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Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Júlio Lociks • Júlio César Gabriel • Fabrício

Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

Língua Portuguesa • Matemática • Geografia • História • Conhecimentos de Direitos


e Garantias Fundamentais

2016
© 2016 Vestcon Editora Ltda.

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. Proibida
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gráficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração
da obra, bem como às suas características gráficas.

Título da obra: Polícia Militar de Pernambuco – PMPE


Soldado – Nível Médio
(AP480)

(Conforme o edital – Portaria Conjunta SAD/SDS nº 25, de 9/3/2016 – Iaupe/Conupe)

Língua Portuguesa • Matemática • Geografia • História


Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

Autores:
Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Júlio Lociks • Júlio César Gabriel
Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Dinalva Fernandes

GESTÃO DE CONTEÚDOS
Welma Maia

CAPA
Lucas Fuschino

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Marcos Aurélio Pereira

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PMPE

SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Leitura e Interpretação de textos........................................................................................................................................... 3

Aspectos semânticos do vocabulário da língua (noções de polissemia, sinonímia e antonímia).................................. 7/11

Relações coesivas e semânticas (de causalidade, temporalidade, finalidade, condicionalidade, finalidade,


comparação, oposição, adição, conclusão, explicação, etc.) entre orações, períodos ou parágrafos, indicados
pelos vários tipos de expressões conectivas ou sequenciadores (conjunções, preposições, advérbios etc.)....... 12/21/31/32

Expressão escrita:
divisão silábica, ortografia e acentuação (v. Reforma Ortográfica vigente)...........................................................33/34/43

Traços semânticos de radicais, prefixos e sufixos................................................................................................................ 46

Pronomes de tratamento..................................................................................................................................................... 49

Normas da flexão dos verbos regulares e irregulares.......................................................................................................... 56

Formação de Palavras:
derivação, composição, hibridismo etc............................................................................................................................. 46

Efeitos de sentido decorrentes do emprego expressivo dos sinais de pontuação.............................................................. 66

Padrões de concordância verbal e nominal................................................................................................................... 73/78

Padrões de regência verbal e nominal................................................................................................................................. 80

Emprego do sinal indicador de crase................................................................................................................................... 84

Questões notacionais da língua:


Por que, por quê, porque ou porquê; Mal ou mau; Mais ou mas; Meio ou meia; Onde ou aonde; Estar ou está...........34

Figuras de linguagem............................................................................................................................................................ 10
Língua Portuguesa
Ernani Pimentel / Márcio Wesley

Ernani Pimentel que está escrito, mas o que se pode inferir, ou concluir, ou
deduzir do que está escrito.
INTELECÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Comandos para Questão de Interpretação
Texto Da leitura do texto, infere-se que...
O texto permite deduzir que...
Textum, em latim, particípio do verbo tecer, significa Da fala do articulista pode-se concluir que...
tecido. Dessa palavra originou-se textus, que gerou, em Depreende-se do texto que...
português, “texto”. Portanto, está-se falando de “tecido” de Qual a intenção do narrador quando afirma que...
frases, orações, períodos, parágrafos... Uma “tessitura” de Pode-se extrair das ideias e informações do texto que...
ideias, de argumentos, de fatos, de relatos...
Questão
Intelecção (ou Compreensão)
1. Observe a tirinha a seguir, da cartunista Rose Araújo:
Intelecção significa entendimento, compreensão. Os
testes de intelecção exigem do candidato uma postura muito
voltada para o que realmente está escrito.

Comandos para Questão de Compreensão

O narrador do texto diz que...


O texto informa que...
Segundo o texto, é correto ou errado dizer que...
De acordo com as ideias do texto...
(www.fotolog.com/rosearaujocartum)
Questão
Infere-se que o humor da tirinha se constrói:
1. Assinale a opção correta em relação ao texto. a) pois a imagem resgata o valor original do radical que
compõe a gíria bombar.
O Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recur- b) pois o vocábulo bombar foi dito equivocadamente
sos Hídricos – PROÁGUA Nacional é um programa do no sentido de “bombear”.
Governo Brasileiro financiado pelo Banco Mundial. O c) pois reflete o problema da educação no país, em
Programa originou-se da exitosa experiência do PRO- que os alunos só se comunicam por gírias, como é
5
ÁGUA / Semiárido e mantém sua missão estruturante, o caso de fessor.
com ênfase no fortalecimento institucional de todos os d) porque a forma fessor é uma tentativa de incluir na
atores envolvidos com a ges­tão dos recursos hídricos norma culta o regionalismo fessô.
no Brasil e na implantação de infraestruturas hídricas e) porque o vocábulo bombar não está dicionarizado.
viáveis do ponto de vista técnico, financeiro, econômico,
10
ambiental e social, promovendo, assim, o uso racional Gabarito: a
dos recursos hídricos.
Preste, portanto, atenção aos comandos para não errar.
(http://proagua.ana.gov.br/proagua) Se o texto diz que o rapaz está cabisbaixo, você não pode
“deduzir”, ou “inferir”, que ele está de cabeça baixa, porque
a) O PROÁGUA / Semiárido é um dos subprojetos de- isso já está dito no texto. Mas você pode interpretar ou con-
rivados do PROÁGUA/Nacional. cluir que, por exemplo, ele esteja preo­cupado, ou tímido, em
b) A expressão “sua missão estruturante” (l. 5) refere- função de estar de cabeça baixa.
-se a “Banco Mundial” (l. 3).
c) A ênfase no fortalecimento institucional de todos os Comandos para Medir Conhecimentos Gerais
atores envolvidos com a gestão de recursos hídricos
é exclusiva do PROÁGUA/Semiárido. Tendo o texto como referência inicial...
d) Tanto o PROÁGUA/Semiárido como o PROÁGUA/ Considerando a amplitude do tema abordado no texto...
Nacional promovem o uso racional dos recursos Enfocando o assunto abordado no texto...
hídricos.
e) A implantação de infraestruturas hídricas viáveis do Nesses casos, o examinador não se apega ao ponto de
Língua Portuguesa

ponto de vista técnico, financeiro, econômico, am- vista do texto em relação ao assunto, mas quer testar o
biental e social é exclusiva do PROÁGUA/Nacional. conhecimento do candidato a respeito daquela matéria.

Gabarito: d Questões

Interpretação Texto para os itens de 1 a 11.

Interpretação significa dedução, inferência, conclusão, Os oceanos ocupam 70% da superfície da Terra,
ilação. As questões de interpretação não querem saber o mas até hoje se sabe muito pouco sobre a vida em suas

3
regiões mais recônditas. Segundo estimativas de ocea- 6. No trecho “até hoje se sabe” (l.2), o elemento linguís-
nógrafos, há ainda 2 milhões de espécies desconhecidas tico “se” tem valor condicional.
5
nas profundezas dos mares. Por ironia, as notícias mais
frequentes produzidas pelas pesquisas científicas relatam 7. O trecho “muito pouco sobre a vida em suas regiões
não a descoberta de novos seres ou fronteiras marinhas, mais recônditas” (ls.2-3) é complemento da forma
mas a alarmante escalada das agressões impingidas verbal “sabe” (l.2).
aos oceanos pela ação humana. Um estudo recente do
10
Greenpeace mostra que a concentração de material 8. A palavra “recônditas” (l.3) pode, sem prejuízo para
plástico nas águas atingiu níveis inéditos na história. Se- a informação original do período, ser substituída por
gundo o Programa Ambiental das Nações Unidas, existem profundas.
46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros
quadrados da superfície dos oceanos. Isso significa que 9. O termo “mas” (l.8) corresponde a qualquer um dos
15
a substância já responde por 70% da poluição marinha seguintes: todavia, entretanto, no entanto, conquanto.
por resíduos sólidos.
10. Na linha 9, a presença de preposição em “aos oceanos”
Veja, 5/3/2008, p. 93 (com adaptações). justifica-se pela regência do termo “impingidas”.
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a 11. O termo “a substância” (l.15) refere-se ao antecedente
amplitude do tema por ele abordado, julgue os itens de 1 a 5. “plástico” (l.11).
1. Ao citar o Greenpeace, o texto faz menção a uma das Gabarito: itens 6, 7 e 9 errados; itens 8, 10 e 11 certos.
mais conhecidas organizações não governamentais
cuja atuação, em escala mundial, está concentrada na Como Fazer Prova
melhoria das condições de vida das populações mais
pobres do planeta, abrindo-lhes frentes de trabalho no
Normalmente, o candidato, no momento da prova, fica
setor secundário da economia.
preocupado com o tempo, razão pela qual lê rapidamente
o texto e vai direto às perguntas. Evite tal conduta. O tempo
2. Por se decompor muito lentamente, o plástico pas-
gasto com a leitura bem feita é compensado na hora de
sa a ser visto como um dos principais responsáveis
pela degradação ambiental, razão pela qual cresce o responder às questões.
movimento de conscientização das pessoas para que Numa prova de vestibular ou concurso, não basta o
reduzam o consumo desse material. conhecimento da matéria; é importante ter agilidade para
adequar-se ao tempo permitido, por isso, se você ainda não
3. Considerando o extraordinário desenvolvimento cien- tem uma técnica para resolver prova, experimente esta.
tífico que caracteriza a civilização contemporânea, é
correto afirmar que, na atualidade, pouco ou quase 1ª Leitura: leia duas vezes o texto e uma só vez cada
nada da natureza resta para ser desvendado. item das questões. Esta primeira leitura é
apenas para conhecer a prova e resolver o
4. A exploração científica da Antártida, que enfrenta enor- que estiver mais fácil.
mes dificuldades naturais próprias da região, envolve
a participação cooperativa de vários países, mas os 2ª Leitura: releia o texto uma só vez e duas vezes as
elevados custos do empreendimento impedem que alternativas não respondidas. Não perca
representantes sul-americanos atuem no projeto. tempo, resolva as que você sabe e deixe as
outras para depois.
5. Infere-se do texto que a Organização das Nações Unidas
(ONU) amplia consideravelmente seu campo de atuação 3ª Leitura: é a vez das difíceis. Leia mais uma vez cada
e, sem deixar de lado as questões cruciais da paz e da item ainda não respondido. Se sabe, respon-
segurança internacional, também se volta para temas da; se não sabe, vá em frente, que o tempo
que envolvem o cotidiano das sociedades, como o meio é curto.
ambiente.
Na hora de preencher o Cartão de Resposta: chute a
Gabarito: itens 1, 3 e 4 errados; itens 2 e 5 certos. resposta das questões não respondidas. Porém, se a questão
errada descontar ponto, não chute.
Comandos para Medir Conhecimentos Linguísticos Aqui você vai ter muitas questões para treinar. Se quiser
mais, conheça as apostilas Provas Comentadas de Língua
Considerando as estruturas linguísticas do texto, julgue Portuguesa.
os itens.
Assinale a alternativa que apresenta erro gramatical. Erros Comuns de Leitura
Aponte do texto a construção que não foge aos preceitos
da norma culta. Extrapolação ou ampliação: a questão abrange mais do
Língua Portuguesa

que o texto diz.


Aqui a questão pretende medir o conhecimento grama- O texto disse: Os alunos do Colégio Metropolitano es-
tical do candidato e pode abordar assuntos de morfologia, tavam felizes.
sintaxe, semântica, estilística, coesão e coerência... A questão diz: Os alunos estavam felizes.
Explicação: o significado de “alunos” é muito mais amplo
Questões que o de “alunos de um único colégio”.

Considerando as estruturas linguísticas do texto, julgue os Redução ou limitação: a questão reduz a amplitude do
itens seguintes. que diz o texto.

4
O texto disse: Muitos se predispuseram a participar do Lenda: história com base em informações imaginárias.
jogo. São lendários o saci-pererê, a boiuna, a mula sem cabeça...
A questão diz: Alguns se predispuseram a participar do
jogo. Anedota: história curta engraçada ou picante.
Explicação: o sentido da palavra “alguns” é mais limitado
que o de “muitos”. Paródia: reescritura cômica de um texto:

Contradição: a questão diz o contrário do que diz o texto. Texto motivador: Jingle bells, jingle bells, jingle all the
O texto disse: Maria é educada porque é inteligente. way!
A questão diz: Maria é inteligente porque é educada.
Explicação: no texto, “inteligente” justifica “educada”; na Paródia: Dingo Bel, Dingo Bel, acabou o papel,
questão se inverteu a ordem e “educada” é que justifica Não faz mal, não faz mal, use o jornal...
“inteligente”.
Paráfrase: texto sinônimo, de sentido semelhante a
Desvio ou Deturpação: outro.
O texto disse: A contratação da funcionária pode ser
considerada competente. Texto motivador: Teresa, mãe de João, comprou em
A questão diz: A funcionária contratada pode ser consi- Brasília agasalhos para frio.
derada competente.
Explicação: no texto, “competente” refere-se a “contra- Paráfrase: A mãe de João ampliou seu guarda-roupa de
tação” e não a “funcionária”. inverno na capital do Brasil.
Tipologia Textual Conto: história curta com poucos personagens em torno
de um núcleo de ação.
Narração ou história: texto que conta uma história, cur-
tíssima ou longa, tendo personagem, ação, espaço e tempo, Novela: história mais longa que o conto e que também
mas o tempo tem de estar em desenvolvimento. envolve só um núcleo de ação.
Ela chegou, abriu a porta, entrou e olhou para mim. (As
ações acontecem em sequência) Romance: história longa e complexa em que os persona-
gens atuam em torno de vários núcleos de ação. As chamadas
Descrição ou retrato: novelas de televisão literariamente são romances porque
1. Texto que mostra um ambiente. revezam vários núcleos temáticos, revezando também como
O Sol estava a pino, as portas trancadas, as janelas protagonistas grupos diferentes de personagens.
escancaradas, as ruas vazias, os carros estacionados, os
galhos das árvores e o capim absolutamente parados. Epígrafe: inscrição que antecede um texto (no frontispí-
cio de um livro, no início de um capítulo, de um poe­ma, de
2. Texto que mostra ações simultâneas. uma crônica...).
Enquanto ela falava, o cachorro latia, a criança cho-
rava, o vizinho aplaudia. (As ações acontecem no Título: EPICÉDIO III
mesmo momento, o tempo está parado)
Epígrafe: À morte apressada de um amigo
Dissertação ou ideias: texto construído não para con-

tar história ou fazer um retrato, mas para desenvolver um
Texto: Comigo falas; eu te escuto; eu vejo
raciocínio.
Quanto apesar de meu letargo, e pejo,
É sábio dizer-se que o limite de um homem é o limite de
Me intentas persuadir, ó sombra muda,
seu próprio medo.
Que tudo ignora quem te não estuda.
Na prática, um texto pode misturar as tipologias, por isso
(Cláudio Manuel da Costa)
é comum classificá-lo com base em qual tipologia predomina,
ou seja, para atender a qual tipologia o texto foi feito.
Níveis de Fala (Tipos de Norma)
Gêneros Literários (e Componentes)
Nível formal ou adloquial: as circunstâncias exigem do
Crônica: texto curto dissertativo, comentando fato ou emissor postura concentrada e adequada a um grupo sofis-
situação do momento. ticado de falantes. Tende ao uso da norma culta (também
chamada de padrão, ou erudita), que se estuda nas gramá-
Parábola: história, em prosa ou verso, para transmitir ticas normativas.
ensinamento. Cristo falava por parábolas, como a do Filho Por favor, entenda que seria importante para nós sua
presença.
Língua Portuguesa

Pródigo, a do Joio e do Trigo.

Fábula: parábola curta que apresenta animais como per- Nível informal ou coloquial: o ambiente permite ao
sonagens. Famosas são as fábulas de Fedro, como A raposa emissor uma postura mais à vontade, sem preocupações
e as uvas, O lobo e cordeiro... gramaticais.
Vem, que sua presença é importante. (A gramática orien-
Apólogo: narrativa didática, em prosa ou verso, em que ta: Vem, que tua presença... ou Venha, que sua presença...)
se animam e dialogam seres inanimados. Um bom exemplo Na informalidade, a língua é usada na forma de cada
é o texto de Machado de Assis intitulado A Agulha e a Linha. região, profissão, esporte, gíria, internet...

5
Nível vulgar: normalmente envolve uso de calão ou gíria. 3. distrair a atenção do receptor –
Oi, cara, pinta lá no pedaço. Ele: Onde você estava até esta hora?
Ela: Por favor, ligue agora para o José e lhe deseje
Baixo calão: é o nível das gírias pesadas e dos palavrões. sorte. (Ela desviou a atenção do assunto dele)
Naquele cafofo só vai ter piranha e Zé-mané, porra.
Função Metalinguística: predomina o assunto “língua”,
Funções da Linguagem é o uso da língua para falar da própria língua.

Todo emissor, no momento em que realiza um ato de fala, Língua: tipo de código usado na comunicação.
atribui, consciente ou inconscientemente, maior importância
a um dos seis elementos da comunicação (emissor, recep- Os dicionários, as gramáticas, os livros de texto, de re-
tor, referente, canal, código ou mensagem). Descobrir qual dação, as críticas literárias são exemplos de metalinguagem.
elemento está em destaque é definir a função da linguagem.
Função Poética (ou Estética): predomina em importância
Função Emotiva (ou Expressiva): predomina em impor- a elaboração da mensagem.
tância o emissor e é muito usada em textos líricos, amorosos,
autobiográficos, testemunhais... Constitui uma característica Mensagem, fala ou discurso: é o como se diz e não o
de subjetividade. que se diz.

Emissor: aquele que fala, representado por eu, nós, a As frases “Você roubou minha caneta” e “Você achou
gente (no sentido de “nós”). minha caneta antes de eu a perder”, embora tenham o mes-
mo assunto ou referente, são mensagens, falas ou discursos
São índices desta função: diferentes, tanto é que provocam sensações diferentes no
1. sujeito emissor – Eu vi Mariana chegar. A gente viu receptor.
Mariana chegar. Nós vimos Mariana chegar. A função poética valoriza a escolha das palavras, ora pela
2. uso de exclamação – Mariana chegou! sonoridade, ora pelo ritmo (Quem casa quer casa. Quem tudo
3. uso de interjeição – Ih! Mariana chegou. quer tudo perde. Quem com ferro fere com ferro será ferido),
ora pelo significado inusitado (Penso, logo desisto), ora por
Função Conativa (ou Apelativa): predomina em impor- mais de uma dessas ou outras características.
tância o receptor e é frequente em linguagem de publicidade
e de oratória. Obs.: todas essas funções podem interpenetrar-se no
texto, mas uma (qualquer uma) tenderá a ser predominante.
Receptor: com quem se fala, representado por tu, vós,
No caso de um texto poético ou estético, as demais funções
você(s), Vossa Senhoria, Vossa Alteza, Vossa...
ocupam o segundo plano.
São índices desta função:
1. sujeito receptor – Você sabia que Mariana chegou?
Tipos de Discurso
2. vocativo – Paulo, tu estás correto.
3. imperativo – Por favor, venha cá. Beba guaraná.
Discurso Direto: reprodução exata da fala do personagem.
Julieta respondeu: Estou satisfeita com sua resposta.
Função Referencial (ou Informativa): predomina em
Pode vir entre aspas: “Estou satisfeita com sua resposta.”
importância o referente e é empregada nos textos científicos,
Pode vir após travessão: – Estou satisfeita com sua
jornalísticos, profissionais – correspondências oficiais, atas...
É uma característica de objetividade. resposta.

Referente: de que ou de quem se fala, representado por Discurso Indireto: o narrador traduz a fala do persona-
ele(s), ela(s), Sua Excelência, Sua Majestade, Sua..., ou por gem.
qualquer substantivo ou pronome substantivo de terceira Julieta respondeu que estava satisfeita com a resposta
pessoa. dele.
Julieta respondeu estar satisfeita com a resposta dele.
É índice desta função:
1. sujeito referente – Mariana chegou. Ele chegou. Sua Discurso Indireto Livre: a fala do personagem se confun-
Senhoria chegou. Quem chegou? de com a do narrador.
Mariana sentou-se em frente ao guri, o que se passava
Função Fática: predomina em importância o canal e naquela cabecinha? Que sorrisinho maroto...
normalmente aparece em trechos pequenos, dentro de
outras funções. Discurso do Narrador: é a fala de quem conta a história.
Julieta respondeu: Estou satisfeita com sua resposta.
Língua Portuguesa

Canal: meio físico (ar, luz, telefone...) e psicológico (a


atenção) que interliga emissor e receptor. Monólogo: fala de um personagem consigo mesmo.
Paulo atravessou o bar, resmungando: “Não acredito no
Usa-se a função fática para: que acabei de ver”.
1. testar o funcionamento do canal – Um, dois, três...
Alô, alô... Diálogo: conversa entre dois ou mais personagens.
2. prender a atenção do receptor – Bom dia. Como vai? – Você devia ser mais suave na sua fala.
Até logo. Certo ou errado? – Vou tentar.

6
Semântica Clareza

Sema é unidade de significado. A palavra “garotas” tem Clareza é a qualidade que faz um texto ser facilmente
três semas: entendido. Obscuridade é o seu antônimo.
1. garot é o radical e significa ser humano em formação;
2. a é desinência e significa feminino; Questões
3. s é desinência e significa plural.
O menino e seu pai foram hospedados em prédios diferentes
Monossemia ou unissignificação: é o fato de uma ex- o que o fez ficar triste.
pressão ter no texto apenas um significado.
Assinale C para certo e E para errado.
Polissemia ou plurissignificação: é o fato de uma expres- 1. ( ) A estruturação da frase se dá de maneira clara e
são, no texto, ter múltiplos significados. objetiva.
2. ( ) A leitura desse trecho se torna ambígua em virtude
Ambiguidade ou anfibologia: significa duplo sentido.
do mau uso do pronome oblíquo “o”.
Denotação: sentido objetivo da palavra – Teresa é 3. ( ) Colocando-se o oblíquo “o” no plural, caberia plu-
agressiva. ralizar “ficar triste” (o que os fez ficarem tristes) e a
clareza se restaura porque o “triste” passa a se referir
Conotação: sentido figurado da palavra – Teresa é um a ambos, “o menino” e “seu pai”.
espinho. 4. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “este” (o que fez
este ficar triste ), também se elimina a ambiguidade,
Campo Semântico: área de abrangência ou de interpe- passando a significar que só o pai ficou triste.
netração de significado(s). 5. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “aquele” (o que
Chuteira, pênalti, drible, estádio... pertencem ao campo fez aquele ficar triste) comete-se uma incorreção
semântico do futebol. gramatical.
Oboé, melodia, contralto... pertencem ao campo semân- 6. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “aquele” (o que
tico da música. fez aquele ficar triste) resolve-se também a obscu-
Aeromoça, aterrissar, taxiar... pertencem ao campo se- ridade, pois afirma-se que só o menino ficou triste,
mântico da aviação. porque o demonstrativo “aquele” refere-se ao subs-
tantivo mais distante.
Contexto: as palavras ou signos podem estar soltos ou con-
textualizados. O contexto é a frase, o texto, o ambiente em que Gabarito: itens 2, 3, 4 e 6 certos; itens 1 e 5 errados.
a palavra ou signo se insere. Normalmente, uma palavra solta,
fora de um contexto, desperta vários sentidos (polissemia) e os Coerência
dicionários tentam relacioná-los, apresentando cada um dos
sentidos (monossemia) ligado a um determinado contexto. Se as ideias estão entrelaçadas harmoniosamente em
No Dicionário Houaiss, a palavra ponto tem 62 significa- termos lógicos, encontra-se no texto coerência. O seu an-
dos e contextos; linha tem outros 58, sendo que, em cada tônimo é ilogicidade, incoerência.
um desses contextos, a monossemia prevalece.
Nos textos literários ou artísticos, ambiguidade e po-
Questões
lissemia são valores positivos. O texto artístico pode ser
considerado tão mais valioso quanto mais plurissignificativo.
Nos textos informativos (jornalísticos, históricos, cien- I – Toda mulher gosta de ser elogiada. Se queres agradar a
tíficos... ), a monossemia é valor positivo, enquanto a ambi- uma, mostra-lhe suas qualidades.
guidade e a polissemia devem ser evitadas.
II – Toda mulher gosta de ser elogiada. Se queres agradar a
Sinonímia: existência de palavras ou termos com signi- uma, mostra-lhe seus defeitos.
ficados convergentes, semelhantes: vermelho e encarnado,
brilho e luminosidade, branquear e alvejar... Assinale C para certo e E para errado.
1. ( ) O texto I exemplifica raciocínio incoerente.
Antonímia: existência de palavras ou termos de sentidos 2. ( ) O texto II desenvolve raciocínio coerente.
opostos: claro e escuro, branco e negro, alto e baixo, belo 3. ( ) A incoerência se faz presente em ambos os parágra-
e feio... fos.
4. ( ) Os dois parágrafos são perfeitamente coerentes.
Homonímia: palavras iguais na escrita ou no som com 5. ( ) O raciocínio do texto I é perfeitamente lógico e
sentidos diferentes: cassa e caça, cardeal (religioso), cardeal coerente.
(pássaro), cardeal (principal)... 6. ( ) O desenvolvimento racional do texto II peca por
Língua Portuguesa

incoerência.
Paronímia: palavras parecidas: eminência e iminência,
vultoso e vultuoso...
Gabarito: itens 1, 2, 3 e 4 errados; itens 5 e 6 certos.
Qualidades do Texto
Concisão
Um texto bem redigido deve ter algumas qualidades.
A seguir, cada tópico apresenta uma dessas qualidades e, Concisão é a capacidade de se falar com poucas palavras.
também, seu defeito, o oposto. O seu oposto é prolixidade.

7
Questões Elemento coesivo: “aprovação” retoma “foram apro-
vados”.
I – Andresa trouxe Ramiro e Osvaldo à minha presença, no
meu escritório e me apresentou essas duas pessoas. Pronominalização: pronome retomando ou antecipando
substantivo.
II – Andresa trouxe-me ao escritório Ramiro e Osvaldo e Conector: na frase anterior, “lhes” retoma “alunos”.
mos apresentou.
Repetição vocabular: repetição de palavra.
Assinale C para certo e E para errado. A mulher se apoia no homem e o homem na mulher.
1. ( ) Os dois textos apresentam o mesmo teor informa- Elemento coesivo: na segunda oração repetem-se os
tivo. substantivos “homem” e “mulher”.
2. ( ) O primeiro é mais prolixo (dezessete palavras, uma
vírgula e um ponto final). Sintetização: uso de expressão sintetizadora.
3. ( ) O segundo é mais conciso (onze palavras e um ponto Viagens, passeios, teatros, espetáculos... Tudo nos mos-
final). tra o mundo.
4. ( ) A última oração da frase II deve ser corrigida para Conector: na segunda oração, a expressão “tudo” sinte-
“e nos apresentou”. tiza “Viagens, passeios, teatros, espetáculos...”.
5. ( ) No período II, “mos” funciona como objeto indireto e
direto, porque representa a fusão de dois pronomes Uso de numerais:
oblíquos átonos (me + os). São possíveis três situações. A primeira é ela estar sendo
sincera. A segunda é estar mentindo. A terceira é não
saber o que fala.
Gabarito: itens 1, 2, 3 e 5 certos; item 4 errado. Elemento coesivo: os ordinais, “primeira”, “segunda” e
“terceira” retomam o cardinal “três”.
Correção Gramatical
Uso de advérbios:
Correção é o ajuste do texto a um determinado padrão Hesitando, entrou no quarto de Raquel. Ali deveria estar
gramatical. Tradicionalmente as provas sempre visaram a escondida a resposta.
medir o conhecimento da norma culta (também chamada de Conector: o advérbio “Ali” recupera a expressão “quarto
erudita ou padrão), por isso, quando simplesmente pedem de Raquel”.
para apontar o que está certo ou errado gramaticalmente,
estão-se referindo à adequação ou inadequação do texto a Elipse: omissão de termo facilmente identificável.
essa norma culta. Nós chegamos ao jardim. Estávamos sedentos.
Elemento coesivo: a desinência verbal “mos” retoma o
Questões sujeito “nós” expresso na primeira oração.

I – Nóis num é loco, nóis só véve ansim pruquê nóis qué. Sinonímia: palavras ou expressões de sentidos seme-
lhantes.
II – Não somos loucos, só vivemos assim porque queremos. O extenso discurso se prolongou por mais de duas ho-
ras. A peça de oratória cansativa foi responsável pelo
Assinale C ou E, conforme julgue a afirmação certa ou errada. desinteresse geral.
a) O texto I está correto em relação ao padrão popular Conector: o sinônimo “peça de oratória” retoma a ex-
regional e errado relativamente ao culto. pressão “discurso”.
b) O texto II está certo de acordo com o padrão culto e
errado se a referência for o popular regional. Hiperonímia: hiperônimo é palavra cujo sentido abrange
o de outra(s). Roupa constitui hiperônimo em relação a
calça, vestido, paletó, camisa, pijama, saia...
Gabarito: ambas as afirmações estão corretas.
Ela escolheu a saia, a blusa, o cinto, o sapato e as meias...
Aquele conjunto estaria, sim, adequado ao ambiente.
Coesão e conectores Elemento coesivo: o hiperônimo “conjunto” retoma os
substantivos anteriores.
Coesão é a inter-relação bem construída entre as partes
de um texto e se faz com o uso de conectores ou elementos Hiponímia: hipônimo é palavra de sentido incluído no
coesivos. Seu antônimo é incoesão ou desconexão. sentido de outra. Boneca, pião, pipa, bambolê, carrinho,
bola de gude... são hipônimos de brinquedo.
Coesão gramatical (ou coesão referencial endofórica) Naquela disputa havia cinco times, contudo apenas o
Flamengo se pronunciou.
Os componentes de um texto se inter-relacionam, referin- Conector: o hipônimo “Flamengo” cria coesão com a
Língua Portuguesa

do-se uns aos outros, evidenciando o que se chama coesão palavra “times”.
referencial endofórica, ou coesão gramatical. Além do uso das
preposições e conjunções, eis alguns recursos de coesão refe- Anáfora: chama-se anafórico ao elemento de coesão
rencial endofórica e seus elementos coesivos ou conectores: que retoma algo já dito.

Nominalização: substantivo que retoma ideia de verbo O lobo e o cordeiro se olharam; aquele, com fome; este,
anteriormente expresso. com temor.
Os alunos esforçados foram aprovados e a aprovação Coesivos anafóricos: “aquele” e “este” retomam “lobo”
lhes trouxe euforia. e “cordeiro”.

8
Catáfora: palavra ou expressão que antecipa o que vai 2. e. Uso dos demonstrativos: este refere-se ao que se vai
ser dito. falar; esse, ao que já foi dito.
Não se esqueça disto: já estamos comprometidos. 3. a. Uso dos demonstrativos: este refere-se ao que se vai
Conector catafórico: “disto” antecipa a oração “já esta- falar; esse, ao que já foi dito.
mos comprometidos”. 4. b (falar de um artigo).
5. a (falar uma frase).
Obs.: a coesão é uma qualidade do texto e sua falta cons- 6. b (fugir de algo).
titui erro. Desconexo ou incoeso é o texto a que falta coesão. 7. b (falta coesão a algo).
8. a (o dinheiro estava escondido no quarto).
Domínio dos mecanismos de coesão textual 9. b (você chegou a um local).
10. b (cujo não vem seguido de artigo).
Os mecanismos de coesão textual exigem conhecimentos
outros, como uso dos pronomes, regência, concordância, Outros Conceitos
colocação...
Barbarismo
Resolva as questões seguintes, onde aparecem 10 coesões
bem feitas e 10 imperfeitas, com relação à norma padrão Erro no uso de uma palavra.
oficial. 1. Erro de pronúncia ou grafia: Ele é adevogado e co-
nhece o pograma.
Qual dos dois textos está mais bem escrito, levando em con- 2. Erro de flexão: Eu reavi os leitães. (O certo é reouve
sideração os mecanismos de coesão textual? os leitões)
1. a) O cavalo e o ganso e a ovelha andavam lado a lado; 3. Troca de sentido: tráfico x tráfego, estrutura x esta-
enquanto este relinchava, aquele grasnava e ela tura, ascendente x descendente...
balia.
b) O cavalo e o ganso andavam lado a lado; enquanto Cacofonia
aquele relinchava, esse grasnava e esta balia.
Som desagradável ou ambíguo.
2. a) Atenção a este aviso: “Piso Escorregadio”. Meus afetos por ti são (tição). Louca dela (cadela), por
b) Atenção a esse aviso: “Piso Escorregadio”. não perceber que dedico a ti (quati) o meu amor.

3. a) Silêncio e respeito. Essas palavras se viam por toda Eco ou Colisão


parte.
b) Silêncio e respeito. Estas palavras se viam por toda Rima na prosa.
parte. Depois da primeira porteira, encontrou a costureira
descendo a ladeira da goiabeira.
4. a) Encontrei o artigo que você falou.
b) Encontrei o artigo de que você falou. Estrangeirismo

5. a) Foi essa a frase que você falou. Uso de palavras ou expressões estrangeiras.
b) Foi essa a frase de que você falou. Internet, slow motion, pick-up, abat-jour, débauche,
front-light...
6. a) Era uma situação que ele fugia.
b) Era uma situação de que ele fugia. Solecismo

Erro sintático.
7. a) Estamos diante de um texto que falta coesão.
1. De regência: Emprestei de você um calção. Ele obede-
b) Estamos diante de um texto a que falta coesão.
ceu o pai.
2. De concordância: Nós vai... A gente pensamos... As
8. a) Finalmente chegou ao quarto onde estava escondido
menina...
o dinheiro.
b) Finalmente chegou ao quarto aonde estava escon-
Arcaísmo
dido o dinheiro.
Uso de palavras ou expressões antigas.
9. a) Veja o local onde você chegou. Palavras adrede escolhidas (especialmente). Brincavam
b) Veja o local aonde você chegou. de trocar piparotes (petelecos).
10. a) Convide para a mesa as senhoras cujos os maridos Neologismo
Língua Portuguesa

estão presentes.
b) Convide para a mesa as senhoras cujos maridos estão Palavra recém-inventada.
presentes. – O que ele está fazendo?
– Ah! Deve estar internetando.
Gabarito:
1. b. Uso dos demonstrativos: aquele, para o mais dis- Preciosismo
tante; esse, para o intermediário; este, para o mais
próximo. Preocupação exagerada com a construção do texto.

9
Figuras de Linguagem Silepse de Número: E o casal de garças pousaram tran-
quilamente.
Figuras de Pensamento
Silepse de Pessoa: Todos deveis estar atentos.
São as figuras que atuam no campo do significado.
Figuras de Sonoridade
Antítese: aproximação de ideias opostas – O belo e o feio
podem ser agressivos ou não. São as figuras relacionadas ao trabalho com os sons das
palavras.
Paradoxo: aparente contradição – Esta sua tia é uma Aliteração: repetição de sons consonantais próximos –
beleza de feiura. “Gil engendra em Gil rouxinol”
(Caetano Veloso)
Ironia: afirmação do contrário – O animal estava limpo,
com os cascos reluzentes, firme, saudável... Muito maltratado!
Assonância: repetição de sons vocálicos próximos –
Eufemismo: suavização do desagradável – Passou desta Cunhã poranga na manhã louçã.
para a melhor (= morreu).
Onomatopeia: tentativa de imitação do som – coxixo,
Hipérbole: exagero – Já repeti cem mil vezes. tique-taque, zum-zum, miau...

Perífrase: substituição de uma expressão mais curta Paronomásia ou trocadilho – Contudo... ele está com
por uma mais longa e pode ser estilisticamente negativa ou tudo.
positiva, dependendo do contexto.
Tropos (Uso do Sentido Figurado ou Conotação)
Texto: Apoio sinceramente sua decisão.
Perífrase: Antes de mais nada, é importante que você Comparação ou Analogia: relação de semelhança explí-
me permita neste momento comunicar-lhe meus sinceros cita sintaticamente.
sentimentos de apoio ao resultado de suas meditações. Ele voltou da praia parecendo um peru assado.
Teresa está para você, assim como Júlia, para mim.
Também constitui perífrase o uso de duas ou mais pala-
Corria como uma lebre assustada.
vras em vez de uma:
titular da presidência (= presidente); a região das mil e Sua voz é igual ao som de panela rachada.
uma noites (= Arábia)
Metáfora: relação de semelhança subentendida, sem
Figuras de Sintaxe conjunção ou palavra comparativa.
Voltou da praia um peru assado.
São as figuras relacionadas à construção da frase. A sua Tereza é a minha Júlia.
Correndo, ele era uma lebre assustada.
Elipse: omissão de termo facilmente identificável – (eu) Sua voz era uma panela rachada.
cheguei, (nós) chegamos.
Metonímia: relação de extensão de significado, não de
Hipérbato: inversão da frase – Para o pátio correram semelhança.
todos. Continente x conteúdo
Só bebi um copo. (Bebeu o conteúdo e não copo)
Pleonasmo vicioso: repetição desnecessária de ideia –
Chutou com o pé, roeu com os dentes, saiu para fora, lustro Origem x produto
de cinco anos... Comeu um bauru. (Bauru é a origem do sanduíche)

Pleonasmo estilístico: A mim, não me falaste. Aos pais, Causa x efeito


lhes respondi que... Cigarro incomoda os vizinhos. (A fumaça é que incomoda)

Assíndeto: ausência de conjunção coordenativa – Che- Autor x obra


gou, olhou, sorriu, sentou. Vamos curtir um Gilberto Gil? (Curtir a música)

Polissíndeto: repetição de conjunção coordenativa – Abstrato x concreto


Língua Portuguesa

Chegou, e olhou, e sorriu, e sentou. Estou com a cabeça em Veneza. (O pensamento em


Veneza)
Gradação: sequência de dados em crescendo – Balbu-
ciou, sussurrou, falou, gritou... Símbolo x simbolizado
A balança impôs-se à espada. (Justiça... Forças Armadas)
Silepse: concordância com a ideia, não com a palavra.
Instrumento x artista
Silepse de Gênero: Vossa Senhoria está cansado? O cavaquinho foi a grande atração. (O artista)

10
Parte x todo 8. ________ os direitos políticos de José Orfeu. (caçaram
Havia mais de cem cabeças no pasto. (Cem reses) - cassaram)
9. Ele perdeu seu ________ político. (mandado - mandato)
Catacrese: metáfora estratificada, que já faz parte do 10. O criminoso foi apanhado em _____________. (flagrante
uso comum. - fragrante).
Asa da xícara, asa do avião, barriga da perna, bico de 11. Os surdos não conseguem ___________ música e baru-
bule, pé de limão... lho. (descriminar - discriminar).
12. É intensa a campanha para __________ o aborto. (des-
Prosopopeia ou Personificação: criminar - discriminar)
O céu sorria aberto e cintilante... As folhas das palmeiras 13. O político foi ___________ de subversivo. (tachado -
sussurravam aos nossos ouvidos. taxado)
14. O estacionamento não era ____________ naquele pré-
Márcio Wesley dio. (tachado - taxado)
15. O professor _________ metáfora e metonímia. (deferiu
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS - diferiu)
16. O secretário ___________ o pedido do aluno. (deferiu
Emprego de Expressões, Homônimos, Parônimos, - diferiu)
Sinônimos e Antônimos 17. Chegou à cidade um _____________ conferencista.
(eminente - iminente)
Denotação consiste no sentido real, exato, dicionarizado. 18. O edital do concurso é _________ . Pode sair a qualquer
O homem tinha dez mil animais. hora. (eminente - iminente)
19. Aquele homem ____________ a “lei seca”. (infringiu -
Conotação consiste no sentido figurado, literário, ima- infligiu)
ginário. 20. O delegado _______ -lhe uma dura pena. (infringiu -
O homem tinha dez mil cabeças de gado. infligiu)
21. A escolha do candidato ___________ os prognósticos
Homônimos são palavras com escrita igual e ou pronún- do partido. (retificou - ratificou)
cia igual, mas sentidos diferentes. 22. O comentário do professor __________ os erros do es-
A sede(ê) x a sede(é) tudante. (retificou - ratificou)
sessão x cessão x seção 23. A mensagem do autor ficou _________ . (subtendida -
subentendida)
Parônimos são palavras com escrita semelhante, com 24. Com maior valor do dólar, os produtores podem
sentidos diferentes. __________ mais lucros. (auferir - aferir)
infringir = desobedecer 25. Os técnicos do Inmetro vão ___________ a balança.
inflingir = aplicar, impor (auferir - aferir)
depercebido = não foi notado 26. É verdade que, __________, a inflação deixou de inco-
desapercebido = não preparado, desprevenido modar. (em princípio - a princípio)
27. É verdade que, __________, a reunião demorou a co-
Sinônimos são palavras diferentes com sentidos seme- meçar. (em princípio - a princípio)
lhantes. 28. Todos trabalharam _________ obter reconhecimento.
cachorro / cão (a fim de - afim)
cotidiano / dia a dia 29. Priscila e Ana têm uma preocupação _______ (a fim
de - afim)
Antônimos são palavras diferentes com sentidos opostos. 30. Obteremos lucro apenas ___________ rigoroso controle.
claro / escuro (através de - por meio de)
alto / baixo
feio / bonito Gabarito

Exercícios 1. despercebido 18. iminente


2. desapercebido 19. infringiu
Complete as lacunas com a palavra adequada. 3. vultosas 20. infligiu
1. O fato passou _______________ . (despercebido - de- 4. sessão 21. ratificou
sapercebido). 5. seção 22. retificou
2. O projeto novo não era conhecido do diretor 6. cessão 23. subentendida
_____________ . (despercebido - desapercebido) 7. secção 24. auferir
3. Os bancos transacionam somas ______________. (vul- 8. Cassaram 25. aferir
tuosas - vultosas) 9. mandato 26. em princípio
Língua Portuguesa

4. Hoje a ________ de trabalho se encerra às quatro. (ses- 10. flagrante 27. a princípio
são - seção - cessão - secção) 11. discriminar 28. a fim de
5. Encaminharemos à _______ de Normas Técnicas esse 12. descriminar 29. afim
texto. (sessão - seção - cessão - secção) 13. tachado 30. por meio de
6. O governo efetivou a _______ de auxílio-gás. (sessão - 14. taxado
seção - cessão - secção) 15. diferiu
7. Foi feita uma pequena ________ para introduzir o ca- 16. deferiu
teter. (sessão - seção - cessão - secção) 17. eminente

11
SINTAXE DO PERÍODO locuções conjuntivas coordenativas explicativas, que são:
pois (antes do verbo), que, porque, por quanto etc.
Saia logo, pois já são nove horas.
Relações Morfossintáticas e Semânticas no Ele está lutando, pois precisa vencer.
Período Composto Não a prejudique, porque ela é doente.
Período Composto por Coordenação
Exercícios
No período composto por coordenação, as orações re-
cebem o nome de orações coordenadas e podem ser assin- Coloque nos parênteses que precedem os períodos a seguir,
déticas ou sindéticas. em relação às orações sublinhadas:
• São assindéticas quando não são introduzidas por co- (A) para oração coordenada assindética.
nectivos (conjunções). (B) para oração coordenada sindética adversativa.
• São sindéticas quando são introduzidas por conectivos (C) para oração coordenada sindética aditiva.
(conjunções). (D) para oração coordenada sindética alternativa.
(E) para oração coordenada sindética explicativa.
Observe: (F) para oração coordenada sindética conclusiva.
No período:
Compramos, vendemos, fazemos qualquer negócio. 1. ( ) O vaqueiro do Sul ou está cavalgando ou está par-
Há quatro orações coordenadas e todas assindéticas. ticipando de corrida.
2. ( ) Havia muita gente na sala, mas ninguém socorreu
Porém no período: a vítima.
As casas estavam fechadas e as ruas desertas. 3. ( ) O vaqueiro no Norte conhece bem os seus espaços,
Há duas orações coordenadas, sendo a primeira assin- pois nasceu nas caatingas.
dética e a segunda sindética. 4. ( ) Ele devia estar muito enfraquecido, pois desmaiou.
5. ( ) O trabalho do vaqueiro é duro, portanto ele tem de
As orações coordenadas sintédicas podem ser: ser um homem forte.
6. ( ) Você vem comigo, ou vai-se embora com eles?
1. Orações coordenadas sindéticas aditivas 7. ( ) Telefonei-lhe ontem, mas você tinha saído.
Quando simplesmente ligadas à anterior, sendo introdu- 8. ( ) Meus amigos, o verdadeiro homem não foge, en-
zidas por conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas frenta tudo.
aditivas, que são: e, nem, e não, mas também, bem como, 9. ( ) Ele foi a São Paulo de automóvel e voltou de avião.
também etc. 10. ( ) Passou a noite, veio o novo dia e ele continuava
Ele não toma uma atitude nem nos apoia. dormindo.
A casa foi vendida e o carro trocado.
11. ( ) Você não estuda, portanto não passará de ano.
Ele comprou o carro e não comprou a casa.
12. ( ) Tudo parecia difícil, mas ela não reclamava, nem
perdia o ânimo.
2. Orações coordenadas sindéticas adversativas
Quando o seu sentido se opõe ao da anterior, sendo in- 13. ( ) Havia problemas, mas ninguém tentava resolvê-los.
troduzidas por conjunções ou locuções conjuntivas coorde- 14. ( ) Ninguém nos atendeu; ou estavam dormindo, ou
nativas adversativas, que são: mas, porém, todavia, contudo, tinham saído.
entretanto, no entanto, não obstante etc. 15. ( ) Não perturbes teu pai, que ele está trabalhando.
Queremos lutar, mas ninguém nos apoia. 16. ( ) Nós o prevenimos; portanto ele acautelou-se.
Estou estudando, porém preciso parar. 17. ( ) Ele não só me atrapalha, como também me preju-
Ele estudou, contudo não passou. dica.
18. ( ) Nós o prevenimos, mas ele descuidou-se.
3. Orações coordenadas sindéticas alternativas 19. ( ) Vocês sentem-se prejudicados; ninguém, no entan-
Quando têm significados que se excluem (ou um ou ou- to, protesta.
tro), sendo introduzidas por conjunções ou locuções conjun- 20. ( ) Certamente ele acautelou-se, pois nós o prevenimos.
tivas coordenativas alternativas, que são: ou, ou... ou, já... 21. ( ) Tudo já está terminado, portanto vamo-nos embora.
já, ora... ora, seja... seja, quer... quer etc. 22. ( ) Provavelmente seremos punidos, porque transgre-
Ou ele resolve tudo, ou tenho de ir eu mesmo. dimos a lei.
Quer estude, quer trabalhe, ele não muda. 23. ( ) O professor não veio; logo não haverá aula.
Esta terra é assim mesmo, ora chove, ora faz sol. 24. ( ) Transgredimos a lei, logo seremos punidos.
25. ( ) Você se diz meu amigo, todavia nem sempre o en-
4. Orações coordenadas sindéticas conclusivas tendo.
Quando exprimem uma conclusão, sendo introduzidas
por conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas con- Gabarito
Língua Portuguesa

clusivas, que são: logo, portanto, então, por isso, por con-
seguinte, pois (depois do verbo) etc.
1. D 8. A 15. E 22. E
Houve algum engano, por isso vamos verificar.
2. B 9. C 16. F 23. F
Ele estudou muito, logo venceu na vida.
3. E 10. A 17. C 24. A
Ele pagou seus compromissos, então merece crédito.
4. E 11. F 18. B 25. B
5. F 12. B 19. B
5. Orações coordenadas sindéticas explicativas
6. D 13. A 20. E
Quando encerram uma explicação daquilo que vem ex-
7. B 14. D 21. F
presso na anterior, sendo introduzidas por conjunções ou

12
Período Composto por Subordinação Período simples:
Meu desejo é a vossa felicidade.
Vimos no período composto por coordenação que as (predicativo do sujeito)
orações são independentes, não havendo nenhuma ligação Período composto:
de subordinação entre elas, ou seja, uma principal e uma, Meu desejo é que sejais feliz.
ou várias subordinadas. (oração subordinada substantiva predicativa)
Quanto ao período composto por subordinação, haverá f) Aposto – oração subordinada substantiva apositiva
uma espécie de dependência entre elas, havendo é claro, Desempenha a função de aposto da oração principal.
uma principal e uma ou mais subordinadas. Veja:
As orações de um período composto por subordinação Período simples:
podem ser. Só quero uma coisa: a tua absolvição.
• substantivas (aposto)
• adjetivas Período composto:
• adverbiais Só quero uma coisa: que sejais absolvido.
(oração subordinada substantiva apositiva)
• Orações Subordinadas Substantivas
Observação:
As orações subordinadas substantivas, além de desempe- Você deve ter notado que as orações subordinadas subs-
nharem as funções de substantivo, desempenham também tantivas começaram todas por:
as funções dos elementos de um período simples, ou seja: • Conjunção integrante: que ou se
a) Sujeito – oração subordinada substantiva subjetiva Todavia podem também ser introduzidas por:
Desempenha a função de sujeito da oração principal. • Advérbio interrogativo: por que? onde? quando?
Veja: como?
Período simples: • Pronomes interrogativos: que? quem? qual? quanto?
É necessário a morte do peru.
(sujeito) • Pronomes indefinidos: quem? quantos?
Período composto:
É necessário que o peru morra. Exercícios
(oração subordinada substantiva subjetiva)
Coloque nos parênteses que precedem os períodos a seguir,
b) Objeto direto – oração subordinada substantiva ob- analisando o que estiver sublinhado.
jetiva direta (OSSSU) para oração subordinada substantiva subjetiva.
Desempenha a função de objeto direto da oração prin- (OSSSOD) para oração subordinada substantiva objetiva di-
cipal. reta.
Veja: (OSSSOI) para oração subordinada substantiva objetiva in-
Período simples:
direta.
Eu quero a tua colaboração.
(objeto direto) (OSSSPR) para oração subordinada substantiva predicativa.
Período composto: (OSSSAP) para oração subordinada substantiva apositiva.
Eu quero que tu colabores. (OSSSCN) para oração subordinada substantiva completava
(oração subordinada substantiva objetiva direta) nominal.
1. ( ) Ali, bem ali, esperávamos que os balões caíssem.
c) Objeto indireto – oração subordinada substantiva 2. ( ) É necessário que você colabore.
objetiva indireta 3. ( ) Alberto disse que não morava na cidade.
Desempenha a função de objeto indireto da oração 4. ( ) Ficamos à espera de que o barco se aproximasse.
principal. 5. ( ) Somos gratos a quem nos ajuda.
Veja: 6. ( ) Reconheço-lhe uma qualidade: você é sincera.
Período simples: 7. ( ) O sonho do pai era que o filho se formasse.
Eu preciso de tua colaboração. 8. ( ) Convém que te justifiques.
(objeto indireto)
Período composto: 9. ( ) Está provado que esta doença já tem cura.
Eu preciso de que tu colabores. 10. ( ) Roberto era quem mais reclamava.
(oração subordinada substantiva objetiva indireta)
11. No período: “Que conversassem de amores, é possível”.
d) Complemento nominal – oração subordinada subs- A primeira oração classifica-se como:
tantiva completiva nominal a) subordinada substantiva predicativa.
Desempenha a função de complemento nominal da b) subordinada substantiva apositiva.
oração principal. c) subordinada substantiva subjetiva.
Veja: d) subordinada substantiva objetiva direta.
Período simples: e) Principal.
Sou favorável à execução da fera.
Língua Portuguesa

(complemento nominal)
12. A oração sublinhada em: “Não permita Deus que eu
Período composto:
morra...” tem:
Sou favorável a que executem a fera.
(oração subordinada substantiva completiva nominal) Valor de função sintática de
a) adjetivo objeto direto
e) Predicativo – oração subordinada substantiva pre- b) substantivo sujeito
dicativa c) advérbio adjunto adverbial
Desempenha a função de predicativo do sujeito da ora- d) substantivo objeto direto
ção principal. e) adjetivo sujeito

13
13. Observe as orações sublinhadas nos períodos seguintes: Que: Mulher que muito se mira, pouco fiado tira.
I – Era necessário que Tistu compreendesse. Quem: Sou eu quem perde.
II – Todos esperavam que vencêssemos.
III – Tistu precisava de que o ajudassem. Observação:
Para analisar orações em que entre o relativo quem, é
São respectivamente: necessário desdobrá-lo em: aquele que.
a) objetiva direta, objetiva direta e subjetiva. Qual: Dê-me o troco do dinheiro com o qual você pagou
b) subjetiva, objetiva direta e objetiva indireta. a entrada.
c) subjetiva, subjetiva e completiva nominal. Cujo: Xadrez é um jogo cujas regras nunca entendi.
Onde: Conheço a rua onde mora o professor.
d) predicativa, completiva nominal e subjetiva.
e) subjetiva, objetiva indireta e objetiva direta. Observação:
Onde = em que
14. Numere corretamente, de acordo com a classificação Quanto: Tudo quanto existe é obra divina.
das orações subordinadas substantivas:
(1) Subjetiva A oração subordinada adjetiva pode ser:
(2) Objetiva direta
(3) Objetiva indireta Restritiva ou Explicativa
(4) Predicativa
(5) Completiva nominal É restritiva quando restringe ou limita o sentido do nome
(6) Apositiva ou pronome a que se refere. A qualidade ou propriedade
expressa pela oração subordinada adjetiva, nesses casos, não
( ) Fabiano viu que tudo estava perdido. é intrínseca, não é essencial ao nome ou pronome a que se
( ) O seu desespero era que os bichos se finavam. reporta a oração.
( ) Era preciso que chovesse. O homem que crê, nunca se desespera.
( ) Tudo dependia de que Deus fizesse um milagre. Oração principal: O homem nunca se desespera.
( ) Eles só esperavam uma coisa: que chovesse. Oração subordinada adjetiva: que crê.
( ) Sinhá Vitória fez referência a que Fabiano a acom- Justificativa: Nem todo homem crê.
panhasse. Logo, a crença não é qualidade comum a todos os ho-
mens.
Assinale a sequência obtida: A oração restringe ou limita o sentido do termo homem,
a) 2 – 4 – 1 – 3 – 6 – 5 pois o autor refere-se somente ao homem que crê, e não a
b) 2 – 4 – 3 – 1 – 5 – 6 todo e qualquer homem.
c) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6
d) 2 – 4 – 1 – 6 – 5 – 3 É explicativa quando exprime uma qualidade inerente,
essencial ao nome com que se relaciona.
Gabarito O homem, que é mortal, tem no túmulo o epílogo da vida.
Oração principal: O homem tem no túmulo o epílogo da
1. OD 5. CN 9. SU 13. b vida.
2. SU 6. AP 10. PR 14. a Oração subordinada adjetiva explicativa: que é mortal.
3. OD 7. PR 11. c Justificativa: todo homem é mortal.
4. CN 8. SU 12. d Logo, a morte é inerente à natureza do homem.

Os exemplos apresentados revelam-nos que a adjetiva


• Orações Subordinadas Adjetivas restritiva é indispensável ao sentido do período, enquanto
que a adjetiva explicativa pode ser retirada do período sem
A oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor prejudicar o sentido. A adjetiva explicativa vem sempre en-
de um adjetivo e funciona como adjunto adnominal de um tre vírgulas e as restritivas aceitam vírgulas apenas, onde
termo que a antecede. Observe: terminam.
Na hora da despedida, o japonês disse uma frase co-
movente. Importante:
A palavra sublinhada funciona como adjunto adnominal Se, no entanto, as palavras: quem, qual, onde, quan-
da palavra frase. to, quando e como figuram na oração, sem antecedente
expresso, as orações por eles introduzidas não mais serão
Veja agora a substituição: adjetivas, mas sim, subjetivas.
Na hora da despedida, o japonês disse uma frase que Exemplifiquemos comparando adjetivas com subjetivas:
me comoveu. Conheço a rua onde mora o professor.
Antecedente expresso: rua
O termo sublinhado, que substitui a palavra comovente
Or. sub. adj. restr.: onde mora o professor
da oração, recebe o nome de oração subordinada adjetiva,
Língua Portuguesa

e está sendo introduzida pelo pronome relativo que. Diga-me onde mora o professor.
oração sub. sub. ob. direta
Veja outros exemplos:
Restavam-se as conversas interrompidas à noite. Ficamos admirados todos quantos o viram.
Restavam-se as conversas que eram interrompidas à noite. Antecedente expresso: todos
Algumas fábricas liberam gases prejudiciais à saúde. Or. sub. adj. restr.: quantos o viram
Algumas fábricas liberam gases que prejudicam à saúde.
As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por Veja quanto pode emprestar-me.
um pronome relativo (que, quem, qual, cujo, onde, quando). or. sub. sub. obj. direta

14
• Oração Subordinada Adjetiva • Orações Subordinadas Adverbiais

1. Restritiva Além das orações subordinadas substantivas e adjeti-


vas, existem as adverbiais, que exercem a função de adjunto
Características adverbial, ou seja, funcionam como adjunto adverbial de
a) Restringe a significação do substantivo ou do pronome outras orações e vêm, normalmente, introduzidas por uma
antecedente . conjunção subordinativa (com exceção das integrantes).
b) É indispensável ao sentido da frase. São classificadas de acordo com a conjunção ou locução
c) Não se separa por vírgula da oração principal. conjuntiva que as introduz.
O livro que ela lia era a loucura do homem agoniado.
1) Causal
2. Explicativa Indica a causa da ação expressa pelo verbo da oração
principal. As principais conjunções introdutoras são: porque,
Características visto que, já que, uma vez que, como.
a) Acrescenta uma qualidade acessória ao antecedente. Só não morri à míngua, porque o povo daqui me socorreu.
b) É dispensável ao sentido da frase.
c) Vem separada por vírgulas da oração principal. 2) Comparativa
Jorge de Lima, que foi um poeta da segunda fase, do Estabelece uma comparação com a ação indicada pelo
Modernismo brasileiro, escreveu uma obra junto com verbo da oração principal. As principais conjunções introdu-
Murilo Mendes. toras são: que e do que (precedidos do mais, menos, melhor,
pior, maior, menor), como.
Exercícios Obs.: frequentemente, omite-se nas comparativas o ver-
bo da oração subordinada.
Coloque nos parênteses que precedem os períodos seguin- Ela é tão bela como uma flor.
tes, em relação à oração que estiver sublinhada.
(R) para oração subordinada adjetiva restritiva. 3) Concessiva
(E) para oração subordinada adjetiva explicativa. Indica uma concessão às ações do verbo da oração prin-
cipal. Isto é, admite uma contradição ou um fato inesperado.
1. ( ) Os alunos que chegarem atrasados serão advertidos. As principais conjunções introdutoras são: embora, a menos
2. ( ) A vida, que é curta, deve ser bem aproveitada. que, se bem que, ainda que, contanto etc.
3. ( ) A perseverança, que a marca dos fortes, leva a su-
Fiz a prova, embora tivesse chegado atrasado.
cessos na vida.
4. ( ) Quero somente as fotos que saírem perfeitas.
5. ( ) Pedra que rola fica lisa. 4) Condicional
6. ( ) O carro que bateu vinha a mais de oitenta. Indica a situação necessária à ocorrência da ação do
7. ( ) O Amazonas, que é o maior rio do mundo em vo- verbo da oração principal. As principais conjunções condi-
lume d’água, nasce nos Andes. cionais que as introduzem são: se, salvo se, exceto, desde
8. ( ) O cavalo que ganhou o grande prêmio Brasil chama- que, contanto que, sem que.
-se Sun Set. Só irei com vocês, se me pagarem a passagem.
9. ( ) Os carros que não tiverem placa serão multados.
10. ( ) O homem, que é um ser mortal, tem uma missão 5) Conformativa
sobre a terra. Indica uma conformidade entre o fato que expressa e a
11. ( ) A lua, que é um satélite da terra, recebe a luz solar. ação do verbo da oração principal. As principais conjunções
12. ( ) O negro que está faminto precisa de cuidados especiais. introdutórias são: como, consoante, segundo, conforme.
13. ( ) A vida, que é boa, deve ser aproveitada. Como havíamos previsto, a festa esteve ótima.
14. ( ) Ali fica o consultório que pertence a meu amigo.
15. ( ) As justificativas, que escutei, são do pobre coitado. 6) Consecutiva
16. ( ) Ontem vi o amigo que vai viajar comigo. Indica a consequência resultante da ação do verbo da
17. ( ) O médico, que está a serviço do povo, atendeu a oração principal. As principais conjunções introdutórias são:
um chamado. (tão)... que, (tanto) ... que, (tamanho)... que etc.
18. ( ) Era um homem que tinha muita coragem. Tremia tanto, que mal podia andar.
19. ( ) O médico prestou favores que não podem ser esti-
mados. 7) Final
20. ( ) É deliciosa a sensação inusitada que senti. Indica o fim, o objetivo a que se destina o verbo da oração
21. ( ) Ontem examinei a senhora gorda que está diabética. principal. As principais conjunções que as introduzem são:
22. ( ) O cliente que chegar atrasado será advertido.
para que, afim de que, (= para que).
23. ( ) O médico que ajudou o preto chama-se Jamur.
24. ( ) O Rio de Janeiro, que é a cidade rica em belezas Fiz-lhe sinal, para que viesse.
naturais, é hospitaleira.
25. ( ) O homem que desmaiou vinha mal intencionado. 8) Proporcional
Língua Portuguesa

Indica uma relação de proporcionalidade com o verbo


da oração principal. As principais conjunções introdutoras
Gabarito são: à medida que, enquanto, quanto mais... mais, quanto
mais... menos, à proporção que.
1. R 6. R 11. E 16. R 21. R À medida que caminhávamos, víamos aparecer a casa.
2. E 7. E 12. R 17. E 22. R
3. E 8. R 13. E 18. R 23. R 9) Temporal
4. R 9. R 14. R 19. R 24. E Indica a circunstância de tempo em que ocorre a ação do
5. R 10. E 15. E 20. R 25. R verbo da oração principal. As principais conjunções introdu-

15
toras são: antes que, quando, assim que, logo que, até que, h) ( ) Os preços dos gêneros alimentícios aumentam
depois que, mal, apenas. diariamente, porque a inflação está acelerada.
Assim que deu o sinal, os alunos saíram. i) ( ) Semeie hoje, para que colha bons frutos amanhã.
j) ( ) Os deveres tomam-se agradáveis, se os cumpri-
Exercícios mos com boa vontade.
k) ( ) Os outros nos tratam, conforme os tratamos.
1. No período: “As nuvens são cabelos crescendo como l) ( ) À proporção que lemos, vamos adquirindo mais
rios” (JCMN). cultura.
A oração sublinhada é classificada como: m) ( ) Só valorizamos certas coisas, quando as perdemos.
a) adverbial consecutiva. n) ( ) Tanto vai o vaso à fonte, que um dia se rompe.
b) adverbial final. o) ( ) O amor só floresce, se o regarmos com muito
c) adverbial proporcional. carinho.
d) adverbial comparativa. p) ( ) O silêncio pode comunicar tanto, quanto a palavra.
q) ( ) Habituai-vos a obedecer, para aprender a mandar
2. Nos versos: (R.R.)
r) ( ) Se eu não fosse imperador, desejaria ser profes-
“... delas se emite um canto
sor (D. Pedro II)
de uma tal continuidade
s) ( ) Os olhos nunca enganam; nem mesmo quando
que continua cantando (1)
pretendem enganar.
se deixa de ouvi-lo a gente; t) ( ) Se os espelhos falassem, haveria menos gente
como a gente às vezes canta (2) diante deles.
para sentir-se existente” (3)
(J.C.M.N.)
Gabarito
Temos nos versos (1), (2) e (3) sublinhados, respectiva-
mente, orações subordinadas adverbiais: 1. d c) 4 i) 7 o) 4
a) consecutiva ‑ comparativa – final. 2. a d) 2 j) 4 p) 2
b) final – proporcional – comparativa. 3. c e) 9 k) 5 q) 7
c) Causal – conformativa – final. 4. c f) 3 l) 8 r) 4
d) causal – comparativa – final. 5. a) 8 g) 6 m) 9 s) 9
b) 5 h) 1 n) 6 t) 4
3. No período: “Não permita Deus que eu morra sem que
eu volte para lá”. (Gonçalves Dias)
A oração subordinada adverbial deve ser classifica como: Exercícios
a) comparativa.
b) consecutiva. (MMA) Foram expedidas cerca de 7 mil cartas de expulsão
de brasileiros no ano passado. O medo faz parte da rotina
c) condicional.
de boa parte dos cerca de 60 mil brasileiros sem papéis,
d) final.
que vivem de casa para o trabalho e do trabalho para casa,
receosos de serem detidos e repatriados.
4. No período: “Como havia pouca gente presente, a reu-
1. O uso das vírgulas justifica-se por isolar oração subor-
nião foi suspensa”. dinada adjetiva restritiva.
A oração destacada apresenta uma circunstância de:
a) tempo. (MMA/Analista) Quando, há cerca de cinco anos, chegou ao
b) condição. mercado brasileiro o primeiro modelo de carro bicombustí-
c) causa. vel, que pode utilizar gasolina e álcool em qualquer propor-
d) consequência. ção, ninguém apostava no seu êxito imediato e muito menos
na sua permanência no mercado por muito tempo.
5. Coloque nos parênteses que precedem os períodos 2. A vírgula após “bicombustível” isola oração subordinada
abaixo, em relação às orações subordinadas adverbiais adjetiva explicativa.
sublinhadas:
(1) para causal (MPE-RR/Atendente) Os Estados Unidos da América (EUA),
(2) para comparativa que desde a última década vinham relegando para um segun-
(3) para concessiva do plano esforços direcionados à conservação de energia – os
(4) para condicional carros grandes têm hoje maior participação relativa, no total
(5) para conformativa da frota norte-americana, que a registrada antes do primeiro
(6) para consecutiva choque do petróleo, em 1973/1974 –, até estabeleceram me-
(7) para final tas ambiciosas de redução do consumo de óleo no setor de
(8) para proporcional transportes, contando com expressiva produção de etanol.
(9) para temporal 3. A vírgula empregada após “transportes” isola oração
adjetiva restritiva.
a) ( ) À medida que o trem se aproximava, o barulho
Língua Portuguesa

aumentava. (MRE/Assistente de chancelaria) Segundo o ex-assessor es-


b) ( ) Ele agia, como devia. pecial de Lula, Frei Betto, que chegou recentemente de Cuba,
c) ( ) Nada farei, sem que me auxilies. onde esteve com Raúl Castro, de quem é amigo pessoal, os
d) ( ) Leem, como analfabetos. cubanos fazem sérias ressalvas ao processo chinês, exata-
e) ( ) Sempre que posso, leio alguma coisa. mente por valorizar o crescimento econômico sem levar em
f) ( ) Ainda que as estatísticas comprovem, não acre- conta o desenvolvimento social.
dito no que dizem. 4. O trecho “que chegou recentemente de Cuba” está entre
g) ( ) A inflação está tão acelerada, que os preços dos vírgulas por tratar-se de oração subordinada adjetiva
gêneros alimentícios aumentam diariamente. restritiva.

16
(Teresina-PI/Agente Fiscal) A produtividade industrial, que Anita trabalhou e estudou.
se mede dividindo o volume da produção pelo número de O povo não só exige respeito, mas também paga im-
trabalhadores, vem crescendo há bastante tempo, mas, até postos.
recentemente, o crescimento era fruto da redução do nível
de emprego. Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto,
5. A oração “que se mede dividindo o volume da produ- entretanto, não obstante.
ção pelo número de trabalhadores” está entre vírgulas O país cresceu, mas não gerou empregos.
porque tem natureza restritiva.
Alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja.
Emprego das Conjunções Ou saio para ir com você ou fico em casa.

1) Conjunções subordinativas e locuções prepositivas Conclusivas: logo, pois (após o verbo da oração e entre
Causais: porque, pois, visto que, já que, na medida em vírgulas), portanto, assim, por isso, por conseguinte, dessar-
que, que, visto como, uma vez que, como (anteposto à oração te/destarte, posto isso.
principal), porquanto. Mílvio estuda Português faz dois anos, portanto já sabe
Os turistas desistiram da visita, visto que chovia. muito.
Já que o país não crescia, o investidor se retirava.
Explicativas: pois (antes do verbo), que ( = porque), por-
Concessivas: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, porquanto.
que, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que, Feche a porta, que está frio.
apesar de, não obstante, malgrado, conquanto. O país cresceu, porque o desemprego diminuiu.
Embora chova, sairei.
Por mais que tente, não te entendo. Exercícios
A fé ainda move montanhas, posto que esteja abalada.
Malgrado seja domingo, ela está trabalhando. (Banco do Brasil/Escriturário) As empresas que pretendem
fazer um investimento social mais eficaz tendem a não ser as
Condicionais: se, caso, desde que, contanto que, a não executoras dos projetos, contratando consultores ou orga-
ser que, sem que. nizações especializadas para desenvolvê-los. Ao adotar essa
O amor não se rompe, desde que sejam fortes os laços. estratégia, a empresa compartilha o papel de produtora so-
Se viagens instruíssem homens, os marinheiros seriam cial com a organização executora.
o mais sábios. 6. A substituição de “Ao adotar” por Quando adota man-
A não ser que trabalhe, não prosperará. tém a correção gramatical e o sentido original do perí-
odo.
Consecutivas: tal que, tanto que, de sorte que, de modo
que, de forma que, tamanho que. (Banco do Brasil/Escriturário) O número de mulheres no
A fé era tamanha que muitos milagres se operavam. mercado de trabalho mundial é o maior da História, tendo
Choveu tanto que a ponte caiu. alcançado, em 2007, a marca de 1,2 bilhão, segundo relatório
da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em dez anos,
Conformativas: conforme, como, segundo, consoante. houve um incremento de 200 milhões na ocupação feminina.
Chorarão as pedras das ruas, como diz Jeremias sobre as Ainda assim, as mulheres representaram um contingente
de Jerusalém destruída. distante do universo de 1,8 bilhão de homens empregados.
7. O desenvolvimento das ideias do texto confere à ora-
Comparativas: como, assim como, tal qual, que, do que, ção reduzida iniciada por “tendo alcançado” um valor
(tanto) quanto / como. adjetivo, correspondente a que tem alcançado.
Janete estuda mais que trabalha. 8. A relação de sentidos entre as orações do 1º parágrafo
Elias canta tal qual Zezé. do texto permite substituir “Ainda assim” por No en-
Jesus crescia tanto em estatura quanto em sabedoria. tanto ou por Apesar disso, sem prejuízo da correção
gramatical do texto.
Finais: para que, porque, a fim de que, para, a fim de.
O gerente deu ordens para que nada faltasse aos hós- (Banco do Brasil/Escriturário) Vale notar, também, que os
pedes. bons resultados dos bancos médios brasileiros atraíram gran-
Estudei porque vencesse na vida. des instituições do setor bancário internacional interessa-
das em participação segmentada em forma de parceria. O
Proporcionais: à medida que, à proporção que, ao pas- Sistema Financeiro Nacional só tem a ganhar com esse tipo
so que, quanto mais... mais, quanto mais... menos, quanto de integração. Dessa forma, o cenário, no médio prazo, é
menos... mais, quanto menos... menos. de acelerado movimento de fusões entre bancos médios,
Quanto mais conhecia os homens, mais Pafúncio confiava processo que já começou. Será um novo capítulo da história
em Deus. bancária do país.
À medida que enxergava, o ex-cego se alegrava. 9. A relação semântico-sintática entre o período que ter-
mina em “parceria” e o que começa com “O Sistema
Língua Portuguesa

Temporais: quando, enquanto, logo que, antes que, de- Financeiro” seria corretamente explicitada por meio da
pois que, mal, sempre que. conjunção Entretanto.
Sempre que corríamos à janela, assistíamos ao pôr-do-sol.
Mal as provas chegaram, os alunos se agitaram. (Banco do Brasil/Escriturário) A Airbus mantém 4.463 aerona-
ves em operação, enquanto a Boeing tem 24 mil – incluindo
2) Conjunções coordenativas (para comparar e distin- 5 mil Boeing 737, o principal rival do Airbus 320, o mesmo
guir) modelo do envolvido em recente acidente aéreo. As duas
Aditivas: e, nem ( = e não), mas também. empresas travam um duelo à parte pelo mercado da aero-
Astolfo não cantou nem dançou. náutica. No ano passado, a Airbus recebeu 791 encomendas

17
contra 1.044 da Boeing. No entanto, a Airbus entregou 434 E então a paz começa a chegar.
aviões a jato; sua concorrente, 398. 46 A paz é uma infatigável busca de valores para o bem
10. O termo “enquanto” pode, sem prejuízo para a correção de todos. É o esforço criador da humanidade gerando
gramatical do período, ser substituído por ao passo que. recursos econômicos, culturais, sociais, morais, espiri-
49 tuais, que são indispensáveis à subsistência, ao cresci-
(Banco do Brasil/Escriturário) Uma pesquisa realizada em 16 mento e ao relacionamento consciente e fraterno da
países mostrou que os jovens brasileiros são os que colecio- humanidade.
nam o maior número de amigos virtuais. A média brasileira
de contatos é mais do que o dobro da mundial, que tem como Acerca das ideias e da sintaxe do texto, julgue os itens.
base países como Estados Unidos da América (EUA) e China. 14. A oração “Pois o que importa são as situações concretas”
11. Em “mais do que”, a eliminação de “do” prejudica a cor- (l.11-12) estabelece uma relação de causa com a oração
reção gramatical do período. anterior.
15. A oração “Se a humanidade quiser a paz efetiva” (l. 20)
(Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o estabelece uma relação de condição.
desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em 16. Nos períodos “A paz conformista que adia soluções”
escala mundial – como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun- (l. 25), “A paz alienante que distrai a consciência” (l. 28)
do – quanto regional, com disputas nos vários continentes. e “A paz cúmplice que disfarça absurdos” (l. 31), o vo-
12. O emprego de “tanto” está articulado ao emprego de cábulo “que” é um pronome relativo que exerce função
“quanto” e ambos conferem ao período o efeito de sen- de sujeito.
tido de comparação. 17. Na oração “A paz é uma infatigável busca de valores”
13. Subentende-se após “quanto” a elipse da expressão (l. 46), a expressão sublinhada é predicativo do sujeito.
como.
Julgue os itens subsequentes, relativos à sintaxe do trecho:
(CBM-ES/Soldado) Exigências da paz “Expressa o modo existencial como os homens trabalham,
se relacionam e conduzem o destino da História”.
1 Acredito na paz e na sua possibilidade como forma 18. Subentende-se a expressão essa forma de convivência
normal de existência humana. Mas não acredito nas ca- como sujeito da forma verbal “Expressa”.
ricaturas de paz que nos são constantemente propostas, 19. Antes de “se relacionam” e de “conduzem” subentende-
4 e até inculcadas. Há por aí uma paz muito proclamada, -se o conector “como”.
mas que na realidade atrapalha a verdadeira paz. 20. A expressão “o destino da história” é complemento
A paz não é uma abstração. É uma forma de convi- direto das formas verbais “trabalham”, “relacionam” e
7 vência humana. Expressa o modo existencial como os “conduzem”.
homens trabalham, se relacionam e conduzem o destino
da História. (CPC) Se a Holanda tivesse vencido os portugueses no Nor-
10 Sendo assim, não adianta apregoar a sublime paz. deste no século XVII, nosso herói não seria Matias de Albu-
Que não passe de fórmula sem conteúdo. Pois o querque, mas Domingos Fernandes Calabar, senhor de terras
que importa são as situações concretas em que vive a e contrabandista que traiu os portugueses e se passou para
13 humanidade. o lado dos batavos.
Sociedade pacífica não é a sociedade que usa e con- 21. A substituição de “Se a Holanda tivesse vencido” por
Tivesse a Holanda vencido preserva a correção e o sig-
some slogans de paz, mas a que desenvolve concreta-
nificado.
16 mente formas de existência social em que os homens
vivam com dignidade, e possam participar dos valores
(Seplag/DFTrans/Técnico)
materiais e espirituais que respondam às necessidades
19 básicas da vida humana. 1 A compreensão dos processos históricos relacio-
Se a humanidade quiser a paz efetiva, deve estar nados a determinados assuntos é possível quando se
disposta a remover tudo aquilo que a impede. E a buscar levam em consideração manifestações concretas que
22 tudo aquilo que a possibilita. Antes de tudo, remover a 4 acontecem na vida das pessoas, contextualizando-as no
falsa paz: A paz concordista que aceita, com tolerância espaço e no tempo. Assim sendo, é de suma importância
descabida, situações injustas. relacionar fatos históricos brasileiros ao desenvolvimen-
25 A paz conformista que adia soluções contorna pro- 7 to dos meios de transporte para facilitar o entendimento
blemas, silencia dramas sob a alegação de que o mun- da participação e da importância destes na integração
do sempre foi assim, e de que é preciso esperar com das regiões brasileiras e no seu desenvolvimento so-
28 paciência. 10 cioeconômico.
A paz alienante que distrai a consciência para que Tão antigos quanto a existência do próprio homem
não se percebam os males que machucam o corpo e são o desejo e a necessidade humanos de se deslocar, de
31 encolerizam a alma da humanidade. A paz cúmplice que 13 se mover, de transportar, enfim, de transitar, fato que se
disfarça absurdos, desculpa atrocidades, justifica opres- antecipa mesmo ao surgimento dos meios de transporte.
sões e torna razoáveis espoliações desumanas. Foi exatamente pela necessidade de transitar que, há
34 A paz não tem a missão de camuflar erros, mas 16 500 anos, os europeus chegaram ao continente ameri-
de diagnosticá-los com lucidez. Não é um subterfúgio cano e fizeram do território que hoje se chama Brasil o
Língua Portuguesa

para evitar a solução reclamada. Existe para resolver o seu espaço de exploração. Entretanto, para descobrir as
37 problema. 19 potencialidades de um país com tamanha vastidão terri-
Pode haver paz onde há fome crônica? Pode haver torial e conhecê-lo em sua totalidade, desenrolaram-se
paz no lar em que a criança está morrendo por falta de muitas histórias.
40 remédios? Pode haver paz onde há desemprego? Pode
haver paz onde o ódio domina? Pode haver paz onde a 22. A relação que o período iniciado por “Assim sendo”
perseguição age bem acobertada? Nesses casos, o pri- (l. 5-6) mantém com as ideias do período imediatamente
43 meiro passo é suprimir a fome, a doença, o desemprego, anterior permite que esse termo seja substituído por
o ódio, a perseguição. Desse modo ou Por isso.

18
23. As ocorrências da preposição “para” nas linhas 7 e 18 30. A expressão “A despeito da” pode, sem prejuízo para a
introduzem, no desenvolvimento da argumentação, fi- correção gramatical e as informações originais do perí-
nalidades para as ações centradas em “relacionar” (l. 6) odo, ser substituída por qualquer uma das seguintes:
e em “desenrolaram-se” (l. 20), respectivamente. Apesar da, Embora haja, Não obstante a.

(MMA/Analista) Por ironia, as notícias mais frequentes pro- (Prefeitura de Vila Velha-ES) O restante corresponde à água
duzidas pelas pesquisas científicas relatam não a descober- salgada dos mares (97%) e ao gelo nos polos e no alto das
ta de novos seres ou fronteiras marinhas, mas a alarmante montanhas. Administrar essa cota de água doce já desperta
escalada das agressões impingidas aos oceanos pela ação preocupação.
humana. 31. A oração “Administrar essa cota de água doce” exerce
24. O termo “mas” corresponde a qualquer um dos seguin- função sintática de sujeito.
tes: todavia, entretanto, no entanto, conquanto.
Ele só descobre que um bem é fundamental quando dei-
(MPE-RR/Atendente) Enquanto autoridades internacionais xa de possuí-lo. Preso naquele porão, eu descobria que a
vêm condenando duramente a expansão da produção de liberdade mais importante que existia era a liberdade de ir
biocombustíveis, o governo federal arma-se, acertadamente, e vir, a liberdade de movimento. Eu tinha todas as outras
para enfrentar a onda de rejeição daí nascida. liberdades, preso no porão.
25. A substituição do termo “Enquanto” por À medida que 32. A oração “que um bem é fundamental” exerce a mesma
prejudica a correção gramatical do período. função sintática que “todas as outras liberdades”.

(MRE/Assistente de Chancelaria) O boom no preço das com- 33. No trecho “de que me adiantava isso”, o pronome “isso”
modities exportadas pelo Brasil amplia o fôlego da economia complementa a forma verbal “adiantava”.
nacional para absorver importações crescentes sem ameaçar
o equilíbrio externo. O nível do câmbio, entretanto, também (Abin/Analista) A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência
produz efeitos adversos, não neutralizados pela política eco- (Sisbin) e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligência
nômica. (Abin) permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a ativi-
26. O termo “entretanto” pode, sem prejuízo para a corre- dade de Inteligência, mediante uma ação coordenadora do
ção gramatical e a informação original do período, ser fluxo de informações necessárias às decisões de governo, no
substituído por qualquer um dos seguintes: contudo, que diz respeito ao aproveitamento de oportunidades, aos
mas, porém, todavia, conquanto. antagonismos e às ameaças, reais ou potenciais, relativos
aos mais altos interesses da sociedade e do país.
34. O primeiro período sintático permaneceria gramatical-
(MRE/Assistente de Chancelaria) Certamente, o recorde de
mente correto e as informações originais estariam pre-
atração de investimentos externos confirmado agora tem
servadas com a substituição da palavra “mediante” por
relação direta com o fato de o país ter-se transformado de
qualquer uma das seguintes expressões: por meio de,
devedor em credor internacional. Ao assegurar um volume
por intermédio de, com, desencadeando, realizando,
de reservas cambiais superior ao necessário para garantir o
desenvolvendo, empreendendo, executando.
pagamento da dívida externa, o Brasil tranquilizou os credo-
res sobre a sua possibilidade de honrar os compromissos. O dinheiro foi aplicado em um poderoso esquema para evitar
27. A substituição de “Ao assegurar” por Quando assegurou ataques terroristas, como ocorreu nos Jogos de Munique, em
prejudica a correção gramatical do período e altera as 1972, quando palestinos da organização Setembro Negro
suas informações originais. invadiram a Vila Olímpica e mataram dois atletas israelenses.
35. A inserção de o que imediatamente antes de “ocorreu”
(MRE/Assistente de Chancelaria) O afastamento de Fidel Cas- prejudicaria a sintaxe do período e modificaria o sentido
tro, como quer que deva ser analisado de diversos pontos da informação original.
de vista, tem certamente significado simbólico. Ele aponta
para o fim de uma singular experiência revolucionária no 36. (TRT 1ª R/Analista)As conjunções destacadas nos trechos
hemisfério, que, não obstante o que aparece como sobrevi- a seguir estão associadas a uma determinada interpre-
da melancólica nas condições de hoje, ao nascer incendiou tação. Assinale a opção que apresenta trecho do texto
romanticamente a imaginação de muitos de nós e nos mo- seguido de interpretação correta da conjunção desta-
bilizou. cada.
28. O termo “não obstante o” pode, sem prejuízo para a a) A série de dados do Caged tem início em 1992. Con-
correção gramatical e para as informações originais do tra os três primeiros meses de 2007, quando foram
período, ser substituído por apesar do ou a despeito do. criadas 399 mil vagas (recorde anterior), segundo
informações do MTE, o crescimento no número de
(Teresina-PI/Agente Fiscal) No ano passado, a produção in- empregos formais criados foi de 38,7%. (proporcio-
dustrial cresceu 6%, enquanto o emprego aumentou 2,2% e o nalidade)
total de horas pagas pela indústria aumentou 1,8%. Isso quer b) “Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos,
dizer que a produtividade cresceu sem necessidade de de- bombou”, afirmou o ministro do Trabalho a jornalis-
Língua Portuguesa

missões de trabalhadores, como ocorreu entre 1990 e 2003. tas. (comparação)


29. O termo “enquanto” pode, sem prejuízo para a correção c) “É um erro imaginar que há inflação no Brasil. ‘É um
gramatical e para as informações originais do período, erro imaginar que há inflação no Brasil’. (consequência)
ser substituído por qualquer um dos seguintes: ao passo d) “Os preços dos bens duráveis (fogões, geladeiras e
que, na medida que, conquanto. carros, por exemplo, que são impactados pela decisão
dos juros) não estão aumentando”, disse ele a jorna-
(Teresina-PI/Agente Fiscal) A despeito da desaceleração listas. O ministro avaliou, entretanto, que o impacto
econômica nas nações ricas, as cotações das commodities maior se dará nas operações de comércio exterior.
agrícolas, minerais e energéticas persistem em ascensão. (oposição)

19
e) “Os preços dos bens duráveis (fogões, geladeiras e (Abin/Oficial de Inteligência) Há histórias, no plural; o mundo
carros, por exemplo, que são impactados pela de- tornou-se intensamente complexo e as respostas não são
cisão dos juros) não estão aumentando”, disse ele diretas nem estáveis. Mesmo que não possamos olhar de
a jornalistas. O ministro avaliou, entretanto, que o um curso único para a história, os projetos humanos têm um
impacto maior se dará nas operações de comércio assentamento inicial que já permite abrir o presente para a
exterior. Isso porque a decisão sobre juros tende a construção de futuros possíveis.
trazer mais recursos para o Brasil “Isso porque a de- 45. A relação que a oração iniciada por “e as respostas” man-
cisão sobre juros tende a trazer mais recursos para tém com a anterior mostra que a função da conjunção
o Brasil”. (conclusão) “e” corresponde à função de por isso.

(SGA-AC) A sentença determina, entre outras medidas, que (Detran/Analista de Trânsito) Construções e usos de interesse
as penitenciárias somente acolham presos que residam em particular desrespeitam sistematicamente os códigos de obra
um raio de 200 km. Segundo o juiz, as medidas que tomou e as leis de ocupação do solo. Invadem o espaço público, e
são previstas pela Lei de Execução Penal. Sua sentença foi o resultado é uma cidade de edificação monstruosa e hostil
muito elogiada. Contudo, o governo estadual anunciou que ao transeunte. É preciso, portanto, que o espírito da blitz na
irá recorrer ao Tribunal de Justiça. avenida Paulista seja estendido para toda a cidade.
37. As orações subordinadas “que as penitenciárias somente 46. A palavra “portanto” estabelece relação de condição
acolham presos”, “que tomou” e “que irá recorrer ao entre segmentos do texto.
Tribunal de Justiça” desempenham a função de com-
plemento do verbo. (Detran/Analista de Trânsito) Há, porém, outras mais graves,
que se instalam lentamente no organismo, como o aumento
(SGA-AC) Sua sentença foi muito elogiada. Contudo, o gover- da pressão arterial e a ocorrência de paradas cardíacas. Estas
no estadual anunciou que irá recorrer ao Tribunal de Justiça. podem passar despercebidas, já que nem sempre apresen-
38. O emprego da conjunção “Contudo” estabelece uma tam uma relação tão clara e direta com o fator ambiental.
relação de causa e efeito entre as orações. De imediato, existe o alerta: onde morar em metrópoles?
47. A locução “já que” estabelece uma relação de compa-
(SGA-AC) Falara com voz sincera, exaltando a beleza da pai- ração no período.
sagem e revelando que, se dependesse só dele, passaria o
resto da vida ali, morreria na varanda, abraçado à visão do (Detran/Analista de Trânsito) Todavia, foi somente após a
rio e da floresta. Era isso o que mais queria, se Alícia estivesse Independência que começou a se manifestar explicitamente,
ao seu lado. no Brasil, a preocupação com o isolamento das regiões do
39. As orações “se dependesse só dele” e “se Alícia estivesse país como um obstáculo ao desenvolvimento econômico.
ao seu lado” estabelecem circunstância de condição em 48. O termo “Todavia” estabelece uma relação de causa
relação às orações às quais se subordinam. entre as ideias expressas no primeiro e no segundo pe-
ríodos do texto.
(SGA-AC) Não parecia estar no iate, e sim em sua casa, em
Manaus: sentado, pernas e pés juntos, tronco ereto, a cabeça (Detran/Analista de Trânsito) Observe o trecho:
oscilando, como se fizesse um não em câmera lenta. linguagem. S.f. 1. o uso da palavra articulada ou escrita como
40. A oração “como se fizesse um não em câmera lenta” meio de expressão e de comunicação entre as pessoas.
expressa uma comparação estabelecida pelo narrador. 49. No texto do verbete de dicionário, o valor de comparação
da palavra “como” deixa subentender uma expressão
(SGA-AC) Eu esperava o fim da tarde com ansiedade. mais complexa: assim como.
41. A correção gramatical e o sentido do texto seriam manti-
dos se a preposição a fosse incluída após a forma verbal (Ibama/Analista) Preso em diversas ocasiões, só foi defini-
“esperava”: Eu esperava ao fim da tarde com ansiedade. tivamente absolvido em 1º de março de 1984, quatro anos
depois, portanto, de iniciadas as perseguições. De acordo
(DFTrans/Analista) Acho que se compreenderia melhor o com a conselheira Sueli Bellato, embora o relatório não tenha
funcionamento da linguagem supondo que o sentido é um se aprofundado na questão, foi possível constatar que Chico
efeito do que dizemos, e não algo que existe em si, inde- Mendes também foi torturado enquanto estava sob custódia
pendentemente da enunciação, e que envelopamos em um de policiais federais.
código também pronto. 50. Os termos “portanto” e “enquanto” estabelecem idên-
42. O valor condicional da oração iniciada por “supondo” ticas relações de sentido.
permite sua substituição, no texto, por se supusermos,
sem que sejam prejudicadas a coerência ou a correção GABARITO
gramatical.
1. E 14. E 27. E 40. C
(MS/Agente) Para aumentar o volume de doações e trans- 2. C 15. C 28. C 41. E
plantes de órgãos no país, o ministro da Saúde lançou a Cam-
3. E 16. C 29. E 42. E
panha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos.
4. E 17. C 30. C 43. E
43. A primeira oração do texto estabelece com a segunda
5. E 18. E 31. C 44. E
Língua Portuguesa

uma relação de tempo.


6. C 19. C 32. C 45. C
(MS/Agente) Acredito que todos possam fazer uma reflexão 7. E 20. E 33. E 46. E
diante disso: 28,6% das intoxicações por medicamentos ocor- 8. C 21. C 34. C 47. E
ridas com 25 crianças são acidentais, portanto, poderiam ser 9. E 22. C 35. E 48. E
evitadas, observa a coordenadora. 10. C 23. C 36. d 49. E
44. O termo “portanto” estabelece uma relação adversativa 11. E 24. E 37. E 50. E
entre as informações da oração que o precede e as da 12. C 25. E 38. E
oração subsequente. 13. E 26. E 39. C

20
SINTAXE DA ORAÇÃO • Termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto ad-
verbial, aposto.
Relações Morfossintáticas e Semânticas no • Vocativo.
Período Simples
Estudo dos Termos em Sequência Didática
Conceituando frase, período e oração
1) Sujeito
Frase precisa ter sentido completo. Sem verbo, é frase O primeiro passo para uma análise sintática correta é
nominal. Com verbo, é frase verbal. Início com maiúscula, fim encontrar o sujeito.
com ponto, exclamação, interrogação ou reticências. Para encontrar o sujeito, lembremos que o sujeito é o
Psiu! Chuva, fogo, vento, neve, tudo de uma vez. (frases assunto da oração.
nominais) Uma pergunta bem feita ajuda a encontrar o sujeito com
Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (frase verbal) segurança. Devemos perguntar antes do verbo: O que é que
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (frase + verbo? ou Quem é que + verbo?
verbal) Aqui faltava um caderno.
Pergunte: O que é que faltava?
Período é frase com verbo, ou seja, é frase verbal. Sen- Resposta (sujeito): um caderno.
tido completo. Início com maiúscula, fim com ponto, excla-
mação, interrogação ou reticências. A resposta pode estar onde estiver (antes ou depois do
O período é simples quando tem só uma oração. Esta verbo). Ela será o sujeito. Só depois de encontrar o sujeito,
oração é chamada de oração absoluta. podemos procurar complementos para o verbo.
Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado,
destacam-se as vagas em concurso público. (período simples São quatro casos de sujeito inexistente
tem apenas um verbo ou locução, com o mesmo sujeito; a
oração é absoluta) VERBO SENTIDO
= existir
O período é composto quando tem mais de uma ora- haver = ocorrer
ção. Haverá oração principal, oração coordenada e oração
subordinada. = tempo decorrido
Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (período com- = tempo
fazer
posto tem dois ou mais verbos independentes. Orações in- = clima
dependentes são coordenadas) = tempo
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (perí- ser = data, hora
odo composto. Uma oração tem função sintática para outra:
= distância
uma é subordinada e a outra é principal).
Fenômenos naturais: chover, ventar, nevar etc.
Oração só precisa ter verbo. O sentido não precisa ser
Coloque nos parênteses que precedem as orações:
completo.
(S) para sujeito simples (um só núcleo).
Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (três orações, (C) para sujeito composto (dois ou mais núcleos).
porque são três verbos independentes) (O) para sujeito oculto, elíptico ou implícito (subentendido
O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (duas no contexto).
orações, porque são dois verbos com sentidos próprios, in- (I) para sujeito indeterminado (3ª plural; ou com índice e
dependentes, ou seja, não formam locução verbal) verbo na 3ª singular).
Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado, (SS) para sujeito inexistente ou oração sem sujeito.
destacam-se as vagas em concurso público. (uma oração (SO) para sujeito for uma oração (sujeito oracional).
absoluta)
8. ( ) Voavam, nas alturas, os pássaros.
Exercícios 9. ( ) Entraram, apressadamente na sala, o diretor e o
secretário.
Identifique frases, períodos e orações 10. ( ) Deixaremos a cidade amanhã.
11. ( ) Havia muitas pessoas no gabinete do diretor.
1. Casa de ferreiro, espeto de pau. 12. ( ) Todos os dias passavam muitos vendedores pelas
2. Todos os que lançam mão da espada, à espada perece- estradas.
rão. (Mt. 26, 52) 13. ( ) Entregaram a ela um bilhete anônimo.
3. O temer ao Senhor é o princípio da sabedoria. 14. ( ) Choveu copiosamente no dia de ontem.
4. Foi escolhido o projeto que tinha sido mais bem elaborado. 15. ( ) Apareceu um pássaro no jardim.
16. ( ) Hoje, pela manhã, telefonaram muitas vezes para você.
5. Dentre as mais belas histórias, uma não tão bela.
Língua Portuguesa

17. ( ) A mente humana é poderosa arma contra o mal.


6. Sobre a mesa, um copo de leite.
18. ( ) A vida e a morte são os extremos da raça humana.
7. O candidato da oposição está melhor do que os da situação. 19. ( ) Necessitamos de muita paz.
20. ( ) O querer e o fazer são alcançáveis.
Termos da Oração 21. ( ) ( ) ( ) Querer e fazer é alcançável.
22. ( ) Todos necessitam de ajuda.
• Termos essenciais: sujeito e predicado. 23. ( ) O valor do homem é medido pela cultura.
• Termos integrantes: objeto, complemento nominal, 24. ( ) Houve dias de sol em pleno inverno.
agente da passiva. 25. ( ) Caíram ao solo os lápis e os cadernos.

21
26. ( ) Assaltaram um banco na cidade. 534 km da cidade de São Paulo, impondo critérios bastante
27. ( ) Já é muito tarde. rígidos para que os estabelecimentos penais da região pos-
28. ( ) São sete horas da noite. sam receber novos presos, confirma a dramática dimensão
29. ( ) ( ) Convém que o país cresça. da crise do sistema prisional.
30. ( ) Abre a porta, Maria! 43. O trecho “pequena cidade a 534 km da cidade de São
31. ( ) Chegaste antes da hora marcada. Paulo” encontra-se entre vírgulas por exercer a função
32. ( ) Devagar, caminhavam os tropeiros na estrada. de aposto.
33. ( ) Aquelas aves azuis cruzavam o céu cinzento.
34. ( ) Nada o aborrecia. (MS/Agente) A diretora-geral da OPAS, com sede em Washing-
35. ( ) Poucos entenderam a palavra do chefe. ton (EUA), Mirta Roses Periago, elogiou a iniciativa de estados
36. ( ) Brincavam na calçada os meninos e as meninas. e municípios brasileiros de levar a vacina contra a rubéola
37. ( ) Chegaram os primeiros imigrantes italianos. aos locais de maior fluxo de pessoas, especialmente homens,
38. ( ) Ouviu-se uma voz de choro dentro da noite brasi- como forma de garantir a maior cobertura vacinal possível.
leira. 44. O nome próprio “Mirta Roses Periago” funciona como
39. ( ) Ao longe, tocavam os sinos da aldeia. aposto de “A diretora-geral da OPAS”.
40. ( ) Atropelaram um cão na estrada.
Indique se o termo destacado é aposto ou predicativo.
41. (MJ/Adm.) Aparece uma oração sem sujeito em: 45. A moça, bonita, chegou.
a) “... há uma linha divisória entre o trabalho formal e Morfologia:
informal...” Sintaxe:
b) “No entanto, creditam à prática apenas um ‘jeito de Semântica:
ganhar a vida’ sem cometer crimes.”
c) “Todos gostariam de trabalhar tendo um patrão...” 46. A moça, chefe da seção, chegou.
d) “Isso é quase um sonho para muitos” Morfologia:
e) “São pouquíssimos os que ganham mais de R$ 300 Sintaxe:
por mês.” Semântica:

2) Predicativo Versus Aposto 47. A mãe, carinhosa, observava o filho.


Morfologia:
Observe a Questão: Sintaxe:
(Cespe/Abin) A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência Semântica:
(Sisbin) e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligên-
cia (Abin) permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a 48. A mãe, fonte de carinho, observava o filho.
atividade de Inteligência, mediante uma ação coordenadora Morfologia:
do fluxo de informações necessárias às decisões de governo, Sintaxe:
no que diz respeito ao aproveitamento de oportunidades, Semântica:
aos antagonismos e às ameaças, reais ou potenciais, relativos
aos mais altos interesses da sociedade e do país. 49. As ameaças, reais ou potenciais, ainda existem.
42. As vírgulas que isolam a expressão “reais ou potenciais” Morfologia:
são obrigatórias, uma vez que se trata de um aposto Sintaxe:
explicativo. Semântica:

Veja o quadro: 3) Adjunto Adnominal Versus Predicativo

Predicativo Aposto Adjunto adnominal Predicativo


É adjetivo ou equivalente. É substantivo ou equivalente. É adjetivo ou equivalente. É adjetivo ou equivalente.
Refere-se a um substantivo Refere-se a um substantivo Refere-se ao substantivo. Refere-se ao substantivo.
ou equivalente. ou equivalente. Estado passageiro ou perma-
Estado passageiro ou perma- Explica, resume, restringe, Estado permanente.
nente.
nente. enumera. Restrição. Explicação.
Separado explica, junto res-
Separado do nome. Indique se o termo sublinhado é adjunto adnominal ou
tringe.
predicativo.
Exemplos de Predicativo 50. A moça bonita chegou.
Morfologia:
Nós somos estudantes. (substantivo na função de pre- Sintaxe:
dicativo) Semântica:
Nós somos vinte. (numeral na função de predicativo)
Língua Portuguesa

Eu sou seu. (pronome na função de predicativo) 51. A moça, bonita, chegou.


Nós somos esforçados. (adjetivo na função de predicativo) Morfologia:
Nós somos de ferro. (locução adjetiva na função de pre- Sintaxe:
dicativo) Semântica:
A solução é que você venha. (oração não função de pre-
dicativo) 52. A moça parece bonita.
Morfologia:
(SGA-AC/Administrador) Uma decisão singular de um juiz Sintaxe:
da Vara de Execuções Criminais de Tupã, pequena cidade a Semântica:

22
53. A mãe carinhosa observava o filho. 65. O juiz considerou a jogada ilegal.
Morfologia: Na voz passiva: A jogada foi considerada ilegal pelo juiz.
Sintaxe: Note: “ilegal” separado de “a jogada”. Então:
Semântica: Morfologia: adjetivo.
Sintaxe: predicativo do objeto.
54. A mãe, carinhosa, observava o filho. Semântica: estado.
Morfologia:
Sintaxe: 66. O juiz observou a jogada ilegal.
Semântica: Na voz passiva: A jogada ilegal foi observada pelo juiz.
Note: “ilegal” junto de “a jogada”. Então:
55. A mãe era carinhosa. Morfologia: adjetivo.
Morfologia:
Sintaxe: adjunto adnominal.
Sintaxe:
Semântica: característica.
Semântica:

56. O trem atrasado chegou. 67. O edital deixou a turma agitada.


Morfologia: Morfologia:
Sintaxe: Sintaxe:
Semântica: Semântica:

57. O trem chegou atrasado. 68. Um fraco rei faz fraca a forte gente.
Morfologia: Morfologia:
Sintaxe: Sintaxe:
Semântica: Semântica:

58. O trem, atrasado, chegou. 69. Gosto de vocês alegres.


Morfologia: Morfologia:
Sintaxe: Sintaxe:
Semântica: Semântica:

59. O trem continua atrasado. 70. O pai tornou o filho um vencedor.


Morfologia: Morfologia:
Sintaxe: Sintaxe:
Semântica: Semântica:
60. Os inquietos meninos esperavam o resultado.
71. Helena virou professora.
Morfologia:
Sintaxe: Morfologia:
Semântica: Sintaxe:
Semântica:
61. Os meninos esperavam o resultado inquietos.
Morfologia: 72. A vida fez dele um lutador.
Sintaxe: Morfologia:
Semântica: Sintaxe:
Semântica:
62. Os meninos, inquietos, esperavam o resultado.
Morfologia: 73. (Idene-MG/Analista) No fragmento a seguir (...) não con-
Sintaxe: sidero desertor um jogador que, por qualquer motivo,
Semântica: não queira defender a seleção de seu país), o termo
“desertor” desempenha a função de
63. O furioso Otelo matou Desdêmona. a) predicativo do sujeito.
Morfologia: b) predicativo do objeto direto.
Sintaxe: c) predicativo do objeto indireto.
Semântica: d) adjunto adverbial de modo.
e) adjunto adverbial de causa.
64. Otelo estava furioso.
Morfologia:
5) Adjunto Adnominal Versus Adjunto Adverbial
Sintaxe:
Semântica:
Língua Portuguesa

Adjunto adnominal Adjunto adverbial


4) Adjunto Adnominal Versus Predicativo do Objeto É advérbio ou locução ad-
É adjetivo ou equivalente.
verbial.
Técnica. Fazer a voz passiva. Ver se fica junto ou separado, Refere-se a um verbo, um
quando faz mais sentido. Refere-se a um substantivo.
adjetivo ou um advérbio.
Lembrar que junto é adjunto adnominal.
Lembrar que separado é predicativo. Varia. Não varia.
Obs.: separado significa fora do objeto, quando anali- Tempo, modo, lugar, causa,
Estado, situação.
samos. intensidade etc.

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Analise os termos destacados colocando ADN para adjunto 8) Complemento Nominal Versus Adjunto Adnominal
adnominal e ADV para adjunto adverbial.
74. Muitos animais da floresta são perigosos. Complemento nominal Adjunto adnominal
75. Estes belos animais vieram da floresta. Pode ser agente, posse ou
76. Ele é um narciso às avessas. É alvo, é passivo.
espécie.
77. Ele sempre agiu às avessas. Completa adjetivo, advérbio
78. Investigaram em sigilo os escândalos de alguns políticos. Só determina substantivo.
ou substantivo abstrato.
79. Uma investigação em sigilo desvendou alguns mistérios.
80. É saudável caminhar de manhã. Identifique os termos destacados conforme o código: CN
81. Passeios de manhã fazem bem à saúde. para complemento nominal e ADN para adjunto adnominal.
82. Devemos dirigir com cautela. 111. Foi forte o chute do jogador na bola.
83. Manobras com cautela são mais seguras. 112. O mergulho do atleta no mar causou espanto.
84. As enchentes causam muito prejuízo à população. 113. A comunicação do crime à polícia deixou revoltada a
85. A população sofre muito com as enchentes. população do bairro.
114. O ataque dos EUA ao Iraque promoveu inimizade do
6) Adjunto Adverbial povo árabe contra o Ocidente.
115. Nenhum de nós seria capaz de tanto.
Indique a circunstância expressa pelos adjuntos adverbiais 116. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da seta.
destacados. 117. As outras filhas do latim se mantiveram mais ou menos
86. No Pátio do Colégio afundem meu coração paulistano. fiéis às suas tradições.
87. As cores das janelas e da porta estão lavadas de velhas. 118. Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
88. Clara passeava no jardim com as crianças. 119. As leis de assistência ao proletariado ainda não são
89. Ainda era muito cedo, não podia aparecer ninguém. muito eficientes.
90. Foi para vós que ontem colhi, senhora, este ramo de 120. O interesse do povo não diminuiu.
flores que ora envio. 121. Minha terra tem macieiras da Califórnia.
91. A gente não pode dormir com os oradores e os perni- 122. Os vigilantes, enérgicos, regularizavam a ocupação dos
lugares.
longos.
123. O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração.
92. Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar...
124. (...) fez o paraíso cheio de amores e frutos, e pôs o
93. És tão mansa e macia, que teu nome a ti mesma acaricia.
homem nele.
94. Sigo depressa machucando a areia.
125. O olho da vida inventa luar.
95. Saio de meu poema como quem lava as mãos. 126. Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
96. O céu jamais me dê a tentação funesta de adormecer 127. O estudante de Direito elogiou o leitor de alfarrábios.
ao léu, na lomba da floresta.
97. A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca (Jucerja/Administrador)
é trágica.
98. Talvez um dia o meu amor se extinga. “Velhos e novos”

7) Predicativo Versus Adjunto Adverbial Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2006.

Predicativo Adjunto adverbial Quero discutir uma questão que vem há muito me in-
É advérbio ou locução ad- comodando. Há alguns anos, o governo e a sociedade se
É adjetivo ou equivalente. preocupam com o ingresso no mercado de trabalho de jovens
verbial.
e idosos (o que acho válido). E a faixa intermediária, como
Refere-se a um verbo, um
Refere-se ao substantivo. fica? Sendo velhos para o mercado de trabalho e novos para
adjetivo ou um advérbio.
se aposentarem, ficam esquecidos, sujeitos a todo tipo de
Estado passageiro ou perma- Tempo, modo, lugar, causa, humilhação, caindo muitas vezes na depressão, no alcoolis-
nente. intensidade etc. mo, com baixa autoestima. Por que até o momento ainda
Varia. Não varia. não foram lembrados? Alguém já fez alguma pesquisa a esse
respeito, para saber o número dos cidadãos brasileiros que
Analise os termos destacados colocando PDV para predica- passam por esse momento?
tivo e ADV para adjunto adverbial.
99. A moça chegou bonita. Atenciosamente,
100. A moça chegou rápido. Jussimar de Jesus
101. A moça chegou rápida.
102. A moça chegou rapidamente. 128. Com referência às palavras e expressões empregadas
Língua Portuguesa

103. A cerveja desceu redondo. no texto, está incorreto o que se afirma em:
104. A cerveja desceu redonda. a) A carta foi escrita em linguagem formal, e as inter-
105. Dona Vitória entrou lenta. rogações cumprem um papel retórico.
106. Dona Vitória lentamente entrou. b) A maioria dos verbos está no presente do indicativo,
107. Dona Vitória, lento, entrou. mas “ainda não foram lembrados” está no pretérito
108. Dona Vitória, lenta, entrou. perfeito passivo.
109. Vivem tranquilos os anões do orçamento. c) “que vem há muito me incomodando”, que refere-se
110. Vivem na tranquilidade os anões do orçamento. à questão e é sujeito de vem.

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d) “de jovens e idosos” é locução adjetiva e funciona 146. O leitor deve permitir-se repousar um pouco.
como complemento nominal de ingresso. 147. O leitor deve perguntar-se a razão da leitura.
e) O emprego dos parênteses em “(o que acho válido)” 148. O professor deu-se férias.
deve-se à intercalação de um comentário à margem. 149. A minha paz vos dou.
150. Esta regra vos permitirá entender o caso.
129. (Idene-MG/Analista) O segmento inicial do Hino Na- 151. Batei na porta e abrir-se-vos-á.
cional Brasileiro diz o seguinte: “Ouviram do Ipiranga
as margens plácidas// De um povo heroico o brado (Jucerja/Administrador)
retumbante”. Mantendo o sentido original do excerto,
reescrevendo seus versos a partir do sujeito da oração Operário em construção (fragmento)
original e desfazendo as inversões nele ocorrentes, o
texto resultaria em Era ele que erguia casas
a) As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado Onde antes só havia chão.
retumbante de um povo heroico. Como um pássaro sem asas
b) As plácidas margens ouviram do Ipiranga o heroico Ele subia com as casas
brado retumbante de um povo. Que lhe brotavam da mão.
c) As margens do Ipiranga, plácidas, ouviram de um Mas tudo desconhecia
povo o retumbante brado heroico. De sua grande missão:
d) Do Ipiranga as margens plácidas ouviram o brado Não sabia, por exemplo
retumbante de um povo heroico. Que a casa de um homem é um templo
e) Ouviram as margens plácidas do Ipiranga de um povo Um templo sem religião
o heroico brado retumbante. Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
9) Função Sintática dos Pronomes Oblíquos Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
Indique a função sintática dos pronomes oblíquos destaca-
dos: De fato, como podia
(OD) objeto direto Um operário em construção
(OI) objeto indireto Compreender por que um tijolo
(CN) complemento nominal Valia mais do que um pão?
(ADN) adjunto adnominal Tijolos ele empilhava
(S) sujeito Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Técnica: trocar o pronome por o menino e analisar. Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
130. Agora, meu filho, diga-me toda a verdade. Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Trocando por “o menino”: Agora, meu filho, diga toda a Adiante um apartamento
verdade AO MENINO. Além uma igreja, à frente
Assim, temos “diga” como VTDI e “AO MENINO” como Um quartel e uma prisão:
objeto indireto. Portanto, o pronome “me” também será Prisão de que sofreria
objeto indireto. Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
131. O vento batia-me gostosamente no rosto.
(MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Org.
Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004, p. 461)
Trocando por “o menino”: O vento batia gostosamente
no rosto DO MENINO. 152. Considere as afirmações a seguir sobre o emprego dos
Assim, temos “DO MENINO” conectado a “rosto”, que pronomes nos versos.
é substantivo concreto. Portanto, “do menino” só pode ser I – “Era ele que erguia casas” – pronome pessoal reto,
adjunto adnominal e, portanto, o pronome “me” também em função de sujeito.
será adjunto adnominal. II – “Que lhe brotavam da mão.” – pronome pessoal
oblíquo, em função de objeto indireto.
Agora, continue seguindo o modelo acima. III – “Que a casa que ele fazia” – pronome relativo, em
132. Aquele mal atormentou-me durante muito tempo. função de objeto direto.
133. Deixei-me ficar ali em paz. IV – “Sendo a sua liberdade” – pronome possessivo,
134. O processo me foi favorável. em função de adjunto adnominal.
135. Comuniquei-lhe os fatos ontem de manhã.
136. Os meus conselhos foram-lhe bastante úteis. É correto apenas o que se afirma na alternativa:
Língua Portuguesa

137. Vejo-lhe na fronte uma certa amargura. a) I e II.


138. Confiei-lhe todos os meus segredos. b) I e III.
139. Sempre te considerei um grande amigo. c) I, II e IV.
140. Vocês devem ser-me sempre fiéis. d) I, III e IV.
141. Contou-nos essa jovem uma triste história. e) I, II e III.
142. Deixou-nos o moribundo uma bela obra.
143. Eles nos viram entrar aqui. (Prefeitura Cel. Fabriciano-MG/) Há duas expressões no fute-
144. O resultado nos será benéfico. bol que me incomodam. (...) Sem ditar regras, e muito menos
145. Chora-lhe de saudade o coração. sem a pretensão de dar aula de educação cívica, prefiro que a

25
cidadania, muitas vezes com o hino nacional de fundo, seja 170. Muitos vícios são curados pelas boas leituras.
exercida em outras atividades do dia-a-dia. Por exemplo? Na 171. Ana continua a mesma doçura.
cobrança de transparência das ações de políticos, no con- 172. Elogiaram Pafúncio.
trole do dinheiro arrecadado pelos impostos, no banimento 173. Faz quatro noites que me estão observando.
da vida pública daqueles que nos roubam recursos, mas, 174. A cantora apareceu sorridente e parecia cansada.
sobretudo sonhos. 175. Alguém chegou atrasado.
153. Os pronomes pessoais são muito versáteis quanto aos 176. Eles falaram sério.
valores sintáticos que expressam, em função dos con- 177. Elas falaram sérias.
textos frasais em que se encontrem. Considerando essa 178. Joana e eu entramos apressados no cinema.
reflexão, compare, nos dois fragmentos retirados do
texto de Grecco, o emprego dos pronomes pessoais 12) Aposto Versus Vocativo
nele presentes e indique a alternativa que contém a
indicação correta das funções que eles desempenham Aposto Vocativo
nas orações.
Fala sobre. Fala com.
I. “que nos roubam recursos”
II. “que me incomodam” Explica, resume, restringe ou enumera. Chama.
Ambos os termos desempenham a função de:
a) objeto direto tanto de roubar quanto de incomodar. Identifique predicativos, adjuntos adnominais, apostos e
b) objeto indireto tanto de roubar quanto de incomodar. vocativos nas orações.
c) objeto direto e indireto, respectivamente. 179. Bem-vindo sejas às terras dos Tabajaras, senhores da
d) objeto indireto e direto, respectivamente. aldeia.
e) adjunto adnominal e complemento nominal. 180. Bem-vindo sejas às terras dos Tabajaras, senhor da al-
deia.
10) Podem ser Verbos de Ligação 181. A mãe, dona de bela voz, entre cantos dizia:
– Vá ao mercado para mim, filho!
Veja o mnemônico: CAFÉ SPP MTV 182. Durante sete anos, Jacó serviu Labão, pai de Raquel,
serrana, bela.
183. Jacó serviu ao pai de Raquel, serrana bela.
C Continuar
A Andar Tipos de Aposto
F Ficar
E Estar Aposto Explicativo Versus Aposto Restritivo
Obs.: somente serão verbos de liga-
ção se tiverem predicativo do sujeito. Restrição significa atributo dado a uma parte do todo.
S Ser
Explicação significa atributo dado à totalidade.
P Parecer Nota: Outros verbos sinônimos des-
P Permanecer tes podem ser de ligação. Entendendo restrição e explicação
184. homem honesto.
M Manter-se 185. homem mortal.
186. pedra amarela.
T Tornar-se 187. pedra dura.
V Virar 188. homem fiel.
189. céu azul.
Classifique os verbos.
154. Ana estava tranquila. Entendendo aposto explicativo e aposto restritivo
155. Ana estava em casa. • Aposto restritivo é nome próprio atribuído a um substan-
156. Fernando foi elogiado. tivo anterior, com a finalidade de particularizar um ser
157. Fernando era calmo. entre outros.
158. O país anda preocupado. • Aposto explicativo repete o sentido com outras palavras,
159. O país anda depressa com as reformas. igualando o sentido das expressões.
160. João continua esforçado.
161. João continua no trabalho. 190. Gosto do poeta Fernando Pessoa e do Drummond, mi-
162. A moça chegou bonita. neirão ensimesmado.
163. A moça chegou rápido. 191. A obra de Drummond é orgulho da citada de Itabira.
164. A moça chegou a piloto. 192. O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, no es-
165. Ela vive despreocupada. tado de Minas Gerais.
166. Ela vive bem aqui.
193. O rio Amazonas nasce na Cordilheira dos Andes, maior
167. Ele tornou o setor mais produtivo.
acidente geográfico das Américas.
168. Ele tornou-se mais produtivo.
Língua Portuguesa

Aposto Enumerativo Versus Aposto Resumitivo


11) Termo Essencial: Predicado
• Aposto enumerativo constitui lista de seres que especifica
V.LIG. + P.S. => P.N. um termo genérico antecedente. Veja:
SUJEITO V. NÃO LIG. + SEM P.S. => P.V. Lemos autores românticos: Castro Alves, Casimiro de
V. NÃO LIG. + COM predvo.=> P.V.N. Abreu, Álvares de Azevedo.
=> Aposto enumerativo: Castro Alves, Casimiro de Abreu,
Classifique os predicados: verbal, nominal ou verbo-nominal. Álvares de Azevedo.
169. Todo aquele monumento foi restaurado. Termo genérico antecedente: autores românticos.

