “de baú” transmitem ideia
(Banco do Brasil/Escriturário) O código de acesso exigido em de lugar.
transações nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil é uma
sequência de letras, gerada automaticamente pelo sistema. O português de todas as origens,
Até o dia 17/12/2007, o código de acesso era composto por o modo de falar da capital
3 letras maiúsculas. Os códigos de acessos gerados a partir
de 18/12/2007 utilizam, também, sílabas de 2 letras – uma O sotaque não é carioca. Mesmo assim, o erre é carrega-
letra maiúscula seguida de uma letra minúscula. do. Não é nordestino, mas, ao ser contrariado, o brasiliense
Exemplos de código de acesso no novo modelo: imediatamente dispara um “ôxe”. Brasília tem ou não tem
Ki Ca Be; Lu S Ra; T M Z. sotaque, afinal? Sim e não. Stella Bortoni, doutora em linguís-
212. Os termos “automaticamente” e “a partir de tica e organizadora do livro O Falar Candango, a ser publicado
18/12/2007” acrescentam, às orações em que se in- pela Editora Universidade de Brasília em 2010, explica: “A
serem, informações circunstanciais de modo e tempo, marca do dialeto do Distrito Federal é justamente a falta de
respectivamente. marcas. A mistura faz com que os sotaques das diferentes
regiões do país percam muito de sua peculiaridade”.
(Abin/Analista) Do esquema grego, montado em colabora-
ção com sete países – Estados Unidos da América (EUA), 220. (Funiversa/Terracap) Ao se analisar a frase “Não é nor-
Austrália, Alemanha, Inglaterra, Israel, Espanha e Canadá destino, mas, ao ser contrariado, o brasiliense imedia-
–, faz parte o sistema de navegação por satélite da Agência tamente dispara um ‘ôxe’, é correto afirmar que
Espacial Europeia. a) o sujeito do verbo “é” é inexistente.
213. A presença da preposição em “Do esquema grego” é b) o sujeito referente a “ser contrariado” é simples e está
uma exigência sintática justificada pela regência da pa- alocado de acordo com a ordem direta da oração.
lavra “sistema”. c) as expressões verbais “é”, “ser contrariado” e “dis-
para” possuem o mesmo sujeito.
Da terra, ar e água, 70 mil policiais, bombeiros, guarda cos- d) a expressão “ôxe” está entre parênteses por ser um
teira e mergulhadores da Marinha vão zelar pela segurança. neologismo muito conhecido no Brasil.
Até a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em- e) o sujeito da oração “Não é nordestino (...)” pode ser
prestará sua experiência militar no combate ao terrorismo. recuperado na primeira oração do texto.
214. A substituição do trecho “Da terra, ar e água” por Da
terra, do ar e da água representaria uma transgressão ao 221. (Funiversa/Adasa) No trecho “Onde a chuva caía, quase
estilo próprio do texto informativo, pois se trata de um todo dia, já não chove nada”, a expressão sublinhada
recurso de subjetividade próprio dos textos literários. desempenha a função de sintática de
a) objeto direto.
A alternativa existente seria o aproveitamento da energia b) complemento nominal.
elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das c) conectivo conjuntivo.
Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa d) adjunto adnominal.
dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km e) adjunto adverbial.
de Brasília.
215. A expressão “divisa dos estados de Minas Gerais e Goi- 222. (Funiversa/Adasa) O rio que desce as encostas, já quase
ás” está entre vírgulas por ser um vocativo. sem vida, parece que chora. O sujeito do verbo “parece” é
a) “as encostas”.
Na perspectiva de quem não tem o mínimo, o fundamental b) “a vida”.
é não morrer de fome e ver supridas certas necessidades c) “O rio”.
básicas. d) “o lamento das águas”.
216. Na frase “o fundamental é não morrer de fome e ver e) “o triste lamento”.
supridas certas necessidades básicas.”, os verbos “mor-
rer” e “ver” têm sujeitos diferentes. 223. (Funiversa/Adasa) Assinale a alternativa em que o termo
sublinhado desempenha a função a ele relacionada.
(Funiversa/Sejus) Os resultados mostram que os adolescen- a) “A segunda campanha do Projeto Brasil das Águas”
tes são induzidos ao encontro da marginalidade pela de- – objeto direto.
Língua Portuguesa
sestrutura familiar, dos quais quase a metade (48%) vem b) “Mas também encontramos muitos outros” – conec-
de famílias com pais separados; pela baixa escolaridade, tivo prepositivo.
quando a maioria (81%) é excluída do sistema educacional; c) “várias coletas foram feitas” – sujeito paciente.
pela entrada precoce no mundo do trabalho, pois 83% dos d) “Cientes da preocupação dos índios” – adjunto ad-
adolescentes já tinham experiência laborativa antes de co- nominal.
meter o ato infracional e pelo uso de drogas lícitas e ilícitas e) “houve um incidente” – sujeito.
por 97,6% dos meninos. No atual sistema, após entrar no
mundo infracional e de proferida a sentença de internação, 224. (Funiversa/Adasa) Quanto ao trecho “Bancos de areia
passam a vivenciar a violência dentro do centro educacional, submersa traçando desenhos ondulados por baixo das
28
águas transparentes.”, assinale a alternativa que apre- 55. Morfologia: adjetivo
senta termos exercendo a mesma função sintática. Sintaxe: predicativo
a) “submersa” – “transparentes” Semântica: estado
b) “ondulados” – “traçando” 56. Morfologia: adjetivo
c) “de areia” – “desenhos” Sintaxe: adj. adn.
d) “por baixo” – “Bancos” Semântica: característica
e) “de areia” – “das águas” 57. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: predicativo
GABARITO Semântica: estado
58. Morfologia: adjetivo
1. frase nominal. Sintaxe: predicativo
2. frase verbal, período composto, duas orações. Semântica: estado
3. frase verbal, período simples, oração absoluta.
59. Morfologia: adjetivo
4. frase verbal, período composto, duas orações.
Sintaxe: predicativo
5. frase nominal.
Semântica: estado
6. frase nominal.
60. Morfologia: adjetivo
7. frase verbal, período composto, duas orações (note
Sintaxe: adj. adn.
verbo subentendido: estão).
Semântica: característica
8. S 27. SS
61. Morfologia: adjetivo
9. C 28. SS
Sintaxe: predicativo
10. O 29. SO,S
Semântica: estado
11. SS 30. O
31. O 62. Morfologia: adjetivo
12. S
13. I 32. S Sintaxe: predicativo
14. SS 33. S Semântica: estado
15. S 34. S 63. Morfologia: adjetivo
16. I 35. S Sintaxe: adj. adn.
17. S 36. C Semântica: característica
18. C 37. S 64. Morfologia: adjetivo
19. O 38. S Sintaxe: predicativo
20. C 39. S Semântica: estado
21. I,I,SO 40. I 65. Morfologia: adjetivo
22. S 41. a Sintaxe: predicativo do objeto
23. S 42. E Semântica: estado
24. SS 43. C 66. Morfologia: adjetivo
25. C 44. C Sintaxe: adj. adn.
26. I Semântica: característica
45. Morfologia: adjetivo 67. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: predicativo Sintaxe: predicativo
Semântica: estado Semântica: estado
46. Morfologia: substantivo (chefe) 68. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: aposto Sintaxe: adj. adn.
Semântica: explicação Semântica: característica
47. Morfologia: adjetivo 69. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: predicativo Sintaxe: predicativo do objeto
Semântica: estado Semântica: estado.
48. Morfologia: substantivo (mãe) 70. Morfologia: substantivo (vencedor)
Sintaxe: aposto Sintaxe: predicativo do objeto
Semântica: explicação Semântica: estado
49. Morfologia: adjetivo 71. Morfologia: substantivo
Sintaxe: predicativo Sintaxe: predicativo do sujeito
Semântica: estado Semântica: estado
50. Morfologia: adjetivo 72. Morfologia: substantivo
Sintaxe: adj. adn. Sintaxe: predicativo do sujeito
Semântica: característica Semântico: estado
51. Morfologia: adjetivo 73. b
Sintaxe: predicativo 74. ADN
Semântica: estado 75. ADV
52. Morfologia: adjetivo 76. ADN
Língua Portuguesa
29
85. ADV 151. OI
86. lugar 152. D
87. causa 153. D
88. companhia 154. VL
89. tempo, intensidade, tempo, negação 155. VI
90. finalidade 156. VTD (loc. verbal)
91. causa 157. VL
92. lugar 158. VL
93. intensidade 159. VI
94. modo 160. VL
95. lugar 161. VI
96. negação, lugar, lugar 162. VI
97. tempo, negação/tempo 163. VI
98. negação 164. VL
99. PDV 165. VL
100. ADV 166. VI
101. PDV 167. VL
102. ADV 168. VL
103. ADV 169 - PV
104. PDV 170. PV
105. PDV 171. PN
106. ADV 172. PV
107. ADV 173. PV, PV
108. PDV 174. PVN, PN
109. PDV 175. PVN
110. ADV 176. PV
111. CN 177. PVN
112. ADN, CN 178. PVN
113. CN, CN, ADN 179. aposto
114. AND, CN, ADN, CN 180. vocativo
115. CN 181. aposto, vocativo
116. ADN 182. aposto
117. CN 183. aposto
118. ADN 184. restrição
119. CN 185. explicação
120. ADN 186. restrição
121. ADN 187. explicação
122. CN 188. restrição
123. ADN 189. explicação
124. CN 190. restritivos: Fernando Pessoa, Drummond.
125. ADN Explicativo: Mineirão ensimesmado.
126. ADN 191. ADN: de Drummond.
127. ADN, ADN Aposto restritivo: de Itabira.
128. D (ADN) 192. apostos restritivos: São Francisco, da Canastra, de
129. A Minas Gerais. ADV: no estado de Minas Gerais.
130. OI 193. apostos restritivos: Amazonas, dos Andes.
131. ADN Aposto explicativo: maior acidente geográfico das
132. OD Américas. ADN: das Américas.
133. S 194. aposto resumitivo: TUDO.
134. CN 195. aposto resumitivo: NINGUÉM.
135. OI 196. aposto explicativo: piratas modernos.
136. CN 197. aposto explicativo: os sequestradores.
137. ADN 198. aposto enumerativo: Robinho, Fernando e Franco.
138. OI 199. e 212. C
139. OD 200. E 213. E
140. CN 201. C 214. E
141. OI 202. E 215. E
142. OI 203. C 216. E
Língua Portuguesa
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Preposição Exercícios
Preposição é a palavra invariável que liga dois termos da 1. Indique as relações estabelecidas pelas preposições des-
oração, subordinando um ao outro. tacadas nas frases seguintes.
a) Ergueram-se todos contra Getúlio.
Chegou de ônibus. b) Resido em São Paulo há anos.
c) O estádio fica a dois quilômetros daqui.
O termo que antecede a preposição é denominado re- d) O mendigo morreu de fome.
gente; o termo que a sucede é denominado regido. e) Ganhei uma linda caneta de ouro.
f) Os cavalos partiram a galope.
Classificação das Preposições g) Arrombaram a porta com uma chave falsa.
h) Ele não entende nada de política.
i) A vaca não vai para o brejo.
a) Essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, j) Ante o crime organizado, o governo tomará atitude.
em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. k) Desde maio, chove continuamente.
Obs.: A preposição per só é utilizada na expressão de per l) Entre hoje e amanhã, sairá o resultado.
si (que significa cada um por sua vez, isoladamente) ou nas m) Tu vais comparecer perante o trono.
contrações pelo, pela, pelos, pelas. n) Sem combater a inflação, não se pode baixar os juros.
b) Acidentais. Não são efetivamente preposições, mas o) Existe interesse por concursos aqui.
podem funcionar como tal: afora, conforme, consoante, du-
2. Explique a diferença de sentido entre:
rante, exceto... a) Ele queria vender antiguidades no museu.
b) Ele queria vender antiguidades ao museu.
Locução Prepositiva
3. Nas frases seguintes, selecione as locuções prepositivas.
Conjunto de duas ou mais palavras com valor de pre- a) Apesar de João ter saído cedo, de acordo com as ins-
posição: truções de seu pai, não chegou a tempo.
b) Em vez de Marica ficar perto de mim, ela preferiu ficar
abaixo de, acerca de, a fim de, ao lado de, apesar de, junto de ti.
através de, de acordo com, em vez de, junto de, para
com, perto de, ... 4. Reescreva as frases seguintes, corrigindo-as.
a) Está na hora do menino sair.
Emprego das Preposições b) Chegou a hora do povo falar.
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Advérbio e Locução Adverbial • Em algumas palavras sons que as letras não represen-
taram: na palavra “cantam”, os sons (fonemas) que
Advérbio exprime uma circunstância do fato expresso ouvimos são /kãtãu/. Você percebe que escuta o som
pelo verbo, pelo adjetivo ou pelo advérbio. de /u/ no final da palavra “cantam”, mas enxerga a letra
“m” no final.
Um advérbio
Longe, o rio roncava ameaçadoramente. Classificação dos Fonemas
• Vogais: soam livres na passagem de ar pela boca e
Uma locução adverbial nariz. São a base da sílaba. Não existe sílaba sem vogal.
Fabiano falava com dificuldade. Nunca pode faltar vogal em uma sílaba. Nunca existe
mais de uma vogal em uma sílaba. Podem ser repre-
Uma oração adverbial sentadas pelas letras: a, e, i, o, u.
Quando começou a chuva, todos se recolheram. • Semivogais: o som de /i/ ou de /u/ pronunciado menos
forte junto de uma vogal. Veja: coisa (i), tábua (u).
Conforme a circunstância que exprimir, o advérbio ou a • Consoantes: ruídos formados pela obstrução na passa-
locução adverbial podem ser: gem do ar pela boca. Só formam sílaba quando juntos de
De modo: O vento soprava fortemente. uma vogal. Podem ser representadas pelas demais letras
De lugar: A família estava em tomo da fogueira. do alfabeto: b, c, d, f, g, j, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, z.
De tempo: Amanhã procuraremos água fresca.
De afirmação: De fato, o tempo se apresenta nublado. Semivogal
De negação: Não era propriamente uma conversa de
amigos. Os sons /i/ e /u/ não serão vogais quando apoiados em
De dúvida: Talvez o frio diminua pela madrugada. uma vogal na mesma sílaba, pronunciados em um único jato
De intensidade: Iniciou uma história bastante confusa. de voz. Esses são os fonemas semivogais. Veja: Mário (i),
De causa: Os meninos tremiam de frio. automóvel (u).
De companhia: Os meninos mais velhos saíram com o pai. Representação das semivogais: /i/ -> /y/, /u/ -> /w/.
De instrumento: O garoto feriu-se com a faca. Nem sempre as letras que representam o som semivogal
De meio: Fabiano navegava a vela. serão “i” e “u”. Veja: em “pão”, temos a letra “o” com som
De fim ou finalidade: O lenhador trouxe o machado para de /w/ junto da vogal /a/ na mesma sílaba, então a letra “o”
o trabalho. representou o fonema semivogal /w/; em “mãe”, temos a
De concessão: Apesar do calor, permanecemos na praia. letra “e” com som de /y/ junto da vogal /a/ na mesma síla-
De preço: Vendemos os ovos a cinco cruzeiros. ba, então a letra “e” representou o fonema semivogal /y/;
De opção: Lutava contra a tempestade. em “cantam”, temos a letra “m” com som de /w/ junto da
vogal /a/ na mesma sílaba, então a letra “m” representou o
Obs.: Estudaremos as conjunções, com maior detalhe, fonema semivogal /w/ (assim, a letra “m” não representou
juntamente com as orações subordinadas. consoante, mas sim uma semivogal).
• Uma mesma letra pode representar dois sons ao mesmo senões, muito, são, falam.
tempo: a letra “x” em “sexo” representa os sons /ks/. O tritongo pode ser:
• Algumas letras às vezes não representam fonemas: na • oral: vogal oral. Veja: quais, enxaguei;
palavra “canto”, a letra “n” após a letra “a” indica o som • nasal: vogal nasal. Veja: saguões, águam (verbo “aguar”).
/ã/.
• Outras letras não representam som nenhum, mas são Encontros Consonantais
preservadas em razão da origem da palavra (etimolo-
gia): a letra “h” em “hoje”; a letra “s” em “discípulo”; Duas ou mais consoantes numa mesma palavra. Os mais
a letra “u” em “quero”; a letra “x” em “exceção”. frequentes são formados com letras “l” ou “r” na segunda
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posição: blusa, glória, clima, trigo, fraco, livro, Vladimir. Estes Não se separam:
encontros são inseparáveis, ficam sempre na mesma sílaba: • ditongos: pai-sa-gem, joi-a, i-dei-a, mais, á-gua, ré-gua,
tri-go, a-tra-vés, a-bra-çar. má-goa;
Encontros consonantais menos frequentes: mnemoteste, • tritongos: sa-guão, a-ve-ri-guou, i-guais, de-lin-quiu;
psicologia, gnomo, pneumonia. Também estes são insepará- • dígrafos ch, lh, nh, gu, qu: cha-ve, fi-lho, chu-chu, ma-
veis, ficam na mesma sílaba. -nhã, pa-lha-ço, guer-ra, que-ri-do;
Alguns encontros consonantais se separam, são cha- • encontros consonantais: gra-ma, plei-to, fran-cês, a-
mados de disjuntos, ficam em sílabas separadas: ap-ti-dão, -fli-to.
af-to-as, ad-vo-ga-do, as-pec-to, dig-no, ab-sol-ver, rit-mo.
Devem ser separados:
Dígrafos • hiatos: ga-ro-a, ra-i-nha, Pi-au-í, ál-co-ol;
• dígrafos rr, ss, sc, sç, xc: pror-ro-gar, a-do-les-cên-cia,
Duas letras representam um só fonema. Podem ser: as-cen-so-ris-ta, ex-ce-ção, des-ça;
• dígrafos consonantais: • encontros consonais disjuntos: op-tar, es-tre-la, pers-
-cru-tar, felds-pa-to.
ch – chave, achar gu – guincho, joguinho
lh – lhama, telha qu – quiabo, aquilo Ortoepia e Prosódia
nh – terra, sonho sç – cresça, desça
ss – isso, pássaro xc – excelente, excêntrico “Ortoepia” ou “ortoépia” vem do grego: orto = ‘correto’ +
rr – carro, errado epos = ‘palavra’. Estuda a correta articulação e produção dos
fonemas. Ocorre que a língua falada às vezes retira, acrescen-
• dígrafos vocálicos: representam vogais nasais. Veja: ta, troca vogais, consoantes ou sílabas inteiras. Um exemplo
é a expressão original “corro de burro quando foge”, que se
deteriorou na forma coloquial, popular “cor de burro quando
am – campo in – findo
foge”. Essa deterioração recebe o nome de corruptela.
an – anta om – bomba
A prosódia estuda a posição correta de pronunciar a
em – embora on – desponta sílaba tônica de uma palavra. Ocorre na pronúncia popular
en – tentar um – atum como “RÚbrica”, quando a norma oficial indica a pronún-
im - tímpano un - assunto cia “ruBRIca”; o mesmo ocorre com a pronúncia popular
“REcorde”, quando a norma oficial indica a pronúncia “re-
Contagem de Fonemas de uma Palavra CORde”.
Alguns erros mais correntes de pronúncia e ortografia:
O número de fonemas de uma palavra é obtido da se-
guinte forma:
• anote o total de letras da palavra; NORMA CULTA PRONÚNCIA COLOQUIAL
• agora anote o total de dígrafos; (ERRADA)
• então diminua “número de letras” menos “número de abóbada abóboda
dígrafos”. adivinhar advinhar
babadouro babador
Veja: na palavra “assembleia”, temos dez letras, e temos
dois dígrafos (“ss” e “em”). Então, a conta fica: 10 – 2 = 8. bebedouro bebedor
Assim, a palavra “assembleia” possui oito fonemas. bandeja bandeija
beneficente beneficiente
Divisão Silábica cabeleireiro cabelereiro
caranguejo carangueijo
A partição de palavras é necessária quando se chega ao
final da linha, numa redação, e é preciso interromper a pa- perturbar pertubar
lavra continuá-la na linha seguinte. É necessário saber em disenteria desinteria
que ponto se pode fazer a separação. empecilho impecilho
lagartixa largatixa
Importante!
A separação leva em conta a silabação. Fale a palavra pausa- mendigo mendingo
damente. Cada sopro, cada jato de voz é uma sílaba. Não pense meritíssimo meretíssimo
na palavra formada de prefixo, radical ou sufixo. Fale a palavra e mortadela mortandela
ouça. Veja: sabemos que a palavra “bisavó” é formada de “bis” + reivindicar reinvindicar
“avó”, mas não é isso que importa, e sim que falamos “bi-sa-vó”.
Veja também “tran-sa-tlân-ti-co”, “de-ses-pe-ro”. tireoide tiroide
látex latex
Casos especiais: ínterim interim
• na palavra iniciada por consoante não seguida de vogal, fluorescente florescente
Língua Portuguesa
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ORTOGRAFIA OFICIAL • Nos sufixos gregos “ese”, “ise”, “ose” (de aplicação
científica, ou erudita – culta):
O Alfabeto trombose, análise, metamorfose, virose, exegese, os-
mose etc.
Com a nova ortografia, o alfabeto passa a ter 26 letras.
• Nos vocábulos derivados de outros primitivos que são
Foram reintroduzidas as letras k, w e y. escritos com “s”:
análise – analisar, analisado
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ atrás – atrasar, atrasado
casa – casinha, casarão, casebre
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desapare-
cido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas Porém há algumas exceções:
em várias situações. Por exemplo: catequese – catequizar
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km síntese – sintetizar
(quilômetro), kg (quilograma), w (watt); batismo – batizar
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus
derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, • Nos diminutivos “inho”, “inha”, “ito”, “ita”:
yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. Obs.: Se a palavra primitiva já termina com “s”, basta
acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
pires – piresinho
Emprego das Letras casa – casinha, casita
empresa – empresinha
• Ortho = Correta
Graphia = Escrita • Usa-se o “s” nos substantivos cognatos (pertencentes
• No Português atual, segue-se o sistema ortográfico à mesma família de formação) de verbos em “-dir” e
aprovado em 12 de agosto de 1943 pela Academia “-ender”.
Brasileira de Letras. Esse sistema sofreu algumas al- dividir – divisão
terações em 18 de dezembro de 1971. colidir – colisão
• A Nova Ortografia está em fase de implantação no aludir – alusão
Brasil desde 2009. A data limite para a transição é rescindir – rescisão
31/12/2015. Portanto, em 2016, vigora a nova grafia iludir – ilusão
como forma obrigatória.
Exercícios
Emprego do “S”
1. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli-
• O “s” intervocálico tem sempre o som de “z”: nhada esteja escrita incorretamente.
a) Paula saiu da sala muito pesarosa.
casa, mesa, acesa etc.
b) Esta água possui muita impuresa.
• O “s” em início de palavras tem sempre o som de “ss”:
c) Faça a gentileza de sair rapidamente.
sílaba, sabonete, seno etc. d) A nossa amizade é muito sólida.
e) A buzina do meu carro disparou, o que faço?
Usa-se o “S”
2. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli-
• Depois de ditongos: nhada esteja escrita incorretamente.
Neusa, Sousa, maisena, lousa, coisa, deusa, faisão, a) O rapaz defendeu uma tese.
mausoléu etc. b) O teste será realizado amanhã.
c) Comerei, mais tarde, um sanduíche misto.
• Adjetivos terminados pelos sufixos “oso”, “osa” (indi- d) Deixe os parafusos em uma lata com querozene.
cadores de abundância): e) A usina de açúcar fica distante da fazenda.
cheiroso, prazeroso, amoroso, ansioso etc.
3. O sufixo “isar” foi usado incorretamente na alternativa:
• Palavras com os sufixos “es”, “esa” e “isa” (indicadores a) É necessário bisar muitas músicas.
de títulos de nobreza, de origem, gentílicos ou pátrios, b) De longe, não consigo divisar as coisas.
cargo ou profissão): c) É necessário pesquisar incansavelmente.
duquesa, chinês, poetisa etc. d) É muito importante paralisar as obras, agora.
e) Não há erro em nenhuma alternativa.
• Nas palavras em que haja “trans”:
4. Há palavra estranha em um dos grupos abaixo:
transigir, transação, transeunte etc.
Língua Portuguesa
• Nos derivados dos verbos “pôr” e “querer”: 5. Assinale a frase em que a palavra sublinhada esteja es-
ela não quis; se quiséssemos; ela pôs o disco na estante; crita incorretamente.
compus uma música; se ela quisesse; eu pus etc. a) Eu não quero acusar ninguém.
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b) Ela é uma mulher obesa. 4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
c) Ela está com náusea, está grávida. à ortografia, exceto:
d) Ao dirigir, cuidado com os transeuntes. a) utilizar.
e) Devemos suavisar o impacto. b) grandeza.
c) certeza.
Gabarito d) orgulhoza.
e) agonizar.
1. b 2. d 3. e 4. d 5. e
5. Complete os espaços do período abaixo com uma das
alternativas que se seguem de forma correta e ordenada.
Emprego do “Z” “Ela era ______ de ______ e ______ o trabalho com
______.”
Usa-se o “z” a) incapaz – atualizar – finalizar – presteza
b) incapás – atualisar – finalisar – prestesa
• Nas palavras derivadas de uma primitiva já grafada c) incapas – atualizar – finalizar – presteza
com “z”: d) incapaz – atualisar – finalisar – presteza
cruz ‑ cruzamento – cruzeta – cruzeiro e) incapaz – atualizar – finalizar – prestesa
juiz – juízo – ajuizado – juizado
desliza – deslizamento – deslizante Gabarito
• Nos sufixos “ez/eza” formadores de substantivos abs-
tratos e adjetivos com o acréscimo dos sufixos citados:
1. c 2. d 3. e 4. d 5. a
beleza – belo + eza
gentileza – gentil + eza
insensatez – insensato + ez
Emprego do “G”
• Nos diminutivos “inho” e “inha”:
• Nas palavras que representam o mesmo som de “j”
Obs. 1: Se a palavra escrita primitiva já termina com “z”,
quando for empregada antes das vogais “e” e “i”:
basta acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
juiz – juizinho gente, girafa, urgente, gengiva, gelo, gengibre, giz etc.
raiz – raizinha Obs.: apenas nesses casos, surgem dúvidas quanto ao
xadrez – xadrezinho uso. Nos demais casos, usa-se o “g”.
Obs. 2: Se a palavra primitiva não tiver “s” nem “z”; • Nas palavras derivadas de outras que já são escritas
então se acrescenta: “zinho” ou “zinha”: com “g”:
sofá – sofazinho ágio – agiota – agiotagem
mãe – mãezinha gesso – engessado – engessar
pé – pezinho exigir – exigência – exigível
afligir – afligem – afligido
Exercícios
• Nas terminações “agem”, “igem” e “ugem”:
1. Em todas as alternativas abaixo as palavras são grafadas margem, coragem, vertigem, ferrugem, fuligem,
com “z”, exceto: garagem, origem etc.
a) limpeza – beleza.
b) canalizar – utilizar. Exceção:
c) avizar – improvisar. pajem, lajem, lambujem.
d) catequizar – sintetizar.
e) batizar – hipnotizar. Note bem:
O substantivo viagem escreve-se com “g”, mas viajem
2. Complete corretamente os espaços do período a seguir (forma verbal de viajar) escreve- se com “j”:
com uma das alternativas abaixo.
“Nossa ______ não tem ______ para terminar, disse a Dica:
______.” Quando podemos escrever artigo antes (a, uma), temos
a) amizade – praso – meretriz o substantivo “viagem”, com “g”.
b) amisade – prazo – meretris A viagem para Búzios foi maravilhosa.
c) amizade – prazo – meretris Quando podemos ter o sujeito e conjugar, então tere-
d) amizade – prazo – meretriz mos o verbo, escrito com “j”:
e) amisade – praso – meretriz Que eles viajem muito bem.
Língua Portuguesa
3. Há, nas alternativas abaixo, uma palavra diferente do • Nas terminações “ágio”, “égio”, “ígio”, “ógio”, “úgio”,
grupo em relação à ortografia: “ege”, “oge”:
a) avidez, beleza. pedágio, relógio, litígio, colégio, subterfúgio, estágio,
b) algoz, baliza. prodígio, egrégio, herege, doge etc.
c) defesa, limpeza.
d) gozado, bazar. • Nos verbos terminados em “ger” e “gir”:
e) miudeza, jeitoza. corrigir, fingir, fugir, mugir etc.
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Exercícios • Nas palavras de uso um tanto e quanto discutíveis:
manjerona, jerico, jia, jumbo etc.
1. Todas as palavras sublinhadas nas frases abaixo são es-
critas com “g”, exceto: • A terminação “aje” é sempre com “j”:
a) Joga esta geringonça no lixo. ultraje, laje etc.
b) A geada foi muito forte na região Sul do Brasil.
c) A giboia é uma serpente não venenosa. Exercícios
d) Guarde a tigela no armário da sala.
e) Pessoas cultas não falam muita gíria. 1. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
a) pajem.
2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas b) varejo.
em relação à ortografia, exceto: c) gorjeta.
a) gengiva – Sergipe – evangelho. d) ajiota.
b) trage – ogeriza – cangica. e) rijeza.
c) giz – monge – sargento.
d) vagem – ogiva – tangerina. 2. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
e) gim – ogiva – sugestão. a) refújio.
b) estájio.
3. Todas as palavras das alternativas abaixo estão incorretas c) rijeza.
em relação à ortografia, exceto: d) pedájio.
a) ultrage – lage – berinjela. e) ferrujem.
b) cangerê – cafageste – magé.
c) refúgio – estágio – ferrugem. 3. Observe as frases que se seguem:
d) geca – girau ‑cangica. I – Minha coragem é algo incontestável.
II – O jiló é um fruto amargo, mas delicioso.
4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação III – A giboia é uma serpente brasileira.
à ortografia, exceto: Agora, responda, em relação à ortografia das palavras
a) fuselagem. sublinhadas.
b) aflige. a) Todas estão corretas.
c) angina. b) Somente a III está correta.
d) grangear. c) Todas estão incorretas.
e) fuligem. d) Somente a III está incorreta.
e) Somente a I está correta.
5. Todas as palavras das alternativas abaixo são grafadas
com “g”, exceto:
4. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
a) ceregeira.
a) Jertrudes.
b) cingir.
b) jestão.
c) contágio.
c) jerimum.
d) algema.
d) jesso.
e) página.
e) jerminar.
Gabarito 5. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
a) jereré.
1. c 2. b 3. c 4. d 5. a b) jeropiga.
c) jenipapo.
d) jequitibá.
Emprego do “J” e) jervão.
Usa-se o “j”:
Gabarito
• Nos vocábulos de origem tupi:
maracujá, caju, jenipapo, pajé, jerimum, Ubirajara etc. 1. d 2. c 3. d 4. c 5. e
Exceção:
Mogi das cruzes, Mogi-guaçu, Mogi-mirim, Sergipe. Emprego do “ch”
• Nas palavras cuja origem latina assim o exijam: O “ch” provém da evolução de grupos consonantais la-
majestade, jeito, hoje, Jesus etc. tinos:
Língua Portuguesa
CI ‑ clave / Ch – Chave
• Nas palavras de origem árabe: FI – Flagrae / Ch – Cheirar
alforje, alfanje, berinjela. PI – Plenu / Ch – Cheio
PI – Planu / Ch – Chão.
• Nas palavras derivadas de outras já escritas com “j”:
gorja – gorjeio, gorjeta, gorjear • Na palavra derivada de outra que já vem escrita com
laranja – laranjinha, laranjeira, laranjeirinha “ch”:
loja – lojinha, lojista charco / encharcar, encharcado
granja – granjear, granjinha, granjeiro chafurda / enchafurdar
36
chocalho / enchocalhar – “s” em final de sílabas seguido de consoante:
chouriço / enchouriçar extático, externo, experiência, contexto etc.
chumaço / enchumaçar
cheio / encher, enchimento – “z” em palavras com prefixo “ex”, seguido de vogal:
enchova / enchovinha exame, exultar, exequível etc.
• Nas palavras aportuguesadas, oriundas de outros idio- – “ch” no início ou no interior de algumas palavras:
mas: xícara, xarope, luxo, ameixa etc.
salsicha / do itálico “salsíccia”
sanduíche / do inglês “sandwich” – “cs” no meio ou no fim de algumas palavras:
chapéu / do francês “chapei” fixo, tórax, conexão, tóxico etc.
chope / do francês “chope” e do alemão “Schoppen”
Obs.:
• O “ch” provém, também, da formação do dígrafo “ch” Quando no final de sílabas o “x” não for precedido da
latino que se originou da evolução ao longo dos tempos: vogal “a”, deve-se empregar o “s” em vez de “x”:
cheirar, cheio, chão, chaleira etc. misto, justaposição etc.
• Em vocábulos de origem árabe e castelhana:
Exercícios xadrez, oxalá, enxaqueca, enxadrista etc.
1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão correta- • Em palavras de formação popular, africana ou indígena:
mente grafadas, exceto: xepa, xereta, xingar, abacaxi, caxumba, muxoxo, xa-
a) enchumaçar. vante, xiquexique, xodó etc.
b) cachumba.
c) chave. • Geralmente é usado após a sílaba inicial “en”, em pa-
d) brecha. lavras primitivas:
e) galocha. enxada, enxergar, enxaqueca, enxó, enxadrezar, enxam-
brar, enxertar, enxoval, enxovalhar, enxurrada, enxofre,
2. Todas as palavras abaixo estão incorretamente grafadas,
enxovia, enxuto etc.
exceto:
Exceções:
a) faicha.
encher, derivada de cheio
b) fachina.
anchova ou enchova e seus derivados etc.
c) repuchão.
d) chuteira.
e) relachado. Obs.:
Se a palavra é derivada, dependerá da grafia da primitiva.
3. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia. charco – encharcar; chocalho – enchocalhar
a) chilindró. chafurda – enchafurdar; chouriço – enchouriçar
b) estrebuchar. chumaço – enchumaçar (estofar) etc.
c) facho.
d) chafurdar. • Emprega-se o “x” após ditongos:
e) chamego. ameixa, caixa, peixe, feixe, frouxo, deixar, baixa, rou-
xinol etc.
4. Assinale a afirmação incorreta.
a) A palavra “boliche” está corretamente grafada. Exceções:
b) A palavra “rocho” está corretamente grafada. caucho, cauchal, caucheiro, recauchutar, recauchuta-
c) A palavra “mecha” está corretamente grafada. gem etc.
d) A palavra “richa” está incorretamente grafada.
e) A palavra “chereta” está incorretamente grafada. • Emprega-se “ex” quando seguido de vogal:
exame, exército, exato etc.
5. Assinale a alternativa correta.
a) tachinha (prego). • Emprega-se “ex” quando se segue:
b) chilindró. PLI – exPLIcar
c) cocho (manco). CI – exCItante
d) muchocho. CE – exCElência
e) muchiba. PLO – exPLOrar
Língua Portuguesa
Gabarito Exercícios
37
2. Assinale a alternativa correta. c) quase.
a) enxarcar. d) cadiado.
b) enxocalhar.
c) enxouriçar. 2. Assinale a alternativa correta em relação ao uso do “e”
d) enxurrada. e do “i”:
e) enxumaçar. a) criolina.
b) cemitério.
3. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do c) palitó.
“X”: d) orquídia.
a) cambaxirra.
b) flexar. 3. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
c) taxar (preço). ao uso do “e” e do “i”, exceto:
d) explicar. a) seringa.
b) seriema.
4. Todas as palavras abaixo estão corretas em relação ao c) umedecer.
uso do “X”, exceto: d) desinteria.
a) enxerto.
b) sintaxe. 4. Todas as alternativas abaixo estão incorretas em relação
c) textual. ao uso do “e” e do “i”, exceto:
d) síxtole. a) crâneo.
b) meretíssimo.
5. Complete as lacunas das palavras, com uma das alter- c) previlégio.
nativas que se segue: d) Filipe.
e__pontâneo; e__terior; e__perto; e__cessivo.
a) x – s – x – s 5. Quanto às palavras
b) s – x – s – x I – impigem;
c) s – s – x – x II – terebentina;
d) x – x – s – s III – pinicilina.
podemos afirmar:
Gabarito a) somente a I está correta.
b) somente a II está correta.
1. c 2. d 3. b 4. d 5. b c) todas estão incorretas.
d) todas estão corretas.
Uso do “E” Gabarito
• Nos verbos terminados em “uar”, “oar”, nas formas do
1. d 2. b 3. d 4. d 5. a
presente do subjuntivo:
continuar – continue – continues
efetuar – efetue – efetues
habituar – habitue – habitues
Uso do “O” e do “U”
averigue – averigues
A letra “o” átono pode soar como “u”, acarretando he-
perdoar – perdoe – perdoes
sitação na grafia.
abençoar – abençoe – abençoes Pode-se recorrer ao artifício da comparação com palavras
da mesma família:
• Palavras formadas com o prefixo “ante”: abolir – abolição
antecipar, anterior, antevéspera tábua – tabular
comprimento – comprido
Uso do “I”. cumprimento – cumprimentar
explodir – explosão
• Nos verbos terminados em “uir” nas segunda e tercei-
ra pessoas do singular do presente do indicativo e a Exercícios
segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo:
constituir – constitui – constituis 1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas
possuir – possui – possuís em relação à grafia, exceto:
influir – influi – influis a) nódoa.
fluir – flui – fluis b) óbolo.
diminuir ‑diminui – diminuis
Língua Portuguesa
c) poleiro.
instituir – institui – instituis d) pulir.
38
3. Em relação às seguintes palavras: Modifica o substantivo a que se relaciona:
I – muleque; “Um bom romance nos diz a verdade sobre o seu herói,
II – mulambo; mas um mau romance nos diz a verdade sobre seu
III – buate, autor”. (Chesterton Apud Josué Montello)
“Quando a previsão diz tempo bom, isso é mau.” (Leon
podemos afirmar: Eliachar)
a) todas estão corretas.
b) somente a I e II estão corretas. Como substantivo
c) somente a I e III estão corretas. Normalmente vem precedido de artigo:
d) todas estão incorretas. “Por que não prender os maus para vivermos tranqui-
los?”
4. Em relação às seguintes palavras: “O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer”.
I – bueiro; (Mário Quintana)
II – manoel;
“... só que viera a pé e foi-se sentado, cansado talvez
III – jaboticaba
de cavalgar por montes e vales do Oeste, e de tantas
lutas contra os maus”. (CDA)
podemos afirmar como verdadeiro:
a) somente a II e III estão incorretas.
b) somente a II e III estão corretas. Notações sobre o uso de “a”, “há” e “ah”
c) somente a I está correta.
d) todas estão corretas. • Usa-se “há”
e) somente II está incorreta. Com referência a tempo passado:
“Estou muito doente. Há dez anos venho sofrendo de
5. Assinale a alternativa de palavra incorretamente grafada. mal súbito”. (Aldu)
a) custume. “Isso aconteceu há quatro ou cinco anos”. (Rubem Braga)
b) tribo. Quando é formado do verbo haver:
c) romênia. “Já não há mais tempo. O futuro chegou”.
d) buliçoso. “O garçom era atencioso, você sabia que há garçons
atenciosos?” (CDA)
Gabarito
• Usa-se “a”
1. d 2. a 3. d 4. e 5. a Com referência a tempo futuro:
“... mas daí a pouco tinha a explicação”. (Machado de
Assis)
Algumas Dificuldades Gramaticais “Fui casado, disse ele, depois de algum tempo, daqui
a três meses posso dizer outra vez: sou casado”. (Ma-
Notações sobre o uso de “mal” e “mau”: chado de Assis)
39
Notações sobre o uso do porquê (e variações) “Tal prática era possível na cidade, aonde ainda não
haviam chegado os automóveis.” (Manuel Bandeira)
• Porque – Conjunção causal ou explicativa: “Se chegares sempre aonde quiseres, ganharás”. (Paulo
“Vende-se um segredo de cofre a quem conseguir abrir Mendes Campos)
o cofre, porque o dono não consegue”. (Leon Eliachar)
“Os macróbios são macróbios porque não acreditam • Donde
em micróbios”. (Mário Quintana) Equivale a “de onde” e apresenta ideia de afastamento;
corresponde a lugar do qual (unde, em latim):
• Por que – Nas interrogações “Tomás estava, mas encerrara-se no quarto, donde só
“ – Diga-se cá, por que foi que você não apareceu mais saíra...” (Machado de Assis)
lá em casa?” (Graciliano Ramos) (Interrogativa direta) “Às vezes se atiram a distantes excursões donde regres-
“Não sei por que você foi embora”. (Interrogação indi- sas com uma enorme lava.” (Manoel Bandeira)
reta)
Como pronome relativo, equivalente a o qual, a qual, Notações sobre o uso de “senão” e “se não”
os quais, as quais.
“Não sei a razão por que me ofenderam”. • Senão
“Contavam fatos da vida, incidentes perigosos por que Conjunção adversativa com o sentido de “em caso
tinham passado”. (José Lins do Rego) contrário”, “de outra forma”:
“Cala a boca, mulher, senão aparece polícia”. (Raquel
• Por quê – No final da frase. de Queiroz)
“Mas por quê? Por quê? Por amor? (Eça de Queiroz) Com o sentido de “mas sim” e com o sentido de “a não
“Sou a que chora sem saber por quê”. (Florbela Espanca) ser”:
“Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sincerida-
• Porquê de, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza”.
É substantivo e, então, varia em número; normalmen- (Clarice Lispector)
te, o artigo o precede:
“Eu sem você não tenho porquê”. (Vinícius de Morais)
Quando substantivo com o sentido de “falha”, “defei-
“Só mesmo Deus é quem sabe o porquê de certas von-
to”, “imperfeição”. Admite, então, flexão de número:
tades femininas, se é que consegue saber.” (CDA)
“Esfregam as mãos, têm júbilos de solteiras histéricas, dão
pulinhos, apenas porque encontram senões miúdos nas
Notações sobre o uso de “quê” e “’que”
páginas que não saberiam compor”. (Josué Montello)
• Quê
Como interjeição exclamativa (seguida de ponto de • Se não
exclamação): Quando conjunção condicional “se”:
“Quê! Você ainda não tomou banho?” ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
(Mário Quintana)
No final de frases:
Zombaria de todos, mesmo sem saber de quê. Quando advérbio de negação “Não”
“Medo de quê?” (José Lins do Reco) “Os ex-seminaristas, como os ex-padres, permanecem
Como substantivo ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não, pela fé –
“Um quê misterioso aqui me fala.” (Gonçalves Dias) pelo rito”. (Josué Montello)
“A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
sempre um quê de proibido...” (Mário Quintana) (Mário Quintana)
• Aonde • A par
É dinâmico. Usa-se com os verbos chamados de mo- Tem o significado de conhecer, saber, tomar conheci-
vimento, como ir, andar, caminhar etc.; corresponde mento:
a lugar em que (quo, em latim): Estamos a par da evolução técnica.
40
• Ao par Velha Regra Nova Regra
Tem o significado de igual, equilibrado, paralelo:
ante-sala antessala
O câmbio está ao par.
anti-reumatismo antirreumatismo
Exercícios auto-recuo autorrecuo
contra-senso contrassenso
1. Preencha as lacunas com “mal”, “mau”, “má”: extra-rigoroso extrarrigoroso
a) Foi um _______ resultado para a equipe. infra-solo infrassolo
b) Foi um ______ irrecuperável. ultra-rede ultrarrede
c) Não me interprete _____ quando lhe digo _____ que ultra-sentimental ultrassentimental
responderá pelo que fez a esta criança. semi-sótão semissótão
d) ______ entrou no campo, deu um _______ jeito no supra-renal suprarrenal
pé, devido à _______ condição do gramado. supra-sigiloso suprassigiloso
e) Uma redação _______ escrita pode ser, apenas, o
resultado de uma _______ organização de ideias. Os prefixos hiper-, inter- e super- se ligam com hífen a
f) Ele organizou ______ o texto. elementos iniciados por r.
g) Sua _______ redação foi um negócio ________ para hiper-risonho, hiper-realidade, hiper-rústico, hiper-regu-
ela. lagem, inter-regional, inter-relação, inter-racial, super-
h) Este menino é _______ porque sempre aprendeu a -ramificado, super-risco, super-revista.
praticar o _______.
i) Se não tivesse recebido ______ exemplos, evitaria os b) Passa a ser usado o hífen, agora, quando o prefixo
______ que tem causado. termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento.
j) Há pessoas que têm o _____ costume de fazer ______ Lembremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico,
juízo dos outros, ______ os conhecem. os prefixos abaixo eram grafados sem hífen diante de vogal.
Observe o quadro:
2. Preencha as lacunas com porque, por que, porquê, por
quê, ou quê: Velha Regra Nova Regra
a) Você não disse _________ veio, ontem, à festa. antiinflacionário anti-inflacionário
b) Não sei ________ você não veio, ontem, à festa. antiictérico anti-ictérico
c) Você sabe se José não veio à aula hoje, ________ não antiinflamatório anti-inflamatório
chegou ainda do passeio de final de semana?
arquiinimigo arqui-inimigo
d) Todos temos direitos inalienáveis, ________ somos arquiinteligente arqui-inteligente
pessoas humanas.
e) _________ se questiona tanto o progresso e se ques- microondas micro-ondas
microônibus micro-ônibus
tionam pouco os responsáveis pela ampliação desu-
microorganismo micro-organismo
mana da técnica? ___________?
f) Os caminhos __________ temos andado, os valores Exceção:
_________ temos lutado, podem não ser os mais Não se usa hífen com o prefixo co-, mesmo que o segundo
certos, porém são aqueles em que acreditamos. elemento comece com a vogal o:
g) Há um _______ misterioso em tudo isso. coordenação, cooperação, coocorrência, coocupante,
h) Não consigo perceber o _________ de tudo isso, mas coonestar, coobrigar, coobrar.
as razões ________ não consigo perceber tudo isso
já estão bem identificadas. c) Não será mais usado quando o prefixo termina em
vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Lem-
Gabarito bremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os
prefixos abaixo eram sempre grafados com hífen antes de
1. a) mau 2. a) por que vogal. Observe o quadro:
b) mal b) por que
c) mal, mal c) porque Velha Regra Nova Regra
d) Mal, mau, má d) porque auto-análise autoanálise
e) mal, má e) Por que, Por quê auto-afirmação autoafirmação
f) mal f) por que, por que auto-adesivo autoadesivo
g) má, mau g) porquê
h) porquê, por que auto-estrada autoestrada
h) mau, mal
i) maus, males auto-escola autoescola
j) mau, mau, mal auto-imune autoimune
Língua Portuguesa
extra-estatutário extraestatutário
extra-escolar extraescolar
Emprego do Hífen extra-estatal extraestatal
(Conforme a Nova Ortografia) extra-ocular extraocular
extra-oficial extraoficial
a) Não será usado hífen quando o prefixo termina em extraordinário* extraordinário
vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Essas letras extra-urbano extraurbano
serão duplicadas. Observe as regras no quadro abaixo. extra-uterino extrauterino
41
infra-escapular infraescapular • Com topônimos iniciados por grão- e grã- e forma ver-
infra-escrito infraescrito bal ou elementos com artigo:
infra-específico infraespecífico Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de
infra-estrutura infraestrutura Todos-os-Santos, Trás-os-Montes etc.
infra-ordem infraordem • Com os advérbios mal e bem quando formam uma
unidade sintagmática com significado e o segundo
intra-epidérmico intraepidérmico
elemento começa por vogal ou h:
intra-estelar intraestelar bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-
intra-orgânico intraorgânico -estar, mal-humorado.
intra-ósseo intraósseo Obs.: Os compostos com o advérbio bem se escrevem
neo-academicismo neoacademicismo sem hífen quando tal prefixo é seguido por elemento
neo-aristotélico neoaristotélico iniciado por consoante:
neo-aramaico neoaramaico bem-nascido, bem-criado, bem-visto (ao contrário de
neo-escolástica neoescolástico “malnascido”, “malcriado” e “malvisto”).
neo-escocês neoescocês • Nos compostos com os elementos além, aquém, recém
neo-estalinismo neoestalinismo e sem:
neo-idealismo neoidealismo além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-
neo-imperialismo neoimperialismo -casados, sem-número, sem-teto.
semi-erudito semierudito
supra-ocular supraocular Hífen em locuções
* Observe que a palavra extraordinário já era escrita sem hífen antes
do novo acordo. Não se usa hífen nas locuções (substantivas, adjetivas,
pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjunti-
d) Não se usa mais o hífen em palavras compostas por vas), como em: cão de guarda, fim de semana, café com leite,
justaposição, quando se perde a noção de composição e pão de mel, pão com manteiga, sala de jantar, cor de vinho,
surge um vocábulo autônomo. Observe o quadro: à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que.
São exceções algumas locuções consagradas pelo uso. É
o caso de expressões como: água-de-colônia, arco-da-velha,
Velha Regra Nova Regra
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à
manda-chuva mandachuva queima-roupa.
pára-quedas paraquedas
pára-lama, pára-brisa paralama, parabrisa Exercícios
pára-choque parachoque
Responda conforme as novas regras da ortografia.
Devemos observar que continuam com hífen: ano-luz,
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, tio-avô, 1. Nas frases que seguem, indique a única que apresente a
mato-grossense, norte-americano, sul-africano, afro-luso- expressão incorreta, levando em conta o emprego do hífen.
-brasileiro, primeiro-sargento, segunda-feira, guarda-chuva. a) Aqueles frágeis recém-nascidos bebiam o ar com
aflição.
e) Fica sendo regra geral o hífen antes de h: b) Nunca mais hei-de dizer os meus segredos.
anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra- c) Era tão sem ternura aquele afago, que ele saiu mal-
-harmônico, extra-humano, pré-histórico, sub-hepático, -humorado.
super-homem. d) Havia uma super-relação entre aquela região deserta
e esta cidade enorme.
O que não muda no hífen e) Este silêncio imperturbável, amá-lo-emos como uma
alegria que não deixa de ser triste.
Continua-se a usar hífen nos seguintes casos:
• Em palavras compostas que constituem unidade sin- 2. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às
tagmática e semântica e nas que designam espécies: palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale
aquela que tem que ser escrita com hífen.
ano-luz, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva,
a) (sub) chefe.
segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor,
b) (sub) entender.
erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi.
c) (sub) desenvolvido.
• Com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-:
d) (sub) reptício.
ex-mulher, sota-piloto, soto-mestre, vice-campeão,
e) (sub) liminar.
vizo-rei.
• Com prefixos circum- e pan- se o segundo elemento 3. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen:
começa por vogal h e m ou n: a) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
circum-adjacência, pan-americano, pan-histórico.
Língua Portuguesa
42
b) O ex-aluno fez a sua autodefesa. EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
c) O contra-regra comeu um contrafilé.
d) Sua autobiografia é um verdadeiro contrassenso. Regras Básicas
e) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
Importante!
5. Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quan- A nova ortografia não mudará estas regras básicas de
to ao emprego do hífen. acentuação.
a) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para
assumir um relacionamento extraconjugal. Posição da
b) Era extra-oficial a notícia da vinda de um extraterreno. Terminação Exemplos
sílaba tônica
c) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama-
rinas. Proparoxítonas todas lúcido, anátema, arsê-
d) O antissemita tomou antibiótico e vacina antirrábica. nico, paralelepípedo.
e) Era um suboficial de uma superpotência. Monossílabas a(s), e(s), o(s) lá, ré, pó, pás, mês,
tônicas cós.
6. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do Oxítonas a(s), e(s), o(s), crachá, Irecê, trenó,
hífen. em, ens ananás, Urupês, re-
a) Pelo interfone ele me comunicou bem-humorado que trós, armazém, para-
estava fazendo uma superalimentação. béns.
b) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. Paroxítonas r, n, l, x, ditongo, fêmur, próton, fácil,
c) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. ps, i, is, us, um, látex, colégio, pônei,
d) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. uns, ão(s), ã(s). bíceps, júri, lápis, bô-
e) O autodidata fez uma auto-análise. nus, álbum, fóruns,
acórdão, ímã, órfãs.
7. Fez um esforço ______ para vencer o campeonato
_________. Obs. 1:
a) sobre-humano – inter-regional Monossílabo tônico é a palavra (sílaba) com sentido pró-
b) sobrehumano – interregional prio. Continua com seu sentido mesmo que fora da frase.
c) sobreumano – interregional Geralmente, verbos, advérbios, substantivos e adjetivos.
d) sobrehumano – inter-regional Quando não possui sentido, o monossílabo é átono.
e) sobre-humano – inter-regional Tenho dó do menino.
dó: monossílaba tônica
8. Usa-se hífen nos vocábulos formados por sufixos que re- do: monossílaba átona (de + o)
presentam formas adjetivas, como açu, guaçu, e mirim. Os nomes das notas musicais são monossílabos tôni-
Com base nisso, marque as formas corretas. cos: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Apesar de serem todos tônicos,
a) capim-açu. acentuam-se apenas: dó, ré, fá, lá.
b) anajá-mirim.
c) paraguaçu. Dica:
d) para-guaçu. O sistema de acentuação da Língua Portuguesa se baseia
nas terminações a(s), e(s), o(s), em, ens.
9. Marque as formas corretas. Memorize!
a) autoescola. As paroxítonas terão acento quando a terminação for
b) contra-mestre. diferente de a(s), e(s), o(s), em, ens.
c) contra-regra.
d) infraestrutura. Obs. 2:
e) semisselvagem. O sinal til (~) não é acento. É apenas o sinal para indicar
f) extraordinário. vogal com som nasal. Portanto: rã (monossílaba tônica sem
g) proto-plasma. acento), sã (feminino de são = saudável), irmã (oxítona sem
h) intra-ocular. acento), ímã (paroxítona com acento agudo e final ã).
i) neo-republicano.
j) ultrarrápido. Obs. 3:
O único caso de palavra com dois acentos no Português
10. Marque, então, as formas corretas. é verbo no futuro com pronome mesoclítico:
a) supra-renal. Cantará o hino → Cantará + o → Cantar + o + á → Cantá-lo-á.
b) supra-sensível. Note acima a forma verbal oxítona em “cantará” e em
c) supracitado. “cantá”.
d) supra-enumerado.
Língua Portuguesa
43
Velha Ortografia Nova Ortografia
Acentuavam-se os ditongos abertos tônicos: éi, ói, éu: Nos ditongos abertos tônicos ei, oi perdeu-se o acento na
idéia, asteróide, jóia, factóide, platéia, colméia, esquizóide, penúltima sílaba:
Eritréia, fiéis, corrói, chapéu. ideia, asteroide, joia, factoie, plateia, colmeia, esquizoide,
Eritreia.
Note que a regra básica das paroxítonas não acentuaria:
ideia, asteroide, plateia, colmeia, esquizoide, Eritreia. Cuidado!
Continuam acentuados éi e ói de oxítonas e monossílabas
tônicas de timbre aberto:
corrói, dói, fiéis, papéis, faróis, anéis, anzóis.
Atenção!
Na palavra “dêitico” temos proparoxítona. O acento deve-se
à regra das proparoxítonas. Continua acentuado.
Cuidado!
Em fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo, pe-rí-o-do continuamos tendo
proparoxítonas acentuadas. Não é a regra do hiato com i
ou u.
44
Velha Ortografia Nova Ortografia
Trema ( ¨ ) O trema está extinto das palavras portuguesas e aportu-
Era usado sobre a semivogal u antecedida de g ou q, e se- guesamentos. Lembre que a pronúncia continua a mesma.
guida de e ou i: O acordo é só ortográfico.
seqüela, tranqüilo, agüenta, argüir, argüir, delinqüir, tran-
Porém, é mantido o trema em nomes próprios estrangeiros
qüilo, cinqüenta, agüentar, pingüim, seqüestro, qüinqüênio.
e seus derivados:
Obs.: Quando temos vogal u tônica, nesses grupos, surge Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen.
um acento agudo diferencial:
obliqúes, apazigúe, argúi, averigúe. Atenção:
Como o trema foi extinto, então perdeu o acento o u tônico
de formas verbais rizotônicas (com acento na raiz) quando
parte dos grupos que e qui, gue e gui:
obliques, apazigue, argui, averigue.
Atenção:
Para os verbos ter, vir e derivados: têm (eles), tem (ele),
vêm (eles), vem (ele).
Atenção! EXERCÍCIOS
Apesar de não serem obrigatórias, as novas regras podem
ser objeto de questões que perguntem qual palavra será Acentuação com a velha ortografia.
modificada com o novo acordo ortográfico. As regras ve-
lhas valem até 31/12/2015, segundo o Decreto nº 7.875, Julgue C (certo) ou E (errado).
de 27/12/2012. 1. Está correto o seguinte agrupamento de palavras do
Então, estude as regras antigas e saiba o que muda com texto pela regra de acentuação:
as novas. • Regra das proparoxítonas: Sócrates/genética/físico.
• Regra das paroxítonas terminadas em ditongo cres-
Curiosidade! cente: contrário/ caráter/ suicídio/ compulsório/ sá-
O caso da proparoxítona eventual bios/ gênios/ tédio/ ciência/ própria/ experiência/
Palavras paroxítonas terminadas em ditongo crescente equilíbrio.
(semivogal + vogal) podem ser pronunciadas como se fosse • Regra das oxítonas: você/ está/ também.
hiato no final.
• Regra dos monossílabos tônicos: há.
História → duas pronúncias: his-tó-ria ou his-tó-ri-a
Língua Portuguesa
45
5. As palavras abundância, quilômetros, território, climá- III – Estudam-se as ... da questão social.
ticas, árida, biogeográficas e ecológicas estão grafadas a) arguem / freqüência / raízes
com acento agudo porque são todas proparoxítonas. b) argúem / freqüência / raízes
c) arguem /freqüência / raízes
6. Pôde é uma palavra que leva acento a fim de indicar ao d) argüem /freqüência / raízes
leitor que se trata do pretérito perfeito e não da forma e) arguem / frequência / raízes
pode, do presente do indicativo; o vocábulo abaixo que
recebe acento obrigatoriamente é: GABARITO
a) Numero. c) sede. e) segredo.
b) egoista. d) ate. 1. E 4. C 7. a 10. E
2. E 5. E 8. e
7. (Funiversa/CEB/Administrador) Assinale a alternativa 3. C 6. b 9. E
em que todas as palavras são acentuadas pela mesma
razão. 11. E. Trata-se de substantivo monossílabo tônico. Note
a) Brasília, prêmios, vitória. o artigo. Isso substantiva a palavra. Lembre-se de que
b) elétrica, hidráulica, responsáveis. substantivos são palavras significativas por si mesmas.
c) sérios, potência, após. Monossílabo tônico tem sentido próprio.
d) Goiás, já, vários.
e) Solidária, área, após. 12. C 13. a 14. d 15. e
8. (Funiversa/Sejus/Atendente de Reintegração Social)
Assinale a alternativa que contenha apenas palavras ESTRUTURA E PROCESSOS DE FORMAÇÃO
acentuadas pela aplicação da mesma regra de acentu-
ação gráfica.
DAS PALAVRAS
a) Assistência, públicas, após.
b) políticas, referência, jurídica. Estrutura das Palavras
c) caráter, saúde, após.
d) jurídica, responsável, públicas. Em geral, a palavra pode ser decomposta em partes: a
e) referência, beneficiários, indivíduo. raiz, o radical, o tema, os afixos (sufixos e prefixos), a desi-
nência (nominal e verbal), a vogal temática; os infixos (a vogal
9. (Funiversa/Terracap/Técnico Administrativo) As palavras e a consoante de ligação).
crítica, irônica e saudável têm o acento gráfico justifi-
cado pela mesma regra. Raiz: é o elemento fundamental da palavra; não pode ser
decomposta e nele se concentra o sentido básico: é, além dis-
10. (Funiversa/Sejus/Administrador) As palavras país, físico so, comum às palavras da mesma família (palavras cognatas):
e presídios são acentuadas pela mesma razão: o acento (‑reg‑) é a raiz das palavras cognatas:
recai sobre a vogal i. reger; régua; regular etc.
11. (Funiversa/Terracap/Administrador) A palavra quê, na
frase “Paixonite é uma inflamação do quê?”, aparece A raiz chama-se também radical primário.
acentuada porque está inserida em uma pergunta.
Radical (ou radical secundário): é a raiz acrescida de
12. (Funiversa/HFA/Assistente Técnico Administrativo) A afixos, se houver. Não havendo qualquer afixo (sufixo ou
sílaba tônica da palavra recordes é a penúltima, assim prefixo) raiz e radical se confundem.
como ocorre na palavra executivos. Assim, na palavra “reger”, eliminando-se a desinência
“‑er” fica-se a raiz que, nessa palavra, é, também, o radical
Responda às questões 13 a 17 conforme as novas regras de primário. Mas na palavra “desregular”, eliminando-se a desi-
acentuação. nência “‑ar”, fica-se o radical “desregul –”, que é o radical se-
cundário, por ter sido ampliado com afixos (sufixo e prefixo).
13. Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acen-
tuado: Tema: é o radical acrescido de uma vogal, denominada
a) hífen. c) itens. e) ítem. “vogal temática”. Nos nomes nem sempre é fácil apontar a
b) hífens. d) rítmo. vogal temática, quando coincide com as desinências do gê-
nero, ou não passa de simples semivogal; além disso, pode
14. Assinale a alternativa que completa corretamente as nem existir. Nos verbos, obtemos o “tema” com a eliminação
frases: da desinência do infinitivo (r).
I – Normalmente ela não ... em casa. Exemplo:
II – Não sabíamos onde ... os discos. “ama ‑” é o tema do verbo “amar”, “am” é o radical e
III – De algum lugar ... essas ideias. “a” a vogal temática (característica da primeira conjugação).
a) pára / pôr / provém
b) para / pôr / provém Afixos: são os elementos de significação secundária que
Língua Portuguesa
c) pára / por / provêem se agregam à raiz para formar uma nova palavra, derivada da
d) para / pôr / provêm primeira. Os afixos chamam-se “prefixo” quando se antepõe
e) para / por / provém à raiz e “sufixo” quando se pospõe a ela:
Exemplos:
15. Assinale a alternativa onde aparecem os vocábulos que reluzir ‑ “re” prefixo
completem corretamente as lacunas dos períodos: sapateiro ‑ “eiro” sufixo
I – Os professores ... seus alunos constantemente.
II – Temos visto, com alguma ... fatos escandalosos nos Desinências: são os elementos que terminam as palavras,
jornais. indicando as flexões gramaticais. Dividem-se em:
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• desinências nominais: quando, nas palavras, indicam com cada um deles, independentemente, uma palavra: “infe-
as flexões de gênero e de número dos nomes; liz” e “felizmente”, criando, em seguida, uma terceira palavra:
• desinências verbais: quando indicam as flexões de in + feliz + mente = infelizmente.
número e pessoa, tempo e modo do verbo.
d) Parassíntese ou junção simultânea: consiste em agre-
Assim, nas formas “menino”, “menina”, “o” e “a” são garmos ao radical da palavra primitiva os afixos: (prefixo e
desinências de gênero; já em “meninos” e “meninas” o “s” sufixo), desde que, com agregação individual de cada um
é desinência de número (desinências nominais). deles não se forme nenhuma palavra de significação.
en + tarde
Na palavra “amávamos”, temos: tard + ecer
“am” – raiz ou radical primário Obs.: essas duas palavras não têm significados isolada-
“‑a”: vogal temática mente.
“‑va” – desinência modo temporal
“‑mos” desinência número-pessoal => (desinências verbais). Agora observe o exemplo que se segue:
en + tard + ecer = entardecer
Vogal temática: é a vogal que se acrescenta ao radical de Obs.: essa palavra “entardecer” possui um significado,
certas palavras; essa vogal amplia o radical e o prepara para pois a agregação dos afixos (prefixo e sufixo) ocorreu de for-
receber as desinências. Só tem importância, no momento, ma “simultânea”, quer dizer: “ao mesmo tempo”.
en + tard + ecer = entardecer
a vogal temática dos verbos, pois caracteriza a conjugação:
a + noit + ecer” = anoitecer.
“a”: vogal temática da primeira conjugação
“‑ e ‑”: vogal temática da segunda conjugação
e) Regressiva: forma-se uma palavra nova pela subtração
“– i –”: vogal temática da terceira conjugação
de um elemento da palavra primitiva.
Vogais e consoantes de ligação: são elementos, sem
quaisquer sentidos, que se intercalam entre outros para primitiva derivada
facilitar a pronúncia. chorar choro
café‑i‑cultor, gas-ô-metro, cha-l-eira, pau‑l‑ada, café‑t‑ei- combater combate
ra etc.
Observação:
Processo de Formação de Palavras Na derivação regressiva, formam-se, geralmente, subs-
tantivos abstratos indicativos de ação, através da queda do
Dois são os principais processos de formação de palavras “r” da palavra primitiva (o verbo).
na língua portuguesa: composição e derivação.
f) Imprópria: formação de uma palavra nova sem que seja
Composição alterada a forma da palavra primitiva. É um caso especial de
Consiste na criação de palavras por meio de duas ou mais derivação, a palavra não sofre modificações em sua estrutura
básica, nem acréscimo nem redução, o que ocorre, na reali-
palavras. A associação dos referidos elementos pode ser feita
dade, é uma mudança na função que a palavra exerce num
por “justaposição” ou por “aglutinação”.
determinado contexto; isso acontece quando uma palavra
a) Justaposição
muda de classe gramatical.
Na justaposição, os elementos conservam a sua indepen-
Exemplo:
dência, tendo cada radical o seu acento tônico, não havendo A palavra “não”, tomada isoladamente, é um advérbio
perda de sons em qualquer dos componentes. de negação; exerce essa função em frase do tipo: Não irei
carro-dormitório, amor-perfeito, segunda-feira, mula- ao cinema.
-sem-cabeça, vira-lata, guarda-comida, madrepérola, Entretanto, sua função pode ser modificada, dependendo
passatempo, pontapé etc. do contexto:
O não é uma palavra terrível.
b) Aglutinação Nesse caso, a palavra “não” passa a ser um substantivo.
Na aglutinação, os dois elementos se fundem num todo O mais comum na derivação imprópria é a mudança de
com um só acento tônico, havendo inclusive perda de sons. verbos, adjetivos, advérbios e conjunções em substantivos.
aguardente (água + ardente); embora (em + boa + hora);
outorga (outra + hora); pernalta (perna + alta) etc. Observação:
Para sabermos se a palavra é substantivo ou verbo, usa-
Derivação mos o seguinte critério: “Se o substantivo denota ação, será
Consiste na formação de palavras novas por meio de palavra derivada, e o verbo palavra primitiva; mas, se o nome
prefixos ou sufixos. Daí a divisão em: denota algum objeto ou substância, será palavra primitiva
a) Prefixação ou derivação prefixal: quando antepomos e o verbo derivada.” Desta forma, exemplifiquemos: caça
ao radical da palavra, um elemento denominado “prefixo”, (substantivo, denota ação) vem do verbo caçar. O substantivo
formando aí uma nova palavra. arquivo (denota um objeto) dá origem ao verbo arquivar.
Língua Portuguesa
in‑feliz = infeliz
Outros Processos de Formação de Palavras
b) Sufixação ou derivação sufixal: quando pospomos
ao radical da palavra um elemento denominado “sufixo”, Além dos dois principais processos de formação de pa-
formando, aí, uma nova palavra. lavras, derivação e composição, temos alguns outros que
feliz + mente = felizmente produziram um número razoável de palavras, destacamos
os seguintes:
c) Prefixal e sufixal (junção não simultânea): quando an- 1) Abreviação vocabular: consiste na redução de uma
tepomos e pospomos, um elemento de cada vez, formando palavra, normalmente longa, polissilábica, para uma comu-
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nicação mais ágil, mais rápida. Observe que a palavra “mo- a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer.
tocicleta” é hoje usada em uma forma reduzida: moto; assim b) aguardente, infeliz, cinema, enrijecer.
como telefone – fone; automóvel – auto. c) deslealdade, moto, entardecer, girassol.
Entretanto, é fundamental não confundir “abreviação vo- d) encontro, fidalgo, boquiaberto, felizmente.
cabular”, com “abreviatura”. Abreviação vocabular consiste
na redução de uma palavra, e abreviatura consiste na repre- 7. O vocábulo “vaivém” constituiu-se através do processo de
sentação de uma palavra por algumas letras, como ocorre a) derivação prefixal.
em “obs.” – abreviatura de “observação”; “dr. – abreviatura b) composição por aglutinação.
de “doutor”; “i.e.” (abreviatura de “isto é”) etc. c) composição por justaposição.
d) derivação parassintética.
Exemplos de abreviação vocabular mais comuns:
cine ‑ cinema 8. Assinale a alternativa em que ocorre uma palavra com
foto ‑fotografia um sufixo do mesmo valor que o da palavra sublinhada
quilo ‑ quilograma na frase abaixo:
rebu ‑ rebuliço “Depois o menino desceu e foi dar umas maniveladas
2) Siglas: as siglas não devem ser confundidas nem com para o motor pegar.”
abreviação vocabular, nem com abreviatura. É discutível mes- a) meninada.
mo chamar uma sigla de palavra; melhor seria definir a sigla b) boiada.
como um caso de abreviatura. c) martelada.
As siglas surgem, em geral, com iniciais das palavras que d) manada.
formam o nome de instituições, sociedades, partidos políti-
cos, associações etc. 9. “Era a declaração amorosa feita geralmente à dama ca-
SANBRA ‑ Sociedade Algodoeira do Nordeste do Brasil sada, mais de uma vez pelo fidalgo que o senhor feudal
OMS ‑ Organização Mundial de Saúde criava no castelo.”
ONU ‑ Organização das Nações Unidas As palavras destacadas são respectivamente, formadas,
por:
3) Onomatopeia: consiste na imitação de sons, seja o som a) parassíntese, prefixação e sufixação.
das vozes dos animais, seja o som dos ruídos da natureza, b) sufixação, sufixação e aglutinação.
ou mesmo o som produzido pelos objetos e pelo próprio c) prefixação, parassíntese e aglutinação.
homem. d) composição, sufixação e justaposição.
miau – voz do gato
10. Na palavra “avozinha” o elemento sublinhado classifica-
tique‑taque – barulho do relógio
-se como:
toc‑toc – batida da porta
a) desinência de gênero.
chuc‑chuc – ruído da roupa sendo lavada
b) desinência de número.
c) desinência de infinitivo.
EXERCÍCIOS d) consoante de ligação.
1. (IBFC/Ideci-CE/Advogado) A palavra “imaturas” é for- 11. Na frase “nunca deponhas contra um teu semelhante,
mada por antes de certificaste da verdade”, o verbo destacado
a) justaposição. pertence à:
b) aglutinação. a) primeira conjugação.
c) derivação. b) segunda conjugação.
d) abreviação. c) terceira conjugação.
d) quarta conjugação.
2. (IBFC/Seplag-MG/Analista) A palavra “grafiteiros” é for-
mada por 12. As palavras antiamericano, petrodólar, moto, Sudene
a) aglutinação. e espaçonave são formadas, respectivamente, por:
b) justaposição. a) prefixação, aglutinação, abreviação, sigla, justaposição.
c) sufixação. b) aglutinação, prefixação, regressão, sufixação, sigla,
d) derivação imprópria. justaposição.
c) sufixação, prefixação, regressão, justaposição, sigla.
3. A palavra “inquieta” é formada por derivação prefixal. d) justaposição, aglutinação, sufixação, regressão, sigla.
4. Indique a palavra formada por “parassíntese”: 13. Assinale a alternativa que descreve, corretamente, o pro-
a) ataque. cesso de formação das palavras destacadas no seguinte
b) emudecer. texto:
c) passatempo. “Na feira-livre do arrabaldezinho, um homem loquaz
d) automóvel. apregoa balõezinhos coloridos.”
a) derivação, composição, composição.
5. As palavras “aguardente”, “livro”, “barco” e “bebedouro”, b) derivação, derivação, derivação.
Língua Portuguesa
48
15. As palavras: claramente / bonzinho / homenzinho são Pronomes
formadas por derivação:
a) regressiva. Pronome substitui e/ou acompanha o nome.
b) sufixal. Pedro acordou tarde. Ele ainda dormia, quando sua mãe
c) parassintética. o chamou.
d) prefixal. Pronomes: Ele = Pedro (só substitui).
Sua = de Pedro (substitui Pedro e acompanha “mãe”).
16. Se a partir da palavra tarde formamos “tardar” e “entar-
O = Pedro (só substitui Pedro).
decer”, essas duas últimas serão (quanto à formação):
a) derivação por sufixação e prefixação.
b) derivação por sufixação e parassintetismo. Existem seis tipos de pronomes:
c) derivação por prefixação e parassintetismo. • pessoais
d) derivação por prefixação e prefixação. • demonstrativos
• possessivos
17. Em qual dos exemplos abaixo está presente um caso de • relativos
derivação parassintética: • interrogativos
a) Lá vem ele vitorioso do combate. • indefinidos
b) Ora, vá plantar batatas.
c) Começou o ataque. As provas cobram muito os pronomes relativos, os de-
d) Não vou mais me entristecer, vou é cantar. monstrativos e os pessoais “o” e “lhe”.
18. A palavra “endomingado” ( = vestido com a melhor rou- Pronomes Substantivos e Pronomes Adjetivos
pa) é formada pelo processo de:
a) parassíntese. Quando um pronome é empregado junto de um subs-
b) prefixação. tantivo, ele é chamado de pronome adjetivo; e quando um
c) aglutinação . pronome aparece isolado, sozinho na frase, ele é chamado
d) justaposição. de pronome substantivo.
Ninguém pode adivinhar suas vontades?
19. (Iades/CAU-RJ) No que tange ao processo de formação Ninguém → pronome substantivo (pois está sozinho).
de palavras, é correto afirmar que a palavra inspiração suas → pronome adjetivo (pois está junto do substantivo
é formada por derivação
vontades).
a) sufixal.
b) prefixal.
c) parassintética. Encontrei minha caneta, mas não a apanhei.
d) regressiva. minha → pronome adjetivo.
e) imprópria. a → pronome substantivo.
49
Vamos imaginar, agora, que Gorete esteja conversando sujeito. Nas frases em que isso ocorre, tais pronomes são
com um amigo e queira afirmar que o cão que acompanha chamados pronomes reflexivos.
esse amigo está doente. Ela pode se expressar assim: Eu me machuquei. me (= a mim mesmo) → pronome
O cão está doente, ou então, Ele está doente. reflexivo.
• ele designa o que chamamos de 3ª pessoa gramatical,
isto é, a pessoa, o ser a respeito de quem se fala. b) Os pronomes oblíquos si e consigo são sempre re-
flexivos.
eu, nós, tu, vós, ele, eles são, nas frases analisadas, exem- Márcia só pensa em si. (= pensa nela mesma)
plos de pronomes pessoais. Ele trouxe consigo o livro. (= com ele mesmo)
Podemos concluir, então, que pronomes pessoais são Note, portanto, que frases como as exemplificadas a se-
aqueles que substituem os nomes e representam as pessoas guir são gramaticalmente incorretas.
gramaticais. Marcos, eu preciso falar consigo.
São três as pessoas gramaticais: Eu gosto muito de si, minha amiga.
• 1ª pessoa (a que fala): eu, nós
• 2ª pessoa (com quem se fala): tu, vós c) Os pronomes oblíquos nos, vos e se, quando significam
• 3ª pessoa (de quem se fala): ele(s), ela(s). um ao outro, indicam a reciprocidade (troca) da ação. Nesse
caso são chamados de pronomes reflexivos recíprocos.
Quadro dos pronomes pessoais Os jogadores se abraçavam após o gol. Onde: se (= um
ao outro) → pronome reflexivo recíproco.
Caso oblíquo (outras funções)
Caso reto
(sujeito) Átonos (sem Tônicos (com d) Eu x mim: eu (pronome reto) só pode funcionar como
preposição escrita) preposição escrita) sujeito, enquanto mim (pronome oblíquo) só pode ter outras
Singular: funções, nunca sujeito. Daí termos frases como:
eu, me, mim, comigo Ela trouxe o livro para eu ler. (correto)
tu te, ti, contigo
ele(a) se, o, a, lhe si, consigo, ele, ela Sujeito
Os principais são:
4. Os pronomes oblíquos tônicos, quando precedidos da Vossa Alteza (V.A.) → Príncipe, Duques
preposição com, combinam-se com ela, originando as Vossa Majestade (V.M.) → Reis
formas: comigo, contigo, consigo, conosco, convosco. Vossa Santidade (V.S.) → Papas
Vossa Eminência (V.Emª.) → Cardeais
Emprego dos Pronomes Pessoais Vossa Excelência (V.Exª.) → Autoridades em geral
a) Os pronomes oblíquos me, nos, te, vos e se podem * Ver Manual de Redação da Presidência da República, para usos
indicar que a ação praticada pelo sujeito reflete-se no próprio conforme normas de redação oficial.
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Observação: Pronomes Indefinidos
Existem, para os pronomes de tratamento, duas formas
distintas: Vossa (Majestade, Excelência etc.) e Sua (Majesta- Pronomes indefinidos são pronomes que se referem à 3ª
de, Excelência etc.). Você deve usar a forma Vossa quando pessoa gramatical (pessoa de quem se fala), quando consi-
estiver falando com a própria pessoa e usar a forma Sua derado de modo vago e indeterminado.
quando estiver falando a respeito da pessoa. Acredita em tudo que lhe dizem certas pessoas.
Vossa Majestade é cruel. (falando com o rei)
Sua Majestade é cruel. (falando a respeito do rei) Quadro dos pronomes indefinidos
Pronomes Possessivos
Variáveis Invariáveis
Pronomes possessivos são aqueles que se referem às algum(ns); alguma(s) alguém
três pessoas gramaticais (1ª, 2ª e 3ª), indicando o que cabe nenhum(ns); nenhuma(s) ninguém
ou pertence a elas. todo(s); toda(s) tudo
Tuas opiniões são iguais às minhas. outro(s); outra(s) outrem
• tuas: pronome possessivo correspondente à 2ª pessoa muito(s); muita(s) nada
do singular (tu). pouco(s); pouca(s) cada
• minhas: pronome possessivo correspondente à 1ª certo(s); certa(s) algo
pessoa do singular (eu). tanto(s); tanta(s)
quanto(s); quanta(s)
É importante fixar bem que há uma relação entre os pro- qualquer; quaisquer
nomes possessivos e os pronomes pessoais.
Observe atentamente o quadro abaixo: Observação:
Um pronome indefinido pode ser representado por ex-
pressões formadas por mais de uma palavra. Tais expressões
Pronomes pessoais Pronomes possessivos
são denominadas locuções pronominais. As mais comuns
eu → meu, minha, meus, minhas são: qualquer um, todo aquele que, um ou outro, cada um,
seja quem for.
tu → teu, tua, teus, tuas Seja qual for o resultado, não desistiremos.
ele → seu, sua, seus, suas
nós → nosso, nossa, nossos, nossas Pronomes Interrogativos
vós → vosso, vossa, vossos, vossas Pronomes interrogativos são aqueles empregados para
eles → seu, sua, seus, suas fazer uma pergunta direta ou indireta. Da mesma forma que
ocorre com os indefinidos, os interrogativos também se re-
Emprego dos Pronomes Possessivos ferem, de modo vago, à 3ª pessoa gramatical.
Os pronomes interrogativos são os seguintes:
a) Quando são usados pronomes de tratamento (V.Sª, Que, quem, qual, quais, quanto(s) e quanta(s).
V.Excia etc.), o pronome possessivo deve ficar na 3ª pessoa
Que horas são? (frase interrogativa direta)
(do singular ou do plural) e não na 2ª pessoa do plural.
Gostaria de saber que horas são. (interrogativa indireta)
Vossa Majestade depende de seu povo.
Quantas crianças foram escolhidas?
Pron. tratamento 3ª pessoa
Pronomes Relativos
Vossas Majestades confiam em seus conselheiros?
Vamos supor que alguém queira transmitir-nos duas in-
Pron. tratamento 3ª pessoa formações a respeito de um menino. Esse alguém poderia
falar assim:
b) Os pronomes possessivos seu(s) e sua(s) podem se Eu conheço o menino. O menino caiu no rio.
referir tanto à 2ª pessoa (pessoa com quem se fala), como
à 3ª pessoa (pessoa de quem se fala). Mas essas duas informações poderiam também ser trans-
Sua casa foi vendida (sua = de você) mitidas utilizando-se não duas frases separadas, mas uma
Sua casa foi vendida (sua = dele, dela) única frase formada por duas orações. Com isso, seria evitada
a repetição do substantivo menino. A frase ficaria assim:
Essa dupla possibilidade de uso de tais pronomes pode
gerar ambiguidade ou frases com duplo sentido. Quando isso
Eu conheço o menino que caiu no rio.
ocorrer, você deve procurar trocar os pronomes seu(s) e sua(s)
por dele(s) ou dela(s), a fim de tornar a frase mais clara.
Língua Portuguesa
1ª oração 2ª oração
c) Os pronomes seu(s) e sua(s) são usados tanto para 3ª
pessoa do singular como para 3ª pessoa do plural (confira Observe que a palavra que substitui, na segunda oração,
tal afirmação no quadro acima). a palavra menino, que já apareceu na primeira oração. Essa
é a função dos pronomes relativos.
d) Os pronomes possessivos podem, em muitos casos, Podemos dizer, então, que pronomes relativos são os que
ser substituídos por pronomes oblíquos equivalentes. se referem a um substantivo anterior a eles, substituindo-o
A chuva molha-me o rosto. (= molha meu rosto). na oração seguinte.
51
Quadro dos pronomes relativos Exercícios
Variáveis
Invariáveis (Cespe/Prefeitura do Rio Branco) À semelhança do Brasil, o
Masculino Feminino Acre compõe-se de uma grande diversidade de povos indí-
o qual, os quais, a qual, as quais, genas, cujas situações frente à sociedade nacional também
que, quem, são muito variadas.
cujo, cujos, quanto, cuja, cujas,
onde, como 1. A substituição de “cujas” por as quais mantém a correção
quantos quanta, quantas
gramatical do período e as relações lógicas originais.
Observações:
• Como relativo, o pronome que é substituível por o qual, Analisando o emprego do pronome relativo CUJO
a qual, os quais, as quais. • acompanha substantivo posterior;
Já li o livro que comprei. (= livro o qual comprei) • refere-se a substantivo anterior;
• sentido de posse;
• Há frases em que a palavra retomada, repetida pelo • varia com a palavra posterior.
pronome relativo, é o pronome demonstrativo o, a,
os, as. Observo os povos indígenas cujo líder é guerreiro.
Ele sempre consegue o que deseja. Observo os povos indígenas cuja cultura é milenar.
Observo as tribos indígenas cujos líderes são guerreiros.
pron. dem. pron. relativo Observo as tribos indígenas cujas culturas são milenares.
(= aquilo) (o qual)
Cuidado!
• O relativo quem só é usado em relação a pessoas e São estruturas inadequadas as seguintes:
aparece sempre precedido de preposição. Observo os povos indígenas que o líder é guerreiro.
O professor de quem você gosta chegou. Observo os povos indígenas que o líder deles é guerreiro.
pessoa preposição Regra:
Para “ligar” dois substantivos com relação de posse entre
• O relativo cujo (e suas variações) é, normalmente, em- si, somente é correto no padrão da Língua Portuguesa o
pregado entre dois substantivos, estabelecendo entre emprego do relativo cujo e suas variações.
eles uma relação de posse e equivale a do qual, da
qual, dos quais, das quais. (PMVTEC/Analista) Na saúde, o município destaca o proje-
Compramos o terreno cuja frente está murada. (cuja to MONICA – Monitoramento Cardiovascular –, em que se
frente = frente do qual) quantificou o risco de a população de Vitória na faixa de 25
a 64 anos ter problemas cardiovasculares.
Note que após o pronome cujo (e variações) não se 2. Mantendo-se a correção gramatical do período, o trecho
usa artigo. Por isso, deve-se dizer, por exemplo: “em que se quantificou” poderia ser reescrito da seguinte
Visitei a cidade cujo prefeito morreu, e não: maneira: por meio do qual se quantificou.
Visitei a cidade cujo o prefeito morreu.
(PMVSEMUS/Médico) Texto dos itens 3, 4 e 5:
• O relativo onde equivale a em que. Preocupam-se mais com a AIDS do que os meninos e as me-
Conheci o lugar onde você nasceu. ninas da África do Sul, onde a contaminação segue em ritmo
alarmante. Chegam até a se apavorar mais com a gripe do
(em que) frango do que as crianças chinesas, que conviveram com a
epidemia. Esses dados constam de uma pesquisa inédita que
• Quanto(s) e quantas(s) só são pronomes relativos se ouviu 2.800 crianças com idade entre 8 e 15 anos das classes
estiverem precedidos dos indefinidos tudo, tanto(s), A e C em catorze países.
tanta(s), todo(s), toda(s). 3. Preservam-se as ideias e a correção gramatical do texto
Sempre obteve tudo quanto quis. ao se substituir o pronome “onde” por cuja, apesar de
o texto tornar-se menos formal.
indefinido relativo
Estudando o pronome relativo ONDE
Outros exemplos de reunião de frases por meio de pro- Observe:
nomes relativos: Visitei o bairro. Você mora no bairro.
Eu visitei a cidade. Você nasceu na cidade. Note que no = em + o.
Então: Visitei o bairro no qual você mora.
onde Note que no qual = em + o qual.
Eu visitei a cidade em que você nasceu.
na qual Empregando onde, teremos:
Visitei o bairro onde você mora.
Observe que, nesse exemplo, antes dos relativos que e
qual houve a necessidade de se colocar a preposição em, que é Regras:
Língua Portuguesa
exigida pelo verbo nascer (quem nasce, nasce em algum lugar). • onde só pode se referir a um lugar;
Você comprou o livro. Eu gosto do livro. • podemos substituir onde por no qual e suas variações;
• podemos substituir onde por em que.
de que
Você comprou o livro eu gosto.
do qual ONDE versus AONDE
Observe:
Da mesma forma que no exemplo anterior, aqui houve Visitei o bairro onde você mora. (Quem mora, mora em...)
a necessidade de se colocar a preposição de, exigida pelo Visitei o bairro aonde você foi. (Quem foi, foi a...)
verbo gostar (quem gosta, gosta de alguma coisa). Então: aonde = a + onde.
52
Pronomes Demonstrativos Senhor Governador,
Informo a V. Exa. que esta Casa colocará em pauta na
Pronomes demonstrativos são os que indicam a posição quarta-feira próxima a análise do projeto que destina
ou o lugar dos seres, em relação às três pessoas gramaticais. verba para reforma do Ginásio Américo de Almeida.
Aquela casa é igual à nossa. Essa Governadoria pode aguardar informativo na
quinta-feira.
Pron. dem.
Exemplo 2:
Quadro dos pronomes demonstrativos Aqui nesta sala onde estamos, às vezes, escutamos vo-
zes vindas daquela sala onde estão tendo aula de Finanças
Variáveis Invariáveis Públicas.
este, esta, estes, estas isto
2) Para referência a termos anteriores e posteriores
esse, essa, esses, essas isso
Regra:
aquele, aquela, Para termos a serem mencionados: este, esta, isto.
aquilo
aqueles, aquelas Para termos já mencionados: esse, essa, isso.
o, a, os, as o
3) Para referência a termos anteriores separadamente
Atenção! Regra:
Também podem funcionar como pronomes demonstra- Para referência ao primeiro mencionado: aquele, aquela,
tivos as palavras: o(s), a(s), mesmo(s), semelhante(s), aquilo.
tal e tais, em frases como: Para referência ao último mencionado: este, esta, isto.
Chegamos hoje, não o sabias? (o = isto) Para referência ao termo entre o primeiro e o último:
Quem diz o que quer, ouve o que não quer. (o = aquilo) esse, essa, isso.
Tais coisas não se dizem em público! (tais = estas)
4. (AFRF) Em relação aos elementos que constituem a coe
É importante saber distinguir quando temos artigo o, são do texto abaixo, assinale a opção correta.
a, os, as e quando pronomes demonstrativos o, a, os, as.
O livro que você trouxe não é o que te pedi. 1 O caráter ético das relações entre o cidadão e o
– Note que o equivale a aquele. poder está naquilo que limita este último e, mais que
A revista que você trouxe não é a que te pedi. isso, o orienta. Os direitos humanos, em sua primei-
– Note que a equivale a aquela. 4 ra versão, como direitos civis, limitavam a ação do
Pode fazer o que você quiser. Estado sobre o indivíduo, em especial na qualidade
– Note que o equivale a aquilo. que este tivesse, de proprietário. Com a extensão
7 dos direitos humanos a direitos políticos e sobretudo
Cuidado! sociais, aqueles passam – pelo menos idealmente
Artigo pressupõe um substantivo ligado a ele na expressão. – a fazer mais do que limitar o governante: devem
O livro, a revista, o grande e precioso livro, a nova e in- 10 orientar sua ação. Os fins de seus atos devem estar di-
teressante revista. recionados a um aumento da qualidade de vida, que
não se esgota na linguagem dos direitos humanos,
São três situações de uso dos pronomes demonstrativos: 13 mas tem nela, ao menos, sua condição necessária,
este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, essas, isso, ainda que não suficiente.
aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo.
1) Para referência a objetos em relação às pessoas que a) Em “o orienta” (l. 3), “o” refere-se a “cidadão” (l. 1).
participam de um diálogo (pessoas do discurso). b) Em “este tivesse” (l. 6), “este” refere-se a “Estado” (l. 5).
c) Em “aqueles passam” (l. 8), “aqueles” refere-se a “di-
Regra: reitos políticos” (l. 7).
Primeira pessoa: eu, nós (pessoa que fala). Deve-se em- d) “sua ação” (l. 10) e “seus atos” (l. 10) remetem ao
pregar este, esta, isto com referência a objeto próximo de mesmo referente: “proprietário” (l. 6).
quem fala. e) “sua condição” (l. 13) refere-se a “um aumento na
Segunda pessoa: tu, vós, você (pessoa que ouve). Deve- qualidade de vida” (l. 11).
-se empregar esse, essa, isso com referência a objeto pró-
ximo de quem ouve. (PMDF/Médico)
Terceira pessoa: ele, ela, eles, elas (pessoa ou assunto
da conversa). Deve-se empregar aquele, aquela, aquilo com 1 Notaria apenas que, em nossos dias, as regiões
referência a objeto distante tanto de quem fala, como de onde essa grade é mais cerrada, onde os buracos
quem ouve. negros se multiplicam, são as regiões da sexualidade
4 e as da política: como se o discurso, longe de ser
Língua Portuguesa
53
é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o 13. Os pronomes “essa” e “dela” são flexionados no feminino
desejo; é, também, aquilo que é objeto do desejo; e porque remetem ao mesmo referente do pronome em
16 visto que — isto a história não cessa de nos ensinar “completá-la”.
— o discurso não é simplesmente aquilo que traduz 14. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual,
as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por ao se retirar do texto a expressão “que são”.
19 que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos
apoderar. É preciso sublinhar o fato de que todas as posições existen-
ciais necessitam de pelo menos duas pessoas cujos papéis
Julgue os itens, relativos às estruturas linguísticas do texto. combinem entre si. O algoz, por exemplo, não pode continuar
5. Preservam-se a correção gramatical e o sentido do texto a sê-lo sem ao menos uma vítima. A vítima procurará seu
se o pronome “onde” (l. 2) for substituído por as quais. salvador e este último, uma vítima para salvar.
6. A expressão “no qual” (l. 5) tem como referente a ex- 15. O pronome “cujos” atribui a “pessoas” a posse de uma
pressão “elemento transparente ou neutro”. característica que também pode ser expressa da seguinte
7. O pronome “aquilo” (l. 14 e 17) pode ser substituído maneira: com papéis que combinem entre si.
por o, sem prejuízo do sentido original e de correção
gramatical. (MS/Agente) “Tempo é Vida” é o bordão da campanha, que
8. O pronome “isto” (linha 16) recupera o sentido do trecho expressa o apelo daqueles que estão à espera de um trans-
“visto que o discurso (…) desejo”. (l. 12-15) plante.
16. A substituição de “daqueles” por dos prejudica a correção
(TCE-AC/Analista) Há umas ocasiões oportunas e fugitivas, gramatical e a informação original do período.
em que o acaso nos inflige duas ou três primas de Sapucaia;
outras vezes, ao contrário, as primas de Sapucaia são an- (TRT1ª R/Analista) A raça humana é o cristal de lágrima / Da
tes um benefício do que um infortúnio. Era à porta de uma lavra da solidão / Da mina, cujo mapa / Traz na palma da mão.
igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa 17. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale
tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde a opção correta.
estavam hospedadas. a) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo
9. Na oração “em que o acaso nos inflige duas ou três pri- (cujo o mapa, por exemplo).
mas de Sapucaia”, a substituição de “em que” por onde b) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual apare-
manteria o sentido original e a correção gramatical do ce no texto ligado ao substantivo mapa na expressão
texto. “cujo mapa”.
c) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta
(Cariacica/Assistente Social) Em alguns segmentos de nossa flexões de gênero e número.
d) O pronome relativo quem, assim como o relativo que,
sociedade, o trabalho fora de casa é considerado inconve-
tanto pode referir-se a pessoas quanto a coisas em
niente para o sexo feminino. É óbvio que a participação de
geral.
um indivíduo em sua cultura depende de sua idade. Mas é
e) O pronome relativo que admite ser substituído por o
necessário saber que essa afirmação permite dois tipos de
qual e suas flexões de gênero e número.
explicações: uma de ordem cronológica e outra estritamente
cultural. (DFTrans/Analista) Ao se criticar a concepção da linguagem
10. A expressão “essa afirmação” retoma a ideia de que o como representação do outro e para o outro, não se a de-
trabalho fora de casa pode ser considerado inconveniente sautoriza nem sequer a refuta.
para as mulheres. 18. Mantêm-se a coerência e a correção da estrutura sintá-
tica e das relações semânticas do texto ao se inserir o
(Iema-ES/Advogado) O destino dos compostos orgânicos pronome se logo após “sequer”.
no meio ambiente, dos mata-matos aos medicamentos, é
largamente decidido pelos micróbios. Esses organismos que-
Pronomes Pessoais Oblíquos
bram alguns compostos diretamente em dióxido de carbono
(CO2), mas outros produtos químicos permanecem no meio (Emprego e Colocação Pronominal)
ambiente por anos, absolutamente intocados.
o, a, os, as → somente no lugar de trechos sem prepo-
11. O termo “Esses organismos” está empregado em referên-
sição inicial.
cia a “mata-matos” e “medicamentos”, ambos na mesma
lhe, lhes → somente no lugar de trechos com preposição
linha.
inicial.
Devemos dar valor aos pais. → Devemos dar-lhes valor.
(BB/Escriturário) Em meio a uma crise da qual ainda não sabe
Amo os pais. → Amo-os.
como escapar, a União Europeia celebra os 50 anos do Tra- Apertei os pregos da caixa. → Apertei-lhe os pregos.
tado de Roma, pontapé inicial da integração no continente. Apertei os pregos da caixa. → Apertei-os.
12. O emprego de preposição em “da qual” atende à regência
do verbo “escapar”.
Língua Portuguesa
Cuidado!
Pronomes que podem ficar no lugar de trechos com ou
(TRT 9ª R/Analista) Relação é uma coisa que não pode exis- sem preposição: me, te, se, nos, vos.
tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para Eu lhe amo. (errado)
completá-la. Mas essa “outra coisa” fica sendo essencial Eu te amo. (certo)
dela. Passa a pertencer à sua definição específica. Muitas Eu a amo. (certo)
vezes ficamos com a impressão, principalmente devido aos Dei-lhe amor. (certo)
exemplos que são dados, de que relação seja algo que “une”, Dei-te amor. (certo)
que “liga” duas coisas. Dei-a amor. (errado)
54
Alterações gráficas dos pronomes Correção: Tenho-me dedicado. (Portugal)
Verbo com final -r, -s, -z, diante de pronomes o, a, os, as. Tenho me dedicado. (Brasil)
Vamos cantar os hinos. →Vamos cantá-los.
Cantamos os hinos. → Cantamo-los. • Não escrever esses pronomes após verbo no futuro:
Fiz o relatório. → Fi-lo. Ele faria-me um favor. (errado)
Ele me faria um favor. (correto)
Verbo com final -m, -ão, -õe, diante de pronomes o, a,
os, as. Casos de próclise obrigatória
Eles cantam os hinos. → Eles cantam-nos. 1. Advérbios.
Pais dão presentes aos filhos. → Pais dão-nos aos filhos. 2. Negações.
Põe o livro aqui. → Põe-no aqui. 3. Conjunções subordinativas (que, se, quando, embora
etc.).
19. (S. Leopoldo-RS/Advogado) A substituição das palavras 4. Pronomes relativos (que, o qual, onde, quem, cujo).
grifadas pelo pronome está incorreta em: 5. Pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, aquilo).
a) “que transpõe um conceito moral” – que o transpõe. 6. Pronomes indefinidos (algo, algum, tudo, todos, vários
b) Em “a democracia convida a um perpétuo exercício de etc.).
reavaliação. Isso quer dizer que, para bem funcionar, 7. Exclamações.
exige crítica. Substituir “exige crítica” por exige-a. 8. Interrogações.
c) “o que expõe o Brasil” – o que o expõe. 9. Em mais pronome mais gerúndio (-ndo).
d) “seria extirpar suas camadas iletradas” – seria extir-
par-lhes. Observação:
e) “mais apto a exercer a crítica” – mais apto a exercê-la. Em caso de não ser obrigatória a próclise, então ela
será facultativa.
20. (Guarapari/Técnico de Informática) A substituição do
segmento grifado pelo pronome está feita de modo in- 22. Julgue os itens seguintes, quanto à colocação pronominal.
correto em: a) Jamais devolver-te-ei aquela fita.
a) “o privilégio de acessar o caminho da universidade” b) Deus pague-lhe esta caridade!
= o privilégio de acessá-lo. c) Tenho dedicado-me ao estudo das plantas.
b) “no final têm que saltar o muro do vestibular” = no d) Ali fazem-se docinhos e salgadinhos.
final têm que saltar-lhe. e) Te amo, Maria!
c) “ficam impedidos de desenvolver seus talentos” = f) Algo vos perturba?
ficam impedidos de desenvolvê-los. g) Eu me feri.
d) “perdendo a proteção de escolas especiais desde a h) Eu feri-me.
infância” = perdendo-a desde a infância. i) Eu não feri-me.
e) “Injusta porque usa seus recursos” = injusta porque j) O rapaz que ofendeu-te foi repreendido.
os usa. k) Em me chegando a notícia, tratarei de divulgá-la.
Colocação dos pronomes oblíquos átonos: me, te, se, Colocando pronomes na locução verbal
nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes.
Pronome antes do verbo chama-se próclise: Regra:
Eu te amo. Você me ajudou. • Se não houver caso de próclise, o pronome está livre.
Pronome depois do verbo chama-se ênclise: • Se houver caso de próclise, o pronome só pode ficar
Eu amo-te. Você ajudou-me. antes do verbo auxiliar ou após o verbo principal, sem-
pre respeitadas as regras básicas.
Pronome no meio da estrutura do verbo chama-se me-
sóclise: 23. Julgue as alternativas em C ou E.
Amar-te-ei. Ajudar-te-ia. a) Elas lhe querem obedecer.
b) Elas querem-lhe obedecer.
21. (Seplan/MA) Quanto aos jovens de hoje, falta a estes c) Elas querem obedecer-lhe.
jovens maior perspectiva profissional, sem a qual não d) Elas não querem-lhe obedecer.
há como motivar estes jovens para a vida que os espera. e) Elas não querem obedecer-lhe.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituin-
do-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por: Casos de ênclise obrigatória
a) faltam-lhes - motivar-lhes. 1. Verbo no início de oração:
b) falta-lhes - motivar-lhes. Me trouxeram este presente. (errado)
c) lhes falta - lhes motivar. Trouxeram-me este presente. (certo)
d) falta-lhes - motivá-los.
e) lhes faltam - os motivar. 2. Verbo no imperativo afirmativo:
Vá ali e me traga uma calça. (errado)
Língua Portuguesa
Pronomes oblíquos átonos: me, nos, te, vos, se, o, a, lhe. Casos de mesóclise obrigatória
A mesóclise é obrigatória somente se o verbo no futuro
Regras básicas: iniciar a oração:
• Não iniciar oração com pronome oblíquo átono: Te darei o céu. (errado)
Me dedico muito ao trabalho. (errado) Dar-te-ei o céu. (certo)
• Não escrever tais pronomes após verbo no particípio: Eu te darei o céu. (certo)
Tenho dedicado-me. (errado). Eu dar-te-ei o céu. (certo)
55
Observação: Emprego/correlação de tempos e
Se houver caso de próclise, prevalece o pronome antes modos verbais
do verbo.
Eu não te darei o céu. (certo)
Eu não dar-te-ei o céu. (errado) Tempos Verbais
Gabarito
Língua Portuguesa
1. E 9. E 17. e 24. e
2. C 10. E 18. C 25. C
3. E 11. E 19. e 26. a g 1–e
4. e 12. C 20. b 27. e (que) 2–a
5. E 13. E 21. d 28. a 3–a
6. C 14. C 22. E E E E E i (se) 1-asse
7. C 15. C CCCEEC 2-esse
8. E 16. E 23. C C C E C 3-isse
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Exercícios Nas provas de concursos em geral, podemos observar
que basta conhecer a conjugação de nove verbos irregulares.
Conjugue os verbos cantar, vender e partir em todos os E, melhor ainda, basta conhecer bem três tempos verbais
tempos simples. em que as questões incidem mais. É claro que não ficamos
dispensados de conhecer todos os tempos verbais.
Esses verbos mais importantes formam famílias de verbos
Verbos irregulares sofrem mudança de letra e som no derivados deles. O resultado é que ficamos sabendo, por
radical e ou nas terminações padronizadas acima, para ver- tabela, um número grande de verbos.
bos regulares. Repito: muda letra e som. Não basta mudar São eles: ser, ir, ver, vir, intervir, ter, pôr, haver, reaver.
letra para ser verbo irregular.
Certa vez a prova do concurso do Senado perguntou se Conjugação dos Verbos Irregulares Ver e Vir
o verbo “agir” é irregular. Vamos fazer o teste?
O teste consiste em conjugar o verbo em uma pessoa c b
qualquer, no presente, no passado e no futuro. Se for regu- 2 – veria 2 – verei
lar, o verbo passa no teste completo, mantém-se inalterado. 3 – viria 3 – virei
Talvez mude letra, mas não muda o som.
a
Já para ser irregular, o verbo só precisa de uma mudança
em um desses tempos. 2 – vejo
3 – venho
TESTE:
d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
Verbo Presente Passado Futuro Classifi- 2 – via 2 – vi 2 – vira
cação 3 – vinha 3 – vim 3 – viera
Agir Eu ajo Eu agi Eu agirei Regular
(muda só (no padrão) (no padrão) h
(se / quando) 2 – vir
letra) 3 – vier
Fazer Eu faço Eu fiz Eu farei Irregular
(mudou (mudou Observe
letra e letra e som) que perde g
som) o “z”. (que) 2 – veja
3 – venha
Observação:
Alguns verbos sofrem tantas alterações que seu radical i
desaparece e muda totalmente ao longo da conjugação. Cha- (se) 2 – visse
mamos tais verbos de anômalos: SER e IR. 3 – viesse
Exercícios
Conjugação dos Dois Verbos Anômalos: Ser e Ir Conjugue os verbos ver e vir em todos os tempos simples.
c b Conjugação dos Verbos Irregulares Haver, Ter e Pôr
2 – seria 2 – serei
3 – iria 3 – irei c b
haveria haverei
teria terei
a poria porei
2 – sou
3 – vou a
hei
tenho
d (antigamente) e (ontem) f (outrora) ponho
2 – era 2 – fui 2 – fora
3 – ia 3 – fui 3 – fora d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
havia houve houvera
h tinha tive tivera
(se / quando) 2 – for punha pus pusera
3 – for
h
(se / quando) houver
tiver
g puser
(que) 2 – seja
3 – vá
Língua Portuguesa
g
i (que) haja
(se) 2 – fosse tenha
3 – fosse ponha
i
Exercícios (se) houvesse
tivesse
Conjugue os verbos ser e ir em todos os tempos simples. pusesse
57
Exercícios Os tempos podem assumir duas formas:
• Simples: um só verbo: Estudo Francês. Terminamos o
Conjugue os verbos haver, ter e pôr em todos os tempos livro. Faremos revisão.
simples. • Composto: verbos “ter” ou “haver” com particípio:
tenho estudado, tínhamos estudado, haveremos feito.
Verbos defectivos apresentam falhas na conjugação. Mas
tenha cuidado: a falha ocorre apenas no presente. Esses
Flexão de Modo
verbos não serão defectivos no passado, nem no futuro.
Verbo é a palavra variável que expressa: Indica atitude do falante e condições do fato.
• ação (estudar) O modo indicativo traduz geralmente a segurança: Estu-
• posse (ter, possuir) dei. Não agi mal. Amanhã chegarão os convites.
• fato (ocorrer)
• estado (ser, estar) Tempos do Modo Indicativo
• fenômeno (chover, ventar), situados no tempo: chove Presente: basicamente significa o fato realizado no mo-
agora, choveu ontem, choverá amanhã. mento da fala. Ele estuda Francês. A prova está fácil.
Pode significar também:
Conjugação é a distribuição dos verbos em sistemas con- • Permanência: O Sol nasce no Leste. José é pai de Jesus.
forme a terminação do infinitivo: A Constituição exige isonomia.
-ar → cantar, estudar: primeira conjugação • Hábito: Márcio leciona Português. Vou ao cinema todos
-er → ver, crer: segunda conjugação os domingos.
-ir → dirigir, sorrir: terceira conjugação. • Passado histórico: Cabral chega ao Brasil em 1500.
Militares governam o Brasil por 20 anos.
As vogais a, e, i dessas terminações chamam-se vogais • Futuro próximo: Amanhã eu descanso. No próximo ano,
temáticas. Somente “pôr” e derivados (compor, repor) ficam o país tem eleições.
sem vogal temática no infinito, mas têm nas conjugações: • Pedido: Você me envia os pedidos do memorando
põe, pusera etc.
amanhã.
• Radical: é a parte invariável do verbo no infinitivo, re-
tirada a vogal temática e a desinência “-r”: cant-, cr-,
dirig-. O presente dos verbos regulares se forma com adição ao
• Tema: é o resultado de juntar a vogal temática ao ra- radical das terminações:
dical: canta-, cre-, dirigi-. • 1a conjugação: -o, -as, -a, -amos, -ais, -am: canto, can-
• Rizotônica: é a forma verbal com vogal tônica no radi- tas, canta, cantamos, cantais, cantam.
cal: estUda, vIvo, vImos. • 2a conjugação: -o, -es, -e, -emos, -eis, -em: vivo, vives,
• Arrizotônica: é a forma verbal com vogal tônica fora vive, vivemos, viveis, vivem.
do radical: estudAmos, vivEis, virIam. • 3a conjugação: -o, -es, -e, -imos, -is, -em: parto, partes,
• Flexão verbal: pode ser de número (singular e plural), parte, partimos, partis, partem.
de pessoa (primeira, segunda, terceira) ou de tempo e
modo. Pretérito imperfeito
– flexão de número: no singular, eu aprendo, ele che- Passado em relação ao momento da fala, mas simultâneo
ga; no plural, nós aprendemos, eles chegam. em relação a outro fato passado. Pode significar:
– flexão de pessoa: na primeira pessoa, ou emissor • Hábitos no passado: Quando jogava no Santos, Pelé
da mensagem, eu canto, nós cantamos; eu venho, fazia gols espetaculares.
nós vimos. Na segunda pessoa, o receptor da men- • Descrição no passado: Ela parecia satisfeita. A estrada
sagem: tu cantas, vós cantais; tu vens, vós viestes. fazia uma curva fechada.
Obs.: Quando “vós” se refere a uma só pessoa, indica • Época: Era tempo da seca quando Fabiano emigrou.
singular apesar de tomar a flexão plural: Senhor, Vós • Simultaneidade: Paulo estudava quando cheguei. Es-
que sois todo poderoso, ouvi minha prece. tava conversando quando a criança caiu.
• Frequência, causa e consequência: Eu sorria quando
Flexão de Tempo
ela chegava.
Situa o momento do fato: presente, pretérito e futuro. • Ação planejada, mas não feita: Eu ia estudar, mas
São três tempos primitivos: infinitivo impessoal, presente chegou visita. Pretendíamos chegar cedo, mas houve
do indicativo e pretérito perfeito simples do indicativo. congestionamento.
• Fábulas, lendas: Era uma vez um professor que canta-
Derivações: va...
• Do infinitivo impessoal, surge o pretérito imperfeito • Fato preciso, exato: Duas horas depois da prova, o ga-
barito saía no site da banca.
Língua Portuguesa
58
Pretérito perfeito simples Futuro do presente composto
Ação passada terminada antes da fala. Forma-se, nos Indica:
verbos regulares, com adição ao radical das terminações: • Futuro realizado antes de outro futuro: Já teremos lido
• 1ª conjugação: -ei, -aste, -ou, -amos, -astes, -aram: can- o livro quando o professor perguntar.
tei, cantaste, cantou, cantamos, cantastes, cantaram. • Possibilidade: Já terão chegado?
• 2ª conjugação: -i, -este, -eu, -emos, -estes, -eram: vivi,
viveste, viveu, vivemos, vivestes, viveram. Forma-se com o futuro do presente de ter (ou haver)
• 3ª conjugação: -i, -iste, -iu, -imos, -istes, -iram: parti, mais o particípio: teremos lido, haveremos lido.
partiste, partiu, partimos, partistes, partiram.
Futuro do pretérito simples
Pretérito perfeito composto • Futuro em relação a um passado: Ele me disse que
Indica repetição ou continuidade do passado até o pre- estaria aqui até as 17h.
sente: Tenho feito o melhor possível. Não temos nos preju- • Hipóteses, suposições: Iríamos se ele permitisse.
dicado. • Incerteza sobre o passado: Quem poderia com isso?
Forma-se com o presente do indicativo de ter (ou haver) Ele teria 25 anos quando se formou.
mais o particípio. • Surpresa ou indignação: Nunca aceitaríamos tal humi-
lhação! Seria possível uma crise assim?
Pretérito mais que perfeito simples • Desejo presente de modo educado: Gostariam de sair
Fato concluído antes de outro no passado. Usa-se: conosco? Poderia me ajudar?
• Em situações formais na escrita: Já explicara o conte-
údo na aula anterior. Forma-se com adição ao infinitivo de: -ia, -ias, -ia, -íamos,
• Para substituir o imperfeito do subjuntivo: Comportou- -íeis, -iam:
-se como se fora (=fosse) senhora das terras. cantaria, cantarias, cantaria, cantaríamos, cantaríeis,
• Em frases exclamativas: Quem me dera trabalhar no cantariam.
Senado. viveria, viverias, viveria, viveríamos, viveríeis, viveriam.
(Exceto fazer, dizer, trazer, que trocam “z” por “r”: faria,
diria, traria)
Forma-se trocando o final –ram (cantaram, viveram, par-
tiram) por: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram:
Futuro do pretérito composto
cantara, cantaras, cantara, cantáramos, cantáreis, can-
• Suposição no passado: Se os juros caíssem, o consumo
taram.
teria aumentado.
vivera, viveras, vivera, vivêramos, vivêreis, viveram.
• Incerteza no passado: Quando teriam entregado as
partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram. notas?
• Possibilidade no passado: Teria sido melhor ficar.
Pretérito mais que perfeito composto
O mesmo sentido da forma simples. Usado na língua fa- Forma-se com o futuro do pretérito simples de ter (ou
lada e também na escrita, sem causar erro, nem diminuir o haver) mais o particípio: teria aumentado, teriam entregado.
nível culto: Já tinha explicado o conteúdo na aula anterior.
Forma-se com o imperfeito de ter ou haver mais o par- Modo Subjuntivo
ticípio: havia explicado, tinha vivido (=vivera), havia partido
(partira). Indica incerteza, dúvida, possibilidade. Usado sobretudo
em orações subordinadas: Quero que ele venha logo. Gosta-
Futuro do presente simples ria que ele viesse logo. Será melhor se ele vier a pé.
Fato posterior em relação à fala: Trabalharei no Senado
em dois anos. E também: Tempos do Modo Subjuntivo
• Fatos prováveis, condicionados: Se os juros caírem,
existirá mais consumo. Presente
• Incerteza, dúvida: Será possível uma coisa dessas? Por Indica presente ou futuro: É pena que o país esteja em
que estarei aqui? crise. (presente) Espero que os empregos voltem. (futuro)
Forma-se trocando o final -o do presente (canto, vivo,
Forma-se com adição ao infinitivo das seguintes termi- parto) por:
nações: -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão: • 1a conjugação: -e, -es, -e, -emos, -eis, -em: cante, can-
cantarei, cantarás, cantará, cantaremos, cantareis, tes, cante, cantemos, canteis, cantem.
cantarão. Viverei, viverás, viverá, viveremos, vivereis, • 2a e 3a conjugação: -a, -as, -a, -amos, -ais, -am: viva,
viverão. vivas, viva, vivamos, vivais, vivam.
partirei, partirás, partirá, partiremos, partireis, partirão. Exceção: dar, ir, ser, estar, querer, saber, haver: dê, dês,
(Exceto fazer, dizer e trazer, que mudam o “z” em “r”.) dê, demos, deis, deem; vá, vás, vá, vamos, vais, vão; seja...;
queira...; saiba...; haja...
Língua Portuguesa
59
Pretérito perfeito b) Negativo
• Suposta conclusão antes do tempo da fala: Talvez ele Copia exatamente o presente do subjuntivo: não
tenha chegado. Duvido que ela tenha saído sozinha. deixes tu, não deixe você, não deixemos nós, não
• Suposta conclusão antes de um futuro: É possível que deixeis vós, não deixem vocês.
ele já tenha chegado quando vocês voltarem. ð Verbos sem “eu” no presente indicativo não pos-
suem imperativo negativo.
Forma-se com o presente do subjuntivo de ter (ou haver)
mais o particípio: tenha chegado, tenha saído. Formas Nominais
Pretérito mais que perfeito Não exprimem tempo nem modo. Valores de substantivo
Passado suposto antes de outro passado: Se tivessem ou adjetivo. São: infinitivo, gerúndio e particípio.
lido o aviso, não se atrasariam. Infinitivo é a pura ideia da ação. Subdivide-se em infini-
Forma-se com o imperfeito do subjuntivo de ter (ou ha- tivo impessoal e pessoal.
ver) mais o particípio: tivessem lido. 1. Infinitivo impessoal: não se refere a uma pessoa, ne-
nhum sujeito próprio. É agradável viajar. Posso falar
Futuro simples com João. Usos:
Suposição no futuro: Posso aprender o que quiser. Poderei • Como sujeito: Navegar é preciso, viver não é preciso.
aprender o que quiser. • Como predicativo: Seu maior sonho é cantar.
Forma-se trocando o final -ram do perfeito do indicati- • Objeto direto: Admiro o cantar dos pássaros.
vo (cantaram, viveram, partiram) por: r, res, r, rmos, rdes, • Objeto indireto: Gosto de viajar.
rem. Quando/que/se cantar, cantares, cantar, cantarmos, • Adjunto adnominal: Comprei livros de desenhar.
cantardes, cantarem. Quando/que/se viver, viveres, viver, • Complemento nominal: Este livro é bom de ler.
vivermos, viverdes, viverem. • Em lugar do gerúndio: Estou a pensar (=Estou pen-
sando).
Futuro composto • Valor passivo: O dano é fácil de reparar. Frutas boas
Futuro suposto antes de outro: Isso será resolvido depois de comer.
que tivermos recebido a verba. • Tom imperativo: O que nos falta é estudar.
Forma-se com o futuro simples do subjuntivo de ter (ou
haver) mais o particípio: tivermos recebido. Duas formas do infinitivo impessoal:
Simples (valor de presente). Ações de aspecto não con-
Modo Imperativo cluído: Estudar Português ajuda em todas as provas. Perder
o jogo irrita.
Composto (passado). Ações de aspecto concluído: Ter es-
Expressa ordem, conselho, convite, súplica, pedido, a de-
tudado Português ajuda nas provas. Ter perdido o jogo irrita.
pender da entonação da voz. Dirige-se aos ouvintes apenas:
tu, você, vós, vocês.
2. Infinitivo pessoal: refere-se a um sujeito próprio. Não
• Quando o falante se junta ao ouvinte, usa-se a primeira
estudou para errar. Não estudei para errar. Não estu-
pessoa plural (nós): cantemos, vivamos.
damos para errarmos. Não estudaram para errarem.
• O imperativo pode ser suavizado com: Usos:
a) Presente do indicativo: Você me ajuda amanhã. • Mesmo sujeito: Para nós sermos pássaros, precisa-
b) Futuro do presente: Não matarás, não furtarás. mos de imaginação.
c) Pretérito imperfeito do subjuntivo: Se você falasse • Sujeitos diferentes: (Eu) Ouvi os pássaros cantarem.
baixo! (eu x os pássaros)
d) Locução com imperativo de ir mais infinitivo: Felipe • Preposicionado: Nós lhes dissemos isso por sermos
rasgou a roupa; não vá brigar com ele. amigos. Nós lhes dissemos por serem amigos.
e) Expressões de polidez (por favor, por gentileza etc.): • Sujeito indeterminado: Naquela hora ouvi chegarem.
Feche a porta, por favor.
f) Querer no presente ou imperfeito (interrogação), Duas formas do infinitivo pessoal:
ou imperativo, mais infinitivo: Quer calar a boca? Simples (presente). Aspecto não concluído: Por chegar-
Queria calar a boca? Queira calar a boca. mos cedo, estamos em dia. Por chegarmos cedo, obtivemos
g) Infinitivo (tom impessoal): Preencher as lacunas uma vaga.
com a forma verbal adequada. Composto (passado). Aspecto concluído: Por termos
• O imperativo pode ser reforçado: chegado cedo, estamos em dia. Por termos chegado cedo,
a) Com repetição: Saia, saia já daqui! obtivemos uma vaga.
b) Advérbio e expressões: Venha aqui! Repito outra
vez, fique quieto! Suma-se, seu covarde! Gerúndio é processo em ação. Papel de adjetivo ou de
• O imperativo pode ser: advérbio: Chegou com os olhos lacrimejando. Vi-o cantando.
a) Afirmativo Usos:
1. Tu e vós vêm do presente do indicativo, retiran- • Início da frase para: I) ação anterior encerrada (Jurando
do-se -s final: deixa (tu), deixai (vós). vingança, atacou o ladrão.); II) ação anterior e continu-
Língua Portuguesa
ð Exceção: “ser” forma sê (tu) e sede (vós). ada (Fechando os olhos, começou a imaginar a festa.).
ð Verbo “dizer” e terminados em -azer e -uzir • Após um verbo, para ação simultânea: Saí cantando.
podem perder “-es” ou só “-s”: diz/dize (tu), Morreu jurando inocência.
traz/traze (tu), traduz/traduze (tu). • Ação posterior: Os juros subiram, reduzindo o consumo.
2. Você, nós e vocês vêm do presente do subjunti-
vo: deixe (você), deixemos (nós), deixem (vocês). Duas formas de gerúndio:
ð Verbos sem a pessoa “eu” no presente indi- Simples (presente): aspecto não concluído. Sorrindo, olha
cativo terão apenas tu e vós: abole (tu), aboli para o pai. Ignorando os perigos, continuou na estrada. =>
(vós). Forma-se trocando o -r do infinitivo por -ndo.
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Composto (passado): aspecto de ação concluída. Tendo • Auxiliar são os verbos anteriores na locução. Servem
sorrido, olhou para o pai. Tendo compreendido os perigos, para matizar aspectos da ação do verbo principal:
abandonou a estrada. ser, estar, ter, haver, ir, vir, andar. Devo estudar.
Comecei a sorrir. O carro foi lavado. Temos vivido.
Particípio Ando estudando. Vou lavar.
Com verbo auxiliar
• ter ou haver, locução verbal chamada tempo composto Ser: forma a voz passiva de ação. O livro será aberto
(não varia em gênero e número): A polícia tem pren- pelo escolhido.
dido mais traficantes. Já havíamos chegado quando
você veio. Estar:
• ser ou estar, locução verbal (varia em gênero e nú- ð Na voz passiva de estado: O livro está aberto.
mero): Muitos ladrões foram presos pela milícia. Os ð Com gerúndio, ação duradoura num momento
corruptos estão presos. preciso: Estou escrevendo um livro.
pronome oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos): Eu me natureza, vozes de animais, ruídos, ou pelo sentido
lavei. Ele se feriu com facas. Nós nos arrependemos tarde. não admitem certas pessoas. chover, zurrar, zunir.
Grupo 2: verbos sem a primeira pessoa do singular
Classificando os Verbos no presente do indicativo e suas derivadas: abolir,
jungir, puir, soer, demolir, explodir, colorir.
a) Pela função: Grupo 3: adequar, doer, prazer, precaver, reaver,
• Principal é sempre o último verbo de uma locução urgir, viger, falir.
(verbos com o mesmo sujeito): Devo estudar. Co- • Abundante: possui mais de uma forma correta.
mecei a sorrir. Diz/dize, faz/faze, traz/traze, requer/requere, tu
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destruis/destróis, tu construis/constróis, nós he- c) Os consumidores se absteram de comprar produtos
mos/havemos. A maioria possui duplo particípio: de empresas que não consideram a sustentabilidade
Tinha expulsado os invasores. Os invasores foram do planeta.
expulsos. A gráfica havia imprimido o livro. O livro d) A constatação de que a vida humana estaria compro-
está impresso. Tínhamos entregado a encomenda. metida deteu a exploração descontrolada daquela
A encomenda será entregue. área de mata nativa.
Como regra: ter e haver pedem o particípio regular e) Com a alteração climática sobreviu o excesso de chuvas
(-ado/-ido); ser e estar pedem o particípio irregular. que destruiu cidades inteiras com os alagamentos.
5. (FCC/Assembl.Leg./SP) Os verbos grifados estão corre- 10. (FCC/PBGAS) “... de como se pensavam essas coisas antes
tamente flexionados na frase: dele”. A forma verbal grifada acima pode ser substituída
a) Após a catástrofe climática que se abateu sobre a corretamente por
região, os responsáveis propuseram a liberação dos a) havia pensado.
recursos necessários para sua reconstrução. b) deveriam ser pensadas.
b) Em vários países, autoridades se disporam a elaborar c) eram pensadas.
projetos que prevessem a exploração sustentável o d) seria pensada.
meio ambiente. e) tinham sido pensados.
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11. (FCC/Assembl.Leg./SP) Quanto à flexão e à correlação instâncias internacionais, como a Organização Mundial do
de tempos e modos, estão corretas as formas verbais Comércio (OMC).
da frase: 15. Pelo emprego do subjuntivo em “estivesse”, estaria de
a) Não constitue desdouro valer-se de uma frase feita, a acordo com a norma culta escrita a substituição de “ti-
menos que se pretendesse que ela venha a expressar nha de apelar” por teria de apelar.
um pensamento original.
b) Se os valores antigos virem a se sobrepor aos novos, a (Cespe/IRBr/Diplamata) Píndaro nos preveniu de que o futu-
sociedade passaria a apoiar-se em juízos anacrônicos ro é muralha espessa, além da qual não podemos vislumbrar
e hábitos desfibrados. um só segundo. O poeta tanto admirava a força, a agilidade
c) Dizia o Barão de Itararé que, se ninguém cuidar da e a coragem de seus contemporâneos nas competições dos
moralidade, não haveria razão para que todos não estádios quanto compreendia a fragilidade dos seres huma-
obtessem amplas vantagens. nos no curto instante da vida. Dele é a constatação de que o
d) Para que uma sociedade se cristalize e se estaguine, homem é apenas o sonho de uma sombra. Apesar de tudo,
basta que seus valores tivessem chegado à triste con- ele se consolará no mesmo poema: e como a vida é bela!
solidação dos lugares-comuns. 16. Embora o efeito de sentido seja diferente, no lugar do
e) Não conviria a ninguém valer-se de um cargo público futuro do presente em “consolará”, estaria gramatical-
para auferir vantagens pessoais, houvesse no hori- mente correto e textualmente coerente o emprego do
zonte a certeza de uma sanção. futuro do pretérito consolaria ou do pretérito perfeito
consolou.
12. (FCC/Bagas) Está correta a flexão verbal, bem como
adequada a correlação entre os tempos e os modos na (Cespe/STJ/Ttécnico) Tudo o que signifique para os negros
frase: possibilidades de ascensão social mais amplas do que as
a) Zeus teria irritado-se com a ousadia de Prometeu e oferecidas pelo antigo e caricato binômio futebol/música
o havia condenado a estar acorrentado ao monte popular representará um passo importante na criação de
Cáucaso. uma sociedade harmônica e civilizada.
b) Seu sofrimento teria durado várias eras, até que Hér- 17. O emprego do tempo futuro do presente do verbo re-
cules intercedera, compadecido que ficou. presentar é exigência do emprego do modo subjuntivo
c) O sofrimento de Prometeu duraria várias eras ainda, em signifique.
não viesse Hércules a abater a águia e livrá-lo do su-
plício. A opinião é de Paul Krugman, um dos mais importantes e
d) Irritado com a ousadia que Prometeu cometesse, polêmicos economistas do mundo, atualmente. Segundo ele,
Zeus o teria condenado e acorrentado ao monte países emergentes como o Brasil embarcaram, durante a dé-
Cáucaso. cada passada, na ilusão de que a adoção de reformas liberais
e) Prometeu haveria de sofrer por várias eras, quando resolveria todos os seus problemas. Isso não aconteceu. E,
Hércules o livrara do suplício, e abateu a águia. segundo ele, está claro que faltaram políticas de investimento
em educação e em saúde.
13. (FCC/Sergas) Está plenamente adequada a correlação 18. Como introduz a ideia de probabilidade, se a forma ver-
entre tempos e modos verbais na frase: bal “resolveria” fosse substituída por poderia resolver,
a) Se separássemos drasticamente o visível do invisível, estariam preservadas as relações semânticas e a corre-
o efeito de beleza das obras de arte pode reduzir-se, ção gramatical.
ou mesmo perder-se.
b) Diante do frêmito que notou na relva, o autor com- O Brasil ratificou o Protocolo de Kyoto, para combater o au-
pusera um verso que havia transcrito nesse texto. mento do efeito estufa, e apresentou uma proposta à Rio+10
c) Ambrosio Bierce lembraria que houvesse sons inau- de aumento da participação de energias renováveis na matriz
díveis, da mesma forma que nem todas as cores se energética em todo o mundo. Se os líderes mundiais não
percebam no espectro solar. foram capazes de dar um passo significativo em prol das
d) Se o próprio ar que respiramos é invisível, argumenta energias do futuro, o Rio de Janeiro demonstrou que não
Mário Quintana, por que não viéssemos a crer que aceita mais os impactos ambientais negativos da energia do
pudesse haver cor na passagem do tempo? passado, apontando a direção a ser seguida por uma política
e) A caneta esferográfica, de onde saírem as mágicas energética realmente sustentável no país.
imagens de um escritor, é a mesma que repousará 19. Por fazer parte de uma estrutura condicional, a forma
sobre a cômoda, depois de o haver servido. verbal “foram” pode ser substituída por fossem.
(Cespe/Anatel/Analista) Durante muitos anos discutiu-se (Cespe/TRT-PE/Analista Judiciário) Talvez o habeas corpus da
apaixonadamente se as empresas multinacionais (EMNs) iam saudade consinta o teu regresso ao meu amor.
dominar o mundo, ou se serviam aos interesses imperialistas 20. O advérbio “Talvez” admite que a forma verbal “Consin-
de seus países-sede, mas esses debates foram murchando, ta” seja alterada para Consente, no modo indicativo.
seja porque não fazia sentido econômico hostilizar as EMNs,
Língua Portuguesa
seja porque elas pareciam, ao menos nas grandes questões, (Cespe/TRT 9 R/Técnico) O material orgânico presente no
alheias e inofensivas ao mundo da política. lixo se decompõe lentamente, formando biogás rico em
14. A substituição das formas verbais “iam” e “serviam” por metano, um dos mais nocivos ao meio ambiente por con-
iriam e serviriam preserva a coerência e a correção textual. tribuir intensamente para a formação do efeito estufa. No
Aterro Bandeirantes, foi instalada, no ano passado, a Usina
(Cespe/Anatel/Analista) Até agora, quando os países-mem- Termelétrica Bandeirantes, uma parceria entre a prefeitura
bros divergiam sobre assuntos comerciais, era acionado o e a Biogás Energia Ambiental. Lá, 80% do biogás é usado
Tribunal Arbitral. Quem estivesse insatisfeito com o resul- como combustível para gerar 22 megawatts, energia elétrica
tado do julgamento, no entanto, tinha de apelar a outras suficiente para atender às necessidades de 300 mil famílias.
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Em relação às ideias e a aspectos morfossintáticos do texto 28 superintendências e sua modernização tecnológica tam-
acima, julgue os itens a seguir. bém foram algumas das ações realizadas no período. Foram
21. A substituição de “se decompõe” por é decomposto nomeados 1.300 servidores aprovados no concurso realizado
mantém a correção gramatical do período. em 2005. Somado aos nomeados desde 2003, o número de
22. A substituição de “foi instalada” por instalou-se preju- novos servidores passou para 1.800, o que representa um
dica a correção gramatical do período. aumento de mais de 40% na força de trabalho do Instituto.
Em questão, nº 481, Brasília, 14/2/2007 (com adaptações).
(Cespe/TRT 9 R) Relação é uma coisa que não pode exis-
tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para 25. Estão empregadas em função adjetiva as seguintes pala-
completá-la. vras do texto: “investidos”, “aplicados”, “beneficiando”
23. O emprego do modo subjuntivo em “haja”, além de ser e “assentados”.
exigido sintaticamente, indica que a existência de “uma 26. O vocábulo “Somado” é forma nominal no particípio e
outra coisa” é uma hipótese ou uma conjectura. introduz oração reduzida com valor condicional.
trabalhadores rurais, promoveu, mediante convênios com O Brasil tem-se caracterizado por perenizar problemas, para
instituições de ensino, a realização de 141 cursos. Com o os quais não se encontram soluções ao longo de décadas.
programa Luz Para Todos – parceria do Ministério do Desen- Ellen Gracie e Paulo Skaf. Folha de S. Paulo, 18/3/2007
volvimento Agrário, INCRA e Ministério das Minas e Energia 33. Para o trecho “não se encontram soluções”, a redação
–, os assentamentos também ganharam luz elétrica. Mais de não são encontradas soluções mantém a correção gra-
132 mil famílias em 2,3 mil assentamentos já foram benefi- matical do período.
ciadas com o programa.
O fortalecimento institucional do INCRA, com a realiza- Na região entre Caravelas, sul da Bahia, e São Mateus, norte
ção de dois concursos públicos, e o aumento no número de do Espírito Santo, a plataforma continental prolonga-se por
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mais de 200 quilômetros para fora da costa, formando 25 Os pequenos tecercam, perguntam se você será o pai delas,
extensos planaltos submersos com profundidades médias disputam o teu colo ou a garupa como que implorando pelo
de 200 metros. toque físico, TE convidam para voltar, te perguntam se você
34. A redação para fora da costa e forma em lugar de “para irá passear com elas.
fora da costa, formando” mantém a correção gramatical 43. O pronome “te” destacado pode ser corretamente subs-
do período. tituído por lhe.
A Petrobras e o governo do Espírito Santo assinaram um “Ações que não emancipam os usuários, pelo contrário, re-
protocolo de intenções com o objetivo de identificar opor- forçam sua condição de subalternização perante os serviços
tunidades de negócios que potencializem o valor agregado prestados.”
da indústria de petróleo e gás no estado. 44. O fragmento ações que não emancipam os usuários,
35. O emprego do modo subjuntivo em “que potencializem” pelo contrário, reforçam a condição deles de subalter-
justifica-se por tratar-se de uma hipótese. nização perante os serviços prestados substitui corre-
tamente o original.
(PM-ES) A economia colonial brasileira gerou uma divisão
de classes muito hierarquizada e bastante simples. No topo (Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país que passe
da pirâmide, estavam os grandes proprietários rurais e os pela nossa mente – e alguns outros de cuja existência sequer
grandes comerciantes das cidades do litoral. No meio, loca- desconfiávamos.”
lizavam-se os pequenos proprietários rurais e urbanos, os 45. O pronome “cuja” tem valor possessivo, já que equivale
pequenos mineradores e comerciantes, além dos funcioná- a sua.
rios públicos.
36. A substituição de “localizavam-se” por estavam locali- Ao coração, coube a função de bombear sangue para o res-
zados prejudica a correção gramatical do período. to do corpo, mas é nele que se depositam também nossos
mais nobres sentimentos. Qual é o órgão responsável pela
(Petrobras/Advogado) Cabe lembrar que o efeito estufa saudade, pela adoração? Quem palpita, quem sofre, quem
existe na Terra independentemente da ação do homem. É dispara? O próprio.
importante que este fenômeno não seja visto como um pro- 46. A repetição do pronome na frase “Quem palpita, quem
blema: sem o efeito estufa, o Sol não conseguiria aquecer sofre, quem dispara?” cria destaque e certo suspense
a Terra o suficiente para que ela fosse habitável. Portanto o na informação.
problema não é o efeito estufa, mas, sim, sua intensificação. 47. A resposta “O próprio.”, dada às perguntas feitas ante-
37. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção riormente, omite o nome (coração) ao qual se refere o
gramatical do texto ao se substituir “que este fenômeno adjetivo, o que valoriza enfaticamente o termo “próprio”.
não seja” por este fenômeno não ser.
(Terracap) Foi pensando nisso que me ocorreu o seguinte:
Trabalho Semiescravo se alguém está com o coração dilacerado nos dois sentidos,
biológico e emocional, e por ordens médicas precisa de um
Autoridades europeias ameaçam impor barreiras não tari- novo, o paciente irá se curar da dor de amor ao receber o
fárias ao etanol e exigir certificados de que, desde o cultivo, órgão transplantado?
são observadas relações de trabalho não degradantes e pro- Façamos de conta que sim. Você entrou no hospital com o
cessos autossustentáveis. coração em frangalhos, literalmente. Além de apaixonado por
38. No fragmento intitulado “Trabalho semiescravo”, pre- alguém que não lhe dá a mínima, você está com as artérias
servam-se a correção gramatical e a coerência textual obstruídas e os batimentos devagar quase parando. A vida
ao se empregar forem em lugar de “são”. se esvai, mas localizaram um doador compatível: já para a
mesa de cirurgia.
(Inmetro) Atualmente, o PEFC é composto por 30 membros Horas depois, você acorda. Coração novo.
representantes de programas nacionais de certificação flo- 48. O pronome “Você” é empregado na frase como forma
restal. de indeterminar o agente da ação, traço característico
39. A substituição da expressão “é composto” por com- da oralidade brasileira. Assim, “Você entrou no hospital”
põem-se mantém a correção gramatical do período. corresponde a Entrou-se no hospital.
49. A sequência “a mínima”, à qual falta o nome importân-
Em dezembro de 2004, foi editado o Decreto nº 5.296. cia, faz do qualificativo “mínima” o núcleo, o foco da
40. A substituição de “foi editado” por editou-se mantém informação.
a correção gramatical do período.
(Adasa) Na história da humanidade, a formação de grandes
O Inmetro tem realizado estudos aprofundados que visam comunidades, com a sobrecarga do meio natural que ela
diagnosticar a realidade do país e encontrar melhores solu- implica, priva cada vez mais os seres humanos de seu acesso
ções técnicas para que o Programa de Acessibilidade para livre aos recursos de subsistência de que eles necessitam e re-
Transportes Coletivos e de Passageiros seja eficaz. Idem, cai, necessariamente, sobre a sociedade enquanto sistema de
ibidem (com adaptações). convivência, a tarefa (responsabilidade) de proporcioná-los.
41. O segmento “tem realizado” pode, sem prejuízo para Essa tarefa (responsabilidade) é frequentemente negada com
Língua Portuguesa
a correção gramatical do período, ser substituído por algum argumento que põe o ser individual como contrário ao
qualquer uma das seguintes opções: vem realizando, ser social. Isso é falacioso. A natureza é, para o ser humano, o
está realizando, realiza. reino de Deus, o âmbito em que encontra à mão tudo aquilo
de que necessita, se convive adequadamente nela.
(MS/Agente) Não ingira nem dê remédio no escuro para que 50. O pronome demonstrativo ‘Isso’ tem como referência
não haja trocas perigosas. anafórica o termo “ser social” do período anterior.
42. Em “para que não haja trocas perigosas”, o emprego do
modo subjuntivo justifica-se por se tratar de situação (Iphan) Os povos da oralidade são portadores de uma cul-
hipotética. tura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da escrita.
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Em vez de transmitir seja lá o que for e de qualquer ma- Emprego dos sinais de pontuação
neira, a tradição oral é uma palavra organizada, elaborada,
estruturada, um imenso acervo de conhecimentos adquiridos
pela coletividade, segundo cânones bem determinados. Tais Aspectos Sintáticos, Semânticos, Estilísticos –
conhecimentos são, portanto, reproduzidos com uma meto- Prática Aplicada
dologia rigorosa. Existem, também, especialistas da palavra
cujo papel consiste em conservar e transmitir os eventos do Vírgula
passado: trata-se dos griôs.
51. O termo “cujo” refere-se a palavra. • Separa objeto direto ou indireto antecipado e com
pleonástico.
(Terracap) Há cinquenta anos, a cidade artificial procura en- Ao injusto, nada lhe devo.
contrar uma identidade que lhe seja natural. “Nós queremos • Separa adjunto adverbial longo e deslocado.
ação! Acabar com o tédio de Brasília, essa jovem cidade mor- Antes do início do mês, começam as obras.
ta! Agitar é a palavra do dia, da hora, do mês!”, gritava Renato • Separa predicativo do sujeito deslocado, com verbo
Russo, com todas as exclamações possíveis, no fim dos anos 70, intransitivo ou transitivo.
quando era voz e baixo da banda punk Aborto Elétrico. Em Descrente, chorou. Ivo, aflito, pedia explicações.
meio à burocracia oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os • Separa aposto explicativo.
parques, as superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu. Salvador, minha cidade natal, tem muitas igrejas.
Foi a primeira manifestação cultural coletiva a dizer ao país • Separa vocativo.
que a cidade existia fora da Praça dos Três Poderes e que, Não diga isso, Mariana.
além disso, estava viva. • Separa expressões explicativas e corretivas.
52. A palavra “que” pode ser substituída por o(a) qual em Falei, quer dizer, explodi! São, aliás, somos felizes.
todas as ocorrências do primeiro parágrafo. • Separa nome de lugar antes de data.
Brasília, 17 de janeiro de 1998.
Texto: A alternativa existente seria o aproveitamento da • Entre elementos enumerados.
energia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada Estão aí Júlio, Carlos, Maria e Sílvia.
53. O tempo do verbo indica um fato passado em relação a • Indica verbo oculto.
O pai trabalha na capital; a mãe, no interior.
outro, ocorrido também no passado.
• Antes de subordinada substantiva apositiva.
Teve um pressentimento, que morreria jovem.
Texto: No que se refere às práticas assistenciais, tem sido
• Antes de subordinada adjetiva explicativa.
comum a confusão na utilização dos termos assistência e Esta é a minha casa, que recebeu tanta gente.
assistencialismo. • Separa subordinada adverbial deslocada.
54. O fragmento Referindo-se às práticas assistenciais, era Se perder o emprego, vou para outra cidade.
comum a confusão na utilização dos termos assistência • Entre coordenadas assindéticas.
e assistencialismo é uma reescrita correta, de acordo Entrou no carro, ligou o rádio, ficou à espera.
com as normas gramaticais, do original acima. • Separa conjunção coordenativa deslocada.
Não se defende; quer a própria condenação, portanto.
(Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país que passe • Antes de conjunção coordenativa.
pela nossa mente – e alguns outros de cuja existência sequer Decida logo, pois seu concorrente age rápido.
desconfiávamos.”, julgue. • Antes de e e nem só em oração com sujeito diferente
55. A forma verbal “desconfiávamos” indica a ideia de tempo do da anterior.
passado inacabado. A vida continua, e você não muda.
56. A forma verbal “passe” indica a ideia de possibilidade, • Antes de mas também, como também (em correlação
um fato incerto de acontecer. com não só).
Não só reclama, mas também torce contra nós.
(Iphan) Pode-se dizer que ele assume o papel de historiador
se admitirmos que a história é sempre um reordenamento Ponto-e-vírgula
dos fatos proposto pelo historiador.
57. A forma verbal “é” pode ser substituída por seja. • Para fazer uma pausa maior que a da vírgula e menor
que a do ponto.
GABARITO A sala está cheia de móveis; o quadro cheira a mofo.
• Separa coordenadas adversativas e conclusivas com
1. b 16. C 31. E 46. C conjunção deslocada.
2. a 17. E 32. C 47. C Não estuda; não quer, pois, a aprovação.
3. d 18. C 33. C 48. C • Separa orações que já tem vírgula no seu interior.
4. a 19. E 34. C 49. C Ivo, sozinho, lutava; Ana, sem forças, rezava.
5. a 20. E 35. C 50. E • Separa coordenadas que formam um paralelismo ou
6. d 21. C 36. E 51. E um contraste.
7. d 22. E 37. C 52. E Muitos entendem pouco; poucos entendem muito.
Língua Portuguesa
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• Antes de citações. • Separa o latinismo sic (confirma algo exagerado ou
Ana gritava: “Eu faço tudo!”. improvável).
• Antes de explicação ou esclarecimento. Levava na mala US$20 milhões (sic).
Sombra e água fresca: as férias começaram. • O ponto sempre vem após o segundo parêntese, salvo
Festa no prédio: o síndico se mudou. se um período inteiro estiver entre parênteses.
• Depois da invocação nas correspondências. Todos votaram contra (alguns rasgaram a célula).
Cara amiga: O perigo já passara. (A mão ainda tremia.)
• Depois de exemplo, nota, observação.
Nota: aos domingos o preço será maior. Travessão
• Depois de a saber, tais como, por exemplo.
Combate doenças, tais como: dengue, tifo e malária. • É usado, duplamente, para destacar uma palavra ou
expressão.
Aspas A vida – quem sabe? – pode ser melhor.
• Aparece, nos diálogos, antes da fala de um interlocutor
• No início e no final das transcrições. e, depois dela, quando se segue uma identificação de
O preso se defendia: “Não fui eu”. quem falou.
• Só aparecem após a pontuação final se abrangem o – Agora? – indaguei.
período inteiro. – imediatamente! – explodiu Júlio.
“Fica, amor”. Quantas vezes eu te disse isso. • Liga palavras ou expressões que indicam início e final
• Destacam palavras ou expressões nos enunciados de de percurso.
regras. Inaugurada a nova estrada Rio-Petrópolis.
A preposição “de” não cabe aqui. • É usando duplamente quando um trecho extenso se
• Indicam estrangeirismos, gírias, arcaísmos, formas po- intercala em outro.
pulares etc. (tais expressões podem vir sublinhadas ou Vi Roma – quase me perdi pelas vielas – e Paris.
em itálico).
Você foi muito “legal” com a gente.
Ortografia é o seu maior “problema”. Ponto
• Destacam palavras empregadas em sentido irônico.
Foi “gentilíssimo”: gritou comigo e bateu a porta. • Aparece no final da frase, quando se conclui todo o
• Destacam títulos de obras. pensamento.
“Quincas Borba” é o meu livro preferido. Mudemos de assunto. O povo espera fortes medidas.
• É usado nas abreviaturas.
Gen., acad., ltda.
Reticências
• Estando a abreviatura no final da frase, não há outro
• Indicam interrupção ou suspensão por hesitação, sur- ponto.
presa, emoção. Comprou ações da Multimport S.A.
Você... Aqui... Para sempre... Não acredito! • Separa as casas decimais nos números, salvo os indi-
• Para realçar uma palavra ou expressão seguinte. cativos de ano.
Abriu a caixa de correspondência e... nada. 127.814; 22.715.810. Nasceu em 1976.
• Indicam interrupção por ser óbvia a continuação da
frase. Questões de Concursos
Eu cumpro cada um dos meus deveres; já você...
• Indicam a supressão de palavras num texto transcrito. (TST) Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos
Ficar ou fugir, “... eis a questão”. papéis para atender às exigências das empresas.
• Podem vir entre parênteses, se o trecho suprimido é 1. Por constituir uma expressão adverbial deslocada para
longo. depois do sujeito, seria correto que a expressão “cada
“São onze jogadores: José, Mário (...) e Paulo”. vez mais” estivesse, no texto, escrita entre vírgulas.
• Separam uma unidade (moeda, peso, medida) equi- 3. A vírgula depois da oração “e mantê-la saudável” indica
valente a outra. que essa oração constitui um aposto explicativo para a
O animal pesaria 10 arrobas (150 kg). oração anterior.
• Separam números e letras, numa relação de itens, e
asterisco. (MS) Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, bri-
(1), (2), (a), (b), (*). lhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a
• Deslocado para a linha seguinte, basta usar o segundo atenção e a curiosidade natural das crianças; não estimule
parêntese. essa curiosidade; mantenha medicamentos e produtos do-
1), 2), a), b). mésticos trancados e fora do alcance dos pequenos.
67
4. A substituição dos sinais de ponto-e-vírgula por ponto b) É muito comum que as pessoas valendo-se do sen-
final, no último tópico, mesmo com ajuste na letra ini- so comum, vejam o pessimismo e o otimismo como
cial para maiúscula da palavra seguinte, prejudicaria a simples oposições: no entanto, não é esta a posição
correção gramatical do período. do autor do texto.
c) Talvez, se não houvesse a expectativa da suprema
(Banco do Brasil) Representantes dos maiores bancos brasi- felicidade, também não haveria razão para sermos
leiros reuniram-se no Rio de Janeiro para discutir um tema pessimistas, ou otimistas, eis uma sugestão, das en-
desafiante. trelinhas do texto.
5. Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do d) O autor nos conta que outro dia, interessou-se por um
texto, é possível deslocar a oração “para discutir um fragmento de um blog; e o transcreveu para melhor
tema desafiante”, que expressa uma finalidade, para explicar a relação entre otimismo e pessimismo.
o início do período, fazendo-se os devidos ajustes nas e) Quem acredita que o pessimismo é irreversível, não
letras maiúsculas e acrescentando-se uma vírgula logo observa que, na vida, há surpresas e espantos que
após “desafiante”. deveriam nos ensinar algo, sobre a constante impre-
visibilidade de tudo.
6. (Pref. Mun. S.P.) A frase corretamente pontuada é:
(DFtrans) As estradas da Grã-Bretanha tinham sido constru-
a) Nas cidades europeias; onde foram implantados pe-
ídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por carru-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo agens romanas:
o número, e a extensão dos engarrafamentos. 10. A vírgula que precede a conjunção “e” indica que esta
b) Nas cidades, europeias onde foram, implantados pe- liga duas orações de sujeitos diferentes; mas a retirada
dágios o fluxo de automóveis se reduziu; diminuindo desse sinal de pontuação preservaria a correção e a co-
o número e a extensão dos engarrafamentos. erência textual.
c) Nas cidades europeias onde foram implantados pe-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo, (TCU/Analista) Ao apresentar a perspectiva local como infe-
o número e a extensão, dos engarrafamentos. rior à perspectiva global, como incapaz de entender, de ex-
d) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- plicar e, em última análise, de tirar proveito da complexidade
dágios; o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo do mundo contemporâneo, a concepção global atualmente
o número, e a extensão dos engarrafamentos. dominante tem como objetivo fortalecer a instauração de um
e) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- único código unificador de comportamento humano, e abre o
dágios, o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo caminho para a realização do sonho definitivo de economias
o número e a extensão dos engarrafamentos. globais de escala.
11. A supressão da vírgula logo após o termo “humano” não
7. (TCE-AL) Está inteiramente correta a pontuação da se- prejudica a correção gramatical do texto.
guinte frase:
a) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano 12. (TRT 18 R) Está inteiramente adequada a pontuação da
Novo, pois não há como de fato alguém começar algo seguinte frase:
inteiramente do nada. a) Quem cuida da saúde, conta com os recursos do
b) É realmente muito difícil: cumprir propósitos de Ano corpo, já quem cultiva uma amizade, conta com o
Novo; pois não há como, de fato, alguém começar conforto moral.
algo inteiramente do nada. b) No que me diz respeito, não me interessam os amigos
c) É, realmente, muito difícil – cumprir propósitos de de ocasião: prezo apenas os verdadeiros, os que me
Ano Novo: pois não há como de fato, alguém começar apoiam incondicionalmente.
algo inteiramente do nada. c) De que pode valer, gozarmos um momento de felici-
d) É, realmente, muito difícil cumprir propósitos de Ano dade, se não dispomos de alguém, a quem possamos
estendê-la?
Novo, pois não há como, de fato, alguém começar
d) Confio sempre num amigo; pois minha confiança
algo inteiramente do nada.
nele, certamente será retribuída com sua confiança
e) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano
em mim.
Novo; pois não há como de fato alguém começar algo, e) São essas enfim, minhas razões para louvar a amiza-
inteiramente do nada. de: diga-me você agora quais as suas?
(MMA) O alívio dos que, tendo a intenção de viver irregular- 13. (TCESP/Agente Fiscal) O emprego das vírgulas assinala
mente na Espanha, conseguem passar pelo controle de imi- a ocorrência de uma ressalva em:
gração do Aeroporto Internacional de Barajas não dura muito a) onde é vista como a pequena, mas muito respeitada,
tempo. A polícia está pelas ruas, uniformizada ou à paisana, irmã.
e constantemente faz batidas em lugares que os imigrantes b) que a Petrobras já detém, com reconhecido mérito,
frequentam ou onde trabalham. Foram expedidas cerca de no restrito clube...
7 mil cartas de expulsão de brasileiros no ano passado.
Língua Portuguesa
68
14. No segundo parágrafo do texto, os dois travessões de- d) indica a aceitação de um fato real e comum, sem
marcam a inserção de uma informação que define o que qualquer observação particular.
é “Per Capita”. e) introduz enumeração das possibilidades decorrentes
das descobertas antes citadas.
(STF/Analista) A ação ética só é virtuosa se for livre e só o
será se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão
interior do próprio agente e não de uma pressão externa. (Banco do Brasil/Escriturário) Os brasileiros com idade entre
Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre 14 e 24 anos têm em média 46 amigos virtuais, enquanto
a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana a média global é de 20. No mundo, os jovens costumam
apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores ter cerca de 94 contatos guardados no celular, 78 na lista
morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao de programas de mensagem instantânea e 86 em sítios de
sujeito). relacionamento como o Orkut.
15. Os sinais de parênteses têm a função de organizar as 20. O emprego da vírgula após “celular” justifica-se por iso-
ideias que destacam e de inseri-las na argumentação do lar oração de natureza explicativa.
texto; por isso, sua substituição pelos sinais de travessão
(Banco do Brasil) Nas Américas, os jogos estimulam a reflexão
preservaria a coerência textual e a correção do texto.
sobre as possibilidades de um continente unido, pacífico,
próspero, com a construção de uma rede de solidariedade
(STF/Analista) Muito da experiência humana vem justamente e cooperação por meio do esporte, uma das principais ex-
de nos constituirmos como sujeitos. Esse papel é pesado. Por pressões do pan-americanismo.
isso, quando entra ele em crise — quando minha liberdade 21. O emprego de vírgulas após “unido” e após “pacífico”
de escolher amorosa ou política ou profissionalmente resulta tem justificativas diferentes.
em sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução
que substitua meu papel de sujeito pelo de objeto. 22. (Metrô-SP/Téc.Segurança) Apontado por entidades
16. O deslocamento do travessão para logo depois de “pro- internacionais como um dos mais bem estruturados e
fissionalmente” preservaria a correção gramatical do bem geridos programas ambientais do mundo, o Projeto
texto e a coerência da argumentação, com a vantagem Tietê está sob ameaça de ser interrompido. Sua segunda
de não acumular dois sinais de pontuação juntos. etapa está terminando e, apesar do cumprimento do
cronograma e do vulto das obras – que permitiram sig-
(Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o nificativo avanço nos serviços de coleta e de tratamento
desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em de esgoto –, a diretoria de Controle Ambiental da Cetesb
escala mundial — como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun- alerta: a meta de aumentar o número de empresas no
do — quanto regional, com disputas nos vários continentes. monitoramento de efluentes despejados no rio não foi
17. A substituição dos travessões por parênteses prejudica cumprida. O não atendimento dessa exigência do con-
a correção gramatical do período. trato de financiamento, firmado pelo governo estadual
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
18. (SADPB/Agente Seg.Penitenciaria) “O estudo do cérebro poderá impedir a liberação dos recursos para a terceira
conheceu avanços sem precedentes nas últimas duas etapa do programa. Essa fase prevê a universalização da
décadas, com o surgimento de tecnologias que permi- coleta de esgoto e o combate à poluição nos afluentes
tem observar o que acontece durante atividades como do rio.
o raciocínio, a avaliação moral e o planejamento. Ao
mesmo tempo, essa revolução na tecnologia abre novas Considere as afirmativas seguintes, a respeito dos sinais
possibilidades para um campo da ciência que sempre de pontuação empregados no texto.
despertou controvérsias de caráter ético – a interferên- I – Os travessões isolam um segmento explicativo, mar-
cia no cérebro destinada a alterar o comportamento de cado por uma pausa maior do que haveria caso esse
segmento estivesse separado por vírgulas.
pessoas.
II – Os dois-pontos (9ª linha) assinalam a causa da amea-
– a interferência no cérebro destinada a alterar o com-
ça referida anteriormente, introduzida pela forma verbal
portamento de pessoas”.
alerta.
III – A vírgula que aparece após a expressão do mundo
O emprego do travessão indica, considerando-se o con- (3ª linha) pode ser corretamente substituída por ponto-
texto, -e-vírgula.
a) enumeração de fatos de caráter científico.
b) retomada resumida do assunto do parágrafo. Está correto o que se afirma em
c) repetição destinada a introduzir o desenvolvimento a) I e II, somente.
posterior. b) I e III, somente.
d) retificação de uma afirmativa feita anteriormente. c) II e III, somente.
e) especificação de uma expressão usada anteriormente. d) III, somente.
Língua Portuguesa
e) I, II e III.
19. (Metrô-SP) No trecho “– e comerciais, por meio das pa-
tentes.” O emprego do travessão (Banco do Brasil) A turbulência decorrente do estouro de
a) confere pausa maior no contexto, acrescentando mais essa bolha ainda não teve suas consequências totalmen-
sentido de crítica ao segmento. te dimensionadas. A questão que se coloca é até que ponto
b) introduz segmento desnecessário no contexto, pois é possível injetar alguma previsibilidade em um mercado tão
repete o que foi afirmado anteriormente. interconectado, gigantesco e que tem o risco no DNA. O único
c) assinala apenas escolha pessoal do autor, sem signi- consenso é que o mercado precisa ser mais transparente.
ficação importante no parágrafo. (Veja, 12/3/2008 0 com adaptações).
69
23. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção Assinale aquela em que a reescritura não apresenta erro
gramatical do texto ao se inserir um sinal de dois-pontos de pontuação.
depois da primeira ocorrência de “é” e um ponto de a) A cooperação entre seus países, permitiria à região
interrogação depois de “DNA”. fazer frente a outras potências, como os Estados Uni-
dos e o Japão, e assim, assegurar o bem-estar social
24. (TCEAM/Analista Controle Externo) Está inteiramente e a segurança da população.
correta a pontuação da seguinte frase: b) Com o passar dos anos o bloco incorporou nações
a) A realização de estudos com primatas não humanos, menos desenvolvidas do continente; e instituiu uma
tem revelado que a inteligência ao contrário do que moeda única – o euro que atraiu investidores e che-
se pensa, não é nosso dom exclusivo. gou a ameaçar o domínio do dólar como reserva in-
b) A conclusão é, na verdade, surpreendente: a cons- ternacional de valor.
ciência humana, longe de ser um dom sobrenatural, c) Mas, a crise financeira mundial fez emergir as fragi-
emerge da consciência dos animais. lidades na estrutura econômica de algumas nações
c) Ernst Mayr, eminente biólogo do século passado não do bloco: à medida que, a turbulência dos mercados
teve dúvida em afirmar que, a nossa consciência, é se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal
uma evolução da consciência dos animais. de alguns países, sobretudo a Grécia.
d) Sejam sinfonias sejam equações de segundo grau, há d) Diante do risco de que o deficit crescente no orça-
operações que de tão sofisticadas, não são acessíveis mento grego pudesse contaminar outros europeus
à inteligência de outros animais. com situação fiscal semelhante e pôr em xeque a
e) O que caracteriza efetivamente o verdadeiro altruís- confiabilidade do bloco, líderes regionais reuniram-
mo, é o comportamento cooperativo que se adota, -se, às pressas, na semana passada.
de modo desinteressado. e) Levar as reformas adiante terá um custo político. Na
semana passada, as ruas de Atenas, foram tomadas
25. (GOVBA/Soldado/PMBA) Analise as frases a seguir: por manifestantes e os funcionários públicos entra-
I – Este quadro moral levou a duas situações dramáticas: ram em greve.
o gosto do mal e o mau gosto.
II – O grande desafio de hoje é de ordem ética: construir (Funiversa/HFA/Ass.Téc.Adm.) Na frase: “As demissões re-
uma vida em que o outro não valha apenas por satisfazer cordes nas companhias americanas devido à crise fizeram
necessidades sensíveis. vítimas inusitadas – os próprios executivos de recursos hu-
manos.”
Considerando-se o emprego dos dois-pontos nos perí- 30. Não haverá incorreção gramatical, caso o travessão seja
odos acima, é correto o que se afirma em: substituído por vírgula.
a) Os dois-pontos introduzem segmentos de sentido
enumerativo e conclusivo, respectivamente, assina- Reescritura de Frases e Parágrafos – Substituição de
lando uma pausa maior em cada um deles. palavras ou de trechos de texto
b) Os segmentos introduzidos pelos dois-pontos apre-
sentam sentido idêntico, de realce. Texto para responder à questão seguinte.
c) Os sinais marcam a presença de afirmativas redun-
dantes no contexto, mas que reforçam a opinião do O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios pro-
autor. blemas que os responsáveis pela construção da Nova Capital
d) Os dois-pontos indicam a interferência de um novo da República enfrentaram, desde o início de suas atividades
interlocutor no contexto, representando o diálogo no Planalto Central, em fins de 1956.
com o leitor. A região não contava com nenhuma fonte de geração de
e) Os dois segmentos introduzidos pelos dois-pontos energia elétrica nas proximidades, e o prazo, imposto pela
são inteiramente dispensáveis, pois seu sentido está data fixada para a inauguração da capital — 21 de abril de
exposto com clareza nas afirmativas anteriores a eles. 1960 —, era relativamente curto para a instalação de uma
fonte de energia local, em caráter definitivo.
Na frase: “Ela encontrou um bebê recém-nascido em um A alternativa existente seria o aproveitamento da ener-
terreno baldio em frente de sua casa, em Curitiba.” gia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das
26. No trecho “de sua casa, em Curitiba”, a eliminação da Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa
vírgula e a substituição da preposição “em” por de man- dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km
têm o sentido original da frase. de Brasília. Assim, tendo em vista o surgimento da nova Ca-
pital do Brasil, as obras foram aceleradas, e a primeira etapa
27. (Funiversa/Terracap) A vírgula da frase “Ao coração, cou- da Usina de Cachoeira Dourada foi inaugurada em janeiro de
be a função de bombear sangue para o resto do corpo” 1959, com 32 MW e potência final prevista para 434 MW.
justifica-se pelo deslocamento do termo “Ao coração”, Entretanto, paralelamente à adoção de providências
com finalidade estilística de criar ênfase. para o equacionamento do problema de suprimento de ener-
gia elétrica da nova Capital após sua inauguração, outras me-
Língua Portuguesa
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- didas tiveram de ser tomadas pela Companhia Urbanizadora
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e da Nova Capital do Brasil — NOVACAP — objetivando à ins-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” talação de fontes de energia elétrica necessárias às ativida-
28. O travessão foi usado para enfatizar trecho do enuncia- des administrativas desenvolvidas no gigantesco canteiro de
do. Efeito similar se conseguiria com o uso de negrito, obras. Assim sendo, já nos primeiros dias de 1957, a energia
ou, no discurso oral, com entonações enfáticas. elétrica de origem hidráulica era gerada, pela primeira vez,
no território do futuro Distrito Federal, pela usina pioneira
29. (Funiversa/Sejus/Téc. Adm.) Cada uma das alternativas do Catetinho, de 10 HP, instalada em pequeno afluente do
a seguir apresenta reescritura de fragmento do texto. Ribeirão do Gama.
70
Hoje, a Capital Federal conta com a CEB, Companhia O Programa Ecoelce de troca de resíduos por bônus na
Energética de Brasília, que já recebeu vários prêmios. Em conta de luz gerou créditos de R$ 570 mil a 88 mil clientes res-
novembro de 2009, ela conquistou uma importante vitória ponsáveis pelo recolhimento de pouco mais de quatro mil tone-
em seu esforço pela melhoria no atendimento aos clientes. ladas de lixo reciclável, como vidro, plástico, papel, metal e óleo.
Venceu o prêmio IASC - Índice Aneel de Satisfação do Con- A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a partir
sumidor, pela quinta vez. A empresa foi escolhida a melhor de pesquisas em comunidades de baixa renda de Fortaleza e
distribuidora de energia elétrica do Centro-Oeste, a partir região metropolitana da capital, para montar a arquitetura
de pesquisa que abrange toda a área de concessão das 63 do programa.
distribuidoras no Brasil. Para participar, o cliente procura o posto de coleta ou a
Na premiação, que ocorreu na sede da Aneel, a CEB associação comunitária e solicita o cartão do Programa Ecoel-
foi apontada como uma das cinco melhores distribuidoras ce. A cada entrega, o operador do posto registra o volume de
de energia elétrica do País. O Índice Aneel de Satisfação do resíduos, com informações sobre o tipo de material e peso, e,
Consumidor para a CEB, de 70,33 pontos, ficou acima da mé- por meio da máquina de registro de coleta, calcula o bônus a
dia nacional, de 66,74 pontos. Anteriormente, a Companhia ser creditado na conta do cliente. Os resíduos recebidos são
obteve o Prêmio IASC em 2003, 2004, 2006 e 2008. separados e encaminhados para a indústria de reciclagem.
Entre suas importantes iniciativas sociais, destaca-se o Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
Programa CEB Solidária e Sustentável, um projeto de inser- (ONU), o programa tem como vantagens estimular a eco-
ção e reinserção social de crianças, denominado “Gente de nomia de energia com melhoria da qualidade de vida das
Sucesso”, que foi implementado em parceria com o Instituto comunidades envolvidas, tanto pela diminuição da conta
de Integração Social e Promoção da Cidadania — INTEGRA de luz quanto pela redução dos resíduos nas vias urbanas.
e com a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. Alberto B. Gradvohl et alii. Programa Ecoelce de troca de
Internet: <http://www.ceb.com.br> (com adaptações). resíduos por bônus na conta de energia. Agência Nacional de
Acesso em 3/1/2010. Energia Elétrica (Brasil). In: Revista pesquisa e desenvolvimento
da ANEEL, n.º 3, jun./2009, p. 115-6 (com adaptações).
31. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
a seguir, há uma reescritura de parte do texto. Assinale 32. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
aquela em que a reescritura altera o sentido original. a seguir, há uma reescritura de uma parte do texto. Assi-
a) A empresa foi escolhida a melhor distribuidora de nale aquela em que a reescritura mantém a ideia original.
energia elétrica do Centro-Oeste / Escolheu-se a em- a) A preocupação com o planeta intensificou-se a partir
presa como a melhor distribuidora de energia elétrica dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que
do Centro-Oeste. as questões ambientais começaram a ser tratadas de
b) A partir de pesquisa que abrange toda a área de con- forma relevante e participativa nos diversos setores
cessão das 63 distribuidoras no Brasil / A partir de socioeconômicos. / A preocupação com o planeta
pesquisa que abrange todas as áreas de concessão intensificou-se com a crise petroleira, a partir dos
de todas as distribuidoras no Brasil. anos 1970, pois as questões ambientais começaram
c) O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios a ser tratadas de forma relevante e participativa nos
problemas que os responsáveis pela construção da diversos setores socioeconômicos.
Nova Capital da República enfrentaram / O suprimen- b) O processo de reciclagem é muito relevante na medi-
to de energia elétrica foi um dos sérios problemas da em que o lixo recebe o devido destino, retornan-
enfrentados pelos responsáveis pela construção da do à cadeia produtiva. / O processo de reciclagem é
Nova Capital da República. muito relevante à medida que o lixo recebe o devido
d) O prazo, imposto pela data fixada para a inauguração destino, retornando à cadeia produtiva.
da capital – 21 de abril de 1960 –, era relativamente c) A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a
curto para a instalação de uma fonte de energia local / partir de pesquisas em comunidades de baixa renda
O prazo (...) era relativamente curto para a instalação, de Fortaleza e região metropolitana da capital, para
em caráter definitivo, de uma fonte de energia local. montar a arquitetura do programa. / Por causa de
e) Paralelamente à adoção de providências / Paralela- pesquisas em comunidades de baixa renda de For-
mente ao fato de se adotarem providências. taleza e região metropolitana da capital, a COELCE
instalou 62 pontos de coleta no Ceará, para montar
Texto para responder à questão seguinte. a arquitetura do programa.
d) Para participar, o cliente procura o posto de coleta
A preocupação com o planeta intensificou-se a partir ou a associação comunitária e solicita o cartão do
dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que as Programa Ecoelce. / O cliente, para participar, assim
questões ambientais começaram a ser tratadas de forma que procura o posto de coleta ou a associação comu-
relevante e participativa nos diversos setores socioeconômi- nitária, solicita o cartão do Programa Ecoelce.
cos. Preservar o ambiente e economizar os recursos naturais e) Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
tornou-se importante tema de discussão, com ênfase no uso (ONU), o programa tem como vantagens estimular
a economia de energia com melhoria da qualidade
Língua Portuguesa
71
Em uma manhã de inverno de 1978, a assistente social Zé- Um homem vai devagar.
lia Machado, 49 anos de idade, encontrou um bebê recém- Um cachorro vai devagar.
-nascido em um terreno baldio. Um burro vai devagar.
33. A expressão “a assistente social”, caso seja colocada após
o substantivo próprio a que se refere, cria, necessaria- Devagar... as janelas olham.
mente, uma falha gramatical. Eta vida besta, meu Deus.
Essa é uma questão delicada, daí a importância que se tenha Carlos Drummond de Andrade. Reunião, 10.ª ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 17.
clareza sobre ela.
34. A frase Essa é uma questão delicada, por isso é impor-
tante que se tenha clareza sobre ela é uma reescrita 40. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
adequada da original registrada. nativa incorreta.
a) Para o autor, em uma visão integral, porém dinâmica
da cidade, a ausência de artigos na primeira estrofe
Parte da população torna-se receptora de “benefícios” não
do texto reflete a similaridade conceitual estabele-
no sentido do patamar do direito e, sim, na perspectiva da
cida entre os substantivos.
troca votos-favores.
b) A fusão dos elementos humanos à paisagem natu-
35. A frase parte da população torna-se receptora de “be-
ral, em uma visão panorâmica, ratifica a ausência de
nefícios” não somente no sentido do patamar do direi-
artigos na primeira estrofe.
to, mas também na perspectiva da troca votos-favores
c) Ao longo do texto, quase não há inserção de adje-
é uma reescrita adequada da original.
tivos, dado o fato de a dinamicidade do texto não
promover espaço para o detalhamento.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- d) O emprego da pontuação ao longo do texto sugere
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e ausência de conhecimento sintático, promovendo
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” lentidão e morosidade na leitura.
36. A sequência “de qualquer país” pode ser reescrita, sem e) É empregada a sinonímia de estruturação sintática e
perda de sentido, como por seja qual for o país. lexical na segunda estrofe.
(Funiversa/Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país 41. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
que passe pela nossa mente – e alguns outros de cuja exis- nativa incorreta.
tência sequer desconfiávamos.” a) Se, ao penúltimo verso, for dada a seguinte redação:
37. A conjunção “e” poderia ser substituída, sem perda de Devagar... às janelas olham ter-se-á modificação se-
sentido, pela locução além de. mântica da estrutura textual.
b) A variação da abordagem semântica na estrutura
(Funiversa/Terracap) A vida se esvai, mas localizaram um sintática do texto tornou-o incoeso e inacessível ao
doador compatível: já para a mesa de cirurgia. leitor.
38. A seguinte reescritura do trecho está gramaticalmente c) Nenhum atributo é legado aos substantivos da se-
correta: localizaram um doador compatível; portanto, gunda estrofe, porém, apesar desta característica, é
vá urgente para a mesa de cirurgia. Porém, ela perde em perceptível a introdução de movimentação espacial.
qualidade para a original, mais sintética e mais expressiva. d) No texto, é possível verificar a ocorrência de artigo
indefinido.
39. (Funiversa/Adasa) O trecho “É a conduta dos seres hu- e) No trecho “Devagar... as janelas olham.”, foi emprega-
manos, cegos entre si mesmos e ao mundo na defesa da da a personificação, processo que humaniza objetos.
negação do outro, o que tem feito do presente humano
o que ele é.” pode ser reescrito, sem que haja alteração Partindo-se desse entendimento, vê-se que um bom “trata-
de sentido, da seguinte forma: mento penal” não pode residir apenas na abstenção da vio-
a) É o agir humano, cego ao outro e ao mundo na negação lência física ou na garantia de boas condições para a custódia
de outro mundo, o que faz do presente o que ele é. do indivíduo, em se tratando de pena privativa de liberdade:
b) É o mal inerente ao homem, que o torna cego em deve, antes disso, consistir em um processo de superação de
relação ao próximo e ao mundo, que faz do presente uma história de conflitos, por meio da promoção dos seus
o que ele é. direitos e da recomposição dos seus vínculos com a socie-
c) É a maneira de agir do homem, alienado ao negar o dade, visando criar condições para a sua autodeterminação
outro seja na forma do semelhante ou na forma do responsável.
mundo, que faz do presente o que ele é.
d) É a forma de agir dos homens que se tornam cegos 42. (Funiversa/Sejus) Nas alternativas a seguir, são apresen-
para com os outros e para com o mundo que faz deste tadas reescrituras de trechos do segundo parágrafo do
mundo o que ele é. texto. Assinale aquela em que se preserva o sentido do
e) É a conduta da humanidade, cega entre si e ao mundo trecho original.
por negar o outro, o que torna o homem mau como a) Um tratamento eficaz da pena não pode dispensar
Língua Portuguesa
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d) Um bom “tratamento penal” resiste a um processo CONCORDÂNCIA VERBAL
de superação de uma história de conflitos.
e) Um bom “tratamento penal” supõe a superação dos • Sujeito composto com pessoas gramaticais diferentes.
conflitos da história, promovendo direitos e recom- Verbo no plural e na pessoa de número mais baixo.
pondo os vínculos da sociedade, para que o sujeito Carlos, eu e tu vencemos.
se torne mais responsável. Carlos e tu vencestes ou venceram.
1 A União Europeia inaugurou um novo patamar de • Sujeito composto posposto ao verbo. Verbo no plural ou
integração política e econômica no globo. A cooperação de acordo com o núcleo mais próximo.
entre seus países permitiria à região fazer frente a outras Vencemos Carlos, eu e tu. Ou:
4 potências, como os Estados Unidos e o Japão, e, assim, Venceu Carlos, eu e tu.
assegurar o bem-estar social e a segurança de sua po-
pulação. Com o passar dos anos, o bloco incorporou na- • Sujeito composto de núcleos sinônimos (ou quase) ou em
7 ções menos desenvolvidas do continente e instituiu uma gradação. Verbo no plural ou conforme o núcleo próximo.
moeda única, o euro, que atraiu investidores e chegou a A alegria e o contentamento rejuvenescem. Ou:
A alegria e o contentamento rejuvenesce.
ameaçar o domínio do dólar como reserva internacional
Os EUA, a América, o mundo lembraram ontem o Onze de
10 de valor. Mas a crise financeira mundial fez emergir as
Setembro. Ou:
fragilidades na estrutura econômica de algumas nações Os EUA, a América, o mundo lembrou ontem o Onze de
do bloco. À medida que a turbulência dos mercados Setembro.
13 se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal de
alguns países, sobretudo a Grécia. Diante do risco de que • Núcleos no infinitivo, verbo no singular.
o deficit crescente no orçamento grego pudesse conta- Obs.: artigo e contrários, verbo no plural.
16 minar outros europeus com situação fiscal semelhante e Cantar e dançar relaxa.
pôr em xeque a confiabilidade do bloco, líderes regionais Obs.: O cantar e o dançar relaxam.
reuniram-se às pressas na semana passada. Ao fim do Subir e descer cansam.
19 encontro, chegou-se a um acordo para ajudar a Grécia.
Ainda que não tenha sido feita menção formal a um • Sujeito = mais de, verbo de acordo com o numeral.
resgate financeiro, a reunião serviu para acalmar o te- Obs.: repetição ou reciprocidade, só plural.
22 mor dos investidores internacionais. In: Veja, 17/2/2010, Mais de um político se corrompeu.
p. 57 (com adaptações). Mais de dois políticos se corromperam.
Obs.: Mais de um político, mais de um empresário se cor-
43. (Funiversa) Cada uma das alternativas a seguir apresenta romperam. Mais de um político se cumprimentaram.
reescritura de fragmento do texto. Assinale aquela em
que a reescritura mantém a ideia original. • Sujeito coletivo, partitivo ou percentual, verbo concorda
a) A União Europeia lançou um novo andar para a inte- com o núcleo do sujeito ou com o adjunto.
gração política e econômica no globo (linhas 1 e 2). Obs.: coletivo distante do verbo fica no singular ou no plural.
b) A cooperação entre seus países faria que a região O bando assaltou a cidade (assaltar, no passado).
O bando de meliantes assaltou ou assaltaram a cidade.
esbarrasse em outras potências, como os Estados
A maior parte das pessoas acredita nisso. Ou:
Unidos e o Japão (linhas de 2 a 4).
A maior parte das pessoas acreditam nisso.
c) A crise, contudo, trouxe à tona a solidez da econo- A maior parte acredita.
mia de certos países que integram a União Europeia Oitenta por cento da turma passaram ou passou.
(linhas de 10 a 12). Obs.: O povo, apesar de toda a insistência e ousadia, não
d) Diante do risco de que o deficit crescente no or- conseguiu ou conseguiram evitar a catástrofe.
çamento grego pudesse influenciar outros países
europeus que apresentam situação fiscal similar e • Sujeito = pronome pessoal preposicionado
comprometer a confiabilidade da União Europeia, lí- a) núcleo singular, verbo singular.
deres regionais encontraram-se às pressas na semana Algum de nós errou. Qual de nós passou.
passada (linhas de 14 a 18). b) núcleo plural, verbo plural ou com o pronome pessoal.
e) Ainda que não tenha sido discutida uma solução fi- Alguns de nós erraram ou erramos. Quais de nós
nanceira, o encontro teve como objetivo reduzir o erraram ou erramos.
medo dos investidores internacionais (l. 20 a 22).
• Sujeito = nome próprio que só tem plural
GABARITO a) Não precedido de artigo, verbo no singular.
Estados Unidos é uma potência. Emirados Árabes fica
1. C 12. b 23. C 34. C no Oriente Médio.
2. E 13. a 24. b 35. E b) precedido de artigo no plural, verbo no plural.
3. E 14. C 25. a 36. C Os Estados Unidos são uma potência. Os Emirados Ára-
Língua Portuguesa
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• Sujeito = que, verbo de acordo com o antecedente. EXERCÍCIOS
Fui eu que prometi.
Foste tu que prometeste. Regra Básica
Foram eles que prometeram.
O núcleo do sujeito conjuga o verbo.
• Sujeito = quem
a) verbo na 3ª pessoa singular; ou Dica:
Fui eu quem prometeu. (prometer, passado) Núcleo do sujeito começa sem preposição.
Foste tu quem prometeu. Foram eles quem prometeu.
b) verbo concorda com o antecedente. 1. (TRT 1ª R/Analista) Julgue os fragmentos de texto apre-
Fui eu quem prometi. Foste tu quem prometeste. Foram sentados nos itens a seguir quanto à concordância verbal.
eles quem prometeram. I – De acordo com o respectivo estatuto, a proteção
à criança e ao adolescente não constituem obrigação
• Dar, bater, soar exclusiva da família.
a) Se o sujeito for número de horas, concordam com nú- II – A legislação ambiental prevê que o uso de água para
mero. o consumo humano e para a irrigação de culturas de
Deu uma hora. Deram duas horas. subsistência são prioritários em situações de escassez.
Soaram dez horas no relógio. III – A administração não pode dispensar a realização
b) Se o sujeito não for número de horas. do EIA, mesmo que o empreendedor se comprometa
O relógio deu duas horas. Soou dez horas no relógio. expressamente a recuperar os danos ambientais que,
porventura, venham a causar.
• Faltar, restar, sobrar, bastar, concordam com seu sujeito IV – A ausência dos elementos e requisitos a que se
normalmente. referem o CPC pode ser suprida de ofício pelo juiz, em
Obs.: sujeito oracional, verbo no singular. qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não for
Faltam cinco minutos para o fim do jogo. proferida a sentença de mérito.
Restavam apenas algumas pessoas.
Sobraram dez reais. A quantidade de itens certos é igual a
Basta uma pessoa. a) 0.
Obs.: Ainda falta depositar dez reais. (note o sujeito ora- b) 1.
cional) c) 2
d) 3.
• Com os verbos mandar, deixar, fazer, ver, ouvir e sentir e) 4.
a) seguidos de pronome oblíquo, o infinitivo não se fle-
xiona. Obs.: 1
Mandei-os sair da sala. Ele deixou-as falar. O professor Depois que o primeiro núcleo do sujeito já está escrito,
o segundo que houver deve estar escrito ou representado
viu-os assinar o papel. Eu os senti bater à porta.
por um pronome.
b) seguidos de substantivo, o infinitivo pode se flexionar
O uso de água e o de combustível são prioritários. (dois
ou não.
núcleos)
Mandei os rapazes sair ou saírem. Ele deixou as amigas
Veja a repetição do “o”. O segundo é pronome. Sem
falar ou falarem. O professor viu os diretores assinar ou
preposição. É núcleo.
assinarem.
Mas em: O uso de água e de combustível é prioritário.
c) seguidos de infinitivo reflexivo, este pode se flexionar (um só núcleo = uso)
ou não.
Cuidado: Na locução verbal, o infinitivo é impessoal Obs.: 2
(sem variação). O pronome relativo pode exercer a função de sujeito,
Vi-os agredirem-se no comício. Ou: Vi-os agredir-se no de objeto, de complemento etc., sempre dentro da oração
comício. Ele prefere vê-las abraçarem-se ou abraçar-se. adjetiva.
Cuidado: Os números da fome podem ficar piores. (fi-
carem: errado) Cuidado!
O pronome relativo refere-se a um termo antes, mas
• Concordância especial do verbo ser. esse termo faz parte de outra oração. O termo referido pre-
a) se sujeito indica coisa no singular, e predicativo indica enche, supre apenas o sentido. Esse termo referido não é o
coisa no plural, ser prefere o plural, mas admite o sin- sujeito, o objeto etc. da oração subordinada adjetiva.
gular. A casa / que comprei / era velha.
Tua vida são essas ilusões. (presente). Ou: Tua vida é
essas ilusões. Oração principal: A casa era velha
b) se sujeito ou predicativo for pessoa, ser conforme a Sujeito = A casa
Língua Portuguesa
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mas apenas pelo sentido, jamais pela análise sintática. A aná- 12. ( ) Na sala, existiam vinte pessoas.
lise sintática deve ser feita dentro de cada oração. 13. ( ) Na sala, existia vinte pessoas.
14. ( ) No carnaval, houve menos acidentes.
(TCU) “Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, 15. ( ) No carnaval, houveram menos acidentes.
creio que não poderemos escapar da conclusão de que o pro- 16. ( ) No carnaval, ocorreram menos acidentes.
cesso é totalmente coerente com as premissas da ideologia 17. ( ) No carnaval, ocorreu menos acidentes.
econômica que têm se afirmado como a forma dominante 18. ( ) Haverá dois meses que não o vejo.
de representação do mundo ao longo dos últimos 100 anos, 19. ( ) Haverão dois meses que não o vejo.
aproximadamente.” 20. ( ) Jamais pode haver incoerências no texto.
2. A forma verbal “têm” em “têm se afirmado” estabele- 21. ( ) Jamais podem haver incoerências no texto.
ce relação de concordância com o termo antecedente 22. ( ) Jamais podem existir incoerências no texto.