26
• Aposto resumitivo consiste de termo que sintetiza uma (PM/Vila Velha-ES) Apenas 1% de toda a água existente no
lista de elementos já citados. Veja: planeta é apropriado para beber ou ser usado na agricultura.
Lemos Castro Alves, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, O restante corresponde à água salgada dos mares (97%) e
todos poetas do Romantismo. ao gelo nos pólos e no alto das montanhas. Administrar essa
Obs.: aposto resumitivo: todos. cota de água doce já desperta preocupação.
204. A oração “Administrar essa cota de água doce” exerce
194. A cidade, os campos, as plantações, as montanhas, tudo função sintática de sujeito.
era mar.
195. João, Maria, Lúcio e Teresa, ninguém acreditava. (Sebrae-BA) Falido e perplexo, o homem que descobriu a lei
196. Piratas modernos, os sequestradores precisam ser de- da gravidade, conjecturou: “consigo calcular os movimentos
tidos. dos corpos celestes, mas não a loucura dos homens”. Pode
197. Piratas modernos, os sequestradores, serão detidos. ser discurso de mau perdedor, mas na verdade foi uma gran-
198. Nem todos estavam escalados. Restavam alguns: Robi- de sacada. Sem saber, Newton estava prevendo a criação de
nho, Fernando e Franco. uma nova ciência, cujas descobertas podem ajudar a enten-
der a crise atual: a neuroeconomia, que vasculha a mente
EXERCÍCIOS humana em busca de explicações para o comportamento
do mercado.
(Idene-MG/Analista) 205. O “homem que descobriu a lei da gravidade” é o sujei-
199. O termo “Brasil”, presente no estribilho a seguir repro- to enunciador da sentença “Pode ser discurso de mau
duzido, desempenha a função sintática de perdedor, mas na verdade foi uma grande sacada”.

(Detran/Analista de Trânsito) O poluente associado à maior


Terra adorada,
probabilidade de morte dos fetos é o monóxido de carbono
Entre outras mil,
(CO), um gás sem cor nem cheiro que resulta da queima
És tu, Brasil,
incompleta dos combustíveis.
Ó Pátria amada!,
206. O trecho “um gás sem cor nem cheiro que resulta da
queima incompleta dos combustíveis” exerce a função
a) adjunto. de aposto.
b) aposto.
c) predicativo. (MCT) O pesquisador Lambert Lumey, principal autor do estu-
d) sujeito. do, afirmou que o resultado dessa pesquisa “é a prova, mais
e) vocativo. uma vez, de que o ambiente tem um poder muito grande
sobre os nossos genes.
200. (Ibama/Analista) No período que se inicia abaixo, o su- 207. A expressão “principal autor do estudo” tem natureza
jeito da oração principal está posposto ao verbo. explicativa e faz referência ao termo que a antecede.
“E ela veio na quarta-feira 10, no palco do Teatro Plácido
de Castro, em Rio Branco, na forma de uma portaria (Min. Esportes) Talento só não basta”, disse Phelps na entre-
assinada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Antes, vista coletiva após a sexta medalha de ouro. “Muito trabalho,
porém, realizou-se uma sessão de julgamento da Co- muita dedicação, é uma combinação de tudo... Tentar dormir
missão de Anistia, cujo resultado foi o reconhecimento, e se recuperar, armar cada sessão de treino da melhor forma
por unanimidade, da perseguição política sofrida por possível e acumular muito treino.
Chico Mendes no início dos anos 80 do século passado. 208. No último parágrafo, o sujeito dos verbos “Tentar”, “re-
A viúva do líder seringueiro, Izalmar Gadelha Mendes, cuperar”, “armar” e “acumular” é o pronome “tudo”,
vai receber uma pensão vitalícia de 3 mil reais mensais, que funciona como aposto.
além de indenização de 337,8 mil reais.”
(MPE-RR/Analista) Mais preocupante, no entanto, é a situa-
(M.C.) Do sucesso no circuito comunicacional dependem a ção criada pelo relator da ONU para o direito à alimentação,
existência e a felicidade pessoal. Jean Ziegler, que classificou os biocombustíveis como “um
201. Na assertiva, o sujeito composto – “a existência e a feli- crime contra a humanidade”,...
cidade pessoal” – está posposto ao núcleo do predicado 209. O nome “Jean Ziegler” está entre vírgulas por constituir
verbal. um vocativo.

(MMA/Analista) O bom momento que vive a economia na- (TCE-TO) Marx, herdeiro e defensor das postulações do Ilu-
cional estimula suas vendas, mas a indiscutível preferência minismo, indagou se as relações de produção e as forças
do consumidor pelo modelo flex tem outras razões. produtivas do capitalismo permitiriam, de fato, a realização
202. No trecho “O bom momento que vive a economia nacio- da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.
nal estimula suas vendas”, o sujeito das formas verbais 210. O trecho “herdeiro e defensor das postulações do Ilumi-
“vive” e “estimula” é o mesmo. nismo” exerce, na oração, a função sintática de vocativo.
Língua Portuguesa


(MS/Redação Oficial) Segundo a observação de H. von Stein, 211. (TCE-AC/ACE) Nos trechos “cinco fatores estão atuan-
ao ouvir a palavra “natureza”, o homem dos séculos XVII e do, em escala mundial, nessa crise”, “e a crise norte-
XVIII pensa imediatamente no firmamento; o do século XIX -americana” e “o diretor-geral do FMI rompeu o silêncio
pensa em uma paisagem. constrangedor...”, os termos sublinhados qualificam os
203. Em “o homem dos séculos XVII e XVIII pensa imediata- nomes aos quais se referem.
mente no firmamento; o do século XIX pensa em uma “Em geral, cinco fatores estão atuando, em escala mun-
paisagem”, o núcleo do sujeito está elíptico, na segunda dial, nessa crise: o aumento da produção subsidiada de
ocorrência do verbo pensar. biocombustíveis; o incremento dos custos com a alta

27
do petróleo, que chega a US$ 114 o barril, e dos fertili- que não os profissionaliza, não os torna livres da dependên-
zantes; o aumento do consumo em países como China, cia química, e onde inexistem programas que os reintegrem
Índia e Brasil; a seca e a quebra de safras em vários saudavelmente e os acompanhem após o desligamento.
países; e a crise norte-americana, que levou investi- 217. O sujeito do verbo “passam” é “resultados”.
dores a apostar no aumento dos preços de alimentos
em fundos de hedge. Foi de olho nessa situação que o (Funiversa/Terracap) A partir da análise morfossintática da
diretor-geral do FMI rompeu o silêncio constrangedor frase “Só em Brasília se anda de camelo ou de baú”, julgue:
que pairava sobre os escritórios de Washington.” 218. Brasília é o sujeito da oração, pois protagoniza a frase.
219. As expressões “de camelo” e “de baú” transmitem ideia
(Banco do Brasil/Escriturário) O código de acesso exigido em de lugar.
transações nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil é uma
sequência de letras, gerada automaticamente pelo sistema. O português de todas as origens,
Até o dia 17/12/2007, o código de acesso era composto por o modo de falar da capital
3 letras maiúsculas. Os códigos de acessos gerados a partir
de 18/12/2007 utilizam, também, sílabas de 2 letras – uma O sotaque não é carioca. Mesmo assim, o erre é carrega-
letra maiúscula seguida de uma letra minúscula. do. Não é nordestino, mas, ao ser contrariado, o brasiliense
Exemplos de código de acesso no novo modelo: imediatamente dispara um “ôxe”. Brasília tem ou não tem
Ki Ca Be; Lu S Ra; T M Z. sotaque, afinal? Sim e não. Stella Bortoni, doutora em linguís-
212. Os termos “automaticamente” e “a partir de tica e organizadora do livro O Falar Candango, a ser publicado
18/12/2007” acrescentam, às orações em que se in- pela Editora Universidade de Brasília em 2010, explica: “A
serem, informações circunstanciais de modo e tempo, marca do dialeto do Distrito Federal é justamente a falta de
respectivamente. marcas. A mistura faz com que os sotaques das diferentes
regiões do país percam muito de sua peculiaridade”.
(Abin/Analista) Do esquema grego, montado em colabora-
ção com sete países – Estados Unidos da América (EUA), 220. (Funiversa/Terracap) Ao se analisar a frase “Não é nor-
Austrália, Alemanha, Inglaterra, Israel, Espanha e Canadá destino, mas, ao ser contrariado, o brasiliense imedia-
–, faz parte o sistema de navegação por satélite da Agência tamente dispara um ‘ôxe’, é correto afirmar que
Espacial Europeia. a) o sujeito do verbo “é” é inexistente.
213. A presença da preposição em “Do esquema grego” é b) o sujeito referente a “ser contrariado” é simples e está
uma exigência sintática justificada pela regência da pa- alocado de acordo com a ordem direta da oração.
lavra “sistema”. c) as expressões verbais “é”, “ser contrariado” e “dis-
para” possuem o mesmo sujeito.
Da terra, ar e água, 70 mil policiais, bombeiros, guarda cos- d) a expressão “ôxe” está entre parênteses por ser um
teira e mergulhadores da Marinha vão zelar pela segurança. neologismo muito conhecido no Brasil.
Até a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em- e) o sujeito da oração “Não é nordestino (...)” pode ser
prestará sua experiência militar no combate ao terrorismo. recuperado na primeira oração do texto.
214. A substituição do trecho “Da terra, ar e água” por Da
terra, do ar e da água representaria uma transgressão ao 221. (Funiversa/Adasa) No trecho “Onde a chuva caía, quase
estilo próprio do texto informativo, pois se trata de um todo dia, já não chove nada”, a expressão sublinhada
recurso de subjetividade próprio dos textos literários. desempenha a função de sintática de
a) objeto direto.
A alternativa existente seria o aproveitamento da energia b) complemento nominal.
elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das c) conectivo conjuntivo.
Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa d) adjunto adnominal.
dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km e) adjunto adverbial.
de Brasília.
215. A expressão “divisa dos estados de Minas Gerais e Goi- 222. (Funiversa/Adasa) O rio que desce as encostas, já quase
ás” está entre vírgulas por ser um vocativo. sem vida, parece que chora. O sujeito do verbo “parece” é
a) “as encostas”.
Na perspectiva de quem não tem o mínimo, o fundamental b) “a vida”.
é não morrer de fome e ver supridas certas necessidades c) “O rio”.
básicas. d) “o lamento das águas”.
216. Na frase “o fundamental é não morrer de fome e ver e) “o triste lamento”.
supridas certas necessidades básicas.”, os verbos “mor-
rer” e “ver” têm sujeitos diferentes. 223. (Funiversa/Adasa) Assinale a alternativa em que o termo
sublinhado desempenha a função a ele relacionada.
(Funiversa/Sejus) Os resultados mostram que os adolescen- a) “A segunda campanha do Projeto Brasil das Águas”
tes são induzidos ao encontro da marginalidade pela de- – objeto direto.
Língua Portuguesa

sestrutura familiar, dos quais quase a metade (48%) vem b) “Mas também encontramos muitos outros” – conec-
de famílias com pais separados; pela baixa escolaridade, tivo prepositivo.
quando a maioria (81%) é excluída do sistema educacional; c) “várias coletas foram feitas” – sujeito paciente.
pela entrada precoce no mundo do trabalho, pois 83% dos d) “Cientes da preocupação dos índios” – adjunto ad-
adolescentes já tinham experiência laborativa antes de co- nominal.
meter o ato infracional e pelo uso de drogas lícitas e ilícitas e) “houve um incidente” – sujeito.
por 97,6% dos meninos. No atual sistema, após entrar no
mundo infracional e de proferida a sentença de internação, 224. (Funiversa/Adasa) Quanto ao trecho “Bancos de areia
passam a vivenciar a violência dentro do centro educacional, submersa traçando desenhos ondulados por baixo das

28
águas transparentes.”, assinale a alternativa que apre- 55. Morfologia: adjetivo
senta termos exercendo a mesma função sintática. Sintaxe: predicativo
a) “submersa” – “transparentes” Semântica: estado
b) “ondulados” – “traçando” 56. Morfologia: adjetivo
c) “de areia” – “desenhos” Sintaxe: adj. adn.
d) “por baixo” – “Bancos” Semântica: característica
e) “de areia” – “das águas” 57. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: predicativo
GABARITO Semântica: estado
58. Morfologia: adjetivo
1. frase nominal. Sintaxe: predicativo
2. frase verbal, período composto, duas orações. Semântica: estado
3. frase verbal, período simples, oração absoluta.
59. Morfologia: adjetivo
4. frase verbal, período composto, duas orações.
Sintaxe: predicativo
5. frase nominal.
Semântica: estado
6. frase nominal.
60. Morfologia: adjetivo
7. frase verbal, período composto, duas orações (note
Sintaxe: adj. adn.
verbo subentendido: estão).
Semântica: característica
8. S 27. SS
61. Morfologia: adjetivo
9. C 28. SS
Sintaxe: predicativo
10. O 29. SO,S
Semântica: estado
11. SS 30. O
31. O 62. Morfologia: adjetivo
12. S
13. I 32. S Sintaxe: predicativo
14. SS 33. S Semântica: estado
15. S 34. S 63. Morfologia: adjetivo
16. I 35. S Sintaxe: adj. adn.
17. S 36. C Semântica: característica
18. C 37. S 64. Morfologia: adjetivo
19. O 38. S Sintaxe: predicativo
20. C 39. S Semântica: estado
21. I,I,SO 40. I 65. Morfologia: adjetivo
22. S 41. a Sintaxe: predicativo do objeto
23. S 42. E Semântica: estado
24. SS 43. C 66. Morfologia: adjetivo
25. C 44. C Sintaxe: adj. adn.
26. I Semântica: característica
45. Morfologia: adjetivo 67. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: predicativo Sintaxe: predicativo
Semântica: estado Semântica: estado
46. Morfologia: substantivo (chefe) 68. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: aposto Sintaxe: adj. adn.
Semântica: explicação Semântica: característica
47. Morfologia: adjetivo 69. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: predicativo Sintaxe: predicativo do objeto
Semântica: estado Semântica: estado.
48. Morfologia: substantivo (mãe) 70. Morfologia: substantivo (vencedor)
Sintaxe: aposto Sintaxe: predicativo do objeto
Semântica: explicação Semântica: estado
49. Morfologia: adjetivo 71. Morfologia: substantivo
Sintaxe: predicativo Sintaxe: predicativo do sujeito
Semântica: estado Semântica: estado
50. Morfologia: adjetivo 72. Morfologia: substantivo
Sintaxe: adj. adn. Sintaxe: predicativo do sujeito
Semântica: característica Semântico: estado
51. Morfologia: adjetivo 73. b
Sintaxe: predicativo 74. ADN
Semântica: estado 75. ADV
52. Morfologia: adjetivo 76. ADN
Língua Portuguesa

Sintaxe: predicativo 77. ADV


Semântica: estado 78. ADV
53. Morfologia: adjetivo 79. ADN
Sintaxe: adj. adn. 80. ADV
Semântica: característica: 81. ADN
54. Morfologia: adjetivo 82. ADV
Sintaxe: predicativo 83. ADN
Semântica: estado 84. ADN

29
85. ADV 151. OI
86. lugar 152. D
87. causa 153. D
88. companhia 154. VL
89. tempo, intensidade, tempo, negação 155. VI
90. finalidade 156. VTD (loc. verbal)
91. causa 157. VL
92. lugar 158. VL
93. intensidade 159. VI
94. modo 160. VL
95. lugar 161. VI
96. negação, lugar, lugar 162. VI
97. tempo, negação/tempo 163. VI
98. negação 164. VL
99. PDV 165. VL
100. ADV 166. VI
101. PDV 167. VL
102. ADV 168. VL
103. ADV 169 - PV
104. PDV 170. PV
105. PDV 171. PN
106. ADV 172. PV
107. ADV 173. PV, PV
108. PDV 174. PVN, PN
109. PDV 175. PVN
110. ADV 176. PV
111. CN 177. PVN
112. ADN, CN 178. PVN
113. CN, CN, ADN 179. aposto
114. AND, CN, ADN, CN 180. vocativo
115. CN 181. aposto, vocativo
116. ADN 182. aposto
117. CN 183. aposto
118. ADN 184. restrição
119. CN 185. explicação
120. ADN 186. restrição
121. ADN 187. explicação
122. CN 188. restrição
123. ADN 189. explicação
124. CN 190. restritivos: Fernando Pessoa, Drummond.
125. ADN Explicativo: Mineirão ensimesmado.
126. ADN 191. ADN: de Drummond.
127. ADN, ADN Aposto restritivo: de Itabira.
128. D (ADN) 192. apostos restritivos: São Francisco, da Canastra, de
129. A Minas Gerais. ADV: no estado de Minas Gerais.
130. OI 193. apostos restritivos: Amazonas, dos Andes.
131. ADN Aposto explicativo: maior acidente geográfico das
132. OD Américas. ADN: das Américas.
133. S 194. aposto resumitivo: TUDO.
134. CN 195. aposto resumitivo: NINGUÉM.
135. OI 196. aposto explicativo: piratas modernos.
136. CN 197. aposto explicativo: os sequestradores.
137. ADN 198. aposto enumerativo: Robinho, Fernando e Franco.
138. OI 199. e 212. C
139. OD 200. E 213. E
140. CN 201. C 214. E
141. OI 202. E 215. E
142. OI 203. C 216. E
Língua Portuguesa

143. S 204. C 217. C


144. CN 205. E 218. C
145. ADN 206. C 219. E
146. S 207. C 220. E
147. OI 208. E 221. E
148. OI 209. E 222. E
149. OI 210. E 223. E
150. OI 211. C 224. E

30
Preposição Exercícios

Preposição é a palavra invariável que liga dois termos da 1. Indique as relações estabelecidas pelas preposições des-
oração, subordinando um ao outro. tacadas nas frases seguintes.
a) Ergueram-se todos contra Getúlio.
Chegou de ônibus. b) Resido em São Paulo há anos.
c) O estádio fica a dois quilômetros daqui.
O termo que antecede a preposição é denominado re- d) O mendigo morreu de fome.
gente; o termo que a sucede é denominado regido. e) Ganhei uma linda caneta de ouro.
f) Os cavalos partiram a galope.
Classificação das Preposições g) Arrombaram a porta com uma chave falsa.
h) Ele não entende nada de política.
i) A vaca não vai para o brejo.
a) Essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, j) Ante o crime organizado, o governo tomará atitude.
em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. k) Desde maio, chove continuamente.
Obs.: A preposição per só é utilizada na expressão de per l) Entre hoje e amanhã, sairá o resultado.
si (que significa cada um por sua vez, isoladamente) ou nas m) Tu vais comparecer perante o trono.
contrações pelo, pela, pelos, pelas. n) Sem combater a inflação, não se pode baixar os juros.
b) Acidentais. Não são efetivamente preposições, mas o) Existe interesse por concursos aqui.
podem funcionar como tal: afora, conforme, consoante, du-
2. Explique a diferença de sentido entre:
rante, exceto... a) Ele queria vender antiguidades no museu.
b) Ele queria vender antiguidades ao museu.
Locução Prepositiva
3. Nas frases seguintes, selecione as locuções prepositivas.
Conjunto de duas ou mais palavras com valor de pre- a) Apesar de João ter saído cedo, de acordo com as ins-
posição: truções de seu pai, não chegou a tempo.
b) Em vez de Marica ficar perto de mim, ela preferiu ficar
abaixo de, acerca de, a fim de, ao lado de, apesar de, junto de ti.
através de, de acordo com, em vez de, junto de, para
com, perto de, ... 4. Reescreva as frases seguintes, corrigindo-as.
a) Está na hora do menino sair.
Emprego das Preposições b) Chegou a hora do povo falar.

5. As relações expressas pelas preposições estão corretas


Algumas preposições podem aparecer combinadas com na sequência:
outras palavras. Quando na junção da preposição com outra I – Sai com ela.
palavra não houver alteração fonética, temos combinação. II – Ficaram sem um tostão.
Caso a preposição sofra redução, temos contração. III – Esconderam o lápis de Maria.
IV – Ela prefere viajar de navio.
combinação contração V – Estudou para passar.
ao (a + o) do (de + o) a) companhia, falta, posse, meio, fim.
aos (a + os) dum (de + um) b) falta, companhia, posse, meio, fim.
aonde (a + onde) desta (de + esta) c) companhia, falta, posse, fim, meio.
d) companhia, posse, falta, meio, fim.
e) companhia, falta, meio, posse, fim.
Obs.: Não se deve contrair a preposição de com o artigo
que encabeça o sujeito de um verbo. GABARITO
Está na hora da onça beber água. (errado)
Está na hora de a onça beber água. (certo) 1. a) oposição
b) lugar fixo
Esta regra vale também para construções como: c) distância
Chegou a hora sair. (Errado) d) causa
Chegou a hora de ele sair. (Errado) e) material
f) modo
As preposições podem assumir inúmeros valores: g) instrumento
h) assunto
• de lugar: ver de perto i) lugar de destino
• de origem: ele vem de Brasília j) posição
• de causa: morreu de fome k) tempo de início
• de assunto: falava de futebol l) intervalo de tempo
• de meio: veio de trem m) posição
Língua Portuguesa

• de posse: casa de Paulo n) condição


• de matéria: chapéu de palha o) assunto.
2. a) dentro do museu para visitante comprar.
b) para o museu comprar.
Morfossintaxe da Preposição 3. a) apesar de, de acordo com
b) em vez de, perto de, junto de
A preposição não desempenha função sintática na ora- 4. a) Está na hora de o menino sair.
ção. Ela apenas une termos, palavras. É um conectivo e, como b) Chegou a hora de o povo falar.
tal, é responsável pela coesão de um texto. 5. a

31
Advérbio e Locução Adverbial • Em algumas palavras sons que as letras não represen-
taram: na palavra “cantam”, os sons (fonemas) que
Advérbio exprime uma circunstância do fato expresso ouvimos são /kãtãu/. Você percebe que escuta o som
pelo verbo, pelo adjetivo ou pelo advérbio. de /u/ no final da palavra “cantam”, mas enxerga a letra
“m” no final.
Um advérbio
Longe, o rio roncava ameaçadoramente. Classificação dos Fonemas
• Vogais: soam livres na passagem de ar pela boca e
Uma locução adverbial nariz. São a base da sílaba. Não existe sílaba sem vogal.
Fabiano falava com dificuldade. Nunca pode faltar vogal em uma sílaba. Nunca existe
mais de uma vogal em uma sílaba. Podem ser repre-
Uma oração adverbial sentadas pelas letras: a, e, i, o, u.
Quando começou a chuva, todos se recolheram. • Semivogais: o som de /i/ ou de /u/ pronunciado menos
forte junto de uma vogal. Veja: coisa (i), tábua (u).
Conforme a circunstância que exprimir, o advérbio ou a • Consoantes: ruídos formados pela obstrução na passa-
locução adverbial podem ser: gem do ar pela boca. Só formam sílaba quando juntos de
De modo: O vento soprava fortemente. uma vogal. Podem ser representadas pelas demais letras
De lugar: A família estava em tomo da fogueira. do alfabeto: b, c, d, f, g, j, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, z.
De tempo: Amanhã procuraremos água fresca.
De afirmação: De fato, o tempo se apresenta nublado. Semivogal
De negação: Não era propriamente uma conversa de
amigos. Os sons /i/ e /u/ não serão vogais quando apoiados em
De dúvida: Talvez o frio diminua pela madrugada. uma vogal na mesma sílaba, pronunciados em um único jato
De intensidade: Iniciou uma história bastante confusa. de voz. Esses são os fonemas semivogais. Veja: Mário (i),
De causa: Os meninos tremiam de frio. automóvel (u).
De companhia: Os meninos mais velhos saíram com o pai. Representação das semivogais: /i/ -> /y/, /u/ -> /w/.
De instrumento: O garoto feriu-se com a faca. Nem sempre as letras que representam o som semivogal
De meio: Fabiano navegava a vela. serão “i” e “u”. Veja: em “pão”, temos a letra “o” com som
De fim ou finalidade: O lenhador trouxe o machado para de /w/ junto da vogal /a/ na mesma sílaba, então a letra “o”
o trabalho. representou o fonema semivogal /w/; em “mãe”, temos a
De concessão: Apesar do calor, permanecemos na praia. letra “e” com som de /y/ junto da vogal /a/ na mesma síla-
De preço: Vendemos os ovos a cinco cruzeiros. ba, então a letra “e” representou o fonema semivogal /y/;
De opção: Lutava contra a tempestade. em “cantam”, temos a letra “m” com som de /w/ junto da
vogal /a/ na mesma sílaba, então a letra “m” representou o
Obs.: Estudaremos as conjunções, com maior detalhe, fonema semivogal /w/ (assim, a letra “m” não representou
juntamente com as orações subordinadas. consoante, mas sim uma semivogal).

FONÉTICA X FONOLOGIA Encontros Vocálicos


• Fonética estuda a produção dos sons da linguagem Vogais e semivogais formam encontros vocálicos quando
humana. aparecem juntas na mesma sílaba (um só jato de voz). Os
• Fonologia estuda os fonemas de uma língua. encontros vocálicos podem ser:
• ditongo: grupo formado por semivogal + vogal (his-
Fonema -tó-ria, á-gua) ou por vogal + semivogal (seu, pai, lei,
vai-da-de);
Cada som capaz de estabelecer diferença de significado • tritongo: grupo formado por semivogal + vogal + se-
entre duas palavras de uma língua recebe o nome de fone- mivogal na mesma sílaba. Veja: i-guais, a-ve-ri-guei;
ma. Veja: saco difere de sapo pelo fonema /k/ diferente do • hiato: grupo formado por vogal + vogal em sílabas se-
fonema /p/. paradas (dois jatos de voz). Veja: ra-iz, ru-a, pas-se-ar,
do-er, sa-a-ra, cru-el, mo-í-do, vi-ú-va, en-jo-o.
Fonema x Letra
• Fonema é o som, a fala. O ditongo pode ser:
• A letra representa o som. • oral: pau, quadro (vogal oral, soprada apenas pela
• A mesma letra pode representar diferentes fonemas, boca);
diferentes sons: em “casa”, temos a letra “s” com som • nasal: pão, quando (vogal nasal, soprada em parte pelo
de /z/; já em “sol”, temos a letra “s” com som de /sê/. nariz; com til ou letras “m” e “n”);
• O mesmo som, o mesmo fonema pode ser represen- • crescente: semivogal + vogal. Veja: gênio, rósea, pás-
tado por diferentes letras: o som de /z/ pode ser re- coa, língua, tênue, vácuo, quando, pinguim;
presentado pela letra “z” em “cozinha”, pela letra “s” • decrescente: vogal + semivogal. Veja: vai, nau, pas-
em “casa”, pela letra “x” em “exame”. téis, comeu, sumiu, faróis, tesoura, gratuito, pães, cem,
Língua Portuguesa

• Uma mesma letra pode representar dois sons ao mesmo senões, muito, são, falam.
tempo: a letra “x” em “sexo” representa os sons /ks/. O tritongo pode ser:
• Algumas letras às vezes não representam fonemas: na • oral: vogal oral. Veja: quais, enxaguei;
palavra “canto”, a letra “n” após a letra “a” indica o som • nasal: vogal nasal. Veja: saguões, águam (verbo “aguar”).
/ã/.
• Outras letras não representam som nenhum, mas são Encontros Consonantais
preservadas em razão da origem da palavra (etimolo-
gia): a letra “h” em “hoje”; a letra “s” em “discípulo”; Duas ou mais consoantes numa mesma palavra. Os mais
a letra “u” em “quero”; a letra “x” em “exceção”. frequentes são formados com letras “l” ou “r” na segunda

32
posição: blusa, glória, clima, trigo, fraco, livro, Vladimir. Estes Não se separam:
encontros são inseparáveis, ficam sempre na mesma sílaba: • ditongos: pai-sa-gem, joi-a, i-dei-a, mais, á-gua, ré-gua,
tri-go, a-tra-vés, a-bra-çar. má-goa;
Encontros consonantais menos frequentes: mnemoteste, • tritongos: sa-guão, a-ve-ri-guou, i-guais, de-lin-quiu;
psicologia, gnomo, pneumonia. Também estes são insepará- • dígrafos ch, lh, nh, gu, qu: cha-ve, fi-lho, chu-chu, ma-
veis, ficam na mesma sílaba. -nhã, pa-lha-ço, guer-ra, que-ri-do;
Alguns encontros consonantais se separam, são cha- • encontros consonantais: gra-ma, plei-to, fran-cês, a-
mados de disjuntos, ficam em sílabas separadas: ap-ti-dão, -fli-to.
af-to-as, ad-vo-ga-do, as-pec-to, dig-no, ab-sol-ver, rit-mo.
Devem ser separados:
Dígrafos • hiatos: ga-ro-a, ra-i-nha, Pi-au-í, ál-co-ol;
• dígrafos rr, ss, sc, sç, xc: pror-ro-gar, a-do-les-cên-cia,
Duas letras representam um só fonema. Podem ser: as-cen-so-ris-ta, ex-ce-ção, des-ça;
• dígrafos consonantais: • encontros consonais disjuntos: op-tar, es-tre-la, pers-
-cru-tar, felds-pa-to.
ch – chave, achar gu – guincho, joguinho
lh – lhama, telha qu – quiabo, aquilo Ortoepia e Prosódia
nh – terra, sonho sç – cresça, desça
ss – isso, pássaro xc – excelente, excêntrico “Ortoepia” ou “ortoépia” vem do grego: orto = ‘correto’ +
rr – carro, errado epos = ‘palavra’. Estuda a correta articulação e produção dos
fonemas. Ocorre que a língua falada às vezes retira, acrescen-
• dígrafos vocálicos: representam vogais nasais. Veja: ta, troca vogais, consoantes ou sílabas inteiras. Um exemplo
é a expressão original “corro de burro quando foge”, que se
deteriorou na forma coloquial, popular “cor de burro quando
am – campo in – findo
foge”. Essa deterioração recebe o nome de corruptela.
an – anta om – bomba
A prosódia estuda a posição correta de pronunciar a
em – embora on – desponta sílaba tônica de uma palavra. Ocorre na pronúncia popular
en – tentar um – atum como “RÚbrica”, quando a norma oficial indica a pronún-
im - tímpano un - assunto cia “ruBRIca”; o mesmo ocorre com a pronúncia popular
“REcorde”, quando a norma oficial indica a pronúncia “re-
Contagem de Fonemas de uma Palavra CORde”.
Alguns erros mais correntes de pronúncia e ortografia:
O número de fonemas de uma palavra é obtido da se-
guinte forma:
• anote o total de letras da palavra; NORMA CULTA PRONÚNCIA COLOQUIAL
• agora anote o total de dígrafos; (ERRADA)
• então diminua “número de letras” menos “número de abóbada abóboda
dígrafos”. adivinhar advinhar
babadouro babador
Veja: na palavra “assembleia”, temos dez letras, e temos
dois dígrafos (“ss” e “em”). Então, a conta fica: 10 – 2 = 8. bebedouro bebedor
Assim, a palavra “assembleia” possui oito fonemas. bandeja bandeija
beneficente beneficiente
Divisão Silábica cabeleireiro cabelereiro
caranguejo carangueijo
A partição de palavras é necessária quando se chega ao
final da linha, numa redação, e é preciso interromper a pa- perturbar pertubar
lavra continuá-la na linha seguinte. É necessário saber em disenteria desinteria
que ponto se pode fazer a separação. empecilho impecilho
lagartixa largatixa
Importante!
A separação leva em conta a silabação. Fale a palavra pausa- mendigo mendingo
damente. Cada sopro, cada jato de voz é uma sílaba. Não pense meritíssimo meretíssimo
na palavra formada de prefixo, radical ou sufixo. Fale a palavra e mortadela mortandela
ouça. Veja: sabemos que a palavra “bisavó” é formada de “bis” + reivindicar reinvindicar
“avó”, mas não é isso que importa, e sim que falamos “bi-sa-vó”.
Veja também “tran-sa-tlân-ti-co”, “de-ses-pe-ro”. tireoide tiroide
látex latex
Casos especiais: ínterim interim
• na palavra iniciada por consoante não seguida de vogal, fluorescente florescente
Língua Portuguesa

essa consoante é parte inseparável da primeira sílaba:


digladiar degladiar
pneu, mne-mo-téc-ni-ca, psi-có-lo-go;
• com exceção dos encontros consonantais vistos mais lêvedo levedo
acima, uma consoante no interior da palavra não se- grosso modo a grosso modo
guida de vogal vai pertencer à sílaba anterior: op-ção, condor côndor
sub-ju-gar, ét-ni-co, subs-ti-tu-to, ab-so-lu-to, trans-
macérrimo magérrimo
-por-tar;
• letras iguais sempre se separam: co-o-pe-rar, ca-a-tin- salsicha salchicha
-ga, xi-i-ta, ju-u-na, as-sa-do, car-ro, sec-ção. subentendido subtendido

33
ORTOGRAFIA OFICIAL • Nos sufixos gregos “ese”, “ise”, “ose” (de aplicação
científica, ou erudita – culta):
O Alfabeto trombose, análise, metamorfose, virose, exegese, os-
mose etc.
Com a nova ortografia, o alfabeto passa a ter 26 letras.
• Nos vocábulos derivados de outros primitivos que são
Foram reintroduzidas as letras k, w e y. escritos com “s”:
análise – analisar, analisado
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ atrás – atrasar, atrasado
casa – casinha, casarão, casebre
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desapare-
cido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas Porém há algumas exceções:
em várias situações. Por exemplo: catequese – catequizar
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km síntese – sintetizar
(quilômetro), kg (quilograma), w (watt); batismo – batizar
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus
derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, • Nos diminutivos “inho”, “inha”, “ito”, “ita”:
yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. Obs.: Se a palavra primitiva já termina com “s”, basta
acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
pires – piresinho
Emprego das Letras casa – casinha, casita
empresa – empresinha
• Ortho = Correta
Graphia = Escrita • Usa-se o “s” nos substantivos cognatos (pertencentes
• No Português atual, segue-se o sistema ortográfico à mesma família de formação) de verbos em “-dir” e
aprovado em 12 de agosto de 1943 pela Academia “-ender”.
Brasileira de Letras. Esse sistema sofreu algumas al- dividir – divisão
terações em 18 de dezembro de 1971. colidir – colisão
• A Nova Ortografia está em fase de implantação no aludir – alusão
Brasil desde 2009. A data limite para a transição é rescindir – rescisão
31/12/2015. Portanto, em 2016, vigora a nova grafia iludir – ilusão
como forma obrigatória.
Exercícios
Emprego do “S”
1. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli-
• O “s” intervocálico tem sempre o som de “z”: nhada esteja escrita incorretamente.
a) Paula saiu da sala muito pesarosa.
casa, mesa, acesa etc.
b) Esta água possui muita impuresa.
• O “s” em início de palavras tem sempre o som de “ss”:
c) Faça a gentileza de sair rapidamente.
sílaba, sabonete, seno etc. d) A nossa amizade é muito sólida.
e) A buzina do meu carro disparou, o que faço?
Usa-se o “S”
2. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli-
• Depois de ditongos: nhada esteja escrita incorretamente.
Neusa, Sousa, maisena, lousa, coisa, deusa, faisão, a) O rapaz defendeu uma tese.
mausoléu etc. b) O teste será realizado amanhã.
c) Comerei, mais tarde, um sanduíche misto.
• Adjetivos terminados pelos sufixos “oso”, “osa” (indi- d) Deixe os parafusos em uma lata com querozene.
cadores de abundância): e) A usina de açúcar fica distante da fazenda.
cheiroso, prazeroso, amoroso, ansioso etc.
3. O sufixo “isar” foi usado incorretamente na alternativa:
• Palavras com os sufixos “es”, “esa” e “isa” (indicadores a) É necessário bisar muitas músicas.
de títulos de nobreza, de origem, gentílicos ou pátrios, b) De longe, não consigo divisar as coisas.
cargo ou profissão): c) É necessário pesquisar incansavelmente.
duquesa, chinês, poetisa etc. d) É muito importante paralisar as obras, agora.
e) Não há erro em nenhuma alternativa.
• Nas palavras em que haja “trans”:
4. Há palavra estranha em um dos grupos abaixo:
transigir, transação, transeunte etc.
Língua Portuguesa

a) pesaroso – previsão – empresário.


b) querosene – gasolina – música.
• Nos substantivos não derivados de adjetivos: c) celsa – virose – maisena.
marquesa (de marquês), camponesa (de camponês), d) quiser – puser – hipnotizar.
defesa (de defender). e) anestesia – dosagem – divisa.

• Nos derivados dos verbos “pôr” e “querer”: 5. Assinale a frase em que a palavra sublinhada esteja es-
ela não quis; se quiséssemos; ela pôs o disco na estante; crita incorretamente.
compus uma música; se ela quisesse; eu pus etc. a) Eu não quero acusar ninguém.

34
b) Ela é uma mulher obesa. 4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
c) Ela está com náusea, está grávida. à ortografia, exceto:
d) Ao dirigir, cuidado com os transeuntes. a) utilizar.
e) Devemos suavisar o impacto. b) grandeza.
c) certeza.
Gabarito d) orgulhoza.
e) agonizar.
1. b 2. d 3. e 4. d 5. e
5. Complete os espaços do período abaixo com uma das
alternativas que se seguem de forma correta e ordenada.
Emprego do “Z” “Ela era ______ de ______ e ______ o trabalho com
______.”
Usa-se o “z” a) incapaz – atualizar – finalizar – presteza
b) incapás – atualisar – finalisar – prestesa
• Nas palavras derivadas de uma primitiva já grafada c) incapas – atualizar – finalizar – presteza
com “z”: d) incapaz – atualisar – finalisar – presteza
cruz ‑ cruzamento – cruzeta – cruzeiro e) incapaz – atualizar – finalizar – prestesa
juiz – juízo – ajuizado – juizado
desliza – deslizamento – deslizante Gabarito
• Nos sufixos “ez/eza” formadores de substantivos abs-
tratos e adjetivos com o acréscimo dos sufixos citados:
1. c 2. d 3. e 4. d 5. a
beleza – belo + eza
gentileza – gentil + eza
insensatez – insensato + ez
Emprego do “G”
• Nos diminutivos “inho” e “inha”:
• Nas palavras que representam o mesmo som de “j”
Obs. 1: Se a palavra escrita primitiva já termina com “z”,
quando for empregada antes das vogais “e” e “i”:
basta acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
juiz – juizinho gente, girafa, urgente, gengiva, gelo, gengibre, giz etc.
raiz – raizinha Obs.: apenas nesses casos, surgem dúvidas quanto ao
xadrez – xadrezinho uso. Nos demais casos, usa-se o “g”.

Obs. 2: Se a palavra primitiva não tiver “s” nem “z”; • Nas palavras derivadas de outras que já são escritas
então se acrescenta: “zinho” ou “zinha”: com “g”:
sofá – sofazinho ágio – agiota – agiotagem
mãe – mãezinha gesso – engessado – engessar
pé – pezinho exigir – exigência – exigível
afligir – afligem – afligido
Exercícios
• Nas terminações “agem”, “igem” e “ugem”:
1. Em todas as alternativas abaixo as palavras são grafadas margem, coragem, vertigem, ferrugem, fuligem,
com “z”, exceto: garagem, origem etc.
a) limpeza – beleza.
b) canalizar – utilizar. Exceção:
c) avizar – improvisar. pajem, lajem, lambujem.
d) catequizar – sintetizar.
e) batizar – hipnotizar. Note bem:
O substantivo viagem escreve-se com “g”, mas viajem
2. Complete corretamente os espaços do período a seguir (forma verbal de viajar) escreve- se com “j”:
com uma das alternativas abaixo.
“Nossa ______ não tem ______ para terminar, disse a Dica:
______.” Quando podemos escrever artigo antes (a, uma), temos
a) amizade – praso – meretriz o substantivo “viagem”, com “g”.
b) amisade – prazo – meretris A viagem para Búzios foi maravilhosa.
c) amizade – prazo – meretris Quando podemos ter o sujeito e conjugar, então tere-
d) amizade – prazo – meretriz mos o verbo, escrito com “j”:
e) amisade – praso – meretriz Que eles viajem muito bem.
Língua Portuguesa

3. Há, nas alternativas abaixo, uma palavra diferente do • Nas terminações “ágio”, “égio”, “ígio”, “ógio”, “úgio”,
grupo em relação à ortografia: “ege”, “oge”:
a) avidez, beleza. pedágio, relógio, litígio, colégio, subterfúgio, estágio,
b) algoz, baliza. prodígio, egrégio, herege, doge etc.
c) defesa, limpeza.
d) gozado, bazar. • Nos verbos terminados em “ger” e “gir”:
e) miudeza, jeitoza. corrigir, fingir, fugir, mugir etc.

35
Exercícios • Nas palavras de uso um tanto e quanto discutíveis:
manjerona, jerico, jia, jumbo etc.
1. Todas as palavras sublinhadas nas frases abaixo são es-
critas com “g”, exceto: • A terminação “aje” é sempre com “j”:
a) Joga esta geringonça no lixo. ultraje, laje etc.
b) A geada foi muito forte na região Sul do Brasil.
c) A giboia é uma serpente não venenosa. Exercícios
d) Guarde a tigela no armário da sala.
e) Pessoas cultas não falam muita gíria. 1. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
a) pajem.
2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas b) varejo.
em relação à ortografia, exceto: c) gorjeta.
a) gengiva – Sergipe – evangelho. d) ajiota.
b) trage – ogeriza – cangica. e) rijeza.
c) giz – monge – sargento.
d) vagem – ogiva – tangerina. 2. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
e) gim – ogiva – sugestão. a) refújio.
b) estájio.
3. Todas as palavras das alternativas abaixo estão incorretas c) rijeza.
em relação à ortografia, exceto: d) pedájio.
a) ultrage – lage – berinjela. e) ferrujem.
b) cangerê – cafageste – magé.
c) refúgio – estágio – ferrugem. 3. Observe as frases que se seguem:
d) geca – girau ‑cangica. I – Minha coragem é algo incontestável.
II – O jiló é um fruto amargo, mas delicioso.
4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação III – A giboia é uma serpente brasileira.
à ortografia, exceto: Agora, responda, em relação à ortografia das palavras
a) fuselagem. sublinhadas.
b) aflige. a) Todas estão corretas.
c) angina. b) Somente a III está correta.
d) grangear. c) Todas estão incorretas.
e) fuligem. d) Somente a III está incorreta.
e) Somente a I está correta.
5. Todas as palavras das alternativas abaixo são grafadas
com “g”, exceto:
4. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
a) ceregeira.
a) Jertrudes.
b) cingir.
b) jestão.
c) contágio.
c) jerimum.
d) algema.
d) jesso.
e) página.
e) jerminar.
Gabarito 5. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
a) jereré.
1. c 2. b 3. c 4. d 5. a b) jeropiga.
c) jenipapo.
d) jequitibá.
Emprego do “J” e) jervão.
Usa-se o “j”:
Gabarito
• Nos vocábulos de origem tupi:
maracujá, caju, jenipapo, pajé, jerimum, Ubirajara etc. 1. d 2. c 3. d 4. c 5. e

Exceção:
Mogi das cruzes, Mogi-guaçu, Mogi-mirim, Sergipe. Emprego do “ch”

• Nas palavras cuja origem latina assim o exijam: O “ch” provém da evolução de grupos consonantais la-
majestade, jeito, hoje, Jesus etc. tinos:
Língua Portuguesa

CI ‑ clave / Ch – Chave
• Nas palavras de origem árabe: FI – Flagrae / Ch – Cheirar
alforje, alfanje, berinjela. PI – Plenu / Ch – Cheio
PI – Planu / Ch – Chão.
• Nas palavras derivadas de outras já escritas com “j”:
gorja – gorjeio, gorjeta, gorjear • Na palavra derivada de outra que já vem escrita com
laranja – laranjinha, laranjeira, laranjeirinha “ch”:
loja – lojinha, lojista charco / encharcar, encharcado
granja – granjear, granjinha, granjeiro chafurda / enchafurdar

36
chocalho / enchocalhar – “s” em final de sílabas seguido de consoante:
chouriço / enchouriçar extático, externo, experiência, contexto etc.
chumaço / enchumaçar
cheio / encher, enchimento – “z” em palavras com prefixo “ex”, seguido de vogal:
enchova / enchovinha exame, exultar, exequível etc.

• Nas palavras após “re”: – “ss” como “ss” intervocálico:


brecha, trecho, brechó trouxe, próximo, sintaxe etc.

• Nas palavras aportuguesadas, oriundas de outros idio- – “ch” no início ou no interior de algumas palavras:
mas: xícara, xarope, luxo, ameixa etc.
salsicha / do itálico “salsíccia”
sanduíche / do inglês “sandwich” – “cs” no meio ou no fim de algumas palavras:
chapéu / do francês “chapei” fixo, tórax, conexão, tóxico etc.
chope / do francês “chope” e do alemão “Schoppen”
Obs.:
• O “ch” provém, também, da formação do dígrafo “ch” Quando no final de sílabas o “x” não for precedido da
latino que se originou da evolução ao longo dos tempos: vogal “a”, deve-se empregar o “s” em vez de “x”:
cheirar, cheio, chão, chaleira etc. misto, justaposição etc.
• Em vocábulos de origem árabe e castelhana:
Exercícios xadrez, oxalá, enxaqueca, enxadrista etc.
1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão correta- • Em palavras de formação popular, africana ou indígena:
mente grafadas, exceto: xepa, xereta, xingar, abacaxi, caxumba, muxoxo, xa-
a) enchumaçar. vante, xiquexique, xodó etc.
b) cachumba.
c) chave. • Geralmente é usado após a sílaba inicial “en”, em pa-
d) brecha. lavras primitivas:
e) galocha. enxada, enxergar, enxaqueca, enxó, enxadrezar, enxam-
brar, enxertar, enxoval, enxovalhar, enxurrada, enxofre,
2. Todas as palavras abaixo estão incorretamente grafadas,
enxovia, enxuto etc.
exceto:
Exceções:
a) faicha.
encher, derivada de cheio
b) fachina.
anchova ou enchova e seus derivados etc.
c) repuchão.
d) chuteira.
e) relachado. Obs.:
Se a palavra é derivada, dependerá da grafia da primitiva.
3. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia. charco – encharcar; chocalho – enchocalhar
a) chilindró. chafurda – enchafurdar; chouriço – enchouriçar
b) estrebuchar. chumaço – enchumaçar (estofar) etc.
c) facho.
d) chafurdar. • Emprega-se o “x” após ditongos:
e) chamego. ameixa, caixa, peixe, feixe, frouxo, deixar, baixa, rou-
xinol etc.
4. Assinale a afirmação incorreta.
a) A palavra “boliche” está corretamente grafada. Exceções:
b) A palavra “rocho” está corretamente grafada. caucho, cauchal, caucheiro, recauchutar, recauchuta-
c) A palavra “mecha” está corretamente grafada. gem etc.
d) A palavra “richa” está incorretamente grafada.
e) A palavra “chereta” está incorretamente grafada. • Emprega-se “ex” quando seguido de vogal:
exame, exército, exato etc.
5. Assinale a alternativa correta.
a) tachinha (prego). • Emprega-se “ex” quando se segue:
b) chilindró. PLI – exPLIcar
c) cocho (manco). CI – exCItante
d) muchocho. CE – exCElência
e) muchiba. PLO – exPLOrar
Língua Portuguesa

Gabarito Exercícios

1. b 2. d 3. a 4. b 5. a 1. Assinale a alternativa incorreta.


a) enxada.
b) enxaqueca.
Emprego do “X” c) enxova.
d) enxofre.
• O “x” representa cinco fonemas tradicionais: e) enxertar.

37
2. Assinale a alternativa correta. c) quase.
a) enxarcar. d) cadiado.
b) enxocalhar.
c) enxouriçar. 2. Assinale a alternativa correta em relação ao uso do “e”
d) enxurrada. e do “i”:
e) enxumaçar. a) criolina.
b) cemitério.
3. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do c) palitó.
“X”: d) orquídia.
a) cambaxirra.
b) flexar. 3. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
c) taxar (preço). ao uso do “e” e do “i”, exceto:
d) explicar. a) seringa.
b) seriema.
4. Todas as palavras abaixo estão corretas em relação ao c) umedecer.
uso do “X”, exceto: d) desinteria.
a) enxerto.
b) sintaxe. 4. Todas as alternativas abaixo estão incorretas em relação
c) textual. ao uso do “e” e do “i”, exceto:
d) síxtole. a) crâneo.
b) meretíssimo.
5. Complete as lacunas das palavras, com uma das alter- c) previlégio.
nativas que se segue: d) Filipe.
e__pontâneo; e__terior; e__perto; e__cessivo.
a) x – s – x – s 5. Quanto às palavras
b) s – x – s – x I – impigem;
c) s – s – x – x II – terebentina;
d) x – x – s – s III – pinicilina.

podemos afirmar:
Gabarito a) somente a I está correta.
b) somente a II está correta.
1. c 2. d 3. b 4. d 5. b c) todas estão incorretas.
d) todas estão corretas.
Uso do “E” Gabarito
• Nos verbos terminados em “uar”, “oar”, nas formas do
1. d 2. b 3. d 4. d 5. a
presente do subjuntivo:
continuar – continue – continues
efetuar – efetue – efetues
habituar – habitue – habitues
Uso do “O” e do “U”
averigue – averigues
A letra “o” átono pode soar como “u”, acarretando he-
perdoar – perdoe – perdoes
sitação na grafia.
abençoar – abençoe – abençoes Pode-se recorrer ao artifício da comparação com palavras
da mesma família:
• Palavras formadas com o prefixo “ante”: abolir – abolição
antecipar, anterior, antevéspera tábua – tabular
comprimento – comprido
Uso do “I”. cumprimento – cumprimentar
explodir – explosão
• Nos verbos terminados em “uir” nas segunda e tercei-
ra pessoas do singular do presente do indicativo e a Exercícios
segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo:
constituir – constitui – constituis 1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas
possuir – possui – possuís em relação à grafia, exceto:
influir – influi – influis a) nódoa.
fluir – flui – fluis b) óbolo.
diminuir ‑diminui – diminuis
Língua Portuguesa

c) poleiro.
instituir – institui – instituis d) pulir.

Exercícios 2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas


em relação à grafia, exceto:
1. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do a) capueira.
“e” e do “i”: b) embolo.
a) destilar. c) focinho.
b) cumeeira. d) goela.

38
3. Em relação às seguintes palavras: Modifica o substantivo a que se relaciona:
I – muleque; “Um bom romance nos diz a verdade sobre o seu herói,
II – mulambo; mas um mau romance nos diz a verdade sobre seu
III – buate, autor”. (Chesterton Apud Josué Montello)
“Quando a previsão diz tempo bom, isso é mau.” (Leon
podemos afirmar: Eliachar)
a) todas estão corretas.
b) somente a I e II estão corretas. Como substantivo
c) somente a I e III estão corretas. Normalmente vem precedido de artigo:
d) todas estão incorretas. “Por que não prender os maus para vivermos tranqui-
los?”
4. Em relação às seguintes palavras: “O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer”.
I – bueiro; (Mário Quintana)
II – manoel;
“... só que viera a pé e foi-se sentado, cansado talvez
III – jaboticaba
de cavalgar por montes e vales do Oeste, e de tantas
lutas contra os maus”. (CDA)
podemos afirmar como verdadeiro:
a) somente a II e III estão incorretas.
b) somente a II e III estão corretas. Notações sobre o uso de “a”, “há” e “ah”
c) somente a I está correta.
d) todas estão corretas. • Usa-se “há”
e) somente II está incorreta. Com referência a tempo passado:
“Estou muito doente. Há dez anos venho sofrendo de
5. Assinale a alternativa de palavra incorretamente grafada. mal súbito”. (Aldu)
a) custume. “Isso aconteceu há quatro ou cinco anos”. (Rubem Braga)
b) tribo. Quando é formado do verbo haver:
c) romênia. “Já não há mais tempo. O futuro chegou”.
d) buliçoso. “O garçom era atencioso, você sabia que há garçons
atenciosos?” (CDA)
Gabarito
• Usa-se “a”
1. d 2. a 3. d 4. e 5. a Com referência a tempo futuro:
“... mas daí a pouco tinha a explicação”. (Machado de
Assis)
Algumas Dificuldades Gramaticais “Fui casado, disse ele, depois de algum tempo, daqui
a três meses posso dizer outra vez: sou casado”. (Ma-
Notações sobre o uso de “mal” e “mau”: chado de Assis)

• Usa-se “mal” nos seguintes casos: • Usa-se “ah”


Como interjeição enfatizante:
Como substantivo (opõe-se a “bem”) “Ah, ia-se me esquecendo: um escritório funcional deve
Assim varia de número (males) e, geralmente, vem ter também uma secretária funcional”. (Leon Eliachar)
precedido de artigo: “Ah! Disse o velho com indiferença”. (Machado de Assis)
“O chato da bebida não é o mal que ela nos pode trazer,
são os bêbados que ela nos traz.” (Leon Eliachar) Notações sobre o uso de “mas”, “más” e “mais”
“Para se trilhar o caminho do mal, é indispensável não
se importar com o constrangimento.” (Fraga) • Mas
É conjunção adversativa (dá ideia de oposição, retifi-
Como advérbio (opõe-se a “bem”) cação):
Nesse caso, modifica o verbo, o adjetivo e o próprio “Sinto muito, doutor, mas não sinto nada”. (Aldu)
advérbio: “O dinheiro não traz felicidade, mas acalma os nervos”.
“Andam mal os versos de pé quebrado.” (Jaab)
(Aldu)
“Varam o espaço foguetes mal intencionados.” (Cecília
Meireles)
• Más
“Mendicância vai muito mal: falta de verba.” (Sylvio
Abreu) Plural feminino de “MAU”
“Não tinha más qualidades, ou se as tinha, eram de
Como conjunção pouca monta”. (Machado de Assis)
Equivale a quando, assim que, apenas: “Não há coisas, na vida, inteiramente más”. (Mário
Língua Portuguesa

“Mal o Flamengo entrou em campo, foi delirantemente Quintana)


aplaudido”.
“Mal colocou o papel na máquina, o menino começou • Mais
a empurrar a cadeira pela sala, fazendo um barulho Advérbio de intensidade
infernal”. (Fernando Sabino) “As fantasias mais usadas no carnaval são: homem
vestido de mulher e mulher vestida de homem”. (Leon
• Usa-se “mau” nos seguintes casos Eliachar)
Ele nunca está satisfeito. Sempre quer mais do que
Como adjetivo (opõe-se a bom) recebe.

39
Notações sobre o uso do porquê (e variações) “Tal prática era possível na cidade, aonde ainda não
haviam chegado os automóveis.” (Manuel Bandeira)
• Porque – Conjunção causal ou explicativa: “Se chegares sempre aonde quiseres, ganharás”. (Paulo
“Vende-se um segredo de cofre a quem conseguir abrir Mendes Campos)
o cofre, porque o dono não consegue”. (Leon Eliachar)
“Os macróbios são macróbios porque não acreditam • Donde
em micróbios”. (Mário Quintana) Equivale a “de onde” e apresenta ideia de afastamento;
corresponde a lugar do qual (unde, em latim):
• Por que – Nas interrogações “Tomás estava, mas encerrara-se no quarto, donde só
“ – Diga-se cá, por que foi que você não apareceu mais saíra...” (Machado de Assis)
lá em casa?” (Graciliano Ramos) (Interrogativa direta) “Às vezes se atiram a distantes excursões donde regres-
“Não sei por que você foi embora”. (Interrogação indi- sas com uma enorme lava.” (Manoel Bandeira)
reta)
Como pronome relativo, equivalente a o qual, a qual, Notações sobre o uso de “senão” e “se não”
os quais, as quais.
“Não sei a razão por que me ofenderam”. • Senão
“Contavam fatos da vida, incidentes perigosos por que Conjunção adversativa com o sentido de “em caso
tinham passado”. (José Lins do Rego) contrário”, “de outra forma”:
“Cala a boca, mulher, senão aparece polícia”. (Raquel
• Por quê – No final da frase. de Queiroz)
“Mas por quê? Por quê? Por amor? (Eça de Queiroz) Com o sentido de “mas sim” e com o sentido de “a não
“Sou a que chora sem saber por quê”. (Florbela Espanca) ser”:
“Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sincerida-
• Porquê de, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza”.
É substantivo e, então, varia em número; normalmen- (Clarice Lispector)
te, o artigo o precede:
“Eu sem você não tenho porquê”. (Vinícius de Morais)
Quando substantivo com o sentido de “falha”, “defei-
“Só mesmo Deus é quem sabe o porquê de certas von-
to”, “imperfeição”. Admite, então, flexão de número:
tades femininas, se é que consegue saber.” (CDA)
“Esfregam as mãos, têm júbilos de solteiras histéricas, dão
pulinhos, apenas porque encontram senões miúdos nas
Notações sobre o uso de “quê” e “’que”
páginas que não saberiam compor”. (Josué Montello)
• Quê
Como interjeição exclamativa (seguida de ponto de • Se não
exclamação): Quando conjunção condicional “se”:
“Quê! Você ainda não tomou banho?” ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
(Mário Quintana)
No final de frases:
Zombaria de todos, mesmo sem saber de quê. Quando advérbio de negação “Não”
“Medo de quê?” (José Lins do Reco) “Os ex-seminaristas, como os ex-padres, permanecem
Como substantivo ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não, pela fé –
“Um quê misterioso aqui me fala.” (Gonçalves Dias) pelo rito”. (Josué Montello)
“A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
sempre um quê de proibido...” (Mário Quintana) (Mário Quintana)

• Que Notações sobre “afim” e “a fim de”


Em outros casos usa-se a forma sem acento:
“Da igreja – exclamou. Que horror.” (Eça de Queiroz) • Afim
“E que sonho mau eu tive.” (Humberto de Campos) Adjetivo com o sentido de parente, próximo:
“... era meu parente afim, [...] interrogou-nos de cara
Notações sobre o uso de “onde”, “aonde” e “donde” amarrada e mandou-nos embora.” (CDA)
Naquele grupo todos eram afins; por isso brigavam
• Onde tanto.
É estático. Usa-se com os verbos chamados de repouso,
situação, fixação, como o verbo “ser” e suas modali- • A fim
dades (estar – permanecer) e outros (ficar, estacionar Locução prepositiva; dá ideia de finalidade; equivale
etc.); corresponde a “lugar em que” (ubi, em latim): a “para”:
“Onde foi inventado o feijão com arroz? (Clarice Lis- Viajou a fim de se esconder.
Língua Portuguesa

pector) “Metade da massa ralada vai para a rede da goma, a fim


“Vende-se uma bússola enguiçada. Infelizmente não de se lhe tirar o excesso de amido”. (Raquel de Queiroz)
sei onde estou, senão não venderia a bússola”. (Leon
Eliachar) Notações sobre o uso de “a par” e “ao par”

• Aonde • A par
É dinâmico. Usa-se com os verbos chamados de mo- Tem o significado de conhecer, saber, tomar conheci-
vimento, como ir, andar, caminhar etc.; corresponde mento:
a lugar em que (quo, em latim): Estamos a par da evolução técnica.

40
• Ao par Velha Regra Nova Regra
Tem o significado de igual, equilibrado, paralelo:
ante-sala antessala
O câmbio está ao par.
anti-reumatismo antirreumatismo
Exercícios auto-recuo autorrecuo
contra-senso contrassenso
1. Preencha as lacunas com “mal”, “mau”, “má”: extra-rigoroso extrarrigoroso
a) Foi um _______ resultado para a equipe. infra-solo infrassolo
b) Foi um ______ irrecuperável. ultra-rede ultrarrede
c) Não me interprete _____ quando lhe digo _____ que ultra-sentimental ultrassentimental
responderá pelo que fez a esta criança. semi-sótão semissótão
d) ______ entrou no campo, deu um _______ jeito no supra-renal suprarrenal
pé, devido à _______ condição do gramado. supra-sigiloso suprassigiloso
e) Uma redação _______ escrita pode ser, apenas, o
resultado de uma _______ organização de ideias. Os prefixos hiper-, inter- e super- se ligam com hífen a
f) Ele organizou ______ o texto. elementos iniciados por r.
g) Sua _______ redação foi um negócio ________ para hiper-risonho, hiper-realidade, hiper-rústico, hiper-regu-
ela. lagem, inter-regional, inter-relação, inter-racial, super-
h) Este menino é _______ porque sempre aprendeu a -ramificado, super-risco, super-revista.
praticar o _______.
i) Se não tivesse recebido ______ exemplos, evitaria os b) Passa a ser usado o hífen, agora, quando o prefixo
______ que tem causado. termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento.
j) Há pessoas que têm o _____ costume de fazer ______ Lembremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico,
juízo dos outros, ______ os conhecem. os prefixos abaixo eram grafados sem hífen diante de vogal.
Observe o quadro:
2. Preencha as lacunas com porque, por que, porquê, por
quê, ou quê: Velha Regra Nova Regra
a) Você não disse _________ veio, ontem, à festa. antiinflacionário anti-inflacionário
b) Não sei ________ você não veio, ontem, à festa. antiictérico anti-ictérico
c) Você sabe se José não veio à aula hoje, ________ não antiinflamatório anti-inflamatório
chegou ainda do passeio de final de semana?
arquiinimigo arqui-inimigo
d) Todos temos direitos inalienáveis, ________ somos arquiinteligente arqui-inteligente
pessoas humanas.
e) _________ se questiona tanto o progresso e se ques- microondas micro-ondas
microônibus micro-ônibus
tionam pouco os responsáveis pela ampliação desu-
microorganismo micro-organismo
mana da técnica? ___________?
f) Os caminhos __________ temos andado, os valores Exceção:
_________ temos lutado, podem não ser os mais Não se usa hífen com o prefixo co-, mesmo que o segundo
certos, porém são aqueles em que acreditamos. elemento comece com a vogal o:
g) Há um _______ misterioso em tudo isso. coordenação, cooperação, coocorrência, coocupante,
h) Não consigo perceber o _________ de tudo isso, mas coonestar, coobrigar, coobrar.
as razões ________ não consigo perceber tudo isso
já estão bem identificadas. c) Não será mais usado quando o prefixo termina em
vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Lem-
Gabarito bremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os
prefixos abaixo eram sempre grafados com hífen antes de
1. a) mau 2. a) por que vogal. Observe o quadro:
b) mal b) por que
c) mal, mal c) porque Velha Regra Nova Regra
d) Mal, mau, má d) porque auto-análise autoanálise
e) mal, má e) Por que, Por quê auto-afirmação autoafirmação
f) mal f) por que, por que auto-adesivo autoadesivo
g) má, mau g) porquê
h) porquê, por que auto-estrada autoestrada
h) mau, mal
i) maus, males auto-escola autoescola
j) mau, mau, mal auto-imune autoimune
Língua Portuguesa

extra-estatutário extraestatutário
extra-escolar extraescolar
Emprego do Hífen extra-estatal extraestatal
(Conforme a Nova Ortografia) extra-ocular extraocular
extra-oficial extraoficial
a) Não será usado hífen quando o prefixo termina em extraordinário* extraordinário
vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Essas letras extra-urbano extraurbano
serão duplicadas. Observe as regras no quadro abaixo. extra-uterino extrauterino

41
infra-escapular infraescapular • Com topônimos iniciados por grão- e grã- e forma ver-
infra-escrito infraescrito bal ou elementos com artigo:
infra-específico infraespecífico Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de
infra-estrutura infraestrutura Todos-os-Santos, Trás-os-Montes etc.
infra-ordem infraordem • Com os advérbios mal e bem quando formam uma
unidade sintagmática com significado e o segundo
intra-epidérmico intraepidérmico
elemento começa por vogal ou h:
intra-estelar intraestelar bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-
intra-orgânico intraorgânico -estar, mal-humorado.
intra-ósseo intraósseo Obs.: Os compostos com o advérbio bem se escrevem
neo-academicismo neoacademicismo sem hífen quando tal prefixo é seguido por elemento
neo-aristotélico neoaristotélico iniciado por consoante:
neo-aramaico neoaramaico bem-nascido, bem-criado, bem-visto (ao contrário de
neo-escolástica neoescolástico “malnascido”, “malcriado” e “malvisto”).
neo-escocês neoescocês • Nos compostos com os elementos além, aquém, recém
neo-estalinismo neoestalinismo e sem:
neo-idealismo neoidealismo além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-
neo-imperialismo neoimperialismo -casados, sem-número, sem-teto.
semi-erudito semierudito
supra-ocular supraocular Hífen em locuções
* Observe que a palavra extraordinário já era escrita sem hífen antes
do novo acordo. Não se usa hífen nas locuções (substantivas, adjetivas,
pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjunti-
d) Não se usa mais o hífen em palavras compostas por vas), como em:  cão de guarda, fim de semana, café com leite,
justaposição, quando se perde a noção de composição e pão de mel, pão com manteiga, sala de jantar, cor de vinho,
surge um vocábulo autônomo. Observe o quadro: à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que.
São exceções algumas locuções consagradas pelo uso. É
o caso de expressões como: água-de-colônia, arco-da-velha,
Velha Regra Nova Regra
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à
manda-chuva mandachuva queima-roupa.
pára-quedas paraquedas
pára-lama, pára-brisa paralama, parabrisa Exercícios
pára-choque parachoque
Responda conforme as novas regras da ortografia.
Devemos observar que continuam com hífen: ano-luz,
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, tio-avô, 1. Nas frases que seguem, indique a única que apresente a
mato-grossense, norte-americano, sul-africano, afro-luso- expressão incorreta, levando em conta o emprego do hífen.
-brasileiro, primeiro-sargento, segunda-feira, guarda-chuva. a) Aqueles frágeis recém-nascidos bebiam o ar com
aflição.
e) Fica sendo regra geral o hífen antes de h: b) Nunca mais hei-de dizer os meus segredos.
anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra- c) Era tão sem ternura aquele afago, que ele saiu mal-
-harmônico, extra-humano, pré-histórico, sub-hepático, -humorado.
super-homem. d) Havia uma super-relação entre aquela região deserta
e esta cidade enorme.
O que não muda no hífen e) Este silêncio imperturbável, amá-lo-emos como uma
alegria que não deixa de ser triste.
Continua-se a usar hífen nos seguintes casos:
• Em palavras compostas que constituem unidade sin- 2. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às
tagmática e semântica e nas que designam espécies: palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale
aquela que tem que ser escrita com hífen.
ano-luz, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva,
a) (sub) chefe.
segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor,
b) (sub) entender.
erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi.
c) (sub) desenvolvido.
• Com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-:
d) (sub) reptício.
ex-mulher, sota-piloto, soto-mestre, vice-campeão,
e) (sub) liminar.
vizo-rei.
• Com prefixos circum- e pan- se o segundo elemento 3. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen:
começa por vogal h e m ou n: a) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
circum-adjacência, pan-americano, pan-histórico.
Língua Portuguesa

b) O meia-direita fez um gol sem-pulo na semifinal do


• Com prefixos tônicos acentuados pré-, pró- e pós- se campeonato.
o segundo elemento tem vida à parte na língua: c) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
pré-bizantino, pró-romano, pós-graduação. d) O recém-chegado veio de além-mar.
• Com sufixos de base tupi-guarani que representam for- e) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
mas adjetivas: -açu, -guaçu, e -mirim, se o primeiro
elemento acaba em vogal acentuada ou a pronúncia 4. Em qual alternativa ocorre erro quanto ao emprego do
exige a distinção gráfica entre ambos: hífen?
amoré-guaçu, manacá-açu, jacaré-açu, paraná-mirim. a) Foi iniciada a campanha pró-leite.

42
b) O ex-aluno fez a sua autodefesa. EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
c) O contra-regra comeu um contrafilé.
d) Sua autobiografia é um verdadeiro contrassenso. Regras Básicas
e) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
Importante!
5. Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quan- A nova ortografia não mudará estas regras básicas de
to ao emprego do hífen. acentuação.
a) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para
assumir um relacionamento extraconjugal. Posição da
b) Era extra-oficial a notícia da vinda de um extraterreno. Terminação Exemplos
sílaba tônica
c) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama-
rinas. Proparoxítonas todas lúcido, anátema, arsê-
d) O antissemita tomou antibiótico e vacina antirrábica. nico, paralelepípedo.
e) Era um suboficial de uma superpotência. Monossílabas a(s), e(s), o(s) lá, ré, pó, pás, mês,
tônicas cós.
6. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do Oxítonas a(s), e(s), o(s), crachá, Irecê, trenó,
hífen. em, ens ananás, Urupês, re-
a) Pelo interfone ele me comunicou bem-humorado que trós, armazém, para-
estava fazendo uma superalimentação. béns.
b) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. Paroxítonas r, n, l, x, ditongo, fêmur, próton, fácil,
c) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. ps, i, is, us, um, látex, colégio, pônei,
d) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. uns, ão(s), ã(s). bíceps, júri, lápis, bô-
e) O autodidata fez uma auto-análise. nus, álbum, fóruns,
acórdão, ímã, órfãs.
7. Fez um esforço ______ para vencer o campeonato
_________. Obs. 1:
a) sobre-humano – inter-regional Monossílabo tônico é a palavra (sílaba) com sentido pró-
b) sobrehumano – interregional prio. Continua com seu sentido mesmo que fora da frase.
c) sobreumano – interregional Geralmente, verbos, advérbios, substantivos e adjetivos.
d) sobrehumano – inter-regional Quando não possui sentido, o monossílabo é átono.
e) sobre-humano – inter-regional Tenho dó do menino.
dó: monossílaba tônica
8. Usa-se hífen nos vocábulos formados por sufixos que re- do: monossílaba átona (de + o)
presentam formas adjetivas, como açu, guaçu, e mirim. Os nomes das notas musicais são monossílabos tôni-
Com base nisso, marque as formas corretas. cos: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Apesar de serem todos tônicos,
a) capim-açu. acentuam-se apenas: dó, ré, fá, lá.
b) anajá-mirim.
c) paraguaçu. Dica:
d) para-guaçu. O sistema de acentuação da Língua Portuguesa se baseia
nas terminações a(s), e(s), o(s), em, ens.
9. Marque as formas corretas. Memorize!
a) autoescola. As paroxítonas terão acento quando a terminação for
b) contra-mestre. diferente de a(s), e(s), o(s), em, ens.
c) contra-regra.
d) infraestrutura. Obs. 2:
e) semisselvagem. O sinal til (~) não é acento. É apenas o sinal para indicar
f) extraordinário. vogal com som nasal. Portanto: rã (monossílaba tônica sem
g) proto-plasma. acento), sã (feminino de são = saudável), irmã (oxítona sem
h) intra-ocular. acento), ímã (paroxítona com acento agudo e final ã).
i) neo-republicano.
j) ultrarrápido. Obs. 3:
O único caso de palavra com dois acentos no Português
10. Marque, então, as formas corretas. é verbo no futuro com pronome mesoclítico:
a) supra-renal. Cantará o hino → Cantará + o → Cantar + o + á → Cantá-lo-á.
b) supra-sensível. Note acima a forma verbal oxítona em “cantará” e em
c) supracitado. “cantá”.
d) supra-enumerado.
Língua Portuguesa

e) suprafrontal. Regras Especiais



f) supra-ocular. As regras especiais resolvem casos que as regras básicas
não resolvem.
Gabarito Atenção!
Estas regras mudam com a nova ortografia.
1. b 4. c 7. a 10. c, e
2. d 5. b 8. a, b, c Dica:
3. a 6. e 9. a, d, e, f, j Só muda na penúltima sílaba da palavra.
Lembrete: a pronúncia não se altera.

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Velha Ortografia Nova Ortografia
Acentuavam-se os ditongos abertos tônicos: éi, ói, éu: Nos ditongos abertos tônicos ei, oi perdeu-se o acento na
idéia, asteróide, jóia, factóide, platéia, colméia, esquizóide, penúltima sílaba:
Eritréia, fiéis, corrói, chapéu. ideia, asteroide, joia, factoie, plateia, colmeia, esquizoide,
Eritreia.
Note que a regra básica das paroxítonas não acentuaria:
ideia, asteroide, plateia, colmeia, esquizoide, Eritreia. Cuidado!
Continuam acentuados éi e ói de oxítonas e monossílabas
tônicas de timbre aberto:
corrói, dói, fiéis, papéis, faróis, anéis, anzóis.

Note que é a sílaba final. Não muda, continua acentuada.


Lembre-se: Só muda na penúltima sílaba da palavra.

Também se conserva o acento do ditongo de timbre aberto


éu:
céu, véu, chapéu, escarcéu, ilhéu, tabaréu, mausoléu.
Note que é a sílaba final. Não muda.

Atenção!
Na palavra “dêitico” temos proparoxítona. O acento deve-se
à regra das proparoxítonas. Continua acentuado.

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Acentuavam-se a penúltima sílaba das terminações ee e oo. Perdeu-se o acento na penúltima sílaba das terminações
Verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados: ee e oo.
Eles crêem, eles dêem, eles lêem, eles vêem. Eles descrêem, Verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados:
eles relêem, eles prevêem. Eles creem, eles deem, eles leem, eles veem. Eles descreem,
Lembrete: são verbos do credelever. eles releem, eles preveem.
Lembrete: são verbos do credelever.
Velha Ortografia Nova Ortografia
Verbos com final -oar, -oer: Verbos com final -oar, -oer:
perdoar: perdôo, perdoar: perdoo,
voar: vôo, voar: voo,
moer: môo, moer: moo,
roer: rôo. roer: roo.

Note que o acento é na penúltima sílaba. São paroxítonas.


A regra básica não acentuaria essas palavras.

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Acentuavam-se í e ú na 2ª vogal diferente do hiato, tônico, Perdem o acento o i e o u tônicos na penúltima sílaba, se
sozinho na sílaba ou com s, não seguido de nh: precedidos de ditongo.
caído, país, miúdo, baús, ruim (com m não acentuamos), sair, Lembre-se: só muda na penúltima sílaba:
Saul, tainha, moinho, xiita, Piauí (Pi-au-í), tuiuiú (tui-ui-ú). sau-í-pe (velha) → sau-i-pe (nova regra)
bo-cai-ú-va (velha) → bo-cai-u-va (nova regra)
Outros na nova regra:
bai-u-ca, fei-u-ra.
Cuidado!
Em friíssimo e seriíssimo temos proparoxítonas. É outra Note que o acento dessas palavras desaparece da penúltima
regra. Não é a regra do hiato com i ou u. sílaba após ditongo.
Atenção:
Língua Portuguesa

Em Pi-au-í e tui-ui-ú, o acento está na sílaba final. Não muda


nada.

Cuidado!
Em fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo, pe-rí-o-do continuamos tendo
proparoxítonas acentuadas. Não é a regra do hiato com i
ou u.

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Velha Ortografia Nova Ortografia
Trema ( ¨ ) O trema está extinto das palavras portuguesas e aportu-
Era usado sobre a semivogal u antecedida de g ou q, e se- guesamentos. Lembre que a pronúncia continua a mesma.
guida de e ou i: O acordo é só ortográfico.
seqüela, tranqüilo, agüenta, argüir, argüir, delinqüir, tran-
Porém, é mantido o trema em nomes próprios estrangeiros
qüilo, cinqüenta, agüentar, pingüim, seqüestro, qüinqüênio.
e seus derivados:
Obs.: Quando temos vogal u tônica, nesses grupos, surge Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen.
um acento agudo diferencial:
obliqúes, apazigúe, argúi, averigúe. Atenção:
Como o trema foi extinto, então perdeu o acento o u tônico
de formas verbais rizotônicas (com acento na raiz) quando
parte dos grupos que e qui, gue e gui:
obliques, apazigue, argui, averigue.

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Acento Diferencial Acento Diferencial
Morei no Pará. → oxítona final “a”, nome do Estado. Regra Fica extinto na penúltima sílaba (palavras paroxítonas ho-
básica. mógrafas):
Vou para casa. → paroxítona final “a” não tem acento pela para (verbo) x para (prep.); coa, coas (verbo) x coa, coas (com
regra básica. +a); pelo, pelos (subst.), pelo (verbo) x pelo, pelos (per + o);
Pára com isso. → paroxítona final “a” não deveria ter acento pela, pelas (subst. ou verbo) x pela, pelas (per + a; arcaico);
pela regra básica, mas recebe acento para diferenciar a forma polo, polos [filhote de gavião], polo, polos [extremidade]
verbal “pára” e a preposição “para”. (substantivos) x polo, polos (por + o; arcaico); pera (subst.)
x pera (= para; arcaico).
Lista de palavras com acento diferencial:
pára (verbo) x para (prep.); côa, côas (verbo) x coa, coas (com
+a); pêlo, pêlos (subst.), pélo (verbo) x pelo, pelos (per + o); Entretanto, é mantido pôde e pôr. Além desses, também
péla, pélas (subst. ou verbo) x pela, pelas (per + a; arcaico); ficam mantidos têm e tem, vêm e vem.
pôlo, pôlos [filhote de gavião], pólo, pólos [extremidade] pôde (passado) x pode (presente); pôr (verbo) x por (prep.);
(substantivos) x polo, polos (por + o; arcaico); pêra (subst.) têm (eles), tem (ele); vêm (eles), vem (ele).
x pera (= para; arcaico), mas peras (plural da fruta “pêra”).

Atenção:
Para os verbos ter, vir e derivados: têm (eles), tem (ele),
vêm (eles), vem (ele).

Cuidado com pôde (passado) e pode (presente).

Atenção! EXERCÍCIOS
Apesar de não serem obrigatórias, as novas regras podem
ser objeto de questões que perguntem qual palavra será Acentuação com a velha ortografia.
modificada com o novo acordo ortográfico. As regras ve-
lhas valem até 31/12/2015, segundo o Decreto nº 7.875, Julgue C (certo) ou E (errado).
de 27/12/2012. 1. Está correto o seguinte agrupamento de palavras do
Então, estude as regras antigas e saiba o que muda com texto pela regra de acentuação:
as novas. • Regra das proparoxítonas: Sócrates/genética/físico.
• Regra das paroxítonas terminadas em ditongo cres-
Curiosidade! cente: contrário/ caráter/ suicídio/ compulsório/ sá-
O caso da proparoxítona eventual bios/ gênios/ tédio/ ciência/ própria/ experiência/
Palavras paroxítonas terminadas em ditongo crescente equilíbrio.
(semivogal + vogal) podem ser pronunciadas como se fosse • Regra das oxítonas: você/ está/ também.
hiato no final.
• Regra dos monossílabos tônicos: há.
História → duas pronúncias: his-tó-ria ou his-tó-ri-a
Língua Portuguesa

Vácuo → duas pronúncias: vá-cuo ou vá-cu-o


2. Os vocábulos têm e também seguem a mesma regra
Cárie → duas pronúncias: cá-rie ou cá-ri-e
Colégio → duas pronúncias: co-lé-gio ou co-lé-gi-o de acentuação.
3. As palavras paroxítonas língua e discórdia são acentua­
E com hiato final, tais palavras são chamadas proparoxí- das porque terminam em ditongo.
tonas eventuais. As duas pronúncias são aceitas. A pronúncia
como hiato no final atende ao uso regional de Portugal. Note 4. A acentuação das palavras arquitetônico, hábitos, invó-
bem: são duas pronúncias, mas apenas uma separação si- lucro, hóspede, íntima e âmago atende a uma mesma
lábica correta (como ditongo final). regra, já que todas essas palavras são proparoxítonas.

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5. As palavras abundância, quilômetros, território, climá- III – Estudam-se as ... da questão social.
ticas, árida, biogeográficas e ecológicas estão grafadas a) arguem / freqüência / raízes
com acento agudo porque são todas proparoxítonas. b) argúem / freqüência / raízes
c) arguem /freqüência / raízes
6. Pôde é uma palavra que leva acento a fim de indicar ao d) argüem /freqüência / raízes
leitor que se trata do pretérito perfeito e não da forma e) arguem / frequência / raízes
pode, do presente do indicativo; o vocábulo abaixo que
recebe acento obrigatoriamente é: GABARITO
a) Numero. c) sede. e) segredo.
b) egoista. d) ate. 1. E 4. C 7. a 10. E
2. E 5. E 8. e
7. (Funiversa/CEB/Administrador) Assinale a alternativa 3. C 6. b 9. E
em que todas as palavras são acentuadas pela mesma
razão. 11. E. Trata-se de substantivo monossílabo tônico. Note
a) Brasília, prêmios, vitória. o artigo. Isso substantiva a palavra. Lembre-se de que
b) elétrica, hidráulica, responsáveis. substantivos são palavras significativas por si mesmas.
c) sérios, potência, após. Monossílabo tônico tem sentido próprio.
d) Goiás, já, vários.
e) Solidária, área, após. 12. C 13. a 14. d 15. e
8. (Funiversa/Sejus/Atendente de Reintegração Social)
Assinale a alternativa que contenha apenas palavras ESTRUTURA E PROCESSOS DE FORMAÇÃO
acentuadas pela aplicação da mesma regra de acentu-
ação gráfica.
DAS PALAVRAS
a) Assistência, públicas, após.
b) políticas, referência, jurídica. Estrutura das Palavras
c) caráter, saúde, após.
d) jurídica, responsável, públicas. Em geral, a palavra pode ser decomposta em partes: a
e) referência, beneficiários, indivíduo. raiz, o radical, o tema, os afixos (sufixos e prefixos), a desi-
nência (nominal e verbal), a vogal temática; os infixos (a vogal
9. (Funiversa/Terracap/Técnico Administrativo) As palavras e a consoante de ligação).
crítica, irônica e saudável têm o acento gráfico justifi-
cado pela mesma regra. Raiz: é o elemento fundamental da palavra; não pode ser
decomposta e nele se concentra o sentido básico: é, além dis-
10. (Funiversa/Sejus/Administrador) As palavras país, físico so, comum às palavras da mesma família (palavras cognatas):
e presídios são acentuadas pela mesma razão: o acento (‑reg‑) é a raiz das palavras cognatas:
recai sobre a vogal i. reger; régua; regular etc.
11. (Funiversa/Terracap/Administrador) A palavra quê, na
frase “Paixonite é uma inflamação do quê?”, aparece A raiz chama-se também radical primário.
acentuada porque está inserida em uma pergunta.
Radical (ou radical secundário): é a raiz acrescida de
12. (Funiversa/HFA/Assistente Técnico Administrativo) A afixos, se houver. Não havendo qualquer afixo (sufixo ou
sílaba tônica da palavra recordes é a penúltima, assim prefixo) raiz e radical se confundem.
como ocorre na palavra executivos. Assim, na palavra “reger”, eliminando-se a desinência
“‑er” fica-se a raiz que, nessa palavra, é, também, o radical
Responda às questões 13 a 17 conforme as novas regras de primário. Mas na palavra “desregular”, eliminando-se a desi-
acentuação. nência “‑ar”, fica-se o radical “desregul –”, que é o radical se-
cundário, por ter sido ampliado com afixos (sufixo e prefixo).
13. Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acen-
tuado: Tema: é o radical acrescido de uma vogal, denominada
a) hífen. c) itens. e) ítem. “vogal temática”. Nos nomes nem sempre é fácil apontar a
b) hífens. d) rítmo. vogal temática, quando coincide com as desinências do gê-
nero, ou não passa de simples semivogal; além disso, pode
14. Assinale a alternativa que completa corretamente as nem existir. Nos verbos, obtemos o “tema” com a eliminação
frases: da desinência do infinitivo (r).
I – Normalmente ela não ... em casa. Exemplo:
II – Não sabíamos onde ... os discos. “ama ‑” é o tema do verbo “amar”, “am” é o radical e
III – De algum lugar ... essas ideias. “a” a vogal temática (característica da primeira conjugação).
a) pára / pôr / provém
b) para / pôr / provém Afixos: são os elementos de significação secundária que
Língua Portuguesa

c) pára / por / provêem se agregam à raiz para formar uma nova palavra, derivada da
d) para / pôr / provêm primeira. Os afixos chamam-se “prefixo” quando se antepõe
e) para / por / provém à raiz e “sufixo” quando se pospõe a ela:
Exemplos:
15. Assinale a alternativa onde aparecem os vocábulos que reluzir ‑ “re” prefixo
completem corretamente as lacunas dos períodos: sapateiro ‑ “eiro” sufixo
I – Os professores ... seus alunos constantemente.
II – Temos visto, com alguma ... fatos escandalosos nos Desinências: são os elementos que terminam as palavras,
jornais. indicando as flexões gramaticais. Dividem-se em:

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• desinências nominais: quando, nas palavras, indicam com cada um deles, independentemente, uma palavra: “infe-
as flexões de gênero e de número dos nomes; liz” e “felizmente”, criando, em seguida, uma terceira palavra:
• desinências verbais: quando indicam as flexões de in + feliz + mente = infelizmente.
número e pessoa, tempo e modo do verbo.
d) Parassíntese ou junção simultânea: consiste em agre-
Assim, nas formas “menino”, “menina”, “o” e “a” são garmos ao radical da palavra primitiva os afixos: (prefixo e
desinências de gênero; já em “meninos” e “meninas” o “s” sufixo), desde que, com agregação individual de cada um
é desinência de número (desinências nominais). deles não se forme nenhuma palavra de significação.
en + tarde
Na palavra “amávamos”, temos: tard + ecer
“am” – raiz ou radical primário Obs.: essas duas palavras não têm significados isolada-
“‑a”: vogal temática mente.
“‑va” – desinência modo temporal
“‑mos” desinência número-pessoal => (desinências verbais). Agora observe o exemplo que se segue:
en + tard + ecer = entardecer
Vogal temática: é a vogal que se acrescenta ao radical de Obs.: essa palavra “entardecer” possui um significado,
certas palavras; essa vogal amplia o radical e o prepara para pois a agregação dos afixos (prefixo e sufixo) ocorreu de for-
receber as desinências. Só tem importância, no momento, ma “simultânea”, quer dizer: “ao mesmo tempo”.
en + tard + ecer = entardecer
a vogal temática dos verbos, pois caracteriza a conjugação:
a + noit + ecer” = anoitecer.
“a”: vogal temática da primeira conjugação
“‑ e ‑”: vogal temática da segunda conjugação
e) Regressiva: forma-se uma palavra nova pela subtração
“– i –”: vogal temática da terceira conjugação
de um elemento da palavra primitiva.
Vogais e consoantes de ligação: são elementos, sem
quaisquer sentidos, que se intercalam entre outros para primitiva derivada
facilitar a pronúncia. chorar choro
café‑i‑cultor, gas-ô-metro, cha-l-eira, pau‑l‑ada, café‑t‑ei- combater combate
ra etc.
Observação:
Processo de Formação de Palavras Na derivação regressiva, formam-se, geralmente, subs-
tantivos abstratos indicativos de ação, através da queda do
Dois são os principais processos de formação de palavras “r” da palavra primitiva (o verbo).
na língua portuguesa: composição e derivação.
f) Imprópria: formação de uma palavra nova sem que seja
Composição alterada a forma da palavra primitiva. É um caso especial de
Consiste na criação de palavras por meio de duas ou mais derivação, a palavra não sofre modificações em sua estrutura
básica, nem acréscimo nem redução, o que ocorre, na reali-
palavras. A associação dos referidos elementos pode ser feita
dade, é uma mudança na função que a palavra exerce num
por “justaposição” ou por “aglutinação”.
determinado contexto; isso acontece quando uma palavra
a) Justaposição
muda de classe gramatical.
Na justaposição, os elementos conservam a sua indepen-
Exemplo:
dência, tendo cada radical o seu acento tônico, não havendo A palavra “não”, tomada isoladamente, é um advérbio
perda de sons em qualquer dos componentes. de negação; exerce essa função em frase do tipo: Não irei
carro-dormitório, amor-perfeito, segunda-feira, mula- ao cinema.
-sem-cabeça, vira-lata, guarda-comida, madrepérola, Entretanto, sua função pode ser modificada, dependendo
passatempo, pontapé etc. do contexto:
O não é uma palavra terrível.
b) Aglutinação Nesse caso, a palavra “não” passa a ser um substantivo.
Na aglutinação, os dois elementos se fundem num todo O mais comum na derivação imprópria é a mudança de
com um só acento tônico, havendo inclusive perda de sons. verbos, adjetivos, advérbios e conjunções em substantivos.
aguardente (água + ardente); embora (em + boa + hora);
outorga (outra + hora); pernalta (perna + alta) etc. Observação:
Para sabermos se a palavra é substantivo ou verbo, usa-
Derivação mos o seguinte critério: “Se o substantivo denota ação, será
Consiste na formação de palavras novas por meio de palavra derivada, e o verbo palavra primitiva; mas, se o nome
prefixos ou sufixos. Daí a divisão em: denota algum objeto ou substância, será palavra primitiva
a) Prefixação ou derivação prefixal: quando antepomos e o verbo derivada.” Desta forma, exemplifiquemos: caça
ao radical da palavra, um elemento denominado “prefixo”, (substantivo, denota ação) vem do verbo caçar. O substantivo
formando aí uma nova palavra. arquivo (denota um objeto) dá origem ao verbo arquivar.
Língua Portuguesa

in‑feliz = infeliz
Outros Processos de Formação de Palavras
b) Sufixação ou derivação sufixal: quando pospomos
ao radical da palavra um elemento denominado “sufixo”, Além dos dois principais processos de formação de pa-
formando, aí, uma nova palavra. lavras, derivação e composição, temos alguns outros que
feliz + mente = felizmente produziram um número razoável de palavras, destacamos
os seguintes:
c) Prefixal e sufixal (junção não simultânea): quando an- 1) Abreviação vocabular: consiste na redução de uma
tepomos e pospomos, um elemento de cada vez, formando palavra, normalmente longa, polissilábica, para uma comu-

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nicação mais ágil, mais rápida. Observe que a palavra “mo- a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer.
tocicleta” é hoje usada em uma forma reduzida: moto; assim b) aguardente, infeliz, cinema, enrijecer.
como telefone – fone; automóvel – auto. c) deslealdade, moto, entardecer, girassol.
Entretanto, é fundamental não confundir “abreviação vo- d) encontro, fidalgo, boquiaberto, felizmente.
cabular”, com “abreviatura”. Abreviação vocabular consiste
na redução de uma palavra, e abreviatura consiste na repre- 7. O vocábulo “vaivém” constituiu-se através do processo de
sentação de uma palavra por algumas letras, como ocorre a) derivação prefixal.
em “obs.” – abreviatura de “observação”; “dr. – abreviatura b) composição por aglutinação.
de “doutor”; “i.e.” (abreviatura de “isto é”) etc. c) composição por justaposição.
d) derivação parassintética.
Exemplos de abreviação vocabular mais comuns:
cine ‑ cinema 8. Assinale a alternativa em que ocorre uma palavra com
foto ‑fotografia um sufixo do mesmo valor que o da palavra sublinhada
quilo ‑ quilograma na frase abaixo:
rebu ‑ rebuliço “Depois o menino desceu e foi dar umas maniveladas
2) Siglas: as siglas não devem ser confundidas nem com para o motor pegar.”
abreviação vocabular, nem com abreviatura. É discutível mes- a) meninada.
mo chamar uma sigla de palavra; melhor seria definir a sigla b) boiada.
como um caso de abreviatura. c) martelada.
As siglas surgem, em geral, com iniciais das palavras que d) manada.
formam o nome de instituições, sociedades, partidos políti-
cos, associações etc. 9. “Era a declaração amorosa feita geralmente à dama ca-
SANBRA ‑ Sociedade Algodoeira do Nordeste do Brasil sada, mais de uma vez pelo fidalgo que o senhor feudal
OMS ‑ Organização Mundial de Saúde criava no castelo.”
ONU ‑ Organização das Nações Unidas As palavras destacadas são respectivamente, formadas,
por:
3) Onomatopeia: consiste na imitação de sons, seja o som a) parassíntese, prefixação e sufixação.
das vozes dos animais, seja o som dos ruídos da natureza, b) sufixação, sufixação e aglutinação.
ou mesmo o som produzido pelos objetos e pelo próprio c) prefixação, parassíntese e aglutinação.
homem. d) composição, sufixação e justaposição.
miau – voz do gato
10. Na palavra “avozinha” o elemento sublinhado classifica-
tique‑taque – barulho do relógio
-se como:
toc‑toc – batida da porta
a) desinência de gênero.
chuc‑chuc – ruído da roupa sendo lavada
b) desinência de número.
c) desinência de infinitivo.
EXERCÍCIOS d) consoante de ligação.
1. (IBFC/Ideci-CE/Advogado) A palavra “imaturas” é for- 11. Na frase “nunca deponhas contra um teu semelhante,
mada por antes de certificaste da verdade”, o verbo destacado
a) justaposição. pertence à:
b) aglutinação. a) primeira conjugação.
c) derivação. b) segunda conjugação.
d) abreviação. c) terceira conjugação.
d) quarta conjugação.
2. (IBFC/Seplag-MG/Analista) A palavra “grafiteiros” é for-
mada por 12. As palavras antiamericano, petrodólar, moto, Sudene
a) aglutinação. e espaçonave são formadas, respectivamente, por:
b) justaposição. a) prefixação, aglutinação, abreviação, sigla, justaposição.
c) sufixação. b) aglutinação, prefixação, regressão, sufixação, sigla,
d) derivação imprópria. justaposição.
c) sufixação, prefixação, regressão, justaposição, sigla.
3. A palavra “inquieta” é formada por derivação prefixal. d) justaposição, aglutinação, sufixação, regressão, sigla.

4. Indique a palavra formada por “parassíntese”: 13. Assinale a alternativa que descreve, corretamente, o pro-
a) ataque. cesso de formação das palavras destacadas no seguinte
b) emudecer. texto:
c) passatempo. “Na feira-livre do arrabaldezinho, um homem loquaz
d) automóvel. apregoa balõezinhos coloridos.”
a) derivação, composição, composição.
5. As palavras “aguardente”, “livro”, “barco” e “bebedouro”, b) derivação, derivação, derivação.
Língua Portuguesa

quanto ao processo de formação, classificam-se, respec- c) composição, derivação, derivação.


tivamente, em: d) derivação, composição, derivação.
a) composta, primitiva, primitiva, derivada.
b) derivada, primitiva, primitiva, composta. 14. Assinale a alternativa em que todas as palavra foram
c) composta, derivada, primitiva, primitiva. formadas pelo mesmo processo de composição:
d) derivada, derivada, derivada, composta. a) aeromoça, couve-flor, pernalta.
b) girassol, guarda-civil, planalto.
6. Assinale a série de palavras em que todas são formadas c) contramão, pontiagudo, aguardente.
por “parassíntese”: d) furta-cor, verde-claro, vaivém.

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15. As palavras: claramente / bonzinho / homenzinho são Pronomes
formadas por derivação:
a) regressiva. Pronome substitui e/ou acompanha o nome.
b) sufixal. Pedro acordou tarde. Ele ainda dormia, quando sua mãe
c) parassintética. o chamou.
d) prefixal. Pronomes: Ele = Pedro (só substitui).
Sua = de Pedro (substitui Pedro e acompanha “mãe”).
16. Se a partir da palavra tarde formamos “tardar” e “entar-
O = Pedro (só substitui Pedro).
decer”, essas duas últimas serão (quanto à formação):
a) derivação por sufixação e prefixação.
b) derivação por sufixação e parassintetismo. Existem seis tipos de pronomes:
c) derivação por prefixação e parassintetismo. • pessoais
d) derivação por prefixação e prefixação. • demonstrativos
• possessivos
17. Em qual dos exemplos abaixo está presente um caso de • relativos
derivação parassintética: • interrogativos
a) Lá vem ele vitorioso do combate. • indefinidos
b) Ora, vá plantar batatas.
c) Começou o ataque. As provas cobram muito os pronomes relativos, os de-
d) Não vou mais me entristecer, vou é cantar. monstrativos e os pessoais “o” e “lhe”.

18. A palavra “endomingado” ( = vestido com a melhor rou- Pronomes Substantivos e Pronomes Adjetivos
pa) é formada pelo processo de:
a) parassíntese. Quando um pronome é empregado junto de um subs-
b) prefixação. tantivo, ele é chamado de pronome adjetivo; e quando um
c) aglutinação . pronome aparece isolado, sozinho na frase, ele é chamado
d) justaposição. de pronome substantivo.
Ninguém pode adivinhar suas vontades?
19. (Iades/CAU-RJ) No que tange ao processo de formação Ninguém → pronome substantivo (pois está sozinho).
de palavras, é correto afirmar que a palavra inspiração suas → pronome adjetivo (pois está junto do substantivo
é formada por derivação
vontades).
a) sufixal.
b) prefixal.
c) parassintética. Encontrei minha caneta, mas não a apanhei.
d) regressiva. minha → pronome adjetivo.
e) imprópria. a → pronome substantivo.

20. (Cetro/Botucatu) Em relação à estrutura e formação de Exercício


palavras, leia o trecho.
A busca pela solução do mistério foi incessante, porém, Coloque: (1) para pronome substantivo e (2) para pro-
em vão. nome adjetivo.
Assinale a alternativa cujo vocábulo destacado se origina a) Estas montanhas escondem tesouros.
pela mesma forma de derivação que busca no trecho b) Aquilo jamais se repetirá.
acima. c) Qualquer pessoa o ajudaria.
a) “As pesquisas procuraram abordar a presença estran- d) Nossa esperança é que ele volte.
geira na capital paulista a partir de sua diversidade
de formas.” Pronomes Pessoais
b) “Partimos da figura do estrangeiro, mais ampla, com
maior heterogeneidade de inserções e experiências, Vamos supor que a Gorete esteja com fome e que ela
para tentar compreender como a cidade se trans- queira contar isso para uma outra pessoa que a esteja ouvin-
forma a partir dessa multiplicidade de encontros do. É claro que, numa situação normal de comunicação, não
possíveis.” usaria a frase Gorete está com fome, e sim a frase:
c) “Os temas de investigação foram articulados e tive- Eu estou com fome.
ram ajuda em duas linhas de pesquisa.” • eu designa o que chamamos de 1ª pessoa gramatical,
d) “As reflexões realizadas sobre os vários grupos de isto é, a pessoa que fala.
estrangeiros e os aspectos relacionados aos trabalhos
Se, no entanto, fosse mais de uma pessoa que estivesse
foram associadas a outros recortes.”
e) “O projeto também teve a preocupação de salvaguar- com fome, uma delas poderia falar assim:
dar parte dos acervos com os quais os pesquisado- Nós estamos com fome.
res trabalharam, que estavam sob a guarda da FAU
e do MP.” Vamos supor, agora, que Gorete esteja conversando com
Língua Portuguesa

um amigo e queira saber se tal amigo está com fome. Ela,


Gabarito então, usaria a seguinte frase:
Tu estás com fome? ou: Você está com fome?
• Tu (você) designa o que chamamos de 2ª pessoa gra-
1. c 6. a 11. b 16. b matical, isto é, a pessoa com quem se fala.
2. c 7. c 12. a 17. d
3. C 8. c 13. C 18. a Se, por outro lado, Gorete estiver conversando com mais de
4. b 9. b 14. D 19. a uma pessoa e quiser saber se elas estão com fome, falará assim:
5. 1 10. d 15. B 20. c Vós estais com fome? ou: Vocês estão com fome?

49
Vamos imaginar, agora, que Gorete esteja conversando sujeito. Nas frases em que isso ocorre, tais pronomes são
com um amigo e queira afirmar que o cão que acompanha chamados pronomes reflexivos.
esse amigo está doente. Ela pode se expressar assim: Eu me machuquei. me (= a mim mesmo) → pronome
O cão está doente, ou então, Ele está doente. reflexivo.
• ele designa o que chamamos de 3ª pessoa gramatical,
isto é, a pessoa, o ser a respeito de quem se fala. b) Os pronomes oblíquos si e consigo são sempre re-
flexivos.
eu, nós, tu, vós, ele, eles são, nas frases analisadas, exem- Márcia só pensa em si. (= pensa nela mesma)
plos de pronomes pessoais. Ele trouxe consigo o livro. (= com ele mesmo)

Podemos concluir, então, que pronomes pessoais são Note, portanto, que frases como as exemplificadas a se-
aqueles que substituem os nomes e representam as pessoas guir são gramaticalmente incorretas.
gramaticais. Marcos, eu preciso falar consigo.
São três as pessoas gramaticais: Eu gosto muito de si, minha amiga.
• 1ª pessoa (a que fala): eu, nós
• 2ª pessoa (com quem se fala): tu, vós c) Os pronomes oblíquos nos, vos e se, quando significam
• 3ª pessoa (de quem se fala): ele(s), ela(s). um ao outro, indicam a reciprocidade (troca) da ação. Nesse
caso são chamados de pronomes reflexivos recíprocos.
Quadro dos pronomes pessoais Os jogadores se abraçavam após o gol. Onde: se (= um
ao outro) → pronome reflexivo recíproco.
Caso oblíquo (outras funções)
Caso reto
(sujeito) Átonos (sem Tônicos (com d) Eu x mim: eu (pronome reto) só pode funcionar como
preposição escrita) preposição escrita) sujeito, enquanto mim (pronome oblíquo) só pode ter outras
Singular: funções, nunca sujeito. Daí termos frases como:
eu, me, mim, comigo Ela trouxe o livro para eu ler. (correto)
tu te, ti, contigo
ele(a) se, o, a, lhe si, consigo, ele, ela Sujeito

Plural: Ela trouxe o livro para mim. (correto)


nós, nos, nós, conosco
vós, vos, vós, convosco Não pode ser sujeito
eles(as) se, os, as, lhes si, consigo, eles, elas Ela trouxe o livro para mim ler. (errado)

Observações: Não pode ser sujeito
1. Um pronome pessoal é pronome reto quando exerce a
função de sujeito da oração e é um pronome oblíquo e) Entre todos os pronomes pessoais somente os pro-
quando exerce função que não seja a de sujeito da nomes eu e tu não podem ser pronomes oblíquos (reveja
oração. o quadro). Esses dois pronomes só podem exercer a função
Ela pediu ajuda para nós. de sujeito da oração. Nas frases em que não for para exercer
Ela: pronome reto (funciona como sujeito). a função de sujeito, tais pronomes devem ser substituídos
nós: pronome oblíquo (não funciona como sujeito). pelos seus pronomes oblíquos correspondentes.
Eu → me, mim; Tu → te, ti.
Nós jamais a prejudicamos.
Nós: pronome reto (sujeito). Eu e ela iremos ao jogo. (correto)
a: pronome oblíquo (não sujeito).
Sujeito
2. Os pronomes oblíquos átonos nunca aparecem pre-
cedidos de preposição. Uma briga aconteceu entre mim e ti. (correto)
A vida me ensina a ser realista.
Sujeito não sujeito

pron. obl. átono Não houve nada entre eu e ela. (errado)
Não houve nada entre mim e ela. (correto)
3. Os pronomes oblíquos tônicos sempre aparecem
precedidos de preposição. Pronomes Pessoais de Tratamento
Ela jamais iria sem mim.
Os pronomes de tratamento* são pronomes pessoais
prep. pron. obl. tônico usados no tratamento cerimonioso e cortês entre pessoas.
Língua Portuguesa

Os principais são:
4. Os pronomes oblíquos tônicos, quando precedidos da Vossa Alteza (V.A.) → Príncipe, Duques
preposição com, combinam-se com ela, originando as Vossa Majestade (V.M.) → Reis
formas: comigo, contigo, consigo, conosco, convosco. Vossa Santidade (V.S.) → Papas
Vossa Eminência (V.Emª.) → Cardeais
Emprego dos Pronomes Pessoais Vossa Excelência (V.Exª.) → Autoridades em geral

a) Os pronomes oblíquos me, nos, te, vos e se podem * Ver Manual de Redação da Presidência da República, para usos
indicar que a ação praticada pelo sujeito reflete-se no próprio conforme normas de redação oficial.

50
Observação: Pronomes Indefinidos
Existem, para os pronomes de tratamento, duas formas
distintas: Vossa (Majestade, Excelência etc.) e Sua (Majesta- Pronomes indefinidos são pronomes que se referem à 3ª
de, Excelência etc.). Você deve usar a forma Vossa quando pessoa gramatical (pessoa de quem se fala), quando consi-
estiver falando com a própria pessoa e usar a forma Sua derado de modo vago e indeterminado.
quando estiver falando a respeito da pessoa. Acredita em tudo que lhe dizem certas pessoas.
Vossa Majestade é cruel. (falando com o rei)
Sua Majestade é cruel. (falando a respeito do rei) Quadro dos pronomes indefinidos

Pronomes Possessivos
Variáveis Invariáveis
Pronomes possessivos são aqueles que se referem às algum(ns); alguma(s) alguém
três pessoas gramaticais (1ª, 2ª e 3ª), indicando o que cabe nenhum(ns); nenhuma(s) ninguém
ou pertence a elas. todo(s); toda(s) tudo
Tuas opiniões são iguais às minhas. outro(s); outra(s) outrem
• tuas: pronome possessivo correspondente à 2ª pessoa muito(s); muita(s) nada
do singular (tu). pouco(s); pouca(s) cada
• minhas: pronome possessivo correspondente à 1ª certo(s); certa(s) algo
pessoa do singular (eu). tanto(s); tanta(s)
quanto(s); quanta(s)
É importante fixar bem que há uma relação entre os pro- qualquer; quaisquer
nomes possessivos e os pronomes pessoais.
Observe atentamente o quadro abaixo: Observação:
Um pronome indefinido pode ser representado por ex-
pressões formadas por mais de uma palavra. Tais expressões
Pronomes pessoais Pronomes possessivos
são denominadas locuções pronominais. As mais comuns
eu → meu, minha, meus, minhas são: qualquer um, todo aquele que, um ou outro, cada um,
seja quem for.
tu → teu, tua, teus, tuas Seja qual for o resultado, não desistiremos.
ele → seu, sua, seus, suas
nós → nosso, nossa, nossos, nossas Pronomes Interrogativos
vós → vosso, vossa, vossos, vossas Pronomes interrogativos são aqueles empregados para
eles → seu, sua, seus, suas fazer uma pergunta direta ou indireta. Da mesma forma que
ocorre com os indefinidos, os interrogativos também se re-
Emprego dos Pronomes Possessivos ferem, de modo vago, à 3ª pessoa gramatical.
Os pronomes interrogativos são os seguintes:
a) Quando são usados pronomes de tratamento (V.Sª, Que, quem, qual, quais, quanto(s) e quanta(s).
V.Excia etc.), o pronome possessivo deve ficar na 3ª pessoa
Que horas são? (frase interrogativa direta)
(do singular ou do plural) e não na 2ª pessoa do plural.
Gostaria de saber que horas são. (interrogativa indireta)
Vossa Majestade depende de seu povo.
Quantas crianças foram escolhidas?

Pron. tratamento 3ª pessoa
Pronomes Relativos
Vossas Majestades confiam em seus conselheiros?
Vamos supor que alguém queira transmitir-nos duas in-
Pron. tratamento 3ª pessoa formações a respeito de um menino. Esse alguém poderia
falar assim:
b) Os pronomes possessivos seu(s) e sua(s) podem se Eu conheço o menino. O menino caiu no rio.
referir tanto à 2ª pessoa (pessoa com quem se fala), como
à 3ª pessoa (pessoa de quem se fala). Mas essas duas informações poderiam também ser trans-
Sua casa foi vendida (sua = de você) mitidas utilizando-se não duas frases separadas, mas uma
Sua casa foi vendida (sua = dele, dela) única frase formada por duas orações. Com isso, seria evitada
a repetição do substantivo menino. A frase ficaria assim:
Essa dupla possibilidade de uso de tais pronomes pode

gerar ambiguidade ou frases com duplo sentido. Quando isso
Eu conheço o menino que caiu no rio.
ocorrer, você deve procurar trocar os pronomes seu(s) e sua(s)
por dele(s) ou dela(s), a fim de tornar a frase mais clara.
Língua Portuguesa

1ª oração 2ª oração
c) Os pronomes seu(s) e sua(s) são usados tanto para 3ª
pessoa do singular como para 3ª pessoa do plural (confira Observe que a palavra que substitui, na segunda oração,
tal afirmação no quadro acima). a palavra menino, que já apareceu na primeira oração. Essa
é a função dos pronomes relativos.
d) Os pronomes possessivos podem, em muitos casos, Podemos dizer, então, que pronomes relativos são os que
ser substituídos por pronomes oblíquos equivalentes. se referem a um substantivo anterior a eles, substituindo-o
A chuva molha-me o rosto. (= molha meu rosto). na oração seguinte.

51
Quadro dos pronomes relativos Exercícios
Variáveis
Invariáveis (Cespe/Prefeitura do Rio Branco) À semelhança do Brasil, o
Masculino Feminino Acre compõe-se de uma grande diversidade de povos indí-
o qual, os quais, a qual, as quais, genas, cujas situações frente à sociedade nacional também
que, quem, são muito variadas.
cujo, cujos, quanto, cuja, cujas,
onde, como 1. A substituição de “cujas” por as quais mantém a correção
quantos quanta, quantas
gramatical do período e as relações lógicas originais.
Observações:
• Como relativo, o pronome que é substituível por o qual, Analisando o emprego do pronome relativo CUJO
a qual, os quais, as quais. • acompanha substantivo posterior;
Já li o livro que comprei. (= livro o qual comprei) • refere-se a substantivo anterior;
• sentido de posse;
• Há frases em que a palavra retomada, repetida pelo • varia com a palavra posterior.
pronome relativo, é o pronome demonstrativo o, a,
os, as. Observo os povos indígenas cujo líder é guerreiro.
Ele sempre consegue o que deseja. Observo os povos indígenas cuja cultura é milenar.
Observo as tribos indígenas cujos líderes são guerreiros.
pron. dem. pron. relativo Observo as tribos indígenas cujas culturas são milenares.
(= aquilo) (o qual)
Cuidado!
• O relativo quem só é usado em relação a pessoas e São estruturas inadequadas as seguintes:
aparece sempre precedido de preposição. Observo os povos indígenas que o líder é guerreiro.
O professor de quem você gosta chegou. Observo os povos indígenas que o líder deles é guerreiro.

pessoa preposição Regra:
Para “ligar” dois substantivos com relação de posse entre
• O relativo cujo (e suas variações) é, normalmente, em- si, somente é correto no padrão da Língua Portuguesa o
pregado entre dois substantivos, estabelecendo entre emprego do relativo cujo e suas variações.
eles uma relação de posse e equivale a do qual, da
qual, dos quais, das quais. (PMVTEC/Analista) Na saúde, o município destaca o proje-
Compramos o terreno cuja frente está murada. (cuja to MONICA – Monitoramento Cardiovascular –, em que se
frente = frente do qual) quantificou o risco de a população de Vitória na faixa de 25
a 64 anos ter problemas cardiovasculares.
Note que após o pronome cujo (e variações) não se 2. Mantendo-se a correção gramatical do período, o trecho
usa artigo. Por isso, deve-se dizer, por exemplo: “em que se quantificou” poderia ser reescrito da seguinte
Visitei a cidade cujo prefeito morreu, e não: maneira: por meio do qual se quantificou.
Visitei a cidade cujo o prefeito morreu.
(PMVSEMUS/Médico) Texto dos itens 3, 4 e 5:
• O relativo onde equivale a em que. Preocupam-se mais com a AIDS do que os meninos e as me-
Conheci o lugar onde você nasceu. ninas da África do Sul, onde a contaminação segue em ritmo
alarmante. Chegam até a se apavorar mais com a gripe do
(em que) frango do que as crianças chinesas, que conviveram com a
epidemia. Esses dados constam de uma pesquisa inédita que
• Quanto(s) e quantas(s) só são pronomes relativos se ouviu 2.800 crianças com idade entre 8 e 15 anos das classes
estiverem precedidos dos indefinidos tudo, tanto(s), A e C em catorze países.
tanta(s), todo(s), toda(s). 3. Preservam-se as ideias e a correção gramatical do texto
Sempre obteve tudo quanto quis. ao se substituir o pronome “onde” por cuja, apesar de
o texto tornar-se menos formal.
indefinido relativo
Estudando o pronome relativo ONDE
Outros exemplos de reunião de frases por meio de pro- Observe:
nomes relativos: Visitei o bairro. Você mora no bairro.
Eu visitei a cidade. Você nasceu na cidade. Note que no = em + o.
Então: Visitei o bairro no qual você mora.
onde Note que no qual = em + o qual.
Eu visitei a cidade em que você nasceu.
na qual Empregando onde, teremos:
Visitei o bairro onde você mora.
Observe que, nesse exemplo, antes dos relativos que e
qual houve a necessidade de se colocar a preposição em, que é Regras:
Língua Portuguesa

exigida pelo verbo nascer (quem nasce, nasce em algum lugar). • onde só pode se referir a um lugar;
Você comprou o livro. Eu gosto do livro. • podemos substituir onde por no qual e suas variações;
• podemos substituir onde por em que.
de que
Você comprou o livro eu gosto.
do qual ONDE versus AONDE
Observe:
Da mesma forma que no exemplo anterior, aqui houve Visitei o bairro onde você mora. (Quem mora, mora em...)
a necessidade de se colocar a preposição de, exigida pelo Visitei o bairro aonde você foi. (Quem foi, foi a...)
verbo gostar (quem gosta, gosta de alguma coisa). Então: aonde = a + onde.