“ideologia”. 23. ( ) Jamais pode existir incoerências no texto.
3. Qual é o sujeito sintático de “têm”? 24. ( ) Haviam sido eleitos novos presidentes.
4. Qual é o sujeito semântico de “têm”? 25. ( ) Havia sido eleito novos presidentes.
5. Qual é a função sintática de “as premissas da ideologia”?
Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens a se-
(TCU) “Dentro de um mês tinha comigo vinte aranhas; no guir quanto à concordância verbal.
mês seguinte cinquenta e cinco; em março de 1877 contava
quatrocentas e noventa.” 26. (TRT 9ª R) Na redação da peça exordial, deve haver indi-
6. O verbo ter está empregado no sentido de haver, existir, cações precisas quanto à identificação das partes bem
por isso mantém-se no singular, sem concordar com o como do representante daquele que figurará no polo
sujeito da oração – “vinte aranhas”. ativo da eventual ação.
Obs.: Verbo sem sujeito chama-se verbo impessoal. (TCU) “O melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá
A regra é ficar na 3ª pessoa do singular. Ver verbo haver. andando, até achar entrada. Há de haver alguma”.
27. Na expressão Há de haver verifica-se o emprego impes-
“Novos instrumentos vêm ocupar o lugar dos instrumentos soal do verbo haver na forma “Há”.
velhos e passam a ser utilizados para fazer algo que nunca
tinha sido imaginado antes.” (DFTrans) “As estradas da Grã-Bretanha tinham sido cons-
7. É gramaticalmente correta e coerente com a argumen- truídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por car-
tação do texto a seguinte reescrita para o período final: ruagens romanas”.
Cada novo instrumento que vêm ocupar o lugar dos ins- 28. Devido ao valor de mais-que-perfeito das duas formas
trumentos antigos passam a ser utilizados para fazer algo verbais, preservam-se a coerência textual e a correção
que ainda não fôra imaginado. gramatical ao se substituir “tinham sido” por havia sido.
“Agora, ao vê-lo assim, suado e nervoso, mudando de lugar (PMDF) “Jamais houve tanta liberdade e o crescimento das
o tempo todo e murmurando palavras que me escapavam, democracias foi extraordinário”.
temia que me abordasse para conversar sobre o filho.” 29. A substituição do verbo impessoal haver, na sua forma
8. A forma verbal “temia” concorda com o sujeito de tercei- flexionada “houve”, pelo verbo pessoal existir exige
ra pessoa do singular ele, que foi omitido pelo narrador. que se faça a concordância verbal com “liberdade” e
“crescimento”, de modo que, fazendo-se a substituição,
9. A substituição de “teria” por teriam não altera o sentido deve-se escrever existiram.
nem a adequação gramatical do trecho “o valor de suas
casas, que serviam de garantia para os empréstimos, (Abin) “Melhorar o mecanismo de solução de controvérsias
teria de continuar subindo indefinidamente”. é um dos requisitos para o fortalecimento do Mercosul, vide
as últimas divergências entre Brasil e Argentina”.
Regras Especiais 30. Mantém-se a obediência à norma culta escrita ao se
substituir a palavra “vide” por haja visto, uma vez que
Verbo haver com sujeito. as relações sintáticas permanecem sem alteração.
Eles haviam chegado.
Outros Verbos Impessoais
Verbo haver sem sujeito tem o sentido de existir, acon-
tecer ou tempo decorrido. Verbo fazer indicando tempo ou clima.
75
Sujeito com Núcleo Coletivo, Partitivo ou Percentual Sujeito Composto Escrito após o Verbo
Regra: Regra:
O núcleo conjuga o verbo, ou o adjunto adnominal Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo
conjuga o verbo. próximo conjuga o verbo.
(Ibram-DF) “Um caso de amor e ódio. A maioria dos estudio- “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz
sos evita os clichês como o diabo foge da cruz, mas as frases um livro, um governo, ou uma revolução”.
39. No trecho “assim se faz um livro”, a expressão “um livro”
feitas dão o tom do uso da língua.”
exerce a função de sujeito.
32. No segundo período do texto, a forma verbal “evita”, em-
pregada no singular, poderia ser substituída pela forma Atenção:
flexionada no plural, evitam, caso em que concordaria Com a palavra se, o verbo de ação não tem objeto direto.
com “estudiosos”, sem que houvesse prejuízo gramatical Quando temos a palavra se, o objeto direto vira sujeito pacien-
para o período. te. Então, chamamos a palavra se de partícula apassivadora.
(MPU) “A maioria dos países prefere a paz.” “Acho que se compreenderia melhor o funcionamento da lin-
33. Está de acordo com a norma gramatical escrever “pre- guagem supondo que o sentido é um efeito do que dizemos,
ferem”, em lugar de “prefere”. e não algo que existe em si, independentemente da enun-
ciação, e que envelopamos em um código também pronto.
(PF) “Hoje, 13% da população não sabe ler.” Poderiam mudar muitas perspectivas: se o sentido nunca
34. A forma verbal “sabe”, no texto, está flexionada para é prévio, empregar ou não um estrangeirismo teria menos a
concordar com o núcleo do sujeito. ver com a existência ou não de uma palavra equivalente na
língua do falante. O que importa é o efeito que palavras es-
trangeiras produzem. Pode-se dar a entender que se viajou,
(PCDF) “Uma equipe de policiais está junta por dez anos e
que se conhecem línguas. Uma palavra estrangeira em uma
aprenderam a investigar.”
placa ou em uma propaganda pode indicar desejo de ver-se
35. Está adequada à norma culta a redação do texto. associado a outra cultura e a outro país, por seu prestígio.”
40. Para se manter o paralelismo com o primeiro e o último
(TCU) “Os meus pupilos não são os solários de Campanela períodos sintáticos do texto, o segundo período também
ou os utopistas de Morus; formam um povo recente, que admitiria uma construção sintática de sujeito indeter-
não pode trepar de um salto ao cume das nações seculares.” minado, podendo ser alterado para Poderia se mudar
36. A forma verbal “formam” está flexionada na 3ª pessoa muitas perspectivas.
do plural para concordar com a ideia de coletividade
que a palavra “povo” expressa. Atenção:
Muito cuidado com as duas opções de análise! Em lo-
Cuidado com a exceção! cução verbal com a palavra SE na função de partícula apas-
Quando o núcleo coletivo, partitivo ou percentual está sivadora, podemos analisar como sujeito simples nominal,
após o verbo, somente o núcleo conjuga o verbo. (regra: o núcleo conjuga o verbo) ou como sujeito oracional,
(regra: o verbo fica no singular).
(Iema-ES) “Quando se constrói um transgênico, os objetivos
41. A flexão de plural em lugar de “Pode-se” respeita as
são previsíveis, bem como seus benefícios. Entretanto, os
regras de concordância com o sujeito oracional “dar a
riscos de efeitos indesejáveis ao meio ambiente e à saúde
entender”.
humana são imprevisíveis, a não ser que se gere também
uma série de estudos para avaliar suas reais consequências.” Regra:
37. Seria mantida a correção gramatical do período caso a Sujeito oracional pede verbo no singular.
forma verbal “gere” estivesse flexionada no plural, em Cantar e dançar relaxa. (certo) => O sujeito de “relaxa”
concordância com a palavra “estudos”. é oração: cantar e dançar.
Cantar e dançar relaxam (errado).
Sujeito com Núcleos Sinônimos ou Quase
Atenção:
Regra: Caso os verbos do sujeito oracional expressem sentidos
Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo opostos, teremos plural.
próximo conjuga o verbo. Subir e descer cansam. (certo) => Note os opostos: subir
A paz e a tranquilidade descansam a alma. e descer.
A paz e a tranquilidade descansa a alma. Subir e descer cansa. (errado)
Verbo no Infinitivo
(Abin) “A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin)
Língua Portuguesa
76
Os países precisam investir em novas tecnologias e oti- Regra:
mizar os processos burocráticos. (certo) A flexão volta a ser opcional, mesmo que o sujeito
do infinitivo seja representado por pronome.
Note: Mandei-os abraçar-se. (certo)
Subentendemos “precisam” antes de “otimizar”. Então, Mandei-os abraçarem-se. (certo também)
“otimizar” é verbo principal. Forma locução verbal. Note que o sentido de “abraçar” é fazer ação um ao
outro (recíproca).
Dica:
O verbo principal é o último da locução verbal. O pri- (MI) “A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio,
meiro é auxiliar. Conforme o padrão da Língua Portuguesa, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes
só o verbo auxiliar se flexiona. para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar
vir da Europa alguns pássaros etc.”
Regra 2: 45. Em “mandar vir da Europa alguns pássaros”, a forma
Como verbo que complementa algum termo, o infinitivo verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal
pode se flexionar ou não. É facultativo. Claro que precisa se “alguns pássaros”, que é o sujeito desse verbo.
referir, pelo menos, a um sujeito semântico no plural.
Regra 4:
(TRT 9ª R) “E a crise norte-americana, que levou investidores Infinitivo após o verbo parecer.
a apostar no aumento dos preços de alimentos em fundos
de hedge.” Regra:
42. No trecho “que levou investidores a apostar no aumento Flexionamos o verbo parecer, mas não o verbo no infini-
dos preços de alimentos em fundos de hedge”, a substi- tivo; ou deixamos o verbo parecer no singular e flexionamos
tuição de “apostar” por apostarem manteria a correção o verbo no infinitivo.
gramatical do texto. Os meninos parecem brincar. (certo)
Os meninos parece brincarem. (certo também)
(Iema-ES) “O Ibama tem capacitado seus quadros para au-
xiliar as comunidades a elaborarem o planejamento do uso Atenção:
sustentável de áreas de proteção ambiental, florestas nacio- Somente quando flexionamos apenas o verbo auxiliar é
nais e reservas extrativistas.” que se pode considerar de fato uma locução verbal.
43. Se a forma verbal “elaborarem” estivesse no singular Os meninos parecem brincar.
elaborar, a correção gramatical seria preservada.
Portanto, não temos locução verbal em
(HFA) “Essa fartura de tal modo contrasta com o padrão de Os meninos parece brincarem.
vida médio, que obriga aquelas pessoas a se protegerem Trata-se de uma figura de linguagem de ordem sintáti-
do assédio, do assalto e da inveja, sob forte esquema de ca que consiste em antepor a uma oração parte da oração
segurança.” seguinte (prolepse).
44. Se o infinitivo em “se protegerem” fosse empregado, Traduzindo: a oração subordinada substantiva subjetiva
alternativamente, na forma não flexionada, o texto man- tem seu sujeito escrito antes do verbo da oração principal,
teria a correção gramatical e a coerência textual. mas o predicado da oração subordinada substantiva subjetiva
permanece após o verbo da principal.
Regra 3:
Muita atenção com os verbos causativos mandar, fazer, Os meninos parece brincarem. É o mesmo que, na ordem
deixar e semelhantes e os sensitivos ver, ouvir, notar, per- direta: Os meninos brincarem parece.
ceber, sentir, observar e semelhantes. Oração principal: parece.
Esses verbos não são auxiliares do infinitivo, ou seja, não Oração subordinada substantiva subjetiva: Os meninos
formam locução verbal como verbo principal do infinitivo. brincarem.
É simples: basta ver que o sujeito de um, geralmente,
não é o mesmo do outro. E verbos que formam locução Regra especial do verbo ser.
verbal devem possuir o mesmo sujeito sintático.
Sujeito “Ser” varia Predicativo
Vejamos as regras em três situações diferentes:
a) O sujeito do infinitivo é representado por substantivo.
Regra: Coisa Singular Singular ou Plural Coisa Plural
A flexão do infinitivo é opcional. Obs.: o plural é preferível.
Mandei os meninos entrar. (certo) Seu orgulho são os livros.
Mandei os meninos entrarem. (certo também) Seu orgulho é os livros.
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Sem Sujeito Com o Numeral Hora Substantivos + Adjetivo
Distância Adjetivo concorda com substantivo mais próximo ou com
Data todos. No plural, o masculino prevalece sobre o feminino.
Acordo e relação diplomática / diplomáticos
São nove horas.
Proposta e relação diplomática / diplomáticas
Eram vinte para a uma da tarde.
Relação e acordos diplomáticos
É uma e quarenta da manhã.
Até lá são duzentos quilômetros.
Adjetivo + Substantivo
Adjetivo concorda com substantivo mais próximo.
Obs.: nas datas, o núcleo do predicativo conjuga o verbo.
Novo acordo e relação, nova relação e acordo.
Hoje são 19.
Amanhã serão 20.
Substantivo + Adjetivos
É dia 20.
Artigo e substantivo no plural + adjetivos no singular.
(núcleo = dia)
Artigo e substantivo no sing. + adjetivos no sing. (2º com
Quantidade pura Singular Nada artigo)
Pouco As embaixadas brasileira e argentina.
Bastante... A embaixada brasileira e a argentina.
Dois litros é bastante. O mercado europeu e o americano.
Vinte milhões de reais é muito. Os mercados europeu e americano.
Três quilômetros será suficiente.
Quinze quilos é pouco. Ordinais + Substantivo
Ordinais com artigo => substantivo no singular ou no plural.
(PMDF) “Antes da Revolução Industrial, um operário só pos- Só o 1º ordinal com artigo => substantivo no plural.
suía a roupa do corpo. Sua maior riqueza eram os pregos O penúltimo e o último discurso / discursos
de sua casa.” O penúltimo e último discursos.
46. A flexão de plural na forma verbal “eram” deve-se à
concordância com “os pregos”; mas as regras gramaticais É bom, é necessário, é proibido
permitiriam usar também a flexão de singular, era. Não variam com sujeito em sentido vago ou geral (sem
artigo definido, pronome...)
Gabarito É necessário aprovação rápida do acordo.
É necessária a aprovação rápida do acordo.
1. a 20. C
2. E 21. E Um e outro, nem um nem outro
3. que, pronome relativo 22. C Substantivo seguinte no singular, adjetivo no plural.
com função de sujeito 23. E Um e outro memorando foi encaminhado.
sintático. 24. C O governo não aprovou nem uma nem outra medida
4. As premissas da ideolo- 25. E provisória.
gia econômica, referen- 26. C
te do pronome relativo. 27. C Particípio
5. Complemento nominal 28. E Só não varia nos tempos compostos (com ter ou haver)
do adjetivo “coerente”. 29. E – voz ativa.
6. E 30. E O Ministério havia obtido informações.
7. E 31. b Informações foram obtidas. Terminada a conferência,
8. E 32. C procedeu-se ao debate.
9. E 33. C
7. C 34. E De + Adjetivo
8. C 35. E Adjetivo não varia ou concorda com termo a que se refere.
9. E 36. E Essa decisão tem pouco de sábio / de sábia.
10. C 37. E
11. E 38. E Meio, bastante, barato e caro
12. C 39. C Variam quando adjetivos (modificam substantivo).
13. E 40. E Não variam quando advérbios (modificam verbo ou ad-
14. C 41. E jetivo).
15. E 42. C Bastantes índios invadiram o Ministério. Reivindicações
16. C 43. C de meias palavras, porém protestos meio confusos.
17. E 44. C Atendê-las custa caro, pois não são baratos os prejuízos.
18. C 45. C
19. E 46. C Possível
Língua Portuguesa
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Não varia = somente. Julgue os itens seguintes.
Não estamos sós na sala. “Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre
Só nós estamos na sala. sua mãe e seu marido”.
21. O vocábulo meio é um advérbio, por isso não concorda
Variam com cômica.
• Mesmo, próprio
Os membros mesmos / próprios ignoram a solução. “Existe toda uma hierarquia de funcionários e autoridades re-
• mesmo = realmente ou até: não varia presentados pelo superintendente da usina, o diretor-geral,
A solução será mesmo essa. o presidente da corporação, a junta executiva do conselho
Mesmo os membros criticaram. de diretoria e o próprio conselho de diretoria.”
• extra 22. Com relação à norma gramatical de concordância, o
As horas extras serão pagas. autor poderia ter usado, sem incorrer em erro, a forma
• quite funcionários e autoridades representadas.
Os servidores estão quites com suas obrigações.
• nenhum “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos,
Não entregaremos propostas nenhumas. alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio
• obrigado desbotado.”
– Obrigada, disse a secretária. 23. No texto lido seria gramaticalmente correta a construção
• anexo, incluso apertada em uma roupa de chita, meia desbotada.
As planilhas estão anexas / inclusas.
Em anexo não varia (Iades) “Oitenta e cinco por cento dos casos estudados foram
As planilhas estão em anexo. muito bem-sucedidos”.
• todo 24. O verbo ser, conjugado como “foram”, pode ser empre-
As regras todas foram estabelecidas. gado também no singular.
Não variam (Iades) “O fundamental é não morrer de fome e ver supridas
• alerta certas necessidades básicas”.
Os vigias do prédio estão alerta. 25. O termo “supridas” poderia ser usado no masculino
• menos
singular, sem prejuízo gramatical.
Essas eram nações menos desenvolvidas.
• haja vista
(Iades) “Essa é uma questão delicada, daí a importância que
Haja vista as negociações, os americanos não cederão.
se tenha clareza sobre ela, pois, quando se trabalha com a
• em via de
Os europeus estão em via de superar os americanos. política de assistência social nos espaços”,
• em mão 26. O verbo “trabalha” poderia ser usado no plural, sem
Entregue em mão os convites. prejuízo gramatical.
• a olhos vistos
A reforma agrária cresce a olhos vistos. (Funiversa/Terracap) “São emissoras transmitidas de qual-
• de maneira que, de modo que, de forma que quer país que passe pela nossa mente – e alguns outros de
Os ouvintes silenciaram, de maneira que estão do nosso cuja existência sequer desconfiávamos.”
lado. 27. A forma verbal “passe”, se usada no plural, provocaria
• cor com nome proveniente de objeto mudança inaceitável de sentido, uma vez que remeteria
Papéis rosa, tecidos abóbora. Carros vinho. a emissoras, e não mais a país.
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REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL 15. O plano visa ao combate da inflação.
16. O plano visa combater a inflação.
Observe: 17. O plano visa a combater a inflação.
18. O policial visou o sequestrador e atirou.
19. O policial visou ao sequestrador e atirou.
Todos leram o relatório. 20. O combate que o plano visa exige rigor.
Todos se referiram ao rela- Verbo + objeto 21. O combate a que o plano visa exige rigor.
Regência
tório. 22. O combate ao qual o plano visa exige rigor.
verbal
Todos chegaram ao colégio. Verbo + adjunto 23. O combate a quem o plano visa exige rigor.
adverbial 24. O sequestrador que o policial visou fugiu.
Todos fizeram referência ao 25. O sequestrador a que o policial visou fugiu.
26. O sequestrador a quem o policial visou fugiu.
relatório. Nome +
Regência Obs.: o pronome relativo “quem” sempre é preposicio-
O voto foi favorável ao re- complemento nado, quando seu papel é complemento.
nominal
latório. nominal 27. O sequestrador ao qual o policial visou fugiu.
80
63. O prazo que os avisei expirou. 91. Atendi o telefonema.
64. Avisamos-lhe que é feriado. 92. Atendi ao telefonema.
65. Avisamos-lhe de que é feriado. 93. Vi o cliente e o atendi.
66. Avisamo-lo que é feriado. 94. Vi o cliente e lhe atendi.
67. Avisamo-lo de que é feriado.
Verbo Prep. Complemento Sentido
Verbo Prep. Complemento Sentido proceder a algo = realizar, fazer
aspirar a algo = almejar proceder = ter fundamento
aspirar algo = respirar, sorver proceder de lugar = ser originário de
Julgue os itens. proceder = agir, comportar-se
68. Estava no centro de São Paulo. Ali, aspirava o ar puro
do campo. Julgue os itens seguintes.
69. Estava no centro de São Paulo. Ali, aspirava ao ar puro 95. O delegado procedeu ao inquérito.
do campo. 96. O delegado procedeu o inquérito.
70. Estava na fazenda. Ali, aspirava o ar puro do campo. 97. Os argumentos do advogado procedem.
71. Estava na fazenda. Ali, aspirava ao ar puro do campo. 98. O delegado procede de Brasília.
99. O delegado procedeu com firmeza.
Verbo Prep. Complemento Sentido
chamar alguém = convidar, invocar Verbo Prep. Complemento Sentido
chamar (a) alguém = qualificar, atribuir constar de partes = ser formado de
característica partes
constar em um todo = estar dentro de um
Julgue os itens. todo
72. Chamaram o delegado para o evento. constar = estar presente
73. Chamaram ao delegado para o evento.
74. Chamaram o delegado de corajoso. Julgue os itens.
75. Chamaram ao delegado de corajoso. 100. O nome do candidato constava na lista de aprovados.
76. Chamaram corajoso o delegado. 101. O nome do candidato constava da lista de aprovados.
77. Chamaram corajoso ao delegado.
102. O relatório consta de dez páginas.
78. Chamaram-lhe corajoso.
103. O relatório consta com dez páginas.
79. Chamaram-lhe de corajoso.
80. Chamaram-no de corajoso. 104. Tais informações constam.
81. Chamaram-no corajoso. 105. Consta uma multa.
Verbo Prep. Complemento Verbo Prep. Complemento Sentido
esqueci algo ou alguém custar adverbial = valor
esqueci-me de algo ou alguém Julgue os itens.
esqueci-me (de) algo ou alguém 106. O carro custa R$20.000,00.
Atenção! O sentido não pode ser “demorar”:
Lembre-se: entre parênteses (de), preposição facultativa. 107. O desfile custou a terminar.
Cuidado! O sujeito não pode ser pessoa.
Julgue os itens. 108. O pai custou a acreditar no filho.
82. Esqueci dos eventos. Importante! O sentido adequado é algo (sujeito) custar
83. Esqueci os eventos. (ser difícil) para alguém (complemento). Veja:
84. Esqueci-me dos eventos. O relatório custou ao especialista.
85. Esqueci-me que era feriado. Custou-me acreditar. (Sentido: acreditar foi difícil para
86. Esqueci-me de que era feriado. mim). Aqui o sujeito é oracional: acreditar.
87. Esqueci de que era feriado.
Custou ao pai acreditar no filho. (Certo). Aqui o sujeito
88. Esqueci que era feriado.
é a oração: acreditar no filho. O complemento é: ao pai.
Atenção! Existe um uso literário raro:
Esqueceu-me o seu aniversário. Sentido: o seu aniversário Julgue os itens.
saiu de minha memória. (PMDF/Médico) A leitura crítica pressupõe a capacidade do
Sujeito: o seu aniversário (não é complemento). Aqui o com- indivíduo de construir o conhecimento, sua visão de mundo,
plemento é representado pelo pronome “me”. sua ótica de classe.
Obs.: A mesma regra do verbo “esquecer” vale também para 109. O trecho “de construir o conhecimento” estabelece
os verbos “lembrar” e “recordar”. relação de regência com o termo “capacidade”, espe-
Língua Portuguesa
cificando-lhe o significado.
Verbo Prep. Complemento (TRT 9 R/Técnico) Ao realizar leilões de créditos de carbono
atender (a) algo no mercado internacional, São Paulo dá o exemplo a outras
atender (a) alguém cidades brasileiras de como transformar os aterros, de fontes
de poluição e de encargos onerosos para as finanças muni-
Julgue os itens a seguir. cipais, em fontes de receitas, inofensivas ao meio ambiente.
89. Atendi o cliente. 110. Em “de como transformar”, o emprego da preposição
90. Atendi ao cliente. “de” é exigido pela regência de “transformar”.
81
(TRT 9 R/Analista) Há séculos os estudiosos tentam entender a) A causa por que lutou ao longo de uma década po-
os motivos que levam algumas sociedades a evoluir mais deria tornar-se prioridade de programas sociais de
rápido que outras. Só recentemente ficou patente que, além seu estado.
da liberdade, outros fatores intangíveis são essenciais ao b) Seria implementado o plano no qual muitos funcio-
desenvolvimento das nações. nários falaram a respeito durante a assembleia anual.
O principal deles é a capacidade de as sociedades criarem c) A equipe que a instituição mantinha parceria a lon-
regras de conduta que, caso desrespeitadas, sejam impla- go tempo manifestou total discordância da linha de
cavelmente seguidas de sanções. pesquisa escolhida.
111. O emprego da preposição de separada do artigo que d) Todos concordavam que as empresas que a licença
determina “sociedades”, em “a capacidade de as socie- de funcionamento não estivesse atualizada deveriam
dades”, indica que o termo “as sociedades” é o sujeito ser afastadas do projeto.
da oração subordinada. e) Alheio aos assuntos sociais, o diretor não se afinava
com a nova política que devia adequar-se para de-
(Crea-DF) Caso uma indústria lance uma grande concentra- senvolver os projetos.
ção de poluentes na parte alta do rio, por exemplo, a coleta
de uma amostra na parte baixa não será capaz de detectar (Detran-DF) Das 750 filiadas ao Instituto Ethos, 94% dos car-
o impacto, mesmo que esta seja feita apenas um minuto gos das diretorias são ocupados por homens brancos.
antes de a onda tóxica atingir o local. Esse tipo de controle, 118. A substituição de “Das” por Nas não acarretaria pro-
portanto, pode ser comparado à fotografia de um rio. blema de regência no período, que se manteria gama-
112. No trecho “antes de a onda tóxica atingir o local”, a ticalmente correto.
substituição da parte grifada por da resulta em um su-
jeito preposicionado. De janeiro a maio, as vendas ao mercado chinês atingiram
US$ 1,774 bilhão.
(HUB) É possível comparar a saúde mental de pessoas que 119. Pelos sentidos textuais, a substituição da preposição a,
vivem em uma região de conflitos à das pessoas que vivem imediatamente antes de “mercado”, por em não alte-
em favelas ou na periferia das grandes cidades brasileiras? raria os sentidos do texto.
113. Considerando, para a regência do verbo comparar, o se-
guinte esquema: comparar X a Y, é correto afirmar que, (MRE/Assistente) O Brasil só conseguiu passar da condição de
no texto, X corresponde a “a saúde mental de pessoas país temerário para a aplicação de recursos, em uma época
que vivem em uma região de conflitos” e Y corresponde de prosperidade mundial, para a de mercado preferencial dos
a “[a saúde mental] das pessoas que vivem em favelas investidores, justamente no auge de um período de turbu-
ou na periferia das grandes cidades brasileiras”. lência financeira nos mercados internacionais, porque está
colhendo agora os resultados de uma política econômica
ortodoxa. (Zero Hora (RS), 26/2/2008 – com adaptações).
114. (MPE-RS/Agente Administrativo) “... para aprovar, até o
120. Imediatamente após “para a”, subentende-se o termo
final de 2009, um texto ...” O verbo que exige o mesmo
elíptico condição.
tipo de complemento que o do grifado está na frase:
a) De fato, o resultado é modesto.
A ética aponta o caminho por meio da consideração daquilo
b) como fugir aos temas ...
que se convencionou chamar de direitos e deveres.
c) já respondem por 20% do total das emissões globais. 121. O pronome “daquilo” pode ser substituído, sem prejuízo
d) que já estão na atmosfera ... para a correção gramatical do período, por do ou por
e) só prejudica formas insustentáveis de desenvolvimento. de tudo.
115. (Metrô-SP/Advogado) “... que preferiu a vida breve glorio- Estudo do Banco Mundial (BIRD) sobre políticas fundiá-
sa a uma vida longa obscurecida”. O verbo que apresenta rias em todo o mundo defende que a garantia do direito à
o mesmo tipo de regência que o destacado está na frase: posse de terra a pessoas pobres promove o crescimento
a) para finalizar com uma celebridade do contagiante econômico.
futebol. 122. As regras de regência da norma culta exigem o emprego
b) “as fronteiras entre a ficção e realidade são cada vez da preposição “a” imediatamente antes de “pessoas
mais vagas”. pobres” para que se complemente sintaticamente o
c) e retirou a menininha do berço incendiado. termo garantia.
d) Lembrei o exemplo de mártires...
e) Não foram estes homens combatentes de grandes A cocaína é um negócio bilionário que conta com a proteção
feitos militares ... das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), cujo
contingente é estimado em 20.000 homens.
116. (Seplan-MA) Está correto o emprego da expressão des- 123. No texto, “cujo”, pronome de uso culto da língua, corres-
tacada na frase: ponde à forma mais coloquial, mas igualmente correta,
a) É vedada a exposição às cenas de violência a que do qual.
estão sujeitas as crianças.
b) Os fatos violentos de que se deparam as crianças (TRF) Um dos motivos principais pelos quais a temática das
multiplicam-se dia a dia. identidades é tão frequentemente focalizada tanto na mídia
Língua Portuguesa
c) O autor refere-se a um tempo em cujo os índices de assim como na universidade são as mudanças culturais.
violência eram bem menores. 124. Preserva-se a correção gramatical e a coerência textual
d) As tensões urbanas à que se refere o autor já estão ao usar o pronome relativo que em lugar de “quais”,
banalizadas. desde que precedido da preposição por.
e) As mudanças sociais de cujas o autor está tratando
pioraram a qualidade de vida. (TRF) A busca de sentido para o cosmos se engata com a
procura de sentido para a existência da família humana.
117. (AFRF) Marque o item em que a regência empregada 125. Substituir “com a” por na não prejudicaria os sentidos
atende ao que prescreve a norma culta da língua escrita. originais ou a correção gramatical do texto.
82
(TJBA) Por seis julgamentos passou Cristo, três às mãos dos mesmo tempo, dois verbos que têm a mesma regên-
judeus, três às dos romanos, e em nenhum teve um juiz. Aos cia: confiar em, acreditar em. Do mesmo modo, está
olhos dos seus julgadores refulgiu sucessivamente a inocên- também correta a seguinte construção: Preferimos
cia divina, e nenhum ousou estender-lhe a proteção da toga. a) ignorar e desconfiar das coisas...
126. “Lhe” equivale à expressão a Ele e se refere a “Cristo”. b) subestimar e descuidar das coisas...
c) não suspeitar e negligenciar as coisas...
(TJBA) Julgue o trecho abaixo quanto à correção gramatical. d) nos desviar e evitar as coisas...
127. Exatamente no processo do justo por excelência, daquele e) nos contrapor e resistir às coisas...
em cuja memória todas as gerações até hoje adoram por
excelência o justo, não houve no código de Israel norma 133. (Ipea) Ambos os elementos destacados estão empre-
que escapasse à prevaricação dos seus magistrados. gados de modo correto na frase:
a) Nas sociedades mais antigas, em cujas venerava-
(DFTrans/Analista) Seja qual for a função ou a combinatória -se a sabedoria dos ancestrais, não se manifestava
de funções dominantes em um determinado momento de qualquer repulsa com os valores tradicionais.
comunicação, postula-se que preexiste a todas elas a função b) Os pais experientes, a cujas recomendações o ado-
pragmática de ferramenta de atuação sobre o outro, de recur- lescente não costuma estar atento, não devem es-
so para fazer o outro ver/conceber o mundo como o emissor/ morecer diante das reações rebeldes.
locutor o vê e o concebe, ou para fazer o destinatário tomar c) A autoridade da experiência, na qual os pais julgam
atitudes, assumir crenças e eventualmente desejos do locutor. estar imbuídos, costuma mobilizar os filhos em bus-
128. No período sintático “postula-se que (...) desejos do lo car seu próprio caminho.
cutor”, as três ocorrências da preposição “de” estabelecem d) Quando penso em fazer algo de que ninguém tenha
a dependência dos termos que regem para com o termo
ainda experimentado, arrisco-me a colher as desven-
“função pragmática”, como mostra o esquema seguinte.
turas com que me alertaram meus pais.
e) A autoridade dos pais, pela qual os adolescentes cos-
de ferramenta tumam se esquivar, não deve ser imposta aos jovens,
de atuação sobre o outro cuja a reação tende a ser mais e mais libertária.
função pragmática:
de recurso para fazer o outro con-
ceber o mundo 134. (Codesp) A matança ............estão sujeitas as baleias é
preocupação da Comissão Baleeira Internacional, ........
(MS/Agente) A diretora-geral da OPAS, com sede em Washing- atuação se iniciou em 1946 e ........ participam mais de
ton (EUA), Mirta Roses Periago, elogiou a iniciativa de estados 50 países.
e municípios brasileiros de levar a vacina contra a rubéola As formas que preenchem corretamente as lacunas na
aos locais de maior fluxo de pessoas, especialmente homens, frase acima são, respectivamente:
como forma de garantir a maior cobertura vacinal possível. a) a que – cuja – de que
129. O emprego de preposição em “aos locais” justifica-se b) que – cujo – de que
pela regência de “vacina”. c) à que – cuja – com que
d) à que – cuja a – com que
130. (TRT 21 R) Está correto o emprego do elemento desta- e) a que – cuja a – de que
cada na frase:
a) Quase todas as novidades à que os moradores tive- GABARITO
ram acesso são produtos da moderna tecnologia.
b) O gerador a diesel é o meio pelo qual os moradores 1. C 28. E 55. C 82. E 109. C
de Aracampinas têm acesso à luz elétrica. 2. E 29. C 56. E 83. C 110. E
c) A hipertensão na qual foram acometidos muitos mo- 3. C 30. C 57. C 84. C 111. C
radores tem suas causas na mudança de estilo de vida.
4. C 31. E 58. E 85. C 112. C
d) O extrativismo, em cujo os caboclos tanto se empe-
5. E 32. C 59. C 86. C 113. C
nhavam, foi substituído por outras atividades.
6. C 33. C 60. C 87. E 114. e
e) Biscoitos e carne em conserva são alguns dos alimen-
7. C 34. E 61. E 88. C 115. c
tos dos quais o antropólogo exemplifica a mudança
8. E 35. E 62. C 89. C 116. a
dos hábitos alimentares dos caboclos.
9. C 36. C 63. E 90. C 117. a
10. C 37. E 64. C 91. C 118. C
131. (Sesep-SE) Isso proporciona à fábula a característica de
ser sempre nova. A mesma regência do verbo detacado 11. C 38. E 65. E 92. C 119. E
na frase acima repete-se em: 12. C 39. C 66. E 93. C 120. C
a) Histórias criadas por povos primitivos desenvolviam 13. C 40. E 67. C 94. C 121. C
explicações fantasiosas a respeito de seu mundo. 14. E 41. C 68. E 95. C 122. C
b) As narrativas de povos primitivos constituem um rico 15. C 42. E 69. C 96. E 123. E
acervo de fábulas, tanto em prosa quanto em versos. 16. C 43. C 70. C 97. C 124. C
c) Pequenas narrativas sempre foram instrumento, 17. C 44. E 71. E 98. C 125. C
nas sociedades primitivas, de transmissão de va- 18. C 45. C 72. C 99. C 126. C
Língua Portuguesa
83
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE d) Submeterei _________ alunos a uma prova.
CRASE e) Nunca me prestaria a isso nem ____________.
f) Ficaram todos obrigados ____________ horário.
Crase é a contração de a + a = à. g) Já não amava __________ moça.
O acento (`) é chamado de acento grave, ou simplesmen- h) Ofereceu uma rosa _______ moça.
te de acento indicador de crase. i) Reprovo _______ atitude.
Gostei de + o filme. = Gostei do filme. j) Não teremos direito ______ abono.
Acredito em + o filho. = Acredito no filho. k) Não se negue alimento _______ que têm fome.
Refiro-me a + o filme. = Refiro-me ao filme. l) ___________ hora tudo estava tranquilo.
Refiro-me a + a revista. = Refiro-me à revista. m) Deves ser grato _______ que te fazem benefícios.
n) Traga-me _____ cadeira, por favor.
Exercitando e fixando a diferença entre a letra “a” como ar- o) Diga _______ candidatos que logo os atenderei.
tigo somente e a letra “a” como preposição somente. p) É isso que acontece ______ que não têm cautela.
1. Ponha nos parênteses P se o a for preposição, A se for q) Ofereça uma cadeira ______ senhora.
artigo: r) Abra ___________ janelas: o calor está sufocante.
a) A nave americana Voyager chegou a ( ) Saturno. s) Compareceste ________ festa?
b) O Papa visitou a ( ) nação brasileira.
c) Admirava a ( ) paisagem. Exercitando e fixando a regra prática de crase com a(s) =
d) Cabe a ( ) todos contribuir para o bem comum. aquela(s).
e) Ele só assiste a ( ) filmes de cowboy. Faça o exercício a seguir observando as comparações entre
f) Procure resistir a ( ) essa tentação. parênteses. Onde tiver a + o no masculino, você usará crase
g) Ajude a ( ) Campanha. (a + a) no feminino.
h) O acordo satisfez a ( ) direção do Sindicato. 4. Preencha as lacunas com a, as, quando se tratar do artigo
i) Falou a ( ) todos com simpatia contagiante. ou do pronome demonstrativo; e com à, às, quando hou-
j) O acordo convém a ( ) funcionários e a ( ) funcionárias. ver crase da preposição a com artigo ou o demonstrativo
a, as:
Exercitando e fixando a regra prática de crase com artigo. a) Estavam acostumados tanto ____ épocas de guerra
2. Complete as lacunas com a, as, à ou às junto dos subs- quanto ____ de paz. (Compare: Estavam acostumados
tantivos femininos, observando as correspondências tanto aos tempos de guerra quanto aos de paz.)
necessárias: o = a; os = as; ao = à; aos = às. b) Confiava ____ tarefas difíceis mais _____ velhas
Observe o paralelismo. amizades do que _____ novas. (Compare: Confiava
a) Dava comida aos gatos e ____ gatas. os trabalhos difíceis mais aos velhos amigos do que
b) Estimava o pai e ____ mãe. aos novos.)
c) Perdoa aos devedores e ___ devedoras. c) ______ espadas antigas eram mais pesas que ___ de
d) Prefiro o dia para estudar; ela prefere ____ noite. hoje. (Compare: Os rifles antigos eram mais pesados
e) Terás direito ao abono e ____ gratificação. que os de hoje.)
f) Confessou suas dúvidas ao amigo e ___ amiga. d) _____ forças de Carlos Magno eram tão valentes como
g) Nunca faltava aos bailes e _____ festas de São João. ____ do Rei Artur. (Compare: Os soldados de Carlos
h) Sempre auxilio os vizinhos e __ vizinhas. Magno eram tão valentes como os do Rei Artur.)
i) Tinha atitudes agradáveis aos homens e ___ mulheres. e) _____ forças de Bernardo deram combate ____ que
defendiam Carlos Magno. (Compare: Os homens de
Pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo Bernardo deram combate aos que defendiam Carlos
Magno.)
Método prático f) Esta moça se assemelha ____ que você me apresentou
Entregue o livro a este menino. ontem. (Compare: Este rapaz se assemelha ao que
Note: a + este a + aquele (veja que temos a + a). você me apresentou ontem.)
g) ______ Medicina dá combate ____ doenças dos ho-
Então: mens e ____ dos animais. (Compare: Os médicos dão
Entregue o livro àquele menino. combate aos males dos homens e aos dos animais.)
h) Esta tinta não se compara ___ que usaram antes.
Leia este livro. (Compare: Este papel não se compara ao que usaram
Note: só temos este, sem preposição a. Então ficará sem antes.)
crase com “aquele”: i) Prestava atenção ___ palavras dos velhos, mas não
Leia aquele livro. ____ dos jovens. (Compare: Prestava atenção aos
ensinamentos dos velhos, mas não aos dos jovens.)
Exercitando e fixando a regra prática de crase com pronome
aquele(s), aquela(s), aquilo. Importante:
Língua Portuguesa
3. Preencha as lacunas com aquele, aqueles, aquela, aque- Precisamos enxergar situações em que o artigo definido
las, aquilo, se não houver preposição a; ou então com pode ser suprimido corretamente. Apenas o sentido mudará.
àquele, àqueles, àquela, àquelas, àquilo, se ocorrer a Todo o país comemorou.
preposição a exigida pelo termo anterior regente. Sentido: país definido.
a) A verba aprovada destinava-se apenas ________ des- Todo país comemorou.
pesas inadiáveis. Sentido: país qualquer.
b) Prefiro este produto __________.
c) As providências cabem ________ que estejam inte- Todo Brasil comemorou. (errado)
ressados. Todo o Brasil comemorou. (certo)
84
Conclusão: lecionar e dar visibilidade __1___ experiências em todo
O artigo definido é necessário para acompanhar nomes o país que estão contribuindo para o cumprimento dos
já definidos, únicos, específicos. Mas é facultativo, do ponto Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), como
de vista de correção gramatical, quando o nome não está __2__ erradicação da extrema pobreza e __3__ redu-
definido, não é específico. Apenas o sentido se altera. ção da mortalidade infantil. Os ODM fazem parte de um
compromisso assumido, perante __4__ Organização das
5. (TJDFT) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, Nações Unidas, por 189 países de cumprir __5__ 18 me-
julgue os fragmentos apresentados nos itens a seguir. tas sociais até o ano de 2015.
a) Direito a trabalho e a remuneração que assegure con- 1 2 3 4 5
dições de uma existência digna. a) a à à a às
b) Direito à unir-se em sindicatos. b) as a a à as
c) Direito a descanso e à lazer. c) às à a à às
d) Direito à uma segurança social. d) a a a a as
e) Direito à proteção à família. e) as a a à às
f) Assistência para a mãe e às crianças.
g) Direito à boa saúde e à educação de qualidade. Casos Especiais de Crase
(TST) “São parâmetros hoje exigidos pelo mercado no que Sinal de Crase em Locuções Femininas
se refere à empregabilidade.”
6. Ocorre acento grave em “à” antes de “empregabilida- 1. Locuções adverbiais
de” para indicar que, nesse lugar, houve a fusão de uma Risquei o lápis.
preposição, exigida pelo vocábulo antecedente, com um Risquei a caneta.
artigo definido, usado antes dessa palavra feminina. Risquei a lápis.
Risquei à caneta.
(TJDFT) “A fé crescente na revolução científica gerava otimis-
mo quanto às futuras condições da humanidade.” Regra:
7. O acento indicativo de crase é opcional no texto; por- O sinal de crase distingue entre a locução adverbial fe-
tanto, pode ser retirado sem prejuízo para a correção minina e o objeto direto.
gramatical da frase. Vendo a prazo.
Vendo à vista.
(HUB) “Há contradições entre o mundo universitário tradi- Vendo a vista.
cional e as aspirações dos estudantes e de seus familiares Dobrei a direita.
quanto a possibilidades finais de inserção profissional no Dobrei à direita.
mundo real.”
8. O emprego do sinal indicativo de crase (à) em “quanto Nota:
a possibilidades” dispensaria outras transformações no Será facultativo o sinal de crase somente com a locução
texto e manteria a correção gramatical do período. adverbial feminina de instrumento, apenas no caso de não
haver duplo sentido sem o sinal de crase.
(PRF) “Muitos creem que a Internet é um meio seguro de Risquei o muro a caneta. (certo)
acesso às informações.” Risquei o muro à caneta. (certo)
9. A omissão do artigo definido na expressão “acesso às Perceba que se trata de locução adverbial de instrumen-
informações”, semanticamente, reforçaria a noção ex- to, mesmo sem ter visto o sinal de crase.
pressa pelo substantivo em plena extensão de seu sig-
nificado e, gramaticalmente, eliminaria a necessidade 2. Locuções prepositivas
do emprego do sinal indicativo de crase, resultando na A espera de vagas terminou.
seguinte forma: acesso a informações. Consegui matricular-me.
À espera de vagas, ficamos todos.
Julgue os itens 10, 11 e 12 quanto ao uso da crase. Ainda não nos matriculamos.
10. (TRF) “O TCU quer avaliar o controle exercido pela Supe-
rintendência da Receita Federal sobre à rede arrecada- Regra:
dora de receitas federais. O sinal de crase é necessário para indicar a locução pre-
positiva feminina. O sinal distingue entre a locução e outras
11. (AFRF) Para os membros da Comissão de Assuntos Eco- estruturas.
nômicos do Senado (CAE), a qual os acordos internacio-
nais são submetidos, cabe ao Brasil novas solicitações de Quais outras estruturas?
empréstimos ao FMI. Sujeito, objeto, complemento não constituem locução
prepositiva.
12. (AFRF) As Metas de Desenvolvimento do Milênio preve-
em a redução da pobreza a metade até 2015. Dica:
Língua Portuguesa
85
à maneira de Vi até a praia. (certo)
à beira de Vi até à praia. (errado)
à procura de
Sinal de Crase diante de Pronomes de Tratamento
Locução adverbial possui a seguinte estrutura:
Preposição + substantivo Vossa Senhoria deve comparecer. (certo)
à vista A Vossa Senhoria deve comparecer. (errado)
a prazo
a lápis Regra:
à caneta De modo geral, não se pode empregar artigo antes de
pronomes de tratamento.
3. Locução adjetiva Refiro-me a Vossa Senhoria. (certo)
Estrutura: preposição + substantivo Refiro-me à Vossa Senhoria. (errado)
Relação: qualifica, especifica um substantivo.
Houve pagamento à vista. Observe também:
Houve pagamento a prazo. O senhor deve comparecer. (certo)
O risco à caneta não sai. Senhor deve comparecer. (errado)
O risco a lápis sai.
Regra:
4. Locução conjuntiva Exigem artigo os pronomes de tratamento: Senhor, Se-
à proporção que / à medida que nhora, Madame, Senhorita.
Ele enriqueceu à medida que investiu na bolsa. Refiro-me ao Senhor.
Foi grande a medida que ele investiu na bolsa. (Notemos Refiro-me à Senhora.
aqui o sujeito: a medida foi grande)
À proporção que estudava, surgiam dúvidas. Mas, cuidado!
Os matemáticos estudam a proporção que existe entre Visitarei o Senhor.
os números. (Note aqui o objeto direto de “estudam”: estu- Visitarei a Senhora.
dam o quê? Resposta: estudam a proporção..., como alguém
estuda o limite e a derivada). Atenção:
O artigo é opcional com o tratamento dona.
Sinal de Crase na Indicação de Horário Dona Maria chegou.
A Dona Maria chegou.
Regra:
Ocorre crase somente se indicarmos a hora como horário Então:
quando algo ocorre, ocorreu ou ocorrerá. Refiro-me a Dona Maria.
Não ocorre crase quando indicamos quanto tempo pas- Refiro-me à Dona Maria.
sou ou passará.
Nós vamos chegar lá às duas horas. Vamos analisar uma questão interessantíssima!
Compare com: Nós chegaremos lá ao meio-dia. (MI/Agente Adm.) A expressão nominal “D. Fortunata” é em-
Nós vamos estar lá daqui a duas horas. (quantidade de pregada, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a palavra
tempo que vai passar) sublinhada em “deu joias à mulher” fosse substituída por “D.
Nós estamos aqui há duas horas. (quantidade de tempo Fortunata”, o acento grave sobre o a que sucede “joias” não
que já passou, tempo decorrido) deveria ser empregado.
Resposta: Certo
Sinal de Crase após a Palavra “Até”
(MJ/Analista) “Às vezes faz bem chorar / E nas velhas cordas
Vou ao clube. procurar / Notas e acordes esquecidos / Os dedos calejados
Vou até o clube. deslizar / Recordar, saudoso, um samba antigo”.
Vou até ao clube. 14. A letra de Ivor Lancelllotti emprega adequadamente o
acento de crase. Também está correto esse uso do acento
Nota: em
Após “até”, será facultativa a preposição pedida pelo a) Deixei o carro no lava à jato e fui à confeitaria escolher
termo anterior. uns doces.
b) Quando saímos à cavalo estamos apenas à procura
Então: de paz e sossego.
Vou à praia. c) Retiraram-se às pressas para não responderem às
Vou até a praia. perguntas da mídia.
Vou até à praia. d) Daqui à uma hora e meia irei até à piscina para exa-
minar a água e o cloro.
Língua Portuguesa
86
Sinal de Crase diante de Pronome Possessivo Feminino: a) O pesquisador deu maior atenção à cidade menos
minha, sua, tua, nossa, vossa privilegiada.
Meu livro chegou. (certo) b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qual-
O meu livro chegou. (certo) quer população carente.
c) Mesmo atrasado, o recenseador compareceu à entre-
Conclusão: vista.
O artigo definido é facultativo antes de pronomes pos- d) A verba aprovada destina-se somente àquela cidade
sessivos. sertaneja.
Minha revista chegou. (certo) e) Veranópolis soube unir a atividade à prosperidade.
A minha revista chegou. (certo)
Sinal de Crase diante de Nomes Próprios de Lugar (To-
Aplicação (Como o artigo fica facultativo, então a crase pônimos)
ficará também facultativa):
Refiro-me a meu livro. (certo) Regra Prática:
Refiro-me ao meu livro. (certo) Se volto da, crase no a.
Refiro-me a minha revista. (certo) Se volto de, crase pra quê.
Refiro-me à minha revista. (certo)
Saímos de Brasília, fomos a Fortaleza (voltamos de Forta-
Informação: leza), depois fomos a Natal (voltamos de Natal), descemos
Artigo pressupõe substantivo escrito ao qual se refere à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos a Brasília
na sequência. (voltamos de Brasília).
O uso de água e o de combustível são prioritários.
Mas:
Note: Saímos de Brasília, fomos à Fortaleza dos sonhos (volta-
Substantivo “uso”. Artigo “o”, que acompanha “uso”. mos da Fortaleza dos sonhos), depois fomos à Natal dos
Mas, em “o de combustível”, apenas subentendemos holandeses (voltamos da Natal dos holandeses), desce-
“uso”. Não está escrito. Então, não temos aqui artigo defini- mos à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos à
do. Trata-se de pronome demonstrativo “o = aquele”. bela Brasília (voltamos da bela Brasília).
Observe ainda: 18. (IBGE) Assinale a opção em que o a sublinhado nas duas
Meu livro chegou e o seu não. frases deve receber acento grave indicativo de crase.
Note que o artigo é facultativo, porém o pronome “o” a) Fui a Lisboa receber o prêmio. / Paulo começou a falar
não é. O pronome é obrigatório para representar o termo em voz alta.
“livro” não repetido. b) Pedimos silêncio a todos. Pouco a pouco, a praça cen-
tral se esvaziava.
Aplicação (Onde o pronome “o” ou “a” for obrigatório, c) Esta música foi dedicada a ele. / Os romeiros chegaram
então a crase também será obrigatória): a Bahia.
Refiro-me a meu livro e não ao seu. (certo) d) Bateram a porta! Fui atender. / O carro entrou a direita
Refiro-me a meu livro e não a seu. (errado) da rua.
Refiro-me ao meu livro e não ao seu. (certo) e) Todos a aplaudiram. / Escreve a redação a tinta.
Refiro-me ao meu livro e não a seu. (errado)
Gabarito
Então:
Refiro-me a minha revista e não à sua. (certo)
1. a) P c) àqueles f) à
Refiro-me a minha revista e não a sua. (errado)
b) A d) aqueles g) a,às,às
Refiro-me à minha revista e não à sua. (certo)
c) A e) àquilo h) à
Refiro-me à minha revista e não a sua. (errado)
d) P f) àquele i) às,às
e) P g) aquela
16. (MJ/Agente) “À margem das rodovias de grande movi-
f) P h) àquela 5. CEEECCC
mento...” Diferente do exemplo destacado, o único caso
g) A i) aquela 6. C
em que o acento grave foi usado de forma ERRADA, nas
h) A j) àquele 7. E
alternativas abaixo, é
i) P k) àqueles 8. E
a) Ficamos à vontade no evento.
j) PP l) àquela 9. C
b) Refiro-me à minha irmã.
m) àqueles 10. E
c) Chegarei à uma hora, não ao meio-dia.
2. a) às n) aquela 11. E
Nota:
b) a o) àqueles 12. E
Aqui temos o numeral “uma”. Só ele pode ter crase
c) às p) àqueles 13. d
antes de si. Não há crase antes do artigo indefinido
d) a q) àquela 14. c
Língua Portuguesa
“uma”.
e) à r) aquelas 15. E
d) Dirija-se à qualquer moça do balcão.
f) à s) àquela 16. d
Nota:
g) às 17. b
Proibido crase diante de palavras indefinidas. Lembre
h) as 4. a) às, às 18. d
que o artigo que a crase contém é definido.
i) às b) as,às,às
e) À medida que os anos passam, fico pior.
c) as,as
3. a) àquelas d) as,as
17. (IBGE) Assinale a opção incorreta com relação ao empre-
b) àquele e) as,às
go do acento indicativo de crase.
87
QUADRO-RESUMO DE CRASE
Subentendendo as palavras faculdade, A (no singular) + palavra no plural. Depois da preposição Até.
universidade, escola, companhia, em- Só faço favor a pessoas dignas. Fui até à / a praia.
presa e semelhantes. Dê isto a suas irmãs. Mas: Visitei até a praia. (VTD)
O Governo não fez concessões à Ford.
Preferiu a Faculdade de Letras à Hélio
Afonso.
Antes da palavra distância, quando de- Antes de pronome indefinido ou pala- Antes de Europa, Ásia, África, Espanha,
terminada. vra por ele modificada. França, Inglaterra, Escócia e Holanda
Fiquei à distância de dez metros. Disse isso a toda pessoa.
Fiquei a distância. Não irei a festa alguma.
88
EXERCÍCIOS No texto “A simplicidade sempre foi criadora de excelên-
cia espiritual e de liberdade interior. Henry David Thoreau
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “Às vezes até esqueço (+1862), que viveu dois anos em sua cabana na floresta junto
que fui adotada”. a Walden Pond, atendendo estritamente às necessidades
1. O verbo esquecer está empregado com traços tipica- vitais, recomenda incessantemente em seu famoso livro-
mente coloquiais, pois a forma padrão culta exige que, -testemunho: Walden ou a vida na floresta: “simplicidade,
na frase, ele seja acompanhado de pronome me e pre- simplicidade, simplicidade”.”
posição de. 9. O acento indicativo de crase antes de “necessidades vi-
tais” é exigência da palavra “estritamente”.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans-
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e (Funiversa/HFA) Na frase: “As demissões recordes nas com-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” panhias americanas devido à crise fizeram vítimas inusitadas
2. A troca da preposição “de”, na segunda ocorrência, – os próprios executivos de recursos humanos.”
por em provocaria uma falha na regência do verbo 10. O uso da crase em “à crise” deve-se ao fato de ser uma
desconfiar. locução adverbial feminina.
(Funiversa/Terracap) A respeito do texto “Cada órgão do 11. (Alesp) Orientação espiritual ...... todas as pessoas é um
nosso corpo tem uma função vital e precisa estar 100% em dos propósitos ...... que escritores e pensadores vêm se
condições.” dedicando, porque a perplexidade e a dúvida são inevi-
3. A expressão “em condições”, segundo a gramática da táveis ...... condição humana.
língua portuguesa, exige um complemento que integre As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
o seu sentido. Porém, no texto, a ausência desse com- chidas, respectivamente, por:
plemento não promoveu prejuízo para a compreensão a) à - a – à
da informação. b) à - à - a
c) a - a – à
Por maiores que sejam os esforços e a generosidade dos d) a - à - à
e) a - a - a
que lhes oferecem atenção e cuidado, essas crianças estarão
desprovidas do fundamental: carinho e referência familiar.
12. (Bagas) Tomando a melodia ...... música europeia, ao
4. O termo “lhes” pode ser substituído pela expressão à
mesmo tempo em que a harmonia era inspirada no jazz
elas, com acento indicativo de crase, pois o pronome
americano, a bossa nova foi buscar o ritmo na música
elas remete a “crianças”, substantivo feminino utilizado africana, o que resultou numa mistura que parece encan-
no texto. tar ...... todos os estrangeiros que vêm ...... conhecê-la.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
(Funiversa/Iphan) Os povos da oralidade são portadores de ordem dada:
uma cultura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da a) à - a – a
escrita. b) à - a - à
5. O acento indicativo de crase em “semelhante à dos povos c) a - à – a
da escrita” pode ser eliminado, pois é opcional. d) a - à - à
e) à - à - a
6. (Funiversa/Sejus) Cada uma das alternativas a seguir
apresenta reescritura de fragmento do texto. Assinale 13. (TCE/SP) A alimentação diária, ...... base de feijão com
aquela em que a reescritura apresenta erro relacionado arroz, fornece ...... população brasileira os nutrientes
ao emprego ou à ausência do sinal indicativo de crase. necessários ...... uma boa saúde.
a) Seu desenvolvimento pode ser atribuído a violações As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
de direitos humanos. chidas, respectivamente, por:
b) O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de a) a - à – à
direitos aquele que pertencesse à raça ariana. b) à - a - a
c) Pelo horror absoluto à exterminação. c) à - à – a
d) A ruptura do paradigma deve-se à barbárie do totali- d) a - a - à
tarismo. e) à - à - à
e) É necessária a reconstrução dos direitos humanos.
14. (FCC/TRE-RN) Graças ...... resistência de portugueses e
7. (Funiversa/Terracap) No trecho: “Em meio à burocracia espanhóis, a Inglaterra furou o bloqueio imposto por Na-
oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os parques, as poleão e deu início ...... campanha vitoriosa que causaria
superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu.”, o uso ...... queda do imperador francês.
do sinal indicativo de crase é Preenchem as lacunas da frase acima, na ordem dada,
a) facultativo, pois antecipa palavra feminina seguida de a) a - à - a
adjetivo masculino. b) à - a - a
b) inadequado, pois não indica contração. c) à - à - a
c) proibido, porque não se admite crase antes de subs- d) a - a - à
Língua Portuguesa
tantivos abstratos. e) à - a - à
d) obrigatório, pois indica uma vogal átona representada
por um artigo. 15. (DNOCS) Muitos consumidores não se mostram atentos
e) adequado, pois representa a contração da preposição ...... necessidade de sustentabilidade do ecossistema e
a e do artigo definido feminino a. não chegam ...... boicotar empresas poluentes; outros
se queixam de falta de tempo para se dedicarem ......
(Funiversa/Terracap) Na frase “O que se opõe à nossa cultura alguma causa que defenda o meio ambiente. As lacu-
de excessos e complicações é a vivência da simplicidade”. nas da frase acima estarão corretamente preenchidas,
8. O acento indicativo de crase é facultativo. respectivamente, por
89
a) à - a - a c) à - à - a e) a - à – à
b) à - a - à d) a - a - à
18. (TRT 16 R) Lado ...... lado das restrições legais, são im-
portantes os estímulos ...... medidas educativas, que
permitam avanços em direção ...... um desenvolvimento
sustentável do setor da saúde.
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
chidas, respectivamente, por
a) a − à − à c) à − a − a e) a − à − a
b) à − a − à d) a − a − a
GABARITO
1. E 6. b 11. c 16. b
2. C 7. e 12. a 17. d
3. C 8. C 13. c 18. d
4. E 9. E 14. c 19. a
5. E 10. E 15. a 20. a
90
PMPE
SUMÁRIO
Matemática
Função
Conceito de função. Domínio, Contradomínio, Imagem de uma função. Análise gráfica de uma função. Função
injetora, sobrejetora e bijetora. Função composta e inversa. Estudo completo da função afim. Estudo completo
da função quadrática. Estudo completo da função modular............................................................................................ 3
Progressão Aritmética.......................................................................................................................................................... 12
Progressão Geométrica........................................................................................................................................................ 13
Análise combinatória............................................................................................................................................................ 33
Probabilidade........................................................................................................................................................................ 41
Matemática
Júlio Lociks
2. O conceito de função não se aplica somente a nú‑ g = {(1,2), (2,2), (3,4), (4,4)}
meros. Na verdade, o conceito de função é muito flexível
podendo ser encontrado em qualquer situação em que seja Temos que y = 2 é imagem de x = 1 e de x = 2 enquanto
possível comparar dois conjuntos. Assim, vamos chamar de y = 4 é imagem de x = 3 e também de x = 4.
P ao conjunto de todas as pessoas e de M ao conjunto de Notamos também que os valores 1, 3 e 5 não são ima‑
todas as mulheres que já existiram. Agora, vamos considerar gens na função g porque não aparecem como y em qualquer
a relação R que associa, a cada uma das pessoas, a mulher dos pares ordenados pertencentes à função g.
que é a mãe daquela pessoa. Podemos escrever isto como: Quando um y é imagem de algum x numa função f,
podemos escrever:
R = {(x,y) ∈ P×M / y é mãe de x}
y = f (x)
Esta relação R é uma função porque a cada um dos ele‑ (lê‑se “y é igual a f de x”)
mentos x de P (cada pessoa) sempre corresponde um único
elemento y de M (uma mulher) tal que y seja a mãe de x. Conjunto‑Imagem
Representações Usuais Chamamos de conjunto‑imagem de uma função o
conjunto que reúne todos os y que são imagem de algum x
Quando uma relação é uma função, é comum represen‑ na função dada.
Matemática
3
Lei de uma Função 2. A função f : R→R, onde R é o conjunto dos números
2
reais, definida pela lei f ( x) = x − 4 x + 3 tem o gráfico
Para o nosso estudo, interessam principalmente as
funções definidas para conjuntos numéricos cujas relações cartesiano ilustrado abaixo:
sejam determinadas por alguma regra matemática específica
como uma operação ou uma expressão algébrica.
Exemplos:
1. Seja N o conjunto dos números naturais, a função f :
N → N definida pela lei f(x) = 3x +2 associa a cada x
∈ N o número y = 3x +2 ∈ N. Nessa função, imagem
do elemento x = 5 será y = 17, pois este será o valor
numérico da expressão 3x +2 para x = 5.
y = f(x)
f(x) = 3x +2
f(5) = 3(5)+2
f(5) = 15+2
f(5) = 17
(lê‑se “f de 5 é igual a 17”)
2. Na função g : Z → N definida por g(x) = 3x2+2, a ima‑
gem do elemento x = – 2 será 14, pois:
y = g(x)
g(x) = 3x2+2
g(–2) = 3(–2) 2 +2 f ( x) = x 2 − 4 x + 3
g(–2) = 3×4+2 =14
g(–2) = 14
Teste da Linha Vertical
Gráfico de uma Função
Considere todos os pares ordenados (x,y) pertencentes Da definição de função decorre a seguinte regra prática
à função f : A → B. para reconhecimento do gráfico cartesiano de uma função:
O gráfico cartesiano de uma função numérica f é a
representação gráfica onde:
1º o domínio da função é representado no eixo horizon‑ O gráfico cartesiano de uma função y = f(x)
tal (eixo das abscissas ou eixo dos “x”) nunca terá dois ou mais pontos quaisquer
2º o contradomínio da função é representado no eixo sobre uma mesma reta vertical.
vertical (eixo das ordenadas ou eixo dos “y”)
3º cada um dos pares ordenados da função corresponde Exemplos:
a um ponto do plano cartesiano.
Exemplos: 1. O gráfico cartesiano abaixo apresenta dois pontos
sobre uma mesma reta vertical. Logo, não pode ser
1. O gráfico cartesiano da função h : A→B definida pela gráfico de uma função.
lei h(x) = x onde A ={1, 2, 3, 4} e B={1, 2, 3, 4, 5} é:
Matemática
4
2. O gráfico cartesiano seguinte nunca tem dois ou mais Função Par
pontos sobre uma mesma reta vertical. Portando, ele
representa uma função. Uma função f: A→B é dita par se, e somente se, quais‑
quer valores opostos de x sempre tiverem imagens iguais.
Função Sobrejetora
Função Ímpar
Uma função f: A→B é dita sobrejetora se, e somente se,
seu conjunto‑imagem é igual ao seu contradomínio. Uma função f: A→B é dita ímpar se, e somente se,
quaisquer valores opostos de x sempre tiverem imagens
f: A→B é sobrejetora ⇔ Im( f ) = CD( f ) também opostas.
Uma função f: A→B é dita injetora se, e somente se, O gráfico de uma função ímpar não se altera quando é
quaisquer valores diferentes de x sempre tiverem imagens girado de 180º (virado de “cabeça para baixo”).
também diferentes.
Função Bijetora
Im( f ) = CD( f )
f: A→B é injetora ⇔
x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 )
#f = 23 = 8 Função Decrescente
O número de funções distintas possíveis g: B→A é Uma função f: A→B é dita decrescente se, e somente se:
igual a:
5
Função Estritamente Crescente Exemplo:
O gráfico da função constante definida por f(x) = 9 é:
Uma função f: A→B é dita estritamente crescente se,
e somente se:
Função Constante
f(x) = b
(onde b é uma constante qualquer)
Se a < 0 a função será decrescente, ou seja, quanto maior
O gráfico de uma função constante é sempre uma reta for o valor de x, menor será o valor correspondente de y e
horizontal que encontra o eixo vertical na altura de y = b. o gráfico vai ficando mais baixo para a direita.
6
x1 > x2 ⇒ f(x1) < f(x2)
1a : ∆ > 0
2a : ∆ = 0
f(x) = ax 2 + bx + c (com a ≠ 0)
O gráfico de uma função do 2o grau é sempre uma
parábola.
O que é exatamente uma parábola? Embora nem sempre
se diga, as parábolas são curvas especiais construídas de tal 3a : ∆ < 0
modo que cada um dos infinitos pontos que a formam fica
à mesma distância de uma determinada reta (a diretriz da A equação f(x) = 0 terá não há raízes reais e o gráfico
parábola) e de um determinado ponto (o foco da parábola)
não encontrará o eixo horizontal.
que está fora da reta diretriz.
Matemática
7
Vértice da Parábola O gráfico de uma função recíproca é sempre formado
por duas hipérboles.
O vértice de uma parábola é um ponto da parábola com
várias características interessantes. Ele será o ponto mais
alto (ponto de máximo) ou o ponto mais baixo (ponto de
mínimo) da parábola. Além disto, o vértice da parábola divide
a parábola em duas partes simétricas, sendo uma crescente
e outra decrescente.
f(x) = 1/x
Funções Compostas
Coordenadas do Vértice
Dadas duas funções quaisquer, f e g, tais que f(x) exista
para todos os valores possíveis de g(x), então define‑se a
As coordenadas do vértice podem ser obtidas com as
função composta fg (lê‑se ‘f composta com g’) como sendo:
seguintes expressões:
fg(x) = f(g(x))
−b
xv =
2a Exercício resolvido
Dadas as f(x) = 2x + 3 e g(x) = x2, determine as funções:
−∆ I) fg(x);
yv =
4a II) gf(x)
III) ff(x).
Uma forma alternativa de se conseguir estas coorde‑
nadas é: Solução:
I)
fg(x) = f(g(x))
1o Conhecidas as raízes da função, o x do vértice pode
ser calculado como a média aritmética das raízes da função; fg(x) = 2(g(x)) + 3
r +r
xv = 1 2
2 fg(x) = 2(x2) +3
fg(x) = 2x2 + 3
2o conhecido o valor de xv pode‑se calcular o y do vértice
como o valor que a função assume para x = xv : II)
gf(x) = g(f(x))
y v = a ( xv ) 2 + b( xv ) + c
gf(x) = (2x+3)2
ff(x) = 2(2x+3) + 3
∆
dr =
a ff(x) = 4x+6 + 3
(com ∆ = b 2 − 4a
c ) ff(x) = 4x + 9
Função Inversa
Função Recíproca
Matemática
8
Determinação da lei da função inversa Considere a função y = f(x) cujo gráfico está representado
Na prática pode‑se procurar a lei da função inversa de abaixo:
uma função dada com o seguinte procedimento:
1o escrevemos f(x) = y
2o trocamos todo x por y e todo y por x
3o representamos y em função de x
Exemplo:
Solução:
2x+6 = y (função f) Nessas condições é correto afirmar que:
6. f(0) = 0
2y+6 = x (função f – 1)
7. f(x1) = f(x3) = f(x5) = 0
2y = x – 6 8. A função é crescente no intervalo de x3 a x5.
y = 12 x − 3 9. A função é decrescente no intervalo de x3 a x5.
10. f(x2) = f(x4) = 0
−1
logo: f ( x) = 12 x − 3 Julgue cada uma das afirmativas abaixo como Certa (C) ou
Errada (E).
Exercícios Propostos 11. A função f : R → R é definida por f(3x) = 3f(x) para todo
x de seu domínio. Nessas condições, se f(9) = 45 então
(Cespe) Nos exercícios 1 a 5 julgue cada uma das afirmativas f(1) = 5
dadas como Certa (C) ou Errada (E). 12. Uma função f : R → R tem a seguinte propriedade: para
toda constante real m f(mx) = mf(x) em todo o domínio
1. A figura abaixo é o gráfico de uma função y = f(x). de f. Assim sendo, o valor de f(0) é necessariamente
igual a zero.
13. Sejam V = {(X1,X2) / X1 e X2 são vértices distintos de
um hexágono regular com lado medindo m} e f uma
função que associa a cada par (X1,X2) de V a distância
de X1 a X2. Assim sendo, o número de elementos do
conjunto‑imagem de f é superior a 5.
14. Considere a função s = (5p+28)/4 onde p é o compri‑
mento do pé de um indivíduo, medido em centímetros,
e s é o valor mais próximo do número do sapato que ela
usa. Nessas condições, se o pé de uma pessoa tem 24
cm de comprimento então o número do sapato que esta
pessoa usa é 37.
15. Com relação à função definida no item anterior, existe
um número x tal que uma pessoa cujo comprimento do
pé seja de x cm usará sapatos de número x.
2. Se A = {1, 2, 3} e B = {1, 4, 7, 9} então é correto afirmar 17. O gráfico da função f(x) = – 2x – 14 encontra o eixo das
que o total de funções de A em B distintas possíveis é ordenadas (vertical) quando y é igual a:
igual a 34 = 81. a) –14
3. Seja f(x) = ax5+bx3+cx+10, com a, b e c ∈ R. Nessas b) –7
condições se f(2) = 2 então f(−2) = 18 c) 0
4. Se f(x) = x2−2x+1, então f(a+1) é igual a f(1−a) para todo d) 7
e) 14
Matemática
a pertencente ao domínio de f.
5. Se f(x) = 4x+5, então para todo x1 e todo x2 pertencentes 18. A função do primeiro grau f(x) = ax +8 é crescente e
ao domínio de f vale encontra o eixo das abscissas (horizontal) quando x é
igual a – 4. Então o valor de a é:
f(x1+x2) = f(x1)+f(x2) a) – 4 b) – 2 c) 2 d) 4 e) 8
9
19. Considere que a função do primeiro grau definida por O lucro de uma empresa é dado pela função L(x) = 120(12
f(x) = ax + 10 seja crescente. Assinale a opção que indica − x)(x − 40), em que x representa a quantidade de unidades
um valor impossível para a raiz desta função. de produtos vendidos.
a) – 25 b) – 4 c) – 3π d) – 2 e) 4
27. (UEG/Agente Legislativo) Assim, é correto afirmar que
20. (Cescem) Para que os pares (1; 3) e (3; – 1) pertençam o lucro é
ao gráfico da função dada por f (x) = ax + b, o valor de a) positivo para qualquer quantidade de unidades ven‑
b – a deve ser: didas.
a) 7 b) 5 c) 3 d) –3 e) –7
b) positivo apenas para quantidades vendidas entre 12
21. Uma função real f do 1º grau é tal que : e 40.
c) o maior possível se a quantidade vendida for exata‑
f (0) = 1 + f (1) mente 28.
e d) positivo para qualquer quantidade vendida, desde
f (–1) = 2 – f (0) que essa quantidade seja maior que 12.
24. (FCC/Nível Médio) Seja y =12,5x −2000 uma função 29. (FCC/Nível Médio) Uma empresa, após vários anos de
descrevendo o lucro mensal y de um comerciante na estudo, deduziu que o custo médio (y) em reais de sua
venda de x unidades de um determinado produto. Se, produção e venda de x unidades de um determinado
em um determinado mês, o lucro auferido foi de R$ 20 produto é uma função do segundo grau y = x2 + bx + c
000,00, significa que a venda realizada foi, em número representada pelo gráfico a seguir:
de unidades, de
a) 1.440
b) 1.500
c) 1.600
d)) 1.760
e) 2.000
a)) b = −6 e m = 3
e) 10 e 7
b) b = −6 e m = 6
26. O gráfico de f(x) = x 2 +bx +9 encontra o eixo das abscissas c) b = −3 e m = 6
em um único ponto. Então o valor de b é: d) b = 3 e m = 6
a) ±36 b) ±6 c) 36 d) 6 e) –6 e) b = 6 e m = 3
10
30. Considere o gráfico da parábola da figura abaixo. Gabarito
Funções
1. E 18. c
2. C 19. e
3. C 20. a
4. C 21. b
5. E 22. b
6. E 23. d
7. C 24. d
8. E 25. c
9. E 26. b
10. E 27. b
A única equação que pode representar este gráfico é: 11. C 28. a
12. C 29. a
a) y = x2 + 3x;
13. E 30. a
b) y = x2− 3x; 14. C 31. E, C, C, E, E
c) y = x2; 15. E 32. E, E, C, C, C
d) y = x2 − 3; 16. d 33. C, C, E, E
17. a
e) y = x2 + 3;
11
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E 3º Numa P.A. de razão 6, o valor do 8º termo é 40 e
o último termo vale 106. Pode-se determinar o
GEOMÉTRICAS número de termos da P.A. como segue:
Progressões Aritméticas
dados
RS oitavo
último termo: a = 106
n
a n −1 + a n +1
an =
2
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Determine a razão de cada uma das seguintes pro‑
• Considerando n termos consecutivos de uma P.A., a
gressões aritméticas:
soma de dois termos equidistantes dos extremos é
a) (34, 41, 48, 55, 62) d) (-30, -27, -24, -21)
igual à soma dos termos extremos.
b) (78, 83, 88, 93, 98) e) (4/3, 5/3, 2, 7/3)
c) (19, 17, 15, 13, 11)
Termo Geral de uma P.A.
2. Determine o 10º termo de cada uma das progressões
Numa P.A. de razão r, vale a seguinte igualdade: aritméticas do exercício anterior.
pode-se determinar a razão da seguinte forma: 5. Determine a razão de cada P.A. seguinte:
a9 = a5 + (9 – 5) ⋅ r a) a1 = 5 e a11 = 85 e) a5 = 50 e a15 = 150
45 = 13 + 4 ⋅ r b) a1 = 10 e a26 = 135 f) a10 = 105 e a25 = 135
45 – 13 = 4r c) a1 = 100 e a16 = 40 g) a20 = 200 e a100 = 240
32 = 4r ⇒ r = 8 d) a1 = 50 e a13 = –10 h) a45 = 300 e a100 = 190
12
6. Determine o número de termos de cada uma das Progressões Geométricas
progressões aritméticas seguintes:
a) (1, 7, 13, ..., 121) d) (108, 117, ... 999) Definição
b) (74, 95, ..., 200) e) (1, 3, 5, ..., 99)
c) (-3, 0, ..., 39) f) (2, 4, 6, ..., 100) Dados os números reais não nulos a e q, denominamos
progressão geométrica (P.G.) a toda sequência (a1 , a2, a3 , ...)
7. Determine o quarto termo de cada sequência resultante tal que:
nas seguintes interpolações aritméticas:
a) Interpolar 3 meios aritméticos entre 12 e 28. RSa 1 =a
b) Inserir 5 meios aritméticos entre 10 e 40.
c) Interpolar 6 meios aritméticos entre 20 e 90.
Ta n +1 = a n ⋅ q ( para n ≥ 1)
13
Exemplo: 2. Determine o sétimo termo de cada uma das seguintes
progressões geométricas:
Numa P.G. com 10 termos, o primeiro vale 25 e a razão a) (4, 8, 16, 32, ...)
é 2. Determinar a soma destes termos. b) (10, 30, 90, ...)
c) (5, 20, 80, 320, ...)
Solução: d) (10.000, 1.000, 100, ...)
e) (128, 64, 32, ...)
210 − 1 f) (1, -2, 4, -8, ...)
S10 = 25 ⋅ = 25 ⋅ 1023
2 −1
3. Determine o termo pedido de cada P.G., conhecendo a
S10 = 25 ⋅ 1.023 razão e um de seus termos.
a) a3 = 10, q = 2, a8 = ?
b) a3 = 8, q = 3 , a10 = ?
S10 = 25.575
c) a6 = 12.500, q = -5, a1 = ?
5 1
Soma-limite de uma P.G. infinita d) a12 = , q = , a1 = ?
8 2
Numa P.G. onde o módulo da razão seja menor que 4. Determine a razão de cada P.G. conhecendo dois de seus
1, a soma dos seus infinitos termos será um número finito termos:
dado por: a) a1 = 6 e a6 = 192
b) a1 = 10 e a8 = -1.280
a1 c) a3 = 8 e a7 = 5.000
S∞ = (para |q| < 1) d) a1 = 25 e a7 = 1.600
1− q
e) a3 = -125 e a7 = -2.000
2
Exemplo: f) a5 = e a9 = 54
3
GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. a) 2 2. a) 256 3. a) 320
1. Identifique a razão de cada uma das seguintes pro b) 1/2 b) 7.290 b) 216 3
gressões geométricas: c) –2 c) 20.480 c) –4
a) (3, 6, 12, 24) d) 0 d) 0,01 d) 1.280
e) –2 e) 2
b) (24, 12, 6, 3) f) –1/2 f) 64
c) (1/2, -1, 2, -4, 8) g) 2
h) 3 2
d) (65, 0, 0, 0, 0) i) − 2
e) (4, -8, 16, -32, 64)
4. a) 2 5. a) 2 6. a) 7
Matemática
14
Juros Simples Taxa de Juros
O resultado do cálculo dos juros de uma operação Se um capital de R$2.000,00 rendeu R$300,00 de ju‑
financeira dependerá, entre outros fatores, do modo como ros ao fim de dois meses, então a taxa de juros para esse
decidiremos que deve ocorrer a variação destes juros em período será:
relação ao prazo da operação.
Denomina-se regime de capitalização ao modo esco‑ 100% +x% (100 + x) %
lhido para a variação dos juros em relação ao prazo das
Capital → Montante
operações consideradas.
Existem basicamente três regimes de capitalização: (+ Juros)
– Capitalização Simples.
(Juros) = x% do (Capital)
– Capitalização Composta.
300 = x% de 2.000
– Capitalização Contínua. x
300 = × 2.000
100
Uma vez que os resultados de uma operação financeira
dependem do regime de capitalização escolhido, este deve 300 × 100
ser sempre indicado de algum modo nos textos das questões =x = 15
de matemática financeira. Isso é feito, na maioria das vezes, 2000
usando-se “simples” / “composto” / “contínuo” como adjeti‑
vo ou de juros ou de desconto ou de taxa ou de capitalização. Logo, a taxa de juros é de 15% no bimestre.
... calcular os juros simples ... Duas taxas são proporcionais quando seus valores são
... a juros compostos de ... diretamente proporcionais aos respectivos tempos, sendo
... admitindo juros contínuos ... estes considerados numa mesma unidade.
... no regime de capitalização simples ...
Exemplo:
... determine o desconto composto ...
As taxas de 72% ao ano e de 6% ao mês são propor‑
Juros Simples cionais.
Isso pode ser comprovado verificando uma regra de três
Chamamos de juros simples àquele no qual se admite direta como a indicada a seguir:
que o total de juros seja diretamente proporcional ao tempo
da operação considerada. (%) (prazos)
Como os juros são a variação entre o capital e o mon‑ 72 → 12 (meses)
tante e como esta variação, na prática, ocorre num dado
6 → 1 (mês)
intervalo de tempo, o valor dos juros deve estar sempre as‑
sociado ao período de tempo que foi necessário para gerá-lo. 72%×1 = 6%×12
Exemplo:
Matemática
72% = 72%
Se dissermos que um empréstimo de R$1.000,00 cobra
juros de R$2,00, isso representará uma variação grande ou A igualdade obtida na última linha confirma que os 72%
pequena? Depende. Se ela ocorreu em um ano, podemos estão para 12 meses (1 ano) assim como os 6% para 1 mês.
dizer que é bem pequena. Mas se ocorreu em um dia, já não Ou seja, as taxas de 72% ao ano e de 6% ao mês são mesmo
teremos a mesma opinião. proporcionais.
15
Exercício Resolvido • Prazo comercial – Consideram-se todos os meses
com 30 dias (mês comercial) e o ano com 360 dias
Qual é a taxa trimestral proporcional à taxa quadrimes- (ano comercial). Este é o caso mais frequente nos
tral de 20%? problemas de juros simples, e os juros calculados de
acordo com esta convenção são chamados de juros
(%) (prazos) comerciais ou juros ordinários.
20 → 4 (meses) Exemplos:
x → 3 (mês)
em alguma outra unidade de tempo maior (mês, bimestre, presume-se o ano não bissexto)
quadrimestre, semestre ou ano).
Em tais situações todos os prazos devem ser contados Obs.: Expressões como “dois meses e meio”, “três
em dias. A contagem do número de dias envolvidos na meses e vinte dias” etc. não fazem sentido na contagem
operação (prazo da operação), entretanto, deve ser feita, de prazos exatos, pois o total dependeria de quais meses
na prática, de acordo com uma das seguintes convenções: seriam considerados.
16
Exercício Resolvido (prazos) ($$)
365 dias ............................ R$720,00
Quantos dias, exatamente, durou uma aplicação que
teve início em 18 de março de certo ano e término em 10 de 73 dias ............................ x
setembro do mesmo ano?
365×x = 73×720
Solução:
Quando esta situação ocorre no meio de um problema 73 × 720
=x = 144
em provas de concursos, quase sempre somos obrigados a 365
resolvê-la sem o auxílio da chamada “tabela para contagem
de dias entre datas”. Entretanto, é possível resolvê-la com o
seguinte procedimento: O valor dos juros exatos é de R$144,00.
Se as datas de início e término da operação estiverem
no mesmo ano, pode-se determiná-la da seguinte forma: II – Considerando o prazo comercial:
Na contagem do prazo comercial os ajustes relativos ao
∆M = (mês final) − (mês inicial) número exato de dias não são considerados.
∆D = (dia final) − (dia inicial)
Ajustes = Prazo comercial = 30×∆M + ∆D
+1 dia para cada dia 31 compreendido entre as datas Prazo comercial = 30×(2) + (14)
de início e fim; Prazo comercial = 60 + 14
−2 dias se o período da operação passar de fevereiro Prazo comercial = 74 dias
para março.
Juros comerciais:
Prazo exato = 30×∆M + ∆D + Ajustes
JC = 10% de R$7.200,00
Em nosso caso, temos: JC = 720,00 (anual)
∆M = (mês final) − (mês inicial) = 9 − 3 = 6
∆D = (dia final) − (dia inicial) = 10 − 18 = −8 (prazos) ($$)
Ajustes = (31/mar.) + (31/maio) + (31/jul.) + (31/ago.)
360 dias .................... R$720,00
=1+1+1+1=4
74 dias .................... x
Prazo exato = 30×∆M + ∆D + Ajustes
Prazo exato = 30×(6) + (−8) + (4) 360×x = 74×720
Prazo exato = 180 −8 + 4
Prazo exato = 176 74 × 720
=x = 148
360
Obs.: O prazo comercial entre duas datas pode ser
conseguido fazendo-se: O valor dos juros comerciais é de R$148,00.
Prazo comercial = 30×∆M + ∆D
Prazo comercial = 30×(6) + (−8) Prazo Médio e Taxa Média
Prazo comercial = 180 −8
Prazo comercial = 172 Considere um conjunto com duas ou mais aplicações a
juros simples, cada qual com seus próprios valores de capital,
suas taxas e seus prazos.
Exercício Resolvido
Prazo médio é um prazo único tal que, substituindo
Um capital de R$7.200,00 foi aplicado de 6 de fevereiro os prazos de cada uma das aplicações dadas, produzirá o
até 20 de abril do mesmo ano. Considerando uma taxa de mesmo total de juros das aplicações originais.
juros simples de 10% a.a., qual o total de juros desta aplica- O prazo médio é sempre a média aritmética ponderada
ção se considerarmos o prazo exato? E qual o total de juros dos prazos, tendo como pesos os produtos das taxas e capi‑
se considerarmos o prazo comercial? tais a eles associados.
Prazo exato = 60 + 14 −1
Prazo exato = 73 dias PRAZOS CAPITAIS TAXAS PESOS PRAZOS × PESOS
17
(soma _ de _ prazos × pesos) Neste esquema, poderíamos determinar quer os juros,
prazo médio = quer o montante através de uma simples regra de três. Mas
(soma _ dos _ pesos) o problema pediu o valor dos juros. Logo, faremos:
6 + 12 + 12 30 (%) ($$)
prazo médio
= = = 1,5 (meses)
2 + 6 + 12 20 100% ..................... 800 (capital)
6% ..................... J = ? (juros)
Portanto, o prazo médio seria de 1 mês e 15 dias.
Isso significa que se nós trocássemos os prazos das três Resolvendo a regra de três, vem:
aplicações por 1 mês e 15 dias, o total de juros produzidos pe‑
100×J = 6×800
las três aplicações, ao final desse prazo, continuaria inalterado.
Taxa média é uma taxa única tal que, substituindo as 6×800
taxas de cada uma das aplicações dadas, produzirá o mesmo J= = 48
total de juros das aplicações originais. 100
A taxa média é sempre a média aritmética ponderada
das taxas, tendo como pesos os produtos dos prazos e capi‑ Portanto, os juros da aplicação são de R$ 48,00.
tais a eles correspondentes.
2. Um capital de R$ 23.500,00 foi aplicado durante 8
Exercício Resolvido meses à taxa simples de 9% a.a. Determine o montante
desta aplicação.
Considerando as aplicações do exemplo anterior:
R$ 1.000,00, R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00, às taxas de 2%, 3% Solução:
e 4% ao mês, durante 3, 2 e 1 mês, respectivamente. Qual
seria a taxa média para estas três aplicações? A taxa é de 9% ao ano, mas a aplicação durou 8 meses.
18
Desse modo teremos: 360 × x = 115×36%
Como foi pedida uma taxa mensal, faremos: Portanto, os juros comerciais serão de R$230,00.
e) 9% a.b.
19
c) 4% a.t. 12. De 4 de janeiro a 10 de maio do mesmo ano, segundo
d) 5% a.t. o critério de contagem de prazo exato, temos
e) 10% a.t. a) 126 dias.
b) 127 dias.
4. A taxa semestral que equivale à taxa de 24% a.a. é c) 125 dias.
a) 12% a.s. d) 3% a.s. d) 128 dias.
b) 6% a.s. e) 2% a.s. e) 124 dias.
c) 4% a.s.
Juros simples comerciais
5. A alternativa que indica a taxa mensal que é proporcio
nal à taxa de 12% a.s. é: 13. O valor dos juros simples comerciais produzidos em
a) 1% a.m. três meses pela aplicação de um capital de R$1.200,00
b) 2% a.m. à taxa de 4% a.m. é
c) 3% a.m. a) R$120,00.
d) 4% a.m. b) R$124,00.
e) 6% a.m. c) R$140,00.
d) R$144,00.
6. A taxa bimestral que é equivalente à taxa de 12% a.t. é e) R$148,00.
a) 10% a.b.
b) 9% a.b. 14. Um capital de R$2.200,00 foi aplicado à taxa de juros
c) 8% a.b. simples de 60% a.a. Qual o total dos juros ao fim de 7
d) 6% a.b. meses?
e) 4% a.b. a) R$250,00
b) R$350,00
Contagens de prazos comerciais e exatos c) R$530,00
d) R$700,00
7. O total de dias que correspondem a quatro meses e dez e) R$770,00
dias, de acordo com o prazo comercial, é
a) 100 dias. 15. Aplicando R$1.500,00 por 1 mês e 10 dias, à taxa sim‑
b) 110 dias. ples de 6% a.b., qual será o montante obtido?
c) 120 dias. a) R$1.530,00
d) 130 dias. b) R$1.560,00
e) 140 dias. c) R$1.580,00
d) R$1.610,00
8. O total de dias que correspondem a cinco meses e meio, e) R$1.620,00
de acordo com o prazo comercial, é
a) 150 dias. 16. Qual o capital necessário para produzir R$196,00 de
b) 165 dias. juros após 2 meses e 10 dias se a taxa trimestral de
c) 170 dias. juros simples comerciais é de 18%?
d) 175 dias. a) R$2.800,00
e) 180 dias. b) R$2.020,00
c) R$1.400,00
9. O total de dias que correspondem a três meses e vinte d) R$1.202,00
e dois dias, de acordo com o prazo comercial, é e) R$1.196,00
a) 102 dias.
b) 106 dias. 17. Um investidor aplicou R$3.000,00 no dia 10/7/2000 a
c) 108 dias. juros simples comerciais de 72% a.a. Qual o montante
d) 110 dias. desta aplicação em 15/9/2000?
e) 112 dias. a) R$3.270,00
b) R$3.390,00
10. O número de dias que se contam de 5 de julho a 10 c) R$3.720,00
de setembro do mesmo ano, pelo critério do prazo d) R$3.930,00
comercial, é e) R$3.980,00
a) 65 dias.
b) 70 dias. 18. Que taxa anual de juros simples seria necessária para
c) 75 dias. gerar um montante de R$2.880,00 após 8 meses de
d) 80 dias. aplicação se o capital aplicado fosse de R$2.400,00?
e) 85 dias. a) 10% b) 16% c) 20% d) 26% e) 30%
11. O número de dias contados de 12 de julho a 6 de ou‑ 19. Se um capital de R$3.100,00 resultou, ao fim de 2 meses
tubro do mesmo ano, segundo a convenção do prazo e 20 dias, num montante de R$3.348,00 ao ser aplicado
comercial, é a juros simples, qual a taxa mensal?
Matemática
a) 82 dias. a) 3,0%
b) 84 dias. b) 3,5%
c) 86 dias. c) 4,0%
d) 88 dias. d) 4,5%
e) 90 dias. e) 5,0%
20
20. Se R$4.200,00, aplicados à taxa simples de 6% a.m., re‑ 27. Considere o total dos juros simples obtidos pelas aplica‑
sultaram num montante de R$4.368,00, então quantos ções de R$300,00 por 1 mês à taxa de 2% a.m., R$100,00
dias durou a aplicação? por 3 meses à taxa de 4% a.m. e R$200,00 por 2 meses
a) 10 dias à taxa de 3% a.m. Qual a taxa única que resultaria o
b) 15 dias mesmo total de juros se as demais condições de capitais
c) 20 dias e prazos fossem mantidas nas três aplicações?
d) 25 dias a) 3,0% a.m.
e) 40 dias b) 2,9% a.m.
c) 2,8% a.m.
Juros simples exatos d) 2,7% a.m.
e) 2,6% a.m.