52
Pronomes Demonstrativos Senhor Governador,
Informo a V. Exa. que esta Casa colocará em pauta na
Pronomes demonstrativos são os que indicam a posição quarta-feira próxima a análise do projeto que destina
ou o lugar dos seres, em relação às três pessoas gramaticais. verba para reforma do Ginásio Américo de Almeida.
Aquela casa é igual à nossa. Essa Governadoria pode aguardar informativo na
quinta-feira.
Pron. dem.
Exemplo 2:
Quadro dos pronomes demonstrativos Aqui nesta sala onde estamos, às vezes, escutamos vo-
zes vindas daquela sala onde estão tendo aula de Finanças
Variáveis Invariáveis Públicas.
este, esta, estes, estas isto
2) Para referência a termos anteriores e posteriores
esse, essa, esses, essas isso
Regra:
aquele, aquela, Para termos a serem mencionados: este, esta, isto.
aquilo
aqueles, aquelas Para termos já mencionados: esse, essa, isso.
o, a, os, as o
3) Para referência a termos anteriores separadamente
Atenção! Regra:
Também podem funcionar como pronomes demonstra- Para referência ao primeiro mencionado: aquele, aquela,
tivos as palavras: o(s), a(s), mesmo(s), semelhante(s), aquilo.
tal e tais, em frases como: Para referência ao último mencionado: este, esta, isto.
Chegamos hoje, não o sabias? (o = isto) Para referência ao termo entre o primeiro e o último:
Quem diz o que quer, ouve o que não quer. (o = aquilo) esse, essa, isso.
Tais coisas não se dizem em público! (tais = estas)
4. (AFRF) Em relação aos elementos que constituem a coe­
É importante saber distinguir quando temos artigo o, são do texto abaixo, assinale a opção correta.
a, os, as e quando pronomes demonstrativos o, a, os, as.
O livro que você trouxe não é o que te pedi. 1 O caráter ético das relações entre o cidadão e o
– Note que o equivale a aquele. poder está naquilo que limita este último e, mais que
A revista que você trouxe não é a que te pedi. isso, o orienta. Os direitos humanos, em sua primei-
– Note que a equivale a aquela. 4 ra versão, como direitos civis, limitavam a ação do
Pode fazer o que você quiser. Estado sobre o indivíduo, em especial na qualidade
– Note que o equivale a aquilo. que este tivesse, de proprietário. Com a extensão
7 dos direitos humanos a direitos políticos e sobretudo
Cuidado! sociais, aqueles passam – pelo menos idealmente
Artigo pressupõe um substantivo ligado a ele na expressão. – a fazer mais do que limitar o governante: devem
O livro, a revista, o grande e precioso livro, a nova e in- 10 orientar sua ação. Os fins de seus atos devem estar di-
teressante revista. recionados a um aumento da qualidade de vida, que
não se esgota na linguagem dos direitos humanos,
São três situações de uso dos pronomes demonstrativos: 13 mas tem nela, ao menos, sua condição necessária,
este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, essas, isso, ainda que não suficiente.
aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo.
1) Para referência a objetos em relação às pessoas que a) Em “o orienta” (l. 3), “o” refere-se a “cidadão” (l. 1).
participam de um diálogo (pessoas do discurso). b) Em “este tivesse” (l. 6), “este” refere-se a “Estado” (l. 5).
c) Em “aqueles passam” (l. 8), “aqueles” refere-se a “di-
Regra: reitos políticos” (l. 7).
Primeira pessoa: eu, nós (pessoa que fala). Deve-se em- d) “sua ação” (l. 10) e “seus atos” (l. 10) remetem ao
pregar este, esta, isto com referência a objeto próximo de mesmo referente: “proprietário” (l. 6).
quem fala. e) “sua condição” (l. 13) refere-se a “um aumento na
Segunda pessoa: tu, vós, você (pessoa que ouve). Deve- qualidade de vida” (l. 11).
-se empregar esse, essa, isso com referência a objeto pró-
ximo de quem ouve. (PMDF/Médico)
Terceira pessoa: ele, ela, eles, elas (pessoa ou assunto
da conversa). Deve-se empregar aquele, aquela, aquilo com 1 Notaria apenas que, em nossos dias, as regiões
referência a objeto distante tanto de quem fala, como de onde essa grade é mais cerrada, onde os buracos
quem ouve. negros se multiplicam, são as regiões da sexualidade
4 e as da política: como se o discurso, longe de ser
Língua Portuguesa

Exemplo 1: elemento transparente ou neutro no qual a sexua-


• Correspondência do Governador para o Presidente da lidade se desarma e a política se pacifica, fosse um
Assembleia Legislativa. 7 dos lugares onde elas exercem, de modo privilegiado,
Senhor Presidente, alguns de seus mais temíveis poderes. Por mais que
Solicito a V. Exa. que essa Casa Legislativa analise com o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as
urgência o projeto que destina verba para reforma do 10 interdições que o atingem revelam logo, rapidamen-
Ginásio Estadual Américo de Almeida. te, sua ligação com o desejo e com o poder.
• Resposta do Presidente da Assembleia Legislativa para Nisto não há nada de espantoso, visto que o
o Governador. 13 discurso — como a psicanálise nos mostrou — não

53
é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o 13. Os pronomes “essa” e “dela” são flexionados no feminino
desejo; é, também, aquilo que é objeto do desejo; e porque remetem ao mesmo referente do pronome em
16 visto que — isto a história não cessa de nos ensinar “completá-la”.
— o discurso não é simplesmente aquilo que traduz 14. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual,
as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por ao se retirar do texto a expressão “que são”.
19 que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos
apoderar. É preciso sublinhar o fato de que todas as posições existen-
ciais necessitam de pelo menos duas pessoas cujos papéis
Julgue os itens, relativos às estruturas linguísticas do texto. combinem entre si. O algoz, por exemplo, não pode continuar
5. Preservam-se a correção gramatical e o sentido do texto a sê-lo sem ao menos uma vítima. A vítima procurará seu
se o pronome “onde” (l. 2) for substituído por as quais. salvador e este último, uma vítima para salvar.
6. A expressão “no qual” (l. 5) tem como referente a ex- 15. O pronome “cujos” atribui a “pessoas” a posse de uma
pressão “elemento transparente ou neutro”. característica que também pode ser expressa da seguinte
7. O pronome “aquilo” (l. 14 e 17) pode ser substituído maneira: com papéis que combinem entre si.
por o, sem prejuízo do sentido original e de correção
gramatical. (MS/Agente) “Tempo é Vida” é o bordão da campanha, que
8. O pronome “isto” (linha 16) recupera o sentido do trecho expressa o apelo daqueles que estão à espera de um trans-
“visto que o discurso (…) desejo”. (l. 12-15) plante.
16. A substituição de “daqueles” por dos prejudica a correção
(TCE-AC/Analista) Há umas ocasiões oportunas e fugitivas, gramatical e a informação original do período.
em que o acaso nos inflige duas ou três primas de Sapucaia;
outras vezes, ao contrário, as primas de Sapucaia são an- (TRT1ª R/Analista) A raça humana é o cristal de lágrima / Da
tes um benefício do que um infortúnio. Era à porta de uma lavra da solidão / Da mina, cujo mapa / Traz na palma da mão.
igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa 17. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale
tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde a opção correta.
estavam hospedadas. a) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo
9. Na oração “em que o acaso nos inflige duas ou três pri- (cujo o mapa, por exemplo).
mas de Sapucaia”, a substituição de “em que” por onde b) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual apare-
manteria o sentido original e a correção gramatical do ce no texto ligado ao substantivo mapa na expressão
texto. “cujo mapa”.
c) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta
(Cariacica/Assistente Social) Em alguns segmentos de nossa flexões de gênero e número.
d) O pronome relativo quem, assim como o relativo que,
sociedade, o trabalho fora de casa é considerado inconve-
tanto pode referir-se a pessoas quanto a coisas em
niente para o sexo feminino. É óbvio que a participação de
geral.
um indivíduo em sua cultura depende de sua idade. Mas é
e) O pronome relativo que admite ser substituído por o
necessário saber que essa afirmação permite dois tipos de
qual e suas flexões de gênero e número.
explicações: uma de ordem cronológica e outra estritamente
cultural. (DFTrans/Analista) Ao se criticar a concepção da linguagem
10. A expressão “essa afirmação” retoma a ideia de que o como representação do outro e para o outro, não se a de-
trabalho fora de casa pode ser considerado inconveniente sautoriza nem sequer a refuta.
para as mulheres. 18. Mantêm-se a coerência e a correção da estrutura sintá-
tica e das relações semânticas do texto ao se inserir o
(Iema-ES/Advogado) O destino dos compostos orgânicos pronome se logo após “sequer”.
no meio ambiente, dos mata-matos aos medicamentos, é
largamente decidido pelos micróbios. Esses organismos que-
Pronomes Pessoais Oblíquos
bram alguns compostos diretamente em dióxido de carbono
(CO2), mas outros produtos químicos permanecem no meio (Emprego e Colocação Pronominal)
ambiente por anos, absolutamente intocados.
o, a, os, as → somente no lugar de trechos sem prepo-
11. O termo “Esses organismos” está empregado em referên-
sição inicial.
cia a “mata-matos” e “medicamentos”, ambos na mesma
lhe, lhes → somente no lugar de trechos com preposição
linha.
inicial.
Devemos dar valor aos pais. → Devemos dar-lhes valor.
(BB/Escriturário) Em meio a uma crise da qual ainda não sabe
Amo os pais. → Amo-os.
como escapar, a União Europeia celebra os 50 anos do Tra- Apertei os pregos da caixa. → Apertei-lhe os pregos.
tado de Roma, pontapé inicial da integração no continente. Apertei os pregos da caixa. → Apertei-os.
12. O emprego de preposição em “da qual” atende à regência
do verbo “escapar”.
Língua Portuguesa

Cuidado!
Pronomes que podem ficar no lugar de trechos com ou
(TRT 9ª R/Analista) Relação é uma coisa que não pode exis- sem preposição: me, te, se, nos, vos.
tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para Eu lhe amo. (errado)
completá-la. Mas essa “outra coisa” fica sendo essencial Eu te amo. (certo)
dela. Passa a pertencer à sua definição específica. Muitas Eu a amo. (certo)
vezes ficamos com a impressão, principalmente devido aos Dei-lhe amor. (certo)
exemplos que são dados, de que relação seja algo que “une”, Dei-te amor. (certo)
que “liga” duas coisas. Dei-a amor. (errado)

54
Alterações gráficas dos pronomes Correção: Tenho-me dedicado. (Portugal)
Verbo com final -r, -s, -z, diante de pronomes o, a, os, as. Tenho me dedicado. (Brasil)
Vamos cantar os hinos. →Vamos cantá-los.
Cantamos os hinos. → Cantamo-los. • Não escrever esses pronomes após verbo no futuro:
Fiz o relatório. → Fi-lo. Ele faria-me um favor. (errado)
Ele me faria um favor. (correto)
Verbo com final -m, -ão, -õe, diante de pronomes o, a,
os, as. Casos de próclise obrigatória
Eles cantam os hinos. → Eles cantam-nos. 1. Advérbios.
Pais dão presentes aos filhos. → Pais dão-nos aos filhos. 2. Negações.
Põe o livro aqui. → Põe-no aqui. 3. Conjunções subordinativas (que, se, quando, embora
etc.).
19. (S. Leopoldo-RS/Advogado) A substituição das palavras 4. Pronomes relativos (que, o qual, onde, quem, cujo).
grifadas pelo pronome está incorreta em: 5. Pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, aquilo).
a) “que transpõe um conceito moral” – que o transpõe. 6. Pronomes indefinidos (algo, algum, tudo, todos, vários
b) Em “a democracia convida a um perpétuo exercício de etc.).
reavaliação. Isso quer dizer que, para bem funcionar, 7. Exclamações.
exige crítica. Substituir “exige crítica” por exige-a. 8. Interrogações.
c) “o que expõe o Brasil” – o que o expõe. 9. Em mais pronome mais gerúndio (-ndo).
d) “seria extirpar suas camadas iletradas” – seria extir-
par-lhes. Observação:
e) “mais apto a exercer a crítica” – mais apto a exercê-la. Em caso de não ser obrigatória a próclise, então ela
será facultativa.
20. (Guarapari/Técnico de Informática) A substituição do
segmento grifado pelo pronome está feita de modo in- 22. Julgue os itens seguintes, quanto à colocação pronominal.
correto em: a) Jamais devolver-te-ei aquela fita.
a) “o privilégio de acessar o caminho da universidade” b) Deus pague-lhe esta caridade!
= o privilégio de acessá-lo. c) Tenho dedicado-me ao estudo das plantas.
b) “no final têm que saltar o muro do vestibular” = no d) Ali fazem-se docinhos e salgadinhos.
final têm que saltar-lhe. e) Te amo, Maria!
c) “ficam impedidos de desenvolver seus talentos” = f) Algo vos perturba?
ficam impedidos de desenvolvê-los. g) Eu me feri.
d) “perdendo a proteção de escolas especiais desde a h) Eu feri-me.
infância” = perdendo-a desde a infância. i) Eu não feri-me.
e) “Injusta porque usa seus recursos” = injusta porque j) O rapaz que ofendeu-te foi repreendido.
os usa. k) Em me chegando a notícia, tratarei de divulgá-la.
Colocação dos pronomes oblíquos átonos: me, te, se, Colocando pronomes na locução verbal
nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes.
Pronome antes do verbo chama-se próclise: Regra:
Eu te amo. Você me ajudou. • Se não houver caso de próclise, o pronome está livre.
Pronome depois do verbo chama-se ênclise: • Se houver caso de próclise, o pronome só pode ficar
Eu amo-te. Você ajudou-me. antes do verbo auxiliar ou após o verbo principal, sem-
pre respeitadas as regras básicas.
Pronome no meio da estrutura do verbo chama-se me-
sóclise: 23. Julgue as alternativas em C ou E.
Amar-te-ei. Ajudar-te-ia. a) Elas lhe querem obedecer.
b) Elas querem-lhe obedecer.
21. (Seplan/MA) Quanto aos jovens de hoje, falta a estes c) Elas querem obedecer-lhe.
jovens maior perspectiva profissional, sem a qual não d) Elas não querem-lhe obedecer.
há como motivar estes jovens para a vida que os espera. e) Elas não querem obedecer-lhe.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituin-
do-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por: Casos de ênclise obrigatória
a) faltam-lhes - motivar-lhes. 1. Verbo no início de oração:
b) falta-lhes - motivar-lhes. Me trouxeram este presente. (errado)
c) lhes falta - lhes motivar. Trouxeram-me este presente. (certo)
d) falta-lhes - motivá-los.
e) lhes faltam - os motivar. 2. Verbo no imperativo afirmativo:
Vá ali e me traga uma calça. (errado)
Língua Portuguesa

Colocação Pronominal Vá ali e traga-me uma calça. (certo)

Pronomes oblíquos átonos: me, nos, te, vos, se, o, a, lhe. Casos de mesóclise obrigatória
A mesóclise é obrigatória somente se o verbo no futuro
Regras básicas: iniciar a oração:
• Não iniciar oração com pronome oblíquo átono: Te darei o céu. (errado)
Me dedico muito ao trabalho. (errado) Dar-te-ei o céu. (certo)
• Não escrever tais pronomes após verbo no particípio: Eu te darei o céu. (certo)
Tenho dedicado-me. (errado). Eu dar-te-ei o céu. (certo)

55
Observação: Emprego/correlação de tempos e
Se houver caso de próclise, prevalece o pronome antes modos verbais
do verbo.
Eu não te darei o céu. (certo)
Eu não dar-te-ei o céu. (errado) Tempos Verbais

Cuidado! Para visualizar e memorizar melhor, vamos esquematizar os


Verbo no infinitivo fica indiferente aos casos de próclise. tempos e modos verbais com suas desinências (terminações).
É importante não se irritar à toa. (certo) No esquema a seguir, observe as letras a, b, c, d, e, f, g,
É importante não irritar-se à toa. (certo) h, i. Essas letras representam os tempos verbais.
Já as letras I e S representam os modos indicativo e sub-
24. “Encontrará lavrado o campo”. Com pronome no lugar juntivo, respectivamente.
de “campo”, escreveríamos assim: Em cada tempo, observe a terminação que o verbo ado-
a) encontrará-o lavrado tará, conforme a conjugação.
b) encontrará-lhe lavrado 1 – primeira conjugação: final – ar. Cantar.
c) encontrar-lhe-á lavrado 2 – segunda conjugação: final – er. Comer.
d) lhe encontrará lavrado 3 – terceira conjugação: final – ir. Sorrir.
e) encontrá-lo-á lavrado
I – Modo Indicativo S – Modo Subjuntivo
(Abin/Analista) Em 2005, uma brigada completa, atualmente a – presente g – presente
instalada em Niterói – com aproximadamente 4 mil soldados –, b – futuro do presente h – futuro
será deslocada para a linha de divisa com a Colômbia. c – futuro do pretérito i – pretérito imperfeito
25. A substituição de “será deslocada” por deslocar-se-á d – pretérito imperfeito
mantém a correção gramatical do período. e – pretérito perfeito
f – pretérito mais-que-perfeito
26. (Metrô-SP/Advogado) O termo grifado está substituído
de modo incorreto pelo pronome em:
a) Como forma de motivar funcionários = como forma
Padrão dos Verbos Regulares
de motivar-lhes.
Na primeira pessoa singular (EU)
b) De que todos na empresa tenham habilidades múlti-
plas = de que todos as tenham.
c b
c) Para obter sucesso = para obtê-lo.
1 – ria 1 – rei
d) Essas mudanças causam perplexidade = essas mudan-
2 – ria 2 – rei
ças causam-na.
3 – ria 3 – rei
e) As pessoas buscam novas regras = as pessoas bus-
cam-nas.

27. (TRT 19 R) Antonio Candido escreveu uma carta, fez có- a


pias da carta e enviou as cópias a amigos do Rio. Substi- 1–o
tuem de modo correto os termos sublinhados na frase, 2–o
respectivamente,
3–o
a) destas – enviou-as
b) daquela – os enviou
c) da mesma – enviou-lhes
d) delas – lhes enviou
e) dela – as enviou d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
1 – ava 1 – ei 1 – ara
28. Assinale abaixo a alternativa que não apresenta correta 2 – ia 2 – i 2 – era
colocação dos pronomes oblíquos átonos, de acordo com 3 – ia 3 – i 3 – ira
a norma culta da língua portuguesa:
a) Eu vi a menina que apaixonou-se por mim na juven-
tude. h
b) Agora se negam a falar. 1-r
c) Não te afastes de mim. 2-r
d) Muitos se recusaram a trabalhar. (se/ quando) 3-r

Gabarito
Língua Portuguesa

1. E 9. E 17. e 24. e
2. C 10. E 18. C 25. C
3. E 11. E 19. e 26. a g 1–e
4. e 12. C 20. b 27. e (que) 2–a
5. E 13. E 21. d 28. a 3–a
6. C 14. C 22. E E E E E i (se) 1-asse
7. C 15. C CCCEEC 2-esse
8. E 16. E 23. C C C E C 3-isse

56
Exercícios Nas provas de concursos em geral, podemos observar
que basta conhecer a conjugação de nove verbos irregulares.
Conjugue os verbos cantar, vender e partir em todos os E, melhor ainda, basta conhecer bem três tempos verbais
tempos simples. em que as questões incidem mais. É claro que não ficamos
dispensados de conhecer todos os tempos verbais.
Esses verbos mais importantes formam famílias de verbos
Verbos irregulares sofrem mudança de letra e som no derivados deles. O resultado é que ficamos sabendo, por
radical e ou nas terminações padronizadas acima, para ver- tabela, um número grande de verbos.
bos regulares. Repito: muda letra e som. Não basta mudar São eles: ser, ir, ver, vir, intervir, ter, pôr, haver, reaver.
letra para ser verbo irregular.
Certa vez a prova do concurso do Senado perguntou se Conjugação dos Verbos Irregulares Ver e Vir
o verbo “agir” é irregular. Vamos fazer o teste?
O teste consiste em conjugar o verbo em uma pessoa c b
qualquer, no presente, no passado e no futuro. Se for regu- 2 – veria 2 – verei
lar, o verbo passa no teste completo, mantém-se inalterado. 3 – viria 3 – virei
Talvez mude letra, mas não muda o som.
a
Já para ser irregular, o verbo só precisa de uma mudança
em um desses tempos. 2 – vejo
3 – venho
TESTE:
d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
Verbo Presente Passado Futuro Classifi- 2 – via 2 – vi 2 – vira
cação 3 – vinha 3 – vim 3 – viera
Agir Eu ajo Eu agi Eu agirei Regular
(muda só (no padrão) (no padrão) h
(se / quando) 2 – vir
letra) 3 – vier
Fazer Eu faço Eu fiz Eu farei Irregular
(mudou (mudou Observe
letra e letra e som) que perde g
som) o “z”. (que) 2 – veja
3 – venha
Observação:
Alguns verbos sofrem tantas alterações que seu radical i
desaparece e muda totalmente ao longo da conjugação. Cha- (se) 2 – visse
mamos tais verbos de anômalos: SER e IR. 3 – viesse
Exercícios
Conjugação dos Dois Verbos Anômalos: Ser e Ir Conjugue os verbos ver e vir em todos os tempos simples.
c b Conjugação dos Verbos Irregulares Haver, Ter e Pôr
2 – seria 2 – serei
3 – iria 3 – irei c b
haveria haverei
teria terei
a poria porei
2 – sou
3 – vou a
hei
tenho
d (antigamente) e (ontem) f (outrora) ponho
2 – era 2 – fui 2 – fora
3 – ia 3 – fui 3 – fora d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
havia houve houvera
h tinha tive tivera
(se / quando) 2 – for punha pus pusera
3 – for
h
(se / quando) houver
tiver
g puser
(que) 2 – seja
3 – vá
Língua Portuguesa

g
i (que) haja
(se) 2 – fosse tenha
3 – fosse ponha
i
Exercícios (se) houvesse
tivesse
Conjugue os verbos ser e ir em todos os tempos simples. pusesse

57
Exercícios Os tempos podem assumir duas formas:
• Simples: um só verbo: Estudo Francês. Terminamos o
Conjugue os verbos haver, ter e pôr em todos os tempos livro. Faremos revisão.
simples. • Composto: verbos “ter” ou “haver” com particípio:
tenho estudado, tínhamos estudado, haveremos feito.
Verbos defectivos apresentam falhas na conjugação. Mas
tenha cuidado: a falha ocorre apenas no presente. Esses
Flexão de Modo
verbos não serão defectivos no passado, nem no futuro.

Flexão Verbal Modo Indicativo

Verbo é a palavra variável que expressa: Indica atitude do falante e condições do fato.
• ação (estudar) O modo indicativo traduz geralmente a segurança: Estu-
• posse (ter, possuir) dei. Não agi mal. Amanhã chegarão os convites.
• fato (ocorrer)
• estado (ser, estar) Tempos do Modo Indicativo
• fenômeno (chover, ventar), situados no tempo: chove Presente: basicamente significa o fato realizado no mo-
agora, choveu ontem, choverá amanhã. mento da fala. Ele estuda Francês. A prova está fácil.
Pode significar também:
Conjugação é a distribuição dos verbos em sistemas con- • Permanência: O Sol nasce no Leste. José é pai de Jesus.
forme a terminação do infinitivo: A Constituição exige isonomia.
-ar → cantar, estudar: primeira conjugação • Hábito: Márcio leciona Português. Vou ao cinema todos
-er → ver, crer: segunda conjugação os domingos.
-ir → dirigir, sorrir: terceira conjugação. • Passado histórico: Cabral chega ao Brasil em 1500.
Militares governam o Brasil por 20 anos.
As vogais a, e, i dessas terminações chamam-se vogais • Futuro próximo: Amanhã eu descanso. No próximo ano,
temáticas. Somente “pôr” e derivados (compor, repor) ficam o país tem eleições.
sem vogal temática no infinito, mas têm nas conjugações: • Pedido: Você me envia os pedidos do memorando
põe, pusera etc.
amanhã.
• Radical: é a parte invariável do verbo no infinitivo, re-
tirada a vogal temática e a desinência “-r”: cant-, cr-,
dirig-. O presente dos verbos regulares se forma com adição ao
• Tema: é o resultado de juntar a vogal temática ao ra- radical das terminações:
dical: canta-, cre-, dirigi-. • 1a conjugação: -o, -as, -a, -amos, -ais, -am: canto, can-
• Rizotônica: é a forma verbal com vogal tônica no radi- tas, canta, cantamos, cantais, cantam.
cal: estUda, vIvo, vImos. • 2a conjugação: -o, -es, -e, -emos, -eis, -em: vivo, vives,
• Arrizotônica: é a forma verbal com vogal tônica fora vive, vivemos, viveis, vivem.
do radical: estudAmos, vivEis, virIam. • 3a conjugação: -o, -es, -e, -imos, -is, -em: parto, partes,
• Flexão verbal: pode ser de número (singular e plural), parte, partimos, partis, partem.
de pessoa (primeira, segunda, terceira) ou de tempo e
modo. Pretérito imperfeito
– flexão de número: no singular, eu aprendo, ele che- Passado em relação ao momento da fala, mas simultâneo
ga; no plural, nós aprendemos, eles chegam. em relação a outro fato passado. Pode significar:
– flexão de pessoa: na primeira pessoa, ou emissor • Hábitos no passado: Quando jogava no Santos, Pelé
da mensagem, eu canto, nós cantamos; eu venho, fazia gols espetaculares.
nós vimos. Na segunda pessoa, o receptor da men- • Descrição no passado: Ela parecia satisfeita. A estrada
sagem: tu cantas, vós cantais; tu vens, vós viestes. fazia uma curva fechada.
Obs.: Quando “vós” se refere a uma só pessoa, indica • Época: Era tempo da seca quando Fabiano emigrou.
singular apesar de tomar a flexão plural: Senhor, Vós • Simultaneidade: Paulo estudava quando cheguei. Es-
que sois todo poderoso, ouvi minha prece. tava conversando quando a criança caiu.
• Frequência, causa e consequência: Eu sorria quando
Flexão de Tempo
ela chegava.
Situa o momento do fato: presente, pretérito e futuro. • Ação planejada, mas não feita: Eu ia estudar, mas
São três tempos primitivos: infinitivo impessoal, presente chegou visita. Pretendíamos chegar cedo, mas houve
do indicativo e pretérito perfeito simples do indicativo. congestionamento.
• Fábulas, lendas: Era uma vez um professor que canta-
Derivações: va...
• Do infinitivo impessoal, surge o pretérito imperfeito • Fato preciso, exato: Duas horas depois da prova, o ga-
barito saía no site da banca.
Língua Portuguesa

do indicativo, o futuro do presente do indicativo, o


futuro do pretérito do indicativo, o infinitivo pessoal,
o gerúndio e o particípio. O imperfeito se forma com adição ao radical das termi-
• Da primeira pessoa do singular (eu) do presente do nações a seguir (exceto ser, ter, vir e pôr):
indicativo, obtemos o presente do subjuntivo. • 1a conjugação: -ava, -avas, -ava, -ávamos, -áveis, -avam:
• Da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito sim- cantava, cantavas, cantava, cantávamos, cantáveis,
ples do indicativo, encontramos o pretérito mais que cantavam.
perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do sub- • 2a e 3a conjugação: -ia, -ias, -ia, -íamos, -íreis, -iam:
juntivo e o futuro do subjuntivo. vivia, vivias, vivia, vivíamos, vivíeis, viviam.

58
Pretérito perfeito simples Futuro do presente composto
Ação passada terminada antes da fala. Forma-se, nos Indica:
verbos regulares, com adição ao radical das terminações: • Futuro realizado antes de outro futuro: Já teremos lido
• 1ª conjugação: -ei, -aste, -ou, -amos, -astes, -aram: can- o livro quando o professor perguntar.
tei, cantaste, cantou, cantamos, cantastes, cantaram. • Possibilidade: Já terão chegado?
• 2ª conjugação: -i, -este, -eu, -emos, -estes, -eram: vivi,
viveste, viveu, vivemos, vivestes, viveram. Forma-se com o futuro do presente de ter (ou haver)
• 3ª conjugação: -i, -iste, -iu, -imos, -istes, -iram: parti, mais o particípio: teremos lido, haveremos lido.
partiste, partiu, partimos, partistes, partiram.
Futuro do pretérito simples
Pretérito perfeito composto • Futuro em relação a um passado: Ele me disse que
Indica repetição ou continuidade do passado até o pre- estaria aqui até as 17h.
sente: Tenho feito o melhor possível. Não temos nos preju- • Hipóteses, suposições: Iríamos se ele permitisse.
dicado. • Incerteza sobre o passado: Quem poderia com isso?
Forma-se com o presente do indicativo de ter (ou haver) Ele teria 25 anos quando se formou.
mais o particípio. • Surpresa ou indignação: Nunca aceitaríamos tal humi-
lhação! Seria possível uma crise assim?
Pretérito mais que perfeito simples • Desejo presente de modo educado: Gostariam de sair
Fato concluído antes de outro no passado. Usa-se: conosco? Poderia me ajudar?
• Em situações formais na escrita: Já explicara o conte-
údo na aula anterior. Forma-se com adição ao infinitivo de: -ia, -ias, -ia, -íamos,
• Para substituir o imperfeito do subjuntivo: Comportou- -íeis, -iam:
-se como se fora (=fosse) senhora das terras. cantaria, cantarias, cantaria, cantaríamos, cantaríeis,
• Em frases exclamativas: Quem me dera trabalhar no cantariam.
Senado. viveria, viverias, viveria, viveríamos, viveríeis, viveriam.
(Exceto fazer, dizer, trazer, que trocam “z” por “r”: faria,
diria, traria)
Forma-se trocando o final –ram (cantaram, viveram, par-
tiram) por: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram:
Futuro do pretérito composto
cantara, cantaras, cantara, cantáramos, cantáreis, can-
• Suposição no passado: Se os juros caíssem, o consumo
taram.
teria aumentado.
vivera, viveras, vivera, vivêramos, vivêreis, viveram.
• Incerteza no passado: Quando teriam entregado as
partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram. notas?
• Possibilidade no passado: Teria sido melhor ficar.
Pretérito mais que perfeito composto
O mesmo sentido da forma simples. Usado na língua fa- Forma-se com o futuro do pretérito simples de ter (ou
lada e também na escrita, sem causar erro, nem diminuir o haver) mais o particípio: teria aumentado, teriam entregado.
nível culto: Já tinha explicado o conteúdo na aula anterior.
Forma-se com o imperfeito de ter ou haver mais o par- Modo Subjuntivo
ticípio: havia explicado, tinha vivido (=vivera), havia partido
(partira). Indica incerteza, dúvida, possibilidade. Usado sobretudo
em orações subordinadas: Quero que ele venha logo. Gosta-
Futuro do presente simples ria que ele viesse logo. Será melhor se ele vier a pé.
Fato posterior em relação à fala: Trabalharei no Senado
em dois anos. E também: Tempos do Modo Subjuntivo
• Fatos prováveis, condicionados: Se os juros caírem,
existirá mais consumo. Presente
• Incerteza, dúvida: Será possível uma coisa dessas? Por Indica presente ou futuro: É pena que o país esteja em
que estarei aqui? crise. (presente) Espero que os empregos voltem. (futuro)
Forma-se trocando o final -o do presente (canto, vivo,
Forma-se com adição ao infinitivo das seguintes termi- parto) por:
nações: -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão: • 1a conjugação: -e, -es, -e, -emos, -eis, -em: cante, can-
cantarei, cantarás, cantará, cantaremos, cantareis, tes, cante, cantemos, canteis, cantem.
cantarão. Viverei, viverás, viverá, viveremos, vivereis, • 2a e 3a conjugação: -a, -as, -a, -amos, -ais, -am: viva,
viverão. vivas, viva, vivamos, vivais, vivam.
partirei, partirás, partirá, partiremos, partireis, partirão. Exceção: dar, ir, ser, estar, querer, saber, haver: dê, dês,
(Exceto fazer, dizer e trazer, que mudam o “z” em “r”.) dê, demos, deis, deem; vá, vás, vá, vamos, vais, vão; seja...;
queira...; saiba...; haja...
Língua Portuguesa

Obs.: Locuções verbais substituem o futuro do presente


simples. Veja: Pretérito imperfeito
• com ideia de intenção: Hei de falar com ele até do- Ação simultânea ou futura: Duvidei que ele viesse. Eu
mingo. queria que ele fosse logo. Gostaríamos que eles trouxessem
• com ideia de obrigação: Tenho que falar com ele até os livros.
domingo. Forma-se trocando o final -ram do perfeito simples do
• com ideia de futuro próximo ou imediato: verbo “ir” indicativo (cantaram, viveram, partiram) por: -sse, -sses,
mais infinitivo (exceto ir e vir): Que fome! Vou almoçar. -sse, -ssemos, -sseis, -ssem: cantasse, cantasses, cantasse,
Corre, que o carro vai sair. (vou ir, vou vir – erros) cantássemos, cantásseis, cantassem; vivesse...; partisse...

59
Pretérito perfeito b) Negativo
• Suposta conclusão antes do tempo da fala: Talvez ele Copia exatamente o presente do subjuntivo: não
tenha chegado. Duvido que ela tenha saído sozinha. deixes tu, não deixe você, não deixemos nós, não
• Suposta conclusão antes de um futuro: É possível que deixeis vós, não deixem vocês.
ele já tenha chegado quando vocês voltarem. ð Verbos sem “eu” no presente indicativo não pos-
suem imperativo negativo.
Forma-se com o presente do subjuntivo de ter (ou haver)
mais o particípio: tenha chegado, tenha saído. Formas Nominais

Pretérito mais que perfeito Não exprimem tempo nem modo. Valores de substantivo
Passado suposto antes de outro passado: Se tivessem ou adjetivo. São: infinitivo, gerúndio e particípio.
lido o aviso, não se atrasariam. Infinitivo é a pura ideia da ação. Subdivide-se em infini-
Forma-se com o imperfeito do subjuntivo de ter (ou ha- tivo impessoal e pessoal.
ver) mais o particípio: tivessem lido. 1. Infinitivo impessoal: não se refere a uma pessoa, ne-
nhum sujeito próprio. É agradável viajar. Posso falar
Futuro simples com João. Usos:
Suposição no futuro: Posso aprender o que quiser. Poderei • Como sujeito: Navegar é preciso, viver não é preciso.
aprender o que quiser. • Como predicativo: Seu maior sonho é cantar.
Forma-se trocando o final -ram do perfeito do indicati- • Objeto direto: Admiro o cantar dos pássaros.
vo (cantaram, viveram, partiram) por: r, res, r, rmos, rdes, • Objeto indireto: Gosto de viajar.
rem. Quando/que/se cantar, cantares, cantar, cantarmos, • Adjunto adnominal: Comprei livros de desenhar.
cantardes, cantarem. Quando/que/se viver, viveres, viver, • Complemento nominal: Este livro é bom de ler.
vivermos, viverdes, viverem. • Em lugar do gerúndio: Estou a pensar (=Estou pen-
sando).
Futuro composto • Valor passivo: O dano é fácil de reparar. Frutas boas
Futuro suposto antes de outro: Isso será resolvido depois de comer.
que tivermos recebido a verba. • Tom imperativo: O que nos falta é estudar.
Forma-se com o futuro simples do subjuntivo de ter (ou
haver) mais o particípio: tivermos recebido. Duas formas do infinitivo impessoal:
Simples (valor de presente). Ações de aspecto não con-
Modo Imperativo cluído: Estudar Português ajuda em todas as provas. Perder
o jogo irrita.
Composto (passado). Ações de aspecto concluído: Ter es-
Expressa ordem, conselho, convite, súplica, pedido, a de-
tudado Português ajuda nas provas. Ter perdido o jogo irrita.
pender da entonação da voz. Dirige-se aos ouvintes apenas:
tu, você, vós, vocês.
2. Infinitivo pessoal: refere-se a um sujeito próprio. Não
• Quando o falante se junta ao ouvinte, usa-se a primeira
estudou para errar. Não estudei para errar. Não estu-
pessoa plural (nós): cantemos, vivamos.
damos para errarmos. Não estudaram para errarem.
• O imperativo pode ser suavizado com: Usos:
a) Presente do indicativo: Você me ajuda amanhã. • Mesmo sujeito: Para nós sermos pássaros, precisa-
b) Futuro do presente: Não matarás, não furtarás. mos de imaginação.
c) Pretérito imperfeito do subjuntivo: Se você falasse • Sujeitos diferentes: (Eu) Ouvi os pássaros cantarem.
baixo! (eu x os pássaros)
d) Locução com imperativo de ir mais infinitivo: Felipe • Preposicionado: Nós lhes dissemos isso por sermos
rasgou a roupa; não vá brigar com ele. amigos. Nós lhes dissemos por serem amigos.
e) Expressões de polidez (por favor, por gentileza etc.): • Sujeito indeterminado: Naquela hora ouvi chegarem.
Feche a porta, por favor.
f) Querer no presente ou imperfeito (interrogação), Duas formas do infinitivo pessoal:
ou imperativo, mais infinitivo: Quer calar a boca? Simples (presente). Aspecto não concluído: Por chegar-
Queria calar a boca? Queira calar a boca. mos cedo, estamos em dia. Por chegarmos cedo, obtivemos
g) Infinitivo (tom impessoal): Preencher as lacunas uma vaga.
com a forma verbal adequada. Composto (passado). Aspecto concluído: Por termos
• O imperativo pode ser reforçado: chegado cedo, estamos em dia. Por termos chegado cedo,
a) Com repetição: Saia, saia já daqui! obtivemos uma vaga.
b) Advérbio e expressões: Venha aqui! Repito outra
vez, fique quieto! Suma-se, seu covarde! Gerúndio é processo em ação. Papel de adjetivo ou de
• O imperativo pode ser: advérbio: Chegou com os olhos lacrimejando. Vi-o cantando.
a) Afirmativo Usos:
1. Tu e vós vêm do presente do indicativo, retiran- • Início da frase para: I) ação anterior encerrada (Jurando
do-se -s final: deixa (tu), deixai (vós). vingança, atacou o ladrão.); II) ação anterior e continu-
Língua Portuguesa

ð Exceção: “ser” forma sê (tu) e sede (vós). ada (Fechando os olhos, começou a imaginar a festa.).
ð Verbo “dizer” e terminados em -azer e -uzir • Após um verbo, para ação simultânea: Saí cantando.
podem perder “-es” ou só “-s”: diz/dize (tu), Morreu jurando inocência.
traz/traze (tu), traduz/traduze (tu). • Ação posterior: Os juros subiram, reduzindo o consumo.
2. Você, nós e vocês vêm do presente do subjunti-
vo: deixe (você), deixemos (nós), deixem (vocês). Duas formas de gerúndio:
ð Verbos sem a pessoa “eu” no presente indi- Simples (presente): aspecto não concluído. Sorrindo, olha
cativo terão apenas tu e vós: abole (tu), aboli para o pai. Ignorando os perigos, continuou na estrada. =>
(vós). Forma-se trocando o -r do infinitivo por -ndo.

60
Composto (passado): aspecto de ação concluída. Tendo • Auxiliar são os verbos anteriores na locução. Servem
sorrido, olhou para o pai. Tendo compreendido os perigos, para matizar aspectos da ação do verbo principal:
abandonou a estrada. ser, estar, ter, haver, ir, vir, andar. Devo estudar.
Comecei a sorrir. O carro foi lavado. Temos vivido.
Particípio Ando estudando. Vou lavar.
Com verbo auxiliar
• ter ou haver, locução verbal chamada tempo composto Ser: forma a voz passiva de ação. O livro será aberto
(não varia em gênero e número): A polícia tem pren- pelo escolhido.
dido mais traficantes. Já havíamos chegado quando
você veio. Estar:
• ser ou estar, locução verbal (varia em gênero e nú- ð Na voz passiva de estado: O livro está aberto.
mero): Muitos ladrões foram presos pela milícia. Os ð Com gerúndio, ação duradoura num momento
corruptos estão presos. preciso: Estou escrevendo um livro.

Sem verbo auxiliar ter e haver


Estado resultante de ação encerrada: Derrotados, os sol- ð Nos tempos compostos com particípio: Já tinham
dados não ofereceram resistência. (ou haviam) aberto o livro. Se tivesse (ou houvesse)
Forma-se trocando o -r do infinitivo por -do: beber ⇒ ficado, não perderia o trem.
bebido, aparecer ⇒ aparecido, cantar ⇒ cantado. ð Com preposição “de” e infinitivo, sentido de obriga-
ção (ter) ou de promessa (haver): Tenho de estudar
Atenção! mais. Hei de chegar cedo amanhã.
• Vir e derivados têm a mesma forma no gerúndio e no Ir
particípio: Tenho vindo aqui todo dia. (particípio) Estou ð Com gerúndio, indicando:
vindo aqui todo dia. (gerúndio) – ação duradoura: O professor ia entrando devagar.
• Se apenas estado, trata-se de adjetivo: A criança as- – ação em etapas sucessivas: Os alunos iam chegando
sustada não dorme. a pé.
• Pode ser substantivado: A morta era inocente. Muitos ð No presente do indicativo mais infinitivo, indicando
mortos são enterrados como indigentes. intenção firme ou certeza no futuro próximo: Vou
encerrar a reunião. Corra! O avião vai decolar!
Vozes do Verbo
Vir
Verbos que indicam ação admitem voz ativa, voz passiva, ð Com gerúndio, indica:
– ação gradual: Venho estudando este fenômeno há
voz reflexiva. A voz verbal consiste em uma atitude do sujeito
tempo.
em relação à ação do verbo.
– duração rumo à nossa época ou lugar: Os alunos
Lembrete! Sujeito é o assunto da oração. Não precisa ser
vinham chegando, quando o sinal tocou.
o praticante da ação.
ð Com infinitivo, sentido de resultado final: Viemos
a descobrir o culpado mais tarde.
1. Voz ativa: o sujeito só pratica ação.
O governo aumentou os juros. Andar, com gerúndio, sentido de duração, continui-
2. Voz passiva: o sujeito só recebe ação. dade: Ando estudando muito. Ele anda escrevendo
Os juros foram aumentados pelo governo. livros.
Note que o sentido se mantém nas duas frases acima.
Há dois tipos de voz passiva: b) Pela Flexão: regular, irregular, defectivo e abundante.
a) Passiva analítica: com verbo ser (passiva de ação) • Regular: o radical e as terminações do padrão de
ou estar (passiva de estado): Os juros foram au- cada conjugação não mudam letra e som. Pode até
mentados pelo governo. O ladrão foi preso pelos mudar letra, mas o som permanece: agir ⇒ ajo, agi,
guardas. O ladrão está preso. agirei; ficar ⇒ fico, fiquei, ficarei; tecer ⇒ teço, teci,
Repare: tecerei.
• O agente da voz passiva (pelo governo, pelos • Irregular: o radical e/ou as terminações mudam letra
guardas) indica o ser que pratica a ação sofrida e som. Não basta mudar letra. Deve mudar também
pelo sujeito. Preposição “por” ou “de”: Ele é o som: fazer ⇒ faço, fiz, farei.
querido de todos. Obs.: fazer é capaz de substituir outro verbo na
• Locuções: temos sido amados. Tenho sido ama- sequência de frases. Veja: Gostaríamos de reverter
do. Estou sendo amado. o quadro do país como fez (=reverteu) o governo
b) Passiva sintética: a partícula apassivadora “se” anterior.
com verbo transitivo direto (não pede preposi- • Defectivo: não possui certas formas, em razão de
ção): Não se revisou o relatório = O relatório não eufonia ou homofonia.
foi revisado. Grupo 1: impessoais e unipessoais, conjugados
3. Voz reflexiva: o sujeito pratica e recebe ação. Ocorre apenas na terceira pessoa. Indicam fenômenos da
Língua Portuguesa

pronome oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos): Eu me natureza, vozes de animais, ruídos, ou pelo sentido
lavei. Ele se feriu com facas. Nós nos arrependemos tarde. não admitem certas pessoas. chover, zurrar, zunir.
Grupo 2: verbos sem a primeira pessoa do singular
Classificando os Verbos no presente do indicativo e suas derivadas: abolir,
jungir, puir, soer, demolir, explodir, colorir.
a) Pela função: Grupo 3: adequar, doer, prazer, precaver, reaver,
• Principal é sempre o último verbo de uma locução urgir, viger, falir.
(verbos com o mesmo sujeito): Devo estudar. Co- • Abundante: possui mais de uma forma correta.
mecei a sorrir. Diz/dize, faz/faze, traz/traze, requer/requere, tu

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destruis/destróis, tu construis/constróis, nós he- c) Os consumidores se absteram de comprar produtos
mos/havemos. A maioria possui duplo particípio: de empresas que não consideram a sustentabilidade
Tinha expulsado os invasores. Os invasores foram do planeta.
expulsos. A gráfica havia imprimido o livro. O livro d) A constatação de que a vida humana estaria compro-
está impresso. Tínhamos entregado a encomenda. metida deteu a exploração descontrolada daquela
A encomenda será entregue. área de mata nativa.
Como regra: ter e haver pedem o particípio regular e) Com a alteração climática sobreviu o excesso de chuvas
(-ado/-ido); ser e estar pedem o particípio irregular. que destruiu cidades inteiras com os alagamentos.

EXERCÍCIOS 6. (FCC/Bagas) Ambos os verbos estão corretamente fle-


xionados na frase:
1. (FCC/TCE-SP) “... quando há melhoria também em fa- a) O descrédito sofrido pelo mais recente relatório so-
tores de qualidade de vida ...”. O verbo flexionado nos breviu da descoberta de ter havido manipulação dos
mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado dados nele apresentados.
está na frase: b) As informações que comporam o relatório sobre
a) que levou nota máxima... Mudanças Climáticas contiam erros só descobertos
b) O destaque, aqui, cabe ao Tocantins. depois de algum tempo.
c) era um dos estados menos desenvolvidos do país. c) Os relatórios sobre o aquecimento global, sem que
d) ainda que siga como um dos mais atrasados ... se queresse, troxeram conclusões pessimistas sobre
e) conseguiu se distanciar um pouco dos retardatários. a vida no planeta.
d) Alguns cientistas de todo o mundo tiveram sua repu-
2. (FCC/Bagas) “De um lado, havia Chega de Saudade, de tação abalada por fazerem previsões aleatórias, sem
Tom Jobim e Vinicius de Morais”. A frase cujo verbo está base científica.
flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado na e) Ninguém preveu com segurança as consequências
frase é: que o derretimento de geleiras poderia trazer para
diversas populações.
a) A “Divina” era uma cantora presa ao sambacanção...
b) um compacto simples que ele gravou em julho de
7. (FCC/Bagas) Transpondo-se o segmento “João Gilberto
1958.
segue as duas estratégias” para a voz passiva, a forma
c) A batida da bossa nova, por sua vez, aparecera no
verbal resultante é:
LP...
a) eram seguidos.
d) Quando se pergunta a João Gilberto por que...
b) segue-se.
e) Ele recompõe músicas tradicionais e contemporâneas.
c) é seguido.
d) são seguidas.
3. (FCC/PBGAS) “Assim, mesmo que tal evolução impacte e) foram seguidas.
as contas públicas ...”. O verbo flexionado nos mesmos
tempo e modo em que se encontra o grifado está tam- 8. (FCC/Sergas) Transpondo-se para a voz passiva a cons-
bém grifado na frase: trução “um artista plástico pesquisando linguagem”, a
a) Entre os fatores apontados pela pesquisa, deve ser forma verbal resultante será:
considerado o controle dos índices de inflação. a) sendo pesquisada.
b) Com a valorização do salário mínimo, percebe-se um b) estando a pesquisar.
aumento do poder de compra dos trabalhadores mais c) tendo sido pesquisada.
humildes. d) tendo pesquisado.
c) A última pesquisa Pnad assinala expressiva melhoria e) pesquisava-se.
das condições de vida em todas as regiões do país.
d) É desejável que ocorra uma redução dos índices de 9. (FCC/Bagas) “Os relatórios do IPCC são elaborados por
violência urbana, consolidando as boas notícias tra- 3000 cientistas de todo o mundo ...”. O verbo que ad-
zidas pela pesquisa. mite transposição para a voz passiva, como no exemplo
e) Segundo a pesquisa, a renda obtida por aposentados grifado, está na frase:
acaba sendo veículo de movimentação da economia a) Cientistas de todo o mundo oferecem dados para os
regional. relatórios sobre os efeitos do aquecimento global.
b) As geleiras do Himalaia estão sujeitas a um rápido der-
4. (FCC/PBGAS) “Apesar do rigor científico das pesquisas retimento, em virtude do aquecimento do planeta.
que conduzira ...”. O tempo e o modo em que se encontra c) Os cientistas incorreram em erros na análise de dados
o verbo grifado acima indicam sobre o derretimento das geleiras do Himalaia.
a) ação passada anterior a outra, também passada. d) Populações inteiras dependem da água resultante do
b) fato que acontece habitualmente. derretimento de geleiras, especialmente na Ásia.
c) ação repetida no momento em que se fala. e) São evidentes os efeitos desastrosos, em todo o mun-
d) situação presente em um tempo passado. do, do aquecimento global decorrente da atividade
e) situação passada num tempo determinado. humana.
Língua Portuguesa

5. (FCC/Assembl.Leg./SP) Os verbos grifados estão corre- 10. (FCC/PBGAS) “... de como se pensavam essas coisas antes
tamente flexionados na frase: dele”. A forma verbal grifada acima pode ser substituída
a) Após a catástrofe climática que se abateu sobre a corretamente por
região, os responsáveis propuseram a liberação dos a) havia pensado.
recursos necessários para sua reconstrução. b) deveriam ser pensadas.
b) Em vários países, autoridades se disporam a elaborar c) eram pensadas.
projetos que prevessem a exploração sustentável o d) seria pensada.
meio ambiente. e) tinham sido pensados.

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11. (FCC/Assembl.Leg./SP) Quanto à flexão e à correlação instâncias internacionais, como a Organização Mundial do
de tempos e modos, estão corretas as formas verbais Comércio (OMC).
da frase: 15. Pelo emprego do subjuntivo em “estivesse”, estaria de
a) Não constitue desdouro valer-se de uma frase feita, a acordo com a norma culta escrita a substituição de “ti-
menos que se pretendesse que ela venha a expressar nha de apelar” por teria de apelar.
um pensamento original.
b) Se os valores antigos virem a se sobrepor aos novos, a (Cespe/IRBr/Diplamata) Píndaro nos preveniu de que o futu-
sociedade passaria a apoiar-se em juízos anacrônicos ro é muralha espessa, além da qual não podemos vislumbrar
e hábitos desfibrados. um só segundo. O poeta tanto admirava a força, a agilidade
c) Dizia o Barão de Itararé que, se ninguém cuidar da e a coragem de seus contemporâneos nas competições dos
moralidade, não haveria razão para que todos não estádios quanto compreendia a fragilidade dos seres huma-
obtessem amplas vantagens. nos no curto instante da vida. Dele é a constatação de que o
d) Para que uma sociedade se cristalize e se estaguine, homem é apenas o sonho de uma sombra. Apesar de tudo,
basta que seus valores tivessem chegado à triste con- ele se consolará no mesmo poema: e como a vida é bela!
solidação dos lugares-comuns. 16. Embora o efeito de sentido seja diferente, no lugar do
e) Não conviria a ninguém valer-se de um cargo público futuro do presente em “consolará”, estaria gramatical-
para auferir vantagens pessoais, houvesse no hori- mente correto e textualmente coerente o emprego do
zonte a certeza de uma sanção. futuro do pretérito consolaria ou do pretérito perfeito
consolou.
12. (FCC/Bagas) Está correta a flexão verbal, bem como
adequada a correlação entre os tempos e os modos na (Cespe/STJ/Ttécnico) Tudo o que signifique para os negros
frase: possibilidades de ascensão social mais amplas do que as
a) Zeus teria irritado-se com a ousadia de Prometeu e oferecidas pelo antigo e caricato binômio futebol/música
o havia condenado a estar acorrentado ao monte popular representará um passo importante na criação de
Cáucaso. uma sociedade harmônica e civilizada.
b) Seu sofrimento teria durado várias eras, até que Hér- 17. O emprego do tempo futuro do presente do verbo re-
cules intercedera, compadecido que ficou. presentar é exigência do emprego do modo subjuntivo
c) O sofrimento de Prometeu duraria várias eras ainda, em signifique.
não viesse Hércules a abater a águia e livrá-lo do su-
plício. A opinião é de Paul Krugman, um dos mais importantes e
d) Irritado com a ousadia que Prometeu cometesse, polêmicos economistas do mundo, atualmente. Segundo ele,
Zeus o teria condenado e acorrentado ao monte países emergentes como o Brasil embarcaram, durante a dé-
Cáucaso. cada passada, na ilusão de que a adoção de reformas liberais
e) Prometeu haveria de sofrer por várias eras, quando resolveria todos os seus problemas. Isso não aconteceu. E,
Hércules o livrara do suplício, e abateu a águia. segundo ele, está claro que faltaram políticas de investimento
em educação e em saúde.
13. (FCC/Sergas) Está plenamente adequada a correlação 18. Como introduz a ideia de probabilidade, se a forma ver-
entre tempos e modos verbais na frase: bal “resolveria” fosse substituída por poderia resolver,
a) Se separássemos drasticamente o visível do invisível, estariam preservadas as relações semânticas e a corre-
o efeito de beleza das obras de arte pode reduzir-se, ção gramatical.
ou mesmo perder-se.
b) Diante do frêmito que notou na relva, o autor com- O Brasil ratificou o Protocolo de Kyoto, para combater o au-
pusera um verso que havia transcrito nesse texto. mento do efeito estufa, e apresentou uma proposta à Rio+10
c) Ambrosio Bierce lembraria que houvesse sons inau- de aumento da participação de energias renováveis na matriz
díveis, da mesma forma que nem todas as cores se energética em todo o mundo. Se os líderes mundiais não
percebam no espectro solar. foram capazes de dar um passo significativo em prol das
d) Se o próprio ar que respiramos é invisível, argumenta energias do futuro, o Rio de Janeiro demonstrou que não
Mário Quintana, por que não viéssemos a crer que aceita mais os impactos ambientais negativos da energia do
pudesse haver cor na passagem do tempo? passado, apontando a direção a ser seguida por uma política
e) A caneta esferográfica, de onde saírem as mágicas energética realmente sustentável no país.
imagens de um escritor, é a mesma que repousará 19. Por fazer parte de uma estrutura condicional, a forma
sobre a cômoda, depois de o haver servido. verbal “foram” pode ser substituída por fossem.

(Cespe/Anatel/Analista) Durante muitos anos discutiu-se (Cespe/TRT-PE/Analista Judiciário) Talvez o habeas corpus da
apaixonadamente se as empresas multinacionais (EMNs) iam saudade consinta o teu regresso ao meu amor.
dominar o mundo, ou se serviam aos interesses imperialistas 20. O advérbio “Talvez” admite que a forma verbal “Consin-
de seus países-sede, mas esses debates foram murchando, ta” seja alterada para Consente, no modo indicativo.
seja porque não fazia sentido econômico hostilizar as EMNs,
Língua Portuguesa

seja porque elas pareciam, ao menos nas grandes questões, (Cespe/TRT 9 R/Técnico) O material orgânico presente no
alheias e inofensivas ao mundo da política. lixo se decompõe lentamente, formando biogás rico em
14. A substituição das formas verbais “iam” e “serviam” por metano, um dos mais nocivos ao meio ambiente por con-
iriam e serviriam preserva a coerência e a correção textual. tribuir intensamente para a formação do efeito estufa. No
Aterro Bandeirantes, foi instalada, no ano passado, a Usina
(Cespe/Anatel/Analista) Até agora, quando os países-mem- Termelétrica Bandeirantes, uma parceria entre a prefeitura
bros divergiam sobre assuntos comerciais, era acionado o e a Biogás Energia Ambiental. Lá, 80% do biogás é usado
Tribunal Arbitral. Quem estivesse insatisfeito com o resul- como combustível para gerar 22 megawatts, energia elétrica
tado do julgamento, no entanto, tinha de apelar a outras suficiente para atender às necessidades de 300 mil famílias.

63
Em relação às ideias e a aspectos morfossintáticos do texto 28 superintendências e sua modernização tecnológica tam-
acima, julgue os itens a seguir. bém foram algumas das ações realizadas no período. Foram
21. A substituição de “se decompõe” por é decomposto nomeados 1.300 servidores aprovados no concurso realizado
mantém a correção gramatical do período. em 2005. Somado aos nomeados desde 2003, o número de
22. A substituição de “foi instalada” por instalou-se preju- novos servidores passou para 1.800, o que representa um
dica a correção gramatical do período. aumento de mais de 40% na força de trabalho do Instituto.
Em questão, nº 481, Brasília, 14/2/2007 (com adaptações).
(Cespe/TRT 9 R) Relação é uma coisa que não pode exis-
tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para 25. Estão empregadas em função adjetiva as seguintes pala-
completá-la. vras do texto: “investidos”, “aplicados”, “beneficiando”
23. O emprego do modo subjuntivo em “haja”, além de ser e “assentados”.
exigido sintaticamente, indica que a existência de “uma 26. O vocábulo “Somado” é forma nominal no particípio e
outra coisa” é uma hipótese ou uma conjectura. introduz oração reduzida com valor condicional.

É preciso sublinhar o fato de que todas as posições existen- (TCU)


ciais necessitam de pelo menos duas pessoas cujos papéis Veja – Dez anos não é tempo curto demais para mudanças
combinem entre si. O algoz, por exemplo, não pode continuar capazes de afetar o clima em escala global?
a sê-lo sem ao menos uma vítima. A vítima procurará seu Al Gore – Não precisamos fazer tudo em dez anos. De qual-
salvador e este último, uma vítima para salvar. O condicio- quer forma, seria impossível. A questão é outra. De acordo
namento para o desempenho de um dos papéis é bastante com muitos cientistas, se nada for feito, em dez anos já não
sorrateiro e trabalha de forma invisível. teremos mais como reverter o processo de degradação da
24. O uso do futuro do presente em “procurará” sugere mais Terra. (Veja, 11/10/2006, com adaptações).
uma probabilidade ou suposição decorrente da situação 27. O emprego do futuro-do-presente do indicativo em “te-
do que uma realização em tempo posterior à fala. remos” indica que a preposição “em”, que precede “dez
anos”, tem o sentido de daqui a.
(TRE-AP)
Nesse período foram implantados 2.343 projetos de Época – Em seu livro, o senhor diz que todos os países devem
assentamento (PA). A criação de um PA é uma das etapas ter uma estratégia para se desenvolver.
do processo da reforma agrária. Quando uma família de Vietor – Qualquer país precisa ter uma estratégia de cres-
trabalhador rural é assentada, recebe um lote de terra para cimento.
morar e produzir dentro do chamado assentamento rural. 28. A locução verbal “devem ter” expressa uma ação ocor-
A partir da sua instalação na terra, essa família passa a ser rida em um passado recente.
beneficiária da reforma agrária, recebendo créditos de apoio
(para compra de maquinários e sementes) e melhorias na (Cespe/Prefeitura de Rio Branco/AC) As sociedades indígenas
infraestrutura (energia elétrica, moradia, água etc.), para se acreanas dividem-se de maneira desigual em duas grandes
estabelecer e iniciar a produção. O valor dos créditos para famílias linguísticas: Pano e Arawak. Alguns desses povos
apoio à instalação dos assentados aumentou. Os montantes encontram-se também nas regiões peruanas e bolivianas
investidos passaram de R$ 191 milhões em 2003 para R$ fronteiriças ao Acre.
871,6 milhões, empenhados em 2006. 29. A substituição de “dividem-se” por são divididas man-
Também a partir do assentamento, essa família passa a tém a correção gramatical do período.
participar de uma série de programas que são desenvolvidos 30. Em “encontram-se”, o pronome “se” indica que o sujei-
pelo governo federal. Além de promover a geração de renda to da oração é indeterminado, o que contribui para a
das famílias de trabalhadores rurais, os assentamentos da impessoalização do texto.
reforma agrária também contribuem para inibir a grilagem
de terras públicas, combater a violência no campo e auxiliar A história do Acre começou a se definir em 1895, quando
na preservação do meio ambiente e da biodiversidade local, uma comissão demarcatória foi encarregada de estabelecer
especialmente na região Norte do país. os limites entre o Brasil e a Bolívia, com base no Tratado de
Na qualificação dos assentamentos, foram investidos R$ Ayacucho, de 1867.
2 bilhões em quatro anos. Os recursos foram aplicados na No processo demarcatório foi constatado, no ponto inicial
construção de estradas, na educação e na oferta de luz elétri- da linha divisória entre os dois países (nascente do Javari),
ca, entre outros benefícios. O governo também construiu ou que a Bolívia ficaria com uma região rica em látex, na época
reformou mais de 32 mil quilômetros de estradas e pontes, ocupada por brasileiros. Internet: <www.agenciaamazonia.
beneficiando diretamente 197 mil assentados. Além disso, o com.br> (com adaptações).
número de famílias assentadas beneficiadas com assistência 31. A substituição de “se definir” por ser definida prejudica
técnica cresceu significativamente. Em 2006, esse número a correção gramatical e a informação original do período.
foi superior a 555 mil. 32. O emprego do futuro do pretérito em “ficaria” justifica-
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrá- -se por se tratar de uma ideia provável no futuro.
ria (PRONERA), que garante o acesso à educação entre os
Língua Portuguesa

trabalhadores rurais, promoveu, mediante convênios com O Brasil tem-se caracterizado por perenizar problemas, para
instituições de ensino, a realização de 141 cursos. Com o os quais não se encontram soluções ao longo de décadas.
programa Luz Para Todos – parceria do Ministério do Desen- Ellen Gracie e Paulo Skaf. Folha de S. Paulo, 18/3/2007
volvimento Agrário, INCRA e Ministério das Minas e Energia 33. Para o trecho “não se encontram soluções”, a redação
–, os assentamentos também ganharam luz elétrica. Mais de não são encontradas soluções mantém a correção gra-
132 mil famílias em 2,3 mil assentamentos já foram benefi- matical do período.
ciadas com o programa.
O fortalecimento institucional do INCRA, com a realiza- Na região entre Caravelas, sul da Bahia, e São Mateus, norte
ção de dois concursos públicos, e o aumento no número de do Espírito Santo, a plataforma continental prolonga-se por

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mais de 200 quilômetros para fora da costa, formando 25 Os pequenos tecercam, perguntam se você será o pai delas,
extensos planaltos submersos com profundidades médias disputam o teu colo ou a garupa como que implorando pelo
de 200 metros. toque físico, TE convidam para voltar, te perguntam se você
34. A redação para fora da costa e forma em lugar de “para irá passear com elas.
fora da costa, formando” mantém a correção gramatical 43. O pronome “te” destacado pode ser corretamente subs-
do período. tituído por lhe.

A Petrobras e o governo do Espírito Santo assinaram um “Ações que não emancipam os usuários, pelo contrário, re-
protocolo de intenções com o objetivo de identificar opor- forçam sua condição de subalternização perante os serviços
tunidades de negócios que potencializem o valor agregado prestados.”
da indústria de petróleo e gás no estado. 44. O fragmento ações que não emancipam os usuários,
35. O emprego do modo subjuntivo em “que potencializem” pelo contrário, reforçam a condição deles de subalter-
justifica-se por tratar-se de uma hipótese. nização perante os serviços prestados substitui corre-
tamente o original.
(PM-ES) A economia colonial brasileira gerou uma divisão
de classes muito hierarquizada e bastante simples. No topo (Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país que passe
da pirâmide, estavam os grandes proprietários rurais e os pela nossa mente – e alguns outros de cuja existência sequer
grandes comerciantes das cidades do litoral. No meio, loca- desconfiávamos.”
lizavam-se os pequenos proprietários rurais e urbanos, os 45. O pronome “cuja” tem valor possessivo, já que equivale
pequenos mineradores e comerciantes, além dos funcioná- a sua.
rios públicos.
36. A substituição de “localizavam-se” por estavam locali- Ao coração, coube a função de bombear sangue para o res-
zados prejudica a correção gramatical do período. to do corpo, mas é nele que se depositam também nossos
mais nobres sentimentos. Qual é o órgão responsável pela
(Petrobras/Advogado) Cabe lembrar que o efeito estufa saudade, pela adoração? Quem palpita, quem sofre, quem
existe na Terra independentemente da ação do homem. É dispara? O próprio.
importante que este fenômeno não seja visto como um pro- 46. A repetição do pronome na frase “Quem palpita, quem
blema: sem o efeito estufa, o Sol não conseguiria aquecer sofre, quem dispara?” cria destaque e certo suspense
a Terra o suficiente para que ela fosse habitável. Portanto o na informação.
problema não é o efeito estufa, mas, sim, sua intensificação. 47. A resposta “O próprio.”, dada às perguntas feitas ante-
37. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção riormente, omite o nome (coração) ao qual se refere o
gramatical do texto ao se substituir “que este fenômeno adjetivo, o que valoriza enfaticamente o termo “próprio”.
não seja” por este fenômeno não ser.
(Terracap) Foi pensando nisso que me ocorreu o seguinte:
Trabalho Semiescravo se alguém está com o coração dilacerado nos dois sentidos,
biológico e emocional, e por ordens médicas precisa de um
Autoridades europeias ameaçam impor barreiras não tari- novo, o paciente irá se curar da dor de amor ao receber o
fárias ao etanol e exigir certificados de que, desde o cultivo, órgão transplantado?
são observadas relações de trabalho não degradantes e pro- Façamos de conta que sim. Você entrou no hospital com o
cessos autossustentáveis. coração em frangalhos, literalmente. Além de apaixonado por
38. No fragmento intitulado “Trabalho semiescravo”, pre- alguém que não lhe dá a mínima, você está com as artérias
servam-se a correção gramatical e a coerência textual obstruídas e os batimentos devagar quase parando. A vida
ao se empregar forem em lugar de “são”. se esvai, mas localizaram um doador compatível: já para a
mesa de cirurgia.
(Inmetro) Atualmente, o PEFC é composto por 30 membros Horas depois, você acorda. Coração novo.
representantes de programas nacionais de certificação flo- 48. O pronome “Você” é empregado na frase como forma
restal. de indeterminar o agente da ação, traço característico
39. A substituição da expressão “é composto” por com- da oralidade brasileira. Assim, “Você entrou no hospital”
põem-se mantém a correção gramatical do período. corresponde a Entrou-se no hospital.
49. A sequência “a mínima”, à qual falta o nome importân-
Em dezembro de 2004, foi editado o Decreto nº 5.296. cia, faz do qualificativo “mínima” o núcleo, o foco da
40. A substituição de “foi editado” por editou-se mantém informação.
a correção gramatical do período.
(Adasa) Na história da humanidade, a formação de grandes
O Inmetro tem realizado estudos aprofundados que visam comunidades, com a sobrecarga do meio natural que ela
diagnosticar a realidade do país e encontrar melhores solu- implica, priva cada vez mais os seres humanos de seu acesso
ções técnicas para que o Programa de Acessibilidade para livre aos recursos de subsistência de que eles necessitam e re-
Transportes Coletivos e de Passageiros seja eficaz. Idem, cai, necessariamente, sobre a sociedade enquanto sistema de
ibidem (com adaptações). convivência, a tarefa (responsabilidade) de proporcioná-los.
41. O segmento “tem realizado” pode, sem prejuízo para Essa tarefa (responsabilidade) é frequentemente negada com
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a correção gramatical do período, ser substituído por algum argumento que põe o ser individual como contrário ao
qualquer uma das seguintes opções: vem realizando, ser social. Isso é falacioso. A natureza é, para o ser humano, o
está realizando, realiza. reino de Deus, o âmbito em que encontra à mão tudo aquilo
de que necessita, se convive adequadamente nela.
(MS/Agente) Não ingira nem dê remédio no escuro para que 50. O pronome demonstrativo ‘Isso’ tem como referência
não haja trocas perigosas. anafórica o termo “ser social” do período anterior.
42. Em “para que não haja trocas perigosas”, o emprego do
modo subjuntivo justifica-se por se tratar de situação (Iphan) Os povos da oralidade são portadores de uma cul-
hipotética. tura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da escrita.

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Em vez de transmitir seja lá o que for e de qualquer ma- Emprego dos sinais de pontuação
neira, a tradição oral é uma palavra organizada, elaborada,
estruturada, um imenso acervo de conhecimentos adquiridos
pela coletividade, segundo cânones bem determinados. Tais Aspectos Sintáticos, Semânticos, Estilísticos –
conhecimentos são, portanto, reproduzidos com uma meto- Prática Aplicada
dologia rigorosa. Existem, também, especialistas da palavra
cujo papel consiste em conservar e transmitir os eventos do Vírgula
passado: trata-se dos griôs.
51. O termo “cujo” refere-se a palavra. • Separa objeto direto ou indireto antecipado e com
pleonástico.
(Terracap) Há cinquenta anos, a cidade artificial procura en- Ao injusto, nada lhe devo.
contrar uma identidade que lhe seja natural. “Nós queremos • Separa adjunto adverbial longo e deslocado.
ação! Acabar com o tédio de Brasília, essa jovem cidade mor- Antes do início do mês, começam as obras.
ta! Agitar é a palavra do dia, da hora, do mês!”, gritava Renato • Separa predicativo do sujeito deslocado, com verbo
Russo, com todas as exclamações possíveis, no fim dos anos 70, intransitivo ou transitivo.
quando era voz e baixo da banda punk Aborto Elétrico. Em Descrente, chorou. Ivo, aflito, pedia explicações.
meio à burocracia oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os • Separa aposto explicativo.
parques, as superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu. Salvador, minha cidade natal, tem muitas igrejas.
Foi a primeira manifestação cultural coletiva a dizer ao país • Separa vocativo.
que a cidade existia fora da Praça dos Três Poderes e que, Não diga isso, Mariana.
além disso, estava viva. • Separa expressões explicativas e corretivas.
52. A palavra “que” pode ser substituída por o(a) qual em Falei, quer dizer, explodi! São, aliás, somos felizes.
todas as ocorrências do primeiro parágrafo. • Separa nome de lugar antes de data.
Brasília, 17 de janeiro de 1998.
Texto: A alternativa existente seria o aproveitamento da • Entre elementos enumerados.
energia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada Estão aí Júlio, Carlos, Maria e Sílvia.
53. O tempo do verbo indica um fato passado em relação a • Indica verbo oculto.
O pai trabalha na capital; a mãe, no interior.
outro, ocorrido também no passado.
• Antes de subordinada substantiva apositiva.
Teve um pressentimento, que morreria jovem.
Texto: No que se refere às práticas assistenciais, tem sido
• Antes de subordinada adjetiva explicativa.
comum a confusão na utilização dos termos assistência e Esta é a minha casa, que recebeu tanta gente.
assistencialismo. • Separa subordinada adverbial deslocada.
54. O fragmento Referindo-se às práticas assistenciais, era Se perder o emprego, vou para outra cidade.
comum a confusão na utilização dos termos assistência • Entre coordenadas assindéticas.
e assistencialismo é uma reescrita correta, de acordo Entrou no carro, ligou o rádio, ficou à espera.
com as normas gramaticais, do original acima. • Separa conjunção coordenativa deslocada.
Não se defende; quer a própria condenação, portanto.
(Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país que passe • Antes de conjunção coordenativa.
pela nossa mente – e alguns outros de cuja existência sequer Decida logo, pois seu concorrente age rápido.
desconfiávamos.”, julgue. • Antes de e e nem só em oração com sujeito diferente
55. A forma verbal “desconfiávamos” indica a ideia de tempo do da anterior.
passado inacabado. A vida continua, e você não muda.
56. A forma verbal “passe” indica a ideia de possibilidade, • Antes de mas também, como também (em correlação
um fato incerto de acontecer. com não só).
Não só reclama, mas também torce contra nós.
(Iphan) Pode-se dizer que ele assume o papel de historiador
se admitirmos que a história é sempre um reordenamento Ponto-e-vírgula
dos fatos proposto pelo historiador.
57. A forma verbal “é” pode ser substituída por seja. • Para fazer uma pausa maior que a da vírgula e menor
que a do ponto.
GABARITO A sala está cheia de móveis; o quadro cheira a mofo.
• Separa coordenadas adversativas e conclusivas com
1. b 16. C 31. E 46. C conjunção deslocada.
2. a 17. E 32. C 47. C Não estuda; não quer, pois, a aprovação.
3. d 18. C 33. C 48. C • Separa orações que já tem vírgula no seu interior.
4. a 19. E 34. C 49. C Ivo, sozinho, lutava; Ana, sem forças, rezava.
5. a 20. E 35. C 50. E • Separa coordenadas que formam um paralelismo ou
6. d 21. C 36. E 51. E um contraste.
7. d 22. E 37. C 52. E Muitos entendem pouco; poucos entendem muito.
Língua Portuguesa

8. a 23. C 38. E 53. C • Aparece no final dos itens de uma enumeração.


9. a 24. C 39. E 54. E Há duas hipóteses para o seu gesto: a) não conseguiu
10. c 25. E 40. C 55. C o emprego; b) saúde da filha pirou.
11. e 26. E 41. C 56. C
12. c 27. C 42. C 57. C Dois-pontos
13. e 28. E 43. E
14. C 29. C 44. C • Antes de aposto (explicativo ou enumerativo) e de
15. C 30. E 45. C oração apositiva.
Tem um sonho: viajar. Leu três itens: “a”, “c” e “i”.

66
• Antes de citações. • Separa o latinismo sic (confirma algo exagerado ou
Ana gritava: “Eu faço tudo!”. improvável).
• Antes de explicação ou esclarecimento. Levava na mala US$20 milhões (sic).
Sombra e água fresca: as férias começaram. • O ponto sempre vem após o segundo parêntese, salvo
Festa no prédio: o síndico se mudou. se um período inteiro estiver entre parênteses.
• Depois da invocação nas correspondências. Todos votaram contra (alguns rasgaram a célula).
Cara amiga: O perigo já passara. (A mão ainda tremia.)
• Depois de exemplo, nota, observação.
Nota: aos domingos o preço será maior. Travessão
• Depois de a saber, tais como, por exemplo.
Combate doenças, tais como: dengue, tifo e malária. • É usado, duplamente, para destacar uma palavra ou
expressão.
Aspas A vida – quem sabe? – pode ser melhor.
• Aparece, nos diálogos, antes da fala de um interlocutor
• No início e no final das transcrições. e, depois dela, quando se segue uma identificação de
O preso se defendia: “Não fui eu”. quem falou.
• Só aparecem após a pontuação final se abrangem o – Agora? – indaguei.
período inteiro. – imediatamente! – explodiu Júlio.
“Fica, amor”. Quantas vezes eu te disse isso. • Liga palavras ou expressões que indicam início e final
• Destacam palavras ou expressões nos enunciados de de percurso.
regras. Inaugurada a nova estrada Rio-Petrópolis.
A preposição “de” não cabe aqui. • É usando duplamente quando um trecho extenso se
• Indicam estrangeirismos, gírias, arcaísmos, formas po- intercala em outro.
pulares etc. (tais expressões podem vir sublinhadas ou Vi Roma – quase me perdi pelas vielas – e Paris.
em itálico).
Você foi muito “legal” com a gente.
Ortografia é o seu maior “problema”. Ponto
• Destacam palavras empregadas em sentido irônico.
Foi “gentilíssimo”: gritou comigo e bateu a porta. • Aparece no final da frase, quando se conclui todo o
• Destacam títulos de obras. pensamento.
“Quincas Borba” é o meu livro preferido. Mudemos de assunto. O povo espera fortes medidas.
• É usado nas abreviaturas.
Gen., acad., ltda.
Reticências
• Estando a abreviatura no final da frase, não há outro
• Indicam interrupção ou suspensão por hesitação, sur- ponto.
presa, emoção. Comprou ações da Multimport S.A.
Você... Aqui... Para sempre... Não acredito! • Separa as casas decimais nos números, salvo os indi-
• Para realçar uma palavra ou expressão seguinte. cativos de ano.
Abriu a caixa de correspondência e... nada. 127.814; 22.715.810. Nasceu em 1976.
• Indicam interrupção por ser óbvia a continuação da
frase. Questões de Concursos
Eu cumpro cada um dos meus deveres; já você...
• Indicam a supressão de palavras num texto transcrito. (TST) Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos
Ficar ou fugir, “... eis a questão”. papéis para atender às exigências das empresas.
• Podem vir entre parênteses, se o trecho suprimido é 1. Por constituir uma expressão adverbial deslocada para
longo. depois do sujeito, seria correto que a expressão “cada
“São onze jogadores: José, Mário (...) e Paulo”. vez mais” estivesse, no texto, escrita entre vírgulas.

Parênteses (TST) O cenário econômico otimista levou os empresários


brasileiros a aumentarem a formalização do mercado de
• Separam a intercalação de uma explicação ou de um trabalho nos últimos cinco anos.
comentário. 2. Preservam-se a coerência e a correção do texto ao se
Ativistas (alguns armados) exigiam reforma. deslocar o trecho “nos últimos cinco anos” para depois
• Separam a indicação da fonte da transcrição. de “brasileiros”, desde que esse trecho seja seguido de
“Todo óbvio é ululante.” (Nelson Rodrigues). vírgula.
• Separam a sigla de estado ou de entidade após seu
nome completo. (TJDFT) Investir no país é considerado uma burrice; constituir
Vitória (ES). Programa de Integração Social (PIS). uma família e mantê-la saudável, um atraso de vida.
Língua Portuguesa

• Separam uma unidade (moeda, peso, medida) equi- 3. A vírgula depois da oração “e mantê-la saudável” indica
valente a outra. que essa oração constitui um aposto explicativo para a
O animal pesaria 10 arrobas (150 kg). oração anterior.
• Separam números e letras, numa relação de itens, e
asterisco. (MS) Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, bri-
(1), (2), (a), (b), (*). lhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a
• Deslocado para a linha seguinte, basta usar o segundo atenção e a curiosidade natural das crianças; não estimule
parêntese. essa curiosidade; mantenha medicamentos e produtos do-
1), 2), a), b). mésticos trancados e fora do alcance dos pequenos.

67
4. A substituição dos sinais de ponto-e-vírgula por ponto b) É muito comum que as pessoas valendo-se do sen-
final, no último tópico, mesmo com ajuste na letra ini- so comum, vejam o pessimismo e o otimismo como
cial para maiúscula da palavra seguinte, prejudicaria a simples oposições: no entanto, não é esta a posição
correção gramatical do período. do autor do texto.
c) Talvez, se não houvesse a expectativa da suprema
(Banco do Brasil) Representantes dos maiores bancos brasi- felicidade, também não haveria razão para sermos
leiros reuniram-se no Rio de Janeiro para discutir um tema pessimistas, ou otimistas, eis uma sugestão, das en-
desafiante. trelinhas do texto.
5. Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do d) O autor nos conta que outro dia, interessou-se por um
texto, é possível deslocar a oração “para discutir um fragmento de um blog; e o transcreveu para melhor
tema desafiante”, que expressa uma finalidade, para explicar a relação entre otimismo e pessimismo.
o início do período, fazendo-se os devidos ajustes nas e) Quem acredita que o pessimismo é irreversível, não
letras maiúsculas e acrescentando-se uma vírgula logo observa que, na vida, há surpresas e espantos que
após “desafiante”. deveriam nos ensinar algo, sobre a constante impre-
visibilidade de tudo.
6. (Pref. Mun. S.P.) A frase corretamente pontuada é:
(DFtrans) As estradas da Grã-Bretanha tinham sido constru-
a) Nas cidades europeias; onde foram implantados pe-
ídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por carru-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo agens romanas:
o número, e a extensão dos engarrafamentos. 10. A vírgula que precede a conjunção “e” indica que esta
b) Nas cidades, europeias onde foram, implantados pe- liga duas orações de sujeitos diferentes; mas a retirada
dágios o fluxo de automóveis se reduziu; diminuindo desse sinal de pontuação preservaria a correção e a co-
o número e a extensão dos engarrafamentos. erência textual.
c) Nas cidades europeias onde foram implantados pe-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo, (TCU/Analista) Ao apresentar a perspectiva local como infe-
o número e a extensão, dos engarrafamentos. rior à perspectiva global, como incapaz de entender, de ex-
d) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- plicar e, em última análise, de tirar proveito da complexidade
dágios; o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo do mundo contemporâneo, a concepção global atualmente
o número, e a extensão dos engarrafamentos. dominante tem como objetivo fortalecer a instauração de um
e) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- único código unificador de comportamento humano, e abre o
dágios, o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo caminho para a realização do sonho definitivo de economias
o número e a extensão dos engarrafamentos. globais de escala.
11. A supressão da vírgula logo após o termo “humano” não
7. (TCE-AL) Está inteiramente correta a pontuação da se- prejudica a correção gramatical do texto.
guinte frase:
a) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano 12. (TRT 18 R) Está inteiramente adequada a pontuação da
Novo, pois não há como de fato alguém começar algo seguinte frase:
inteiramente do nada. a) Quem cuida da saúde, conta com os recursos do
b) É realmente muito difícil: cumprir propósitos de Ano corpo, já quem cultiva uma amizade, conta com o
Novo; pois não há como, de fato, alguém começar conforto moral.
algo inteiramente do nada. b) No que me diz respeito, não me interessam os amigos
c) É, realmente, muito difícil – cumprir propósitos de de ocasião: prezo apenas os verdadeiros, os que me
Ano Novo: pois não há como de fato, alguém começar apoiam incondicionalmente.
algo inteiramente do nada. c) De que pode valer, gozarmos um momento de felici-
d) É, realmente, muito difícil cumprir propósitos de Ano dade, se não dispomos de alguém, a quem possamos
estendê-la?
Novo, pois não há como, de fato, alguém começar
d) Confio sempre num amigo; pois minha confiança
algo inteiramente do nada.
nele, certamente será retribuída com sua confiança
e) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano
em mim.
Novo; pois não há como de fato alguém começar algo, e) São essas enfim, minhas razões para louvar a amiza-
inteiramente do nada. de: diga-me você agora quais as suas?
(MMA) O alívio dos que, tendo a intenção de viver irregular- 13. (TCESP/Agente Fiscal) O emprego das vírgulas assinala
mente na Espanha, conseguem passar pelo controle de imi- a ocorrência de uma ressalva em:
gração do Aeroporto Internacional de Barajas não dura muito a) onde é vista como a pequena, mas muito respeitada,
tempo. A polícia está pelas ruas, uniformizada ou à paisana, irmã.
e constantemente faz batidas em lugares que os imigrantes b) que a Petrobras já detém, com reconhecido mérito,
frequentam ou onde trabalham. Foram expedidas cerca de no restrito clube...
7 mil cartas de expulsão de brasileiros no ano passado.
Língua Portuguesa

c) de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de


8. As vírgulas da primeira linha justificam-se por isolar ora- Buenos Aires, se estão esgotando.
ção reduzida de gerúndio intercalada na principal. d) abrindo, ao mesmo tempo, novas oportunidades.
e) O gás associado de Tupi, na proporção de 15% das
9. (TRF 5 R) A frase cuja pontuação está inteiramente cor- reservas totais, é úmido e rico em etano...
reta é:
a) Momentos de extrema felicidade, sabe-se, costumam (TST/Técnico) É preciso “investir no povo”, recomenda o Per
ser raros e efêmeros; por isso, há quem busque tirar Capita — um centro pensante, criado recentemente na Aus-
o máximo proveito de acreditar neles e antegozá-los. trália —, com seus dons progressistas.

68
14. No segundo parágrafo do texto, os dois travessões de- d) indica a aceitação de um fato real e comum, sem
marcam a inserção de uma informação que define o que qualquer observação particular.
é “Per Capita”. e) introduz enumeração das possibilidades decorrentes
das descobertas antes citadas.
(STF/Analista) A ação ética só é virtuosa se for livre e só o
será se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão
interior do próprio agente e não de uma pressão externa. (Banco do Brasil/Escriturário) Os brasileiros com idade entre
Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre 14 e 24 anos têm em média 46 amigos virtuais, enquanto
a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana a média global é de 20. No mundo, os jovens costumam
apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores ter cerca de 94 contatos guardados no celular, 78 na lista
morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao de programas de mensagem instantânea e 86 em sítios de
sujeito). relacionamento como o Orkut.
15. Os sinais de parênteses têm a função de organizar as 20. O emprego da vírgula após “celular” justifica-se por iso-
ideias que destacam e de inseri-las na argumentação do lar oração de natureza explicativa.
texto; por isso, sua substituição pelos sinais de travessão
(Banco do Brasil) Nas Américas, os jogos estimulam a reflexão
preservaria a coerência textual e a correção do texto.
sobre as possibilidades de um continente unido, pacífico,
próspero, com a construção de uma rede de solidariedade
(STF/Analista) Muito da experiência humana vem justamente e cooperação por meio do esporte, uma das principais ex-
de nos constituirmos como sujeitos. Esse papel é pesado. Por pressões do pan-americanismo.
isso, quando entra ele em crise — quando minha liberdade 21. O emprego de vírgulas após “unido” e após “pacífico”
de escolher amorosa ou política ou profissionalmente resulta tem justificativas diferentes.
em sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução
que substitua meu papel de sujeito pelo de objeto. 22. (Metrô-SP/Téc.Segurança) Apontado por entidades
16. O deslocamento do travessão para logo depois de “pro- internacionais como um dos mais bem estruturados e
fissionalmente” preservaria a correção gramatical do bem geridos programas ambientais do mundo, o Projeto
texto e a coerência da argumentação, com a vantagem Tietê está sob ameaça de ser interrompido. Sua segunda
de não acumular dois sinais de pontuação juntos. etapa está terminando e, apesar do cumprimento do
cronograma e do vulto das obras – que permitiram sig-
(Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o nificativo avanço nos serviços de coleta e de tratamento
desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em de esgoto –, a diretoria de Controle Ambiental da Cetesb
escala mundial — como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun- alerta: a meta de aumentar o número de empresas no
do — quanto regional, com disputas nos vários continentes. monitoramento de efluentes despejados no rio não foi
17. A substituição dos travessões por parênteses prejudica cumprida. O não atendimento dessa exigência do con-
a correção gramatical do período. trato de financiamento, firmado pelo governo estadual
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
18. (SADPB/Agente Seg.Penitenciaria) “O estudo do cérebro poderá impedir a liberação dos recursos para a terceira
conheceu avanços sem precedentes nas últimas duas etapa do programa. Essa fase prevê a universalização da
décadas, com o surgimento de tecnologias que permi- coleta de esgoto e o combate à poluição nos afluentes
tem observar o que acontece durante atividades como do rio.
o raciocínio, a avaliação moral e o planejamento. Ao
mesmo tempo, essa revolução na tecnologia abre novas Considere as afirmativas seguintes, a respeito dos sinais
possibilidades para um campo da ciência que sempre de pontuação empregados no texto.
despertou controvérsias de caráter ético – a interferên- I – Os travessões isolam um segmento explicativo, mar-
cia no cérebro destinada a alterar o comportamento de cado por uma pausa maior do que haveria caso esse
segmento estivesse separado por vírgulas.
pessoas.
II – Os dois-pontos (9ª linha) assinalam a causa da amea-
– a interferência no cérebro destinada a alterar o com-
ça referida anteriormente, introduzida pela forma verbal
portamento de pessoas”.
alerta.
III – A vírgula que aparece após a expressão do mundo
O emprego do travessão indica, considerando-se o con- (3ª linha) pode ser corretamente substituída por ponto-
texto, -e-vírgula.
a) enumeração de fatos de caráter científico.
b) retomada resumida do assunto do parágrafo. Está correto o que se afirma em
c) repetição destinada a introduzir o desenvolvimento a) I e II, somente.
posterior. b) I e III, somente.
d) retificação de uma afirmativa feita anteriormente. c) II e III, somente.
e) especificação de uma expressão usada anteriormente. d) III, somente.
Língua Portuguesa

e) I, II e III.
19. (Metrô-SP) No trecho “– e comerciais, por meio das pa-
tentes.” O emprego do travessão (Banco do Brasil) A turbulência decorrente do estouro de
a) confere pausa maior no contexto, acrescentando mais essa bolha ainda não teve suas consequências totalmen-
sentido de crítica ao segmento. te dimensionadas. A questão que se coloca é até que ponto
b) introduz segmento desnecessário no contexto, pois é possível injetar alguma previsibilidade em um mercado tão
repete o que foi afirmado anteriormente. interconectado, gigantesco e que tem o risco no DNA. O único
c) assinala apenas escolha pessoal do autor, sem signi- consenso é que o mercado precisa ser mais transparente.
ficação importante no parágrafo. (Veja, 12/3/2008 0 com adaptações).

69
23. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção Assinale aquela em que a reescritura não apresenta erro
gramatical do texto ao se inserir um sinal de dois-pontos de pontuação.
depois da primeira ocorrência de “é” e um ponto de a) A cooperação entre seus países, permitiria à região
interrogação depois de “DNA”. fazer frente a outras potências, como os Estados Uni-
dos e o Japão, e assim, assegurar o bem-estar social
24. (TCEAM/Analista Controle Externo) Está inteiramente e a segurança da população.
correta a pontuação da seguinte frase: b) Com o passar dos anos o bloco incorporou nações
a) A realização de estudos com primatas não humanos, menos desenvolvidas do continente; e instituiu uma
tem revelado que a inteligência ao contrário do que moeda única – o euro que atraiu investidores e che-
se pensa, não é nosso dom exclusivo. gou a ameaçar o domínio do dólar como reserva in-
b) A conclusão é, na verdade, surpreendente: a cons- ternacional de valor.
ciência humana, longe de ser um dom sobrenatural, c) Mas, a crise financeira mundial fez emergir as fragi-
emerge da consciência dos animais. lidades na estrutura econômica de algumas nações
c) Ernst Mayr, eminente biólogo do século passado não do bloco: à medida que, a turbulência dos mercados
teve dúvida em afirmar que, a nossa consciência, é se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal
uma evolução da consciência dos animais. de alguns países, sobretudo a Grécia.
d) Sejam sinfonias sejam equações de segundo grau, há d) Diante do risco de que o deficit crescente no orça-
operações que de tão sofisticadas, não são acessíveis mento grego pudesse contaminar outros europeus
à inteligência de outros animais. com situação fiscal semelhante e pôr em xeque a
e) O que caracteriza efetivamente o verdadeiro altruís- confiabilidade do bloco, líderes regionais reuniram-
mo, é o comportamento cooperativo que se adota, -se, às pressas, na semana passada.
de modo desinteressado. e) Levar as reformas adiante terá um custo político. Na
semana passada, as ruas de Atenas, foram tomadas
25. (GOVBA/Soldado/PMBA) Analise as frases a seguir: por manifestantes e os funcionários públicos entra-
I – Este quadro moral levou a duas situações dramáticas: ram em greve.
o gosto do mal e o mau gosto.
II – O grande desafio de hoje é de ordem ética: construir (Funiversa/HFA/Ass.Téc.Adm.) Na frase: “As demissões re-
uma vida em que o outro não valha apenas por satisfazer cordes nas companhias americanas devido à crise fizeram
necessidades sensíveis. vítimas inusitadas – os próprios executivos de recursos hu-
manos.”
Considerando-se o emprego dos dois-pontos nos perí- 30. Não haverá incorreção gramatical, caso o travessão seja
odos acima, é correto o que se afirma em: substituído por vírgula.
a) Os dois-pontos introduzem segmentos de sentido
enumerativo e conclusivo, respectivamente, assina- Reescritura de Frases e Parágrafos – Substituição de
lando uma pausa maior em cada um deles. palavras ou de trechos de texto
b) Os segmentos introduzidos pelos dois-pontos apre-
sentam sentido idêntico, de realce. Texto para responder à questão seguinte.
c) Os sinais marcam a presença de afirmativas redun-
dantes no contexto, mas que reforçam a opinião do O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios pro-
autor. blemas que os responsáveis pela construção da Nova Capital
d) Os dois-pontos indicam a interferência de um novo da República enfrentaram, desde o início de suas atividades
interlocutor no contexto, representando o diálogo no Planalto Central, em fins de 1956.
com o leitor. A região não contava com nenhuma fonte de geração de
e) Os dois segmentos introduzidos pelos dois-pontos energia elétrica nas proximidades, e o prazo, imposto pela
são inteiramente dispensáveis, pois seu sentido está data fixada para a inauguração da capital — 21 de abril de
exposto com clareza nas afirmativas anteriores a eles. 1960 —, era relativamente curto para a instalação de uma
fonte de energia local, em caráter definitivo.
Na frase: “Ela encontrou um bebê recém-nascido em um A alternativa existente seria o aproveitamento da ener-
terreno baldio em frente de sua casa, em Curitiba.” gia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das
26. No trecho “de sua casa, em Curitiba”, a eliminação da Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa
vírgula e a substituição da preposição “em” por de man- dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km
têm o sentido original da frase. de Brasília. Assim, tendo em vista o surgimento da nova Ca-
pital do Brasil, as obras foram aceleradas, e a primeira etapa
27. (Funiversa/Terracap) A vírgula da frase “Ao coração, cou- da Usina de Cachoeira Dourada foi inaugurada em janeiro de
be a função de bombear sangue para o resto do corpo” 1959, com 32 MW e potência final prevista para 434 MW.
justifica-se pelo deslocamento do termo “Ao coração”, Entretanto, paralelamente à adoção de providências
com finalidade estilística de criar ênfase. para o equacionamento do problema de suprimento de ener-
gia elétrica da nova Capital após sua inauguração, outras me-
Língua Portuguesa

(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- didas tiveram de ser tomadas pela Companhia Urbanizadora
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e da Nova Capital do Brasil — NOVACAP — objetivando à ins-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” talação de fontes de energia elétrica necessárias às ativida-
28. O travessão foi usado para enfatizar trecho do enuncia- des administrativas desenvolvidas no gigantesco canteiro de
do. Efeito similar se conseguiria com o uso de negrito, obras. Assim sendo, já nos primeiros dias de 1957, a energia
ou, no discurso oral, com entonações enfáticas. elétrica de origem hidráulica era gerada, pela primeira vez,
no território do futuro Distrito Federal, pela usina pioneira
29. (Funiversa/Sejus/Téc. Adm.) Cada uma das alternativas do Catetinho, de 10 HP, instalada em pequeno afluente do
a seguir apresenta reescritura de fragmento do texto. Ribeirão do Gama.

70
Hoje, a Capital Federal conta com a CEB, Companhia O Programa Ecoelce de troca de resíduos por bônus na
Energética de Brasília, que já recebeu vários prêmios. Em conta de luz gerou créditos de R$ 570 mil a 88 mil clientes res-
novembro de 2009, ela conquistou uma importante vitória ponsáveis pelo recolhimento de pouco mais de quatro mil tone-
em seu esforço pela melhoria no atendimento aos clientes. ladas de lixo reciclável, como vidro, plástico, papel, metal e óleo.
Venceu o prêmio IASC - Índice Aneel de Satisfação do Con- A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a partir
sumidor, pela quinta vez. A empresa foi escolhida a melhor de pesquisas em comunidades de baixa renda de Fortaleza e
distribuidora de energia elétrica do Centro-Oeste, a partir região metropolitana da capital, para montar a arquitetura
de pesquisa que abrange toda a área de concessão das 63 do programa.
distribuidoras no Brasil. Para participar, o cliente procura o posto de coleta ou a
Na premiação, que ocorreu na sede da Aneel, a CEB associação comunitária e solicita o cartão do Programa Ecoel-
foi apontada como uma das cinco melhores distribuidoras ce. A cada entrega, o operador do posto registra o volume de
de energia elétrica do País. O Índice Aneel de Satisfação do resíduos, com informações sobre o tipo de material e peso, e,
Consumidor para a CEB, de 70,33 pontos, ficou acima da mé- por meio da máquina de registro de coleta, calcula o bônus a
dia nacional, de 66,74 pontos. Anteriormente, a Companhia ser creditado na conta do cliente. Os resíduos recebidos são
obteve o Prêmio IASC em 2003, 2004, 2006 e 2008. separados e encaminhados para a indústria de reciclagem.
Entre suas importantes iniciativas sociais, destaca-se o Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
Programa CEB Solidária e Sustentável, um projeto de inser- (ONU), o programa tem como vantagens estimular a eco-
ção e reinserção social de crianças, denominado “Gente de nomia de energia com melhoria da qualidade de vida das
Sucesso”, que foi implementado em parceria com o Instituto comunidades envolvidas, tanto pela diminuição da conta
de Integração Social e Promoção da Cidadania — INTEGRA de luz quanto pela redução dos resíduos nas vias urbanas.
e com a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. Alberto B. Gradvohl et alii. Programa Ecoelce de troca de
Internet: <http://www.ceb.com.br> (com adaptações). resíduos por bônus na conta de energia. Agência Nacional de
Acesso em 3/1/2010. Energia Elétrica (Brasil). In: Revista pesquisa e desenvolvimento
da ANEEL, n.º 3, jun./2009, p. 115-6 (com adaptações).
31. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
a seguir, há uma reescritura de parte do texto. Assinale 32. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
aquela em que a reescritura altera o sentido original. a seguir, há uma reescritura de uma parte do texto. Assi-
a) A empresa foi escolhida a melhor distribuidora de nale aquela em que a reescritura mantém a ideia original.
energia elétrica do Centro-Oeste / Escolheu-se a em- a) A preocupação com o planeta intensificou-se a partir
presa como a melhor distribuidora de energia elétrica dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que
do Centro-Oeste. as questões ambientais começaram a ser tratadas de
b) A partir de pesquisa que abrange toda a área de con- forma relevante e participativa nos diversos setores
cessão das 63 distribuidoras no Brasil / A partir de socioeconômicos. / A preocupação com o planeta
pesquisa que abrange todas as áreas de concessão intensificou-se com a crise petroleira, a partir dos
de todas as distribuidoras no Brasil. anos 1970, pois as questões ambientais começaram
c) O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios a ser tratadas de forma relevante e participativa nos
problemas que os responsáveis pela construção da diversos setores socioeconômicos.
Nova Capital da República enfrentaram / O suprimen- b) O processo de reciclagem é muito relevante na medi-
to de energia elétrica foi um dos sérios problemas da em que o lixo recebe o devido destino, retornan-
enfrentados pelos responsáveis pela construção da do à cadeia produtiva. / O processo de reciclagem é
Nova Capital da República. muito relevante à medida que o lixo recebe o devido
d) O prazo, imposto pela data fixada para a inauguração destino, retornando à cadeia produtiva.
da capital – 21 de abril de 1960 –, era relativamente c) A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a
curto para a instalação de uma fonte de energia local / partir de pesquisas em comunidades de baixa renda
O prazo (...) era relativamente curto para a instalação, de Fortaleza e região metropolitana da capital, para
em caráter definitivo, de uma fonte de energia local. montar a arquitetura do programa. / Por causa de
e) Paralelamente à adoção de providências / Paralela- pesquisas em comunidades de baixa renda de For-
mente ao fato de se adotarem providências. taleza e região metropolitana da capital, a COELCE
instalou 62 pontos de coleta no Ceará, para montar
Texto para responder à questão seguinte. a arquitetura do programa.
d) Para participar, o cliente procura o posto de coleta
A preocupação com o planeta intensificou-se a partir ou a associação comunitária e solicita o cartão do
dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que as Programa Ecoelce. / O cliente, para participar, assim
questões ambientais começaram a ser tratadas de forma que procura o posto de coleta ou a associação comu-
relevante e participativa nos diversos setores socioeconômi- nitária, solicita o cartão do Programa Ecoelce.
cos. Preservar o ambiente e economizar os recursos naturais e) Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
tornou-se importante tema de discussão, com ênfase no uso (ONU), o programa tem como vantagens estimular
a economia de energia com melhoria da qualidade
Língua Portuguesa

racional, em especial de energia elétrica.


O processo de reciclagem é muito relevante na medida de vida das comunidades envolvidas, tanto pela di-
em que o lixo recebe o devido destino, retornando à cadeia minuição da conta de luz quanto pela redução dos
produtiva. resíduos nas vias urbanas. / Reconhecido pela ONU,
Uma economia de 15,3 gigawatts.hora (GWh) em dois o programa tem como vantagens estimular a econo-
anos foi um dos resultados do projeto desenvolvido pela mia de energia com melhoria da qualidade de vida
Companhia Energética do Ceará (COELCE). O montante é das comunidades envolvidas, em virtude tanto da
equivalente ao suprimento de quase oito mil residências diminuição da conta de luz quanto da redução dos
com perfil de consumo da ordem de 80 kilowatts.hora/mês. resíduos nas vias urbanas.

71
Em uma manhã de inverno de 1978, a assistente social Zé- Um homem vai devagar.
lia Machado, 49 anos de idade, encontrou um bebê recém- Um cachorro vai devagar.
-nascido em um terreno baldio. Um burro vai devagar.
33. A expressão “a assistente social”, caso seja colocada após
o substantivo próprio a que se refere, cria, necessaria- Devagar... as janelas olham.
mente, uma falha gramatical. Eta vida besta, meu Deus.

Essa é uma questão delicada, daí a importância que se tenha Carlos Drummond de Andrade. Reunião, 10.ª ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 17.
clareza sobre ela.
34. A frase Essa é uma questão delicada, por isso é impor-
tante que se tenha clareza sobre ela é uma reescrita 40. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
adequada da original registrada. nativa incorreta.
a) Para o autor, em uma visão integral, porém dinâmica
da cidade, a ausência de artigos na primeira estrofe
Parte da população torna-se receptora de “benefícios” não
do texto reflete a similaridade conceitual estabele-
no sentido do patamar do direito e, sim, na perspectiva da
cida entre os substantivos.
troca votos-favores.
b) A fusão dos elementos humanos à paisagem natu-
35. A frase parte da população torna-se receptora de “be-
ral, em uma visão panorâmica, ratifica a ausência de
nefícios” não somente no sentido do patamar do direi-
artigos na primeira estrofe.
to, mas também na perspectiva da troca votos-favores
c) Ao longo do texto, quase não há inserção de adje-
é uma reescrita adequada da original.
tivos, dado o fato de a dinamicidade do texto não
promover espaço para o detalhamento.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- d) O emprego da pontuação ao longo do texto sugere
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e ausência de conhecimento sintático, promovendo
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” lentidão e morosidade na leitura.
36. A sequência “de qualquer país” pode ser reescrita, sem e) É empregada a sinonímia de estruturação sintática e
perda de sentido, como por seja qual for o país. lexical na segunda estrofe.
(Funiversa/Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país 41. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
que passe pela nossa mente – e alguns outros de cuja exis- nativa incorreta.
tência sequer desconfiávamos.” a) Se, ao penúltimo verso, for dada a seguinte redação:
37. A conjunção “e” poderia ser substituída, sem perda de Devagar... às janelas olham ter-se-á modificação se-
sentido, pela locução além de. mântica da estrutura textual.
b) A variação da abordagem semântica na estrutura
(Funiversa/Terracap) A vida se esvai, mas localizaram um sintática do texto tornou-o incoeso e inacessível ao
doador compatível: já para a mesa de cirurgia. leitor.
38. A seguinte reescritura do trecho está gramaticalmente c) Nenhum atributo é legado aos substantivos da se-
correta: localizaram um doador compatível; portanto, gunda estrofe, porém, apesar desta característica, é
vá urgente para a mesa de cirurgia. Porém, ela perde em perceptível a introdução de movimentação espacial.
qualidade para a original, mais sintética e mais expressiva. d) No texto, é possível verificar a ocorrência de artigo
indefinido.
39. (Funiversa/Adasa) O trecho “É a conduta dos seres hu- e) No trecho “Devagar... as janelas olham.”, foi emprega-
manos, cegos entre si mesmos e ao mundo na defesa da da a personificação, processo que humaniza objetos.
negação do outro, o que tem feito do presente humano
o que ele é.” pode ser reescrito, sem que haja alteração Partindo-se desse entendimento, vê-se que um bom “trata-
de sentido, da seguinte forma: mento penal” não pode residir apenas na abstenção da vio-
a) É o agir humano, cego ao outro e ao mundo na negação lência física ou na garantia de boas condições para a custódia
de outro mundo, o que faz do presente o que ele é. do indivíduo, em se tratando de pena privativa de liberdade:
b) É o mal inerente ao homem, que o torna cego em deve, antes disso, consistir em um processo de superação de
relação ao próximo e ao mundo, que faz do presente uma história de conflitos, por meio da promoção dos seus
o que ele é. direitos e da recomposição dos seus vínculos com a socie-
c) É a maneira de agir do homem, alienado ao negar o dade, visando criar condições para a sua autodeterminação
outro seja na forma do semelhante ou na forma do responsável.
mundo, que faz do presente o que ele é.
d) É a forma de agir dos homens que se tornam cegos 42. (Funiversa/Sejus) Nas alternativas a seguir, são apresen-
para com os outros e para com o mundo que faz deste tadas reescrituras de trechos do segundo parágrafo do
mundo o que ele é. texto. Assinale aquela em que se preserva o sentido do
e) É a conduta da humanidade, cega entre si e ao mundo trecho original.
por negar o outro, o que torna o homem mau como a) Um tratamento eficaz da pena não pode dispensar
Língua Portuguesa

o presente em que ele vive. a agressão física ou a garantia de uma permanência


prolongada do indivíduo por um certo tempo privado
Texto para responder às questões 40 e 41. de sua liberdade.
b) A abstenção da violência física e a garantia de boas
Cidadezinha qualquer condições para a custódia do indivíduo correspondem
a um bom “tratamento penal”.
Casas entre bananeiras c) Em se tratando de pena privativa de liberdade, um bom
mulheres entre laranjeiras “tratamento penal” não é garantido pela falta de vio-
pomar amor cantar. lência física ou pela boa guarda do detento na prisão.

72
d) Um bom “tratamento penal” resiste a um processo CONCORDÂNCIA VERBAL
de superação de uma história de conflitos.
e) Um bom “tratamento penal” supõe a superação dos • Sujeito composto com pessoas gramaticais diferentes.
conflitos da história, promovendo direitos e recom- Verbo no plural e na pessoa de número mais baixo.
pondo os vínculos da sociedade, para que o sujeito Carlos, eu e tu vencemos.
se torne mais responsável. Carlos e tu vencestes ou venceram.

1 A União Europeia inaugurou um novo patamar de • Sujeito composto posposto ao verbo. Verbo no plural ou
integração política e econômica no globo. A cooperação de acordo com o núcleo mais próximo.
entre seus países permitiria à região fazer frente a outras Vencemos Carlos, eu e tu. Ou:
4 potências, como os Estados Unidos e o Japão, e, assim, Venceu Carlos, eu e tu.
assegurar o bem-estar social e a segurança de sua po-
pulação. Com o passar dos anos, o bloco incorporou na- • Sujeito composto de núcleos sinônimos (ou quase) ou em
7 ções menos desenvolvidas do continente e instituiu uma gradação. Verbo no plural ou conforme o núcleo próximo.
moeda única, o euro, que atraiu investidores e chegou a A alegria e o contentamento rejuvenescem. Ou:
A alegria e o contentamento rejuvenesce.
ameaçar o domínio do dólar como reserva internacional
Os EUA, a América, o mundo lembraram ontem o Onze de
10 de valor. Mas a crise financeira mundial fez emergir as
Setembro. Ou:
fragilidades na estrutura econômica de algumas nações Os EUA, a América, o mundo lembrou ontem o Onze de
do bloco. À medida que a turbulência dos mercados Setembro.
13 se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal de
alguns países, sobretudo a Grécia. Diante do risco de que • Núcleos no infinitivo, verbo no singular.
o deficit crescente no orçamento grego pudesse conta- Obs.: artigo e contrários, verbo no plural.
16 minar outros europeus com situação fiscal semelhante e Cantar e dançar relaxa.
pôr em xeque a confiabilidade do bloco, líderes regionais Obs.: O cantar e o dançar relaxam.
reuniram-se às pressas na semana passada. Ao fim do Subir e descer cansam.
19 encontro, chegou-se a um acordo para ajudar a Grécia.
Ainda que não tenha sido feita menção formal a um • Sujeito = mais de, verbo de acordo com o numeral.
resgate financeiro, a reunião serviu para acalmar o te- Obs.: repetição ou reciprocidade, só plural.
22 mor dos investidores internacionais. In: Veja, 17/2/2010, Mais de um político se corrompeu.
p. 57 (com adaptações). Mais de dois políticos se corromperam.
Obs.: Mais de um político, mais de um empresário se cor-
43. (Funiversa) Cada uma das alternativas a seguir apresenta romperam. Mais de um político se cumprimentaram.
reescritura de fragmento do texto. Assinale aquela em
que a reescritura mantém a ideia original. • Sujeito coletivo, partitivo ou percentual, verbo concorda
a) A União Europeia lançou um novo andar para a inte- com o núcleo do sujeito ou com o adjunto.
gração política e econômica no globo (linhas 1 e 2). Obs.: coletivo distante do verbo fica no singular ou no plural.
b) A cooperação entre seus países faria que a região O bando assaltou a cidade (assaltar, no passado).
O bando de meliantes assaltou ou assaltaram a cidade.
esbarrasse em outras potências, como os Estados
A maior parte das pessoas acredita nisso. Ou:
Unidos e o Japão (linhas de 2 a 4).
A maior parte das pessoas acreditam nisso.
c) A crise, contudo, trouxe à tona a solidez da econo- A maior parte acredita.
mia de certos países que integram a União Europeia Oitenta por cento da turma passaram ou passou.
(linhas de 10 a 12). Obs.: O povo, apesar de toda a insistência e ousadia, não
d) Diante do risco de que o deficit crescente no or- conseguiu ou conseguiram evitar a catástrofe.
çamento grego pudesse influenciar outros países
europeus que apresentam situação fiscal similar e • Sujeito = pronome pessoal preposicionado
comprometer a confiabilidade da União Europeia, lí- a) núcleo singular, verbo singular.
deres regionais encontraram-se às pressas na semana Algum de nós errou. Qual de nós passou.
passada (linhas de 14 a 18). b) núcleo plural, verbo plural ou com o pronome pessoal.
e) Ainda que não tenha sido discutida uma solução fi- Alguns de nós erraram ou erramos. Quais de nós
nanceira, o encontro teve como objetivo reduzir o erraram ou erramos.
medo dos investidores internacionais (l. 20 a 22).
• Sujeito = nome próprio que só tem plural
GABARITO a) Não precedido de artigo, verbo no singular.
Estados Unidos é uma potência. Emirados Árabes fica
1. C 12. b 23. C 34. C no Oriente Médio.
2. E 13. a 24. b 35. E b) precedido de artigo no plural, verbo no plural.
3. E 14. C 25. a 36. C Os Estados Unidos são uma potência. Os Emirados Ára-
Língua Portuguesa

4. E 15. C 26. E 37. C bes ficam no Oriente Médio.


5. C 16. E 27. C 38. E
6. e 17. E 28. C 39. c • Parecer + outro verbo no infinitivo, só um deles varia.
7. d 18. e 29. d 40. d Os alunos parecem gostar disso. Ou:
8. C 19. a 30. C 41. b Os alunos parece gostarem disso.
9. a 20. E 31. b 42. c
• Pronome de tratamento, verbo na 3ª pessoa.
10. C 21. E 32. e 43. d
Vossas Excelências receberão o convite.
11. C 22. a 33. E
Vossa Excelência receberá seu convite.

73
• Sujeito = que, verbo de acordo com o antecedente. EXERCÍCIOS
Fui eu que prometi.
Foste tu que prometeste. Regra Básica
Foram eles que prometeram.
O núcleo do sujeito conjuga o verbo.
• Sujeito = quem
a) verbo na 3ª pessoa singular; ou Dica:
Fui eu quem prometeu. (prometer, passado) Núcleo do sujeito começa sem preposição.
Foste tu quem prometeu. Foram eles quem prometeu.
b) verbo concorda com o antecedente. 1. (TRT 1ª R/Analista) Julgue os fragmentos de texto apre-
Fui eu quem prometi. Foste tu quem prometeste. Foram sentados nos itens a seguir quanto à concordância verbal.
eles quem prometeram. I – De acordo com o respectivo estatuto, a proteção
à criança e ao adolescente não constituem obrigação
• Dar, bater, soar exclusiva da família.
a) Se o sujeito for número de horas, concordam com nú- II – A legislação ambiental prevê que o uso de água para
mero. o consumo humano e para a irrigação de culturas de
Deu uma hora. Deram duas horas. subsistência são prioritários em situações de escassez.
Soaram dez horas no relógio. III – A administração não pode dispensar a realização
b) Se o sujeito não for número de horas. do EIA, mesmo que o empreendedor se comprometa
O relógio deu duas horas. Soou dez horas no relógio. expressamente a recuperar os danos ambientais que,
porventura, venham a causar.
• Faltar, restar, sobrar, bastar, concordam com seu sujeito IV – A ausência dos elementos e requisitos a que se
normalmente. referem o CPC pode ser suprida de ofício pelo juiz, em
Obs.: sujeito oracional, verbo no singular. qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não for
Faltam cinco minutos para o fim do jogo. proferida a sentença de mérito.
Restavam apenas algumas pessoas.
Sobraram dez reais. A quantidade de itens certos é igual a
Basta uma pessoa. a) 0.
Obs.: Ainda falta depositar dez reais. (note o sujeito ora- b) 1.
cional) c) 2
d) 3.
• Com os verbos mandar, deixar, fazer, ver, ouvir e sentir e) 4.
a) seguidos de pronome oblíquo, o infinitivo não se fle-
xiona. Obs.: 1
Mandei-os sair da sala. Ele deixou-as falar. O professor Depois que o primeiro núcleo do sujeito já está escrito,
o segundo que houver deve estar escrito ou representado
viu-os assinar o papel. Eu os senti bater à porta.
por um pronome.
b) seguidos de substantivo, o infinitivo pode se flexionar
O uso de água e o de combustível são prioritários. (dois
ou não.
núcleos)
Mandei os rapazes sair ou saírem. Ele deixou as amigas
Veja a repetição do “o”. O segundo é pronome. Sem
falar ou falarem. O professor viu os diretores assinar ou
preposição. É núcleo.
assinarem.
Mas em: O uso de água e de combustível é prioritário.
c) seguidos de infinitivo reflexivo, este pode se flexionar (um só núcleo = uso)
ou não.
Cuidado: Na locução verbal, o infinitivo é impessoal Obs.: 2
(sem variação). O pronome relativo pode exercer a função de sujeito,
Vi-os agredirem-se no comício. Ou: Vi-os agredir-se no de objeto, de complemento etc., sempre dentro da oração
comício. Ele prefere vê-las abraçarem-se ou abraçar-se. adjetiva.
Cuidado: Os números da fome podem ficar piores. (fi-
carem: errado) Cuidado!
O pronome relativo refere-se a um termo antes, mas
• Concordância especial do verbo ser. esse termo faz parte de outra oração. O termo referido pre-
a) se sujeito indica coisa no singular, e predicativo indica enche, supre apenas o sentido. Esse termo referido não é o
coisa no plural, ser prefere o plural, mas admite o sin- sujeito, o objeto etc. da oração subordinada adjetiva.
gular. A casa / que comprei / era velha.
Tua vida são essas ilusões. (presente). Ou: Tua vida é
essas ilusões. Oração principal: A casa era velha
b) se sujeito ou predicativo for pessoa, ser conforme a Sujeito = A casa
Língua Portuguesa

pessoa. Oração subordinada adjetiva: que comprei


Você é suas decisões. Seu orgulho eram os velhinhos. Sujeito = eu
O motorista sou eu. Ou: Eu sou o motorista. Objeto direto (sintático) = que
c) data, hora e distância, verbo conforme o numeral.
É primeiro de junho. (presente) São ou é quinze de maio. Atenção:
É uma hora. São vinte para as duas. É uma légua. São Somente o sentido é que nos leva a ver que: comprei a casa.
três léguas. Porém, o pronome relativo está no lugar da casa. O pronome
d) indicando quantidade pura, verbo na 3ª pessoa singular. relativo é o objeto sintático.
Quinze quilos é pouco. Três quilômetros é suficiente. Podemos chamar de objeto semântico o termo “A casa”,

74
mas apenas pelo sentido, jamais pela análise sintática. A aná- 12. ( ) Na sala, existiam vinte pessoas.
lise sintática deve ser feita dentro de cada oração. 13. ( ) Na sala, existia vinte pessoas.
14. ( ) No carnaval, houve menos acidentes.
(TCU) “Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, 15. ( ) No carnaval, houveram menos acidentes.
creio que não poderemos escapar da conclusão de que o pro- 16. ( ) No carnaval, ocorreram menos acidentes.
cesso é totalmente coerente com as premissas da ideologia 17. ( ) No carnaval, ocorreu menos acidentes.
econômica que têm se afirmado como a forma dominante 18. ( ) Haverá dois meses que não o vejo.
de representação do mundo ao longo dos últimos 100 anos, 19. ( ) Haverão dois meses que não o vejo.
aproximadamente.” 20. ( ) Jamais pode haver incoerências no texto.
2. A forma verbal “têm” em “têm se afirmado” estabele- 21. ( ) Jamais podem haver incoerências no texto.
ce relação de concordância com o termo antecedente 22. ( ) Jamais podem existir incoerências no texto.
“ideologia”. 23. ( ) Jamais pode existir incoerências no texto.
3. Qual é o sujeito sintático de “têm”? 24. ( ) Haviam sido eleitos novos presidentes.
4. Qual é o sujeito semântico de “têm”? 25. ( ) Havia sido eleito novos presidentes.
5. Qual é a função sintática de “as premissas da ideologia”?
Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens a se-
(TCU) “Dentro de um mês tinha comigo vinte aranhas; no guir quanto à concordância verbal.
mês seguinte cinquenta e cinco; em março de 1877 contava
quatrocentas e noventa.” 26. (TRT 9ª R) Na redação da peça exordial, deve haver indi-
6. O verbo ter está empregado no sentido de haver, existir, cações precisas quanto à identificação das partes bem
por isso mantém-se no singular, sem concordar com o como do representante daquele que figurará no polo
sujeito da oração – “vinte aranhas”. ativo da eventual ação.

Obs.: Verbo sem sujeito chama-se verbo impessoal. (TCU) “O melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá
A regra é ficar na 3ª pessoa do singular. Ver verbo haver. andando, até achar entrada. Há de haver alguma”.
27. Na expressão Há de haver verifica-se o emprego impes-
“Novos instrumentos vêm ocupar o lugar dos instrumentos soal do verbo haver na forma “Há”.
velhos e passam a ser utilizados para fazer algo que nunca
tinha sido imaginado antes.” (DFTrans) “As estradas da Grã-Bretanha tinham sido cons-
7. É gramaticalmente correta e coerente com a argumen- truídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por car-
tação do texto a seguinte reescrita para o período final: ruagens romanas”.
Cada novo instrumento que vêm ocupar o lugar dos ins- 28. Devido ao valor de mais-que-perfeito das duas formas
trumentos antigos passam a ser utilizados para fazer algo verbais, preservam-se a coerência textual e a correção
que ainda não fôra imaginado. gramatical ao se substituir “tinham sido” por havia sido.

“Agora, ao vê-lo assim, suado e nervoso, mudando de lugar (PMDF) “Jamais houve tanta liberdade e o crescimento das
o tempo todo e murmurando palavras que me escapavam, democracias foi extraordinário”.
temia que me abordasse para conversar sobre o filho.” 29. A substituição do verbo impessoal haver, na sua forma
8. A forma verbal “temia” concorda com o sujeito de tercei- flexionada “houve”, pelo verbo pessoal existir exige
ra pessoa do singular ele, que foi omitido pelo narrador. que se faça a concordância verbal com “liberdade” e
“crescimento”, de modo que, fazendo-se a substituição,
9. A substituição de “teria” por teriam não altera o sentido deve-se escrever existiram.
nem a adequação gramatical do trecho “o valor de suas
casas, que serviam de garantia para os empréstimos, (Abin) “Melhorar o mecanismo de solução de controvérsias
teria de continuar subindo indefinidamente”. é um dos requisitos para o fortalecimento do Mercosul, vide
as últimas divergências entre Brasil e Argentina”.
Regras Especiais 30. Mantém-se a obediência à norma culta escrita ao se
substituir a palavra “vide” por haja visto, uma vez que
Verbo haver com sujeito. as relações sintáticas permanecem sem alteração.
Eles haviam chegado.
Outros Verbos Impessoais
Verbo haver sem sujeito tem o sentido de existir, acon-
tecer ou tempo decorrido. Verbo fazer indicando tempo ou clima.

Regra: 31. (Metro-DF) Assinale a opção correspondente ao período


Verbo sem sujeito (impessoal) fica no singular (3ª pessoa). gramaticalmente correto.
Aqui havia uma escola. → Aqui existia uma escola. a) Fazem dez anos que eles iniciaram as suas pesquisas,
uma escola = objeto direto mas até agora eles não tem nenhum resultado con-
uma escola = sujeito clusivo.
Língua Portuguesa

b) Faz dez anos que eles iniciaram suas pesquisas. En-


Aqui havia duas escolas. → Aqui existiam duas escolas. tretanto, até agora, eles não têm nenhum resultado
Cuidado: Aqui haviam duas escolas. (errado) conclusivo.
c) Fazem dez anos que eles iniciaram as suas pesquisas,
Obs.: O verbo haver no sentido de existir é invariável. mas, até agora eles não têm nenhum resultado con-
clusivo.
Certo ou errado? d) Faz dez anos que eles iniciaram suas pesquisas en-
10. ( ) Na sala, havia vinte pessoas. tretanto, até agora, eles não tem nenhum resultado
11. ( ) Na sala, haviam vinte pessoas. conclusivo.

75
Sujeito com Núcleo Coletivo, Partitivo ou Percentual Sujeito Composto Escrito após o Verbo

Regra: Regra:
O núcleo conjuga o verbo, ou o adjunto adnominal Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo
conjuga o verbo. próximo conjuga o verbo.

(Ibram-DF) “Um caso de amor e ódio. A maioria dos estudio- “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz
sos evita os clichês como o diabo foge da cruz, mas as frases um livro, um governo, ou uma revolução”.
39. No trecho “assim se faz um livro”, a expressão “um livro”
feitas dão o tom do uso da língua.”
exerce a função de sujeito.
32. No segundo período do texto, a forma verbal “evita”, em-
pregada no singular, poderia ser substituída pela forma Atenção:
flexionada no plural, evitam, caso em que concordaria Com a palavra se, o verbo de ação não tem objeto direto.
com “estudiosos”, sem que houvesse prejuízo gramatical Quando temos a palavra se, o objeto direto vira sujeito pacien-
para o período. te. Então, chamamos a palavra se de partícula apassivadora.

(MPU) “A maioria dos países prefere a paz.” “Acho que se compreenderia melhor o funcionamento da lin-
33. Está de acordo com a norma gramatical escrever “pre- guagem supondo que o sentido é um efeito do que dizemos,
ferem”, em lugar de “prefere”. e não algo que existe em si, independentemente da enun-
ciação, e que envelopamos em um código também pronto.
(PF) “Hoje, 13% da população não sabe ler.” Poderiam mudar muitas perspectivas: se o sentido nunca
34. A forma verbal “sabe”, no texto, está flexionada para é prévio, empregar ou não um estrangeirismo teria menos a
concordar com o núcleo do sujeito. ver com a existência ou não de uma palavra equivalente na
língua do falante. O que importa é o efeito que palavras es-
trangeiras produzem. Pode-se dar a entender que se viajou,
(PCDF) “Uma equipe de policiais está junta por dez anos e
que se conhecem línguas. Uma palavra estrangeira em uma
aprenderam a investigar.”
placa ou em uma propaganda pode indicar desejo de ver-se
35. Está adequada à norma culta a redação do texto. associado a outra cultura e a outro país, por seu prestígio.”
40. Para se manter o paralelismo com o primeiro e o último
(TCU) “Os meus pupilos não são os solários de Campanela períodos sintáticos do texto, o segundo período também
ou os utopistas de Morus; formam um povo recente, que admitiria uma construção sintática de sujeito indeter-
não pode trepar de um salto ao cume das nações seculares.” minado, podendo ser alterado para Poderia se mudar
36. A forma verbal “formam” está flexionada na 3ª pessoa muitas perspectivas.
do plural para concordar com a ideia de coletividade
que a palavra “povo” expressa. Atenção:
Muito cuidado com as duas opções de análise! Em lo-
Cuidado com a exceção! cução verbal com a palavra SE na função de partícula apas-
Quando o núcleo coletivo, partitivo ou percentual está sivadora, podemos analisar como sujeito simples nominal,
após o verbo, somente o núcleo conjuga o verbo. (regra: o núcleo conjuga o verbo) ou como sujeito oracional,
(regra: o verbo fica no singular).
(Iema-ES) “Quando se constrói um transgênico, os objetivos
41. A flexão de plural em lugar de “Pode-se” respeita as
são previsíveis, bem como seus benefícios. Entretanto, os
regras de concordância com o sujeito oracional “dar a
riscos de efeitos indesejáveis ao meio ambiente e à saúde
entender”.
humana são imprevisíveis, a não ser que se gere também
uma série de estudos para avaliar suas reais consequências.” Regra:
37. Seria mantida a correção gramatical do período caso a Sujeito oracional pede verbo no singular.
forma verbal “gere” estivesse flexionada no plural, em Cantar e dançar relaxa. (certo) => O sujeito de “relaxa”
concordância com a palavra “estudos”. é oração: cantar e dançar.
Cantar e dançar relaxam (errado).
Sujeito com Núcleos Sinônimos ou Quase
Atenção:
Regra: Caso os verbos do sujeito oracional expressem sentidos
Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo opostos, teremos plural.
próximo conjuga o verbo. Subir e descer cansam. (certo) => Note os opostos: subir
A paz e a tranquilidade descansam a alma. e descer.
A paz e a tranquilidade descansa a alma. Subir e descer cansa. (errado)

Verbo no Infinitivo
(Abin) “A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin)
Língua Portuguesa

e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)


Regra 1:
permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a atividade de Como verbo principal, não pode ser flexionado.
Inteligência.” Temos de estudarmos. (errado)
38. Como o sujeito do primeiro período sintático é formado Temos de estudar. (certo)
por duas nominalizações articuladas entre si pelo sentido
– “criação” e “consolidação” –, estaria também gramati- Observe:
calmente correta a concordância com o verbo permitir Os países precisam investir em novas tecnologias e oti-
no singular – permite. mizarem os processos burocráticos. (errado)

76
Os países precisam investir em novas tecnologias e oti- Regra:
mizar os processos burocráticos. (certo) A flexão volta a ser opcional, mesmo que o sujeito
do infinitivo seja representado por pronome.
Note: Mandei-os abraçar-se. (certo)
Subentendemos “precisam” antes de “otimizar”. Então, Mandei-os abraçarem-se. (certo também)
“otimizar” é verbo principal. Forma locução verbal. Note que o sentido de “abraçar” é fazer ação um ao
outro (recíproca).
Dica:
O verbo principal é o último da locução verbal. O pri- (MI) “A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio,
meiro é auxiliar. Conforme o padrão da Língua Portuguesa, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes
só o verbo auxiliar se flexiona. para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar
vir da Europa alguns pássaros etc.”
Regra 2: 45. Em “mandar vir da Europa alguns pássaros”, a forma
Como verbo que complementa algum termo, o infinitivo verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal
pode se flexionar ou não. É facultativo. Claro que precisa se “alguns pássaros”, que é o sujeito desse verbo.
referir, pelo menos, a um sujeito semântico no plural.
Regra 4:
(TRT 9ª R) “E a crise norte-americana, que levou investidores Infinitivo após o verbo parecer.
a apostar no aumento dos preços de alimentos em fundos
de hedge.” Regra:
42. No trecho “que levou investidores a apostar no aumento Flexionamos o verbo parecer, mas não o verbo no infini-
dos preços de alimentos em fundos de hedge”, a substi- tivo; ou deixamos o verbo parecer no singular e flexionamos
tuição de “apostar” por apostarem manteria a correção o verbo no infinitivo.
gramatical do texto. Os meninos parecem brincar. (certo)
Os meninos parece brincarem. (certo também)
(Iema-ES) “O Ibama tem capacitado seus quadros para au-
xiliar as comunidades a elaborarem o planejamento do uso Atenção:
sustentável de áreas de proteção ambiental, florestas nacio- Somente quando flexionamos apenas o verbo auxiliar é
nais e reservas extrativistas.” que se pode considerar de fato uma locução verbal.
43. Se a forma verbal “elaborarem” estivesse no singular Os meninos parecem brincar.
elaborar, a correção gramatical seria preservada.
Portanto, não temos locução verbal em
(HFA) “Essa fartura de tal modo contrasta com o padrão de Os meninos parece brincarem.
vida médio, que obriga aquelas pessoas a se protegerem Trata-se de uma figura de linguagem de ordem sintáti-
do assédio, do assalto e da inveja, sob forte esquema de ca que consiste em antepor a uma oração parte da oração
segurança.” seguinte (prolepse).
44. Se o infinitivo em “se protegerem” fosse empregado, Traduzindo: a oração subordinada substantiva subjetiva
alternativamente, na forma não flexionada, o texto man- tem seu sujeito escrito antes do verbo da oração principal,
teria a correção gramatical e a coerência textual. mas o predicado da oração subordinada substantiva subjetiva
permanece após o verbo da principal.
Regra 3:
Muita atenção com os verbos causativos mandar, fazer, Os meninos parece brincarem. É o mesmo que, na ordem
deixar e semelhantes e os sensitivos ver, ouvir, notar, per- direta: Os meninos brincarem parece.
ceber, sentir, observar e semelhantes. Oração principal: parece.
Esses verbos não são auxiliares do infinitivo, ou seja, não Oração subordinada substantiva subjetiva: Os meninos
formam locução verbal como verbo principal do infinitivo. brincarem.
É simples: basta ver que o sujeito de um, geralmente,
não é o mesmo do outro. E verbos que formam locução Regra especial do verbo ser.
verbal devem possuir o mesmo sujeito sintático.
Sujeito “Ser” varia Predicativo
Vejamos as regras em três situações diferentes:
a) O sujeito do infinitivo é representado por substantivo.
Regra: Coisa Singular Singular ou Plural Coisa Plural
A flexão do infinitivo é opcional. Obs.: o plural é preferível.
Mandei os meninos entrar. (certo) Seu orgulho são os livros.
Mandei os meninos entrarem. (certo também) Seu orgulho é os livros.

b) O sujeito do infinitivo é representado por pronome. Cuidado!


Língua Portuguesa

Regra: Se o plural vier primeiro, somente verbo no plural.


A flexão do infinitivo é proibida. Os livros são seu orgulho.
Mandei-os entrar. (certo)
Coisa Com a Pessoa Pessoa
Mandei-os entrarem. (errado)
Obs.: a ordem não importa.
Observação: Seu orgulho eram os filhos.
Note o pronome “OS” no lugar de “os meninos”. Os filhos eram seu orgulho.
As alegrias da casa será Gabriela.
c) O sentido do infinitivo é de reciprocidade. Gabriela será as alegrias da casa.

77
Sem Sujeito Com o Numeral Hora Substantivos + Adjetivo
Distância Adjetivo concorda com substantivo mais próximo ou com
Data todos. No plural, o masculino prevalece sobre o feminino.
Acordo e relação diplomática / diplomáticos
São nove horas.
Proposta e relação diplomática / diplomáticas
Eram vinte para a uma da tarde.
Relação e acordos diplomáticos
É uma e quarenta da manhã.
Até lá são duzentos quilômetros.
Adjetivo + Substantivo
Adjetivo concorda com substantivo mais próximo.
Obs.: nas datas, o núcleo do predicativo conjuga o verbo.
Novo acordo e relação, nova relação e acordo.
Hoje são 19.
Amanhã serão 20.
Substantivo + Adjetivos
É dia 20.
Artigo e substantivo no plural + adjetivos no singular.
(núcleo = dia)
Artigo e substantivo no sing. + adjetivos no sing. (2º com
Quantidade pura Singular Nada artigo)
Pouco As embaixadas brasileira e argentina.
Bastante... A embaixada brasileira e a argentina.
Dois litros é bastante. O mercado europeu e o americano.
Vinte milhões de reais é muito. Os mercados europeu e americano.
Três quilômetros será suficiente.
Quinze quilos é pouco. Ordinais + Substantivo
Ordinais com artigo => substantivo no singular ou no plural.
(PMDF) “Antes da Revolução Industrial, um operário só pos- Só o 1º ordinal com artigo => substantivo no plural.
suía a roupa do corpo. Sua maior riqueza eram os pregos O penúltimo e o último discurso / discursos
de sua casa.” O penúltimo e último discursos.
46. A flexão de plural na forma verbal “eram” deve-se à
concordância com “os pregos”; mas as regras gramaticais É bom, é necessário, é proibido
permitiriam usar também a flexão de singular, era. Não variam com sujeito em sentido vago ou geral (sem
artigo definido, pronome...)
Gabarito É necessário aprovação rápida do acordo.
É necessária a aprovação rápida do acordo.
1. a 20. C
2. E 21. E Um e outro, nem um nem outro
3. que, pronome relativo 22. C Substantivo seguinte no singular, adjetivo no plural.
com função de sujeito 23. E Um e outro memorando foi encaminhado.
sintático. 24. C O governo não aprovou nem uma nem outra medida
4. As premissas da ideolo- 25. E provisória.
gia econômica, referen- 26. C
te do pronome relativo. 27. C Particípio
5. Complemento nominal 28. E Só não varia nos tempos compostos (com ter ou haver)
do adjetivo “coerente”. 29. E – voz ativa.
6. E 30. E O Ministério havia obtido informações.
7. E 31. b Informações foram obtidas. Terminada a conferência,
8. E 32. C procedeu-se ao debate.
9. E 33. C
7. C 34. E De + Adjetivo
8. C 35. E Adjetivo não varia ou concorda com termo a que se refere.
9. E 36. E Essa decisão tem pouco de sábio / de sábia.
10. C 37. E
11. E 38. E Meio, bastante, barato e caro
12. C 39. C Variam quando adjetivos (modificam substantivo).
13. E 40. E Não variam quando advérbios (modificam verbo ou ad-
14. C 41. E jetivo).
15. E 42. C Bastantes índios invadiram o Ministério. Reivindicações
16. C 43. C de meias palavras, porém protestos meio confusos.
17. E 44. C Atendê-las custa caro, pois não são baratos os prejuízos.
18. C 45. C
19. E 46. C Possível
Língua Portuguesa

O mais, o menos, o maior... + possível.


Os mais, os menos, os maiores... + possíveis.
CONCORDÂNCIA NOMINAL Quanto possível não varia.
Haverá reuniões o mais curtas possível.
Regra Geral Haverá reuniões as mais curtas possíveis.
As reuniões serão tão curtas quanto possível.
Adjetivo concorda com substantivo
Acordo diplomático, relação diplomática, acordos diplo- Só
máticos, relações diplomáticas. Varia = sozinho.

78
Não varia = somente. Julgue os itens seguintes.
Não estamos sós na sala. “Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre
Só nós estamos na sala. sua mãe e seu marido”.
21. O vocábulo meio é um advérbio, por isso não concorda
Variam com cômica.
• Mesmo, próprio
Os membros mesmos / próprios ignoram a solução. “Existe toda uma hierarquia de funcionários e autoridades re-
• mesmo = realmente ou até: não varia presentados pelo superintendente da usina, o diretor-geral,
A solução será mesmo essa. o presidente da corporação, a junta executiva do conselho
Mesmo os membros criticaram. de diretoria e o próprio conselho de diretoria.”
• extra 22. Com relação à norma gramatical de concordância, o
As horas extras serão pagas. autor poderia ter usado, sem incorrer em erro, a forma
• quite funcionários e autoridades representadas.
Os servidores estão quites com suas obrigações.
• nenhum “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos,
Não entregaremos propostas nenhumas. alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio
• obrigado desbotado.”
– Obrigada, disse a secretária. 23. No texto lido seria gramaticalmente correta a construção
• anexo, incluso apertada em uma roupa de chita, meia desbotada.
As planilhas estão anexas / inclusas.
Em anexo não varia (Iades) “Oitenta e cinco por cento dos casos estudados foram
As planilhas estão em anexo. muito bem-sucedidos”.
• todo 24. O verbo ser, conjugado como “foram”, pode ser empre-
As regras todas foram estabelecidas. gado também no singular.
Não variam (Iades) “O fundamental é não morrer de fome e ver supridas
• alerta certas necessidades básicas”.
Os vigias do prédio estão alerta. 25. O termo “supridas” poderia ser usado no masculino
• menos
singular, sem prejuízo gramatical.
Essas eram nações menos desenvolvidas.
• haja vista
(Iades) “Essa é uma questão delicada, daí a importância que
Haja vista as negociações, os americanos não cederão.
se tenha clareza sobre ela, pois, quando se trabalha com a
• em via de
Os europeus estão em via de superar os americanos. política de assistência social nos espaços”,
• em mão 26. O verbo “trabalha” poderia ser usado no plural, sem
Entregue em mão os convites. prejuízo gramatical.
• a olhos vistos
A reforma agrária cresce a olhos vistos. (Funiversa/Terracap) “São emissoras transmitidas de qual-
• de maneira que, de modo que, de forma que quer país que passe pela nossa mente – e alguns outros de
Os ouvintes silenciaram, de maneira que estão do nosso cuja existência sequer desconfiávamos.”
lado. 27. A forma verbal “passe”, se usada no plural, provocaria
• cor com nome proveniente de objeto mudança inaceitável de sentido, uma vez que remeteria
Papéis rosa, tecidos abóbora. Carros vinho. a emissoras, e não mais a país.

Exercícios (Funiversa/Terracap) “Já existem vários portais ativos e em


crescimento que disponibilizam para o internauta canais de
Julgue os itens seguintes quanto à concordância nominal. televisão. O wwitv, por exemplo, oferece atualmente nada
1. É proibida entrada de pessoas não autorizadas. menos de 1.827 estações on-line (número de 4 de dezembro,
2. Fica vedada visita às segundas-feiras. crescendo à razão de duas por dia). São emissoras transmiti-
3. Os consumidores não somos nenhuns bobocas. das de qualquer país que passe pela nossa mente – e alguns
4. Traga cervejas o mais geladas possível. outros de cuja existência sequer desconfiávamos.”
5. Houve menas gente no comício hoje. 28. A forma verbal “São” é usada no plural porque concorda
6. Vai inclusa à relação o recibo dos depósitos. com o sujeito implícito duas por dia.
7. Era deserta a vila, a casa, o campo.
8. É necessária muita fé. (Funiversa/Terracap) “Em meio à burocracia oficial, o rock
9. Em sua juventude, escreveu bastantes poemas. ocupou o espaço urbano, os parques, as superquadras de
10. Ele usava uma calça meia desbotada. Lucio Costa, cresceu e apareceu.”
11. A Marinha e o Exército brasileiro participaram do desfile. 29. Os verbos “cresceu” e “apareceu” deveriam vir flexio-
12. A Marinha e o Exército brasileiros participaram do desfile. nados no plural para concordar com seus referentes, os
13. Remeto-lhe incluso uma fotocópia do certificado. parques e as superquadras.
14. O garoto queria ficar a só.
Língua Portuguesa

15. Os Galhofeiros é um ótimo filme dos Irmãos Marx. Gabarito


16. Descontado o imposto, restou apenas R$10.000,00.
17. Muito obrigada – disse-me ela – eu mesma resolverei o 1. E 7. C 13. E 19. E 25. E
problema: vou comprar trezentos gramas de presunto. 2. C 8. E 14. E 20. E 26. E
18. Necessitam-se de leis mais rigorosas para controlar os 3. C 9. C 15. C 21. C 27. E
abusos dos motoristas inescrupulosos. 4. C 10. E 16. E 22. C 28. E
19. Já faziam duas semanas que a reunião estava marcada,
5. E 11. C 17. C 23. E 29. E
mas os diretores não compareciam para concretizá-la.
6. E 12. C 18. E 24. E
20. Senhor diretor, já estamos quite com a tesouraria.

79
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL 15. O plano visa ao combate da inflação.
16. O plano visa combater a inflação.
Observe: 17. O plano visa a combater a inflação.
18. O policial visou o sequestrador e atirou.
19. O policial visou ao sequestrador e atirou.
Todos leram o relatório. 20. O combate que o plano visa exige rigor.
Todos se referiram ao rela- Verbo + objeto 21. O combate a que o plano visa exige rigor.
Regência
tório. 22. O combate ao qual o plano visa exige rigor.
verbal
Todos chegaram ao colégio. Verbo + adjunto 23. O combate a quem o plano visa exige rigor.
adverbial 24. O sequestrador que o policial visou fugiu.
Todos fizeram referência ao 25. O sequestrador a que o policial visou fugiu.
26. O sequestrador a quem o policial visou fugiu.
relatório. Nome +
Regência Obs.: o pronome relativo “quem” sempre é preposicio-
O voto foi favorável ao re- complemento nado, quando seu papel é complemento.
nominal
latório. nominal 27. O sequestrador ao qual o policial visou fugiu.

Problemas estudados pela regência: Verbo Prep. Complemento Sentido


1) Diferença entre o uso formal e o uso informal: Chegamos implicar algo = acarretar
em São Paulo. (informal) x Chegamos a São Paulo. (formal) implicar com alguém = embirrar
2) Diferença de sentido com diferentes regências: Assis-
timos ao filme. (sentido de “ver”) x Assistimos os doentes. Julgue os itens.
(sentido de “ajudar”) 28. A crise implicou em desemprego.
29. A crise implicou desemprego.
Atenção! 30. Ele implica com a sogra.
Os verbos que serão estudados aqui exigem cuidado, 31. Foi grande o desemprego em que a crise implicou.
porque podem receber diferentes tipos de complemen- 32. Foi grande o desemprego que a crise implicou.
to e mudar de sentido. CUIDADO também para notar 33. O estudo implica vitória.
que pode existe uma forma culta (correta) e uma forma 34. O estudo implica na vitória.
coloquial (incorreta). E as provas podem pedir que o can-
didato saiba a diferença. Verbo Prep. Complemento
Verbos Importantes: obedecer a algo/alguém
assistir, avisar, informar, comunicar, visar, aspirar, custar, cha-
mar, implicar, lembrar, esquecer, obedecer, constar, atender, Julgue os itens.
proceder. 35. Os motoristas obedecem o código de trânsito.
36. Os motoristas obedecem ao código de trânsito.
Para as provas de diversas bancas, é importante estudar 37. Eles estudaram o código e o obedecem.
e saber a maneira correta de completar esses verbos. 38. Eles estudaram o código e lhe obedecem.
39. Eles estudaram o código e obedecem a ele.
40. O código que eles obedecem é rigoroso.
Verbo Prep. Complemento Sentido 41. O código a que eles obedecem é rigoroso.
Assistir a algo = ver 42. Os funcionários obedecem o chefe.
Assistir (a) alguém = ajudar 43. Os funcionários obedecem ao chefe.
44. Eles ouvem o chefe e o obedecem.
Obs.: Entre parênteses (a) quando for elemento facultativo. 45. Eles ouvem o chefe e lhe obedecem.
46. Eles ouvem o chefe e obedecem a ele.
Julgue os itens a seguir. 47. O chefe que eles obedecem é rigoroso.
1. Ontem, assistimos ao jogo do Vasco. 48. O chefe a que eles obedecem é rigoroso.
2. Ontem, assistimos o jogo do Vasco. 49. O chefe a quem eles obedecem é rigoroso.
3. O bombeiro assistiu o acidentado.
4. O bombeiro assistiu ao acidentado.
avisar algo a alguém
5. Foi bom o jogo que assistimos.
6. Foi bom o jogo a que assistimos. informar alguém de / algo
7. Foi bom o jogo ao qual assistimos. comunicar sobre
8. Foi bom o jogo o qual assistimos.
9. O acidentado que o bombeiro assistiu melhorou. Julgue os itens.
10. O acidentado a que o bombeiro assistiu melhorou. 50. Avise o prazo aos estudantes.
11. O acidentado a quem o bombeiro assistiu melhorou. 51. Avise os estudantes sobre o prazo.
12. O acidentado ao qual o bombeiro assistiu melhorou. 52. Avise do prazo os estudantes.
13. O acidentado o qual o bombeiro assistiu melhorou. 53. Avise aos estudantes o prazo.
Língua Portuguesa

54. Avise aos estudantes sobre o prazo.


55. Avise-lhes o prazo.
Verbo Prep. Complemento Sentido 56. Avise-lhes do prazo.
visar a algo = almejar 57. Avise-os do prazo.
visar (a) verbo = almejar 58. Avise-os o prazo.
visar algo/alguém = mirar 59. Avise-o a eles.
60. O prazo que lhes avisei expirou.
Julgue os itens a seguir. 61. O prazo de que lhes avisei expirou.
14. O plano visa o combate da inflação. 62. O prazo de que os avisei expirou.

80
63. O prazo que os avisei expirou. 91. Atendi o telefonema.
64. Avisamos-lhe que é feriado. 92. Atendi ao telefonema.
65. Avisamos-lhe de que é feriado. 93. Vi o cliente e o atendi.
66. Avisamo-lo que é feriado. 94. Vi o cliente e lhe atendi.
67. Avisamo-lo de que é feriado.
Verbo Prep. Complemento Sentido
Verbo Prep. Complemento Sentido proceder a algo = realizar, fazer
aspirar a algo = almejar proceder = ter fundamento
aspirar algo = respirar, sorver proceder de lugar = ser originário de
Julgue os itens. proceder = agir, comportar-se
68. Estava no centro de São Paulo. Ali, aspirava o ar puro
do campo. Julgue os itens seguintes.
69. Estava no centro de São Paulo. Ali, aspirava ao ar puro 95. O delegado procedeu ao inquérito.
do campo. 96. O delegado procedeu o inquérito.
70. Estava na fazenda. Ali, aspirava o ar puro do campo. 97. Os argumentos do advogado procedem.
71. Estava na fazenda. Ali, aspirava ao ar puro do campo. 98. O delegado procede de Brasília.
  99. O delegado procedeu com firmeza.
Verbo Prep. Complemento Sentido  
chamar alguém = convidar, invocar Verbo Prep. Complemento Sentido
chamar (a) alguém = qualificar, atribuir constar de partes = ser formado de
característica partes
constar em um todo = estar dentro de um
Julgue os itens. todo
72. Chamaram o delegado para o evento. constar = estar presente
73. Chamaram ao delegado para o evento.
74. Chamaram o delegado de corajoso. Julgue os itens.
75. Chamaram ao delegado de corajoso. 100. O nome do candidato constava na lista de aprovados.
76. Chamaram corajoso o delegado. 101. O nome do candidato constava da lista de aprovados.
77. Chamaram corajoso ao delegado.
102. O relatório consta de dez páginas.
78. Chamaram-lhe corajoso.
103. O relatório consta com dez páginas.
79. Chamaram-lhe de corajoso.
80. Chamaram-no de corajoso. 104. Tais informações constam.
81. Chamaram-no corajoso. 105. Consta uma multa.
   
Verbo Prep. Complemento Verbo Prep. Complemento Sentido
esqueci algo ou alguém custar adverbial = valor
esqueci-me de algo ou alguém Julgue os itens.
esqueci-me (de) algo ou alguém 106. O carro custa R$20.000,00.
Atenção! O sentido não pode ser “demorar”:
Lembre-se: entre parênteses (de), preposição facultativa. 107. O desfile custou a terminar.
Cuidado! O sujeito não pode ser pessoa.
Julgue os itens. 108. O pai custou a acreditar no filho.
82. Esqueci dos eventos. Importante! O sentido adequado é algo (sujeito) custar
83. Esqueci os eventos. (ser difícil) para alguém (complemento). Veja:
84. Esqueci-me dos eventos. O relatório custou ao especialista.
85. Esqueci-me que era feriado. Custou-me acreditar. (Sentido: acreditar foi difícil para
86. Esqueci-me de que era feriado. mim). Aqui o sujeito é oracional: acreditar.
87. Esqueci de que era feriado.
Custou ao pai acreditar no filho. (Certo). Aqui o sujeito
88. Esqueci que era feriado.
é a oração: acreditar no filho. O complemento é: ao pai.
Atenção! Existe um uso literário raro:
Esqueceu-me o seu aniversário. Sentido: o seu aniversário Julgue os itens.
saiu de minha memória. (PMDF/Médico) A leitura crítica pressupõe a capacidade do
Sujeito: o seu aniversário (não é complemento). Aqui o com- indivíduo de construir o conhecimento, sua visão de mundo,
plemento é representado pelo pronome “me”. sua ótica de classe.
Obs.: A mesma regra do verbo “esquecer” vale também para 109. O trecho “de construir o conhecimento” estabelece
os verbos “lembrar” e “recordar”. relação de regência com o termo “capacidade”, espe-
Língua Portuguesa

  cificando-lhe o significado.
Verbo Prep. Complemento (TRT 9 R/Técnico) Ao realizar leilões de créditos de carbono
atender (a) algo no mercado internacional, São Paulo dá o exemplo a outras
atender (a) alguém cidades brasileiras de como transformar os aterros, de fontes
de poluição e de encargos onerosos para as finanças muni-
Julgue os itens a seguir. cipais, em fontes de receitas, inofensivas ao meio ambiente.
89. Atendi o cliente. 110. Em “de como transformar”, o emprego da preposição
90. Atendi ao cliente. “de” é exigido pela regência de “transformar”.

81
(TRT 9 R/Analista) Há séculos os estudiosos tentam entender a) A causa por que lutou ao longo de uma década po-
os motivos que levam algumas sociedades a evoluir mais deria tornar-se prioridade de programas sociais de
rápido que outras. Só recentemente ficou patente que, além seu estado.
da liberdade, outros fatores intangíveis são essenciais ao b) Seria implementado o plano no qual muitos funcio-
desenvolvimento das nações. nários falaram a respeito durante a assembleia anual.
O principal deles é a capacidade de as sociedades criarem c) A equipe que a instituição mantinha parceria a lon-
regras de conduta que, caso desrespeitadas, sejam impla- go tempo manifestou total discordância da linha de
cavelmente seguidas de sanções. pesquisa escolhida.
111. O emprego da preposição de separada do artigo que d) Todos concordavam que as empresas que a licença
determina “sociedades”, em “a capacidade de as socie- de funcionamento não estivesse atualizada deveriam
dades”, indica que o termo “as sociedades” é o sujeito ser afastadas do projeto.
da oração subordinada. e) Alheio aos assuntos sociais, o diretor não se afinava
com a nova política que devia adequar-se para de-
(Crea-DF) Caso uma indústria lance uma grande concentra- senvolver os projetos.
ção de poluentes na parte alta do rio, por exemplo, a coleta
de uma amostra na parte baixa não será capaz de detectar (Detran-DF) Das 750 filiadas ao Instituto Ethos, 94% dos car-
o impacto, mesmo que esta seja feita apenas um minuto gos das diretorias são ocupados por homens brancos.
antes de a onda tóxica atingir o local. Esse tipo de controle, 118. A substituição de “Das” por Nas não acarretaria pro-
portanto, pode ser comparado à fotografia de um rio. blema de regência no período, que se manteria gama-
112. No trecho “antes de a onda tóxica atingir o local”, a ticalmente correto.
substituição da parte grifada por da resulta em um su-
jeito preposicionado. De janeiro a maio, as vendas ao mercado chinês atingiram
US$ 1,774 bilhão.
(HUB) É possível comparar a saúde mental de pessoas que 119. Pelos sentidos textuais, a substituição da preposição a,
vivem em uma região de conflitos à das pessoas que vivem imediatamente antes de “mercado”, por em não alte-
em favelas ou na periferia das grandes cidades brasileiras? raria os sentidos do texto.
113. Considerando, para a regência do verbo comparar, o se-
guinte esquema: comparar X a Y, é correto afirmar que, (MRE/Assistente) O Brasil só conseguiu passar da condição de
no texto, X corresponde a “a saúde mental de pessoas país temerário para a aplicação de recursos, em uma época
que vivem em uma região de conflitos” e Y corresponde de prosperidade mundial, para a de mercado preferencial dos
a “[a saúde mental] das pessoas que vivem em favelas investidores, justamente no auge de um período de turbu-
ou na periferia das grandes cidades brasileiras”. lência financeira nos mercados internacionais, porque está
colhendo agora os resultados de uma política econômica
ortodoxa. (Zero Hora (RS), 26/2/2008 – com adaptações).
114. (MPE-RS/Agente Administrativo) “... para aprovar, até o
120. Imediatamente após “para a”, subentende-se o termo
final de 2009, um texto ...” O verbo que exige o mesmo
elíptico condição.
tipo de complemento que o do grifado está na frase:
a) De fato, o resultado é modesto.
A ética aponta o caminho por meio da consideração daquilo
b) como fugir aos temas ...
que se convencionou chamar de direitos e deveres.
c) já respondem por 20% do total das emissões globais. 121. O pronome “daquilo” pode ser substituído, sem prejuízo
d) que já estão na atmosfera ... para a correção gramatical do período, por do ou por
e) só prejudica formas insustentáveis de desenvolvimento. de tudo.
115. (Metrô-SP/Advogado) “... que preferiu a vida breve glorio- Estudo do Banco Mundial (BIRD) sobre políticas fundiá-
sa a uma vida longa obscurecida”. O verbo que apresenta rias em todo o mundo defende que a garantia do direito à
o mesmo tipo de regência que o destacado está na frase: posse de terra a pessoas pobres promove o crescimento
a) para finalizar com uma celebridade do contagiante econômico.
futebol. 122. As regras de regência da norma culta exigem o emprego
b) “as fronteiras entre a ficção e realidade são cada vez da preposição “a” imediatamente antes de “pessoas
mais vagas”. pobres” para que se complemente sintaticamente o
c) e retirou a menininha do berço incendiado. termo garantia.
d) Lembrei o exemplo de mártires...
e) Não foram estes homens combatentes de grandes A cocaína é um negócio bilionário que conta com a proteção
feitos militares ... das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), cujo
contingente é estimado em 20.000 homens.
116. (Seplan-MA) Está correto o emprego da expressão des- 123. No texto, “cujo”, pronome de uso culto da língua, corres-
tacada na frase: ponde à forma mais coloquial, mas igualmente correta,
a) É vedada a exposição às cenas de violência a que do qual.
estão sujeitas as crianças.
b) Os fatos violentos de que se deparam as crianças (TRF) Um dos motivos principais pelos quais a temática das
multiplicam-se dia a dia. identidades é tão frequentemente focalizada tanto na mídia
Língua Portuguesa

c) O autor refere-se a um tempo em cujo os índices de assim como na universidade são as mudanças culturais.
violência eram bem menores. 124. Preserva-se a correção gramatical e a coerência textual
d) As tensões urbanas à que se refere o autor já estão ao usar o pronome relativo que em lugar de “quais”,
banalizadas. desde que precedido da preposição por.
e) As mudanças sociais de cujas o autor está tratando
pioraram a qualidade de vida. (TRF) A busca de sentido para o cosmos se engata com a
procura de sentido para a existência da família humana.
117. (AFRF) Marque o item em que a regência empregada 125. Substituir “com a” por na não prejudicaria os sentidos
atende ao que prescreve a norma culta da língua escrita. originais ou a correção gramatical do texto.

82
(TJBA) Por seis julgamentos passou Cristo, três às mãos dos mesmo tempo, dois verbos que têm a mesma regên-
judeus, três às dos romanos, e em nenhum teve um juiz. Aos cia: confiar em, acreditar em. Do mesmo modo, está
olhos dos seus julgadores refulgiu sucessivamente a inocên- também correta a seguinte construção: Preferimos
cia divina, e nenhum ousou estender-lhe a proteção da toga. a) ignorar e desconfiar das coisas...
126. “Lhe” equivale à expressão a Ele e se refere a “Cristo”. b) subestimar e descuidar das coisas...
c) não suspeitar e negligenciar as coisas...
(TJBA) Julgue o trecho abaixo quanto à correção gramatical. d) nos desviar e evitar as coisas...
127. Exatamente no processo do justo por excelência, daquele e) nos contrapor e resistir às coisas...
em cuja memória todas as gerações até hoje adoram por
excelência o justo, não houve no código de Israel norma 133. (Ipea) Ambos os elementos destacados estão empre-
que escapasse à prevaricação dos seus magistrados. gados de modo correto na frase:
a) Nas sociedades mais antigas, em cujas venerava-
(DFTrans/Analista) Seja qual for a função ou a combinatória -se a sabedoria dos ancestrais, não se manifestava
de funções dominantes em um determinado momento de qualquer repulsa com os valores tradicionais.
comunicação, postula-se que preexiste a todas elas a função b) Os pais experientes, a cujas recomendações o ado-
pragmática de ferramenta de atuação sobre o outro, de recur- lescente não costuma estar atento, não devem es-
so para fazer o outro ver/conceber o mundo como o emissor/ morecer diante das reações rebeldes.
locutor o vê e o concebe, ou para fazer o destinatário tomar c) A autoridade da experiência, na qual os pais julgam
atitudes, assumir crenças e eventualmente desejos do locutor. estar imbuídos, costuma mobilizar os filhos em bus-
128. No período sintático “postula-se que (...) desejos do lo­ car seu próprio caminho.
cutor”, as três ocorrências da preposição “de” estabelecem d) Quando penso em fazer algo de que ninguém tenha
a dependência dos termos que regem para com o termo
ainda experimentado, arrisco-me a colher as desven-
“função pragmática”, como mostra o esquema seguinte.
turas com que me alertaram meus pais.
e) A autoridade dos pais, pela qual os adolescentes cos-
de ferramenta tumam se esquivar, não deve ser imposta aos jovens,
de atuação sobre o outro cuja a reação tende a ser mais e mais libertária.
função pragmática:
de recurso para fazer o outro con-
ceber o mundo 134. (Codesp) A matança ............estão sujeitas as baleias é
preocupação da Comissão Baleeira Internacional, ........
(MS/Agente) A diretora-geral da OPAS, com sede em Washing- atuação se iniciou em 1946 e ........ participam mais de
ton (EUA), Mirta Roses Periago, elogiou a iniciativa de estados 50 países.
e municípios brasileiros de levar a vacina contra a rubéola As formas que preenchem corretamente as lacunas na
aos locais de maior fluxo de pessoas, especialmente homens, frase acima são, respectivamente:
como forma de garantir a maior cobertura vacinal possível. a) a que – cuja – de que
129. O emprego de preposição em “aos locais” justifica-se b) que – cujo – de que
pela regência de “vacina”. c) à que – cuja – com que
d) à que – cuja a – com que
130. (TRT 21 R) Está correto o emprego do elemento desta- e) a que – cuja a – de que
cada na frase:
a) Quase todas as novidades à que os moradores tive- GABARITO
ram acesso são produtos da moderna tecnologia.
b) O gerador a diesel é o meio pelo qual os moradores 1. C 28. E 55. C 82. E 109. C
de Aracampinas têm acesso à luz elétrica. 2. E 29. C 56. E 83. C 110. E
c) A hipertensão na qual foram acometidos muitos mo- 3. C 30. C 57. C 84. C 111. C
radores tem suas causas na mudança de estilo de vida.
4. C 31. E 58. E 85. C 112. C
d) O extrativismo, em cujo os caboclos tanto se empe-
5. E 32. C 59. C 86. C 113. C
nhavam, foi substituído por outras atividades.
6. C 33. C 60. C 87. E 114. e
e) Biscoitos e carne em conserva são alguns dos alimen-
7. C 34. E 61. E 88. C 115. c
tos dos quais o antropólogo exemplifica a mudança
8. E 35. E 62. C 89. C 116. a
dos hábitos alimentares dos caboclos.
9. C 36. C 63. E 90. C 117. a
10. C 37. E 64. C 91. C 118. C
131. (Sesep-SE) Isso proporciona à fábula a característica de
ser sempre nova. A mesma regência do verbo detacado 11. C 38. E 65. E 92. C 119. E
na frase acima repete-se em: 12. C 39. C 66. E 93. C 120. C
a) Histórias criadas por povos primitivos desenvolviam 13. C 40. E 67. C 94. C 121. C
explicações fantasiosas a respeito de seu mundo. 14. E 41. C 68. E 95. C 122. C
b) As narrativas de povos primitivos constituem um rico 15. C 42. E 69. C 96. E 123. E
acervo de fábulas, tanto em prosa quanto em versos. 16. C 43. C 70. C 97. C 124. C
c) Pequenas narrativas sempre foram instrumento, 17. C 44. E 71. E 98. C 125. C
nas sociedades primitivas, de transmissão de va- 18. C 45. C 72. C 99. C 126. C
Língua Portuguesa

lores morais. 19. E 46. C 73. E 100. C 127. C


d) Nas fábulas, seus autores transferem atitudes e 20. E 47. E 74. C 101. E 128. E
características humanas para animais e seres ina- 21. C 48. C 75. C 102. C 129. e
22. C 49. C 76. C 103. E 130. b
nimados.
23. E 50. C 77. C 104. C 131. d
e) Fábulas tornaram-se recursos valiosos de transmissão
24. C 51. C 78. C 105. C 132. e
de valores, desde sua origem, em todas as sociedades.
25. E 52. C 79. C 106. C 133. b
26. C 53. C 80. C 107. E 134. a
132. (Ipea) Preferimos confiar e acreditar nas coisas ..., a
27. E 54. E 81. C 108. E
expressão destacada complementa corretamente, ao

83
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE d) Submeterei _________ alunos a uma prova.
CRASE e) Nunca me prestaria a isso nem ____________.
f) Ficaram todos obrigados ____________ horário.
Crase é a contração de a + a = à. g) Já não amava __________ moça.
O acento (`) é chamado de acento grave, ou simplesmen- h) Ofereceu uma rosa _______ moça.
te de acento indicador de crase. i) Reprovo _______ atitude.
Gostei de + o filme. = Gostei do filme. j) Não teremos direito ______ abono.
Acredito em + o filho. = Acredito no filho. k) Não se negue alimento _______ que têm fome.
Refiro-me a + o filme. = Refiro-me ao filme. l) ___________ hora tudo estava tranquilo.
Refiro-me a + a revista. = Refiro-me à revista. m) Deves ser grato _______ que te fazem benefícios.
n) Traga-me _____ cadeira, por favor.
Exercitando e fixando a diferença entre a letra “a” como ar- o) Diga _______ candidatos que logo os atenderei.
tigo somente e a letra “a” como preposição somente. p) É isso que acontece ______ que não têm cautela.
1. Ponha nos parênteses P se o a for preposição, A se for q) Ofereça uma cadeira ______ senhora.
artigo: r) Abra ___________ janelas: o calor está sufocante.
a) A nave americana Voyager chegou a ( ) Saturno. s) Compareceste ________ festa?
b) O Papa visitou a ( ) nação brasileira.
c) Admirava a ( ) paisagem. Exercitando e fixando a regra prática de crase com a(s) =
d) Cabe a ( ) todos contribuir para o bem comum. aquela(s).
e) Ele só assiste a ( ) filmes de cowboy. Faça o exercício a seguir observando as comparações entre
f) Procure resistir a ( ) essa tentação. parênteses. Onde tiver a + o no masculino, você usará crase
g) Ajude a ( ) Campanha. (a + a) no feminino.
h) O acordo satisfez a ( ) direção do Sindicato. 4. Preencha as lacunas com a, as, quando se tratar do artigo
i) Falou a ( ) todos com simpatia contagiante. ou do pronome demonstrativo; e com à, às, quando hou-
j) O acordo convém a ( ) funcionários e a ( ) funcionárias. ver crase da preposição a com artigo ou o demonstrativo
a, as:
Exercitando e fixando a regra prática de crase com artigo. a) Estavam acostumados tanto ____ épocas de guerra
2. Complete as lacunas com a, as, à ou às junto dos subs- quanto ____ de paz. (Compare: Estavam acostumados
tantivos femininos, observando as correspondências tanto aos tempos de guerra quanto aos de paz.)
necessárias: o = a; os = as; ao = à; aos = às. b) Confiava ____ tarefas difíceis mais _____ velhas
Observe o paralelismo. amizades do que _____ novas. (Compare: Confiava
a) Dava comida aos gatos e ____ gatas. os trabalhos difíceis mais aos velhos amigos do que
b) Estimava o pai e ____ mãe. aos novos.)
c) Perdoa aos devedores e ___ devedoras. c) ______ espadas antigas eram mais pesas que ___ de
d) Prefiro o dia para estudar; ela prefere ____ noite. hoje. (Compare: Os rifles antigos eram mais pesados
e) Terás direito ao abono e ____ gratificação. que os de hoje.)
f) Confessou suas dúvidas ao amigo e ___ amiga. d) _____ forças de Carlos Magno eram tão valentes como
g) Nunca faltava aos bailes e _____ festas de São João. ____ do Rei Artur. (Compare: Os soldados de Carlos
h) Sempre auxilio os vizinhos e __ vizinhas. Magno eram tão valentes como os do Rei Artur.)
i) Tinha atitudes agradáveis aos homens e ___ mulheres. e) _____ forças de Bernardo deram combate ____ que
defendiam Carlos Magno. (Compare: Os homens de
Pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo Bernardo deram combate aos que defendiam Carlos
Magno.)
Método prático f) Esta moça se assemelha ____ que você me apresentou
Entregue o livro a este menino. ontem. (Compare: Este rapaz se assemelha ao que
Note: a + este  a + aquele (veja que temos a + a). você me apresentou ontem.)
g) ______ Medicina dá combate ____ doenças dos ho-
Então: mens e ____ dos animais. (Compare: Os médicos dão
Entregue o livro àquele menino. combate aos males dos homens e aos dos animais.)
h) Esta tinta não se compara ___ que usaram antes.
Leia este livro. (Compare: Este papel não se compara ao que usaram
Note: só temos este, sem preposição a. Então ficará sem antes.)
crase com “aquele”: i) Prestava atenção ___ palavras dos velhos, mas não
Leia aquele livro. ____ dos jovens. (Compare: Prestava atenção aos
ensinamentos dos velhos, mas não aos dos jovens.)
Exercitando e fixando a regra prática de crase com pronome
aquele(s), aquela(s), aquilo. Importante:
Língua Portuguesa

3. Preencha as lacunas com aquele, aqueles, aquela, aque- Precisamos enxergar situações em que o artigo definido
las, aquilo, se não houver preposição a; ou então com pode ser suprimido corretamente. Apenas o sentido mudará.
àquele, àqueles, àquela, àquelas, àquilo, se ocorrer a Todo o país comemorou.
preposição a exigida pelo termo anterior regente. Sentido: país definido.
a) A verba aprovada destinava-se apenas ________ des- Todo país comemorou.
pesas inadiáveis. Sentido: país qualquer.
b) Prefiro este produto __________.
c) As providências cabem ________ que estejam inte- Todo Brasil comemorou. (errado)
ressados. Todo o Brasil comemorou. (certo)

84
Conclusão: lecionar e dar visibilidade __1___ experiências em todo
O artigo definido é necessário para acompanhar nomes o país que estão contribuindo para o cumprimento dos
já definidos, únicos, específicos. Mas é facultativo, do ponto Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), como
de vista de correção gramatical, quando o nome não está __2__ erradicação da extrema pobreza e __3__ redu-
definido, não é específico. Apenas o sentido se altera. ção da mortalidade infantil. Os ODM fazem parte de um
compromisso assumido, perante __4__ Organização das
5. (TJDFT) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, Nações Unidas, por 189 países de cumprir __5__ 18 me-
julgue os fragmentos apresentados nos itens a seguir. tas sociais até o ano de 2015.
a) Direito a trabalho e a remuneração que assegure con- 1 2 3 4 5
dições de uma existência digna. a) a à à a às
b) Direito à unir-se em sindicatos. b) as a a à as
c) Direito a descanso e à lazer. c) às à a à às
d) Direito à uma segurança social. d) a a a a as
e) Direito à proteção à família. e) as a a à às
f) Assistência para a mãe e às crianças.
g) Direito à boa saúde e à educação de qualidade. Casos Especiais de Crase
(TST) “São parâmetros hoje exigidos pelo mercado no que Sinal de Crase em Locuções Femininas
se refere à empregabilidade.”
6. Ocorre acento grave em “à” antes de “empregabilida- 1. Locuções adverbiais
de” para indicar que, nesse lugar, houve a fusão de uma Risquei o lápis.
preposição, exigida pelo vocábulo antecedente, com um Risquei a caneta.
artigo definido, usado antes dessa palavra feminina. Risquei a lápis.
Risquei à caneta.
(TJDFT) “A fé crescente na revolução científica gerava otimis-
mo quanto às futuras condições da humanidade.” Regra:
7. O acento indicativo de crase é opcional no texto; por- O sinal de crase distingue entre a locução adverbial fe-
tanto, pode ser retirado sem prejuízo para a correção minina e o objeto direto.
gramatical da frase. Vendo a prazo.
Vendo à vista.
(HUB) “Há contradições entre o mundo universitário tradi- Vendo a vista.
cional e as aspirações dos estudantes e de seus familiares Dobrei a direita.
quanto a possibilidades finais de inserção profissional no Dobrei à direita.
mundo real.”
8. O emprego do sinal indicativo de crase (à) em “quanto Nota:
a possibilidades” dispensaria outras transformações no Será facultativo o sinal de crase somente com a locução
texto e manteria a correção gramatical do período. adverbial feminina de instrumento, apenas no caso de não
haver duplo sentido sem o sinal de crase.
(PRF) “Muitos creem que a Internet é um meio seguro de Risquei o muro a caneta. (certo)
acesso às informações.” Risquei o muro à caneta. (certo)
9. A omissão do artigo definido na expressão “acesso às Perceba que se trata de locução adverbial de instrumen-
informações”, semanticamente, reforçaria a noção ex- to, mesmo sem ter visto o sinal de crase.
pressa pelo substantivo em plena extensão de seu sig-
nificado e, gramaticalmente, eliminaria a necessidade 2. Locuções prepositivas
do emprego do sinal indicativo de crase, resultando na A espera de vagas terminou.
seguinte forma: acesso a informações. Consegui matricular-me.
À espera de vagas, ficamos todos.
Julgue os itens 10, 11 e 12 quanto ao uso da crase. Ainda não nos matriculamos.
10. (TRF) “O TCU quer avaliar o controle exercido pela Supe-
rintendência da Receita Federal sobre à rede arrecada- Regra:
dora de receitas federais. O sinal de crase é necessário para indicar a locução pre-
positiva feminina. O sinal distingue entre a locução e outras
11. (AFRF) Para os membros da Comissão de Assuntos Eco- estruturas.
nômicos do Senado (CAE), a qual os acordos internacio-
nais são submetidos, cabe ao Brasil novas solicitações de Quais outras estruturas?
empréstimos ao FMI. Sujeito, objeto, complemento não constituem locução
prepositiva.
12. (AFRF) As Metas de Desenvolvimento do Milênio preve-
em a redução da pobreza a metade até 2015. Dica:
Língua Portuguesa

De modo geral, a locução prepositiva introduz locução


13. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas adverbial.
do texto. Os trabalhadores já concluíram a cata de cocos.
Para incentivar o cumprimento dos Objetivos de Desen- Os trabalhadores saíram cedo à cata de cocos.
volvimento do Milênio no Brasil, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva lançou o Prêmio ODM BRASIL. A iniciativa Observação:
do governo federal em conjunto com o Movimento Na- Locução prepositiva possui a seguinte estrutura:
cional pela Cidadania e Solidariedade e o Programa das Preposição + substantivo + preposição
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) vai se- à custa de

85
à maneira de Vi até a praia. (certo)
à beira de Vi até à praia. (errado)
à procura de
Sinal de Crase diante de Pronomes de Tratamento
Locução adverbial possui a seguinte estrutura:
Preposição + substantivo Vossa Senhoria deve comparecer. (certo)
à vista A Vossa Senhoria deve comparecer. (errado)
a prazo
a lápis Regra:
à caneta De modo geral, não se pode empregar artigo antes de
pronomes de tratamento.
3. Locução adjetiva Refiro-me a Vossa Senhoria. (certo)
Estrutura: preposição + substantivo Refiro-me à Vossa Senhoria. (errado)
Relação: qualifica, especifica um substantivo.
Houve pagamento à vista. Observe também:
Houve pagamento a prazo. O senhor deve comparecer. (certo)
O risco à caneta não sai. Senhor deve comparecer. (errado)
O risco a lápis sai.
Regra:
4. Locução conjuntiva Exigem artigo os pronomes de tratamento: Senhor, Se-
à proporção que / à medida que nhora, Madame, Senhorita.
Ele enriqueceu à medida que investiu na bolsa. Refiro-me ao Senhor.
Foi grande a medida que ele investiu na bolsa. (Notemos Refiro-me à Senhora.
aqui o sujeito: a medida foi grande)
À proporção que estudava, surgiam dúvidas. Mas, cuidado!
Os matemáticos estudam a proporção que existe entre Visitarei o Senhor.
os números. (Note aqui o objeto direto de “estudam”: estu- Visitarei a Senhora.
dam o quê? Resposta: estudam a proporção..., como alguém
estuda o limite e a derivada). Atenção:
O artigo é opcional com o tratamento dona.
Sinal de Crase na Indicação de Horário Dona Maria chegou.
A Dona Maria chegou.
Regra:
Ocorre crase somente se indicarmos a hora como horário Então:
quando algo ocorre, ocorreu ou ocorrerá. Refiro-me a Dona Maria.
Não ocorre crase quando indicamos quanto tempo pas- Refiro-me à Dona Maria.
sou ou passará.
Nós vamos chegar lá às duas horas. Vamos analisar uma questão interessantíssima!
Compare com: Nós chegaremos lá ao meio-dia. (MI/Agente Adm.) A expressão nominal “D. Fortunata” é em-
Nós vamos estar lá daqui a duas horas. (quantidade de pregada, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a palavra
tempo que vai passar) sublinhada em “deu joias à mulher” fosse substituída por “D.
Nós estamos aqui há duas horas. (quantidade de tempo Fortunata”, o acento grave sobre o a que sucede “joias” não
que já passou, tempo decorrido) deveria ser empregado.
Resposta: Certo
Sinal de Crase após a Palavra “Até”
(MJ/Analista) “Às vezes faz bem chorar / E nas velhas cordas
Vou ao clube. procurar / Notas e acordes esquecidos / Os dedos calejados
Vou até o clube. deslizar / Recordar, saudoso, um samba antigo”.
Vou até ao clube. 14. A letra de Ivor Lancelllotti emprega adequadamente o
acento de crase. Também está correto esse uso do acento
Nota: em
Após “até”, será facultativa a preposição pedida pelo a) Deixei o carro no lava à jato e fui à confeitaria escolher
termo anterior. uns doces.
b) Quando saímos à cavalo estamos apenas à procura
Então: de paz e sossego.
Vou à praia. c) Retiraram-se às pressas para não responderem às
Vou até a praia. perguntas da mídia.
Vou até à praia. d) Daqui à uma hora e meia irei até à piscina para exa-
minar a água e o cloro.
Língua Portuguesa

Conclusão: e) Encaminhamos ontem à V. Sa. os convites para a re-


Crase facultativa após “até”, desde que seja pedida pre- cepção à família.
posição pelo termo anterior.
(MJ/Economista) Presente à entrevista de apresentação da
Mas, cuidado! pesquisa, o secretário de Educação Continuada, Alfabetiza-
Vi o clube. (certo) ção e Diversidade do MEC, André Luiz Lázaro, admitiu que
Vi até o clube. (certo) há um desafio de qualidade a ser superado no EJA.
Vi até ao clube. (errado) 15. A supressão do acento grave em “presente à entrevista”
Vi a praia. (certo) manteria a correção gramatical e o sentido do texto.

86
Sinal de Crase diante de Pronome Possessivo Feminino: a) O pesquisador deu maior atenção à cidade menos
minha, sua, tua, nossa, vossa privilegiada.
Meu livro chegou. (certo) b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qual-
O meu livro chegou. (certo) quer população carente.
c) Mesmo atrasado, o recenseador compareceu à entre-
Conclusão: vista.
O artigo definido é facultativo antes de pronomes pos- d) A verba aprovada destina-se somente àquela cidade
sessivos. sertaneja.
Minha revista chegou. (certo) e) Veranópolis soube unir a atividade à prosperidade.
A minha revista chegou. (certo)
Sinal de Crase diante de Nomes Próprios de Lugar (To-
Aplicação (Como o artigo fica facultativo, então a crase pônimos)
ficará também facultativa):
Refiro-me a meu livro. (certo) Regra Prática:
Refiro-me ao meu livro. (certo) Se volto da, crase no a.
Refiro-me a minha revista. (certo) Se volto de, crase pra quê.
Refiro-me à minha revista. (certo)
Saímos de Brasília, fomos a Fortaleza (voltamos de Forta-
Informação: leza), depois fomos a Natal (voltamos de Natal), descemos
Artigo pressupõe substantivo escrito ao qual se refere à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos a Brasília
na sequência. (voltamos de Brasília).
O uso de água e o de combustível são prioritários.
Mas:
Note: Saímos de Brasília, fomos à Fortaleza dos sonhos (volta-
Substantivo “uso”. Artigo “o”, que acompanha “uso”. mos da Fortaleza dos sonhos), depois fomos à Natal dos
Mas, em “o de combustível”, apenas subentendemos holandeses (voltamos da Natal dos holandeses), desce-
“uso”. Não está escrito. Então, não temos aqui artigo defini- mos à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos à
do. Trata-se de pronome demonstrativo “o = aquele”. bela Brasília (voltamos da bela Brasília).

Observe ainda: 18. (IBGE) Assinale a opção em que o a sublinhado nas duas
Meu livro chegou e o seu não. frases deve receber acento grave indicativo de crase.
Note que o artigo é facultativo, porém o pronome “o” a) Fui a Lisboa receber o prêmio. / Paulo começou a falar
não é. O pronome é obrigatório para representar o termo em voz alta.
“livro” não repetido. b) Pedimos silêncio a todos. Pouco a pouco, a praça cen-
tral se esvaziava.
Aplicação (Onde o pronome “o” ou “a” for obrigatório, c) Esta música foi dedicada a ele. / Os romeiros chegaram
então a crase também será obrigatória): a Bahia.
Refiro-me a meu livro e não ao seu. (certo) d) Bateram a porta! Fui atender. / O carro entrou a direita
Refiro-me a meu livro e não a seu. (errado) da rua.
Refiro-me ao meu livro e não ao seu. (certo) e) Todos a aplaudiram. / Escreve a redação a tinta.
Refiro-me ao meu livro e não a seu. (errado)
Gabarito
Então:
Refiro-me a minha revista e não à sua. (certo)
1. a) P c) àqueles f) à
Refiro-me a minha revista e não a sua. (errado)
b) A d) aqueles g) a,às,às
Refiro-me à minha revista e não à sua. (certo)
c) A e) àquilo h) à
Refiro-me à minha revista e não a sua. (errado)
d) P f) àquele i) às,às
e) P g) aquela
16. (MJ/Agente) “À margem das rodovias de grande movi-
f) P h) àquela 5. CEEECCC
mento...” Diferente do exemplo destacado, o único caso
g) A i) aquela 6. C
em que o acento grave foi usado de forma ERRADA, nas
h) A j) àquele 7. E
alternativas abaixo, é
i) P k) àqueles 8. E
a) Ficamos à vontade no evento.
j) PP l) àquela 9. C
b) Refiro-me à minha irmã.
m) àqueles 10. E
c) Chegarei à uma hora, não ao meio-dia.
2. a) às n) aquela 11. E
Nota:
b) a o) àqueles 12. E
Aqui temos o numeral “uma”. Só ele pode ter crase
c) às p) àqueles 13. d
antes de si. Não há crase antes do artigo indefinido
d) a q) àquela 14. c
Língua Portuguesa

“uma”.
e) à r) aquelas 15. E
d) Dirija-se à qualquer moça do balcão.
f) à s) àquela 16. d
Nota:
g) às 17. b
Proibido crase diante de palavras indefinidas. Lembre
h) as 4. a) às, às 18. d
que o artigo que a crase contém é definido.
i) às b) as,às,às
e) À medida que os anos passam, fico pior.
c) as,as
3. a) àquelas d) as,as
17. (IBGE) Assinale a opção incorreta com relação ao empre-
b) àquele e) as,às
go do acento indicativo de crase.

87
QUADRO-RESUMO DE CRASE

CRASE OBRIGATÓRIA CRASE PROIBIDA CRASE FACULTATIVA


Antes de hora = trocar por ao meio-dia. Antes de palavra masculina. Antes de pronome possessivo adjetivo
Chegou às duas horas. (ao meio-dia) Andava a pé. feminino.
Espero desde as três horas. (o meio-dia) Foi assassinato a sangue-frio. Refiro-me à/a sua tia.
Escreveu a lápis.

Com as palavras moda ou maneira Antes de verbo. Antes de nome de mulher.


ocultas. Estava decidido a fugir. Dei o carro à/a Maria.
Quero bife à milanesa. (à moda milanesa) Tudo a partir de 1,99.
Estilo à Rui Barbosa. (à maneira de Rui
Barbosa)

Subentendendo as palavras faculdade, A (no singular) + palavra no plural. Depois da preposição Até.
universidade, escola, companhia, em- Só faço favor a pessoas dignas. Fui até à / a praia.
presa e semelhantes. Dê isto a suas irmãs. Mas: Visitei até a praia. (VTD)
O Governo não fez concessões à Ford.
Preferiu a Faculdade de Letras à Hélio
Afonso.
Antes da palavra distância, quando de- Antes de pronome indefinido ou pala- Antes de Europa, Ásia, África, Espanha,
terminada. vra por ele modificada. França, Inglaterra, Escócia e Holanda
Fiquei à distância de dez metros. Disse isso a toda pessoa.
Fiquei a distância. Não irei a festa alguma.

Aqui não cabe crase, pois a palavra “fes-


ta” está determinada por pronome in-
definido. Compare com masculino: Não
irei a baile algum.
Nas locuções com palavras femininas. Antes de pronome de tratamento, salvo Antes do tratamento dona.
Choveu à noite. Dona, Senhora, Madame, Senhorita. Ele dirigiu a palavra a / à dona Maria.
Ele melhora à medida que é medicado. Enviarei tudo a Vossa Senhoria.
Houve um baile à fantasia.
Antes de terra, salvo quando antônimo Antes de terra antônimo de bordo. Em locuções adverbiais femininas de
de bordo. Mandou o marinheiro a terra. instrumento.
O agricultor tem apego à terra. Galdesteu matou o rei a / à faca.
Do céu à terra. Voltou à terra onde nasceu. Antes de quem e cujo(s), cuja(s). Mas: Preencher à máquina ou em letra
O prêmio cabe a quem chegar primeiro. de forma. (crase obrigatória para evitar
Esta é a autora a cuja peça me referi. duplo sentido)
Antes de Senhora, Madame, Senhorita. Entre palavras repetidas.
Ninguém resiste à Senhora Neide. (Mas: Estavam cara a cara.
Vi a Senhora Neide. – VTD) Venceu a corrida de ponta a ponta.
Antes de nomes de lugar especificados Depois de preposições (ante, após, com,
ou que aceitem artigo. conforme, contra, desde, durante, entre,
Fui à bela Brasília. mediante, para, perante, sob, sobre, se-
Fui à Bahia. gundo).
Após as aulas, conforme a ocasião, para
a paz; segundo a lei etc.
Quando ocorre as diante de pronome Quando se subentende um indefinido
possessivo adjetivo no plural. entre a preposição a e o substantivo
Refiro-me às suas tias. feminino.
Estacionamento sujeito a multa. (a uma
multa)
Antes da palavra casa, quando deter- Antes de casa = lar.
minada por adjunto de posse. Retornei a casa.
Chegamos à casa de Pafúncio.
Língua Portuguesa

Antes de nomes de lugar que não ad-


mitem o artigo.
Fui a Brasília.
Chegamos a Maceió.
Antes de numerais.
O número de acidentes chegou a 35.
Antes de nomes de santas.
Sou grato a Santa Clara.

88
EXERCÍCIOS No texto “A simplicidade sempre foi criadora de excelên-
cia espiritual e de liberdade interior. Henry David Thoreau
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “Às vezes até esqueço (+1862), que viveu dois anos em sua cabana na floresta junto
que fui adotada”. a Walden Pond, atendendo estritamente às necessidades
1. O verbo esquecer está empregado com traços tipica- vitais, recomenda incessantemente em seu famoso livro-
mente coloquiais, pois a forma padrão culta exige que, -testemunho: Walden ou a vida na floresta: “simplicidade,
na frase, ele seja acompanhado de pronome me e pre- simplicidade, simplicidade”.”
posição de. 9. O acento indicativo de crase antes de “necessidades vi-
tais” é exigência da palavra “estritamente”.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans-
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e (Funiversa/HFA) Na frase: “As demissões recordes nas com-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” panhias americanas devido à crise fizeram vítimas inusitadas
2. A troca da preposição “de”, na segunda ocorrência, – os próprios executivos de recursos humanos.”
por em provocaria uma falha na regência do verbo 10. O uso da crase em “à crise” deve-se ao fato de ser uma
desconfiar. locução adverbial feminina.

(Funiversa/Terracap) A respeito do texto “Cada órgão do 11. (Alesp) Orientação espiritual ...... todas as pessoas é um
nosso corpo tem uma função vital e precisa estar 100% em dos propósitos ...... que escritores e pensadores vêm se
condições.” dedicando, porque a perplexidade e a dúvida são inevi-
3. A expressão “em condições”, segundo a gramática da táveis ...... condição humana.
língua portuguesa, exige um complemento que integre As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
o seu sentido. Porém, no texto, a ausência desse com- chidas, respectivamente, por:
plemento não promoveu prejuízo para a compreensão a) à - a – à
da informação. b) à - à - a
c) a - a – à
Por maiores que sejam os esforços e a generosidade dos d) a - à - à
e) a - a - a
que lhes oferecem atenção e cuidado, essas crianças estarão
desprovidas do fundamental: carinho e referência familiar.
12. (Bagas) Tomando a melodia ...... música europeia, ao
4. O termo “lhes” pode ser substituído pela expressão à
mesmo tempo em que a harmonia era inspirada no jazz
elas, com acento indicativo de crase, pois o pronome
americano, a bossa nova foi buscar o ritmo na música
elas remete a “crianças”, substantivo feminino utilizado africana, o que resultou numa mistura que parece encan-
no texto. tar ...... todos os estrangeiros que vêm ...... conhecê-la.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
(Funiversa/Iphan) Os povos da oralidade são portadores de ordem dada:
uma cultura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da a) à - a – a
escrita. b) à - a - à
5. O acento indicativo de crase em “semelhante à dos povos c) a - à – a
da escrita” pode ser eliminado, pois é opcional. d) a - à - à
e) à - à - a
6. (Funiversa/Sejus) Cada uma das alternativas a seguir
apresenta reescritura de fragmento do texto. Assinale 13. (TCE/SP) A alimentação diária, ...... base de feijão com
aquela em que a reescritura apresenta erro relacionado arroz, fornece ...... população brasileira os nutrientes
ao emprego ou à ausência do sinal indicativo de crase. necessários ...... uma boa saúde.
a) Seu desenvolvimento pode ser atribuído a violações As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
de direitos humanos. chidas, respectivamente, por:
b) O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de a) a - à – à
direitos aquele que pertencesse à raça ariana. b) à - a - a
c) Pelo horror absoluto à exterminação. c) à - à – a
d) A ruptura do paradigma deve-se à barbárie do totali- d) a - a - à
tarismo. e) à - à - à
e) É necessária a reconstrução dos direitos humanos.
14. (FCC/TRE-RN) Graças ...... resistência de portugueses e
7. (Funiversa/Terracap) No trecho: “Em meio à burocracia espanhóis, a Inglaterra furou o bloqueio imposto por Na-
oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os parques, as poleão e deu início ...... campanha vitoriosa que causaria
superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu.”, o uso ...... queda do imperador francês.
do sinal indicativo de crase é Preenchem as lacunas da frase acima, na ordem dada,
a) facultativo, pois antecipa palavra feminina seguida de a) a - à - a
adjetivo masculino. b) à - a - a
b) inadequado, pois não indica contração. c) à - à - a
c) proibido, porque não se admite crase antes de subs- d) a - a - à
Língua Portuguesa

tantivos abstratos. e) à - a - à
d) obrigatório, pois indica uma vogal átona representada
por um artigo. 15. (DNOCS) Muitos consumidores não se mostram atentos
e) adequado, pois representa a contração da preposição ...... necessidade de sustentabilidade do ecossistema e
a e do artigo definido feminino a. não chegam ...... boicotar empresas poluentes; outros
se queixam de falta de tempo para se dedicarem ......
(Funiversa/Terracap) Na frase “O que se opõe à nossa cultura alguma causa que defenda o meio ambiente. As lacu-
de excessos e complicações é a vivência da simplicidade”. nas da frase acima estarão corretamente preenchidas,
8. O acento indicativo de crase é facultativo. respectivamente, por

89
a) à - a - a c) à - à - a e) a - à – à
b) à - a - à d) a - a - à

16. (SP/BIBLIOT) Alguns atribuem ...... linguagem as infindá-


veis possibilidades de comunicação entre os homens.
Mas é comum que durante uma conversa o falante faça
alusões ...... conteúdos implícitos que ultrapassam aquilo
que está de fato sendo dito; tais conteúdos podem ser
corretamente inferidos pelo interlocutor, devido, por
exemplo, ...... entonação usada pelo falante.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada:
a) a − à − à c) a − a − à e) a − à − a
b) à − a − à d) à − à − a

17. (TJ-SE/Técnico Judiciário) A frase inteiramente correta,


considerando-se a colocação ou a ausência do sinal de
crase, é:
a) Brigas entre torcidas de times rivais se iniciam sem-
pre com provocações de parte à parte, à qualquer
momento.
b) O respeito as medidas de segurança tomadas em um
evento de grande interesse garante à alegria do es-
petáculo.
c) Uma multidão polarizada pode ser induzida à atitudes
hostis, tomadas em oposição às medidas adotadas.
d) Com a constante invasão às sedes de clubes, os diri-
gentes passaram a monitorar a presença de torcedo-
res, até mesmo nos treinos.
e) As pessoas, enfurecidas, iam em direção à um dos
dirigentes, quando os policiais conseguiram controlar
toda a multidão.

18. (TRT 16 R) Lado ...... lado das restrições legais, são im-
portantes os estímulos ...... medidas educativas, que
permitam avanços em direção ...... um desenvolvimento
sustentável do setor da saúde.
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
chidas, respectivamente, por
a) a − à − à c) à − a − a e) a − à − a
b) à − a − à d) a − a − a

19. (TRT 7 R) Pela internet, um grupo de jovens universitários


buscou a melhor formar de ajudar ...... vítimas de en-
chentes em Santa Catarina, e um deles foi ...... Itapema,
disposto ...... colaborar na reconstrução da cidade.
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
chidas, respectivamente, por:
a) as - a - a c) as - à - à e) as - a – à
b) às - à - a d) às - a - à

20. (TRT 20) Exportadores brasileiros lançaram-se ...... con-


quista de vários mercados internacionais, após ...... mo-
dernização do setor agropecuário, que passou a oferecer
...... esses mercados produtos de qualidade reconhecida.
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
chidas, respectivamente, por
a) à - a - a c) a - a - à e) à - à – a
b) à - a - à d) a - à - à
Língua Portuguesa

GABARITO

1. E 6. b 11. c 16. b
2. C 7. e 12. a 17. d
3. C 8. C 13. c 18. d
4. E 9. E 14. c 19. a
5. E 10. E 15. a 20. a

90
PMPE

SUMÁRIO

Matemática

Função
Conceito de função. Domínio, Contradomínio, Imagem de uma função. Análise gráfica de uma função. Função
injetora, sobrejetora e bijetora. Função composta e inversa. Estudo completo da função afim. Estudo completo
da função quadrática. Estudo completo da função modular............................................................................................ 3

Progressão Aritmética.......................................................................................................................................................... 12

Progressão Geométrica........................................................................................................................................................ 13

Juros simples e compostos............................................................................................................................................. 15/26

Análise combinatória............................................................................................................................................................ 33

Probabilidade........................................................................................................................................................................ 41
Matemática
Júlio Lociks

FUNÇÕES Existem muitas funções importantes que recebem


nomes especiais na Matemática e são representadas de
O conceito de função envolve três coisas: maneira particular. A tabela abaixo mostra alguns exemplos:
1ª Um conjunto não vazio de partida, A;
2ª Um conjunto não vazio de chegada, B; Nome da função Representação
3ª Uma regra, dada por uma relação definida em A×B, que Polinomial P(x), Q(x), R(x), etc
determina como encontrar um único y ∈ B para cada x ∈ A. Logarítmica de base 10 log(x)
Logarítmica de base e Ln(x)
Definição
Fatorial n!
Dados dois conjuntos não vazios, A e B, chama‑se função Seno sen(x)
de A em B a qualquer relação de A×B onde: Tangente tg(x)

cada um dos elementos do conjunto A Domínio e Contradomínio


corresponde pela relação dada a um
único elemento do conjunto B. Dada a função f : A → B o conjunto A é chamado domínio
da função f e o conjunto B é o seu contradomínio.
Exemplos:
Domínio de f : D( f ) = A
1. Dados os conjuntos:
Contradomínio de f : CD( f ) = B
A = {1, 2, 3, 4} e B {1, 2, 3, 4, 5}
Quando o domínio e o contradomínio de uma função são
E as quatro relações seguintes definidas em A×B: bem conhecidos, podemos indicar a função simplesmente
pela letra ou nome que a representa.
R = {(1,2), (2,3), (3,4), (4,5)} Assim, se uma particular função tem domínio e contra‑
S = {(1,2), (2,2), (3,4), (4,4)} domínio definidos tradicionalmente como o conjunto R dos
T = {(1,2), (1,3), (3,4), (4,5)} números reais, poderemos nos referir a ela simplesmente
U = {(1,2), (2,3), (3,3)} como a função f em vez de f : R → R.
Das quatro relações apresentadas acima temos que:
As relações R e S são funções de A em B porque, nelas, Imagem
cada um dos elementos do conjunto A foi associado a um
único elemento do conjunto B. Cada y que aparece num par ordenado (x,y) de uma
A relação T não é função de A em B porque o elemento 1 função é denominado imagem do correspondente x na
do conjunto A foi associado mais de um elemento do conjunto função dada.
B (2 e 3 como se pode ver nos dois primeiros pares ordenados).
A relação U também não é função de A em B porque Exemplo:
o elemento 4 do conjunto A não foi associado a qualquer 1. Na função g : A → B, definida nos domínio
dos elementos do conjunto B (deveria estar associado a um A = {1, 2, 3, 4} e contradomínio B {1, 2, 3, 4, 5} pela
único elemento do conjunto B). relação:

2. O conceito de função não se aplica somente a nú‑ g = {(1,2), (2,2), (3,4), (4,4)}
meros. Na verdade, o conceito de função é muito flexível
podendo ser encontrado em qualquer situação em que seja Temos que y = 2 é imagem de x = 1 e de x = 2 enquanto
possível comparar dois conjuntos. Assim, vamos chamar de y = 4 é imagem de x = 3 e também de x = 4.
P ao conjunto de todas as pessoas e de M ao conjunto de Notamos também que os valores 1, 3 e 5 não são ima‑
todas as mulheres que já existiram. Agora, vamos considerar gens na função g porque não aparecem como y em qualquer
a relação R que associa, a cada uma das pessoas, a mulher dos pares ordenados pertencentes à função g.
que é a mãe daquela pessoa. Podemos escrever isto como: Quando um y é imagem de algum x numa função f,
podemos escrever:
R = {(x,y) ∈ P×M / y é mãe de x}
y = f (x)
Esta relação R é uma função porque a cada um dos ele‑ (lê‑se “y é igual a f de x”)
mentos x de P (cada pessoa) sempre corresponde um único
elemento y de M (uma mulher) tal que y seja a mãe de x. Conjunto‑Imagem
Representações Usuais Chamamos de conjunto‑imagem de uma função o
conjunto que reúne todos os y que são imagem de algum x
Quando uma relação é uma função, é comum represen‑ na função dada.
Matemática

tá‑la por uma letra minúscula. Assim, se a relação h é uma Exemplo:


função de A em B podemos escrever: 1. Na função g do exemplo anterior o conjunto‑imagem
h:A→B é o conjunto {2, 4} e anotamos isto como:
ou
y = h(x) Im(g) = {2, 4}

3
Lei de uma Função 2. A função f : R→R, onde R é o conjunto dos números
2
reais, definida pela lei f ( x) = x − 4 x + 3 tem o gráfico
Para o nosso estudo, interessam principalmente as
funções definidas para conjuntos numéricos cujas relações cartesiano ilustrado abaixo:
sejam determinadas por alguma regra matemática específica
como uma operação ou uma expressão algébrica.
Exemplos:
1. Seja N o conjunto dos números naturais, a função f :
N → N definida pela lei f(x) = 3x +2 associa a cada x
∈ N o número y = 3x +2 ∈ N. Nessa função, imagem
do elemento x = 5 será y = 17, pois este será o valor
numérico da expressão 3x +2 para x = 5.
y = f(x)
f(x) = 3x +2
f(5) = 3(5)+2
f(5) = 15+2
f(5) = 17
(lê‑se “f de 5 é igual a 17”)
2. Na função g : Z → N definida por g(x) = 3x2+2, a ima‑
gem do elemento x = – 2 será 14, pois:
y = g(x)
g(x) = 3x2+2
g(–2) = 3(–2) 2 +2 f ( x) = x 2 − 4 x + 3
g(–2) = 3×4+2 =14
g(–2) = 14
Teste da Linha Vertical
Gráfico de uma Função
Considere todos os pares ordenados (x,y) pertencentes Da definição de função decorre a seguinte regra prática
à função f : A → B. para reconhecimento do gráfico cartesiano de uma função:
O gráfico cartesiano de uma função numérica f é a
representação gráfica onde:
1º o domínio da função é representado no eixo horizon‑ O gráfico cartesiano de uma função y = f(x)
tal (eixo das abscissas ou eixo dos “x”) nunca terá dois ou mais pontos quaisquer
2º o contradomínio da função é representado no eixo sobre uma mesma reta vertical.
vertical (eixo das ordenadas ou eixo dos “y”)
3º cada um dos pares ordenados da função corresponde Exemplos:
a um ponto do plano cartesiano.
Exemplos: 1. O gráfico cartesiano abaixo apresenta dois pontos
sobre uma mesma reta vertical. Logo, não pode ser
1. O gráfico cartesiano da função h : A→B definida pela gráfico de uma função.
lei h(x) = x onde A ={1, 2, 3, 4} e B={1, 2, 3, 4, 5} é:
Matemática

h(x) = x Não representa uma função

4
2. O gráfico cartesiano seguinte nunca tem dois ou mais Função Par
pontos sobre uma mesma reta vertical. Portando, ele
representa uma função. Uma função f: A→B é dita par se, e somente se, quais‑
quer valores opostos de x sempre tiverem imagens iguais.

f: A→B é par ⇔ ∀ x∈D( f ), f (x) ≠ f (−x)

O gráfico de uma função par é sempre simétrico em


relação ao eixo das ordenadas (eixo Y).

Representa uma função.

Mais adiante discutiremos detalhes algumas funções


de interesse para o nosso estudo, fazendo a análise de seus
gráficos.

Função Sobrejetora
Função Ímpar
Uma função f: A→B é dita sobrejetora se, e somente se,
seu conjunto‑imagem é igual ao seu contradomínio. Uma função f: A→B é dita ímpar se, e somente se,
quaisquer valores opostos de x sempre tiverem imagens
f: A→B é sobrejetora ⇔ Im( f ) = CD( f ) também opostas.

Função Injetora f: A→B é par ⇔ ∀ x∈D( f ), f (−x) ≠ −f (x)

Uma função f: A→B é dita injetora se, e somente se, O gráfico de uma função ímpar não se altera quando é
quaisquer valores diferentes de x sempre tiverem imagens girado de 180º (virado de “cabeça para baixo”).
também diferentes.

f: A→B é injetora ⇔ x1 ≠ x2 ⇒ f (x1) ≠ f (x2)

Função Bijetora

Uma função f: A→B é dita bijetora se, e somente se, f


é sobrejetora e também injetora.

Im( f ) = CD( f )
f: A→B é injetora ⇔ 
 x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 )

Número de Funções Distintas

Se os conjuntos A e B são, respectivamente, o domínio


e contradomínio de uma função e têm a elementos e b ele‑
mentos, também respectivamente, então o total de funções
distintas f: A→B possíveis será #f = b a.
Função Crescente
Exemplo:
Dados A={1, 2, 3} e B={1, 2}. Uma função f: A→B é dita crescente se, e somente se:

O número de funções distintas possíveis f: A→B é igual a: ∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 ≤ x2 ⇔ f (x1) ≤ f (x2)


Matemática

#f = 23 = 8 Função Decrescente
O número de funções distintas possíveis g: B→A é Uma função f: A→B é dita decrescente se, e somente se:
igual a:

#f = 32 = 9 ∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 ≤ x2 ⇔ f (x1) ≥ f (x2)

5
Função Estritamente Crescente Exemplo:
O gráfico da função constante definida por f(x) = 9 é:
Uma função f: A→B é dita estritamente crescente se,
e somente se:

∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 < x2 ⇔ f (x1) < f (x2)

Função Estritamente Decrescente

Uma função f: A→B é dita estritamente decrescente


se, e somente se:

∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 < x2 ⇔ f (x1) > f (x2)

Função Definida por Várias Sentenças


Funções Polinomiais
Dizemos que uma função f: A → B é definida por Uma função f : R → R é dita polinomial de grau n se,
n sentenças (n ≥ 2) se, e  somente se, existirem n fun‑ e somente se, f é definida como:
ções, g1(x), g2(x), ...., gn(x), definidas respectivamente em
n intervalos de números reais, I1, I2, ..., In , com I1 ∪ I2 ∪ ... ∪ f(x) = anxn + an−1x n−1 + a n−2xn−2 +...+a0 (com an ≠ 0)
In = A de tal forma que:
Exemplos:
 g1 ( x), se x ∈ I1 ; Algumas funções polinomiais são:
 g ( x), se x ∈ I ;

f ( x) =  2 2
f(x) = −2x+8 – polinomial de grau 1 ou do 1º grau.
 
 g n ( x), se x ∈ I n
f(x) = 3x2 +5x−7 – polinomial de grau 2 ou do 2º grau.

Exemplos: f(x) = 12 – polinomial de grau zero ou constante.


Observe o gráfico da função f: R→R é definida por:
Função do 1º Grau ou Função Afim
 x + 2, se x ≤ −2; Uma função do 1º grau, também chamada função afim,

f ( x)  x 2 , se − 2 < x ≤ 2;
= é qualquer função f : R → R tal que:

 x + 2, se x > 2
f(x) = ax + b (com a ≠ 0)

O gráfico de uma função do 1o grau é sempre uma reta


inclinada que encontra o eixo vertical quando y = b.
A constante b da expressão ax+b é chamada coeficiente
linear.
O coeficiente a da expressão ax+b é chamado coeficien‑
te angular e está associado à inclinação que a reta do gráfico
terá (na verdade o valor de a é igual à tangente de certo
ângulo que a reta do gráfico forma com o eixo horizontal).
Se a > 0 a função será crescente, ou seja, quanto maior
for o valor de x, maior será também o valor correspondente
de y e o gráfico vai ficando mais alto para a direita.

x1 > x2 ⇒ f(x1) > f(x2)

Função Constante

Denominamos função constante a qualquer função f :


R → R tal que:
Matemática

f(x) = b
(onde b é uma constante qualquer)
Se a < 0 a função será decrescente, ou seja, quanto maior
O gráfico de uma função constante é sempre uma reta for o valor de x, menor será o valor correspondente de y e
horizontal que encontra o eixo vertical na altura de y = b. o gráfico vai ficando mais baixo para a direita.

6
x1 > x2 ⇒ f(x1) < f(x2)

Discriminante da Função Quadrática


Função Identidade
O valor ∆ = b2 – 4ac é chamado discriminante da função
Uma função do 1º grau, f : R → R, é chamada função f(x) = ax 2 + bx + c.
identidade quando tem coeficiente angular b = 0 e coefi‑
Dependendo dos sinais de ∆ e do coeficiente do termo
ciente linear a = 1, ou seja:
do segundo grau (também chamado termo principal), ocor‑
f(x) = x rerá sempre uma das três seguintes situações:

1a : ∆ > 0

A equação f(x) = 0 terá duas raízes reais e a parábola


encontrará o eixo horizontal (eixo do x) em dois pontos
distintos.

2a : ∆ = 0

A equação f(x) = 0 terá há uma só raiz real e a parábola


encontrará o eixo horizontal em um único ponto.
Função Identidade

Função do 2O Grau ou Função Quadrática


Uma função do 2º grau, ou função quadrática, é qual‑
quer função f : R → R tal que:

f(x) = ax 2 + bx + c (com a ≠ 0)
O gráfico de uma função do 2o grau é sempre uma
parábola.
O que é exatamente uma parábola? Embora nem sempre
se diga, as parábolas são curvas especiais construídas de tal 3a : ∆ < 0
modo que cada um dos infinitos pontos que a formam fica
à mesma distância de uma determinada reta (a diretriz da A equação f(x) = 0 terá não há raízes reais e o gráfico
parábola) e de um determinado ponto (o foco da parábola)
não encontrará o eixo horizontal.
que está fora da reta diretriz.
Matemática

7
Vértice da Parábola O gráfico de uma função recíproca é sempre formado
por duas hipérboles.
O vértice de uma parábola é um ponto da parábola com
várias características interessantes. Ele será o ponto mais
alto (ponto de máximo) ou o ponto mais baixo (ponto de
mínimo) da parábola. Além disto, o vértice da parábola divide
a parábola em duas partes simétricas, sendo uma crescente
e outra decrescente.

f(x) = 1/x

Funções Compostas
Coordenadas do Vértice
Dadas duas funções quaisquer, f e g, tais que f(x) exista
para todos os valores possíveis de g(x), então define‑se a
As coordenadas do vértice podem ser obtidas com as
função composta fg (lê‑se ‘f composta com g’) como sendo:
seguintes expressões:
fg(x) = f(g(x))
−b
xv =
2a Exercício resolvido
Dadas as f(x) = 2x + 3 e g(x) = x2, determine as funções:
−∆ I) fg(x);
yv =
4a II) gf(x)
III) ff(x).
Uma forma alternativa de se conseguir estas coorde‑
nadas é: Solução:
I)
fg(x) = f(g(x))
1o Conhecidas as raízes da função, o x do vértice pode
ser calculado como a média aritmética das raízes da função; fg(x) = 2(g(x)) + 3
r +r
xv = 1 2
2 fg(x) = 2(x2) +3

fg(x) = 2x2 + 3
2o conhecido o valor de xv pode‑se calcular o y do vértice
como o valor que a função assume para x = xv : II)
gf(x) = g(f(x))
y v = a ( xv ) 2 + b( xv ) + c
gf(x) = (2x+3)2

Distância Entre as Raízes Reais gf(x) = 4x2 + 6x + 9

Se a função do segundo grau f(x) = ax 2 +bx +c tem raízes III)


reais, então a distância entre essas raízes, dr, será igual a: ff(x) = f(f(x))

ff(x) = 2(2x+3) + 3

dr =
a ff(x) = 4x+6 + 3

(com ∆ = b 2 − 4a
c ) ff(x) = 4x + 9

Função Inversa
Função Recíproca
Matemática

Dada uma função bijetora, f, define‑se como função


Uma função recíproca é qualquer função f : R → R inversa de f a função f – 1 (lê‑se função inversa de f, e não “f
tal que: elevado a menos um”) tal que:

f(x) = 1/x f – 1f (x) = x , para todo x do domínio de f.

8
Determinação da lei da função inversa Considere a função y = f(x) cujo gráfico está representado
Na prática pode‑se procurar a lei da função inversa de abaixo:
uma função dada com o seguinte procedimento:
1o escrevemos f(x) = y
2o trocamos todo x por y e todo y por x
3o representamos y em função de x

Exemplo:

Determinar a inversa da função f(x) = 2x + 6

Solução:
2x+6 = y (função f) Nessas condições é correto afirmar que:
6. f(0) = 0
2y+6 = x (função f – 1)
7. f(x1) = f(x3) = f(x5) = 0
2y = x – 6 8. A função é crescente no intervalo de x3 a x5.
y = 12 x − 3 9. A função é decrescente no intervalo de x3 a x5.
10. f(x2) = f(x4) = 0
−1
logo: f ( x) = 12 x − 3 Julgue cada uma das afirmativas abaixo como Certa (C) ou
Errada (E).

Exercícios Propostos 11. A função f : R → R é definida por f(3x) = 3f(x) para todo
x de seu domínio. Nessas condições, se f(9) = 45 então
(Cespe) Nos exercícios 1 a 5 julgue cada uma das afirmativas f(1) = 5
dadas como Certa (C) ou Errada (E). 12. Uma função f : R → R tem a seguinte propriedade: para
toda constante real m f(mx) = mf(x) em todo o domínio
1. A figura abaixo é o gráfico de uma função y = f(x). de f. Assim sendo, o  valor de f(0) é necessariamente
igual a zero.
13. Sejam V = {(X1,X2) / X1 e X2 são vértices distintos de
um hexágono regular com lado medindo m} e f uma
função que associa a cada par (X1,X2) de V a distância
de X1 a X2. Assim sendo, o número de elementos do
conjunto‑imagem de f é superior a 5.
14. Considere a função s = (5p+28)/4 onde p é o compri‑
mento do pé de um indivíduo, medido em centímetros,
e s é o valor mais próximo do número do sapato que ela
usa. Nessas condições, se o pé de uma pessoa tem 24
cm de comprimento então o número do sapato que esta
pessoa usa é 37.
15. Com relação à função definida no item anterior, existe
um número x tal que uma pessoa cujo comprimento do
pé seja de x cm usará sapatos de número x.

16. O gráfico da função f(x) = 3x – 9 encontra o eixo das


abscissas (horizontal) quando x é igual a:
a) –9
b) –3
c) 0
d) 3
e) 9

2. Se A = {1, 2, 3} e B = {1, 4, 7, 9} então é correto afirmar 17. O gráfico da função f(x) = – 2x – 14 encontra o eixo das
que o total de funções de A em B distintas possíveis é ordenadas (vertical) quando y é igual a:
igual a 34 = 81. a) –14
3. Seja f(x) = ax5+bx3+cx+10, com a, b e c ∈ R. Nessas b) –7
condições se f(2) = 2 então f(−2) = 18 c) 0
4. Se f(x) = x2−2x+1, então f(a+1) é igual a f(1−a) para todo d) 7
e) 14
Matemática

a pertencente ao domínio de f.
5. Se f(x) = 4x+5, então para todo x1 e todo x2 pertencentes 18. A  função do primeiro grau f(x) = ax +8 é crescente e
ao domínio de f vale encontra o eixo das abscissas (horizontal) quando x é
igual a – 4. Então o valor de a é:
f(x1+x2) = f(x1)+f(x2) a) – 4 b) – 2 c) 2 d) 4 e) 8

9
19. Considere que a função do primeiro grau definida por O lucro de uma empresa é dado pela função L(x) = 120(12
f(x) = ax + 10 seja crescente. Assinale a opção que indica − x)(x − 40), em que x representa a quantidade de unidades
um valor impossível para a raiz desta função. de produtos vendidos.
a) – 25 b) – 4 c) – 3π d) – 2 e) 4
27. (UEG/Agente Legislativo) Assim, é correto afirmar que
20. (Cescem) Para que os pares (1; 3) e (3; – 1) pertençam o lucro é
ao gráfico da função dada por f (x) = ax + b, o valor de a) positivo para qualquer quantidade de unidades ven‑
b – a deve ser: didas.
a) 7 b) 5 c) 3 d) –3 e) –7
b) positivo apenas para quantidades vendidas entre 12
21. Uma função real f do 1º grau é tal que : e 40.
c) o maior possível se a quantidade vendida for exata‑
f (0) = 1 + f (1) mente 28.
e d) positivo para qualquer quantidade vendida, desde
f (–1) = 2 – f (0) que essa quantidade seja maior que 12.

Então, f (3) é: 28. (FCC/Nível Médio) Depois de várias observações, um


a) –3 b) –5/2 c) –1 d) 0 e) 7/2 agricultor deduziu que a função que melhor descreve a
produção (y) de um bem é uma função do segundo grau
22. Para que a função do 1º grau dada por f (x) = (2 – 3k) x y = ax2 + bx +c, em que x corresponde à quantidade de
+ 2 seja crescente, é necessário que: adubo utilizada. O gráfico correspondente é dado pela
a) k = 2/3 figura abaixo.
c) k > 2/3
e) k > – 2/3
b) k < 2/3
d) k < – 2/3

Um passageiro recebe de uma companhia aérea a seguinte


informação em relação à bagagem a ser despachada: por
passageiro, é permitido despachar gratuitamente uma baga‑
gem de até 20kg; para qualquer quantidade que ultrapasse
os 20kg, será paga a quantia de R$ 8,00 por quilo excedente.

23. (UnB/95-STJ) Sendo P o valor pago pelo despacho da


bagagem, em reais, e M a massa da bagagem, em kg,
em que Tem‑se, então, que:
M > 20, então: a) a = −3, b = 60 e c = 375
a) P = 8M b) a = −3, b = 75 e c = 300
b) P = 8M – 20 c) a = −4, b = 90 e c = 240
c) P = 20 – 8M
d) P = 8(M – 20) d) a = −4, b = 105 e c = 180
e) P = 8(M + 20) e) a = −6, b = 120 e c = 150

24. (FCC/Nível Médio) Seja y =12,5x −2000 uma função 29. (FCC/Nível Médio) Uma empresa, após vários anos de
descrevendo o lucro mensal y de um comerciante na estudo, deduziu que o custo médio (y) em reais de sua
venda de x unidades de um determinado produto. Se, produção e venda de x unidades de um determinado
em um determinado mês, o lucro auferido foi de R$ 20 produto é uma função do segundo grau y = x2 + bx + c
000,00, significa que a venda realizada foi, em número representada pelo gráfico a seguir:
de unidades, de
a) 1.440
b) 1.500
c) 1.600
d)) 1.760
e) 2.000

25. A função do segundo grau f(x) = x 2 +bx +c encontra o


eixo horizontal em x = 2 e em x = 5. Então os valores de
b e de c são, respectivamente:
a) –7 e – 10
b) 7 e 10
c) –7 e 10 Tem‑se, então, que:
d) 7 e – 10
Matemática

a)) b = −6 e m = 3
e) 10 e 7
b) b = −6 e m = 6
26. O gráfico de f(x) = x 2 +bx +9 encontra o eixo das abscissas c) b = −3 e m = 6
em um único ponto. Então o valor de b é: d) b = 3 e m = 6
a) ±36 b) ±6 c) 36 d) 6 e) –6 e) b = 6 e m = 3

10
30. Considere o gráfico da parábola da figura abaixo. Gabarito
Funções

1. E 18. c
2. C 19. e
3. C 20. a
4. C 21. b
5. E 22. b
6. E 23. d
7. C 24. d
8. E 25. c
9. E 26. b
10. E 27. b
A única equação que pode representar este gráfico é: 11. C 28. a
12. C 29. a
a) y = x2 + 3x;
13. E 30. a
b) y = x2− 3x; 14. C 31. E, C, C, E, E
c) y = x2; 15. E 32. E, E, C, C, C
d) y = x2 − 3; 16. d 33. C, C, E, E
17. a
e) y = x2 + 3;

31. As raízes de f(x) = 2x 2 +bx +c têm sinais opostos. Nessas


condições, julgue cada um dos itens abaixo como Certo Exercícios Propostos
ou Errado:
a) b 2 – 8c pode ser igual a zero. Composição de Funções
b) b 2 – 8c não pode ser negativo.
c) c < 0 1. Se f(x) = 3x + 1 e g(x) = x + 5, então a expressão que
define a função composta fg(x) é:
d) b < 0
a) 3x + 6
e) b < c b) 3x + 16
c) 4x + 6
32. As raízes de f(x) = – 3x 2 +bx +c são positivas e distintas. d) 3x + 5
Assim sendo, julgue cada um dos itens abaixo como e) 5x + 3
Certo ou Errado:
a) b 2 – 12c pode ser igual a zero. 2. Se f(x) = 3x2 + 1 e g(x) = x – 1, então a expressão que
define a função composta fg(x) é:
b) b 2 – 12c pode ser negativo.
a) 3x2
c) c < 0 b) 3x2 – 1
d) b > 0 c) 3x2 – 2x +1
e) b > c d) 3x2 – 6x +2
e) 3x2 +6x +2
33. (Cespe) A demanda D por um produto que custa p re‑
ais é definida como a quantidade do produto que será 3. Se f(x) = 4x +1 e g(x) = 2x , então o valor de fg(1) +
vendida quando se praticar o preço p. A oferta O de um gf(1) é:
produto ao preço de p reais é a quantidade do produto a) 25 b) 27 c) 41 d) 43 e) 52
que o produtor está disposto e apto a vender pelo preço
4. A função real f(x) = ax + b é tal que ff(x) = x +1 para
p. O preço de equilíbrio de mercado ocorre quando a
todo x real. Nestas condições é correto afirmar:
demanda e a oferta coincidem, e a quantidade vendida a) a = 1 e b = 0,5
é chamada quantidade de equilíbrio. Com base nesses b) a = – 1 e b = 0,5
conceitos, considerando que a demanda por um produto c) a = 1 e b = 2
seja dada pela função D(p) = 49 – p2 e que a oferta desse d) a = 1 e b = – 2
produto seja dada pela função O(p) = 11p – 11, julgue e) a = 1 e b = 1
cada um dos itens seguintes em Certo ou Errado.
a) Existem valores de p para os quais há mais demanda 5. Sejam f e g duas funções reais tais que f(2x – 1) = 3x2 – x
que oferta. +25 e g(x – 1) = 2x +3. O valor de f(g(–1)) é:
a) 27 b) 29 c) 31 d) 33 e) 35
Matemática

b) O preço de equilíbrio ocorre para algum valor de p


tal que 3 < p < 6.
c) Para os valores de p maiores que o preço de equilí‑
Gabarito
brio, existe menos oferta que demanda.
1. b 2. d 3. c 4. a 5. e
d) A quantidade de equilíbrio é inferior a 30 unidades.

11
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E 3º Numa P.A. de razão 6, o valor do 8º termo é 40 e
o último termo vale 106. Pode-se deter­minar o
GEOMÉTRICAS número de termos da P.A. como segue:
Progressões Aritméticas
dados
RS oitavo
último termo: a = 106
n

Definição T razão: 6termo: a = 40


8

Dados os números reais a e r, denominamos progressão an = a8 + (n – 8) ⋅ r


aritmética (P.A.) a toda sequência (a1 , a2 , a3 , ...) tal que: 106 = 40 + (n – 8) ⋅ 6
66 = (n – 8) ⋅ 6
a 1 = a 11 = n – 8 ⇒ n = 19
a = a + r ( para n ≥ 1)
 n +1 n
Soma de n termos consecutivos de uma P.A. (Sn)
Onde r é chamado razão da P.A. Para calcularmos a soma de n termos conse­cutivos de
uma P.A., devemos:
Exemplos:
1º Calcular a média aritmética dos dois extremos;
1º) A sequência (3, 7, 11, 15, 19) é uma P.A. com 2º Multiplicar a média pelo número de termos somados.
5 termos onde a1 = 3, a2 = 7, a3 = 11, a4 = 15, Fa 1 + an I⋅n
a5 = 19 e a razão é 4.
Sn =
H 2 K
2º) Numa P.A. de 20 termos onde a1 = 50 e r = –2, os Exemplo:
quatro primeiros termos são a1 = 50, a2 = 48, a3 =
46 e a4 = 44. Numa P.A. com 30 termos o primeiro é 12 e o último,
58. Qual o valor da soma de todos eles?
Propriedades
Solução:
• A diferença entre um termo qualquer, a partir do F 12 + 58 I ⋅ 30
segundo, e o termo anterior é igual à razão da P.A. S30 =
H 2 K
a n +1 − a n = r F 70 I ⋅ 30
S30 =
H2K
• Qualquer termo, a partir do segundo, é a média S30 = 35 ⋅ 30 = 1.050
aritmética dos termos vizinhos a ele (antecedente e
sucessor). S30 = 1.050

a n −1 + a n +1
an =
2
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Determine a razão de cada uma das seguintes pro‑
• Considerando n termos consecutivos de uma P.A., a
gressões aritméticas:
soma de dois termos equidistantes dos extremos é
a) (34, 41, 48, 55, 62) d) (-30, -27, -24, -21)
igual à soma dos termos extremos.
b) (78, 83, 88, 93, 98) e) (4/3, 5/3, 2, 7/3)
c) (19, 17, 15, 13, 11)
Termo Geral de uma P.A.
2. Determine o 10º termo de cada uma das progressões
Numa P.A. de razão r, vale a seguinte igualdade: aritméticas do exercício anterior.

a n = a k + (n − k) ⋅ r 3. Determine o termo indicado em cada uma das seguintes


progressões aritméticas:
Exemplos: a) a6 = 2, r = 2, a20 = ? d) a20 = 40, r = –10, a100 = ?
b) a10 = 15, r = 3, a30 = ? e) a40 = 18, r = 20, a80 = ?
1º Numa P.A. de razão 3, cujo 8º termo vale 10, o valor c) a8 = 100, r = 5, a18 = ? f) a37 = 56, r = 12, a49 = ?
do 15º termo é:
4. Determine o primeiro termo das progressões aritméticas
a15 = a8 + (15 – 8) ⋅ 3
em cada caso:
a15 = 10 + 7 ⋅ 3
a) a10 = 190 e r = 8 e) a100 = 750 e r = –2
a15 = 10 + 21
b) a15 = 580 e r = 10 f) a46 = 280 e r = –2
a15 = 31 c) a20 = 120 e r = 5 g) a10 = -30 e r = –3
d) a8 = 70 e r = 7 h) a8 = 0 e r = –5
2º Se o 5º termo de uma P.A. é 13 e o 9º termo é 45,
Matemática

pode-se determinar a razão da seguinte forma: 5. Determine a razão de cada P.A. seguinte:
a9 = a5 + (9 – 5) ⋅ r a) a1 = 5 e a11 = 85 e) a5 = 50 e a15 = 150
45 = 13 + 4 ⋅ r b) a1 = 10 e a26 = 135 f) a10 = 105 e a25 = 135
45 – 13 = 4r c) a1 = 100 e a16 = 40 g) a20 = 200 e a100 = 240
32 = 4r ⇒ r = 8 d) a1 = 50 e a13 = –10 h) a45 = 300 e a100 = 190

12
6. Determine o número de termos de cada uma das Progressões Geométricas
progres­sões aritméticas seguintes:
a) (1, 7, 13, ..., 121) d) (108, 117, ... 999) Definição
b) (74, 95, ..., 200) e) (1, 3, 5, ..., 99)
c) (-3, 0, ..., 39) f) (2, 4, 6, ..., 100) Dados os números reais não nulos a e q, denominamos
progressão geométrica (P.G.) a toda sequência (a1 , a2, a3 , ...)
7. Determine o quarto termo de cada sequência resultante tal que:
nas seguintes interpolações aritméticas:
a) Interpolar 3 meios aritméticos entre 12 e 28. RSa 1 =a


b) Inserir 5 meios aritméticos entre 10 e 40.
c) Interpolar 6 meios aritméticos entre 20 e 90.
Ta n +1 = a n ⋅ q ( para n ≥ 1)

d) Inserir 10 meios aritméticos entre 10 e 109. Onde q é chamado razão da P.G.


e) Interpolar 5 meios aritméticos entre 40 e 10.
Exemplos:
8. Sabendo que os três primeiros termos de uma P.A. são, 1º A sequência (3, 6, 12, 24) é uma P.G. onde a1 = 3, a2
respectivamente, x – 1, x + 5 e 4x – 4, encontre o valor = 6, a3 = 12, a4 = 24 e a razão é q = 2.
numérico do quarto termo. 2º Numa P.G. onde a1 = 320 e , os quatro primeiros
9. Determine a razão da P.A. (5 – x, x + 1, 3x – 3) em função termos são a1 = 320, a2 = 160, a3 = 80 e a4 = 40
de x.
10. Determine o valor da soma dos 100 primeiros números Propriedades
inteiros positivos.
11. Determine o valor da soma dos 30 primeiros números • o quociente entre um termo qualquer, a partir do
ímpares positivos. segundo, e o termo anterior é igual à razão da P.G.;
12. Determine o valor da soma dos 20 primeiros termos da
sucessão (10, 13, 16, 19, ...). a n +1
=q
13. Determine o valor da soma de todos os múltiplos de 7 an
compreendidos entre 10 e 100.
• qualquer termo, a partir do segundo, é, em módulo,
14. Determine o valor da soma de todos os múltiplos de 11
a média geométrica dos termos vizinhos a ele
compreendidos entre 30 e 200.
(antecedente e sucessor);
15. Numa urna há 1000 bolinhas. Retirando 3 bolinhas na
primeira vez, 6 bolinhas na segunda, 9 na terceira, e
assim por diante, quantas bolinhas restarão na urna a n = a n −1 × a n +1
após a vigésima retirada?
• considerando n termos consecutivos de uma P.G., o
GABARITO produto de dois termos equidistantes dos extremos
é igual ao produto dos termos extremos.
1. a) 7 2. a) 97 3. a) 30 4. a) 118
b) 5 b) 123 b) 75 b) 440 a1 × a n = a1+ k × a n − k
c) –2 c) 1 c) 150 c) 25
d) 3 d) –3 d) –760 d) 21 Termo geral de uma P.G.
e) 1/3 e) 13/3 e) 818 e) 948
f) 200 f) 370 Numa P.G. de razão q, vale a seguinte igualdade:
g) –3
h) 35
a n = a k ⋅ q n−k
5. a) r = 8 6. a) n = 21 7. a) 24
b) r = 5 b) n = 7 b) 25 Exemplo:
c) r = –4 c) n = 15 c) 50
d) r = –5 d) n = 100 d) 37 Numa P.G. de razão 3, cujo 5º termo vale 8, o valor do
e) r = 10 e) n = 50 e) 25 9º termo é:
f) r = 2 f) n = 50
a9 = a5 × q9 – 5
g) r = 1/2
h) r = –2 a9 = 8 × 34 = 648

8. 22 Soma de n termos consecutivos de uma P.G.


9. 2x – 4 (para todo x)
10. 5050 A soma de n termos consecutivos de uma P.G. é dada
Matemática

11. 900 pela seguinte expressão:


12. 770
13. 728
qn −1
14. 1.848 Sn = a1 ⋅ (para q ≠ 1)
15. 370 q −1

13
Exemplo: 2. Determine o sétimo termo de cada uma das seguintes
progressões geométricas:
Numa P.G. com 10 termos, o primeiro vale 25 e a razão a) (4, 8, 16, 32, ...)
é 2. Determinar a soma destes termos. b) (10, 30, 90, ...)
c) (5, 20, 80, 320, ...)
Solução: d) (10.000, 1.000, 100, ...)
e) (128, 64, 32, ...)
210 − 1 f) (1, -2, 4, -8, ...)
S10 = 25 ⋅ = 25 ⋅ 1023
2 −1
3. Determine o termo pedido de cada P.G., conhecendo a
S10 = 25 ⋅ 1.023 razão e um de seus termos.
a) a3 = 10, q = 2, a8 = ?
b) a3 = 8, q = 3 , a10 = ?
S10 = 25.575
c) a6 = 12.500, q = -5, a1 = ?
5 1
Soma-limite de uma P.G. infinita d) a12 = , q = , a1 = ?
8 2
Numa P.G. onde o módulo da razão seja menor que 4. Determine a razão de cada P.G. conhecendo dois de seus
1, a soma dos seus infinitos termos será um número finito termos:
dado por: a) a1 = 6 e a6 = 192
b) a1 = 10 e a8 = -1.280
a1 c) a3 = 8 e a7 = 5.000
S∞ = (para |q| < 1) d) a1 = 25 e a7 = 1.600
1− q
e) a3 = -125 e a7 = -2.000
2
Exemplo: f) a5 = e a9 = 54
3

Determinar a soma-limite da expressão


5. Determine o segundo termo de cada sequência resul‑
1 1 1 tante das interpolações geométricas indicadas.
2 +1+ + + +... a) Inserir 4 meios geométricos entre 4 e 1/8.
2 4 8 b) Interpolar 4 meios geométricos entre 3 e -96.
c) Inserir 2 meios geométricos entre 2 e 10.
Solução: d) Inserir 3 meios geométricos entre 2 e 32, de modo a
1º termo: 2 obter uma P.G. alternante.
1 e) Interpolar 3 meios geométricos entre 4 e 36, de modo
razão:
2 a obter uma P.G. crescente.
a1
S∞ = 6. Determine o número de termos de cada P.G. indicada:
1− q
a) (2/3, 2, 6, ..., 486)
2 2 b) (1/9, 1/3, ..., 729)
S∞ = =
1 1 c) (100, 20, ..., 0,0064)
1−
2 2 d) (2, 8, 32, ..., 2.048)
S∞ = 2 ⋅ 2 = 4 e) (1, 5, ..., 3.125)
S∞ = 4 f) (0,125, 0,5, ..., 128)

GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. a) 2 2. a) 256 3. a) 320
1. Identifique a razão de cada uma das seguintes pro­ b) 1/2 b) 7.290 b) 216 3
gressões geométricas: c) –2 c) 20.480 c) –4
a) (3, 6, 12, 24) d) 0 d) 0,01 d) 1.280
e) –2 e) 2
b) (24, 12, 6, 3) f) –1/2 f) 64
c) (1/2, -1, 2, -4, 8) g) 2
h) 3 2
d) (65, 0, 0, 0, 0) i) − 2
e) (4, -8, 16, -32, 64)
4. a) 2 5. a) 2 6. a) 7
Matemática

f) (128, -64, 32, -16) b) –2 b) –6 b) 9


g) (6, 6 2 , 12, 12 2 ) c) ±5 c) 23 5 c) 7
d) ±2 d) –4 d) 6
3
h) (3, 33 2 , 3 4 , 6, 63 2 ) e) ±2 e) 4 3 e) 6
f) ±3 f) 6
i) (-1, 2 , -2, 2 2 , -4)

14
Juros Simples Taxa de Juros

Conceito de Juros A taxa de juros é aquela que indica a proporção entre


os juros e o capital num dado intervalo de tempo.
Quando um capital é emprestado a alguém durante al‑ A taxa de juros deve, portanto, estar sempre associada
gum tempo, o dono do capital tem direito, como pagamento a um período de tempo.
pelo empréstimo, a uma quantia a qual denominamos juro. Em muitos casos a indicação escrita do prazo de tempo
Ao capital acrescido de juros é comum chamarmos associado às taxas será feita de forma abreviada, de modo
montante. que o prazo seja indicado por sua letra inicial.
Assim teremos:
Capital → Montante
x% a.d. = x% ao dia
(+ Juros)
x% a.m. = x% ao mês
x% a.b. = x% ao bimestre
Assim, os juros são a variação entre o capital e o x% a.t. = x% ao trimestre
montante de uma operação financeira. x% a.q. = x% ao quadrimestre
x% a.s. = x% ao semestre
(Juros) = (Montante) – (Capital)
x% a.a. = x% ao ano
Regimes de Capitalização Exemplo:

O resultado do cálculo dos juros de uma operação Se um capital de R$2.000,00 rendeu R$300,00 de ju‑
financeira dependerá, entre outros fatores, do modo como ros ao fim de dois meses, então a taxa de juros para esse
decidiremos que deve ocorrer a variação destes juros em período será:
relação ao prazo da operação.
Denomina-se regime de capitalização ao modo esco‑ 100% +x% (100 + x) %
lhido para a variação dos juros em relação ao prazo das
Capital → Montante
operações consideradas.
Existem basicamente três regimes de capitalização: (+ Juros)
– Capitalização Simples.
(Juros) = x% do (Capital)
– Capitalização Composta.
300 = x% de 2.000
– Capitalização Contínua. x
300 = × 2.000
100
Uma vez que os resultados de uma operação financeira
dependem do regime de capitalização escolhido, este deve 300 × 100
ser sempre indicado de algum modo nos textos das questões =x = 15
de matemática financeira. Isso é feito, na maioria das vezes, 2000
usando-se “simples” / “composto” / “contínuo” como adjeti‑
vo ou de juros ou de desconto ou de taxa ou de capitalização. Logo, a taxa de juros é de 15% no bimestre.

Exemplos: Taxas Proporcionais

... calcular os juros simples ... Duas taxas são proporcionais quando seus valores são
... a juros compostos de ... diretamente proporcionais aos respectivos tempos, sendo
... admitindo juros contínuos ... estes considerados numa mesma unidade.
... no regime de capitalização simples ...
Exemplo:
... determine o desconto composto ...
As taxas de 72% ao ano e de 6% ao mês são propor‑
Juros Simples cionais.
Isso pode ser comprovado verificando uma regra de três
Chamamos de juros simples àquele no qual se admite direta como a indicada a seguir:
que o total de juros seja diretamente proporcional ao tempo
da operação considerada. (%) (prazos)
Como os juros são a variação entre o capital e o mon‑ 72 → 12 (meses)
tante e como esta variação, na prática, ocorre num dado
6 → 1 (mês)
intervalo de tempo, o valor dos juros deve estar sempre as‑
sociado ao período de tempo que foi necessário para gerá-lo. 72%×1 = 6%×12
Exemplo:
Matemática

72% = 72%
Se dissermos que um empréstimo de R$1.000,00 cobra
juros de R$2,00, isso representará uma variação grande ou A igualdade obtida na última linha confirma que os 72%
pequena? Depende. Se ela ocorreu em um ano, podemos estão para 12 meses (1 ano) assim como os 6% para 1 mês.
dizer que é bem pequena. Mas se ocorreu em um dia, já não Ou seja, as taxas de 72% ao ano e de 6% ao mês são mesmo
teremos a mesma opinião. proporcionais.