21. Um capital de R$2.700,00 foi aplicado em 13/3/2009 à
taxa anual de 36,5% e resgatado em 01/6/2009. Qual o
total de juros simples exatos obtidos nesta operação? GABARITO
a) R$216,00
b) R$228,00 1. b 8. b 15. b 22. b
c) R$236,00 2. c 9. e 16. c 23. c
d) R$238,00 3. d 10. a 17. b 24. d
e) R$246,00 4. a 11. b 18. e 25. d
5. b 12. a 19. a 26. e
22. Qual o montante de uma aplicação de R$5.400,00 feita 6. c 13. d 20. c 27. a
no período de 13/4/2009 a 7/6/2009 se a taxa foi de 7. d 14. e 21. a
73% a.a. e os juros foram calculados com prazos exatos?
a) R$5.972,00
b) R$5.994,00 Testes – Juros Simples
c) R$6.134,00
d) R$6.172,00 1. (TTN/1985) Se 6/8 de uma quantia produzem 3/8 desta
e) R$6.224,00 mesma quantia de juros em 4 anos, qual é a taxa apli‑
cada?
23. Um capital de R$2.000,00 investido em 22/2/2000 a) 20% ao ano d) 200% ao ano
totalizava R$2.520,00 em 17/7/2000. Considerando os b) 125% ao ano e) 10% ao ano
juros exatos, qual a taxa anual de juros desta operação? c) 12,5% ao ano
a) 63% c) 65% e) 67%
b) 64% d) 66% 2. (TTN/1985) Um capital de $ 14.400 aplicado a 22%
ao ano rendeu $ 880 de juros. Durante quanto tempo
24. Um capital de R$4.320,00 aplicado em 10/4/2001 esteve empregado?
foi aplicado à taxa de 36,5% a.a., rendendo juros de a) 3 meses e 3 dias d) 3 meses e 10 dias
R$432,00. Considerando os juros exatos, qual a data b) 3 meses e 8 dias e) 27 dias
do final desta aplicação? c) 2 meses e 23 dias
a) 16/7/2001
b) 17/7/2001 3. (TTN/1989) Calcular os juros simples que um capital de
c) 18/7/2001 $ 10.000,00 rende em um ano e meio aplicado à taxa
d) 19/7/2001 de 6% a.a. Os juros são de:
e) 20/7/2001 a) $ 700,00 d) $ 600,00
b) $ 1.000,00 e) $ 900,00
Prazo médio e taxa média c) $ 1.600,00
25. Três capitais iguais são aplicados por prazos também 4. (AFTN/1991) Um capital no valor de 50, aplicado a juro
iguais às taxas de juros simples mensais de 3%, 5% e
simples a uma taxa de 3,6% ao mês, atinge, em 20 dias,
10%. Qual a taxa única (taxa média) que proporcionaria
um montante de:
um mesmo total de juros das três aplicações reunidas
a) 51 c) 52 e) 68
sendo mantidos os mesmos capitais e prazos?
a) 3%a.m. d) 6%a.m. b) 51,2 d) 53,6
b) 4%a.m. e) 7%a.m.
c) 5%a.m. 5. (TTN/1994) Qual é o capital que diminuído dos seus
juros simples de 18 meses, à taxa de 6% a.a., reduz-se
26. Três capitais iguais são aplicados a uma mesma taxa a R$ 8.736,00?
de juros simples, um deles por três meses e os outros a) R$ 9.800,00 d) R$ 10.308,48
dois por seis meses. Qual o prazo único (prazo médio) b) R$ 9.760,66 e) R$ 9.522,24
que proporcionaria um mesmo total de juros das três c) R$ 9.600,00
aplicações reunidas sendo mantidos os mesmos capitais
e as mesmas taxas? 6. (TTN/1989) O capital que, investido hoje a juros simples
Matemática
a) 6m c) 8m e) 10m
15. (At.Jud./TST-ES/1990) Depositei certa importância em b) 7m d) 9m
um Banco e, depois de algum tempo, retirei os juros de
$ 1.600.000,00, que representavam 80% do capital. 24. (TTN/1992) Três capitais são colocados a juros simples:
Calcular o tempo em que o capital esteve empregado, o primeiro a 25% a.a., durante 4 anos; o segundo a 24%
se a taxa contratada foi de 16% a.m. a.a., durante 3 anos e 6 meses e o terceiro a 20% a.a.,
22
durante 2 anos e 4 meses. Juntos renderam um juro de Descontos Simples
$ 27.591,80. Sabendo que o segundo capital é o dobro
do primeiro e que o terceiro é o triplo do segundo, o Desconto é o abatimento que se faz no valor de uma dívi‑
valor do terceiro capital é de: da quando ela é negociada antes da data do seu vencimento.
a) $ 30.210,00 d) $ 20.140,00 O documento que atesta a dívida é denominado gene‑
b) $ 10.070,00 e) $ 5.035,00 ricamente por título de crédito.
c) $ 15.105,00 São exemplos de títulos de crédito as notas promissó-
rias, as duplicatas e as letras de câmbio.
25. (TTN/1994) Mário aplicou suas economias, a juros sim‑ Valor nominal, ou valor de face, é o valor do título de
ples comerciais, em um banco, a juros de 15% a.a., crédito, ou seja, aquele que está escrito no título e que seria
durante 2 anos. Findo o prazo reaplicou o montante e pago na data de vencimento do título.
mais R$ 2.000,00 de suas novas economias, por mais Valor líquido é o valor pelo qual o título acabou sendo
4 anos, à taxa de 20% a.a., sob mesmo regime de capi‑ negociado antes de sua data de vencimento. É sempre me-
talização. Admitindo-se que os juros das 3 aplicações nor que o valor nominal, pois o título sofreu um desconto.
somaram R$ 18.216,00, o capital inicial da primeira O valor líquido também é chamado de valor atual, valor
aplicação era de R$: descontado (que sofreu desconto – não confundir com “valor
a) 11.200,00 d) 12.700,00 do desconto’’), valor pago.
b) 13.200,00 e) 12.400,00 Prazo de antecipação é o intervalo de tempo entre a
c) 13.500,00 data em que o título é negociado e a data de vencimento
do mesmo.
26. (TTN/1994) Carlos aplicou 1/4 de seu capital a juros Vamos resumir o que temos até agora num esquema:
simples comerciais de 18% a.a., pelo prazo de 1 ano,
(ANTES DO VENCIMENTO) (VENCIMENTO)
e o restante do dinheiro a uma taxa de 24% a.a., pelo (PRAZO DE ANTECIPAÇÃO)
mesmo prazo e regime de capitalização. Sabendo-se
+ DESCONTO
que uma das aplicações rendeu R$ 594,00 de juros a VALOR LÍQUIDO VALOR NOMINAL
mais do que a outra, o capital inicial era de R$:
a) 4.600,00 c) 4.200,00 e) 4.900,00 Observe que o desconto sempre é a diferença entre o valor
b) 4.400,00 d) 4.800,00 nominal e o valor líquido.
27. (AFTN/1985) O preço à vista de uma mercadoria é de $ Estudaremos dois tipos de desconto:
100.000. O comprador pode, entretanto, pagar 20% de
entrada no ato e o restante em uma única parcela de $ 1º) Desconto “por dentro”, ou desconto racional, é aquele
100.160, vencível em 90 dias. Admitindo-se o regime de onde a referência para o cálculo porcentual do desconto
juros simples comerciais, a taxa de juros anuais cobrada é o valor líquido.
na venda a prazo é de:
a) 98,4% c) 100,8% e) 103,2% Desconto por dentro ou
b) 99,6% d) 102,0% racional ⇒ 100% é o valor líquido
28. (AFTN/1985) João colocou metade de seu capital a juros Nesse caso, o nosso esquema será
simples pelo prazo de 6 meses e o restante, nas mes‑
mas condições, pelo período de 4 meses. Sabendo‑se 100% (100 + d)%
que, ao final das aplicações, os montantes eram de $ + d%
117.000 e $ 108.000, respectivamente, o capital inicial VALOR LÍQUIDO VALOR NOMINAL
do capitalista era de: DESCONTO
a) $ 150.000 d) $ 180.000
b) $ 160.000 e) $ 200.000
c) $ 170.000 Atenção: O valor do desconto é sempre diretamente
proporcional ao prazo de antecipação do título.
29. (AFTN/1985) Dois capitais foram aplicados a uma taxa de
72% a.a., sob regime de juros simples. O primeiro pelo 2º) Desconto “por fora”, ou desconto comercial, é aquele
prazo de 4 meses e o segundo por 5 meses. Sabendo-se onde a referência para o cálculo porcentual do desconto
que a soma dos juros totalizaram $ 39.540 e que os juros é o valor nominal.
do segundo capital excederam os juros do primeiro em
$ 12.660, a soma dos dois capitais iniciais era de: Desconto por fora ou comercial ⇒ 100% é o valor nominal
a) $ 140.000 d) $ 147.000
b) $ 143.000 e) $ 115.000 Nesse caso, o nosso esquema será
c) $ 145.000
(100 – d)% + d% 100%
GABARITO VALOR LÍQUIDO VALOR NOMINAL
DESCONTO
Matemática
1.c 6. d 11. b 16. b 21. c 26. b Para resolver um problema de desconto simples, tudo que
2. d 7. a 12. b 17. d 22. e 27. c temos a fazer é:
3. e 8. c 13. c 18. a 23. a 28. d 1º identificar qual o tipo do desconto no problema;
4. b 9. e 14. b 19. d 24. a 29. b 2º procurar preencher o “esquema” correspondente de
5. c 10. c 15. b 20. e 25. e acordo com os dados do problema;
23
3º calcular o valor de que precisarmos, no esquema, usando Resolvendo a regra de três:
regra de três. Se 76% correspondem a $ 608,00 (valor líquido),
então 100% correspondem a N (valor nominal).
Macete 608 × 100
N= = 800,00
Pense numa garrafa: 76
O que há dentro dela? O líquido!
Então, o valor nominal foi de R$ 800,00.
(por dentro: 100% é o líquido)
Equivalência entre as taxas de descontos simples
O que há fora dela? O nome!
(por fora: 100% é o nominal) 3. Uma nota promissória foi descontada comercialmente
à taxa simples de 5% a.m. 15 meses antes do seu venci-
mento. Se o desconto fosse racional simples, qual deveria
Exercícios Resolvidos ser a taxa adotada para produzir um desconto de igual
valor?
1. Determinar o desconto por dentro sofrido por um título
de R$ 650,00, descontado 2 meses antes do vencimento 1ª solução:
à taxa de 15% a.m. Consideremos N = $ 100,00
5% a.m. dariam, em 15 meses: 15 × 5% = 75%.
Solução: Então, o esquema para o desconto comercial seria
Primeiramente, devemos determinar, pelo tipo do des‑
conto, qual valor será a referência (100%).
Como o problema pede desconto por dentro, o 100%
será o valor líquido. Nosso esquema, portanto, será
(observe a taxa
ajustada para 2
meses) Temos a seguinte regra de três:
25,00 ____________ 100%
Agora, é só resolver a regra de três.
75,00 ____________ 15x%
Se 130% correspondem a $ 650,00 (valor nominal), então
30% correspondem a D (valor do desconto). 75 × 100
15x = = 300
650 × 30 25
D= = 150,00
130
15x = 300 ⇒ x = 20% (é a taxa racional)
Portanto, o desconto foi de R$ 150,00. 2ª solução:
Logo
100 100
(100 – 24)% − = 15
5 R
100 100
20 − = 15 ⇒ = 5 ⇒ R = 20 ⇒ 20% a. m.
76% (60 dias = 2 meses) 100% R R
Matemática
+ 24%
608,00 VALOR NOMINAL
Relação entre os descontos comercial (DC) e racional (DR)
24
título, a uma mesma taxa de d% ao período, e ambos nego‑ 7. A que taxa anual, um título de R$ 2.000,00 dá um des‑
ciados com um mesmo prazo de antecipação de p períodos. conto por fora igual a R$ 400,00 se for antecipado em 6
Nessas condições, teremos que: meses?
a) 40% b) 30% c) 20% d) 10% e) 5%
O valor do desconto racional (DR) acrescido de d% ao
8. Descontado por fora, à taxa de 4% a.m., três meses
período sobre seu valor é igual ao valor do desconto
antes do vencimento, um título sofreu um desconto de
comercial (DC).
R$2.400,00. Qual era o valor nominal desse título?
a) R$ 18.400,00 d) R$ 22.400,00
100% (100 + pd)% b) R$ 19.600,00 e) R$ 24.200,00
+ (p.d)%
c) R$ 20.000,00
$ DR $ DC
9. Uma nota promissória foi descontada, por fora, três
Ou, algebricamente: meses e dez dias antes do seu vencimento, à taxa de
10% a.m., produzindo um desconto de R$ 400,00. Qual
DR + (p.d%) . DR = DC era o valor de face da promissória?
a) R$ 1.120,00 d) R$ 1.320,00
EXERCÍCIOS PROPOSTOS b) R$ 1.200,00 e) R$ 1.330,00
c) R$ 1.230,00
Descontos Simples
10. A diferença entre os descontos comercial e racional in‑
cidentes sobre um mesmo título é de R$ 3,00. Sabendo
1. Um título com valor nominal de R$ 3.200,00 foi res‑
que ambos foram calculados à taxa de 15% a.a. e 4 meses
gatado dois meses antes do seu vencimento, com um
antes do vencimento, qual o valor nominal deste título?
desconto racional simples à taxa de 30% a.m. De quanto
a) R$ 1.060,00 d) R$ 1.200,00
foi o valor pago pelo título?
b) R$ 1.120,00 e) R$ 1.260,00
a) R$2.000,00 d) R$1.200,00
c) R$ 1.160,00
b) R$1.920,00 e) R$1.180,00
c) R$1.280,00
11. Qual o prazo de antecipação para o qual uma taxa de
desconto comercial simples quadrimestral de 12,5% é
2. Qual o valor do desconto por dentro sofrido por uma equivalente a uma taxa de desconto racional simples
nota promissória de R$ 4.160,00, descontada 8 meses quadrimestral de 20%?
antes do seu vencimento, à taxa de 6% a.a.? a) 2 meses d) 8 meses
a) R$166,40 d) R$146,60 b) 4 meses e) 12 meses
b) R$164,00 e) R$140,00 c) 6 meses
c) R$160,00
12. (AFTN/1996) Você possui uma duplicata cujo valor de
3. Qual o prazo de antecipação de um título que, desconta‑ face é $ 150,00. Esta duplicata vence em 3 meses. O ban‑
do racionalmente, à taxa de juros de 4% a.m., produziu co com o qual você normalmente opera, além da taxa
um desconto de R$300,00, se o seu valor nominal era normal de desconto mensal (simples por fora), também
de R$1.800,00? fará uma retenção de 15% do valor de face da duplicata,
a) 4 meses e 5 dias. a título de saldo médio, permanecendo bloqueado em
b) 5 meses. sua conta este valor desde a data do desconto até a
c) 5meses e 10 dias. data do vencimento da duplicata. Caso você desconte
d) 5 meses e 15 dias. a duplicata no banco, você receberá líquidos, hoje, $
e) 5 meses e 20 dias. 105,00. A taxa de desconto que mais se aproxima da
taxa praticada por este banco é
4. O valor atual racional de um título é igual a 4/5 de seu a) 4,2%. b) 4,6%. c) 4,8%. d) 5,0%. e) 5,2%.
valor nominal. Sabendo-se que o pagamento desse
título foi antecipado de 6 meses, qual é a taxa anual de 13. (AFTN/1998) O desconto comercial simples de um título,
desconto? quatro meses antes do seu vencimento, é de R$ 600,00.
a) 15% b) 20% c) 25% d) 35% e) 50% Considerando uma taxa de 5% ao mês, obtenha o valor
correspondente no caso de um desconto racional sim‑
5. Tendo sido descontado por dentro a 9% a.a., uma dupli‑ ples.
cata teve um desconto de R$ 1.000,00. Qual era o valor a) R$ 400,00
nominal da duplicata se ela foi paga 1 ano, 1 mês e 10 b) R$ 600,00
dias antes do vencimento? c) R$ 800,00
a) R$ 9.320,00 d) R$11.000,00 d) R$ 700,00
b) R$10.000,00 e) R$11.152,77 e) R$ 500,00
c) R$10.138,88
25
Juros Compostos • taxa de X% a.a. capitalizados semestralmente – indi‑
cando juros compostos e capitalização semestral;
Chamamos de regime de juros compostos aquele em que • capitalização composta, montante composto – indi‑
os juros de cada período são calculados sobre o montante cando o regime de juros compostos.
do período anterior.
Montante no Regime de Juros Compostos
Ou seja, os juros produzidos ao fim de cada período
passam a integrar o valor do capital ou montante que serviu Como vimos anteriormente, no regime de juros compos‑
de base para o seu cálculo de modo que o total assim conse‑ tos, o montante ao fim de um determinado período resulta
guido será a base do cálculo dos juros do próximo período. de um cálculo de aumentos sucessivos. Então, sejam:
Exercícios Resolvidos
1. Um capital de R$ 200,00 foi aplicado em regime de
juros compostos a uma taxa de 20% ao mês. Calcular o
montante desta aplicação após três meses.
Solução:
Dá-se o nome de capitalização ao processo de incor‑ Resumindo os dados do problema, temos:
poração dos juros ao capital ou montante de uma operação
financeira. Contudo, é comum encontrarmos as expressões Capital - C = 200
regime de capitalização simples e regime de capitalização Taxa - i = 20% = 0,2
composta no lugar de regime de juros simples e regime de Períodos de Capitalização - n = 3
juros compostos, respectivamente.
Matemática
26
M = 200 × (1 + 0, 2 ) 3 Solução:
Ou seja, o montante da aplicação, após os três meses, 8 anos e 4 meses = 8 anos + 1/3 de ano
será de R$ 345,60.
Nesta situação, o cálculo será feito usando-se uma
2. Um comerciante consegue um empréstimo de técnica denominada de convenção linear que nos
R$ 60.000,00 que deverão ser pagos, ao fim de um ano, dará uma aproximação bem razoável para o valor do
acrescidos de juros compostos de 2% ao mês. Quanto o co- montante composto procurado.
merciante deverá pagar ao fim do prazo combinado?
A técnica consiste em calcular o montante em duas
Solução:
etapas:
São dados no enunciado:
A tabela 1 (ver no final desta matéria) nos mostra os re‑ 1º - Cálculo do montante composto, à taxa de 6% a.a.,
após os 8 anos:
sultados do cálculo de (1+ i ) n , para diversos valores de i
(que varia a cada coluna) e de n (que varia a cada linha).
M = 10.000 × (1,06)8 (o resultado da potên-
Em nosso caso, procuramos o resultado da potência no M = 10.000 × 1,59385 cia foi encontrado na
cruzamento da coluna que indica i = 2% com a linha que M = 15.938,50 tabela 1)
indica n = 12, encontrando 1,26824.
2º - Acréscimo dos juros simples proporcionais a 1
valores de i de ano: 3
valores de i
Se em 1 ano.................... temos 6% de juros,
n 1% 2% ....... 1
então, em de ano.............. teremos 2% de juros.
1 1,01000 1,02000 ....... 3
(regra de três)
. . . .
. . . . Portanto, o acréscimo de juros simples deverá ser
. . . . de 2% sobre o montante da 1ª etapa e o montante
final será:
12 1,12683 1,26824 .......
. . . . M = 15.938,50 × (1,02) = 16.257,27
. . . .
. . . . O montante procurado é, portanto, de R$ 16.257,27.
3. Calcular o montante para um capital inicial de 4. Calcular o capital que aplicado à taxa composta de 2%
R$ 10.000,00 aplicado a juros compostos de 6% a.a. du- a.m. daria origem a um montante de R$ 3.656,97 ao
rante 8 anos e 4 meses, considerando a convenção linear. fim de 10 meses.
27
Solução: a) Seriam dados os valores prontos dos logaritmos de
M
e de 1+i .
São dados no problema: C
Neste caso, deveríamos dividir um valor pelo outro,
M = 3.656,97 como indicado na fórmula, para obter n.
i = 2% = 0,02
n = 10 b) As alternativas indicariam n em função de expressões
com logaritmos.
Precisamos calcular o capital que, isolado a partir da Neste caso, a resposta correta seria aquela que
fórmula fundamental, nos dará: apresentasse a expressão dada pela fórmula.
Restaria-nos apenas assinalar a alternativa correspon‑
M dente.
C= n
(1 + i ) 6. Certa loja anunciou um aparelho de som por R$ 466,56
com pagamento somente após 60 dias da compra, sem
Substituindo os dados do problema nesta expressão, entrada. Porém, se o comprador resolvesse pagar à vista,
teremos: o mesmo aparelho sairia por R$ 400,00. Calcular a taxa
mensal de juros compostos praticada pela loja.
3.656,97 3.656,97
C= = = 3.000
(1,02 )
10 1,21899 Solução:
log F I
466,56
M i=2 − 1 = 2 1,1664 − 1
H C K (já apresentada no início deste
400
Matemática
n=
log(1 + i ) capítulo) A única dificuldade, a partir deste ponto, seria o
cálculo da raiz.
Numa prova de concurso, esta situação poderia ser Numa prova de concurso, duas situações poderiam
proposta basicamente de duas formas: ocorrer a partir deste ponto:
28
a) O valor da raiz seria dado pronto, ao fim do enunciado Se em 12 meses (1 ano) .......temos 72% de juros,
do problema. então, em 1 mês .. teremos 72 ÷ 12 = 6% de juros.
Então, bastaria efetuar a subtração final para termos
a taxa na forma unitária ( i = 0,08 )
Portanto, a taxa nominal de 72% ao ano corre‑
b) As alternativas indicariam i em função de expressões sponde a uma taxa efetiva de 6% ao mês (i = 0,06).
com radicais.
Neste caso, a resposta correta seria aquela que apre‑ 2. Uma aplicação financeira paga juros compostos de
sentasse a expressão dada pela fórmula. 8% ao ano, capitalizados trimestralmente. Qual é
Restaria-nos apenas assinalar a alternativa correspon‑ a taxa de juros efetiva trimestral praticada nesta
dente. aplicação?
Quando a unidade de tempo indicada pela taxa de juros As capitalizações são trimestrais. Logo, devemos
coincide com a unidade de tempo do período de capitalização ajustar a taxa nominal anual de 8% para uma taxa
dizemos que a taxa é efetiva. trimestral, usando uma regra de três:
Exemplos:
• taxa de 2% ao mês com capitalização mensal; Se em 12 meses (1 ano) ...... temos 8% de juros,
• juros de 6% ao trimestre capitalizados trimestral‑ então em 3 meses ..teremos 2% de juros (i = 0,02).
mente.
Portanto, a taxa efetiva praticada é de 2% ao
Nos enuncidados de problemas de juros compostos trimestre.
onde se dá a taxa efetiva, frequentemente se omite o período
de capitalização, ficando subentendido que este é o mesmo Exercício Resolvido
indicado pela taxa.
1. Calcular o montante que resultará de um capital de
Exemplos: R$ 5.000,00, ao fim de 2 anos, aplicado a juros compostos
• taxa de 2% ao mês – significando 2% ao mês, com de 32% ao ano com capitalização trimestral.
capitalização mensal.
• juros de 6% ao trimestre – significando 6% ao trimes‑
Solução:
tre, com capitalização trimestral.
Entretanto, é comum encontrarmos também em pro‑ Como a capitalização é trimestral, a taxa efetiva, bem
blemas de juros compostos expressões como: como a duração da aplicação deverão ser indicadas em
trimestres.
“juros de 72% ao ano, capitalizados mensalmente”
“taxa de 24% ao ano com capitalização bimestral” taxa efetiva:
em 12 meses .............................................32%
Em tais expressões, observamos o que se convencionou em 3 meses .................................................8%
chamar de taxa nominal que é aquela cuja unidade de
tempo não coincide com a unidade de tempo do período duração da aplicação:
de capitalização.
Podemos entender a taxa nominal como uma “taxa
falsa”, geralmente dada com período em anos, que não 24 ÷ 3 = 8
2 anos = 24 meses → 8 trimestres ⇒ n = 8
devemos utilizar diretamente nos cálculos de juros compos‑ Agora, resumindo os dados do problema, temos:
tos, pois não produzem resultados corretos. Em seu lugar,
devemos usar uma taxa efetiva.
Capital .................................. C = 5.000
Conversão da Taxa Nominal (Proporcional) em Taxa Efetiva Taxa efetiva .......................... i = 8% = 0,08
Períodos de capitalização ...... n = 8
A conversão da taxa nominal em taxa efetiva é feita
ajustando-se o valor da taxa nominal proporcionalmente ao Devemos calcular o montante:
período de capitalização. Isto pode ser feito com uma regra
de três simples e direta. M = C × (1 + i)n
29
Taxas Equivalentes (1 + i) = (1 + 0,005)22
(1 + i) = 1,11597
Dizemos que duas taxas são equivalentes quando, i = 0,11597 = 11,597%
aplicadas a capitais iguais, por prazos iguais, produzem juros
também iguais. Ou seja, a taxa efetiva da operação é de 11,597%.
Solução:
Solução:
A taxa efetiva diária desta operação é:
Pretendemos determinar uma taxa trimestral (it)
15% ÷ 30 = 0,5% = 0,005
equivalente a uma taxa mensal dada (im = 0,20).
O cálculo do montante, para 20 dias úteis, é:
Como 1 trimestre equivale a 3 meses, teremos 1 e 3
como expoentes: M = 20.000 × (1,005)20
M = 20.000 × 1,10490
(1 + it)1 = (1 + im)3 M = 22.098,00
(1 + it)1 = (1,20)3
(1 + it)1 = 1,728 Portanto, o montante da aplicação é de R$ 22.098,00.
Sendo assim, it = 0,728 = 72,8% Taxa Real e Taxa Aparente
Portanto, a taxa trimestral composta equivalente a Consideremos que um banco tenha oferecido uma
20% a.m. é 72,8%. determinada aplicação pagando uma taxa efetiva de 10%
a.a. Se no mesmo período for registrada uma inflação da
Taxa Over ordem de 6% a.a., então diremos que a taxa de 10% a.a.
oferecida pelo banco não foi a taxa real de remuneração
Algumas operações no mercado financeiro pagam juros do investimento mas uma taxa aparente, pois os preços, no
somente para os dias úteis do período da operação. mesmo período, tiveram um aumento de 6%.
Denominamos taxa over a taxa nominal igual a 30 Se compararmos o que ocorreria com dois investimen‑
vezes a taxa efetiva diária de uma operação financeira cuja tos de $100,00, o primeiro sendo remunerado à taxa de 10%
remuneração ocorra somente para os dias úteis do período a.a. e o segundo recebendo apenas a correção monetária
da operação, sendo comum indicá-la somente como um devida à inflação de 6% a.a., teremos:
percentual. Assim, diríamos “taxa over de 5%” e não “taxa
over de 5% a.m.” Montante da aplicação a juros de 10%:
1. Calcular a taxa efetiva diária correspondente à taxa over Montante da aplicação sujeita apenas à taxa de correção
de 6%. monetária de 6%:
30
Observe que, ao contrário do que possa parecer a b) de $ 13.000,00.
princípio, a taxa aparente iA não é igual à soma da taxa de c) inferior a $ 13.000,00.
inflação iI com a taxa real iR, mas sim: d) superior a $ 13.000,00.
e) menor do que aquele que seria obtido pelo regime
iA = iI + iR + (iI . iR) de juros simples.
31
10. (AFC/1993) Um banco paga juros compostos de 30% 18. (AFTN/1998) O capital de R$ 1.000,00 é aplicado do dia 10
ao ano, com capitalização semestral. Qual a taxa anual de junho ao dia 25 do mês seguinte, a uma taxa de juros
efetiva? compostos de 21% ao mês. Usando a convenção linear,
a) 27,75% calcule os juros obtidos, aproximando o resultado em real.
b) 29,50% a) R$ 331,00
c) 30% b) R$ 340,00
d) 32,25% c) R$ 343,00
e) 35% d) R$ 342,00
e) R$ 337,00
11. (AFCE/1992) Um certo tipo de aplicação duplica o valor
da aplicação a cada dois meses. Essa aplicação renderá 19. (AFC/1993) Um título de valor inicial $ 1.000,00, ven‑
700% de juros em cível em um ano com capitalização mensal a uma taxa
a) 5 meses e meio. de juros de 10% ao mês, deverá ser resgatado um mês
b) 6 meses. antes do seu vencimento. Qual o desconto comercial
c) 3 meses e meio. simples à mesma taxa de 10% ao mês?
d) 5 meses. a) $ 313,84
b) $ 285,31
e) 3 meses.
c) $ 281,26
d) $ 259,37
12. (AFC/Esaf/1993) Em quantos meses o juro ultrapassará
e) $ 251,81
o valor do capital aplicado se a taxa de juros for de 24%
ao ano, capitalizados trimestralmente? 20. (AFCE/1995) Para que se obtenha R$ 242,00, ao final de
a) 12 b) 20 c) 24 d) 30 e) 36 seis meses, a uma taxa de juros de 40% a.a., capitalizados
trimestralmente, deve-se investir, hoje, a quantia de
13. (TCDF) Uma empresa solicita um empréstimo ao Banco a) R$ 171,43.
no regime de capitalização composta à taxa efetiva de b) R$ 172,86.
44% ao bimestre. A taxa equivalente composta ao mês c) R$ 190,00.
é de d) R$ 200,00.
a) 12%. b) 20%. c) 22%. d) 24%. e) 26%. e) R$ 220,00.
14. (AFTN/1991) Uma aplicação é realizada no dia primeiro 21. (AFCE/1995) Determinada quantia é investida à taxa de
de um mês, rendendo uma taxa de 1% ao dia útil, com juros compostos de 20% a.a., capitalizados trimestral‑
capitalização diária. Considerando que o referido mês mente. Para que tal quantia seja duplicada, o prazo de
possui 18 dias úteis, no fim do mês o montante será o aplicação, em trimestres, deve ser:
capital inicial aplicado mais a) (log 5 / log 1,05)
a) 20,324%. b) (log 2 / log 1,05)
b) 19,615%. c) (log 5 / log 1,2)
c) 19,196%. d) (log 2 / log 1,2)
d) 18,174%. e) (log 20 / log 1,2)
e) 18,000%.
22. (AFCE/1995) A renda nacional de um país cresceu
15. (AFTN/1996) Uma empresa aplica $ 300 à taxa de juros 110% em um ano, em termos nominais. Nesse mesmo
compostos de 4% ao mês por 10 meses. A taxa que período, a taxa de inflação foi de 100%. O crescimento
mais se aproxima da taxa proporcional mensal dessa da renda real foi, então, de
a) 5%. b) 10%. c) 15%. d) 105%. e) 110%.
operação é
a) 4,60%. d) 5,20%.
23. (CEB/Contador/1994) Se uma aplicação rendeu 38% em
b) 4,40%. e) 4,80%. um mês e, nesse período, a inflação foi de 20%, a taxa
c) 5,00%. real de juros foi de
a) 14%. b) 15%. c) 16%. d) 17%. e) 18%.
16. (AFTN/1998) Indique qual é a taxa de juros anual que é
equivalente à taxa de juros nominal de 8% ao ano, com 24. (Técnico em Contabilidade/1994) Se uma aplicação foi
capitalização semestral. feita a uma taxa de juros de 28,8% em um mês, e se neste
a) 8,20% mês a inflação foi de 15%, a taxa real de juros foi de
b) 8,16% a) 12% a.m.
c) 8,10% b) 13% a.m.
d) 8,05% c) 14% a.m.
e) 8,00% d) 15% a.m.
e) 16% a.m.
17. (AFTN/1985) Uma pessoa aplicou $ 10.000 a juros
compostos de 15% a.a., pelo prazo de 3 anos e 8 me‑ 25. (Banco Central/1994) Um investimento rendeu 68%
ses. Admitindo-se a convenção linear, o montante da em um mês no qual a inflação foi de 40%. O ganho real
aplicação ao final do prazo era de nesse mês foi de
Matemática
a) $ 16.590. a) 20%.
b) $ 16.602. b) 22%.
c) $ 16.698. c) 24%.
d) $ 16.705. d) 26%.
e) $ 16.730. e) 28%.
32
26. (Assistente Administrativo/1994) Um capital foi apli‑ ANÁLISE COMBINATÓRIA
cado por 2 meses à taxa composta racional efetiva de
50% a.m. Nestes dois meses, a inflação foi de 40% no
(COMBINAÇÕES, ARRANJOS E
primeiro mês e de 50% no segundo. PERMUTAÇÕES)
Pode-se concluir que a taxa real de juros neste bimestre
foi de aproximadamente Cinco Princípios de Contagem
a) 7,1%.
b) 8,1%. P1- Princípio Aditivo
c) 9,1%.
d) 10,1%. Se um evento A pode ocorrer de m modos distintos e um
e) 11,1%. outro evento, B, pode ocorrer de n modos distintos, então
a ocorrência de apenas um entre estes eventos, ou A ou B,
27. (AFCE) Uma financeira pretende ganhar 12% a.a. de pode ocorrer de m + n modos distintos.
juros reais em cada financiamento. Supondo que a
inflação anual seja de 2.300%, a financeira, a título de Exemplos:
taxa de juros nominal anual, deverá cobrar
a) 2.358%. 1. Laryssa está visitando uma grande loja que vende
b) 2.588%. livros e CDs. Entre as incontáveis opções que a loja oferece,
c) 2.858%. há somente 5 livros e 6 CDs que despertaram seu interesse.
d) 2.868%. Infelizmente Laryssa levou pouco dinheiro devendo escolher
e) 2.888%. se comprará um dos livros ou se comprará um CD. Assim, de
quantas formas poderá resultar a compra de Laryssa?
28. (AFTN/1985) Um capital de $ 100.000 foi depositado
por um prazo de 4 trimestres à taxa de juros de 10% Solução: Laryssa deverá fazer somente uma escolha:
ao trimestre, com correção monetária trimestral igual à
inflação. Admitamos que as taxas de inflação trimestrais
observadas foram de 10%, 15%, 20% e 25% respecti‑ Ou Laryssa escolhe um Ou Laryssa escolhe um
vamente. A disponibilidade do depositante ao final do dos livros dos CDs
terceiro trimestre é de, aproximadamente: 5 6
+
a) $ 123.065 opções opções
b) $ 153.065
c) $ 202.045 5+6 = 11
d) $ 212.045
e) $ 222.045 Portanto, a compra de Laryssa pode terminar de 11
modos distintos.
29. (AFCE/1992) Deseja-se comprar um bem que custa X
cruzeiros, mas dispõe-se apenas de 1/3 desse valor. 2. Luciana deve escolher se fará certa viagem de trem,
A quantia disponível é, então, aplicada em um Fundo de ônibus ou de avião. Caso ela resolva ir de trem, deverá
de Aplicações Financeiras, à taxa mensal de 26%, en‑ escolher entre 2 opções diferentes de vagões: vagão econô-
quanto que o bem sofre mensalmente um reajuste de mico e vagão turismo. Se, por outro lado Luciana resolver que
20%. Considere as aproximações: log 3 = 0,48; log 105 fará a viagem de ônibus, deverá optar se viajará em ônibus
= 2,021; log 0,54 = – 0,27. leito ou em ônibus comum. Finalmente, no caso de escolher
a via aérea, ela deverá decidir entre três categorias: classe
Assinale a opção correta. econômica, executiva ou primeira classe. Nessas condições de
a) Ao final do primeiro ano de aplicação, o bem poderá quantas maneiras poderá resultar a escolha exata da opção
ser adquirido com o montante obtido. de viagem de Luciana?
b) O número n de meses necessários para o investimen‑
to alcançar o valor do bem é dado pela fórmula: X/3 Solução: Resumindo as opções de Luciana são:
+ n 0,26 X/3 = X + n 0,2X
c) O número mínimo de meses de aplicação necessá‑
Ou Luciana vai - Ou no vagão econômico 2
rios à aquisição do bem será 23.
de trem - Ou no vagão turismo opções
d) Decorridos 10 meses, o montante da aplicação será
40% do valor do bem naquele momento. Ou Luciana vai - Ou de ônibus leito 2
e) O bem jamais poderá ser adquirido com o montante de ônibus - Ou ônibus comum opções
obtido. - Ou na classe econômica
Ou Luciana vai 3
- Ou na classe executiva
de avião opções
GAbarito - Ou na primeira classe
2. d 8. b 14. b 20. d 26. a Dado que Luciana deverá escolher somente uma das
3. d 9. d 15. e 21. b 27. b opções, o total de modos possíveis deverá ser calculado
4. d 10. d 16. b 22. a 28. c usando o Princípio Aditivo:
5. d 11. b 17. e 23. b 29. c
6. b 12. a 18. e 24. a 2+2+3=7
33
Assim, a escolha exata da opção de Luciana para a via‑ Resumindo os cálculos indicados na tabela anterior temos:
gem poderá resultar de 7 maneiras distintas.
3×4×3×2 = 72
P2- Princípio Multiplicativo
Portanto, há 72 modos distintos de se fazer a viagem de
Se um evento A pode ocorrer de m modos distintos e se, ida e volta nas condições dadas.
para cada uma das m possibilidades de ocorrência de A, um
outro evento B pode ocorrer n modos distintos após a ocor‑ 5. Miriam e Flávia vão fazer um lanche e cada uma delas
rência de A, então a ocorrência sucessiva destes dois eventos,
deve escolher um sanduíche, uma bebida e uma sobremesa.
A e B, nesta ordem, pode dar‑se de m×n modos distintos. A lanchonete oferece 6 tipos de sanduíches, 5 tipos de bebidas
e 3 tipos de sobremesas. De quantas maneiras diferentes
Exemplos:
poderá resultar o pedido para o lanche de Miriam e Flávia,
juntas, se elas decidirem que pedirão tudo diferente uma
3. Para se viajar da cidade A para a cidade B existem
da outra?
3 caminhos possíveis. Para se viajar da cidade B para a ci-
dade C existem 4 caminhos possíveis. De quantas maneiras
diferentes alguém poderia viajar da cidade A para a cidade Solução:
C, passando por B?
Pedido para o lanche
Solução: 1º pedido 2º pedido*
Pedido da Flávia e Pedido da Miriam
(Sand) e (Beb) e (Sobr) (Sand) e (Beb) e (Sobr)
6×5×3 × (6−1) × (5−1) × (3−1)
* A pessoa que fizer o pedido depois tem uma opção a menos em
cada escolha dado que elas resolveram pedir tudo diferente uma
da outra.
Para viajar da cidade A para a cidade C passando por B
será necessário cumprir sucessivamente duas etapas: Resumindo os cálculos indicados na tabela acima temos:
34
(2ª) e (3ª) e (4ª) e (5ª) escolhas 1ª escolha Resumindo os cálculos indicados na tabela anterior temos:
(4)×(3) × (2) × (1) opções 2 opções
(centena) e (dezena) e (unidade)
Então, usando o princípio multiplicativo, o número de 4 × 3 × 2
anagramas que terminam por uma vogal é:
4×3×2 = 24 números pares distintos
As quatro primeiras letras e última letra
P4 - Princípio da Exclusão
4×3×2×1 × 2
Se do total de casos possíveis excluirmos todos os casos
24×2 = 48
que não nos interessam o que restará será o total de casos
que nos interessam.
8. Usando somente os números 5, 6, 7, 8 e 9 quantos
números pares de três algarismos distintos podem ser feitos?
Todos os casos Todos os casos Todos os casos
− =
Solução: que existem que não servem que servem
Para montar um número qualquer de três algarismos
devemos escolher: Exemplo:
- o algarismo das centenas,
- o algarismo das dezenas, 9. Quantos são os anagramas da palavra PROVA em que
- o algarismo das unidades. as duas vogais não ocorrem juntas?
35
Exemplos: Total de sequências
Total de modos possíveis possíveis com 3 pessoas
10. Quantos são os anagramas da palavra REPETE? =
para a escolha de um trio Total de permutações
entre as 3 pessoas escolhidas
Solução:
Em cada um dos anagramas da palavra REPETE as letras Total de modos possíveis (5 × 4 × 3)
R, P e T deverão ocorrer uma única vez, enquanto a letra = = 10
para a escolha de um trio (3 × 2 × 1)
E deverá ocorrer exatamente três vezes. Cada um desses
anagramas é, portanto, uma sequência de 6 letras.
10 modos possíveis
Observe, contudo, que a troca das posições entre
duas ou mais letras iguais não deve ser considerada uma P6 - Princípio das Casas de Pombos
vez que não alteraria o anagrama. Assim sendo, o total de
anagramas distintos que se pode obter com as letras da O Princípio da Casas de Pombos, também chamado
palavra REPETE é: de Dirichlet ou Princípio das Gavetas de Dirichlet (devido a
Peter Dirichlet, matemático alemão 1805-1859), pode ser
Total de sequências enunciado assim:
Total de anagramas com 6 letras
= Considere que n objetos sejam colocados em k caixas.
de “REPETE” Total de permutações Se n > k, pelo menos uma caixa conterá mais de 1 objeto.
entre as 3 letras “E”
Veja a ilustração abaixo:
Total de anagramas (6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1)
= = 120
de “REPETE” (3 × 2 × 1)
120 anagramas
Solução:
Cada um dos anagramas da palavra CARRARA é uma
sequência de 7 letras onde a letra C deverá ocorrer uma
única vez, enquanto as letras R e A deverão ocorrer, cada Neste caso, n = 10 e k = 9.
uma, exatamente duas vezes.
Mais uma vez, a troca das posições entre duas letras Generalizando este princípio podemos afirmar que,
iguais não deve ser considerada uma vez que não alteraria o
anagrama. Desse modo, devemos considerar as permutações Considere que n objetos sejam colocados em k caixas.
entre as três letras A e também as permutações entre as três Se n > m⋅k, então pelo menos uma caixa conterá no mínimo
letras R, o que nos leva ao seguinte cálculo para o total de m +1 objetos.
anagramas da palavra CARRARA é:
De fato, isto pode ser percebido considerando que se
todas as k caixas contivessem no máximo m objetos, haveria
Total de sequências
Total de anagramas
com 7 letras
não mais de k⋅m objetos ao todo.
= Mesmo sendo de compreensão bastante elementar,
de “CARRARA” Total de permutações Total de permutações
×
entre as 3 letras “A” entre as 3 letras “R”
o princípio de Dirichlet pode ser empregado na resolução inú‑
meros problemas que, à primeira vista, parecem intratáveis.
Para aplica corretamente o princípio, deve‑se identificar
Total de anagramas (7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1) quem faz o papel dos n objetos e quem faz o papel das k
= = 140
de “CARRARA” (3 × 2 × 1) × (3 × 2 × 1)
casas de pombos no problema dado.
Em cada um dos grupos possíveis percebe‑se que a or‑ nascido no mesmo mês. Portanto, o menor número é 13.
dem das 3 pessoas que acabarão compondo o grupo não é
relevante para o grupo, ou seja, {A, B, C}, {B, A, C}, {C, B, A}, Permutações Simples
etc. representam um mesmo grupo escolhido. Então o total Um caso particular da aplicação do princípio multiplica‑
de modos distintos que pode resultar a escolha indicada é: tivo pode ser enunciado assim:
36
Se n objetos distintos são considerados em uma única O número de arranjos simples de n objetos distintos
fila então o total de filas distintas possíveis usando estes n tomados p a p pode ser obtido pela fórmula:
objetos é denominado total de permutações simples e pode
ser calculado como n!
Anp =
(n − p )!
Pn = n ⋅ (n − 1) ⋅ (n − 2) ⋅ ... ⋅ 1
Exemplo:
O produto acima também é denominado fatorial de Os 12 arranjos simples possíveis dos 4 elementos do
n sendo indicado por n!. Mais adiante veremos um pouco conjunto {A, B, C, D} tomados 2 a 2 são:
mais sobre os fatoriais.
AB BA CA DA
Exemplo:
AC BC CB DB
6. Quantos são os anagramas da palavra PROVA? AD BD CD DC
Se n = 0 então 0! = 1 AB
Se n > 0 então n! = n×(n−1)! AC BC
AD BD CD
Assim, teremos que:
Note que a ordem dos elementos que compõem as
0! = 1 combinações simples é irrelevante, ou seja, AB é o mesmo
que BA assim como BD é o mesmo que DB, CD é o mesmo
1! = 1×0! = 1×1 = 1 que DC etc.
Arranjos Simples AA
AB BB
Considere n objetos distintos. Um arranjo simples desses AC BC CC
n objetos tomados p a p é qualquer fila (sequência) que tenha
exatamente p desses n objetos. AD BD CD DD
37
Assim como nas combinações simples, note que a ordem d) 263×(10×9×8×7)
dos elementos também é irrelevante nas combinações com e) (26×25×24×23)×94
repetição.
O número de combinações com repetição de p ele‑ 6. Observe o esquema abaixo para responder o que se
mentos escolhidos entre n tipos disponíveis pode ser obtido pede:
pela fórmula:
(n + p − 1)!
CR pn C=
= p
n + p −1
p!× (n − 1)!
38
14. Denomina‑se diagonal de um polígono convexo qual‑ c) 226 210
quer segmento com extremidades em dois vértices d) 26! 10!
não consecutivos do polígono. Assim, por exemplo, um e) C26,2 C10,3
quadrado tem apenas duas diagonais distintas enquanto
um triângulo não possui diagonais. O número total de 20. (Fisc.Trab./98) Três rapazes e duas moças vão ao cinema
diagonais distintas de um polígono convexo com dez e desejam sentar‑se, os cinco, lado a lado, na mesma
lados é: fila. O número de maneiras pelas quais eles podem
a) 35 distribuir‑se nos assentos de modo que as duas moças
b) 45 fiquem juntas, uma ao lado da outra, é igual a:
c) 70 a) 2
d) 90 b) 4
e) 95 c) 24
d) 48
15. João e Maria fazem parte de um grupo de 15 pessoas. e) 120
De quantas maneiras é possível formar um grupo de 5
pessoas, escolhidas dentre estas 15, se João e Maria 21. (Gestor‑MPOG/2000) O número de maneiras diferentes
devem necessariamente fazer parte dele? que 3 rapazes e 2 moças podem sentar‑se em uma mes‑
a) 628 ma fila de modo que somente as moças fiquem todas
b) 268 juntas é igual a:
c) 286 a) 6 b) 12 c) 24 d) 36 e) 48
d) 826
e) 862 22. (AFC‑SFC/2000) Se o conjunto X tem 45 subconjuntos
de 2 elementos, então o número de elementos de X é
16. João e Maria fazem parte de um grupo de 15 pessoas. igual a:
De quantas maneiras é possível formar um grupo de 5 a) 10
pessoas, escolhidas dentre estas 15, de modo que João b) 20
e Maria não façam parte dele? c) 35
a) 1.278 d) 45
e) 90
b) 1.287
c) 1.728
23. (AFC/2002) Na Mega‑Sena são sorteadas seis dezenas
d) 1.782
de um conjunto de 60 possíveis (as dezenas sorteáveis
e) 1.872
são 01, 02, ..., 60). Uma aposta simples (ou aposta mí‑
nima), na Mega‑Sena, consiste em escolher 6 dezenas.
17. Numa pequena lanchonete 8 jovens pedem seus san‑ Pedro sonhou que as seis dezenas que serão sorteadas
duíches (um para cada jovem). O garçom que anotou os no próximo concurso da Mega‑Sena estarão entre as
pedidos perdeu a papeleta, mas lembra que havia no seguintes: 01, 02, 05, 10, 18, 32, 35, 45. O número
pedido pelo menos um sanduíche de cada um dos qua‑ mínimo de apostas simples para o próximo concurso
tro únicos tipos que a lanchonete oferecia. De quantas da Mega‑Sena que Pedro deve fazer para ter certeza
maneiras diferentes poderia ter resultado o pedido dos matemática que será um dos ganhadores caso o seu
oito jovens? sonho esteja correto é:
a) 85 a) 8
b) 50 b) 28
c) 45 c) 40
d) 40 d) 60
e) 35 e) 84
18. Quantos números com três algarismos distintos e maio‑ 24. (MPU/Analista‑Adm/2004) Quatro casais compram
res que 0 têm o algarismo das centenas maior que o das ingressos para oito lugares contíguos em uma fila no
dezenas? teatro. O número de diferentes maneiras em que podem
a) 252 sentar‑se de modo que:
b) 448 a) homens e mulheres sentem‑se em lugares alterna‑
c) 484 dos; e que
d) 504 b) todos os homens sentem‑se juntos e todas as mu‑
e) 522 lheres sentem‑se juntas, é, respectivamente,
a) 1.112 e 1.152
19. (AFCE/TCU/1999) A senha para um programa de com‑ b) 1.152 e 1.100
putador consiste em uma sequência LLNNN, onde “L” c) 1.152 e 1.152
representa uma letra qualquer do alfabeto normal de d) 384 e 1.112
26 letras e “N” é um algarismo de 0 a 9. Tanto letras e) 112 e 384
como algarismos podem ou não ser repetidos, mas é
essencial que as letras sejam introduzidas em primeiro 25. (MRE‑Ofic.Chanc./2002) Chico, Caio e Caco vão ao teatro
lugar, antes dos algarismos. Sabendo que o programa com suas amigas Biba e Beti, e desejam sentar‑se, os cin‑
Matemática
não faz distinção entre letras maiúsculas e minúsculas, co, lado a lado, na mesma fila. O número de maneiras
o número total de diferentes senhas possíveis é dado pelas quais eles podem distribuir‑se nos assentos de
por: modo que Chico e Beti fiquem sempre juntos, um ao
a) 226 310 lado do outro, é igual a:
b) 262 103 a) 16 b) 24 c) 32 d) 46 e) 48
39
26. (AFTN/1998) Uma empresa possui 20 funcionários, dos 32. Laryssa quer encomendar 4 pizzas grandes não necessa‑
quais 10 são homens e 10 são mulheres. Desse modo, riamente de sabores diferentes, e pretende escolhê‑las
o número de comissões de 5 pessoas que se pode formar entre seu quatro sabores preferidos: portuguesa, mozza-
com 3 homens e 2 mulheres é: rela, napolitana e calabresa. Cada duas pizzas grandes
a) 5400 dá direito a uma garrafa de refrigerante grátis, havendo
b) 165 5 sabores diferentes para escolher: cola, limão, laranja,
c) 1650 guaraná e uva. Se Laryssa encomendar as quatro pizzas,
d) 5830 como descrito acima, escolhendo as garrafas de refri‑
e) 5600 gerante não necessariamente de sabores diferentes, de
quantos modos distintos poderá resultar o pedido?
a) 30
27. (TFC/1997) Uma empresa do setor têxtil possui 10
b) 40
funcionários que têm curso superior em Administração c) 80
de Empresas. O diretor de recursos humanos recebeu d) 132
a incumbência de escolher, entre esses 10 funcionários, e) 700
um gerente financeiro, um gerente de produção e um
analista de mercado. Como todos os 10 funcionários 33. Preocupado com a segurança, o Sr. Xavier, responsável
são pessoas capazes para desempenhar essas funções, pelos originais das provas de um concurso, pediu ao
então as diferentes maneiras que o diretor de recursos chefe da manutenção, Sr. Magaiver, que instalasse, na
humanos pode escolhê‑los é igual a: única porta de acesso à sala onde são guardados os
a) 720 originais das provas, um cadeado de segredo que só
b) 740 abrisse com um código sequencial de quatro dígitos
c) 820 distintos. Depois de muito procurar, Magaiver explicou
d) 920 ao Sr. Xavier que não conseguiu encontrar o tal cadeado
e) 1040 mas que resolveria o problema instalando dois cadeados
com códigos sequenciais de três dígitos distintos cada
28. (Mare/1998) Para entrar na sala da diretoria de uma um.
empresa é preciso abrir dois cadeados. Cada cadeado é Considerando que os dígitos que compõem um código
aberto por meio de uma senha. Cada senha é constituída qualquer são os dígitos decimais de 0 a 9 e que os dois
por 3 algarismos distintos. Nessas condições, o número cadeados que o Sr. Magaiver ofereceu não precisam ter,
máximo de tentativas para abrir os cadeados é: necessariamente, códigos diferentes, julgue as afirma‑
tivas seguintes.
a) 518 400
I – Caso se o Sr. Xavier concorde com a instalação dos
b) 1 440 dois cadeados com códigos sequenciais de três dígitos
c) 720 cada, então o número máximo de tentativas que alguém
d) 120 precisaria fazer para abrir ambos os cadeados sem co‑
e) 54 nhecer seus códigos é igual a 1.440.
II – Se o Sr. Magaiver conseguisse encontrar um cadeado
29. Quantos são os anagramas da palavra ACEITOU nos quais com código sequencial de quatro dígitos distintos, então
as vogais aparecem todas em ordem alfabética mas não o número máximo de tentativas que alguém precisaria
necessariamente juntas? fazer para abrir este cadeado sem conhecer seu código
a) 5.040 seria 5.040.
b) 1.440 III – Se o Sr. Magaiver instalar os dois cadeados com có‑
c) 720 digos sequenciais de três dígitos distintos sendo que um
d) 120 deles tenha só dígitos ímpares enquanto o outro tenha
e) 42 só dígitos pares, então o número máximo de tentativas
que alguém – que saiba disso mas que não consiga dis‑
30. Quantos são os anagramas da palavra ARREPIOU nos tinguir os cadeados e não saiba os códigos – precisaria
quais as cinco vogais aparecem em ordem alfabética fazer para abrir os dois cadeados é 180.
mas não necessariamente juntas?
a) 40.320 Assinale a alternativa correta.
a) nenhuma das três afirmativas está correta.
b) 5.040
b) somente I e II estão corretas.
c) 720
c) somente I e III estão corretas.
d) 168 d) somente II e III estão corretas.
e) 42 e) todas as três afirmativas estão corretas.
31. De quantas maneiras diferentes Luciana pode encomen‑ 34. Uma floresta tem 1.000.000 de árvores. Nenhuma árvore
dar três pizzas grandes, não necessariamente de sabores tem mais de 300.000 folhas. Pode‑se concluir que:
diferentes, se escolhê‑las entre seu quatro sabores pre‑ a) duas árvores quaisquer nunca terão o mesmo número
feridos, portuguesa, mozzarela, napolitana e calabresa, de folhas;
e sabendo que a pizzaria não prepara pizzas de sabores b) há pelo menos uma árvore com uma só folha;
mistos como metade napolitana e metade calabresa? c) existem pelo menos quatro árvores com um mesmo
Matemática
a) 4 número de folhas;
b) 6 d) pode haver nesta floresta somente duas árvores com
c) 20 um mesmo número de folhas;
d) 24 e) o número total de folhas na floresta pode ser maior
e) 64 que 1012.
40
35. Numa biblioteca há 2.500 livros. Qualquer livro desta Probabilidades
biblioteca tem sempre mais de 10 e menos de 500
páginas. Pode‑se afirmar que:
a) pode haver nesta biblioteca somente três livros que
Experimentos Aleatórios
tenham o mesmo número de páginas;
b) existem no mínimo seis livros com o mesmo número Experimentos aleatórios são aqueles que, mesmo
de páginas; quando repetidos em idênticas condições, podem produzir
c) existem no máximo seis livros com o mesmo número resultados diferentes.
de páginas; As variações de resultado são atribuídas a uma multipli‑
d) existe pelo menos um livro com exatamente 152 cidade de causas que não podem ser controladas às quais,
páginas; em conjunto, chamamos de acaso.
e) o número total de páginas é inferior a 900.000.
Exemplos:
36. Márcio veste‑se apressadamente para um encontro a) O resultado do lançamento de uma moeda (cara ou
muito importante. Pouco antes de pegar as meias na coroa).
gaveta, falta luz. Ele calcula que tenha 13 pares de meias b) A soma dos números encontrados no lançamento
brancas, 11 pares de meias cinzas, 17 pares de meias de dois dados.
azuis e 7 pares de meias pretas. Como elas estão todas c) A escolha, ao acaso, de 20 peças retiradas de um lote
misturadas ele resolve pegar um certo número de meias que contenha 180 peças perfeitas e 15 peças defeituosas.
no escuro e, chegando ao carro, escolher duas que te‑ d) O resultado do sorteio de uma carta de um baralho
nham cor igual para vestir. Qual é o menor número de com 52 cartas.
meias que Márcio poderá pegar para ter certeza de que
pelo menos duas são da mesma cor?
a) 12
Espaço Amostral (S)
b) 10
c) 8 Embora não se possa determinar exatamente o resulta‑
d) 6 do de um experimento aleatório, frequentemente é possível
e) 5 descrever o conjunto de todos os resultados possíveis para o
experimento. Esse conjunto é chamado de espaço amostral
37. Márcia preparava‑se para um baile muito importante. ou conjunto universo do experimento aleatório.
Como fazia muito frio naquela noite, Márcia resolveu
que vestiria luvas que, aliás, ela adora. Pouco antes Exemplos:
de pegar as luvas na gaveta, falta luz. Márcia sabe que a) Lançar uma moeda e observar a face superior:
tem 3 pares de luvas brancas, 5 pares de luvas de cor S = { cara, coroa }
cinza, e 7 pares de luvas pretas. Como elas estão todas b) Lançar dois dados e observar a soma dos números
misturadas ela resolve pegar algumas luvas no escuro das faces superiores:
e, ao sair, escolher um par da mesma cor para vestir. Em S = { 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 }
todos os casos as luvas de mesma cor são todas iguais c) Extrair ao acaso uma bola de uma urna que contém 3
entre si, exceto pelo fato de que, evidentemente, a luva bolas vermelhas (V), 2 bolas amarelas (A) e 6 bolas brancas
feita para a mão esquerda não serve na mão direita e (B), e observar a cor:
vice‑versa. Qual é o menor número de luvas que Márcia
S = { V, A, B }
poderá pegar para ter certeza de que entre elas haverá
pelo menos um par de luvas da mesma cor? Frequentemente, é possível descrevermos o espaço
a) 16 amostral de um experimento aleatório de mais de uma
b) 15 maneira.
c) 8
d) 7 Evento
e) 4
Evento é qualquer um dos subconjuntos possíveis de
GABARITO um espaço amostral. É costume indicarmos os eventos por
letras maiúsculas do alfabeto latino: A, B, C, ...., Z.
Pode-se demonstrar que se um espaço amostral tiver n
1. a 16. b 31. c elementos, então existirão 2n eventos distintos associados
2. e 17. e 32. e a ele.
3. e 18. a 33. e
4. a 19. b 34. c Exemplo:
5. b 20. d 35. b O espaço amostral associado ao lançamento de uma
6. d 21. c 36. e moeda é S = {cara, coroa}. Como esse espaço amostral tem
7. d 22. a 37. a dois elementos, existirão 22 = 4 eventos associados a ele:
8. b 23. b ∅, {cara}, {coroa}, {cara, coroa}. Observe que o primeiro e o
9. a 24. c último eventos indicados são, respectivamente, o conjunto
10. c 25. e vazio e o próprio espaço amostral.
Matemática
11. d 26. a
12. c 27. a Evento Elementar
13. d 28. a
14. a 29. e Um evento é chamado elementar sempre que possuir
15. c 30. e um único elemento (conjunto unitário).
41
Evento Certo I. 0 ≤ pi ≤ 1 para todo i.
Evento certo é aquele que compreende todos os ele‑ II. Σ (pi) = p1 + p2 + ....+ pn = 1.
mentos do espaço amostral.
Se A é um evento certo, então A = S. Dizemos que os números p1 , p2 , .... pn definem uma
distribuição de probabilidades sobre S.
Evento Impossível De fato, procuramos sempre definir cada uma das
probabilidades pi de modo que coincidam com o limite a
Evento impossível é aquele que não possui elementos.
que tenderia a frequência relativa (fr) de cada elemento
Se A é um evento impossível, então A = ∅.
correspondente, ei, quando o número de repetições do
Ocorrência de um Evento experimento crescesse ilimitadamente.
Numa amostra, as frequências relativas representam
Dizemos que um evento A ocorre se, e somente se, ao estimativas de probabilidades.
realizarmos o experimento aleatório, o resultado obtido
pertencer ao conjunto A. Caso contrário, dizemos que o Probabilidade de um Evento
evento A não ocorre.
Seja A um evento qualquer de S , define-se a pro
Evento União babilidade do evento A, e indica-se P(A), da seguinte forma:
Dados dois eventos, A e B de um mesmo espaço amos‑
I. Se A = ∅, então P(A) = 0.
tral, então A ∪ B (lê-se “A união B” ou ainda “A ou B”) tam‑
bém será um evento, chamado evento união, e ocorrerá
se, e somente se, II. Se A ≠ ∅, então P(A) = P(e1) + P(e2) + .... + P(ei), para
todo ei ∈ A.
A ocorrer
ou Exemplo:
B ocorrer Seja S = {e1 , e2 , e3 , e4} um espaço amostral com a
ou seguinte distribuição de probabilidades: p1 = 0,2; p2 = 0,3;
ambos ocorrerem. p3 = 0,1 e p4 = 0,4. Nestas condições, qual será a probabilidade
de ocorrência do evento A={ e1 , e3 }?
Evento Intersecção
Solução:
Dados dois eventos, A e B, então A ∩ B (lê-se “A interse- P(A) = P(e1 ) + P(e3 )
ção B” ou ainda “A e B”) também será um evento, chamado
evento interseção, e ocorrerá se, e somente se, P(A) = 0,2 + 0,1
A e B ocorrerem simultaneamente.
P(A) = 0,3
Eventos Mutuamente Exclusivos
Espaço Amostral Equiprovável
Se A e B são dois eventos tais que A ∩ B = ∅, então A e
B são chamados eventos mutuamente exclusivos.
Esta denominação decorre do fato de que uma vez que Dizemos que um espaço amostral S = {e1 , e2 , e3 , .... , en}
a interseção de A com B seja vazia não será possível que é equiprovável se a ele estiver associada uma distribuição
ocorram ambos simultaneamente, isto é, a ocorrência de um de probabilidades tal que:
deles exclui a possibilidade de ocorrência do outro.
p1 = p2 = p3 ....= pn
Evento Complementar
Normalmente, decidimos que um espaço amostral é
Dado um evento A, então A (lê-se “complemento de A” equiprovável a partir da observação de certas características
ou “não-A”) também será um evento, chamado evento com- do experimento.
plementar de A, e ocorrerá se, e somente se, A não ocorrer.
O conjunto A compreende todos os elementos de S que Exemplos:
não pertencem ao conjunto A:
1. O lançamento de um dado com a observação do
número da face superior é descrito por um espaço amostral
A= S–A equiprovável.
Distribuição de Probabilidades Empíricas 2. Já o lançamento de dois dados com observação
da soma dos números das faces superiores pode ser
Consideremos um espaço amostral com n elementos: descrito por um espaço amostral não equiprovável,
S = { 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 }, pois a probabilidade
Matemática
S = {e1 , e2 , e3 , ... , en} de que a soma seja 7 é maior do que a probabilidade de que
a soma seja 12, por exemplo.
A cada um dos eventos elementares { ei } de S será as‑ Sempre que possível, devemos procurar descrever os ex‑
sociado um número, pi, chamado probabilidade do evento perimentos aleatórios por espaços amostrais equiprováveis,
{ ei }, satisfazendo as seguintes condições: pois isso facilita a análise de diversos problemas.
42
Probabilidade de um Evento num Espaço Amostral Equi- 2
provável
P( A ∩ B) 6 2
P( A / B) = = =
Se S = {e1 , e2 , e3 , .... , en} é um espaço amostral equipro‑ P( B) 3 3
vável e A é um evento qualquer de S, então a probabilidade 6
de ocorrência de A será:
Eventos Independentes
n ° de elementos de A
P(A) =
n ° de elementos de S Se a probabilidade de ocorrência de um evento A não é
alterada pela ocorrência de outro evento B, dizemos que A
e B são eventos independentes.
Na prática, contamos o número de elementos de A como
o número de casos favoráveis ao evento A e contamos o nú‑ P(A/B) = P(A) ⇔ A e B são independentes.
mero de elementos de S como o número de casos possíveis.
Se A e B são eventos independentes, então a probabili‑
Exemplo: dade de ocorrência de A e B será:
Um dado é lançado e observamos o número na face
superior do mesmo. Qual é a probabilidade de o número P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)
obtido ser par?
Esta última igualdade também é usada para verificarmos
Solução: a independência de dois eventos.
Espaço amostral: S = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }
Evento: Ocorrência de um número par = { 2, 4, 6 } Exemplos:
1. Considere o espaço amostral S = { 1, 2, 3, 4 }
n ° de casos favoráveis 3 e os eventos A={2, 3} e B={3, 4}. Mostre que os eventos A e
P(A) = = = 0,5 B são independentes.
n ° de casos p ossíveis 6 ou seja: 50%.
Solução:
Propriedades das Probabilidades Se A e B são independentes, então:
43
Teorema de Bayes 5. Dois dados são lançados sobre uma mesa. A probabi‑
lidade de ambos mostrarem números ímpares na face
Sejam A1, A2, A3, ...., An , n eventos mutuamente exclusivo superior é:
tais que sua união seja S. a) 1/2 b) 1/3 c) 1/4 d) 1/5
A1∪A2∪A3 ... ∪An = S 6. Num jogo com um dado, o jogador X ganha se tirar, no
seu lance, um número maior ou igual ao conseguido
Se B é um evento qualquer de S, nas condições acima, pelo jogador Y. A probabilidade de X ganhar é:
então pode-se calcular a probabilidade condicional de Ai a) 1/2 b) 2/3 c) 7/12 d) 19/36
dado B como:
7. Um dado é lançado e o número da face superior é ob‑
P ( Ai ∩ B ) P ( Ai ∩ B ) servado. Se o resultado for par, a probabilidade dele ser
P( Ai / B ) = = maior ou igual a 5 é de:
P( B) P ( A1 ∩ B ) + P ( A2 ∩ B ) + ....+ P ( An ∩ B )
a) 1/2 b) 1/3 c) 1/4 d) 1/5
P(II∩V) = P( II ) ⋅ P( V / II) = = 1/2 ⋅ 1/5 = 1/10 10. Qual é a probabilidade de ocorrência de não‑A , isto é,
a probabilidade de ocorrência de algo que não seja o
evento A ?
V = { a bola retirada é vermelha },
a) 5/12 b) 1/2 c) 7/12 d) 2/3
P(V) = P(I∩V) + P(II∩V) =3/10 + 1/10 = 2/5
11. Qual a probabilidade de ocorrência de A dado que B
3 3 tenha ocorrido?
P(I ∩ V) 10 3 a) 1/2 b) 7/12 c) 2/3 e) 3/4
P(I=
/ V) = 10
= =
P(V) 3 1 4 4
+ 10 12. Qual a probabilidade de que ocorra A, mas não ocorra B?
10 10 a) 1/4 b) 1/3 c) 1/12 e) 1/2
A probabilidade de que a caixa escolhida tenha sido a I 13. Uma urna I contém 2 bolas vermelhas e 3 bolas brancas
é igual a 3/4 = 75%. e outra, II, contém 4 bolas vermelhas e 5 bolas brancas.
Sorteia‑se uma urna e dela retira‑se, ao acaso, uma bola.
Exercícios PROPOSTOS Qual é a probabilidade de que a bola seja vermelha e
tenha vindo da urna I ?
a) 1/3 b) 1/5 c) 1/9 d) 1/14
1. Uma urna contém 50 bolinhas numeradas de 1 a 50.
Sorteando‑se uma delas, a probabilidade de que o nú‑
14. Considere 3 urnas, contendo bolas vermelhas e brancas
mero dela seja um múltiplo de 8 é:
com a seguinte distribuição:
a) 3/25 b) 7/50 c) 1/10 d) 8/50
Urna I: 2 vermelhas e 3 brancas
Urna II: 3 vermelhas e 1 branca
2. Uma urna contém 20 bolinhas numeradas de 1 a 20. Urna III: 4 vermelhas e 2 brancas
Sorteando‑se uma bolinha desta urna, a probabilidade
de que o número da bolinha sorteada seja múltiplo de Uma urna é sorteada e dela é extraída uma bola ao
2 ou de 5 é: acaso. A probabilidade de que a bola seja vermelha é
a) 13/20 b) 4/5 c) 7/10 d) 3/5 igual a:
a) 109/180
3. Jogando‑se ao mesmo tempo 2 dados honestos, a pro‑ b) 1/135
babilidade de a soma dos pontos ser igual a 5 é: c) 9/15
a) 1/9 b) 1/12 c) 1/18 d) 1/36 d) 3/5
Matemática
4. Jogando‑se ao mesmo tempo dois dados honestos, 15. Existem três caixas idênticas. A primeira contém duas
a probabilidade de o produto dos pontos ser igual a 12 moedas de ouro, a segunda contém uma moeda de ouro
é de: e uma de prata, e a terceira, duas moedas de prata.
a) 1/3 b) 1/6 c) 1/9 d) 1/12 Uma caixa é selecionada ao acaso e dela uma moeda
44
é sorteada. Se a moeda sorteada é de ouro, então pro‑ 22. (MRE/Oficial de Chancelaria/2002) Em um grupo de
babilidade de que a outra moeda da caixa selecionada cinco crianças, duas delas não podem comer doces. Duas
também seja de ouro é de: caixas de doces serão sorteadas para duas diferentes
a) 1/2 b) 1/3 c) 2/3 d) 1/5 crianças desse grupo (uma caixa para cada uma das
duas crianças). A probabilidade de que as duas caixas de
16. Numa equipe com três estudantes, A, B e C, estima‑se doces sejam sorteadas exatamente para duas crianças
que a probabilidade de que A responda corretamente que podem comer doces é:
uma certa pergunta é igual a 40%, a probabilidade de a) 0,10 b) 0,20 c) 0,25 d) 0,30 e) 0,60
B fazer o mesmo é 20%, enquanto a probabilidade de
êxito de C, na a mesma tarefa, é de 60%. Um destes estu‑ 23. (MPOG/Espec.Pol. Públ. e Gest. Gov./2002) Um juiz de
dantes é escolhido ao acaso para responder à pergunta. futebol possui três cartões no bolso. Um é todo amarelo,
Qual a probabilidade de que a resposta esteja correta? o outro é todo vermelho e o terceiro é vermelho de um
a) 20% b) 30% c) 40% d) 50% lado e amarelo do outro. Num determinado jogo, o juiz
retira, ao acaso, um cartão do bolso e mostra, também
17. No problema anterior, considere que a pergunta foi ao acaso, uma face do cartão a um jogador. Assim, a pro‑
feita a um dos três estudantes e este a respondeu cor‑ babilidade de a face que o juiz vê ser vermelha e de a
outra face, mostrada ao jogador, ser amarela é igual a:
retamente. Qual é a probabilidade de que a resposta do
a) 1/6
estudante tenha sido B?
b) 1/3
a) 25%
c) 2/3
b) 33,3%
d) 4/5
c) 40% e) 5/6
d) 16,7%
24. (Esaf/Fiscal do Trabalho/1998) De um grupo de 200
18. (MPU/Técnico Administrativo/2004) Carlos sabe que estudantes, 80 estão matriculados em Francês, 110
Ana e Beatriz estão viajando pela Europa. Com as in‑ em Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês
formações que dispõe, ele estima corretamente que a nem em Francês. Seleciona‑se, ao acaso, um dos 200
probabilidade de Ana estar hoje em Paris é 3/7, que a estudantes. A probabilidade de que o estudante sele‑
probabilidade de Beatriz estar hoje em Paris é 2/7, e que cionado esteja matriculado em pelo menos uma dessas
a probabilidade de ambas, Ana e Beatriz, estarem hoje disciplinas (isto é, em Inglês ou em Francês) é igual a:
em Paris é 1/7. Carlos, então, recebe um telefonema a) 30/200
de Ana informando que ela está hoje em Paris. Com a b) 130/200
informação recebida pelo telefonema de Ana, Carlos c) 150/200
agora estima corretamente que a probabilidade de d) 160/200
Beatriz também estar hoje em Paris é igual a e) 190/200
a) 1/7. b) 1/3. c) 2/3. d) 5/7. e) 4/7.
25. (TCU/AFCE/1999) Um dado viciado, cuja probabilidade de
19. (MPU/Técnico de Controle/2004) Os registros mostram se obter um número par é 3/5, é lançado juntamente com
que a probabilidade de um vendedor fazer uma venda uma moeda não viciada. Assim, a probabilidade de se obter
em uma visita a um cliente potencial é 0,4. Supondo que um número ímpar no dado ou coroa na moeda é:
as decisões de compra dos clientes são eventos indepen‑ a) 1/5
dentes, então, a probabilidade de que o vendedor faça b) 3/10
no mínimo uma venda em três visitas é igual a: c) 2/5
a) 0,624. b) 0,064. c) 0,216. d) 0,568. e)0,784. d) 3/5
e) 7/10
20. (MPU/Técnico de Controle/2004) André está realizando
26. (Esaf/Fiscal do Trabalho/1998) De um grupo de 200
um teste de múltipla escolha, em que cada questão apre‑
estudantes, 80 estão matriculados em Francês, 110 em
senta 5 alternativas, sendo uma e apenas uma correta.
Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês nem
Se André sabe resolver a questão, ele marca a resposta
em Francês. Seleciona‑se, ao acaso, um dos 200 estu‑
certa. Se ele não sabe, ele marca aleatoriamente uma dantes. A probabilidade de que o estudante selecionado
das alternativas. André sabe 60% das questões do tes‑ não esteja matriculado em Inglês é igual a:
te. Então, a probabilidade de ele acertar uma questão a) 0,25
qualquer do teste (isto é, de uma questão escolhida ao b) 0,30
acaso) é igual a: c) 0,35
a) 0,62. b) 0,60. c) 0,68. d) 0,80. e) 0,56. d) 0,40
e) 0,45
21. (MPU/Técnico de Controle/2004) Quando Lígia para
em um posto de gasolina, a probabilidade de ela pedir 27. (MPOG/Analista/2000) A probabilidade de ocorrer cara
para verificar o nível de óleo é 0,28; a probabilidade de no lançamento de uma moeda viciada é igual a 2/3. Se
ela pedir para verificar a pressão dos pneus é 0,11 e a ocorrer cara, seleciona‑se aleatoriamente um número
probabilidade de ela pedir para verificar ambos, óleo e X do intervalo {X ∈ Ν 1 ≤ X ≤ 3}; se ocorrer coroa,
Matemática
pneus, é 0,04. Portanto, a probabilidade de Lígia parar seleciona‑se aleatoriamente um número Y do intervalo
em um posto de gasolina e não pedir nem para verificar {Y ∈ Ν 1 ≤ Y ≤ 4}, onde Ν representa o conjunto dos
o nível de óleo e nem para verificar a pressão dos pneus números naturais. Assim, a probabilidade de ocorrer um
é igual a: número par é igual a:
a) 0,25. b) 0,35. c) 0,45. d) 0,15. e) 0,65. a) 7/18 b) 1/2 c) 3/7 d) 1/27 e) 2/9
45
28. (AFC/2002) Em uma sala de aula estão 10 crianças sendo b) 0,27
6 meninas e 4 meninos. Três das crianças são sorteadas c) 0,30
para participarem de um jogo. A probabilidade de as três d) 0,45
crianças sorteadas serem do mesmo sexo é: e) 0,50
a) 15%
b) 20% 31. (AFTN/1998) Em uma cidade, 10% das pessoas possuem
c) 25% carro importado. Dez pessoas dessa cidade são selecio‑
d) 30% nadas, ao acaso e com reposição. A probabilidade de
e) 35% que exatamente 7 das pessoas selecionadas possuam
carro importado é:
29. (Serpro/2001) Há apenas dois modos, mutuamente a) (0,1)7 (0,9)3
excludentes, de Ana ir para o trabalho: ou de carro ou de b) (0,1)3 (0,9)7
metrô. A probabilidade de Ana ir de carro é de 60% e de ir c) 120 (0,1)7 (0,9)3
de metrô é de 40%. Quando ela vai de carro, a probabilida‑ d) 120 (0,1) (0,9)7
de de chegar atrasada é de 5%. Quando ela vai de metrô e) 120 (0,1)7 (0,9)
a probabilidade de chegar atrasada é de 17,5%. Em um
dado dia, escolhido aleatoriamente, verificou‑se que Ana
chegou atrasada ao seu local de trabalho. A probabilidade Gabarito
de ela ter ido de carro nesse dia é:
a) 10% 1. a 13. b 25. e
b) 30%
2. d 14. a 26. e
c) 40%
d) 70% 3. a 15. c 27. a
e) 82,5% 4. c 16. c 28. b
5. c 17. d 29. b
30. (TFC/1997) A probabilidade de Agenor ser aprovado 6. c 18. b 30. b
no vestibular para o curso de Medicina é igual a 30%. 7. b 19. e 31. c
A probabilidade de Bento ser aprovado no vestibular 8. d 20. c
para o curso de Engenharia é igual a 10%. Saben‑ 9. c 21. e
do‑se que os resultados dos respectivos exames são 10. d 22. d
independentes, então a probabilidade de apenas Agenor 11. a 23. a
ser aprovado no vestibular para o curso de Medicina é:
12. c 24. d
a) 0,10
Matemática
46
PMPE
SUMÁRIO
Geografia
Aspectos físicos
Clima. Vegetação. Relevo. Hidrografia................................................................................................................................ 4
Olinda
Mapa com a divisão das Microrregiões do estado.
População estimada 2015 389.494
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_
População 2010 377.779 microrregi%C3%B5es_de_Pernambuco
Área da unidade territorial (km²) 41,681
Densidade demográfica (hab/km²) 9.063,58 Por último, existem os municípios, que são circunscri-
ções territoriais que possuem relativa autonomia e concen-
Fonte: IBGE tram um poder político local, cujo sistema funciona com
dois poderes, sendo o executivo a Prefeitura, o legislativo
Formação Territorial de Pernambuco a Câmara de Vereadores. Ao total, Pernambuco é dividido
185 municípios, tornando a décima primeira unidade da fe-
Geografia
Pernambuco está separado em subdivisões geográficas deração com o maior número de municípios. Alguns destes
denominadas mesorregiões e microrregiões, e em subdivi- municípios formam uma conurbação. Oficialmente existem
sões administrativas denominadas municípios. em Pernambuco uma região metropolitana, a do Recife, e
As mesorregiões compreendem as grandes regiões do uma região integrada de desenvolvimento econômico, o Polo
estado, que congregam diversos municípios de uma área Petrolina e Juazeiro.
3
Região de Desenvolvimento: Agreste Central A Zona da Mata é marcada por formações onduladas,
Municípios: Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Gua- caracterizadas como “domínio dos mares-de-morro”. É lá,
biraba, Belo Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo da Madre de inclusive, que na transição com o Agreste é localizada a Serra
Deus, Cachoeirinha, Camocim de São Felix, Caruaru, Cupira, das Russas que, na verdade, é a borda ocidental do Planalto
Gravatá, Ibirajuba, Jatáuba, Lagoa dos Gatos, Panelas, Pes- da Borborema, que corta alguns estados da Região Nordeste.
queira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Sanharó, São Bento O Agreste localiza-se sobre este planalto, sua altitude média
do Una, São Caitano, São Joaquim do Monte, Tacaimbó. é de 400m, podendo passar dos 1000m nos pontos mais
elevados. A estrutura geológica predominante é a cristalina,
Região de Desenvolvimento: Agreste Meridional sendo responsável, junto com o clima semiárido, por forma-
Municípios: Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Bre- ções abruptas (pedimentos e pediplanos).
jao, Buíque, Caetés, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Cor-
rentes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucatí, Jupi, Jurema, Lagoa
Relevo
do Ouro, Lajedo, Palmeirina, Paranatama, Pedra, Saloá, São
O relevo é moderado: 76% do território estão abaixo dos
João, Terezinha, Tupanatinga, Venturosa.
600m. É formado basicamente por três unidades geoambien-
Região de Desenvolvimento: Agreste Setentrional tais: Baixada litorânea, Planalto da Borborema e Depressão
Municípios: Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Sertaneja. O litoral é uma grande planície sedimentar, quase
Frei Miguelinho, João Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobo, que em sua totalidade ao nível do mar, tendo alguns pontos
Passira, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria abaixo do nível do mar. Nessas planícies estão as principais
do Cambuca, São Vicente Férrer, Surubim, Taquaritinga do cidades do estado, como Recife e Jaboatão dos Guararapes.
Norte, Toritama, Vertente do Lério, Vertentes. No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao
Rio São Francisco formando, em relação ao Planalto da Bor-
Região de Desenvolvimento: Mata Norte borema, uma área de depressão relativa. As formações ge-
Municípios: Aliança, Buenos Aires, Camutanga, Carpina, omorfológicas predominantes são os inselbergues, serras e
Chã de Alegria, Condado, Ferreiros, Glória do Goitá, Goiana, chapadas, estas últimas aparecendo em áreas sedimentares.
Itambé, Itaquitinga, Lagoa do Carro, Lagoa de Itaenga, Maca- Na Microrregião do Pajeú, próximo ao Município de Triunfo,
parana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém, localiza-se o Pico do Papagaio com 1.260 metros, no limite
Vicência. com o sudoeste da Paraíba.
4
ser do tipo arbóreo, com espécies como a (baraúna), ou petroquímico, biotecnológico, farmacêutico, de informática,
arbustivo representado, entre outras espécies pelo (xique- naval e automotivo, que estão dando novo impulso à econo-
-xique) e o (mandacaru). mia do estado, que vem crescendo acima da média nacional.
O cerrado caracteriza-se por uma vegetação formada Além da importância crescente do setor de informática (o
por árvores tortuosas, esparsas, intercaladas por um manto Porto Digital é o maior parque tecnológico do Brasil), do setor
inferior de gramíneas. Em Pernambuco, os cerrados surgi- terciário – sobretudo das atividades turísticas –, e do setor
ram sobre as áreas arenosas dos Tabuleiros do Município de industrial em torno do Porto de Suape, merecem destaque
Goiana (hoje praticamente substituído pela cana-de-açúcar) a produção irrigada de frutas ao longo do Rio São Francisco,
e na Chapada do Araripe. quase que totalmente voltada para exportação, concentrada
no município de Petrolina, em parte devido ao aeroporto
Hidrografia internacional com grande capacidade para aviões cargueiros
Na hidrografia, existe a forte presença de rios, sobretudo do município; e a floricultura, que começa a ganhar espaço,
na Região Metropolitana do Recife (RMR) que conta com 14 com plantações de rosas, gladiolus, e crisântemos. Outros
municípios. Há, também, muitas barragens de contenção de polos dinâmicos de desenvolvimento são: o polo gesseiro no
enchentes e abastecimento populacional como Tapacurá, Araripe; o mármore, a pecuária leiteira e a indústria têxtil no
Carpina, Jucazinho, entre outras. Os principais rios do estado Agreste; e a cana-de-açúcar e a biomassa na Zona da Mata.
são o Capibaribe e Beberibe, Ipojuca, Uma, Pajeú, Jaboatão
e São Francisco, este último extremamente importante do Espaço Rural de Pernambuco
desenvolvimento do Sertão, uma vez que possibilita a dis- Entre os principais produtos agrícolas cultivados em
tribuição de águas nas regiões secas. Pernambuco encontram-se a cana-de-açúcar, o algodão, a
As grandes bacias hidrográficas de Pernambuco pos- banana, o feijão, a cebola, a mandioca, o milho, o tomate,
suem duas vertentes. Faz parte da bacia do Atlântico Nor- a graviola, o caju, a goiaba, o melão, a melancia, a acerola,
deste Oriental e da Bacia do rio São Francisco. Os rios que a manga e a uva. Na pecuária destacam-se as criações de
escoam para o rio São Francisco formam os chamados rios bovinos, suínos, caprinos e galináceos. Merece destaque
interiores, cujo todos os rios nascem em municípios limí- ainda a expansão que vem tendo a partir dos anos 1970 da
trofes na divisa de estados da Região nordeste, os rios que agricultura irrigada no Sertão do São Francisco, com proje-
escoam para o Oceano Atlântico, constituem os chamados tos de irrigação hortifrutícolas implantados com o apoio da
rios litorâneos, fazem parte da bacia hidrográfica do Atlântico Codevasf. A produção é voltada para o mercado externo.
Nordeste Oriental, cujo quase todos nascem no planalto da
Borborema. Questão ambiental em Pernambuco
A Lei Estadual nº 13.787, de 8 de junho de 2009, instituiu
População o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza
Pernambuco é o sétimo estado mais populoso do Brasil, (SEUC). Em 2015, Pernambuco possuía 80 Unidades de Con-
com 8.796.032 habitantes, o que corresponde a aproxima- servação Estaduais: 40 de Proteção Integral (31 Refúgios da
damente 4,6% da população brasileira, distribuídos em 185 Vida Silvestre – RVS; 5 Parques Estaduais – PE; 3 Estações
municípios. Cerca de 80,2% dos habitantes do estado moram Ecológicas – ESEC; e 1 Monumento Natural – MONA) e 40
em zonas urbanas. A densidade demográfica estadual é de de Uso Sustentável (18 Áreas de Proteção Ambiental – APA;
89,5 hab./km². Conforme dados do IBGE, a composição ét- 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN; 8
nica da população pernambucana é constituída por pardos Reservas de Floresta Urbana – FURB; e 1 Área de Relevante
(53,3%), brancos (40,4%), negros (4,9%) e índios (0,5%), de Interesse Ecológico – ARIE).
acordo com o Censo 2010 do IBGE. Fontes: sites do governo estadual de Pernambuco,
Os povos e a diversidade caminham de mãos dadas IBGE e Wikipédia.
desde o início da formação do Estado de Pernambuco. He-
terogeneidade é a palavra que descreve o povo pernambu- Zonas Geográficas (Sub‑regiões)
cano. Na sua formação, o Estado teve um elevado número
de imigrantes. São portugueses, italianos, espanhóis, árabes,
judeus, japoneses, alemães, holandeses e ingleses. Além das
fortes influências africana e, claro, indígenas.
Trata-se de um caldeirão cultural de riqueza ímpar, tra-
duzida no jeito de ser de uma gente que aprendeu, desde
sempre, a lutar por liberdade. O espírito guerreiro e o amor
pela terra vêm desde os primórdios. Foi esta garra que fez com
que os pernambucanos se unissem para derrubar o domínio
holandês no estado em 1645, quando teve início a Insurreição
Pernambucana. O movimento foi o responsável pelo começo
de um sentimento conhecido como pernambucanidade.
Povo festeiro, acolhedor e trabalhador, dedicado à arte de
receber bem e de cultivar as tradições. Este é o pernambucano.
Que tem orgulho de carregar a bandeira do Estado no peito,
símbolo maior dessa cultura. Mas esse estado não é apenas
a tradição: é também o espaço da modernidade e das expres-
sões contemporâneas no campo das artes, da tecnologia, da
Geografia
Economia
O estado assiste a uma importante mudança em seu Sub‑regiões do Nordeste: 1 – Meio norte, 2 – Sertão,
perfil econômico com os recentes investimentos nos setores 3 – Agreste e 4 – Zona da Mata
5
Para que se pudesse analisar de forma mais fácil as lhões de habitantes, dos quais 60% vivem na linha de pobreza
características da região Nordeste, o IBGE dividiu a região (com renda de um salário‑mínimo por mês). Os 20% mais
em quatro zonas: ricos dos seus habitantes têm renda 40 vezes maior que a
• Meio‑norte: o meio‑norte é uma faixa de transição dos mais pobres.
entre a Amazônia e o sertão, abrange os estados do A RMR é a região que apresenta a maior taxa de urbani-
Maranhão e Piauí. Também é chamada de Mata dos zação do Estado. Entre os seus indicadores negativos, o que
Cocais, devido às palmeiras de babaçu e carnaúba. mais incomoda é a violência, pois é considerada a segunda
No litoral chove cerca de 2000 mm anuais, indo mais região com maior índice de criminalidade do Brasil. Quanto
para o leste e/ou para o interior esse número cai para ao saneamento básico, tem apenas 35,2% dos seus municí-
1500 mm anuais, já no sul do Piauí, uma região mais pios com esgotos sanitários, quando a média nacional é de
parecida com o sertão só chove 700 mm por ano, em 52,5%, segundo dados do IBGE.
média. Entre os indicadores positivos, a RMR destaca‑se por
• Sertão: o sertão fica localizado, geralmente, no inte- abrigar o terceiro maior polo médico do Brasil e o segundo
rior do Nordeste. Possui clima semiárido; em estados melhor polo de informática do País. Outro destaque nacional:
como Ceará e Rio Grande do Norte chega a alcançar o a RMR tem taxas de escolarização do ensino médio (entre
litoral, descendo mais ao sul, o sertão alcança o norte crianças de 15 a 17 anos) de 79,9%, superior à média brasi-
de Minas Gerais, no Sudeste. As chuvas são irregulares
leira que é de 78,5%.
e escassas. Existem constantes períodos de estiagem
e a vegetação típica é a caatinga.
Litoral/Mata
• Agreste: o agreste é uma zona de transição entre a
Zona da Mata e o sertão. Localizado no alto do Pla-
nalto da Borborema, é um obstáculo natural para a Uma das regiões mais férteis do Estado, onde predomina
chegada das chuvas ao sertão, se estendendo do sul da o solo tipo massapê, é formada por 57 dos 184 municípios
Bahia até o Rio Grande do Norte. O principal acidente pernambucanos. Sua economia está concentrada na agroin-
geográfico da região é o Planalto da Borborema. Do dústria canavieira que oferece cerca de 70 mil empregos
lado leste do planalto estão as terras mais úmidas permanentes e 90 empregos temporários (na época da safra
(Zona da Mata); do outro lado, para o interior, o clima da cana‑de‑açúcar). Ao contrário das demais regiões do Es-
vai ficando cada vez mais seco (Sertão). tado, não está sujeita a secas periódicas, tem rios perenes
• Zona da Mata: localizada ao leste, entre o Planalto e índices pluviométricos elevados, se comparados aos do
da Borborema e a costa, fica a Zona da Mata, que Estado como um todo.
se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Tem densidade demográfica elevada, 212 habitantes por
As chuvas são abundantes. A zona recebeu este nome quilômetro quadrado, bem superior à média estadual que é
por ter sido coberta pela Mata Atlântica. Os cultivos de 72 hab/km2. Também conhecida como zona canavieira,
de cana‑de‑açúcar e cacau substituíram as áreas de está dividida em seis microrregiões: Mata Setentrional,
florestas. O povoamento desta região é muito antigo. Vitória de Santo Antão, Mata Meridional, Itamaracá, Recife
e Suape.
As Regiões de Pernambuco – Sertão, Agreste e Mata
Agreste
Sertão ou Caatinga
Região Metropolitana do Recife
É a maior região natural do Estado, ocupando 70%
Área administrativa criada em 1973, quando o governo do território pernambucano. Está dividida em seis micror-
federal decidiu implantar uma política de desenvolvimento regiões: Araripina, Salgueiro, Pajeú, Moxotó, Petrolina e
no entorno das capitais brasileiras, a Região Metropolitana Itaparica. No geral, tem sua economia baseada na pecuária
do Recife (RMR) é formada por 14 municípios: Abreu e Lima, e plantio de culturas de subsistência.