15
Exercício Resolvido • Prazo comercial – Consideram-se todos os meses
com 30 dias (mês comercial) e o ano com 360 dias
Qual é a taxa trimestral proporcional à taxa quadrimes- (ano comercial). Este é o caso mais frequente nos
tral de 20%? problemas de juros simples, e os juros calculados de
acordo com esta convenção são chamados de juros
(%) (prazos) comerciais ou juros ordinários.
20 → 4 (meses) Exemplos:
x → 3 (mês)

x%×4 = 20%×3 Prazo dado Total de dias (prazo


comercial)
x% = 60% ÷ 4 Dois meses e meio 2×30 + 15 = 75 dias

x% = 15% Três meses e vinte dias 3×30 + 20 = 110 dias


Um ano 12×30 = 360 dias
Portanto, a taxa de 15% a.t. (15% ao trimestre) é pro‑ De 01/07/X a 01/09/X 2×30 = 60 dias
porcional à de 20% a.q. (20% ao quadrimestre).
De 06/02/X a 06/03/X 1×30 = 30 dias
Taxas Equivalentes
Exercício Resolvido
Duas taxas são equivalentes quando produzem juros
iguais ao serem aplicadas a capitais iguais e por pe­ríodos Qual a taxa de juros simples equivalente a 12% ao mês
de tempo também iguais. para um prazo de 3 meses e 10 dias, considerando a conven-
ção do prazo comercial?
Exemplo:
A aplicação de uma dada quantia qualquer, por certo Solução:
período, à taxa de juros simples de 2% ao mês nos daria um 1 mês = 30 dias
total de juros igual àquele que obteríamos se aplicássemos 3 meses e 10 dias = 3×30 dias + 10 dias = 100 dias
a mesma quantia, durante o mesmo tempo, mas à taxa de
juros simples de 6% ao trimestre. Então dizemos que a taxa Como as taxas equivalentes, a juros simples, devem ser
de juros simples de 2% a.m. é equivalente à taxa de juros proporcionais aos seus respectivos tempos, temos:
simples de 6% a.t.
Notemos que 2% a.m. e 6% a.t. são também taxas pro‑
porcionais, pois: (prazos) (%)
No regime de juros simples, taxas equivalentes serão 30 dias ......................... 12%
sempre proporcionais e vice-versa. 100 dias ......................... x%

Exercício Resolvido 30x = 100×12


x = 40
Qual é a taxa semestral equivalente à taxa quadrimestral
de 7,5%? A taxa equivalente, para os 3 meses e 10 dias, é 40%.

(%) (prazos) • Prazo exato – Considera-se o total exato de dias trans‑


corridos no período da aplicação. Assim, contam-se
7,5 → 4 (meses)
com 30 dias os meses de abril, junho, setembro e
x → 6 (mês) novembro, 28 dias para fevereiro (29 se o ano for
bissexto) e com 31 dias os demais meses do ano.
x%×4 = 7,5%×6
O ano terá um total de 365 dias (ou 366 dias se for
bissexto). Os juros calculados de acordo com esta
x% = 45% ÷ 4
convenção são chamados juros exatos.
x% = 11,25%
Exemplos:
Portanto, a taxa de 7,5% a.s. (7,5% ao semestre) é pro‑
porcional à de 11,25% a.q. (11,25% ao quadrimestre). Prazo dado Total de dias (prazo exato)
Um ano 365 dias
Juros Comerciais e Juros Exatos
De 01/07/X a 01/09/X 31 + 31 = 62 dias (conta-se o dia
Existem situações onde o prazo de uma operação finan‑ inicial mas não o final)
ceira é contado em dias enquanto a taxa de juros é indicada De 06/02/X a 06/03/X 28 dias (se nada for dito,
Matemática

em alguma outra unidade de tempo maior (mês, bimestre, presume-se o ano não bissexto)
quadrimestre, semestre ou ano).
Em tais situações todos os prazos devem ser contados Obs.: Expressões como “dois meses e meio”, “três
em dias. A contagem do número de dias envolvidos na meses e vinte dias” etc. não fazem sentido na contagem
operação (prazo da operação), entretanto, deve ser feita, de prazos exatos, pois o total dependeria de quais meses
na prática, de acordo com uma das seguintes convenções: seriam considerados.

16
Exercício Resolvido (prazos) ($$)
365 dias ............................ R$720,00
Quantos dias, exatamente, durou uma aplicação que
teve início em 18 de março de certo ano e término em 10 de 73 dias ............................ x

setembro do mesmo ano?
365×x = 73×720
Solução:
Quando esta situação ocorre no meio de um problema 73 × 720
=x = 144
em provas de concursos, quase sempre somos obrigados a 365
resolvê-la sem o auxílio da chamada “tabela para contagem
de dias entre datas”. Entretanto, é possível resolvê-la com o
seguinte procedimento: O valor dos juros exatos é de R$144,00.
Se as datas de início e término da operação estiverem
no mesmo ano, pode-se determiná-la da seguinte forma: II – Considerando o prazo comercial:
Na contagem do prazo comercial os ajustes relativos ao
∆M = (mês final) − (mês inicial) número exato de dias não são considerados.
∆D = (dia final) − (dia inicial)
Ajustes = Prazo comercial = 30×∆M + ∆D
+1 dia para cada dia 31 compreendido entre as datas Prazo comercial = 30×(2) + (14)
de início e fim; Prazo comercial = 60 + 14
−2 dias se o período da operação passar de fevereiro Prazo comercial = 74 dias
para março.
Juros comerciais:
Prazo exato = 30×∆M + ∆D + Ajustes
JC = 10% de R$7.200,00
Em nosso caso, temos: JC = 720,00 (anual)
∆M = (mês final) − (mês inicial) = 9 − 3 = 6
∆D = (dia final) − (dia inicial) = 10 − 18 = −8 (prazos) ($$)
Ajustes = (31/mar.) + (31/maio) + (31/jul.) + (31/ago.)
360 dias .................... R$720,00
=1+1+1+1=4
74 dias .................... x
Prazo exato = 30×∆M + ∆D + Ajustes
Prazo exato = 30×(6) + (−8) + (4) 360×x = 74×720
Prazo exato = 180 −8 + 4
Prazo exato = 176 74 × 720
=x = 148
360
Obs.: O prazo comercial entre duas datas pode ser
conseguido fazendo-se: O valor dos juros comerciais é de R$148,00.
Prazo comercial = 30×∆M + ∆D
Prazo comercial = 30×(6) + (−8) Prazo Médio e Taxa Média
Prazo comercial = 180 −8
Prazo comercial = 172 Considere um conjunto com duas ou mais aplicações a
juros simples, cada qual com seus próprios valores de capital,
suas taxas e seus prazos.
Exercício Resolvido
Prazo médio é um prazo único tal que, substituindo
Um capital de R$7.200,00 foi aplicado de 6 de fevereiro os prazos de cada uma das aplicações dadas, produzirá o
até 20 de abril do mesmo ano. Considerando uma taxa de mesmo total de juros das aplicações originais.
juros simples de 10% a.a., qual o total de juros desta aplica- O prazo médio é sempre a média aritmética ponderada
ção se considerarmos o prazo exato? E qual o total de juros dos prazos, tendo como pesos os produtos das taxas e capi‑
se considerarmos o prazo comercial? tais a eles associados.

Solução: Exercício Resolvido


∆M = (mês final) − (mês inicial) = 4 − 2 = 2
∆D = (dia final) − (dia inicial) = 20 − 6 = 14 Três capitais de R$ 1.000,00, R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00
Ajustes = (fev./mar.) + (31/mar.) = −2 + 1 = −1 foram aplicados às taxas simples de 2%, 3% e 4% ao mês
durante 3 meses, 2 meses e 1 mês, respectivamente. Qual
I – Considerando o prazo exato: seria o prazo médio para estas três aplicações?
Prazo exato = 30×∆M + ∆D + Ajustes
Prazo exato = 30×(2) + (14) + (−1) A B C B × C A × B × C
Matemática

Prazo exato = 60 + 14 −1
Prazo exato = 73 dias PRAZOS CAPITAIS TAXAS PESOS PRAZOS × PESOS

Juros exatos: 3 meses 1 2 1 x 2 = 2 3x1x2=6


JE = 10% de R$7.200,00 2 meses 2 3 2 x 3 = 6 2 x 2 x 3 = 12
JE = 720,00 (anual) 1 mês 3 4 3 x 4 = 12 1 x 3 x 4 = 12

17
(soma _ de _ prazos × pesos) Neste esquema, poderíamos determinar quer os juros,
prazo médio = quer o montante através de uma simples regra de três. Mas
(soma _ dos _ pesos) o problema pediu o valor dos juros. Logo, faremos:

6 + 12 + 12 30 (%) ($$)
prazo médio
= = = 1,5 (meses)
2 + 6 + 12 20 100% ..................... 800 (capital)
6% ..................... J = ? (juros)
Portanto, o prazo médio seria de 1 mês e 15 dias.
Isso significa que se nós trocássemos os prazos das três Resolvendo a regra de três, vem:
aplicações por 1 mês e 15 dias, o total de juros produzidos pe‑
100×J = 6×800
las três aplicações, ao final desse prazo, continuaria inalterado.
Taxa média é uma taxa única tal que, substituindo as 6×800
taxas de cada uma das aplicações dadas, produzirá o mesmo J= = 48
total de juros das aplicações originais. 100
A taxa média é sempre a média aritmética ponderada
das taxas, tendo como pesos os produtos dos prazos e capi‑ Portanto, os juros da aplicação são de R$ 48,00.
tais a eles correspondentes.
2. Um capital de R$ 23.500,00 foi aplicado durante 8
Exercício Resolvido meses à taxa simples de 9% a.a. Determine o montante
desta aplicação.
Considerando as aplicações do exemplo anterior:
R$ 1.000,00, R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00, às taxas de 2%, 3% Solução:
e 4% ao mês, durante 3, 2 e 1 mês, respectivamente. Qual
seria a taxa média para estas três aplicações? A taxa é de 9% ao ano, mas a aplicação durou 8 meses.

A B C B × C A×B×C (prazo) (%)


TAXAS CAPITAIS PRAZOS PESOS TAXAS×PESOS 12 meses ................... 9%
2% a.m. 1 3 1 x 3 = 3 2x1x3=6 8 meses ................... x
3% a.m. 2 2 2 x 2 = 4 3 x 2 x 2 = 12
4% a.m. 3 1 3 x 1 = 3 4 x 3 x 1 = 12 Resolvendo a regra de três, vem:

(soma _ de _ taxas × pesos) 12×x = 8×9%


Taxa média =
(soma _ dos _ pesos)
8 × 9%
6 + 12 + 12 30 =x = 6%
Taxa média
= = = 3 12
3+ 4+3 10
Desse modo, podemos escrever:
Portanto, a taxa média seria de 3% ao mês.
100% + 6% 106%
Isso significa que se nós trocássemos as três taxas (2%, C = 23.500 → M=?
3% e 4%) para 3% a.m., o total de juros produzidos pelas três
aplicações continuaria inalterado. +J=?

Exercícios Resolvidos Veja que o montante é 106% do capital!

1. Um capital de R$ 800,00 foi aplicado pelo prazo de 2 106% de 23.500,00 = 24.910,00


meses, à taxa de juros simples de 3% ao mês. Qual o valor
dos juros desta aplicação? Portanto, o montante foi de R$ 24.910,00.

Solução: 3. Uma aplicação de R$ 50.000,00 pelo prazo de 8 meses


resultou num montante de R$ 66.000,00. Qual foi a taxa
Inicialmente, vemos que a taxa de juros é de 3% ao mês. mensal de juros simples desta aplicação?
Como o prazo de aplicação é de 2 meses, temos a se‑
guinte proporção: Solução:
Lembrando que os juros são a variação (diferença) do
(prazos) (%) capital aplicado para o montante, teremos:
1 mês ......................... 3%
2 meses ......................... x% 100% +x% (8 meses) (100+x)%

1×x = 2×3% C = 50.000 → M = 66.000


x = 6% + J = 16.000
Matemática

Assim, podemos montar o seguinte esquema: Pelo esquema vemos que:

100% + 6% 106% ($$) (%)


C = 800 → M=? 50.000 .................... 100%
+J=? 16.000 .................... x

18
Desse modo teremos: 360 × x = 115×36%

50.000 × x = 16.000×100% 115×36%


x= =11,5%
360
16.000×100%
x= = 32%
50.000 J = 11,5% de R$2.000,00 = R$230,00

Como foi pedida uma taxa mensal, faremos: Portanto, os juros comerciais serão de R$230,00.

6. Um capital de R$ 5.300,00 foi aplicado no dia 25 de


(prazo) (%) março de certo ano, à taxa anual de 10%. Considerando o
8 meses .................... 32% critério de juros simples exatos, qual o valor do montante
1 mês .................... x desta aplicação em 6 de junho do mesmo ano?

8×x = 1×32% Solução:

1×32% ∆M = (mês final) − (mês inicial) = 6−3 = 3


x= = 4% ∆D = (dia final) − (dia inicial) = 6−25 = −19
8
Ajustes = (31/mar.) + (31/maio) = 1+1 = 2

Portanto, a taxa é de 4% ao mês. Prazo exato:


Prazo exato = 30×∆M + ∆D +Ajustes
4. De quanto será o juro produzido por um capital de Prazo exato = 30×(3)+(−19)+(2)
R$ 2.300,00, aplicado durante 3 meses e 10 dias, à taxa Prazo exato = 90−19+2
simples de 12% ao mês? Prazo exato = 73 dias

Solução: Juros exatos:


JE = 10% de R$5.300,00
O enunciado apresentou um prazo em meses e dias, mas JE = 530,00 (anual)
não indicou se o juro deve ser comercial ou exato. Em casos
como este, presume-se que o juro desejado é o comercial. (prazo) ($$)
Pela convenção do prazo comercial, 3 meses e 10 dias
nos dão: 365 dias .................... 530,00
73 dias .................... x
3 meses + 10 dias = (3×30) + 10 dias = 90 + 10 dias =
100 dias 365×x = 73×530,00

Agora, calculamos a taxa equivalente para os 100 dias 73×530%


x= =106
(regra de três). 365

(prazo) (%) Juros exatos: R$106,00.


30 dias .................... 12%
100 dias .................... x EXERCÍCIOS PROPOSTOS
30×x = 100×12% Juros Simples
100×12% Taxas proporcionais e equivalentes
x= = 40%
30
1. A alternativa que indica a taxa mensal proporcional à
taxa de 24% a.a. é:
Finalmente, determinamos o juro pedido: a) 1% a.m. d) 6% a.m.
b) 2% a.m. e) 12% a.m.
40% de R$ 2.300,00 = R$920,00 c) 4% a.m.
Portanto, o juro é de R$920,00. 2. A taxa bimestral que é proporcional à taxa de 18% a.a. é
a) 1% a.b.
5. Aplicando R$2.000,00 à taxa de juros simples comer- b) 2% a.b.
ciais de 36% a.a., qual o total de juros ao fim de 115 dias? c) 3% a.b.
d) 6% a.b.
Solução:
Matemática

e) 9% a.b.

(prazo) (%) 3. A alternativa que indica a taxa trimestral equivalente à


taxa de 20% a.a. é:
360 dias .................... 36% a) 1% a.t.
115 dias .................... x b) 2% a.t.

19
c) 4% a.t. 12. De 4 de janeiro a 10 de maio do mesmo ano, segundo
d) 5% a.t. o critério de contagem de prazo exato, temos
e) 10% a.t. a) 126 dias.
b) 127 dias.
4. A taxa semestral que equivale à taxa de 24% a.a. é c) 125 dias.
a) 12% a.s. d) 3% a.s. d) 128 dias.
b) 6% a.s. e) 2% a.s. e) 124 dias.
c) 4% a.s.
Juros simples comerciais
5. A alternativa que indica a taxa mensal que é proporcio­
nal à taxa de 12% a.s. é: 13. O valor dos juros simples comerciais produzidos em
a) 1% a.m. três meses pela aplicação de um capital de R$1.200,00
b) 2% a.m. à taxa de 4% a.m. é
c) 3% a.m. a) R$120,00.
d) 4% a.m. b) R$124,00.
e) 6% a.m. c) R$140,00.
d) R$144,00.
6. A taxa bimestral que é equivalente à taxa de 12% a.t. é e) R$148,00.
a) 10% a.b.
b) 9% a.b. 14. Um capital de R$2.200,00 foi aplicado à taxa de juros
c) 8% a.b. simples de 60% a.a. Qual o total dos juros ao fim de 7
d) 6% a.b. meses?
e) 4% a.b. a) R$250,00
b) R$350,00
Contagens de prazos comerciais e exatos c) R$530,00
d) R$700,00
7. O total de dias que correspondem a quatro meses e dez e) R$770,00
dias, de acordo com o prazo comercial, é
a) 100 dias. 15. Aplicando R$1.500,00 por 1 mês e 10 dias, à taxa sim‑
b) 110 dias. ples de 6% a.b., qual será o montante obtido?
c) 120 dias. a) R$1.530,00
d) 130 dias. b) R$1.560,00
e) 140 dias. c) R$1.580,00
d) R$1.610,00
8. O total de dias que correspondem a cinco meses e meio, e) R$1.620,00
de acordo com o prazo comercial, é
a) 150 dias. 16. Qual o capital necessário para produzir R$196,00 de
b) 165 dias. juros após 2 meses e 10 dias se a taxa trimestral de
c) 170 dias. juros simples comerciais é de 18%?
d) 175 dias. a) R$2.800,00
e) 180 dias. b) R$2.020,00
c) R$1.400,00
9. O total de dias que correspondem a três meses e vinte d) R$1.202,00
e dois dias, de acordo com o prazo comercial, é e) R$1.196,00
a) 102 dias.
b) 106 dias. 17. Um investidor aplicou R$3.000,00 no dia 10/7/2000 a
c) 108 dias. juros simples comerciais de 72% a.a. Qual o montante
d) 110 dias. desta aplicação em 15/9/2000?
e) 112 dias. a) R$3.270,00
b) R$3.390,00
10. O número de dias que se contam de 5 de julho a 10 c) R$3.720,00
de setembro do mesmo ano, pelo critério do prazo d) R$3.930,00
comercial, é e) R$3.980,00
a) 65 dias.
b) 70 dias. 18. Que taxa anual de juros simples seria necessária para
c) 75 dias. gerar um montante de R$2.880,00 após 8 meses de
d) 80 dias. aplicação se o capital aplicado fosse de R$2.400,00?
e) 85 dias. a) 10% b) 16% c) 20% d) 26% e) 30%

11. O número de dias contados de 12 de julho a 6 de ou‑ 19. Se um capital de R$3.100,00 resultou, ao fim de 2 meses
tubro do mesmo ano, segundo a convenção do prazo e 20 dias, num montante de R$3.348,00 ao ser aplicado
comercial, é a juros simples, qual a taxa mensal?
Matemática

a) 82 dias. a) 3,0%
b) 84 dias. b) 3,5%
c) 86 dias. c) 4,0%
d) 88 dias. d) 4,5%
e) 90 dias. e) 5,0%

20
20. Se R$4.200,00, aplicados à taxa simples de 6% a.m., re‑ 27. Considere o total dos juros simples obtidos pelas aplica‑
sultaram num montante de R$4.368,00, então quantos ções de R$300,00 por 1 mês à taxa de 2% a.m., R$100,00
dias durou a aplicação? por 3 meses à taxa de 4% a.m. e R$200,00 por 2 meses
a) 10 dias à taxa de 3% a.m. Qual a taxa única que resultaria o
b) 15 dias mesmo total de juros se as demais condições de capitais
c) 20 dias e prazos fossem mantidas nas três aplicações?
d) 25 dias a) 3,0% a.m.
e) 40 dias b) 2,9% a.m.
c) 2,8% a.m.
Juros simples exatos d) 2,7% a.m.
e) 2,6% a.m.
21. Um capital de R$2.700,00 foi aplicado em 13/3/2009 à
taxa anual de 36,5% e resgatado em 01/6/2009. Qual o
total de juros simples exatos obtidos nesta operação? GABARITO
a) R$216,00
b) R$228,00 1. b 8. b 15. b 22. b
c) R$236,00 2. c 9. e 16. c 23. c
d) R$238,00 3. d 10. a 17. b 24. d
e) R$246,00 4. a 11. b 18. e 25. d
5. b 12. a 19. a 26. e
22. Qual o montante de uma aplicação de R$5.400,00 feita 6. c 13. d 20. c 27. a
no período de 13/4/2009 a 7/6/2009 se a taxa foi de 7. d 14. e 21. a
73% a.a. e os juros foram calculados com prazos exatos?
a) R$5.972,00
b) R$5.994,00 Testes – Juros Simples
c) R$6.134,00
d) R$6.172,00 1. (TTN/1985) Se 6/8 de uma quantia produzem 3/8 desta
e) R$6.224,00 mesma quantia de juros em 4 anos, qual é a taxa apli‑
cada?
23. Um capital de R$2.000,00 investido em 22/2/2000 a) 20% ao ano d) 200% ao ano
totalizava R$2.520,00 em 17/7/2000. Considerando os b) 125% ao ano e) 10% ao ano
juros exatos, qual a taxa anual de juros desta operação? c) 12,5% ao ano
a) 63% c) 65% e) 67%
b) 64% d) 66% 2. (TTN/1985) Um capital de $ 14.400 aplicado a 22%
ao ano rendeu $ 880 de juros. Durante quanto tempo
24. Um capital de R$4.320,00 aplicado em 10/4/2001 esteve empregado?
foi aplicado à taxa de 36,5% a.a., rendendo juros de a) 3 meses e 3 dias d) 3 meses e 10 dias
R$432,00. Considerando os juros exatos, qual a data b) 3 meses e 8 dias e) 27 dias
do final desta aplicação? c) 2 meses e 23 dias
a) 16/7/2001
b) 17/7/2001 3. (TTN/1989) Calcular os juros simples que um capital de
c) 18/7/2001 $ 10.000,00 rende em um ano e meio aplicado à taxa
d) 19/7/2001 de 6% a.a. Os juros são de:
e) 20/7/2001 a) $ 700,00 d) $ 600,00
b) $ 1.000,00 e) $ 900,00
Prazo médio e taxa média c) $ 1.600,00
25. Três capitais iguais são aplicados por prazos também 4. (AFTN/1991) Um capital no valor de 50, aplicado a juro
iguais às taxas de juros simples mensais de 3%, 5% e
simples a uma taxa de 3,6% ao mês, atinge, em 20 dias,
10%. Qual a taxa única (taxa média) que proporcionaria
um montante de:
um mesmo total de juros das três aplicações reunidas
a) 51 c) 52 e) 68
sendo mantidos os mesmos capitais e prazos?
a) 3%a.m. d) 6%a.m. b) 51,2 d) 53,6
b) 4%a.m. e) 7%a.m.
c) 5%a.m. 5. (TTN/1994) Qual é o capital que diminuído dos seus
juros simples de 18 meses, à taxa de 6% a.a., reduz-se
26. Três capitais iguais são aplicados a uma mesma taxa a R$ 8.736,00?
de juros simples, um deles por três meses e os outros a) R$ 9.800,00 d) R$ 10.308,48
dois por seis meses. Qual o prazo único (prazo médio) b) R$ 9.760,66 e) R$ 9.522,24
que proporcionaria um mesmo total de juros das três c) R$ 9.600,00
aplicações reunidas sendo mantidos os mesmos capitais
e as mesmas taxas? 6. (TTN/1989) O capital que, investido hoje a juros simples
Matemática

a) 3 meses e 20 dias. de 12% a.a., se elevará a $ 1.296,00 no fim de 8 meses,


b) 4 meses. é de:
c) 4 meses e 10 dias. a) $ 1.100,00 d) $ 1.200,00
d) 4 meses e 20 dias. b) $ 1.000,00 e) $ 1.399,68
e) 5 meses. c) $ 1.392,00

21
7. (TTN/1992) Se em 5 meses o capital de $ 250.000,00 a) 5 meses e 20 dias. d) 4 meses.
rende $ 200.000,00 de juros simples à taxa de 16% ao b) 5 meses. e) 6 meses e 5 dias.
mês, qual o tempo necessário para se ganhar os mes‑ c) 4 meses e 10 dias.
mos juros se a taxa fosse de 160% ao ano?
a) 6m c) 8m e) 10m 16. (At.Jud./TST-ES/1990) O capital de $ 1.200.000,00 está
b) 7m d) 9m para seus juros assim como 4 está para 3. Determinar
a taxa de juros, considerando que o capital esteve em‑
8. (Ag.Seg./TRT-ES/1990) Obtendo-se, em 10 meses, $ pregado 1 ano e 3 meses.
120.000,00 de juros simples pelo empréstimo de um a) 6% a.m. c) 5% a.a. e) 50% a.a.
capital de $ 200.000,00 à taxa de 6% a.m. Determine o b) 60% a.a. d) 66% a.a.
tempo necessário para se ganharem os mesmos juros,
caso a taxa seja de 60% a.a. 17. (AFC/TCU/1992) Um investidor aplicou $ 2.000.000,00,
a) 8 meses. d) 10 meses. no dia 6/1/86, a uma taxa de 22,5% ao mês. Esse capital
b) 1 ano e 3 meses. e) 13 meses. terá um montante de $ 2.195.000,00
c) 1 ano. a) 5 dias após sua aplicação
b) após 130 dias de aplicação
9. (Ag.Seg./TRT-ES/1990) Em março de 1990, o governo c) aos 15/5/86
brasileiro, numa tentativa de acabar com a inflação, d) aos 19/1/86
reteve o dinheiro do povo. Uma pessoa verificou que, e) após 52 dias de sua aplicação
ao final de 45 dias, à taxa de 4,2% ao mês obteve, de
acordo com seu saldo em cruzados novos, juros de 18. (Aux.Proc./PG-RJ/1990) Certo investidor aplicou
$ 630,00. Qual foi a quantia retida? $ 870,00 à taxa de 12% ao mês. Qual o montante, no
a) $ 18.000,00 d) $ 5.000,00 final de 3 anos?
b) $ 20.000,00 e) $ 10.000,00 a) $ 4.628,40 d) $ 35.780,40
c) $ 36.000,00 b) $ 35.078,40 e) $ 4.860,40
c) $ 4.800,40
10. (Ag.Seg./TRT-ES/1990) Emprestei 1/4 do meu capital, a
8% ao ano, 2/3 a 9% ao ano, e o restante a 6% ao ano. 19. (Aux.Proc./PG-RJ/1990) Um imposto no valor de
No fim de um ano recebi $ 102,00 de juros. Determine $ 488,00 esta sendo pago com atraso de 3 meses. Se a
o capital. Prefeitura cobrar juros de 25% ao ano, o contribuinte
a) $ 680,00 d) $ 2.530,00 terá de pagar um acréscimo de:
b) $ 840,00 e) $ 12.600,00 a) $ 30,20 d) $ 30,50
c) $ 1.200,00 b) $ 30,30 e) $ 30,60
c) $ 30,40
11. (Ag.Seg./TRT-ES/1990) A que taxa mensal deverá a firma
“O Dura” aplicar seu capital de $ 300.000,00, para que, 20. (Aux.Proc./PG-RJ/1990) Certo capital, aplicado durante
em 2 anos e 4 meses, renda juros equivalentes a 98% 9 meses à taxa de 35% ao ano, rendeu $ 191,63 de juros.
de si mesmo? O valor desse capital era de:
a) 42% a.m. c) 35% a.m. e) 18% a.m. a) $ 690,00 d) $ 720,00
b) 3,5% a.m. d) 4,2% a.m. b) $ 700,00 e) $ 730,00
c) $ 710,00
12. (At.Jud./TRT-GO/1990) Calcule o capital que se deve
empregar à taxa de 6% a.m., a juros simples, para se 21. (TTN-RJ/1992) Um fogão é vendido por $ 600.000,00 à
obter $ 6.000,00 de juros em 4 meses. vista ou com uma entrada de 22% e mais um pagamen‑
a) $ 10.000,00 d) $ 180.000,00 to de $ 542.880,00, após 32 dias. Qual a taxa de juros
b) $ 25.000,00 e) $ 250.000,00 mensal envolvida na operação?
c) $ 100.000,00 a) 5% c) 15% e) 20%
b) 12% d) 16%
13. (At.Jud./TRT-GO/1990) Se uma pessoa deseja obter um
rendimento de $ 27.000,00, dispondo de $ 90.000,00 de 22. (TTN/1992) Quanto se deve aplicar a 12% ao mês, para
capital, a que taxa de juros simples quinzenal o dinheiro que se obtenha os mesmos juros simples que os pro‑
deverá ser aplicado no prazo de 5 meses? duzidos por $ 400.000,00 emprestados a 15% ao mês,
a) 10% c) 3% e) 5,5% durante o mesmo período?
b) 5% d) 8% a) $ 420.000,00 d) $ 520.000,00
b) $ 450.000,00 e) $ 500.000,00
14. (At.Jud./TST-ES/1990) Qual a taxa necessária para que c) $ 480.000,00
um capital, colocado a juros simples, decuplique de
valor em 7 anos? 23. (TTN/1992) Se em 5 meses o capital de $ 250.000,00
a) 50% a.a. d) 1 2/7% a.m. rende $ 200.000,00 de juros simples à taxa de 16% ao
b) 128 4/7% a.a. e) 12% a.m. mês, qual o tempo necessário para se ganhar os mes‑
c) 142 6/7% a.a. mos juros se a taxa fosse de 160% ao ano?
Matemática

a) 6m c) 8m e) 10m
15. (At.Jud./TST-ES/1990) Depositei certa importância em b) 7m d) 9m
um Banco e, depois de algum tempo, retirei os juros de
$ 1.600.000,00, que representavam 80% do capital. 24. (TTN/1992) Três capitais são colocados a juros simples:
Calcular o tempo em que o capital esteve empregado, o primeiro a 25% a.a., durante 4 anos; o segundo a 24%
se a taxa contratada foi de 16% a.m. a.a., durante 3 anos e 6 meses e o terceiro a 20% a.a.,

22
durante 2 anos e 4 meses. Juntos renderam um juro de Descontos Simples
$ 27.591,80. Sabendo que o segundo capital é o dobro
do primeiro e que o terceiro é o triplo do segundo, o Desconto é o abatimento que se faz no valor de uma dívi‑
valor do terceiro capital é de: da quando ela é negociada antes da data do seu vencimento.
a) $ 30.210,00 d) $ 20.140,00 O documento que atesta a dívida é denominado gene‑
b) $ 10.070,00 e) $ 5.035,00 ricamente por título de crédito.
c) $ 15.105,00 São exemplos de títulos de crédito as notas promissó-
rias, as duplicatas e as letras de câmbio.
25. (TTN/1994) Mário aplicou suas economias, a juros sim‑ Valor nominal, ou valor de face, é o valor do título de
ples comerciais, em um banco, a juros de 15% a.a., crédito, ou seja, aquele que está escrito no título e que seria
durante 2 anos. Findo o prazo reaplicou o montante e pago na data de vencimento do título.
mais R$ 2.000,00 de suas novas economias, por mais Valor líquido é o valor pelo qual o título acabou sendo
4 anos, à taxa de 20% a.a., sob mesmo regime de capi‑ negociado antes de sua data de vencimento. É sempre me-
talização. Admitindo-se que os juros das 3 aplicações nor que o valor nominal, pois o título sofreu um desconto.
somaram R$ 18.216,00, o capital inicial da primeira O valor líquido também é chamado de valor atual, valor
aplicação era de R$: descontado (que sofreu desconto – não confundir com “valor
a) 11.200,00 d) 12.700,00 do desconto’’), valor pago.
b) 13.200,00 e) 12.400,00 Prazo de antecipação é o intervalo de tempo entre a
c) 13.500,00 data em que o título é negociado e a data de vencimento
do mesmo.
26. (TTN/1994) Carlos aplicou 1/4 de seu capital a juros Vamos resumir o que temos até agora num esquema:
simples comerciais de 18% a.a., pelo prazo de 1 ano,
(ANTES DO VENCIMENTO) (VENCIMENTO)
e o restante do dinheiro a uma taxa de 24% a.a., pelo (PRAZO DE ANTECIPAÇÃO)
mesmo prazo e regime de capitalização. Sabendo-se
+ DESCONTO
que uma das aplicações rendeu R$ 594,00 de juros a VALOR LÍQUIDO VALOR NOMINAL
mais do que a outra, o capital inicial era de R$:
a) 4.600,00 c) 4.200,00 e) 4.900,00 Observe que o desconto sempre é a diferença entre o valor
b) 4.400,00 d) 4.800,00 nominal e o valor líquido.

27. (AFTN/1985) O preço à vista de uma mercadoria é de $ Estudaremos dois tipos de desconto:
100.000. O comprador pode, entretanto, pagar 20% de
entrada no ato e o restante em uma única parcela de $ 1º) Desconto “por dentro”, ou desconto racional, é aquele
100.160, vencível em 90 dias. Admitindo-se o regime de onde a referência para o cálculo porcentual do desconto
juros simples comerciais, a taxa de juros anuais cobrada é o valor líquido.
na venda a prazo é de:
a) 98,4% c) 100,8% e) 103,2% Desconto por dentro ou
b) 99,6% d) 102,0% racional ⇒ 100% é o valor líquido

28. (AFTN/1985) João colocou metade de seu capital a juros Nesse caso, o nosso esquema será
simples pelo prazo de 6 meses e o restante, nas mes‑
mas condições, pelo período de 4 meses. Sabendo‑se 100% (100 + d)%
que, ao final das aplicações, os montantes eram de $ + d%
117.000 e $ 108.000, respectivamente, o capital inicial VALOR LÍQUIDO VALOR NOMINAL
do capitalista era de: DESCONTO
a) $ 150.000 d) $ 180.000
b) $ 160.000 e) $ 200.000
c) $ 170.000 Atenção: O valor do desconto é sempre diretamente
proporcional ao prazo de antecipação do título.
29. (AFTN/1985) Dois capitais foram aplicados a uma taxa de
72% a.a., sob regime de juros simples. O primeiro pelo 2º) Desconto “por fora”, ou desconto comercial, é aquele
prazo de 4 meses e o segundo por 5 meses. Sabendo-se onde a referência para o cálculo porcentual do desconto
que a soma dos juros totalizaram $ 39.540 e que os juros é o valor nominal.
do segundo capital excederam os juros do primeiro em
$ 12.660, a soma dos dois capitais iniciais era de: Desconto por fora ou comercial ⇒ 100% é o valor nominal
a) $ 140.000 d) $ 147.000
b) $ 143.000 e) $ 115.000 Nesse caso, o nosso esquema será
c) $ 145.000
(100 – d)% + d% 100%
GABARITO VALOR LÍQUIDO VALOR NOMINAL
DESCONTO
Matemática

1.c 6. d 11. b 16. b 21. c 26. b Para resolver um problema de desconto simples, tudo que
2. d 7. a 12. b 17. d 22. e 27. c temos a fazer é:
3. e 8. c 13. c 18. a 23. a 28. d 1º identificar qual o tipo do desconto no problema;
4. b 9. e 14. b 19. d 24. a 29. b 2º procurar preencher o “esquema” correspondente de
5. c 10. c 15. b 20. e 25. e acordo com os dados do problema;

23
3º calcular o valor de que precisarmos, no esquema, usando Resolvendo a regra de três:
regra de três. Se 76% correspondem a $ 608,00 (valor líquido),
então 100% correspondem a N (valor nominal).
Macete 608 × 100
N= = 800,00
Pense numa garrafa: 76
O que há dentro dela? O líquido!
Então, o valor nominal foi de R$ 800,00.
(por dentro: 100% é o líquido)
Equivalência entre as taxas de descontos simples
O que há fora dela? O nome!
(por fora: 100% é o nominal) 3. Uma nota promissória foi descontada comercialmente
à taxa simples de 5% a.m. 15 meses antes do seu venci-
mento. Se o desconto fosse racional simples, qual deveria
Exercícios Resolvidos ser a taxa adotada para produzir um desconto de igual
valor?
1. Determinar o desconto por dentro sofrido por um título
de R$ 650,00, descontado 2 meses antes do vencimento 1ª solução:
à taxa de 15% a.m. Consideremos N = $ 100,00
5% a.m. dariam, em 15 meses: 15 × 5% = 75%.
Solução: Então, o esquema para o desconto comercial seria
Primeiramente, devemos determinar, pelo tipo do des‑
conto, qual valor será a referência (100%).
Como o problema pede desconto por dentro, o 100%
será o valor líquido. Nosso esquema, portanto, será

100% (2 meses) 130% Agora consideremos os valores encontrados sendo apli‑


⇓ + 30% ⇓ cados a um esquema de desconto racional.

VALOR LÍQUIDO R$ 650,00
DESCONTO = ?

(observe a taxa
ajustada para 2
meses) Temos a seguinte regra de três:
25,00 ____________ 100%
Agora, é só resolver a regra de três.
75,00 ____________ 15x%
Se 130% correspondem a $ 650,00 (valor nominal), então
30% correspondem a D (valor do desconto). 75 × 100
15x = = 300
650 × 30 25
D= = 150,00
130
15x = 300 ⇒ x = 20% (é a taxa racional)
Portanto, o desconto foi de R$ 150,00. 2ª solução:

2. Determinar o valor nominal de um título que, descontado Sejam


comercialmente, 60 dias antes do vencimento e à taxa C% = taxa comercial simples por período (C = 5)
de 12% ao mês, resultou em um valor descontado de R$ R% = taxa racional simples por período (R = ?)
608,00. n = número de períodos de antecipação (n = 15)

Solução: Pode-se provar que vale sempre a relação


A expressão “descontado comercialmente” indica que
o desconto é comercial, ou por fora. Logo, o 100% é o 100 100
− =n
valor nominal, e o nosso esquema será C R

Logo
100 100
(100 – 24)% − = 15
5 R
100 100
20 − = 15 ⇒ = 5 ⇒ R = 20 ⇒ 20% a. m.
76% (60 dias = 2 meses) 100% R R
Matemática

+ 24%
608,00 VALOR NOMINAL
Relação entre os descontos comercial (DC) e racional (DR)

Sejam DC e DR os valores dos descontos comercial e ra‑


(pelos 2 meses, a taxa ficou em 24%.) cional, respectivamente, ambos calculados para um mesmo

24
título, a uma mesma taxa de d% ao período, e ambos nego‑ 7. A que taxa anual, um título de R$ 2.000,00 dá um des‑
ciados com um mesmo prazo de antecipação de p pe­ríodos. conto por fora igual a R$ 400,00 se for antecipado em 6
Nessas condições, teremos que: meses?
a) 40% b) 30% c) 20% d) 10% e) 5%
O valor do desconto racional (DR) acrescido de d% ao
8. Descontado por fora, à taxa de 4% a.m., três meses
período sobre seu valor é igual ao valor do desconto
antes do vencimento, um título sofreu um desconto de
comercial (DC).
R$2.400,00. Qual era o valor nominal desse título?
a) R$ 18.400,00 d) R$ 22.400,00
100% (100 + pd)% b) R$ 19.600,00 e) R$ 24.200,00
+ (p.d)%
c) R$ 20.000,00
$ DR $ DC
9. Uma nota promissória foi descontada, por fora, três
Ou, algebricamente: meses e dez dias antes do seu vencimento, à taxa de
10% a.m., produzindo um desconto de R$ 400,00. Qual
DR + (p.d%) . DR = DC era o valor de face da promissória?
a) R$ 1.120,00 d) R$ 1.320,00
EXERCÍCIOS PROPOSTOS b) R$ 1.200,00 e) R$ 1.330,00
c) R$ 1.230,00
Descontos Simples
10. A diferença entre os descontos comercial e racional in‑
cidentes sobre um mesmo título é de R$ 3,00. Sabendo
1. Um título com valor nominal de R$ 3.200,00 foi res‑
que ambos foram calculados à taxa de 15% a.a. e 4 meses
gatado dois meses antes do seu vencimento, com um
antes do vencimento, qual o valor nominal deste título?
desconto racional simples à taxa de 30% a.m. De quanto
a) R$ 1.060,00 d) R$ 1.200,00
foi o valor pago pelo título?
b) R$ 1.120,00 e) R$ 1.260,00
a) R$2.000,00 d) R$1.200,00
c) R$ 1.160,00
b) R$1.920,00 e) R$1.180,00
c) R$1.280,00
11. Qual o prazo de antecipação para o qual uma taxa de
desconto comercial simples quadrimestral de 12,5% é
2. Qual o valor do desconto por dentro sofrido por uma equivalente a uma taxa de desconto racional simples
nota promissória de R$ 4.160,00, descontada 8 meses quadrimestral de 20%?
antes do seu vencimento, à taxa de 6% a.a.? a) 2 meses d) 8 meses
a) R$166,40 d) R$146,60 b) 4 meses e) 12 meses
b) R$164,00 e) R$140,00 c) 6 meses
c) R$160,00
12. (AFTN/1996) Você possui uma duplicata cujo valor de
3. Qual o prazo de antecipação de um título que, desconta‑ face é $ 150,00. Esta duplicata vence em 3 meses. O ban‑
do racionalmente, à taxa de juros de 4% a.m., produziu co com o qual você normalmente opera, além da taxa
um desconto de R$300,00, se o seu valor nominal era normal de desconto mensal (simples por fora), também
de R$1.800,00? fará uma retenção de 15% do valor de face da duplicata,
a) 4 meses e 5 dias. a título de saldo médio, permanecendo bloqueado em
b) 5 meses. sua conta este valor desde a data do desconto até a
c) 5meses e 10 dias. data do vencimento da duplicata. Caso você desconte
d) 5 meses e 15 dias. a duplicata no banco, você receberá líquidos, hoje, $
e) 5 meses e 20 dias. 105,00. A taxa de desconto que mais se aproxima da
taxa praticada por este banco é
4. O valor atual racional de um título é igual a 4/5 de seu a) 4,2%. b) 4,6%. c) 4,8%. d) 5,0%. e) 5,2%.
valor nominal. Sabendo-se que o pagamento desse
título foi antecipado de 6 meses, qual é a taxa anual de 13. (AFTN/1998) O desconto comercial simples de um título,
desconto? quatro meses antes do seu vencimento, é de R$ 600,00.
a) 15% b) 20% c) 25% d) 35% e) 50% Considerando uma taxa de 5% ao mês, obtenha o valor
correspondente no caso de um desconto racional sim‑
5. Tendo sido descontado por dentro a 9% a.a., uma dupli‑ ples.
cata teve um desconto de R$ 1.000,00. Qual era o valor a) R$ 400,00
nominal da duplicata se ela foi paga 1 ano, 1 mês e 10 b) R$ 600,00
dias antes do vencimento? c) R$ 800,00
a) R$ 9.320,00 d) R$11.000,00 d) R$ 700,00
b) R$10.000,00 e) R$11.152,77 e) R$ 500,00
c) R$10.138,88

6. Qual é o valor do desconto bancário (comercial) sofrido


GABARITO
Matemática

por uma promissória de R$ 3.000,00, à taxa de 8% a.m.,


3 meses antes do seu vencimento? 1. a 5. d 9. b 13. e
a) R$ 270,00 d) R$ 720,00 2. c 6. d 10. e
b) R$ 384,42 e) R$ 765,46 3. b 7. a 11. e
c) R$ 580,65 4. e 8. c 12. d

25
Juros Compostos • taxa de X% a.a. capitalizados semestralmente – indi‑
cando juros compostos e capitalização semestral;
Chamamos de regime de juros compostos aquele em que • capitalização composta, montante composto – indi‑
os juros de cada período são calculados sobre o montante cando o regime de juros compostos.
do período anterior.
Montante no Regime de Juros Compostos
Ou seja, os juros produzidos ao fim de cada período
passam a integrar o valor do capital ou montante que serviu Como vimos anteriormente, no regime de juros compos‑
de base para o seu cálculo de modo que o total assim conse‑ tos, o montante ao fim de um determinado período resulta
guido será a base do cálculo dos juros do próximo período. de um cálculo de aumentos sucessivos. Então, sejam:

Exemplo: C = Capital aplicado


M = Montante da aplicação ao fim de n períodos
Vamos acompanhar os montantes, mês a mês, de uma i = forma unitária da taxa efetiva da aplicação
aplicação de R$ 1.000,00 à taxa de 10% a.m. por um período n = número de períodos de capitalizações
de 4 meses no regime de juros compostos:
Poderemos expressar o montante (M) em função dos
outros três elementos do seguinte modo:
Período Juros no fim do período Montante
1º mês 10% de R$ 1.000,00 = R$ 100,00 R$ 1.100,00
2º mês 10% de R$ 1.100,00 = R$ 110,00 R$ 1.210,00 M = C × (1 + i ) × (1 + i )... × (1 + i ) = C × (1 + i ) n
 
3º mês 10% de R$ 1.210,00 = R$ 121,00 R$ 1.331,00 n fatores
4º mês 10% de R$ 1.331,00 = R$ 133,10 R$ 1.464,10
ou seja: M = C × (1 + i ) n (fórmula fundamental)
Observe que:
• os juros e o montante, no fim do 1º mês, são iguais Na fórmula apresentada acima, o montante está isolado.
aos que seriam produzidos no regime de juros Mas poderemos calcular qualquer um dos quatro elemen‑
simples; tos nela envolvidos desde que conheçamos os outros três
• cada novo montante é obtido calculando-se um e isolemos convenientemente o elemento a ser calculado
aumento de 10% sobre o montante anterior, o que em cada caso.
resulta em aumentos sucessivos a uma taxa fixa de Para poupar o trabalho algébrico necessário para isolar
10%; cada um dos outros três elementos da fórmula básica dada
acima, apresentamos a seguir os outros elementos também
• os juros vão se tornando maiores a cada mês, de
isolados:
modo que, após o 1º mês, a diferença entre um
F MI
montante calculado no regime de juros compostos
( Mc ) e o correspondente valor no regime de juros M F MI −1 log
H CK
simples ( Ms ) vai se tornando cada vez maior (ver
C=
(1 + i ) n
i=n
H CK n=
log(1 + i )
gráfico abaixo).
(convenção exponencial) Se as duas últimas fórmulas lhe parecem assustadoras,
não se desespere, pois felizmente existem as chamadas ta-
belas financeiras que foram desenvolvidas justamente para
livrá-lo das contas mais complicadas. Assim, nós aprendere‑
mos a consultar estas tabelas e poderemos trocar o trabalho
mais pesado por umas poucas multiplicações e divisões.

Exercícios Resolvidos
1. Um capital de R$ 200,00 foi aplicado em regime de
juros compostos a uma taxa de 20% ao mês. Calcular o
montante desta aplicação após três meses.

Solução:
Dá-se o nome de capitalização ao processo de incor‑ Resumindo os dados do problema, temos:
poração dos juros ao capital ou montante de uma operação
financeira. Contudo, é comum encontrarmos as expressões Capital - C = 200
regime de capitalização simples e regime de capitalização Taxa - i = 20% = 0,2
composta no lugar de regime de juros simples e regime de Períodos de Capitalização - n = 3
juros compostos, respectivamente.
Matemática

Frequentemente encontraremos, nos enunciados dos Devemos calcular o montante:


problemas, outras expressões usadas para indicar o regime
de juros compostos: M = C × (1 + i ) n
• taxa composta de X% a.m. – indicando juros compos‑ Substituindo os elementos dados na fórmula do mon‑
tos com capitalização mensal; tante, obteremos:

26
M = 200 × (1 + 0, 2 ) 3 Solução:

M = 200 × (1, 2 ) 3 Primeiramente observaremos que o número de perío-


M = 200 × 1, 728 = 345, 60 dos não é inteiro.

Ou seja, o montante da aplicação, após os três meses, 8 anos e 4 meses = 8 anos + 1/3 de ano
será de R$ 345,60.
Nesta situação, o cálculo será feito usando-se uma
2. Um comerciante consegue um empréstimo de técnica denominada de convenção linear que nos
R$ 60.000,00 que deverão ser pagos, ao fim de um ano, dará uma aproximação bem razoável para o valor do
acrescidos de juros compostos de 2% ao mês. Quanto o co- montante composto procurado.
merciante deverá pagar ao fim do prazo combinado?
A técnica consiste em calcular o montante em duas
Solução:
etapas:
São dados no enunciado:

C = 60.000 1ª etapa – Calcular o montante composto para o maior


i = 2% = 0,02 número possível de períodos inteiros;
n = 12 2ª etapa – Acrescentar ao resultado da 1ª etapa
os juros simples proporcionais à parte
Substituindo estes elementos na fórmula do montante, fracionária restante do tempo de aplicação,
teremos: calculados sobre o montante obtido na 1ª
etapa do cálculo.
12
M = 60.000 × (
1 +0
,02
)
consultar tabela Assim, no nosso problema teremos:

A tabela 1 (ver no final desta matéria) nos mostra os re‑ 1º - Cálculo do montante composto, à taxa de 6% a.a.,
após os 8 anos:
sultados do cálculo de (1+ i ) n , para diversos valores de i
(que varia a cada coluna) e de n (que varia a cada linha).
M = 10.000 × (1,06)8 (o resultado da potên-
Em nosso caso, procuramos o resultado da potência no M = 10.000 × 1,59385 cia foi encontrado na
cruzamento da coluna que indica i = 2% com a linha que M = 15.938,50 tabela 1)
indica n = 12, encontrando 1,26824.
2º - Acréscimo dos juros simples proporcionais a 1
valores de i de ano: 3
valores de i
Se em 1 ano.................... temos 6% de juros,

n 1% 2% ....... 1
então, em de ano.............. teremos 2% de juros.
1 1,01000 1,02000 ....... 3
(regra de três)
. . . .
. . . . Portanto, o acréscimo de juros simples deverá ser
. . . . de 2% sobre o montante da 1ª etapa e o montante
final será:
12 1,12683 1,26824 .......
. . . . M = 15.938,50 × (1,02) = 16.257,27
. . . .
. . . . O montante procurado é, portanto, de R$ 16.257,27.

Assim, a expressão do montante será dada por: Observação:

M = 60.000 x 1,26824 = 76.094,40 • Se calculássemos o mesmo montante como


M = C . (1,06)8 . (1,06)1/3 obteríamos o resultado
O comerciante deverá pagar, ao fim do prazo combinado,
exato do montante, denominado de convenção
R$ 76.094,40.
exponencial e que é ligeiramente menor que o
Matemática

Convenção linear da convenção linear.

3. Calcular o montante para um capital inicial de 4. Calcular o capital que aplicado à taxa composta de 2%
R$ 10.000,00 aplicado a juros compostos de 6% a.a. du- a.m. daria origem a um montante de R$ 3.656,97 ao
rante 8 anos e 4 meses, considerando a convenção linear. fim de 10 meses.

27
Solução: a) Seriam dados os valores prontos dos logaritmos de
M
e de 1+i .
São dados no problema: C
Neste caso, deveríamos dividir um valor pelo outro,
M = 3.656,97 como indicado na fórmula, para obter n.
i = 2% = 0,02
n = 10 b) As alternativas indicariam n em função de expressões
com logaritmos.
Precisamos calcular o capital que, isolado a partir da Neste caso, a resposta correta seria aquela que
fórmula fundamental, nos dará: apresentasse a expressão dada pela fórmula.
Restaria-nos apenas assinalar a alternativa correspon‑
M dente.
C= n
(1 + i ) 6. Certa loja anunciou um aparelho de som por R$ 466,56
com pagamento somente após 60 dias da compra, sem
Substituindo os dados do problema nesta expressão, entrada. Porém, se o comprador resolvesse pagar à vista,
teremos: o mesmo aparelho sairia por R$ 400,00. Calcular a taxa
mensal de juros compostos praticada pela loja.
3.656,97 3.656,97
C= = = 3.000
(1,02 )
10 1,21899 Solução:

1º - Usando uma tabela financeira


Então, o capital procurado é de R$ 3.000,00. Os dados do problema são:

5. Um capital de R$ 8.000,00 foi aplicado à taxa composta C = 400


de 12% a.a., gerando um montante de R$ 15.790,56. M = 466,56
Determinar quanto tempo durou esta aplicação. n = 2 (60 dias = 2 meses)

Substituindo estes dados na fórmula fundamental,


Solução:
teremos:
2
466,56 = 400 × (1 + i )
1º - Usando uma tabela financeira 
?
Substituindo os dados do problema na fórmula
Poderemos determinar o resultado da potência,
fundamental, teremos:
isolando-a na expressão acima:
n
15.790,56 = 8.000 × (1,12 )
 466,56
? 2
(1 + i ) = = 1,1664
400
Podemos determinar o resultado da potência
isolando-a:
Agora, com o auxílio da tabela 1 procuramos o
resultado da potência na linha de n = 2, encontrando-o
n 15.790,56
(1,12 ) = = 1, 97382 na coluna referente a 8%.
8.000 Concluímos, assim, que a taxa mensal de juros
compostos praticada pela loja é de 8%.
Agora, com o auxílio da tabela 1 procuramos o resul‑
tado da potência na coluna de 12%, encontrando‑o 2º - Sem o uso de tabelas financeiras
na linha referente a n = 6.
Concluímos, portanto, que a duração da aplicação Se as tabelas financeiras não fossem fornecidas, seria
foi de 6 anos. necessário empregarmos a fórmula que expressa a
taxa (i) em função dos outros elementos:
2º - Usando logaritmos
F I
M (apresentada no início deste
Se as tabelas financeiras não fossem fornecidas, i =
n
H K
C
−1
capítulo)
seria necessário empregarmos a fórmula que
Substituindo os dados do problema na fórmula,
expressa o número de períodos (n) em função dos
teríamos:
outros elementos:

log F I
466,56
M i=2 − 1 = 2 1,1664 − 1
H C K (já apresentada no início deste
400
Matemática

n=
log(1 + i ) capítulo) A única dificuldade, a partir deste ponto, seria o
cálculo da raiz.
Numa prova de concurso, esta situação poderia ser Numa prova de concurso, duas situações poderiam
proposta basicamente de duas formas: ocorrer a partir deste ponto:

28
a) O valor da raiz seria dado pronto, ao fim do enunciado Se em 12 meses (1 ano) .......temos 72% de juros,
do problema. então, em 1 mês .. teremos 72 ÷ 12 = 6% de juros.
Então, bastaria efetuar a subtração final para termos
a taxa na forma unitária ( i = 0,08 )
Portanto, a taxa nominal de 72% ao ano corre‑
b) As alternativas indicariam i em função de expressões sponde a uma taxa efetiva de 6% ao mês (i = 0,06).
com radicais.
Neste caso, a resposta correta seria aquela que apre‑ 2. Uma aplicação financeira paga juros compostos de
sentasse a expressão dada pela fórmula. 8% ao ano, capitalizados trimestralmente. Qual é
Restaria-nos apenas assinalar a alternativa correspon‑ a taxa de juros efetiva trimestral praticada nesta
dente. aplicação?

Taxas Efetivas e Taxas Nominais Solução:

Quando a unidade de tempo indicada pela taxa de juros As capitalizações são trimestrais. Logo, devemos
coincide com a unidade de tempo do período de capitalização ajustar a taxa nominal anual de 8% para uma taxa
dizemos que a taxa é efetiva. trimestral, usando uma regra de três:
Exemplos:
• taxa de 2% ao mês com capitalização mensal; Se em 12 meses (1 ano) ...... temos 8% de juros,
• juros de 6% ao trimestre capitalizados trimestral‑ então em 3 meses ..teremos 2% de juros (i = 0,02).
mente.
Portanto, a taxa efetiva praticada é de 2% ao
Nos enuncidados de problemas de juros compostos trimestre.
onde se dá a taxa efetiva, frequentemente se omite o pe­ríodo
de capitalização, ficando subentendido que este é o mesmo Exercício Resolvido
indicado pela taxa.
1. Calcular o montante que resultará de um capital de
Exemplos: R$ 5.000,00, ao fim de 2 anos, aplicado a juros compostos
• taxa de 2% ao mês – significando 2% ao mês, com de 32% ao ano com capitalização trimestral.
capitalização mensal.
• juros de 6% ao trimestre – significando 6% ao trimes‑
Solução:
tre, com capitalização trimestral.

Entretanto, é comum encontrarmos também em pro‑ Como a capitalização é trimestral, a taxa efetiva, bem
blemas de juros compostos expressões como: como a duração da aplicação deverão ser indicadas em
trimestres.
“juros de 72% ao ano, capitalizados mensalmente”
“taxa de 24% ao ano com capitalização bimes­tral” taxa efetiva:
em 12 meses .............................................32%
Em tais expressões, observamos o que se con­ven­cionou em 3 meses .................................................8%
chamar de taxa nominal que é aquela cuja unidade de
tempo não coincide com a unidade de tempo do período duração da aplicação:
de capitalização.
Podemos entender a taxa nominal como uma “taxa
falsa”, geralmente dada com período em anos, que não 24 ÷ 3 = 8
2 anos = 24 meses  → 8 trimestres ⇒ n = 8
devemos utilizar diretamente nos cálculos de juros compos‑ Agora, resumindo os dados do problema, temos:
tos, pois não produzem resultados corretos. Em seu lugar,
devemos usar uma taxa efetiva.
Capital .................................. C = 5.000
Conversão da Taxa Nominal (Proporcional) em Taxa Efetiva Taxa efetiva .......................... i = 8% = 0,08
Períodos de capitalização ...... n = 8
A conversão da taxa nominal em taxa efetiva é feita
ajustando-se o valor da taxa nominal proporcio­nalmente ao Devemos calcular o montante:
período de capitalização. Isto pode ser feito com uma regra
de três simples e direta. M = C × (1 + i)n

Exemplos: Substituindo os elementos dados na fórmula, obtemos:


1. Um problema de juros compostos faz referência
a uma taxa de juros de 72% ao ano com M = 5.000 × (1,08)8
capitalizações mensais. Qual deverá ser a taxa
mensal que usaremos para calcular o montante?
M = 5.000 × 1,85093 (o resultado da po­tência foi
Matemática

Solução: consultado na tabela 1)


M = 9.254,65
Como as capitalizações são mensais, devemos
ajustar a taxa nominal anual de 72% para uma Assim, concluímos que o montante procurado é de
taxa mensal, usando uma regra de três: R$ 9.254,65.

29
Taxas Equivalentes (1 + i) = (1 + 0,005)22
(1 + i) = 1,11597
Dizemos que duas taxas são equivalentes quando, i = 0,11597 = 11,597%
aplicadas a capitais iguais, por prazos iguais, produzem juros
também iguais. Ou seja, a taxa efetiva da operação é de 11,597%.

Exemplo: 3. Um capital de R$ 20.000,00 foi aplicado à taxa over de


Qual a taxa trimestral de juros compostos equivalente 15%. Qual será o montante desta aplicação se durante
à taxa composta de 20% a.m.? este período contam-se somente 20 dias úteis?

Solução:
Solução:
A taxa efetiva diária desta operação é:
Pretendemos determinar uma taxa trimestral (it)
15% ÷ 30 = 0,5% = 0,005
equivalente a uma taxa mensal dada (im = 0,20).
O cálculo do montante, para 20 dias úteis, é:
Como 1 trimestre equivale a 3 meses, teremos 1 e 3
como expoentes: M = 20.000 × (1,005)20
M = 20.000 × 1,10490
(1 + it)1 = (1 + im)3 M = 22.098,00
(1 + it)1 = (1,20)3
(1 + it)1 = 1,728 Portanto, o montante da aplicação é de R$ 22.098,00.
Sendo assim, it = 0,728 = 72,8% Taxa Real e Taxa Aparente
Portanto, a taxa trimestral composta equivalente a Consideremos que um banco tenha oferecido uma
20% a.m. é 72,8%. determinada aplicação pagando uma taxa efetiva de 10%
a.a. Se no mesmo período for registrada uma inflação da
Taxa Over ordem de 6% a.a., então diremos que a taxa de 10% a.a.
oferecida pelo banco não foi a taxa real de remuneração
Algumas operações no mercado financeiro pagam juros do investimento mas uma taxa aparente, pois os preços, no
somente para os dias úteis do período da operação. mesmo pe­ríodo, tiveram um aumento de 6%.
Denominamos taxa over a taxa nominal igual a 30 Se compararmos o que ocorreria com dois investimen‑
vezes a taxa efetiva diária de uma operação financeira cuja tos de $100,00, o primeiro sendo remunerado à taxa de 10%
remuneração ocorra somente para os dias úteis do período a.a. e o segundo recebendo apenas a correção monetária
da operação, sendo comum indicá-la somente como um devida à inflação de 6% a.a., teremos:
percentual. Assim, diríamos “taxa over de 5%” e não “taxa
over de 5% a.m.” Montante da aplicação a juros de 10%:

Exemplos: 100,00 × 1,10 = 110,00

1. Calcular a taxa efetiva diária correspondente à taxa over Montante da aplicação sujeita apenas à taxa de correção
de 6%. monetária de 6%:

Solução: 100,00 × 1,06 = 106,00


Como a taxa over é igual a trinta vezes a taxa efetiva
diária, temos: Se o investidor recebesse, ao fim do investimento
exatamente $106,00 não teria havido ganho nenhum pois o
único acréscimo recebido teria sido o da correção monetária.
30 × i = 6% Como o investidor recebeu $110,00, o seu ganho real foi de
i = 6% ÷ 30 $4,00 em relação a $106,00, ou seja:
i = 0,2%
4
Assim, a taxa efetiva é de 0,2% a cada dia útil. = 0,0377.. = 3,77...%
106
2. Uma operação financeira com prazo de 31 dias corridos Sejam as taxas unitárias e referentes a um mesmo prazo:
tem uma taxa over de 15%. Qual é a taxa efetiva desta iR = a taxa real
operação se, neste perío­do, houver apenas 22 dias úteis? iI = a taxa de inflação
iA = a taxa aparente
Solução:
A taxa efetiva diária é: Poderíamos chegar ao mesmo resultado utilizando a
15% ÷ 30 = 0,5% relação:
(1 + iR) × (1 + iI) = (1 + iA)
Matemática

A taxa efetiva correspondente à taxa over considera (1 + iR) × (1 + 0,06) = (1 + 0, 10)


apenas os dias úteis. Dessa forma, a taxa efetiva da (1 + iR) × 1,06 = 1,10
operação será a taxa de 22 dias equivalente à taxa (1 + iR) = 1,10 ÷ 1,06
diária encontrada.Chamando de i a taxa efetiva da (1 + iR) = 1,0377...
operação, temos: iR = 0,0377... = 3,77...%

30
Observe que, ao contrário do que possa parecer a b) de $ 13.000,00.
princípio, a taxa aparente iA não é igual à soma da taxa de c) inferior a $ 13.000,00.
inflação iI com a taxa real iR, mas sim: d) superior a $ 13.000,00.
e) menor do que aquele que seria obtido pelo regime
iA = iI + iR + (iI . iR) de juros simples.

3. (Esaf) Se um capital cresce sucessiva e cumulativamente


Funções Exponenciais e Logarítmicas – Propriedades
durante 3 anos, na base de 10% ao ano, seu montante
final é
Algumas propriedades das funções exponenciais e
a) 30% superior ao capital inicial.
logarítmicas podem ser úteis em problemas de matemática
b) 130% do valor do capital inicial.
financeira. Assim, apresentaremos a seguir uma lista das
c) aproximadamente 150% do capital inicial.
propriedades mais importantes.
d) aproximadamente 133% do capital inicial.
e) aproximadamente 155% do capital inicial.
Expressões Exponenciais – Propriedades
4. (TCDF/1994) Um investidor aplicou a quantia de
1. A função exponencial y = (1 + i)n é crescente, ou seja,
$ 100.000,00 à taxa de juros compostos de 10% a.m.
quanto maior o n, maior também o seu resultado.
Que montante este capital irá gerar após 4 meses?
2. A função exponencial y = (1 − i)n é decrescente, ou
a) $ 140.410,00
seja, quanto maior o n, menor o seu resultado, que
b) $ 142.410,00
tenderá para zero quando n for muito grande.
c) $ 144.410,00
3. (1 + i)n × (1 + i)m = (1 + i)n+m d) $ 146.410,00
4. (1 + i)n ÷ (1 + i)m = (1 + i)n–m e) $ 148.410,00
5. (1 + i)–n = 1/(1 + i)n
n
5. (Assistente Administrativo/1994) Um capital de
6.
(1 + i ) m = m (1 + i ) m = d m
1+ i i n
US$ 2.000,00, aplicado à taxa de juros compostos de
5% a.m., produz em um ano um montante de quantos
Obs.: As propriedades 3, 4, 5 e 6 valem também quando dólares? Dado: (1,05)12 = 1,79586.
usamos (1 − i) no lugar de (1 + i). a) US$ 3.291,72
b) US$ 3.391,72
Expressões Logarítmicas – Propriedades c) US$ 3.491,72
d) US$ 3.591,72
Em determinados problemas de matemática financeira, e) US$ 3.691,72
o uso de certas propriedades das funções logarítmicas pode
ser muito útil quando se pretende determinar o valor do 6. (CEB/Contador/1994) A caderneta de poupança remu‑
expoente n em expressões do tipo (1 − i)n e (1 + i)n. nera seus aplicadores à taxa nominal de 6% a.a., capitali‑
Dentre as propriedades da função logarítmica, destaca‑ zada mensalmente no regime de juros compostos. Qual
remos aquelas de especial interesse para os problemas mais é o valor do juro obtido pelo capital de R$ 80.000,00
comuns na matemática financeira. durante 2 meses?
a) R$ 801,00
1. Se A = B , então log(A) = log(B) b) R$ 802,00
2. log(A × B) = log(A) + log(B) c) R$ 803,00
3. log(A ÷ B) = log(A) − log(B) d) R$ 804,00
4. log(A × 10n) = log(A) + n e) R$ 805,00
5. log(A ÷ 10n) = log(A) − n
7. (TCDF/1994) No Brasil as cadernetas de poupança pa‑
gam, além da correção monetária, juros compostos à
Exercícios propostos taxa nominal de 6% a.a., com capitalização mensal. A
taxa efetiva bimestral é, então, de
Testes – Juros Compostos a) 1,00025% a.b.
b) 1,0025% a.b.
Utilize, se necessário, as tabelas, nesta matéria. c) 1,025% a.b.
d) 1,25% a.b.
1. (CEB/Contador/1994) A aplicação de R$ 5.000,00 à taxa e) 1,00% a.b.
de juros compostos de 20% a.m. irá gerar, após 4 meses,
o montante de: 8. (Banco Central/1994) A taxa de 30% ao trimestre, com
a) R$ 10.358,00 capitalização mensal, corresponde a uma taxa efetiva
b) R$ 10.368,00 bimestral de
c) R$ 10.378,00 a) 20%. b) 21%. c) 22%. d) 23%. e) 24%.
d) R$ 10.388,00
e) R$ 10.398,00 9. (AFTN/1996) A taxa de 40% ao bimestre, com capitali‑
zação mensal, é equivalente a uma taxa trimestral de
Matemática

2. (Esaf) A aplicação de um capital de $10.000,00, no re‑ a) 60,0%.


gime de juros compostos, pelo período de três meses, b) 66,6%.
a uma taxa de 10% ao mês, resulta, no final do terceiro c) 68,9%.
mês, num montante acumulado d) 72,8%.
a) de $ 3.000,00. e) 84,4%.

31
10. (AFC/1993) Um banco paga juros compostos de 30% 18. (AFTN/1998) O capital de R$ 1.000,00 é aplicado do dia 10
ao ano, com capitalização semestral. Qual a taxa anual de junho ao dia 25 do mês seguinte, a uma taxa de juros
efetiva? compostos de 21% ao mês. Usando a convenção linear,
a) 27,75% calcule os juros obtidos, aproximando o resultado em real.
b) 29,50% a) R$ 331,00
c) 30% b) R$ 340,00
d) 32,25% c) R$ 343,00
e) 35% d) R$ 342,00
e) R$ 337,00
11. (AFCE/1992) Um certo tipo de aplicação duplica o valor
da aplicação a cada dois meses. Essa aplicação renderá 19. (AFC/1993) Um título de valor inicial $ 1.000,00, ven‑
700% de juros em cível em um ano com capitalização mensal a uma taxa
a) 5 meses e meio. de juros de 10% ao mês, deverá ser resgatado um mês
b) 6 meses. antes do seu vencimento. Qual o desconto comercial
c) 3 meses e meio. simples à mesma taxa de 10% ao mês?
d) 5 meses. a) $ 313,84
b) $ 285,31
e) 3 meses.
c) $ 281,26
d) $ 259,37
12. (AFC/Esaf/1993) Em quantos meses o juro ultrapassará
e) $ 251,81
o valor do capital aplicado se a taxa de juros for de 24%
ao ano, capitalizados trimestralmente? 20. (AFCE/1995) Para que se obtenha R$ 242,00, ao final de
a) 12 b) 20 c) 24 d) 30 e) 36 seis meses, a uma taxa de juros de 40% a.a., capitalizados
trimestralmente, deve-se investir, hoje, a quantia de
13. (TCDF) Uma empresa solicita um empréstimo ao Banco a) R$ 171,43.
no regime de capitalização composta à taxa efetiva de b) R$ 172,86.
44% ao bimestre. A taxa equivalente composta ao mês c) R$ 190,00.
é de d) R$ 200,00.
a) 12%. b) 20%. c) 22%. d) 24%. e) 26%. e) R$ 220,00.

14. (AFTN/1991) Uma aplicação é realizada no dia primeiro 21. (AFCE/1995) Determinada quantia é investida à taxa de
de um mês, rendendo uma taxa de 1% ao dia útil, com juros compostos de 20% a.a., capitalizados trimestral‑
capitalização diária. Considerando que o referido mês mente. Para que tal quantia seja duplicada, o prazo de
possui 18 dias úteis, no fim do mês o montante será o aplicação, em trimestres, deve ser:
capital inicial aplicado mais a) (log 5 / log 1,05)
a) 20,324%. b) (log 2 / log 1,05)
b) 19,615%. c) (log 5 / log 1,2)
c) 19,196%. d) (log 2 / log 1,2)
d) 18,174%. e) (log 20 / log 1,2)
e) 18,000%.
22. (AFCE/1995) A renda nacional de um país cresceu
15. (AFTN/1996) Uma empresa aplica $ 300 à taxa de juros 110% em um ano, em termos nominais. Nesse mesmo
compostos de 4% ao mês por 10 meses. A taxa que período, a taxa de inflação foi de 100%. O crescimento
mais se aproxima da taxa proporcional mensal dessa da renda real foi, então, de
a) 5%. b) 10%. c) 15%. d) 105%. e) 110%.
operação é
a) 4,60%. d) 5,20%.
23. (CEB/Contador/1994) Se uma aplicação rendeu 38% em
b) 4,40%. e) 4,80%. um mês e, nesse período, a inflação foi de 20%, a taxa
c) 5,00%. real de juros foi de
a) 14%. b) 15%. c) 16%. d) 17%. e) 18%.
16. (AFTN/1998) Indique qual é a taxa de juros anual que é
equivalente à taxa de juros nominal de 8% ao ano, com 24. (Técnico em Contabilidade/1994) Se uma aplicação foi
capitalização semestral. feita a uma taxa de juros de 28,8% em um mês, e se neste
a) 8,20% mês a inflação foi de 15%, a taxa real de juros foi de
b) 8,16% a) 12% a.m.
c) 8,10% b) 13% a.m.
d) 8,05% c) 14% a.m.
e) 8,00% d) 15% a.m.
e) 16% a.m.
17. (AFTN/1985) Uma pessoa aplicou $ 10.000 a juros
compostos de 15% a.a., pelo prazo de 3 anos e 8 me‑ 25. (Banco Central/1994) Um investimento rendeu 68%
ses. Admitindo-se a convenção linear, o montante da em um mês no qual a inflação foi de 40%. O ganho real
aplicação ao final do prazo era de nesse mês foi de
Matemática

a) $ 16.590. a) 20%.
b) $ 16.602. b) 22%.
c) $ 16.698. c) 24%.
d) $ 16.705. d) 26%.
e) $ 16.730. e) 28%.

32
26. (Assistente Administrativo/1994) Um capital foi apli‑ ANÁLISE COMBINATÓRIA
cado por 2 meses à taxa composta racional efetiva de
50% a.m. Nestes dois meses, a inflação foi de 40% no
(COMBINAÇÕES, ARRANJOS E
primeiro mês e de 50% no segundo. PERMUTAÇÕES)
Pode-se concluir que a taxa real de juros neste bimestre
foi de aproximadamente Cinco Princípios de Contagem
a) 7,1%.
b) 8,1%. P1- Princípio Aditivo
c) 9,1%.
d) 10,1%. Se um evento A pode ocorrer de m modos distintos e um
e) 11,1%. outro evento, B, pode ocorrer de n modos distintos, então
a ocorrência de apenas um entre estes eventos, ou A ou B,
27. (AFCE) Uma financeira pretende ganhar 12% a.a. de pode ocorrer de m + n modos distintos.
juros reais em cada financiamento. Supondo que a
inflação anual seja de 2.300%, a financeira, a título de Exemplos:
taxa de juros nominal anual, deverá cobrar
a) 2.358%. 1. Laryssa está visitando uma grande loja que vende
b) 2.588%. livros e CDs. Entre as incontáveis opções que a loja oferece,
c) 2.858%. há somente 5 livros e 6 CDs que despertaram seu interesse.
d) 2.868%. Infelizmente Laryssa levou pouco dinheiro devendo escolher
e) 2.888%. se comprará um dos livros ou se comprará um CD. Assim, de
quantas formas poderá resultar a compra de Laryssa?
28. (AFTN/1985) Um capital de $ 100.000 foi depositado
por um prazo de 4 trimestres à taxa de juros de 10% Solução: Laryssa deverá fazer somente uma escolha:
ao trimestre, com correção monetária trimestral igual à
inflação. Admitamos que as taxas de inflação trimestrais
observadas foram de 10%, 15%, 20% e 25% respecti‑ Ou Laryssa escolhe um Ou Laryssa escolhe um
vamente. A disponibilidade do depositante ao final do dos livros dos CDs
terceiro trimestre é de, aproximadamente: 5 6
+
a) $ 123.065 opções opções
b) $ 153.065
c) $ 202.045 5+6 = 11
d) $ 212.045
e) $ 222.045 Portanto, a compra de Laryssa pode terminar de 11
modos distintos.
29. (AFCE/1992) Deseja-se comprar um bem que custa X
cruzeiros, mas dispõe-se apenas de 1/3 desse valor. 2. Luciana deve escolher se fará certa viagem de trem,
A quantia disponível é, então, aplicada em um Fundo de ônibus ou de avião. Caso ela resolva ir de trem, deverá
de Aplicações Financeiras, à taxa mensal de 26%, en‑ escolher entre 2 opções diferentes de vagões: vagão econô-
quanto que o bem sofre mensalmente um reajuste de mico e vagão turismo. Se, por outro lado Luciana resolver que
20%. Considere as aproximações: log 3 = 0,48; log 105 fará a viagem de ônibus, deverá optar se viajará em ônibus
= 2,021; log 0,54 = – 0,27. leito ou em ônibus comum. Finalmente, no caso de escolher
a via aérea, ela deverá decidir entre três categorias: classe
Assinale a opção correta. econômica, executiva ou primeira classe. Nessas condições de
a) Ao final do primeiro ano de aplicação, o bem poderá quantas maneiras poderá resultar a escolha exata da opção
ser adquirido com o montante obtido. de viagem de Luciana?
b) O número n de meses necessários para o investimen‑
to alcançar o valor do bem é dado pela fórmula: X/3 Solução: Resumindo as opções de Luciana são:
+ n 0,26 X/3 = X + n 0,2X
c) O número mínimo de meses de aplicação necessá‑
Ou Luciana vai - Ou no vagão econômico 2
rios à aquisição do bem será 23.
de trem - Ou no vagão turismo opções
d) Decorridos 10 meses, o montante da aplicação será
40% do valor do bem naquele momento. Ou Luciana vai - Ou de ônibus leito 2
e) O bem jamais poderá ser adquirido com o montante de ônibus - Ou ônibus comum opções
obtido. - Ou na classe econômica
Ou Luciana vai 3
- Ou na classe executiva
de avião opções
GAbarito - Ou na primeira classe

Dizemos que tais opções são mutuamente excludentes


Testes – Juros Compostos porque a opção escolhida automaticamente excluirá todas
as demais, não importando qual tenha sido a escolha de
1. b 7. b 13. b 19. a 25. a Luciana.
Matemática

2. d 8. b 14. b 20. d 26. a Dado que Luciana deverá escolher somente uma das
3. d 9. d 15. e 21. b 27. b opções, o  total de modos possíveis deverá ser calculado
4. d 10. d 16. b 22. a 28. c usando o Princípio Aditivo:
5. d 11. b 17. e 23. b 29. c
6. b 12. a 18. e 24. a 2+2+3=7

33
Assim, a escolha exata da opção de Luciana para a via‑ Resumindo os cálculos indicados na tabela anterior temos:
gem poderá resultar de 7 maneiras distintas.
3×4×3×2 = 72
P2- Princípio Multiplicativo
Portanto, há 72 modos distintos de se fazer a viagem de
Se um evento A pode ocorrer de m modos distintos e se, ida e volta nas condições dadas.
para cada uma das m possibilidades de ocorrência de A, um
outro evento B pode ocorrer n modos distintos após a ocor‑ 5. Miriam e Flávia vão fazer um lanche e cada uma delas
rência de A, então a ocorrência sucessiva destes dois eventos,
deve escolher um sanduíche, uma bebida e uma sobremesa.
A e B, nesta ordem, pode dar‑se de m×n modos distintos. A lanchonete oferece 6 tipos de sanduíches, 5 tipos de bebidas
e 3 tipos de sobremesas. De quantas maneiras diferentes
Exemplos:
poderá resultar o pedido para o lanche de Miriam e Flávia,
juntas, se elas decidirem que pedirão tudo diferente uma
3. Para se viajar da cidade A para a cidade B existem
da outra?
3 caminhos possíveis. Para se viajar da cidade B para a ci-
dade C existem 4 caminhos possíveis. De quantas maneiras
diferentes alguém poderia viajar da cidade A para a cidade Solução:
C, passando por B?
Pedido para o lanche
Solução: 1º pedido 2º pedido*
Pedido da Flávia e Pedido da Miriam
(Sand) e (Beb) e (Sobr) (Sand) e (Beb) e (Sobr)
6×5×3 × (6−1) × (5−1) × (3−1)
* A pessoa que fizer o pedido depois tem uma opção a menos em
cada escolha dado que elas resolveram pedir tudo diferente uma
da outra.
Para viajar da cidade A para a cidade C passando por B
será necessário cumprir sucessivamente duas etapas: Resumindo os cálculos indicados na tabela acima temos:

Viagem de A até C passando por B 6×5×3×5×4×2 = 3.600 maneiras diferentes


1ª etapa 2ª etapa
e P3 - Princípio da Preferência
Ir de A até B Ir de B até C
3 4 Ao usar o princípio multiplicativo se alguma etapa de es‑
×
modos modos colha apresentar restrições que não se apliquem igualmente
às demais etapas, então deve‑se considerar sua ocorrência
3×4 = 12 antes das demais.
Na prática ao encontrarmos etapas que apresentem
Portanto, há 12 modos distintos de se viajar de A até C restrições especiais daremos preferência ao preenchimento
passando por B. desta etapa.

4. Para se viajar da cidade A para a cidade B existem 3 Exemplos:


caminhos possíveis. Para se viajar da cidade B para a cidade
C existem 4 caminhos possíveis. Todos os caminhos podem ser 7. Quantos são os anagramas da palavra PROVA que
percorridos nos dois sentidos. De quantas maneiras diferentes terminam por uma vogal?
alguém poderia viajar da cidade A para a cidade C, passando
por B e depois retornar à cidade A passando novamente por Solução:
B se ela decidir usar caminhos diferentes tanto na ida quanto Como os anagramas deverão terminar por uma vogal
na volta, nos dois trechos? temos uma restrição que nos deixa somente duas opções
válidas para a escolha da última letra – ou usaremos o A ou
Solução: usaremos o E;

As quatro primeiras letras última


letra
(?) (?) (?) (?) ou A ou E

Assim, devemos dar preferência à escolha da última


A viagem toda pode ser planejada em 4 etapas conse‑ letra que deverá ser uma dessas vogais.
cutivas:
As quatro escolhas restantes 1ª escolha
Ida Volta*
e
Matemática

(?) (?) (?) (?) 2 opções


(A→B) e (B→C) (C→B) e (B→A)
3×4 (4−1) × (3−1) Uma vez escolhida uma das vogais para ocupar a última
×
modos modos posição, qualquer uma das quatro letras restantes poderá
* Os caminhos tomados na volta não podem ser os ocupar livremente cada uma das quatro primeiras posições.
mesmos escolhidos na ida. Então temos:

34
(2ª) e (3ª) e (4ª) e (5ª) escolhas 1ª escolha Resumindo os cálculos indicados na tabela anterior temos:
(4)×(3) × (2) × (1) opções 2 opções
(centena) e (dezena) e (unidade)
Então, usando o princípio multiplicativo, o número de 4 × 3 × 2
anagramas que terminam por uma vogal é:
4×3×2 = 24 números pares distintos
As quatro primeiras letras e última letra
P4 - Princípio da Exclusão
4×3×2×1 × 2
Se do total de casos possíveis excluirmos todos os casos
24×2 = 48
que não nos interessam o que restará será o total de casos
que nos interessam.
8. Usando somente os números 5, 6, 7, 8 e 9 quantos
números pares de três algarismos distintos podem ser feitos?
 Todos os casos   Todos os casos   Todos os casos 
 − = 
Solução:  que existem   que não servem   que servem 
Para montar um número qualquer de três algarismos
devemos escolher: Exemplo:
- o algarismo das centenas,
- o algarismo das dezenas, 9. Quantos são os anagramas da palavra PROVA em que
- o algarismo das unidades. as duas vogais não ocorrem juntas?

(centena) (dezena) (unidade) Solução:


(?) (?) (?) 1º – O total de anagramas da palavra PROVA pode ser
calculado como:
Entretanto, para que o número formado seja par será
necessário que o algarismo das unidades seja par e esta 1ª letra 2ª letra 3ª letra 4ª letra 5ª letra
é uma restrição que não se aplica igualmente às demais 5 4 3 2 1
etapas de escolha.
Assim, devemos dar preferência à escolha do algarismo 5⋅4⋅3⋅2⋅1 = 120 anagramas
das unidades.
Lembrando que somente os algarismos 5, 6, 7, 8, e 9 são 2º – Com as duas vogais JUNTAS teríamos:
permitidos, temos somente duas opções válidas de algaris‑
mos pares para usar na casa das unidades – ou usaremos o { (AO), (P), (R), (V) } → 4⋅3⋅2⋅1 = 24
6 ou usaremos o 8. ou
{ (OA), (P), (R), (V) } → 4⋅3⋅2⋅1 = 24
1ª escolha
24+24 = 48 anagramas
(centena) (dezena) (unidade)
2 opções Logo, existem 48 anagramas que NÃO QUEREMOS uma
vez que, neles, as duas vogais estão JUNTAS.
Após a escolha do algarismo das unidades podemos
tanto prosseguir com a escolha do algarismo das dezenas 3º – Comparando os resultados anteriores podemos
quanto com a escolha do algarismo das centenas. Mas é fazer:
importante lembrar que, de um jeito ou de outro, os alga‑
 Todos os anagramas   Todos os anagramas   Todos os anagramas 
rismos escolhidos deverão ser todos diferentes (como foi  − = 
 que existem   com as vogais juntas   com as vogais separadas 
pedido no enunciado).
Deste modo, se a nossa próxima etapa de escolha for o
algarismo das centenas teremos: ( 120 ) − ( 48 ) = 72 anagramas
Das 5 opções iniciais (5, 6, 7, 8 e 9) um dos algarismos
já foi escolhido para representar as unidades (ou 6 ou o 8). Portanto, o total de anagramas da palavra PROVA onde
Então nossa próxima escolha deverá recair sobre um dos 4 as vogais não estão juntas é 72.
algarismos restantes.
P5 - Princípio do Controle das Repetições
2ª escolha 1ª escolha Se a troca de posições entre k dos n elementos de uma
(centena) (dezena) (unidade) sequência não deve ser considerada ou não é relevante
4 opções 2 opções para o resultado da sequência obtida então o número de
sequências distintas desejadas pode ser obtido como:
Finalmente escolheremos o algarismo das dezenas.
Matemática

 Total de sequências com 


 
2ª escolha 3ª escolha 1ª escolha  Total de sequências   n elementos ordenados 
 =
(centena) (dezena) (unidade)  distintas desejadas   Total de permutações 
 
4 opções 3 opções 2 opções  entre k elementos 

35
Exemplos:  Total de sequências 
 
 Total de modos possíveis   possíveis com 3 pessoas 
10. Quantos são os anagramas da palavra REPETE?  =
 para a escolha de um trio   Total de permutações 
 
 entre as 3 pessoas escolhidas 
Solução:
Em cada um dos anagramas da palavra REPETE as letras  Total de modos possíveis  (5 × 4 × 3)
R, P e T deverão ocorrer uma única vez, enquanto a letra  =  = 10
 para a escolha de um trio  (3 × 2 × 1)
E deverá ocorrer exatamente três vezes. Cada um desses
anagramas é, portanto, uma sequência de 6 letras.
10 modos possíveis
Observe, contudo, que a troca das posições entre
duas ou mais letras iguais não deve ser considerada uma P6 - Princípio das Casas de Pombos
vez que não alteraria o anagrama. Assim sendo, o total de
anagramas distintos que se pode obter com as letras da O Princípio da Casas de Pombos, também chamado
palavra REPETE é: de Dirichlet ou Princípio das Gavetas de Dirichlet (devido a
Peter Dirichlet, matemático alemão 1805-1859), pode ser
 Total de sequências  enunciado assim:
 
 Total de anagramas   com 6 letras 
  = Considere que n objetos sejam colocados em k caixas.
 de “REPETE”   Total de permutações  Se n > k, pelo menos uma caixa conterá mais de 1 objeto.
 
 entre as 3 letras “E” 
Veja a ilustração abaixo:

 Total de anagramas  (6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1)
 =  = 120
 de “REPETE”  (3 × 2 × 1)

120 anagramas

11. Quantos são os anagramas da palavra CARRARA?

Solução:
Cada um dos anagramas da palavra CARRARA é uma
sequência de 7 letras onde a letra C deverá ocorrer uma
única vez, enquanto as letras R e A deverão ocorrer, cada Neste caso, n = 10 e k = 9.
uma, exatamente duas vezes.
Mais uma vez, a troca das posições entre duas letras Generalizando este princípio podemos afirmar que,
iguais não deve ser considerada uma vez que não alteraria o
anagrama. Desse modo, devemos considerar as permutações Considere que n objetos sejam colocados em k caixas.
entre as três letras A e também as permutações entre as três Se n > m⋅k, então pelo menos uma caixa conterá no mínimo
letras R, o que nos leva ao seguinte cálculo para o total de m +1 objetos.
anagramas da palavra CARRARA é:
De fato, isto pode ser percebido considerando que se
todas as k caixas contivessem no máximo m objetos, haveria
 Total de sequências 
 Total de anagramas 

com 7 letras
 não mais de k⋅m objetos ao todo.
 
 = Mesmo sendo de compreensão bastante elementar,
 de “CARRARA”   Total de permutações   Total de permutações 
 ×
  
 entre as 3 letras “A”   entre as 3 letras “R” 
o princípio de Dirichlet pode ser empregado na resolução inú‑
meros problemas que, à primeira vista, parecem intratáveis.
Para aplica corretamente o princípio, deve‑se identificar
 Total de anagramas  (7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1) quem faz o papel dos n objetos e quem faz o papel das k
=  = 140
 de “CARRARA”  (3 × 2 × 1) × (3 × 2 × 1)
casas de pombos no problema dado.

140 anagramas Exercício Resolvido


Qual o menor número de pessoas que devem estar
12. De quantos modos distintos pode resultar a escolha reunidas para se ter certeza de que haverá pelo menos duas
delas fazendo aniversário no mesmo mês?
de uma equipe de 3 pessoas escolhidas a partir de um grupo
de 5 pessoas disponíveis? Solução:
Pelo princípio da casa dos pombos se houver mais pesso‑
Solução: as do que meses é certo que pelos menos duas pessoas terão
Matemática

Em cada um dos grupos possíveis percebe‑se que a or‑ nascido no mesmo mês. Portanto, o menor número é 13.
dem das 3 pessoas que acabarão compondo o grupo não é
relevante para o grupo, ou seja, {A, B, C}, {B, A, C}, {C, B, A}, Permutações Simples
etc. representam um mesmo grupo escolhido. Então o total Um caso particular da aplicação do princípio multiplica‑
de modos distintos que pode resultar a escolha indicada é: tivo pode ser enunciado assim:

36
Se n objetos distintos são considerados em uma única O número de arranjos simples de n objetos distintos
fila então o total de filas distintas possíveis usando estes n tomados p a p pode ser obtido pela fórmula:
objetos é denominado total de permutações simples e pode
ser calculado como n!
Anp =
(n − p )!
Pn = n ⋅ (n − 1) ⋅ (n − 2) ⋅ ... ⋅ 1
Exemplo:
O produto acima também é denominado fatorial de Os 12 arranjos simples possíveis dos 4 elementos do
n sendo indicado por n!. Mais adiante veremos um pouco conjunto {A, B, C, D} tomados 2 a 2 são:
mais sobre os fatoriais.
AB BA CA DA
Exemplo:
AC BC CB DB
6. Quantos são os anagramas da palavra PROVA? AD BD CD DC

Observe que a ordem dos elementos que compõem os


Solução:
arranjos simples é levada em conta, ou seja, AB é diferente
Um anagrama é qualquer sequência de letras que se
de BA assim como BD é diferente de DB, CD é diferente de
possa formar usando todas as letras de uma palavra dada
DC etc.
desde que cada uma das letras ocorra no anagrama o mesmo
número de vezes que ela ocorre na palavra original.
Assim, as sequências AOPRV e VAPOR são anagramas
Combinações Simples
de PROVA enquanto a sequência VOAR não é um anagrama
Considere n objetos distintos. Uma combinação simples
de PROVA porque não usou a letra P e APROVA também não
desses n objetos tomados p a p é qualquer subconjunto que
é um anagrama válido porque usou a letra A duas vezes.
tenha exatamente p desses n objetos.
Deste modo, vê‑se que o total de anagramas da palavra
O número de combinações simples de p objetos es‑
prova é o total de filas que se pode formar com as 5 letras, colhidos entre n disponíveis pode ser obtido pela fórmula:
P, R, O, V e A, bastando, assim, calcularmos o número de
permutações simples destas 5 letras:
n!
Cnp =
P5 = 5!= 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 p!×(n − p)!

Que chamamos combinações simples de n objetos


P5 = 120 anagramas.
distintos tomados p a p.
Fatorial Exemplo:
As 6 combinações simples possíveis dos 4 elementos do
Dado um número natural n define‑se o fatorial de n e conjunto {A, B, C, D} tomados 2 a 2 são:
anota‑se n! como:

Se n = 0 então 0! = 1 AB
Se n > 0 então n! = n×(n−1)! AC BC
AD BD CD
Assim, teremos que:
Note que a ordem dos elementos que compõem as
0! = 1 combinações simples é irrelevante, ou seja, AB é o mesmo
que BA assim como BD é o mesmo que DB, CD é o mesmo
1! = 1×0! = 1×1 = 1 que DC etc.

2! = 2×1! = 2×1 = 2 Combinações com Repetição

3! = 3×2! = 3×2×1 = 6 Considere n tipos de objetos distintos. Uma combinação


com repetição desses n tipos de objetos tomados p a p é
4! = 4×3! = 4×3×2×1 = 24 qualquer agrupamento que tenha exatamente p objetos, não
necessariamente todos distintos, escolhidos entre os n tipos.
5! = 5×4! = 5×4×3×2×1 = 120
: Exemplo:
: São 10 as combinações com repetição possíveis dos 4
: elementos do conjunto {A, B, C, D} tomados 2 a 2 são:
Matemática

Arranjos Simples AA
AB BB
Considere n objetos distintos. Um arranjo simples desses AC BC CC
n objetos tomados p a p é qualquer fila (sequência) que tenha
exatamente p desses n objetos. AD BD CD DD

37
Assim como nas combinações simples, note que a ordem d) 263×(10×9×8×7)
dos elementos também é irrelevante nas combinações com e) (26×25×24×23)×94
repetição.
O número de combinações com repetição de p ele‑ 6. Observe o esquema abaixo para responder o que se
mentos escolhidos entre n tipos disponíveis pode ser obtido pede:
pela fórmula:

(n + p − 1)!
CR pn C=
= p
n + p −1
p!× (n − 1)!

Que chamamos combinações com repetição de n tipos


de objetos distintos tomados p a p.

Exemplo: Considere que somente seja permitido mover‑se para


De quantas maneiras distintas se pode separar 6 bali‑ cima nas linhas verticais ou para a direita nas linhas
nhas sendo que os únicos sabores disponíveis são hortelã, horizontais. Então o total de maneiras possíveis de se ir
café e caramelo? do ponto A até o ponto B é:
a) 8 b) 9 c) 10 d) 11 e) 12
Solução:
Calculamos o número de combinações com repetição 7. De um grupo de 4 finalistas, 3 serão sorteados recebendo
de n = 3 sabores tomados em grupos de p = 6. prêmios diferentes. Quantos resultados distintos exis‑
tem para o resultado deste sorteio?
6 (8)! 8 × 7 a) 3 b) 4 c) 12 d) 24 e) 64
CR=
3 C36+ 6=
−1
6
C=
8 = = 28
6!× 2! 2 × 1
8. De um grupo de 4 finalistas, 3 serão sorteados recebendo
EXERCÍCIOS PROPOSTOS prêmios idênticos. Quantos resultados distintos existem
para o resultado deste sorteio?
1. Maurício ganhou um vale‑presente de uma loja de arti‑ a) 3 b) 4 c) 12 d) 24 e) 64
gos masculinos e pretende trocá‑lo por uma gravata ou
por um cinto. Entre as opções que a loja oferece estão 9. Quantos são, ao todo, os anagramas da palavra ARARA?
6 gravatas e 8 cintos pelos quais Maurício interessou‑se, a) 10 b) 12 c) 20 d) 60 e) 120
mas o vale‑presente não poderá ser trocado por mais de
um destes artigos. De quantas maneiras distintas poderá 10. Sejam A, B, C, ..., H oito pontos distintos marcados sobre
resultar a troca do vale‑presente de Maurício? uma mesma circunferência. Nessas condições, o número
a) 14 b) 15 c) 18 d) 20 e) 48 que representa o total de diferentes triângulos possíveis
com vértices escolhidos entre esses pontos será:
2. Luciana pretende comprar uma saia e uma blusa. Se a) 8 b) 21 c) 56 d) 168 e) 336
entre as opções que a loja lhe oferece estão 5 saias e 6
blusas que lhe agradam, de quantas maneiras poderá 11. De quantas maneiras é possível formar uma equipe
resultar a compra pretendida? composta por dois homens e duas mulheres escolhidos
a) 11 b) 15 c) 18 d) 20 e) 30 dentre os integrantes de um grupo onde se encontram
5 homens e 6 mulheres?
3. Quantos anagramas distintos podem ser formados com a) 25 b) 60 c) 120 d) 150 e) 600
as letras da palavra VONTADE?
a) 28 c) 720 e) 5.040 12. Sejam P, Q, R e S quatro pontos distintos sobre uma reta
b) 128 d) 1.024 r e sejam T, U e V, X e Z cinco pontos distintos sobre uma
reta s, paralela a r e distinta desta. Nessas condições,
4. Quantos anagramas da palavra PROVA começam com o  total de triângulos possíveis com vértices em três
uma consoante e terminam com uma vogal? desses nove pontos é:
a) 36 b) 24 c) 12 d) 8 e) 6 a) 30
b) 35
5. Uma placa de licenciamento é formada por três letras c) 70
seguidas de quatro dígitos. Tanto as letras quanto os d) 84
dígitos podem ser repetidos numa placa. Todas as 26 e) 504
letras podem ser usadas em qualquer uma das três
posições de letras, mas nas posições dos dígitos não é 13. Cinco pessoas encontram‑se sentadas em volta de uma
permitido que uma placa tenha os quatro dígitos iguais mesa redonda. De quantas maneiras diferentes elas
a zero. Assim, por exemplo, são permitidas placas como podem trocar de lugar entre si de modo que pelo menos
AAA 9009 e PAR 2468, entre tantas outras, mas não são uma delas termine com pelo menos um de seus vizinhos
permitidas placas como CAR 0000 e HEL 0000. Nessas sentado em outra posição em relação a ela?
Matemática

condições o total de placas diferentes que podem ser a) 20


feitas pode ser calculado corretamente como: b) 21
a) 263×94 c) 22
b) 263×(104 −1) d) 23
c) (26×25×2×23)×(10×9×8×7) e) 24

38
14. Denomina‑se diagonal de um polígono convexo qual‑ c) 226 210
quer segmento com extremidades em dois vértices d) 26! 10!
não consecutivos do polígono. Assim, por exemplo, um e) C26,2 C10,3
quadrado tem apenas duas diagonais distintas enquanto
um triângulo não possui diagonais. O número total de 20. (Fisc.Trab./98) Três rapazes e duas moças vão ao cinema
diagonais distintas de um polígono convexo com dez e desejam sentar‑se, os cinco, lado a lado, na mesma
lados é: fila. O  número de maneiras pelas quais eles podem
a) 35 distribuir‑se nos assentos de modo que as duas moças
b) 45 fiquem juntas, uma ao lado da outra, é igual a:
c) 70 a) 2
d) 90 b) 4
e) 95 c) 24
d) 48
15. João e Maria fazem parte de um grupo de 15 pessoas. e) 120
De quantas maneiras é possível formar um grupo de 5
pessoas, escolhidas dentre estas 15, se João e Maria 21. (Gestor‑MPOG/2000) O número de maneiras diferentes
devem necessariamente fazer parte dele? que 3 rapazes e 2 moças podem sentar‑se em uma mes‑
a) 628 ma fila de modo que somente as moças fiquem todas
b) 268 juntas é igual a:
c) 286 a) 6 b) 12 c) 24 d) 36 e) 48
d) 826
e) 862 22. (AFC‑SFC/2000) Se o conjunto X tem 45 subconjuntos
de 2 elementos, então o número de elementos de X é
16. João e Maria fazem parte de um grupo de 15 pessoas. igual a:
De quantas maneiras é possível formar um grupo de 5 a) 10
pessoas, escolhidas dentre estas 15, de modo que João b) 20
e Maria não façam parte dele? c) 35
a) 1.278 d) 45
e) 90
b) 1.287
c) 1.728
23. (AFC/2002) Na Mega‑Sena são sorteadas seis dezenas
d) 1.782
de um conjunto de 60 possíveis (as dezenas sorteáveis
e) 1.872
são 01, 02, ..., 60). Uma aposta simples (ou aposta mí‑
nima), na Mega‑Sena, consiste em escolher 6 dezenas.
17. Numa pequena lanchonete 8 jovens pedem seus san‑ Pedro sonhou que as seis dezenas que serão sorteadas
duíches (um para cada jovem). O garçom que anotou os no próximo concurso da Mega‑Sena estarão entre as
pedidos perdeu a papeleta, mas lembra que havia no seguintes: 01, 02, 05, 10, 18, 32, 35, 45. O  número
pedido pelo menos um sanduíche de cada um dos qua‑ mínimo de apostas simples para o próximo concurso
tro únicos tipos que a lanchonete oferecia. De quantas da Mega‑Sena que Pedro deve fazer para ter certeza
maneiras diferentes poderia ter resultado o pedido dos matemática que será um dos ganhadores caso o seu
oito jovens? sonho esteja correto é:
a) 85 a) 8
b) 50 b) 28
c) 45 c) 40
d) 40 d) 60
e) 35 e) 84
18. Quantos números com três algarismos distintos e maio‑ 24. (MPU/Analista‑Adm/2004) Quatro casais compram
res que 0 têm o algarismo das centenas maior que o das ingressos para oito lugares contíguos em uma fila no
dezenas? teatro. O número de diferentes maneiras em que podem
a) 252 sentar‑se de modo que:
b) 448 a) homens e mulheres sentem‑se em lugares alterna‑
c) 484 dos; e que
d) 504 b) todos os homens sentem‑se juntos e todas as mu‑
e) 522 lheres sentem‑se juntas, é, respectivamente,
a) 1.112 e 1.152
19. (AFCE/TCU/1999) A senha para um programa de com‑ b) 1.152 e 1.100
putador consiste em uma sequência LLNNN, onde “L” c) 1.152 e 1.152
representa uma letra qualquer do alfabeto normal de d) 384 e 1.112
26 letras e “N” é um algarismo de 0 a 9. Tanto letras e) 112 e 384
como algarismos podem ou não ser repetidos, mas é
essencial que as letras sejam introduzidas em primeiro 25. (MRE‑Ofic.Chanc./2002) Chico, Caio e Caco vão ao teatro
lugar, antes dos algarismos. Sabendo que o programa com suas amigas Biba e Beti, e desejam sentar‑se, os cin‑
Matemática

não faz distinção entre letras maiúsculas e minúsculas, co, lado a lado, na mesma fila. O número de maneiras
o número total de diferentes senhas possíveis é dado pelas quais eles podem distribuir‑se nos assentos de
por: modo que Chico e Beti fiquem sempre juntos, um ao
a) 226 310 lado do outro, é igual a:
b) 262 103 a) 16 b) 24 c) 32 d) 46 e) 48

39
26. (AFTN/1998) Uma empresa possui 20 funcionários, dos 32. Laryssa quer encomendar 4 pizzas grandes não necessa‑
quais 10 são homens e 10 são mulheres. Desse modo, riamente de sabores diferentes, e pretende escolhê‑las
o número de comissões de 5 pessoas que se pode formar entre seu quatro sabores preferidos: portuguesa, mozza-
com 3 homens e 2 mulheres é: rela, napolitana e calabresa. Cada duas pizzas grandes
a) 5400 dá direito a uma garrafa de refrigerante grátis, havendo
b) 165 5 sabores diferentes para escolher: cola, limão, laranja,
c) 1650 guaraná e uva. Se Laryssa encomendar as quatro pizzas,
d) 5830 como descrito acima, escolhendo as garrafas de refri‑
e) 5600 gerante não necessariamente de sabores diferentes, de
quantos modos distintos poderá resultar o pedido?
a) 30
27. (TFC/1997) Uma empresa do setor têxtil possui 10
b) 40
funcionários que têm curso superior em Administração c) 80
de Empresas. O diretor de recursos humanos recebeu d) 132
a incumbência de escolher, entre esses 10 funcionários, e) 700
um gerente financeiro, um gerente de produção e um
analista de mercado. Como todos os 10 funcionários 33. Preocupado com a segurança, o Sr. Xavier, responsável
são pessoas capazes para desempenhar essas funções, pelos originais das provas de um concurso, pediu ao
então as diferentes maneiras que o diretor de recursos chefe da manutenção, Sr. Magaiver, que instalasse, na
humanos pode escolhê‑los é igual a: única porta de acesso à sala onde são guardados os
a) 720 originais das provas, um cadeado de segredo que só
b) 740 abrisse com um código sequencial de quatro dígitos
c) 820 distintos. Depois de muito procurar, Magaiver explicou
d) 920 ao Sr. Xavier que não conseguiu encontrar o tal cadeado
e) 1040 mas que resolveria o problema instalando dois cadeados
com códigos sequenciais de três dígitos distintos cada
28. (Mare/1998) Para entrar na sala da diretoria de uma um.
empresa é preciso abrir dois cadeados. Cada cadeado é Considerando que os dígitos que compõem um código
aberto por meio de uma senha. Cada senha é constituída qualquer são os dígitos decimais de 0 a 9 e que os dois
por 3 algarismos distintos. Nessas condições, o número cadeados que o Sr. Magaiver ofereceu não precisam ter,
máximo de tentativas para abrir os cadeados é: necessariamente, códigos diferentes, julgue as afirma‑
tivas seguintes.
a) 518 400
I – Caso se o Sr. Xavier concorde com a instalação dos
b) 1 440 dois cadeados com códigos sequenciais de três dígitos
c) 720 cada, então o número máximo de tentativas que alguém
d) 120 precisaria fazer para abrir ambos os cadeados sem co‑
e) 54 nhecer seus códigos é igual a 1.440.
II – Se o Sr. Magaiver conseguisse encontrar um cadeado
29. Quantos são os anagramas da palavra ACEITOU nos quais com código sequencial de quatro dígitos distintos, então
as vogais aparecem todas em ordem alfabética mas não o número máximo de tentativas que alguém precisaria
necessariamente juntas? fazer para abrir este cadeado sem conhecer seu código
a) 5.040 seria 5.040.
b) 1.440 III – Se o Sr. Magaiver instalar os dois cadeados com có‑
c) 720 digos sequenciais de três dígitos distintos sendo que um
d) 120 deles tenha só dígitos ímpares enquanto o outro tenha
e) 42 só dígitos pares, então o número máximo de tentativas
que alguém – que saiba disso mas que não consiga dis‑
30. Quantos são os anagramas da palavra ARREPIOU nos tinguir os cadeados e não saiba os códigos – precisaria
quais as cinco vogais aparecem em ordem alfabética fazer para abrir os dois cadeados é 180.
mas não necessariamente juntas?
a) 40.320 Assinale a alternativa correta.
a) nenhuma das três afirmativas está correta.
b) 5.040
b) somente I e II estão corretas.
c) 720
c) somente I e III estão corretas.
d) 168 d) somente II e III estão corretas.
e) 42 e) todas as três afirmativas estão corretas.
31. De quantas maneiras diferentes Luciana pode encomen‑ 34. Uma floresta tem 1.000.000 de árvores. Nenhuma árvore
dar três pizzas grandes, não necessariamente de sabores tem mais de 300.000 folhas. Pode‑se concluir que:
diferentes, se escolhê‑las entre seu quatro sabores pre‑ a) duas árvores quaisquer nunca terão o mesmo número
feridos, portuguesa, mozzarela, napolitana e calabresa, de folhas;
e sabendo que a pizzaria não prepara pizzas de sabores b) há pelo menos uma árvore com uma só folha;
mistos como metade napolitana e metade calabresa? c) existem pelo menos quatro árvores com um mesmo
Matemática

a) 4 número de folhas;
b) 6 d) pode haver nesta floresta somente duas árvores com
c) 20 um mesmo número de folhas;
d) 24 e) o número total de folhas na floresta pode ser maior
e) 64 que 1012.

40
35. Numa biblioteca há 2.500 livros. Qualquer livro desta Probabilidades
biblioteca tem sempre mais de 10 e menos de 500
páginas. Pode‑se afirmar que:
a) pode haver nesta biblioteca somente três livros que
Experimentos Aleatórios
tenham o mesmo número de páginas;
b) existem no mínimo seis livros com o mesmo número Experimentos aleatórios são aqueles que, mesmo
de páginas; quando repetidos em idênticas condições, podem produzir
c) existem no máximo seis livros com o mesmo número resultados diferentes.
de páginas; As variações de resultado são atribuídas a uma multipli‑
d) existe pelo menos um livro com exatamente 152 cidade de causas que não podem ser controladas às quais,
páginas; em conjunto, chamamos de acaso.
e) o número total de páginas é inferior a 900.000.
Exemplos:
36. Márcio veste‑se apressadamente para um encontro a) O resultado do lançamento de uma moeda (cara ou
muito importante. Pouco antes de pegar as meias na coroa).
gaveta, falta luz. Ele calcula que tenha 13 pares de meias b) A soma dos números encontrados no lançamento
brancas, 11 pares de meias cinzas, 17 pares de meias de dois dados.
azuis e 7 pares de meias pretas. Como elas estão todas c) A escolha, ao acaso, de 20 peças retiradas de um lote
misturadas ele resolve pegar um certo número de meias que contenha 180 peças perfeitas e 15 peças defeituosas.
no escuro e, chegando ao carro, escolher duas que te‑ d) O resultado do sorteio de uma carta de um baralho
nham cor igual para vestir. Qual é o menor número de com 52 cartas.
meias que Márcio poderá pegar para ter certeza de que
pelo menos duas são da mesma cor?
a) 12
Espaço Amostral (S)
b) 10
c) 8 Embora não se possa determinar exatamente o resulta‑
d) 6 do de um experimento aleatório, frequentemente é possível
e) 5 descrever o conjunto de todos os resultados possíveis para o
experimento. Esse conjunto é chamado de espaço amostral
37. Márcia preparava‑se para um baile muito importante. ou conjunto universo do experimento aleatório.
Como fazia muito frio naquela noite, Márcia resolveu
que vestiria luvas que, aliás, ela adora. Pouco antes Exemplos:
de pegar as luvas na gaveta, falta luz. Márcia sabe que a) Lançar uma moeda e observar a face superior:
tem 3 pares de luvas brancas, 5 pares de luvas de cor S = { cara, coroa }
cinza, e 7 pares de luvas pretas. Como elas estão todas b) Lançar dois dados e observar a soma dos números
misturadas ela resolve pegar algumas luvas no escuro das faces superiores:
e, ao sair, escolher um par da mesma cor para vestir. Em S = { 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 }
todos os casos as luvas de mesma cor são todas iguais c) Extrair ao acaso uma bola de uma urna que contém 3
entre si, exceto pelo fato de que, evidentemente, a luva bolas vermelhas (V), 2 bolas amarelas (A) e 6 bolas brancas
feita para a mão esquerda não serve na mão direita e (B), e observar a cor:
vice‑versa. Qual é o menor número de luvas que Márcia
S = { V, A, B }
poderá pegar para ter certeza de que entre elas haverá
pelo menos um par de luvas da mesma cor? Frequentemente, é possível descrevermos o espaço
a) 16 amostral de um experimento aleatório de mais de uma
b) 15 maneira.
c) 8
d) 7 Evento
e) 4
Evento é qualquer um dos subconjuntos possíveis de
GABARITO um espaço amostral. É costume indicarmos os eventos por
letras maiúsculas do alfabeto latino: A, B, C, ...., Z.
Pode-se demonstrar que se um espaço amostral tiver n
1. a 16. b 31. c elementos, então existirão 2n eventos distintos associados
2. e 17. e 32. e a ele.
3. e 18. a 33. e
4. a 19. b 34. c Exemplo:
5. b 20. d 35. b O espaço amostral associado ao lançamento de uma
6. d 21. c 36. e moeda é S = {cara, coroa}. Como esse espaço amostral tem
7. d 22. a 37. a dois elementos, existirão 22 = 4 eventos associados a ele:
8. b 23. b ∅, {cara}, {coroa}, {cara, coroa}. Observe que o primeiro e o
9. a 24. c último eventos indicados são, respectivamente, o conjunto
10. c 25. e vazio e o próprio espaço amostral.
Matemática

11. d 26. a
12. c 27. a Evento Elementar
13. d 28. a
14. a 29. e Um evento é chamado elementar sempre que possuir
15. c 30. e um único elemento (conjunto unitário).

41
Evento Certo I. 0 ≤ pi ≤ 1 para todo i.

Evento certo é aquele que compreende todos os ele‑ II. Σ (pi) = p1 + p2 + ....+ pn = 1.
mentos do espaço amostral.
Se A é um evento certo, então A = S. Dizemos que os números p1 , p2 , .... pn definem uma
distribuição de probabilidades sobre S.
Evento Impossível De fato, procuramos sempre definir cada uma das
probabilidades pi de modo que coincidam com o limite a
Evento impossível é aquele que não possui elementos.
que tenderia a frequência relativa (fr) de cada elemento
Se A é um evento impossível, então A = ∅.
correspondente, ei, quando o número de repetições do
Ocorrência de um Evento experimento crescesse ilimitadamente.
Numa amostra, as frequências relativas representam
Dizemos que um evento A ocorre se, e somente se, ao estimativas de probabilidades.
realizarmos o experimento aleatório, o resultado obtido
pertencer ao conjunto A. Caso contrário, dizemos que o Probabilidade de um Evento
evento A não ocorre.
Seja A um evento qualquer de S , define-se a pro­
Evento União babilidade do evento A, e indica-se P(A), da seguinte forma:
Dados dois eventos, A e B de um mesmo espaço amos‑
I. Se A = ∅, então P(A) = 0.
tral, então A ∪ B (lê-se “A união B” ou ainda “A ou B”) tam‑
bém será um evento, chamado evento união, e ocorrerá
se, e somente se, II. Se A ≠ ∅, então P(A) = P(e1) + P(e2) + .... + P(ei), para
todo ei ∈ A.
A ocorrer
ou Exemplo:
B ocorrer Seja S = {e1 , e2 , e3 , e4} um espaço amostral com a
ou seguinte distribuição de probabilidades: p1 = 0,2; p2 = 0,3;
ambos ocorrerem. p3 = 0,1 e p4 = 0,4. Nestas condições, qual será a probabilidade
de ocorrência do evento A={ e1 , e3 }?
Evento Intersecção
Solução:
Dados dois eventos, A e B, então A ∩ B (lê-se “A interse- P(A) = P(e1 ) + P(e3 )
ção B” ou ainda “A e B”) também será um evento, chamado
evento interseção, e ocorrerá se, e somente se, P(A) = 0,2 + 0,1
A e B ocorrerem simultaneamente.
P(A) = 0,3
Eventos Mutuamente Exclusivos
Espaço Amostral Equiprovável
Se A e B são dois eventos tais que A ∩ B = ∅, então A e
B são chamados eventos mutuamente exclusivos.
Esta denominação decorre do fato de que uma vez que Dizemos que um espaço amostral S = {e1 , e2 , e3 , .... , en}
a interseção de A com B seja vazia não será possível que é equiprovável se a ele estiver associada uma distribuição
ocorram ambos simultaneamente, isto é, a ocorrência de um de probabilidades tal que:
deles exclui a possibilidade de ocorrência do outro.
p1 = p2 = p3 ....= pn
Evento Complementar
Normalmente, decidimos que um espaço amostral é
Dado um evento A, então A (lê-se “complemento de A” equiprovável a partir da observação de certas características
ou “não-A”) também será um evento, chamado evento com- do experimento.
plementar de A, e ocorrerá se, e somente se, A não ocorrer.
O conjunto A compreende todos os elementos de S que Exemplos:
não pertencem ao conjunto A:
1. O lançamento de um dado com a observação do
número da face superior é descrito por um espaço amostral
A= S–A equiprovável.
Distribuição de Probabilidades Empíricas 2. Já o lançamento de dois dados com observação
da soma dos números das faces superiores pode ser
Consideremos um espaço amostral com n elementos: descrito por um espaço amostral não equiprovável,
S = { 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 }, pois a probabilidade
Matemática

S = {e1 , e2 , e3 , ... , en} de que a soma seja 7 é maior do que a probabilidade de que
a soma seja 12, por exemplo.
A cada um dos eventos elementares { ei } de S será as‑ Sempre que possível, devemos procurar descrever os ex‑
sociado um número, pi, chamado probabilidade do evento perimentos aleatórios por espaços amostrais equi­prováveis,
{ ei }, satisfazendo as seguintes condições: pois isso facilita a análise de diversos problemas.