Araçoiaba, Cabo, Camaragibe, Igarassu, Ipojuca, Itamaracá, É a região mais castigada pelas secas que atingem o
semiárido nordestino, com precipitação média anual entre
Geografia
6
A Economia e o Mercado Importador e Exportador de Mineração
Pernambuco
Os principais produtos extrativos minerais do Estado são
Dados Gerais sobre Pernambuco o calcário, o gesso e a fosforita.
Localização geográfica: Centro‑leste da região Nordeste
do Brasil
Área do estado: 98.311,616 km2
Relevo: Planície litorânea, Planalto Central, Depressões
à Oeste e à Leste
Principais bacias hidrográficas: São Francisco, Capibari-
be, Ipojuca, Una, Pajeú, Jaboatão
Vegetação característica: Mangue (litoral), Floresta tro-
pical (Zona da Mata), Caatinga (Agreste e Sertão)
Clima: Tropical atlântico (litoral), semiárido (agreste e
sertão)
Número de municípios: 185 e o território de Fernando
de Noronha
Capital: Recife
População total do estado: 8.810.256 Cidades mais
populosas:
Recife: 1.561.659
Jaboatão dos Guararapes: 687.688 Economia pernambucana
Olinda: 397.268
Paulista: 319.373 Nos últimos 30 anos Pernambuco vem mudando seu
Caruaru: 298.501 perfil econômico: deixa de ser um estado agrícola e se trans-
Petrolina: 281.851 forma em grande centro de serviços, com destaque para o
Fonte: IBGE estimativas das populações residentes, comércio e o turismo. O setor de serviços representa mais
em 1º de julho de 2009
da metade do PIB Produto Interno Bruto estadual, enquanto
a agricultura contribui com menos de 10% das riquezas do
Densidade demográfica: 80,65 hab./km²
estado.
Participação no PIB brasileiro: 2,71% A economia de Pernambuco apresenta grande diversida-
Principais produtos agrícolas: Mandioca, feijão, ca- de com a presença de cadeias produtivas bem estruturadas
na‑de‑açúcar e milho e investimento em infraestrutura que são fatores para que
Maiores rebanhos: Bovinos (1.348.969) e caprinos o Estado apresente uma performance econômica acima dos
(1.165.629) indicadores nacionais nos último anos.
Principais produtos minerais: Calcário e Gipsita Segunda economia do Nordeste, superada apenas pela
Maiores indústrias: Transformação de minerais não da Bahia, Pernambuco tem um PIB da ordem de R$ 17 bi-
metálicos, confecções, mobiliário e curtume lhões, equivalente ao do Chile e superior ao de países como
Setores de ponta: Polo médico, polo gesseiro, polo de Paraguai e Uruguai, parceiros do Brasil no Mercosul. Estado
informática e polo turístico onde a economia açucareira foi a mais expressiva do Brasil,
Participação no PIB nacional: 2,67% (2006). Composição do período colonial ao início deste século, Pernambuco pas-
do PIB: agropec.: 5,2%; ind.: 21,6%; serv.: 73,2% (2006). PIB sa por aceleradas transformações. A cana‑de‑açúcar ainda
per capita: R$ 6.528 (2006). representa 40% da economia estadual, mas vem perdendo
Export. US$ 870,6 milhões (2007) uvas e mangas frescas este peso para outras atividades agrícolas, industriais e de
15%, plásticos e seus produtos 13%, açúcares, exceto de cana serviços, que urbanizam rapidamente o setor econômico.
13%, açúcar de cana 10%, materiais elétricos 7%, borrachas e Segundo estimativas do Condepe, o Produto Interno
seus produtos 6%, crustáceos 5%, fios, tecidos e confecções Bruto (PIB) do Estado ficou na casa dos R$ 40 bilhões em
3%, outros 28% (2007) 2004, o segundo maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia,
Import. US$ 1,7 bilhão (2007) produtos químicos 39%, e vem crescendo num ritmo um pouco superior ao do País,
combustíveis 15%, alimentos 10%, trigo e farinha de trigo 7%, se consolidando como 8ª economia do país. Em 2003, o PIB
máquinas e motores 4%, instrumentos médico‑hospitalares local, que representa 20% do PIB do Nordeste e em torno de
4%, outros 21% (2007) 2,7% do nacional, registrou incremento de 1,22%, enquanto
o do País apresentou retração de 0,5%. Em 2004, o PIB es-
Agricultura e pecuária tadual acompanhou o nacional, crescendo 5%, entre 2000
e 2003, Pernambuco cresceu em média 0,68% acima do
O setor agrário caracteriza‑se pela monocultura da crescimento nacional.
cana‑de‑açúcar (principal produto agrícola do estado) cul- O setor terciário é o que tem envolvido maior número
tivada nos solos tipos massapê da Zona da Mata; o Agreste de pessoas e gerado maior produção. Destacam‑se aí as
caracteriza‑se pela policultura de gêneros alimentícios, atividades comerciais e financeiras, correspondentes a 21%
como feijão, mandioca, milho e banana; no Vale do São e 25%, respectivamente, do PIB estadual. A indústria de
Francisco, atualmente a região mais promissora do Estado, transformação também cresceu e responde por 25% da pro-
dução total do Estado. A diversificação foi a grande marca do
Geografia
7
diversificação alavancou o desenvolvimento das indústrias Estado tem condições de apresentar crescimento vigoroso,
química, de material elétrico, comunicações, mecânica, principalmente em um cenário de médio prazo.
metalurgia, matéria plástica, bebidas, vestuário e calçados. O Produto Interno Bruto de Pernambuco foi de R$
Entre 1999 e 2004 foram aportados R$ 1,3 bilhão em in- 42.260.926 mil em 2000, correspondente a 2,7% do PIB
vestimentos em infra‑estrutura pública, destinados sobretu- nacional. Participações internas do PIB:
do a rodovias, portos, aeroportos e malha de abastecimento
de gás natural em conjunto com os esforços do Estado em A Região Metropolitana de Recife
articular uma política de incentivos fiscais.
Nos anos 90, o trinômio constituído pela emergente ati- Em 1973 foi criada, pelo Governo Federal, a RMR (Re-
vidade do turismo, a agricultura irrigada e o Complexo Portu- gião Metropolitana do Recife) com o objetivo de facilitar a
ário de Suape, projeta ainda mais a economia pernambucana administração de desenvolvimento das cidades circunvizi-
no conjunto nacional. O turismo tem como principal ponta nhas do Recife. Medida que não se limitou apenas ao Recife
de lança o projeto Costa Dourada. O programa, parceria da e sim para todas as grandes capitais brasileiras. A Região
iniciativa privada com os governos federal e dos estados de Metropolitana do Recife é composta por 15 municípios.
Pernambuco e Alagoas, visa dotar de infraestrutura o litoral De acordo com o IBGE a RMR é formada por 15 mu-
no trecho entre Cabo de Santo Agostinho (sul de Pernambu- nicípios, são eles: Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Pau-
co) e Barra de Santo Antônio (norte de Alagoas), para explorar
lista, Igarassu, Abreu e Lima, Camaragibe, Cabo de Santo
as potencialidades turísticas naturais da região.
Agostinho, Goiana, São Lourenço da Mata, Araçoiaba, Ilha
Quanto ao mercado interno, segundo o IBGE, o Estado
de Itamaracá, Ipojuca, Moreno, Itapissuma e Recife. Com
conta com uma população de 8 milhões de habitantes, 16%
3.787.667 habitantes (IBGE/2009).
da população do Nordeste. A população economicamente
ativa é de 1,444 milhão de pessoas, o PIB per capita é de R$ Em março de 2009, havia 3.213 mil pessoas em ida-
4.887. Em relação à posição geográfica no Nordeste, vale de ativa na Região Metropolitana de Recife. Deste total,
frisar que Pernambuco faz divisa com 5 dos 9 estados da 42,9% encontrava‑se ocupada (nível de ocupação), 5,0%
região e conta com fácil acesso por rodovia, por via aérea desocupada e 52,1% não economicamente ativa. A taxa de
ou por modal marítimo. desocupação (10,4%) apresentou‑se crescente em relação
No vale do rio São Francisco – o rio de maior extensão a fevereiro de 2009 e em equilíbrio em relação ao mesmo
dentro do território brasileiro – a agricultura irrigada está mês do ano anterior. Na comparação mensal, observou‑se
revolucionando a produção e a produtividade de frutas e estabilidade nos contingentes dos grupos de ocupação. Em
legumes. Tomate, cebola, uva, manga, melão e melancia relação a março de 2008, houve crescimento dos empre-
produzidos nessas áreas representam metade da economia gados com carteira de trabalho no setor privado (5,8%).
gerada pela tradicional indústria álcool‑açucaceira, e as uvas O rendimento médio real habitualmente recebido por mês
produzidas em Pernambuco já são exportadas para a Europa. pelas pessoas ocupadas (R$ 834,70), apresentou queda de
A área de agricultura irrigada se apoia na infraestrutura do 3,5% frente a fevereiro de 2009 e 2,1% na comparação com
porto fluvial de Petrolina, às margens do Rio São Francisco. março de 2008. Na comparação mensal, os empregados com
O Estado tem como uma de suas principais estrutu- carteira de trabalho assinada e os trabalhadores por conta
ras logísticas o Complexo Industrial e Portuário de Suape, própria tiveram seus rendimentos acrescidos de 1,7% e 5,1%.
localizado a 40 quilômetros do Recife e que conta com 40 Os empregados sem carteira de trabalho assinada no setor
escalas mensais de navios, sendo 25 de longo curso e 15 de privado e os militares ou funcionários públicos estatutários
cabotagem, além de concentrar os principais investimentos apresentaram queda de rendimento de 6,3% e 10,1% respec-
públicos privados do Estado. tivamente. Em relação a mesmo mês do ano anterior, houve
Uma nova fase do porto de Suape aponta para a conti- redução do rendimento para os empregados com carteira de
nuidade do desenvolvimento e crescimento da região, com trabalho assinada (1,2%), militares e funcionários públicos
destaque para: a consolidação do estaleiro que o consórcio estatutários (9,1%) e aumento para os trabalhadores por
Camargo Corrêa/Andrade Gutierrez/Mitsui vai construir, com conta própria (2,4%).
previsão para entrar em operação em 2008, o polo petroquí-
mico do grupo italiano M&G já em construção, a construção
do moinho pela Bunge Born e a refinaria a ser implantada
EXERCÍCIOS
pela Petrobras em parceria com a venezuelana PDVSA, cujo
investimento ainda precisa ser consolidado. (Conupe/PMPE/2004)
Desta forma, para os próximos anos, a expectativa é de
que a economia de Pernambuco deve manter o ritmo de 1. Sobre o crescimento demográfico dos continentes, ana-
crescimento acima da média nacional, tal como nos últimos lise a tabela abaixo e assinale a alternativa incorreta.
anos, impulsionada pela inversão de orçamento para a região
a partir dos projetos sociais, com a consolidação dos inves- Crescimento Demográfico
timentos em Suape e o bom desempenho das exportações nos Continentes em % ao ano
e da indústria de bens intermediários.
Continente 1970 – 1975 1980 –1985 1990 – 1995 2000 – 2005
Cabe destacar que Pernambuco, apesar de ter uma
economia em desenvolvimento tem como barreira o en- África 2,56 2,86 2,81 2,56
gessamento da receita corrente líquida para pagamento da Ásia 2,27 1,89 1,64 1,38
dívida, falta de dinamismo no mercado imobiliário na região Europa 0,80 0,38 0,15 0,00
metropolitana de Recife, o perfil pouco exportador, que não América 2,44 2,11 1,84 1,50
Geografia
8
a) Nos continentes mais pobres, a explosão demográfica b) o fechamento de diversas usinas e destilarias de
alcançou índices mais altos entre 1970 e 1985, ficando açúcar em Pernambuco que se encontram, sobre-
a média do crescimento acima de 2,0 % ao ano. tudo, na Zona da Mata e do Agreste do Estado tem
b) O continente africano é o único que mantém um rit- contribuído para o agravamento das tensões sociais
mo acelerado de crescimento demográfico, embora no campo.
venha apresentando uma queda a partir de 1990. c) a cana-de-açúcar continua a ser o principal produto
c) Nos países ricos do continente europeu, há uma ver- agrícola de Pernambuco em área cultivada e em vo-
dadeira estagnação demográfica, e a natalidade e a lume de produção, dominando as regiões da Mata e
fecundidade, em geral, estão bastante reduzidas. alguns municípios da região Metropolitana do Recife.
d) A América Latina e a Ásia vêm apresentando taxas d) as lavouras de milho e de algodão no Estado de Per-
reduzidas de crescimento da natalidade e da fecun- nambuco vêm perdendo expressão econômica, face
didade, sobretudo a partir de 1985, como resultado ao avanço na região do Agreste da pecuária leiteira
do crescimento da economia, elevando as condições e pela praga do bicudo, que está dizimando essas
de vida e diminuindo os desníveis na distribuição de culturas.
renda.
e) no Estado de Pernambuco, as grandes propriedades
e) As taxas de natalidade na Ásia vêm sendo reduzidas
rurais, ou seja, os latifúndios, se dedicam basicamen-
graças a um rigoroso programa de controle de nata-
te às atividades agrícolas, como a criação de animais
lidade.
e a produção da policultura para abastecimento dos
2. Sobre o processo migratório no Brasil, é incorreto afirmar. centros urbanos.
a) Os imigrantes alemães fundaram os núcleos urbanos
de São Leopoldo e de Novo Hamburgo no Rio Grande 5. Segundo Andrade (2003) “As condições naturais, a po-
do Sul e Joinville e Blumenau em Santa Catarina. sição geográfica e a formação econômica – social que
b) Os colonos italianos fundaram os núcleos de Bento modelaram o território pernambucano determinaram a
Gonçalves e de Garibaldi em São Paulo, onde a maior sua divisão em três grandes regiões geográficas, aceitas
parte deles se dedicou à vinicultura. pelo consenso: o Litoral – Mata, o Agreste e o Sertão”.
c) Um forte surto imigratório ocorreu no Brasil, incen- Não são características destas regiões, exceto
tivado pelo governo e pelos produtores de café, no a) o Agreste está situado num clima tropical úmido e
século XIX, para substituir o escravo nas lavouras subúmido, onde domina atividades econômicas liga-
cafeeiras. das à pecuária intensiva e à diversidade de produção
d) A imigração japonesa se estabeleceu, sobretudo, em de frutas e horticulturas.
São Paulo, onde se dedicou ao cultivo de hortaliças, b) a região canavieira se desenvolveu no domínio do
algodão, arroz e introduziu o cultivo do chá. litoral, onde as condições de clima e solos arenosos
e) Nos últimos decênios, a imigração no Brasil diminuiu foram favoráveis ao seu cultivo na forma de agricul-
significativamente, pois deixou de ser um mercado tura irrigada, além de uma pecuária intensiva.
de trabalho atraente, sobretudo para os migrantes c) o Agreste compreende a porção sobre o Planalto da
europeus. Borborema, onde há uma variação do clima quente e
subúmido e dominam culturas diversificadas e uma
3. Sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), pecuária em moldes semi-intensivos.
podemos afirmar. d) o Sertão compreende uma área de clima quente e
I – A implantação da Alca favorece, sobretudo, os Es- árido e está delimitado pela área de monocultura
tados Unidos que exercerão hegemonia, face ao poder canavieira e pelo sertão do São Francisco, onde se
de competição da sua economia. situa Petrolina, a cidade mais promissora do Estado.
II – O interesse da Alca para os Estados Unidos consiste e) a Zona da Mata está situada entre a Região Metro-
em ampliar as importações de bens de alta tecnologia politana do Recife e os limites do clima tropical de
e de serviços para as principais economias da América
semiaridez acentuada do Sertão Pernambucano,
do Sul.
uma área sob o domínio de monocultura canavieira.
III – A Alca tem por finalidade a formação de uma união
aduaneira, um mercado comum e a constituição de uma
zona de livre comércio. (Conupe/PMPE/2009)
IV – No Brasil, há opiniões divergentes sobre a decisão
entre a adesão ou a recusa, em ingressar no bloco, pelo 6. Sobre a urbanização brasileira, analise as afirmativas.
receio de uma dependência ainda mais acentuada de I – No Brasil, desenvolveu-se uma urbanização concen-
capitais e tecnologias externas. tradora, isto é, com a formação de grandes cidades e
metrópoles. O censo de 2000 mostra grande concen-
Os itens incorretos são: tração da população nas grandes cidades e metrópoles.
a) apenas I, II e III. No entanto, a população das capitais estaduais vem
b) apenas II, III e IV. crescendo mais lentamente do que a do país.
c) apenas III e IV. II – A industrialização, a oferta de empregos, o cresci-
d) apenas II e III. mento das cidades e as mudanças que repercutiram no
e) apenas I, III e IV. meio rural explicam o crescente esvaziamento popula-
cional do campo no Brasil.
4. Sobre as atividades econômicas no Estado de Pernam- III – A atividade mineradora foi responsável pelo pri-
buco, podemos afirmar corretamente que meiro surto de urbanização, o que contribuiu para a
Geografia
a) os grandes projetos de irrigação no Sertão do São transferência da capital da colônia, de Salvador para
Francisco foram implantados com o apoio da Comis- o Rio de Janeiro assim como o deslocamento do eixo
são de Desenvolvimento do Vale do São Francisco produtivo do Nordeste açucareiro para o Sudeste au-
(Codevasf), com investimentos voltados ao mercado rífero, promovendo a interiorização do crescimento
interno regional. econômico do país.
9
IV – A área central do município de São Paulo urbanizou- d) II, III e IV.
-se, principalmente, graças às atividades ligadas ao ex- e) III e IV.
trativismo vegetal: agências bancárias, casas de vendas
e de importação. 9. Sobre os blocos econômicos, analise as afirmativas
V – A partir da segunda metade da década de 1990, abaixo.
a população rural se estabilizou ou sofreu um grande I – O objetivo da União Europeia é o de promover a
aumento em todas as regiões. Isso se deve, em parte, ao integração econômica; eliminação de barreiras alfande-
programa de reforma agrária, à diminuição da oferta de gárias; circulação da moeda comum e a livre circulação
empregos rurais não agrícola em hotéis-fazenda, spas, de pessoas; mercadorias; capitais e mão de obra e visa
pesqueiros, pousadas e reservas ecológicas. à união política dos países europeus.
II – Em 1994, foi proposta a área de Livre Comércio dos
Estão incorretas países americanos, exceto a Argentina, integrando os
a) I e II, apenas. mercados americanos e eliminando barreiras alfande-
b) III e IV, apenas. gárias.
c) IV e V, apenas. III – No Mercosul, a união aduaneira entre os países
d) II, III e IV, apenas. membros significou a padronização das tarifas externas
e) I e IV, apenas. para inúmeras mercadorias. Isso significa que todos os
integrantes importam produtos e serviços de terceiros,
7. Sobre as migrações, é incorreto afirmar que pagando tarifas iguais.
a) uma das formas mais comuns de migrações tempo- IV – O Nafta, Acordo do Livro Comércio, em 1988, unin-
rárias é a sazonal de caráter cíclico. Originalmente, do os Estados Unidos, Canadá e México, tem como prin-
essa migração estava ligada à economia agrícola. cípios eliminar tarifas alfandegárias e obstáculos para
b) a migração definitiva mais importante é a decorrente a circulação de bens de serviços e garantir condições
do êxodo rural. Os habitantes de área rural, atraídos de competição leal no interior do bloco, para mão de
pela esperança de melhoria da qualidade de vida, obra especializada.
deixam o campo e mudam-se para as áreas onde se
concentram atividades industriais e de serviços. Estão corretas
c) as migrações de natureza política são consequências a) I e III.
de guerras e conflitos étnicos ou religiosos e sempre b) II e IV.
acarretam migrações forçadas. Nesse tipo de deslo- c) I, II e IV.
camento, temos os que ocorrem por coerção e os d) II, III e IV.
que resultam de fugas, ambos apresentando conse- e) I, III e IV.
quências trágicas, com grande número de mortos.
d) as migrações de natureza econômica decorrem, prin- 10. Sobre as regiões de Pernambuco, analise as afirmações
cipalmente, das disparidades econômicas entre os a seguir.
países. Nas migrações forçadas, os trabalhadores I – Na Zona da Mata, o clima é quente e úmido; o re-
emigram à procura de um emprego, o de melhor levo se caracteriza por apresentar colinas convexas,
renda, e acabam tornando-se mão de obra espe- que surgem dominantemente em terrenos cristalinos
cializada, qualificada e valorizada nos países onde da porção oriental do estado, principalmente na Mata
chegam. Sul assim como apresenta médias anuais de chuvas
e) nos países ricos, as migrações definitivas ocorrem superiores a 1.800mm, com temperaturas anuais em
entre as diferentes zonas urbanas ou suburbanas, torno de 24ºC.
deslocando-se pelo território nacional, em busca de II – No Sertão, sobretudo a partir de Arcoverde, o relevo
emprego ou de melhores salários. se mostra com predominância de superfície aplainada,
denominado de pediplanos, com relevos residuais, tam-
8. Sobre a população, analise as proposições abaixo. bém conhecidos como inselbergues. Apresenta preci-
I – Atualmente, a distribuição desigual da população pitações anuais iguais ou inferiores a 800mm. Também
pela superfície do planeta depende mais de fatores são encontradas “ilhas de umidade”, ou brejos, onde se
naturais do que de fatores históricos, econômicos e observam índices de chuvas em torno de 900 a 1.000
sociais. mm.
II – Em alguns países desenvolvidos, as alterações com- III – O Agreste marca a transição entre a Zona da Mata
portamentais criadas pela urbanização e a melhoria do e o Sertão. A policultura e a pecuária de corte são as
padrão de vida causaram uma queda acentuada dos principais atividades econômicas. Os rios são predomi-
índices de natalidade que, em certos períodos, o cres- nantemente perenes, sendo constatados, apenas, pela
cimento vegetativo chega a ser negativo. forma do leito e pela existência de alguns poços.
III – Nos países desenvolvidos, o percentual da popula-
ção economicamente ativa no conjunto da população Somente está correto o que se afirma em
é em torno dos 50%. Já nos países subdesenvolvidos, a) I e II.
o número costuma ser maior que 50%, já que muitos b) II e III.
jovens e idosos são obrigados a trabalhar. c) I e III.
IV – Nos países desenvolvidos, o crescimento com índice d) II.
negativo gera problemas, porque, se a expectativa de e) III.
vida é baixa, e a taxa de mortalidade é alta, aumenta a
participação de idosos no conjunto total da população.
GABARITO
Geografia
10
PMPE
SUMÁRIO
História
A Capitania de Pernambuco:
a “Guerra dos Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra escrava; a Guerra dos Mascates; as instituições
eclesiásticas e a sociedade colonial; Insurreição Pernambucana...................................................................................... 3
Pernambuco Republicano:
Voto de Cabresto e Política dos governadores; Pernambuco sob a interventoria de Agamenon Magalhães;
Movimentos sociais e repressão durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) em Pernambuco; Herança
afro-descente em Pernambuco; Processo político em Pernambuco (2001-2015)..........................................................14
História
Júlio César Gabriel
HISTÓRIA DO BRASIL E DE PERNAMBUCO holandeses, que, entre 1630 e 1654, ocuparam toda a região,
sob o comando da Companhia das Índias Ocidentais, tendo
como representante o Conde Mauricio de Nassau, que por
Ocupação pré-colonial do atual Estado de ter incendiado Olinda, estabeleceu-se no Recife, fazendo-a
Pernambuco: Ocupação Pré-Histórica de capital do Brasil holandês. Nassau traz para Pernambuco
Pernambuco; Características socioculturais das uma forma de administrar inovadora. Realiza inúmeras
populações indígenas que habitavam o território obras de urbanização, amplia a lavoura da cana e assegura
do atual estado de Pernambuco, antes dos a liberdade de culto.
primeiros contatos euro-americanos No período holandês, é fundada no Recife a primeira
sinagoga das Américas. Amante das artes, Nassau tem na sua
O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais anti‑ equipe inúmeros artistas, como Frans Post e Albert Eckhrout,
gos sítios arqueológicos conhecidos do país, com datação pioneiros na documentação visual da paisagem brasileira e
superior a 40.000 anos antes do presente. Na região que do cotidiano dos seus habitantes.
hoje corresponde ao estado de Pernambuco, foram identi‑ A Guerra dos Bárbaros, em sentido amplo, se refere aos
ficados vestígios seguros de ocupação humana superiores conflitos entre grupos indígenas que habitavam o sertão
a 11.000 anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jar‑ do território do atual nordeste brasileiro e as forças coloni‑
dim, e Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus. Nesta zadoras portuguesas que tinham o objetivo de conquistar
última região, foi descoberta uma importante necrópole aquelas terras de forma a permitir a utilização produtiva
pré-histórica, com 125 metros quadrados de área coberta, da pecuária na região. Estes conflitos podem ser divididos
de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em bom em dois episódios: as guerras no recôncavo e a Guerra do
estado de conservação. Açu, que juntas remetem a mais de 70 anos de duração, de
Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, 1650 a, pelo menos, 1720. Tais conflitos eram citados na do
identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável pela cumentação coeva como a “guerra aos bárbaros” e referidos
confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6.000 pela historiografia como a Guerra dos Bárbaros. Em muitos
anos. No Agreste pernambucano, conservam-se pinturas casos esta nomenclatura é citada referindo-se unicamente
rupestres com data aproximada de 2.000 anos antes do pre‑ à Guerra do Açu, em outras englobando também as guerras
sente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos. do recôncavo baiano. A Guerra dos Bárbaros foi um conflito
Na época da colonização portuguesa, habitavam o litoral entre vários grupos indígenas do grupo linguístico macro-jê
pernambucano os Tabajaras e os Caetés, já desaparecidos. unidos naquela que ficou conhecida como Confederação
Nos brejos interioranos do estado ainda é possível encontrar Cariri e as forças colonizadoras portuguesas na América.
grupos indígenas remanescentes das antigas tradições, como Este conflito durou mais de meio século e foi responsável
os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta). pelo completo extermínio de algumas tribos indígenas e
pelo completo desmantelamento das demais envolvidas.
Representou a conquista do sertão nordestino brasileiro
A Capitânia de Pernambuco: a “Guerra dos para o domínio português e o seu uso efetivo na criação de
Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra gado, de fundamental importância para a subsistência da
escrava; a Guerra dos Mascates; as instituições sociedade açucareira. Para a consolidação desta conquista
eclesiásticas e a sociedade colonial; Insurreição foram manejados efetivos de caráter militar de todo o nor‑
Pernambucana deste brasileiro, além da ajuda de contigentes expressivos
de outras regiões. Foram formadas alianças com tribos tupis
Em 1501, quando a expedição do navegador Gaspar de que permitiram multiplicar o efetivo da força de ataque por‑
Lemos fundou feitorias no litoral da colônia portuguesa, na tuguesa. A repressão ao quilombo dos Palmares foi adiada
recém descoberta América, teve início o processo de colo‑ para que seus combatentes pudessem auxiliar no ataque
nização de Pernambuco, uma das primeiras áreas brasileiras aos indígenas “bárbaros” que destruíam milhares e milhares
a ter ativa colonização portuguesa. de cabeças de gado e centenas de colonos e ameaçavam o
Entre os anos de 1534 e 1536, Dom João III, então rei de centro da capitania do Rio Grande, Natal.
Portugal, instalou o sistema de Capitanias Hereditárias no Fonte: Rev. Eletr. de Hist. do Brasil, Juiz de Fora, UFJF,
Brasil, que consistia na doação de um lote de terras, chama‑ v. 5, n. 1, jan-jun. 2001, pág. 5
do Capitania, a um Donatário (português), a quem caberia
explorar, colonizar as terras, fundar povoados, arrecadar A partir de 1645 teve início um movimento de luta popu‑
impostos e estabelecer as regras do local. Dentre os primei‑ lar contra o domínio holandês de Pernambuco: a Insurreição
ros 14 lotes distribuídos por D. João III estava a Capitania Pernambucana. A primeira vitória importante dos insurretos
de Pernambuco, ou Capitania de Nova Lusitânia, como seu se deu no Monte das Tabocas, hoje localizado no município
Donatário, Duarte Coelho, a batizou. Dessa forma, em 1535, de Vitória de Santo Antão, onde 1.200 insurretos mazombos
Duarte Coelho se estabeleceu no local onde fundou a vila munidos de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram
de Olinda e espalhou os primeiros engenhos da região. Até numa emboscada 1.900 holandeses bem armados e bem
então, os ocupantes do território eram os índios Tabajaras. treinados. Foram quase 10 anos de conflito, com destaque
No período colonial, Pernambuco torna-se um grande para as duas Batalhas de Guararapes, até que em janeiro
História
produtor de açúcar e durante muitos anos é responsável por de 1654 os holandeses se renderam. O movimento foi um
mais de metade das exportações brasileiras. Pernambuco marco importante para o Brasil, tanto militarmente, com a
torna-se a mais promissora das capitanias da Colônia Portu‑ consolidação das táticas de guerrilha e emboscada, quanto
guesa na América. Tal prosperidade chamou a atenção dos sociopoliticamente, com o aumento da miscigenação entre
3
as três raças (negro africano, branco europeu e índio nativo) • 1624-1625 – Invasão de Salvador, na Bahia
e o começo de um sentimento de nacionalidade. • 1630-1654 – Invasão de Recife e Olinda, em Pernam‑
A ocupação dos holandeses fez Recife prosperar, buco
onde se estabeleceram muitos comerciantes e mascates, ▪ 1630-1637 – Fase de resistência ao invasor
enquanto Olinda continuava a ser o reduto dos senhores ▪ 1637-1644 – Administração de Maurício de Nassau
de engenho. Devido a divergências quanto à demarcação ▪ 1644-1654 – Insurreição pernambucana
de novas vilas, em 1710, os moradores de Olinda invadem
o Recife, dando início a chamada Guerra dos Mascates. O União Ibérica (1580-1640)
líder da ocupação, Bernardo Vieira de Melo entrou para a
história quando sugeriu que Pernambuco se tornasse uma O fim da Dinastia Avis, com as mortes de D. Sebastião
república. Essa foi a primeira vez que se falou em república (1578) e D. Henrique (1580), deixou um vazio na sucessão.
no país. O conflito só terminou com a chegada, em 1711, do Aproveitando‑se de parentesco, da força e do suborno,
novo governador da região. Filipe II, rei da Espanha, anexou Portugal à Espanha. Foi na
União Ibérica que Espanha e Portugal ficaram unidos sob
O Domín io Espanhol (1580-1640) uma mesma Coroa. Pelo Juramento de Tomar (1581), Filipe
II garantiu que Portugal receberia tratamento de nação unida
Em 1557, D. Sebastião I sucedeu a D. João III no trono de à Espanha, e não de área conquistada. Na mesma época,
Portugal. Reinou até 1578, quando morreu em meio à bata‑ a Holanda, com forte burguesia calvinista, alcançava sua
lha de Alcácer‑Quibir contra os mouros no norte da África. independência em relação à Espanha católica de Filipe II.
Por não deixar descendentes, o trono foi ocupado por um O conflito com a Holanda levou Felipe II a proibir a pre‑
tio, o velho cardeal D. Henrique, que morreu em 1580, sem sença holandesa na economia açucareira do Brasil colonial.
também deixar sucessores. Assim, o rei da Espanha, Filipe Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias
II, neto de D. Manuel, o Venturoso, julgou‑se com direito ao Ocidentais com o objetivo de controlar o Nordeste açuca‑
trono português, por ser descendente dos Avis. Os espanhóis reiro. A primeira invasão ocorreu na Bahia (1624/1625) de
invadiram o país e Filipe II tomou a Coroa lusitana, unindo onde foram expulsos. Melhor organizados e com o apoio de
Portugal e Espanha, na chamada União Ibérica. O domínio, Calabar, a segunda tentativa (1630), em Pernambuco, deu
que durou até 1640, pouco modificou a vida no Brasil‑colô certo. Em 1635 foi eliminada a resistência.
nia, substituindo‑se apenas a metrópole que exercia o
monopólio comercial e o controle administrativo. Holandeses no Nordeste Brasileiro
Foi época em que a Espanha extraiu grande quantidade
de metais preciosos de suas próprias colônias americanas, Os holandeses, em 9 de maio de 1624, com uma es‑
pouco se interessando pelos recursos, menos valiosos, da
quadra de 26 navios e 3.300 homens, adentraram a Bahia
colônia portuguesa. Para o Brasil, no entanto, essa situação
de Todos os Santos e ocuparam a Cidade de Salvador, onde
política neutralizou o Tratado de Tordesilhas, o que colabo
ficaram até 30 de abril de 1625, quando foram expulsos com
rou para o avanço em direção ao interior. Houve a expan
a chegada de uma esquadra luso‑espanhola.
são do território colonial, estimulada, principalmente, pela
Em 1630, os holandeses da Companhia das Índias Oci‑
busca de metais preciosos. Por outro lado, como a Espanha
estava envolvida em vários conflitos militares na Europa, dentais1 desembarcam e ocupam Olinda. Ocupam grande
a União Ibérica atraiu para o Brasil os seus inimigos, como a parte de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, invadindo também
Inglaterra, a França e a Holanda, que organizaram diversas Sergipe. Ficam em Pernambuco até serem derrotados nas
invasões ao território colonial. A união com a Espanha trouxe duas batalhas de Guararapes e retirarem‑se em 1655.
conflitos não só para as colônias, mas também para a metró‑ Ainda em 1630 e 1647, esquadras holandesas assalta‑
pole portuguesa, o que levou a economia lusitana à ruína. ram a Cidade da Bahia (ou Salvador), mas permaneceram
Organizou‑se um movimento pela restauração da au pouco tempo, sendo logo expulsos.
tonomia de Portugal, liderado pelo duque de Bragança. Portugal e Holanda eram parceiros tradicionais. Mas,
Vitorioso o movimento, o duque foi coroado, em 1640, rei sob o domínio espanhol, os holandeses são proibidos de
de Portugal, recebendo o título de D. João IV, marco do aportar em terras portuguesas. É criada, então, na Holanda,
início da dinastia de Bragança. Com a enorme crise e o fim a companhia privilegiada das Índias Ocidentais, sociedade
da União Ibérica, Portugal necessitava de recursos que pos‑ mercantil da qual participam o governo e empresas priva‑
sibilitassem a sua recuperação econômica. Para tanto, em das de comércio. Dotada de grande capital e de frotas bem
1642, D. João IV criou o Conselho Ultramarino, órgão espe aparelhadas, a companhia atraca em Salvador, em maio de
cial que se encarregaria da administração e da intensifica 1624, sendo repelida em abril do ano seguinte por uma frota
ção da exploração colonial. Aqui, os governadores‑gerais, de 52 navios organizada pelos dois países ibéricos. Em 1630,
chamados agora de vice‑reis, foram ampliando o domínio há nova investida, sendo fundada a vila de Nova Holanda, em
administrativo, subordinando progressivamente colonos e Pernambuco, o maior centro produtor de açúcar da colônia.
donatários, inclusive comprando as capitanias hereditárias, A partir de 1637, a vila passa a ser governada pelo
transformando‑as em capitanias da Coroa. Acelerava‑se príncipe João Maurício de Nassau2, que amplia a lavoura
a centralização administrativa, com uma fiscalização me‑ 1
Companhia Holandesa das Índias Ocidentais: Sociedade mercantil constituída
tropolitana mais rígida sobre o Brasil‑Colônia, o que criava pelos Estados‑Gerais da Holanda em 1621, com o fim de concorrer comercial‑
condições para um crescente controle sobre as atividades mente com a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Obteve o monopólio
econômicas coloniais. comercial na América e na África. O resultado comercial desta companhia não
foi tão frutífero quanto o das Índias Orientais. Em 1674 foi dissolvida devido a
dificuldades econômicas
Invasões Holandesas em Pernambuco 2
João Maurício de Nassau‑Siegen (1604-1679), nobre alemão a serviço da
Holanda, governou o Brasil Holandês entre 1637 e 1644. Durante seu governo,
História
4
açucareira, desenvolve fazendas de gado, restabelece a dis‑ O conde alemão João Maurício de Nassau‑Siegen chegou
ciplina das tropas e dos funcionários civis, constrói hospitais à cidade do Recife em 1637 a serviço do governo Holandês
e orfanatos e assegura a liberdade de culto para católicos, e da Companhia das Índias Ocidentais, trazendo na sua
protestantes e judeus. Retorna à Holanda em 1644 e a vila comitiva grandes personagens como o médico Willem Piso,
entra em decadência, facilitando a reconquista pelos portu‑ o geógrafo e o cartógrafo Georg Markgraf, os pintores Albert
gueses. Ao final de longos combates, como as duas batalhas Eckhout e Frans Post, sendo este um dos primeiros a mostrar,
dos Guararapes (1848 e 1649), em que se destacaram o em suas obras, as paisagens e cenas da vida brasileira. Além
governador do Maranhão, André Vida de Negreiros, o índio desses, o escritor Gaspar Barleus, que fez um relatório de
Felipe Camarão, o senhor de engenho João Fernandes Vieira sua passagem pelo Brasil intitulado de História Natural do
e o negro Henrique Dias, os holandeses capitulam em janeiro Brasil, em que faz minucioso estudo científico da fauna e
de 1654. A perda da colônia é reconhecida pela Holanda com da flora brasileira além de observações meteorológicas e
a assinatura da Paz de Haia, em 1661. astronômicas, estas realizadas com um antigo telescópio
O conflito com a Holanda levou Felipe II a proibir a pre‑ instalado sobre o antigo Palácio do Governador.
sença holandesa na economia açucareira do Brasil colonial. Nassau era calvinista, mas, ao que tudo indica, foi to‑
Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias lerante com católicos e com os chamados cristãos‑novos,
Ocidentais com o objetivo de controlar o Nordeste açuca judeus que, às escondidas, praticavam seus cultos. Estes
reiro. A primeira invasão ocorreu na Bahia (1624/1925) de foram autorizados a, abertamente, exercer suas práticas
onde foram expulsos. Melhor organizados e com o apoio de religiosas, o que provocou uma grande emigração de judeus
Calabar a segunda tentativa (1630), em Pernambuco, deu vindos dos Países Baixos3 para o Brasil.
certo. Em 1635, foi eliminada a resistência. No governo de Nassau, muitos melhoramentos foram
feitos nas áreas urbanas como saneamento básico, constru‑
O Governo Nassau (1637-1644) ção de casas e o agrupamento das mesmas em vilas, constru‑
ção de ruas e alargamento de diversas outras, construção de
Para administrar o Brasil holandês foi enviado Maurício dois importantes palácios, o das Torres ou de Frigurgo e o da
de Nassau. Destinado a garantir um bom convívio com os Boa Vista, construção de pontes melhorando a locomoção
brasileiros e o crescimento da produção, tomou as seguintes das pessoas e o tráfego local. Em 1644, o Príncipe de Nassau
medidas: retornou à Holanda.
• empréstimos aos fazendeiros; Após sua volta, o Nordeste assistiu sangrentos combates
• tolerância religiosa; entre os luso‑brasileiros e os batavos pela conquista da terra.
• urbanização; O mais famoso destes foi a primeira Batalha de Guararapes4
• incentivo à cultura por meio da vinda de missões (1648). Após 24 anos de domínio holandês, estes foram ex‑
artísticas e científicas; pulsos na chamada Insurreição Pernambucana (ou Guerra de
• participação de fazendeiros dos Conselhos de Esco‑ Restauração). O domínio Holandês no Brasil compreendeu
binos (órgãos substitutos das Câmaras Municipais). o período de 1630 a 1654.
Apesar de bom governo, Nassau entrou em choque com Insurreição Pernambucana5 (1644-1654)
a Companhia das Índias Ocidentais. Acusado de desvio de
verbas, em 1844, foi obrigado a retornar a Holanda. Em 1640, Portugal obteve a restauração por meio de D.
João IV (início da Dinastia Bragança).
A Presença Holandesa no Brasil Esgotado financeiramente, o governo português assinou
uma trégua de 10 anos com a Holanda, que não foi respeita‑
Pode ser conhecida, também, como o período das Inva‑ da. A saída de Nassau trouxe uma nova administração. Em
sões Holandesas que ocorreram no século XVII, mais especi‑ vez de tolerância, a Holanda passou a cobrar os empréstimos
ficamente nos períodos de 1624 e 1625 e, após, de 1630 até e a confiscar fazendas. Insatisfeitos, os fazendeiros incentiva‑
1654. As invasões holandesas estão intimamente ligadas à ram a revolta. Foi a Insurreição Pernambucana (1645-1654)
disputa pelo açúcar, à Guerra dos Trinta Anos (1618/1648) e, que expulsou os holandeses do Brasil. Impossibilitado de
ainda, à passagem do trono de Portugal à Coroa Espanhola. apoiar a revolta, Portugal foi favorecido pela guerra entre
O primeiro ataque holandês deu‑se contra a Bahia (1624). Inglaterra e Holanda na disputa marítima.
Os batavos conseguiram ocupar Salvador, mas ficaram cer‑ A principal consequência, após a expulsão dos holande‑
cados dentro da cidade. No ano seguinte, foram expulsos de ses, foi a concorrência antilhana resultando na decadência
lá por uma esquadra enviada pela Espanha e comandada por da economia açucareira. Além disso, durante a União Ibérica,
Dom Fradique de Toledo. Em 1630 os holandeses atacaram as guerras espanholas resultaram na perda de colônias portu‑
Pernambuco, conquistando a capital Olinda. Mais uma vez,
guesas. O Brasil tornou‑se a grande fonte de renda lusitana.
os luso‑brasileiros, comandados por Matias de Albuquerque,
Enfraquecido economicamente, Portugal ampliou a
conseguiram mantê‑los isolados no litoral. Porém, a partir de
dependência financeira em relação à Inglaterra. Destacou‑se
1634, graças à “traição” de Domingos Calabar e à habilidade
o Tratado de Methuen, no qual Portugal comprava todos
do coronel Crestofle Arciszewski, os holandeses da Compa‑
os panos de lã e vendia vinhos aos ingleses. Paralisando a
nhia das Índias Ocidentais conseguiram bater a guerrilha
luso‑brasileira, conquistar o Arraial do Bom Jesus e instalar
certa estabilidade na região. 3
Os Países Baixos são frequentemente chamados Holanda.
4
As Batalhas dos Guararapes foram duas batalhas travadas no Monte Guarara‑
A Região sob o poder holandês, em 1637, compreendia pes, ao sul do Recife, e foram episódios decisivos na Insurreição Pernambucana,
os atuais Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, que culminou no término das Invasões holandesas do Brasil, durante o século
Alagoas e Pernambuco, estendendo‑se até o Rio São Fran‑ XVII. A primeira batalha ocorreu em 19 de abril de 1648, e a segunda em 19 de
História
5
industrialização portuguesa, os ingleses, nesta injusta troca, expedição que objetivava a conquista de Pernambuco.
acabaram beneficiando‑se do ouro brasileiro. Ainda, na Bahia, organiza‑se uma resistência que poria
No Brasil, a opressão colonial aumentou. Para garan‑ fim ao domínio holandês na região, pelo período de aproxi‑
tir o monopólio comercial foram criadas Companhias de madamente 1 ano. Outras tentativas, como a de Pieterzoon
Comércio: Heeyen, de 1627, que saqueou o Recôncavo baiano se se‑
• Companhia Geral do Comércio do Brasil (1647-1720): guiram, porém sem sucesso.
teve o monopólio do Rio Grande do Norte ao Sul. As riquezas naturais da Capitania de Pernambuco
• Companhia do Comércio do Estado do Maranhão (Zuikerland – Terra do açúcar) no início do séc. XVII já eram
(1682-1685): teve o monopólio acima do Rio Grande bastante conhecidas pelas grandes potências da época.
do Norte. Os Países Baixos necessitavam do açúcar que era produzido
no Brasil para suas refinarias, cuja produção de 121 enge‑
As companhias impuseram altos preços aos seus pro‑ nhos de açúcar, em Pernambuco, despertou a ganância dos
dutos e redução dos preços coloniais. diretores da Companhia que, com o apoio da Inglaterra e
A curta passagem dos holandeses pelo Brasil foi marca‑ França, rancorosos inimigos da Espanha mandaram armar
da por um grande avanço não só do comércio ultramarino, uma extraordinária esquadra de 70 navios e 7280 homens,
mas, também, nas áreas da cultura, ciência e tecnologia. sob comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck.
Foi também um período tumultuado nas questões políticas Em 14 de fevereiro de 1630, as tropas comandadas por
e sociais, no período de 1624 a 1654. Pieter Andrianzoon apresentam‑se nas costas de Pernambu‑
Por três oportunidades, os holandeses procuraram co. Objetivando atacar a cidade de Olinda – a mais importan‑
firmar sua presença no Brasil. Duas desastrosas tentativas te cidade da região, naquela época –, a esquadra divide‑se
na Bahia, nos anos de 1624 e 1638 e uma transitoriamente e, sob o comando do general Diederick Van Weerdenburg,
bem‑sucedida em Pernambuco, em 1630. Essas localidades desembarca ao norte, em Pau Amarelo, com um contingente
foram os principais marcos definidos pela estratégia militar de 3000 homens. Olinda é conquistada sem opor resistência.
holandesa que se utilizou de uma empresa, com o privilégio Os pernambucanos organizam‑se e remetem sucessivos
de comercializar na América e África à semelhança do que já ataques de guerrilhas aos invasores, impedindo‑os de pros‑
ocorria no Oriente. Essa empresa denominada Companhia seguir com sua dominação ao interior. Entrementes, os ho‑
Privilegiada das Índias Ocidentais (Geoctroyerde Westindis- landeses conseguem construir um Forte na extremidade da
che Compangnie) objetivou uma ocupação de parte da maior ilha de Itamaracá e o guarnecem com 300 soldados sob o
colônia luso‑espanhola das Américas. Com o privilégio de comando do capitão polonês Artichovsky.
exploração por 24 anos, logo reuniram recursos de origem Na noite de 21 de novembro de 1631, os holandeses,
preponderantemente judaica, no valor de sete milhões de supondo que as forças portuguesas que haviam derrotado
florins, tornando‑se uma sociedade de grandes negociantes uma esquadra‑reforço enviada pela Companhia fossem mui‑
dessa religião. to numerosas, incendeiam Olinda e pensam em abandonar
A ideia dessa iniciativa ocorreu em uma das reuniões do Pernambuco.
Conselho dos XIX dessa Companhia dos Países Baixos, visto Em 1632, porém, com auxílio do mameluco Domingos
que, após a incorporação de Portugal à Coroa de Castela Fernandes Calabar, rompem o cerco formado pelos portu‑
em 1580, os holandeses sentiram‑se prejudicados e ame‑ gueses e, em sucessivas vitórias, dilatam o domínio holandês
açados, uma vez que cidades como Lisboa, Porto e Viana em solo brasileiro.
suspenderam seu comércio de produtos exóticos, madeira, Em janeiro de 1637, o governo holandês julga seu
tabaco e açúcar, e passaram, então, a atacar os domínios da domínio firmado e escolhe um local onde fundam Recife
coroa espanhola, na África e no Novo Mundo, priorizando como sede de seus domínios no Brasil, por ter, nessa locali‑
o contato direto com fontes produtoras na América. Na dade, a segurança que não dispunham em Olinda. A Recife
verdade, a Companhia tinha por objetivo principal o da holandesa possuía rios e canais muito similares aos que os
exploração do açúcar. holandeses estavam acostumados em sua pátria. Olinda
A Companhia das Índias Ocidentais preparou uma es‑ situa‑se em região montanhosa, muito semelhante às
quadra de 36 navios com 1600 marinheiros e 1700 merce‑ cidades portuguesas. O Conselho dos XIX da Companhia
nários que, sob o comando do almirante Jacob Willekins, se das Índias Ocidentais envia, então, um príncipe da família
dirige ao Brasil e, em 9 de maio de 1624, invade a Bahia. No reinante, o conde João Maurício de Nassau, para ocupar a
porto, encontravam‑se 15 navios portugueses, dos quais 7 função de governador‑geral do Brasil Holandês.
são destruídos e 8 apoderados pelos holandeses. O governa‑
dor Diogo Mendonça Furtado é levado à Holanda, assumindo Consequências
o governo local Joan Van Dorth.
Confiantes de que tal operação havia firmado seu do‑ Em consequência das invasões ao nordeste do Brasil,
mínio no Brasil, a esquadra, agora, liderada pelo Contra‑al‑ o capital holandês passou a dominar todas as etapas da
mirante Pieterzoon Heeyn, retira‑se, dirigindo‑se para o produção de açúcar, do plantio da cana‑de‑açúcar ao refino
Espírito Santo, onde desembarcam 300 homens que atacam e distribuição. Com o controle do mercado fornecedor de
a província; porém, é vigorosamente repelido pela população escravos africanos, passou a investir na região das Antilhas.
local e pelas tropas de Salvador Corrêa, o então Governador O açúcar produzido nessa região tinha um menor custo
do Rio de Janeiro. de produção devido, entre outros, à isenção de impostos
Derrotado, o imediato do almirante Jacob Willekins, que sobre a mão de obra (tributada pela Coroa Portuguesa) e
atacara a Bahia, passou a exercer atos de pirataria contra vá‑ ao menor custo de transporte. Sem capitais para investir,
rios pontos da costa americana. Atacou uma esquadra de três com dificuldades para aquisição de mão de obra e sem
navios que iam do México para Espanha, apossando‑se da dominar o processo de refino e distribuição, o açúcar por‑
História
prata, no valor de 15 milhões de florins, mais do que o dobro tuguês não consegue concorrer no mercado internacional,
do capital formado pelos judeus holandeses e portugueses mergulhando a economia do Brasil em crise que atravessará
que tinham amealhado para formar a Companhia das Índias a segunda metade do século XVII até a descoberta de ouro
Ocidentais. Esse montante foi fundamental para preparar a nas Minas Gerais.
6
A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 E A diários, comerciantes, padres e bacharéis conspiram contra
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL os militares e comerciantes portugueses, responsabilizados
pelos problemas da província.
Napoleão Invade Portugal Os revoltosos querem tirar o controle do comércio
das mãos de portugueses e ingleses. Em março, a revolta
Na Europa, o imperador Napoleão Bonaparte impunha espalha‑se pelas ruas do Recife e o governador, Caetano
a supremacia francesa aos demais reinos europeus. Ao en‑ Pinto, foge para o Rio de Janeiro. Os rebeldes organizam
contrar forte oposição na Grã‑Bretanha, decreta o bloqueio o primeiro governo brasileiro independente e proclamam
continental, proibindo os países do continente comerciar a República, mas, sem o apoio das demais províncias nor‑
com os britânicos. A medida afeta a Coroa Portuguesa de destinas, são cercados e atacados pelas forças legalistas em
imediato, pois o poder britânico é um forte aliado. De início, maio e derrotados no mês seguinte.
os portugueses tentam uma política de neutralidade com a A Independência foi um fenômeno essencialmente
França. Mas a não obediência ao bloqueio leva Napoleão a político, pois foram mantidos os aspectos essenciais do
decretar a invasão de Portugal por tropas comandadas pelo período colonial:
general Jean Junot. • trabalho escravo.
A Corte Portuguesa transfere‑se para o Brasil, em um • latifúndio.
total de 12 mil pessoas, aproximadamente. Portugal havia • economia assentada na agroexportação.
sido invadido no final de 1807 por tropas do imperador Na‑
poleão Bonaparte após ter rejeitado o bloqueio continental Pode‑se salientar ainda que todo o processo não contou
decretado pela França contra o comércio com a Inglaterra. com a participação da população, que, para a elite, não de‑
Com o apoio da esquadra britânica, Dom João, regente do veria opinar em nada nos destinos do novo país que nascia.
reino no lugar de sua mãe, dona Maria I, chega à Bahia em
janeiro e, dois meses depois, segue para o Rio de Janeiro. Período Joanino
Entre as primeiras decisões tomadas por Dom João está
a abertura dos portos às nações amigas. Com isso, o movi‑ Com a situação da Europa no século XIX e com a forma‑
mento de importação e exportação é desviado de Portugal, ção do Império da França, Napoleão Bonaparte expandin‑
então ocupado pelos franceses, para o Brasil. A medida do‑o forçava aos países dos continentes a suas imposições.
favorece tanto a Inglaterra, que usa a colônia portuguesa Em guerra com a Inglaterra, Napoleão obrigava os países da
como porta de entrada de seus produtos para a América Europa a não ter relações comerciais com a Inglaterra, pois
espanhola, quanto os produtores brasileiros de bens para ela era a maior concorrente da França, formando, assim,
o mercado externo. Dom João também concede permissão o Bloqueio Continental. Como Portugal era aliado da Ingla‑
para o funcionamento de fábricas e manufaturas no Brasil. terra, estava sofrendo pressão por parte de Napoleão que
São fundados no Rio de Janeiro o Banco do Brasil e o Jardim ameaçava invadir Portugal. D. João estava com um grande
Botânico. dilema. Caso se unisse com a França, perderia o Brasil, se
É necessário entender que o 7 de setembro de 1822 não unisse à Inglaterra, seria invadido. Resolveu fugir para o Brasil
foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um aconte‑ sob a proteção inglesa que em troca exigiu:
cimento que integra o processo de crise do antigo sistema • abertura dos Portos às nações amigas (Inglaterra),
colonial, iniciado com as revoltas de emancipação no final que na prática determinava o fim do antigo sistema
do século XVIII. colonial (Pacto Colonial);
O final do século XVIII e o início do XIX foram períodos • cobrança de Impostos:
de grandes transformações no mundo: primeira Revolução ▪ 24% aos países amigos;
Industrial na Inglaterra, Independência dos Estados Unidos ▪ 16% a Portugal;
da América, Revolução Francesa, Era Napoleônica. ▪ 15% a Inglaterra.
Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em
1808, D. João, dominado pela Inglaterra, teve que aceitar a A política Joanina foi responsável por várias transforma‑
abertura dos portos às nações amigas – no caso a Inglaterra. ções no Brasil. Primeiramente a fixação da Corte Portuguesa
Com isso, estava terminado o pilar da dominação portu‑ no Rio de Janeiro, e para dar um ar de Europa para esta
guesa sobre o Brasil, o monopólio do comércio colonial, cidade foram feitas várias obras públicas e abertas inúmeras
e posteriormente reafirmada a supremacia inglesa sobre o repartições públicas, tais como:
Brasil com os tratados de 1810, privilegiando a Inglaterra no • Jardim Botânico;
comércio com o Brasil. • Banco do Brasil;
Foi necessário estruturar a cidade do Rio de Janeiro para • Polícia Militar do Distrito Federal.
recepcionar os nobres portugueses: obras foram construídas,
proprietários tiveram que ceder “gentilmente” suas casas A Polícia Militar do Distrito Federal tem suas origens
aos novos inquilinos para o Príncipe Regente, as mesmas remotas no Corpo de Quadrilheiros, organização policial cria‑
recebiam uma inscrição de PR que logo foi traduzida de da por D. João, recém‑chegado de Portugal após a invasão
“ponha‑se na rua”. O que se imaginava ser uma grande daquele País pelas tropas de Napoleão Bonaparte.
transformação, pouco trouxe de proveitoso. Tirando os as‑ Com a vinda e instalação do Príncipe Regente e de sua
pectos políticos, percebe‑se que o controle inglês aumentou numerosa corte, um surto de progresso sacudiu o Brasil‑Co‑
e, quando ocorre a independência do país, feita pelo filho lônia. Por iniciativa de D. João, vários atos administrativos
do rei de Portugal, a mesma situação econômica de depen‑ deram um impulso extraordinário no progresso da Colônia,
dência se manteve. tais como: abertura dos portos nacionais a navios de todas
O estabelecimento da Corte Portuguesa no Brasil reforça as nações amigas, criação da Biblioteca Pública, Arquivo
o poder central no Rio de Janeiro e enfraquece as províncias. Militar, Academia de Belas‑Artes, Academia de Marinha,
Com o mau desempenho do açúcar, aumentam as dificul‑ o Jardim Botânico etc.
História
dades da economia das regiões produtoras. Nesse cenário Existia, na Metrópole, uma instituição, militarmente
ocorre a Revolta Pernambucana de 1817, inspirada na organizada – a Guarda Real de Polícia – que serviu de modelo
Revolução Francesa, na independência dos Estados Unidos para que, em 13 de maio de 1809, fosse criada, no Brasil,
e nas lutas de emancipação da América Hispânica. Latifun‑ a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, primeiro núcleo
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efetivo da Polícia Militar, com a missão de “guarda e vigia Mawe. Dez anos após a chegada do séquito real, a população
da cidade do Rio de Janeiro”. do Rio de Janeiro passa de 50 mil para 100 mil habitantes.
A Polícia Militar Brasileira tem sua origem nas Forças No plano econômico, a abertura dos portos beneficia
Policiais criadas durante o período em que o Brasil era um também a Grã‑Bretanha, que consolida seus negócios com
Império, no reinado de D. Pedro I. A Corporação mais antiga a colônia portuguesa, firmando com D. João o Tratado da
é a Polícia Militar do Rio de Janeiro, com origens na Guarda Amizade e Aliança de Comércio e Navegação, em 1810. Com
Real de Polícia criada em 1809 por Dom João, Regente de eles, os britânicos conseguem dominar o comércio brasilei‑
Portugal. Na época, D. João havia transferido sua corte de ro, inundando‑o com seus produtos e afetando a nascente
Lisboa para a cidade do Rio de Janeiro, em virtude das Guer‑ indústria nacional.
ras Napoleônicas que assolavam na Europa.
A corporação e força militar brasileira mais antiga, em A Revolução Pernambucana de 1817
cujos moldes resultam as atuais polícias militares, é a de
Minas Gerais, tendo em vista que foi organizada em 1775, As causas da Revolução Pernambucana podem ser de‑
de modo regular e, até hoje, ininterrupto, constituída origi‑ finidas como um protesto do Norte contra a hegemonia do
nalmente como regimento regular de cavalaria, pago pelos Sul. Pernambuco não se acomodara facilmente à condição
cofres públicos e responsável pela manutenção da ordem de “colônia do Estado irmão mais moço”, nas palavras de
pública ameaçada pela descoberta das riquezas no Estado Handelmann, em sua História do Brasil, remetendo, obri‑
de Minas Gerais. gatoriamente, para a manutenção da corte uma boa parte
Desde a sua criação, as polícias militares encontram‑se de suas rendas, o que, aliás, acontecia com todas as demais
organizadas em postos (relativos aos oficiais) e graduações capitanias. Os habitantes do Recife – para citar um só exem‑
(relativas às praças), à semelhança do Exército Brasileiro. plo – pagavam um imposto mensal destinado à iluminação
Segundo a Constituição Federal de 1988, as polícias militares pública do Rio de Janeiro. Daí o ciúme de Pernambuco, diante
são forças auxiliares e reservas do Exército Brasileiro. No da soma enorme de benefícios que tornariam a região flumi‑
entanto, são as únicas corporações policiais responsáveis por nense a mais favorecida de todas, no período Joanino, em
exercer as funções de policiamento ostensivo, ressalvada a detrimento das mais distantes, no conjunto inorgânico que
competência da União. era o Brasil daquele tempo. De forma geral pode‑se afirmar
que as causas da Revolução Pernambucana de 1817 foram:
Medidas de Incentivo à Cultura • Econômicas: crise na produção de açúcar e algodão,
luta dos senhores rurais e homens livres contra o
domínio comercial dos portugueses e os altos pre‑
Além das mudanças comerciais, a chegada da família
ços pelos quais estes vendiam gêneros de primeira
real ao Brasil também causou um reboliço cultural e educa‑
necessidade.
cional. Nessa época, foram criadas escolas como a Academia
• Políticas: desejo de substituir a monarquia absoluta
Real Militar, a Academia da Marinha, a Escola de Comércio, por uma forma mais liberal de governo, como a Re‑
a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, a Academia de pública, já adotada nos Estados Unidos e em outras
Belas‑Artes e dois Colégios de Medicina e Cirurgia, um no Rio regiões da América.
de Janeiro e outro em Salvador. Foram fundados o Museu • Sociais: insatisfação da população contra a carestia e
Nacional, o Observatório Astronômico e a Biblioteca Real, contra o domínio português.
cujo acervo era composto por muitos livros e documentos
trazidos de Portugal. Também foi inaugurado o Real Teatro Em Pernambuco, as aspirações de autonomia reapa‑
de São João e o Jardim Botânico. Uma atitude muito impor‑ recem em um período de retração econômica ocasionada
tante de D. João foi a criação da Imprensa Régia. Ela editou pela baixa do preço do açúcar e pela brusca supressão das
obras de vários escritores e traduções de obras científicas. exportações de algodão, consequências dos acordos com
Foi um período de grande progresso e desenvolvimento. a Grã‑Bretanha. As operações no Rio da Prata impunham,
além do mais, a cobrança de novos tributos sobre as receitas
Com o congresso de Viena o Brasil foi elevado à alfandegárias, a fim de custear as despesas com o corpo
categoria de Reino Unido a Portugal expedicionário.
O movimento foi constituído por senhores de engenho,
Contra a política de D. João criou‑se a Revolução comerciantes, padres e militares. Sob orientação clerical,
Pernambucana de 1817 de caráter popular, pois a política o movimento deveria ter início no domingo da Páscoa (coin‑
Joanina favorecia a aristocracia portuguesa, mas a revolta foi cidente em 1817 com o mês de abril), comemorando‑se a
repreendida violentamente e seus líderes foram executados, ressurreição de Cristo com a da pátria.
acabando, assim, mais uma tentativa de independência da No entanto, uma rixa de quartel, que culminou com o
colônia. assassino de dois oficiais superiores, ambos portugueses,
Visando ao aprimoramento da sociedade civil e militar, antecipou a deflagração do movimento. Depois de vencidas
D. João funda a primeira escola superior – a Médico‑Cirúrgi‑ as forças leais a Portugal, os insurretos organizaram um
ca – em Salvador, em 18/2/1808; a Academia da Marinha, em governo provisório. A República Pernambucana não teria
5/5/1808; a primeira tipografia, em 13/5/1808; é impresso duração maior do que 75 dias.
o primeiro jornal, a Gazeta do Rio de Janeiro, publicado pela A reação portuguesa não se fez esperar. O Conde dos
Imprensa Real em 10/9/1808; a Academia Militar do Rio Arcos enviou duas expedições militares a Pernambuco,
de Janeiro, em 4/12/1808; é aberta a primeira Biblioteca uma naval e outra terrestre, “com uma presteza que não
Pública, também no Rio de Janeiro, em 13/5/1811. era de esperar na índole portuguesa”, segundo o relatório
A vida cultural e científica é estimulada com a criação do do cônsul Maler ao governo francês. Pelos seus cálculos,
Jardim Botânico, da Academia de Belas‑artes, o que favorece concentraram‑se em Pernambuco cerca de 8 mil homens
a vinda de cientistas e artistas franceses, alemães e ingleses. para debelar a revolução, que teve no padre João Ribeiro
História
Entre eles, o pintor e escritor francês Jeari‑Baptiste Debret, Pessoa de Melo Montenegro o seu grande herói.
o botânico francês Auguste Saint‑Hílaire, o médico e botânico Com uma espingarda e um saco contendo o arquivo da
alemão Karl Friedrich von Martius, o pintor alemão Johann república aos ombros, o padre João Ribeiro acompanhou,
Moritz Rugendas, o naturalista e geólogo britânico Jonh descalço, a retirada do exército rebelde até o engenho Pau‑
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lista, onde foi decidida a debandada. Dirigiu‑se em seguida à proveitoso. Tirando os aspectos políticos, percebe‑se que o
igreja e ali queimou os papéis que poderiam comprometer controle inglês aumentou e, quando ocorre a independência
os seus companheiros, suicidando‑se junto ao altar‑mor. do país, feita pelo filho do rei de Portugal, a mesma situação
Remetidos para a Bahia, foram executados Domingos José econômica de dependência se manteve.
Martins, José Luís de Mendonça e o padre Miguelinho. No O estabelecimento da corte portuguesa no Brasil reforça
Recife, tiveram o mesmo fim, Antônio Henriques, Domingos o poder central no Rio de Janeiro e enfraquece as províncias.
Teotônio Jorge, José de Barros Lima (o Leão Coroado) e o Com o mau desempenho do açúcar, aumentam as dificul‑
padre Pedro de Sousa Tenório e os da Paraíba: José Peregrino dades da economia das regiões produtoras. Nesse cenário,
de Carvalho, Amaro Gomes da Silva Coutinho, Francisco José ocorre a revolta pernambucana, inspirada na Revolução
da Silveira, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e o Francesa, na independência dos estados unidos e nas lutas
padre Antônio Pereira de Albuquerque. A cabeça do padre de emancipação da América hispânica. Latifundiários, comer
João Ribeiro, decepada, foi exposta no pelourinho da cidade ciantes, padres e bacharéis conspiram contra os militares e
irredenta. comerciantes portugueses, responsabilizados pelos proble‑
mas da província. Os revoltosos querem tirar o controle do
FIM DO PERÍODO COLONIAL E A INDEPENDÊNCIA comércio das mãos de portugueses e ingleses. Em março,
POLÍTICA DO BRASIL – A vinda da Família Real a revolta espalha‑se pelas ruas do Recife e o governador, Cae
para o Brasil tano Pinto, foge para o Rio de Janeiro. Os rebeldes organizam
o primeiro governo brasileiro independente e proclamam a
Napoleão Invade Portugal. Na Europa, o imperador república, mas, sem o apoio das demais províncias nordesti‑
Napoleão Bonaparte impunha a supremacia francesa aos nas, são cercados e atacados pelas forças legalistas em maio
demais reinos europeus. Ao encontrar forte oposição na e derrotados no mês seguinte.
Grã‑Bretanha, decreta o bloqueio continental, proibindo os A independência foi um fenômeno essencialmente polí‑
países do continente comerciar com os britânicos. A medida tico, pois foram mantidos os aspectos essenciais do período
afeta a Coroa portuguesa de imediato, pois o poder britânico colonial: trabalho escravo, latifúndio, economia assentada
é um forte aliado. De início, os portugueses tentam uma na agroexportação. Pode‑se salientar ainda que todo o
política de neutralidade com a França. Mas a não obediência processo não contou com a participação da população, que,
ao bloqueio leva Napoleão a decretar a invasão de Portugal para a elite, não deveria opinar em nada nos destinos do
por tropas comandadas pelo general Jean Junot. novo país que nascia.
A corte portuguesa transfere‑se para o Brasil, num total
de 12 mil pessoas, aproximadamente. Portugal havia sido Fim do Antigo Sistema Colonial (Pacto Colonial). A
invadido no final de 1807 por tropas do imperador Napo ruptura do Pacto colônia, ou seja, a “independência” do
leão Bonaparte após ter rejeitado o bloqueio continental Brasil está recheada de contradições e de jogos de interesse
decretado pela França contra o comércio com a Inglaterra. de uma minoria.
Com o apoio da esquadra britânica, Dom João, regente do O Brasil foi colonizado de acordo com o sistema mer‑
reino no lugar de sua mãe, dona Maria I, chega à Bahia em cantilista, mas Portugal não tendo a sorte de encontrar, logo
janeiro e, dois meses depois, segue para o Rio de Janeiro. no início da colonização, os preciosos metais, ouro e prata,
Entre as primeiras decisões tomadas por dom João está introduziu aqui o sistema de produção baseado na agricul‑
a abertura dos portos às nações amigas. Com isso, o movi‑ tura de exportação e do trabalho negro em larga escala.
mento de importação e exportação é desviado de Portugal, Para que a colônia não se desenvolvesse autonomamente
então ocupado pelos franceses, para o Brasil. A medida foi montado um conjunto de restrições das colônias para com
favorece tanto a Inglaterra, que usa a colônia portuguesa a metrópole que se chamava Pacto Colonial.
como porta de entrada de seus produtos para a América Nessa época a educação na colônia era privilégio de pou
espanhola, quanto os produtores brasileiros de bens para cos e o catolicismo se tornou um traço cultural marcante da
o mercado externo. Dom João também concede permissão sociedade brasileira. Enquanto na Europa vigorava‑se ainda o
para o funcionamento de fábricas e manufaturas no Brasil. poder absolutista que com seus impostos e regulamentações
São fundados no Rio de Janeiro o Banco do Brasil e o Jardim incomodava a nova burguesia, ligada à explosão da Revolu
Botânico. ção Industrial que ascendia ansiosa por novos mercados.
É necessário entender que o 7 de setembro de 1822 não O mercado americano era um monopólio português
foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um aconte‑ e espanhol, o que atrapalhava o crescimento do mercado,
cimento que integra o processo de crise do antigo sistema principalmente o inglês. E foi justamente nessa época que
colonial, iniciado com as revoltas de emancipação no final começaram a surgir as ideias iluministas que por se tratar de
do século XVIII. um movimento propriamente burguês tendia a defender o
O final do século XVIII e o início do XIX foram períodos interesse desses, sendo contrários ao governo absolutista,
de grandes transformações no mundo: primeira Revolução o que incluía uma reformulação no mercado internacional
Industrial na Inglaterra, Independência dos Estados Unidos com o fim dos monopólios.
da América, Revolução Francesa, Era Napoleônica. Mesmo com toda repress ão, as id eias iluministas
Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em chegavam à colônia, trazidas pelos membros do clero e da
1808, D. João, dominado pela Inglaterra, teve que aceitar a elite que estudavam na Europa. Logo, começaram a surgir
abertura dos portos às nações amigas – leia‑se Inglaterra. manifestações nacionais e regionais como a Inconfidência
Com isso, estava terminado o pilar da dominação portu Mineira e a Guerra dos Mascates.
guesa sobre o Brasil, o monopólio do comércio colonial, Apesar de o sistema colonial se mostrar superado diante
e posteriormente reafirmada a supremacia inglesa sobre o do capitalismo industrial europeu, Portugal não acompanhou
Brasil com os tratados de 1810, privilegiando a Inglaterra no o ritmo de desenvolvimento fabril e manteve‑se dependente
comércio com o Brasil. de sua principal colônia. Todavia isso não impediu que os
Foi necessário estruturar a cidade do rio de janeiro para ideais liberalistas se infiltrassem na burguesia portuguesa,
História
recepcionar os nobres portugueses: obras foram construídas, que defendia ao mesmo tempo o fim do absolutismo e a
proprietários tiveram que ceder “gentilmente” suas casas recolonização do Brasil.
aos novos inquilinos (pr – ponha‑se na rua). O que se ima‑ Fugindo dos exércitos de Napoleão, D. João e a corte
ginava ser uma grande transformação, pouco nos trouxe de portuguesa transferiram‑se para a colônia, com o apoio
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da Inglaterra (que exigia em troca a abertura do mercado Primeiro Reinado (1822-1831)
da colônia) e o Brasil foi elevado ao posto de Reino Unido, É a primeira fase do império. Inicia‑se em 12/10/1822,
para que assim D. João pudesse reiná‑lo. A transferência com a aclamação de D. Pedro I e estende‑se até a abdicação
da corte marcou o rompimento da Coroa com a burguesia do imperador em 7/4/1831. A independência não significa a
portuguesa. E com a abertura dos portos às “nações amigas” ruptura com o passado. D. Pedro continua preso a interesses
quebrou‑se a essência do Pacto Colonial. A partir daí Portugal de Portugal, e as novas fórmulas políticas propostas não
foi quase excluído do comércio com o Brasil, mas para a elite agradam as classes dominantes – os senhores escravistas,
brasileira a nova situação era estimulante, pois os negócios que pretendem o controle total do aparelho do Estado e
poderiam agora expandir‑se. a continuidade do regime escravocrata. O imperador, em
A participação das camadas populares nesse processo princípio, assegura os privilégios dessa classe. Mas, pouco a
foi praticamente inexistente. pouco, envereda pelos caminhos do despotismo, ao mesmo
Após o suposto rompimento com Portugal, D. Pedro tempo que se manifestam dificuldades econômicas e sociais.
continuara a controlar o país por meio de uma monarquia. Guerra da independência. A monarquia brasileira
Isso demonstra que o alcance das ideias liberais foi limitado, mantém a unidade nacional, mas gera reações sobre tudo
adaptado e comandado pela elite econômica nacional. no Norte, Nordeste e na Província Cisplatina. A aristocracia
O processo de independência então resultou de um latifundiária opõe‑se ao comando do Rio de Janeiro, enquan
jogo de interesses, onde a escravidão foi mantida, e o Brasil to os portugueses detentores de cargos políticos ou militares
não mudou seu papel de produtor de matéria prima, conti preferem manter‑se fiéis a Lisboa. O principal centro da
nuando na periferia do capitalismo, como bem convinha aos reação é a Bahia, mas registram‑se resistências também no
interesses das nações industriais. Pará e Maranhão. Todas são derrotadas por insurreições
populares que acabam expulsando as tropas portuguesas.
Revolução do Porto e o regresso de D. João D. Pedro é aclamado imperador em 12 de outubro de
As ideias liberais francesas difundidas em Portugal, 1822. Seu governo, conhecido como primeiro reinado, não
o descontentamento popular motivado pela grave crise eco‑ chega a representar uma ruptura com o passado. Pertence
nômica que o reino português atravessava (fome e miséria) à mesma casa reinante da antiga metrópole e é herdeiro do
e a tirania exercida por Beresford foram as principais causas trono português. Mantém os privilégios das elites agrárias,
da Revolução Liberal ou Constitucionalista (1820). principalmente a continuidade do regime escravocrata.
Os revolucionários, aproveitando a ausência do Mare‑ Aos poucos, porém, seu governo assume caráter centralista
chal Beresford que viajara para o Rio de Janeiro, iniciaram e despótico, o que desagrada aos interesses provinciais.
a revolta na cidade do Porto. Organizaram uma “Junta O Primeiro Reinado dura até a abdicação de D. Pedro em
Provisória do Governo Supremo do Reino” e processaram favor de seu filho, em 1831.
as eleições para as Cortes Constituintes (para elaborar a
Constituição). Eles pretendiam a constitucionalização do Regime político. Monarquia constitucional (D. Pedro I
país, a expulsão de Beresford, o regresso de D. João VI e a afirmava que “juraria a liberal constituição se ela fosse digna
recolonização do Brasil. do Brasil e do seu imortal imperador”).
D. João VI ao regressar para Portugal deixou seu filho Assembleia constituinte de 1823: a constituição da
D. Pedro de Alcântara (futuro Imperador D. Pedro I) como mandioca. D. Pedro I a dissolve (noite da agonia) depois do
Príncipe‑Regente do Brasil. Na certeza de que a independên impasse entre os grupos português e brasileiro a respeito
cia do Brasil estava próxima teria aconselhado a D. Pedro da soberania (o primeiro grupo defendia que esta cabia ao
antes de partir: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja imperador, o segundo, ao poder legislativo).
por ti, que me hás de respeitar, do que para alguns desses A economia brasileira não se altera com sua independên
aventureiros”. Com o regresso de D. João VI em 1821, o pro‑ cia política: mantém‑se agrário‑exportadora e baseada no
cesso de independência do Brasil irá se acelerar devido à trabalho escravo. Livre do colonialismo português, o país
política recolonizadora das Cortes. passa inteiramente para a esfera econômica da Inglaterra.
Os ingleses tornam‑se os únicos compradores dos produtos
Brasil Impér io – (1822-1898) primários brasileiros e os principais fornecedores de bens
manufaturados. A partir do século XIX, o café começa a
A Província de Pernambuco no I e II Reinado: ser plantado na região Sudeste do país e desenvolve‑se
rapidamente no Rio de Janeiro, sudeste de Minas e em São
Pernambuco no contexto da Independência Paulo. Entre 1820 e 1830, já é responsável por 43,8% das
do Brasil; Movimentos Liberais: Confederação exportações brasileiras, o equivalente a uma venda anual de
do Equador e Revolução Praieira; O tráfico cerca de 3 milhões de sacas de 60 kg. O vale do rio Paraíba,
transatlântico de escravos para terras em São Paulo e Rio de Janeiro, torna‑se o principal centro
pernambucanas; Cotidiano e formas de da produção cafeeira: formam‑se as grandes fazendas tra‑
resistência escrava em Pernambuco; Crise da balhadas por escravos e as imensas fortunas dos “barões do
café”, um dos pilares de sustentação do império até 1889.
Lavoura canavieira; A participação dos políticos A Constituição outorgada em 1824 estabelecia que o
pernambucanos no processo de emancipação/ Brasil teria uma monarquia, hereditária e vitalícia, com um
abolição da escravatura executivo forte e centralizador, e existência de um quarto
poder – moderador – que velava pelo equilíbrio dos demais
Em 1817, Pernambuco tentou proclamar-se indepen‑ (ele era a chave de toda organização política), na verdade,
dente de Portugal, mas o movimento foi derrotado. A Revo‑ dava ao imperador plenos poderes, voto censitário (com
lução Praeira, em 1848, questionava o regime monárquico, base na renda, somente a elite tinha direito ao voto).
e já pregava a República. Joaquim Nabuco, um dos maiores
História
símbolos do Abolicionismo, iniciou a pregação das ideias no Elaboração da Constituição. Na Assembleia Constituin
Recife. Os pernambucanos se orgulham de sua participação te que se reuniu pela primeira vez em 3 de maio de 1823
altiva na História do Brasil, sempre mantendo altos ideais destacavam‑se os irmãos Andradas, elementos do clero,
libertários. juristas e grandes proprietários rurais.
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Desde o início do trabalho começaram os desentendi‑ Publicou‑se um manifesto convidando outras Provín
mentos entre os deputados constituintes e o Imperador. cias do Norte e Nordeste a aderirem ao movimento. Cea
Este, na abertura da sessão, disse que defenderia a Pátria rá, Rio Grande do Norte e Paraíba juntaram‑se à causa.
e a Constituição desde que “fosse digna dele e do Brasil”. A Confederação do Equador adotou o regime republicano e
Havia também divergências entre os liberais radicais, provisoriamente utilizou a Constituição da Colômbia. O nome
partidários de uma constituição liberal que limitasse os dado ao movimento veio do fato de a região rebelde estar
poderes do Imperador e concedesse maior autonomia às próxima à linha do Equador.
Províncias (Federalismo) e os “Conservadores”, tendo à A decisão dos líderes rebeldes de abolir o tráfico de
frente José Bonifácio, que desejavam a limitação do direito escravos causou a separação da Aristocracia Rural, que no
ao voto e uma centralização política rigorosa. início havia apoiado o movimento. Tais divisões internas
Os irmãos Andradas (José Bonifácio, Martim Francisco facilitaram a repressão organizada pelo governo central.
e Antônio Carlos) entraram em choque com as tendências A repressão foi violenta: os Almirantes Cochrane e Taylor
absolutistas e autoritárias do Imperador (D. Pedro I), passan‑ (por mar) e o Brigadeiro Lima e Silva (por terra) cercaram e
do para a oposição. Através de seus jornais o “Tamoio” e o derrotaram os revolucionários, sendo dezesseis deles fuzi‑
“Sentinela da Liberdade” atacaram violentamente o governo. lados (Frei Caneca, Padre Mororó etc).
Não admitindo a limitação de seus poderes, conforme Para submeter os revoltosos, que tinham pego em armas
o anteprojeto constitucional de Antônio Carlos, D. Pedro I para defender suas ideias, D. Pedro envia a Pernambuco
decretou a dissolução da Assembleia Constituinte. 1.200 homens, sob o Comando de Francisco Lima e Silva, pai
Denominou‑se “Noite da Agonia” (11/11/1823) o dia que do futuro Duque de Caxias. O bloqueio de Recife é feito por
antecedeu o fechamento (a dissolução) da Assembleia Consti Lorde Cochrane, que castiga violentamente a cidade através
tuinte, por ordem de D. Pedro I, através do uso das armas. de seguidos bombardeios. Depois disso, é que Francisco Lima
A reação a esta medida foi a Confederação do Equador (1824). e Silva entra vitorioso em Recife: a população civil, sob as
A primeira Constituição Brasileira é datada de 25 de balas dos canhões, estava já perecendo de fome, sem remé
março de 1824. Ela foi elaborada por um Conselho de Estado dios em munição.
e, depois, outorgada por D. Pedro I. Vários revolucionários são presos, mas o chefe do mo‑
vimento consegue refugiar‑se em um navio inglês. A seguir
Confederação do Equador as outras províncias aliadas ao levante foram obrigadas a se
render: Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
Em 1824, Pernambuco, com o apoio de várias províncias
Frei Caneca deveria morrer na forca, mas nem os carras‑
do nordeste, levanta‑se contra a monarquia e promove uma
cos nem os presos comuns das cadeias queriam inforcá‑lo.
revolução que chega até a proclamar a República, com o
Lima e Silva ordena, então, que o amarrem e o fuzilem.
nome de Confederação do Equador. Movimento republicano
Quando é dada a ordem de atirar, um dos soldados, João
e separatista liderado por frei Caneca no Nordeste e que foi
da Palma, atacado de forte emoção, cai morto. “Milagre!
duramente reprimido. Foi um movimento revolucionário de Milagre!” – gritam muitos. Mas mesmo assim, o religioso
caráter liberal e republicano, que de certa forma constitui‑se não escapa da morte.
num prolongamento da Revolução Pernambucana de 1817. Diante da violenta repressão desencadeada, evidencia
Figuras como Frei Caneca (principal líder), Cipriano va‑se o absolutismo de D. Pedro. Essa foi uma das grandes
Barata e Manuel de Carvalho Paes de Andrade, que já ha razões da perda de prestígio do imperador, que culminou
viam participado da Revolução Pernambucana de 1817, com a abdicação, em 1831.
divulgavam as ideias liberais, republicanas, antilusitanas e
federalistas. A causa imediata da revolta foi a nomeação, por Crise econômica
D. Pedro I, de Francisco Paes Barreto como novo Presidente Desligado do monopólio português, o país passa a
da Província. depender da Grã‑Bretanha. Continua a exportar produtos
O chefe deste movimento foi Manuel Carvalho Paes de básicos e não expande atividades comerciais e industriais
Andrade, mas sua principal figura acabou sendo o Frei Joa‑ urbanas. Antes mesmo da independência, prenuncia‑se
quim do Amor Divino Caneca, um frade carmelita. Ardoroso uma forte crise econômica; a partir de 1820, tem início um
antimonarquista, Frei Caneca utilizava‑se de suas crônicas processo de desvalorização dos preços do algodão, do cacau
em um jornal de Recife para atacar violentamente o impe‑ e do açúcar, em consequência de redução das exportações.
rador e defender a separação das províncias do nordeste Em 1828, o Banco do Brasil abre falência e, no ano seguin
do resto do Brasil. te, é liquidado oficialmente. O tabaco perde seu principal
Suas causas foram: mercado, a África, em razão das pressões inglesas para o
• o fechamento da Assembleia Constituinte (muitos fim do tráfico de escravos. A crise prolonga‑se até 1840 e
representantes eram do Nordeste) e a outorga da acirra‑se durante a Guerra Cisplatina. Só é superada com o
Constituição de 1824; crescimento da lavoura cafeeira no Sudeste.
• a difícil situação econômica que o Norte e o Nordeste
atravessavam devido à crise da lavoura tradicional Crise no governo de D. Pedro I (1831)
da cana, do algodão e do fumo; A crise da economia agrário‑exportadora que explo‑
• os pesados impostos; de durante o primeiro império, a violenta repressão à
• a submissão política das Províncias ao Rio de Janeiro Confederação do Equador, em 1824, e a perda da província
(o Imperador era quem nomeava os Presidentes das cisplatina diminuem o prestígio do imperador. Na Câmara
Províncias). dos Deputados, surge uma oposição aberta a D. Pedro,
representada pelos liberais moderados. Eles defendem um
As ideias revolucionárias eram difundidas por jornais legislativo mais forte em detrimento do poder do imperador,
História
como “Tifis Pernambucano”, dirigido por Frei Caneca, e o mas querem manter a centralização político‑administrativa
“Sentinela da Liberdade na guarita de Pernambuco”, de do império. Os liberais federalistas, também conhecidos
Cipriano Barata. Uma junta governativa assumiu o poder como democratas, reúnem muitos profissionais liberais e
(2/7/1824), chefiado por Paes de Andrade. comerciantes. Reivindicam uma participação política mais
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ampla e um equilíbrio de poderes entre o governo central e cuária gaúcha, como o charque, couros e sebos provocam
as províncias. Alguns defendem ideias republicanas. constantes protestos dos estancieiros do rio grande do sul.
O problema principal era que o Brasil possuía uma so Eles aproximam‑se dos políticos liberais que, nas eleições
ciedade extremamente heterogênea, na qual os diversos de 1834, obtêm a maioria na assembleia provincial. Em 20
grupos disputavam o poder (entre estes diversos grupos de de setembro de 1835, o deputado federalista e coronel das
elite só havia um denominador comum: a manutenção da milícias Bento Gonçalves da Silva depõe o presidente da
escravidão). província, Antônio Fernandes Braga. A rebelião ganha adesão
Os problemas enfrentados por D. Pedro I a partir de popular e o movimento evolui para posições separatistas e
1825 que levaram‑no à abdicação foram: envolvimento do republicanas.
imperador em problemas dinásticos em Portugal gerando República de Piratini: em outubro de 1836, os legalistas
críticas; derrota na Guerra da Cisplatina (1828); quebra do derrotam os farrapos na batalha de fanfa. Bento Gonçalves
Banco do Brasil; endividamento com a Inglaterra para com‑ é preso e enviado para o forte do mar, na Bahia. A guerra
pra da independência; renovação do tratado de comércio continua. Em 6 de novembro, os rebeldes proclamam a
com a Inglaterra (1827); e imposição do Ministério dos Mar república na localidade de Piratini. Bento Gonçalves, ain
queses composto só por portugueses em 1831. da preso, é indicado presidente. Em setembro, Gonçalves
Em 1831, os confrontos entre as diferentes fac foge da prisão na Bahia com o apoio dos federalistas locais,
ções políticas de oposição ao imperador se intensificam. regressa ao rio grande do sul e retoma o comando da luta.
Os partidários de D. Pedro ganham a adesão dos portugueses O movimento republicano se expande para Santa Catarina.
residentes no Brasil e estouram distúrbios em várias provín Em julho de 1839, com o auxílio do refugiado italiano Giu
cias. O mais sério ocorre no Rio de Janeiro e fica conhecido seppe Garibaldi, os farrapos conquistam laguna e proclamam
como a Noite das Garrafadas. Em 12 de março de 1831, a república Juliana.
portugueses e brasileiros atracam‑se nas ruas durante um Longa resistência: a guerra dos farrapos dura dez anos
ato de desagravo a D. Pedro, com muitos feridos para os e é a mais longa revolução da história do país. Pela pri
dois lados. Protestos e novos conflitos se reproduzem nas meira vez, as tropas imperiais enfrentam um movimento
semanas seguintes. militar organizado e com bases populares formadas em sua
Pressionado, D. Pedro nomeou um ministério mais maioria por homens livres – daí sua longa resistência. De‑
liberal, o Ministério dos Brasileiros. No dia 5 de abril, por vido às constantes guerras de fronteiras, os sulistas já têm
se recusar a reprimir manifestações populares, o novo experiência militar. Os rebeldes ampliam ainda mais suas
ministério foi demitido. Formou‑se então o Ministério dos forças, oferecendo liberdade para os escravos que aderem
Marqueses, integrado por portugueses. A reação não se fez ao movimento.
esperar. O povo enfurecido reuniu‑se no Campo da Aclama Tratado de paz: com a maioridade de D. Pedro II, em
ção, atual Campo de Santana. Até mesmo a guarda pessoal 1840, é oferecida anistia aos revoltosos. Embora em des‑
do imperador aderiu à manifestação. Não restava a D. Pedro vantagem, eles não aceitam. Em 1842, o Barão de Caxias,
mais nada a fazer a não ser abdicar. Luís Alves de Lima e Silva, é encarregado de pacificar a re
Pressionado e sem apoio, D. Pedro abdica do trono em gião. Só consegue a paz quando o general uruguaio Manuel
7 de abril de 1831 em favor de seu filho Pedro. Seu ato tem Oribe ataca o sul da província. Entre dois fogos, os farrapos
apoio na constituição: em caso de vacância, o trono deve ser assinam o tratado de ponche verde, em 28 de fevereiro de
ocupado pelo parente mais próximo do soberano. Como o 1845. Obtêm anistia para os revoltosos, sua incorporação
às forças do exército com patente de oficial para os líderes
príncipe Pedro tem apenas 5 anos,é formada uma regência
e liberdade para os escravos rebeldes.
tríplice provisória para administrar o País.
O movimento popular liderado pela aristocracia e com
Cabanagem – PA (1836-37)
o apoio das tropas levou D. Pedro I a abdicar, no dia 7 de
No Pará, a difícil situação econômica e os conflitos da
abril de 1831, ao trono brasileiro, em favor de seu filho D.
elite local com os governadores nomeados pelo Rio de Ja
Pedro II (com 5 anos), deixando José Bonifácio como tutor
neiro são os motivos que levam à eclosão de uma violenta
do mesmo (futuro D. Pedro II). rebelião em 1835. Os revoltosos apresentam propostas de
Segundo Teófilo Otoni, o 7 de abril (dia da renúncia de grande apelo popular, como a distribuição de terras e o fim
D. Pedro I) foi a “Jornada dos Logrados”, pois tanto o povo da escravidão. São apoiados pela população mais pobre da
como as tropas foram enganados pela aristocracia, que não província: negros libertos, mestiços e índios que vivem em
atendeu a nenhuma de suas reivindicações. pequenas cabanas à beira dos rios – origem do nome Ca‑
banagem. Entre seus líderes destacam‑se: o cônego Batista
O Período Regencial (1831-1840) de Campos, os jornalistas Ferreira Lavor e Eduardo Angelim,
o fazendeiro Félix Clemente Malcher e pequenos sitiantes
Primeira experiência republicana brasileira como os irmãos Francisco e Antônio Vinagre. Os conflitos
O Período Regencial começa em 1831, com a abdicação entre os líderes cabanos animam a reação do governo.
de D. Pedro I, e estende‑se até 1840, quando D. Pedro II é Mercenários ingleses sob o comando de Manoel Jorge Rodri
aceito como maior de idade. É uma das fases mais contur‑ gues são enviados para combatê‑los.
badas da história brasileira e de grande violência social. Governo popular: a resposta dos cabanos é violenta.
A menoridade do príncipe herdeiro acirra as disputas pelo Em 14 de agosto de 1835, conquistam Belém, instalam um
poder entre as diferentes facções das elites. Pela primeira governo popular liderado por Eduardo Angelim, proclamam a
vez no país, os chefes de governo são eleitos por seus pares. independência do Pará e a república. Essa data é considerada
Os brasileiros pobres continuam alijados da vida política da o principal marco da revolta. O governo popular expropria
nação. As revoltas regionais, os motins militares e os levantes comerciantes, distribui alimentos e persegue os grandes pro
populares são violentamente reprimidos. prietários rurais. Em abril de 1836, uma força militar legalista
História
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Sabinada – ba (1837) até 15 de novembro de 1889, com a instauração da república.
A Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, estimula É um período de consolidação das instituições nacionais e
manifestações de liberais exaltados, os farroupilhas, em vá de desenvolvimento econômico. Em sua primeira fase, entre
rios pontos do país. Na Bahia, em setembro de 1837, eles 1840 e 1850, o país passa por uma série de redefinições
organizam a fuga do líder gaúcho Bento Gonçalves, preso internas: repressão e anistia aos movimentos rebeldes e
em Salvador. Dois meses depois, quando o governo começa separatistas; reordenamento do cenário político em bases
o recrutamento compulsório de tropas para combater os bipartidárias, introdução de práticas parlamentaristas ins‑
farroupilhas no sul, os liberais baianos sublevam‑se. O mo‑ piradas no modelo britânico; reorganização da economia
vimento eclode em 7 de novembro de 1837, sob a liderança pela expansão da cafeicultura e normalização do comércio
do médico Francisco Sabino da Rocha Vieira. Os revoltosos exterior, principalmente com o Reino Unido.
tomam o forte de São Pedro, em Salvador, obrigando as au O Golpe da Maioridade (1840): golpe liberal para afastar
toridades a se refugiarem no recôncavo baiano. o regente Araújo Lima. Nas eleições que ocorrem no mesmo
Segunda República Baiense: em Salvador, a população ano em que os liberais são vitoriosos, o ministério conser‑
sublevada instaura a república baiense, fato que já ocorrera vador continua no poder ao dissolver a câmara (eleições
em 1798, durante a Conjuração Baiana. Em 13 de março de do cacete).
1838, depois de quase cinco meses de governo revolucioná A restauração da ordem e a pacificação do Brasil (1840-
rio, as forças legalistas reconquistam Salvador. 48): nesse período, graças à ação do poder moderador, foram
pacificados os dois últimos movimentos liberais (descentra‑
Balaiada – ma (1838-39) lizadores): as revoltas de mg e sp em 1842 (movimento de
Deflagrado no maranhão no final de 1838, o movimento elite) e a praieira de 1848 em pe (movimento que atinge
ganha o nome de um de seus líderes, Manuel Francisco dos as camadas populares). Transação e conciliação política: a
Anjos Ferreira, o balaio. Tem sua origem numa reivindicação implantação do parlamentarismo no Brasil: a partir de 1848,
democrática – a descentralização das eleições de prefeitos, as elites conservadoras e liberais se conciliam para garantir
até então sob controle do governo conservador – encabeça‑ o trabalho escravo e o latifúndio no Brasil.
da pelos liberais de São Luís que editam o jornal de oposição A estabilidade foi garantida pelo parlamentarismo às
Bem‑te‑vi. Os combates de rua se iniciam quando o mestiço avessas. Ao contrário do sistema inglês, no Brasil cabia ao
Raimundo Gomes Vieira Jutaí invade a prisão de vila manga imperador nomear o ministério. Inicia‑se, assim, um rodízio
para libertar o irmão, aprisionado a mando dos conservado‑ no poder, já que quem reinava, governava e administrava era
res. Todos os prisioneiros escapam com o apoio de Cosme, o rei. A política era tratada agora nos gabinetes, não nas ruas.
negro liberto que comanda um quilombo de 3 mil escravos A partir de meados do século XIX o país entra num pe
fugitivos. O episódio generaliza o conflito, transformando‑o ríodo de normalização política. Segundo os historiadores,
numa rebelião sertaneja que sacode o Maranhão, parte do isso resulta da adoção do sistema parlamentarista. No Brasil,
Ceará e do Piauí entre 1838 e 1841. não se usa a fórmula clássica inglesa – “o rei reina, mas não
Governo provisório: em 1º de outubro de 1839, os ba governa” – já que o poder moderador do monarca é mantido.
laios tomam a cidade de Caxias e nomeiam uma junta
provisória de governo. Derrotado pelas tropas legalistas Decadência do Império: as transformações socioeco‑
comandadas por Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Ca nômicas visíveis no país, na segunda metade do séc. XIX,
xias, Gomes se rende. Balaio morre em combate e Cosme provocam conflitos de interesses que se encaminham para
refugia‑se no sertão, de onde passa a liderar ataques às o fim da estrutura monárquica. A instalação do Segundo Rei
propriedades rurais da região. Em 1840, D. Pedro II oferece nado trouxe para o país um período de normalidade institu
anistia aos revoltosos e 2.500 deles a aceitam. Os últimos cional que se estende por mais de quarenta anos, porque
rebeldes se entregam em 15 de janeiro de 1841. Cosme é os dois principais partidos, o Liberal e o Conservador, não
preso e enforcado. tinham ideologia definida, transformando‑se ao saber das
lutas políticas. O revezamento era assegurado pelas eleições
Golpe da Maioridade para a Câmara dos Deputados. As fraudes eleitorais eram
constantes, favorecendo sempre o grupo que estava no
A política centralista dos conservadores durante o go‑ poder. Várias vezes a Câmara foi dissolvida pelo Imperador.
verno de Araújo Lima estimula revoltas e rebeliões por todo Centralização do poder: a partir de 1870, a Monarquia
o país. As dissidências entre liberais e conservadores fazem começa a desgastar‑se. Federalistas, abolicionistas e positi‑
crescer a instabilidade política. Sentindo‑se ameaçadas, vistas a acusam de excesso de centralização de poder e con‑
as elites agrárias apostam na restauração da monarquia vergem pare a solução republicana. O desgaste cresce com
e na efetiva centralização do poder. Pela Constituição, no as questões religiosa e militar, que acabam determinando o
entanto, o imperador é considerado menor de idade até isolamento do monarca com a perda dos apoios da Igreja e
completar 18 anos. O Clube da maioridade, os liberais lançam do Exército. O problema final surge com a adesão declarada
a campanha pró‑maioridade de D. Pedro no senado e articu‑ da família real a libertação dos escravos, o que mina a relação
lam a popularização do movimento no clube da maioridade, com os grandes proprietários de terras, até então sempre
presidido por Antônio Carlos de Andrade. A campanha vai às do lado do governo. Esses fatores fazem crescer as ideias
ruas e obtém o respaldo da opinião pública. A Constituição republicanas entre as lideranças políticas.
é atropelada e D. Pedro é declarado maior em 1840, com
apenas 14 anos. O fim do segundo império
A oposição de tantos setores da sociedade à monarquia
História
Segundo Reinado (1840-89) tornou possível o tranquilo sucesso do golpe político que
instaurou a república no Brasil.O governo imperial, perce‑
O segundo reinado começa em 23 de julho de 1840, bendo, embora tardiamente, a difícil situação em que se
quando D. Pedro II é declarado maior de idade, e estende‑se encontrava com o isolamento da monarquia, apresentou à
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Câmara dos Deputados um programa de reformas políticas, liderança, Deodoro cerca o edifício, consegue a adesão de
do qual constavam itens como: Floriano Peixoto, chefe da guarnição que defende o ministé
• Liberdade de fé religiosa; rio, e prende todo o gabinete. D. Pedro II, que se encontra
• Liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento; em Petrópolis, tenta contornar a situação: nomeia um novo
• Autonomia para as províncias; ministro, Gaspar Martins, velho inimigo do marechal Deo
• Mandato temporário para os senadores. doro. A escolha acirra ainda mais os ânimos dos militares. Na
tarde do dia 15, a câmara dos vereadores do Rio de Janeiro,
Entretanto, as reformas chegaram tarde demais. No em sessão presidida por José do Patrocínio, declara o fim da
dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fon‑ monarquia e proclama a república. Dois dias depois a família
seca assumiu o comando das tropas revoltadas, ocupando real embarca para Portugal, em sigilo.
o quartel‑general do Rio de Janeiro. Na noite do dia 15
constituiu‑se o Governo Provisório da República dos Estados Brasil República (1889 – aos dias atuais)
Unidos do Brasil.
Pernambuco Republicano: Voto de Cabresto
Proclamação da República
e Política dos governadores; Pernambuco sob
A luta pela instauração da República remonta ao pe
ríodo colonial, estando presente em episódios como a a interventoria de Agamenon Magalhães;
Inconfidência Mineira e a Revolução Pernambucana de 1817. Movimentos sociais e repressão durante
Depois da Inconfidência, ressurgem os ideais republicanos a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) em
na Confederação do Equador, em 1824, e na República de Pernambuco; Herança afro-descente em
Piratini, em 1836. Durante o Segundo Reinado, os adeptos
Pernambuco; Processo político em Pernambuco
da causa republicana mantêm‑se anônimos durante mais de
trinta anos, apenas emprestando simpatia aos movimentos (2001-2015)
revolucionários do período, sem participarem do processo
de formação político‑partidária. No período de normalidade Com o advento da República, Pernambuco procura
constitucional, passaram a ser apontados como inimigos da ampliar sua rede industrial, mas continua marcado pela
ordem pública, da estabilidade política e da unidade nacio tradicional exploração do açúcar. O Estado moderniza suas
nal, sendo considerados conspiradores. relações trabalhistas e lidera movimentos para o desen‑
No final de 1870, após a Guerra do Paraguai e o conse volvimento do Nordeste, como no momento da criação da
quent e desgaste político do imperador, o movimento Sudene. A partir de meados da década de 60, Pernambuco
republicano começa a somar forças. O escritor e jornalista começa a reestruturar sua economia, ampliando a rede ro‑
Quintino Bocaiúva participa ativamente da redação do doviária até o sertão e investindo em pólos de investimento
Manifesto Republicano e o publica no primeiro número do no interior do Estado. Na última década, consolidam-se os
jornal A república, no Rio de Janeiro. O texto acaba se trans‑ setores de ponta da economia pernambucana, sobretudos
formando em ideário básico do movimento, que ganha a aqueles atrelados ao setor de serviços (turismo, informáti‑
adesão de intelectuais, os quais fundam, junto com Bocaiúva, ca, medicina) e estabelece-se uma tendência constante de
o Clube Republicano, em 1870, no Rio de Janeiro, e o Parti‑ modernização da administração pública.
do Republicano Paulista, em 26/4/1873, após a Convenção
de Itu-SP. A organização política e econômica do estado repu-
A partir de 1878, os conspiradores recebem apoio dos blicano
militares descendentes com a Monarquia. Criam‑se grupos O período republicano começa com a derrubada do
favoráveis à derrubada de D. Pedro II, em Minas Gerais e Império e a Proclamação da República, em 15 de novembro
Rio Grande do Sul. O movimento ganha consistência em de 1889, e se estende até hoje. Costuma ser dividido em
novembro de 1889 com as adesões do mal. Deodoro da cinco fases distintas: Primeira República ou República Velha,
Fonseca e do alm. Eduardo Wandelkolk. O governo imperial Era Vargas, Segunda República ou República Liberal Conser‑
prepara a resistência, mas as guarnições, até então fiéis à vadora, Ditadura Militar e Redemocratização chamada de
Monarquia, recusam‑se a aderir. Em 5/11/1889, Deodoro,
Nova República.
no comando das tropas rebeladas do Exército, marcha para
o Campo de Santana, no Rio de janeiro, onde se reunia o
República Velha (1889-1930)
gabinete do Visconde de Ouro Preto, chefe do governo,
Ao longo da República Velha, que é a denomina
e declara a toda a cúpula do poder central. No mesmo dia
Deodoro organiza um governo provisório, precedido por ele, ção convencional para a história republicana que vai da
decreta o banimento de D. Pedro II, anuncia a extinção da proclamação (1889) até a ascensão de Getúlio Vargas em
Monarquia e institui a república. Dois dias depois, a família 1930, o Brasil conheceu uma sequência de treze presiden‑
real embarca, em sigilo, para Portugal. tes. O traço mais saliente dessa primeira fase republicana
“O povo assistiu bestializado a proclamação da repúbli‑ encontra‑se no fato de que a política esteve inteiramente
ca”. O estabelecimento da república no Brasil não teve uma dominada pela oligarquia cafeeira, em cujo nome e interesse
participação popular, o povo julgou tratar‑se de uma “parada o poder foi exercido.
militar”. D. Pedro II foi derrubado por um golpe militar arti‑
culado por Benjamim Constant e Deodoro da Fonseca com Governo Provisório ou República da Espada (1889-
apoio da elite agrária. 1891)
História
O golpe militar para derrubar o governo é preparado Após a Proclamação da República foi instituído um Go‑
para 20 de novembro. O governo organiza‑se para combater verno Provisório sob a Presidência de Deodoro da Fonseca.
o movimento. Temendo uma possível repressão, os rebeldes As principais figuras deste Ministério eram, sem dúvida,
antecipam a data para o dia 15. Com algumas tropas sob sua Rui Barbosa e Benjamin Constant.
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Realizações importantes do Governo Provisório Repu‑ Constituição de 1891
blicano: Promulgada pela primeira Constituinte republicana, foi
• nomeação de interventores, especialmente militares baseada na Constituição norte‑americana. Extinguiu todas as
para governar os Estados; formas e instituições monárquicas: Poder Moderador, Conse‑
• dissolução da Câmara e extinção da vitaliciedade do lho de Ministros, Senado Vitalício e a união da Igreja‑Estado.
Senado; Concedia autonomia completa aos Estados para esco‑
• expulsão da família imperial do Brasil; lher seus governos, criar suas forças policiais e organizar
• a liberdade de culto, a separação da Igreja Católica do suas finanças, inclusive podendo dispor de suas próprias
Estado; a instituição do casamento civil obrigatório; receitas de exportação.
• a criação da Bandeira republicana (19 de novembro) Além disso, a nova Constituição adotou a organização do
com o lema “Ordem e Progresso”; Estado em três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –
• a “Grande Naturalização”: decretou‑se que todo e o voto universal (não obrigatório) para maiores de 21 anos,
estrangeiro residente no Brasil passaria a ser brasi com exceção das mulheres, analfabetos, soldados e cabos.
leiro, com exceção daqueles que requeressem o O voto não era secreto e tinha de ser declarado em
contrário; público e assinalado em listas. Isso permitiu que se desenvol‑
• a elaboração da primeira Constituição republicana; vesse por todo país, então predominantemente rural, uma
• as Províncias tornaram‑se Estados, formando o con‑ das maiores forças políticas da época: a dos coronéis. Assim,
junto os “Estados Unidos do Brasil”; as oligarquias regionais conseguiam impor seus interesses
• a crise econômica do “Encilhamento” ocasionada locais e descentralizadores.
pela política financeira de Rui Barbosa (Ministro da A prática desse “voto de cabresto” marcou todo o perío
Fazenda). Esta política, que consistia em fomentar do da República Velha. Desse modo, os coronéis controlavam
(favorecer) o crédito, através da emissão de moeda totalmente as eleições em sua região (seu “curral eleitoral”),
sem lastro‑ouro, permitiu uma especulação desen através de eficientes máquinas eleitorais que, sistemati‑
freada que culminou em grande depressão (crise); camente, produziam a vitória dos candidatos governistas.
• a sede do governo passou a ser chamar Distrito Federal; A Carta de 1891 estabeleceu, também, que cada Estado
• a dissolução das Assembleias Provinciais e das Câma‑ tinha o direito de fazer empréstimo no exterior, decretar
ras Municipais. impostos de exportação e elaborar as suas próprias Consti
tuições, desde que não contrariassem a Constituição Federal.
Logo após a proclamação da República foi convocada
Nota: Ao término do Governo Provisório foi promulgada
uma Assembleia Constituinte para a elaboração da primeira
a Constituição de 1891, ocasião em que Deodoro da Fonseca
Constituição republicana, datada de 24 de fevereiro de 1891.
e Floriano Peixoto foram eleitos indiretamente para o 1º
O projeto constitucional foi redigido por uma comissão che
Quadriênio (1891-1894).
fiada por Rui Barbosa e Saldanha Marinho.
A nova Constituição inspirou‑se no modelo norte‑ameri‑
República Oligárquica (1891-1930)
cano. Segundo a Constituição de 1891, os Estados Unidos do
Na primeira República (1889-1930), a vida política Brasil eram compostos por vinte estados (antigas províncias)
restringia‑se às oligarquias que governavam os estados e o e pelo Distrito Federal, organizados em base republicana,
Brasil como se fossem propriedades particulares. Assim, já federativa, representativa e presidencialista; o sistema
a partir dos primeiros anos do século XX, surgiam diversos eleitoral estabelecia que o voto seria universal, menos para
movimentos de contestação à política do café com leite, analfabetos e aberto.
principalmente nas cidades, que apresentaram grande
crescimento populacional no período. Coronelismo
Em 1880, o Rio de Janeiro registrava 522 mil habitantes Com os primeiros presidentes civis a República come
e, em 1920, já contava com 1,1 milhão. São Paulo, no mesmo çou a tomar forma. Pela constituição de 1891, garantia‑se
período, apresentou um crescimento populacional espeta‑ o sufrágio universal – com exceção dos analfabetos – e a
cular: de 65 mil atingiu 580 mil habitantes – quase 900%. igualdade de todos perante à lei, assegurando à maioria
No Nordeste as cidades também cresceram: Salvador, por plenos direitos à participação política. Na prática, porém,
exemplo, no mesmo período saltou de 175 mil para 288 mil o regime se sustentava em dois pilares básicos: os coronéis
habitantes. Essa população, insatisfeita em ser simplesmen‑ do interior, com seus chamados currais eleitorais, e as oligar
te um joguete nas mãos dos coronéis, queria participar da quias abrigadas nos partidos republicanos, que controlavam
vida política, para que suas reivindicações fossem ouvidas o poder em cada Estado.
e atendidas, o que não ocorria devido ao domínio exercido Essa estrutura coronelística não foi uma invenção dos
pelos coronéis. fundadores da República, mas uma herança do passado
colonial que se cristalizou durante o império.
A organização política e econômica do Estado Repu- Foi então que a Guarda Nacional, instituída em 1831,
blicano revelou‑se plenamente como instrumento de poder. Con‑
A partir da proclamação da República, o Estado unitário vém lembrar que ela foi criada para contrabalançar a ação
existente no Império foi substituído pelo Estado federativo. do exército, organizada pelos chefes políticos locais, que
Cada província do antigo Império passou a constituir um recrutavam em suas fileiras homens de toda confiança, em
Estado, com autonomia para enfrentar seus problemas – geral empregados ou agregados de suas fazendas. Investi‑
econômicos, políticos, sociais, educacionais etc. – e para dos em patentes militares, das quais a mais cobiçada era a
História
fazer suas leis, de acordo com a Constituição. O governo da de coronel, esses chefes locais tinham cobertura legal para
União ficou encarregado de tratar dos problemas gerais: convocar e armar suas próprias milícias. A partir da Consti
manter as relações internacionais, organizar a defesa do país, tuição de 1891, o coronel passou a desfrutar de um poder
emitir dinheiro, fazer as leis do interesse de todo o país etc. até então desconhecido, porque a descentralização repu‑
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blicana, ao ampliar espaço para a autonomia dos Estados, estaduais, favorecendo o atendimento de seus interesses,
transformou‑o em elemento decisivo nas disputas políticas, a consolidação de seu poder regional e só aceitando como
Por dispor de um eleitorado próprio, o coronel exercia enor‑ representantes no Congresso pess oas indicadas pelas
me influência no interior de cada partido. Em decorrência oligarquias dos Estados. Assim, o Poder Executivo Federal,
disso, o poder político era exercido por grupos oligárquicos controlado por São Paulo e Minas Gerais, pode contar com
que mantinham sua liderança graças ao apoio dos coronéis. sólido apoio parlamentar. Essa política entre em crise na
Durante a República Velha, essa forma de dominação década de 20.
variou de Estado para Estado. Mas um aspecto era comum a Foi o controle da política nacional pelas oligarquias
todos os grupos oligárquicos: o autoritarismo com que agrárias regionais, situação favorecida pela descentralização
controlavam o poder, excluindo a participação política das federativa criada com a Constituição de 1891, que concedia
camadas baixa e média da sociedade. No Norte, Nordeste e ampla autonomia aos estados. Era a política do “toma lá dá
Centro do país, resumia‑se a um restrito grupo de famílias. cá” ou “é dando que se recebe”.
Nos Estados mais ricos, a oligarquia era formada por vários Em cada estado existia, portanto, uma minoria (oligar
grupos, como no Rio Grande do Sul. Minas Gerais e São Paulo quia) dominante, que, aliando‑se ao governo federal, se
eram controlados pela elite do partido republicano mineiro e perpetuava no poder. Existia também uma oligarquia que
paulista. O poder era exercido por uma oligarquia colegiada, dominava o poder federal, representada pelos políticos pau
no interior da qual se podiam encontrar diferentes alianças listas e mineiros. Essa aliança entre São Paulo e Minas – que
familiares. O acordo entre essas oligarquias e os coronéis eram os estados mais poderosos –, cujos líderes políticos
apoiava‑se em uma política de favores, na qual os votos passaram a se revezar na presidência, ficou conhecida como
eram trocados por recursos, o que tornava um coronel mais a “política do café com leite”.
poderoso que o outro. Para diminuir as crises e adversidades A Comissão de Verificação. As peças para o funcio
entre Estados mais ricos e pobres, foi instituída, por Campos namento da “política dos governadores” foram, basicamen‑
Sales, a política dos governadores, espécie de pacto de poder te, a Comissão de Verificação e o coronelismo. As eleições
entre o presidente da República e as oligarquias estaduais. na República Velha não eram, como hoje, garantidas por
Nos Estados, os governadores comprometiam‑se a eleger uma justiça eleitoral. A aceitação dos resultados de um plei
para o Congresso Nacional elementos que obedecessem aos to era feita pelo Poder Legislativo, através da Comissão de
desígnios do presidente da República. Em compensação, esse Verificação. Essa comissão, formada por deputados, é que
não deveria interferir nas eleições estaduais. O Congresso oficializava os resultados das eleições.
era então controlado pelo presidente da República por O presidente da República podia, portanto, através do
intermédio da Comissão de Verificação de Poderes, formada controle que tinha sobre a Comissão de Verificação, legalizar
por cinco parlamentares que o presidente da Câmara havia qualquer resultado que conviesse aos seus interesses, mes‑
escolhido na legislação anterior. A função dessa comissão mo no caso de fraudes, que, aliás, não eram raras.
era apontar os deputados eleitos que realmente deveriam
tomar posse, não importando o número de votos recebidos Política do café com leite
por eles, mas sim seu grau de afinidade com a política do‑ É o revezamento político de Minas Gerais (PRM) e São
minante em seu Estado. Paulo (PRP) no caso da presidência da República. Nome
Forma de atuação dos “coronéis”, grandes proprietários como fica conhecida a alternância de políticos mineiros e
de terra que, em cada Estado, controlavam a vida nos municí paulistas na Presidência durante toda a primeira República.
pios, mantinham e exerciam o poder político. Nas eleições, É consequência da falta de partidos políticos de expressão
designam os candidatos a serem eleitos (o chamado voto de nacional capazes de assegurar a organização republicana: a
cabresto), sufocam aposições e dissidências, praticando, sem tentativa de criação do Partido Republicano Federal tinha
escrúpulos, a fraude eleitoral. O coronelismo reforça o poder fracassado. Assim, as elites dos dois principais Estados – São
das oligarquias e a política dos governadores, que determi‑ Paulo, primeiro produtor de café, base da economia nacio
nam os rumos políticos do país. Predomínio do mandorismo nal, e Minas Gerais, segundo produtor de café e primeiro de
local na figura de um coronel, exercido principalmente no leite – apóiam‑se em seu poder econômico e aliam‑se para
meio rural do Brasil a partir da República Velha e, também, eleger seus representantes, exercendo o controle político da
em algumas áreas urbanas, que para ter a aceitação da nação. O período passa para a História também sob o nome
população recorria a duas instituições: a violência física ou de República Oligárquica.
mental, e ao assistencialismo.
Economia na Velha República
Política dos governadores
A “política dos governadores” consistia no seguinte: o Modelo agroexportador: a América Latina como for‑
presidente da República apoiava, com todos os meios ao seu necedora de matéria‑prima e consumidora de produtos
alcance, os governadores estaduais e seus aliados (oligarquia industrializados vindos da Inglaterra.
estadual dominante) e, em troca, os governadores garanti Durante a Primeira República, a economia brasileira
riam a eleição, para o Congresso, dos candidatos oficiais. permanece centrada na produção cafeeira, mas avança o
Desse modo, o poder Legislativo, constituído por deputados processo de modernização e diversificação das atividades
e senadores aliados do presidente – poder Executivo –, econômicas. No final do século XIX, os engenhos nordestinos
aprovava as leis de seu interesse. Estava afastado assim o modernizam‑se com a instalação de usinas mecanizadas. No
conflito entre os dois poderes. sul do país, as pequenas propriedades de colonização estran
Sistema cujas bases são lançadas por Campos Sales e geira aumentam sua participação no mercado interno e
História
que consiste no apoio dado ao governo federal pelas oligar externo, com núcleos econômicos exportadores de charque
quias dominantes nos Estados, através de suas bancadas na e erva‑mate. Na região Amazônica, intensifica‑se a explora
Câmara e no Senado. Em troca, o Executivo compromete‑se ção da borracha, valorizada pela nascente indústria au
a reconhecer automaticamente a legitimidade das maiorias tomobilística. A indústria brasileira também cresce com capi
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tais vindos da cafeicultura ou estrangeiros, e expandem‑se exterior, compram toda a produção excedente e regulam a
os organismos de crédito. No início do século, empresas oferta de forma a evitar a queda dos preços do produto. De
estrangeiras instaladas no país, como a anglo‑canadense 1906 a 1909 retiram do mercado 8,5 milhões de sacas de
Light & Power e a norte‑americana Bond and Share, ampliam café. Os empréstimos para pagá‑las chegam a 15 milhões
os serviços urbanos de água, luz e transportes. de libras esterlinas. A longo prazo, os efeitos dessa política
são desastrosos: a dívida externa e a inflação crescem ainda
Política econômica: a valorização do café, a emissão mais e a manutenção artificial dos preços estimula a produ
de moedas e a inflação são as questões centrais da política ção nos países concorrentes do Brasil.
econômica da Primeira República. A escassez de moeda, um
problema que surge com a abolição da escravatura e com a Primeira Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil
imigração, torna‑se aguda com o crescimento do trabalho (1914-1918)
assalariado no campo e na cidade. Em janeiro de 1890, Rui
Barbosa, ministro da Fazenda do governo provisório de A Primeira Guerra Mundial foi um conflito originado das
Deodoro da Fonseca, tenta resolver o problema adotando divergências crescentes entre as potências imperialistas,
uma política emissionista, a primeira do país, chamada de o nacionalismo exacerbado e o fortalecimento da Alemanha
Encilhamento. Mais tarde, no governo de Campos Sales, como principal nação da Europa interferindo nos interesses
a superprodução do café dá início à política de desvaloriza de grandes potências como a Rússia, França e Inglaterra.
ção da moeda nacional, num processo de socialização das A sucessiva frustração dos objetivos das nações europeias
perdas dos cafeicultores. contribuiu para a formação de dois grupos antagônicos:
tríplice aliança de um lado e tríplice entente de outro (Ale‑
O Crescimento do Mercado Interno: na última década manha, Império Austro‑Húngaro e Itália X Inglaterra, França
do século XIX, o mercado de consumo se expandiu e se e Rússia, respectivamente).
transformou estruturalmente devido à implantação do O final da Primeira Guerra Mundial marcou o fim da
trabalho livre. hegemonia da Europa no mundo, com o fortalecimento da
Conforme já mencionamos, na época da escravidão, economia dos EUA, o país tornou‑se a primeira potência do
os senhores concentravam o poder de compra, já que eles mundo, tomando o lugar antes pertencente aos países do
adquiriam os produtos necessários não apenas para si e velho continente europeu.
sua família, mas também para os escravos. Assim, antes da O Brasil também foi favorecido pelo conflito, pois com
maciça imigração europeia, a parte mais importante do mer‑ a impossibilidade de se importar muitos produtos industria
cado de consumo era representada quase exclusivamente lizados da Europa e dos EUA acabaram sendo substituídos
pelos fazendeiros. pela produção nacional, e a diminuição das exportações de
A implantação do trabalho livre emancipou não apenas café para os mesmos, ocorreu uma substituição de importa
os escravos, mas também os consumidores, pois a interme ções. Por outro lado, os países em guerra precisavam de
diação dos fazendeiros, embora não desaparecesse comple‑ mais alimentos, o que estimulou o surgimento de indús
tamente, começou, gradativamente, a perder importância. trias alimentícias, como exemplo pode‑se citar a de carne
Consumidores, com dinh eiro na mão, decid iam por si congelada.
mesmos o que e onde comprar. Com isso, o mercado de
consumo se pulverizou. Conforme veremos adiante, esse Crise de 1929
crescimento e segmentação do mercado de consumo exer A quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929,
ceu uma pressão poderosa no sentido da modernização da tem reflexos desastrosos sobre a economia brasileira. Os pre‑
economia brasileira. ços internacionais do café despencam e os créditos para o
país são cortados. O governo fica sem condições de manter
A tradição da monocultura: entretanto, o principal setor a política de valorização do café e a situação é agravada pela
da economia – a cafeicultura – continuava crescendo dentro produção recorde do ano: 30 milhões de sacas. Inúmeros
de padrões coloniais. Na verdade, a cafeicultura não apenas fazendeiros vão à ruína e multiplicam‑se as falências no
precisava preservar o caráter colonial da economia brasi comércio e na indústria. O governo faz crescentes emissões
leira, mas também ajudava a mantê‑lo. Como no passado, de moeda, política que agrava ainda mais a crise do País e
a economia cafeeira estava inteiramente organizada para enfraquece a hegemonia das burguesias paulista e mineira.
abastecer o mercado externo, no qual, por sua vez, adquiria Os efeitos da crise foram a retração do mercado consumi‑
os produtos manufaturados de que precisava. dor, suspensão do financiamento para a estocagem do café
Esse padrão econômico tinha como consequência o e exigência da liquidação imediata dos débitos anteriores.
fraco desenvolvimento tanto da produção de produtos
manufaturados, mesmo os de consumo corrente, quanto Movimentos e revoltas rurais e urbanas durante a
da agricultura de subsistência. República Velha
Com o crescimento do mercado de consumo que se
seguiu à abolição, as importações aumentaram, pois até Guerra de Canudos: movimento messiânico ocorrido no
produtos alimentícios eram trazidos de fora. Nordeste entre 1893 e 1897 e liderado por Antônio Consel
A Política de Valorização do Café heiro. Desesperados com a miséria, os habitantes dos ser
A superprodução do café atinge seu pico na safra de tões costumam seguir beatos e pregadores, organizando‑se
1905 e 1906: são produzidos 22 milhões de sacas frente a em comunidades religiosas. Um desses beatos é Antônio
uma demanda que não ultrapassa 6 milhões de sacas. Para Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, nascido em
História
contornar a situação, os governadores de São Paulo, Minas Quixeramobim, CE, em 13/3/1830. Em 1874, Conselheiro
Gerais e Rio de Janeiro firmam o Convênio de Taubaté, em aparece na Bahia, seguido por alguns fiéis. A partir de 1877,
27 de fevereiro de 1906, e dão início à chamada política ganha fama em suas andanças pelo interior da província, e a
de valorização do café: contraem novos empréstimos no Igreja chega a proibir suas pregações.
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Em 1893, pela primeira vez, seu grupo entra em choque forte reação social aos poderosos, coronéis e autoridades
com as autoridades em Bom Conselho, BA. Ao saber da au em geral, responsáveis pela pobreza e pelo abandono das
torização, dada pelo governo federal, para que os municípios comunidades sertanejas.
cobrem impostos, Antônio Conselheiro manda arrancar e
queimar os editais, fazendo um sermão com severas críti‑ A Revolução de 1930: com a escolha do paulista Júlio
cas ao governo da República, o que lhe vale a acusação de Prestes como candidato oficial à sucessão do também pau
monarquista. Obrigados a fugir para o sertão, Conselheiro lista Washington Luís, Minas Gerais se alia ao Rio Grande do
e seus seguidores se estabelecem em Belo Monte, BA, na Sul e à Paraíba, formando a Aliança Liberal, que escolhe o po‑
fazenda de Canudos. Ali constroem sua “cidade santa”, para lítico gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa como
onde convergem milhares de devotos. candidatos a presidente e vice. Em torno deles se aglutinam
Em três tentativas contra Canudos (nov. de 1898, jan. velhos e novos inimigos do regime: militares, classes médias
e mar. de 1897) as forças federais saem derrotadas. O fracas‑ urbanas, dissidentes politicamente pelos oposicionistas.
so dessas campanhas assusta o governo, que organiza nova O assassinato de João Pessoa precipita os aconteci‑
expedição, reunindo 4 mil soldados sob o comando do gen. mentos e, no dia 3 de outubro, estoura em Porto Alegre a
Artur Oscar Andrade Guimarães. Os combates iniciam‑se Revolução, sob a liderança civil de Getúlio Vargas e o co‑
em 25/6/1897 e se prolongam até 1º/10/1897, quando as mando militar do cel. Góis Monteiro. O movimento domina
tropas governamentais ocupam Canudos. A luta prossegue rapidamente o Rio Grande do Sul, Minas Gerais e o Nordeste.
e somente em 5/10/1897, com a morte dos quatro últimos Em São Paulo, Bahia, Pará e Rio de Janeiro ainda se tenta
homens de Conselheiro, termina a resistência do arraial. organizar uma resistência, mas na madrugada de 24 de ou
tubro os principais chefes militares intimam Washington Luís
Cangaço: movimento social do interior do Nordeste a deixar a presidência. Uma junta militar assume o poder e
brasileiro, entre o final do século XIX e a primeira metade o mantém até transferi‑lo a Vargas.
do século XX. Caracteriza‑se pela ação violenta de grupos A Junta militar Integrada pelos comandantes do Exér‑
armados de sertanejos – os cangaceiros – e pelos confrontos cito, Tasso Fragoso e Mena Barreto, e da Marinha, Isaías
com o poder dos coronéis, da polícia, dos governos estadual Noronha, os três do Rio de Janeiro, tomam o poder depois
e federal. de destituir o presidente Washington Luís, com o objetivo
Os cangaceiros percorrem os sertões do Nordeste, as‑ de acabar com a política do café com leite. Governa até
saltam viajantes nas estradas, invadem propriedades, pilham 3/11/1930, pois os militares não são aceitos pelos parti‑
os vilarejos e aterrorizam os povoados. Em grande parte cipantes da Revolução de 30 e são obrigados a entregar o
derivam de antigos bandos de jagunços – tropas particulares poder a Getúlio Vargas.
de grandes proprietários – que passaram a atuar por conta Houve muitos que consideraram um exagero retórico o
própria. Desenvolvem táticas de ataque e despistamento, uso do termo revolução para designar o ocorrido em 1930.
criam lideranças e até uma nova imagem, marcada pelo Na realidade, segundo esse ponto de vista, a Revolução de
colorido vivo das roupas, pelos adereços de couro e por 1930 nada mais teria sido senão um golpe que deslocou do
atos de coragem e bravura nos constantes embates com as poder de Estado um setor da oligarquia brasileira, para dar
volantes – pelotões da polícia enviados para sua perseguição. lugar a um outro setor dessa mesma oligarquia.
Cangaceiros: consta que o primeiro cangaceiro teria Evidentemente que a Revolução de 1930 não pode ser
sido o Cabeleira (José Gomes), líder sertanejo que atuou em comparada à Revolução francesa de 1789 ou à Revolução
Pernambuco no final do século XVIII. Mas é um século mais russa de 1917. Ela não foi programada para produzir imedia
tarde que o cangaço ganha força e prestígio, principalmente tas e radicais mudanças na estrutura socioprodutiva do País.
com Antônio Silvino, Lampião e Corisco. Antônio Silvino Decorreu, sobretudo, do efeito dos limites a que chegou a
(Manuel Batista de Morais) começa a atuar em Pernambuco política econômica de proteção do café ante à violenta crise
em 1896, passando depois ao Rio Grande do Norte, onde é do capitalismo mundial.
preso e condenado em 1918. Lampião (Virgulino Ferreira Assim vista, a Revolução de 1930 inscreve‑se na vaga
da Silva), filho de um pequeno fazendeiro de Vila Bela, atual de instabilidade política que tomou conta da América Latina
Serra Talhada, em Pernambuco, envolve‑se em disputas de na década de 30, a qual produziu grandes agitações e gol‑
terras da família e, no início dos anos 20, embrenha‑se no pes militares no Peru (1930), na Argentina (1930), no Chile
sertão à frente de um grupo de cangaceiros. Do Ceará até a (1931), no Uruguai (1933), em Cuba (1933) e nas repúblicas
Bahia, o bando de Lampião enfrenta os coronéis e as polí centro‑americanas, no mesmo período.
cias estaduais; às vezes, também é chamado para combater O que não significa dizer, no entanto, que a Revolução
os adversários do governo. Valente, de hábitos refinados e, de 1930 não tenha sido importante para o nosso passado.
desde 1930, acompanhado de Maria Bonita, Lampião – ou Pelo contrário. A Revolução de 1930 foi decisiva para a mu‑
Capitão Virgulino – torna‑se uma figura conhecida no país dança de rumos da história brasileira. Ao afastar do poder
e até no exterior. Implacavelmente caçado, é encurralado os fazendeiros do café, que o vinham controlando desde
e morto em seu refúgio de Angicos, uma fazenda na região o governo de Prudente de Morais, em 1894, pavimentou
do Raso da Catarina, na divisa entre Sergipe e Bahia, em o caminho para uma significativa reorientação da política
1938. Um de seus amigos mais íntimos, Corisco (Cristiano econômica do país.
Gomes da Silva), o Diabo Louro, prossegue na luta contra Tendo cortado o cordão umbilical que unia o café às
as forças policiais da Bahia para vingar a morte do Rei do decisões governamentais atinentes ao conjunto da econo
Cangaço, morrendo em tiroteio com uma volante em 1940. mia e da sociedade brasileiras, a Revolução ensejou uma
O cangaço chega ao fim. dinamização das atividades industriais. Até 1930, os impulsos
História
Lenda popular: apesar do banditismo espalhado pelo industrialistas derivavam do desempenho das exportações
sertão afora e do temor levado às pessoas mais pobres agrícolas. A partir de 1930, a indústria passa a ser o setor mais
dos vilarejos, o cangaço vira lenda no Nordeste e em todo prestigiado da economia, concorrendo para importantes
o país. Nele, ao lado da atividade criminosa, manifesta‑se mudanças na estrutura da sociedade.
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Intensifica‑se o fluxo migratório do campo para os cen‑ do café, criando, em 1931, o Conselho Nacional do Café;
tros urbanos mais industrializados, notadamente São Paulo e, em 1º/6/1933, implanta o IAA com a função de definir e
e Rio de Janeiro, que, adicionado ao crescimento vegetativo comandar a economia canavieira, controlando produção,
da população, proporciona uma maior oferta de mão de comércio. Exportação e preços do açúcar e do álcool de cana.
obra e o aumento do consumo. Entre 1929 e 1937 a taxa
de crescimento industrial foi da ordem de 50%, tendo‑se A Revolução Constitucionalista (1932): a pretexto de
verificado, no mesmo período, a criação de 12.232 novos democratizar e constitucionalizar o país, os cafeicultores de
estabelecimentos industriais no país. SP tentaram voltar ao poder. Foram duramente reprimidos.
Desse modo, independentemente das origens sociais e Vargas, numa atitude claramente populista, concilia‑se com
das motivações mais imediatas dos revolucionários, não há os vencidos: nomeia paulistas para cargos chaves e mantém
dúvida de que a Revolução de 1930 constituiu uma ruptura a política de valorização do café.
no processo histórico brasileiro. Denominada Revolução Constitucionalista, é uma volta
deflagrada no Estado de São Paulo contra o governo fede‑
Era Vargas (1930-1945) ral. Resulta da fusão entre o Partido Republicano Paulista,
derrotado pela Revolução de 1930, e o Partido Democrático,
O que não significa dizer, no entanto, que a Revolução ambos favoráveis à imediata convocação de uma Assembleia
de 1930 não tenha sido importante para o nosso passado. Nacional constituinte e ao fim das interventorias nos Estados.
Pelo contrário. A Revolução de 1930 foi decisiva para a mu‑ Tem à frente a oligarquia cafeeira, que não aceita sua
dança de rumos da história brasileira. Ao afastar do poder marginalização do poder e tenta resgatar sua hegemonia
os fazendeiros do café, que o vinham controlando desde política. Conta com o apoio da classe média, que se mobiliza
o governo de Prudente de Morais, em 1894, pavimentou também pela constitucionalizacão do país, promovendo
o caminho para uma significativa reorientação da política manifestações que resultam em incidentes violentos, como
econômica do país. o deflagrado em 23/5/1932 quando quatro jovens perdem
Tendo cortado o cordão umbilical que unia o café às a vida em choque com forças do governo. São eles: Mário
decisões governamentais atinentes ao conjunto da econo Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Mar‑
mia e da sociedade brasileiras, a Revolução ensejou uma condes de Souza e Antônio Américo Camargo de Andrade,
dinamização das atividades industriais. Até 1930, os impulsos de cujos nomes sai a sigla revolucionária MMDC.
industrialistas derivavam do desempenho das exportações Preocupado com o rumo dos acontecimentos, Vargas
agrícolas. A partir de 1930, a indústria passa a ser o setor marca para o ano seguinte as eleições para a Constituin
mais prestigiado da economia, concorrendo para impor‑ te, mas a medida não consegue apaziguar os ânimos dos
tantes mudanças na estrutura da sociedade. Intensifica‑se paulistas e, em 9/7/1932, estoura a revolução. As forças
o fluxo migratório do campo para os centros urbanos mais paulistas – compostas por tropas da Força Pública e um
industrializados, notadamente São Paulo e Rio de Janeiro, exército de voluntários sob o comando dos generais Bertoldo
que, adicionado ao crescimento vegetativo da população, Klinger e Euclides Figueiredo – enfrentam o destacamento
proporciona uma maior oferta de mão de obra e o aumento do Exército sob a chefia do general Pedro Aurélio de Góis
do consumo. Entre 1929 e 1937 a taxa de crescimento indus Monteira em combates que duram até 27/9, quando o chefe
trial foi da ordem de 50%, tendo‑se verificado, no mesmo da Força Pública, Herculano de Carvalho, assina a rendição.
período, a criação de 12.232 novos estabelecimentos indus Dois dias depois, Bertoldo Klinger segue o exemplo pondo
triais no País. fim às hostilidades.
Desse modo, independentemente das origens sociais e Apesar de fracassado, o movimento contribui para
das motivações mais imediatas dos revolucionários, não há apressar a elaboração da nova Constituição, promulgada
dúvida de que a Revolução de 1930 constituiu uma ruptura em 1934, ano em que o paulista Armando de Sales Oliveira
no processo histórico brasileiro. é nomeado para a interventoria do Estado.
Getúlio implantou no País um novo estilo político – o
populismo – e um modelo econômico baseado no interven Governo Constitucional (1934-1937)
cionismo estatal objetivando desenvolver um capitalismo Uma das características desse período é o surgimento
industrial nacional (processo de substituição de importações). dos primeiros partidos com caráter ideológico no País.
Norte‑Nordeste e Espírito Santo é escolhido um supervisor, Governo Constitucional: tem início em julho de 1934
Juarez Távora, que fica conhecido como “vice‑rei do Norte”. com a eleição de Vargas pelo Congresso Constituinte e ter‑
No plano econômico, suspende o pagamento da dívida mina em 10/11/1937 com o golpe do Estado Novo, quando
externa (agosto de 1931); reinicia a política de valorização Getúlio institui novo regime político. Depois de sufocar a
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Revolução Constitucionalista em São Paulo, Vargas enfrenta Estado Novo (1937-1945)
novas crises. O crescimento de movimentos de inspiração
fascista, encarnados principalmente pela Ação Integralista A ditadura Vargas, ou Estado Novo, dura oito anos. Co‑
Brasileira, partido fundado por Plínio Salgado em 1932, meça com o golpe de 10 de novembro de 1937 e se estende
propicia a união de setores socialistas e liberais na forma até 29 de outubro de 1945, quando Getúlio é deposto pelos
ção, em 12/3/1935, de uma frente política, a ANL. Com Luís militares. O poder é centralizado no Executivo e cresce a
Carlos Prestes na sua presidência e sob forte influência do ação intervencionista do Estado. As Forças Armadas pas‑
PCB, a ANL inicia uma campanha de agitação popular, o que sam a controlar as forças públicas estaduais, apoiadas pela
leva Vargas a determinar seu fechamento, em 11/7/1935, polícia política de Filinto Müller. Prisões arbitrárias, tortura
e a prender alguns militantes. e assassinato de presos políticos e deportação de estrangei
ros são constantes. Em 27 de dezembro de 1939 é criado o
A Intentona Comunista (1935): as contradições sociais Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável
aguçadas com o desenvolvimento industrial fortaleceram o pela censura aos meios de comunicação, pela propaganda
Partido Comunista. O objetivo do PC era criar alianças com do governo e pela produção do programa Hora do Brasil.
setores mais progressistas da sociedade, por isso criou a Período da ditadura Vargas que começa com o golpe de
Aliança Nacional Libertadora (ANL) com um programa na 10/11/1937 e termina em 29/10/1945 com a deposição de
cionalista, antifascista e democrático. Vargas pelos militares. Caracteriza‑se pela centralização do
Com a repressão de Vargas à ANL, os comunistas poder nas mãos do Executivo e na ação intervencionista do
passaram a preparar uma insurreição armada. Devido à Estado nas áreas social e econômica. O regime é apoiado pela
classe média, burguesia e oligarquias. O operariado também
não participação popular, a intentona terminou em uma
se sensibiliza com a intervenção nos sindicatos e com a pro‑
“quartelada” fracassada liderada por Prestes. Os dois anos
paganda que apresentava Vargas como o “pai dos pobres”.
que se seguiram foram marcados pelo fechamento político
As Forças Armadas passam a controlar também as
(estado de sítio) que prenunciava a ditadura que se iniciaria
forças públicas estaduais. Ao seu lado está a polícia política
em 1937.
de Felinto Müller, que continua executando prisões arbitrá
rias. São criados o Departamento Administrativo do Serviço
A Ascensão da Ideologia Fascista: a Ação Integralista
Público, em 1938, e o DIP, em 27/12/1939, responsável pela
Brasileira (AIB), liderada por Plínio Salgado, foi a expressão censura aos meios da comunicação.
típica do modelo fascista no Brasil. Propunha o culto ao seu
líder e uma retórica agressiva anticomunista e nacionalista. Constituição de 1937: outorgada em 10/11/1937. Ela‑
O integralismo apoiou entusiasticamente o Golpe de 1937, no borada pelo jurista Francisco Campos, a partir das concep
entanto, Vargas não dividiu os privilégios do poder com a AIB. ções autoritárias dos regimes fascistas europeus. Centraliza
o poder político, acaba com o princípio de harmonia e
A Farsa do Plano Cohen (1937): Getúlio Vargas simulou a independência entre os três poderes, pois o presidente passa
farsa do plano Cohen, de autoria duvidosa. Tratava‑se de um a controlar o Executivo e o Legislativo. Extingue os partidos
plano supostamente comunista, que visava ao assassinato políticos, instala o regime corporativo, sob autoridade direta
de personalidades importantes, a fim de se tomar o poder. do presidente, e institui a pena de morte. Na prática, não
Diante da ameaça vermelha, o governo pediu o estado de vigora, pois até a deposição de Vargas, em 1945, ele governa
guerra e o Congresso concedeu. por meio de decretos‑leis.
Argumentando a necessidade de se colocar fim às agita
ções, Vargas decretou fim do congresso e anunciou a nova As Bases do Regime: o Estado Novo é apoiado pelas
constituição. Em 2 de dezembro de 1937, os partidos foram classes médias e por amplos setores das burguesias agrá
dissolvidos. Era o início do Estado Novo. ria e industrial. Rapidamente Vargas amplia suas bases
populares recorrendo à repressão e cooptação dos traba‑
O golpe de 1937: em meados de 1936, o Brasil começa lhadores urbanos: intervém nos sindicatos, sistematiza e
a preparar‑se para as eleições presidenciais marcadas para amplia a legislação trabalhista. Sua principal sustentação,
1938. O primeiro candidato lançado é o paulista Armando porém, são as Forças Armadas. Durante o Estado Novo elas
de Sales Oliveira, apoiado pelo governador gaúcho José são reaparelhadas com modernos armamentos comprados
Antônio Flores de Cunha, por facções políticas de outros no exterior e começam a intervir em setores considerados
Estados e pela União Democrática Brasileira. Vargas consi‑ fundamentais para a segurança nacional, como a siderurgia
dera ameaçadora a articulação e vai buscar apoio nas Forças e o petróleo. A burocracia estatal é outro ponto de apoio:
Armadas. Consegue a adesão dos generais Góis Monteiro cresce rapidamente e abre empregos para a classe média.
e Eurico Gaspar Dutra, que montam o esquema para um Em 1938, Vargas cria o Departamento Administrativo do
golpe continuísta. Serviço Público (DASP), encarregado de unificar e racionalizar
Como pretexto, o general Góis Monteiro anuncia, em o aparelho burocrático e organizar concursos para recrutar
30/9/1937, a descoberta pelo Estado‑Maior do Exército de novos funcionários.
um projeto comunista que estaria planejando a tomada do
poder por meio da violência, denominado Plano Cohen. Com A Ditadura: os partidos foram suprimidos, o legislativo
isso, em 1º/10/1937, Vargas solicita e consegue autorização suspenso, a censura estabelecida pelo Departamento de
do Congresso para a decretação de estado de guerra por Imprensa e Propaganda (DIP), centralizaram‑se as funções
noventa dias. Em 10 de novembro, determina o fechamento administrativas através do Departamento de Administração
do Congresso, nomeia interventores para todos os Estados, do Serviço Público (Dasp), as liberdades civis deixaram de
outorga nova Constituição, extingue os partidos políticos existir.
História
20
desgastam o regime de Vargas e surgem pressões em favor O Desenvolvimento Econômico do Brasil durante o
da democracia. Temendo a perda do poder, o presidente período do populismo
toma iniciativas democratizantes: em fevereiro de 1945, O processo de industrialização do Brasil remonta aos úl‑
um ato adicional marca eleições gerais e, em 14 de março, timos decênios do século XIX. O seu ponto de partida situa‑se
Vargas anuncia o desejo de fazer seu sucessor o general por volta da década de 80 do século passado, motivado
Eurico Gaspar Dutra; em abril, permite total liberdade de essencialmente pela crise e abolição do trabalho escravo.
organização partidária; surgem a UDN (7 de abril), o PTB (15 Formou‑se, com o trabalho livre assalariado, um mercado
de maio) e o PSD (17 de julho). passivo que era preciso abastecer.
Vargas procura jogar para manter‑se no poder, A segunda fase da “luta pela industrialização” situa‑se
apoiando‑se em seu prestígio junto às massas populares, no período da Primeira Guerra, quando as potências capi‑
já que os mesmos militares que garantiram o Estado Novo, talistas, momentaneamente, sustaram o fornecimento de
entre eles os generais Góis Monteiro e Dutra, iniciavam um manufaturas, deixando um espaço vazio que deu origem ao
movimento para derrubá‑lo. Em 28 de maio, estabelece que, processo de “substituição das importações”. Mas, tão logo
em 2/12/1945, seriam realizadas eleições para a Presidência os conflitos terminaram, as potências industriais retomaram
da República e para a Assembleia Constituinte. Enquanto sua vida econômica, na ânsia de preencher os campos vazios
isso, o próprio Vargas incentiva um movimento continuísta, que haviam deixado.
que recebe o nome de “queremismo”, com apoio da classe Ora, em 1929, sobreveio a grave crise do sistema ca‑
operária, dos sindicatos e dos comunistas. Temendo que a pitalista, que, de certa forma, relaciona‑se à terceira fase,
pressão popular pudesse alterar o processo de afastamento iniciada em 1930, com a Revolução. Nessa fase, a industria
do presidente, os chefes das Forças Armadas realizam um lização ganhou corpo e se firmou. Em primeiro lugar, pela
movimento que prega a reconstitucionalização do país e de falência do federalismo da República Velha e pela implanta
põem Vargas em 29/10/1945. Dois dias depois, o presidente ção de um Estado fortemente centralizado, culminando na
deposto parte para o exílio em São Borja (RS) instituição da ditadura de Vargas (Estado Novo). Em virtude
disso, formou‑se um mercado verdadeiramente nacional
Os governos democráticos, os governos para a indústria, em razão da quebra de barreiras entre as
militares e a nova república distintas unidades da federação, que facilitou a livre circula
ção de mercadorias, levando à fusão dos mercados isolados
República Liberal Conservadora: Segunda República, e locais. Além do mais, a construção de portos, ferrovias e
Redemocratização e Populismo (1945-1964) rodovias, nesse período, integrou fisicamente as regiões
dispersas. Porém, é preciso acentuar que a industrialização
Com a queda de Vargas e a realização de eleições para assim empreendida não se difundiu igualmente por todo o
a Assembleia Constituinte e para presidente começa a Brasil. Ao contrário, concentrou‑se em São Paulo, que se tor
Redemocratização do país. A Segunda República estende‑se nou o estado mais industrializado. Às vésperas da Segunda
de 1945 até o golpe militar de 1964. Caracteriza‑se pela Guerra Mundial, a hegemonia industrial de São Paulo era
consolidação do populismo nacionalista, fortalecimento dos um fato consumado.
partidos políticos de caráter nacional e grande efervescência Da Segunda Guerra até 1950, temos a quarta fase do
social. A indústria expande‑se rapidamente. processo de industrialização, induzido em grande parte pelos
acontecimentos mundiais, marcando o final do “estilo de
Populismo: o conceito de populismo é usado para
industrialização” que se havia inaugurado na década de 1930.
designar um tipo particular de relação entre o Estado e as
Na década de 1950 iniciou‑se uma nova forma de indus
classes sociais. Presente em vários países latino‑americanos
trialização, que se prolongou até a época atual. Segundo o
no pós‑guerra, o populismo caracteriza‑se pela crescente
sociólogo Gabriel Cohn, “a década de 1950 marca um pon‑
incorporação das massas populares ao processo político
to de inflexão no processo de industrialização”. E a razão
sob controle e direção do Estado. A intervenção estatal na
apontada pelo mesmo autor é a seguinte: naquela década
economia, com o objetivo de promover a industrialização,
também cria vínculos de dependência entre a burguesia e o encerrou‑se a etapa de ocupação do mercado “passivo”,
Estado. No Brasil, o populismo começa a ser gestado após a preexistente e disponível em virtude da “contradição da
Revolução de 30 e se constitui em uma derivação do regime oferta de produtos importados”. Dessa forma, o processo
autoritário criado por Getúlio Vargas. de industrialização chegou a um ponto crucial, pois o seu
O período da história republicana do Brasil que vai da prosseguimento já não era mais possível com a ocupação
queda do Estado Novo (1945) à ditadura militar de 1964 é episódica do mercado, que por uma ou outra razão havia
comumente conhecido como populismo. O populismo foi sido momentaneamente abandonado pelas potências indus
a expressão política do deslocamento do pólo dinâmico da triais dominantes. De fato, a continuidade da industrialização
economia – do setor agrário para o urbano –, através do passou a depender daquele momento em diante da criação
processo de desenvolvimento industrial, em grande parte de um mercado dotado de dinamismo próprio e, portanto,
impulsionado pela revolução de 1930. Chama‑se neste autônomo. É essa última etapa, iniciada em 1950, que nos
contexto a forma de manifestação das massas populares interessa de perto.
urbanas e, ao mesmo tempo, o seu reconhecimento e a sua Características industriais de 1950 – Nos inícios dos anos
manipulação pelo Estado. 50, a indústria brasileira apresentava dois aspectos salientes:
A Constituição de 1946 foi o principal instrumento de de um lado, empreendimentos centrados na produção de
normalização institucional do país, pautava‑se pelo predomí bens perecíveis e semiduráveis, destacando‑se particular‑
nio dos princípios liberais, característicos de democracias mente as indústrias têxtil, alimentar, gráfica, editorial, de
ocidentais (EUA). Essa Constituição estabelecia limites vestuário, fumo, couro e peles; de outro, empresas intei
para a participação democrática, e ainda manutenção de ramente nacionais, normalmente gerenciadas pelo núcleo
História
presidencialismo e do federalismo limitado, restabeleci‑ familiar proprietário. Quanto a estas últimas – segundo o
mento do cargo de vice‑presidência, duração de 5 anos economista Paul Singer –, embora algumas “tivessem dado
para o mandato presidencial e preservação da estrutura de mostras da apreciável capacidade de expansão via au
propriedade de terra. to‑acumulação, chegando a se constituir alguns ‘impérios
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industriais’ (como os de Francisco Matarazzo e Ermírio de O segundo governo de Vargas (1951-1954): O suicídio
Moraes), estava claro que nenhuma tinha possibilidade de de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, representou a vitória
mobilizar os recursos necessários para efetivamente iniciar dos partidários do desenvolvimento dependente do capital
a indústria pesada no país”. estrangeiro. Contudo, seria um exagero atribuir o suicídio de
Efetivamente, a industrialização em 1950 não estava Vargas apenas a essa questão e, sobretudo, emprestar a ele,
ainda completa, pois, segundo o mesmo autor, a produção postumamente, a imagem de um nacionalista intransigente.
de bens perecíveis e semiduráveis de consumo não condu Contrariamente ao que se pode supor, o comportamento
ziu a indústria além dos limites da demanda por esse tipo político de Getúlio em relação ao capital estrangeiro – ao
de produto. Para compreender melhor o passo seguinte imperialismo, em suma – era bastante flexível, e em nenhum
na industrialização, vejamos quais as partes essenciais de momento se descartou por completo sua participação na
um sistema industrial completo. Segundo os economistas, economia brasileira. Getúlio só não concordava com o
as indústrias estão articuladas da seguinte maneira: indús alinhamento completo do Brasil aos Estados Unidos, como
tria de consumo, que se caracteriza pela produção de bens estes pareciam desejar. Na verdade, recusava‑se a atuar
e serviços destinados à direta satisfação dos consumidores como peça subordinada ao capital estrangeiro.
(alimentos, roupas, diversões, sapatos, fumo, couro); indús O “desenvolvimentismo” juscelinista: a ascensão de
tria de bens intermediários, que produz bens que neces‑ Juscelino Kubitschek, em 1956, marcou o início do processo
sitam de transformações finais para se converterem em de industrialização inteiramente ajustado aos interesses
produtos aptos ao consumo (gusa para diversas indústrias, do capital internacional. Apesar da composição das forças
trigo para o padeiro etc.); e, finalmente, a indústria de bens políticas que serviram de base para sua eleição, o governo
de capital, que não se destina à produção de bens imedia juscelinista definiu com clareza o rumo da industrialização
tamente consumíveis, sendo organizada para dar eficiência ao implantar o modelo desenvolvimentista, estreitamente
ao trabalho humano, tornando‑o mais produtivo (máquinas, associado ao capital estrangeiro. Parece estranho que isso
estradas, portos etc.). possa ter ocorrido com um governo aparentemente herdeiro
Pois bem, no Brasil havia quase que exclusivamente a do getulismo, pois é preciso notar que João Goulart era seu
indústria de consumo, ou leve, que se dedicava à produ vice‑presidente e que sua candidatura triunfou através da
ção de “bens perecíveis e semiduráveis”. Desse modo, velha coligação PSD‑PTB.
a implantação definitiva do sistema industrial dependia Todavia, seria precipitado atribuir essa “guinada em
do encontro de soluções para a implantação da indústria favor do capital estrangeiro” a uma política deliberada de
pesada, produtora de bens duráveis de consumo, bens Kubitschek. Na realidade, sua posição diante do capital
intermediários e bens de capital. estrangeiro, tanto quanto a de Getúlio, era ambígua, e sua
ambiguidade refletia a própria indecisão da formação ca‑
Presença norte‑americana: no início da década de 1950,
pitalista no Brasil. De fato, a burguesia industrial brasileira
embora as opções fossem claras, a definição em torno da
sentia‑se incapaz de conduzir o processo de industrialização
industrialização via capital estrangeiro ou estatal ainda não
em posição hegemônica, prensada como estava entre a
era evidente. Mas a presença norte‑americana já era visível
participação do Estado e a do capital estrangeiro, represen‑
em nossa economia.
tado pelas multinacionais.
Em 1951 a Comiss ão Mista Brasil‑Estados Unidos A formação do modelo: a execução do Plano de Metas
reuniu‑se para elaborar um grandioso projeto no setor ener‑ de Juscelino foi, nesse sentido, a grande responsável pela
gético e viário, em que uma considerável soma de capital definitiva configuração do modelo de desenvolvimento
norte‑americano seria aplicada: cerca de 400 milhões de industrial que o Brasil finalmente adotaria. Efetivamente,
dólares. Em oposição a essa abertura ao capital estrangeiro, com esse ambicioso plano, a penetração do capital estrangei
surgiu um maciço movimento de nacionalização do petró ro ocorreu de forma maciça, ocupando os ramos da indústria
leo, sob o lema “O petróleo é nosso”. Em 1953, finalmente, pesada: indústria automobilística e de caminhões, de mate
o Congresso, pressionado pela força que o movimento rial elétrico e eletrônico, de eletrodomésticos, de produtos
atingira, aprovou a lei que instituiu o monopólio estatal da químicos e farmacêuticos, de matéria plástica. Iniciou‑se aí a
exploração e do refinamento do petróleo. organização das multinacionais, que, monopolizando aquele
Obviamente, o triunfo da iniciativa de um setor nacio que viria a ser o setor mais dinâmico da economia, estavam
nalista, formado a partir da coligação de intelectuais, milita‑ destinadas a exercer inegável influência na redefinição da
res, estudantes, políticos e lideres operários, não poderia ser orientação econômica e, também, política do Brasil.
bem recebido pelos Estados Unidos, que, por esse tempo, Segundo ainda o Plano de Metas, o capital estatal ficou
atingiam o ponto culminante da guerra fria, com intensas encarregado de viabilizar o programa da infra‑estrutura
repercussões internas. Para o presidente Eisenhower, tal destinado a sustentar o modelo, através da construção de
atitude por parte do Brasil não era mais do que o resultado rodovias e da “ampliação do potencial de geração, transmis
de manobras de “inspiração comunista”. Por isso passou a são e distribuição de energia elétrica”.
pressionar o governo de Getúlio, através do corte unilateral Significado econômico de 1964: esse modelo de desen‑
da ajuda econômica, reduzindo drasticamente o programa volvimento econômico, que ganhou forma com Juscelino,
de empréstimo. seria retomado a partir de 1964, fazendo do movimento
A partir de 1953, com o fim da Guerr a da Cor eia militar que derrubou João Goulart o seu herdeiro direto.
(1950-1953), teve início uma conjuntura extremamente Com o regime instalado em 1964, o modelo foi levado às suas
desfavorável ao Brasil, devido à queda dos preços dos pro‑ últimas consequências. Houve, porém, uma considerável
dutos primários no mercado internacional, motivada pelas diferença entre os períodos de 1955 a 1965, aproximada‑
manipulações dos Estados Unidos. A dificuldade de obter mente, e de 1965 em diante. No primeiro período, apesar da
divisas com as exportações provocou uma crise financeira, maciça presença do capital estrangeiro, procurou‑se através
História
de modo que o recurso de tomar empréstimos no exterior se dele dirigir toda a força econômica para a dinamização do
tornou inevitável. A vinculação do Brasil ao capital internacio mercado interno. De 1965 em diante, a nova estratégia,
nal, particularmente ao norte‑americano, começou então a com base na mesma força econômica, passou a orientá‑la,
delinear‑se com clareza. entretanto, para o mercado mundial.
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Nesse sentido, o movimento militar de 1964 e o regime A inflação, como sabemos, tem um efeito corrosivo so‑
implantado a partir daí podem ser vistos como resultado, bre os salários, diminuindo o seu poder aquisitivo. Se esse as‑
entre outras coisas, da luta entre aqueles que procuravam pecto é a contrapartida da acumulação de capitais em mãos
enquadrar as multinacionais às perspectivas da economia da burguesia, por outro lado, ao diminuir a capacidade aqui
brasileira e aqueles que, inversamente, desejavam o en sitiva do salário, a inflação tem como resultado a contração
quadramento da economia brasileira à perspectiva econô‑ da demanda e, portanto, a restrição do mercado consumidor.
mica das multinacionais. O desfecho da luta, em 1964, foi a A longo prazo, isso torna inviável o desenvolvimento indus
vitória da última tendência. Para Paul Singer, o movimento trial autônomo. Disso resulta a grande dificuldade enfrentada
militar de 1964 “coincide com uma redivisão internacional pelo governo de elevar o nível de vida da população, pois
do trabalho, que as multinacionais estão levando a cabo a elevação do salário, para neutralizar a elevação do custo
em todo mundo capitalista, e que consiste precisamente de vida e combater a carestia, implica necessariamente a
em transferir a países semi‑industrializados, como o Brasil, sua incorporação ao custo da produção, restabelecendo a
determinadas linhas de produção industrial. A crescente tendência de alta dos preços. Assim se explica o círculo vi
exportação de bens industrializados pelas multinacionais cioso do governo Goulart, em que a corrida do salário e do
instaladas no Brasil aumenta a importância destas empresas preço apenas serviu para agravar o processo inflacionário,
no cenário econômico nacional, pois delas passa a depender criando inquietações sociais difíceis de acalmar.
cada vez mais a Balança de Pagamentos. Sendo estes bens As multinacionais: ao lado dos problemas internos gera‑
adquiridos por subsidiárias nos países importadores das dos pelo modelo de industrialização, um outro se apresen
mesmas multinacionais que os exportam – como da Ford tou, e este com maior peso: a penetração e consolidação
do Brasil, que fornece motores à sua matriz americana –, das empresas multinacionais. Desde Juscelino (Plano de
sua presença no Brasil passa a se justificar não apenas por Metas), a instalação de multinacionais no Brasil foi maciça.
trazerem recursos de capital e know‑how técnico, mas tam‑ A partir de então, os setores fundamentais da indústria fo‑
bém por assegurarem mercado para uma parcela crescente ram passando para o controle estrangeiro. Segundo Gabriel
de nossas exportações”. Cohn, o controle externo das indústrias automobilísticas, de
Os desequilíbrios econômicos e sociais: o modelo cigarro e de eletricidade variou em torno de 80% a 90%. Nas
de desenvolvimento brasileiro que se definiu durante a indústrias farmacêutica e mecânica, a proporção foi de 70%.
presidência de Juscelino não estava isento de contradições, O resultado principal dessa nova conjuntura foi a
que, aliás, tornaram‑se claras na década de 1960. Desde minimização da importância da burguesia nacional, que pas
o primeiro governo de Getúlio, o Estado assumiu a forma sou para o plano secundário, muitas vezes como sócio menor
de empresário privilegiado, investindo diretamente na das grandes corporações internacionais. Isso significa que os
criação de unidades produtivas. O recurso financeiro para postos de comando de tais indústrias estavam em mãos de
tais empreendimentos foi obtido através de uma política indivíduos diretamente designados pela direção da matriz
fiscal voltada para esse fim e também, sempre que necessá estrangeira, ou seja, os centros de decisões se encontravam
rio, através de emissões. Por isso, uma das consequências fora do país. Essa situação levou ao inevitável agravamento
principais foi o recrudescimento da inflação, que levou à do desequilíbrio no Balanço de Pagamentos: a remessa de
rápida perda do poder aquisitivo da moeda. Consequen lucros para o exterior, além dos pagamentos pelo uso de
temente, os detentores do capital foram impelidos aos
marcas e patentes (royalties) e da importação de maquina
investimentos, para evitar o seu desgaste.
ria, superou rapidamente o capital que as multinacionais
O estímulo ao investimento motivado pela inflação teve
inicialmente investiram.
um efeito nefasto no corpo social, principalmente porque
Naturalmente, as contradições engendradas pelo mo‑
atingiu os assalariados. De certa maneira, é possível dizer
delo de desenvolvimento da industrialização adotado na
que, através desse mecanismo, se transferiram, indireta‑
década de 1950 expressaram‑se através do aguçamento das
mente, os recursos dos assalariados para o setor empresa
lutas sociais e políticas. A presença do capitalismo interna
rial. Em outros termos, os ricos ficaram cada vez mais ricos
e os pobres cada vez mais pobres. Para piorar ainda mais a cional e o seu papel cada vez mais decisivo no controle de
situação, os investimentos naturalmente resultaram no in‑ nossa economia tiveram, por seu turno, uma importância
cremento da tecnologia. Com isso, restringiu‑se a criação de certamente não desprezível no desfecho da luta. O movi‑
novos empregos, atirando os excedentes populacionais em mento militar de 1964 teve aí suas raízes e as suas razões.
setores agrícolas, agropecuários, da indústria extrativa – que
eram frágeis –, ou então ao comércio e ao setor de serviços, Ditadura Militar (1964-1985)
em que o subemprego tornou‑se inevitável, dando origem
a um “subproletariado marginal urbano”. O Regime Militar é instaurado pelo golpe de estado de
Ao aprofundamento das diferenc iações soc iais 31 de março de 1964 e estende‑se até a Redemocratização,
correspondeu, no plano econômico, o agravamento das em 1985. O plano político é marcado pelo autoritarismo,
disparidades setoriais e regionais na produção. Em outras supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial
palavras, os investimentos não foram realizados de maneira e militar, prisão e tortura dos opositores e pela imposição
generalizada e igual em todos os setores produtivos. Eviden‑ de censura prévia aos meios de comunicação. Na economia,
temente, os investidores selecionaram as oportunidades que há uma rápida diversificação e modernização da indústria
a eles se afiguravam como mais rentáveis. Em consequência, e serviços, sustentada por mecanismos de concentração de
alguns setores – como o têxtil – permaneceram praticamente renda, endividamento externo e abertura ao capital estran
estagnados. Além do mais, os investimentos foram feitos geiro. A inflação é institucionalizada através de mecanismos
de forma especulativa, provocando o “inchaço” de alguns de correção monetária e passa a ser uma das formas de
setores, o que indicava alto grau de concentração de capi financiamento do Estado. Acentuam‑se as desigualdades e
tais. Foi o caso do setor da construção e a correspondente injustiças sociais.
História
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ministros militares de seu governo: brigadeiro Correia de Para financiar o déficit público, o governo lança no
Melo, da Aeronáutica, almirante Augusto Rademaker, da mercado as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
Marinha, e general Arthur da Costa e Silva, da Guerra. Nesse (ORTNs). Estimula a construção civil criando o Banco Nacional
período, é instituído o Ato Institucional nº 1 (AI-1). de Habitação (BNH) para operar com os recursos captados
AI-1 – os atos institucionais são mecanismos adotados pelo FGTS. Estabelece também a correção monetária como
pelos militares para legalizar ações políticas não previstas estímulo à captação de poupança num momento de infla
e mesmo contrárias à Constituição. De 1964 a 1978, são ção alta. Ao fazer isso, cria um mecanismo que, na prática,
decretados 16 atos institucionais e complementares que indexa a economia e perpetua a inflação.
transformam a Constituição de 1946 em uma colcha de A economia volta a crescer no governo Castello Branco.
retalhos. O AI-1, de 9 de abril de 1964, transfere o poder Os setores mais dinâmicos são as indústrias da construção
político aos militares, suspende por dez anos os direitos po‑ civil e de bens de consumo duráveis voltados para clas‑
líticos de centenas de pessoas, entre elas os ex‑presidentes ses de alta renda, como automóveis e eletrodomésticos.
João Goulart e Jânio Quadros, governadores, parlamentares, Expandem‑se também a pecuária e os produtos agrícolas
líderes sindicais e estudantis, intelectuais e funcionários de exportação. Os bens de consumo não duráveis, como
públicos. As cassações de mandatos alteram a composição calçados, vestuário, têxteis e produtos alimentícios destina‑
do Congresso e intimidam os parlamentares. dos à população de baixa renda têm crescimento reduzido
O golpe militar de 1964 deu início a uma série de gover‑ ou até negativo.
nos militares que permaneceram no poder até 1985. Durante O fator que precipitou o golpe foi a decisão do governo
esse período, foi criada uma estrutura política caracterizada João Goulart de implementar o Programa das Reformas de
pela anulação da participação da população nas decisões Base, que propunha, entre outras coisas, a reforma agrá
políticas e pela eliminação das liberdades democráticas. ria e a ampliação da ação do Estado na economia.
O executivo concentrava grandes poderes, impondo‑se Tal projeto tinha o apoio das forças nacionalistas, re‑
diante do legislativo e do judiciário, que continuaram fun presentadas pelo antigo PTB, e da esquerda organizada na
cionando quase que como elementos de decoração. Esse CGT, na UNE, no PCB e nas Ligas Camponesas. O pretexto
período caracterizou‑se pelo centralismo, autoritarismo, pela para depor o presidente foi o seu apelo às bases das Forças
repressão aos movimentos sociais, pela censura generaliza‑ Armadas para que apoiassem o seu governo, o que foi in‑
da, com o intuito de manter o modelo político econômico terpretado como uma ameaça à hierarquia.
dos militares em funcionamento. Inicialmente, o regime A intervenção militar contou com o apoio de amplos
autoritário foi se instalando em 1964 e 1968, bloqueando setores da sociedade brasileira: classe média, empresários,
paulatinamente as possibilidades de participação política à fazendeiros, meios de comunicação e setores da igreja. No
maioria da população. plano internacional, o apoio político e a retaguarda militar
Agora entre o período compreendido entre 1968 e 1974, dos EUA foram decisivos para dar sustentação ao golpe.
os militares chegam ao máximo do fechamento político, são No plano econômico, contrariamente ao que se imagina,
os anos de chumbo, uma parte da oposição radicaliza e vai o movimento militar não rompeu com o “modelo econômi‑
para a luta armada contra o regime e a repressão aumenta, co” que fora implantado no governo Juscelino Kubitschek.
é a guerra suja. Mas, com o crescimento dos problemas A indústria automobilística seguiu como centro dinâmico
socioeconômicos, inicia‑se o processo lento, gradual e
da economia nacional, e ampliaram‑se os demais setores
controlado de abertura do regime que irá resulta em sua
de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, eletroe
suplantação em 1985.
letrônicos etc.).
Economia no Regime Militar: No início do Regime Mili‑
Para possibilitar altas taxas de acumulação de capital,
tar, a inflação chega a 80% ao ano, o crescimento do Produto
os sindicatos foram desorganizados, a rotatividade de mão
Nacional Bruto (PNB) é de apenas 1,6% ao ano e a taxa de
de obra foi facilitada por meio do FGTS e os ganhos de pro‑
investimentos é quase nula. Diante desse quadro, o governo
dutividade não foram transferidos para os salários.
adota uma política recessiva e monetarista, consolidada no
Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), elaborado Em 1979, apenas 4% da população economicamente
pelos ministros da Fazenda, Roberto de Oliveira Campos e ativa do Rio de Janeiro e São Paulo ganha acima de dez
Octávio Gouvêa de Bulhões. Seus objetivos são sanear a salários mínimos. A maioria, 40%, recebe até três salários
economia e baixar a inflação para 10% ao ano, criar condi mínimos. Além disso, o valor real do salário mínimo cai
ções para que o PNB cresça 6% ao ano, equilibrar o balanço drasticamente. Em 1959, um trabalhador que ganhasse
de pagamentos e diminuir as desigualdades regionais. salário mínimo precisava trabalhar 65 horas para comprar
Parte desses objetivos é alcançada. No entanto, em 1983, os alimentos necessários à sua família. No final da década
a inflação ultrapassa os 200% e a dívida externa supera os de 70 o número de horas necessárias passa para 153. No
US$ 90 bilhões. campo, a maior parte dos trabalhadores não recebe sequer
Para sanear a economia, o governo impõe uma política o salário mínimo.
recessiva: diminui o ritmo das obras públicas, corta subsídios, Em 1960, os 10% mais ricos da população detinham 39%
principalmente ao petróleo e aos produtos da cesta básica, da renda nacional. Em 1980, eles passaram a deter 51%, nível
dificulta o crédito interno. Em pouco tempo, aumenta os que, com ligeiras variações, mantém‑se até os dias atuais.
números de falências e concordatas. Paralelamente, para Os 10% mais pobres detinham 17% da renda em 1960. Em
estimular o crescimento do PNB, oferece amplos incentivos 1980, detinham 12%.
fiscais, de crédito e cambiais aos setores exportadores. Ga‑ Em geral, os analistas enfatizam os efeitos políticos
rante ao capital estrangeiro uma flexível lei de remessas de danosos do movimento militar. Mas é importante destacar
lucro, mão de obra barata e sindicatos sob controle. Extin também que o movimento contribuiu ativamente para
gue a estabilidade no emprego e, em seu lugar, estabelece produzir os níveis escandalosos de concentração de renda
o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). No final que o país exibe hoje.
História
do governo Castello Branco, a inflação baixa para 23% anuais. O chamado “Milagre Econômico” Baseado no binômio
A capacidade ociosa da indústria é grande, o custo de vida segurança/desenvolvimento, o modelo de crescimento eco‑
está mais alto, há grande número de desempregados, acen nômico instaurado pela ditadura conta com recursos do capi‑
tuada concentração de renda e da propriedade. tal externo, do empresariado brasileiro e com a participação
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do próprio Estado como agente econômico. O PNB cresce, e militares e de diversos Órgãos das Forças Armadas, como
em média, 10% ao ano entre 1968 e 1973. Antônio Delfim o Cenimar, no Rio de Janeiro, e a paulista OBAN, que, a partir
Netto, ministro da Fazenda nos governos Costa e Silva e de maio de 1970, passa a chamar‑se DOI‑CODI. Esse aparato
Garrastazu Médici e o principal artífice do “milagre”, aposta repressivo consegue desbaratar muitos grupos oposicio
nas exportações para obter parte das divisas necessárias às nistas, prendendo, torturando e matando vários de seus
importações de máquinas, equipamentos e matérias‑primas. militantes e simpatizantes. Os que conseguem escapar são,
O crescimento do mercado mundial, na época, favorece essa em geral, forçados a tomar o caminho do exílio.
estratégia, mas é a política de incentivos governamentais
aos exportadores que garante seu sucesso. Para estimular Esquerda Armada: parcelas da esquerda brasileira
a indústria, Delfim Netto expande o sistema de crédito ao procuram na luta armada um meio de enfrentar o Regime
consumidor e garante à classe média o acesso aos bens de Militar e abrir caminho para a esperada revolução brasilei
consumo duráveis. ra. Destacam‑se: Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada
Durante o Regime Militar, o Estado mantém seu papel por Carlos Marighella, ex‑deputado federal e ex‑membro
de investidor na indústria pesada, como a siderúrgica e de do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada
bens de capital. As empresas estatais crescem com a ajuda do em São Paulo em 4 de novembro de 1969; Vanguarda Po‑
governo, obtêm grandes lucros, lideram empreendimentos pular Revolucionária (VPR), comandada pelo ex‑capitão do
que envolvem empresas privadas e criam condições para a Exército Carlos Lamarca, morto por uma patrulha militar em
expansão do setor de produção de bens duráveis. Pintada, no interior da Bahia, em 17 de setembro de 1971; e o
Os indicadores de qualidade de vida da população Partido Comunista do Brasil (PCdoB), uma dissidência do PCB,
despencam. A mortalidade infantil no Estado de São Paulo, que organiza um movimento guerrilheiro no Araguaia, sul do
o mais rico do país, salta de 70 por mil nascidos vivos em Pará, no início da década de 70; e o MR-8, uma dissidência
1964 para 91,7 por mil em 1971. No mesmo ano, registra‑se do PCB. As organizações armadas fazem assaltos a bancos,
a existência de 600 mil menores abandonados na Grande São sequestros de diplomatas para trocá‑los por presos políticos
Paulo. Em 1972, de 3.950 municípios do país, apenas 2.638 e alguns assassinatos de militares e colaboradores do regime.
têm abastecimento de água. Três anos depois um relatório
do Banco Mundial mostra que 70 milhões de brasileiros são Anistia: o movimento pela anistia aos presos políticos,
desnutridos, o equivalente a 65,4% da população, na época banidos e cassados em seus direitos políticos começa na
de 107 milhões de pessoas. O Brasil tem o 9º PNB do mundo, segunda metade da década de 70. Reúne entidades do
mas em desnutrição perde apenas para Índia, Indonésia, movimento estudantil e sindical, organizações populares,
Bangladesh, Paquistão e Filipinas. a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasi
A partir de 1973, o crescimento econômico começa a leira de Imprensa (ABI) e setores da Igreja. Obtém uma vitória
declinar. No final da década de 70, a inflação chega a 94,7% parcial em 1979, com a decretação da anistia aos acusados
ao ano. Em 1980, bate em 110% e, em 1983, em 200%. Nesse de crimes políticos. No entanto, a anistia é “recíproca”, ou
ano, a dívida externa ultrapassa os US$ 90 bilhões e 90% da seja, beneficia também os agentes dos órgãos de repressão
receita das exportações é utilizada para o pagamento dos envolvidos em denúncias de assassinatos e torturas.
juros da dívida. O Brasil mergulha em nova recessão e sua
principal consequência é o desemprego. Em agosto de 1981, Movimentos Populares: a partir dos anos 70, a migra
há 900 mil desempregados nas regiões metropolitanas do ção campo/cidade fica mais intensa e acelera o processo de
país e a situação se agrava nos anos seguintes. inchaço dos grandes centros urbanos. No início dos anos 80,
segundo dados do IBGE, 80 milhões de pessoas, ou 67% dos
Sociedade no Regime Militar: para neutralizar a oposi brasileiros, vivem na zona urbana, contra uma população
ção ao regime, o governo faz uso de vários instrumentos rural de 39 milhões de pessoas. A região Sudeste, rica e indus
de coerção. A censura aos meios de comunicação e às trializada, concentra 44% dos habitantes do país. Capitais
manifestações artísticas, principalmente a partir de 1969, do Nordeste, como Salvador e Recife, têm suas populações
tolhem a produção cultural. As prisões, torturas, assassina‑ aumentadas em, respectivamente, 31% e 45%. Esse cresci‑
tos, cassação de mandatos, banimento do país e aposentado mento das populações urbanas, porém, não é acompanhado
rias forçadas espalham o medo. Os setores organizados de um incremento dos serviços urbanos, como transporte e
da sociedade passam a viver sob um clima de terrorismo, saneamento básico, além da rede pública de atendimento à
principalmente após o fechamento do Congresso Nacio saúde e educação. A solução desses problemas são algumas
nal, em 1966. As manifestações públicas desaparecem por das reivindicações centrais dos movimentos sociais urbanos
quase uma década. Em meados dos anos 70, os estudantes que surgem no final dos anos 70.
são os primeiros a voltar às ruas em defesa das liberdades Os movimentos sociais urbanos em geral surgem nos
democráticas. No final da década, ressurge o movimento locais de moradia. Reivindicam direitos básicos de cidadania,
operário com greves por aumento salarial e um acelerado como abastecimento de água e coleta de esgotos, ilumina
processo de organização. ção, transporte, calçamento, atendimento médico e acesso
Para neutralizar a oposição ao regime, o governo faz uso à escola. Lutam também pela legalização de loteamentos
de alguns instrumentos de coerção. Um deles é a censura, clandestinos, cada vez mais comuns nos bairros de periferia.
que atinge os meios de comunicação e as manifestações Em vários momentos, partem para a ação direta. Nos anos
artísticas. Outro é a repressão por meio de prisões, torturas, 80, há invasões de terrenos e de conjuntos habitacionais em
cassação de mandatos, banimento do país e aposentado construção em várias capitais e quebra‑quebras de ônibus
rias forcadas, alcançando políticos, sindicatos, movimento e trens urbanos.
estudantil e religiões.
Integrantes da esquerda são, assim, obrigados a refu Nova República (1985 – aos dias atuais)
História
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ser um ato de amadurecimentos constantes. Embora garan‑ Eleição indireta da chapa Tancredo Neves/José Sarney,
tido a ordem democrática, os enormes problemas sociais e no entanto Tancredo morre antes de assumir o cargo.
econômicos continuam a desafiar a capacidade gerencial O presidente eleito empreendeu uma viagem a vários
dos sucessivos governantes desde então. países e ao voltar dedicou‑se à organização do seu governo.
No mesmo período da redemocratização brasileira, Entretanto, na véspera da data marcada para sua posse,
segunda metade dos anos 80, o mundo passa por grandes Tancredo foi internado num hospital de Brasília, para uma
transformações, que direta ou indiretamente irão afetar o cirurgia. Em seu lugar, tomou posse, interinamente, o vice
processo histórico do Brasil, como exemplo pode‑se citar: fim José Sarney. Depois de prolongada agonia, Tancredo veio a
da guerra fria, com a derrocada do leste europeu, processo falecer em São Paulo, em 21 de abril de 1985, e um senti‑
que irá cominar com o desaparecimento da URSS em 1991; mento geral de frustração tomou conta do país.
surgimento de grandes blocos econômicos, e a expansão Todas as expectativas concentraram‑se então em im‑
dos negócios e das hegemonias dos países centrais com a plementar o plano de governo por ele anunciado. Em linhas
aceleração da globalização. gerais, o seu plano condenava qualquer atitude revanchista,
No Brasil, ao longo desse período, busca a integração pregava a união nacional, a normalização institucional em
crescente do país à economia globalizada, o que tem exigido moldes democráticos e a retomada do desenvolvimento.
recursos internacionais cada vez maiores para investimentos O governo Sarney foi marcado pela consolidação de‑
que aceleram o desenvolvimento nacional. Por outro lado, mocrática do país, com a elaboração e promulgação de uma
tal política tem multiplicado alguns efeitos sociais perversos, nova constituição, a mais democrática que o Brasil já teve até
que já existiam antes da Nova República, alguns de origem o momento, e pelo descontrole do processo inflacionário.
histórica bem remota, tais como o desemprego, a falta de José Sarney assume a Presidência interinamente em 15
saneamento básico, a educação universal e de boa qualidade, de março de 1985. Em 22 de abril, após a morte de Tancredo,
a criminalidade e a insegurança pública, com destaque para é investido oficialmente no cargo. Governa até 15 de março
os grandes centros urbanos. de 1990, um ano a mais que o previsto na carta‑compro‑
Por outro lado essa tentativa de modernização, seguida por misso da Aliança Democrática, pela qual chegou ao poder.
todos os governantes da Nova República, na busca continua de A expressão “Nova República”, criada pelo deputado Ulysses
novas tecnologias e no aumento da capacidade produtiva do Guimarães para designar o plano de governo da Aliança
capitalismo, tem provocado o agravamento das desigualdades Democrática, é assumida por Sarney como sinônimo de seu
sociais, uma marca constante do mundo capitalista. governo. Em 10 de maio de 1985 uma emenda constitucional
A eleição de Tancredo Neves para a Presidência marca o restabelece as eleições diretas para a Presidência e prefei
fim do Regime Militar e o início da redemocratização do país. turas das cidades consideradas como área de segurança
Apesar de indireta, sua escolha é recebida com entusiasmo nacional pelo Regime Militar. A emenda também concede o
pela maioria dos brasileiros. Eleito pelo Colégio Eleitoral com direito de voto aos analfabetos e aos jovens maiores de 16
o apoio do conjunto das oposições, exceto do PT, Tancredo anos. Em 1988 é promulgada a nova Constituição do país.
não chega a assumir o cargo. Na véspera da posse, é interna‑ Na área econômica, o governo Sarney cria quatro planos
do no Hospital de Base, em Brasília, e morre 37 dias depois no de estabilização, com sucesso parcial apenas no primeiro.
Instituto do Coração, em São Paulo. A Presidência é ocupada O governo Sarney faz vista grossa à corrupção crescente.
pelo vice, José Sarney. Em 1989, pela primeira vez, após 29 Sarney sabiamente escolheu uma posição de modés
anos, o país vai às urnas para eleger um presidente por voto tia que atraiu a simpatia popular. Manteve os ministros
direto. Fernando Collor de Mello ganha as eleições, assume a escolhidos por Tancredo e encampou suas ideias básicas de
Presidência em janeiro de 1990 e é afastado pelo Congresso formar um pacto nacional para a redemocratização do país,
em 1992 num processo de impeachment até então inédito. no período de governo civil que se iniciava e que ficou conhe‑
Em seu lugar assume o vice‑presidente Itamar Franco, em cido como Nova República. Em julho de 1985 o Congresso
29 de setembro de 1992, que governa interinamente até aprovou proposta do presidente no sentido de convocar
29 de dezembro e, a partir daí, em caráter definitivo, até as uma Assembleia Nacional Constituinte, a ser formada pelos
eleições de 1994. parlamentares que seriam eleitos em novembro de 1986.
O sistema partidário ampliou‑se e passou a abrigar várias
Governo de José Sarney (1985-1990): no final de 1983 legendas novas, até mesmo de partidos de esquerda, antes
iniciou‑se o movimento pelas eleições diretas para presi‑ na clandestinidade. Em novembro de 1985 foram realizadas
dente da república, conhecido como campanha das “Diretas eleições para as capitais dos estados e para os municípios
já”. No decorrer de 1984 a campanha mobilizou milhões de considerados áreas de segurança nacional. Embora vence‑
pessoas, em gigantescos comícios e passeatas em todo o dor em dezesseis das vinte e três capitais, entre elas Belo
Brasil. Mesmo assim, a emenda constitucional nesse sentido, Horizonte, o PMDB perdeu em centros importantes como
apresentada pelo deputado Dante de Oliveira, do PMDB de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Fortaleza.