42
Probabilidade de um Evento num Espaço Amostral Equi- 2
provável  
P( A ∩ B)  6  2
P( A / B) = = =
Se S = {e1 , e2 , e3 , .... , en} é um espaço amostral equipro‑ P( B) 3 3
 
vável e A é um evento qualquer de S, então a probabilidade 6
de ocorrência de A será:
Eventos Independentes
n ° de elementos de A
P(A) =
n ° de elementos de S Se a probabilidade de ocorrência de um evento A não é
alterada pela ocorrência de outro evento B, dizemos que A
e B são eventos independentes.
Na prática, contamos o número de elementos de A como
o número de casos favoráveis ao evento A e contamos o nú‑ P(A/B) = P(A) ⇔ A e B são independentes.
mero de elementos de S como o número de casos possíveis.
Se A e B são eventos independentes, então a probabili‑
Exemplo: dade de ocorrência de A e B será:
Um dado é lançado e observamos o número na face
superior do mesmo. Qual é a probabilidade de o número P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)
obtido ser par?
Esta última igualdade também é usada para verificarmos
Solução: a independência de dois eventos.
Espaço amostral: S = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }
Evento: Ocorrência de um número par = { 2, 4, 6 } Exemplos:
1. Considere o espaço amostral S = { 1, 2, 3, 4 }
n ° de casos favoráveis 3 e os eventos A={2, 3} e B={3, 4}. Mostre que os eventos A e
P(A) = = = 0,5 B são independentes.
n ° de casos p ossíveis 6 ou seja: 50%.
Solução:
Propriedades das Probabilidades Se A e B são independentes, então:

T-1. P(S) = 1 P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)


T-2. A ⊂ B ⇒ P(A) ≤ P(B) 1/4 = 2/4 . 2/4
T-3. P(A∪B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) 1/4 = 4/16
1/4 = 1/4
T-4. A∩B = ∅ ⇒ P(A∪B) = P(A) + P(B)
T-5. P( A ) = 1 – P(A) Como a igualdade foi satisfeita, A e B são independentes.
Probabilidade Condicional 2. Em uma urna temos 6 bolas brancas e 4 bolas pretas.
São retiradas duas bolas, uma após a outra, com reposição.
Dados dois eventos, A e B, com B ≠ ∅. Denotamos por Qual é a probabilidade de as duas retiradas resultarem em
P(A/B) a probabilidade de ocorrência de A dado que B tenha bolas brancas?
ocorrido (ou que a ocorrência de B esteja garantida). A pro‑
babilidade condicional pode ser calcula­da como: Solução:

P(A ∩ B) num. de elementos de A ∩ B 6 3


P(A / B)
= = A = { a 1ª bola é branca }, P(A) = =
P(B) num. de elementos de B 10 5
B = { a 2ª bola é branca }
Lembrando que a última igualdade na expressão acima
só será válida quando o espaço amostral for equipro­vável. Como houve a reposição da primeira bola retirada da
urna, a probabilidade de que a segunda bola seja branca,
Exemplo: após a retirada da primeira bola, não será afetada pela
Qual é a probabilidade de conseguirmos um número ocorrência de A.
menor que 4 no lançamento de um dado, sabendo que o
resultado é um número ímpar? 3
P(B/A) = P(B) =
5
Solução:
Isso significa que os eventos A e B são independentes.
Portanto, teremos:
Espaço Amostral: S = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }
A∩B = { as duas bolas são brancas }
Matemática

Evento: A = { resultado menor que 4 } = { 1, 2, 3 }


P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)
Condição: B = { ocorrer número ímpar } = { 1, 3, 5 }
3 3 9
P(A ∩ B) = ⋅ =
A ∩ B = { 1, 3 } 5 5 25

43
Teorema de Bayes 5. Dois dados são lançados sobre uma mesa. A probabi‑
lidade de ambos mostrarem números ímpares na face
Sejam A1, A2, A3, ...., An , n eventos mutuamente exclusivo superior é:
tais que sua união seja S. a) 1/2 b) 1/3 c) 1/4 d) 1/5

A1∪A2∪A3 ... ∪An = S 6. Num jogo com um dado, o jogador X ganha se tirar, no
seu lance, um número maior ou igual ao conseguido
Se B é um evento qualquer de S, nas condições acima, pelo jogador Y. A probabilidade de X ganhar é:
então pode-se calcular a probabilidade condicional de Ai a) 1/2 b) 2/3 c) 7/12 d) 19/36
dado B como:
7. Um dado é lançado e o número da face superior é ob‑
P ( Ai ∩ B ) P ( Ai ∩ B ) servado. Se o resultado for par, a probabilidade dele ser
P( Ai / B ) = = maior ou igual a 5 é de:
P( B) P ( A1 ∩ B ) + P ( A2 ∩ B ) + ....+ P ( An ∩ B )
a) 1/2 b) 1/3 c) 1/4 d) 1/5

Exemplo: 8. As chances de obtermos, em dois lançamentos conse‑


Um conjunto de 15 bolas, algumas vermelhas e outras cutivos de um dado, resultado igual a 6 somente em um
azuis, foi distribuído entre duas caixas de modo que a caixa dos dois lançamentos, são de:
I ficou com 3 bolas vermelhas e 2 bolas azuis, enquanto a a) 1 contra 12
caixa II ficou com 2 bolas vermelhas e 8 bolas azuis. Uma das b) 5 contra 8
caixas é escolhida ao acaso e dela sorteia-se uma bola. Se a c) meio a meio
bola sorteada é vermelha, qual a probabilidade de que ela d) 5 contra 13
tenha vindo da caixa I?
Para responder às questões 9 a 12, considere as seguintes
Solução: informações. A  e B são dois eventos de um certo espaço
I = {a caixa escolhida é a I}→ P( I ) = 1/2 e amostral tais que P(A) = 1/3 , P(B) = 1/2 e P(A e B) = 1/4.
II = {a caixa escolhida é a II}→ P( II ) = 1/2
9. A probabilidade de ocorrência de A ou B é:
P(I∩V) = P( I ) ⋅ P( V / I) = 1/2 ⋅ 3/5 = 3/10 a) 5/12 b) 1/2 c) 7/12 d) 2/3

P(II∩V) = P( II ) ⋅ P( V / II) = = 1/2 ⋅ 1/5 = 1/10 10. Qual é a probabilidade de ocorrência de não‑A , isto é,
a probabilidade de ocorrência de algo que não seja o
evento A ?
V = { a bola retirada é vermelha },
a) 5/12 b) 1/2 c) 7/12 d) 2/3
P(V) = P(I∩V) + P(II∩V) =3/10 + 1/10 = 2/5
11. Qual a probabilidade de ocorrência de A dado que B
3  3 tenha ocorrido?
P(I ∩ V)  10  3 a) 1/2 b) 7/12 c) 2/3 e) 3/4
P(I=
/ V) = 10
= = 
P(V) 3 1  4 4
+  10  12. Qual a probabilidade de que ocorra A, mas não ocorra B?
10 10   a) 1/4 b) 1/3 c) 1/12 e) 1/2

A probabilidade de que a caixa escolhida tenha sido a I 13. Uma urna I contém 2 bolas vermelhas e 3 bolas brancas
é igual a 3/4 = 75%. e outra, II, contém 4 bolas vermelhas e 5 bolas brancas.
Sorteia‑se uma urna e dela retira‑se, ao acaso, uma bola.
Exercícios PROPOSTOS Qual é a probabilidade de que a bola seja vermelha e
tenha vindo da urna I ?
a) 1/3 b) 1/5 c) 1/9 d) 1/14
1. Uma urna contém 50 bolinhas numeradas de 1 a 50.
Sorteando‑se uma delas, a probabilidade de que o nú‑
14. Considere 3 urnas, contendo bolas vermelhas e brancas
mero dela seja um múltiplo de 8 é:
com a seguinte distribuição:
a) 3/25 b) 7/50 c) 1/10 d) 8/50
Urna I: 2 vermelhas e 3 brancas
Urna II: 3 vermelhas e 1 branca
2. Uma urna contém 20 bolinhas numeradas de 1 a 20. Urna III: 4 vermelhas e 2 brancas
Sorteando‑se uma bolinha desta urna, a probabilidade
de que o número da bolinha sorteada seja múltiplo de Uma urna é sorteada e dela é extraída uma bola ao
2 ou de 5 é: acaso. A probabilidade de que a bola seja vermelha é
a) 13/20 b) 4/5 c) 7/10 d) 3/5 igual a:
a) 109/180
3. Jogando‑se ao mesmo tempo 2 dados honestos, a pro‑ b) 1/135
babilidade de a soma dos pontos ser igual a 5 é: c) 9/15
a) 1/9 b) 1/12 c) 1/18 d) 1/36 d) 3/5
Matemática

4. Jogando‑se ao mesmo tempo dois dados honestos, 15. Existem três caixas idênticas. A primeira contém duas
a probabilidade de o produto dos pontos ser igual a 12 moedas de ouro, a segunda contém uma moeda de ouro
é de: e uma de prata, e  a terceira, duas moedas de prata.
a) 1/3 b) 1/6 c) 1/9 d) 1/12 Uma caixa é selecionada ao acaso e dela uma moeda

44
é sorteada. Se a moeda sorteada é de ouro, então pro‑ 22. (MRE/Oficial de Chancelaria/2002) Em um grupo de
babilidade de que a outra moeda da caixa selecionada cinco crianças, duas delas não podem comer doces. Duas
também seja de ouro é de: caixas de doces serão sorteadas para duas diferentes
a) 1/2 b) 1/3 c) 2/3 d) 1/5 crianças desse grupo (uma caixa para cada uma das
duas crianças). A probabilidade de que as duas caixas de
16. Numa equipe com três estudantes, A, B e C, estima‑se doces sejam sorteadas exatamente para duas crianças
que a probabilidade de que A responda corretamente que podem comer doces é:
uma certa pergunta é igual a 40%, a probabilidade de a) 0,10 b) 0,20 c) 0,25 d) 0,30 e) 0,60
B fazer o mesmo é 20%, enquanto a probabilidade de
êxito de C, na a mesma tarefa, é de 60%. Um destes estu‑ 23. (MPOG/Espec.Pol. Públ. e Gest. Gov./2002) Um juiz de
dantes é escolhido ao acaso para responder à pergunta. futebol possui três cartões no bolso. Um é todo amarelo,
Qual a probabilidade de que a resposta esteja correta? o outro é todo vermelho e o terceiro é vermelho de um
a) 20% b) 30% c) 40% d) 50% lado e amarelo do outro. Num determinado jogo, o juiz
retira, ao acaso, um cartão do bolso e mostra, também
17. No problema anterior, considere que a pergunta foi ao acaso, uma face do cartão a um jogador. Assim, a pro‑
feita a um dos três estudantes e este a respondeu cor‑ babilidade de a face que o juiz vê ser vermelha e de a
outra face, mostrada ao jogador, ser amarela é igual a:
retamente. Qual é a probabilidade de que a resposta do
a) 1/6
estudante tenha sido B?
b) 1/3
a) 25%
c) 2/3
b) 33,3%
d) 4/5
c) 40% e) 5/6
d) 16,7%
24. (Esaf/Fiscal do Trabalho/1998) De um grupo de 200
18. (MPU/Técnico Administrativo/2004) Carlos sabe que estudantes, 80 estão matriculados em Francês, 110
Ana e Beatriz estão viajando pela Europa. Com as in‑ em Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês
formações que dispõe, ele estima corretamente que a nem em Francês. Seleciona‑se, ao acaso, um dos 200
probabilidade de Ana estar hoje em Paris é 3/7, que a estudantes. A probabilidade de que o estudante sele‑
probabilidade de Beatriz estar hoje em Paris é 2/7, e que cionado esteja matriculado em pelo menos uma dessas
a probabilidade de ambas, Ana e Beatriz, estarem hoje disciplinas (isto é, em Inglês ou em Francês) é igual a:
em Paris é 1/7. Carlos, então, recebe um telefonema a) 30/200
de Ana informando que ela está hoje em Paris. Com a b) 130/200
informação recebida pelo telefonema de Ana, Carlos c) 150/200
agora estima corretamente que a probabilidade de d) 160/200
Beatriz também estar hoje em Paris é igual a e) 190/200
a) 1/7. b) 1/3. c) 2/3. d) 5/7. e) 4/7.
25. (TCU/AFCE/1999) Um dado viciado, cuja probabilidade de
19. (MPU/Técnico de Controle/2004) Os registros mostram se obter um número par é 3/5, é lançado juntamente com
que a probabilidade de um vendedor fazer uma venda uma moeda não viciada. Assim, a probabilidade de se obter
em uma visita a um cliente potencial é 0,4. Supondo que um número ímpar no dado ou coroa na moeda é:
as decisões de compra dos clientes são eventos indepen‑ a) 1/5
dentes, então, a probabilidade de que o vendedor faça b) 3/10
no mínimo uma venda em três visitas é igual a: c) 2/5
a) 0,624. b) 0,064. c) 0,216. d) 0,568. e)0,784. d) 3/5
e) 7/10
20. (MPU/Técnico de Controle/2004) André está realizando
26. (Esaf/Fiscal do Trabalho/1998) De um grupo de 200
um teste de múltipla escolha, em que cada questão apre‑
estudantes, 80 estão matriculados em Francês, 110 em
senta 5 alternativas, sendo uma e apenas uma correta.
Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês nem
Se André sabe resolver a questão, ele marca a resposta
em Francês. Seleciona‑se, ao acaso, um dos 200 estu‑
certa. Se ele não sabe, ele marca aleatoriamente uma dantes. A probabilidade de que o estudante selecionado
das alternativas. André sabe 60% das questões do tes‑ não esteja matriculado em Inglês é igual a:
te. Então, a probabilidade de ele acertar uma questão a) 0,25
qualquer do teste (isto é, de uma questão escolhida ao b) 0,30
acaso) é igual a: c) 0,35
a) 0,62. b) 0,60. c) 0,68. d) 0,80. e) 0,56. d) 0,40
e) 0,45
21. (MPU/Técnico de Controle/2004) Quando Lígia para
em um posto de gasolina, a probabilidade de ela pedir 27. (MPOG/Analista/2000) A probabilidade de ocorrer cara
para verificar o nível de óleo é 0,28; a probabilidade de no lançamento de uma moeda viciada é igual a 2/3. Se
ela pedir para verificar a pressão dos pneus é 0,11 e a ocorrer cara, seleciona‑se aleatoriamente um número
probabilidade de ela pedir para verificar ambos, óleo e X do intervalo {X  ∈  Ν   1 ≤ X ≤ 3}; se ocorrer coroa,
Matemática

pneus, é 0,04. Portanto, a probabilidade de Lígia parar seleciona‑se aleatoriamente um número Y do intervalo
em um posto de gasolina e não pedir nem para verificar {Y ∈ Ν  1 ≤ Y ≤ 4}, onde Ν representa o conjunto dos
o nível de óleo e nem para verificar a pressão dos pneus números naturais. Assim, a probabilidade de ocorrer um
é igual a: número par é igual a:
a) 0,25. b) 0,35. c) 0,45. d) 0,15. e) 0,65. a) 7/18 b) 1/2 c) 3/7 d) 1/27 e) 2/9

45
28. (AFC/2002) Em uma sala de aula estão 10 crianças sendo b) 0,27
6 meninas e 4 meninos. Três das crianças são sorteadas c) 0,30
para participarem de um jogo. A probabilidade de as três d) 0,45
crianças sorteadas serem do mesmo sexo é: e) 0,50
a) 15%
b) 20% 31. (AFTN/1998) Em uma cidade, 10% das pessoas possuem
c) 25% carro importado. Dez pessoas dessa cidade são selecio‑
d) 30% nadas, ao acaso e com re­posição. A probabilidade de
e) 35% que exatamente 7 das pessoas selecionadas possuam
carro importado é:
29. (Serpro/2001) Há apenas dois modos, mutuamente a) (0,1)7 (0,9)3
excluden­tes, de Ana ir para o trabalho: ou de carro ou de b) (0,1)3 (0,9)7
metrô. A probabilidade de Ana ir de carro é de 60% e de ir c) 120 (0,1)7 (0,9)3
de metrô é de 40%. Quando ela vai de carro, a probabilida‑ d) 120 (0,1) (0,9)7
de de chegar atrasada é de 5%. Quando ela vai de metrô e) 120 (0,1)7 (0,9)
a probabilidade de chegar atrasada é de 17,5%. Em um
dado dia, escolhido aleatoriamente, verificou‑se que Ana
chegou atrasada ao seu local de trabalho. A probabilidade Gabarito
de ela ter ido de carro nesse dia é:
a) 10% 1. a 13. b 25. e
b) 30%
2. d 14. a 26. e
c) 40%
d) 70% 3. a 15. c 27. a
e) 82,5% 4. c 16. c 28. b
5. c 17. d 29. b
30. (TFC/1997) A probabilidade de Agenor ser aprovado 6. c 18. b 30. b
no vestibular para o curso de Medicina é igual a 30%. 7. b 19. e 31. c
A  probabilidade de Bento ser aprovado no vestibular 8. d 20. c
para o curso de Engenharia é igual a 10%. Saben‑ 9. c 21. e
do‑se que os resultados dos respectivos exames são 10. d 22. d
independentes, então a probabilidade de apenas Agenor 11. a 23. a
ser aprovado no vestibular para o curso de Medicina é:
12. c 24. d
a) 0,10
Matemática

46
PMPE

SUMÁRIO

Geografia

Formação territorial de Pernambuco


Processos de formação. Mesorregiões. Microrregiões. Regiões de Desenvolvimento – RD...............................................3

Aspectos físicos
Clima. Vegetação. Relevo. Hidrografia................................................................................................................................ 4

Aspectos humanos e indicadores sociais


População. Economia. O espaço rural de Pernambuco. Urbanização em Pernambuco. Movimentos culturais
em Pernambuco.................................................................................................................................................................. 5

A questão ambiental em Pernambuco................................................................................................................................... 5


Geografia
Júlio César Gabriel

PERNAMBUCO geográfica. Criado pelo IBGE, esse sistema de divisão tem


aplicações importantes na elaboração de políticas públicas
Com 98.311 km², Pernambuco é um dos 27 estados bra- e no subsídio ao sistema de decisões quanto à localização de
sileiros. Localizado no centro leste da Região Nordeste, tem atividades socioeconômicas. Oficialmente, as cinco mesorre-
sua costa banhada pelo Oceano Atlântico. O estado faz limite giões do estado são: Agreste Pernambucano, Metropolitana
com a Paraíba, Ceará, Alagoas, Bahia e Piauí. Também faz par- do Recife, São Francisco Pernambucano, Sertão Pernambu-
te do território pernambucano, o arquipélago de Fernando cano e Zona da Mata Pernambucana. Essas mesorregiões
de Noronha, a 545 km da costa. São 185 municípios – com estão, por sua vez, subdivididas em microrregiões.
um total de 8.796.032 habitantes – e tem a cidade do Recife
como sua capital. Recife População em 2010 1.537.704 hab. Lista de mesorregiões do estado de Pernambuco
1. Mesorregião do São Francisco Pernambucano
2. Mesorregião do Sertão Pernambucano
População estimada 2015 9.345.173
3. Mesorregião do Agreste Pernambucano
População 2010 8.796.032 4. Mesorregião da Zona da Mata Pernambucana
Densidade demográfica (hab/km²) 89,62 5. Mesorregião Metropolitana do Recife
Rendimento nominal mensal domiciliar per
822
capita da população residente 2015 (Reais)(1)
Número de Municípios 185

Mapa de Pernambuco subdividido em mesorregiões.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_
mesorregi%C 3%B5es_de_Pernambuco

Pernambuco possui dezenove microrregiões: Alto Capi-


Recife baribe, Araripina, Brejo Pernambucano, Garanhuns, Fernan-
População estimada 2015 1.617.183 do de Noronha, Itamaracá, Itaparica, Mata Meridional, Mata
Setentrional, Médio Capibaribe, Petrolina, Recife, Salgueiro,
População 2010 1.537.704
Sertão do Moxotó, Suape, Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca,
Área da unidade territorial (km²) 218,435 Vale do Pajeú e Vitória de Santo Antão.
Densidade demográfica (hab/km²) 7.039,64

Jaboatão dos Guararapes


População estimada 2015 686.122
População 2010 644.620
Área da unidade territorial (km²) 258,694
Densidade demográfica (hab/km²) 2.491,82

Olinda
Mapa com a divisão das Microrregiões do estado.
População estimada 2015 389.494
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_
População 2010 377.779 microrregi%C3%B5es_de_Pernambuco
Área da unidade territorial (km²) 41,681
Densidade demográfica (hab/km²) 9.063,58 Por último, existem os municípios, que são circunscri-
ções territoriais que possuem relativa autonomia e concen-
Fonte: IBGE tram um poder político local, cujo sistema funciona com
dois poderes, sendo o executivo a Prefeitura, o legislativo
Formação Territorial de Pernambuco a Câmara de Vereadores. Ao total, Pernambuco é dividido
185 municípios, tornando a décima primeira unidade da fe-
Geografia

Pernambuco está separado em subdivisões geográficas deração com o maior número de municípios. Alguns destes
denominadas mesorregiões e microrregiões, e em subdivi- municípios formam uma conurbação. Oficialmente existem
sões administrativas denominadas municípios. em Pernambuco uma região metropolitana, a do Recife, e
As mesorregiões compreendem as grandes regiões do uma região integrada de desenvolvimento econômico, o Polo
estado, que congregam diversos municípios de uma área Petrolina e Juazeiro.

3
Região de Desenvolvimento: Agreste Central A Zona da Mata é marcada por formações onduladas,
Municípios: Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Gua- caracterizadas como “domínio dos mares-de-morro”. É lá,
biraba, Belo Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo da Madre de inclusive, que na transição com o Agreste é localizada a Serra
Deus, Cachoeirinha, Camocim de São Felix, Caruaru, Cupira, das Russas que, na verdade, é a borda ocidental do Planalto
Gravatá, Ibirajuba, Jatáuba, Lagoa dos Gatos, Panelas, Pes- da Borborema, que corta alguns estados da Região Nordeste.
queira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Sanharó, São Bento O Agreste localiza-se sobre este planalto, sua altitude média
do Una, São Caitano, São Joaquim do Monte, Tacaimbó. é de 400m, podendo passar dos 1000m nos pontos mais
elevados. A estrutura geológica predominante é a cristalina,
Região de Desenvolvimento: Agreste Meridional sendo responsável, junto com o clima semiárido, por forma-
Municípios: Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Bre- ções abruptas (pedimentos e pediplanos).
jao, Buíque, Caetés, Calçado, Canhotinho, Capoeiras, Cor-
rentes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucatí, Jupi, Jurema, Lagoa
Relevo
do Ouro, Lajedo, Palmeirina, Paranatama, Pedra, Saloá, São
O relevo é moderado: 76% do território estão abaixo dos
João, Terezinha, Tupanatinga, Venturosa.
600m. É formado basicamente por três unidades geoambien-
Região de Desenvolvimento: Agreste Setentrional tais: Baixada litorânea, Planalto da Borborema e Depressão
Municípios: Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Sertaneja. O litoral é uma grande planície sedimentar, quase
Frei Miguelinho, João Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobo, que em sua totalidade ao nível do mar, tendo alguns pontos
Passira, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria abaixo do nível do mar. Nessas planícies estão as principais
do Cambuca, São Vicente Férrer, Surubim, Taquaritinga do cidades do estado, como Recife e Jaboatão dos Guararapes.
Norte, Toritama, Vertente do Lério, Vertentes. No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao
Rio São Francisco formando, em relação ao Planalto da Bor-
Região de Desenvolvimento: Mata Norte borema, uma área de depressão relativa. As formações ge-
Municípios: Aliança, Buenos Aires, Camutanga, Carpina, omorfológicas predominantes são os inselbergues, serras e
Chã de Alegria, Condado, Ferreiros, Glória do Goitá, Goiana, chapadas, estas últimas aparecendo em áreas sedimentares.
Itambé, Itaquitinga, Lagoa do Carro, Lagoa de Itaenga, Maca- Na Microrregião do Pajeú, próximo ao Município de Triunfo,
parana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém, localiza-se o Pico do Papagaio com 1.260 metros, no limite
Vicência. com o sudoeste da Paraíba.

Região de Desenvolvimento: Mata Sul Clima


Municípios: Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de No clima, Pernambuco está inserido na Zona Intertropi-
Maria, Catende, Chã Grande, Cortes, Escada, Gameleira, cal apresentando predominantemente temperaturas altas,
Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Pombos, Pri- podendo variar no quadro climático devido à interferência do
mavera, Quipapá, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do relevo e das massas de ar. No Recife, por exemplo, a tempe-
Sul, Sirinhaém, São José da Coroa Grande, Tamandaré, Vitória ratura média é de 25ºc, com máximas de 32º. Já em cidades
de Santo Antão, Xexéu.
do interior, nos meses de inverno – entre maio e julho – as
Região de Desenvolvimento: Metropolitana temperaturas podem baixar consideravelmente, podendo
Municípios: Abreu e Lima, Aracoiaba, Cabo de Santo chegar, em alguns locais, até a 8ºC, a exemplo de Triunfo e
Agostinho, Camaragibe, Fernando Noronha, Igarassu, Ipoju- Garanhuns, Sertão e Agreste respectivamente.
ca, Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, O estado de Pernambuco é caracterizado por dois tipos
Olinda, Paulista, Recife, São Lourenço da Mata. de clima: o tropical úmido (predominante no litoral) e o se-
miárido (predominante no interior). Ressalte-se, porém, que
Região de Desenvolvimento: Sertão Central há variações destes dois tipos climáticos em algumas regiões:
Municípios: Cedro, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, no centro-leste de Pernambuco é comum o clima tropical
São José do Belmonte, Serrita, Terra Nova, Verdejante. de altitude, especialmente no Planalto da Borborema e em
outras regiões serranas com ocorrência de microclimas, áreas
Região de Desenvolvimento: Sertão de Itaparica onde as temperaturas são mais amenas, podendo atingir
Municípios: Belém de São Francisco, Carnaubeira da mínimas de 10°C; e no centro-oeste do estado há regiões
Penha, Floresta, Itacuruba, Jatobá, Petrolândia, Tacaratu. que apresentam climas como o seco de estepe, áreas onde
as temperaturas são mais elevadas, com máximas que podem
Região de Desenvolvimento: Sertão do Araripe ultrapassar os 40°C.
Municípios: Araripina, Bodoco, Exu, Granito, Ipubi, Mo-
reilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena, Trindade. Vegetação
O Estado também é dotado de uma vegetação muito
Região de Desenvolvimento: Sertão do Moxotó diversificada, com matas, manguezais e cerrados, além da
Municípios: Arcoverde, Betânia, Custódia, Ibimirim, Ina- grande presença da caatinga.
já, Manari, Sertânia. A floresta tropical, originalmente conhecida como Mata
Atlântica, é encontrada apenas na faixa leste do estado, cujas
Região de Desenvolvimento: Sertão do Pajeú
espécies se misturam com a caatinga nas denominadas áre-
Municípios: Afogados da Ingazeira, Brejinho, Calumbi,
Carnaíba, Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa as de tensão ecológica (contatos entre tipos de vegetação),
Cruz da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José do Egito, Serra na faixa de transição entre a zona da mata e o agreste. Na
Talhada, Solidão, Tabira, Triunfo, Tuparetama. Floresta Atlântica, as matas registram a presença de árvores
Geografia

altas, sempre verdes, como a peroba e a sucupira.


Região de Desenvolvimento: Sertão do São Francisco A caatinga, vegetação típica do Sertão, o Agreste apre-
Municípios: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Gran- senta uma vegetação de transição e suas características se
de, Orocó, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista. misturam com a da Mata Atlântica, na parte mais oriental e
Fonte: Fundação de Desenvolvimento Municipal. com a da Caatinga, na parte mais ocidental. A caatinga pode

4
ser do tipo arbóreo, com espécies como a (baraúna), ou petroquímico, biotecnológico, farmacêutico, de informática,
arbustivo representado, entre outras espécies pelo (xique- naval e automotivo, que estão dando novo impulso à econo-
-xique) e o (mandacaru). mia do estado, que vem crescendo acima da média nacional.
O cerrado caracteriza-se por uma vegetação formada Além da importância crescente do setor de informática (o
por árvores tortuosas, esparsas, intercaladas por um manto Porto Digital é o maior parque tecnológico do Brasil), do setor
inferior de gramíneas. Em Pernambuco, os cerrados surgi- terciário – sobretudo das atividades turísticas –, e do setor
ram sobre as áreas arenosas dos Tabuleiros do Município de industrial em torno do Porto de Suape, merecem destaque
Goiana (hoje praticamente substituído pela cana-de-açúcar) a produção irrigada de frutas ao longo do Rio São Francisco,
e na Chapada do Araripe. quase que totalmente voltada para exportação, concentrada
no município de Petrolina, em parte devido ao aeroporto
Hidrografia internacional com grande capacidade para aviões cargueiros
Na hidrografia, existe a forte presença de rios, sobretudo do município; e a floricultura, que começa a ganhar espaço,
na Região Metropolitana do Recife (RMR) que conta com 14 com plantações de rosas, gladiolus, e crisântemos. Outros
municípios. Há, também, muitas barragens de contenção de polos dinâmicos de desenvolvimento são: o polo gesseiro no
enchentes e abastecimento populacional como Tapacurá, Araripe; o mármore, a pecuária leiteira e a indústria têxtil no
Carpina, Jucazinho, entre outras. Os principais rios do estado Agreste; e a cana-de-açúcar e a biomassa na Zona da Mata.
são o Capibaribe e Beberibe, Ipojuca, Uma, Pajeú, Jaboatão
e São Francisco, este último extremamente importante do Espaço Rural de Pernambuco
desenvolvimento do Sertão, uma vez que possibilita a dis- Entre os principais produtos agrícolas cultivados em
tribuição de águas nas regiões secas. Pernambuco encontram-se a cana-de-açúcar, o algodão, a
As grandes bacias hidrográficas de Pernambuco pos- banana, o feijão, a cebola, a mandioca, o milho, o tomate,
suem duas vertentes. Faz parte da bacia do Atlântico Nor- a graviola, o caju, a goiaba, o melão, a melancia, a acerola,
deste Oriental e da Bacia do rio São Francisco. Os rios que a manga e a uva. Na pecuária destacam-se as criações de
escoam para o rio São Francisco formam os chamados rios bovinos, suínos, caprinos e galináceos. Merece destaque
interiores, cujo todos os rios nascem em municípios limí- ainda a expansão que vem tendo a partir dos anos 1970 da
trofes na divisa de estados da Região nordeste, os rios que agricultura irrigada no Sertão do São Francisco, com proje-
escoam para o Oceano Atlântico, constituem os chamados tos de irrigação hortifrutícolas implantados com o apoio da
rios litorâneos, fazem parte da bacia hidrográfica do Atlântico Codevasf. A produção é voltada para o mercado externo.
Nordeste Oriental, cujo quase todos nascem no planalto da
Borborema. Questão ambiental em Pernambuco
A Lei Estadual nº 13.787, de 8 de junho de 2009, instituiu
População o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza
Pernambuco é o sétimo estado mais populoso do Brasil, (SEUC). Em 2015, Pernambuco possuía 80 Unidades de Con-
com 8.796.032 habitantes, o que corresponde a aproxima- servação Estaduais: 40 de Proteção Integral (31 Refúgios da
damente 4,6% da população brasileira, distribuídos em 185 Vida Silvestre – RVS; 5 Parques Estaduais – PE; 3 Estações
municípios. Cerca de 80,2% dos habitantes do estado moram Ecológicas – ESEC; e 1 Monumento Natural – MONA) e 40
em zonas urbanas. A densidade demográfica estadual é de de Uso Sustentável (18 Áreas de Proteção Ambiental – APA;
89,5 hab./km². Conforme dados do IBGE, a composição ét- 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN; 8
nica da população pernambucana é constituída por pardos Reservas de Floresta Urbana – FURB; e 1 Área de Relevante
(53,3%), brancos (40,4%), negros (4,9%) e índios (0,5%), de Interesse Ecológico – ARIE).
acordo com o Censo 2010 do IBGE. Fontes: sites do governo estadual de Pernambuco,
Os povos e a diversidade caminham de mãos dadas IBGE e Wikipédia.
desde o início da formação do Estado de Pernambuco. He-
terogeneidade é a palavra que descreve o povo pernambu- Zonas Geográficas (Sub‑regiões)
cano. Na sua formação, o Estado teve um elevado número
de imigrantes. São portugueses, italianos, espanhóis, árabes,
judeus, japoneses, alemães, holandeses e ingleses. Além das
fortes influências africana e, claro, indígenas.
Trata-se de um caldeirão cultural de riqueza ímpar, tra-
duzida no jeito de ser de uma gente que aprendeu, desde
sempre, a lutar por liberdade. O espírito guerreiro e o amor
pela terra vêm desde os primórdios. Foi esta garra que fez com
que os pernambucanos se unissem para derrubar o domínio
holandês no estado em 1645, quando teve início a Insurreição
Pernambucana. O movimento foi o responsável pelo começo
de um sentimento conhecido como pernambucanidade.
Povo festeiro, acolhedor e trabalhador, dedicado à arte de
receber bem e de cultivar as tradições. Este é o pernambucano.
Que tem orgulho de carregar a bandeira do Estado no peito,
símbolo maior dessa cultura. Mas esse estado não é apenas
a tradição: é também o espaço da modernidade e das expres-
sões contemporâneas no campo das artes, da tecnologia, da
Geografia

arquitetura, da música, da dança, do teatro, da culinária.

Economia
O estado assiste a uma importante mudança em seu Sub‑regiões do Nordeste: 1 – Meio norte, 2 – Sertão,
perfil econômico com os recentes investimentos nos setores 3 – Agreste e 4 – Zona da Mata

5
Para que se pudesse analisar de forma mais fácil as lhões de habitantes, dos quais 60% vivem na linha de pobreza
características da região Nordeste, o IBGE dividiu a região (com renda de um salário‑mínimo por mês). Os 20% mais
em quatro zonas: ricos dos seus habitantes têm renda 40 vezes maior que a
• Meio‑norte: o meio‑norte é uma faixa de transição dos mais pobres.
entre a Amazônia e o sertão, abrange os estados do A RMR é a região que apresenta a maior taxa de urbani-
Maranhão e Piauí. Também é chamada de Mata dos zação do Estado. Entre os seus indicadores negativos, o que
Cocais, devido às palmeiras de babaçu e carnaúba. mais incomoda é a violência, pois é considerada a segunda
No litoral chove cerca de 2000 mm anuais, indo mais região com maior índice de criminalidade do Brasil. Quanto
para o leste e/ou para o interior esse número cai para ao saneamento básico, tem apenas 35,2% dos seus municí-
1500 mm anuais, já no sul do Piauí, uma região mais pios com esgotos sanitários, quando a média nacional é de
parecida com o sertão só chove 700 mm por ano, em 52,5%, segundo dados do IBGE.
média. Entre os indicadores positivos, a  RMR destaca‑se por
• Sertão: o sertão fica localizado, geralmente, no inte- abrigar o terceiro maior polo médico do Brasil e o segundo
rior do Nordeste. Possui clima semiárido; em estados melhor polo de informática do País. Outro destaque nacional:
como Ceará e Rio Grande do Norte chega a alcançar o a RMR tem taxas de escolarização do ensino médio (entre
litoral, descendo mais ao sul, o sertão alcança o norte crianças de 15 a 17 anos) de 79,9%, superior à média brasi-
de Minas Gerais, no Sudeste. As chuvas são irregulares
leira que é de 78,5%.
e escassas. Existem constantes períodos de estiagem
e a vegetação típica é a caatinga.
Litoral/Mata
• Agreste: o agreste é uma zona de transição entre a
Zona da Mata e o sertão. Localizado no alto do Pla-
nalto da Borborema, é um obstáculo natural para a Uma das regiões mais férteis do Estado, onde predomina
chegada das chuvas ao sertão, se estendendo do sul da o solo tipo massapê, é formada por 57 dos 184 municípios
Bahia até o Rio Grande do Norte. O principal acidente pernambucanos. Sua economia está concentrada na agroin-
geográfico da região é o Planalto da Borborema. Do dústria canavieira que oferece cerca de 70 mil empregos
lado leste do planalto estão as terras mais úmidas permanentes e 90 empregos temporários (na época da safra
(Zona da Mata); do outro lado, para o interior, o clima da cana‑de‑açúcar). Ao contrário das demais regiões do Es-
vai ficando cada vez mais seco (Sertão). tado, não está sujeita a secas periódicas, tem rios perenes
• Zona da Mata: localizada ao leste, entre o Planalto e índices pluviométricos elevados, se comparados aos do
da Borborema e a costa, fica a Zona da Mata, que Estado como um todo.
se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Tem densidade demográfica elevada, 212 habitantes por
As chuvas são abundantes. A zona recebeu este nome quilômetro quadrado, bem superior à média estadual que é
por ter sido coberta pela Mata Atlântica. Os cultivos de 72 hab/km2. Também conhecida como zona canavieira,
de cana‑de‑açúcar e cacau substituíram as áreas de está dividida em seis microrregiões: Mata Setentrional,
florestas. O povoamento desta região é muito antigo. Vitória de Santo Antão, Mata Meridional, Itamaracá, Recife
e Suape.
As Regiões de Pernambuco – Sertão, Agreste e Mata
Agreste

É a região intermediária entre a Mata e o Sertão. Carac-


teriza‑se por uma economia diversificada, com o cultivo de
lavouras como milho, feijão, mandioca, entre outras, e pe-
cuária leiteira e de corte. Principal bacia leiteira do Estado,
o Agreste tem índices pluviométricos maiores que os do
Sertão, com média anual entre 800 e 1000 milímetros, mas
também é uma região sujeita a secas periódicas.
Está dividida em seis microrregiões: Vale do Ipanema,
Vale do Ipojuca, Alto Capibaribe, Médio Capibaribe, Gara-
nhuns e Brejo Pernambucano. Tem, em geral, solos rasos,
já erodidos e depauperados e presta‑se para o cultivo de
cereais.

Sertão ou Caatinga
Região Metropolitana do Recife
É a maior região natural do Estado, ocupando 70%
Área administrativa criada em 1973, quando o governo do território pernambucano. Está dividida em seis micror-
federal decidiu implantar uma política de desenvolvimento regiões: Araripina, Salgueiro, Pajeú, Moxotó, Petrolina e
no entorno das capitais brasileiras, a Região Metropolitana Itaparica. No geral, tem sua economia baseada na pecuária
do Recife (RMR) é formada por 14 municípios: Abreu e Lima, e plantio de culturas de subsistência.
Araçoiaba, Cabo, Camaragibe, Igarassu, Ipojuca, Itamaracá, É a região mais castigada pelas secas que atingem o
semiárido nordestino, com precipitação média anual entre
Geografia

Itapissuma, Jaboatão, Moreno, Olinda, Paulista, Recife e São


Lourenço da Mata. 500 e 700 milímetros. Em Itaparica está localizada uma hidre-
É a região de maior concentração de renda do Estado e létrica do sistema Chesf e em Petrolina fica o maior polo de
os seus municípios geram, juntos, metade de toda a riqueza produção de frutas do Estado, cultivadas com água irrigada
produzida em Pernambuco. Tem uma população de três mi- do Rio São Francisco e destinadas à exportação.

6
A Economia e o Mercado Importador e Exportador de Mineração
Pernambuco
Os principais produtos extrativos minerais do Estado são
Dados Gerais sobre Pernambuco o calcário, o gesso e a fosforita.
Localização geográfica: Centro‑leste da região Nordeste
do Brasil
Área do estado: 98.311,616 km2
Relevo: Planície litorânea, Planalto Central, Depressões
à Oeste e à Leste
Principais bacias hidrográficas: São Francisco, Capibari-
be, Ipojuca, Una, Pajeú, Jaboatão
Vegetação característica: Mangue (litoral), Floresta tro-
pical (Zona da Mata), Caatinga (Agreste e Sertão)
Clima: Tropical atlântico (litoral), semiárido (agreste e
sertão)
Número de municípios: 185 e o território de Fernando
de Noronha
Capital: Recife
População total do estado: 8.810.256 Cidades mais
populosas:
Recife: 1.561.659
Jaboatão dos Guararapes: 687.688 Economia pernambucana
Olinda: 397.268
Paulista: 319.373 Nos últimos 30 anos Pernambuco vem mudando seu
Caruaru: 298.501 perfil econômico: deixa de ser um estado agrícola e se trans-
Petrolina: 281.851 forma em grande centro de serviços, com destaque para o
Fonte: IBGE estimativas das populações residentes, comércio e o turismo. O setor de serviços representa mais
em 1º de julho de 2009
da metade do PIB Produto Interno Bruto estadual, enquanto
a agricultura contribui com menos de 10% das riquezas do
Densidade demográfica: 80,65 hab./km²
estado.
Participação no PIB brasileiro: 2,71% A economia de Pernambuco apresenta grande diversida-
Principais produtos agrícolas: Mandioca, feijão, ca- de com a presença de cadeias produtivas bem estruturadas
na‑de‑açúcar e milho e investimento em infraestrutura que são fatores para que
Maiores rebanhos: Bovinos (1.348.969) e caprinos o Estado apresente uma performance econômica acima dos
(1.165.629) indicadores nacionais nos último anos.
Principais produtos minerais: Calcário e Gipsita Segunda economia do Nordeste, superada apenas pela
Maiores indústrias: Transformação de minerais não da Bahia, Pernambuco tem um PIB da ordem de R$ 17 bi-
metálicos, confecções, mobiliário e curtume lhões, equivalente ao do Chile e superior ao de países como
Setores de ponta: Polo médico, polo gesseiro, polo de Paraguai e Uruguai, parceiros do Brasil no Mercosul. Estado
informática e polo turístico onde a economia açucareira foi a mais expressiva do Brasil,
Participação no PIB nacional: 2,67% (2006). Composição do período colonial ao início deste século, Pernambuco pas-
do PIB: agropec.: 5,2%; ind.: 21,6%; serv.: 73,2% (2006). PIB sa por aceleradas transformações. A cana‑de‑açúcar ainda
per capita: R$ 6.528 (2006). representa 40% da economia estadual, mas vem perdendo
Export. US$ 870,6 milhões (2007) uvas e mangas frescas este peso para outras atividades agrícolas, industriais e de
15%, plásticos e seus produtos 13%, açúcares, exceto de cana serviços, que urbanizam rapidamente o setor econômico.
13%, açúcar de cana 10%, materiais elétricos 7%, borrachas e Segundo estimativas do Condepe, o  Produto Interno
seus produtos 6%, crustáceos 5%, fios, tecidos e confecções Bruto (PIB) do Estado ficou na casa dos R$ 40 bilhões em
3%, outros 28% (2007) 2004, o segundo maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia,
Import. US$ 1,7 bilhão (2007) produtos químicos 39%, e vem crescendo num ritmo um pouco superior ao do País,
combustíveis 15%, alimentos 10%, trigo e farinha de trigo 7%, se consolidando como 8ª economia do país. Em 2003, o PIB
máquinas e motores 4%, instrumentos médico‑hospitalares local, que representa 20% do PIB do Nordeste e em torno de
4%, outros 21% (2007) 2,7% do nacional, registrou incremento de 1,22%, enquanto
o do País apresentou retração de 0,5%. Em 2004, o PIB es-
Agricultura e pecuária tadual acompanhou o nacional, crescendo 5%, entre 2000
e 2003, Pernambuco cresceu em média 0,68% acima do
O setor agrário caracteriza‑se pela monocultura da crescimento nacional.
cana‑de‑açúcar (principal produto agrícola do estado) cul- O setor terciário é o que tem envolvido maior número
tivada nos solos tipos massapê da Zona da Mata; o Agreste de pessoas e gerado maior produção. Destacam‑se aí as
caracteriza‑se pela policultura de gêneros alimentícios, atividades comerciais e financeiras, correspondentes a 21%
como feijão, mandioca, milho e banana; no Vale do São e 25%, respectivamente, do PIB estadual. A  indústria de
Francisco, atualmente a região mais promissora do Estado, transformação também cresceu e responde por 25% da pro-
dução total do Estado. A diversificação foi a grande marca do
Geografia

há o cultivo de cebola, uva para produção de vinho e outras


frutas para exportação. Em nível regional, Pernambuco tem setor, com gêneros tradicionais (têxtil e alimentar) perdendo
um dos mais importantes rebanhos do Brasil. A pecuária importância no Valor da Transformação Industrial (VTI), pas-
leiteira está concentrada no Agreste e os rebanhos caprino/ sando de quase 60% para 35%, entre 1960 e 1985, segundo
ovino no Sertão. o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa

7
diversificação alavancou o desenvolvimento das indústrias Estado tem condições de apresentar crescimento vigoroso,
química, de material elétrico, comunicações, mecânica, principalmente em um cenário de médio prazo.
metalurgia, matéria plástica, bebidas, vestuário e calçados. O Produto Interno Bruto de Pernambuco foi de R$
Entre 1999 e 2004 foram aportados R$ 1,3 bilhão em in- 42.260.926 mil em 2000, correspondente a 2,7% do PIB
vestimentos em infra‑estrutura pública, destinados sobretu- nacional. Participações internas do PIB:
do a rodovias, portos, aeroportos e malha de abastecimento
de gás natural em conjunto com os esforços do Estado em A Região Metropolitana de Recife
articular uma política de incentivos fiscais.
Nos anos 90, o trinômio constituído pela emergente ati- Em 1973 foi criada, pelo Governo Federal, a RMR (Re-
vidade do turismo, a agricultura irrigada e o Complexo Portu- gião Metropolitana do Recife) com o objetivo de facilitar a
ário de Suape, projeta ainda mais a economia pernambucana administração de desenvolvimento das cidades circunvizi-
no conjunto nacional. O turismo tem como principal ponta nhas do Recife. Medida que não se limitou apenas ao Recife
de lança o projeto Costa Dourada. O programa, parceria da e sim para todas as grandes capitais brasileiras. A Região
iniciativa privada com os governos federal e dos estados de Metropolitana do Recife é composta por 15 municípios.
Pernambuco e Alagoas, visa dotar de infraestrutura o litoral De acordo com o IBGE a RMR é formada por 15 mu-
no trecho entre Cabo de Santo Agostinho (sul de Pernambu- nicípios, são eles: Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Pau-
co) e Barra de Santo Antônio (norte de Alagoas), para explorar
lista, Igarassu, Abreu e Lima, Camaragibe, Cabo de Santo
as potencialidades turísticas naturais da região.
Agostinho, Goiana, São Lourenço da Mata, Araçoiaba, Ilha
Quanto ao mercado interno, segundo o IBGE, o Estado
de Itamaracá, Ipojuca, Moreno, Itapissuma e Recife. Com
conta com uma população de 8 milhões de habitantes, 16%
3.787.667 habitantes (IBGE/2009).
da população do Nordeste. A população economicamente
ativa é de 1,444 milhão de pessoas, o PIB per capita é de R$ Em março de 2009, havia 3.213 mil pessoas em ida-
4.887. Em relação à posição geográfica no Nordeste, vale de ativa na Região Metropolitana de Recife. Deste total,
frisar que Pernambuco faz divisa com 5 dos 9 estados da 42,9% encontrava‑se ocupada (nível de ocupação), 5,0%
região e conta com fácil acesso por rodovia, por via aérea desocupada e 52,1% não economicamente ativa. A taxa de
ou por modal marítimo. desocupação (10,4%) apresentou‑se crescente em relação
No vale do rio São Francisco – o rio de maior extensão a fevereiro de 2009 e em equilíbrio em relação ao mesmo
dentro do território brasileiro – a agricultura irrigada está mês do ano anterior. Na comparação mensal, observou‑se
revolucionando a produção e a produtividade de frutas e estabilidade nos contingentes dos grupos de ocupação. Em
legumes. Tomate, cebola, uva, manga, melão e melancia relação a março de 2008, houve crescimento dos empre-
produzidos nessas áreas representam metade da economia gados com carteira de trabalho no setor privado (5,8%).
gerada pela tradicional indústria álcool‑açucaceira, e as uvas O rendimento médio real habitualmente recebido por mês
produzidas em Pernambuco já são exportadas para a Europa. pelas pessoas ocupadas (R$ 834,70), apresentou queda de
A área de agricultura irrigada se apoia na infraestrutura do 3,5% frente a fevereiro de 2009 e 2,1% na comparação com
porto fluvial de Petrolina, às margens do Rio São Francisco. março de 2008. Na comparação mensal, os empregados com
O Estado tem como uma de suas principais estrutu- carteira de trabalho assinada e os trabalhadores por conta
ras logísticas o Complexo Industrial e Portuário de Suape, própria tiveram seus rendimentos acrescidos de 1,7% e 5,1%.
localizado a 40 quilômetros do Recife e que conta com 40 Os empregados sem carteira de trabalho assinada no setor
escalas mensais de navios, sendo 25 de longo curso e 15 de privado e os militares ou funcionários públicos estatutários
cabotagem, além de concentrar os principais investimentos apresentaram queda de rendimento de 6,3% e 10,1% respec-
públicos privados do Estado. tivamente. Em relação a mesmo mês do ano anterior, houve
Uma nova fase do porto de Suape aponta para a conti- redução do rendimento para os empregados com carteira de
nuidade do desenvolvimento e crescimento da região, com trabalho assinada (1,2%), militares e funcionários públicos
destaque para: a consolidação do estaleiro que o consórcio estatutários (9,1%) e aumento para os trabalhadores por
Camargo Corrêa/Andrade Gutierrez/Mitsui vai construir, com conta própria (2,4%).
previsão para entrar em operação em 2008, o polo petroquí-
mico do grupo italiano M&G já em construção, a construção
do moinho pela Bunge Born e a refinaria a ser implantada
EXERCÍCIOS
pela Petrobras em parceria com a venezuelana PDVSA, cujo
investimento ainda precisa ser consolidado. (Conupe/PMPE/2004)
Desta forma, para os próximos anos, a expectativa é de
que a economia de Pernambuco deve manter o ritmo de 1. Sobre o crescimento demográfico dos continentes, ana-
crescimento acima da média nacional, tal como nos últimos lise a tabela abaixo e assinale a alternativa incorreta.
anos, impulsionada pela inversão de orçamento para a região
a partir dos projetos sociais, com a consolidação dos inves- Crescimento Demográfico
timentos em Suape e o bom desempenho das exportações nos Continentes em % ao ano
e da indústria de bens intermediários.
Continente 1970 – 1975 1980 –1985 1990 – 1995 2000 – 2005
Cabe destacar que Pernambuco, apesar de ter uma
economia em desenvolvimento tem como barreira o en- África 2,56 2,86 2,81 2,56
gessamento da receita corrente líquida para pagamento da Ásia 2,27 1,89 1,64 1,38
dívida, falta de dinamismo no mercado imobiliário na região Europa 0,80 0,38 0,15 0,00
metropolitana de Recife, o perfil pouco exportador, que não América 2,44 2,11 1,84 1,50
Geografia

se beneficia da onda de bons resultados nacionais ainda pre- Latina


judicado com o comprometimento do desempenho da região América 1,10 0,93 1,06 0,51
do Vale do São Francisco, em função das chuvas. Contudo, do Norte
o Estado caminha para a solução desses problemas através da Oceania 2,09 1,50 1,54 1,31
efetivação dos investimentos em Suape, o que, indica que o Fonte: Almanaque abril, 1999.

8
a) Nos continentes mais pobres, a explosão demográfica b) o fechamento de diversas usinas e destilarias de
alcançou índices mais altos entre 1970 e 1985, ficando açúcar em Pernambuco que se encontram, sobre-
a média do crescimento acima de 2,0 % ao ano. tudo, na Zona da Mata e do Agreste do Estado tem
b) O continente africano é o único que mantém um rit- contribuído para o agravamento das tensões sociais
mo acelerado de crescimento demográfico, embora no campo.
venha apresentando uma queda a partir de 1990. c) a cana-de-açúcar continua a ser o principal produto
c) Nos países ricos do continente europeu, há uma ver- agrícola de Pernambuco em área cultivada e em vo-
dadeira estagnação demográfica, e a natalidade e a lume de produção, dominando as regiões da Mata e
fecundidade, em geral, estão bastante reduzidas. alguns municípios da região Metropolitana do Recife.
d) A América Latina e a Ásia vêm apresentando taxas d) as lavouras de milho e de algodão no Estado de Per-
reduzidas de crescimento da natalidade e da fecun- nambuco vêm perdendo expressão econômica, face
didade, sobretudo a partir de 1985, como resultado ao avanço na região do Agreste da pecuária leiteira
do crescimento da economia, elevando as condições e pela praga do bicudo, que está dizimando essas
de vida e diminuindo os desníveis na distribuição de culturas.
renda.
e) no Estado de Pernambuco, as grandes propriedades
e) As taxas de natalidade na Ásia vêm sendo reduzidas
rurais, ou seja, os latifúndios, se dedicam basicamen-
graças a um rigoroso programa de controle de nata-
te às atividades agrícolas, como a criação de animais
lidade.
e a produção da policultura para abastecimento dos
2. Sobre o processo migratório no Brasil, é incorreto afirmar. centros urbanos.
a) Os imigrantes alemães fundaram os núcleos urbanos
de São Leopoldo e de Novo Hamburgo no Rio Grande 5. Segundo Andrade (2003) “As condições naturais, a po-
do Sul e Joinville e Blumenau em Santa Catarina. sição geográfica e a formação econômica – social que
b) Os colonos italianos fundaram os núcleos de Bento modelaram o território pernambucano determinaram a
Gonçalves e de Garibaldi em São Paulo, onde a maior sua divisão em três grandes regiões geográficas, aceitas
parte deles se dedicou à vinicultura. pelo consenso: o Litoral – Mata, o Agreste e o Sertão”.
c) Um forte surto imigratório ocorreu no Brasil, incen- Não são características destas regiões, exceto
tivado pelo governo e pelos produtores de café, no a) o Agreste está situado num clima tropical úmido e
século XIX, para substituir o escravo nas lavouras subúmido, onde domina atividades econômicas liga-
cafeeiras. das à pecuária intensiva e à diversidade de produção
d) A imigração japonesa se estabeleceu, sobretudo, em de frutas e horticulturas.
São Paulo, onde se dedicou ao cultivo de hortaliças, b) a região canavieira se desenvolveu no domínio do
algodão, arroz e introduziu o cultivo do chá. litoral, onde as condições de clima e solos arenosos
e) Nos últimos decênios, a imigração no Brasil diminuiu foram favoráveis ao seu cultivo na forma de agricul-
significativamente, pois deixou de ser um mercado tura irrigada, além de uma pecuária intensiva.
de trabalho atraente, sobretudo para os migrantes c) o Agreste compreende a porção sobre o Planalto da
europeus. Borborema, onde há uma variação do clima quente e
subúmido e dominam culturas diversificadas e uma
3. Sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), pecuária em moldes semi-intensivos.
podemos afirmar. d) o Sertão compreende uma área de clima quente e
I – A implantação da Alca favorece, sobretudo, os Es- árido e está delimitado pela área de monocultura
tados Unidos que exercerão hegemonia, face ao poder canavieira e pelo sertão do São Francisco, onde se
de competição da sua economia. situa Petrolina, a cidade mais promissora do Estado.
II – O interesse da Alca para os Estados Unidos consiste e) a Zona da Mata está situada entre a Região Metro-
em ampliar as importações de bens de alta tecnologia politana do Recife e os limites do clima tropical de
e de serviços para as principais economias da América
semiaridez acentuada do Sertão Pernambucano,
do Sul.
uma área sob o domínio de monocultura canavieira.
III – A Alca tem por finalidade a formação de uma união
aduaneira, um mercado comum e a constituição de uma
zona de livre comércio. (Conupe/PMPE/2009)
IV – No Brasil, há opiniões divergentes sobre a decisão
entre a adesão ou a recusa, em ingressar no bloco, pelo 6. Sobre a urbanização brasileira, analise as afirmativas.
receio de uma dependência ainda mais acentuada de I – No Brasil, desenvolveu-se uma urbanização concen-
capitais e tecnologias externas. tradora, isto é, com a formação de grandes cidades e
metrópoles. O censo de 2000 mostra grande concen-
Os itens incorretos são: tração da população nas grandes cidades e metrópoles.
a) apenas I, II e III. No entanto, a população das capitais estaduais vem
b) apenas II, III e IV. crescendo mais lentamente do que a do país.
c) apenas III e IV. II – A industrialização, a oferta de empregos, o cresci-
d) apenas II e III. mento das cidades e as mudanças que repercutiram no
e) apenas I, III e IV. meio rural explicam o crescente esvaziamento popula-
cional do campo no Brasil.
4. Sobre as atividades econômicas no Estado de Pernam- III – A atividade mineradora foi responsável pelo pri-
buco, podemos afirmar corretamente que meiro surto de urbanização, o que contribuiu para a
Geografia

a) os grandes projetos de irrigação no Sertão do São transferência da capital da colônia, de Salvador para
Francisco foram implantados com o apoio da Comis- o Rio de Janeiro assim como o deslocamento do eixo
são de Desenvolvimento do Vale do São Francisco produtivo do Nordeste açucareiro para o Sudeste au-
(Codevasf), com investimentos voltados ao mercado rífero, promovendo a interiorização do crescimento
interno regional. econômico do país.

9
IV – A área central do município de São Paulo urbanizou- d) II, III e IV.
-se, principalmente, graças às atividades ligadas ao ex- e) III e IV.
trativismo vegetal: agências bancárias, casas de vendas
e de importação. 9. Sobre os blocos econômicos, analise as afirmativas
V – A partir da segunda metade da década de 1990, abaixo.
a população rural se estabilizou ou sofreu um grande I – O objetivo da União Europeia é o de promover a
aumento em todas as regiões. Isso se deve, em parte, ao integração econômica; eliminação de barreiras alfande-
programa de reforma agrária, à diminuição da oferta de gárias; circulação da moeda comum e a livre circulação
empregos rurais não agrícola em hotéis-fazenda, spas, de pessoas; mercadorias; capitais e mão de obra e visa
pesqueiros, pousadas e reservas ecológicas. à união política dos países europeus.
II – Em 1994, foi proposta a área de Livre Comércio dos
Estão incorretas países americanos, exceto a Argentina, integrando os
a) I e II, apenas. mercados americanos e eliminando barreiras alfande-
b) III e IV, apenas. gárias.
c) IV e V, apenas. III – No Mercosul, a união aduaneira entre os países
d) II, III e IV, apenas. membros significou a padronização das tarifas externas
e) I e IV, apenas. para inúmeras mercadorias. Isso significa que todos os
integrantes importam produtos e serviços de terceiros,
7. Sobre as migrações, é incorreto afirmar que pagando tarifas iguais.
a) uma das formas mais comuns de migrações tempo- IV – O Nafta, Acordo do Livro Comércio, em 1988, unin-
rárias é a sazonal de caráter cíclico. Originalmente, do os Estados Unidos, Canadá e México, tem como prin-
essa migração estava ligada à economia agrícola. cípios eliminar tarifas alfandegárias e obstáculos para
b) a migração definitiva mais importante é a decorrente a circulação de bens de serviços e garantir condições
do êxodo rural. Os habitantes de área rural, atraídos de competição leal no interior do bloco, para mão de
pela esperança de melhoria da qualidade de vida, obra especializada.
deixam o campo e mudam-se para as áreas onde se
concentram atividades industriais e de serviços. Estão corretas
c) as migrações de natureza política são consequências a) I e III.
de guerras e conflitos étnicos ou religiosos e sempre b) II e IV.
acarretam migrações forçadas. Nesse tipo de deslo- c) I, II e IV.
camento, temos os que ocorrem por coerção e os d) II, III e IV.
que resultam de fugas, ambos apresentando conse- e) I, III e IV.
quências trágicas, com grande número de mortos.
d) as migrações de natureza econômica decorrem, prin- 10. Sobre as regiões de Pernambuco, analise as afirmações
cipalmente, das disparidades econômicas entre os a seguir.
países. Nas migrações forçadas, os trabalhadores I – Na Zona da Mata, o clima é quente e úmido; o re-
emigram à procura de um emprego, o de melhor levo se caracteriza por apresentar colinas convexas,
renda, e acabam tornando-se mão de obra espe- que surgem dominantemente em terrenos cristalinos
cializada, qualificada e valorizada nos países onde da porção oriental do estado, principalmente na Mata
chegam. Sul assim como apresenta médias anuais de chuvas
e) nos países ricos, as migrações definitivas ocorrem superiores a 1.800mm, com temperaturas anuais em
entre as diferentes zonas urbanas ou suburbanas, torno de 24ºC.
deslocando-se pelo território nacional, em busca de II – No Sertão, sobretudo a partir de Arcoverde, o relevo
emprego ou de melhores salários. se mostra com predominância de superfície aplainada,
denominado de pediplanos, com relevos residuais, tam-
8. Sobre a população, analise as proposições abaixo. bém conhecidos como inselbergues. Apresenta preci-
I – Atualmente, a distribuição desigual da população pitações anuais iguais ou inferiores a 800mm. Também
pela superfície do planeta depende mais de fatores são encontradas “ilhas de umidade”, ou brejos, onde se
naturais do que de fatores históricos, econômicos e observam índices de chuvas em torno de 900 a 1.000
sociais. mm.
II – Em alguns países desenvolvidos, as alterações com- III – O Agreste marca a transição entre a Zona da Mata
portamentais criadas pela urbanização e a melhoria do e o Sertão. A policultura e a pecuária de corte são as
padrão de vida causaram uma queda acentuada dos principais atividades econômicas. Os rios são predomi-
índices de natalidade que, em certos períodos, o cres- nantemente perenes, sendo constatados, apenas, pela
cimento vegetativo chega a ser negativo. forma do leito e pela existência de alguns poços.
III – Nos países desenvolvidos, o percentual da popula-
ção economicamente ativa no conjunto da população Somente está correto o que se afirma em
é em torno dos 50%. Já nos países subdesenvolvidos, a) I e II.
o número costuma ser maior que 50%, já que muitos b) II e III.
jovens e idosos são obrigados a trabalhar. c) I e III.
IV – Nos países desenvolvidos, o crescimento com índice d) II.
negativo gera problemas, porque, se a expectativa de e) III.
vida é baixa, e a taxa de mortalidade é alta, aumenta a
participação de idosos no conjunto total da população.
GABARITO
Geografia

Somente está correto o que se afirma em


a) I e II. 1. d 4. c 7. d 10. a
b) II e III. 2. b 5. c 8. b
c) I, III e IV. 3. d 6. c 9. a

10
PMPE

SUMÁRIO

História

Ocupação pré-colonial do atual Estado de Pernambuco:


Ocupação Pré-Histórica de Pernambuco. Características socioculturais das populações indígenas que habitavam
o território do atual estado de Pernambuco, antes dos primeiros contatos euro-americanos.........................................3

A Capitania de Pernambuco:
a “Guerra dos Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra escrava; a Guerra dos Mascates; as instituições
eclesiásticas e a sociedade colonial; Insurreição Pernambucana...................................................................................... 3

A Província de Pernambuco no I e II Reinado:


Pernambuco no contexto da Independência do Brasil; Movimentos Liberais: Confederação do Equador e Revolução
Praieira; O tráfico transatlântico de escravos para terras pernambucanas; Cotidiano e formas de resistência
escrava em Pernambuco; Crise da Lavoura canavieira; A participação dos políticos pernambucanos no processo
de emancipação/abolição da escravatura.......................................................................................................................10

Pernambuco Republicano:
Voto de Cabresto e Política dos governadores; Pernambuco sob a interventoria de Agamenon Magalhães;
Movimentos sociais e repressão durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) em Pernambuco; Herança
afro-descente em Pernambuco; Processo político em Pernambuco (2001-2015)..........................................................14
História
Júlio César Gabriel

HISTÓRIA DO BRASIL E DE PERNAMBUCO holandeses, que, entre 1630 e 1654, ocuparam toda a região,
sob o comando da Companhia das Índias Ocidentais, tendo
como representante o Conde Mauricio de Nassau, que por
Ocupação pré-colonial do atual Estado de ter incendiado Olinda, estabeleceu-se no Recife, fazendo-a
Pernambuco: Ocupação Pré-Histórica de capital do Brasil holandês. Nassau traz para Pernambuco
Pernambuco; Características socioculturais das uma forma de administrar inovadora. Realiza inúmeras
populações indígenas que habitavam o território obras de urbanização, amplia a lavoura da cana e assegura
do atual estado de Pernambuco, antes dos a liberdade de culto.
primeiros contatos euro-americanos No período holandês, é fundada no Recife a primeira
sinagoga das Américas. Amante das artes, Nassau tem na sua
O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais anti‑ equipe inúmeros artistas, como Frans Post e Albert Eckhrout,
gos sítios arqueológicos conhecidos do país, com datação pioneiros na documentação visual da paisagem brasileira e
superior a 40.000 anos antes do presente. Na região que do cotidiano dos seus habitantes.
hoje corresponde ao estado de Pernambuco, foram identi‑ A Guerra dos Bárbaros, em sentido amplo, se refere aos
ficados vestígios seguros de ocupação humana superiores conflitos entre grupos indígenas que habitavam o sertão
a 11.000 anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jar‑ do território do atual nordeste brasileiro e as forças coloni‑
dim, e Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus. Nesta zadoras portuguesas que tinham o objetivo de conquistar
última região, foi descoberta uma importante necrópole aquelas terras de forma a permitir a utilização produtiva
pré-histórica, com 125 metros quadrados de área coberta, da pecuária na região. Estes conflitos podem ser divididos
de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em bom em dois episódios: as guerras no recôncavo e a Guerra do
estado de conservação. Açu, que juntas remetem a mais de 70 anos de duração, de
Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, 1650 a, pelo menos, 1720. Tais conflitos eram citados na do­
identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável pela cumentação coeva como a “guerra aos bárbaros” e referidos
confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6.000 pela historiografia como a Guerra dos Bárbaros. Em muitos
anos. No Agreste pernambucano, conservam-se pinturas casos esta nomenclatura é citada referindo-se unicamente
rupestres com data aproximada de 2.000 anos antes do pre‑ à Guerra do Açu, em outras englobando também as guerras
sente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos. do recôncavo baiano. A Guerra dos Bárbaros foi um conflito
Na época da colonização portuguesa, habitavam o litoral entre vários grupos indígenas do grupo linguístico macro-jê
pernambucano os Tabajaras e os Caetés, já desaparecidos. unidos naquela que ficou conhecida como Confederação
Nos brejos interioranos do estado ainda é possível encontrar Cariri e as forças colonizadoras portuguesas na América.
grupos indígenas remanescentes das antigas tradições, como Este conflito durou mais de meio século e foi responsável
os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta). pelo completo extermínio de algumas tribos indígenas e
pelo completo desmantelamento das demais envolvidas.
Representou a conquista do sertão nordestino brasileiro
A Capitânia de Pernambuco: a “Guerra dos para o domínio português e o seu uso efetivo na criação de
Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra gado, de fundamental importância para a subsistência da
escrava; a Guerra dos Mascates; as instituições sociedade açucareira. Para a consolidação desta conquista
eclesiásticas e a sociedade colonial; Insurreição foram manejados efetivos de caráter militar de todo o nor‑
Pernambucana deste brasileiro, além da ajuda de contigentes expressivos
de outras regiões. Foram formadas alianças com tribos tupis
Em 1501, quando a expedição do navegador Gaspar de que permitiram multiplicar o efetivo da força de ataque por‑
Lemos fundou feitorias no litoral da colônia portuguesa, na tuguesa. A repressão ao quilombo dos Palmares foi adiada
recém descoberta América, teve início o processo de colo‑ para que seus combatentes pudessem auxiliar no ataque
nização de Pernambuco, uma das primeiras áreas brasileiras aos indígenas “bárbaros” que destruíam milhares e milhares
a ter ativa colonização portuguesa. de cabeças de gado e centenas de colonos e ameaçavam o
Entre os anos de 1534 e 1536, Dom João III, então rei de centro da capitania do Rio Grande, Natal.
Portugal, instalou o sistema de Capitanias Hereditárias no Fonte: Rev. Eletr. de Hist. do Brasil, Juiz de Fora, UFJF,
Brasil, que consistia na doação de um lote de terras, chama‑ v. 5, n. 1, jan-jun. 2001, pág. 5
do Capitania, a um Donatário (português), a quem caberia
explorar, colonizar as terras, fundar povoados, arrecadar A partir de 1645 teve início um movimento de luta popu‑
impostos e estabelecer as regras do local. Dentre os primei‑ lar contra o domínio holandês de Pernambuco: a Insurreição
ros 14 lotes distribuídos por D. João III estava a Capitania Pernambucana. A primeira vitória importante dos insurretos
de Pernambuco, ou Capitania de Nova Lusitânia, como seu se deu no Monte das Tabocas, hoje localizado no município
Donatário, Duarte Coelho, a batizou. Dessa forma, em 1535, de Vitória de Santo Antão, onde 1.200 insurretos mazombos
Duarte Coelho se estabeleceu no local onde fundou a vila munidos de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram
de Olinda e espalhou os primeiros engenhos da região. Até numa emboscada 1.900 holandeses bem armados e bem
então, os ocupantes do território eram os índios Tabajaras. treinados. Foram quase 10 anos de conflito, com destaque
No período colonial, Pernambuco torna-se um grande para as duas Batalhas de Guararapes, até que em janeiro
História

produtor de açúcar e durante muitos anos é responsável por de 1654 os holandeses se renderam. O movimento foi um
mais de metade das exportações brasileiras. Pernambuco marco importante para o Brasil, tanto militarmente, com a
torna-se a mais promissora das capitanias da Colônia Portu‑ consolidação das táticas de guerrilha e emboscada, quanto
guesa na América. Tal prosperidade chamou a atenção dos sociopoliticamente, com o aumento da miscigenação entre

3
as três raças (negro africano, branco europeu e índio nativo) • 1624-1625 – Invasão de Salvador, na Bahia
e o começo de um sentimento de nacionalidade. • 1630-1654 – Invasão de Recife e Olinda, em Pernam‑
A ocupação dos holandeses fez Recife prosperar, buco
onde se estabeleceram muitos comerciantes e mascates, ▪ 1630-1637 – Fase de resistência ao invasor
enquanto Olinda continuava a ser o reduto dos senhores ▪ 1637-1644 – Administração de Maurício de Nassau
de engenho. Devido a divergências quanto à demarcação ▪ 1644-1654 – Insurreição pernambucana
de novas vilas, em 1710, os moradores de Olinda invadem
o Recife, dando início a chamada Guerra dos Mascates. O União Ibérica (1580-1640)
líder da ocupação, Bernardo Vieira de Melo entrou para a
história quando sugeriu que Pernambuco se tornasse uma O fim da Dinastia Avis, com as mortes de D. Sebastião
república. Essa foi a primeira vez que se falou em república (1578) e D. Henrique (1580), deixou um vazio na sucessão.
no país. O conflito só terminou com a chegada, em 1711, do Aproveitando‑se de parentesco, da força e do suborno,
novo governador da região. Filipe II, rei da Espanha, anexou Portugal à Espanha. Foi na
União Ibérica que Espanha e Portugal ficaram unidos sob
O Domí­n io Espanhol (1580-1640) uma mesma Coroa. Pelo Juramento de Tomar (1581), Filipe
II garantiu que Portugal receberia tratamento de nação unida
Em 1557, D. Sebas­tião I suce­deu a D. João III no trono de à Espanha, e não de área conquistada. Na mesma época,
Portugal. Reinou até 1578, quan­do mor­reu em meio à bata‑ a  Holanda, com forte burguesia calvinista, alcançava sua
lha de Alcácer‑Qui­bir contra os mou­ros no norte da África. independência em relação à Espanha católica de Filipe II.
Por não dei­xar descendentes, o trono foi ocupado por um O conflito com a Holanda levou Felipe II a proibir a pre‑
tio, o velho car­deal D. Henri­que, que mor­reu em 1580, sem sença holandesa na economia açucareira do Brasil colonial.
também dei­xar sucessores. Assim, o rei da Espanha, Filipe Em 1621, os  holandeses criaram a Companhia das Índias
II, neto de D. Ma­nuel, o Venturoso, jul­gou‑se com di­rei­to ao Ocidentais com o objetivo de controlar o Nordeste açuca‑
trono portu­guês, por ser descendente dos Avis. Os espan­hóis reiro. A primeira invasão ocorreu na Bahia (1624/1625) de
invadiram o país e Filipe II to­mou a Co­roa lusitana, unindo onde foram expulsos. Melhor organizados e com o apoio de
Portugal e Espanha, na chamada U­nião Ibérica. O domí­nio, Calabar, a segunda tentativa (1630), em Pernambuco, deu
que du­rou até 1640, pou­co modifi­cou a vida no Brasil‑colô­ certo. Em 1635 foi eliminada a resistência.
nia, substi­tuin­do‑se apenas a metrópole que exer­cia o
monopó­lio comer­cial e o controle administrativo. Holandeses no Nordeste Brasileiro
Foi época em que a Espanha ex­traiu grande quan­tidade
de me­tais pre­cio­sos de suas pró­prias colô­nias americanas, Os holandeses, em 9 de maio de 1624, com uma es‑
pou­co se interessando pelos recursos, menos va­lio­sos, da
quadra de 26 navios e 3.300 homens, adentraram a Bahia
colô­nia portu­gue­sa. Para o Brasil, no entanto, essa si­tuação
de Todos os Santos e ocuparam a Cidade de Salvador, onde
política neu­trali­zou o Tratado de Tordesilhas, o que colabo­
ficaram até 30 de abril de 1625, quando foram expulsos com
rou para o avanço em dire­ção ao inte­rior. Hou­ve a expan­
a chegada de uma esquadra luso‑espanhola.
são do territó­rio colo­nial, estimulada, principalmente, pela
Em 1630, os holandeses da Companhia das Índias Oci‑
busca de me­tais pre­cio­sos. Por ou­tro lado, como a Espanha
estava envolvida em vá­rios conflitos militares na Eu­ropa, dentais1 desembarcam e ocupam Olinda. Ocupam grande
a U­nião Ibérica a­traiu para o Brasil os seus inimigos, como a parte de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, invadindo também
Inglaterra, a França e a Holanda, que organizaram diversas Sergipe. Ficam em Pernambuco até serem derrotados nas
inva­sões ao territó­rio colo­nial. A u­nião com a Espanha trou­xe duas batalhas de Guararapes e retirarem‑se em 1655.
conflitos não só para as colô­nias, mas também para a metró‑ Ainda em 1630 e 1647, esquadras holandesas assalta‑
pole portu­gue­sa, o que le­vou a econo­mia lusitana à ruí­na. ram a Cidade da Bahia (ou Salvador), mas permaneceram
Organi­zou‑se um movimento pela res­tau­ra­ção da au­ pouco tempo, sendo logo expulsos.
tono­mia de Portugal, liderado pelo du­que de Bragança. Portugal e Holanda eram parceiros tradicionais. Mas,
Vito­rio­so o movimento, o du­que foi co­roa­do, em 1640, rei sob o domínio espanhol, os  holandeses são proibidos de
de Portugal, recebendo o título de D. João IV, marco do aportar em terras portuguesas. É criada, então, na Holanda,
iní­cio da dinas­tia de Bragança. Com a enorme crise e o fim a companhia privilegiada das Índias Ocidentais, sociedade
da U­nião Ibérica, Portugal necessitava de recursos que pos‑ mercantil da qual participam o governo e empresas priva‑
sibilitassem a sua recupera­ção econômica. Para tanto, em das de comércio. Dotada de grande capital e de frotas bem
1642, D. João IV criou o Conselho Ultramarino, ór­gão espe­ aparelhadas, a companhia atraca em Salvador, em maio de
cial que se encarrega­ria da administra­ção e da intensifica­ 1624, sendo repelida em abril do ano seguinte por uma frota
ção da explora­ção colo­nial. A­qui, os  governadores‑ge­rais, de 52 navios organizada pelos dois países ibéricos. Em 1630,
chamados agora de vice‑reis, foram am­plian­do o domí­nio há nova investida, sendo fundada a vila de Nova Holanda, em
administrativo, subordinando progressivamente colonos e Pernambuco, o maior centro produtor de açúcar da colônia.
donatá­rios, inclusive comprando as capita­nias hereditá­rias, A partir de 1637, a  vila passa a ser governada pelo
transformando‑as em capita­nias da Co­roa. Acelerava‑se príncipe João Maurício de Nassau2, que amplia a lavoura
a centraliza­ção administrativa, com uma fiscaliza­ção me‑ 1
Companhia Holandesa das Índias Ocidentais: Sociedade mercantil constituída
tropolitana mais rígida sobre o Brasil‑Colô­nia, o que cria­va pelos Estados‑Gerais da Holanda em 1621, com o fim de concorrer comercial‑
condi­ções para um crescente controle sobre as atividades mente com a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Obteve o monopólio
econômicas colo­niais. comercial na América e na África. O resultado comercial desta companhia não
foi tão frutífero quanto o das Índias Orientais. Em 1674 foi dissolvida devido a
dificuldades econômicas
Invasões Holandesas em Pernambuco 2
João Maurício de Nassau‑Siegen (1604-1679), nobre alemão a serviço da
Holanda, governou o Brasil Holandês entre 1637 e 1644. Durante seu governo,
História

planejou e dirigiu o desenvolvimento urbano de Recife, construindo pontes,


Periodização palácios, a primeira sinagoga da América, o observatório astronômico, os jardins
botânico e o zoológico e um museu. Expandiu o território com a anexação do
Em linhas gerais, as invasões holandesas do Brasil po‑ Ceará, Sergipe e Maranhão e concedeu empréstimos aos senhores de enge‑
nho para dinamizar a produção do açúcar, consolidando assim a permanência
dem ser recortadas em dois grandes períodos: holandesa no Nordeste.

4
açucareira, desenvolve fazendas de gado, restabelece a dis‑ O conde alemão João Maurício de Nassau‑Siegen chegou
ciplina das tropas e dos funcionários civis, constrói hospitais à cidade do Recife em 1637 a serviço do governo Holandês
e orfanatos e assegura a liberdade de culto para católicos, e da Companhia das Índias Ocidentais, trazendo na sua
protestantes e judeus. Retorna à Holanda em 1644 e a vila comitiva grandes personagens como o médico Willem Piso,
entra em decadência, facilitando a reconquista pelos portu‑ o geógrafo e o cartógrafo Georg Markgraf, os pintores Albert
gueses. Ao final de longos combates, como as duas batalhas Eckhout e Frans Post, sendo este um dos primeiros a mostrar,
dos Guararapes (1848 e 1649), em que se destacaram o em suas obras, as paisagens e cenas da vida brasileira. Além
governador do Maranhão, André Vida de Negreiros, o índio desses, o escritor Gaspar Barleus, que fez um relatório de
Felipe Camarão, o senhor de engenho João Fernandes Vieira sua passagem pelo Brasil intitulado de História Natural do
e o negro Henrique Dias, os holandeses capitulam em janeiro Brasil, em que faz minucioso estudo científico da fauna e
de 1654. A perda da colônia é reconhecida pela Holanda com da flora brasileira além de observações meteorológicas e
a assinatura da Paz de Haia, em 1661. astronômicas, estas realizadas com um antigo telescópio
O conflito com a Holanda le­vou Felipe II a proi­bir a pre‑ instalado sobre o antigo Palácio do Governador.
sença holandesa na econo­mia açuca­rei­ra do Brasil colo­nial. Nassau era calvinista, mas, ao que tudo indica, foi to‑
Em 1621, os  holandeses cria­ram a Compan­hia das Ín­dias lerante com católicos e com os chamados cristãos‑novos,
Ociden­tais com o objetivo de controlar o Nordeste açuca­ judeus que, às  escondidas, praticavam seus cultos. Estes
rei­ro. A pri­mei­ra inva­são ocor­reu na Ba­hia (1624/1925) de foram autorizados a, abertamente, exercer suas práticas
onde foram expulsos. Melhor organizados e com o a­poio de religiosas, o que provocou uma grande emigração de judeus
Calabar a segunda tentativa (1630), em Pernam­buco, deu vindos dos Países Baixos3 para o Brasil.
certo. Em 1635, foi eliminada a resistên­cia. No governo de Nassau, muitos melhoramentos foram
feitos nas áreas urbanas como saneamento básico, constru‑
O Governo Nassau (1637-1644) ção de casas e o agrupamento das mesmas em vilas, constru‑
ção de ruas e alargamento de diversas outras, construção de
Para administrar o Brasil holandês foi enviado Maurício dois importantes palácios, o das Torres ou de Frigurgo e o da
de Nassau. Destinado a garantir um bom convívio com os Boa Vista, construção de pontes melhorando a locomoção
brasileiros e o crescimento da produção, tomou as seguintes das pessoas e o tráfego local. Em 1644, o Príncipe de Nassau
medidas: retornou à Holanda.
• empréstimos aos fazendeiros; Após sua volta, o Nordeste assistiu sangrentos combates
• tolerância religiosa; entre os luso‑brasileiros e os batavos pela conquista da terra.
• urbanização; O mais famoso destes foi a primeira Batalha de Guararapes4
• incentivo à cultura por meio da vinda de missões (1648). Após 24 anos de domínio holandês, estes foram ex‑
artísticas e científicas; pulsos na chamada Insurreição Pernambucana (ou Guerra de
• participação de fazendeiros dos Conselhos de Esco‑ Restauração). O domínio Holandês no Brasil compreendeu
binos (órgãos substitutos das Câmaras Municipais). o período de 1630 a 1654.
Apesar de bom governo, Nassau entrou em choque com Insurreição Pernambucana5 (1644-1654)
a Companhia das Índias Ocidentais. Acusado de desvio de
verbas, em 1844, foi obrigado a retornar a Holanda. Em 1640, Portugal obteve a restauração por meio de D.
João IV (início da Dinastia Bragança).
A Presença Holandesa no Brasil Esgotado financeiramente, o governo português assinou
uma trégua de 10 anos com a Holanda, que não foi respeita‑
Pode ser conhecida, também, como o período das Inva‑ da. A saída de Nassau trouxe uma nova administração. Em
sões Holandesas que ocorreram no século XVII, mais especi‑ vez de tolerância, a Holanda passou a cobrar os empréstimos
ficamente nos períodos de 1624 e 1625 e, após, de 1630 até e a confiscar fazendas. Insatisfeitos, os fazendeiros incentiva‑
1654. As invasões holandesas estão intimamente ligadas à ram a revolta. Foi a Insurreição Pernambucana (1645-1654)
disputa pelo açúcar, à Guerra dos Trinta Anos (1618/1648) e, que expulsou os holandeses do Brasil. Impossibilitado de
ainda, à passagem do trono de Portugal à Coroa Espanhola. apoiar a revolta, Portugal foi favorecido pela guerra entre
O primeiro ataque holandês deu‑se contra a Bahia (1624). Inglaterra e Holanda na disputa marítima.
Os batavos conseguiram ocupar Salvador, mas ficaram cer‑ A principal consequência, após a expulsão dos holande‑
cados dentro da cidade. No ano seguinte, foram expulsos de ses, foi a concorrência antilhana resultando na decadência
lá por uma esquadra enviada pela Espanha e comandada por da economia açucareira. Além disso, durante a União Ibérica,
Dom Fradique de Toledo. Em 1630 os holandeses atacaram as guerras espanholas resultaram na perda de colônias portu‑
Pernambuco, conquistando a capital Olinda. Mais uma vez,
guesas. O Brasil tornou‑se a grande fonte de renda lusitana.
os luso‑brasileiros, comandados por Matias de Albuquerque,
Enfraquecido economicamente, Portugal ampliou a
conseguiram mantê‑los isolados no litoral. Porém, a partir de
dependência financeira em relação à Inglaterra. Destacou‑se
1634, graças à “traição” de Domingos Calabar e à habilidade
o Tratado de Methuen, no qual Portugal comprava todos
do coronel Crestofle Arciszewski, os holandeses da Compa‑
os panos de lã e vendia vinhos aos ingleses. Paralisando a
nhia das Índias Ocidentais conseguiram bater a guerrilha
luso‑brasileira, conquistar o Arraial do Bom Jesus e instalar
certa estabilidade na região. 3
Os Países Baixos são frequentemente chamados Holanda.
4
As Batalhas dos Guararapes foram duas batalhas travadas no Monte Guarara‑
A Região sob o poder holandês, em 1637, compreen­dia pes, ao sul do Recife, e foram episódios decisivos na Insurreição Pernambucana,
os atuais Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, que culminou no término das Invasões holandesas do Brasil, durante o século
Alagoas e Pernambuco, estendendo‑se até o Rio São Fran‑ XVII. A primeira batalha ocorreu em 19 de abril de 1648, e a segunda em 19 de
História

fevereiro de 1649. A 1a Batalha dos Guararapes é simbolicamente considerada


cisco. No período de 1637 até 1644, época em que o conde a origem do Exército Brasileiro.
Maurício de Nassau governou a região, diversas e impor‑ 5
A Insurreição pernambucana: foi o movimento que expulsou os holandeses
tantes implementações político‑administrativas ocorreram do Brasil, integrando forças lideradas pelo senhor de engenho André Vidal
de Negreiros, pelo afro‑descendente Henrique Dias e pelo indígena Felipe
no Brasil. Camarão.

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industrialização portuguesa, os ingleses, nesta injusta troca, expedição que objetivava a conquista de Pernambuco.
acabaram beneficiando‑se do ouro brasileiro. Ainda, na Bahia, organiza‑se uma resistência que poria
No Brasil, a opressão colonial aumentou. Para garan‑ fim ao domínio holandês na região, pelo período de aproxi‑
tir o monopólio comercial foram criadas Companhias de madamente 1 ano. Outras tentativas, como a de Pieterzoon
Comércio: Heeyen, de 1627, que saqueou o Recôncavo baiano se se‑
• Companhia Geral do Comércio do Brasil (1647-1720): guiram, porém sem sucesso.
teve o monopólio do Rio Grande do Norte ao Sul. As riquezas naturais da Capitania de Pernambuco
• Companhia do Comércio do Estado do Maranhão (Zuikerland – Terra do açúcar) no início do séc. XVII já eram
(1682-1685): teve o monopólio acima do Rio Grande bastante conhecidas pelas grandes potências da época.
do Norte. Os Países Baixos necessitavam do açúcar que era produzido
no Brasil para suas refinarias, cuja produção de 121 enge‑
As companhias impuseram altos preços aos seus pro‑ nhos de açúcar, em Pernambuco, despertou a ganância dos
dutos e redução dos preços coloniais. diretores da Companhia que, com o apoio da Inglaterra e
A curta passagem dos holandeses pelo Brasil foi marca‑ França, rancorosos inimigos da Espanha mandaram armar
da por um grande avanço não só do comércio ultramarino, uma extraordinária esquadra de 70 navios e 7280 homens,
mas, também, nas áreas da cultura, ciência e tecnologia. sob comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck.
Foi também um período tumultuado nas questões políticas Em 14 de fevereiro de 1630, as tropas comandadas por
e sociais, no período de 1624 a 1654. Pieter Andrianzoon apresentam‑se nas costas de Pernambu‑
Por três oportunidades, os  holandeses procuraram co. Objetivando atacar a cidade de Olinda – a mais importan‑
firmar sua presença no Brasil. Duas desastrosas tentativas te cidade da região, naquela época –, a esquadra divide‑se
na Bahia, nos anos de 1624 e 1638 e uma transitoriamente e, sob o comando do general Diederick Van Weerdenburg,
bem‑sucedida em Pernambuco, em 1630. Essas localidades desembarca ao norte, em Pau Amarelo, com um contingente
foram os principais marcos definidos pela estratégia militar de 3000 homens. Olinda é conquistada sem opor resistência.
holandesa que se utilizou de uma empresa, com o privilégio Os pernambucanos organizam‑se e remetem sucessivos
de comercializar na América e África à semelhança do que já ataques de guerrilhas aos invasores, impedindo‑os de pros‑
ocorria no Oriente. Essa empresa denominada Companhia seguir com sua dominação ao interior. Entrementes, os ho‑
Privilegiada das Índias Ocidentais (Geoctroyerde Westindis- landeses conseguem construir um Forte na extremidade da
che Compangnie) objetivou uma ocupação de parte da maior ilha de Itamaracá e o guarnecem com 300 soldados sob o
colônia luso‑espanhola das Américas. Com o privilégio de comando do capitão polonês Artichovsky.
exploração por 24 anos, logo reuniram recursos de origem Na noite de 21 de novembro de 1631, os holandeses,
preponderantemente judaica, no valor de sete milhões de supondo que as forças portuguesas que haviam derrotado
florins, tornando‑se uma sociedade de grandes negociantes uma esquadra‑reforço enviada pela Companhia fossem mui‑
dessa religião. to numerosas, incendeiam Olinda e pensam em abandonar
A ideia dessa iniciativa ocorreu em uma das reuniões do Pernambuco.
Conselho dos XIX dessa Companhia dos Países Baixos, visto Em 1632, porém, com auxílio do mameluco Domingos
que, após a incorporação de Portugal à Coroa de Castela Fernandes Calabar, rompem o cerco formado pelos portu‑
em 1580, os holandeses sentiram‑se prejudicados e ame‑ gueses e, em sucessivas vitórias, dilatam o domínio holandês
açados, uma vez que cidades como Lisboa, Porto e Viana em solo brasileiro.
suspenderam seu comércio de produtos exóticos, madeira, Em janeiro de 1637, o  governo holandês julga seu
tabaco e açúcar, e passaram, então, a atacar os domínios da domínio firmado e escolhe um local onde fundam Recife
coroa espanhola, na África e no Novo Mundo, priorizando como sede de seus domínios no Brasil, por ter, nessa locali‑
o contato direto com fontes produtoras na América. Na dade, a segurança que não dispunham em Olinda. A Recife
verdade, a  Companhia tinha por objetivo principal o da holandesa possuía rios e canais muito similares aos que os
exploração do açúcar. holandeses estavam acostumados em sua pátria. Olinda
A Companhia das Índias Ocidentais preparou uma es‑ situa‑se em região montanhosa, muito semelhante às
quadra de 36 navios com 1600 marinheiros e 1700 merce‑ cidades portuguesas. O  Conselho dos XIX da Companhia
nários que, sob o comando do almirante Jacob Willekins, se das Índias Ocidentais envia, então, um príncipe da família
dirige ao Brasil e, em 9 de maio de 1624, invade a Bahia. No reinante, o conde João Maurício de Nassau, para ocupar a
porto, encontravam‑se 15 navios portugueses, dos quais 7 função de governador‑geral do Brasil Holandês.
são destruídos e 8 apoderados pelos holandeses. O governa‑
dor Diogo Mendonça Furtado é levado à Holanda, assumindo Consequências
o governo local Joan Van Dorth.
Confiantes de que tal operação havia firmado seu do‑ Em consequência das invasões ao nordeste do Brasil,
mínio no Brasil, a esquadra, agora, liderada pelo Contra‑al‑ o  capital holandês passou a dominar todas as etapas da
mirante Pieterzoon Heeyn, retira‑se, dirigindo‑se para o produção de açúcar, do plantio da cana‑de‑açúcar ao refino
Espírito Santo, onde desembarcam 300 homens que atacam e distribuição. Com o controle do mercado fornecedor de
a província; porém, é vigorosamente repelido pela população escravos africanos, passou a investir na região das Antilhas.
local e pelas tropas de Salvador Corrêa, o então Governador O  açúcar produzido nessa região tinha um menor custo
do Rio de Janeiro. de produção devido, entre outros, à isenção de impostos
Derrotado, o imediato do almirante Jacob Willekins, que sobre a mão de obra (tributada pela Coroa Portuguesa) e
atacara a Bahia, passou a exercer atos de pirataria contra vá‑ ao menor custo de transporte. Sem capitais para investir,
rios pontos da costa americana. Atacou uma esquadra de três com dificuldades para aquisição de mão de obra e sem
navios que iam do México para Espanha, apossando‑se da dominar o processo de refino e distribuição, o açúcar por‑
História

prata, no valor de 15 milhões de florins, mais do que o dobro tuguês não consegue concorrer no mercado internacional,
do capital formado pelos judeus holandeses e portugueses mergulhando a economia do Brasil em crise que atravessará
que tinham amealhado para formar a Companhia das Índias a segunda metade do século XVII até a descoberta de ouro
Ocidentais. Esse montante foi fundamental para preparar a nas Minas Gerais.

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A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 E A diários, comerciantes, padres e bacharéis conspiram contra
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL os militares e comerciantes portugueses, responsabilizados
pelos problemas da província.
Napoleão Invade Portugal Os revoltosos querem tirar o controle do comércio
das mãos de portugueses e ingleses. Em março, a revolta
Na Europa, o imperador Napoleão Bonaparte impunha espalha‑se pelas ruas do Recife e o governador, Caetano
a supremacia francesa aos demais reinos europeus. Ao en‑ Pinto, foge para o Rio de Janeiro. Os  rebeldes organizam
contrar forte oposição na Grã‑Bretanha, decreta o bloqueio o primeiro governo brasileiro independente e proclamam
continental, proibindo os países do continente comerciar a República, mas, sem o apoio das demais províncias nor‑
com os britânicos. A medida afeta a Coroa Portuguesa de destinas, são cercados e atacados pelas forças legalistas em
imediato, pois o poder britânico é um forte aliado. De início, maio e derrotados no mês seguinte.
os portugueses tentam uma política de neutralidade com a A Independência foi um fenômeno essencialmente
França. Mas a não obediência ao bloqueio leva Napoleão a político, pois foram mantidos os aspectos essenciais do
decretar a invasão de Portugal por tropas comandadas pelo período colonial:
general Jean Junot. • trabalho escravo.
A Corte Portuguesa transfere‑se para o Brasil, em um • latifúndio.
total de 12 mil pessoas, aproximadamente. Portugal havia • economia assentada na agroexportação.
sido invadido no final de 1807 por tropas do imperador Na‑
poleão Bonaparte após ter rejeitado o bloqueio continental Pode‑se salientar ainda que todo o processo não contou
decretado pela França contra o comércio com a Inglaterra. com a participação da população, que, para a elite, não de‑
Com o apoio da esquadra britânica, Dom João, regente do veria opinar em nada nos destinos do novo país que nascia.
reino no lugar de sua mãe, dona Maria I, chega à Bahia em
janeiro e, dois meses depois, segue para o Rio de Janeiro. Período Joanino
Entre as primeiras decisões tomadas por Dom João está
a abertura dos portos às nações amigas. Com isso, o movi‑ Com a situação da Europa no século XIX e com a forma‑
mento de importação e exportação é desviado de Portugal, ção do Império da França, Napoleão Bonaparte expandin‑
então ocupado pelos franceses, para o Brasil. A  medida do‑o forçava aos países dos continentes a suas imposições.
favorece tanto a Inglaterra, que usa a colônia portuguesa Em guerra com a Inglaterra, Napoleão obrigava os países da
como porta de entrada de seus produtos para a América Europa a não ter relações comerciais com a Inglaterra, pois
espanhola, quanto os produtores brasileiros de bens para ela era a maior concorrente da França, formando, assim,
o mercado externo. Dom João também concede permissão o Bloqueio Continental. Como Portugal era aliado da Ingla‑
para o funcionamento de fábricas e manufaturas no Brasil. terra, estava sofrendo pressão por parte de Napoleão que
São fundados no Rio de Janeiro o Banco do Brasil e o Jardim ameaçava invadir Portugal. D. João estava com um grande
Botânico. dilema. Caso se unisse com a França, perderia o Brasil, se
É necessário entender que o 7 de setembro de 1822 não unisse à Inglaterra, seria invadido. Resolveu fugir para o Brasil
foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um aconte‑ sob a proteção inglesa que em troca exigiu:
cimento que integra o processo de crise do antigo sistema • abertura dos Portos às nações amigas (Inglaterra),
colonial, iniciado com as revoltas de emancipação no final que na prática determinava o fim do antigo sistema
do século XVIII. colonial (Pacto Colonial);
O final do século XVIII e o início do XIX foram perío­dos • cobrança de Impostos:
de grandes transformações no mundo: primeira Revolução ▪ 24% aos países amigos;
Industrial na Inglaterra, Independência dos Estados Unidos ▪ 16% a Portugal;
da América, Revolução Francesa, Era Napoleônica. ▪ 15% a Inglaterra.
Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em
1808, D. João, dominado pela Inglaterra, teve que aceitar a A política Joanina foi responsável por várias transforma‑
abertura dos portos às nações amigas – no caso a Inglaterra. ções no Brasil. Primeiramente a fixação da Corte Portuguesa
Com isso, estava terminado o pilar da dominação portu‑ no Rio de Janeiro, e  para dar um ar de Europa para esta
guesa sobre o Brasil, o  monopólio do comércio colonial, cidade foram feitas várias obras públicas e abertas inúmeras
e posteriormente reafirmada a supremacia inglesa sobre o repartições públicas, tais como:
Brasil com os tratados de 1810, privilegiando a Inglaterra no • Jardim Botânico;
comércio com o Brasil. • Banco do Brasil;
Foi necessário estruturar a cidade do Rio de Janeiro para • Polícia Militar do Distrito Federal.
recepcionar os nobres portugueses: obras foram construídas,
proprietários tiveram que ceder “gentilmente” suas casas A Polícia Militar do Distrito Federal tem suas origens
aos novos inquilinos para o Príncipe Regente, as mesmas remotas no Corpo de Quadrilheiros, organização policial cria‑
recebiam uma inscrição de PR que logo foi traduzida de da por D. João, recém‑chegado de Portugal após a invasão
“ponha‑se na rua”. O  que se imaginava ser uma grande daquele País pelas tropas de Napoleão Bonaparte.
transformação, pouco trouxe de proveitoso. Tirando os as‑ Com a vinda e instalação do Príncipe Regente e de sua
pectos políticos, percebe‑se que o controle inglês aumentou numerosa corte, um surto de progresso sacudiu o Brasil‑Co‑
e, quando ocorre a independência do país, feita pelo filho lônia. Por iniciativa de D. João, vários atos administrativos
do rei de Portugal, a mesma situação econômica de depen‑ deram um impulso extraordinário no progresso da Colônia,
dência se manteve. tais como: abertura dos portos nacionais a navios de todas
O estabelecimento da Corte Portuguesa no Brasil reforça as nações amigas, criação da Biblioteca Pública, Arquivo
o poder central no Rio de Janeiro e enfraquece as províncias. Militar, Academia de Belas‑Artes, Academia de Marinha,
Com o mau desempenho do açúcar, aumentam as dificul‑ o Jardim Botânico etc.
História

dades da economia das regiões produtoras. Nesse cenário Existia, na Metrópole, uma instituição, militarmente
ocorre a Revolta Pernambucana de 1817, inspirada na organizada – a Guarda Real de Polícia – que serviu de modelo
Revolução Francesa, na independência dos Estados Unidos para que, em 13 de maio de 1809, fosse criada, no Brasil,
e nas lutas de emancipação da América Hispânica. Latifun‑ a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, primeiro núcleo

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efetivo da Polícia Militar, com a missão de “guarda e vigia Mawe. Dez anos após a chegada do séquito real, a população
da cidade do Rio de Janeiro”. do Rio de Janeiro passa de 50 mil para 100 mil habitantes.
A Polícia Militar Brasileira tem sua origem nas Forças No plano econômico, a abertura dos portos beneficia
Policiais criadas durante o período em que o Brasil era um também a Grã‑Bretanha, que consolida seus negócios com
Império, no reinado de D. Pedro I. A Corporação mais antiga a colônia portuguesa, firmando com D. João o Tratado da
é a Polícia Militar do Rio de Janeiro, com origens na Guarda Amizade e Aliança de Comércio e Navegação, em 1810. Com
Real de Polícia criada em 1809 por Dom João, Regente de eles, os britânicos conseguem dominar o comércio brasilei‑
Portugal. Na época, D. João havia transferido sua corte de ro, inundando‑o com seus produtos e afetando a nascente
Lisboa para a cidade do Rio de Janeiro, em virtude das Guer‑ indústria nacional.
ras Napoleônicas que assolavam na Europa.
A corporação e força militar brasileira mais antiga, em A Revolução Pernambucana de 1817
cujos moldes resultam as atuais polícias militares, é  a de
Minas Gerais, tendo em vista que foi organizada em 1775, As causas da Revolução Pernambucana podem ser de‑
de modo regular e, até hoje, ininterrupto, constituída origi‑ finidas como um protesto do Norte contra a hegemonia do
nalmente como regimento regular de cavalaria, pago pelos Sul. Pernambuco não se acomodara facilmente à condição
cofres públicos e responsável pela manutenção da ordem de “colônia do Estado irmão mais moço”, nas palavras de
pública ameaçada pela descoberta das riquezas no Estado Handelmann, em sua História do Brasil, remetendo, obri‑
de Minas Gerais. gatoriamente, para a manutenção da corte uma boa parte
Desde a sua criação, as polícias militares encontram‑se de suas rendas, o que, aliás, acontecia com todas as demais
organizadas em postos (relativos aos oficiais) e graduações capitanias. Os habitantes do Recife – para citar um só exem‑
(relativas às praças), à  semelhança do Exército Brasileiro. plo – pagavam um imposto mensal destinado à iluminação
Segundo a Constituição Federal de 1988, as polícias militares pública do Rio de Janeiro. Daí o ciúme de Pernambuco, diante
são forças auxiliares e reservas do Exército Brasileiro. No da soma enorme de benefícios que tornariam a região flumi‑
entanto, são as únicas corporações policiais responsáveis por nense a mais favorecida de todas, no período Joanino, em
exercer as funções de policiamento ostensivo, ressalvada a detrimento das mais distantes, no conjunto inorgânico que
competência da União. era o Brasil daquele tempo. De forma geral pode‑se afirmar
que as causas da Revolução Pernambucana de 1817 foram:
Medidas de Incentivo à Cultura • Econômicas: crise na produção de açúcar e algodão,
luta dos senhores rurais e homens livres contra o
domínio comercial dos portugueses e os altos pre‑
Além das mudanças comerciais, a chegada da família
ços pelos quais estes vendiam gêneros de primeira
real ao Brasil também causou um reboliço cultural e educa‑
necessidade.
cional. Nessa época, foram criadas escolas como a Academia
• Políticas: desejo de substituir a monarquia absoluta
Real Militar, a Academia da Marinha, a Escola de Comércio, por uma forma mais liberal de governo, como a Re‑
a  Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, a  Academia de pública, já adotada nos Estados Unidos e em outras
Belas‑Artes e dois Colégios de Medicina e Cirurgia, um no Rio regiões da América.
de Janeiro e outro em Salvador. Foram fundados o Museu • Sociais: insatisfação da população contra a carestia e
Nacional, o Observatório Astronômico e a Biblioteca Real, contra o domínio português.
cujo acervo era composto por muitos livros e documentos
trazidos de Portugal. Também foi inaugurado o Real Teatro Em Pernambuco, as  aspirações de autonomia reapa‑
de São João e o Jardim Botânico. Uma atitude muito impor‑ recem em um período de retração econômica ocasionada
tante de D. João foi a criação da Imprensa Régia. Ela editou pela baixa do preço do açúcar e pela brusca supressão das
obras de vários escritores e traduções de obras científicas. exportações de algodão, consequências dos acordos com
Foi um período de grande progresso e desenvolvimento. a Grã‑Bretanha. As operações no Rio da Prata impunham,
além do mais, a cobrança de novos tributos sobre as receitas
Com o congresso de Viena o Brasil foi elevado à alfandegárias, a  fim de custear as despesas com o corpo
categoria de Reino Unido a Portugal expedicionário.
O movimento foi constituído por senhores de engenho,
Contra a política de D. João criou‑se a Revolução comerciantes, padres e militares. Sob orientação clerical,
Pernambucana de 1817 de caráter popular, pois a política o movimento deveria ter início no domingo da Páscoa (coin‑
Joanina favorecia a aristocracia portuguesa, mas a revolta foi cidente em 1817 com o mês de abril), comemorando‑se a
repreendida violentamente e seus líderes foram executados, ressurreição de Cristo com a da pátria.
acabando, assim, mais uma tentativa de independência da No entanto, uma rixa de quartel, que culminou com o
colônia. assassino de dois oficiais superiores, ambos portugueses,
Visando ao aprimoramento da sociedade civil e militar, antecipou a deflagração do movimento. Depois de vencidas
D. João funda a primeira escola superior – a Médico‑Cirúrgi‑ as forças leais a Portugal, os  insurretos organizaram um
ca – em Salvador, em 18/2/1808; a Academia da Marinha, em governo provisório. A  República Pernambucana não teria
5/5/1808; a primeira tipografia, em 13/5/1808; é impresso duração maior do que 75 dias.
o primeiro jornal, a Gazeta do Rio de Janeiro, publicado pela A reação portuguesa não se fez esperar. O Conde dos
Imprensa Real em 10/9/1808; a Academia Militar do Rio Arcos enviou duas expedições militares a Pernambuco,
de Janeiro, em 4/12/1808; é aberta a primeira Biblioteca uma naval e outra terrestre, “com uma presteza que não
Pública, também no Rio de Janeiro, em 13/5/1811. era de esperar na índole portuguesa”, segundo o relatório
A vida cultural e científica é estimulada com a criação do do cônsul Maler ao governo francês. Pelos seus cálculos,
Jardim Botânico, da Academia de Belas‑artes, o que favorece concentraram‑se em Pernambuco cerca de 8 mil homens
a vinda de cientistas e artistas franceses, alemães e ingleses. para debelar a revolução, que teve no padre João Ribeiro
História

Entre eles, o pintor e escritor francês Jeari‑Baptiste Debret, Pessoa de Melo Montenegro o seu grande herói.
o botânico francês Auguste Saint‑Hílaire, o médico e botânico Com uma espingarda e um saco contendo o arquivo da
alemão Karl Friedrich von Martius, o pintor alemão Johann república aos ombros, o padre João Ribeiro acompanhou,
Moritz Rugendas, o  naturalista e geólogo britânico Jonh descalço, a retirada do exército rebelde até o engenho Pau‑

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lista, onde foi decidida a debandada. Dirigiu‑se em seguida à pro­vei­toso. Tirando os aspectos políticos, percebe‑se que o
igreja e ali queimou os papéis que poderiam comprometer controle inglês au­men­tou e, quan­do ocorre a independên­cia
os seus companheiros, suicidando‑se junto ao altar‑mor. do país, fei­ta pelo filho do rei de Portugal, a mesma si­tuação
Remetidos para a Bahia, foram executados Domingos José econômica de dependên­cia se manteve.
Martins, José Luís de Mendonça e o padre Miguelinho. No O estabelecimento da corte portu­gue­sa no Brasil reforça
Recife, tiveram o mesmo fim, Antônio Henriques, Domingos o poder central no Rio de Ja­nei­ro e enfra­que­ce as provín­cias.
Teotônio Jorge, José de Barros Lima (o Leão Coroado) e o Com o mau desempenho do açúcar, au­mentam as dificul‑
padre Pedro de Sousa Tenório e os da Paraíba: José Peregrino dades da econo­mia das re­giões produtoras. Nesse cená­rio,
de Carvalho, Amaro Gomes da Silva Coutinho, Francisco José ocorre a revolta pernambucana, inspirada na Revolu­ção
da Silveira, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e o Francesa, na independên­cia dos estados unidos e nas lutas
padre Antônio Pereira de Albuquerque. A cabeça do padre de emancipa­ção da América hispânica. Latifun­diários, comer­
João Ribeiro, decepada, foi exposta no pelourinho da cidade cian­tes, padres e bacha­réis conspiram contra os militares e
irredenta. comer­cian­tes portu­gue­ses, responsabilizados pelos proble‑
mas da provín­cia. Os revoltosos que­rem tirar o controle do
FIM DO PERÍODO COLONIAL E A INDEPENDÊNCIA comér­cio das mãos de portu­gue­ses e ingleses. Em março,
POLÍTICA DO BRASIL – A vinda da Família Real a revolta espalha‑se pelas ruas do Recife e o governador, Cae­
para o Brasil tano Pinto, foge para o Rio de Ja­nei­ro. Os rebeldes organizam
o pri­mei­ro governo brasi­lei­ro independente e proclamam a
Napo­leão Invade Portugal. Na Eu­ropa, o  imperador república, mas, sem o a­poio das de­mais provín­cias nordesti‑
Napo­leão Bonaparte impunha a suprema­cia francesa aos nas, são cercados e atacados pelas forças legalistas em maio
de­mais rei­nos eu­ro­peus. Ao  encontrar forte oposi­ção na e derrotados no mês se­guin­te.
Grã‑Bretanha, decreta o blo­queio continental, proi­bindo os A independên­cia foi um fenômeno essen­cial­mente polí‑
paí­ses do continente comer­ciar com os britânicos. A medida tico, pois foram mantidos os aspectos essen­ciais do pe­río­do
afeta a Co­roa portu­gue­sa de ime­dia­to, pois o poder britânico colo­nial: trabalho escravo, latifún­dio, econo­mia assentada
é um forte a­lia­do. De iní­cio, os  portu­gue­ses tentam uma na a­groe­xporta­ção. Pode‑se sa­lien­tar ain­da que todo o
política de neu­tralidade com a França. Mas a não obe­diência processo não con­tou com a participa­ção da popula­ção, que,
ao blo­queio leva Napo­leão a decretar a inva­são de Portugal para a elite, não deve­ria opinar em nada nos destinos do
por tropas comandadas pelo general Jean Junot. novo país que nas­cia.
A corte portu­gue­sa transfere‑se para o Brasil, num total
de 12 mil pes­soas, aproximadamente. Portugal ha­via sido Fim do Antigo Sistema Colo­nial (Pacto Colo­nial). A
invadido no final de 1807 por tropas do imperador Napo­ ruptura do Pacto colô­nia, ou seja, a  “independên­cia” do
leão Bonaparte após ter re­jei­tado o blo­queio continental Brasil está re­chea­da de contradi­ções e de jogos de interesse
decretado pela França contra o comér­cio com a Inglaterra. de uma mino­ria.
Com o a­poio da es­quad­ra britânica, Dom João, regente do O Brasil foi colonizado de acordo com o sistema mer‑
rei­no no lugar de sua mãe, dona Ma­ria I, chega à Ba­hia em cantilista, mas Portugal não tendo a sorte de encontrar, logo
ja­nei­ro e, dois meses de­pois, se­gue para o Rio de Ja­nei­ro. no iní­cio da coloniza­ção, os pre­cio­sos me­tais, ou­ro e prata,
Entre as pri­mei­ras deci­sões tomadas por dom João está introdu­ziu a­qui o sistema de produ­ção basea­do na agricul‑
a abertura dos portos às na­ções amigas. Com isso, o movi‑ tura de exporta­ção e do trabalho negro em larga escala.
mento de importa­ção e exporta­ção é des­via­do de Portugal, Para que a colô­nia não se desenvolvesse au­tonomamente
en­tão ocupado pelos franceses, para o Brasil. A  medida foi montado um conjunto de restri­ções das colônias para com
favorece tanto a Inglaterra, que usa a colô­nia portu­gue­sa a metrópole que se chamava Pacto Colo­nial.
como porta de entrada de seus produtos para a América Nessa época a educa­ção na colô­nia era privilé­gio de pou­
espanhola, quan­to os produtores brasi­lei­ros de bens para cos e o catolicismo se tor­nou um traço cultural marcante da
o mercado externo. Dom João também concede permis­são so­cie­dade brasi­lei­ra. En­quan­to na Eu­ropa vigorava‑se ain­da o
para o fun­cio­namento de fábricas e manufaturas no Brasil. poder absolutista que com seus impostos e regulamenta­ções
São fundados no Rio de Ja­nei­ro o Banco do Brasil e o Jardim incomodava a nova bur­guesia, ligada à explo­são da Revolu­
Botânico. ção Indus­trial que ascen­dia an­sio­sa por novos mercados.
É necessá­rio entender que o 7 de setembro de 1822 não O mercado americano era um monopó­lio portu­guês
foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um aconte‑ e espanhol, o que atrapalhava o crescimento do mercado,
cimento que integra o processo de crise do antigo sistema principalmente o inglês. E foi justamente nessa época que
colo­nial, ini­cia­do com as revoltas de emancipa­ção no final começaram a surgir as i­deias iluministas que por se tratar de
do século X­VIII. um movimento pro­pria­mente bur­guês ten­dia a defender o
O final do século X­VIII e o iní­cio do XIX foram pe­río­dos interesse desses, sendo contrá­rios ao governo absolutista,
de grandes transforma­ções no mundo: pri­mei­ra Revolu­ção o que in­cluía uma reformula­ção no mercado interna­cio­nal
Indus­trial na Inglaterra, Independên­cia dos Estados Unidos com o fim dos monopó­lios.
da América, Revolu­ção Francesa, Era Napo­leô­nica. Mesmo com toda repres­s ão, as  i­d eias iluministas
Com a vinda da famí­lia real portu­gue­sa para o Brasil em chegavam à colô­nia, trazidas pelos membros do clero e da
1808, D. João, dominado pela Inglaterra, teve que a­cei­tar a elite que estudavam na Eu­ropa. Logo, começaram a surgir
abertura dos portos às na­ções amigas – leia‑se Inglaterra. manifesta­ções na­cionais e re­gionais como a Inconfidên­cia
Com isso, estava terminado o pilar da domina­ção portu­ Mi­nei­ra e a Guer­ra dos Mascates.
gue­sa sobre o Brasil, o  monopó­lio do comér­cio colo­nial, Apesar de o sistema colo­nial se mostrar superado dian­te
e poste­rior­mente rea­firmada a suprema­cia inglesa sobre o do capitalismo indus­trial eu­ro­peu, Portugal não acompan­hou
Brasil com os tratados de 1810, privilegian­do a Inglaterra no o ritmo de desenvolvimento fabril e manteve‑se dependente
comér­cio com o Brasil. de sua principal colô­nia. Toda­via isso não impe­diu que os
Foi necessá­rio estruturar a cidade do rio de ja­nei­ro para i­deais liberalistas se infiltrassem na bur­guesia portu­gue­sa,
História

recep­cio­nar os nobres portu­gue­ses: obras foram cons­truí­das, que defen­dia ao mesmo tempo o fim do absolutismo e a
pro­prie­tá­rios tiveram que ceder “gentilmente” suas casas recoloniza­ção do Brasil.
aos novos in­qui­linos (pr – ponha‑se na rua). O que se ima‑ Fugindo dos exércitos de Napo­leão, D. João e a corte
ginava ser uma grande transforma­ção, pou­co nos trou­xe de portu­gue­sa transferiram‑se para a colô­nia, com o a­poio

9
da Inglaterra (que exi­gia em troca a abertura do mercado Pri­mei­ro Rei­nado (1822-1831)
da colô­nia) e o Brasil foi elevado ao posto de Rei­no Unido, É a pri­mei­ra fase do impé­rio. Ini­cia‑se em 12/10/1822,
para que assim D. João pudesse rei­ná‑lo. A  transferên­cia com a aclama­ção de D. Pedro I e estende‑se até a abdica­ção
da corte mar­cou o rompimento da Co­roa com a bur­guesia do imperador em 7/4/1831. A independên­cia não significa a
portu­gue­sa. E com a abertura dos portos às “na­ções amigas” ruptura com o passado. D. Pedro conti­nua preso a interesses
quebrou‑se a essên­cia do Pacto Colonial. A partir daí Portugal de Portugal, e  as novas fórmulas políticas propostas não
foi qua­se ex­cluí­do do comér­cio com o Brasil, mas para a elite agradam as classes dominantes – os senhores escravistas,
brasi­lei­ra a nova si­tuação era estimulante, pois os negó­cios que pretendem o controle total do aparelho do Estado e
pode­riam agora expandir‑se. a conti­nui­dade do regime escravocrata. O imperador, em
A participa­ção das camadas populares nesse processo princí­pio, assegura os privilé­gios dessa classe. Mas, pou­co a
foi praticamente inexistente. pou­co, envereda pelos caminhos do despotismo, ao mesmo
Após o suposto rompimento com Portugal, D. Pedro tempo que se manifestam difi­culdades econômicas e so­ciais.
conti­nua­ra a controlar o país por meio de uma monar­quia. Guer­ra da independên­cia. A monar­quia brasi­lei­ra
Isso demonstra que o alcance das i­deias libe­rais foi limitado, mantém a unidade na­cio­nal, mas gera reações sobre tudo
adaptado e comandado pela elite econômica na­cio­nal. no Norte, Nordeste e na Provín­cia Cisplatina. A aristocra­cia
O processo de independên­cia en­tão resul­tou de um latifun­diária o­põe‑se ao comando do Rio de Ja­nei­ro, en­quan­
jogo de interesses, onde a escravi­dão foi mantida, e o Brasil to os portu­gue­ses detentores de cargos políticos ou militares
não mu­dou seu papel de produtor de maté­ria prima, conti­ preferem manter‑se fiéis a Lis­boa. O  principal centro da
nuan­do na perife­ria do capitalismo, como bem convinha aos reação é a Ba­hia, mas registram‑se resistên­cias também no
interesses das na­ções indus­triais. Pará e Maran­hão. Todas são derrotadas por insur­reições
populares que acabam expulsando as tropas portu­gue­sas.
Revolu­ção do Porto e o regresso de D. João D. Pedro é aclamado imperador em 12 de ou­tubro de
As i­deias libe­rais francesas difundidas em Portugal, 1822. Seu governo, conhecido como pri­mei­ro rei­nado, não
o descontentamento popular motivado pela grave crise eco‑ chega a representar uma ruptura com o passado. Pertence
nômica que o rei­no portu­guês atravessava (fome e misé­ria) à mesma casa rei­nante da antiga metrópole e é her­dei­ro do
e a tira­nia exercida por Beresford foram as princi­pais cau­sas trono portu­guês. Mantém os privilé­gios das elites agrá­rias,
da Revolu­ção Liberal ou Constitu­cio­nalista (1820). principalmente a conti­nui­dade do regime escravocrata.
Os revolu­cio­ná­rios, apro­vei­tando a au­sên­cia do Mare‑ Aos pou­cos, porém, seu governo assume caráter centralista
chal Beresford que via­jara para o Rio de Ja­nei­ro, ini­ciaram e despótico, o  que desagrada aos interesses provin­ciais.
a revolta na cidade do Porto. Organizaram uma “Junta O Pri­mei­ro Rei­nado dura até a abdica­ção de D. Pedro em
Provisó­ria do Governo Supremo do Rei­no” e processaram favor de seu filho, em 1831.
as e­leições para as Cortes Consti­tuin­tes (para elaborar a
Consti­tuição). Eles preten­diam a constitu­cionaliza­ção do Regime político. Monar­quia constitu­cio­nal (D. Pedro I
país, a expul­são de Beresford, o regresso de D. João VI e a afirmava que “jura­ria a liberal consti­tuição se ela fosse digna
recoloniza­ção do Brasil. do Brasil e do seu imortal imperador”).
D. João VI ao regressar para Portugal deixou seu filho Assem­bleia consti­tuin­te de 1823: a consti­tuição da
D. Pedro de Alcântara (futuro Imperador D. Pedro I) como man­dio­ca. D. Pedro I a dissolve (noi­te da ago­nia) de­pois do
Príncipe‑Regente do Brasil. Na certeza de que a independên­ impasse entre os grupos portu­guês e brasi­lei­ro a res­pei­to
cia do Brasil estava próxima te­ria aconselhado a D. Pedro da sobera­nia (o pri­mei­ro grupo defen­dia que esta ca­bia ao
antes de partir: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja imperador, o segundo, ao poder legislativo).
por ti, que me hás de res­pei­tar, do que para alguns desses A econo­mia brasi­lei­ra não se altera com sua independên­
aventu­rei­ros”. Com o regresso de D. João VI em 1821, o pro‑ cia política: mantém‑se agrá­rio‑exportadora e ba­sea­da no
cesso de independên­cia do Brasil irá se acelerar devido à trabalho escravo. Livre do colo­nia­lismo portu­guês, o  país
política recolonizadora das Cortes. passa in­tei­ramente para a esfera econômica da Inglaterra.
Os ingleses tornam‑se os únicos compradores dos produtos
Brasil Impé­r io – (1822-1898) primá­rios brasi­lei­ros e os princi­pais fornecedores de bens
manufaturados. A  partir do século XIX, o  café começa a
A Província de Pernambuco no I e II Reinado: ser plantado na re­gião Sudeste do país e desenvolve‑se
rapidamente no Rio de Ja­nei­ro, sudeste de Minas e em São
Pernambuco no contexto da Independência Pau­lo. Entre 1820 e 1830, já é responsável por 43,8% das
do Brasil; Movimentos Liberais: Confederação exporta­ções brasi­lei­ras, o e­qui­valente a uma venda a­nual de
do Equador e Revolução Praieira; O tráfico cerca de 3 mil­hões de sacas de 60 kg. O vale do rio Pa­raí­ba,
transatlântico de escravos para terras em São Pau­lo e Rio de Ja­nei­ro, torna‑se o principal centro
pernambucanas; Cotidiano e formas de da produ­ção ca­feei­ra: formam‑se as grandes fazendas tra‑
resistência escrava em Pernambuco; Crise da balhadas por escravos e as imensas fortunas dos “ba­rões do
café”, um dos pilares de sustenta­ção do impé­rio até 1889.
Lavoura canavieira; A participação dos políticos A Consti­tuição ou­torgada em 1824 estabele­cia que o
pernambucanos no processo de emancipação/ Brasil te­ria uma monar­quia, hereditá­ria e vitalí­cia, com um
abolição da escravatura executivo forte e centralizador, e existên­cia de um quar­to
poder – moderador – que velava pelo e­qui­lí­brio dos de­mais
Em 1817, Pernambuco tentou proclamar-se indepen‑ (ele era a chave de toda organiza­ção política), na verdade,
dente de Portugal, mas o movimento foi derrotado. A Revo‑ dava ao imperador plenos poderes, voto censitá­rio (com
lução Praeira, em 1848, questionava o regime monárquico, base na renda, somente a elite tinha di­rei­to ao voto).
e já pregava a República. Joaquim Nabuco, um dos maiores
História

símbolos do Abolicionismo, iniciou a pregação das ideias no Elabora­ção da Consti­tuição. Na Assem­bleia Consti­tuin­
Recife. Os pernambucanos se orgulham de sua participação te que se reuniu pela pri­mei­ra vez em 3 de maio de 1823
altiva na História do Brasil, sempre mantendo altos ideais destacavam‑se os ir­mãos Andradas, elementos do clero,
libertários. juristas e grandes pro­prie­tá­rios ru­rais.