Mato Grosso, não foi aprovada por falta de quórum. No dia O governo, assediado pelas crescentes taxas de inflação,
da votação, o governo decretou o estado de emergência substituiu o ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, pelo
no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás, inclusive empresário Dílson Funaro. Em fevereiro de 1986 foi lançado
Goiânia, e impediu a pressão dos manifestantes. Em junho o Programa de Estabilização Econômica, que ficou conhecido
de 1984, o senador José Sarney renunciou à presidência do como “Plano Cruzado”, em alusão à nova moeda criada,
PDS e formou a Frente Liberal, que apoiou a candidatura de o cruzado. Os preços foram congelados e os salários fixados
Tancredo Neves à presidência. Em agosto, a Frente Liberal pela média dos últimos seis meses. Foi extinta a correção
e o PMDB uniram‑se e Sarney foi escolhido como candidato monetária e criado o seguro‑desemprego. O governo rece
a vice‑presidente. Avolumaram‑se as adesões à Frente, que beu amplo apoio popular, sobretudo na fiscalização dos
depois se transformou em Partido da Frente Liberal (PFL). No preços. No entanto, a especulação, a cobrança de ágio e as
História
final do ano, o Colégio Eleitoral – composto pelos membros remarcações de preços acabaram por desgastar o plano,
do Congresso Nacional e por representantes das assembleias reformulado várias vezes.
legislativas estaduais – elegeu a chapa Tancredo Neves – José Empossada a Assembleia Nacional Constituinte, Sarney
Sarney contra Paulo Maluf. mobilizou‑se para assegurar o sistema presidencialista e
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garantir o mandato de cinco anos, que os constituintes produtivo. Com uma carreira política construída no estado
queriam reduzir para quatro. As manobras de bastidores, de Alagoas durante os anos da ditadura militar, Fernando
noticiadas pela imprensa, com trocas de favores por votos, Collor de Mello é o primeiro presidente eleito por voto direto
desgastaram a imagem presidencial, agravada pelo aumento desde 1960. Toma posse em 15 de março de 1990, para um
da inflação, que voltou aos patamares do início do governo. mandato de cinco anos. Anuncia a chegada da “modernida‑
Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada a nova constituição, de” econômica: livre mercado, fim dos subsídios, redução do
que trouxe um notável avanço no campo dos direitos so papel do Estado e um amplo programa de privatização. Já
ciais e trabalhistas: qualificou como crimes inafiançáveis a em sua posse, assina 20 medidas provisórias e três decretos
tortura e as ações armadas contra o estado democrático e relativos à economia e à extinção de órgãos governamen
a ordem constitucional; determinou a eleição direta do pre‑ tais de cultura e educação. Ato contínuo, decreta o Plano
sidente, governadores e prefeitos dos municípios com mais Collor de combate à inflação: extingue o cruzado novo e
de 200.000 habitantes em dois turnos, no caso de nenhum reintroduz o cruzeiro, confisca o saldo das cadernetas de
candidato obter maioria absoluta no primeiro; e ampliou os poupança, contas correntes e demais investimentos acima
poderes do Congresso. de 50 mil cruzeiros.
Logo no início tentou um choque contra a inflação com
Constituição de 1988: o Congresso eleito em 15 de mais um plano econômico milagroso, o Plano Collor, que
novembro de 1986 ganha poderes constituintes. Sob a redundou em um enorme fracasso, o que provocará uma per‑
presidência do deputado Ulysses Guimarães começa a ela‑ da progressiva de prestígio. No entanto, o seu governo não
borar a nova Constituição em 1º de fevereiro de 1987. É a irá até o final, pois serão descobertos, graças em boa parte
primeira Constituinte na história do país a aceitar emendas a uma imprensa livre, escândalos político‑administrativos,
populares – que devem ser apresentadas por pelo menos que serão investigados por uma comissão parlamentar de
três entidades associativas e assinadas por no mínimo 30 mil inquérito, além de uma grande mobilização popular em fa‑
eleitores. Promulgada em 5 de outubro de 1988, a Consti vor do impeachment contra Collor. O presidente é afastado
tuição tem 245 artigos e 70 disposições transitórias. Inclui um provisoriamente em 29 de setembro de 1992 e em caráter
dispositivo que prevê sua própria revisão ou ratificação pelo definitivo em 29 de dezembro do mesmo ano. Assume o
Congresso em outubro de 1993; transfere a decisão sobre a poder o seu vice, Itamar Franco.
forma de governo (república ou monarquia constitucional)
e sobre o sistema de governo (parlamentarista ou presiden Governo Itamar Franco (1992-1994): Itamar tornou‑se
cialista) para um plebiscito marcado para 7 de setembro de presidente num dos momentos mais graves da história
1993 e, depois, antecipado para 21 de abril de 1993. brasileira. Além da crise política que colocou à prova a esta‑
Principais características: eleições diretas: em dois tur‑ bilidade das instituições, o País enfrentava também grandes
nos; mandato presidencial: 4 anos; voto aos 16 anos; direito dificuldades na área econômica, com recessão, desemprego
de greve; estabilidade no emprego; trabalhos em turnos – 6 e crescente inflação. Logo que assumiu, ainda interino, Ita‑
horas; redistribuição dos impostos em favor dos estados e mar nomeou novo ministério (de caráter multipartidário,
municípios; intervenção mínima do estado na economia; para tentar garantir apoio do Congresso) e baixou medida
unificação do sistema de saúde; proibição da censura política provisória destinada a reverter a centralização administrativa
ou ideológica; preservação do meio ambiente; proteção dos estabelecida pelo governo Collor: superministérios como os
índios pelo Estado. A nova Carta fixa o mandato presiden da Economia, Fazenda e Planejamento e o da Infra‑Estrutura
cial em cinco anos e a independência entre os três poderes. foram desmembrados. O novo mandatário também tomou
Substitui o antigo decreto‑lei usado nos governos militares iniciativas destinadas a moralizar a administração pública,
pela medida provisória, que perde sua validade se não for tais como a criação do Centro Federal de Inteligência (CFI),
aprovada pelo Congresso no prazo de 30 dias. Restringe o destinado a combater a corrupção no governo; a Audito
poder das Forças Armadas à garantia dos poderes constitu ria‑Geral, com a função de fiscalizar o uso dos recursos
cionais. Estabelece eleições diretas com dois turnos para a públicos, e a Ouvidoria‑Geral, que receberia da população
Presidência, governos estaduais e prefeituras com mais de denúncias sobre irregularidades no governo.
200 mil eleitores. Mantém o voto facultativo aos analfabetos Em outubro e novembro de 1992 realizaram‑se em todo
e aos jovens a partir dos 16 anos. A Constituição também o País eleições municipais; os partidos de esquerda foram
fixa os direitos individuais e coletivos. os mais beneficiados. Em 21 de abril de 1993 os eleitores
No final de 1989, o governo Sarney atingiu um desgaste retornaram às urnas para decidir sobre o sistema e a forma
impressionante. A inflação chegou a cinquenta por cento de governo, como previra a constituição de 1988: venceu a
ao mês e foi trazida de volta a correção monetária. Nesse república presidencialista. O ano de 1993 foi marcado ain
clima de insatisfação e de temor de um processo hiperinfla da por denúncias de corrupção e banditismo na Comissão
cionário, foi realizada a primeira eleição presidencial direta de Orçamento do Congresso Nacional, envolvendo aproxi‑
em 29 anos. Apresentaram‑se vinte e um candidatos, entre madamente duas dezenas de parlamentares. O fato levou
eles Aureliano Chaves, Leonel Brizola, Paulo Maluf e Ulisses à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que
Guimarães. Mas o segundo turno foi decidido entre os pólos teve como presidente o senador Jarbas Passarinho e como
extremos: Luís Inácio Lula da Silva, do PT, e o jovem ex‑go‑ relator o deputado Roberto Magalhães.
vernador de Alagoas, Fernando Collor de Melo, do Partido Ansioso por mostrar resultados no combate à inflação,
de Reconstrução Nacional (PRN). Collor elegeu‑se com uma Itamar acabou batendo o recorde de, em menos de um
diferença superior a quatro milhões de votos. ano, nomear quatros ministros que se revezam no estraté‑
gico Ministério da Fazenda: Gustavo Krause, Paulo Roberto
Governo Collor (1990-1992): em janeiro de 1990, foi Haddad, Eliseu Resende e Fernando Henrique Cardoso.
empossado Fernando Collor de Mello, que havia derrotado Este último assume o cargo em 20 de maio de 1993, com
História
o candidato operário do Partido dos Trabalhadores (PT) em carta branca para conduzir a economia do País. Fernando
segundo turno das eleições, Luis Inácio Lula da Silva. Collor Henrique, sociólogo e senador, que antes ocupava a pasta
utilizou discurso agressivo de combate à corrupção e em das Relações Exteriores, começou por mudar a moeda de
favor da moralidade no setor público e modernidade no setor cruzeiro para cruzeiro real, com o corte de três zeros. Em
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seguida, o ministro e sua equipe elaboraram um plano de cionais. As reformas foram apresentadas como essenciais
combate gradativo à inflação que previa o emprego de uma à modernização do país e à estabilização e retomada do
unidade monetária provisória (a Unidade Real de Valor, URV) crescimento econômico.
em antecipação ao lançamento de uma moeda forte, o real. Entre as mudanças aprovadas destacam‑se a quebra
No final de abril de 1994, Cardoso deixou o Ministério da Fa‑ dos monopólios do petróleo e das telecomunicações e a
zenda para concorrer à presidência da república nas eleições alteração do conceito de empresa nacional, no sentido
de outubro. Durante o governo Itamar também crescem as de não discriminar o capital estrangeiro. Diversas outras
denúncias e investigações sobre casos de corrupção no País. reformas foram discutidas pelo Congresso Nacional, como
Plano Real: no campo econômico, o governo enfrentou a da Previdência Social e a do estatuto do funcionalismo
sérias dificuldades. A falta de resultados na política de com‑ público, derivando alterações não tão reestruturantes. O go‑
bate à inflação agravou o desequilíbrio do governo e abalou verno culpa os deputados, os quais se negaram a retirar os
o prestígio do próprio Presidente da República. Os ministros privilégios de apadrinhados, pela reforma constitucional não
da Economia sucederam‑se, até que o chanceler Fernando ter possibilitado uma completa reestruturação do Estado.
Henrique Cardoso é nomeado para o cargo. O governo propõe ainda, para os próximos anos, reformas
No final de 1993, ele anunciou seu plano de estabiliza tributária, financeira e política. No entanto, os conflitos de
ção econômica, o Plano Real, a ser implantado ao longo interesses entre os deputados impedem que as reformas
de 1994. Propostas: atingir a estabilidade econômica sem prossigam com celeridade.
congelamento de preços e salários, mas com declarada Plano Real: o Presidente também dá continuidade ao
intenção de intervenção do governo em caso de aumentos Plano Real. Ao longo dos meses, promoveu alguns ajustes na
abusivos. Manutenção dos juros em patamar mais elevado economia, como o aumento da taxa de juros para desaque
com redução gradativa e amena para desestimular os investi‑ cer a demanda interna, e a desvalorização do câmbio para
mentos em excesso, a fim de não se aumentar o consumismo estimular as exportações e equilibrar a balança comercial.
causador de inflação e provocador da falta de mercadorias. Com o plano, o governo controlou a inflação em níveis
No final de seu mandato, Itamar Franco apoia a candi‑ bastante baixos. Mas surgiram sinais de recessão econômica
datura do Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, já no segundo semestre, como a inadimplência, queda no
à Presidência da República. Campanha sucessória: vence consumo e demissões em massa. A redução da atividade
FHC – ex‑ministro da economia de Itamar. econômica provocou desemprego nos setores industrial
e agrícola. O atraso na implementação da reforma agrária
Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 – 1º agravou os conflitos no campo.
mandato): Senador, ex‑chanceler e ex‑ministro da Fazenda Social: a saúde pública permanece em estado lamen‑
do governo Itamar Franco, FHC apresentou‑se à disputa tável. A falta de atenção aos hospitais públicos indigna a
eleitoral como o idealizador do Plano Real. Seu programa população carente, cuja parca renda não permite a utilização
de campanha foi centrado na estabilização da moeda e na dos hospitais privados. No entanto, há de destacar a tenta‑
reforma da Constituição. Concorreu com o apoio do governo tiva de regulamentação dos planos de saúde privados, pro‑
e da aliança formada entre o Partido da Social Democracia curando evitar distorções e abusos contra os consumidores.
Brasileira (PSDB), de centro, e o Partido da Frente Liberal Constitui, também, ponto positivo a implantação dos
(PFL), de direita. Ganhou a presidência no primeiro turno remédios genéricos, visando a acabar com a oligopolização
das eleições, derrotando inúmeros candidatos. do mercado pelas grandes empresas e barateando o preço
O governo foi empossado em 1º de janeiro de 1995, dos medicamentos. Na área da educação, foi inegável a
tendo como data para o término 31 de dezembro de 1998. ampliação no número de crianças escolarizadas no país.
No entanto, sua reeleição ao final de 1998, também no 1º O problema da qualidade no ensino, todavia, mostra‑se
turno, permitiu‑o permanecer no cargo até o término de dia a dia mais preocupante. As universidades públicas vêm
2001. Ambas as eleições tiveram como principal concorrente passando por dificuldades.
o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Inácio O governo de FHC seguiu o chamado projeto neoliberal.
Lula da Silva, de esquerda. O neoliberalismo é, em linhas gerais, uma atualização do
Lançado o real em 1º de julho e com a estabilidade eco‑ liberalismo econômico – cuja ênfase é a não intervenção do
nômica que se seguiu, a popularidade de Fernando Henrique Estado na economia, que deve ser baseada no livre jogo das
Cardoso cresce enormemente, o que lhe permitiu derrotar forças do mercado. Uma das críticas às medidas neoliberais é
Luís Inácio Lula da Silva logo no primeiro turno da eleição, que, apesar de estabilizarem a economia, não resolvem os
com 54,30% dos votos contra 27,97%. No Congresso, a coali graves problemas sociais do país; pelo contrário, contribuem
zão de Cardoso assegurou 36% das cadeiras da Câmara e 41% para aumentar o desemprego e os males dele resultantes.
das do Senado. Enquanto isso, o governo tomava uma série Isso coloca em risco a própria estabilidade.
de medidas para proteger a nova moeda, como a restrição Principais medidas para se controlar a inflação e mo‑
ao crédito (para coibir excesso de consumo) e liberalização dernizar o Estado conduzidas pelo governo de Fernando
das importações (para evitar desabastecimento e estimular Henrique Cardoso:
a concorrência). • Ajuste fiscal – limitação dos gastos do Estado de
Fernando Henrique Cardoso tomou posse como pre‑ acordo com a arrecadação, eliminação do déficit
sidente em 1º de janeiro de 1995, com um programa de público.
reformas que incluía o fim do monopólio estatal nas áreas de • Redução do tamanho do Estado – limitação da
petróleo, transporte, energia e telecomunicações; reforma intervenção do Estado na economia e redefinição do
da previdência social; privatização de empresas estatais; a seu papel, com enxugamento da máquina pública.
reforma fiscal; e a reforma da administração pública. • Privatização – venda das empresas estatais que não
Reforma Constituc ion al: em seu prim eir o ano de se relacionam a atividades específicas do Estado
História
administração, FHC dedicou‑se tanto à economia quanto (regulamentar as normas sociais e econômicas e
à política. No campo político, esforçou‑se para ampliar implementar políticas sociais).
sua base parlamentar no Congresso Nacional e conseguir • Abertura comercial – redução das alíquotas de
a aprovaç ão de suas propostas de emendas constitu importação e estímulo ao intercâmbio comercial,
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de forma a ampliar as exportações e impulsionar o preço do frete. Com a popularidade em queda, o presidente
processo de globalização da economia. promove uma reforma ministerial que resulta na troca de
• Abertura financeira – fim das restrições à entrada seis ministros e anuncia um plano para aumentar as exporta
de capital externo e permissão para que instituições ções, de 52 bilhões de dólares para 100 bilhões até 2002,
financeiras internacionais possam atuar em igual e a produção de grãos – de 80 milhões de toneladas para
dade de condições com as do país. 100 milhões até 2002.
• Desregulamentação – redução das regras do governo Os ruralistas, por sua vez, exigem que o governo renego
para o funcionamento da economia. cie as dívidas contraídas pelos agricultores para corrigir
• Reestruturação do sistema previdenciário. o descompasso entre os preços dos produtos agrícolas,
• Investimento de infra‑estrutura básica. praticamente inalterados nos últimos anos, e os valores dos
• Fiscalização dos gastos públicos e fim das obras fa financiamentos, reajustados pelas elevadas taxas de juros.
raônicas. O governo cede e revê débitos de 25 bilhões de reais.
Em 1999, o presidente obtém os mais baixos índices
O Segundo Governo Fernando Henrique (1999-2002 – de popularidade desde 1995, quando assumiu seu primeiro
2º mandato): turbulências na área econômica marcam o iní mandato. Em agosto, os partidos de oposição organizam a
cio do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Marcha dos 100 Mil, protesto contra o governo que reúne
Cardoso, que começa em 1º de janeiro de 1999. Logo após a 60 mil pessoas em Brasília pelos cálculos da Polícia Militar.
posse, enquanto o Brasil renegocia o acordo fechado no final Em setembro, 67% dos brasileiros afirmam não confiar no
do ano anterior com o Fundo Monetário Internacional (FMI), presidente, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de
o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB‑MG), Opinião Pública e Estatística (Ibope).
declara moratória por 90 dias. Os compromissos do estado O governo reage em outubro anunciando o Plano Plu
têm de ser honrados pela União, e o episódio abala a credibi‑ rianual (PPA), que prevê investimentos de 1,1 trilhão de reais.
lidade do Brasil no mercado internacional. Simultaneamente, O programa, batizado de Avança Brasil, é delegado a admi‑
fortes ataques especulativos ao Real reduzem em cerca nistradores que traçarão metas para o desenvolvimento de
de 40 bilhões de dólares as reservas financeiras do país e áreas como educação, saúde, esportes e cultura e responde
obrigam o governo a abandonar a política de sobrevaloriza rão pelos resultados. Entre as metas governamentais para
ção cambial. O presidente do Banco Central (BC), Gustavo o ano 2000 estão o crescimento de 4% do Produto Interno
Franco, é substituído pelo diretor de política monetária da Bruto (PIB), inflação em torno de 4% e geração de 8,5 milhões
instituição, Francisco Lopes. de empregos. O plano de reformas sofre um duro golpe em
Ainda assim, o acordo com o FMI é fechado e o Brasil outubro com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de
obtém empréstimo de 41,5 bilhões de dólares com o com‑ considerar inconstitucional a cobrança de aposentadoria de
promisso de reduzir gastos públicos, aumentar a arrecadação servidores ativos e inativos. Com a decisão, o governo deixa
por meio de impostos e fazer crescer as exportações. A taxa de arrecadar cerca de 2,4 bilhões de reais e, para compensar
de juros é elevada e a Câmara dos Deputados autoriza o o rombo no orçamento, anuncia cortes de investimentos e
aumento da alíquota da Contribuição Provisória sobre estuda o aumento de impostos.
Movimentação Financeira (CPMF) de 0,20% para 0,38%.
A mudança do sistema cambial, porém, não consegue Governo Luís Inácio Lula da Silva (2003 – aos dias
trazer segurança ao mercado: o dólar, cuja cotação era atuais): a gestão é caracterizada por um governo de conti
mantida em 1,21 real pelo Banco Central, passa para mais nuidade da estabilidade econômica da administração de
de 2 reais em poucos dias. O presidente Fernando Henrique Fernando Henrique, e uma balança comercial crescente
Cardoso decide mudar novamente o comando do órgão. mente superavitária. Em seu governo, a dívida interna
Menos de três semanas depois de empossado, Francisco passou de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e
Lopes é substituído em março por outro ex‑diretor do Banco cem bilhões de reais em dezembro de 2006, apesar de não
Central, o economista Armínio Fraga. ter apresentado aumento na variação do Produto Interno
A crise tem desdobramentos. Em abril, denúncias de Bruto brasileiro com relação à década de 1990. Concomitan‑
que o Banco Central teria favorecido os bancos Marka e temente, a dívida externa teve uma queda de 168 bilhões
FonteCindam na época da liberação do câmbio levam à de reais, fruto principalmente da valorização do Real frente
abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do ao dólar e das volumosas compras de dólares realizadas
sistema bancário. pelo Banco Central, utilizadas em parte para recomprar a
O desgaste na área econômica repercute em outros dívida (a exemplo do que foi feito com o C‑Bond). Também
setores do governo. Em março, o processo de privatiza é marcada por manter o corte de investimentos públicos,
ções é posto em dúvida quando o fornecimento de energia a exemplo da gestão anterior.
elétrica de dez estados do Centro‑Sul sofre interrupção em Outra característica marcante é na área de Relações
virtude da queda do sistema, atingindo cerca de 60 milhões Exteriores, com atuação intensa na OMC e formação de gru‑
de consumidores. A divulgação de gravações clandestinas pos de trabalho formados por países em desenvolvimento.
de conversas entre André Lara Resende, José Pio Borges – Essa forte atuação, no entanto, não resultou em grandes
ambos ex‑presidentes do Banco Nacional de Desenvolvi‑ resultados práticos, uma vez que as negociações da Rodada
mento Econômico e Social (BNDES) –, Luís Carlos Mendonça de Doha continuam estagnadas.
de Barros, ex‑ministro das Comunicações, e o presidente Na área de políticas fiscal e monetária, o governo de
Fernando Henrique Cardoso sobre formas de atrair grupos Lula caracterizou‑se por realizar uma política econômica
estrangeiros para os leilões das telefônicas abre outra crise conservadora. O Banco Central goza de autonomia prática,
política. O Tribunal de Contas da União (TCU), entretanto, embora não garantida por lei, para buscar ativamente a meta
aprova em novembro o arquivamento do processo que de inflação determinada pelo governo, apesar de a meta ter
História
apurava eventuais irregularidades na operação. parado de cair para os próximos anos, como seria recomen‑
Nas estradas, os caminhoneiros realizam uma greve dado pelo instrumental da política de metas para a inflação.
nacional em julho que paralisa o tráfego em quase todo o A política fiscal garante a obtenção de superávits primários
país. Eles pedem revisão das tarifas de pedágio e reajuste do ainda maiores que os observados no governo anterior (4,5%
29
do PIB contra 4,25% no fim do governo FHC). No entanto, dois meses das eleições do primeiro turno, não diminuiu os
críticos apontam que esse superávit é alcançado através do índices de popularidade do presidente. Geraldo Alckmin,
corte de investimentos, ao mesmo tempo em que aumento candidato do PSDB e seu adversário no segundo turno, não
de gastos em instrumentos de transferência de renda como conseguiu ampliar sua margem de votos. Lula venceu a
o Bolsa Família, salário‑mínimo e o aumento no déficit da eleição com mais de 60% dos votos válidos.
Previdência exigem uma carga tributária crescente. Para seu segundo mandato, Lula tem como apoio uma
Em seu primeiro ano de governo, Lula empenhou‑se coalizão de nove partidos (PT, PMDB, PRB, PCdoB, PSB, PP,
em realizar uma reforma da previdência, por via de uma PR – resultado da fusão dos antigos PL e o Prona -, PV e
emenda constitucional, caracterizada pela imposição de PDT – este ainda tem de ter o apoio ratificado pelo Diretório
uma contribuição sobre os rendimentos de aposentados do Nacional), além de contar, ainda, com o PTB na sua base de
setor público e maior regulação do sistema previdenciário sustentação no Congresso Nacional. Lula havia lançado, no
nacional. Além disso, houve a necessidade de se combater dia da eleição, a meta de crescimento do PIB a 5% ao ano
os índices inflacionários que alcançavam a margem de 20% para seu segundo mandato. Não obstante, está previsto
a.a. no início de sua gestão. para janeiro o lançamento um “pacote” de medidas para
A questão econômica tornou‑se consequentemente acelerar o crescimento econômico, bem como mudanças
a pauta maior do governo. A minimalização dos riscos e o no ministério, que devem se dar até fevereiro.
controle das metas de inflação de longo prazo impuseram
ao Brasil uma limitação forte no crescimento econômico, Polêmicas sobre a reeleição
chegando a níveis de recessão semestral (com uma taxa de Apesar de numerosas especulações sobre sua candida‑
crescimento média anual do PIB de 2,5% ao ano). tura, fundamentadas em declarações como a do ex‑ministro
Ressalvam os críticos, no entanto, que os baixos índi‑ José Dirceu, que afirmou: “nosso projeto é para trinta anos”,
ces inflacionários foram conseguidos a partir de políticas Lula manteve publicamente a condição de indeciso em rela
monetárias restritivas, que levaram a um crescimento ção à candidatura até o último momento. Alguns analistas
dependente, por exemplo, de exportações de commodities políticos avaliaram isso como estratégia para que Lula não
agrícolas (especialmente a soja), que não só encontraram recebesse ataques antecipadamente, já que os escândalos de
seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como seu governo e características polêmicas de sua personalidade
também tem contribuído para o crescimento do latifúndio. poderiam, segundo eles, servir de munição para a oposição.
As relações políticas do governo Lula foram conturba‑ Seu governo foi muito criticado, quando notícias saíram
das. Eleito presidente com uma bancada minoritária, forma‑ com estatísticas a respeito do aumento de seus gastos com
da pelo PT, PSB, PCdoB e PL, Lula partiu para a cooptação publicidade durante o primeiro semestre de 2006, tendo
de partidos mais à direita do espectro político brasileiro. sido gasto até 19 de julho 67,8% do que é permitido pela
Conseguiu apoio do PP, PTB e parcela do PMDB, às custas legislação. Não foram poupadas, também, críticas às suas
de dividir com esses o poder. Após dois anos de governo viagens para inaugurações de obras.
mantendo maioria no congresso, o que facilitava a aprovação Em 17 de agosto de 2006, o Tribunal Superior Eleitoral
de projetos de interesse do executivo, uma disputa interna condenou o candidato Lula ao pagamento de uma multa de
de poder entre os partidos aliados (PT, PSB, PCdoB, PL, PP, 900 mil reais por prática de propaganda eleitoral antecipada.
PTB) resultou no escândalo do mensalão. Reconhecendo a ocorrência de propaganda eleitoral em
Após denúncias do então deputado do PTB Roberto dezembro de 2005, e portanto extemporânea, no tablóide
Jefferson, envolvido em esquema de propina na Empresa entitulado “Brasil, um país de todos”, uma publicação de res‑
Brasileira de Correios e Telégrafos – Correios, houve enorme ponsabilidade da Casa Civil, do ministério do Planejamento
desarranjo político entre o poder executivo e sua base, au e da secretaria‑geral da Presidência da República.
mentado o grau de ataque dos partidos de oposição. Essa Distinção entre candidato e presidente: assim que
crise desdobrou‑se em outras, que geraram certa paralisia Lula oficializou a sua candidatura, na convenção nacional
no governo federal, inclusive com a queda de ministros e do partido, dia 24 de junho (perto da data limite estabele‑
a cassação de deputados. Nesse período, compreendido cida por Lei), constantes críticas sobre a dificuldade de se
entre abril e dezembro de 2005, o índice de aprovação do distinguir o presidente do candidato à reeleição passaram
governo Lula atingiu o seu mais baixo percentual desde o a fazer parte da campanha eleitoral. O TSE advertiu que
começo do mandato. Em janeiro de 2006, com o desgaste não aceitaria propaganda governamental institucional a
do Poder Legislativo em meio a absolvições de congressistas partir da data da oficialização da candidatura. O governo
julgados por seus pares por envolvimento em episódios de tentou ainda encontrar uma brecha jurídica, alegando casos
improbidade, Lula consegue reagir, se desvia dos escândalos de necessidade pública para a continuação de campanhas
e volta a ter altos índices de popularidade. televisivas sobre programas sociais do governo, tais como
Casos como o de seu filho, Luis Fábio, o Lulinha, que o Fome Zero, Bolsa Família e outros nas áreas de educação
teria supostamente enriquecido após fechar contrato de e saúde. Esse empenho não surtiu efeito e a proibição foi
quinze milhões de reais com a empresa de telecomunica mantida, abrindo‑se exceção apenas para o caso de empre‑
ções Telemar, da qual o governo é acionista. Em maio de sas estatais que concorrem no mercado, sob a condição de
2004, o governo quase gerou uma crise diplomática devido não apresentarem logotipo ou menções ao candidato.
ao pedido de expulsão do jornalista Larry Rotter do país, A elaboração de uma cartilha com o logotipo do pro‑
por conta de matéria do correspondente para o jornal The grama Fome Zero na capa, que seria distribuída nas escolas
New York Times, na qual foram divulgados boatos sobre a públicas do país, recebeu críticas de mesmo teor e foi reco‑
propensão de Lula a beber. lhida pelo TSE, que além de confiscar quarenta milhões de
Também houve a demissão dos ministros José Dirceu, cartilhas, aplicou uma multa de cem mil reais e ameaçou
Benedita da Silva, Luiz Gushiken, por suspeitas de envolvi‑ impugnar a candidatura do PT. Críticas maiores foram fei
História
mento em casos de corrupção ou prevaricação. tas principalmente por oposicionistas, que alegaram uso de
O caso da venda de um dossiê para petistas em São dinheiro público com fins eleitorais. Em um de seus discur‑
Paulo, contendo informações sobre supostas irregularidades sos de campanha, Lula afirmou que não sabia quando era
na gestão de José Serra no Ministério da Saúde, a menos de candidato e quando era presidente.
30
Essa confusão de funções tem gerado na imprensa e O ponto positivo foi a redução da pobreza e da miséria,
em setores da sociedade indagações sobre a necessidade não que a mesma tenha acabado, longe disto, mas os pro‑
de se revisar o instrumento da reeleição. Indagações seme‑ gramas sociais implantados pelo governo Lula amorteceram
lhantes ocorreram quando Fernando Henrique Cardoso era o choque entre riqueza e miséria no Brasil.
candidato e presidente em exercício concomitantemente. E, no final de 2006, a população fez uma análise positiva
No dia em que realizou o primeiro ato oficial de sua re‑ de todo o período do governo Lula, pois o elegeu novamente
eleição, Lula concedeu entrevista, e, fugindo do estigma de por mais um período de quatro anos, que se iniciou em 2007,
um segundo governo mais frouxo fiscalmente para atender sem tanta pompa como no primeiro, e com uma população
demandas de seus discursos, em julho de 2006, declarou bem menos empolgada, mas confiante de que dias melhores
que nunca foi um “esquerdista”, admitindo que em um poderiam vir com a continuação do governo Lula.
eventual segundo mandato, prosseguiria com as políticas O lado negativo dos oito anos de Lula no poder foram
consideradas conservadoras adotadas no seu atual governo. os vários escândalos políticos. O “mensalão”, de 2005. O es‑
quema envolvia o pagamento de propinas a parlamentares
Segunda Posse em troca de apoio ao governo em votações no Congresso.
As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José
A imprensa mundial fez menção a reeleição do caris Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT. No final de 2012,
mático e agora “não esquerdista” Lula. Até mesmo os ban mais de três dezenas de envolvidos no caso foram condena‑
queiros de Wall Street elogiaram sua vitória, pois o antes dos pelo STF, por diversos crimes.
temido representante maior da estrela vermelha petista No segundo mandato, Lula refez sua base política e
não mais apresentaria caráter reformista. O jornal britânico “construiu” a candidatura de Dilma Rousseff para sucedê‑lo
“Financial Times” deu esse enfoque na matéria que publicou no cargo.
sobre a reeleição com o título “Wall Street também ama Uma análise rápida dos oito anos do governo do presi‑
Lula”. O “Financial Times” se baseou nas declarações aos dente Luiz Inácio Lula da Silva constata‑se duas principais
clientes do Banco J. P. Morgan onde disse: características: crescimento econômico com redução da
pobreza e escândalos políticos que abalaram o PT.
... as expectativas sobre a agenda de reformas es Durante o governo de Lula, um grande mérito econômico
tão baixas, o que significa que, mesmo que sejam foi a manutenção do Plano Real, que permitiu a estabilidade
pequenas, poderiam gerar um impacto positivo econômica. O PIB (Produto Interno Bruto) teve um cresci‑
nos mercados. O tamanho da liderança do presi‑ mento médio anual de 4,0% nos dois mandatos. Programas
dente Lula está diretamente relacionado com a sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o au‑
veemência com que ele e seus ministros atacaram mento de empregos formais e do salário mínimo acima da
as reformas liberais promovidas pelo governo ante inflação melhoraram a vida das classes assalariadas.
rior, do PSDB. Encorajados pela responsabilidade O pior aspecto do governo petista foram os sucessivos
social, alguns ministros, começaram a considerar a escândalos políticos. O “mensalão”, em 2005, foi um divisor
de águas. O esquema envolvia o pagamento de propinas a
‘flexibilização’ da lei de responsabilidade fiscal – um
parlamentares em troca de apoio ao governo em votações
dos mais importantes pilares da política macroe
no Congresso. As denúncias derrubaram o principal ministro
conômica erigidos pelo PSDB. A noção de que, em
de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT.
um segundo mandato, Lula possa dar andamento
Foram mais de quatro meses de julgamento em 2012
a qualquer agenda reformista está começando a
para o Supremo Tribunal Federal (STF) concluir o julgamento
soar como fantasia.
do mensalão Foi o julgamento mais longo da história do STF:
em 120 anos.
Wall Street ama Lula, segundo o jornal britânico, porque O Supremo Tribunal Federal concluiu que o mensalão
a propaganda de esquerda reformista que promoveu quan foi um esquema ilegal de financiamento político organizado
do era “esquerdista” hoje soa como uma fantasia, visto seu pelo PT para corromper parlamentares e garantir apoio ao
governo se constrói sobre os pilares que o PSDB estabeleceu. governo Lula no Congresso em 2003 e 2004.
31
permitindo que os políticos sacassem o dinheiro sem se A classe política foi extremante criticada. Muitas medidas
identificar, e transferindo parte dos recursos para o exterior. foram tomadas, em nível do Governo Federal, Estadual e
Dos 38 réus, 25 foram condenados por pelo menos um Municipal, com participação conjunta do Legislativo.
crime, 12 foram absolvidos de todas as acusações e um teve Logo, este aumento é refletido internamente – o que
o caso desvinculado do processo. Ao todo, as penas atingem elevou bastante os preços. Com a entrada da safra da cana‑
282 anos de prisão e o pagamento de multa de, pelo menos, -de-açúcar e a intervenção do governo sobre os preços da
R$ 22,7 milhões. Os condenados ainda poderão recorrer das Petrobras o preço abaixa, mais uma razão para a queda da
decisões ao próprio Supremo. inflação para o segundo semestre de 2011. As classes sociais
Lula termina o mandato com mais de 80% de aprovação estão se deslocando cada vez mais para cima e se continuar
popular e com a eleição de Dilma Rousseff sua sucessora e esta tendência em breve a classe “E” não terá mais repre‑
fiel seguidora. Com o total apoio de Lula, a economista Dilma sentantes (grau de otimismo do brasileiro elevou-se enor‑
Rousseff (PT) se tornou a primeira mulher eleita presidenta memente – segundo pesquisa – o país mais feliz do mundo)
ao longo da história do Brasil, com 56% dos votos válidos no
segundo turno, no dia 31 de outubro de 2010, contra 44% do Segundo Mandato (2015-2019)
ex‑governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Dilma Rousseff iniciou o seu mandato com o Brasil, qua‑ Depois de um grande susto, pois a candidatura Dilma,
se todo, pensando que ela seria apenas uma marionete do nos meses finais da eleição, se viu ameaçada pelo candidato
ex‑presidente Lula, ou no mínimo uma dependente política Aécio Neves do PSDB, a candidata à reeleição consegue em
do mesmo, ou seja, a análise de que o peso de Lula cons‑ segundo turno da eleição presidencial de 2014 a recondução
trangeria o seu governo. Aos poucos, porém, Dilma Rousseff ao segundo mandato com término previsto para 2019.
foi imprimindo o seu estilo de governar e encerrou os seus O segundo mandado ainda nem tinha se iniciado e a
dois primeiros anos de mandato com índices de aprovação popularidade de Dilma Rousseff derretia como manteiga em
superiores aos obtidos por FHC e de Lula. uma panela quente.
Apesar de a crise econômica mundial ter provocado Os escândalos que começaram a vir à tona ainda no final
uma redução da taxa de crescimento na economia brasi‑ do primeiro mandato na investigação do caso chamado pela
leira nestes dois anos, e ter elevado os índices de inflação, Polícia Federal de Lava Jato, que envolvem grandes executi‑
Dilma Rousseff inicia o ano de 2013 com o proposito de vos da maior estatal do Brasil, no caso a Petrobras, e diversos
promover o crescimento da economia brasileira e a redução políticos, em sua maioria da base aliada do Governo Dilma,
da pobreza. Assim ela prognosticou nos seus discursos em mas também com acusações pesando sobre políticos ligados
Janeiro de 2013. a partido da oposição.
A crescente inflação e derretimento das contas públicas
Governo Dilma Rousseff fazem o governo tomar várias ações de cunho impopular,
o que irá agravar ainda mais os índices de aceitação da
Primeiro Mandato (2011-2015) presidenta Dilma.
As políticas de desonerações do primeiro mandato di‑
Após uma eleição bastante polarizada com José Serra, minuíram as receitas governamentais, fato que irá levar, no
candidato derrotado pelo PSDB, no segundo turno, inicia-se segundo governo, a um difícil e tumultuado ajuste fiscal. O
o que para muitos analistas seria o terceiro mandato de Lula que chama a atenção, de forma positiva, foi a manutenção,
e do PT. A esperança é que as taxas de crescimento da econo‑ tanto no primeiro quanto no início do segundo mandato, é a
mia se elevem e as conquistas sociais sejam ampliadas. Dilma estabilidade do nível de desemprego.
representa uma mudança na história brasileira, marcada pela Ela desonerou mais de 50 setores para fazer a roda
presença masculina, pela primeira vez uma mulher chegava da economia girar e chama a atenção para o fato de ter
ao posto mais elevado da República Federativa do Brasil, ela deixado o nível de desemprego estável, em cerca de 7% da
fez parte do Governo Lula, ocupa pastas ministeriais impor‑ população ativa. De acordo com o governo, até o fim do ano,
tantes com o de Minas e energia e a poderosa Casa Civil. o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) atingirá a
A esperança de que os índices de crescimento da eco‑ marca de 96,5% de execução do orçamento previsto para o
nomia da era Lula continuassem e mesmo viessem a serem período 2011-2014.
superados, logo se viu malograda. A crise internacional Nesse período, também importantes programas foram
afetou enormemente as exportações, início do seu governo lançados ou turbinados, como o Brasil Carinhoso; o Água para
o real valorizado prejudicava as exportações. O consumo Todos; o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
estava bastante elevado, o que gerou elevação da inflação, Familiar (Pronaf); o Bolsa Família; o Minha Casa, Minha Vida;
e com grande endividamento da população, principalmente o Mais Médicos; e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino
a de classe média, o que irá provocar nos anos seguintes Técnico e Emprego (Pronatec).
uma insatisfação crescente da mesma. Grandes obras são
realizadas para atender aos compromissos assumidos na era Congresso
Lula como a Copa do Mundo em 2014. A relação delicada do Planalto com os outros Poderes
É sempre bom lembrar que problemas econômicos também marcou o governo Dilma. No caso do Congresso,
iram refletir politicamente em algum momento, e foi o que a presidente precisou algumas vezes conter resistências na
aconteceu com as grandes mobilizações populares de junho base, em partidos como o PR e o próprio PMDB, partido do
e julho de 2013, movimento iniciado com a insatisfação estu‑ vice-presidente, Michel Temer. Em alguns momentos, como
dantil com relação aos reajustes das passagens dos ônibus, na aprovação da MP dos Portos na Câmara (MP 595/2012),
mas logo assumira uma pauta extensa de reivindicações, em foi preciso um grande esforço para pacificar a base e, ao mes‑
sua grande maioria relativas a atuação do Estado, criticando mo tempo, vencer a obstrução dos partidos oposicionistas.
História
principalmente a sua lentidão e ineficiência na gerência do A matéria foi aprovada e ainda sofreu 13 vetos de Dilma.
bem público. As críticas não pouparam nenhum dos três po‑ As reclamações de que Dilma não considerava parlamen‑
deres, Legislativo, Executivo e Judiciário foram extremamente tares aliados, no início do mandato, eram tão frequentes que
criticados, tanto em nível Federal, Estadual como Municipal. o então ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, caiu
32
ainda no primeiro semestre. Quem assumiu a cadeira foi plano tirarão da pobreza extrema cerca de 16,2 milhões de
Ideli Salvatti, que se manteve no cargo até abril passado e brasileiros. Entre outras medidas, o plano prevê ampliação
filtrou grande parte das demandas do Congresso. Atualmente do cadastro do Bolsa Família, construção de milhares de
quem comanda as relações de Executivo e Legislativo é um cisternas e capacitação técnica da população com menos
dos caciques do PT, Ricardo Berzoini. acesso à educação.
Tanto a base quanto a oposição por diversas vezes recla‑ Moradia: no mesmo ano é lançada a segunda edição do
maram do número de medidas provisórias editadas pelo go‑ Minha Casa, Minha Vida – e Dilma promete dois milhões de
verno e acusaram Dilma de estar governando “por decreto”. casas até 2014. De acordo com a Caixa Econômica Federal,
Em 2011, foram 36. No ano seguinte o Planalto editou 45. Em foram entregues 1.939.252 residências à população de baixa
2013, foram 35, e em 2014, 26 MPs. Do total, apenas uma renda até dezembro de 2014.
foi revogada – mesmo assim, porque seu objeto está na Lei Palocci: já nos primeiros meses de governo, o mais impor‑
nº 12.409/2011. Ao longo desses quatro anos, 31 MPs não tante nome do ministério de Dilma é atingido. Em meados do
chegaram a ser votadas, perdendo a validade. Dez MPs de ano, descobre-se que o ministro da Casa Civil e ex-ministro
2014 ainda estão tramitando no Congresso. da Fazenda de Lula, Antonio Palocci, teria multiplicado seu
A relação entre Dilma e o Congresso foi instável, mas patrimônio 20 vezes nos quatro anos anteriores. O ministro
ela prevaleceu em momentos cruciais. Recentemente, de‑ é substituído pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
monstrou sua força ao passar o projeto que desobrigou o Transportes: o próximo a deixar o governo é Alfredo
governo de cumprir qualquer meta de superávit neste ano Nascimento (PR-AM), dos Transportes, em julho. Ele voltou
(PLN 36/2014). Em agosto, ela deu seu segundo veto total ao Senado. A saída se deu por denúncias de que construtoras
a projeto que alterava a lei de criação e incorporação de e consultorias de projetos de obras em rodovias e ferrovias
municípios, alegando aumento de despesas com as novas teriam pagado propina para a cúpula do PR, que controlava
cidades – e ele não foi derrubado, embora tenha desagra‑ a pasta. No Senado, a oposição bateu duro na condução do
dado parte da base. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
Mesmo com o apoio da maioria de senadores e depu‑ (Dnit). Naquele momento, o Tribunal de Contas da União
tados no primeiro mandato, Dilma nunca teve as portas do (TCU) estimava a existência de 721 processos com suspeitas
seu gabinete tão abertas para a base como esperavam seus de dano ao erário e prática de ato de gestão ilegal. Além dis‑
aliados no Congresso. so, são apontados indícios de irregularidades em 23 obras,
Um levantamento feito pelo jornal O Globo em novem‑ 15 tocadas pelo Dnit e 8 pela empresa pública Valec. É sem
bro mostrou que, entre janeiro de 2011, quando assumiu, dúvida o maior problema de Dilma em 2011, porque gera
e outubro de 2014, ela recebeu com exclusividade apenas desgaste na base do governo no Congresso e, inclusive, um
2 deputados federais e 13 senadores. Nessa conta estão forte movimento pela instalação de uma CPI.
excluídas as reuniões em que parlamentares entram como Agricultura: o Ministério da Agricultura sofre com a
acompanhantes da equipe de ministros, por exemplo. denúncia de forte ação de lobistas e de que o então diretor
No Senado, Dilma continuará operando com grande da Conab, Oscar Jucá Neto, teria feito pagamento ilegal de
maioria. É preciso esperar um pouco mais para saber o real R$ 8 milhões a uma empresa. O ministro, Wagner Rossi, é
tamanho de sua base de apoio. Mas provavelmente serão 57 suspeito de receber propina e usar dinheiro público para
aliados contra 24 opositores a partir de fevereiro – número sanar dívidas privadas. Cai ainda em agosto.
suficiente para aprovar emendas constitucionais. O PMDB Turismo: simultaneamente, irregularidades no Ministério
continuará o maior, com 18 senadores, seguido do PT, com do Turismo levam à prisão 38 pessoas na Operação Voucher,
12. Os dois maiores partidos da oposição são PSDB, com após a descoberta de desvio de cerca de R$ 4,5 milhões des‑
10, e DEM, com 5. A maior perda para Dilma em relação à tinados ao treinamento de profissionais da área de turismo
base do governo em 2010 é o PSB – que agora se declara no Amapá. O então ministro, Pedro Novais, tenta se defender
independente no cenário nacional, mas tende à oposição no Senado, mas deixa o cargo em setembro.
em várias matérias. Serão seis os senadores desse partido Esportes: em outubro, o PCdoB, que controlava o minis‑
na próxima legislatura. tério dos Esportes, sofre denúncias de João Dias Ferreira,
No início de 2014, Dilma expressou o desejo de reno‑ ex-militante do partido e coordenador de duas organizações
var a “parceria” com o Legislativo em prol do bem-estar não governamentais que mantiveram contratos com o minis‑
da população. “Conclamo novamente os parlamentares a tério. Ele acusa o ministro Orlando Silva de envolvimento com
reafirmar uma forte parceria em favor do Brasil e em favor um esquema de corrupção por meio do Programa Segundo
da democracia; da superação definitiva da miséria; e do Tempo. Em audiência no Senado, o ministro nega ter recebido
desenvolvimento sustentável”, escreveu, na sua mensagem recursos desviados de convênios e afirma que seu partido
anual ao Congresso. não opera “caixa dois” com dinheiro público. Mesmo assim,
não chega a novembro na pasta.
Principais Momentos do Governo Dilma 2011-2014: Trabalho: ainda em novembro, é a vez de Carlos Lupi,
ministro do Trabalho. Ele é acusado de ter viajado no avião
2011 de uma ONG que tinha contrato com o ministério em 2009.
Chuvas: a estreia de Dilma é um batismo em águas Lupi desmente, mas fotos do voo chegam à imprensa. Ele é
turbulentas. Nos primeiros dias depois da posse, as chuvas o sétimo ministro a deixar o governo de Dilma no primeiro
castigam a região serrana do Rio de Janeiro num desastre ano de mandato.
sem precedentes que mata mais de mil pessoas e deixa Desenvolvimento: o ministro do Desenvolvimento,
milhares desabrigadas. Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, é cha‑
Programas: a presidente lança em março o Programa mado ao Senado para esclarecer denúncias de que teria se
Rede Cegonha, de apoio a gestantes, nutrizes e bebês. Em beneficiado de tráfico de influência para realizar consulto‑
História
junho, é lançado o Plano Brasil Sem Miséria, cujo objetivo rias milionárias. De acordo com as reportagens, o sócio de
é erradicar a extrema pobreza aumentando o orçamento Pimentel nos dois anos anteriores assessorava a prefeitura
das famílias que recebem menos de R$ 70 reais mensais de Belo Horizonte, onde clientes dos dois teriam contratos.
por pessoa. Estima-se que as ações sociais englobadas pelo Pimentel não chegou a se explicar ao Senado, como fizeram
33
os demais em casos anteriores, e permaneceu no cargo. 2014, o trabalho chega ao final, sintetizado num documento
Este ano, Pimentel, que continuou ministro até pouco antes que recomenda punições para mais de 300 militares, agentes
das eleições, conquistou o governo de Minas Gerais, feito de Estado e ex-presidentes da República por violações du‑
considerado fundamental para a vitória de Dilma Rousseff rante o regime militar (1964-1985). A comissão reconheceu
sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno. 434 vítimas da ditadura.
Economia: 2011 é um ano difícil para a economia. O Porto Seguro: em novembro, a Polícia Federal prende seis
crescimento do PIB é de apenas 2,7%, bem menos que os pessoas, entre elas dois diretores de agências reguladoras,
5,5% projetados. O ponto favorável foi o emprego formal, acusados de vender pareceres técnicos do governo para
em alta. Apenas 5% da população economicamente ativa empresas. No olho do furacão está a assessora da Presidência
estava desempregada. Outro tento conquistado por Dilma da República Rosemary de Noronha, apontada como o elo
foi a Emenda à Constituição 68/2011, que prorroga a Des‑ entre agentes públicos e privados.
vinculação de Receitas da União (DRU) até 31 de dezembro Popularidade: pesquisa CNI/Ibope apura que a presiden‑
de 2015. Com isso, o Executivo foi autorizado a movimentar te chega a dezembro com 78% de aprovação pessoal, um
mais livremente até 20% das receitas das contribuições so‑ índice mais alto que dos seus dois antecessores, Luiz Inácio
ciais – excetuando as previdenciárias. Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. A presidente
ganha popularidade com medidas como a desoneração do
2012 setor automobilístico e a redução das contas de luz.
Integração: o ministro da Integração Nacional, Fernando Espionagem: o Brasil é vítima de espionagem interna‑
Bezerra, é acusado de favorecer o estado de Pernambuco cional. É instalada uma CPI da Espionagem no Senado. O
e, em especial, a cidade de Petrolina – onde seu filho seria Planalto, segundo documentos apresentados pelo ex-analista
candidato a prefeito – na divisão de recursos da pasta da da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, em inglês),
Integração. Aos senadores ele diz que o repasse de quase estava sendo monitorado pela entidade. As relações entre
70 milhões teve aprovação do Ministério do Planejamento, Brasil e Estados Unidos passam por momentos delicados. A
da Casa Civil e da própria Presidência da República. Dos presidente da República cancela viagem a Washington, onde
221 parlamentares que apresentaram emendas na cota da se encontraria com o presidente americano, Barack Obama.
Integração Nacional, 138 obtiveram empenho, justificou. O mal-estar só foi solucionado em um encontro de Dilma
Outros 54 parlamentares tiveram 100% de suas emendas com Obama durante a reunião do G20, em São Petersburgo,
empenhadas, e não apenas seu filho, deputado Fernando Rússia, em setembro de 2013.
Coelho (PSB-PE). O ministro também garante aos senadores
que nunca indicou parente para a direção da Companhia do 2013
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba Infraestrutura: a presidente começa o terceiro ano de
(Codevasf), administrada por seu irmão, Clementino Coelho. mandato enfrentando a desaceleração econômica. O go‑
Bezerra só sai do governo no ano seguinte, quando seu par‑ verno apela a novas medidas de desoneração, tanto para o
tido, o PSB deixa a base governista, sob a liderança do então setor produtivo quanto para os consumidores. Pacotes de
governador de Pernambuco, Eduardo Campos. estímulos fiscais e financeiros também foram lançados contra
Cidades: em dezembro de 2011, o Ministério das Cida‑ os “gargalos” na infraestrutura, como nas estradas e portos.
des muda um projeto do governo de Mato Grosso para, em Manifestações: junho é um mês dramático para o gover‑
vez de uma linha rápida de ônibus em Cuiabá, construir um no Dilma. Uma onda de protestos toma conta das principais
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A mudança implicaria custos capitais para criticar os gastos com a Copa do Mundo. A pauta
extras em torno de R$ 700 milhões e teria sido determinada de reivindicações inclui desde investimentos em saúde e
a partir de fraude em parecer técnico, segundo documentos educação até a preservação dos poderes investigatórios do
apresentados pela oposição ao ministro Mário Negromonte Ministério Público. A primeira bandeira das manifestações,
em audiência na Comissão de Meio Ambiente. O ministro porém, foi o protesto contra o aumento das tarifas do trans‑
explicou que a mudança de modal foi solicitada pelo governo porte público. No dia 17, os protestos tomaram várias capitais
do Mato Grosso sob a alegação de que o projeto original e a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
exigiria muitas desapropriações e estaria desatualizado. Pauta: no auge dos protestos, Dilma se pronuncia em
Sobre Negromonte também pesa a suspeita de tráfico de rede nacional de TV e rádio e conclama um grande pacto
influência para uma empresa de TI. Ele terminaria substituído com parlamentares e governadores em torno das melhorias
por Aguinaldo Ribeiro em fevereiro de 2012. exigidas, especialmente a mobilidade urbana e transporte
Casa da Moeda: em 14 de fevereiro, senadores da oposi‑ público, a garantia de reverter 100% dos recursos do petróleo
ção apresentam representação contra o ministro da Fazenda, para educação e o combate à corrupção, entre outros temas.
Guido Mantega. Ele é acusado de omissão acerca de cobrança Ela também propôs a realização de um plebiscito para a
de propina na Casa da Moeda. O ex-presidente da entidade, eleição de temas constantes de uma reforma política a ser
Luiz Felipe Denucci, havia sido acusado de enviar cerca de elaborada em constituinte exclusiva. A ideia foi rejeitada
R$ 25 milhões ao exterior e supostamente seria o cabeça do pelos congressistas de um modo geral e vista com reservas
esquema. O caso seguiu para investigação da Procuradoria‑ no Supremo Tribunal Federal, razão pela qual foi abando‑
-Geral da República. nada. Em resposta à “voz das ruas”, o Senado estabeleceu
Brasil Carinhoso: Dilma lança o Programa Brasil Carinho‑ uma pauta prioritária, que incluiu projetos como o que
so em maio para beneficiar cerca de dois milhões de famílias transforma a corrupção em crime hediondo (PLS 204/2011)
com crianças de até seis anos com renda per capita inferior a e o que estabelece a exigência de ficha limpa para servidores
R$ 70,00. Ligado ao Bolsa Família, ele atende pessoas em públicos (PEC 6/2012), ambos à espera de votação na Câmara
extrema pobreza. Alguns dos suplementos distribuídos dos Deputados. Um dos projetos aprovados, o que reduz a
são vitamina A, ferro e remédios contra asma. O programa zero as alíquotas de PIS-Pasep e Cofins sobre a receita do
História
também amplia a oferta de creches. transporte urbano municipal (PLC 46/2013), até já se tornou
Comissão da Verdade: em maio é instalada a Comissão lei (Lei nº 12.860/2013).
Nacional da Verdade (CNV) para apurar violações de direitos Médicos: em julho de 2013, Dilma lança o Programa
humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Em dezembro de Mais Médicos que, entre outras ações, facilita a chegada de
34
médicos estrangeiros para trabalhar em postos de saúde de Plano Nacional de Educação (PNE), que contém as diretrizes
cidades pequenas durante três anos ganhando salário de R$ e metas da educação nacional para os próximos dez anos. O
10 mil, mais a ajuda de custo. Ela promete R$ 7,4 bilhões na PNE exige que, até o fim de sua vigência, o governo federal
construção, reforma e compra de equipamentos para postos aplique pelo menos 10% do PIB no setor. A meta é de 7%
de saúde, unidades de pronto atendimento e hospitais. Em até o quinto ano do plano, pouco mais que o investimento
2014 seriam mais R$ 5,5 bilhões em novas unidades. Tam‑ atual, de 6,4% do PIB. Entre as 20 metas do PNE, estão a
bém promete aumentar a quantidade de vagas para o curso erradicação do analfabetismo absoluto e a redução em 50%
de medicina nas universidades federais. O programa sofre da taxa de analfabetismo funcional.
críticas por causa, entre outras coisas, da baixa remunera‑ Petrobras: evidências de que a compra de uma refinaria
ção de profissionais cubanos – que recebem o equivalente em Pasadena, no Texas, teria sido desastrosa para a Petro‑
a US$ 1.245, bem menos que os R$ 10 mil pagos a médicos bras na época em que Dilma ainda era ministra das Minas e
de outras nacionalidades. Organizações de representantes Energia do governo Lula e presidente do Conselho Adminis‑
do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Mé‑ trativo da estatal levam os senadores da oposição a pedirem
dica Brasileira (AMB), da Federação Nacional dos Médicos a instalação de CPI no final do primeiro semestre. Em seguida,
(Fenam) e de organizações estudantis acusam o governo de a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, liga recursos des‑
tentar transferir a responsabilidade pelos problemas do SUS viados da estatal a pagamento de propinas no Congresso.
para os profissionais da área. Outra crítica é a liberação dos As delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo
estrangeiros de validarem o diploma por meio de um exame. Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef deixam o mundo
Eles têm avaliação distinta e, se forem aprovados, receberão político em suspense. Manobras para evitar o desgaste de
um registro provisório que terá validade apenas para atuação uma CPI num ano eleitoral levaram o caso até o Supremo.
dentro do Programa Mais Médicos. Dos 7,4 mil cubanos que Duas CPIs são criadas: uma exclusiva do Senado e uma mista.
aceitaram participar do programa, 27 o abandonaram depois Após meses de investigação, a CPI mista aprova o relatório
de chegar ao Brasil. O presidente do Senado, Renan Calhei‑ do deputado Marco Maia (PT-RS), que pede o indiciamento
ros, recebeu um abaixo-assinado com 42 mil assinaturas de de 52 pessoas e reconhece prejuízo de US$ 561,5 milhões
profissionais da medicina e de cidadãos contra a medida na compra da refinaria. As ações da empresa despencam.
provisória (MP 621/2013) que criou o programa. Eleições: em outubro, após uma campanha presidencial
Royalties: aprovada no Senado dois meses antes, Dilma concorrida e cheia de imprevistos – como a morte do candi‑
sanciona em setembro a Lei nº 12.858/2013, que garante dato do PSB, Eduardo Campos, que estava em terceiro lugar
para a educação a destinação de 75% dos royalties da ex‑ nas pesquisas de intenção de votos, e sua substituição pela
ploração do petróleo e do gás natural e, para a saúde, 25%. candidata a vice Marina Silva –, Dilma Rousseff é reeleita
na coligação Com a Força do Povo, com 54.501.118 votos
2014 (51,64% dos votos válidos). Em segundo lugar no pleito ficou
Internet: um feito bastante comemorado por Dilma foi a a coligação Muda Brasil, de Aécio Neves, com 51.041.155
criação da lei que estabelece um marco civil para a internet, votos (48,36% dos votos válidos).
sancionada em abril de 2014 durante o Encontro Global Mul‑ Pós-eleições: a evolução da crise na Petrobras e a piora
tissetorial sobre o Futuro da Governança da Internet – NET de indicadores econômicos como o produto interno bruto
Mundial, em São Paulo. Entre as 13 conquistas dos usuários, (PIB) e o resultado fiscal formam o cenário pós-eleições. Para
estão a neutralidade da rede e a proteção do sigilo tanto dos acalmar o mercado, Dilma antecipa os nomes de sua nova
dados quanto da navegação – que não pode ser vendida equipe econômica: Joaquim Levy, com passagens pelo gover‑
pelos provedores para marketing dirigido, por exemplo. no federal e então executivo do Bradesco, é anunciado como
Copa do Mundo: em junho, o Brasil começa a festa da o novo ministro da Fazenda. No Planejamento, a escolha recai
Copa, o maior evento do governo Dilma. No Congresso, a
sobre Nelson Barbosa, também com longa experiência no
oposição criticou exaustivamente os gastos com estádios, a
governo. Alexandre Tombini, presidente do Banco Central,
submissão do Brasil às regras da Fifa e a concessão à iniciativa
é convidado a permanecer no cargo. Desafiados a conter os
privada dos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos (SP); Vira‑
gastos públicos, eles sinalizam medidas em nome da aus‑
copos, em Campinas (SP); e Juscelino Kubitscheck, em Brasília
teridade. O restante do ministério é anunciado por etapas.
(DF). Antes, senadores e deputados federais aprovaram leis Fonte: Agência Senado (Reprodução autorizada
sem as quais o evento não poderia ser realizado, como a Lei mediante citação da Agência Senado)
Geral da Copa e a norma que criou o Regime Diferenciado de
Contratações (RDC). Em outra frente, os parlamentares per‑
correram as cidades-sede para fiscalizar o ritmo e a qualidade
Exercícios
da construção dos estádios. Apesar de alguns protestos nos
estádios, que repetiram o ocorrido na abertura da Copa das (Conupe/Guarda Municipal/Garanhus/2015)
Confederações, um ano antes, Dilma considerou a realização
da Copa um sucesso, com poucos problemas de organização e 1. Sobre a colonização lusitana do Brasil, assinale a alter‑
grande afluxo de turistas. O evento, que ocorreu sem maiores nativa correta.
problemas, foi saudado como um grande sucesso, apesar do a) A América Portuguesa foi explorada nos moldes do
fracasso da Seleção Brasileira. “Copa das Copas”, celebraram mercantilismo em voga na Europa.
os organizadores. Mas os grandes gastos com a realização b) Durante o período de 1500 a 1530, a colonização
do torneio e o atraso na entrega de obras de infraestrutura, visou dinamizar investimentos holandeses no plantio
especialmente de mobilidade urbana, ainda são lembrados da cana de açúcar.
pelos críticos do governo. c) Portugal colonizou as novas terras nos moldes feu‑
Educação: de acordo com resultados preliminares do dais, priorizando o trabalho assalariado na extração
História
35
e) Os minérios, em especial o ouro, foram extraídos em 8. A Guerra dos Mascates foi um conflito político, que
grandes quantidades, no período pré-colonial, para marcou o Pernambuco dos primórdios do século XVIII.
atender aos pleitos do mercado externo. A causa desse conflito foi o(a)
a) colapso da indústria açucareira em Pernambuco.
2. Sobre o início da colonização do Brasil e a montagem b) expulsão dos investidores holandeses da região.
da indústria açucareira, podemos destacar c) União Ibérica capitaneada pelo monarca Felipe II de
a) a criação do Governo Geral em 1500. Espanha.
b) a implantação da mão de obra africana escravizada. d) escolha de Olinda como capital da capitania.
c) o destaque das capitanias do Rio de Janeiro e São e) fundação da Câmara Municipal do Recife.
Vicente na produção do açúcar.
d) a escolha de Olinda como sede do Governo Geral. (Conupe/PMPE/2009)
e) o sucesso do regime das Capitanias Hereditárias.
9. Maurício de Nassau chegou a Pernambuco em 1637,
3. Durante o século XVI, destacaram-se como grandes pretendendo pacificar a região e governar com a cola‑
boração dos luso-brasileiros. Sobre o governo de Nas‑
polos de produção açucareira no Brasil as regiões de
sau, analise as proposições abaixo.
a) Pernambuco, Bahia e São Vicente.
I – Fundou, no interior da capitania, o Arraial do Bom
b) São Vicente e Rio de Janeiro.
Jesus para concentrar a resistência holandesa e, usando
c) Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. a tática de guerrilha, minar a resistência dos pernam‑
d) Itamaracá e São Vicente. bucanos.
e) Rio de Janeiro e Bahia. II – A Companhia das Índias Ocidentais concedeu crédi‑
tos aos senhores de engenho para o reaparelhamento
4. As Câmaras Municipais eram as instituições do poder das propriedades, a recuperação dos canaviais e a com‑
local na América Portuguesa. Os vereadores eram os pra de escravos.
chamados “Homens bons”, potentados locais. No caso III – Nassau estimulou a vida cultural e investiu em obras
da Capitania de Pernambuco, esses líderes eram os urbanas, nos domínios holandeses. A cidade do Recife
a) comerciantes. foi beneficiada com a construção de casas, pontes e
b) senhores de engenho. obras sanitárias.
c) mestres do açúcar. IV – Embora o objetivo dos holandeses fosse o de ex‑
d) investidores holandeses. pandir sua fé religiosa, o luteranismo, outras religiões
e) criadores de gado. foram toleradas, exceto o judaísmo.
37
Os itens corretos são
a) somente I, III e IV.
b) somente II, III e IV.
c) somente I, II e IV.
d) somente I, II e III.
e) I, II, III e IV.
Estão corretas
a) somente I e II.
b) somente I e III.
c) somente II e III.
d) somente I e IV.
e) somente II e IV.
GABARITO
1. anulada 7. d 13. d
2. b 8. e 14. c
3. a 9. b 15. d
História
4. b 10. b 16. e
5. b 11. e 17. d
6. c 12. a 18. d
38
PMPE
SUMÁRIO
Da Nacionalidade.................................................................................................................................................................. 24
3
Inalienabilidade – Não é possível transferir um direito tucional quanto na órbita legal3. A Constituição Federal de
fundamental. 1988 estabelece uma série de prerrogativas para as mulhe-
Irrenunciabilidade – Não é possível renunciar totalmente res, como a proteção de seu mercado de trabalho, prazo
a um direito fundamental. diferenciado para a licença à gestante, prazo reduzido para
Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais não são a aposentadoria e inexistência de obrigação de alistamento
alcançados pela prescrição. A prescrição corresponde à perda militar em tempos de paz.
de uma pretensão em virtude do decurso do tempo. II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Historicidade – Os direitos e garantias fundamentais alguma coisa senão em virtude de lei;
possuem origem histórica.
Inviolabilidade – Não podem ser violados os direitos Comentário: traduz esse inciso o princípio da legalida
fundamentais. de4. Todos nós podemos fazer tudo o que a lei não proíba,
Efetividade – O Estado deve primar por garantir o res- o que exprime a nossa capacidade de autodeterminação,
peito e a efetividade dos direitos fundamentais. também chamada autonomia das vontades.
Universalidade – Os direitos fundamentais alcançam a
todos. A autonomia das vontades definida no art. 5, II, da Cons-
tituição Federal não pode ser confundida com o princípio da
Obs.: os direitos e as garantias fundamentais consa- legalidade estrita ou restrita, que está descrito no art. 37
grados constitucionalmente não são ilimitados, uma vez da Constituição Federal. O referido artigo, ao estipular a
que encontram seus limites nos demais direitos igualmente necessidade de observância da legalidade, impõe que o
consagrados na mesma Carta Magna.2 administrador público apenas faça o que está previsto em
lei. Podemos assim distinguir as duas legalidades:
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Autonomia das vontades Legalidade estrita (art. 37 da CF).
Assim dispõe o art. 5º da Constituição Federal: (art. 5º, II, da CF)
Vincula os particulares Vincula o administrador público.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo‑se aos brasileiros e aos Permite que se faça tudo Apenas admite que se faça o que
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do o que a lei não proíba a lei prevê.
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
O princípio da legalidade não pode ser confundido com
e à propriedade, nos termos seguintes:
o princípio da reserva legal. A reserva legal impõe que certas
matérias sejam regidas apenas por lei em sentido estrito5.
Em primeiro lugar, há que se frisar que o dispositivo acima
É o caso, por exemplo, da previsão de crimes e cominação
transcrito reproduz o princípio da isonomia, que consiste
de penas, que somente pode ser feita por lei.
na proibição de criação de distinções que não sejam funda-
mentadas. Assim, impõe a Constituição que os iguais sejam
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamen-
tratados de forma igual e que os desiguais sejam tratados de
to desumano ou degradante6;
forma desigual. Assim, por exemplo, justifica‑se a existência
de critérios diferenciados para homens e mulheres em uma
prova física em um concurso público ante as nítidas diferen- Comentário: cuida o dispositivo da dignidade da pessoa
ças fisiológicas entre os gêneros. humana. Este inciso está em consonância com o que dispõe
Denomina‑se igualdade material aquela que permite o art. 1º, III, da Constituição Federal.
a existência de diferenciações, desde que devidamente
justificadas. A igualdade formal que impede a estipulação IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
dado o anonimato7;
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
4
Comentário: duas possíveis punições contra quem uti- Comentário: a proteção ao direito de intimidade pode
liza de forma errada sua liberdade de expressão estão aqui ser relativizado quando entra em choque com outros direi-
dispostas. Primeiramente, temos o direito de resposta, que tos, como o direito de informação, que será estudado mais
exige do ofensor a concessão de meios para que o ofendido à frente. A proteção da intimidade, como veremos a seguir,
venha a defender‑se publicamente. A segunda forma de é apta até mesmo para justificar o segredo de justiça, que
punição corresponde à indenização por dano material, moral impede a publicidade de atos processuais.
ou à imagem. A Constituição não define parâmetros para a O direito de imagem envolve aspectos físicos, inclusive a
fixação do valor da indenização, que deverá ser fixado, em voz. Fica configurada a proteção, por exemplo, com a utilização
regra, pelo Poder Judiciário. comercial da imagem sem a autorização do titular do direito.
Pessoas públicas possuem uma tendência à relativização do di-
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, reito de imagem frente ao direito de informação da sociedade.
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
e a suas liturgias8; podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
Comentário: a liberdade acima descrita alcança os fenô- socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial12;
menos, possibilitando o livre exercício das crenças religiosas e
a livre adoção de concepções científicas, filosóficas, políticas Comentário: a penetração sem o consentimento do mo-
etc. Sendo o Brasil um país laico, não é mais aceita a previsão rador pode ocorrer a qualquer hora do dia quando se tratar
de religião oficial no País. de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro.
Para que o ingresso no domicílio seja realizado mediante
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de determinação judicial, porém, é necessário que ele ocorra
assistência religiosa nas entidades civis e militares de durante o dia, considerado esse o período entre a aurora e
internação coletiva9; o crepúsculo, ou seja, aquele em que há luz solar.
O ingresso por determinação judicial está limitado por re-
Comentário: são considerados locais de internação serva jurisdicional, o que significa que não poderá ocorrer por
coletiva os hospitais, as prisões e os quartéis, por exemplo. determinação de qualquer outra autoridade (polícia, Minis-
tério Público etc.) ou por comissão parlamentar de inquérito.
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de O conceito de casa para efeito de inviolabilidade de do-
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se micílio não se limita ao conceito civil, alcançando os locais
as invocar para eximir‑se de obrigação legal a todos imposta habitados de maneira exclusiva. São incluídos no conceito
e recusar‑se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei10; os escritórios, as oficinas, os consultórios e, ainda, os locais
de habitação coletiva, como hotéis e motéis.
Comentário: são consideradas obrigações a todos im- A título de exemplo: no curso de uma investigação criminal,
postas, a obrigação de votar e o alistamento militar, que em a autoridade policial competente encontra indícios de que
tempos de paz obriga a todos os homens de nacionalidade bens furtados há um ano de uma repartição pública estejam
brasileira. Se alguém oferecer uma excusa de consciência guardados na residência dos pais de um dos investigados. A
para deixar de cumprir uma obrigação a todos imposta, autoridade policial dirige-se, então, ao imóvel, durante o dia,
terá de se sujeitar ao ônus de uma obrigação alternativa. onde, sem o consentimento dos moradores e independen-
Se, porém, a obrigação alternativa não for cumprida, será temente de determinação judicial, efetua busca que resulta
aplicada, por exemplo, a pena de perda dos direitos políticos, na localização dos bens furtados. Nessa hipótese, será inad-
nos termos do art. 15, IV, da Constituição Federal. missível, no processo, por ter sido obtida de maneira ilícita.13
5
ligações telefônicas é protegido pelo sigilo de dados, que não O direito de locomoção é protegido pelo habeas corpus
está sujeito à reserva jurisdicional. O conteúdo das ligações e somente é garantido dentro do território nacional.
é o que se denomina sigilo telefônico e está protegido pela
reserva jurisdicional. XVI – todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas,
O sigilo de dados engloba, por exemplo, os dados ban- em locais abertos ao público, independentemente de autori-
cários, fiscais e telefônicos. zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
Não estão sujeitos à reserva jurisdicional o sigilo da cor- convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
respondência, das comunicações telegráficas e de dados. As- aviso à autoridade competente17;
sim, é possível que a quebra seja determinada, nesses casos, Comentário: o direito de reunião, como se pode perce-
por ordem de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito. ber, depende do preenchimento de uma série de requisitos:
a) ser realizada de forma pacífica;
b) seus participantes não podem estar armados;
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
c) a reunião deve ocorrer em locais abertos ao públicos;
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
d) exige um prévio aviso à autoridade competente, sem
estabelecer;
a necessidade, porém, de autorização dessa autoridade;
e) não pode frustrar uma reunião anteriormente convo-
Comentário: esse inciso dispõe sobre norma de eficácia cada para o mesmo local.
contida, já que a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou Outro requisito que pode ser inserido nesse rol é o de
profissão pode ser restringida pela lei que venha a estabelecer que a reunião seja temporária e episódica, como nos ensina
qualificações profissionais para determinada profissão. Dessa o autor Alexandre de Moraes.
forma, a inexistência de uma lei regulamentadora de certa pro- O direito de reunião também engloba passeatas, carrea-
fissão não é impedimento ao seu exercício, mas sim a garantia tas, comícios, desfiles, assim como cortejos e banquetes de
de uma ampla liberdade de acesso à atividade profissional. caráter político, que são formas legítimas de reunião. Caso
A liberdade profissional não engloba, porém, atividades o direito de reunião seja desrespeitado, o remédio cabível
ilícitas. O princípio da legalidade, anteriormente estudado, será o mandado de segurança, ação cabível para a proteção
permite que se faça tudo que não seja proibido por meio de de direito líquido e certo.
lei. Assim, não se pode exercer a “profissão” de traficante de
drogas porque tal atividade é ilícita, proibida pela legislação. XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
Por outro lado, a prostituição é totalmente livre em nosso vedada a de caráter paramilitar18;
País porque não existe lei regulamentando a atividade.
Comentário: o direito de associação permite que pessoas
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e físicas e jurídicas se agrupem em prol de um interesse comum.
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer- Segundo o texto constitucional, é livre a formação de asso-
cício profissional15; ciações, desde que elas tenham um fim lícito e não possuam
caráter paramilitar. Para que uma associação tenha caráter
Comentário: o direito de informação pode ser encarado paramilitar, é necessário que ela venha a ter características
sobre duas óticas. similares às estruturas militares, tais como o uso de uniformes,
Sob o ponto de vista privado, o direito de informação da palavras de ordem, hierarquia militarizada, táticas militares etc.
sociedade englobará, por exemplo, a atividade jornalística,
que pode divulgar informações, ainda que pessoais, que XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de
sejam de interesse da sociedade. Admite‑se, nessa atividade, cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
porém, o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício interferência estatal em seu funcionamento19;
profissional. Esse sigilo não impede, porém, a responsabi-
lização do responsável pela informação no caso de ela ser Comentário: como visto no inciso anterior, é livre a
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
6
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão ju- priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
dicial, exigindo‑se, no primeiro caso, o trânsito em julgado21; social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Comentário: como estudado no inciso anterior, as as-
sociações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou Comentário: a desapropriação não pode ser confundida
terem suas atividades suspensas por uma decisão judicial. com o confisco, que é uma forma de expropriação definida
A hipótese de dissolução, porém, mostra uma medida mais no art. 243 da Constituição Federal. A desapropriação resulta
drástica, o que impõe que a decisão judicial seja revestida de na aquisição compulsória de uma propriedade por parte do
um caráter definitivo, sem possibilidade de reforma por meio Estado, que deverá fundamentar tal ato de força na neces-
de recurso. Por conta disso, exige‑se o trânsito em julgado sidade pública, na utilidade pública ou no interesse social.
de uma decisão judicial para que ela possa dissolver uma Essa previsão demonstra bem a ideia do inciso anterior, que
associação. Uma decisão terá trânsito em julgado quando demonstra que o interesse do Estado está acima de interes-
ses particulares quando se trata de dar à propriedade uma
não for mais cabível a interposição de recurso contra ela.
função social. A indenização devida pelo ente estatal será,
XX – ninguém poderá ser compelido a associar‑se ou a de regra, justa, prévia e em dinheiro. A própria Constituição
permanecer associado; Federal, porém, excepciona tal previsão, dispondo, em seus
arts. 182, §4º, III, e 184, acerca da desapropriação‑sanção,
Comentário: assim como há a liberdade de criação de na qual a indenização é recolhida com base em títulos da
associações, temos também a liberdade individual de inte- dívida pública e títulos da dívida agrária.
grar ou deixar de integrar a associação. Os integrantes da
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade
associação, portanto, não poderão ser compelidos a ingressar
competente poderá usar de propriedade particular, assegu-
na entidade ou de continuar compondo a associação.
rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano23;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente Comentário: esse inciso trata da requisição adminis-
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados trativa, que permite ao Estado a utilização compulsória da
judicial ou extrajudicialmente22; propriedade particular. Existem duas diferenças quanto à
indenização paga na requisição e na desapropriação. Pri-
Comentário: a principal finalidade de uma associação é, meiramente, a indenização na requisição administrativa não
sem dúvida, a defesa de interesses dos associados. A defesa representará o valor total do bem, mas apenas o valor do
dos interesses pode ocorrer perante o poder judiciário ou dano eventualmente causado. Em segundo lugar, tendo em
de forma extrajudicial. A defesa de interesses por meio da vista que o perigo iminente não é previsível, temos que o pro-
associação, porém, depende de autorização dos associados,
prietário somente será indenizado posteriormente ao uso,
que podem se expressar de forma individualizada ou conce-
der uma autorização genérica. e não de forma prévia, como acontece na desapropriação.
A defesa de interesses dos associados é realizada por
meio do instituto da representação processual. Na represen- XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em
tação processual a associação fala em nome do associado e, lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
por tal razão, precisa da autorização desse associado. penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati-
Existe uma situação em que a associação atua de forma vidade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar
extraordinária por meio da substituição processual. Trata‑se o seu desenvolvimento;
da hipótese de impetração de mandado de segurança
coletivo. A associação, nesse caso, defende interesses dos Comentário: a penhora consiste na utilização de bens do
associados em nome próprio, razão pela qual não necessita devedor para a quitação de sua dívida. O Poder Judiciário,
porém, não poderá utilizar‑se desse instituto para penhorar
7
essencialmente a uma função estética (obras literárias, tante salientar que essa regra, por questões de soberania,
músicas, pinturas etc.). Compete à legislação a definição somente é aplicável aos bens situados no Brasil.
do prazo o qual os herdeiros poderão usufruir dos direitos
patrimoniais da propriedade intelectual. XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor;
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co- Comentário: o Direito Constitucional constitui a base de
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive diversos ramos do Direito, instituindo as diretrizes necessá-
nas atividades desportivas; rias para que o legislador venha a criar a base legal necessária
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico à plena eficácia de seus preceitos.
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, Isso é exatamente o que ocorre com o Direito do Con-
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e sumidor. Estudar o Direito Consumerista sob a ótica cons-
associativas; titucional é visitar os preceitos que servem de base para a
instituição de diversas garantias, tal qual aquelas definidas
Comentário: a coautoria, por exemplo, também deve ser no Código de Defesa do Consumidor.
protegida, tendo em vista que o texto constitucional protege Sendo assim, não se cuida aqui de estudar o Direito do
as participações individuais em obras coletivas. A imagem e Consumidor, mas sim as disposições inseridas dentro da
a voz humanas também são protegidas, independentemente ótica constitucional. Esse é um ponto que merece destaque
de sua utilização comercial. Cabe lembrar, porém, que tanto a no presente estudo.
imagem quanto a voz podem sofrer divulgação, independen- A Constituição Federal começa a referir-se ao consumidor
temente de autorização, quando houver um interesse público em seu art. 5º, XXXII, que assim determina: “XXXII – o Estado
de informação. Nesse caso, a relativização desse dispositivo promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”.
encontra amparo no art. 5º, XIV, da Constituição Federal, que Verifica-se que a Constituição Federal não elabora lista-
trata do direito de informação. O direito de fiscalização do gem sobre o que venha a ser o direito do consumidor. Por
aproveitamento econômico das obras é feito, por exemplo, outro lado, traz a obrigação constitucional de sua proteção
por meio do Ecad – Escritório Central de Arrecadação e Dis- pelo Estado. Tal defesa será efetivada por meio da edição de
tribuição, entidade que arrecada e distribui direitos autorais. leis, como se verifica no Código de Defesa do Consumidor
(Lei nº 8.078/1990).
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus- O referido código também possui previsão no Ato das
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). O ADCT,
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, em seu art. 48, determina que o Congresso Nacional deveria
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo elaborar o Código de Defesa do Consumidor dentro de cento
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e vinte dias após a promulgação da Constituição Federal.
e econômico do País; Esse dispositivo possui grande importância, já que criou a
obrigação de legislar sobre a matéria, reduzindo, assim, a
Comentário: apesar de se relacionar também com a discricionariedade do Poder Legislativo.
propriedade intelectual, a propriedade industrial se difere do O referido prazo não foi respeitado, visto a data de edição
direito autoral em virtude do caráter pragmático da invenção, da Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990.
que se volta à utilidade da atividade criativa. Como a utilidade Os consumidores também são protegidos pelo texto cons-
deve ser regulada segundo o interesse social e o desenvolvi- titucional quando é estabelecida, no art. 24, VIII, da Constitui-
mento tecnológico e econômico do País, o privilégio de utili- ção Federal, a competência concorrente para a edição de lei
zação dessa propriedade será apenas temporário. Após um que disponha sobre a responsabilidade por dano causado ao
determinado período, uma invenção, por exemplo, poderá ser consumidor. Amplia-se, assim, a gama de normas que podem
produzida e comercializada sem necessidade de licença de seu ser editadas nesse sentido, nas órbitas federal e estadual.
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
inventor ou do detentor do direito de propriedade industrial. Outro dispositivo de grande interesse para o direito do
consumidor é o que garante o esclarecimento acerca dos
XXX – é garantido o direito de herança; impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Assim
dispõe o art. 150, § 5º, da CF:
Comentário: o direito de herança, como todos os de-
mais direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser A lei determinará medidas para que os consumidores
relativizado, por exemplo, quando a ele se opõem débitos sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam
decorrentes de atividades ilícitas praticadas pelo de cujus, sobre mercadorias e serviços.
como estudaremos no dispositivo a seguir.
Essa disposição constitucional ganha destaque pelo fato
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no de consistir em obrigação destinada ao ente Estatal, que
institui tributos. Demonstra-se, assim, que o Direito do Con-
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
sumidor não se restringe a impor obrigação ao fornecedor de
ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
bens ou serviços, mas também a todos aqueles que possam
favorável a lei pessoal do de cujus25;
atingir a categoria dos consumidores.
Por fim, destacamos a disposição expressa no
Comentário: a Constituição brasileira tenta proteger
art. 170, V, que estabelece a defesa do consumidor como um
cônjuge e filhos brasileiros quando da partilha de bens de
dos princípios da ordem econômica. A inserção do direito
estrangeiros situados no Brasil. Para tanto, dispõe que deve
consumerista em nossa ordem econômica representa um
ser aplicada a lei mais favorável aos familiares brasileiros, contrapeso ao liberalismo econômico, destacado pela liber-
mesmo que, para tanto, seja necessário afastar a legislação dade de iniciativa. Demonstra que a atividade econômica,
civil brasileira para que seja aplicada a legislação do país de apesar de livre, não se situa em posição de anarquia, tendo
origem do de cujus, ou seja, do estrangeiro falecido. Impor- em vista o papel cogente dos direitos fundamentais, como
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010.
25 do consumidor.
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Essas são as disposições constitucionais relacionadas ao de convenção de arbitragem livremente acordada em um
Direito do Consumidor. negócio jurídico. É possível também que a Fazenda Pública
venha a condicionar um parcelamento tributário à renúncia
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos do direito de discutir o débito perante o Poder Judiciário.
informações de seu interesse particular, ou de interesse Em alguns casos, o prévio acesso à via recursal adminis-
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob trativa se mostra necessário para a configuração do interesse
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo de agir, condição para o ajuizamento de uma ação. Para
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado26; a impetração de habeas data, por exemplo, é necessário
que o interessado em obter acesso ou a retificação de seus
Comentário: o direito de informação pode ser encarado dados pessoais comprove a existência de prévia negativa do
sob ótica pública ou privada. Sob o aspecto privado, refere‑se detentor do banco de dados.
ao direito de ser informado, independentemente de censu- A justiça desportiva possui uma precedência sobre o
ra. Sob a ótica pública, podemos entender tal prerrogativa sistema judicial no que se refere às causas relativas à dis-
como o direito que possuímos de obter, junto aos órgãos ciplina e às competições desportivas. Nesse caso, a justiça
públicos, informações de interesse particular, ou de interesse desportiva terá o prazo de 60 dias, a partir da instauração
coletivo ou geral. Esse direito é essencial, tendo em vista a do processo, para proferir sua decisão final. Somente após
adoção de forma de governo republicana, que insere a ideia o esgotamento da instância desportiva é que será possível
de que o Estado é uma coisa pública, de todos, razão pela submeter a causa ao Poder Judiciário.
qual deve imperar o princípio da publicidade. A lei definirá o
prazo no qual, sob pena de responsabilidade, a informação XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
será prestada. Há, porém, exceções a esse princípio e que jurídico perfeito e a coisa julgada;
possibilitam a existência de informações sigilosas nos órgãos
públicos. Esse sigilo deverá estar amparado na segurança da Comentário: nosso sistema constitucional adota a ideia
sociedade e do Estado. de irretroatividade da lei, impedindo, assim, que uma nova
Interessante notar que os fundamentos para o sigilo das lei produza efeitos sobre atos anteriormente realizados, até
informações constantes dos órgãos públicos recebeu funda- mesmo sobre os efeitos futuros desses atos. A irretroativida-
mento diverso do segredo de justiça, que, segundo o art. 5º, de, porém, não é total. A proibição constitucional limita‑se
LX, da CF, será possível nos casos de proteção do interesse aos casos em que a aplicação retroativa da lei prejudica o
social ou da intimidade. direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
A Lei de Introdução ao Código Civil, o Decreto‑Lei
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente nº 4.657/1942, define o alcance dos referidos termos da
do pagamento de taxas: seguinte forma:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de e a coisa julgada.
interesse pessoal27; § 1º Reputa‑se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
Comentário: trata o presente inciso de uma gratuidade § 2º Consideram‑se adquiridos assim os direitos
constitucional incondicionada, o que significa dizer que a que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer,
cobrança de taxas para o exercício do direito de petição ou como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo
do direito de obter certidões será sempre inconstitucional. pré‑fixo, ou condição preestabelecida inalterável,
Há que se ressaltar que a constituição dispõe também sobre a arbítrio de outrem.
a gratuidade de duas certidões específicas: de óbito e de
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o julgamento de crimes dolosos contra a vida. No tribunal do em branco, que admitem a existência de complemento a ser
júri, o conselho de sentença, formado por pessoas leigas, do veiculado por normas infraconstitucionais, como a Lei de
povo, será o juiz de fato, sendo que o juiz de direito, togado, Tóxicos, por exemplo, que possui regulamento infraconstitu-
apenas terá a função de coordenar os atos processuais. cional no intuito de disciplinar quais substâncias devem ser
Como foi dito, o tribunal do júri possui competência para consideradas entorpecentes para efeitos penais.
julgar os crimes dolosos contra a vida, que são aqueles crimes
cometidos intencionalmente e que se voltam diretamente XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
contra o bem “vida”. São exemplos de crimes contra a vida
o homicídio, o aborto, auxílio ou a instigação ao suicídio e o Comentário: trata‑se do princípio da irretroatividade da
infanticídio. Para que o crime seja julgado pelo júri, é neces- lei penal mais maléfica, da retroatividade da lei penal mais
sário que ele se volte diretamente contra a vida, não sendo benéfica ou da ultratividade da lei penal mais benéfica.
cabível o julgamento de crimes que se destinam a ofender Segundo o referido princípio, a legislação penal não pode
outros valores, mas que acabam por atingir também a vida ser aplicada a fatos produzidos antes de sua vigência, salvo
da vítima, tais como o latrocínio e a lesão corporal seguida quando tratar‑se de aplicação que beneficie o réu.
de morte. Dessa forma, se uma pessoa comete um crime quando
No júri, é admitida a utilização de quaisquer meios lícitos da vigência de uma Lei A e, posteriormente, surge uma lei
para o convencimento do conselho de sentença, garantia que B, mais maléfica, a data do julgamento será aplicada a Lei A,
a Carta Maior denomina plenitude de defesa. Também será ainda que não mais tenha vigência, tendo em vista que não
garantido o sigilo da votação, o que impede que os juízes se trata de retroatividade em prol do réu.
leigos sejam ameaçados ou que sejam feitas tentativas de
suborno, por exemplo. Por fim, cabe lembrar que o vere-
dicto resultante do julgamento do conselho de sentença é
soberano, o que impede que o juiz‑presidente do tribunal
venha a alterar alguma conclusão decorrente da votação. Isso
não impede, por outro lado, que sejam interpostos recursos
contra a decisão proferida pelo tribunal do júri, ocasião na
qual é possível que o julgamento seja desconstituído. No caso de a lei posterior ser mais benéfica, a condena-
ção aplicar‑lhe‑á, ainda que não vigente à época da conduta
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem delitiva. Essa retroação pode até mesmo desconstituir deci-
pena sem prévia cominação legal; sões que já tenham transitado em julgado.
Cabe nota de que não se admite a Combinação de Leis.
Comentário: trata‑se do princípio da reserva legal ou da Se a lei posterior for em parte melhor e em parte pior que a
anterioridade da lei penal. A definição de crimes e a comina- anterior, o juiz não pode se utilizar da parte benéfica de uma
ção de penas somente é possível por meio de lei em sentido Lei W e da parte benéfica da Lei K, sob pena de agir como
estrito, excluindo‑se portanto atos normativos primários, um legislador positivo, já que criará uma terceira lei. O juiz
como as medidas provisórias. A previsão constitucional deverá, portanto, analisar qual das leis é mais branda para
desse inciso, porém, não impede a existência de leis penais beneficiar o réu no caso concreto.
Ex. 1:
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
Crime Permanente
Na hipótese de crime permanente, a prática criminosa se alonga no tempo. Como na extorsão mediante sequestro, a lei
será aplicada levando‑se em conta o último momento em que praticado ato executório do crime. Vejamos.
Ex. 2:
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos Comentário: primeiramente, há que se asseverar que o
direitos e liberdades fundamentais; racismo consiste em atitude de segregação, não se limitando a
ofensas verbais de conteúdo discriminatório. Ademais, o racis-
Comentário: trata‑se de cláusula genérica de proteção mo não precisa estar atrelado a critérios biológicos, englobando
ao próprio sistema de garantias fundamentais do cidadão. qualquer forma de discriminação baseada em critérios étnicos,
religiosos etc. A inafiançabilidade impede a concessão de liber-
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e dade provisória mediante pagamento de fiança. A imprescriti-
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; bilidade impede que o Estado venha a perder sua pretensão
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punitiva em virtude do decurso do tempo. Por fim, a pena de XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará,
reclusão impõe a aplicação de regime de pena inicialmente entre outras, as seguintes:
fechado, sendo cabível, porém, a progressão de regime. a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí- c) multa;
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito d) prestação social alternativa;
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos e) suspensão ou interdição de direitos;
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
tes, os executores e os que, podendo evitá‑los, se omitirem; Comentário: as penas descritas no presente inciso for-
malizam um rol meramente exemplificativo das penas que
Comentário: os delitos definidos nesse inciso não admi- podem ser adotadas em nosso ordenamento jurídico. Estabe-
tem o pagamento de fiança com a finalidade de se obter a lece a Constituição, ainda, o princípio da individualização da
liberdade provisória, bem como a concessão dos benefícios pena, que impõe a pena adequada ao réu, segundo elemen-
da graça ou da anistia. Interessante notar que será cabível tos objetivos (relacionados à conduta criminosa) e subjetivos
a modalidade omissiva em relação àqueles que puderem (relativos ao perfil do réu). Segundo esse preceito, deve o juiz,
evitar esses crimes. ao proceder à dosimetria da pena, adequar a pena de forma
a amoldar‑se perfeitamente à situação segundo critérios de
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a quantidade, tipo e regime de cumprimento.
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem Por conta desse preceito já foi considerada inconstitucional
constitucional e o Estado Democrático28; a tentativa de se proibir a progressão de regime, que permite
ao réu progredir, passando do regime fechado, mais grave,
Comentário: o presente inciso disciplina o terceiro grupo para os regimes semiaberto e aberto. A imposição de regime
de crimes que mereceram do constituinte uma repressão integralmente fechado retira do juiz a possibilidade de indivi-
especial. Tal qual no racismo, foi excluída a possibilidade de dualizar a pena segundo as peculiaridades existentes no caso,
pagamento de fiança e de prescrição de tais delitos. aplicando o mesmo regime de pena em qualquer situação.
Sendo assim, temos o seguinte panorama no que se
refere aos crimes com repressão especial, definidos cons- XLVII – não haverá penas:
titucionalmente: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
– inafiançáveis: racismo, crimes hediondos, tráfico, termos do art. 84, XIX;
tortura, terrorismo e ação de grupos armados contra b) de caráter perpétuo;
a ordem constitucional e o Estado Democrático; c) de trabalhos forçados;
– imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados d) de banimento;
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; e) cruéis;
– sujeitos a reclusão: racismo;
– insuscetíveis de graça ou anistia: hediondos, tráfico, Comentário: a pena de morte, como podemos perce
tortura e terrorismo. ber, somente é cabível quando o Presidente da República
declara guerra, sendo aplicada nas hipóteses previstas na
Cabe lembrar que nada impede que a legislação venha a legislação penal específica57.
ampliar as características aqui listadas, prevendo, por exem- Apesar de a Constituição Federal proibir a condenação
plo, que outros crimes também sejam sujeitas a prescrição. em relação a penas de caráter perpétuo, é possível que uma
sentença condenatória venha a impor pena de duzentos anos
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, de reclusão, por exemplo. Ocorre que, apesar de a sentença
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do impor pena que provavelmente extrapola a prazo de vida
11
território brasileiro daqueles estrangeiros que não cumprem XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade
com os requisitos legais migratórios. física e moral;
Resumindo:
Comentário: o preso fica sob a tutela do Estado, devendo
ter resguardada sua integridade física e moral. O Estado será
responsável tanto pelos danos gerados por seus agentes,
quanto por aqueles que sejam gerados pelos demais presos,
tendo em vista o dever de cuidar da integridade daqueles
que estão sob sua custódia.
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão
crime político ou de opinião31; pela autoridade competente32;
Comentário: o disposto neste inciso impede que o ins- Comentário: cuida‑se do princípio do juiz natural, que
tituto da extradição venha a ser utilizado como forma de garante ao jurisdicionado o direito a receber a prestação
perseguição política. É respeitado, portanto, o pluralismo jurisdicional segundo as regras rigidamente estabelecidas em
político, que é a liberdade de se optar por determinadas lei. Se uma causa é julgada em juiz incompetente, por exem-
concepções políticas. Cabe lembrar, ainda, que a Constituição plo, estamos diante de nítida ofensa ao referido princípio.
Federal, em seu art. 4º, X, prevê a concessão de asilo políti- Há quem defenda a existência do princípio do promotor
co, que nada mais é do que um impedimento à extradição, natural, que também seria um consectário do presente inci-
concedido àqueles que sofrem de perseguição política em so. Esse princípio diz respeito à impossibilidade de alteração,
país estrangeiro. de forma arbitrária, do membro do Ministério Público desig-
nado para uma causa, buscando‑se, dessa forma, a garantia
da independência funcional, já que impede que os membros
29
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. do parquet sofram qualquer pressão.
30
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico
Legislativo/Técnico em Radiologia/2012 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
Legislativo de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.
31
Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010. Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
32
12
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens São exemplos de prisões cautelares as temporárias,
sem o devido processo legal; preventivas, por pronúncia etc.
Comentário: estamos diante do princípio do devido pro- LVIII – o civilmente identificado não será submetido a
cesso legal, que impõe a observância das normas processuais identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
vigentes para que alguém seja privado de sua liberdade
ou de seus bens. A presente regra também é denominada Comentário: em nosso país, privilegiando‑se a presun-
“devido processo legal substancial” e impõe a observância ção de legitimidade e a fé pública, adota‑se como regra a
da proporcionalidade de da razoabilidade. identificação feita por meio de documentos civis. Em casos
excepcionais, porém, desde que haja previsão legal, poderá
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrati- ser feita a identificação criminal, papiloscópica ou fotográfica,
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório por exemplo.
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Assim, quando alguém é detido, somente será obrigado
a proceder a uma identificação criminal se, por exemplo,
Comentário: este inciso explicita o conteúdo do devido não possuir identificação civil, tiver identificação civil em
processo legal processual, estipulando duas regras básicas, mau estado de conservação ou cometer delitos específicos,
que são o contraditório e a ampla defesa. previstos em lei.
O contraditório consiste no direito de contra‑argumentar,
ou seja, de apresentar uma versão que conteste as alegações LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação
feitas pela parte adversa. pública, se esta não for intentada no prazo legal33;
A ampla defesa pressupõe a possibilidade de se produzir Comentário: esse é o caso da ação penal privada sub-
provas no processo, juntando elementos fáticos à argumen- sidiária da pública. Vamos aqui, de forma sintética, resumir
tação feita em sua defesa. esse trâmite.
O Poder Judiciário somente age quando é provocado.
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas A isso chamamos princípio da inércia. Dessa forma, para
por meios ilícitos; que o Estado possa condenar alguém pelo cometimento de
um crime, é necessário que o Judiciário seja provocado por
Comentário: no exercício da ampla defesa, não é possível meio de uma ação penal.
juntar aos autos provas que tenham sido obtidas por meios As ações penais podem ser ajuizadas pela vítima (ação
ilícitos. A presente medida busca evitar que a atividade de pro- penal privada) ou pelo Ministério Público (ação penal pú-
dução de provas se torne um estímulo à prática de atos ilícitos. blica), quando for o caso. Quando proposta pela vítima,
Em certos casos, porém, essa proibição é relativizada, denominamos queixa‑crime; quando iniciada pelo Ministério
desde que a prova obtida por meio ilícito seja o único meio Público, denominamos denúncia.
de prova capaz de garantir o direito de defesa de pessoa que A lei penal possui o papel de definir qual será a forma de
esteja na condição de acusada. propositura da ação, sendo mais comum a propositura pelo
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a regra da Ministério Público. Nesse caso, se o Ministério Público não
prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore en- apresentar denúncia no prazo legal, abrir‑se‑á oportunidade
venenada). Segundo tal regra, também serão inadmitidas de a vítima substituir o Ministério Público, por meio da ação
no processo as provas que forem obtidas a partir de uma penal privada subsidiária da pública.
prova obtida por meio ilícito. Vamos supor, por exemplo,
que um policial faça uma escuta clandestina, descobrindo LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
que um crime será cometido no dia seguinte, em tal lugar, processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
13
publicidade se a sua divulgação for necessária para o res- Comentário: duas são, portanto, as comunicações obri-
guardo do direito de informação (art. 5º, XIV, da CF), que gatórias relativas à prisão de uma pessoa e ao local onde
possui titularidade coletiva. se encontre:
a) ao juiz competente. Essa comunicação justifica‑se, por
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou exemplo, pelo fato de esse juiz possuir o poder de relaxar a
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária prisão, quando ilegal.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou b) à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A co-
crime propriamente militar, definidos em lei35; municação à família ou a pessoa indicada é essencial para
que o direito à assistência seja prontamente exercido.
Comentário: nesse ponto do texto constitucional, come- Se, porém, o preso não indicar nenhuma pessoa, torna‑se
ça a ser tratado o instituto da prisão. A utilização do termo irrelevante a previsão da segunda comunicação, segundo o
“ninguém será preso senão...” dá a entender que se trata entendimento do Supremo Tribunal Federal.
de um rol taxativo, motivo pelo qual não há que se aceitar
hipóteses de prisão que não se ajustem às hipóteses previstas LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre
constitucionalmente. os quais o de permanecer calado, sendo‑lhe assegurada a
O presente inciso inicialmente dispõe sobre duas hipóte- assistência da família e de advogado37;
ses de prisão: prisão em flagrante e prisão por ordem judicial
escrita e fundamentada. Comentário: o presente dispositivo garante ao preso três
A prisão em flagrante, primeira hipótese tratada, pode prerrogativas: permanecer calado, assistência da família e
ser feita por “qualquer do povo”, nos termos do que dispõe assistência de advogado.
o art. 301 do Código de Processo Penal. Está em situação O direito de permanecer calado deve ser garantido a
de flagrante quem: todos, independentemente de serem presos. As testemu-
• está cometendo a infração penal; nhas, porém, somente possuem direito de permanecerem
• acaba de cometê‑la; caladas em relação às informações que possam servir para
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen- sua incriminação. Essa determinação protege o direito que
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça temos contra autoincriminação (princípio do nemo tenetur
presumir ser autor da infração; se detegere).
• é encontrado logo depois com instrumentos, armas, O direito de permanecer calado pode ser estendido
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da para alcançar também o direito de mentir sem incorrer em
infração. atividade ilícita.
A assistência da família impede, por exemplo, que o preso
Atenção! Nas infrações permanentes, como na de ex- fique incomunicável. A assistência do advogado é irrestrita,
torsão mediante sequestro, entende‑se o agente em fla- devendo ser assegurada proteção da defensoria pública ao
grante delito enquanto não cessar a permanência. Dessa preso que não possua condições de contratar um advogado
forma, é possível sua prisão durante todo o período do às suas expensas.
sequestro, sem necessidade de autorização judicial.
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsá-
Como a prisão em flagrante pode ser feita por qualquer veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
do povo, ela será a única possibilidade de prisão que é con-
cedida às Comissões Parlamentares de Inquérito. Comentário: a identificação dos responsáveis pela prisão
A segunda hipótese de prisão diz respeito à ordem ou pelo interrogatório do preso é um instrumento necessário
judicial escrita e fundamentada. Nesse caso, deverá o juiz à proteção contra abusos, já que intimida o agente público
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
determinar a expedição do respectivo mandado, que poderá quanto às práticas abusivas ou ilícitas. Importante notar que
instrumentalizar diversos tipos de prisão (preventiva, tem- a identificação será obrigatória mesmo nas hipóteses de cri-
porária etc.). Cabe notar o fato de que essa prisão, por ser minosos de alto grau de periculosidade, independentemente
escrita, nada tem a ver com a voz de prisão, que pode ser de supostamente oferecerem risco de retaliação em relação
dada pelo juiz em uma audiência, por exemplo. aos agentes públicos.
A terceira hipótese de prisão refere‑se à transgressão
militar ou crime propriamente militar, que, no caso, pres- LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
cindem de ordem judicial. Ressalte‑se que a Constituição autoridade judiciária;
expressamente proíbe a impetração de habeas corpus, que
é uma medida destinada à proteção do direito de ir e vir, Comentário: como já ressaltado, cabe ao juiz analisar
nas hipóteses de punição disciplinar militar (art. 142, § 2º). a legalidade da prisão, podendo, de ofício, determinar o
Por fim, cabe registrar uma hipótese bem específica de relaxamento da prisão.
prisão, que será criada no caso de decretação de Estado de
Defesa. Trata‑se da prisão por crime contra o Estado, que LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
tem previsão no art. 136, § 3º, da Constituição do Brasil. quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se Comentário: a liberdade provisória consiste no direito de
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- o preso responder ao processo em liberdade. A lei definirá
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada36; quais são as hipóteses em que a liberdade provisória será
admitida, casos em que o acusado não poderá ser levado à
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
35 prisão ou nela mantido.
Assunto cobrado nas seguintes provas: FGV/Senado Federal/Técnico Legisla-
36
14
Existem duas modalidades de liberdade provisória: sem Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
pagamento de fiança e mediante pagamento de fiança. Com- “Remédios Constitucionais”.
pete à lei definir quais serão as hipóteses em que a liberdade
provisória exigirá o pagamento de fiança, que é um valor LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser im-
dado em garantia pelo preso, assegurando sua colaboração petrado por:
nas investigações e na instrução. a) partido político com representação no Congresso
Não admitem fiança: racismo, crime de grupos armados Nacional.
contra o Estado Democrático e contra a ordem constitucional, b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do ou associados39.
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Remédios Constitucionais”.
Comentário: a prisão civil é aquela utilizada na cobrança
de dívidas. Não tem um caráter punitivo, mas sim coerciti- LXXI – conceder‑se‑á mandado de injunção sempre que
vo, voltado ao adimplemento da obrigação. A prisão civil é a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
admitida em duas hipóteses: dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
a) inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania40;
alimentícia;
b) depositário infiel. Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
A prisão por obrigação alimentícia somente ocorrerá “Remédios Constitucionais”.
nos casos em que a dívida é voluntária, ou seja, quando não
houver um motivo de força maior para o inadimplemento LXXII – conceder‑se‑á habeas data:
da obrigação. a) para assegurar o conhecimento de informações
O depositário infiel é responsável pelo bem, devendo relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
devolvê-lo imediatamente nas hipóteses legais. ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
Tais hipóteses eram definidas em nosso ordenamento caráter público.
jurídico. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal veio a consi- b) para a retificação de dados, quando não se prefira
derar o Pacto de São José da Costa Rica, tratado internacional fazê‑lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
que impede esse tipo de prisão, uma norma supralegal, ou
seja, superior às demais normas legais. Isso fez com que Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
fossem derrogadas as normas legais que dispunham sobre “Remédios Constitucionais”.
a prisão civil do depositário infiel.
Antes desse entendimento, a prisão do depositário infiel LXXIII – qualquer cidadão41 é parte legítima para propor
era justificada por uma obrigação processual ou por uma ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú-
obrigação contratual. Na primeira situação, estando o bem blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
em discussão perante o Poder Judiciário, determinava-se que administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
o detentor fosse nomeado depositário infiel. Na segunda si- e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má‑fé, isento
tuação, o depositário recebia o bem em virtude de uma obri- de custas judiciais e do ônus da sucumbência42;
gação contratual, como no contrato de alienação fiduciária.
Em resumo, a situação que temos hoje é a seguinte: Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico Comentário: essa indenização não poderá ser pleiteada
“Remédios Constitucionais”. pela via do habeas corpus. Será necessário portanto que,
além do habeas corpus liberatório, seja ajuizada ação ordi-
LXIX – conceder‑se‑á mandado de segurança para prote- nária para demonstração da responsabilidade civil do Estado.
ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa 39
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
40
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci-
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; vil/2012.
41
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de
38
Administrativo/2013.
Diligências/2012 e FCC/Instituto Nacional do Seguro Social /Técnico do Seguro 42
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico
Social/2012. Judiciário/2010.
15
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, do regime e dos princípios constitucionais, bem como de
na forma da lei: tratados internacionais.
a) o registro civil de nascimento; Nesse sentido, já foi reconhecida a existência de direitos
b) a certidão de óbito43. e garantias individuais até mesmo no art.150 da Constituição
Federal, que estabelece as limitações constitucionais ao
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico poder de tributar.
“Gratuidades Constitucionais”. Cabe lembrar que os tratados internacionais que apenas
disponham de direitos e garantias fundamentais, sem se
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e submeter ao procedimento de aprovação similar ao da pro-
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao posta de emenda constitucional, não terá status de emenda
exercício da cidadania44. constitucional, mas força de norma supralegal.
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
“Gratuidades Constitucionais”. direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
assegurados a razoável duração do processo e os meios que emendas constitucionais46.
garantam a celeridade de sua tramitação.
Comentário: o presente dispositivo, inserido pela Emen-
Comentário: esse dispositivo foi inserido na reforma da Constitucional nº 45/2004, abriu a possibilidade de trata-
constitucional de 2004 que, por meio da Emenda Constitucio- dos e convenções internacionais possuírem força de emenda
nal nº 45, realizou a chamada “reforma do Poder Judiciário”. constitucional. Para tanto, será necessário preencher os dois
No caso, os processos judicial e administrativo passam a ter requisitos, de forma cumulada: tratar de direitos humanos
a garantia da razoável duração do processo. e ser aprovado por três quintos de cada Casa do Congresso
Dois problemas surgem em relação a tal dispositivo. Nacional em dois turnos de votação.
Os tratados que não cumprirem tais requisitos, como
Primeiramente, temos a dificuldade em definir qual será a
vimos, terão forma de lei ordinária ou força supralegal.
duração razoável do processo, principalmente pelo fato de
que as ações possuem múltiplos graus de complexidade.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Em segundo lugar, a dificuldade encontrada reside no fato
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão47.
de o dispositivo possuir uma redação muito ampla, que não
especifica, no caso concreto, as medidas a serem adotadas.
Comentário: essa importante determinação acaba por
A conclusão a que chegamos, portanto, é a de que se trata
colocar em discussão a noção clássica de soberania, que vê no
de uma norma‑princípio, que exigirá concretização por meio Estado Soberano um ente totalmente independente. Passa
de políticas públicas e da atividade legislativa. o Brasil, a partir da inserção desse dispositivo pela Emenda
O judiciário, em caráter excepcional, tem deferido pedi- Constitucional nº 45/2004, a submeter‑se à jurisdição de um
dos de julgamento imediato da causa em respeito ao direito organismo internacional se houver manifestado adesão ao
à razoável duração do processo. ato de criação. Cumpre ressaltar, porém, que essa previsão
se limita aos tribunais penais, não podendo ser estendida a
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias outras áreas como a do comércio internacional.
fundamentais têm aplicação imediata45.
Remédios Constitucionais
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
16
contra lesão ou ameaça causada por abusos de poder ou Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
ilegalidade48. Como se percebe, não há uma necessária mente de qualquer condição.
correlação desse remédio ao Direito Penal, motivo pelo qual
o habeas corpus poderá ser impetrado até mesmo no caso Habeas Data
de prisão civil por dívida, já que está envolvida, nesse caso,
Finalidade: o presente remédio constitucional, previsto
a liberdade de locomoção.
no art. 5º, LXXII, da Constituição do Brasil possui uma dupla
Como já salientamos anteriormente, este remédio constitu-
finalidade. Vejamos no quadro abaixo.
cional não se presta a discutir punições disciplinares militares.
O habeas corpus não se submete a prazo prescricional de informações relativas à pessoa do
ou decadencial, sendo cabível enquanto durar a lesão ou acesso impetrante, constantes de registros
ameaça de lesão ao direito que se pretende proteger. Visa a ou ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter
assegurar retificação público.
Legitimidade ativa: possui legitimidade ativa aquele
que pode impetrar o habeas corpus, chamado, portanto,
de impetrante. Esse remédio é dos mais informais, já que Portanto, uma das finalidades do habeas data é a pos-
pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, sibilidade de retificação de dados, quando não se prefira
independentemente de capacidade civil, de advogado e de fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.49
mandato outorgado pelo paciente. Exige‑se, porém, como A impetração do habeas data exige, ainda, a demonstra-
um formalismo mínimo, que a petição seja assinada, já que ção de que houve uma prévia negativa administrativa. Em
é considerado inexistente o habeas corpus apócrifo. outras palavras, o impetrante deve demonstrar que buscou
previamente o acesso às informações diretamente junto ao
Paciente: será considerado paciente aquele que estiver a banco de dados, sem obter, porém, sucesso.
sofrer lesão ou ameaça a seu direito de locomoção e venha
a ser protegido pelo remédio constitucional. O paciente Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode impetrar o
será necessariamente uma pessoa física, já que as pessoas habeas data, desde que as informações pleiteadas se refiram
jurídicas não possuem liberdade de locomoção, prerrogativa exclusivamente ao impetrante. Trata‑se, dessa forma, de uma
que é incompatível com elas. ação personalíssima.
Legitimidade passiva: a legitimidade passiva é conferida Legitimidade passiva: apenas pode ser impetrado o
àquele que age como coator, praticando atos ilícitos ou em banco de dados de caráter público (Serasa, SPC etc.) ou
abuso de poder, razão pela qual será considerado impetrado. respectiva entidade governamental (INSS, Receita Federal
do Brasil, Polícia Federal etc.).
Tipos: podemos classificar o habeas corpus como pre
ventivo, que é aquele impetrado quando há uma ameaça ao Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
direito de locomoção, ou repressivo, impetrado quando já mente de qualquer condição.
se configura a ilegalidade ou o abuso de poder, e “de ofício”,
concedido pelo juiz independentemente de impetração. Mandado de Segurança
No habeas corpus preventivo, pode ser expedido salvo
conduto, que é instrumento que impede a prisão do paciente Finalidade: o mandado de segurança se presta à proteção
nas hipóteses descritas na ordem judicial concessiva da ordem. de direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalida-
Imaginemos uma situação em que o paciente será ouvido de. Direito líquido e certo é aquele que se mostra delimitado
como acusado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito quanto à extensão e inquestionável quanto à existência. De
e requer, por meio de um habeas corpus, a expedição de um forma simplificada, podemos dizer que o direito líquido e
17
disso, dispõe a Súmula nº 430/STF que “pedido de reconsi- direito, já que o seu titular poderá pleitear seu direito por
deração na via administrativa não interrompe o prazo para meio de uma ação ordinária. Cabe lembrar que, no mandado
o mandado de segurança”. de segurança preventivo, não há prazo decadencial, tendo
em vista que o ato coator sequer foi produzido.
Legitimidade ativa: o mandado de segurança pode ser
ajuizado por qualquer pessoa, física ou jurídica. Súmula nº 512/STF: segundo entendimento jurispru-
dencial do Supremo Tribunal Federal, não cabe condenação
Legitimidade passiva: somente pode ser impetrado em em pagamento de honorários advocatícios em Mandado
um mandado de segurança quem seja autoridade pública de Segurança. Em outras palavras, a parte que sucumbente
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições não será obrigada a pagar à parte vencedora uma parcela
do Poder Público50, ou seja, a ela equiparado por atuar em do valor da causa para pagamento do advogado responsável
função eminentemente pública, mediante delegação. pelo êxito.
Tipos: o mandado de segurança pode ser classificado em
preventivo ou repressivo, e ainda em individual ou coletivo. Atenção! O prazo decadencial para impetração do man-
O mandado de segurança preventivo presta‑se a evitar dado de segurança foi considerado constitucional pelo
ofensa a direito líquido e certo que seja e que se ache ame- Supremo Tribunal Federal, o que resultou na edição da
açado, ainda que não exista o ato lesivo. Súmula nº 632/STF.
O mandado de segurança repressivo volta‑se a afastar
ofensa já perpetrada contra direito líquido e certo. Já existe, Jurisprudência: vejamos alguns entendimentos jurispru-
nesse caso, lesão ao bem jurídico que se quer tutelar. denciais acerca do cabimento do mandado de segurança.
O mandado de segurança individual busca a proteção
dos interesses do impetrante. O mandado de segurança será Cabe mandado de segurança Não cabe mandado de se
individual ainda que vários impetrantes optem por ajuizar gurança
uma só ação, na condição de litisconsortes. Para a proteção do direito de Contra lei em tese.
No mandado de segurança coletivo, previsto no art. 5º, reunião.
LXIX, da Constituição Federal, o impetrante defende, em
Para proteção do direito de Contra decisão judicial transi-
nome próprio, um direito alheio. Cuida‑se de forma de subs-
certidão. tada em julgado.
tituição processual, razão pela qual não há necessidade de
autorização dos titulares do direito protegido. Nesse sentido, Para a proteção de direito que Contra ato judicial passível
a Súmula nº 629/STF, que determina que a “impetração de esteja na pendência de decisão de recurso.
mandado de segurança coletivo por entidade de classe em na esfera administrativa.
favor dos associados independe da autorização destes”. Mandado de Injunção
São legitimados a impetrar o mandado de segurança
coletivo: Cabimento: o mandado de injunção, previsto no art. 5º,
• partido político com representação no Congresso LXXI, da Constituição Federal, pode ser impetrado sempre que
Nacional51; a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
• organização sindical, entidade de classe ou associação dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania54.
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou Cuida‑se, assim, de ação voltada à supressão de omissão
associados. legislativa relativa à regulamentação de direitos previstos cons-
titucionalmente. Se tivermos uma norma de eficácia limitada,
Um partido político com representação no Congresso por exemplo, que ainda não produza totalmente seus efeitos
Nacional possui legitimidade para impetrar mandado de porque ainda não foi produzida lei regulamentadora, será
segurança coletivo apenas em defesa de seus filiados.52 cabível o mandado de injunção contra o órgão responsável
É possível a concessão de mandado de segurança cole- pela omissão, buscando‑se a edição da norma.
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
tivo impetrado por partido político com representação no Durante muito tempo defendeu‑se que o mandado de
Congresso Nacional, para proteger direito líquido e certo injunção não poderia dar ao Poder Judiciário o poder de,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando persistindo a omissão, determinar qual será a disciplina legal
o responsável pelo abuso de poder for ministro de Estado.53 a ser aplicada ao caso concreto. Entendia‑se, nesse caso, que
Destaca‑se que a entidade de classe possui legitimidade estaríamos ferindo o princípio da separação dos poderes,
para impetrar o mandado de segurança ainda que a preten- motivo pelo qual era necessário adotar posicionamento não
são veiculada interesse apenas a uma parte da categoria concretista. Esse não é, porém, o atual entendimento do
(Súmula nº 630/STF). Supremo Tribunal Federal, que já admite que o Poder Judiciário
indique, no caso de omissão, quais serão as regras aplicáveis
para que os impetrantes possam usufruir de forma plena os
Atenção! O mandado de segurança coletivo é hipótese iso- direitos que lhe foram conferidos pela Constituição do Brasil.
lada em que as associações fazem substituição processual. O desrespeito à determinação de regulamentação de um
Nas demais ações ajuizadas pelas associações, o que se dispositivo constitucional é denominada inconstitucionalida-
pratica é a representação processual, que exige autorização de por omissão, e também pode ser combativa por meio da
dos representados. ação direta de inconstitucionalidade por omissão, que será
posteriormente tratada.
Prazo Decadencial: a impetração do mandado de se
gurança deve ser feita no prazo de cento e vinte dias, con- Legitimidade ativa: o mandado de injunção pode ser
tados da data da ciência do ato ilegal ou cometido em abuso impetrado por qualquer pessoa que possua interesse direto
de poder. A perda desse prazo, porém, não leva à perda do na regulamentação do dispositivo constitucional.
50
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012.
Legitimidade passiva: será considerado impetrado aque-
51
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa- SP/Agente Legislativo le que seja responsável pela omissão legislativa.
de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.
52
Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012. 54
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Legislativo de Serviços Técnicos e Admi-
53
Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2013. nistrativos/2010.
18
Tipos: são cabíveis o mandado de injunção individual e o Gratuidades Constitucionais
mandado de injunção coletivo. O segundo tipo de mandado O texto constitucional trata de diversas hipóteses de
de segurança é uma criação pretoriana, ou seja, foi reco- gratuidade, sendo de suma importância que o candidato
nhecido pelos tribunais, ainda que não houvesse disciplina identifique quais as condicionantes para a fruição desse
constitucional a respeito. Assim, devem ser aplicadas ao direito. Vamos esquematizar.
mandado de injunção coletivo as disposições do mandado
de segurança coletivo. Dispositivo Gratuidade Observações
5º, XXXIV Direito de peti- Incondicionada – independe
Ação Popular ção do pagamento de taxas
Finalidade: a ação popular é voltada à anulação de ato 5º, XXXIV Direito de certi- Incondicionada – independe
dão do pagamento de taxas
lesivo:
• ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 5º, LXXIII Ação Popular Condicionada à boa-fé do autor
participe; 5º, LXXIV Assistência jurídi- Condicionada à comprovação
• à moralidade administrativa; ca integral da insuficiência de recursos
• ao meio ambiente; 5º, LXXVI Certidão de nas- Condicionada à comprovação
• ao patrimônio histórico e cultural. cimento de pobreza, na forma da lei
5º, LXXVI Certidão de óbito Condicionada à comprovação
Cumpre notar que a ação popular só se presta à anulação de pobreza, na forma da lei
desses atos, não sendo o instrumento adequado à punição 5º, LXXVII Habeas corpus Incondicionada
do agente público que causou um dano a interesses da socie-
5º, LXXVII Habeas data Incondicionada
dade. A punição, no caso, poderá ser discutida em eventual
ação de improbidade. 5º, LXXVII Atos necessários Gratuitos na forma da lei
É possível declarar a inconstitucionalidade de uma lei ao exercício da
por meio da ação popular, desde que essa declaração não cidadania
seja o objeto principal da ação popular. Assim, a declaração
de inconstitucionalidade da lei pode ser um meio, nunca a Direitos Sociais
finalidade precípua da ação.
A ação popular deverá ter por objeto um ato adminis- A Constituição dedica um capítulo inteiro aos direitos
trativo. Não é cabível essa ação contra uma decisão judicial. sociais, quais sejam: a educação, a saúde, a alimentação o
Por permitir que o cidadão defenda diretamente os trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
interesses do povo, pode‑se considerar a ação popular uma previdência social, a proteção à maternidade e à infância
forma de exercício da democracia direta. e a assistência aos desamparados56.
Não existe foro por prerrogativa de função em relação à Esses direitos, delineados no art. 6º da CF, possuem um
ação popular. Assim, ainda que a ação seja ajuizada contra caráter protetivo, assistencial. Trata‑se de direitos funda-
o Presidente da República, não será julgada pelo Supremo mentais de segunda geração (introduzidos em larga escala
Tribunal Federal. no Brasil com a política social introduzida por Getúlio Vargas,
principalmente em 1934). Outros direitos sociais podem ser
Legitimidade ativa: só podem ajuizar ações populares encontrados no Título VIII do texto constitucional.
os cidadãos, ou seja, aqueles que possuam direitos políticos. Os direitos sociais consubstanciam, em sua grande maio-
Ficam excluídas, portanto, as pessoas jurídicas e as pessoas fí- ria, normas programáticas. Esse tipo de norma possui eficácia
sicas que não estejam no pleno gozo de seus direitos políticos. limitada, exigindo, para seu alcance, a construção de políticas
públicas pelo legislador constituído. Questão tormentosa
Legitimidade passiva: a ação popular deve ser ajuizada que hoje se apresenta é aquela relativa à possibilidade de
19
sentido de que o Estado não pode deixar de atender à popu- • Salário mínimo, fixado em lei e nacionalmente uni
lação sob a alegação de que não possui receita orçamentária. ficado. Mesmo aqueles que recebem remuneração
A maioria dos casos se relaciona à atuação do Estado na área variável não podem receber nunca salário inferior ao
da saúde, nos quais o Tribunal tem julgado procedentes re- mínimo.
cursos interpostos com o objetivo de se autorizar a compra
de medicamentos. O salário mínimo deve ter aumentos periódicos, de modo
Conforme estudamos, o Brasil terá como um de seus fun- a manter seu poder aquisitivo. O reajuste, porém, deve ser
damentos a busca da função social do trabalho e, para tanto, veiculado por lei, nada impedindo que a matéria seja tratada
prevê a Constituição Federal alguns direitos do trabalhador. também por meio de medida provisória.
Os direitos dos trabalhadores podem ser divididos em duas O salário mínimo atender às necessidades básicas do
categorias: direitos individuais e direitos coletivos do trabalho. trabalhador e de sua família, com moradia, alimentação,
Os trabalhadores urbanos e rurais são tratados de forma igua- educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
litária, sendo que a maioria dos seus direitos individuais está previdência social.
A economia não pode ser indexada ao salário mínimo. Em
descrita no art. 7º da CF, que passaremos a estudar.
outras palavras, o salário mínimo não pode servir de valor
Antes de visualizarmos os direitos em espécie, devemos
de referência, vinculando reajustes de preços e serviços. Isso
registrar que para o Direito do Trabalho não há uma total evita que os reajustes periódicos deixem de surtir efeitos
coincidência entre os termos “trabalhador” e “emprega- reais, já que, ao mesmo tempo em que o salário mínimo
do”, sendo que o segundo pressupõe o preenchimento de aumentasse, toda a economia sofreria um fenômeno infla-
diversos requisitos, como a habitualidade, a onerosidade, cionário automático.
a subordinação e a pessoalidade. Para o Direito Constitu- A Suprema Corte entende que o salário mínimo não pode
cional, porém, de natureza marcantemente principiológica, servir de base de cálculo de nenhum adicional, inclusive do
essa distinção deixa de ter importância, de tal forma que adicional de insalubridade. Nesse julgamento foi aprovada a
utilizaremos os dois termos indiscriminadamente. quarta súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, que
recebeu a seguinte redação:
Isonomia Trabalhista
Salvo os casos previstos na Constituição, o salário
A Constituição Federal se preocupou com a discriminação mínimo não pode ser usado como indexador de base
entre os trabalhadores que apresentam formas diferentes de cálculo de vantagem de servidor público ou de
de contratos. Sendo assim, cuidou o texto de impor o trata- empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
mento igualitário entre os trabalhadores:
• urbanos e rurais; Nada impede que pensões, estipuladas em virtude de
• portador de deficiência; ato ilícito (morte de um pai de família, por exemplo), sejam
• trabalhador manual, técnico e intelectual; fixadas com base no salário mínimo, já que essas prestações
• trabalhadores com vínculo empregatício permanente buscam satisfazer as necessidades básicas tratadas pelo
e trabalhador avulso57; art. 7º, IV, da CF. Então, se alguém atropela um trabalhador,
• não pode, ainda, haver diferenças por motivos de sexo, pode ser obrigado a pagar um salário mínimo à viúva, du-
idade, cor ou estado civil. rante o prazo provável em que a vítima teria de sobrevida,
sem que isso signifique ofensa à proibição de vinculação ao
Proteção da Relação de Trabalho salário mínimo.
• Piso salarial: é aquele valor considerado como o mí-
nimo a ser pago por determinada empresa. Não deve
• Proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa
ser confundido com o salário mínimo profissional.
causa, a ser definida em lei complementar, que deve
• Irredutibilidade do salário: não é possível ao em-
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
tiva/2010. tiva/2010.
20
sa, conforme definido em lei, sendo que a participa desse no acidente. As ações acidentárias atualmente são
ção na gestão tem um caráter excepcional59. julgadas na Justiça do Trabalho (art. 114 da CF).
• Salário‑família, pago por cada dependente do traba-
lhador de baixa renda, nos termos da lei. Prescrição Trabalhista
• Remuneração das horas extras em pelo menos cin
quenta por cento superior à hora normal60. A legisla- • A prescrição resulta da perda de uma pretensão em
ção, porém, pode determinar a aplicação de hora extra virtude da inércia de seu titular. O direito de ação, vi-
em percentual superior em casos específicos. sando ao recebimento de créditos trabalhistas, existe
• Remuneração paga em virtude do gozo de férias, desde que o empregado busque a proteção jurisdi-
correspondente a 1/3 (um terço) do salário normal, cional no prazo de cinco anos após o surgimento do
independentemente da remuneração ordinariamente direito reclamado, limitado tal prazo a dois anos após
devida no período. o término do contrato de trabalho. Anteriormente,
• Pagamento de adicional para as atividades penosas havia uma diferenciação para o prazo prescricional dos
(que exigem muito esforço do trabalhador), insalubres trabalhadores rurais. Porém, com a Emenda Constitu-
(que oferecem risco à saúde do trabalhador) ou peri- cional nº 28/2000, o prazo passou a ser único para os
gosas (que apresentam risco de morte ao trabalhador). trabalhadores urbanos e rurais.
Interessante notar que, no caso de morte do trabalha-
Jornada de Trabalho dor, se aplica apenas o prazo de cinco anos, sem se le-
var em conta o prazo de dois anos. Assim, a prescrição
• Jornada de trabalho não superior a oito horas diárias total dos direitos ocorrerá apenas cinco anos após a
de forma a não ultrapassar, no total, quarenta e quatro morte do trabalhador.
horas semanais. Por meio de acordo ou convenção
coletiva é possível a compensação de horários ou Vejamos alguns exemplos de prescrição.
redução de jornada.
O turno ininterrupto de revezamento, hipótese na
qual o empregado não desfruta do intervalo intrajor-
nada, exige jornada de trabalho máxima de seis horas,
salvo negociação coletiva61. O STF, no julgamento do
RE nº 205.815/RS firmou o entendimento de que o
fato de a empresa conceder intervalo para descanso
e refeição não descaracteriza o turno ininterrupto de
revezamento, com direito a jornada de seis horas,
prevista no art. 7º, XIV, da Constituição Federal.
• Repouso semanal remunerado. Tal repouso deve ser
concedido preferencialmente aos domingos.
• Férias anuais remuneradas, com o pagamento de um
adicional correspondente a 1/3 do salário normal,
conforme tratado anteriormente. Interessante notar
que, apesar de o direito de férias possuir fundamento
constitucional, o período de gozo das férias não tem Maioridade Trabalhista
cunho constitucional, sendo definido pela legislação.
Assim, uma eventual redução do período de férias, • Os menores de 18 anos não podem exercer trabalho
visando à flexibilização das relações trabalhistas, no noturno, perigoso ou insalubre62. Somente a legislação
ponto, sequer exigiria a edição de norma constitucio- infraconstitucional restringe o exercício de atividade
21
Com a nova redação do art. 7º, parágrafo único, dada vínculo permanente e trabalhador avulso. Alguns desses não
pela EC nº 72/2013, foram assegurados aos trabalhadores são previstos, pois são incompatíveis com o vínculo domés-
domésticos os seguintes direitos em total equiparação aos tico, como a distribuição de lucros e o trabalhador avulso.
demais trabalhadores: O rol de direitos aqui apresentado é meramente exem-
• salário mínimo; plificativo, sendo que outros podem ser previstos na própria
• irredutibilidade de salário; Constituição ou pela legislação infraconstitucional. Nesse
• garantia de salário mínimo a quem percebe remune- sentido, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional
ração variável; o art. 118 da Lei nº 8.213/1991, que garante a manutenção
• décimo terceiro salário; do contrato de trabalho, em caso de acidente de trabalho,
• proteção do salário, constituinte crime sua retenção dolosa; pelo prazo mínimo de doze meses.
• jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias e
quarenta e quatro semanais; Sindicatos
• repouso semanal remunerado; Em nosso País, é livre a associação profissional ou sin-
• hora extra; dical, constituindo uma importante forma de proteção dos
• férias anuais remuneradas; direitos sociais. Assim, seria inconstitucional a estipulação
• licença à gestante; por meio da legislação de restrições à liberdade de criação
• licença-paternidade; de sindicatos ou associação profissional. Isso não significa,
• aviso prévio proporcional; porém, que não existam na Constituição inúmeras restri-
• redução dos riscos inerentes ao trabalho; ções à sua atuação. O texto constitucional, por exemplo,
• aposentadoria; estipula que somente é permitida a criação de uma única
• reconhecimento das convenções e acordos coletivos organização sindical, para cada categoria profissional ou
de trabalho; econômica, em cada base territorial, que nunca será inferior
• proibição de diferença de salários, de exercício de à área de um Município. Não existe, portanto, concorrência
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, entre sindicatos, já que cada trabalhador estará vinculado
idade, cor ou estado civil; a uma categoria, que, por sua vez, terá um único sindicato
• proibição de discriminação do trabalhador portador na base territorial.
de deficiência; Os sindicatos não dependem de autorização do Estado
• proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a para sua fundação, porém a Constituição impõe que sejam
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores registrados no órgão competente. Dispõem, assim, de direito
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a de auto‑organização, que impede a interferência e a inter-
partir dos quatorze anos. venção estatal na organização sindical.
Além disso, cabe registro de que os trabalhadores tam-
Outros direitos foram estendidos, porém com ressal- bém são livres para decidir se serão ou não inscritos nos
vas. A Constituição define que os direitos a seguir devem quadros do sindicato. Mesmo que não inscrito no sindicato,
ser conferidos às empregadas domésticas se atendidas as o trabalhador possui direito de ser protegido por essa ins-
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação tituição. A filiação ao sindicato pode trazer algumas prer-
do cumprimento das obrigações tributárias, decorrentes da rogativas que não são previstas em lei como, por exemplo,
relação de trabalho doméstico e suas peculiaridades. Em a utilização de serviços assistenciais (clubes de recreação,
outras palavras, podemos dizer que são direitos que depen- planos de saúde etc.), que são um atrativo à filiação.
dem de regulamentação específica, que levará em conta as O objetivo do sindicato é a defesa dos interesses da
características e peculiaridades da relação doméstica, que é categoria, razão pela qual, por exemplo, é obrigatória a parti-
marcada por um grau de informalidade e pela simplicidade cipação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
do empregador, que não possui tanto aparato econômico e Essa defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais da
burocrático quanto uma empresa. São eles: categoria envolve tanto questões judiciais quanto administra-
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
• relação de emprego protegida contra a despedida ar- tivas. Na defesa no âmbito judicial, os sindicatos exercem o
bitrária ou sem justa causa, inclusive com indenização que se denomina direito de substituição processual, no qual
compensatória, dentre outros direitos; se defende em nome próprio direito alheio. A substituição
• seguro-desemprego, em caso de desemprego involun- processual é feita sem a necessidade de autorização de seus
tário; filiados ou dos integrantes da categoria.
• fundo de garantia do tempo de serviço; Quanto à substituição processual, cabe notar que se for-
• remuneração do trabalho noturno superior à do diur- maram duas correntes. A primeira entendia que os sindicatos
no; poderiam defender interesses coletivos (supraindividuais)
• salário-família; e individuais homogêneos, mas não teria a capacidade de
• assistência gratuita aos filhos e dependentes desde executar a sentença, papel que caberia individualmente aos
o nascimento até cinco anos de idade, em creches e beneficiados. A segunda corrente, mais ampliativa, defendia a
pré-escolas; possibilidade ampla de os sindicatos defenderem os interesses
• seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do em- da categoria. No julgamento do RE nº 210.029‑STF, a Supre-
pregador, sem excluir a indenização no caso de dolo ma Corte, em votação por maioria, definiu a prevalência em
ou culpa; nosso País da segunda corrente, findando, assim, a discussão
• integração à previdência social. a respeito da amplitude do art. 8º, III, da CF. De acordo com o
Supremo Tribunal Federal, o art. 8º, III, da CF, assegura ampla
Continuaram sem previsão o piso salarial, a participa- legitimidade ativa ad causam dos sindicatos como substitutos
ção nos lucros, jornada reduzida para turnos ininterruptos, processuais das categorias que representam na defesa de di-
proteção do mercado de trabalho da mulher, adicional por reitos e interesses coletivos ou individuais de seus integrantes.
atividades penosas, insalubres ou perigosas, proteção em A contribuição confederativa/assistencial, destinada
face da automação, ação trabalhista com prazo prescricional à manutenção do sistema confederativo, será fixada em
de cinco anos, proibição de distinção entre trabalho manual, assembleia, tem incidência facultativa aos trabalhadores
técnico ou intelectual e igualdade entre trabalhador com da categoria e não se confunde com a contribuição sindical,
22
fixada em lei e de pagamento obrigatório por todos aqueles III – fundo de garantia do tempo de serviço;
que integram a categoria. IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifica-
Os aposentados têm direito de votar e serem votados nas do, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
organizações sindicais. A Carta Maior traz ainda a estabilida- de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
de sindical, que significa que o empregado sindicalizado não lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
pode ser dispensado a partir do registro da candidatura a reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se V – piso salarial proporcional à extensão e à complexi-
cometer falta grave. dade do trabalho65;
Por fim, note‑se que as disposições constitucionais VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
acerca dos sindicatos também se aplicam à organização de convenção ou acordo coletivo66;
sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
condições que a lei estabelecer. os que percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração
Considerações Finais integral ou no valor da aposentadoria;
A Constituição Federal de 1988 assegura aos trabalha IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
dores o direito de greve63, que não deve, no entanto, ser diurno;
confundido com o direito de greve dos servidores públicos, X – proteção do salário na forma da lei, constituindo
o qual possui fundamento em norma de eficácia limitada, crime sua retenção dolosa;
prescrita no art. 37, VII, da Constituição Federal. XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
Essa prerrogativa deverá ser utilizada segundo a vontade da remuneração, e, excepcionalmente, participação na ges-
dos trabalhadores, não sendo admitida a greve do empre- tão da empresa, conforme definido em lei;
gador, chamada lock out. Dessa forma, compete aos traba- XII – salário‑família pago em razão do dependente do
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
de greve e os interesses que devam por meio dele defender. XIII – duração do trabalho normal não superior a oito
A lei deve definir os serviços ou atividades essenciais, dis- horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
pondo sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da compensação de horários e a redução da jornada, mediante
comunidade, bem como deve prever penalidades para o caso acordo ou convenção coletiva de trabalho;
de cometimento de abusos no exercício do direito de greve. XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado
Dispõe ainda o texto constitucional, que é assegurada em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
a participação dos trabalhadores e dos empregadores nos coletiva;
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão aos domingos67;
e deliberação. XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no
Finalizando o rol do Capítulo II do Título II, dispõe o texto mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
constitucional que é assegurada, nas empresas com mais XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-
de duzentos empregados, a eleição de um representante nos, um terço a mais do que o salário normal;
dos trabalhadores com a finalidade exclusiva de promover XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
o entendimento direto com os empregadores. Seria assim, salário, com a duração de cento e vinte dias;
um verdadeiro representante eleito pelos empregados para XIX – licença‑paternidade, nos termos fixados em lei68;
a defesa de seus direitos junto ao empregador. Cabe ressal- XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
var que isso não retira a obrigatoriedade da intervenção do diante incentivos específicos, nos termos da lei;
sindicato nas negociações coletivas de trabalho. XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei69;
23
a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº 28, Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
de 25/5/2000) e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, de discussão e deliberação.
cor ou estado civil; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante é assegurada a eleição de um representante destes com a
a salário e critérios de admissão do trabalhador portador finalidade exclusiva de promover‑lhes o entendimento direto
de deficiência; com os empregadores.
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual,
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Nacionalidade
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a Nacionalidade é o laço de caráter político e jurídico que
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, liga um indivíduo a um determinado Estado, de forma a
a partir de quatorze anos; qualificá‑lo como parte integrante do povo. Esse laço traz em
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com si muitos direitos e muitos deveres àqueles que se enquadram
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. nos requisitos necessários à aquisição de uma nacionalidade.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba-
lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, Origem da Nacionalidade
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas A nacionalidade pode ser adquirida por um critério terri-
em lei e observada a simplificação do cumprimento das torial ou por critério hereditário. No primeiro caso, trata‑se
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes do ius soli, hipótese na qual se adquire uma nacionalidade em
da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos virtude do nascimento dentro do território de determinado
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua in- Estado. Por outro lado, a aquisição de uma nacionalidade
tegração à previdência social. (Redação dada pela Emenda pode decorrer da nacionalidade dos pais do indivíduo, caso
Constitucional nº 72, de 2013) em que teremos um direito transferido de maneira consan-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob- guínea, hereditária, o que a doutrina denomina ius sanguinis.
servado o seguinte: Na maioria dos países, os critérios utilizados para a con-
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para cessão do vínculo da nacionalidade combinam os critérios
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão consanguíneo e territorial, como no caso do Brasil, que
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a veremos à frente.
intervenção na organização sindical; Cabe notar que o Direito Constitucional tem um caráter
II – é vedada a criação de mais de uma organização histórico muito marcante, decorrente da evolução gradativa
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria pro- nos negócios do Estado. Dessa maneira, conseguimos per-
fissional ou econômica, na mesma base territorial, que será ceber fatores históricos que influenciam demasiadamente
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, na adoção dos critérios de nacionalidade. Por exemplo,
não podendo ser inferior à área de um Município; em países que tiveram forte movimento emigratório ou
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses que apresentam baixa densidade demográfica, percebe‑se
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões uma tendência à adoção do critério do ius sanguinis (ex.:
judiciais ou administrativas; Itália e Japão). Em outros, porém, que recebem um grande
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se contingente de imigrantes ou que possuem alta densidade
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, demográfica, nota‑se que o critério do ius soli ganha mais
para custeio do sistema confederativo da representação sindical força (ex.: Estados Unidos da América).
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
24
de um país que adota exclusivamente o critério do ius soli e cionalidade tem caráter personalíssimo (só pode ser exercida
terem seu filho em um país que apenas aceita o ius sanguinis. pelo titular do direito), só podendo ser exercida quando o
A criança não possuirá a nacionalidade do país de origem indivíduo adquirir a capacidade civil, ou seja, o menor não
de seus pais nem a nacionalidade do país em que nasceu. pode ser representado ou assistido pelos pais para exercer
O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos a opção. Assim sendo, depois de atingir a maioridade civil,
estatui que todos têm direito a uma nacionalidade e proíbe a opção passa a ser condição suspensiva da nacionalidade
que as pessoas sejam privadas de sua nacionalidade ou que brasileira, isto é, o direito só vale a partir do implemento da
sejam obrigados a mudar a nacionalidade de forma arbitrária. condição. O menor, antes da opção, é, portanto, brasileiro
nato, sendo que, após a maioridade, a opção passa a cons-
Formas de Aquisição de Nacionalidade no Brasil tituir condição para a continuidade do vínculo do indivíduo
com o Brasil. A necessidade da maioridade para a realiza-
Primária (brasileiros natos) ção da opção foi positivada pela Emenda Constitucional
A Constituição brasileira denominou natos aqueles bra- nº 54/2007, que inseriu, ainda, a possibilidade de registro
sileiros que adquirem a nacionalidade primária. A naciona em repartição brasileira no exterior.
lidade primária pode ser estabelecida pelo ius soli (critério
territorial), que é aquele determinado pelo local de nasci Secundária
mento, ou pelo ius sanguinis (critério hereditário), quando Existem duas formas de se adquirir a nacionalidade
a aquisição se dá pela ascendência, ou seja, pelo sangue73.
brasileira, que estão previstas na Constituição Federal. Há
No Brasil os critérios de ius soli e ius sanguinis foram
outras hipóteses de naturalização, que são previstas em lei,
adotados de forma mesclada, de tal maneira que diversas
mas não possuem cunho constitucional, estando afetas à
hipóteses descritas no texto constitucional envolvem ques-
tões territoriais e hereditárias ao mesmo tempo. matéria Direito Internacional Público. Deixaremos de tratar
das hipóteses legais, referindo‑nos apenas às hipóteses
São brasileiros natos: previstas expressamente no texto constitucional.
1º caso: São brasileiros naturalizados:
• nascidos no Brasil; 1º Caso (naturalização ordinária)
• excetuando‑se os filhos de pais estrangeiros a serviço • ser um estrangeiro originário de país de língua por
de seu país de origem. tuguesa;
2º caso: • residir há pelo menos um ano, sem interrupção, no
• nascidos no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasilei Brasil;
ro (não importa se nato ou naturalizado), a serviço • possuir idoneidade moral, ou seja, ter uma conduta
do Brasil74. Por exemplo, o filho de uma diplomata moralmente correta perante a sociedade.77
brasileira a serviço do Brasil em Cuba. A utilização do 2º Caso (naturalização extraordinária)
termo ou deixa claro que basta que um dos genitores • ser estrangeiro, de qualquer nacionalidade;
esteja na situação descrita para que o filho receba a • residir no Brasil há pelo menos quinze anos, sem
nacionalidade brasileira. interrupção;
Ex.: conforme disposição da CF, será brasileiro nato • não possuir condenação penal;
o filho, nascido em Paris, de mulher alemã e de em- • requerer a naturalização.78
baixador brasileiro que esteja a serviço do governo
brasileiro naquela cidade quando do nascimento do O primeiro caso de naturalização depende de um ato
filho.75 discricionário do Presidente da República, enquanto o se-
3º caso: gundo caso configura um direito subjetivo do estrangeiro,
• nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiros, ficando o Estado brasileiro obrigado a concedê‑la caso todos
desde que: os requisitos estejam preenchidos. A concessão da naturali-
25
Observação: aos portugueses residentes no Brasil • adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos em que
podem ser atribuídos os mesmos direitos reservados é admitida a dupla nacionalidade:
aos brasileiros naturalizados107. Tal instituto, chamado – concessão de nacionalidade estrangeira de forma
de quase nacionalidade (a ser estudado a seguir), não originária pela lei estrangeira, ou seja, o brasileiro não
pode ser confundido com a naturalização ordinária. tenha optado por adquiri‑la. Ainda que o brasileiro se
esforce por reconhecer essa nacionalidade, esse reco-
79
nhecimento não pode ser confundido com pedido de
Quase Nacionalidade naturalização, já que se trata de nacionalidade originá-
ria. Tal situação é muito comum com os descendentes
É possível que os portugueses possuam todas as prerro- de italianos, caso em que a nacionalidade italiana é
gativas dos brasileiros naturalizados, caso em que teremos a concedida pelo critério do ius sanguinis, tornando o
figura do português equiparado. Para obter um certificado de brasileiro um polipátrida.
equiparação, é necessário que o português venha a residir – exigência da aquisição da nacionalidade estrangeira
no Brasil e que haja reciprocidade em relação aos brasileiros para que o brasileiro exerça seus direitos civis no país
que venham a residir em Portugal. Não há, como se pode estrangeiro, ou para que permaneça no território desse
perceber, um prazo mínimo de residência e sequer critérios país.
quanto à índole do português que requer a naturalização.
Cabe ressaltar que a quase nacionalidade não é concedida Dispositivos Constitucionais
a todos aqueles que sejam oriundos de países que adotem
o idioma português como língua oficial, mas apenas àqueles TÍTULO II
que sejam oriundos da República de Portugal. Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Nesse caso, não teremos um português naturalizado .............................................................................................
brasileiro, mas sim, um português que, mesmo sem se natu- CAPÍTULO III
ralizar, possui todos os direitos que são conferidos aos brasi- Da Nacionalidade
leiros naturalizados, bastando um certificado de equiparação.
Art. 12. São brasileiros:
Distinções entre Natos e Naturalizados I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Não poderá haver distinções entre brasileiros natos e na- que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
turalizados, salvo nos casos previstos na Constituição, a saber: serviço de seu país84;
• possibilidade de extradição apenas dos brasileiros b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
naturalizados (art. 5º, LI, da CF); brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
• restrições quanto à propriedade de empresas de República Federativa do Brasil;
comunicação social para os brasileiros naturalizados, c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
consistente na exigência de um mínimo de dez anos brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasi-
de naturalização (art. 222 da CF); leira competente ou venham a residir na República Federativa
• previsão de cargos privativos de brasileiros natos do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
(art. 12, § 3º, da CF). maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II – naturalizados:
São cargos privativos, ou seja, reservados apenas aos a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileiros natos: brasileira, exigidas aos originários de países de língua
• Presidente e Vice‑Presidente da República80; portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
• Presidente da Câmara dos Deputados81; idoneidade moral;
• Presidente do Senado Federal; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
• Ministro do Supremo Tribunal Federal82; na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
• Carreira diplomática; ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram
• Oficial das Forças Armadas83; a nacionalidade brasileira.
• Ministro de Estado da Defesa; § 1º Aos portugueses com residência permanente no
• Membros do Conselho da República (art. 89, VII), que País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
define a existência de seis brasileiros natos a serem atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
indicados para esse Conselho. previstos nesta Constituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi-
Perda da Nacionalidade leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
Constituição.
Perderá a nacionalidade o brasileiro que: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
• tiver contra si sentença judicial que cancele a naturali- I – de Presidente e Vice‑Presidente da República;
zação, por haver o brasileiro cometido atividade nociva II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
ao interesse nacional (não alcança os natos). III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
79
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci-
vil/2012. V – da carreira diplomática;
80
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ VI – de oficial das Forças Armadas;
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. VII – de Ministro de Estado da Defesa.
81
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasi-
82
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judi- leiro que:
ciário/2012; FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/ I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judi-
Auxiliar Administrativo/2012; Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secre-
taria Nacional de Defesa Civil/2012 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
Técnico Judiciário/2010.
83
Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012. Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2013.
84
26
II – adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: é que, naquele, o Estado realiza a consulta pública antes de
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela editar o ato, enquanto no referendo, o ato é instituído an-
lei estrangeira; teriormente à consulta pública. Tanto no plebiscito quanto
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, no referendo a decisão popular é soberana.
ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição Um exemplo prático de plebiscito decorreu da previsão
para permanência em seu território ou para o exercício de contida no art. 2º do ADCT. Em tal dispositivo, havia a pre-
direitos civis. visão de um plebiscito a ser realizado com a finalidade de
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú- se estipular a forma de governo (república ou monarquia
blica Federativa do Brasil. constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ou presidencialismo). Tal plebiscito, que fora previsto ini-
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. cialmente para o dia 7 de setembro de 1993, acabou sendo
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode- transferido para a data de 21 de abril de 1993 pela Emenda
rão ter símbolos próprios. Constitucional nº 2/1992.
Quanto ao referendo, podemos citar aquele realizado em
Direitos Políticos outubro de 2005, com a finalidade de decidir a respeito do
fim do comércio de armas e munição no Brasil.
Esta parte da Constituição prevê uma série de regras De acordo com o art. 49, XV, da Constituição, compete
destinadas a delimitar a forma de atuação do indivíduo nas exclusivamente ao Congresso Nacional, independentemente
decisões políticas do Estado. Aquele que se enquadra nos de sanção do Presidente da República, autorizar o referendo
requisitos impostos pela Constituição para atuar ativamente e convocar plebiscito. A Lei nº 9.709/1998 regulamentou o
na vida política do País recebe a denominação “cidadão”. exercício do referendo e do plebiscito, assim definindo os
A atuação política é um direito público subjetivo que institutos em seu art. 2º:
confirma a opção feita no parágrafo único do art. 1º da
Constituição Federal, de um regime político democrático, Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formu-
no qual “o poder emana do povo, que o exerce por meio de ladas ao povo para que delibere sobre matéria de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta acentuada relevância, de natureza constitucional,
Constituição”. legislativa ou administrativa.
A participação indireta do povo no poder ocorre com a § 1º O plebiscito é convocado com anterioridade a
representação. Nesta, o representante exerce um mandato ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo,
e não fica vinculado à vontade dos representados. Além pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido
disso, o eleito não representa apenas os seus eleitores, mas submetido.
toda a população de um território. Desse modo, o mandato § 2º O referendo é convocado com posterioridade a
é considerado livre e geral.85 ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo
a respectiva ratificação ou rejeição.
A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos86.
A iniciativa popular de lei é uma forma de os cidadãos
Deve‑se ter muito cuidado com esses termos:
iniciarem um projeto de lei, que será votado pelo Congresso
• Sufrágio é o núcleo básico do direito político, que se
Nacional, pelas Assembleias Legislativas ou pelas Câmaras
exprime pela capacidade de atuar politicamente, vo-
Municipais de Vereadores, conforme a iniciativa seja de ato
tando, sendo votado etc. O sufrágio aqui adotado é o
legislativo federal, estadual ou municipal, respectivamente.
universal, que garante a todos o direito do voto com
Cabe ressaltar que o termo “iniciativa popular” não é o mais
peso único, contrapondo‑se ao sufrágio censitário ou
adequado, pois não é qualquer um do povo que pode iniciar
capacitário, em que há critérios discriminatórios para
o processo legislativo, mas tão somente os cidadãos.
o acesso à cidadania.
Os requisitos para a iniciativa popular variam segundo a
• Voto representa o próprio exercício do poder decisório.
27
Podem ou não se alistar e votar, ou seja, possuem alis- rada a vida pregressa do candidato, e a normalidade
tamento e voto facultativo o analfabeto, o maior de setenta e legitimidade das eleições contra a influência do
anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. poder econômico ou o abuso do exercício da função,
Cabe lembrar que tanto o alistamento eleitoral quanto o voto cargo ou emprego na administração direta e indireta.
são facultativos. Assim, um cidadão que se aliste aos dezessete
anos, ainda assim, mantém a sua opção de votar ou não. Esse papel é exercido pela Lei Complementar nº 64/1990.
Não podem se alistar, sendo considerados, portanto, Não é possível a criação de inelegibilidade por lei ordi-
inalistáveis, os estrangeiros e, durante o serviço militar nária ou medida provisória. Não cabe à lei complementar
obrigatório, os militares conscritos87. a criação de inelegibilidades absolutas, papel reservado à
própria Constituição.
Capacidade Eleitoral Passiva – Condições de Há vários tipos de inelegibilidade:
Elegibilidade • absoluta: são impedimentos para a eleição em qual-
quer cargo.
Para que um cidadão possa se candidatar é necessário São absolutamente inelegíveis os inalistáveis (como os
comprovar sua elegibilidade. Para tanto, são necessários estrangeiros e militares conscritos88) e os analfabetos.
alguns requisitos: O rol de inelegibilidades absolutas é taxativo, sendo
• Nacionalidade brasileira. A nacionalidade brasileira impossível o seu implemento por meio de lei.
nata só é exigível para a candidatura a Presidente da • relativa: não são impedimentos relativos à própria
República e Vice‑Presidente da República. Nos cargos pessoa, mas a uma condição circunstancial que restrin-
de senador e deputado federal, a nacionalidade nata ge o exercício da capacidade eleitoral passiva no que
só é exigida do presidente da respectiva Casa. tange a certos cargos. A Constituição Federal admite
• Pleno exercício dos direitos políticos. Se o cidadão a criação de novas inelegibilidades relativas por meio
sofre uma suspensão ou perda dos direitos políticos, de lei complementar. Tratando dessas inelegibilidades
por exemplo, não está apto a ocupar um cargo público legais, temos a Lei Complementar nº 64/1990.
eletivo.
• Alistamento eleitoral. É possível o exercício isolado da Inelegibilidades Relativas
capacidade eleitoral ativa, ou seja, é possível que uma O doutrinador Alexandre de Moraes, em seu Direito
pessoa possa votar sem ter capacidade de ser votado, Constitucional, sintetizou com grande clareza as possíveis
tal qual os analfabetos. Por outro lado, o exercício da inelegibilidades relativas. Ousamos, porém, em discordar
capacidade eleitoral passiva depende do alistamento quanto à suposta inelegibilidade relativa referente aos mi-
como eleitor, de tal forma que não é possível ser votado litares. As regras distintas, aplicadas aos militares com mais
sem ter a capacidade de votar. ou com menos de dez anos de serviço, não são, em verdade,
• Domicílio eleitoral na circunscrição. O domicílio inelegibilidades, tendo em vista que não impedem de ne-
eleitoral, que não se confunde com o domicílio civil, nhuma forma o exercício da capacidade eleitoral passiva por
é aquela região onde o cidadão se alista e mantém parte daquele que compõe as forças armadas ou as forças
algum vínculo. militares estaduais. Trata‑se, como veremos, de uma regra
• Filiação partidária. Não é permitida a candidatura funcional castrense, que somente definirá a possibilidade de
de candidato não filiado a partido político. Existem permanência do candidato nas forças armadas.
regras próprias para a candidatura daqueles que não A primeira inelegibilidade que encontramos é a inele-
podem exercer atividade político‑partidária, tais como gibilidade por motivos funcionais. Nesse caso, temos que
os militares. os chefes do Poder Executivo federal, estadual, distrital e
• Idade mínima. A idade mínima será definida de acor- municipal e quem os houver sucedido ou substituído ao
do com o cargo que o candidato pretende ocupar. longo do mandato somente poderão ser reeleitos para um
Segundo o art. 11, § 2º, da Lei nº 9.504/1997, o preen- único período subsequente.
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
chimento desse requisito será verificado com base na Essa possibilidade foi inserida pela Emenda Constitucio-
data da posse, não do registro da candidatura. Vejamos nal nº 16/1997, beneficiando o então Presidente da República,
quais são as idades relativas a cada cargo eletivo de Fernando Henrique Cardoso (1995‑1998 e 1999‑2002). Tam-
nossa república: bém foi reeleito o Presidente da República Luiz Inácio Lula da
– trinta e cinco anos para Presidente da República, Silva (2003‑2006 e 2007‑2010). A experiência mostrou que
Vice‑Presidente da República e senador; há forte tendência de que o povo venha a preferir a estabi-
– trinta anos para governador e vice‑governador; lidade, evitando a quebra do ciclo iniciado pelo Presidente
– vinte e um anos para deputado federal, estadual e da República em seu primeiro mandato. Essa tendência tam-
distrital, prefeito, vice‑prefeito e juiz de paz; e bém pode ser verificada em outros países, como os Estados
– dezoito anos para vereador. Unidos da América do Norte.
O que se proíbe não é o exercício de mais de dois man-
Inelegibilidade datos, mas que se exerça mais de dois mandatos de forma
sucessiva. Nesse ponto, a Constituição brasileira se distingue
As inelegibilidades são condições impeditivas do exercício da Norte Americana, que proíbe que alguém exerça o car-
da capacidade eleitoral passiva. A Constituição traz algumas go de Presidente da República mais de uma vez, de forma
hipóteses de inelegibilidade e prevê que uma lei complemen- sucessiva ou não.
tar deverá estabelecer A renúncia antes do término do mandato não retira a
vedação a um terceiro mandato sucessivo, já que, do con-
outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua ces- trário, a norma poderia ser facilmente burlada, bastando
sação, a fim de proteger a probidade administrativa, que se renunciasse em períodos muito próximos ao fim
a moralidade para o exercício do mandato, conside- do mandato. Além disso, essa vedação também alcança as
trativa/2010. tiva/2013.
28
eleições previstas no art. 81 da CF, que são aquelas abertas para cargos no Município, os parentes do governador ficam
no caso de vacância dos cargos de Presidente da República e impedidos de se elegerem pelo próprio Estado e os paren-
Vice‑Presidente da República antes do término do mandato. tes do Presidente da República não podem se eleger para
Também não é possível que o titular de dois mandatos qualquer cargo no território brasileiro. Já houve decisão do
presidenciais sucessivos venha a se candidatar a Vice‑Presi- TSE que estendeu esse impedimento não só para o cônjuge,
dente, ainda que realize a desincompatibilização, pois o vice mas também para o companheiro, ou seja, aquele a que se
substitui e sucede o presidente. Assim, teríamos a possibilidade une por meio de uma união estável. Interessante notar que
de um indivíduo exercer o cargo três vezes consecutivas. a união estável entre pessoas do mesmo sexo, denominada
Diferente é a situação do vice, que possui interessantes homoafetiva ou homossexual, também resulta em inelegi-
posicionamentos jurisprudenciais. Vejamos: bilidade, equiparando‑se ao casamento para tais efeitos.
• O vice, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do A desincompatibilização (afastamento do cargo nos
titular, mesmo se houver substituído o titular durante seis meses anteriores ao pleito) também traz reflexos para
o mandato. a inelegibilidade reflexa. Assim, de acordo com o entendi-
• Se o vice houver substituído o titular nos últimos seis mento do Tribunal Superior Eleitoral, caso o titular do cargo
meses anteriores à eleição, poderá se candidatar ao eletivo executivo renuncie ao mandato seis meses antes das
cargo do titular, mas não poderá buscar, posterior- eleições, seus parentes e cônjuge (ou companheiro) poderão
mente, a reeleição. A substituição já terá contado se candidatar para cargos eletivos no mesmo território de
como um primeiro mandato. Essa mesma regra, com jurisdição.
maior razão, também é aplicada no caso de sucessão, Cabe, porém, uma ressalva no sentido de que o parente
a qualquer tempo. somente poderá ocupar o mesmo cargo preenchido pelo
• Se o vice desejar disputar cargo que não seja o do seu renunciante por uma vez consecutiva. Então, se João, pai de
respectivo titular, deverá obedecer à norma descrita Marília, é prefeito de uma cidade e realiza a desincompati-
no art. 1º, § 2º, da LC nº 64/1990, que assim dispõe: bilização, Marília somente poderá ocupar o cargo por um
mandato. Essa regra se mostra de extrema importância, pois
o Vice‑Presidente, o Vice‑Governador e o Vice‑Pre- considera os parentes como um único candidato, mesmo que
feito poderão candidatar‑se a outros cargos, preser- pela via reflexa, evitando assim a perpetuação de oligarquias
vando os seus mandatos respectivos, desde que, no poder pela técnica do revezamento entre membros da
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não mesma família. A possibilidade de ocupar o cargo de chefe
tenham sucedido ou substituído o titular. do Poder Executivo não será concedida ao parente, porém,
se o atual ocupante estiver no segundo mandato, caso em
• Se o vice houver sucedido o titular, ele ocupará de que, efetuada a desincompatibilização por um prefeito, por
forma plena esse cargo e, com isso, recebe também exemplo, o parente fica elegível, não podendo, entretanto, se
todas as incompatibilidades. Dessa forma, caso queira candidatar ao cargo de prefeito, nem mesmo de vice‑prefeito,
se candidatar a cargo diverso, deverá proceder à de- em respeito ao art. 14, § 5º e 7º, da CF.
sincompatibilização. Dessa forma, se o renunciante ao mandato for o prefeito
reeleito do Município de Cabrobró, sua companheira poderá
Estes mesmos chefes do Executivo, caso queiram se ele- se candidatar a deputada federal, mas não a prefeita do
ger para outros cargos, deverão renunciar ao mandato seis referido Município.
meses antes das eleições. Esta norma não se aplica para o O Supremo Tribunal Federal decidiu que não subsiste a
caso de reeleição para o mesmo cargo, em que é inexigível inelegibilidade se havia separação de fato do cônjuge antes
tal afastamento. Essa renúncia é o que a doutrina chama de do início do mandato, já que o que a norma busca é evitar
norma de desincompatibilização do chefe do Poder Execu- o monopólio do poder político por grupos hegemônicos
tivo, já que tem a função de retirar uma incompatibilidade, ligados por laços familiares. No caso concreto analisado
evitando o uso da máquina pública para favorecimento do pela Suprema Corte, a separação de fato foi reconhecida na
29
elegibilidade, é necessário comprovar filiação partidária? A dos direitos políticos, por também resultarem na perda da
resposta foi dada pelo Tribunal Superior Eleitoral. nacionalidade, por exemplo, a perda da nacionalidade pela
O TSE entendeu que o militar da ativa, sendo alistável e aquisição de outra (art. 12, § 4º, II).
elegível, mas não filiável, em função de sua condição excep-
cional, não precisa comprovar a prévia filiação partidária, Princípio da Anualidade da Lei Eleitoral
bastando demonstrar o pedido do registro da candidatura,
apresentado pelo partido e autorizado pelo candidato. Para evitar mudanças de última hora nas regras do “jogo”,
Interessante notar que a mesma regra não será aplica- a Constituição Federal prevê que uma lei editada para alterar
da ao servidor da Justiça Eleitoral, tendo em vista que se o processo eleitoral só se aplicará às eleições que ocorram
trata de situação diversa. O referido servidor, em respeito à pelo menos um ano após sua vigência. A vigência dessas leis
moralidade que deve ser preservada nos pleitos eleitorais, coincidirá com a sua publicação, não existindo, via de regra,
para candidatar‑se deverá pedir exoneração do cargo público vacatio legis, ou seja, período de tempo entre a publicação
em tempo hábil para o cumprimento da exigência legal de e a vigência.
filiação partidária.
A partir do registro da candidatura o militar será: Dispositivos Constitucionais
• afastado da atividade se tiver menos de dez anos de
serviço; ou TÍTULO II
• agregado pela autoridade superior se contar com mais Dos Direitos e Garantias Fundamentais
de dez anos de serviço. O militar ficará na condição de .............................................................................................
agregado a partir do registro da candidatura até a diplo- CAPÍTULO IV
mação, caso eleito, ou até o regresso à força armada, Dos Direitos Políticos
caso não seja eleito. Na hipótese de ser eleito, o militar
que estava agregado, passará para a inatividade no ato Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
da diplomação. universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante:
O afastamento da atividade do militar que possui menos I – plebiscito;
de dez anos de serviço é considerado definitivo, sem possi- II – referendo;
bilidade de retorno à atividade, portanto. III – iniciativa popular89.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para:
Não existe mais no Brasil a cassação de direitos políticos, a) os analfabetos;
utilizada como instrumento político de repressão em tempos b) os maiores de setenta anos;
passados. Atualmente, somente é permitida a perda (tempo c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
indefinido) ou suspensão (tempo definido) desses direitos. § 2º Não podem alistar‑se como eleitores os estran-
O fato de a perda não ter tempo definido de duração não geiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
significa que ela seja perpétua. Haverá sempre a possibi- os conscritos90.
lidade de se afastar a causa da perda, restaurando‑se os § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
direitos políticos. I – a nacionalidade brasileira91;
A perda/suspensão dos direitos políticos implica a im- II – o pleno exercício dos direitos políticos;
possibilidade de votar, de ser votado e, se já detentor de III – o alistamento eleitoral;
mandato eletivo, de perder o cargo. IV – o domicílio eleitoral na circunscrição92;
São hipóteses de perda dos direitos políticos: V – a filiação partidária;
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
30
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos • prestação de contas à Justiça Eleitoral100;
até seis meses antes do pleito96. • funcionamento parlamentar de acordo com a lei101.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
lar, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o Os partidos políticos são dotados de autonomia no que
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, tange à sua estrutura interna. Os estatutos, que devem ser
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, registrados no Tribunal Superior Eleitoral após a aquisição da
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis personalidade civil, devem estabelecer normas de fidelidade
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato e disciplina partidárias.
eletivo e candidato à reeleição. O Supremo Tribunal Federal entende que a fidelidade
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes partidária emana da Constituição e impede que os candi-
condições: datos eleitos venham a migrar de partido. Entendeu‑se que
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá
o caráter partidário é particularmente verificado no sistema
afastar‑se da atividade;
proporcional e que a mudança de partido quebra um voto
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- de confiança que é dado pelo cidadão‑eleitor e gera uma re-
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. lação desequilibrada de forças no parlamento. Ressaltou‑se,
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de na hipótese, que não se tratava de impor sanções como as
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger descritas no art. 55 da Constituição Federal, mas de reco-
a probidade administrativa, a moralidade para exercício de nhecer que não há direito subjetivo a manter‑se no cargo,
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a nor- que, em essência, pertence ao partido. Considera‑se, assim,
malidade e legitimidade das eleições contra a influência do a desfiliação ou a transferência injustificada um ato culposo
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo incompatível com a função representativa do ideário político
ou emprego na administração direta ou indireta. responsável pelo ingresso do parlamentar na sua função
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante representativa.
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da di Ainda em relação à fidelidade partidária, entendeu a Su-
plomação, instruída a ação com provas de abuso do poder prema Corte que o reconhecimento da fidelidade partidária
econômico, corrupção ou fraude97. não implicava atividade legiferante do Poder Judiciário, mas
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em sim conferir a máxima efetividade das normas constitucio-
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se nais. Asseverou‑se, ainda, que não haveria nulidade nos atos
temerária ou de manifesta má‑fé. praticados pelos parlamentares tidos por infiéis, tendo em
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja vista a aplicação da teoria do agente estatal de fato.
perda ou suspensão só se dará nos casos de: Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo
I – cancelamento da naturalização por sentença transi- partidário e a horários gratuitos na televisão e no rádio.
tada em julgado; É proibida a formação de partidos políticos de caráter
II – incapacidade civil absoluta;
paramilitar. Aliás, toda forma de associação é proibida de
III – condenação criminal transitada em julgado, enquan-
possuir tal caráter. Uma associação de caráter paramilitar é
to durarem seus efeitos;
aquela que se caracteriza, por exemplo, pelo uso de unifor-
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; mes, patentes e palavras de ordem com fins militares.
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
§ 4º. Verticalização
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição A Emenda Constitucional nº 52, de 8 de março de 2006,
que ocorra até um ano da data de sua vigência. acabou com o instituto denominado verticalização, ou
31
Dispositivos Constitucionais 2. (Secretaria de Defesa Social/Curso de Formação de Ofi-
ciais da Polícia Militar de Pernambuco/2014) Quanto
TÍTULO II às chamadas “ações constitucionais”, é correto afirmar
Dos Direitos e Garantias Fundamentais que:
............................................................................................. a) o Mandado de Segurança poderá ser concedido
CAPÍTULO V para proteger direito líquido e certo, mesmo ampa-
Dos Partidos Políticos rado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, exercício de atribuições do Poder Público.
o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fun- b) o habeas data somente é concedido para a retifi-
damentais da pessoa humana e observados os seguintes cação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
preceitos: processo sigiloso, judicial ou administrativo.
I – caráter nacional; c) associação legalmente constituída e em funciona-
II – proibição de recebimento de recursos financeiros mento há menos de um ano poderá impetrar Man-
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação dado de Segurança coletivo em defesa dos interesses
a estes; de seus associados.
III – prestação de contas à Justiça Eleitoral; d) o Mandado de Injunção será concedido sempre que
IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei. a falta de norma regulamentadora torne inviável o
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas co- rania e à cidadania.
ligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre e) somente o Ministério Público é parte legítima para
as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou propor ação popular que vise anular ato lesivo ao
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de patrimônio público ou de entidade de que o Esta-
disciplina e fidelidade partidária. do participe, à moralidade administrativa, ao meio
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no
Tribunal Superior Eleitoral. 3. (Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes/ Secretaria
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do Municipal de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na Econômico/Guarda Municipal/2014) Sobre os Direitos
forma da lei. e Garantias Fundamentais, assinale a alternativa incor
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de reta nos termos da Constituição Federal.
organização paramilitar. a) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei.
EXERCÍCIOS b) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador,
1. (Secretaria de Defesa Social/Curso de Formação de salvo em caso de flagrante delito, desastre, para
Oficiais da Polícia Militar de Pernambuco/2014) Todos prestar socorro ou, durante o dia, por determinação
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na- judicial.
tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros c) O preso tem direito à identificação dos responsáveis
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos d) A lei não poderá estabelecer distinção entre brasilei-
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
32
Assinale e) As liberdades públicas não são incondicionais, por
a) se somente I estiver correta. isso devem ser exercidas de maneira harmônica, ob-
b) se somente II estiver correta. servados os limites definidos na própria Constituição
c) se somente III estiver correta. Federal e nas leis inferiores.
d) se somente II e III estiverem corretas.
e) se I, II e III estiverem corretas. 9. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer-
ca do Princípio da Livre Manifestação de Pensamento,
5. (IAUPE/ARPE/Analista de Regulação de Serviços Públi- é incorreto afirmar que
cos Delegados/Área Jurídica/2014) A garantia consti- a) o direito à livre expressão não pode abrigar, em sua
tucional, que deve ser usada para incluir nos assenta- abrangência, manifestações de conteúdo imoral que
mentos do impetrante a justificativa sobre informação implicam ilicitude penal.
verdadeira, mas que está pendente de decisão admi- b) as liberdades públicas não são incondicionais, por
nistrativa ou judicial, denomina-se isso devem ser exercidas de maneira harmônica, ob-
a) mandado de segurança. servados os limites definidos na própria Constituição
b) mandado de injunção.
Federal.
c) habeas data.
c) o preceito fundamental de liberdade de expressão
d) ação ordinária.
não consagra o ‘direito à incitação ao racismo’, dado
e) medida cautelar.
que um direito individual não pode constituir-se em
6. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com
ca dos Direitos Fundamentais, é correto afirmar que: os delitos contra a honra.
a) os estrangeiros residentes no País não fazem jus aos d) a liberdade de expressão constitui-se em direito fun-
direitos e garantias fundamentais. damental do cidadão, envolvendo o pensamento, a
b) somente os estrangeiros residentes legalmente no exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.
País fazem jus aos direitos e garantias fundamentais. e) a proteção constitucional à livre manifestação de
c) não há, no Brasil, direitos ou garantias que se revis- pensamento não engloba os direitos de ouvir, assistir
tam de caráter absoluto. ou ler.
d) os direitos e garantias individuais têm caráter abso-
luto. 10. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer-
e) somente os brasileiros fazem jus aos direitos e ga- ca dos Princípios da Inviolabilidade da Intimidade, da
rantias fundamentais. vida privada, da honra e imagem, marque a alternativa
incorreta.
7. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- a) É inadmissível, como regra, a quebra do sigilo fiscal,
ca do Princípio da Igualdade, é correto afirmar que bancário e telefônico de qualquer pessoa ou autori-
a) o princípio da isonomia para ter aplicação efetiva dade pública.
precisa de regulamentação ou de complementação b) A utilização de imagem ou fotografia, sem prévia au-
normativa. torização, de pessoa em anúncio com fins lucrativos
b) é ilegal a promoção de militares dos sexos masculino caracteriza violação a sua imagem.
e feminino mediante critérios diferenciados, haja vis- c) É inadmissível, como prova, a degravação de conver-
ta todos pertencerem à mesma Corporação Militar. sa telefônica e de registros contidos na memória de
c) a lei específica pode estabelecer critérios diferen- microcomputador, obtidos sem ordem escrita do juiz
ciados para promoção entre homens e mulheres, do promotor ou do delegado.
na carreira militar. d) É inadmissível a utilização de provas ilícitas ou for-
33
12. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- a) não poderá participar do concurso, tendo em vista
ca do Direito de Reunião e de Associação, não se pode a restrição do edital.
afirmar que b) poderá impetrar “habeas data” e assegurar o seu
a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos. direito de participar do concurso.
b) a lei poderá estabelecer requisitos objetivos para c) poderá impetrar mandado de segurança, pleiteando
criação de associações e sindicatos sem que isso con- sanar a ilegalidade do edital e assegurar a sua parti-
figure interferência estatal no seu funcionamento ou cipação no concurso.
na sua autonomia. d) poderá ingressar em juízo com “habeas corpus” e
c) o direito à livre associação, embora seja atribuído participar do concurso.
e reconhecido a cada pessoal, somente pode ser e) terá como única alternativa ingressar com represen-
exercido de forma coletiva, com várias pessoas. tação perante o Ministério Público, o qual proporá
d) é assegurado ao servidor público o direito à livre ação popular atinente à matéria.
associação, permitindo que os policiais militares
estaduais tenham suas próprias associações e sin- 16. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) O
dicatos, para atuarem na defesa de seus interesses. princípio constitucional, segundo o qual ninguém é
e) o Policial Militar Estadual associado poderá ser re- considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-
presentado por sua associação de classe, na defesa tença penal condenatório, é o princípio da(o)
dos interesses da categoria, desde que previsto nos a) vedação às provas ilícitas.
estatutos desta ou em lei. b) ampla defesa..
c) contraditório.
13. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- d) presunção de inocência
ca dos Direitos Fundamentais, é incorreto afirmar que e) devido processo legal.
a) embora os direitos fundamentais estejam previstos
na Constituição Federal de 1988, nada impede que 17. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009)
outros sejam reconhecidos, decorrentes dos princí- Quando a falta de norma regulamentadora de uma
pios por ela adotados ou dos tratados internacionais previsão constitucional inviabilizar o exercício dos di-
em que a República Federativa do Brasil seja parte. reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
b) a proteção ao direito à vida prevista na Constituição inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania,
Federal de 1988 impede a realização de abortos fora pode o prejudicado ingressar em juízo com um
dos casos previstos em lei. a) Mandado de Segurança.
c) o Brasil se submete à jurisdição de tribunal penal b) Mandado de Segurança Coletivo.
internacional desde que tenha aderido a este e con- c) Mandado de Injunção
cordado com sua criação. d) “Habeas Data”.
e) “Habeas Corpus”.
d) a proteção ao direito à vida prevista na Constituição
Federal de 1988 impede que se reconheça o direito
18. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Com
à eutanásia.
relação ao sigilo de correspondência, é correto afirmar
e) a proteção ao direito à vida prevista na Constituição
que:
Federal de 1988 impede que se reconheça o direito a) o sigilo telefônico só pode ser quebrado pela polícia
ao suicídio, sendo sua prática um crime. judiciária nas hipóteses de crime(s) apenado(s) com
reclusão.
14. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- b) é possível a interceptação telefônica por ordem do
ca do Direito de Propriedade, é correto afirmar que Ministério Público, para fins de investigação de pa-
a) o direito à propriedade não é absoluto, devendo ternidade.
atender a sua função social. Considera-se ato ca- c) a interceptação telefônica só pode ser determinada
racterizador do não atendimento da função social
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
34
d) o “trailler” que sirva de residência. 24. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) O
e) as alternativas “b” e “d” estão corretas. princípio constitucional em decorrência do qual não
se admite a pena de morte no Brasil é o princípio da(o)
20. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Du- a) reserva legal.
rante a noite, não se pode ingressar na casa do indiví- b) ampla defesa.
duo, sem o seu consentimento, c) contraditório.
I – para cumprimento de ordem judicial. d) “favor rei”.
II – para prestar socorro. e) humanidade.
III – em caso da prática de crime em flagrante.
IV – em caso de desastre. (Cespe/MPU/Técnico do MPU/Segurança Institucional e
Transporte/2015) Os direitos fundamentais arrolados pela
Somente está incorreto o que se afirma em CF balizam o trabalho do servidor público. Considerando as
a) I. disposições constitucionais insculpidas nos artigos que vão
b) I e III. do 5º ao 15, julgue os itens subsecutivos.
c) II e III. 25. O fornecimento de certidão para a defesa de direitos
d) II, III e IV. ou para o esclarecimento de situações pessoais pelos
e) III. órgãos públicos encontra respaldo constitucional.
26. É incondicional o direito à reunião com fins pacíficos em
21. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) O local aberto ao público.
suspeito da prática de um crime que é conduzido até 27. A prática de racismo constitui crime inafiançável e im-
uma Delegacia de Polícia prescritível.
a) está obrigado a responder às perguntas que lhe fo- 28. Só a lei pode obrigar a pessoa a fazer ou deixar de fazer
rem formuladas, sob pena de que seu silêncio seja alguma coisa.
interpretado em desfavor de sua defesa. 29. As cartas dirigidas a servidor podem ser livremente aber-
b) não está obrigado a responder às perguntas que tas pelos órgãos de segurança institucional.
lhe forem formuladas, salvo se estiver em flagrante
delito. 30. (Funiversa/SAPeJUS-GO/Agente de Segurança Prisional/
c) não está obrigado a responder as perguntas que lhe 2015) Segundo a Constituição Federal, é correto afirmar
forem formuladas, não podendo o seu silêncio ser que
interpretado em prejuízo de sua defesa. a) é possível a aplicação da pena de banimento no Brasil.
d) não pode se recusar a falar, pois o direito ao silêncio b) a lei regulará a individualização da pena e adotará,
só é válido em juízo. entre outras, a prestação social alternativa e a sus-
e) poderá exercer o seu direito ao silêncio, salvo se pensão ou interdição de direitos.
estiver sendo acusado da prática de crime hediondo. c) o brasileiro nato pode ser extraditado, em caso de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de en-
22. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) As- torpecentes e drogas afins, na forma da lei.
sinale a alternativa correta. d) pode ser concedida a extradição de estrangeiro por
a) No Brasil, não há prisão civil por dívida. crime de opinião.
b) Somente se admite a prisão civil por dívida decorren- e) é permitido o trabalho noturno a menores de 16 anos,
te do inadimplemento de pena de multa que tenha na condição de aprendiz.
sido aplicada em processo criminal.
31. (Funiversa/SAPeJUS-GO/Agente de Segurança Prisional/
c) Admite-se a prisão civil pelo não pagamento de fiança.
2015) Com base na Constituição Federal, assinale a al-
d) A prisão civil por dívida somente subsiste no Brasil,
35
b) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- c) determina que ninguém será preso sem que haja o
mações do seu interesse particular, ou de interesse trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, d) admite a condenação à pena de privação de liberdade
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas de caráter perpétuo.
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socie-
dade e do Estado. 37. (Funcab/SEDS-TO/Assistente Socioeducativo/Técnico em
c) A lei penal não retroagirá, salvo para punição do réu. Enfermagem/2014) Assinale a alternativa em conformi-
d) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis dade com a Constituição Federal
de graça ou anistia a prática da tortura, peculato, o a) Estrangeiros, militares e analfabetos não têm direito
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o ter- ao voto.
rorismo e os definidos como crimes hediondos, por b) Servidores públicos civis têm direito à greve, porém
eles respondendo os mandantes, os executores e os não à livre associação sindical.
que, podendo evitá-los, se omitirem. c) Banimento e perda de bens são duas das penas ad-
mitidas pela Constituição Federal
33. (Funcab/SEDS-TO/Analista Socioeducador/2014) Entre d) Provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no
os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais garantidos processo.
expressamente no artigo 7° da Constituição Federal de
1988 estão: 38. (Exatus/PM-RJ/Soldado da Polícia Militar/2014) “Todos
a) o fundo de garantia do tempo de serviço e a licença- são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na-
-paternidade. tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
b) o décimo terceiro salário e a igualdade na remune- residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
ração dos trabalhos noturno e diurno. liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”.
c) o seguro-desemprego, em caso de desemprego vo- Esse trecho dos Direitos e Garantias Fundamentais trou-
luntário, e o aviso-prévio proporcional ao tempo de xe à luz dos princípios constitucionais o princípio da:
serviço, sendo no mínimo de trinta dias. a) Moralidade.
d) a garantia do salário mínimo, exceto para os que re- b) Igualdade.
cebem remuneração variável, e a aposentadoria. c) Legalidade.
d) Publicidade.
34. (Funcab/SEDS-TO/Analista Socioeducador/2014) Em
39. (Fumarc/PC-MG/Investigador de Polícia/2014) É livre a
relação aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
criação, a fusão, a incorporação e a extinção de partidos
disciplinados no artigo 5° da Constituição Federal, é
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
correto afirmar que:
democrático, o pluripartidarismo e os direitos funda-
a) é assegurado a todos o livre exercício de cultos religio- mentais da pessoa humana e observados os seguintes
sos, embora seja proibida a prestação de assistência preceitos, exceto:
religiosa nas entidades civis e militares de internação a) a prestação de contas à Justiça Eleitoral.
coletiva. b) a proibição de recebimento de recursos financeiros
b) a todos é assegurado o acesso à informação, sendo, de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-
no entanto, resguardado o sigilo da fonte, quando nação a estes.
necessário ao exercício profissional. c) o caráter nacional.
c) o racismo, o terrorismo e o tráfico internacional de d) o funcionamento parlamentar de acordo com o es-
drogas são crimes inafiançáveis e imprescritíveis. tatuto.
d) é garantido a todos o direito de reunir-se pacificamen-
te, sem armas, em locais abertos ao público, desde
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais
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Livros de Aprofundamento
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