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Desde o iní­cio do trabalho começaram os desentendi‑ Publi­cou‑se um manifesto convidando ou­tras Provín­
mentos entre os deputados consti­tuin­tes e o Imperador. cias do Norte e Nordeste a aderirem ao movimento. Cea­
Este, na abertura da ses­são, disse que defende­ria a Pá­tria rá, Rio Grande do Norte e Pa­raí­ba juntaram‑se à cau­sa.
e a Consti­tuição desde que “fosse digna dele e do Brasil”. A Confedera­ção do E­qua­dor ado­tou o regime republicano e
Ha­via também divergên­cias entre os libe­rais radi­cais, proviso­ria­mente utili­zou a Consti­tuição da Colôm­bia. O nome
partidá­rios de uma consti­tuição liberal que limitasse os dado ao movimento veio do fato de a re­gião rebelde estar
poderes do Imperador e concedesse maior au­tono­mia às próxima à linha do E­qua­dor.
Provín­cias (Federalismo) e os “Conservadores”, tendo à A deci­são dos líderes rebeldes de abolir o tráfico de
frente José Bonifá­cio, que desejavam a limita­ção do di­rei­to escravos causou a separa­ção da Aristocra­cia Rural, que no
ao voto e uma centraliza­ção política rigorosa. iní­cio ha­via a­poia­do o movimento. Tais divi­sões internas
Os ir­mãos Andradas (José Bonifá­cio, Martim Francisco facilitaram a repres­são organizada pelo governo central.
e Antô­nio Carlos) entraram em cho­que com as tendên­cias A repres­são foi vio­lenta: os Almirantes Cochrane e Taylor
absolutistas e au­toritá­rias do Imperador (D. Pedro I), passan‑ (por mar) e o Briga­dei­ro Lima e Silva (por terra) cercaram e
do para a oposi­ção. Através de seus jor­nais o “Ta­moio” e o derrotaram os revolu­cio­ná­rios, sendo dezes­seis deles fuzi‑
“Sentinela da Liberdade” atacaram vio­lentamente o governo. lados (Frei Caneca, Padre Mororó etc).
Não admitindo a limita­ção de seus poderes, conforme Para submeter os revoltosos, que tinham pego em armas
o anteprojeto constitu­cio­nal de Antô­nio Carlos, D. Pedro I para defender suas i­deias, D. Pedro en­via a Pernambuco
decre­tou a dissolu­ção da Assem­bleia Constituin­te. 1.200 homens, sob o Comando de Francisco Lima e Silva, pai
Denomi­nou‑se “Noi­te da Ago­nia” (11/11/1823) o dia que do futuro Du­que de Ca­xias. O blo­queio de Recife é fei­to por
antece­deu o fechamento (a dissolu­ção) da Assem­bleia Consti­ Lorde Cochrane, que castiga vio­lentamente a cidade através
tuin­te, por ordem de D. Pedro I, através do uso das armas. de se­gui­dos bombardeios. De­pois disso, é que Francisco Lima
A reação a esta medida foi a Confedera­ção do E­qua­dor (1824). e Silva entra vitorio­so em Recife: a popula­ção civil, sob as
A pri­mei­ra Consti­tuição Brasi­lei­ra é datada de 25 de balas dos can­hões, estava já perecendo de fome, sem remé­
março de 1824. Ela foi elaborada por um Conselho de Estado dios em muni­ção.
e, de­pois, ou­torgada por D. Pedro I. Vá­rios revolu­cio­ná­rios são presos, mas o chefe do mo‑
vimento conse­gue refu­giar‑se em um na­vio inglês. A se­guir
Confedera­ção do E­qua­dor as ou­tras provín­cias a­lia­das ao levante foram obrigadas a se
render: Pa­raí­ba, Cea­rá e Rio Grande do Norte.
Em 1824, Pernambuco, com o a­poio de vá­rias províncias
Frei Caneca deve­ria morrer na forca, mas nem os carras‑
do nordeste, levanta‑se contra a monar­quia e promove uma
cos nem os presos comuns das ca­deias queriam inforcá‑lo.
revolu­ção que chega até a proclamar a República, com o
Lima e Silva ordena, en­tão, que o amarrem e o fuzilem.
nome de Confedera­ção do E­qua­dor. Movimento republicano
Quan­do é dada a ordem de atirar, um dos soldados, João
e separatista liderado por frei Caneca no Nordeste e que foi
da Palma, atacado de forte emo­ção, cai morto. “Milagre!
duramente reprimido. Foi um movimento revolu­cio­ná­rio de Milagre!” – gritam mui­tos. Mas mesmo assim, o reli­gio­so
caráter liberal e republicano, que de certa forma consti­tui‑se não escapa da morte.
num prolongamento da Revolu­ção Pernambucana de 1817. Dian­te da vio­lenta repres­são desenca­dea­da, eviden­cia­
Figuras como Frei Caneca (principal líder), Ci­pria­no va‑se o absolutismo de D. Pedro. Essa foi uma das grandes
Barata e Ma­nuel de Carvalho Paes de Andrade, que já ha­ ra­zões da perda de prestí­gio do imperador, que culmi­nou
viam participado da Revolu­ção Pernambucana de 1817, com a abdica­ção, em 1831.
divulgavam as i­deias libe­rais, republicanas, antilusitanas e
federalistas. A cau­sa ime­dia­ta da revolta foi a no­meação, por Crise econômica
D. Pedro I, de Francisco Paes Barreto como novo Presidente Desligado do monopó­lio portu­guês, o  país passa a
da Provín­cia. depender da Grã‑Bretanha. Conti­nua a exportar produtos
O chefe deste movimento foi Ma­nuel Carvalho Paes de básicos e não expande atividades comer­ciais e indus­triais
Andrade, mas sua principal figura aca­bou sendo o Frei Joa‑ urbanas. Antes mesmo da independên­cia, prenun­cia‑se
quim do Amor Divino Caneca, um frade carmelita. Ardoroso uma forte crise econômica; a partir de 1820, tem iní­cio um
antimonar­quis­ta, Frei Caneca utilizava‑se de suas crônicas processo de desvaloriza­ção dos preços do algo­dão, do ca­cau
em um jornal de Recife para atacar vio­lentamente o impe‑ e do açúcar, em conse­quência de redu­ção das exporta­ções.
rador e defender a separa­ção das provín­cias do nordeste Em 1828, o Banco do Brasil abre falên­cia e, no ano se­guin­
do resto do Brasil. te, é li­qui­dado ofi­cial­mente. O tabaco perde seu principal
Suas cau­sas foram: mercado, a África, em ra­zão das pres­sões inglesas para o
• o fechamento da Assem­bleia Consti­tuin­te (mui­tos fim do tráfico de escravos. A crise prolonga‑se até 1840 e
representantes eram do Nordeste) e a ou­torga da acirra‑se durante a Guer­ra Cisplatina. Só é superada com o
Consti­tuição de 1824; crescimento da la­vou­ra ca­feei­ra no Sudeste.
• a difícil si­tuação econômica que o Norte e o Nordeste
atravessavam devido à crise da la­vou­ra tradi­cio­nal Crise no governo de D. Pedro I (1831)
da cana, do algo­dão e do fumo; A crise da econo­mia agrá­rio‑exportadora que explo‑
• os pesados impostos; de durante o pri­mei­ro impé­rio, a  vio­lenta repres­são à
• a submis­são política das Provín­cias ao Rio de Ja­nei­ro Confedera­ção do E­qua­dor, em 1824, e a perda da provín­cia
(o Imperador era quem no­mea­va os Presidentes das cisplatina dimi­nuem o prestí­gio do imperador. Na Câmara
Provín­cias). dos Deputados, surge uma oposi­ção aberta a D.  Pedro,
representada pelos libe­rais moderados. Eles defendem um
As i­deias revolu­cio­ná­rias eram difundidas por jor­nais legislativo mais forte em detrimento do poder do imperador,
História

como “Tifis Pernambucano”, dirigido por Frei Caneca, e o mas que­rem manter a centraliza­ção político‑administrativa
“Sentinela da Liberdade na gua­rita de Pernam­buco”, de do impé­rio. Os  libe­rais federalistas, também conhecidos
Ci­pria­no Barata. Uma junta governativa assu­miu o poder como democratas, reú­nem mui­tos profis­sionais libe­rais e
(2/7/1824), che­fia­do por Paes de Andrade. comer­cian­tes. Rei­vindicam uma participa­ção política mais

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ampla e um e­qui­lí­brio de poderes entre o governo central e cuária gaúc­ha, como o char­que, cou­ros e sebos provocam
as provín­cias. Alguns defendem i­deias republicanas. constantes protestos dos estan­ciei­ros do rio grande do sul.
O problema principal era que o Brasil pos­suía uma so­ Eles aproximam‑se dos políticos libe­rais que, nas e­leições
cie­dade extremamente heterogê­nea, na qual os diversos de 1834, obtêm a maioria na assem­bleia provin­cial. Em 20
grupos disputavam o poder (entre estes diversos grupos de de setembro de 1835, o deputado federalista e coronel das
elite só ha­via um denominador comum: a manuten­ção da milí­cias Bento Gonçalves da Silva de­põe o presidente da
escravi­dão). provín­cia, Antô­nio Fernandes Braga. A rebe­lião ganha ade­são
Os problemas enfrentados por D. Pedro I a partir de popular e o movimento evo­lui para posi­ções separatistas e
1825 que levaram‑no à abdica­ção foram: envolvimento do republicanas.
imperador em problemas dinásticos em Portugal gerando República de Piratini: em ou­tubro de 1836, os legalistas
críticas; derrota na Guer­ra da Cisplatina (1828); queb­ra do derrotam os farrapos na batalha de fanfa. Bento Gonçalves
Banco do Brasil; endividamento com a Inglaterra para com‑ é preso e en­via­do para o forte do mar, na Ba­hia. A guer­ra
pra da independên­cia; renova­ção do tratado de comér­cio conti­nua. Em 6 de novembro, os  rebeldes proclamam a
com a Inglaterra (1827); e imposi­ção do Ministé­rio dos Mar­ república na localidade de Piratini. Bento Gonçalves, ain­
que­ses composto só por portu­gue­ses em 1831. da preso, é indicado presidente. Em setembro, Gonçalves
Em 1831, os  confrontos entre as diferentes fac­ foge da pri­são na Ba­hia com o a­poio dos federalistas lo­cais,
ções políticas de oposi­ção ao imperador se intensificam. regressa ao rio grande do sul e retoma o comando da luta.
Os partidá­rios de D. Pedro ganham a ade­são dos portu­gue­ses O movimento republicano se expande para Santa Catarina.
residentes no Brasil e es­tou­ram distúr­bios em vá­rias provín­ Em julho de 1839, com o au­xí­lio do refu­gia­do ita­lia­no Giu­
cias. O mais sé­rio ocorre no Rio de Ja­nei­ro e fica conhecido seppe Garibaldi, os farrapos con­quis­tam laguna e proclamam
como a Noi­te das Garrafadas. Em 12 de março de 1831, a república Ju­lia­na.
portu­gue­ses e brasi­lei­ros atracam‑se nas ruas durante um Longa resistên­cia:  a guer­ra dos farrapos dura dez anos
ato de desagravo a D. Pedro, com mui­tos feridos para os e é a mais longa revolu­ção da histó­ria do país. Pela pri­
dois lados. Protestos e novos conflitos se reproduzem nas mei­ra vez, as  tropas impe­riais enfrentam um movimento
semanas se­guin­tes. militar organizado e com bases populares formadas em sua
Pres­sio­nado, D. Pedro no­meou um ministé­rio mais maioria por homens livres – daí sua longa resistên­cia. De‑
liberal, o Ministé­rio dos Brasi­lei­ros. No dia 5 de abril, por vido às constantes guer­ras de fron­tei­ras, os sulistas já têm
se recusar a reprimir manifesta­ções populares, o  novo expe­riência militar. Os rebeldes am­pliam ain­da mais suas
ministé­rio foi demitido. For­mou‑se en­tão o Ministé­rio dos forças, oferecendo liberdade para os escravos que aderem
Mar­que­ses, integrado por portu­gue­ses. A reação não se fez ao movimento.
esperar. O povo enfurecido reuniu‑se no Campo da Aclama­ Tratado de paz: com a maio­ridade de D. Pedro II, em
ção, a­tual Campo de Santana. Até mesmo a guar­da pes­soal 1840, é oferecida anis­tia aos revoltosos. Embora em des‑
do imperador ade­riu à manifesta­ção. Não restava a D. Pedro vantagem, eles não a­cei­tam. Em 1842, o Ba­rão de Ca­xias,
mais nada a fazer a não ser abdicar. Luís Alves de Lima e Silva, é encarregado de pacificar a re­
Pres­sio­nado e sem a­poio, D. Pedro abdica do trono em gião. Só conse­gue a paz quan­do o general uru­guaio Ma­nuel
7 de abril de 1831 em favor de seu filho Pedro. Seu ato tem Oribe ataca o sul da provín­cia. Entre dois fogos, os farrapos
a­poio na consti­tuição: em caso de vacân­cia, o trono deve ser assinam o tratado de ponche verde, em 28 de feve­rei­ro de
ocupado pelo parente mais próximo do soberano. Como o 1845. Obtêm anis­tia para os revoltosos, sua incorpora­ção
às forças do exército com patente de ofi­cial para os líderes
príncipe Pedro tem apenas 5 anos,é formada uma regên­cia
e liberdade para os escravos rebeldes.
tríplice provisó­ria para administrar o País.
O movimento popular liderado pela aristocra­cia e com
Cabanagem – PA (1836-37)
o a­poio das tropas le­vou D. Pedro I a abdicar, no dia 7 de
No Pará, a difícil si­tuação econômica e os conflitos da
abril de 1831, ao trono brasi­lei­ro, em favor de seu filho D.
elite local com os governadores no­mea­dos pelo Rio de Ja­
Pedro II (com 5 anos), dei­xando José Bonifá­cio como tutor
nei­ro são os motivos que levam à eclo­são de uma vio­lenta
do mesmo (futuro D. Pedro II). rebe­lião em 1835. Os revoltosos apresentam propostas de
Segundo Teó­filo Otoni, o 7 de abril (dia da renún­cia de grande apelo popular, como a distri­buição de terras e o fim
D. Pedro I) foi a “Jornada dos Logrados”, pois tanto o povo da escravi­dão. São a­poia­dos pela popula­ção mais pobre da
como as tropas foram enganados pela aristocra­cia, que não provín­cia: negros libertos, mestiços e ín­dios que vivem em
aten­deu a nenhuma de suas rei­vindica­ções. pe­que­nas cabanas à bei­ra dos rios – origem do nome Ca‑
banagem. Entre seus líderes destacam‑se: o cônego Batista
O Pe­río­do Regen­cial (1831-1840) de Campos, os jornalistas Fer­rei­ra Lavor e E­duar­do Angelim,
o fazen­dei­ro Félix Clemente Malcher e pe­que­nos si­tian­tes
Pri­mei­ra expe­riência republicana brasi­lei­ra como os ir­mãos Francisco e Antô­nio Vinagre. Os conflitos
O Pe­río­do Regen­cial começa em 1831, com a abdica­ção entre os líderes cabanos animam a reação do governo.
de D. Pedro I, e estende‑se até 1840, quan­do D. Pedro II é Mercená­rios ingleses sob o comando de Ma­noel Jorge Rodri­
a­cei­to como maior de idade. É uma das fases mais contur‑ gues são en­via­dos para combatê‑los.
badas da histó­ria brasi­lei­ra e de grande vio­lên­cia so­cial. Governo popular: a resposta dos cabanos é vio­lenta.
A menoridade do príncipe her­dei­ro acirra as disputas pelo Em 14 de agosto de 1835, con­quis­tam Belém, instalam um
poder entre as diferentes fac­ções das elites. Pela pri­mei­ra governo popular liderado por E­duar­do Angelim, proclamam a
vez no país, os chefes de governo são e­lei­tos por seus pares. independên­cia do Pará e a república. Essa data é considerada
Os brasi­lei­ros pobres continuam alijados da vida política da o principal marco da revolta. O governo popular expro­pria
na­ção. As revoltas regionais, os motins militares e os levantes comer­cian­tes, distri­bui alimentos e perse­gue os grandes pro­
populares são vio­lentamente reprimidos. prie­tá­rios ru­rais. Em abril de 1836, uma força militar legalista
História

cerca Belém. Em 13 de maio, os cabanos se retiram para o


Guer­ra dos Farrapos – RS (1835-45) inte­rior, onde resistem por mais qua­tro anos. Entre 1837 e
Os impostos territo­riais cobrados pelos governos da 1840 morrem 30 mil homens, correspondente a dois terços
regên­cia e as altas taxas sobre os produtos da agrope­ da popula­ção mas­culina da provín­cia.

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Sabinada – ba (1837) até 15 de novembro de 1889, com a ins­tau­ra­ção da república.
A Guer­ra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, estimula É um pe­río­do de consolida­ção das insti­tuições na­cionais e
manifesta­ções de libe­rais exaltados, os far­rou­pilhas, em vá­ de desenvolvimento econômico. Em sua pri­mei­ra fase, entre
rios pontos do país. Na Ba­hia, em setembro de 1837, eles 1840 e 1850, o  país passa por uma sé­rie de redefini­ções
organizam a fuga do líder gaúc­ho Bento Gonçalves, preso internas: repres­são e anis­tia aos movimentos rebeldes e
em Salvador. Dois meses de­pois, quan­do o governo começa separatistas; reor­denamento do cená­rio político em bases
o recrutamento compulsó­rio de tropas para combater os bipartidá­rias, introdu­ção de práticas parlamentaristas ins‑
far­rou­pilhas no sul, os libe­rais baia­nos sublevam‑se. O mo‑ piradas no modelo britânico; reor­ganiza­ção da econo­mia
vimento eclode em 7 de novembro de 1837, sob a liderança pela expan­são da ca­fei­cultura e normaliza­ção do comér­cio
do médico Francisco Sabino da Rocha Viei­ra. Os revoltosos exte­rior, principalmente com o Rei­no Unido.
tomam o forte de São Pedro, em Salvador, obrigando as au­ O Golpe da Maio­ridade (1840): golpe liberal para afastar
toridades a se refu­gia­rem no recôncavo baia­no. o regente A­raú­jo Lima. Nas e­leições que ocorrem no mesmo
Segunda República Baien­se: em Salvador, a popula­ção ano em que os libe­rais são vito­rio­sos, o ministé­rio conser‑
sublevada ins­tau­ra a república baien­se, fato que já ocorrera vador conti­nua no poder ao dissolver a câmara (e­leições
em 1798, durante a Conjura­ção Baia­na. Em 13 de março de do cacete).
1838, de­pois de qua­se cinco meses de governo revolu­cio­ná­ A res­tau­ra­ção da ordem e a pacifica­ção do Brasil (1840-
rio, as forças legalistas recon­quis­tam Salvador. 48): nesse pe­río­do, graças à a­ção do poder moderador, foram
pacificados os dois últimos movimentos libe­rais (descentra‑
Ba­laia­da  – ma (1838-39) lizadores): as revoltas de mg e sp em 1842 (movimento de
Deflagrado no maran­hão no final de 1838, o movimento elite) e a praiei­ra de 1848 em pe (movimento que atinge
ganha o nome de um de seus líderes, Ma­nuel Francisco dos as camadas populares). Transa­ção e conci­liação política: a
Anjos Fer­rei­ra, o ba­laio. Tem sua origem numa rei­vindica­ção implanta­ção do parlamentarismo no Brasil: a partir de 1848,
democrática – a descentraliza­ção das e­leições de pre­fei­tos, as elites conservadoras e libe­rais se conci­liam para garantir
até en­tão sob controle do governo conservador – encabeça‑ o trabalho escravo e o latifún­dio no Brasil.
da pelos libe­rais de São Luís que editam o jornal de oposi­ção A estabilidade foi garantida pelo parlamentarismo às
Bem‑te‑vi. Os combates de rua se ini­ciam quan­do o mestiço avessas. Ao contrá­rio do sistema inglês, no Brasil ca­bia ao
Rai­mundo Gomes Viei­ra Ju­taí invade a pri­são de vila manga imperador no­mear o ministé­rio. Ini­cia‑se, assim, um rodí­zio
para libertar o ir­mão, apri­sio­nado a mando dos conservado‑ no poder, já que quem rei­nava, governava e administrava era
res. Todos os pri­sionei­ros escapam com o a­poio de Cosme, o rei. A política era tratada agora nos gabinetes, não nas ruas.
negro liberto que comanda um qui­lombo de 3 mil escravos A partir de mea­dos do século XIX o país entra num pe­
fugitivos. O episó­dio generaliza o conflito, transformando‑o río­do de normaliza­ção política. Segundo os histo­ria­dores,
numa rebe­lião sertaneja que sacode o Maran­hão, parte do isso resulta da ado­ção do sistema parlamentarista. No Brasil,
Cea­rá e do Piauí entre 1838 e 1841. não se usa a fórmula clássica inglesa – “o rei rei­na, mas não
Governo provisó­rio:  em 1º de ou­tubro de 1839, os ba­ governa” – já que o poder moderador do monarca é mantido.
laios tomam a cidade de Ca­xias e no­meiam uma junta
provisó­ria de governo. Derrotado pelas tropas legalistas Decadên­cia do Impé­rio: as transforma­ções socioeco‑
comandadas por Luís Alves de Lima e Silva, o Ba­rão de Ca­ nômicas visí­veis no país, na segunda metade do séc. XIX,
xias, Gomes se rende. Ba­laio morre em combate e Cosme provocam conflitos de interesses que se encaminham para
refu­gia‑se no ser­tão, de onde passa a liderar ata­ques às o fim da estrutura monár­qui­ca. A instala­ção do Segundo Rei­
pro­prie­dades ru­rais da re­gião. Em 1840, D. Pedro II oferece nado trou­xe para o país um pe­río­do de normalidade institu­
anis­tia aos revoltosos e 2.500 deles a a­cei­tam. Os últimos cio­nal que se estende por mais de qua­renta anos, por­que
rebeldes se entregam em 15 de ja­nei­ro de 1841. Cosme é os dois princi­pais partidos, o Liberal e o Conservador, não
preso e enforcado. tinham i­deo­lo­gia definida, transformando‑se ao saber das
lutas políticas. O revezamento era assegurado pelas e­leições
Golpe da Maio­ridade para a Câmara dos Deputados. As frau­des e­lei­to­rais eram
constantes, favorecendo sempre o grupo que estava no
A política centralista dos conservadores durante o go‑ poder. Vá­rias vezes a Câmara foi dissolvida pelo Imperador.
verno de A­raú­jo Lima estimula revoltas e rebe­liões por todo Centraliza­ção do poder: a partir de 1870, a Monar­quia
o país. As dissidên­cias entre libe­rais e conservadores fazem começa a desgastar‑se. Federalistas, aboli­cio­nistas e positi‑
crescer a instabilidade política. Sentindo‑se a­mea­çadas, vistas a acusam de excesso de centraliza­ção de poder e con‑
as  elites agrá­rias apostam na res­tau­ra­ção da monar­quia vergem pare a solu­ção republicana. O desgaste cresce com
e na efetiva centraliza­ção do poder. Pela Cons­tituição, no as questões reli­gio­sa e militar, que acabam determinando o
entanto, o  imperador é considerado menor de idade até isolamento do monarca com a perda dos a­poios da Igreja e
completar 18 anos. O Clube da maio­ridade, os libe­rais lançam do Exército. O problema final surge com a ade­são declarada
a campanha pró‑maio­ridade de D. Pedro no senado e articu‑ da famí­lia real a liberta­ção dos escravos, o que mina a rela­ção
lam a populariza­ção do movimento no clube da maio­ridade, com os grandes pro­prie­tá­rios de terras, até en­tão sempre
presidido por Antô­nio Carlos de Andrade. A campanha vai às do lado do governo. Esses fatores fazem crescer as i­deias
ruas e obtém o respaldo da opi­nião pública. A Consti­tuição republicanas entre as lideranças políticas.
é atropelada e D. Pedro é declarado maior em 1840, com
apenas 14 anos. O fim do segundo impé­rio
A oposi­ção de tantos setores da so­cie­dade à monar­quia
História

Segundo Rei­nado (1840-89) tor­nou possível o tran­qui­lo sucesso do golpe político que
ins­taurou a república no Brasil.O governo imperial, perce‑
O segundo rei­nado começa em 23 de julho de 1840, bendo, embora tar­dia­mente, a  difícil si­tuação em que se
quan­do D. Pedro II é declarado maior de idade, e estende‑se encontrava com o isolamento da monar­quia, apresen­tou à

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Câmara dos Deputados um programa de reformas políticas, liderança, Deo­doro cerca o edifí­cio, conse­gue a ade­são de
do qual constavam itens como: Flo­ria­no Pei­xoto, chefe da guar­ni­ção que defende o ministé­
• Liberdade de fé reli­gio­sa; rio, e prende todo o gabinete. D. Pedro II, que se encontra
• Liberdade de ensino e seu aper­feiçoa­mento; em Petrópolis, tenta contornar a si­tuação: no­meia um novo
• Au­tono­mia para as provín­cias; ministro, Gaspar Martins, velho inimigo do marechal Deo­
• Mandato temporá­rio para os senadores. doro. A escolha acirra ain­da mais os ânimos dos militares. Na
tarde do dia 15, a câmara dos ve­rea­dores do Rio de Ja­nei­ro,
Entretanto, as  reformas chegaram tarde de­mais. No em ses­são presidida por José do Patrocí­nio, declara o fim da
dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deo­doro da Fon‑ monar­quia e proclama a república. Dois dias de­pois a famí­lia
seca assu­miu o comando das tropas revoltadas, ocupan­do real embarca para Portugal, em sigilo.
o quar­tel‑general do Rio de Ja­nei­ro. Na noi­te do dia 15
consti­tuiu‑se o Governo Provisó­rio da República dos Estados Brasil República (1889 – aos dias a­tuais)
Unidos do Brasil.
Pernambuco Republicano: Voto de Cabresto
Proclama­ção da República
e Política dos governadores; Pernambuco sob
A luta pela ins­tau­ra­ção da República remonta ao pe­
río­do colo­nial, estando presente em episó­dios como a a interventoria de Agamenon Magalhães;
Inconfidên­cia Mi­nei­ra e a Revolu­ção Pernambucana de 1817. Movimentos sociais e repressão durante
De­pois da Inconfidên­cia, ressurgem os i­deais republicanos a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) em
na Confedera­ção do E­qua­dor, em 1824, e na República de Pernambuco; Herança afro-descente em
Piratini, em 1836. Durante o Segundo Rei­nado, os adeptos
Pernambuco; Processo político em Pernambuco
da cau­sa republicana mantêm‑se anônimos durante mais de
trinta anos, apenas emprestando simpa­tia aos movimentos (2001-2015)
revolu­cio­ná­rios do pe­río­do, sem participarem do processo
de forma­ção político‑partidá­ria. No pe­río­do de normalidade Com o advento da República, Pernambuco procura
constitu­cio­nal, passaram a ser apontados como inimigos da ampliar sua rede industrial, mas continua marcado pela
ordem pública, da estabilidade política e da unidade na­cio­ tradicional exploração do açúcar. O Estado moderniza suas
nal, sendo considerados conspiradores. relações trabalhistas e lidera movimentos para o desen‑
No final de 1870, após a Guer­ra do Para­guai e o conse­ volvimento do Nordeste, como no momento da criação da
quen­t e desgaste político do imperador, o  movimento Sudene. A partir de meados da década de 60, Pernambuco
republicano começa a somar forças. O escritor e jornalista começa a reestruturar sua economia, ampliando a rede ro‑
Quin­tino Bo­caiú­va participa ativamente da reda­ção do doviária até o sertão e investindo em pólos de investimento
Manifesto Republicano e o publica no pri­mei­ro número do no interior do Estado. Na última década, consolidam-se os
jornal A república, no Rio de Ja­nei­ro. O texto acaba se trans‑ setores de ponta da economia pernambucana, sobretudos
formando em i­deário básico do movimento, que ganha a aqueles atrelados ao setor de serviços (turismo, informáti‑
ade­são de intelec­tuais, os quais fundam, junto com Bo­caiú­va, ca, medicina) e estabelece-se uma tendência constante de
o Clube Republicano, em 1870, no Rio de Ja­nei­ro, e o Parti‑ modernização da administração pública.
do Republicano Pau­lista, em 26/4/1873, após a Conven­ção
de Itu-SP. A organiza­ção política e econômica do estado repu-
A partir de 1878, os conspiradores recebem a­poio dos blicano
militares descendentes com a Monar­quia. Criam‑se grupos O pe­río­do republicano começa com a derrubada do
favorá­veis à derrubada de D. Pedro II, em Minas Ge­rais e Impé­rio e a Proclama­ção da República, em 15 de novembro
Rio Grande do Sul. O  movimento ganha consistên­cia em de 1889, e se estende até hoje. Costuma ser dividido em
novembro de 1889 com as ade­sões do mal. Deo­doro da cinco fases distintas: Pri­mei­ra República ou República Velha,
Fonseca e do alm. E­duar­do Wandelkolk. O governo impe­rial Era Vargas, Segunda República ou República Liberal Conser‑
prepara a resistên­cia, mas as guar­ni­ções, até en­tão fiéis à vadora, Ditadura Militar e Redemocra­tiza­ção chamada de
Monar­quia, recusam‑se a aderir. Em 5/11/1889, Deo­doro,
Nova República.
no comando das tropas rebeladas do Exército, marcha para
o Campo de Santana, no Rio de ja­nei­ro, onde se reunia o
República Velha (1889-1930)
gabinete do Visconde de Ou­ro Preto, chefe do governo,
Ao longo da República Velha, que é a denomina­
e declara a toda a cúpula do poder central. No mesmo dia
Deo­doro organiza um governo provisó­rio, precedido por ele, ção conven­cio­nal para a histó­ria republicana que vai da
decreta o banimento de D. Pedro II, anun­cia a extin­ção da proclama­ção (1889) até a ascen­são de Getú­lio Vargas em
Monar­quia e insti­tui a república. Dois dias de­pois, a famí­lia 1930, o Brasil conhe­ceu uma se­quência de treze presiden‑
real embarca, em sigilo, para Portugal. tes. O traço mais sa­lien­te dessa pri­mei­ra fase republicana
“O povo assis­tiu bes­tia­lizado a proclama­ção da repúbli‑ encontra‑se no fato de que a política esteve in­tei­ramente
ca”. O estabelecimento da república no Brasil não teve uma dominada pela oligar­quia ca­feei­ra, em cujo nome e interesse
participa­ção popular, o povo jul­gou tratar‑se de uma “parada o poder foi exercido.
militar”. D. Pedro II foi derrubado por um golpe militar arti‑
culado por Benjamim Constant e Deo­doro da Fonseca com Governo Provisó­rio ou República da Espada (1889-
a­poio da elite agrá­ria. 1891)
História

O golpe militar para derrubar o governo é preparado Após a Proclama­ção da República foi insti­tuí­do um Go‑
para 20 de novembro. O governo organiza‑se para combater verno Provisó­rio sob a Presidên­cia de Deo­doro da Fonseca.
o movimento. Temendo uma possível repres­são, os rebeldes As princi­pais figuras deste Ministé­rio eram, sem dúvida,
antecipam a data para o dia 15. Com algumas tropas sob sua Rui Barbosa e Benjamin Constant.

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Rea­liza­ções importantes do Governo Provisó­rio Repu‑ Consti­tuição de 1891
blicano: Promulgada pela pri­mei­ra Consti­tuin­te republicana, foi
• no­meação de interventores, espe­cial­mente militares ba­sea­da na Consti­tuição norte‑americana. Extin­guiu todas as
para governar os Estados; formas e insti­tuições monár­qui­cas: Poder Moderador, Conse‑
• dissolu­ção da Câmara e extin­ção da vitali­cie­dade do lho de Ministros, Senado Vitalí­cio e a u­nião da Igreja‑Estado.
Senado; Conce­dia au­tono­mia completa aos Estados para esco‑
• expul­são da famí­lia impe­rial do Brasil; lher seus governos, criar suas forças poli­ciais e organizar
• a liberdade de culto, a separa­ção da Igreja Católica do suas finanças, inclusive podendo dispor de suas pró­prias
Estado; a insti­tuição do casamento civil obrigató­rio; re­cei­tas de exporta­ção.
• a criação da Ban­dei­ra republicana (19 de novembro) Além disso, a nova Consti­tuição ado­tou a organiza­ção do
com o lema “Ordem e Progresso”; Estado em três Poderes – Executivo, Legislativo e Judi­ciário –
• a “Grande Naturaliza­ção”: decre­tou‑se que todo e o voto universal (não obrigató­rio) para maio­res de 21 anos,
estran­gei­ro residente no Brasil passa­ria a ser brasi­ com exce­ção das mulheres, analfabetos, soldados e cabos.
lei­ro, com exce­ção da­que­les que re­que­ressem o O voto não era secreto e tinha de ser declarado em
contrá­rio; público e assinalado em listas. Isso permi­tiu que se desenvol‑
• a elabora­ção da pri­mei­ra Consti­tuição republi­cana; vesse por todo país, en­tão predominantemente rural, uma
• as Provín­cias tornaram‑se Estados, formando o con‑ das maio­res forças políticas da época: a dos coro­néis. Assim,
junto os “Estados Unidos do Brasil”; as oligar­quias re­gionais conse­guiam impor seus interesses
• a crise econômica do “Encilhamento” oca­sio­nada lo­cais e descentralizadores.
pela política finan­cei­ra de Rui Barbosa (Ministro da A prática desse “voto de cabresto” mar­cou todo o pe­río­
Fazenda). Esta política, que consis­tia em fomentar do da República Velha. Desse modo, os coro­néis controlavam
(favorecer) o crédito, através da emis­são de moe­da totalmente as e­leições em sua re­gião (seu “curral e­lei­toral”),
sem lastro‑ou­ro, permi­tiu uma especula­ção desen­ através de efi­cien­tes má­qui­nas e­lei­to­rais que, sistemati‑
frea­da que culmi­nou em grande depres­são (crise); camente, produ­ziam a vitó­ria dos candidatos governistas.
• a sede do governo pas­sou a ser chamar Distrito Federal; A Carta de 1891 estabele­ceu, também, que cada Estado
• a dissolu­ção das Assem­bleias Provin­ciais e das Câma‑ tinha o di­rei­to de fazer empréstimo no exte­rior, decretar
ras Munici­pais. impostos de exporta­ção e elaborar as suas pró­prias Consti­
tuições, desde que não contra­rias­sem a Consti­tuição Federal.
Logo após a proclama­ção da República foi convocada
Nota: Ao término do Governo Provisó­rio foi promulgada
uma Assem­bleia Consti­tuin­te para a elabora­ção da pri­mei­ra
a Consti­tuição de 1891, oca­sião em que Deo­doro da Fonseca
Consti­tuição republicana, datada de 24 de feve­rei­ro de 1891.
e Flo­ria­no Pei­xoto foram e­lei­tos indiretamente para o 1º
O projeto constitu­cio­nal foi redigido por uma comis­são che­
Quadriênio (1891-1894).
fia­da por Rui Barbosa e Saldanha Marinho.
A nova Consti­tuição inspi­rou‑se no modelo norte‑ameri‑
República Oligár­qui­ca (1891-1930)
cano. Segundo a Consti­tuição de 1891, os Estados Unidos do
Na pri­mei­ra República (1889-1930), a  vida política Brasil eram compostos por vinte estados (antigas provín­cias)
restrin­gia‑se às oligar­quias que governavam os estados e o e pelo Distrito Federal, organizados em base republicana,
Brasil como se fossem pro­prie­dades particulares. Assim, já federativa, representativa e presidencia­lista; o sistema
a partir dos pri­mei­ros anos do século XX, sur­giam diversos e­lei­toral estabele­cia que o voto se­ria universal, menos para
movimentos de contesta­ção à política do café com lei­te, analfabetos e aberto.
principalmente nas cidades, que apresentaram grande
crescimento popula­cio­nal no pe­río­do. Coronelismo
Em 1880, o Rio de Ja­nei­ro registrava 522 mil habitantes Com os pri­mei­ros presidentes civis a República come­
e, em 1920, já contava com 1,1 mil­hão. São Pau­lo, no mesmo çou a tomar forma. Pela consti­tuição de 1891, garan­tia‑se
pe­río­do, apresen­tou um crescimento popula­cional espeta‑ o sufrá­gio universal – com exce­ção dos analfabetos – e a
cular: de 65 mil atin­giu 580 mil habitantes – qua­se 900%. i­gual­dade de todos perante à lei, assegurando à maioria
No Nordeste as cidades também cresceram: Salvador, por plenos di­rei­tos à participa­ção política. Na prática, porém,
exemplo, no mesmo pe­río­do sal­tou de 175 mil para 288 mil o regime se sustentava em dois pilares básicos: os coro­néis
habitantes. Essa popula­ção, insatis­fei­ta em ser simplesmen‑ do inte­rior, com seus chamados cur­rais e­lei­to­rais, e as oligar­
te um jo­gue­te nas mãos dos coro­néis, queria participar da quias abrigadas nos partidos republicanos, que controlavam
vida política, para que suas rei­vindica­ções fossem ou­vidas o poder em cada Estado.
e atendidas, o que não ocor­ria devido ao domí­nio exercido Essa estrutura coronelística não foi uma inven­ção dos
pelos coro­néis. fundadores da República, mas uma herança do passado
colo­nial que se cristali­zou durante o impé­rio.
A organiza­ção política e econômica do Estado Repu- Foi en­tão que a Guar­da Na­cio­nal, insti­tuí­da em 1831,
blicano reve­lou‑se plenamente como instrumento de poder. Con‑
A partir da proclama­ção da República, o Estado unitá­rio vém lembrar que ela foi cria­da para contrabalançar a a­ção
existente no Impé­rio foi substi­tuí­do pelo Estado federativo. do exército, organizada pelos chefes políticos lo­cais, que
Cada provín­cia do antigo Impé­rio pas­sou a consti­tuir um recrutavam em suas fi­lei­ras homens de toda con­fian­ça, em
Estado, com au­tono­mia para enfrentar seus problemas  – geral empregados ou agregados de suas fazendas. Investi‑
econômicos, políticos, so­ciais, educa­cionais etc.  – e para dos em patentes militares, das quais a mais cobiçada era a
História

fazer suas leis, de acordo com a Consti­tuição. O governo da de coronel, esses chefes lo­cais tinham cobertura legal para
U­nião fi­cou encarregado de tratar dos problemas ge­rais: convocar e armar suas pró­prias milí­cias. A partir da Consti­
manter as rela­ções interna­cionais, organizar a defesa do país, tuição de 1891, o coronel pas­sou a desfrutar de um poder
emitir din­hei­ro, fazer as leis do interesse de todo o país etc. até en­tão desconhecido, por­que a descentra­liza­ção repu‑

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blicana, ao am­pliar espaço para a au­tono­mia dos Estados, esta­duais, favorecendo o atendimento de seus interesses,
transfor­mou‑o em elemento decisivo nas disputas políticas, a consolida­ção de seu poder re­gio­nal e só a­cei­tando como
Por dispor de um e­lei­torado pró­prio, o coronel exer­cia enor‑ representantes no Congresso pes­s oas indicadas pelas
me in­fluência no inte­rior de cada partido. Em decorrên­cia oligar­quias dos Estados. Assim, o Poder Executivo Federal,
disso, o poder político era exercido por grupos oligár­qui­cos controlado por São Pau­lo e Minas Ge­rais, pode contar com
que mantinham sua liderança graças ao a­poio dos coro­néis. sólido a­poio parlamentar. Essa política entre em crise na
Durante a República Velha, essa forma de domina­ção década de 20.
va­riou de Estado para Estado. Mas um aspecto era comum a Foi o controle da política na­cio­nal pelas oligar­quias
todos os grupos oligár­qui­cos: o au­toritarismo com que agrá­rias re­gionais, si­tuação favorecida pela descentra­liza­ção
controlavam o poder, ex­cluin­do a participa­ção política das federativa cria­da com a Consti­tuição de 1891, que conce­dia
camadas bai­xa e mé­dia da so­cie­dade. No Norte, Nordeste e ampla au­tono­mia aos estados. Era a política do “toma lá dá
Centro do país, resu­mia‑se a um restrito grupo de famí­lias. cá” ou “é dando que se recebe”.
Nos Estados mais ricos, a oligar­quia era formada por vá­rios Em cada estado exis­tia, portanto, uma mino­ria (oligar­
grupos, como no Rio Grande do Sul. Minas Ge­rais e São Pau­lo quia) dominante, que, a­lian­do‑se ao governo federal, se
eram controlados pela elite do partido republicano mi­nei­ro e perpe­tua­va no poder. Exis­tia também uma oligar­quia que
pau­lista. O poder era exercido por uma oligar­quia cole­gia­da, dominava o poder federal, representada pelos políticos pau­
no inte­rior da qual se po­diam encontrar diferentes a­lian­ças listas e mi­nei­ros. Essa a­lian­ça entre São Pau­lo e Minas – que
fami­lia­res. O acordo entre essas oligar­quias e os coro­néis eram os estados mais poderosos –, cujos líderes políticos
a­poia­va‑se em uma política de favores, na qual os votos passaram a se revezar na presidên­cia, fi­cou conhecida como
eram trocados por recursos, o que tornava um coronel mais a “política do café com lei­te”.
poderoso que o ou­tro. Para dimi­nuir as crises e adversidades A Comis­são de Verifica­ção. As  peças para o fun­cio­
entre Estados mais ricos e pobres, foi insti­tuí­da, por Campos namento da “política dos governadores” foram, basicamen‑
Sales, a política dos governadores, espé­cie de pacto de poder te, a Comis­são de Verifica­ção e o coronelismo. As e­leições
entre o presidente da República e as oligar­quias esta­duais. na República Velha não eram, como hoje, garantidas por
Nos Estados, os governadores comprome­tiam‑se a eleger uma justiça e­lei­toral. A a­cei­ta­ção dos resultados de um plei­
para o Congresso Na­cio­nal elementos que obedecessem aos to era fei­ta pelo Poder Legislativo, através da Comis­são de
desí­gnios do presidente da República. Em compensa­ção, esse Verifica­ção. Essa comis­são, formada por deputados, é que
não deve­ria interferir nas e­leições esta­duais. O Congresso ofi­cia­lizava os resultados das e­leições.
era en­tão controlado pelo presidente da República por O presidente da República po­dia, portanto, através do
intermé­dio da Comis­são de Verifica­ção de Poderes, formada controle que tinha sobre a Comis­são de Verifica­ção, legalizar
por cinco parlamentares que o presidente da Câmara ha­via qualquer resultado que con­vies­se aos seus interesses, mes‑
escolhido na legisla­ção ante­rior. A fun­ção dessa comis­são mo no caso de frau­des, que, a­liás, não eram raras.
era apontar os deputados e­lei­tos que real­mente deve­riam
tomar posse, não im­portando o número de votos recebidos Política do café com lei­te
por eles, mas sim seu grau de afinidade com a política do‑ É o revezamento político de Minas Ge­rais (PRM) e São
minante em seu Estado. Pau­lo (PRP) no caso da presidên­cia da República. Nome
Forma de a­tuação dos “coro­néis”, grandes pro­prie­tá­rios como fica conhecida a alternân­cia de políticos mi­nei­ros e
de terra que, em cada Estado, controlavam a vida nos municí­ pau­listas na Presidên­cia durante toda a pri­mei­ra República.
pios, mantinham e exer­ciam o poder político. Nas e­leições, É conse­quência da falta de partidos políticos de expres­são
designam os candidatos a serem e­lei­tos (o chamado voto de na­cio­nal capazes de assegurar a organiza­ção republicana: a
cabresto), sufocam aposi­ções e dissidências, praticando, sem tentativa de criação do Partido Republicano Federal tinha
escrúpulos, a frau­de e­lei­toral. O coro­nelismo reforça o poder fracassado. Assim, as elites dos dois princi­pais Estados – São
das oligar­quias e a política dos governadores, que determi‑ Pau­lo, pri­mei­ro produtor de café, base da econo­mia na­cio­
nam os rumos políticos do país. Predomí­nio do mandorismo nal, e Minas Ge­rais, segundo produtor de café e pri­mei­ro de
local na figura de um coronel, exercido principalmente no lei­te – a­póiam‑se em seu poder econômico e a­liam‑se para
meio rural do Brasil a partir da República Velha e, também, eleger seus representantes, exercendo o controle político da
em algumas á­reas urbanas, que para ter a a­cei­ta­ção da na­ção. O pe­río­do passa para a Histó­ria também sob o nome
popula­ção recor­ria a duas insti­tuições: a vio­lên­cia física ou de República Oligár­qui­ca.
mental, e ao assisten­cia­lismo.
Econo­mia na Velha República
Política dos governadores
A “política dos governadores” consis­tia no se­guin­te: o Modelo a­groe­xportador: a América Latina como for‑
presidente da República a­poia­va, com todos os meios ao seu necedora de maté­ria‑prima e consumidora de produtos
alcance, os governadores esta­duais e seus a­lia­dos (oligar­quia indus­tria­lizados vindos da Inglaterra.
esta­dual dominante) e, em troca, os governadores garanti­ Durante a Pri­mei­ra República, a  econo­mia brasi­lei­ra
riam a e­leição, para o Congresso, dos candidatos ofi­ciais. permanece centrada na produ­ção ca­feei­ra, mas avança o
Desse modo, o poder Legislativo, consti­tuí­do por deputados processo de moderniza­ção e diversifica­ção das atividades
e senadores a­lia­dos do presidente  – poder Executivo  –, econômicas. No final do século XIX, os engenhos nordestinos
aprovava as leis de seu interesse. Estava afastado assim o modernizam‑se com a instala­ção de usinas mecanizadas. No
conflito entre os dois poderes. sul do país, as pe­que­nas pro­prie­dades de coloniza­ção estran­
Sistema cujas bases são lançadas por Campos Sales e gei­ra au­mentam sua participa­ção no mercado interno e
História

que consiste no a­poio dado ao governo federal pelas oligar­ externo, com nú­cleos econômicos exportadores de char­que
quias dominantes nos Estados, através de suas bancadas na e erva‑mate. Na re­gião Amazônica, intensifica‑se a explora­
Câmara e no Senado. Em troca, o Executivo compromete‑se ção da borracha, valorizada pela nascente indús­tria au­
a reconhecer au­tomaticamente a legitimidade das maiorias tomobilística. A indús­tria brasi­lei­ra também cresce com capi
­
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tais vindos da ca­fei­cultura ou estran­gei­ros, e expandem‑se exte­rior, compram toda a produ­ção excedente e regulam a
os organismos de crédito. No iní­cio do século, empresas oferta de forma a evitar a que­da dos preços do produto. De
estran­gei­ras instaladas no país, como a anglo‑canadense 1906 a 1909 retiram do mercado 8,5 mil­hões de sacas de
Light & Power e a norte‑americana Bond and Share, am­pliam café. Os empréstimos para pagá‑las chegam a 15 mil­hões
os serviços urbanos de á­gua, luz e transportes. de libras esterlinas. A longo prazo, os e­fei­tos dessa política
são desastrosos: a dívida externa e a infla­ção crescem ain­da
Política econômica: a valoriza­ção do café, a  emis­são mais e a manuten­ção artifi­cial dos preços estimula a produ­
de moe­das e a infla­ção são as questões cen­trais da política ção nos paí­ses concorrentes do Brasil.
econômica da Pri­mei­ra República. A escassez de moe­da, um
problema que surge com a aboli­ção da escravatura e com a Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial e seus e­fei­tos no Brasil
imigra­ção, torna‑se aguda com o cres­cimento do trabalho (1914-1918)
assala­ria­do no campo e na cidade. Em ja­nei­ro de 1890, Rui
Barbosa, ministro da Fazenda do governo provisó­rio de A Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial foi um conflito originado das
Deo­doro da Fonseca, tenta resolver o problema adotando divergên­cias crescentes entre as potên­cias impe­ria­listas,
uma política emis­sio­nista, a pri­mei­ra do país, chamada de o na­cio­nalismo exacerbado e o fortalecimento da Alemanha
Encilhamento. Mais tarde, no governo de Campos Sales, como principal na­ção da Eu­ropa interferindo nos interesses
a superprodu­ção do café dá iní­cio à política de desvaloriza­ de grandes potên­cias como a Rús­sia, França e Inglaterra.
ção da moe­da na­cio­nal, num processo de so­cia­liza­ção das A sucessiva frustra­ção dos objetivos das na­ções eu­ro­peias
perdas dos ca­fei­cultores. contri­buiu para a forma­ção de dois grupos antagônicos:
tríplice a­lian­ça de um lado e tríplice entente de ou­tro (Ale‑
O Crescimento do Mercado Interno: na última década manha, Impé­rio Aus­tro‑Húngaro e Itá­lia X Inglaterra, França
do século XIX, o  mercado de consumo se expan­diu e se e Rús­sia, respectivamente).
transfor­mou estruturalmente devido à implanta­ção do O final da Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial mar­cou o fim da
trabalho livre. hegemo­nia da Eu­ropa no mundo, com o fortalecimento da
Conforme já men­cio­namos, na época da escravi­dão, econo­mia dos EUA, o país tor­nou‑se a pri­mei­ra potên­cia do
os senhores concentravam o poder de compra, já que eles mundo, tomando o lugar antes pertencente aos paí­ses do
ad­quiriam os produtos necessá­rios não apenas para si e velho continente eu­ro­peu.
sua famí­lia, mas também para os escravos. Assim, antes da O Brasil também foi favorecido pelo conflito, pois com
maciça imigra­ção eu­ro­peia, a parte mais importante do mer‑ a impossibilidade de se importar mui­tos produtos indus­tria­
cado de consumo era representada qua­se exclusivamente lizados da Eu­ropa e dos EUA acabaram sendo substi­tuí­dos
pelos fazen­dei­ros. pela produ­ção na­cio­nal, e a dimi­nuição das exporta­ções de
A implanta­ção do trabalho livre emanci­pou não apenas café para os mesmos, ocor­reu uma substi­tuição de importa­
os escravos, mas também os consumidores, pois a interme­ ções. Por ou­tro lado, os  paí­ses em guer­ra precisavam de
diação dos fazen­dei­ros, embora não desaparecesse comple‑ mais alimentos, o  que estimu­lou o surgimento de indús­
tamente, come­çou, gradativamente, a perder importân­cia. trias alimentí­cias, como exemplo pode‑se citar a de carne
Consumidores, com din­h ei­ro na mão, deci­d iam por si congelada.
mesmos o que e onde comprar. Com isso, o  mercado de
consumo se pulveri­zou. Conforme veremos a­dian­te, esse Crise de 1929
crescimento e segmenta­ção do mercado de consumo exer­ A queb­ra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929,
ceu uma pres­são poderosa no sentido da moderniza­ção da tem reflexos desastrosos sobre a econo­mia brasi­lei­ra. Os pre‑
econo­mia brasi­lei­ra. ços interna­cionais do café despencam e os créditos para o
país são cortados. O governo fica sem condi­ções de manter
A tradi­ção da monocultura: entretanto, o principal setor a política de valoriza­ção do café e a si­tuação é agravada pela
da econo­mia – a ca­fei­cultura – conti­nua­va crescendo dentro produ­ção recorde do ano: 30 mil­hões de sacas. Inúmeros
de pa­drões colo­niais. Na verdade, a ca­fei­cultura não apenas fazen­dei­ros vão à ruí­na e multiplicam‑se as falên­cias no
precisava preservar o caráter colo­nial da econo­mia brasi­ comér­cio e na indús­tria. O governo faz crescentes emis­sões
lei­ra, mas também ajudava a mantê‑lo. Como no passado, de moe­da, política que agrava ain­da mais a crise do País e
a econo­mia ca­feei­ra estava in­tei­ramente organizada para enfra­que­ce a hegemo­nia das bur­guesias pau­lista e mi­nei­ra.
abastecer o mercado externo, no qual, por sua vez, ad­quiria Os e­fei­tos da crise foram a retra­ção do mercado consumi‑
os produtos manufaturados de que precisava. dor, suspen­são do finan­cia­mento para a estocagem do café
Esse pa­drão econômico tinha como conse­quência o e exigên­cia da li­qui­da­ção ime­dia­ta dos débitos ante­rio­res.
fraco desenvolvimento tanto da produ­ção de produtos
manufaturados, mesmo os de consumo corrente, quan­to Movimentos e revoltas ru­rais e urbanas durante a
da agricultura de subsistên­cia. República Velha
Com o crescimento do mercado de consumo que se
se­guiu à aboli­ção, as  importa­ções au­mentaram, pois até Guer­ra de Canudos: movimento mes­siâ­nico ocorrido no
produtos alimentí­cios eram trazidos de fora. Nordeste entre 1893 e 1897 e liderado por Antô­nio Consel­
A Política de Valoriza­ção do Café hei­ro. Desesperados com a misé­ria, os habitantes dos ser­
A superprodu­ção do café atinge seu pico na safra de tões costumam se­guir bea­tos e pregadores, organizando‑se
1905 e 1906: são produzidos 22 mil­hões de sacas frente a em comunidades reli­gio­sas. Um desses bea­tos é Antô­nio
uma demanda que não ultrapassa 6 mil­hões de sacas. Para Vicente Mendes Ma­ciel, o Antô­nio Consel­hei­ro, nascido em
História

contornar a si­tuação, os governadores de São Pau­lo, Minas Qui­xeramobim, CE, em 13/3/1830. Em 1874, Consel­hei­ro
Ge­rais e Rio de Ja­nei­ro firmam o Convê­nio de Tau­baté, em aparece na Ba­hia, se­gui­do por alguns fiéis. A partir de 1877,
27 de feve­rei­ro de 1906, e  dão iní­cio à chamada política ganha fama em suas andanças pelo inte­rior da provín­cia, e a
de valoriza­ção do café: con­traem novos empréstimos no Igreja chega a proi­bir suas prega­ções.

17
Em 1893, pela pri­mei­ra vez, seu grupo entra em cho­que forte reação so­cial aos poderosos, coro­néis e au­toridades
com as au­toridades em Bom Conselho, BA. Ao saber da au­ em geral, responsá­veis pela pobreza e pelo abandono das
toriza­ção, dada pelo governo federal, para que os municí­pios comunidades sertanejas.
cobrem impostos, Antô­nio Consel­hei­ro manda arrancar e
quei­mar os edi­tais, fazendo um ser­mão com severas críti‑ A Revolu­ção de 1930: com a escolha do pau­lista Jú­lio
cas ao governo da República, o que lhe vale a acusa­ção de Prestes como candidato ofi­cial à suces­são do também pau­
monar­quis­ta. Obrigados a fugir para o ser­tão, Consel­hei­ro lista Washington Luís, Minas Ge­rais se a­lia ao Rio Grande do
e seus se­gui­dores se estabelecem em Belo Monte, BA, na Sul e à Pa­raí­ba, formando a A­lian­ça Liberal, que escolhe o po‑
fazenda de Canudos. Ali cons­troem sua “cidade santa”, para lítico gaúc­ho Getú­lio Vargas e o pa­rai­bano João Pes­soa como
onde convergem milhares de de­votos. candidatos a presidente e vice. Em torno deles se aglutinam
Em três tentativas contra Canudos (nov. de 1898, jan. velhos e novos inimigos do regime: militares, classes mé­dias
e mar. de 1897) as forças fede­rais saem derrotadas. O fracas‑ urbanas, dissidentes politicamente pelos oposi­cio­nistas.
so dessas campanhas assusta o governo, que organiza nova O assassinato de João Pes­soa precipita os aconteci‑
expedi­ção, reu­nindo 4 mil soldados sob o comando do gen. mentos e, no dia 3 de ou­tubro, es­tou­ra em Porto Alegre a
Artur Oscar Andrade Gui­ma­rães. Os  combates ini­ciam‑se Revolu­ção, sob a liderança civil de Getú­lio Vargas e o co‑
em 25/6/1897 e se prolongam até 1º/10/1897, quan­do as mando militar do cel. Góis Mon­tei­ro. O movimento domina
tropas governamen­tais ocupam Canudos. A luta prosse­gue rapidamente o Rio Grande do Sul, Minas Ge­rais e o Nordeste.
e somente em 5/10/1897, com a morte dos qua­tro últimos Em São Pau­lo, Ba­hia, Pará e Rio de Ja­nei­ro ain­da se tenta
homens de Consel­hei­ro, termina a resistên­cia do ar­raial. organizar uma resistên­cia, mas na madrugada de 24 de ou­
tubro os princi­pais chefes militares intimam Washington Luís
Cangaço: movimento so­cial do inte­rior do Nordeste a dei­xar a presidên­cia. Uma junta militar assume o poder e
brasi­lei­ro, entre o final do século XIX e a pri­mei­ra metade o mantém até transferi‑lo a Vargas.
do século XX. Caracteriza‑se pela a­ção vio­lenta de grupos A Junta militar Integrada pelos comandantes do Exér‑
armados de sertanejos – os canga­cei­ros – e pelos confrontos cito, Tasso Fragoso e Mena Barreto, e  da Marinha, I­saías
com o poder dos coro­néis, da polí­cia, dos governos esta­dual Noronha, os três do Rio de Ja­nei­ro, tomam o poder de­pois
e federal. de desti­tuir o presidente Washington Luís, com o objetivo
Os canga­cei­ros percorrem os ser­tões do Nordeste, as‑ de acabar com a política do café com lei­te. Governa até
saltam via­jantes nas estradas, invadem pro­prie­dades, pilham 3/11/1930, pois os militares não são a­cei­tos pelos parti‑
os vilarejos e aterrorizam os po­voa­dos. Em grande parte cipantes da Revolu­ção de 30 e são obrigados a entregar o
derivam de antigos bandos de jagunços – tropas particulares poder a Getú­lio Vargas.
de grandes pro­prie­tá­rios – que passaram a a­tuar por conta Hou­ve mui­tos que consideraram um exagero retórico o
pró­pria. Desenvolvem táticas de ata­que e despistamento, uso do termo revolu­ção para designar o ocorrido em 1930.
criam lideranças e até uma nova imagem, marcada pelo Na rea­lidade, segundo esse ponto de vista, a Revolu­ção de
colorido vivo das rou­pas, pelos adereços de cou­ro e por 1930 nada mais te­ria sido se­não um golpe que deslo­cou do
atos de coragem e bravura nos constantes embates com as poder de Estado um setor da oligar­quia brasi­lei­ra, para dar
volantes – pelo­tões da polí­cia en­via­dos para sua perse­guição. lugar a um ou­tro setor dessa mesma oligar­quia.
Canga­cei­ros:  consta que o pri­mei­ro canga­cei­ro te­ria Evidentemente que a Revolu­ção de 1930 não pode ser
sido o Cabe­lei­ra (José Gomes), líder sertanejo que a­tuou em comparada à Revolu­ção francesa de 1789 ou à Revolu­ção
Pernambuco no final do século X­VIII. Mas é um século mais russa de 1917. Ela não foi programada para produzir ime­dia­
tarde que o cangaço ganha força e prestí­gio, principalmente tas e radi­cais mudanças na estrutura so­ciop­ro­dutiva do País.
com Antô­nio Silvino, Lam­pião e Corisco. Antô­nio Silvino Decor­reu, sobretudo, do e­fei­to dos limites a que che­gou a
(Ma­nuel Batista de Mo­rais) começa a a­tuar em Pernambuco política econômica de prote­ção do café ante à vio­lenta crise
em 1896, passando de­pois ao Rio Grande do Norte, onde é do capitalismo mun­dial.
preso e condenado em 1918. Lam­pião (Virgulino Fer­rei­ra Assim vista, a Revolu­ção de 1930 inscreve‑se na vaga
da Silva), filho de um pe­que­no fazen­dei­ro de Vila Bela, a­tual de instabilidade política que to­mou conta da América Latina
Serra Talhada, em Pernambuco, envolve‑se em disputas de na década de 30, a qual produ­ziu grandes agita­ções e gol‑
terras da famí­lia e, no iní­cio dos anos 20, embrenha‑se no pes militares no Peru (1930), na Argentina (1930), no Chile
ser­tão à frente de um grupo de canga­cei­ros. Do Cea­rá até a (1931), no Uru­guai (1933), em Cuba (1933) e nas repúblicas
Ba­hia, o bando de Lam­pião enfrenta os coro­néis e as polí­ centro‑americanas, no mesmo pe­río­do.
cias esta­duais; às vezes, também é chamado para combater O que não significa dizer, no entanto, que a Revolu­ção
os adversá­rios do governo. Valente, de hábitos refinados e, de 1930 não tenha sido importante para o nosso passado.
desde 1930, acompanhado de Ma­ria Bonita, Lam­pião – ou Pelo contrá­rio. A Revolu­ção de 1930 foi decisiva para a mu‑
Capi­tão Virgulino – torna‑se uma figura conhecida no país dança de rumos da histó­ria brasi­lei­ra. Ao afastar do poder
e até no exte­rior. Implacavelmente caçado, é encurralado os fazen­dei­ros do café, que o vinham controlando desde
e morto em seu refú­gio de Angicos, uma fazenda na re­gião o governo de Prudente de Mo­rais, em 1894, pavimen­tou
do Raso da Catarina, na divisa entre Sergipe e Ba­hia, em o caminho para uma significativa reorien­ta­ção da política
1938. Um de seus amigos mais íntimos, Corisco (Cris­tia­no econômica do país.
Gomes da Silva), o Dia­bo Lou­ro, prosse­gue na luta contra Tendo cortado o cor­dão umbilical que u­nia o café às
as forças poli­ciais da Ba­hia para vingar a morte do Rei do deci­sões governamen­tais atinentes ao conjunto da econo­
Cangaço, morrendo em tiro­teio com uma volante em 1940. mia e da so­cie­dade brasi­lei­ras, a  Revolu­ção ense­jou uma
O cangaço chega ao fim. dinamiza­ção das atividades indus­triais. Até 1930, os impulsos
História

Lenda popular:  apesar do banditismo espalhado pelo indus­tria­listas derivavam do desempenho das exporta­ções
ser­tão afora e do temor levado às pes­soas mais pobres agrícolas. A partir de 1930, a indús­tria passa a ser o setor mais
dos vilarejos, o cangaço vira lenda no Nordeste e em todo presti­gia­do da econo­mia, concorrendo para importantes
o país. Nele, ao lado da atividade criminosa, manifesta‑se mudanças na estrutura da so­cie­dade.

18
Intensifica‑se o fluxo migrató­rio do campo para os cen‑ do café, crian­do, em 1931, o  Conselho Na­cio­nal do Café;
tros urbanos mais indus­tria­lizados, notadamente São Pau­lo e, em 1º/6/1933, implanta o IAA com a fun­ção de definir e
e Rio de Ja­nei­ro, que, adi­cio­nado ao crescimento vegetativo comandar a econo­mia cana­viei­ra, controlando produ­ção,
da popula­ção, propor­cio­na uma maior oferta de mão de comér­cio. Exporta­ção e preços do açúcar e do ál­cool de cana.
obra e o au­mento do consumo. Entre 1929 e 1937 a taxa
de crescimento indus­trial foi da ordem de 50%, tendo‑se A Revolu­ção Constitu­cio­nalista (1932): a pretexto de
verificado, no mesmo pe­río­do, a criação de 12.232 novos democratizar e constitu­cio­nalizar o país, os ca­fei­culto­res de
estabelecimentos indus­triais no país. SP tentaram voltar ao poder. Foram duramente reprimidos.
Desse modo, independentemente das origens so­ciais e Vargas, numa atitude claramente populista, conci­lia‑se com
das motiva­ções mais ime­dia­tas dos revolu­cio­ná­rios, não há os vencidos: no­meia pau­listas para cargos chaves e mantém
dúvida de que a Revolu­ção de 1930 consti­tuiu uma ruptura a política de valoriza­ção do café.
no processo histórico brasi­lei­ro. Denominada Revolu­ção Constitu­cio­nalista, é uma volta
deflagrada no Estado de São Pau­lo contra o governo fede‑
Era Vargas (1930-1945) ral. Resulta da fu­são entre o Partido Republicano Pau­lista,
derrotado pela Revolu­ção de 1930, e o Partido Democrático,
O que não significa dizer, no entanto, que a Revolu­ção ambos favorá­veis à ime­dia­ta convoca­ção de uma Assem­bleia
de 1930 não tenha sido importante para o nosso passado. Na­cio­nal consti­tuin­te e ao fim das intervento­rias nos Estados.
Pelo contrá­rio. A Revolu­ção de 1930 foi decisiva para a mu‑ Tem à frente a oligar­quia ca­feei­ra, que não a­cei­ta sua
dança de rumos da histó­ria brasi­lei­ra. Ao afastar do poder marginaliza­ção do poder e tenta resgatar sua hegemo­nia
os fazen­dei­ros do café, que o vinham controlando desde política. Conta com o a­poio da classe mé­dia, que se mobiliza
o governo de Prudente de Mo­rais, em 1894, pavimen­tou também pela constitu­cio­naliza­cão do país, promovendo
o caminho para uma significativa reorien­ta­ção da política manifesta­ções que resultam em incidentes vio­lentos, como
econômica do país. o deflagrado em 23/5/1932 quan­do qua­tro jovens perdem
Tendo cortado o cor­dão umbilical que u­nia o café às a vida em cho­que com forças do governo. São eles: Má­rio
deci­sões governamen­tais atinentes ao conjunto da econo­ Martins de Al­mei­da, Euc­lides Bue­no Mira­gaia, Dráusio Mar‑
mia e da so­cie­dade brasi­lei­ras, a  Revolu­ção ense­jou uma condes de Sou­za e Antô­nio Américo Camargo de Andrade,
dinamiza­ção das atividades indus­triais. Até 1930, os impulsos de cujos nomes sai a sigla revolu­cio­ná­ria MMDC.
indus­tria­listas derivavam do desempenho das exporta­ções Preo­cupado com o rumo dos acontecimentos, Vargas
agrícolas. A partir de 1930, a indús­tria passa a ser o setor marca para o ano se­guin­te as e­leições para a Consti­tuin­
mais presti­gia­do da econo­mia, concorrendo para impor‑ te, mas a medida não conse­gue apazi­guar os ânimos dos
tantes mudanças na estrutura da so­cie­dade. Intensifica‑se pau­listas e, em 9/7/1932, es­tou­ra a revolu­ção. As  forças
o fluxo migrató­rio do campo para os centros urbanos mais pau­listas  – compostas por tropas da Força Pública e um
indus­tria­lizados, notadamente São Pau­lo e Rio de Ja­nei­ro, exército de voluntá­rios sob o comando dos gene­rais Bertoldo
que, adi­cio­nado ao crescimento vegeta­tivo da popula­ção, Klinger e Euc­lides Fi­guei­redo – enfrentam o destacamento
propor­cio­na uma maior oferta de mão de obra e o au­mento do Exército sob a che­fia do general Pedro Au­ré­lio de Góis
do consumo. Entre 1929 e 1937 a taxa de crescimento indus­ Mon­tei­ra em combates que duram até 27/9, quan­do o chefe
trial foi da ordem de 50%, tendo‑se verificado, no mesmo da Força Pública, Herculano de Carvalho, assina a rendi­ção.
pe­río­do, a criação de 12.232 novos estabelecimentos indus­ Dois dias de­pois, Bertoldo Klinger se­gue o exemplo pondo
triais no País. fim às hostilidades.
Desse modo, independentemente das origens so­ciais e Apesar de fracassado, o  movimento contri­bui para
das motiva­ções mais ime­dia­tas dos revolu­cio­ná­rios, não há apressar a elabora­ção da nova Consti­tuição, promulgada
dúvida de que a Revolu­ção de 1930 consti­tuiu uma ruptura em 1934, ano em que o pau­lista Armando de Sales Oli­vei­ra
no processo histórico brasi­lei­ro. é no­mea­do para a intervento­ria do Estado.
Getú­lio implan­tou no País um novo estilo político  – o
populismo – e um modelo econômico ba­sea­do no interven­ Governo Constitu­cio­nal (1934-1937)
cio­nismo estatal objetivando desenvolver um capitalismo Uma das características desse pe­río­do é o surgimento
indus­trial na­cio­nal (processo de substi­tuição de importa­ções). dos pri­mei­ros partidos com caráter i­deo­lógico no País.

Governo Provisó­rio (1930-1934) Consti­tuição de 1934: promulgada em 16/7/1934, teve


Getú­lio Vargas é conduzido ao poder em 3 de novem‑ inspira­ção na Consti­tuição alemã de W­ei­mar, de 1919, e na
bro de 1930 pela Junta Militar que depôs o presidente espanhola de 1931. Am­plia os poderes da U­nião, estenden‑
Washington Luís. Governa como chefe revolu­cio­ná­rio até do suas atri­buições, e limita a a­tuação política do Senado,
julho de 1934, quan­do é e­lei­to presidente pela Assem­bleia incumbindo‑o da coor­dena­ção dos três poderes fede­rais
Consti­tuin­te. O governo provisó­rio é marcado por conflitos entre si. Insti­tui o Conselho de Segurança Na­cio­nal, prevê
entre os grupos oligár­qui­cos e os chamados tenentes que a criação das Justiças E­lei­toral e do Trabalho e do di­rei­to de
a­póiam a Revolu­ção de 1930. Getú­lio Vargas e­qui­libra as voto às mulheres. In­clui, pela pri­mei­ra vez um tópico sobre a
duas forças: atende a algumas rei­vindica­ções das oligar­quias ordem econômica e so­cial. É pou­co res­pei­tada, de um lado por
re­gionais e no­meia representantes dos tenentes para as desinteresse do pró­prio Vargas e, de ou­tro, pela radicaliza­ção
intervento­rias esta­duais. O interventor em São Pau­lo é um de movimentos políticos, com o levante comunista de 1935 e
veterano do movimento tenentista, João Alberto. Para o Rio a revolta integralista. É derrubada pelo golpe de 1937.
Grande do Sul, no­meia Flores da Cunha e para os Estados do
História

Norte‑Nordeste e Espírito Santo é escolhido um supervisor, Governo Constitu­cio­nal: tem iní­cio em julho de 1934
Jua­rez Távora, que fica conhecido como “vice‑rei do Norte”. com a e­leição de Vargas pelo Congresso Constituin­te e ter‑
No plano econômico, suspende o pagamento da dívida mina em 10/11/1937 com o golpe do Estado Novo, quan­do
externa (agosto de 1931); rei­ni­cia a política de valoriza­ção Getú­lio insti­tui novo regime político. De­pois de sufocar a

19
Revolu­ção Constitu­cio­nalista em São Pau­lo, Vargas enfrenta Estado Novo (1937-1945)
novas crises. O crescimento de movimentos de inspira­ção
fascista, encarnados principalmente pela A­ção Integralista A ditadura Vargas, ou Estado Novo, dura oi­to anos. Co‑
Brasi­lei­ra, partido fundado por Plí­nio Salgado em 1932, meça com o golpe de 10 de novembro de 1937 e se estende
propi­cia a u­nião de setores so­cia­listas e libe­rais na forma­ até 29 de ou­tubro de 1945, quan­do Getú­lio é deposto pelos
ção, em 12/3/1935, de uma frente política, a ANL. Com Luís militares. O  poder é centralizado no Executivo e cresce a
Carlos Prestes na sua presidên­cia e sob forte in­fluência do a­ção interven­cio­nista do Estado. As  Forças Armadas pas‑
PCB, a ANL ini­cia uma campanha de agita­ção popular, o que sam a controlar as forças públicas esta­duais, a­poia­das pela
leva Vargas a determinar seu fechamento, em 11/7/1935, polí­cia política de Filinto Müller. Pri­sões arbitrá­rias, tortura
e a prender alguns militantes. e assassinato de presos políticos e deporta­ção de estran­gei­
ros são constantes. Em 27 de dezembro de 1939 é cria­do o
A Intentona Comunista (1935): as contradi­ções sociais Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável
aguçadas com o desenvolvimento indus­trial fortaleceram o pela censura aos meios de comunica­ção, pela propaganda
Partido Comunista. O objetivo do PC era criar a­lian­ças com do governo e pela produ­ção do programa Hora do Brasil.
setores mais progressistas da so­cie­dade, por isso criou a Pe­río­do da ditadura Vargas que começa com o golpe de
A­lian­ça Na­cio­nal Libertadora (ANL) com um programa na­ 10/11/1937 e termina em 29/10/1945 com a deposi­ção de
cio­nalista, antifascista e democrático. Vargas pelos militares. Caracteriza‑se pela centraliza­ção do
Com a repres­são de Vargas à ANL, os  comunistas poder nas mãos do Executivo e na a­ção interven­cio­nista do
passaram a preparar uma insur­reição armada. Devido à Estado nas á­reas so­cial e econômica. O regime é a­poia­do pela
classe mé­dia, bur­guesia e oligar­quias. O opera­ria­do também
não participa­ção popular, a  intentona termi­nou em uma
se sensibiliza com a interven­ção nos sindicatos e com a pro‑
“quar­telada” fracassada liderada por Prestes. Os dois anos
paganda que apresentava Vargas como o “pai dos pobres”.
que se se­gui­ram foram marcados pelo fechamento político
As Forças Armadas passam a controlar também as
(estado de sí­tio) que prenun­cia­va a ditadura que se ini­ciaria
forças públicas esta­duais. Ao seu lado está a polí­cia política
em 1937.
de Felinto Müller, que conti­nua executando pri­sões arbitrá­
rias. São cria­dos o Departamento Administrativo do Serviço
A Ascen­são da I­deo­lo­gia Fascista: a A­ção Integralista
Público, em 1938, e o DIP, em 27/12/1939, responsável pela
Brasi­lei­ra (AIB), liderada por Plí­nio Salgado, foi a expres­são censura aos meios da comunica­ção.
típica do modelo fascista no Brasil. Propunha o culto ao seu
líder e uma retórica agressiva anticomunista e na­cio­nalista. Consti­tuição de 1937: ou­torgada em 10/11/1937. Ela‑
O integralismo a­poiou entu­sias­ticamente o Golpe de 1937, no borada pelo jurista Francisco Campos, a partir das concep­
entanto, Vargas não divi­diu os privilé­gios do poder com a AIB. ções au­toritá­rias dos regimes fascistas eu­ro­peus. Centraliza
o poder político, acaba com o princí­pio de harmo­nia e
A Farsa do Plano Cohen (1937): Getú­lio Vargas simu­lou a independên­cia entre os três poderes, pois o presidente passa
farsa do plano Cohen, de au­to­ria duvidosa. Tratava‑se de um a controlar o Executivo e o Legislativo. Extin­gue os partidos
plano supostamente comunista, que visava ao assassinato políticos, instala o regime corporativo, sob au­toridade direta
de personalidades importantes, a fim de se tomar o poder. do presidente, e insti­tui a pena de morte. Na prática, não
Dian­te da a­mea­ça vermelha, o governo pe­diu o estado de vigora, pois até a deposi­ção de Vargas, em 1945, ele governa
guer­ra e o Congresso conce­deu. por meio de decretos‑leis.
Argumentando a necessidade de se colocar fim às agita­
ções, Vargas decre­tou fim do congresso e anun­ciou a nova As Bases do Regime: o Estado Novo é a­poia­do pelas
consti­tuição. Em 2 de dezembro de 1937, os partidos foram classes mé­dias e por amplos setores das bur­guesias agrá­
dissolvidos. Era o iní­cio do Estado Novo. ria e indus­trial. Rapidamente Vargas am­plia suas bases
populares recorrendo à repres­são e coop­ta­ção dos traba‑
O golpe de 1937: em mea­dos de 1936, o Brasil começa lhadores urbanos: intervém nos sindicatos, sistematiza e
a preparar‑se para as e­leições presiden­ciais marcadas para am­plia a legisla­ção trabalhista. Sua principal sustenta­ção,
1938. O pri­mei­ro candidato lançado é o pau­lista Armando porém, são as Forças Armadas. Durante o Estado Novo elas
de Sales Oli­vei­ra, a­poia­do pelo governador gaúc­ho José são rea­parelhadas com modernos armamentos comprados
Antô­nio Flores de Cunha, por fac­ções políticas de ou­tros no exte­rior e começam a intervir em setores considerados
Estados e pela U­nião Democrática Brasi­lei­ra. Vargas consi‑ fundamen­tais para a segurança na­cio­nal, como a siderur­gia
dera a­mea­çadora a articula­ção e vai buscar a­poio nas Forças e o petró­leo. A burocra­cia estatal é ou­tro ponto de a­poio:
Armadas. Conse­gue a ade­são dos gene­rais Góis Mon­tei­ro cresce rapidamente e abre empregos para a classe mé­dia.
e Eu­rico Gaspar Dutra, que montam o es­que­ma para um Em 1938, Vargas cria o Departamento Administrativo do
golpe conti­nuís­ta. Serviço Público (DASP), encarregado de unificar e ra­cio­nalizar
Como pretexto, o general Góis Mon­tei­ro anun­cia, em o aparelho burocrático e organizar concursos para recrutar
30/9/1937, a descoberta pelo Estado‑Maior do Exército de novos fun­cio­ná­rios.
um projeto comunista que esta­ria planejando a tomada do
poder por meio da vio­lên­cia, denominado Plano Cohen. Com A Ditadura: os partidos foram suprimidos, o legisla­tivo
isso, em 1º/10/1937, Vargas solicita e conse­gue au­toriza­ção suspenso, a  censura estabelecida pelo Departamento de
do Congresso para a decreta­ção de estado de guer­ra por Imprensa e Propaganda (DIP), centralizaram‑se as fun­ções
noventa dias. Em 10 de novembro, determina o fechamento administrativas através do Departamento de Administra­ção
do Congresso, no­meia intervento­res para todos os Estados, do Serviço Público (Dasp), as liberdades civis dei­xaram de
ou­torga nova Consti­tuição, extin­gue os partidos políticos existir.
História

e suprime as liberdades indivi­duais. Só um ano mais tarde


descobre‑se que o Plano Cohen era uma frau­de elaborada Fim do Estado Novo
pelo general Olím­pio Mourão Filho para criar um clima de A crescente vio­lên­cia poli­cial, a censura do DIP aos meios
terror entre a popula­ção e justificar o golpe. de comunica­ção e a derrota do nazi‑fascismo na Eu­ropa

20
desgastam o regime de Vargas e surgem pres­sões em favor O Desenvolvimento Econômico do Brasil durante o
da democra­cia. Temendo a perda do poder, o presidente pe­río­do do populismo
toma ini­cia­tivas democratizantes: em feve­rei­ro de 1945, O processo de indus­tria­liza­ção do Brasil remonta aos úl‑
um ato adi­cio­nal marca e­leições ge­rais e, em 14 de março, timos decê­nios do século XIX. O seu ponto de partida si­tua‑se
Vargas anun­cia o desejo de fazer seu sucessor o general por volta da década de 80 do século passado, motivado
Eu­rico Gaspar Dutra; em abril, permite total liberdade de essen­cial­mente pela crise e aboli­ção do trabalho escravo.
organiza­ção partidá­ria; surgem a UDN (7 de abril), o PTB (15 For­mou‑se, com o trabalho livre assala­ria­do, um mercado
de maio) e o PSD (17 de julho). passivo que era preciso abastecer.
Vargas procura jogar para manter‑se no poder, A segunda fase da “luta pela indus­tria­liza­ção” si­tua‑se
a­poiando‑se em seu prestí­gio junto às massas populares, no pe­río­do da Pri­mei­ra Guer­ra, quan­do as potên­cias capi‑
já que os mesmos militares que garantiram o Estado Novo, talistas, momenta­nea­mente, sustaram o fornecimento de
entre eles os gene­rais Góis Mon­tei­ro e Dutra, ini­cia­vam um manufaturas, dei­xando um espaço va­zio que deu origem ao
movimento para derrubá‑lo. Em 28 de maio, estabelece que, processo de “substi­tuição das importa­ções”. Mas, tão logo
em 2/12/1945, se­riam rea­lizadas e­leições para a Presidên­cia os conflitos terminaram, as potên­cias indus­triais retomaram
da República e para a Assem­bleia Consti­tuin­te. En­quan­to sua vida econômica, na ân­sia de preen­cher os campos va­zios
isso, o pró­prio Vargas incentiva um movimento conti­nuís­ta, que ha­viam dei­xado.
que recebe o nome de “que­remismo”, com a­poio da classe Ora, em 1929, sobre­veio a grave crise do sistema ca‑
operá­ria, dos sindicatos e dos comunistas. Temendo que a pitalista, que, de certa forma, rela­cio­na‑se à ter­cei­ra fase,
pres­são popular pudesse alterar o processo de afastamento ini­cia­da em 1930, com a Revolu­ção. Nessa fase, a indus­tria­
do presidente, os chefes das Forças Armadas rea­lizam um liza­ção gan­hou corpo e se fir­mou. Em pri­mei­ro lugar, pela
movimento que prega a reconstitucio­naliza­ção do país e de­ falên­cia do federalismo da República Velha e pela implanta­
põem Vargas em 29/10/1945. Dois dias de­pois, o presidente ção de um Estado fortemente centralizado, culmi­nando na
deposto parte para o exí­lio em São Borja (RS) insti­tuição da ditadura de Vargas (Estado Novo). Em virtude
disso, for­mou‑se um mercado verda­dei­ramente na­cio­nal
Os governos democráticos, os governos para a indús­tria, em ra­zão da queb­ra de bar­rei­ras entre as
militares e a nova república distintas unidades da federa­ção, que facili­tou a livre circula­
ção de mercado­rias, levando à fu­são dos mercados isolados
República Liberal Conservadora: Segunda República, e lo­cais. Além do mais, a constru­ção de portos, ferro­vias e
Redemocratiza­ção e Populismo (1945-1964) rodo­vias, nesse pe­río­do, inte­grou fisicamente as re­giões
dispersas. Porém, é preciso acen­tuar que a indus­tria­liza­ção
Com a que­da de Vargas e a rea­liza­ção de e­leições para assim em­preen­dida não se difun­diu i­gual­mente por todo o
a Assem­bleia Consti­tuin­te e para presidente começa a Brasil. Ao contrá­rio, concen­trou‑se em São Pau­lo, que se tor­
Redemocratiza­ção do país. A Segunda República estende‑se nou o estado mais indus­tria­lizado. Às vésperas da Segunda
de 1945 até o golpe militar de 1964. Caracteriza‑se pela Guer­ra Mundial, a hegemo­nia indus­trial de São Pau­lo era
consolida­ção do populismo na­cio­nalista, fortalecimento dos um fato consumado.
partidos políticos de caráter na­cio­nal e grande efervescên­cia Da Segunda Guer­ra até 1950, temos a quar­ta fase do
so­cial. A indús­tria expande‑se rapidamente. processo de indus­tria­liza­ção, induzido em grande parte pelos
acontecimentos mun­diais, marcando o final do “estilo de
Populismo: o con­cei­to de populismo é usado para
indus­tria­liza­ção” que se ha­via i­nau­gurado na década de 1930.
designar um tipo particular de rela­ção entre o Estado e as
Na década de 1950 ini­ciou‑se uma nova forma de indus­
classes so­ciais. Presente em vá­rios paí­ses latino‑americanos
tria­liza­ção, que se prolon­gou até a época a­tual. Segundo o
no pós‑guer­ra, o  populismo caracteriza‑se pela crescente
so­ció­logo Ga­briel Cohn, “a década de 1950 marca um pon‑
incorpora­ção das massas populares ao processo político
to de infle­xão no processo de indus­tria­liza­ção”. E a ra­zão
sob controle e dire­ção do Estado. A interven­ção estatal na
apontada pelo mesmo au­tor é a se­guin­te: na­que­la década
econo­mia, com o objetivo de promover a indus­tria­liza­ção,
também cria vínculos de dependên­cia entre a bur­guesia e o encer­rou‑se a etapa de ocupa­ção do mercado “passivo”,
Estado. No Brasil, o populismo começa a ser gestado após a pree­xistente e disponível em virtude da “contradi­ção da
Revolu­ção de 30 e se consti­tui em uma deriva­ção do regime oferta de produtos importados”. Dessa forma, o processo
au­toritá­rio cria­do por Getú­lio Vargas. de indus­tria­liza­ção che­gou a um ponto cru­cial, pois o seu
O pe­río­do da histó­ria republicana do Brasil que vai da prosse­gui­mento já não era mais possível com a ocupa­ção
que­da do Estado Novo (1945) à ditadura militar de 1964 é episódica do mercado, que por uma ou ou­tra ra­zão ha­via
comumente conhecido como populismo. O populismo foi sido momenta­nea­mente abandonado pelas potên­cias indus­
a expres­são política do deslocamento do pólo dinâmico da triais dominantes. De fato, a conti­nui­dade da indus­tria­liza­ção
econo­mia  – do setor agrá­rio para o urbano  –, através do pas­sou a depender da­que­le momento em dian­te da criação
processo de desenvolvimento indus­trial, em grande parte de um mercado dotado de dinamismo pró­prio e, portanto,
impul­sio­nado pela revolu­ção de 1930. Chama‑se neste au­tônomo. É essa última etapa, ini­cia­da em 1950, que nos
contexto a forma de manifesta­ção das massas populares interessa de perto.
urbanas e, ao mesmo tempo, o seu reconhecimento e a sua Características indus­triais de 1950 – Nos iní­cios dos anos
manipula­ção pelo Estado. 50, a indús­tria brasi­lei­ra apresentava dois aspectos sa­lien­tes:
A Consti­tuição de 1946 foi o principal instrumento de de um lado, em­preen­dimentos centrados na produ­ção de
normaliza­ção institu­cio­nal do país, pau­tava‑se pelo predomí­ bens perecí­veis e semidurá­veis, destacando‑se particular‑
nio dos princí­pios libe­rais, característicos de democra­cias mente as indús­trias têxtil, alimentar, gráfica, edito­rial, de
ociden­tais (EUA). Essa Consti­tuição estabele­cia limites ves­tuário, fumo, cou­ro e peles; de ou­tro, empresas in­tei­
para a participa­ção democrática, e  ain­da manuten­ção de ramente na­cionais, normalmente geren­ciadas pelo nú­cleo
História

presiden­cia­lismo e do federalismo limitado, restabeleci‑ fami­liar pro­prie­tá­rio. Quan­to a estas últimas – segundo o
mento do cargo de vice‑presidên­cia, dura­ção de 5 anos economista Paul Singer –, embora algumas “tivessem dado
para o mandato presiden­cial e preserva­ção da estrutura de mostras da apre­ciá­vel capacidade de expan­são via au­
pro­prie­dade de terra. to‑acumula­ção, chegando a se consti­tuir alguns ‘impé­rios

21
indus­triais’ (como os de Francisco Matarazzo e Ermí­rio de O segundo governo de Vargas (1951-1954): O sui­cí­dio
Mo­raes), estava claro que nenhu­ma tinha possibilidade de de Getú­lio Vargas, em agosto de 1954, represen­tou a vitó­ria
mobilizar os recursos necessá­rios para efetivamente ini­ciar dos partidá­rios do desenvolvimento dependente do capital
a indús­tria pesada no país”. estran­gei­ro. Contudo, se­ria um exagero atri­buir o sui­cí­dio de
Efetivamente, a  indus­tria­liza­ção em 1950 não estava Vargas apenas a essa questão e, sobretudo, emprestar a ele,
ain­da completa, pois, segundo o mesmo au­tor, a produ­ção postumamente, a imagem de um na­cio­nalista intransigente.
de bens perecí­veis e semidurá­veis de consumo não condu­ Contra­ria­mente ao que se pode supor, o comportamento
ziu a indús­tria além dos limites da demanda por esse tipo político de Getú­lio em rela­ção ao capital estran­gei­ro – ao
de produto. Para com­preen­der melhor o passo se­guin­te impe­ria­lismo, em suma – era bastante flexível, e em nenhum
na indus­tria­liza­ção, vejamos quais as partes essen­ciais de momento se descar­tou por completo sua participa­ção na
um sistema indus­trial completo. Segundo os economistas, econo­mia brasi­lei­ra. Getú­lio só não concordava com o
as indús­trias es­tão articuladas da se­guin­te ma­nei­ra: indús­ alinhamento completo do Brasil aos Estados Unidos, como
tria de consumo, que se caracteriza pela produ­ção de bens estes pare­ciam desejar. Na verdade, recusava‑se a a­tuar
e serviços destinados à direta satisfa­ção dos consumidores como peça subordinada ao capital estran­gei­ro.
(alimentos, rou­pas, diver­sões, sapatos, fumo, cou­ro); indús­ O “desenvolvimentismo” juscelinista:  a ascen­são de
tria de bens interme­diários, que produz bens que neces‑ Juscelino Kubitschek, em 1956, mar­cou o iní­cio do processo
sitam de transforma­ções fi­nais para se converterem em de indus­tria­liza­ção in­tei­ramente ajustado aos interesses
produtos aptos ao consumo (gusa para diversas indús­trias, do capital interna­cio­nal. Apesar da composi­ção das forças
trigo para o pa­dei­ro etc.); e, finalmente, a indús­tria de bens políticas que serviram de base para sua e­leição, o governo
de capital, que não se destina à produ­ção de bens ime­dia­ juscelinista defi­niu com clareza o rumo da indus­tria­liza­ção
tamente consumí­veis, sendo organizada para dar efi­ciência ao implantar o modelo desenvol­vimentista, es­trei­tamente
ao trabalho humano, tornando‑o mais produtivo (má­qui­nas, asso­cia­do ao capital estran­gei­ro. Parece estranho que isso
estradas, portos etc.). possa ter ocorrido com um governo aparentemente her­dei­ro
Pois bem, no Brasil ha­via qua­se que exclusivamente a do getulismo, pois é preciso notar que João Gou­lart era seu
indús­tria de consumo, ou leve, que se dedicava à produ­ vice‑presidente e que sua candidatura triunfou através da
ção de “bens perecí­veis e semidurá­veis”. Desse modo, velha coliga­ção PSD‑PTB.
a  implanta­ção definitiva do sistema indus­trial depen­dia Toda­via, se­ria precipitado atri­buir essa “gui­nada em
do encontro de solu­ções para a implanta­ção da indús­tria favor do capital estran­gei­ro” a uma política deliberada de
pesada, produtora de bens durá­veis de consumo, bens Kubitschek. Na rea­lidade, sua posi­ção dian­te do capital
interme­diários e bens de capital. estran­gei­ro, tanto quan­to a de Getú­lio, era ambí­gua, e sua
ambi­gui­dade refle­tia a pró­pria indeci­são da forma­ção ca‑
Presença norte‑americana: no iní­cio da década de 1950,
pitalista no Brasil. De fato, a bur­guesia indus­trial brasi­lei­ra
embora as op­ções fossem claras, a defini­ção em torno da
sen­tia‑se incapaz de conduzir o processo de indus­tria­liza­ção
indus­tria­liza­ção via capital estran­gei­ro ou estatal ain­da não
em posi­ção hegemônica, prensada como estava entre a
era evidente. Mas a presença norte‑americana já era visível
participa­ção do Estado e a do capital estran­gei­ro, represen‑
em nossa econo­mia.
tado pelas multina­cionais.
Em 1951 a Comis­s ão Mista Brasil‑Estados Unidos A forma­ção do modelo: a execu­ção do Plano de Metas
reuniu‑se para elaborar um gran­dio­so projeto no setor ener‑ de Juscelino foi, nesse sentido, a grande responsável pela
gético e viário, em que uma considerável soma de capital definitiva configura­ção do modelo de desenvolvimento
norte‑americano se­ria aplicada: cerca de 400 mil­hões de indus­trial que o Brasil finalmente adota­ria. Efetivamente,
dólares. Em oposi­ção a essa abertura ao capital estran­gei­ro, com esse ambi­cio­so plano, a penetra­ção do capital estran­gei­
sur­giu um maciço movimento de na­cio­naliza­ção do petró­ ro ocor­reu de forma maciça, ocupando os ramos da indús­tria
leo, sob o lema “O petró­leo é nosso”. Em 1953, finalmente, pesada: indús­tria au­tomobilística e de camin­hões, de mate­
o  Congresso, pres­sio­nado pela força que o movimento rial elétrico e eletrônico, de eletrodomésticos, de produtos
atingira, apro­vou a lei que insti­tuiu o monopó­lio estatal da quí­micos e farma­cêu­ticos, de maté­ria plástica. Ini­ciou‑se aí a
explora­ção e do refinamento do petró­leo. organiza­ção das multinacionais, que, monopolizando a­que­le
Ob­via­mente, o triun­fo da ini­cia­tiva de um setor nacio­ que vi­ria a ser o setor mais dinâmico da econo­mia, estavam
nalista, formado a partir da coliga­ção de intelec­tuais, milita‑ destinadas a exercer inegável in­fluência na redefini­ção da
res, estudantes, políticos e lideres operá­rios, não pode­ria ser o­rien­ta­ção econômica e, também, política do Brasil.
bem recebido pelos Estados Unidos, que, por esse tempo, Segundo ain­da o Plano de Metas, o capital estatal fi­cou
atin­giam o ponto culminante da guer­ra fria, com intensas encarregado de via­bilizar o programa da infra‑estrutura
repercus­sões internas. Para o presidente Ei­senhower, tal destinado a sustentar o modelo, através da constru­ção de
atitude por parte do Brasil não era mais do que o resultado rodo­vias e da “am­pliação do poten­cial de gera­ção, transmis­
de manobras de “inspira­ção comunista”. Por isso pas­sou a são e distri­buição de ener­gia elétrica”.
pres­sio­nar o governo de Getú­lio, através do corte unilateral Significado econômico de 1964: esse modelo de desen‑
da ajuda econômica, reduzindo drasticamente o programa volvimento econômico, que gan­hou forma com Juscelino,
de empréstimo. se­ria retomado a partir de 1964, fazendo do movimento
A partir de 1953, com o fim da Guer­r a da Co­r eia militar que derru­bou João Gou­lart o seu her­dei­ro direto.
(1950-1953), teve iní­cio uma conjuntura extremamente Com o regime instalado em 1964, o modelo foi levado às suas
desfavorável ao Brasil, devido à que­da dos preços dos pro‑ últimas conse­quências. Hou­ve, porém, uma considerável
dutos primá­rios no mercado interna­cio­nal, motivada pelas diferença entre os pe­río­dos de 1955 a 1965, aproximada‑
manipula­ções dos Estados Unidos. A dificuldade de obter mente, e de 1965 em dian­te. No pri­mei­ro pe­ríodo, apesar da
divisas com as exporta­ções provo­cou uma crise finan­cei­ra, maciça presença do capital estran­gei­ro, procu­rou‑se através
História

de modo que o recurso de tomar empréstimos no exte­rior se dele dirigir toda a força econômica para a dinamiza­ção do
tor­nou inevitável. A vincula­ção do Brasil ao capital interna­cio­ mercado interno. De 1965 em dian­te, a  nova estraté­gia,
nal, particularmente ao norte‑americano, come­çou en­tão a com base na mesma força econômica, pas­sou a o­rien­tá‑la,
deli­near‑se com clareza. entretanto, para o mercado mun­dial.

22
Nesse sentido, o movimento militar de 1964 e o regime A infla­ção, como sabemos, tem um e­fei­to corrosivo so‑
implantado a partir daí podem ser vistos como resultado, bre os salá­rios, dimi­nuin­do o seu poder a­qui­sitivo. Se esse as‑
entre ou­tras coi­sas, da luta entre a­que­les que pro­curavam pecto é a contrapartida da acumula­ção de capi­tais em mãos
en­quad­rar as multina­cionais às perspectivas da econo­mia da bur­guesia, por ou­tro lado, ao dimi­nuir a capacidade a­qui­
brasi­lei­ra e a­que­les que, inversamente, desejavam o en­ sitiva do salá­rio, a infla­ção tem como resultado a contra­ção
quad­ramento da econo­mia brasi­lei­ra à perspectiva econô‑ da demanda e, portanto, a restri­ção do mercado consumidor.
mica das multina­cionais. O desfecho da luta, em 1964, foi a A longo prazo, isso torna in­viá­vel o desenvolvimento indus­
vitó­ria da última tendên­cia. Para Paul Singer, o movimento trial au­tônomo. Disso resulta a grande dificuldade enfrentada
militar de 1964 “coin­cide com uma redivi­são interna­cio­nal pelo governo de elevar o nível de vida da popula­ção, pois
do trabalho, que as multina­cionais es­tão levando a cabo a eleva­ção do salá­rio, para neu­tralizar a eleva­ção do custo
em todo mundo capitalista, e  que consiste precisamente de vida e combater a cares­tia, implica necessa­ria­mente a
em transferir a paí­ses semi‑indus­tria­lizados, como o Brasil, sua incorpora­ção ao custo da produ­ção, restabelecendo a
determinadas linhas de produ­ção indus­trial. A  crescente tendên­cia de alta dos preços. Assim se explica o círculo vi­
exporta­ção de bens indus­tria­lizados pelas multina­cionais cio­so do governo Gou­lart, em que a corrida do salá­rio e do
instaladas no Brasil au­menta a importân­cia destas empresas preço apenas ser­viu para agravar o processo infla­cio­ná­rio,
no cená­rio econômico na­cio­nal, pois delas passa a depender crian­do in­quie­ta­ções so­ciais difí­ceis de acalmar.
cada vez mais a Balança de Pagamentos. Sendo estes bens As multina­cionais: ao lado dos problemas internos gera‑
ad­qui­ridos por subsi­diárias nos paí­ses importadores das dos pelo modelo de indus­tria­liza­ção, um ou­tro se apresen­
mesmas multina­cionais que os exportam – como da Ford tou, e este com maior peso: a penetra­ção e consolida­ção
do Brasil, que fornece motores à sua matriz americana –, das empresas multina­cionais. Desde Juscelino (Plano de
sua presença no Brasil passa a se justificar não apenas por Metas), a instala­ção de multina­cionais no Brasil foi maciça.
trazerem recursos de capital e know‑how técnico, mas tam‑ A partir de en­tão, os setores fundamen­tais da indús­tria fo‑
bém por assegurarem mercado para uma parcela crescente ram passando para o controle estran­gei­ro. Segundo Ga­briel
de nossas exporta­ções”. Cohn, o controle externo das indús­trias au­tomobilísticas, de
Os dese­qui­lí­brios econômicos e so­ciais:  o modelo cigarro e de eletricidade va­riou em torno de 80% a 90%. Nas
de desenvolvimento brasi­lei­ro que se defi­niu durante a indús­trias farma­cêu­tica e mecânica, a propor­ção foi de 70%.
presidên­cia de Juscelino não estava isento de contradi­ções, O resultado principal dessa nova conjuntura foi a
que, a­liás, tornaram‑se claras na década de 1960. Desde minimiza­ção da importân­cia da bur­guesia na­cio­nal, que pas­
o pri­mei­ro governo de Getú­lio, o Estado assu­miu a forma sou para o plano secundá­rio, mui­tas vezes como só­cio menor
de empresá­rio privile­gia­do, investindo diretamente na das grandes corpora­ções interna­cionais. Isso significa que os
criação de unidades produtivas. O recurso finan­cei­ro para postos de comando de tais indús­trias estavam em mãos de
tais em­preen­dimentos foi obtido através de uma política indiví­duos diretamente designados pela dire­ção da matriz
fiscal voltada para esse fim e também, sempre que necessá­ estran­gei­ra, ou seja, os centros de deci­sões se encontravam
rio, através de emis­sões. Por isso, uma das conse­quências fora do país. Essa si­tuação le­vou ao inevitável agravamento
princi­pais foi o recrudescimento da infla­ção, que le­vou à do dese­qui­lí­brio no Balanço de Pagamentos: a remessa de
rápida perda do poder a­qui­sitivo da moeda. Conse­quen­ lucros para o exte­rior, além dos pagamentos pelo uso de
temente, os  detentores do capital foram impelidos aos
marcas e patentes (royal­ties) e da importa­ção de ma­qui­na­
investimentos, para evitar o seu desgaste.
ria, supe­rou rapidamente o capital que as multina­cionais
O estímulo ao investimento motivado pela infla­ção teve
ini­cial­mente investiram.
um e­fei­to nefasto no corpo so­cial, principalmente por­que
Naturalmente, as contradi­ções engendradas pelo mo‑
atin­giu os assala­ria­dos. De certa ma­nei­ra, é possível dizer
delo de desenvolvimento da indus­tria­liza­ção adotado na
que, através desse mecanismo, se transferiram, indireta‑
década de 1950 expressaram‑se através do aguçamento das
mente, os recursos dos assala­ria­dos para o setor empresa­
lutas so­ciais e políticas. A presença do capitalismo interna­
rial. Em ou­tros termos, os ricos ficaram cada vez mais ricos
e os pobres cada vez mais pobres. Para pio­rar ain­da mais a cio­nal e o seu papel cada vez mais decisivo no controle de
si­tuação, os investimentos naturalmente resultaram no in‑ nossa econo­mia tiveram, por seu turno, uma importân­cia
cremento da tecnolo­gia. Com isso, restrin­giu‑se a criação de certamente não desprezível no desfecho da luta. O movi‑
novos empregos, atirando os excedentes popula­cionais em mento militar de 1964 teve aí suas raí­zes e as suas ra­zões.
setores agrícolas, agrope­cuários, da indús­tria extrativa – que
eram frá­geis –, ou en­tão ao comér­cio e ao setor de serviços, Ditadura Militar (1964-1985)
em que o subemprego tor­nou‑se inevitável, dando origem
a um “subproleta­ria­do marginal urbano”. O Regime Militar é ins­tau­rado pelo golpe de estado de
Ao aprofundamento das diferen­c iações so­c iais 31 de março de 1964 e estende‑se até a Redemocrati­za­ção,
correspon­deu, no plano econômico, o  agravamento das em 1985. O  plano político é marcado pelo au­torita­rismo,
disparidades seto­riais e re­gionais na produ­ção. Em ou­tras supres­são dos di­rei­tos constitu­cionais, perse­guição poli­cial
palavras, os investimentos não foram rea­lizados de ma­nei­ra e militar, pri­são e tortura dos opositores e pela imposi­ção
generalizada e i­gual em todos os setores produtivos. Eviden‑ de censura pré­via aos meios de comunica­ção. Na econo­mia,
temente, os investidores sele­cio­naram as oportunidades que há uma rápida diversifica­ção e moderniza­ção da indús­tria
a eles se afiguravam como mais rentá­veis. Em conse­quência, e serviços, sustentada por mecanismos de concentra­ção de
alguns setores – como o têxtil – permaneceram praticamente renda, endividamento externo e abertura ao capital estran­
estagnados. Além do mais, os  investimentos foram fei­tos gei­ro. A infla­ção é institu­cionalizada através de mecanismos
de forma especulativa, provocando o “inchaço” de alguns de corre­ção monetá­ria e passa a ser uma das formas de
setores, o que indicava alto grau de concentra­ção de capi­ finan­cia­mento do Estado. Acen­tuam‑se as desi­gual­dades e
tais. Foi o caso do setor da constru­ção e a correspondente injustiças so­ciais.
História

especula­ção imobi­liária. Ministros militares – com a deposi­ção de João Gou­lart,


O entrelaçamento dos dese­qui­lí­brios so­ciais e econômi‑ o  presidente da Câmara Federal, Ra­nie­ri Mazzilli, assume
cos é bem ilustrativo das profundas contradi­ções do modelo formalmente a Presidên­cia e permanece no cargo até 15 de
do desenvolvimento adotado na década de 1950. abril de 1964. Na prática, porém, o poder é exercido pelos

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ministros militares de seu governo: briga­dei­ro Cor­reia de Para finan­ciar o déficit público, o  governo lança no
Melo, da Ae­ro­náu­tica, almirante Au­gusto Rade­maker, da mercado as Obriga­ções Rea­justá­veis do Te­sou­ro Na­cio­nal
Marinha, e general Arthur da Costa e Silva, da Guer­ra. Nesse (ORTNs). Estimula a constru­ção civil crian­do o Banco Na­cio­nal
pe­río­do, é insti­tuí­do o Ato Institu­cio­nal nº 1 (AI-1). de Habita­ção (BNH) para operar com os recursos captados
AI-1 – os atos institu­cionais são mecanismos adotados pelo FGTS. Estabelece também a corre­ção monetá­ria como
pelos militares para legalizar a­ções políticas não previstas estímulo à capta­ção de pou­pança num momento de infla­
e mesmo contrá­rias à Consti­tuição. De 1964 a 1978, são ção alta. Ao fazer isso, cria um mecanismo que, na prática,
decretados 16 atos institu­cionais e complementares que indexa a econo­mia e perpe­tua a infla­ção.
transformam a Consti­tuição de 1946 em uma colcha de A econo­mia volta a crescer no governo Castello Branco.
retalhos. O AI-1, de 9 de abril de 1964, transfere o poder Os setores mais dinâmicos são as indús­trias da constru­ção
político aos militares, suspende por dez anos os di­rei­tos po‑ civil e de bens de consumo durá­veis voltados para clas‑
líticos de centenas de pes­soas, entre elas os ex‑presidentes ses de alta renda, como au­tomó­veis e eletrodomésticos.
João Gou­lart e Jâ­nio Quad­ros, governadores, parlamentares, Expandem‑se também a pe­cuária e os produtos agrícolas
líderes sindi­cais e estudantis, intelec­tuais e fun­cio­ná­rios de exporta­ção. Os  bens de consumo não durá­veis, como
públicos. As cassa­ções de mandatos alteram a composi­ção calçados, ves­tuário, têx­teis e produtos alimentí­cios destina‑
do Congresso e intimidam os parlamentares. dos à popula­ção de bai­xa renda têm crescimento reduzido
O golpe militar de 1964 deu iní­cio a uma sé­rie de gover‑ ou até negativo.
nos militares que permaneceram no poder até 1985. Durante O fator que precipi­tou o golpe foi a deci­são do gover­no
esse pe­río­do, foi cria­da uma estrutura política caracterizada João Gou­lart de implementar o Programa das Reformas de
pela anula­ção da participa­ção da popula­ção nas deci­sões Base, que propunha, entre ou­tras coi­sas, a reforma agrá­
políticas e pela elimina­ção das liberdades democráticas. ria e a am­pliação da a­ção do Estado na econo­mia.
O executivo concentrava grandes poderes, impondo‑se Tal projeto tinha o a­poio das forças na­cio­nalistas, re‑
dian­te do legislativo e do judi­ciário, que conti­nua­ram fun­ presentadas pelo antigo PTB, e da es­quer­da organizada na
cio­nando qua­se que como elementos de decora­ção. Esse CGT, na UNE, no PCB e nas Ligas Camponesas. O pretexto
pe­río­do caracteri­zou‑se pelo centralismo, au­torita­rismo, pela para depor o presidente foi o seu apelo às bases das Forças
repres­são aos movimentos so­ciais, pela censura generaliza‑ Armadas para que a­poias­sem o seu governo, o que foi in‑
da, com o in­tui­to de manter o modelo político econômico terpretado como uma a­mea­ça à hie­rar­quia.
dos militares em fun­cio­namento. Inicial­mente, o  regime A interven­ção militar con­tou com o a­poio de amplos
au­toritá­rio foi se instalando em 1964 e 1968, blo­quean­do setores da so­cie­dade brasi­lei­ra: classe mé­dia, empresá­rios,
pau­latinamente as possibilidades de participa­ção política à fazen­dei­ros, meios de comunica­ção e setores da igreja. No
maioria da popula­ção. plano interna­cio­nal, o a­poio político e a reta­guar­da militar
Agora entre o pe­río­do com­preen­dido entre 1968 e 1974, dos EUA foram decisivos para dar sustenta­ção ao golpe.
os militares chegam ao máximo do fechamento político, são No plano econômico, contra­ria­mente ao que se imagina,
os anos de chumbo, uma parte da oposi­ção radicaliza e vai o movimento militar não rom­peu com o “modelo econômi‑
para a luta armada contra o regime e a repres­são au­menta, co” que fora implantado no governo Juscelino Kubitschek.
é  a guer­ra suja. Mas, com o crescimento dos problemas A  indús­tria au­tomobilística se­guiu como centro dinâmico
so­cioe­conômicos, ini­cia‑se o processo lento, gra­dual e
da econo­mia na­cio­nal, e  am­plia­ram‑se os de­mais setores
controlado de abertura do regime que irá resulta em sua
de bens de consumo durá­veis (eletrodomésticos, ele­troe­
suplanta­ção em 1985.
letrônicos etc.).
Econo­mia no Regime Militar: No iní­cio do Regime Mili‑
Para possibilitar altas taxas de acumula­ção de capital,
tar, a infla­ção chega a 80% ao ano, o crescimento do Produto
os sindicatos foram desorganizados, a rotatividade de mão
Na­cio­nal Bruto (PNB) é de apenas 1,6% ao ano e a taxa de
de obra foi facilitada por meio do FGTS e os ganhos de pro‑
investimentos é qua­se nula. Dian­te desse quadro, o governo
dutividade não foram transferidos para os salá­rios.
adota uma política recessiva e monetarista, consolidada no
Programa de A­ção Econômica do Governo (PAE­G), elaborado Em 1979, apenas 4% da popula­ção economicamente
pelos ministros da Fazenda, Ro­berto de Oli­vei­ra Campos e ativa do Rio de Ja­nei­ro e São Pau­lo ganha acima de dez
Octá­vio Gouvêa de Bul­hões. Seus objetivos são sa­near a salá­rios mínimos. A maioria, 40%, recebe até três salá­rios
econo­mia e bai­xar a infla­ção para 10% ao ano, criar condi­ mínimos. Além disso, o  valor real do salá­rio mínimo cai
ções para que o PNB cresça 6% ao ano, e­qui­librar o balanço drasticamente. Em 1959, um trabalhador que ganhasse
de pagamentos e dimi­nuir as desi­gual­dades re­gionais. salá­rio mínimo precisava trabalhar 65 horas para comprar
Parte desses objetivos é alcançada. No entanto, em 1983, os alimentos necessá­rios à sua famí­lia. No final da década
a infla­ção ultrapassa os 200% e a dívida externa supera os de 70 o número de horas necessá­rias passa para 153. No
US$ 90 bil­hões. campo, a maior parte dos trabalhadores não recebe se­quer
Para sa­near a econo­mia, o governo im­põe uma política o salá­rio mínimo.
recessiva: dimi­nui o ritmo das obras públicas, corta subsí­dios, Em 1960, os 10% mais ricos da popula­ção detinham 39%
principalmente ao petró­leo e aos produtos da cesta básica, da renda na­cio­nal. Em 1980, eles passaram a deter 51%, nível
dificulta o crédito interno. Em pou­co tempo, au­menta os que, com li­gei­ras va­riações, mantém‑se até os dias a­tuais.
números de falên­cias e concordatas. Paralelamente, para Os 10% mais pobres detinham 17% da renda em 1960. Em
estimular o crescimento do PNB, oferece amplos incentivos 1980, detinham 12%.
fis­cais, de crédito e cam­biais aos setores exportadores. Ga‑ Em geral, os  analistas enfatizam os e­fei­tos políticos
rante ao capital estran­gei­ro uma flexível lei de remessas de danosos do movimento militar. Mas é importante destacar
lucro, mão de obra barata e sindicatos sob controle. Extin­ também que o movimento contri­buiu ativamente para
gue a estabilidade no emprego e, em seu lugar, estabelece produzir os ní­veis escandalosos de concentra­ção de renda
o Fundo de Garan­tia por Tempo de Serviço (FGTS). No final que o país exibe hoje.
História

do governo Castello Branco, a infla­ção bai­xa para 23% a­nuais. O chamado “Milagre Econômico” Ba­sea­do no binô­mio
A capacidade o­cio­sa da indús­tria é grande, o custo de vida segurança/desenvolvimento, o modelo de crescimento eco‑
está mais alto, há grande número de desempregados, acen­ nômico ins­tau­rado pela ditadura conta com recursos do capi‑
tua­da concentra­ção de renda e da pro­prie­dade. tal externo, do empresa­ria­do brasi­lei­ro e com a participa­ção

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do pró­prio Estado como agente econômico. O PNB cresce, e militares e de diversos Ór­gãos das Forças Armadas, como
em mé­dia, 10% ao ano entre 1968 e 1973. Antô­nio Delfim o Cenimar, no Rio de Ja­nei­ro, e a pau­lista OBAN, que, a partir
Netto, ministro da Fazenda nos governos Costa e Silva e de maio de 1970, passa a chamar‑se DOI‑CODI. Esse aparato
Garrastazu Médici e o principal artífice do “milagre”, aposta repressivo conse­gue desbaratar mui­tos grupos oposi­cio­
nas exporta­ções para obter parte das divisas necessá­rias às nistas, prendendo, torturando e matando vá­rios de seus
importa­ções de má­qui­nas, e­qui­pamentos e maté­rias‑primas. militantes e simpatizantes. Os que conse­guem escapar são,
O crescimento do mercado mun­dial, na época, favorece essa em geral, forçados a tomar o caminho do exí­lio.
estraté­gia, mas é a política de incentivos governamen­tais
aos exportadores que garante seu sucesso. Para estimular Es­quer­da Armada: parcelas da es­quer­da brasi­lei­ra
a indús­tria, Delfim Netto expande o sistema de crédito ao procuram na luta armada um meio de enfrentar o Regime
consumidor e garante à classe mé­dia o acesso aos bens de Militar e abrir caminho para a esperada revolu­ção brasi­lei­
consumo durá­veis. ra. Destacam‑se: A­ção Libertadora Na­cio­nal (ALN), liderada
Durante o Regime Militar, o Estado mantém seu papel por Carlos Marighella, ex‑deputado federal e ex‑membro
de investidor na indús­tria pesada, como a siderúrgica e de do Partido Comunista Brasi­lei­ro, morto numa emboscada
bens de capital. As empresas esta­tais crescem com a ajuda do em São Pau­lo em 4 de novembro de 1969; Van­guar­da Po‑
governo, obtêm grandes lucros, lideram em­preendimentos pular Revolu­cio­ná­ria (VPR), comandada pelo ex‑capi­tão do
que envolvem empresas privadas e criam condi­ções para a Exército Carlos Lamarca, morto por uma patrulha militar em
expan­são do setor de produ­ção de bens durá­veis. Pintada, no inte­rior da Ba­hia, em 17 de setembro de 1971; e o
Os indicadores de qua­lidade de vida da popula­ção Partido Comunista do Brasil (PCdoB), uma dissidên­cia do PCB,
despencam. A mortalidade infantil no Estado de São Pau­lo, que organiza um movimento guer­ril­hei­ro no Ara­guaia, sul do
o mais rico do país, salta de 70 por mil nascidos vivos em Pará, no iní­cio da década de 70; e o MR-8, uma dissidên­cia
1964 para 91,7 por mil em 1971. No mesmo ano, registra‑se do PCB. As organiza­ções armadas fazem assaltos a bancos,
a existên­cia de 600 mil menores abandonados na Grande São se­ques­tros de diplomatas para trocá‑los por presos políticos
Pau­lo. Em 1972, de 3.950 municí­pios do país, apenas 2.638 e alguns assassinatos de militares e colaboradores do re­gime.
têm abastecimento de á­gua. Três anos de­pois um relató­rio
do Banco Mun­dial mostra que 70 mil­hões de brasi­lei­ros são Anis­tia: o movimento pela anis­tia aos presos políticos,
desnutridos, o e­qui­valente a 65,4% da popula­ção, na época banidos e cassados em seus di­rei­tos políticos começa na
de 107 mil­hões de pessoas. O Brasil tem o 9º PNB do mundo, segunda metade da década de 70. Reú­ne entidades do
mas em desnutri­ção perde apenas para Ín­dia, Indoné­sia, movimento estudantil e sindical, organiza­ções populares,
Bangladesh, Pa­quistão e Filipinas. a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Asso­ciação Brasi­
A partir de 1973, o crescimento econômico começa a lei­ra de Imprensa (ABI) e setores da Igreja. Obtém uma vitó­ria
declinar. No final da década de 70, a infla­ção chega a 94,7% par­cial em 1979, com a decreta­ção da anis­tia aos acusados
ao ano. Em 1980, bate em 110% e, em 1983, em 200%. Nesse de crimes políticos. No entanto, a anis­tia é “recíproca”, ou
ano, a dívida externa ultrapassa os US$ 90 bil­hões e 90% da seja, benefi­cia também os agentes dos ór­gãos de repres­são
re­cei­ta das exporta­ções é utilizada para o pagamento dos envolvidos em denún­cias de assassinatos e torturas.
juros da dívida. O Brasil mergulha em nova reces­são e sua
principal conse­quência é o desemprego. Em agosto de 1981, Movimentos Populares: a partir dos anos 70, a migra­
há 900 mil desempregados nas re­giões metropolitanas do ção campo/cidade fica mais intensa e acelera o processo de
país e a si­tuação se agrava nos anos se­guin­tes. inchaço dos grandes centros urbanos. No iní­cio dos anos 80,
segundo dados do IBGE, 80 mil­hões de pes­soas, ou 67% dos
So­cie­dade no Regime Militar: para neu­tralizar a oposi­ brasi­lei­ros, vivem na zona urbana, contra uma popula­ção
ção ao regime, o  governo faz uso de vá­rios instrumentos rural de 39 mil­hões de pes­soas. A re­gião Sudeste, rica e indus­
de coerção. A  censura aos meios de comunica­ção e às tria­lizada, concentra 44% dos habitantes do país. Capi­tais
manifesta­ções artísticas, principalmente a partir de 1969, do Nordeste, como Salvador e Recife, têm suas popula­ções
tolhem a produ­ção cultural. As pri­sões, torturas, assassina‑ au­mentadas em, respectivamente, 31% e 45%. Esse cresci‑
tos, cassa­ção de mandatos, banimento do país e aposentado­ mento das popula­ções urbanas, porém, não é acompanhado
rias forçadas espalham o medo. Os  setores organizados de um incremento dos serviços urbanos, como transporte e
da so­cie­dade passam a viver sob um clima de terrorismo, sa­nea­mento básico, além da rede pública de atendimento à
principalmente após o fechamento do Congresso Na­cio­ saú­de e educa­ção. A solu­ção desses problemas são algumas
nal, em 1966. As manifesta­ções públicas desaparecem por das rei­vindica­ções cen­trais dos movimentos so­ciais urbanos
qua­se uma década. Em mea­dos dos anos 70, os estudantes que surgem no final dos anos 70.
são os pri­mei­ros a voltar às ruas em defesa das liberdades Os movimentos so­ciais urbanos em geral surgem nos
democráticas. No final da década, ressurge o movimento lo­cais de mora­dia. Rei­vindicam di­rei­tos básicos de cidada­nia,
operá­rio com greves por au­mento sala­rial e um acelerado como abastecimento de á­gua e coleta de esgotos, ilumina­
processo de organiza­ção. ção, transporte, calçamento, atendimento médico e acesso
Para neu­tralizar a oposi­ção ao regime, o governo faz uso à escola. Lutam também pela legaliza­ção de lo­tea­mentos
de alguns instrumentos de coerção. Um deles é a censura, clandestinos, cada vez mais comuns nos bair­ros de perife­ria.
que atinge os meios de comunica­ção e as manifesta­ções Em vá­rios momentos, partem para a a­ção direta. Nos anos
artísticas. Ou­tro é a repres­são por meio de pri­sões, torturas, 80, há inva­sões de terrenos e de conjuntos habita­cionais em
cassa­ção de mandatos, banimento do país e aposentado­ constru­ção em vá­rias capi­tais e queb­ra‑queb­ras de ônibus
rias forcadas, alcançando políticos, sindicatos, movimento e trens urbanos.
estudantil e reli­giões.
Integrantes da es­quer­da são, assim, obrigados a refu­ Nova República (1985 – aos dias a­tuais)
História

giar‑se na clandestinidade. Alguns passam a contestar o


regime pela via armada, inspirados no modelo das guer­rilhas Com a Nova República o Brasil volta a viver a normalida‑
ru­rais e urbanas. O  governo monta, en­tão, um poderoso de institu­cio­nal, com plena liberdade de organiza­ção política
sistema repressivo, com o a­poio das polí­cias esta­duais civis e de pensamento, no entanto os aper­feiçoa­mentos passam a

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ser um ato de amadurecimentos constantes. Embora garan‑ E­leição indireta da chapa Tancredo Neves/José Sarney,
tido a ordem democrática, os enormes problemas so­ciais e no entanto Tancredo morre antes de assumir o cargo.
econômicos conti­nuam a desafiar a capacidade geren­cial O presidente e­lei­to em­preendeu uma via­gem a vá­rios
dos sucessivos governantes desde en­tão. paí­ses e ao voltar dedi­cou‑se à organiza­ção do seu governo.
No mesmo pe­río­do da redemocratiza­ção brasi­lei­ra, Entretanto, na véspera da data marcada para sua posse,
segunda metade dos anos 80, o mundo passa por grandes Tancredo foi internado num hospital de Brasí­lia, para uma
transforma­ções, que direta ou indiretamente i­rão afetar o cirur­gia. Em seu lugar, to­mou posse, interinamente, o vice
processo histórico do Brasil, como exemplo pode‑se citar: fim José Sarney. De­pois de prolongada ago­nia, Tancredo veio a
da guer­ra fria, com a derrocada do leste eu­ro­peu, processo falecer em São Pau­lo, em 21 de abril de 1985, e um senti‑
que irá cominar com o desaparecimento da URSS em 1991; mento geral de frustra­ção to­mou conta do país.
surgimento de grandes blocos econômicos, e  a expan­são Todas as expectativas concentraram‑se en­tão em im‑
dos negó­cios e das hegemo­nias dos paí­ses cen­trais com a plementar o plano de governo por ele anun­cia­do. Em linhas
acelera­ção da globaliza­ção. ge­rais, o seu plano condenava qualquer atitude revanchista,
No Brasil, ao longo desse pe­río­do, busca a integra­ção pregava a u­nião na­cio­nal, a normaliza­ção institu­cio­nal em
crescente do país à econo­mia globalizada, o que tem exigido moldes democráticos e a retomada do desenvolvimento.
recursos interna­cionais cada vez maio­res para investimentos O governo Sarney foi marcado pela consolida­ção de‑
que aceleram o desenvolvimento na­cio­nal. Por ou­tro lado, mocrática do país, com a elabora­ção e promulga­ção de uma
tal política tem multiplicado alguns e­fei­tos so­ciais perversos, nova consti­tuição, a mais democrática que o Brasil já teve até
que já exis­tiam antes da Nova República, alguns de origem o momento, e pelo descontrole do processo infla­cio­ná­rio.
histórica bem remota, tais como o desemprego, a falta de José Sarney assume a Presidên­cia interinamente em 15
sa­nea­mento básico, a educa­ção universal e de boa qua­lidade, de março de 1985. Em 22 de abril, após a morte de Tancredo,
a criminalidade e a insegurança pública, com desta­que para é investido ofi­cial­mente no cargo. Governa até 15 de março
os grandes centros urbanos. de 1990, um ano a mais que o previsto na carta‑compro‑
Por ou­tro lado essa tentativa de moderniza­ção, se­gui­da por misso da A­lian­ça Democrática, pela qual che­gou ao poder.
todos os governantes da Nova República, na busca conti­nua de A expres­são “Nova República”, cria­da pelo deputado Ulysses
novas tecnolo­gias e no au­mento da capacidade produtiva do Gui­ma­rães para designar o plano de governo da A­lian­ça
capitalismo, tem provocado o agravamento das desi­gual­dades Democrática, é assumida por Sarney como sinônimo de seu
so­ciais, uma marca constante do mundo capitalista. governo. Em 10 de maio de 1985 uma emenda constitu­cio­nal
A e­leição de Tancredo Neves para a Presidên­cia marca o restabelece as e­leições diretas para a Presidên­cia e pre­fei­
fim do Regime Militar e o iní­cio da redemocratiza­ção do país. turas das cidades consideradas como á­rea de segurança
Apesar de indireta, sua escolha é recebida com entu­sias­mo na­cio­nal pelo Regime Militar. A emenda também concede o
pela maioria dos brasi­lei­ros. E­lei­to pelo Colé­gio E­lei­toral com di­rei­to de voto aos analfabetos e aos jovens maio­res de 16
o a­poio do conjunto das oposi­ções, exceto do PT, Tancredo anos. Em 1988 é promulgada a nova Consti­tuição do país.
não chega a assumir o cargo. Na véspera da posse, é interna‑ Na á­rea econômica, o  governo Sarney cria qua­tro planos
do no Hospital de Base, em Brasí­lia, e morre 37 dias de­pois no de estabiliza­ção, com sucesso par­cial apenas no pri­mei­ro.
Instituto do Cora­ção, em São Pau­lo. A Presidên­cia é ocupada O governo Sarney faz vista grossa à corrup­ção crescente.
pelo vice, José Sarney. Em 1989, pela pri­mei­ra vez, após 29 Sarney sa­bia­mente escol­heu uma posi­ção de modés­
anos, o país vai às urnas para eleger um presidente por voto tia que a­traiu a simpa­tia popular. Manteve os ministros
direto. Fernando Collor de Mello ganha as e­leições, assume a escolhidos por Tancredo e encam­pou suas i­deias básicas de
Presidên­cia em ja­nei­ro de 1990 e é afastado pelo Congresso formar um pacto na­cio­nal para a redemocratiza­ção do país,
em 1992 num processo de im­peac­hment até en­tão inédito. no pe­río­do de governo civil que se ini­cia­va e que fi­cou conhe‑
Em seu lugar assume o vice‑presidente Itamar Franco, em cido como Nova República. Em julho de 1985 o Congresso
29 de setembro de 1992, que governa interinamente até apro­vou proposta do presidente no sentido de convocar
29 de dezembro e, a partir daí, em caráter definitivo, até as uma Assem­bleia Na­cio­nal Consti­tuin­te, a ser formada pelos
e­leições de 1994. parlamentares que se­riam e­lei­tos em novembro de 1986.
O sistema partidá­rio am­pliou‑se e pas­sou a abrigar vá­rias
Governo de José Sarney (1985-1990): no final de 1983 legendas novas, até mesmo de partidos de es­quer­da, antes
ini­ciou‑se o movimento pelas e­leições diretas para presi‑ na clandestinidade. Em novembro de 1985 foram rea­lizadas
dente da república, conhecido como campanha das “Diretas e­leições para as capi­tais dos estados e para os municí­pios
já”. No decorrer de 1984 a campanha mobili­zou mil­hões de considerados á­reas de segurança na­cio­nal. Embora vence‑
pes­soas, em gigantescos comí­cios e pas­sea­tas em todo o dor em dezes­seis das vinte e três capi­tais, entre elas Belo
Brasil. Mesmo assim, a emenda constitu­cio­nal nesse sentido, Horizonte, o PMDB per­deu em centros importantes como
apresentada pelo deputado Dante de Oli­vei­ra, do PMDB de São Pau­lo, Rio de Ja­nei­ro, Porto Alegre, Recife e Fortaleza.
Mato Grosso, não foi aprovada por falta de quó­rum. No dia O governo, asse­dia­do pelas crescentes taxas de infla­ção,
da vota­ção, o  governo decre­tou o estado de emergên­cia substi­tuiu o ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, pelo
no Distrito Federal e em dez municí­pios de Goiás, inclusive empresá­rio Dílson Funaro. Em feve­rei­ro de 1986 foi lançado
Goiânia, e impe­diu a pres­são dos manifestantes. Em junho o Programa de Estabiliza­ção Econômica, que fi­cou conhecido
de 1984, o senador José Sarney renun­ciou à presidên­cia do como “Plano Cruzado”, em alu­são à nova moe­da cria­da,
PDS e for­mou a Frente Liberal, que a­poiou a candidatura de o cruzado. Os preços foram congelados e os salá­rios fixados
Tancredo Neves à presidên­cia. Em agosto, a Frente Liberal pela mé­dia dos últimos seis meses. Foi extinta a corre­ção
e o PMDB uniram‑se e Sarney foi escolhido como candidato monetá­ria e cria­do o seguro‑desemprego. O governo rece­
a vice‑presidente. Avolumaram‑se as ade­sões à Frente, que beu amplo a­poio popular, sobretudo na fiscaliza­ção dos
de­pois se transfor­mou em Partido da Frente Liberal (PFL). No preços. No entanto, a especula­ção, a cobrança de á­gio e as
História

final do ano, o Colé­gio E­lei­toral – composto pelos membros remarca­ções de preços acabaram por desgastar o plano,
do Congresso Na­cio­nal e por representantes das assem­bleias reformulado vá­rias vezes.
legislativas esta­duais – ele­geu a chapa Tancredo Neves – José Empossada a Assem­bleia Na­cio­nal Consti­tuin­te, Sarney
Sarney contra Pau­lo Maluf. mobili­zou‑se para assegurar o sistema presidencia­lista e

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garantir o mandato de cinco anos, que os consti­tuin­tes produtivo. Com uma car­rei­ra política cons­truí­da no estado
queriam reduzir para qua­tro. As manobras de bastidores, de Ala­goas durante os anos da ditadura militar, Fernando
noti­cia­das pela imprensa, com trocas de favores por votos, Collor de Mello é o pri­mei­ro presidente e­lei­to por voto direto
desgastaram a imagem presiden­cial, agravada pelo au­mento desde 1960. Toma posse em 15 de março de 1990, para um
da infla­ção, que vol­tou aos patamares do iní­cio do governo. mandato de cinco anos. Anun­cia a chegada da “modernida‑
Em 5 de ou­tubro de 1988 foi promulgada a nova consti­tuição, de” econômica: livre mercado, fim dos subsí­dios, redu­ção do
que trou­xe um notável avanço no campo dos di­rei­tos so­ papel do Estado e um amplo programa de privatiza­ção. Já
ciais e trabalhistas: qua­lifi­cou como crimes ina­fian­çá­veis a em sua posse, assina 20 medidas provisó­rias e três decretos
tortura e as a­ções armadas contra o estado democrático e relativos à econo­mia e à extin­ção de ór­gãos governamen­
a ordem constitu­cio­nal; determi­nou a e­leição direta do pre‑ tais de cultura e educa­ção. Ato contí­nuo, decreta o Plano
sidente, governadores e pre­fei­tos dos municí­pios com mais Collor de combate à infla­ção: extin­gue o cruzado novo e
de 200.000 habitantes em dois turnos, no caso de nenhum rein­troduz o cru­zei­ro, confisca o saldo das cadernetas de
candidato obter maioria absoluta no pri­mei­ro; e am­pliou os pou­pança, contas correntes e de­mais investimentos acima
poderes do Congresso. de 50 mil cru­zei­ros.
Logo no iní­cio ten­tou um cho­que contra a infla­ção com
Consti­tuição de 1988: o Congresso e­lei­to em 15 de mais um plano econômico milagroso, o  Plano Collor, que
novembro de 1986 ganha poderes consti­tuin­tes. Sob a redun­dou em um enorme fracasso, o que provocará uma per‑
presidên­cia do deputado Ulysses Gui­ma­rães começa a ela‑ da progressiva de prestí­gio. No entanto, o seu governo não
borar a nova Consti­tuição em 1º de feve­rei­ro de 1987. É a irá até o final, pois se­rão descobertos, graças em boa parte
pri­mei­ra Consti­tuin­te na histó­ria do país a a­cei­tar emendas a uma imprensa livre, escândalos político‑administrativos,
populares – que devem ser apresentadas por pelo menos que se­rão investigados por uma comis­são parlamentar de
três entidades asso­cia­tivas e assinadas por no mínimo 30 mil in­qué­rito, além de uma grande mobiliza­ção popular em fa‑
e­lei­tores. Promulgada em 5 de ou­tubro de 1988, a Consti­ vor do im­peac­hment contra Collor. O presidente é afastado
tuição tem 245 artigos e 70 disposi­ções transitó­rias. In­clui um proviso­ria­mente em 29 de setembro de 1992 e em caráter
dispositivo que prevê sua pró­pria revi­são ou ratifica­ção pelo definitivo em 29 de dezembro do mesmo ano. Assume o
Congresso em ou­tubro de 1993; transfere a deci­são sobre a poder o seu vice, Itamar Franco.
forma de governo (república ou monar­quia constitu­cio­nal)
e sobre o sistema de governo (parlamentarista ou presiden­ Governo Itamar Franco (1992-1994): Itamar tor­nou‑se
cia­lista) para um plebiscito marcado para 7 de setembro de presidente num dos momentos mais graves da histó­ria
1993 e, de­pois, antecipado para 21 de abril de 1993. brasi­lei­ra. Além da crise política que colo­cou à prova a esta‑
Princi­pais características: e­leições diretas: em dois tur‑ bilidade das insti­tuições, o País enfrentava também grandes
nos; mandato presiden­cial: 4 anos; voto aos 16 anos; di­rei­to dificuldades na á­rea econômica, com recessão, desemprego
de greve; estabilidade no emprego; trabalhos em turnos – 6 e crescente infla­ção. Logo que assu­miu, ain­da interino, Ita‑
horas; redistri­buição dos impostos em favor dos estados e mar no­meou novo ministé­rio (de caráter multipartidá­rio,
municí­pios; interven­ção mínima do estado na econo­mia; para tentar garantir a­poio do Congresso) e baixou medida
unifica­ção do sistema de saú­de; proi­bi­ção da censura política provisó­ria destinada a reverter a centraliza­ção administrativa
ou i­deo­lógica; preserva­ção do meio am­bien­te; prote­ção dos estabelecida pelo governo Collor: superministé­rios como os
ín­dios pelo Estado. A nova Carta fixa o mandato presiden­ da Econo­mia, Fazenda e Planejamento e o da Infra‑Estrutura
cial em cinco anos e a independên­cia entre os três poderes. foram desmembra­dos. O novo mandatá­rio também to­mou
Substi­tui o antigo decreto‑lei usado nos governos militares ini­cia­tivas destinadas a moralizar a administra­ção pública,
pela medida provisó­ria, que perde sua validade se não for tais como a criação do Centro Federal de Inteligên­cia (CFI),
aprovada pelo Congresso no prazo de 30 dias. Restringe o destinado a combater a corrup­ção no governo; a Au­dito­
poder das Forças Armadas à garan­tia dos poderes constitu­ ria‑Geral, com a fun­ção de fiscalizar o uso dos recursos
cionais. Estabelece e­leições diretas com dois turnos para a públicos, e a Ou­vido­ria‑Geral, que recebe­ria da popula­ção
Presidên­cia, governos esta­duais e pre­fei­turas com mais de denún­cias sobre irregularidades no governo.
200 mil e­lei­tores. Mantém o voto facultativo aos analfabetos Em ou­tubro e novembro de 1992 rea­lizaram‑se em todo
e aos jovens a partir dos 16 anos. A Consti­tuição também o País e­leições munici­pais; os partidos de es­quer­da foram
fixa os di­rei­tos indivi­duais e coletivos. os mais benefi­cia­dos. Em 21 de abril de 1993 os e­lei­tores
No final de 1989, o governo Sarney atin­giu um desgaste retornaram às urnas para decidir sobre o sistema e a forma
impres­sio­nante. A  infla­ção che­gou a cin­quen­ta por cento de governo, como previra a consti­tuição de 1988: ven­ceu a
ao mês e foi trazida de volta a corre­ção monetá­ria. Nesse república presiden­cia­lista. O ano de 1993 foi marcado ain­
clima de insatisfa­ção e de temor de um processo hiperinfla­ da por denún­cias de corrup­ção e banditismo na Comis­são
cio­ná­rio, foi rea­lizada a pri­mei­ra e­leição presiden­cial direta de Orçamento do Congresso Na­cio­nal, envolvendo aproxi‑
em 29 anos. Apresentaram‑se vinte e um candidatos, entre madamente duas dezenas de parlamentares. O fato le­vou
eles Au­re­lia­no Chaves, Leo­nel Brizola, Pau­lo Maluf e Ulisses à criação de uma Comis­são Parlamentar de In­qué­rito que
Gui­ma­rães. Mas o segundo turno foi decidido entre os pólos teve como presidente o senador Jarbas Passarinho e como
extremos: Luís Iná­cio Lula da Silva, do PT, e o jovem ex‑go‑ relator o deputado Roberto Magal­hães.
vernador de Ala­goas, Fernando Collor de Melo, do Partido An­sio­so por mostrar resultados no combate à infla­ção,
de Reconstru­ção Na­cio­nal (PRN). Collor ele­geu‑se com uma Itamar aca­bou batendo o recorde de, em menos de um
diferença supe­rior a qua­tro mil­hões de votos. ano, no­mear qua­tros ministros que se revezam no estraté‑
gico Ministé­rio da Fazenda: Gustavo K­rau­se, Pau­lo Roberto
Governo Collor (1990-1992): em ja­nei­ro de 1990, foi Haddad, Eli­seu Resende e Fernando Henri­que Cardoso.
empossado Fernando Collor de Mello, que ha­via derrotado Este último assume o cargo em 20 de maio de 1993, com
História

o candidato operá­rio do Partido dos Trabalhadores (PT) em carta branca para conduzir a econo­mia do País. Fernando
segundo turno das e­leições, Luis Iná­cio Lula da Silva. Collor Henri­que, so­ció­logo e senador, que antes ocupava a pasta
utili­zou discurso agressivo de combate à corrup­ção e em das Rela­ções Exte­rio­res, come­çou por mudar a moe­da de
favor da moralidade no setor público e modernidade no setor cru­zei­ro para cru­zei­ro real, com o corte de três zeros. Em

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se­gui­da, o ministro e sua e­qui­pe elaboraram um plano de cionais. As reformas foram apresentadas como essen­ciais
combate gradativo à infla­ção que pre­via o emprego de uma à moderniza­ção do país e à estabiliza­ção e retomada do
unidade monetá­ria provisó­ria (a Unidade Real de Valor, URV) crescimento econômico.
em antecipa­ção ao lançamento de uma moe­da forte, o real. Entre as mudanças aprovadas destacam‑se a queb­ra
No final de abril de 1994, Cardoso deixou o Ministé­rio da Fa‑ dos monopó­lios do petró­leo e das telecomunica­ções e a
zenda para concorrer à presidên­cia da república nas e­leições altera­ção do con­cei­to de empresa na­cio­nal, no sentido
de ou­tubro. Durante o governo Itamar também crescem as de não discriminar o capital estran­gei­ro. Diversas ou­tras
denún­cias e investiga­ções sobre casos de corrup­ção no País. reformas foram discutidas pelo Congresso Na­cio­nal, como
Plano Real: no campo econômico, o governo enfren­tou a da Previdên­cia So­cial e a do estatuto do fun­cio­nalismo
sé­rias dificuldades. A falta de resultados na política de com‑ público, derivando altera­ções não tão rees­truturantes. O go‑
bate à infla­ção agra­vou o dese­qui­lí­brio do governo e aba­lou verno culpa os deputados, os quais se negaram a retirar os
o prestí­gio do pró­prio Presidente da República. Os ministros privilé­gios de apadrinhados, pela reforma constitu­cio­nal não
da Econo­mia sucederam‑se, até que o chanceler Fernando ter possibilitado uma completa rees­trutura­ção do Estado.
Henri­que Cardoso é no­mea­do para o cargo. O governo pro­põe ain­da, para os próximos anos, reformas
No final de 1993, ele anun­ciou seu plano de estabiliza­ tributá­ria, finan­cei­ra e política. No entanto, os conflitos de
ção econômica, o  Plano Real, a  ser implantado ao longo interesses entre os deputados impedem que as reformas
de 1994. Propostas: atingir a estabilidade econômica sem prossigam com celeridade.
congelamento de preços e salá­rios, mas com declarada Plano Real: o Presidente também dá conti­nui­dade ao
inten­ção de interven­ção do governo em caso de au­mentos Plano Real. Ao longo dos meses, promo­veu alguns ajustes na
abusivos. Manuten­ção dos juros em patamar mais elevado econo­mia, como o au­mento da taxa de juros para desa­que­
com redu­ção gradativa e amena para desestimular os investi‑ cer a demanda interna, e a desvaloriza­ção do câm­bio para
mentos em excesso, a fim de não se au­mentar o consumismo estimular as exporta­ções e e­qui­librar a balança comer­cial.
cau­sador de infla­ção e provocador da falta de mercado­rias. Com o plano, o governo contro­lou a infla­ção em ní­veis
No final de seu mandato, Itamar Franco a­poia a candi‑ bastante bai­xos. Mas surgiram si­nais de reces­são econômica
datura do Ministro da Fazenda, Fernando Henri­que Cardoso, já no segundo semestre, como a inadimplên­cia, que­da no
à  Presidên­cia da República. Campanha suces­só­ria: vence consumo e demis­sões em massa. A  redu­ção da atividade
FHC – ex‑ministro da econo­mia de Itamar. econômica provo­cou desemprego nos setores indus­trial
e agrícola. O atraso na implementa­ção da reforma agrá­ria
Governo Fernando Henri­que Cardoso (1995-1998 – 1º agra­vou os conflitos no campo.
mandato): Senador, ex‑chanceler e ex‑ministro da Fazenda So­cial: a saú­de pública permanece em estado lamen‑
do governo Itamar Franco, FHC apresen­tou‑se à disputa tável. A  falta de aten­ção aos hospi­tais públicos indigna a
e­lei­toral como o i­dea­lizador do Plano Real. Seu programa popula­ção carente, cuja parca renda não permite a utiliza­ção
de campanha foi centrado na estabiliza­ção da moe­da e na dos hospi­tais privados. No entanto, há de destacar a tenta‑
reforma da Consti­tuição. Concor­reu com o a­poio do governo tiva de regulamenta­ção dos planos de saú­de privados, pro‑
e da a­lian­ça formada entre o Partido da So­cial Democra­cia curando evitar distor­ções e abusos contra os consumidores.
Brasi­lei­ra (PSDB), de centro, e o Partido da Frente Liberal Consti­tui, também, ponto positivo a implanta­ção dos
(PFL), de di­rei­ta. Gan­hou a presidên­cia no pri­mei­ro turno remé­dios genéricos, visando a acabar com a oligopoli­za­ção
das e­leições, derrotando inúmeros candidatos. do mercado pelas grandes empresas e bara­tean­do o preço
O governo foi empossado em 1º de ja­nei­ro de 1995, dos medicamentos. Na á­rea da educa­ção, foi inegável a
tendo como data para o término 31 de dezembro de 1998. am­pliação no número de crian­ças escolarizadas no país.
No entanto, sua reeleição ao final de 1998, também no 1º O  problema da qua­lidade no ensino, toda­via, mostra‑se
turno, permi­tiu‑o permanecer no cargo até o término de dia a dia mais preo­cupante. As universidades públicas vêm
2001. Ambas as e­leições tiveram como principal concorrente passando por dificuldades.
o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Luiz Iná­cio O governo de FHC se­guiu o chamado projeto neo­libe­ral.
Lula da Silva, de es­quer­da. O  neo­liberalismo é, em linhas ge­rais, uma a­tua­liza­ção do
Lançado o real em 1º de julho e com a estabilidade eco‑ liberalismo econômico – cuja ênfase é a não interven­ção do
nômica que se se­guiu, a popularidade de Fernando Henri­que Estado na econo­mia, que deve ser ba­sea­da no livre jogo das
Cardoso cresce enormemente, o que lhe permi­tiu derrotar forças do mercado. Uma das críticas às medidas neo­libe­rais é
Luís Iná­cio Lula da Silva logo no pri­mei­ro turno da e­leição, que, apesar de estabilizarem a econo­mia, não resolvem os
com 54,30% dos votos contra 27,97%. No Congresso, a coa­li­ graves problemas so­ciais do país; pelo contrá­rio, contri­buem
zão de Cardoso assegu­rou 36% das ca­dei­ras da Câmara e 41% para au­mentar o desemprego e os males dele resultantes.
das do Senado. En­quan­to isso, o governo tomava uma sé­rie Isso coloca em risco a pró­pria estabilidade.
de medidas para proteger a nova moe­da, como a restri­ção Princi­pais medidas para se controlar a infla­ção e mo‑
ao crédito (para coi­bir excesso de consumo) e liberaliza­ção dernizar o Estado conduzidas pelo governo de Fernando
das importa­ções (para evitar desabastecimento e estimular Henri­que Cardoso:
a concorrên­cia). • Ajuste fiscal  – limita­ção dos gastos do Estado de
Fernando Henri­que Cardoso to­mou posse como pre‑ acordo com a arrecada­ção, elimina­ção do déficit
sidente em 1º de ja­nei­ro de 1995, com um programa de público.
reformas que in­cluía o fim do monopó­lio estatal nas á­reas de • Redu­ção do tamanho do Estado – limita­ção da
petró­leo, transporte, ener­gia e telecomunica­ções; reforma interven­ção do Estado na econo­mia e redefini­ção do
da previdên­cia so­cial; privatiza­ção de empresas esta­tais; a seu papel, com enxugamento da má­qui­na pública.
reforma fiscal; e a reforma da administra­ção pública. • Privatiza­ção – venda das empresas esta­tais que não
Reforma Constitu­c io­n al: em seu pri­m ei­r o ano de se rela­cio­nam a atividades específicas do Estado
História

administra­ção, FHC dedi­cou‑se tanto à econo­mia quan­to (regulamentar as normas so­ciais e econômicas e
à política. No campo político, esfor­çou‑se para am­pliar implementar políticas so­ciais).
sua base parlamentar no Congresso Na­cio­nal e conse­guir • Abertura comer­cial – redu­ção das alí­quo­tas de
a aprova­ç ão de suas propostas de emendas constitu­ importa­ção e estímulo ao intercâm­bio comer­cial,

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de forma a am­pliar as exporta­ções e impul­sio­nar o preço do frete. Com a popularidade em que­da, o presidente
processo de globaliza­ção da econo­mia. promove uma reforma ministe­rial que resulta na troca de
• Abertura finan­cei­ra – fim das restri­ções à entrada seis ministros e anun­cia um plano para au­mentar as exporta­
de capital externo e permis­são para que insti­tuições ções, de 52 bil­hões de dólares para 100 bil­hões até 2002,
finan­cei­ras interna­cionais possam a­tuar em i­gual­ e a produ­ção de grãos – de 80 mil­hões de toneladas para
dade de condi­ções com as do país. 100 mil­hões até 2002.
• Desregulamenta­ção  – redu­ção das regras do governo Os ruralistas, por sua vez, exigem que o governo renego­
para o fun­cio­namento da econo­mia. cie as dívidas con­traí­das pelos agricultores para corrigir
• Rees­trutura­ção do sistema previden­ciário. o descompasso entre os preços dos produtos agrícolas,
• Investimento de infra‑estrutura básica. praticamente inalterados nos últimos anos, e os valores dos
• Fiscaliza­ção dos gastos públicos e fim das obras fa­ finan­cia­mentos, rea­justados pelas elevadas taxas de juros.
raô­nicas. O governo cede e revê débitos de 25 bil­hões de reais.
Em 1999, o  presidente obtém os mais bai­xos índices
O Segundo Governo Fernando Henri­que (1999-2002 – de popularidade desde 1995, quan­do assu­miu seu pri­mei­ro
2º mandato): turbulên­cias na á­rea econômica marcam o iní­ mandato. Em agosto, os partidos de oposi­ção organizam a
cio do segundo mandato do presidente Fernando Henri­que Marcha dos 100 Mil, protesto contra o governo que reú­ne
Cardoso, que começa em 1º de ja­nei­ro de 1999. Logo após a 60 mil pes­soas em Brasí­lia pelos cálculos da Polí­cia Militar.
posse, en­quan­to o Brasil renegocia o acordo fechado no final Em setembro, 67% dos brasi­lei­ros afirmam não con­fiar no
do ano ante­rior com o Fundo Monetá­rio Interna­cio­nal (FMI), presidente, conforme pes­qui­sa do Instituto Brasi­lei­ro de
o governador de Minas Ge­rais, Itamar Franco (PMDB‑MG), Opi­nião Pública e Estatística (Ibope).
declara morató­ria por 90 dias. Os compromissos do estado O governo rea­ge em ou­tubro anun­cian­do o Plano Plu­
têm de ser honrados pela U­nião, e o episó­dio abala a credibi‑ rianual (PPA), que prevê investimentos de 1,1 trilhão de reais.
lidade do Brasil no mercado interna­cio­nal. Simulta­nea­mente, O programa, batizado de Avança Brasil, é delegado a admi‑
fortes ata­ques especulativos ao Real reduzem em cerca nistradores que traça­rão metas para o desenvolvimento de
de 40 bil­hões de dólares as reservas finan­cei­ras do país e á­reas como educa­ção, saú­de, esportes e cultura e responde­
obrigam o governo a abandonar a política de sobrevalo­riza­ rão pelos resultados. Entre as metas governamen­tais para
ção cam­bial. O presidente do Banco Central (BC), Gustavo o ano 2000 es­tão o crescimento de 4% do Produto Interno
Franco, é substi­tuí­do pelo diretor de política monetá­ria da Bruto (PIB), infla­ção em torno de 4% e gera­ção de 8,5 mil­hões
insti­tuição, Francisco Lopes. de empregos. O plano de reformas sofre um duro golpe em
Ain­da assim, o acordo com o FMI é fechado e o Brasil ou­tubro com a deci­são do Supremo Tribunal Federal (STF) de
obtém empréstimo de 41,5 bil­hões de dólares com o com‑ considerar inconstitu­cio­nal a cobrança de aposentado­ria de
promisso de reduzir gastos públicos, au­mentar a arrecada­ção servidores ativos e inativos. Com a deci­são, o governo dei­xa
por meio de impostos e fazer crescer as exporta­ções. A taxa de arrecadar cerca de 2,4 bil­hões de reais e, para compensar
de juros é elevada e a Câmara dos Deputados au­toriza o o rombo no orçamento, anun­cia cortes de investimentos e
au­mento da alí­quo­ta da Contri­buição Provisó­ria sobre estuda o au­mento de impostos.
Movimenta­ção Finan­cei­ra (CPMF) de 0,20% para 0,38%.
A mudança do sistema cam­bial, porém, não conse­gue Governo Luís Iná­cio Lula da Silva (2003  – aos dias
trazer segurança ao mercado: o dólar, cuja cota­ção era a­tuais): a ges­tão é caracterizada por um governo de conti­
mantida em 1,21 real pelo Banco Central, passa para mais nui­dade da estabilidade econômica da administra­ção de
de 2 reais em pou­cos dias. O presidente Fernando Henri­que Fernando Henri­que, e  uma balança comer­cial crescente­
Cardoso decide mudar novamente o comando do ór­gão. mente superavitá­ria. Em seu governo, a  dívida interna
Menos de três semanas de­pois de empossado, Francisco pas­sou de 731 bil­hões de reais (em 2002) para um tril­hão e
Lopes é substi­tuí­do em março por ou­tro ex‑diretor do Banco cem bil­hões de reais em dezembro de 2006, apesar de não
Central, o economista Armí­nio Fraga. ter apresentado au­mento na va­riação do Produto Interno
A crise tem desdobramentos. Em abril, denún­cias de Bruto brasi­lei­ro com rela­ção à década de 1990. Concomitan‑
que o Banco Central te­ria favorecido os bancos Marka e temente, a dívida externa teve uma que­da de 168 bil­hões
FonteCindam na época da libera­ção do câm­bio levam à de reais, fruto principalmente da valoriza­ção do Real frente
abertura da Comis­são Parlamentar de In­qué­rito (CPI) do ao dólar e das volumosas compras de dólares rea­lizadas
sistema bancá­rio. pelo Banco Central, utilizadas em parte para recomprar a
O desgaste na á­rea econômica repercute em ou­tros dívida (a exemplo do que foi fei­to com o C‑Bond). Também
setores do governo. Em março, o  processo de privatiza­ é marcada por manter o corte de investimentos públicos,
ções é posto em dúvida quan­do o fornecimento de ener­gia a exemplo da ges­tão ante­rior.
elétrica de dez estados do Centro‑Sul sofre interrup­ção em Ou­tra característica marcante é na á­rea de Rela­ções
virtude da que­da do sistema, atingindo cerca de 60 mil­hões Exte­rio­res, com a­tuação intensa na OMC e forma­ção de gru‑
de consumidores. A divulga­ção de grava­ções clandestinas pos de trabalho formados por paí­ses em desenvolvimento.
de conversas entre André Lara Resende, José Pio Borges – Essa forte a­tuação, no entanto, não resul­tou em grandes
ambos ex‑presidentes do Banco Na­cio­nal de Desenvolvi‑ resultados práticos, uma vez que as nego­ciações da Rodada
mento Econômico e So­cial (BNDES) –, Luís Carlos Mendonça de Doha conti­nuam estagnadas.
de Barros, ex‑ministro das Comunica­ções, e  o presidente Na á­rea de políticas fiscal e monetá­ria, o governo de
Fernando Henri­que Cardoso sobre formas de a­trair grupos Lula caracteri­zou‑se por rea­lizar uma política econômica
estran­gei­ros para os leilões das telefônicas abre ou­tra crise conservadora. O Banco Central goza de au­tono­mia prática,
política. O Tribunal de Contas da U­nião (TCU), entretanto, embora não garantida por lei, para buscar ativamente a meta
aprova em novembro o ar­qui­vamento do processo que de infla­ção determinada pelo governo, apesar de a meta ter
História

apurava even­tuais irregularidades na opera­ção. parado de cair para os próximos anos, como se­ria recomen‑
Nas estradas, os  caminho­nei­ros rea­lizam uma greve dado pelo instrumental da política de metas para a infla­ção.
na­cio­nal em julho que paralisa o tráfego em qua­se todo o A política fiscal garante a obten­ção de superávits primá­rios
país. Eles pedem revi­são das tarifas de pedá­gio e rea­juste do ain­da maio­res que os observados no governo ante­rior (4,5%

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do PIB contra 4,25% no fim do governo FHC). No entanto, dois meses das e­leições do pri­mei­ro turno, não dimi­nuiu os
críticos apontam que esse superávit é alcançado através do índices de popularidade do presidente. Geraldo Alckmin,
corte de investimentos, ao mesmo tempo em que au­mento candidato do PSDB e seu adversá­rio no segundo turno, não
de gastos em instrumentos de transferên­cia de renda como conse­guiu am­pliar sua margem de votos. Lula ven­ceu a
o Bolsa Famí­lia, salá­rio‑mínimo e o au­mento no déficit da e­leição com mais de 60% dos votos válidos.
Previdên­cia exigem uma carga tributá­ria crescente. Para seu segundo mandato, Lula tem como a­poio uma
Em seu pri­mei­ro ano de governo, Lula empen­hou‑se coa­li­zão de nove partidos (PT, PMDB, PRB, PCdoB, PSB, PP,
em rea­lizar uma reforma da previdên­cia, por via de uma PR  – resultado da fu­são dos antigos PL e o Prona -, PV e
emenda constitu­cio­nal, caracterizada pela imposi­ção de PDT – este ain­da tem de ter o a­poio ratificado pelo Diretó­rio
uma contri­buição sobre os rendimentos de aposentados do Na­cio­nal), além de contar, ain­da, com o PTB na sua base de
setor público e maior regula­ção do sistema previdenciário sustenta­ção no Congresso Na­cio­nal. Lula ha­via lançado, no
na­cio­nal. Além disso, hou­ve a necessidade de se combater dia da e­leição, a meta de crescimento do PIB a 5% ao ano
os índices infla­cio­ná­rios que alcançavam a margem de 20% para seu segundo mandato. Não obstante, está previsto
a.a. no iní­cio de sua ges­tão. para ja­nei­ro o lançamento um “pacote” de medidas para
A questão econômica tor­nou‑se conse­quen­temente acelerar o crescimento econômico, bem como mudanças
a pau­ta maior do governo. A minimaliza­ção dos riscos e o no ministé­rio, que devem se dar até feve­rei­ro.
controle das metas de infla­ção de longo prazo impuseram
ao Brasil uma limita­ção forte no crescimento econômico, Polêmicas sobre a reeleição
chegando a ní­veis de reces­são semestral (com uma taxa de Apesar de numerosas especula­ções sobre sua candida‑
crescimento mé­dia a­nual do PIB de 2,5% ao ano). tura, fundamentadas em declara­ções como a do ex‑ministro
Ressalvam os críticos, no entanto, que os bai­xos índi‑ José Dir­ceu, que afir­mou: “nosso projeto é para trinta anos”,
ces infla­cio­ná­rios foram conse­gui­dos a partir de políticas Lula manteve publicamente a condi­ção de indeciso em rela­
monetá­rias restritivas, que levaram a um crescimento ção à candidatura até o último momento. Alguns analistas
dependente, por exemplo, de exporta­ções de commodi­ties políticos ava­lia­ram isso como estraté­gia para que Lula não
agrícolas (espe­cial­mente a soja), que não só encontraram recebesse ata­ques antecipadamente, já que os escândalos de
seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como seu governo e características polêmicas de sua personalidade
também tem contri­buí­do para o crescimento do lati­fún­dio. pode­riam, segundo eles, servir de muni­ção para a oposi­ção.
As rela­ções políticas do governo Lula foram conturba‑ Seu governo foi mui­to criticado, quan­do notí­cias saí­ram
das. E­lei­to presidente com uma bancada minoritá­ria, forma‑ com estatísticas a res­pei­to do au­mento de seus gastos com
da pelo PT, PSB, PCdoB e PL, Lula par­tiu para a coop­ta­ção publicidade durante o pri­mei­ro semestre de 2006, tendo
de partidos mais à di­rei­ta do espectro político brasi­lei­ro. sido gasto até 19 de julho 67,8% do que é permitido pela
Conse­guiu a­poio do PP, PTB e parcela do PMDB, às custas legisla­ção. Não foram pou­padas, também, críticas às suas
de dividir com esses o poder. Após dois anos de governo via­gens para i­nau­gura­ções de obras.
mantendo maioria no congresso, o que facilitava a aprova­ção Em 17 de agosto de 2006, o Tribunal Supe­rior E­lei­toral
de projetos de interesse do executivo, uma disputa interna conde­nou o candidato Lula ao pagamento de uma multa de
de poder entre os partidos a­lia­dos (PT, PSB, PCdoB, PL, PP, 900 mil reais por prática de propaganda e­lei­toral antecipada.
PTB) resul­tou no escândalo do mensa­lão. Reconhecendo a ocorrên­cia de propaganda e­lei­toral em
Após denún­cias do en­tão deputado do PTB Roberto dezembro de 2005, e portanto extemporânea, no ta­blói­de
Jefferson, envolvido em es­que­ma de propina na Empresa entitulado “Brasil, um país de todos”, uma publica­ção de res‑
Brasi­lei­ra de Cor­reios e Telégrafos – Cor­reios, hou­ve enorme ponsabilidade da Casa Civil, do ministé­rio do Planejamento
desarranjo político entre o poder executivo e sua base, au­ e da secreta­ria‑geral da Presidên­cia da República.
mentado o grau de ata­que dos partidos de oposi­ção. Essa Distin­ção entre candidato e presidente: assim que
crise desdo­brou‑se em ou­tras, que geraram certa parali­sia Lula ofi­cia­li­zou a sua candidatura, na conven­ção na­cio­nal
no governo federal, inclusive com a que­da de ministros e do partido, dia 24 de junho (perto da data limite estabele‑
a cassa­ção de deputados. Nesse pe­río­do, com­preen­dido cida por Lei), constantes críticas sobre a dificuldade de se
entre abril e dezembro de 2005, o índice de aprova­ção do distin­guir o presidente do candidato à reeleição passaram
governo Lula atin­giu o seu mais bai­xo percen­tual desde o a fazer parte da campanha e­lei­toral. O  TSE adver­tiu que
começo do mandato. Em ja­nei­ro de 2006, com o desgaste não a­cei­ta­ria propaganda governamental institu­cio­nal a
do Poder Legislativo em meio a absolvi­ções de congressistas partir da data da ofi­cia­liza­ção da candidatura. O  governo
julgados por seus pares por envolvimento em episó­dios de ten­tou ain­da encontrar uma brecha jurídica, alegando casos
improbidade, Lula conse­gue rea­gir, se des­via dos escândalos de necessidade pública para a conti­nuação de campanhas
e volta a ter altos índices de popularidade. televisivas sobre programas sociais do governo, tais como
Casos como o de seu filho, Luis Fá­bio, o Lulinha, que o Fome Zero, Bolsa Famí­lia e ou­tros nas á­reas de educa­ção
te­ria supostamente enri­que­cido após fechar contrato de e saú­de. Esse empenho não sur­tiu e­fei­to e a proi­bi­ção foi
quin­ze mil­hões de reais com a empresa de telecomunica­ mantida, abrindo‑se exce­ção apenas para o caso de empre‑
ções Telemar, da qual o governo é a­cio­nista. Em maio de sas esta­tais que concorrem no mercado, sob a condi­ção de
2004, o governo qua­se ge­rou uma crise diplomática devido não apresentarem logotipo ou men­ções ao candidato.
ao pedido de expul­são do jornalista Larry Rotter do país, A elabora­ção de uma cartilha com o logotipo do pro‑
por conta de maté­ria do correspondente para o jornal The grama Fome Zero na capa, que se­ria distri­buí­da nas escolas
New York Times, na qual foram divulgados boa­tos sobre a públicas do país, rece­beu críticas de mesmo teor e foi reco‑
propen­são de Lula a beber. lhida pelo TSE, que além de confiscar qua­renta mil­hões de
Também hou­ve a demis­são dos ministros José Dir­ceu, cartilhas, apli­cou uma multa de cem mil reais e a­meaçou
Benedita da Silva, Luiz Gushiken, por sus­pei­tas de envolvi‑ impugnar a candidatura do PT. Críticas maio­res foram fei­
História

mento em casos de corrup­ção ou prevarica­ção. tas principalmente por oposi­cio­nistas, que alegaram uso de
O caso da venda de um dos­siê para petistas em São din­hei­ro público com fins e­lei­to­rais. Em um de seus discur‑
Pau­lo, contendo informa­ções sobre supostas irregularidades sos de campanha, Lula afir­mou que não sa­bia quan­do era
na ges­tão de José Serra no Ministé­rio da Saú­de, a menos de candidato e quan­do era presidente.

30
Essa confu­são de fun­ções tem gerado na imprensa e O ponto positivo foi a redução da pobreza e da miséria,
em setores da so­cie­dade indaga­ções sobre a necessidade não que a mesma tenha acabado, longe disto, mas os pro‑
de se revisar o instrumento da reeleição. Indaga­ções seme‑ gramas sociais implantados pelo governo Lula amorteceram
lhantes ocorreram quan­do Fernando Henri­que Cardoso era o choque entre riqueza e miséria no Brasil.
candidato e presidente em exercí­cio concomitan­temente. E, no final de 2006, a população fez uma análise positiva
No dia em que rea­li­zou o pri­mei­ro ato ofi­cial de sua re‑ de todo o período do governo Lula, pois o elegeu novamente
eleição, Lula conce­deu entrevista, e, fugindo do estigma de por mais um período de quatro anos, que se iniciou em 2007,
um segundo governo mais frou­xo fiscalmente para atender sem tanta pompa como no primeiro, e com uma população
demandas de seus discursos, em julho de 2006, decla­rou bem menos empolgada, mas confiante de que dias melhores
que nunca foi um “es­quer­dista”, admitindo que em um poderiam vir com a continuação do governo Lula.
even­tual segundo mandato, prosse­guiria com as políticas O lado negativo dos oito anos de Lula no poder foram
consideradas conservadoras adotadas no seu a­tual governo. os vários escândalos políticos. O “mensalão”, de 2005. O es‑
quema envolvia o pagamento de propinas a parlamentares
Segunda Posse em troca de apoio ao governo em votações no Congresso.
As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José
A imprensa mun­dial fez men­ção a reeleição do caris­ Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT. No final de 2012,
mático e agora “não es­quer­dista” Lula. Até mesmo os ban­ mais de três dezenas de envolvidos no caso foram condena‑
quei­ros de Wall S­tree­t elo­gia­ram sua vitó­ria, pois o antes dos pelo STF, por diversos crimes.
temido representante maior da estrela vermelha petista No segundo mandato, Lula refez sua base política e
não mais apresenta­ria caráter reformista. O jornal britânico “construiu” a candidatura de Dilma Rousseff para sucedê‑lo
“Finan­cial Times” deu esse enfo­que na maté­ria que publi­cou no cargo.
sobre a reeleição com o título “Wall S­tree­t também ama Uma análise rápida dos oito anos do governo do presi‑
Lula”. O  “Finan­cial Times” se ba­seou nas declara­ções aos dente Luiz Inácio Lula da Silva constata‑se duas principais
clien­tes do Banco J. P. Morgan onde disse: características: crescimento econômico com redução da
pobreza e escândalos políticos que abalaram o PT.
... as expectativas sobre a agenda de reformas es­ Durante o governo de Lula, um grande mérito econômico
tão bai­xas, o que significa que, mesmo que sejam foi a manutenção do Plano Real, que permitiu a estabilidade
pe­que­nas, pode­riam gerar um impacto positivo econômica. O PIB (Produto Interno Bruto) teve um cresci‑
nos mercados. O tamanho da liderança do presi‑ mento médio anual de 4,0% nos dois mandatos. Programas
dente Lula está diretamente rela­cio­nado com a sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o au‑
vee­mên­cia com que ele e seus ministros atacaram mento de empregos formais e do salário mínimo acima da
as reformas libe­rais promovidas pelo governo ante­ inflação melhoraram a vida das classes assalariadas.
rior, do PSDB. Encorajados pela responsabilidade O pior aspecto do governo petista foram os sucessivos
so­cial, alguns ministros, começaram a considerar a escândalos políticos. O “mensalão”, em 2005, foi um divisor
de águas. O esquema envolvia o pagamento de propinas a
‘flexibiliza­ção’ da lei de responsabilidade fiscal – um
parlamentares em troca de apoio ao governo em votações
dos mais importantes pilares da política ma­croe­
no Congresso. As denúncias derrubaram o principal ministro
conômica erigidos pelo PSDB. A no­ção de que, em
de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT.
um segundo mandato, Lula possa dar andamento
Foram mais de quatro meses de julgamento em 2012
a qualquer agenda reformista está começando a
para o Supremo Tribunal Federal (STF) concluir o julgamento
soar como fanta­sia.
do mensalão Foi o julgamento mais longo da história do STF:
em 120 anos.
Wall S­tree­t ama Lula, segundo o jornal britânico, por­que O Supremo Tribunal Federal concluiu que o mensalão
a propaganda de es­quer­da reformista que promo­veu quan­ foi um esquema ilegal de financiamento político organizado
do era “es­quer­dista” hoje soa como uma fanta­sia, visto seu pelo PT para corromper parlamentares e garantir apoio ao
governo se cons­trói sobre os pilares que o PSDB estabele­ceu. governo Lula no Congresso em 2003 e 2004.

POLÍTICA RECENTE NO BRASIL O Mensalão


Uma pequena resenha da história política do Brasil Núcleo político
Logo no início do século XXI, a população decide mudar Segundo o entendimento do Supremo, o  esquema foi
a preferência eleitoral e partidária e dá a vitória nas eleições organizado por um núcleo político chefiado pelo então
de 2002 ao PT e a Luiz Inácio Lula da Silva. A posse de Lula, ministro da Casa Civil, José Dirceu, e integrado por outros
em 2003 no seu primeiro mandato, como presidente da três dirigentes partidários que faziam parte da cúpula do PT.
República, foi tratada como a abertura de um novo capítulo
na História do Brasil. Essa foi a esperança de milhões de Núcleo operacional
brasileiros, não apenas daqueles que votaram nele, mas
da maioria da sociedade brasileira a partir de 2003. Muitos O empresário Marcos Valério, dono de agências de pu‑
ficaram frustrados, pois velhas práticas da política brasileira blicidade que tinham contratos com o governo federal, foi
continuaram existindo, como a corrupção, desvios de dinhei‑ condenado por usar suas empresas para desviar recursos
ro público, acusações de várias naturezas recaindo sobre os dos cofres públicos para os políticos indicados pelos petistas.
assessores mais próximos do presidente. O maior problema
História

foi o chamado mensalão, suposto esquema de compra de Núcleo financeiro


votos de partidos e parlamentares no congresso nacional, por
membros do PT, para o governo tivesse maioria nas votações O STF concluiu que o Banco Rural deu suporte ao mensa‑
de interesse do Palácio do Planalto. lão, alimentando o esquema com empréstimos fraudulentos,

31
permitindo que os políticos sacassem o dinheiro sem se A classe política foi extremante criticada. Muitas medidas
identificar, e transferindo parte dos recursos para o exterior. foram tomadas, em nível do Governo Federal, Estadual e
Dos 38 réus, 25 foram condenados por pelo menos um Municipal, com participação conjunta do Legislativo.
crime, 12 foram absolvidos de todas as acusações e um teve Logo, este aumento é refletido internamente – o que
o caso desvinculado do processo. Ao todo, as penas atingem elevou bastante os preços. Com a entrada da safra da cana‑
282 anos de prisão e o pagamento de multa de, pelo menos, -de-açúcar e a intervenção do governo sobre os preços da
R$ 22,7 milhões. Os condenados ainda poderão recorrer das Petrobras o preço abaixa, mais uma razão para a queda da
decisões ao próprio Supremo. inflação para o segundo semestre de 2011. As classes sociais
Lula termina o mandato com mais de 80% de aprovação estão se deslocando cada vez mais para cima e se continuar
popular e com a eleição de Dilma Rousseff sua sucessora e esta tendência em breve a classe “E” não terá mais repre‑
fiel seguidora. Com o total apoio de Lula, a economista Dilma sentantes (grau de otimismo do brasileiro elevou-se enor‑
Rousseff (PT) se tornou a primeira mulher eleita presidenta memente – segundo pesquisa – o país mais feliz do mundo)
ao longo da história do Brasil, com 56% dos votos válidos no
segundo turno, no dia 31 de outubro de 2010, contra 44% do Segundo Mandato (2015-2019)
ex‑governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Dilma Rousseff iniciou o seu mandato com o Brasil, qua‑ Depois de um grande susto, pois a candidatura Dilma,
se todo, pensando que ela seria apenas uma marionete do nos meses finais da eleição, se viu ameaçada pelo candidato
ex‑presidente Lula, ou no mínimo uma dependente política Aécio Neves do PSDB, a candidata à reeleição consegue em
do mesmo, ou seja, a análise de que o peso de Lula cons‑ segundo turno da eleição presidencial de 2014 a recondução
trangeria o seu governo. Aos poucos, porém, Dilma Rousseff ao segundo mandato com término previsto para 2019.
foi imprimindo o seu estilo de governar e encerrou os seus O segundo mandado ainda nem tinha se iniciado e a
dois primeiros anos de mandato com índices de aprovação popularidade de Dilma Rousseff derretia como manteiga em
superiores aos obtidos por FHC e de Lula. uma panela quente.
Apesar de a crise econômica mundial ter provocado Os escândalos que começaram a vir à tona ainda no final
uma redução da taxa de crescimento na economia brasi‑ do primeiro mandato na investigação do caso chamado pela
leira nestes dois anos, e ter elevado os índices de inflação, Polícia Federal de Lava Jato, que envolvem grandes executi‑
Dilma Rousseff inicia o ano de 2013 com o proposito de vos da maior estatal do Brasil, no caso a Petrobras, e diversos
promover o crescimento da economia brasileira e a redução políticos, em sua maioria da base aliada do Governo Dilma,
da pobreza. Assim ela prognosticou nos seus discursos em mas também com acusações pesando sobre políticos ligados
Janeiro de 2013. a partido da oposição.
A crescente inflação e derretimento das contas públicas
Governo Dilma Rousseff fazem o governo tomar várias ações de cunho impopular,
o que irá agravar ainda mais os índices de aceitação da
Primeiro Mandato (2011-2015) presidenta Dilma.
As políticas de desonerações do primeiro mandato di‑
Após uma eleição bastante polarizada com José Serra, minuíram as receitas governamentais, fato que irá levar, no
candidato derrotado pelo PSDB, no segundo turno, inicia-se segundo governo, a um difícil e tumultuado ajuste fiscal. O
o que para muitos analistas seria o terceiro mandato de Lula que chama a atenção, de forma positiva, foi a manutenção,
e do PT. A esperança é que as taxas de crescimento da econo‑ tanto no primeiro quanto no início do segundo mandato, é a
mia se elevem e as conquistas sociais sejam ampliadas. Dilma estabilidade do nível de desemprego.
representa uma mudança na história brasileira, marcada pela Ela desonerou mais de 50 setores para fazer a roda
presença masculina, pela primeira vez uma mulher chegava da economia girar e chama a atenção para o fato de ter
ao posto mais elevado da República Federativa do Brasil, ela deixado o nível de desemprego estável, em cerca de 7% da
fez parte do Governo Lula, ocupa pastas ministeriais impor‑ população ativa. De acordo com o governo, até o fim do ano,
tantes com o de Minas e energia e a poderosa Casa Civil. o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) atingirá a
A esperança de que os índices de crescimento da eco‑ marca de 96,5% de execução do orçamento previsto para o
nomia da era Lula continuassem e mesmo viessem a serem período 2011-2014.
superados, logo se viu malograda. A crise internacional Nesse período, também importantes programas foram
afetou enormemente as exportações, início do seu governo lançados ou turbinados, como o Brasil Carinhoso; o Água para
o real valorizado prejudicava as exportações. O consumo Todos; o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
estava bastante elevado, o que gerou elevação da inflação, Familiar (Pronaf); o Bolsa Família; o Minha Casa, Minha Vida;
e com grande endividamento da população, principalmente o Mais Médicos; e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino
a de classe média, o que irá provocar nos anos seguintes Técnico e Emprego (Pronatec).
uma insatisfação crescente da mesma. Grandes obras são
realizadas para atender aos compromissos assumidos na era Congresso
Lula como a Copa do Mundo em 2014. A relação delicada do Planalto com os outros Poderes
É sempre bom lembrar que problemas econômicos também marcou o governo Dilma. No caso do Congresso,
iram refletir politicamente em algum momento, e foi o que a presidente precisou algumas vezes conter resistências na
aconteceu com as grandes mobilizações populares de junho base, em partidos como o PR e o próprio PMDB, partido do
e julho de 2013, movimento iniciado com a insatisfação estu‑ vice-presidente, Michel Temer. Em alguns momentos, como
dantil com relação aos reajustes das passagens dos ônibus, na aprovação da MP dos Portos na Câmara (MP 595/2012),
mas logo assumira uma pauta extensa de reivindicações, em foi preciso um grande esforço para pacificar a base e, ao mes‑
sua grande maioria relativas a atuação do Estado, criticando mo tempo, vencer a obstrução dos partidos oposicionistas.
História

principalmente a sua lentidão e ineficiência na gerência do A matéria foi aprovada e ainda sofreu 13 vetos de Dilma.
bem público. As críticas não pouparam nenhum dos três po‑ As reclamações de que Dilma não considerava parlamen‑
deres, Legislativo, Executivo e Judiciário foram extremamente tares aliados, no início do mandato, eram tão frequentes que
criticados, tanto em nível Federal, Estadual como Municipal. o então ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, caiu

32
ainda no primeiro semestre. Quem assumiu a cadeira foi plano tirarão da pobreza extrema cerca de 16,2 milhões de
Ideli Salvatti, que se manteve no cargo até abril passado e brasileiros. Entre outras medidas, o plano prevê ampliação
filtrou grande parte das demandas do Congresso. Atualmente do cadastro do Bolsa Família, construção de milhares de
quem comanda as relações de Executivo e Legislativo é um cisternas e capacitação técnica da população com menos
dos caciques do PT, Ricardo Berzoini. acesso à educação.
Tanto a base quanto a oposição por diversas vezes recla‑ Moradia: no mesmo ano é lançada a segunda edição do
maram do número de medidas provisórias editadas pelo go‑ Minha Casa, Minha Vida – e Dilma promete dois milhões de
verno e acusaram Dilma de estar governando “por decreto”. casas até 2014. De acordo com a Caixa Econômica Federal,
Em 2011, foram 36. No ano seguinte o Planalto editou 45. Em foram entregues 1.939.252 residências à população de baixa
2013, foram 35, e em 2014, 26 MPs. Do total, apenas uma renda até dezembro de 2014.
foi revogada – mesmo assim, porque seu objeto está na Lei Palocci: já nos primeiros meses de governo, o mais impor‑
nº 12.409/2011. Ao longo desses quatro anos, 31 MPs não tante nome do ministério de Dilma é atingido. Em meados do
chegaram a ser votadas, perdendo a validade. Dez MPs de ano, descobre-se que o ministro da Casa Civil e ex-ministro
2014 ainda estão tramitando no Congresso. da Fazenda de Lula, Antonio Palocci, teria multiplicado seu
A relação entre Dilma e o Congresso foi instável, mas patrimônio 20 vezes nos quatro anos anteriores. O ministro
ela prevaleceu em momentos cruciais. Recentemente, de‑ é substituído pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
monstrou sua força ao passar o projeto que desobrigou o Transportes: o próximo a deixar o governo é Alfredo
governo de cumprir qualquer meta de superávit neste ano Nascimento (PR-AM), dos Transportes, em julho. Ele voltou
(PLN 36/2014). Em agosto, ela deu seu segundo veto total ao Senado. A saída se deu por denúncias de que construtoras
a projeto que alterava a lei de criação e incorporação de e consultorias de projetos de obras em rodovias e ferrovias
municípios, alegando aumento de despesas com as novas teriam pagado propina para a cúpula do PR, que controlava
cidades – e ele não foi derrubado, embora tenha desagra‑ a pasta. No Senado, a oposição bateu duro na condução do
dado parte da base. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
Mesmo com o apoio da maioria de senadores e depu‑ (Dnit). Naquele momento, o Tribunal de Contas da União
tados no primeiro mandato, Dilma nunca teve as portas do (TCU) estimava a existência de 721 processos com suspeitas
seu gabinete tão abertas para a base como esperavam seus de dano ao erário e prática de ato de gestão ilegal. Além dis‑
aliados no Congresso. so, são apontados indícios de irregularidades em 23 obras,
Um levantamento feito pelo jornal O Globo em novem‑ 15 tocadas pelo Dnit e 8 pela empresa pública Valec. É sem
bro mostrou que, entre janeiro de 2011, quando assumiu, dúvida o maior problema de Dilma em 2011, porque gera
e outubro de 2014, ela recebeu com exclusividade apenas desgaste na base do governo no Congresso e, inclusive, um
2 deputados federais e 13 senadores. Nessa conta estão forte movimento pela instalação de uma CPI.
excluídas as reuniões em que parlamentares entram como Agricultura: o Ministério da Agricultura sofre com a
acompanhantes da equipe de ministros, por exemplo. denúncia de forte ação de lobistas e de que o então diretor
No Senado, Dilma continuará operando com grande da Conab, Oscar Jucá Neto, teria feito pagamento ilegal de
maioria. É preciso esperar um pouco mais para saber o real R$ 8 milhões a uma empresa. O ministro, Wagner Rossi, é
tamanho de sua base de apoio. Mas provavelmente serão 57 suspeito de receber propina e usar dinheiro público para
aliados contra 24 opositores a partir de fevereiro – número sanar dívidas privadas. Cai ainda em agosto.
suficiente para aprovar emendas constitucionais. O PMDB Turismo: simultaneamente, irregularidades no Ministério
continuará o maior, com 18 senadores, seguido do PT, com do Turismo levam à prisão 38 pessoas na Operação Voucher,
12. Os dois maiores partidos da oposição são PSDB, com após a descoberta de desvio de cerca de R$ 4,5 milhões des‑
10, e DEM, com 5. A maior perda para Dilma em relação à tinados ao treinamento de profissionais da área de turismo
base do governo em 2010 é o PSB – que agora se declara no Amapá. O então ministro, Pedro Novais, tenta se defender
independente no cenário nacional, mas tende à oposição no Senado, mas deixa o cargo em setembro.
em várias matérias. Serão seis os senadores desse partido Esportes: em outubro, o PCdoB, que controlava o minis‑
na próxima legislatura. tério dos Esportes, sofre denúncias de João Dias Ferreira,
No início de 2014, Dilma expressou o desejo de reno‑ ex-militante do partido e coordenador de duas organizações
var a “parceria” com o Legislativo em prol do bem-estar não governamentais que mantiveram contratos com o minis‑
da população. “Conclamo novamente os parlamentares a tério. Ele acusa o ministro Orlando Silva de envolvimento com
reafirmar uma forte parceria em favor do Brasil e em favor um esquema de corrupção por meio do Programa Segundo
da democracia; da superação definitiva da miséria; e do Tempo. Em audiência no Senado, o ministro nega ter recebido
desenvolvimento sustentável”, escreveu, na sua mensagem recursos desviados de convênios e afirma que seu partido
anual ao Congresso. não opera “caixa dois” com dinheiro público. Mesmo assim,
não chega a novembro na pasta.
Principais Momentos do Governo Dilma 2011-2014: Trabalho: ainda em novembro, é a vez de Carlos Lupi,
ministro do Trabalho. Ele é acusado de ter viajado no avião
2011 de uma ONG que tinha contrato com o ministério em 2009.
Chuvas: a estreia de Dilma é um batismo em águas Lupi desmente, mas fotos do voo chegam à imprensa. Ele é
turbulentas. Nos primeiros dias depois da posse, as chuvas o sétimo ministro a deixar o governo de Dilma no primeiro
castigam a região serrana do Rio de Janeiro num desastre ano de mandato.
sem precedentes que mata mais de mil pessoas e deixa Desenvolvimento: o ministro do Desenvolvimento,
milhares desabrigadas. Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, é cha‑
Programas: a presidente lança em março o Programa mado ao Senado para esclarecer denúncias de que teria se
Rede Cegonha, de apoio a gestantes, nutrizes e bebês. Em beneficiado de tráfico de influência para realizar consulto‑
História

junho, é lançado o Plano Brasil Sem Miséria, cujo objetivo rias milionárias. De acordo com as reportagens, o sócio de
é erradicar a extrema pobreza aumentando o orçamento Pimentel nos dois anos anteriores assessorava a prefeitura
das famílias que recebem menos de R$ 70 reais mensais de Belo Horizonte, onde clientes dos dois teriam contratos.
por pessoa. Estima-se que as ações sociais englobadas pelo Pimentel não chegou a se explicar ao Senado, como fizeram

33
os demais em casos anteriores, e permaneceu no cargo. 2014, o trabalho chega ao final, sintetizado num documento
Este ano, Pimentel, que continuou ministro até pouco antes que recomenda punições para mais de 300 militares, agentes
das eleições, conquistou o governo de Minas Gerais, feito de Estado e ex-presidentes da República por violações du‑
considerado fundamental para a vitória de Dilma Rousseff rante o regime militar (1964-1985). A comissão reconheceu
sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno. 434 vítimas da ditadura.
Economia: 2011 é um ano difícil para a economia. O Porto Seguro: em novembro, a Polícia Federal prende seis
crescimento do PIB é de apenas 2,7%, bem menos que os pessoas, entre elas dois diretores de agências reguladoras,
5,5% projetados. O ponto favorável foi o emprego formal, acusados de vender pareceres técnicos do governo para
em alta. Apenas 5% da população economicamente ativa empresas. No olho do furacão está a assessora da Presidência
estava desempregada. Outro tento conquistado por Dilma da República Rosemary de Noronha, apontada como o elo
foi a Emenda à Constituição 68/2011, que prorroga a Des‑ entre agentes públicos e privados.
vinculação de Receitas da União (DRU) até 31 de dezembro Popularidade: pesquisa CNI/Ibope apura que a presiden‑
de 2015. Com isso, o Executivo foi autorizado a movimentar te chega a dezembro com 78% de aprovação pessoal, um
mais livremente até 20% das receitas das contribuições so‑ índice mais alto que dos seus dois antecessores, Luiz Inácio
ciais – excetuando as previdenciárias. Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. A presidente
ganha popularidade com medidas como a desoneração do
2012 setor automobilístico e a redução das contas de luz.
Integração: o ministro da Integração Nacional, Fernando Espionagem: o Brasil é vítima de espionagem interna‑
Bezerra, é acusado de favorecer o estado de Pernambuco cional. É instalada uma CPI da Espionagem no Senado. O
e, em especial, a cidade de Petrolina – onde seu filho seria Planalto, segundo documentos apresentados pelo ex-analista
candidato a prefeito – na divisão de recursos da pasta da da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, em inglês),
Integração. Aos senadores ele diz que o repasse de quase estava sendo monitorado pela entidade. As relações entre
70 milhões teve aprovação do Ministério do Planejamento, Brasil e Estados Unidos passam por momentos delicados. A
da Casa Civil e da própria Presidência da República. Dos presidente da República cancela viagem a Washington, onde
221 parlamentares que apresentaram emendas na cota da se encontraria com o presidente americano, Barack Obama.
Integração Nacional, 138 obtiveram empenho, justificou. O mal-estar só foi solucionado em um encontro de Dilma
Outros 54 parlamentares tiveram 100% de suas emendas com Obama durante a reunião do G20, em São Petersburgo,
empenhadas, e não apenas seu filho, deputado Fernando Rússia, em setembro de 2013.
Coelho (PSB-PE). O ministro também garante aos senadores
que nunca indicou parente para a direção da Companhia do 2013
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba Infraestrutura: a presidente começa o terceiro ano de
(Codevasf), administrada por seu irmão, Clementino Coelho. mandato enfrentando a desaceleração econômica. O go‑
Bezerra só sai do governo no ano seguinte, quando seu par‑ verno apela a novas medidas de desoneração, tanto para o
tido, o PSB deixa a base governista, sob a liderança do então setor produtivo quanto para os consumidores. Pacotes de
governador de Pernambuco, Eduardo Campos. estímulos fiscais e financeiros também foram lançados contra
Cidades: em dezembro de 2011, o Ministério das Cida‑ os “gargalos” na infraestrutura, como nas estradas e portos.
des muda um projeto do governo de Mato Grosso para, em Manifestações: junho é um mês dramático para o gover‑
vez de uma linha rápida de ônibus em Cuiabá, construir um no Dilma. Uma onda de protestos toma conta das principais
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A mudança implicaria custos capitais para criticar os gastos com a Copa do Mundo. A pauta
extras em torno de R$ 700 milhões e teria sido determinada de reivindicações inclui desde investimentos em saúde e
a partir de fraude em parecer técnico, segundo documentos educação até a preservação dos poderes investigatórios do
apresentados pela oposição ao ministro Mário Negromonte Ministério Público. A primeira bandeira das manifestações,
em audiência na Comissão de Meio Ambiente. O ministro porém, foi o protesto contra o aumento das tarifas do trans‑
explicou que a mudança de modal foi solicitada pelo governo porte público. No dia 17, os protestos tomaram várias capitais
do Mato Grosso sob a alegação de que o projeto original e a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
exigiria muitas desapropriações e estaria desatualizado. Pauta: no auge dos protestos, Dilma se pronuncia em
Sobre Negromonte também pesa a suspeita de tráfico de rede nacional de TV e rádio e conclama um grande pacto
influência para uma empresa de TI. Ele terminaria substituído com parlamentares e governadores em torno das melhorias
por Aguinaldo Ribeiro em fevereiro de 2012. exigidas, especialmente a mobilidade urbana e transporte
Casa da Moeda: em 14 de fevereiro, senadores da oposi‑ público, a garantia de reverter 100% dos recursos do petróleo
ção apresentam representação contra o ministro da Fazenda, para educação e o combate à corrupção, entre outros temas.
Guido Mantega. Ele é acusado de omissão acerca de cobrança Ela também propôs a realização de um plebiscito para a
de propina na Casa da Moeda. O ex-presidente da entidade, eleição de temas constantes de uma reforma política a ser
Luiz Felipe Denucci, havia sido acusado de enviar cerca de elaborada em constituinte exclusiva. A ideia foi rejeitada
R$ 25 milhões ao exterior e supostamente seria o cabeça do pelos congressistas de um modo geral e vista com reservas
esquema. O caso seguiu para investigação da Procuradoria‑ no Supremo Tribunal Federal, razão pela qual foi abando‑
-Geral da República. nada. Em resposta à “voz das ruas”, o Senado estabeleceu
Brasil Carinhoso: Dilma lança o Programa Brasil Carinho‑ uma pauta prioritária, que incluiu projetos como o que
so em maio para beneficiar cerca de dois milhões de famílias transforma a corrupção em crime hediondo (PLS 204/2011)
com crianças de até seis anos com renda per capita inferior a e o que estabelece a exigência de ficha limpa para servidores
R$ 70,00. Ligado ao Bolsa Família, ele atende pessoas em públicos (PEC 6/2012), ambos à espera de votação na Câmara
extrema pobreza. Alguns dos suplementos distribuídos dos Deputados. Um dos projetos aprovados, o que reduz a
são vitamina A, ferro e remédios contra asma. O programa zero as alíquotas de PIS-Pasep e Cofins sobre a receita do
História

também amplia a oferta de creches. transporte urbano municipal (PLC 46/2013), até já se tornou
Comissão da Verdade: em maio é instalada a Comissão lei (Lei nº 12.860/2013).
Nacional da Verdade (CNV) para apurar violações de direitos Médicos: em julho de 2013, Dilma lança o Programa
humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Em dezembro de Mais Médicos que, entre outras ações, facilita a chegada de

34
médicos estrangeiros para trabalhar em postos de saúde de Plano Nacional de Educação (PNE), que contém as diretrizes
cidades pequenas durante três anos ganhando salário de R$ e metas da educação nacional para os próximos dez anos. O
10 mil, mais a ajuda de custo. Ela promete R$ 7,4 bilhões na PNE exige que, até o fim de sua vigência, o governo federal
construção, reforma e compra de equipamentos para postos aplique pelo menos 10% do PIB no setor. A meta é de 7%
de saúde, unidades de pronto atendimento e hospitais. Em até o quinto ano do plano, pouco mais que o investimento
2014 seriam mais R$ 5,5 bilhões em novas unidades. Tam‑ atual, de 6,4% do PIB. Entre as 20 metas do PNE, estão a
bém promete aumentar a quantidade de vagas para o curso erradicação do analfabetismo absoluto e a redução em 50%
de medicina nas universidades federais. O programa sofre da taxa de analfabetismo funcional.
críticas por causa, entre outras coisas, da baixa remunera‑ Petrobras: evidências de que a compra de uma refinaria
ção de profissionais cubanos – que recebem o equivalente em Pasadena, no Texas, teria sido desastrosa para a Petro‑
a US$ 1.245, bem menos que os R$ 10 mil pagos a médicos bras na época em que Dilma ainda era ministra das Minas e
de outras nacionalidades. Organizações de representantes Energia do governo Lula e presidente do Conselho Adminis‑
do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Mé‑ trativo da estatal levam os senadores da oposição a pedirem
dica Brasileira (AMB), da Federação Nacional dos Médicos a instalação de CPI no final do primeiro semestre. Em seguida,
(Fenam) e de organizações estudantis acusam o governo de a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, liga recursos des‑
tentar transferir a responsabilidade pelos problemas do SUS viados da estatal a pagamento de propinas no Congresso.
para os profissionais da área. Outra crítica é a liberação dos As delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo
estrangeiros de validarem o diploma por meio de um exame. Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef deixam o mundo
Eles têm avaliação distinta e, se forem aprovados, receberão político em suspense. Manobras para evitar o desgaste de
um registro provisório que terá validade apenas para atuação uma CPI num ano eleitoral levaram o caso até o Supremo.
dentro do Programa Mais Médicos. Dos 7,4 mil cubanos que Duas CPIs são criadas: uma exclusiva do Senado e uma mista.
aceitaram participar do programa, 27 o abandonaram depois Após meses de investigação, a CPI mista aprova o relatório
de chegar ao Brasil. O presidente do Senado, Renan Calhei‑ do deputado Marco Maia (PT-RS), que pede o indiciamento
ros, recebeu um abaixo-assinado com 42 mil assinaturas de de 52 pessoas e reconhece prejuízo de US$ 561,5 milhões
profissionais da medicina e de cidadãos contra a medida na compra da refinaria. As ações da empresa despencam.
provisória (MP 621/2013) que criou o programa. Eleições: em outubro, após uma campanha presidencial
Royalties: aprovada no Senado dois meses antes, Dilma concorrida e cheia de imprevistos – como a morte do candi‑
sanciona em setembro a Lei nº 12.858/2013, que garante dato do PSB, Eduardo Campos, que estava em terceiro lugar
para a educação a destinação de 75% dos royalties da ex‑ nas pesquisas de intenção de votos, e sua substituição pela
ploração do petróleo e do gás natural e, para a saúde, 25%. candidata a vice Marina Silva –, Dilma Rousseff é reeleita
na coligação Com a Força do Povo, com 54.501.118 votos
2014 (51,64% dos votos válidos). Em segundo lugar no pleito ficou
Internet: um feito bastante comemorado por Dilma foi a a coligação Muda Brasil, de Aécio Neves, com 51.041.155
criação da lei que estabelece um marco civil para a internet, votos (48,36% dos votos válidos).
sancionada em abril de 2014 durante o Encontro Global Mul‑ Pós-eleições: a evolução da crise na Petrobras e a piora
tissetorial sobre o Futuro da Governança da Internet – NET de indicadores econômicos como o produto interno bruto
Mundial, em São Paulo. Entre as 13 conquistas dos usuários, (PIB) e o resultado fiscal formam o cenário pós-eleições. Para
estão a neutralidade da rede e a proteção do sigilo tanto dos acalmar o mercado, Dilma antecipa os nomes de sua nova
dados quanto da navegação – que não pode ser vendida equipe econômica: Joaquim Levy, com passagens pelo gover‑
pelos provedores para marketing dirigido, por exemplo. no federal e então executivo do Bradesco, é anunciado como
Copa do Mundo: em junho, o Brasil começa a festa da o novo ministro da Fazenda. No Planejamento, a escolha recai
Copa, o maior evento do governo Dilma. No Congresso, a
sobre Nelson Barbosa, também com longa experiência no
oposição criticou exaustivamente os gastos com estádios, a
governo. Alexandre Tombini, presidente do Banco Central,
submissão do Brasil às regras da Fifa e a concessão à iniciativa
é convidado a permanecer no cargo. Desafiados a conter os
privada dos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos (SP); Vira‑
gastos públicos, eles sinalizam medidas em nome da aus‑
copos, em Campinas (SP); e Juscelino Kubitscheck, em Brasília
teridade. O restante do ministério é anunciado por etapas.
(DF). Antes, senadores e deputados federais aprovaram leis Fonte: Agência Senado (Reprodução autorizada
sem as quais o evento não poderia ser realizado, como a Lei mediante citação da Agência Senado)
Geral da Copa e a norma que criou o Regime Diferenciado de
Contratações (RDC). Em outra frente, os parlamentares per‑
correram as cidades-sede para fiscalizar o ritmo e a qualidade
Exercícios
da construção dos estádios. Apesar de alguns protestos nos
estádios, que repetiram o ocorrido na abertura da Copa das (Conupe/Guarda Municipal/Garanhus/2015)
Confederações, um ano antes, Dilma considerou a realização
da Copa um sucesso, com poucos problemas de organização e 1. Sobre a colonização lusitana do Brasil, assinale a alter‑
grande afluxo de turistas. O evento, que ocorreu sem maiores nativa correta.
problemas, foi saudado como um grande sucesso, apesar do a) A América Portuguesa foi explorada nos moldes do
fracasso da Seleção Brasileira. “Copa das Copas”, celebraram mercantilismo em voga na Europa.
os organizadores. Mas os grandes gastos com a realização b) Durante o período de 1500 a 1530, a colonização
do torneio e o atraso na entrega de obras de infraestrutura, visou dinamizar investimentos holandeses no plantio
especialmente de mobilidade urbana, ainda são lembrados da cana de açúcar.
pelos críticos do governo. c) Portugal colonizou as novas terras nos moldes feu‑
Educação: de acordo com resultados preliminares do dais, priorizando o trabalho assalariado na extração
História

Censo Educacional de 2014, cerca de 3,1 milhões de crian‑ do pau-brasil.


ças de zero a dois anos estão na educação infantil, dentre d) Para que a extração do pau-brasil pudesse ser devi‑
as quais 702,8 mil são de famílias beneficiárias do Bolsa damente regulamentada, Espanha e Portugal assi‑
Família. Em junho, a presidente sanciona sem vetos o novo naram o Tratado de Tordesilhas.

35
e) Os minérios, em especial o ouro, foram extraídos em 8. A Guerra dos Mascates foi um conflito político, que
grandes quantidades, no período pré-colonial, para marcou o Pernambuco dos primórdios do século XVIII.
atender aos pleitos do mercado externo. A causa desse conflito foi o(a)
a) colapso da indústria açucareira em Pernambuco.
2. Sobre o início da colonização do Brasil e a montagem b) expulsão dos investidores holandeses da região.
da indústria açucareira, podemos destacar c) União Ibérica capitaneada pelo monarca Felipe II de
a) a criação do Governo Geral em 1500. Espanha.
b) a implantação da mão de obra africana escravizada. d) escolha de Olinda como capital da capitania.
c) o destaque das capitanias do Rio de Janeiro e São e) fundação da Câmara Municipal do Recife.
Vicente na produção do açúcar.
d) a escolha de Olinda como sede do Governo Geral. (Conupe/PMPE/2009)
e) o sucesso do regime das Capitanias Hereditárias.
9. Maurício de Nassau chegou a Pernambuco em 1637,
3. Durante o século XVI, destacaram-se como grandes pretendendo pacificar a região e governar com a cola‑
boração dos luso-brasileiros. Sobre o governo de Nas‑
polos de produção açucareira no Brasil as regiões de
sau, analise as proposições abaixo.
a) Pernambuco, Bahia e São Vicente.
I – Fundou, no interior da capitania, o Arraial do Bom
b) São Vicente e Rio de Janeiro.
Jesus para concentrar a resistência holandesa e, usando
c) Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. a tática de guerrilha, minar a resistência dos pernam‑
d) Itamaracá e São Vicente. bucanos.
e) Rio de Janeiro e Bahia. II – A Companhia das Índias Ocidentais concedeu crédi‑
tos aos senhores de engenho para o reaparelhamento
4. As Câmaras Municipais eram as instituições do poder das propriedades, a recuperação dos canaviais e a com‑
local na América Portuguesa. Os vereadores eram os pra de escravos.
chamados “Homens bons”, potentados locais. No caso III – Nassau estimulou a vida cultural e investiu em obras
da Capitania de Pernambuco, esses líderes eram os urbanas, nos domínios holandeses. A cidade do Recife
a) comerciantes. foi beneficiada com a construção de casas, pontes e
b) senhores de engenho. obras sanitárias.
c) mestres do açúcar. IV – Embora o objetivo dos holandeses fosse o de ex‑
d) investidores holandeses. pandir sua fé religiosa, o luteranismo, outras religiões
e) criadores de gado. foram toleradas, exceto o judaísmo.

5. A invasão holandesa a Pernambuco em 1630 estava Está correto o que se afirma em


diretamente ligada à questão da indústria açucareira. a) I e II, apenas.
Sobre essa realidade, assinale a alternativa CORRETA. b) II e III, apenas.
a) Os holandeses decidiram se lançar, pela primeira vez, c) I, II e III, apenas.
à produção de açúcar, produto com amplo espaço d) II, III e IV, apenas.
no mercado europeu. e) I, II, III e IV.
b) Os holandeses já participavam do comércio do açú‑
car produzido no Brasil desde o século XVI. 10. Sobre a Revolução Pernambucana de 1817, é incorreto
c) Após a conquista de Pernambuco, os holandeses afirmar que
conquistaram a Bahia em 1654. a) os diversos grupos sociais envolvidos na revolta
d) Os holandeses abandonaram o comércio do açúcar tinham como consenso o objetivo de proclamar a
após a malograda invasão do Brasil. república.
e) Olinda tornou-se a sede do governo holandês no b) o movimento se inspirou na luta pela implantação
de ideais democráticos no Estado Polonês, a qual se
Brasil.
solidificou com a carta constitucional polonesa, que
ficou conhecida como “A Polaca”.
6. Sobre a atuação dos holandeses em Pernambuco, des‑
c) os rebeldes, que tomaram o poder em Pernambuco,
taca-se construíram um governo provisório, que decidiu ex‑
a) a conquista do sertão pernambucano pelas tropas tinguir alguns impostos e elaborar uma constituição,
holandesas. decretando a liberdade religiosa e de imprensa e a
b) a escolha de Igarassu como capital do Brasil Holan‑ igualdade para todos, exceto para os escravos.
dês. d) apesar de ter fracassado, a Revolução Pernambucana
c) as ações urbanísticas do governante Maurício de foi o movimento mais importante de todos os outros
Nassau. precursores da independência, porque ultrapassou
d) a perseguição aos judeus da capitania. a fase de conspiração, e os revoltosos chegaram ao
e) o massacre dos índios tupi que habitavam o litoral. poder.
e) tropas reais, enviadas por mar e terra, ocuparam
7. Geograficamente falando, a produção do açúcar em a capital de Pernambuco, desencadeando intensa
Pernambuco se restringiu, por questões climáticas e repressão. Os principais líderes foram presos e su‑
geológicas, à região do mariamente executados.
a) Litoral.
História

b) Sertão. 11. Em 1888, o Brasil aboliu a escravidão em todo o terri‑


c) Agreste. tório nacional. Foi um dos últimos países a libertar os
d) Litoral e Zona da Mata. escravos. Sobre a libertação dos escravos, analise as
e) Agreste Setentrional. proposições seguintes.

36
I – A abolição de quase 800 mil escravos foi fundamental 14. Sobre a Invasão Holandesa em Pernambuco, analise as
para a modernização da economia brasileira, embora alternativas a seguir.
a modernização tenha demandado algum tempo para I – Durante o Governo de João Maurício de Nassau, a
começar. Companhia das Índias Ocidentais concedeu crédito aos
II – Os escravos tiveram grandes dificuldades para se Senhores de Engenho, destinado ao reaparelhamento
incorporarem ao mercado de trabalho livre. Muitos dos engenhos, à recuperação dos canaviais e à compra
deles continuaram com seus antigos senhores. de escravos.
III – Do ponto de vista jurídico, os escravos libertos II – O empenho da burguesia holandesa em romper o
passaram a ser considerados cidadãos com todos os bloqueio econômico, imposto por Felipe II, tinha a fina‑
direitos concedidos pela constituição. lidade de fundar, no Brasil, uma colônia de povoamento,
IV – A escravidão institucionalizada foi rompida, porém para abrigar os calvinistas e interromper a produção de
muitas das relações da época do escravismo se manti‑ açúcar no Nordeste brasileiro.
veram. O preconceito contra o trabalho, sobretudo o III – O Governo de Nassau urbanizou o Recife, provi‑
manual, foi um dos vestígios mais marcantes do tempo denciou a construção de pontes e de obras sanitárias,
da escravidão. dotou a cidade de um jardim botânico, de um jardim
zoológico e de um observatório astronômico.
Está correto o que se afirma em IV – O movimento denominado Batalha dos Guararapes
a) I, II e III, apenas. teve início com a chegada ao Brasil do conde Maurício
b) I e IV, apenas. de Nassau, nomeado Governador–Geral do Brasil ho‑
c) I, III e IV, apenas. landês.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV. Estão corretas
a) somente I, II e III.
12. Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas deu o gol‑ b) somente I, III e IV.
pe de Estado, iniciando o governo ditatorial, que ficou c) somente I e III.
conhecido como “Estado Novo”. Sobre esse período do d) somente II e IV.
Governo Vargas, analise as afirmativas abaixo. e) somente III e IV.
I – No âmbito econômico, as principais características
foram o impulso à industrialização, o nacionalismo, o 15. Sobre a Revolução Pernambucana de 1817, considere
protecionismo e a intervenção do Estado na economia. as afirmativas a seguir.
II – Foi instaurado, no país, o estado de emergência, que I – Tinha como objetivo proclamar uma República e
autorizava o governo a invadir casas, prender pessoas, abolir, imediatamente, a escravidão no Nordeste.
julgá-las sumariamente e condená-las. II – Foi organizada, conforme os ideais da Igualdade,
III – Para a conquista da simpatia popular, o governo Liberdade e Fraternidade, que inspiravam a Revolução
implantou o pluripartidarismo, pôs fim à repressão aos Francesa.
sindicatos, permitindo aos operários participação no III – Teve como principais causas o aumento dos im‑
programa “A Voz do Brasil”. postos, a grande seca de 1816, que provocou muita
IV – Com a indicação do escritor Graciliano Ramos, autor fome no Nordeste, e a crise da agricultura, afetando a
de “Os Sertões”, para o Ministério da Educação, o gover‑ produção do açúcar e do algodão.
no objetivava a colaboração dos intelectuais brasileiros. IV – Foi a única rebelião anterior à independência polí‑
tica do Brasil que ultrapassou a fase da conspiração. Os
Está correto o que se afirma em rebeldes tomaram o poder e permaneceram no governo
a) I e II, apenas. por mais de 70 dias.
b) I e III, apenas.
c) I, II e III, apenas. Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas.
d) II, III e IV, apenas. a) Somente I, II e III.
e) I, II, III e IV. b) Somente I, II e IV.
c) Somente I, III e IV.
13. O Ato Institucional Número 5 (AI-5), um dos mais ter‑ d) Somente II, III e IV.
ríveis instrumentos normativos lançados pelo Regime e) I, II, III e IV.
Militar, foi extinto no governo de
a) João Batista de Figueiredo. 16. Em 1964, os militares tomaram o poder e implantaram
b) Humberto de Alencar Castelo Branco. uma ditadura no Brasil. Durante os governos militares,
c) Emílio Garrastazu Médici. podemos constatar:
d) Ernesto Geisel. I – Os golpistas procuraram definir esse assalto à de‑
e) José Sarney. mocracia como uma revolução;
II – O golpe militar de 1964 representou a culminância
(Conupe/PMPE/2004) do processo de crise do populismo, iniciado com a re‑
núncia de Jânio Quadros em 1961;
“E se a lição foi aprendida III – Uma das características dos governos militares foi
A vitória não será vã. o autoritarismo, visto que membros do governo não se
Neste Brasil holandês, mostravam dispostos a dialogar com os diversos setores
História

Tem lugar pra o português da sociedade;


E para o banco de Amsterdã” IV – Tortura, prisão e expulsão do país foram instrumen‑
(Francisco Buarque de Holanda e Rui Guerra, tos utilizados pelos governos militares contra alguns
Calabar, O elogio da tradição, pág. 7, 1973) cidadãos, para manterem seu poder inabalado.

37
Os itens corretos são
a) somente I, III e IV.
b) somente II, III e IV.
c) somente I, II e IV.
d) somente I, II e III.
e) I, II, III e IV.

17. Analise as afirmativas referentes à História do Brasil


atual.
I – Após o movimento “Diretas-já”, o Brasil voltou a
conviver com regras democráticas constitucionais.
II – As medidas, adotadas pelo Governo Fernando
Henrique Cardoso, determinaram o fim da inflação e
praticamente extinguiram as desigualdades sociais no
Brasil.
III – Os últimos dez anos da história econômica brasileira
foram marcados por intenso processo de privatização
e de abertura do mercado ao capital estrangeiro.
IV – Em janeiro de 1987, o Governo Sarney foi obrigado
a decretar, unilateralmente, a moratória, deixando de
pagar os juros da dívida externa.

Dentre as afirmativas apresentadas, são verdadeiras


a) somente I e IV.
b) somente II e III.
c) somente I, II e III.
d) somente I, III e IV.
e) I, II, III e IV.

18. Sobre o Brasil Contemporâneo, considere as afirmações


a seguir.
I – Fernando Collor de Mello tinha como programa
de Governo privatizar empresas estatais, combater os
monopólios, abrir o país à concorrência internacional
e desburocratizar as regulamentações econômicas.
II – Em maio de 1993, o Ministro da Fazenda, Fernando
Henrique Cardoso, anunciou as primeiras medidas para
estabilizar a economia. O novo plano econômico, o Pla‑
no Real, previa o congelamento dos preços e salários e
confisco das contas bancárias.
III – O modelo político brasileiro, em vigor desde o
começo dos anos 90, é considerado por muitos como
neoliberal, por pretender a valorização das organiza‑
ções trabalhadoras, visando estabelecer alianças na luta
contra o desemprego.
IV – Com a saída de Fernando Collor do governo do
país, o vice-presidente Itamar Franco foi empossado
na presidência.

Estão corretas
a) somente I e II.
b) somente I e III.
c) somente II e III.
d) somente I e IV.
e) somente II e IV.

GABARITO
1. anulada 7. d 13. d
2. b 8. e 14. c
3. a 9. b 15. d
História

4. b 10. b 16. e
5. b 11. e 17. d
6. c 12. a 18. d

38
PMPE

SUMÁRIO

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

Dos direitos e deveres individuais e coletivos....................................................................................................................... 3

Dos Direitos Sociais............................................................................................................................................................... 19

Da Nacionalidade.................................................................................................................................................................. 24

Dos Direitos políticos............................................................................................................................................................ 27

Dos Partidos Políticos........................................................................................................................................................... 31


Conhecimentos de Direitos e
Garantias Fundamentais Fabrício Sarmanho / Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

Direitos e Garantias Fundamentais superadas, mas sim incorporadas às novas gerações de


direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais ganham destaque principal-
mente após a Revolução Francesa, momento em que diversas Primeira Geração
correntes filosóficas e políticas como o racionalismo e o
contratualismo inspiram a vontade popular de impor limites Surge no Século XVIII, no âmbito da Revolução Fran-
ao Estado, reconhecendo um núcleo mínimo de proteção do cesa. Os direitos fundamentais conquistados nessa época
indivíduo perante o Estado. A ideia de direitos fundamentais configuram liberdades negativas (status negativus), já que
surge da tentativa de se estabelecer um rol de direitos que representam um impedimento à atividade estatal, uma
seria inerente à própria condição humana, que não depen- omissão, um não fazer. Trata‑se dos direitos civis e políticos.
desse de uma vontade política. São, por isso, considerados
direitos naturais. Segunda Geração
Nossa Constituição relaciona os direitos fundamentais
em seu Título II, denominado “Dos Direitos e Garantias Desenvolvem‑se no Século XIX, inspirados pela Revolu-
Fundamentais”. A posição “geográfica” desse título, logo ção Industrial, sendo reconhecidos constitucionalmente no
no início do texto constitucional, demonstra a importância Século XX. Tais direitos possuem um caráter positivo (status
dos direitos fundamentais em nossa ordem constitucional. positivus) e exigem uma prestação do Estado. Inserem, assim,
Partindo do pressuposto de que o constituinte não utiliza uma obrigação de fazer, uma ação do ente estatal. São os
palavras inúteis, podemos concluir que direitos e garantias direitos sociais, econômicos e culturais.
possuem diferenças axiológicas. Os direitos possuem um ca-
ráter declaratório, enquanto as garantias possuem um nítido Terceira Geração
sentido assecuratório. Os direitos se declaram, enquanto as
garantias se estabelecem, demonstrando que as garantias Os direitos de terceira geração, desenvolvidos no Sé-
são elementos instrumentais que garantem o respeito aos culo XX, voltam‑se à defesa dos interesses de titularidade
direitos que são declarados na Constituição Federal.
coletiva, denominados interesses difusos. Esses direitos
são supraindividuais, já que não pertencem a um indivíduo
Titularidade dos Direitos Fundamentais especificamente, mas sim a uma coletividade. São exemplos
o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado
Os direitos fundamentais podem ser exercidos tanto e a proteção do idoso.
pelas pessoas físicas quanto pelas pessoas jurídicas. Apesar A primeira geração remonta ao ideal de liberdade.
de o art. 5º, caput, da Constituição Federal referir‑se tão
A segunda geração volta‑se à igualdade. Por fim, a terceira
somente aos brasileiros e estrangeiros residentes no país,
geração preocupa‑se com a fraternidade ou solidariedade.
entende‑se que os estrangeiros em geral, ainda que apenas
Temos, assim, a célebre frase, que marcou a Revolução Fran-
visitando a República Federativa do Brasil, também são
cesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
titulares desses direitos.
A título de exemplo: Pablo, argentino e residente na Há quem defenda a existência de quarta e quinta geração
Argentina, solteiro, de dezoito anos de idade, de passagem de direitos fundamentais. Não há, porém, um consenso sobre
pelo Brasil, com destino aos Estados Unidos da América, foi quais sejam esses direitos fundamentais.
interceptado em operação da PRF. Nessa situação hipotéti­

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


ca, não obstante Pablo não seja residente no Brasil, todos Características dos Direitos Fundamentais
os direitos individuais fundamentais elencados no caput
do art. 5º da CF devem ser respeitados durante a referida Relatividade – Os direitos não são absolutos: eles podem
operação policial.1 ser relativizados, principalmente quando entram em choque.
As pessoas jurídicas também podem ser titulares de Até mesmo o direito à vida, que pode ser considerado o mais
direitos fundamentais, mas apenas daqueles direitos que fundamental dos direitos, pode ser relativizado. Exemplo
são com elas compatíveis. São, assim, impedidas de exercer de relativização do direito à vida é encontrado no caso da
certos direitos como os direitos políticos (votar, ser votado pena de morte, autorizada na hipótese de guerra declarada.
etc.). Até mesmo as pessoas jurídicas de direito público são A relativização dos direitos fundamentais pode advir da
titulares de direitos fundamentais. capacidade de conformação que é dada ao legislador. Assim,
mesmo nos casos em que não existe uma reserva legal, ou
Geração dos Direitos Fundamentais seja, mesmo quando a constituição não faz referência à lei
é possível que o legislador venha a delimitar a forma de
Os direitos fundamentais não surgiram de forma ins- utilização dos direitos fundamentais.
tantânea. A conquista dos direitos fundamentais ocorreu No caso de choque de direitos fundamentais, teremos
ao longo da história, de tal forma que podemos identificar de observar certos parâmetros. Em primeiro lugar, deve ser
diversas gerações de direitos, que nada mais são do que observado o princípio da legalidade. Segundo esse princípio,
a representação de momentos históricos e os direitos ali a atuação do intérprete deve ser pautada nos critérios de
conquistados. As gerações de direitos também podem ser
necessidade e adequação. Além disso, a hipótese de choque
denominadas dimensões de direitos fundamentais, termo
de direitos fundamentais também inspira a utilização do
que deixa mais claro o fato de que as gerações não são
princípio da harmonização ou da concordância prática, que
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/
1 requer que o aplicador adote uma interpretação que evite
Padrão I/2012. o sacrifício total de um dos direitos em conflito.

3
Inalienabilidade – Não é possível transferir um direito tucional quanto na órbita legal3. A Constituição Federal de
fundamental. 1988 estabelece uma série de prerrogativas para as mulhe-
Irrenunciabilidade – Não é possível renunciar totalmente res, como a proteção de seu mercado de trabalho, prazo
a um direito fundamental. diferenciado para a licença à gestante, prazo reduzido para
Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais não são a aposentadoria e inexistência de obrigação de alistamento
alcançados pela prescrição. A prescrição corresponde à perda militar em tempos de paz.
de uma pretensão em virtude do decurso do tempo. II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Historicidade – Os direitos e garantias fundamentais alguma coisa senão em virtude de lei;
possuem origem histórica.
Inviolabilidade – Não podem ser violados os direitos Comentário: traduz esse inciso o princípio da legalida­
fundamentais. de4. Todos nós podemos fazer tudo o que a lei não proíba,
Efetividade – O Estado deve primar por garantir o res- o que exprime a nossa capacidade de autodeterminação,
peito e a efetividade dos direitos fundamentais. também chamada autonomia das vontades.
Universalidade – Os direitos fundamentais alcançam a
todos. A autonomia das vontades definida no art. 5, II, da Cons-
tituição Federal não pode ser confundida com o princípio da
Obs.: os direitos e as garantias fundamentais consa- legalidade estrita ou restrita, que está descrito no art. 37
grados constitucionalmente não são ilimitados, uma vez da Constituição Federal. O referido artigo, ao estipular a
que encontram seus limites nos demais direitos igualmente necessidade de observância da legalidade, impõe que o
consagrados na mesma Carta Magna.2 administrador público apenas faça o que está previsto em
lei. Podemos assim distinguir as duas legalidades:
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Autonomia das vontades Legalidade estrita (art. 37 da CF).
Assim dispõe o art. 5º da Constituição Federal: (art. 5º, II, da CF)
Vincula os particulares Vincula o administrador público.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza, garantindo‑se aos brasileiros e aos Permite que se faça tudo Apenas admite que se faça o que
estrangeiros residentes no País a inviolabi­lidade do o que a lei não proíba a lei prevê.
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
O princípio da legalidade não pode ser confundido com
e à propriedade, nos termos seguintes:
o princípio da reserva legal. A reserva legal impõe que certas
matérias sejam regidas apenas por lei em sentido estrito5.
Em primeiro lugar, há que se frisar que o dispositivo acima
É o caso, por exemplo, da previsão de crimes e cominação
transcrito reproduz o princípio da isonomia, que consiste
de penas, que somente pode ser feita por lei.
na proibição de criação de distinções que não sejam funda-
mentadas. Assim, impõe a Constituição que os iguais sejam
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamen-
tratados de forma igual e que os desiguais sejam tratados de
to desumano ou degradante6;
forma desigual. Assim, por exemplo, justifica‑se a existência
de critérios diferenciados para homens e mulheres em uma
prova física em um concurso público ante as nítidas diferen- Comentário: cuida o dispositivo da dignidade da pessoa
ças fisiológicas entre os gêneros. humana. Este inciso está em consonância com o que dispõe
Denomina‑se igualdade material aquela que permite o art. 1º, III, da Constituição Federal.
a existência de diferenciações, desde que devidamente
justificadas. A igualdade formal que impede a estipulação IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
dado o anonimato7;
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

de distinções em qualquer hipótese muitas vezes resultará


em injustiças, pois deixa de considerar as peculiaridades de
certas formações sociais. Comentário: a liberdade de expressão, como todo direito
A igualdade em nossa ordem constitucional deve ser le- fundamental, não é absoluta. Diversos limites serão encon-
vada em conta tanto na lei quanto perante a lei. A igualdade trados no exercício concreto de tais direitos. Primeiramente,
na lei é verificada quando da elaboração legislativa, impondo não se pode utilizar a liberdade de expressão para cometer
a formação de leis que tenham como pilar a inexistência de atos ilícitos, ofendendo os direitos fundamentais. Assim,
diferenciações odiosas. A igualdade perante a lei impõe o impede‑se, por exemplo, a utilização desse direito com a in-
tratamento igualitário por parte do aplicador do direito, ou tenção de ofender alguém. A repressão contra a má utilização
seja, por parte daquele que venha a interpretar a norma e a dos direitos fundamentais somente é efetiva se acompanhada
aplicar a disposição abstrata a um caso concreto. de identificação do responsável. O anonimato é vedado jus-
tamente por impossibilitar a responsabilização daqueles que
Passamos a comentar os setenta e oito incisos que com- venham a utilizar o direito fora dos limites constitucionais.
põem o art. 5º da Constituição Federal.
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- agravo, além da indenização por dano material, moral ou
ções, nos termos desta Constituição; à imagem;

Comentário: trata‑se de mais uma decorrência do prin-


cípio da isonomia. A previsão acima, porém, não impede
3
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis-
trativa/2013.
a existência de distinções entre homens e mulheres. Tais 4
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên-
diferenciações podem ser feitas tanto no âmbito consti­ cias/2012.
5
Assunto cobrado na prova do Cespe/TJ-RO/Técnico Judiciário/2012.
6
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.
Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
2 7
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.

4
Comentário: duas possíveis punições contra quem uti- Comentário: a proteção ao direito de intimidade pode
liza de forma errada sua liberdade de expressão estão aqui ser relativizado quando entra em choque com outros direi-
dispostas. Primeiramente, temos o direito de resposta, que tos, como o direito de informação, que será estudado mais
exige do ofensor a concessão de meios para que o ofendido à frente. A proteção da intimidade, como veremos a seguir,
venha a defender‑se publicamente. A segunda forma de é apta até mesmo para justificar o segredo de justiça, que
punição corresponde à indenização por dano material, moral impede a publicidade de atos processuais.
ou à imagem. A Constituição não define parâmetros para a O direito de imagem envolve aspectos físicos, inclusive a
fixação do valor da indenização, que deverá ser fixado, em voz. Fica configurada a proteção, por exemplo, com a utilização
regra, pelo Poder Judiciário. comercial da imagem sem a autorização do titular do direito.
Pessoas públicas possuem uma tendência à relativização do di-
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, reito de imagem frente ao direito de informação da sociedade.
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
e a suas liturgias8; podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
Comentário: a liberdade acima descrita alcança os fenô- socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial12;
menos, possibilitando o livre exercício das crenças religiosas e
a livre adoção de concepções científicas, filosóficas, políticas Comentário: a penetração sem o consentimento do mo-
etc. Sendo o Brasil um país laico, não é mais aceita a previsão rador pode ocorrer a qualquer hora do dia quando se tratar
de religião oficial no País. de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro.
Para que o ingresso no domicílio seja realizado mediante
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de determinação judicial, porém, é necessário que ele ocorra
assistência religiosa nas entidades civis e militares de durante o dia, considerado esse o período entre a aurora e
internação coletiva9; o crepúsculo, ou seja, aquele em que há luz solar.
O ingresso por determinação judicial está limitado por re-
Comentário: são considerados locais de internação serva jurisdicional, o que significa que não poderá ocorrer por
coletiva os hospitais, as prisões e os quartéis, por exemplo. determinação de qualquer outra autoridade (polícia, Minis-
tério Público etc.) ou por comissão parlamentar de inquérito.
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de O conceito de casa para efeito de inviolabilidade de do-
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se micílio não se limita ao conceito civil, alcançando os locais
as invocar para eximir‑se de obrigação legal a todos imposta habitados de maneira exclusiva. São incluídos no conceito
e recusar‑se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei10; os escritórios, as oficinas, os consultórios e, ainda, os locais
de habitação coletiva, como hotéis e motéis.
Comentário: são consideradas obrigações a todos im- A título de exemplo: no curso de uma investigação criminal,
postas, a obrigação de votar e o alistamento militar, que em a autoridade policial competente encontra indícios de que
tempos de paz obriga a todos os homens de nacionalidade bens furtados há um ano de uma repartição pública estejam
brasileira. Se alguém oferecer uma excusa de consciência guardados na residência dos pais de um dos investigados. A
para deixar de cumprir uma obrigação a todos imposta, autoridade policial dirige-se, então, ao imóvel, durante o dia,
terá de se sujeitar ao ônus de uma obrigação alternativa. onde, sem o consentimento dos moradores e independen-
Se, porém, a obrigação alternativa não for cumprida, será temente de determinação judicial, efetua busca que resulta
aplicada, por exemplo, a pena de perda dos direitos políticos, na localização dos bens furtados. Nessa hipótese, será inad-
nos termos do art. 15, IV, da Constituição Federal. missível, no processo, por ter sido obtida de maneira ilícita.13

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artís­ XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das
tica, científica e de comunicação, independentemente de comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
censura ou licença11; telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
Comentário: a proibição da censura não impede que o investigação criminal ou instrução processual penal14;
Estado venha a limitar a atividade de comunicação social,
impedindo que os meios de comunicação venha a oferecer pro- Comentário: os sigilos, assim como todos os demais direi-
gramação que não seja condizente com os valores da sociedade tos fundamentais, não são absolutos. Eles podem sofrer limi-
ou que sejam ofensivos a determinados grupos. A classificação tação legal ou judicial. Em relação ao sigilo das comunicações
indicativa de diversões públicas e a limitação à publicidade de telefônicas, verifica‑se a previsão de uma reserva jurisdicional.
tabaco, bebidas alcoólicas, remédios, terapias e agrotóxicos são Sendo assim, somente por ordem judicial é possível quebrar
exemplos desse tipo de atividade, que é plenamente legítima. o referido sigilo. Outra imposição posta em relação ao sigilo
das comunicações telefônicas é a necessidade de que somente
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra seja determinada a quebra para fins de investigação criminal
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização ou instrução processual penal. Não é possível quebrar o refe-
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; rido sigilo em causas cíveis. Além disso, é necessário que seja
observada a forma estabelecida em lei.
8
Assunto cobrado na prova da Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012.
O sigilo das comunicações telefônicas não pode ser
9
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra- confundido com o sigilo dos dados telefônicos. O extrato das
tiva/2010.
10
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/Ministério da Integração Nacio- 12
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/Ministério da Integração Nacio-
nal/Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012; FCC/Assembleia Legislativa-SP/ nal/Secretaria Nacional de Defesa Civil/201 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/
Agente Técnico Legislativo/Direito/2010 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Escrevente Técnico Judiciário/2010.
Administrativa/2010. 13
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012.
11
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ancine/Técnico Administrati- 14
Assunto cobrado na prova do Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico
vo/2012 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010. Judiciário/2010.

5
ligações telefônicas é protegido pelo sigilo de dados, que não O direito de locomoção é protegido pelo habeas corpus
está sujeito à reserva jurisdicional. O conteúdo das ligações e somente é garantido dentro do território nacional.
é o que se denomina sigilo telefônico e está protegido pela
reserva jurisdicional. XVI – todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas,
O sigilo de dados engloba, por exemplo, os dados ban- em locais abertos ao público, independentemente de autori-
cários, fiscais e telefônicos. zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
Não estão sujeitos à reserva jurisdicional o sigilo da cor- convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
respondência, das comunicações telegráficas e de dados. As- aviso à autoridade competente17;
sim, é possível que a quebra seja determinada, nesses casos, Comentário: o direito de reunião, como se pode perce-
por ordem de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito. ber, depende do preenchimento de uma série de requisitos:
a) ser realizada de forma pacífica;
b) seus participantes não podem estar armados;
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
c) a reunião deve ocorrer em locais abertos ao públicos;
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
d) exige um prévio aviso à autoridade competente, sem
estabelecer;
a necessidade, porém, de autorização dessa autoridade;
e) não pode frustrar uma reunião anteriormente convo-
Comentário: esse inciso dispõe sobre norma de eficácia cada para o mesmo local.
contida, já que a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou Outro requisito que pode ser inserido nesse rol é o de
profissão pode ser restringida pela lei que venha a estabelecer que a reunião seja temporária e episódica, como nos ensina
qualificações profissionais para determinada profissão. Dessa o autor Alexandre de Moraes.
forma, a inexistência de uma lei regulamentadora de certa pro- O direito de reunião também engloba passeatas, carrea-
fissão não é impedimento ao seu exercício, mas sim a garantia tas, comícios, desfiles, assim como cortejos e banquetes de
de uma ampla liberdade de acesso à atividade profissional. caráter político, que são formas legítimas de reunião. Caso
A liberdade profissional não engloba, porém, atividades o direito de reunião seja desrespeitado, o remédio cabível
ilícitas. O princípio da legalidade, anteriormente estudado, será o mandado de segurança, ação cabível para a proteção
permite que se faça tudo que não seja proibido por meio de de direito líquido e certo.
lei. Assim, não se pode exercer a “profissão” de traficante de
drogas porque tal atividade é ilícita, proibida pela legislação. XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
Por outro lado, a prostituição é totalmente livre em nosso vedada a de caráter paramilitar18;
País porque não existe lei regulamentando a atividade.
Comentário: o direito de associação permite que pessoas
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e físicas e jurídicas se agrupem em prol de um interesse comum.
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer- Segundo o texto constitucional, é livre a formação de asso-
cício profissional15; ciações, desde que elas tenham um fim lícito e não possuam
caráter paramilitar. Para que uma associação tenha caráter
Comentário: o direito de informação pode ser encarado paramilitar, é necessário que ela venha a ter características
sobre duas óticas. similares às estruturas militares, tais como o uso de uniformes,
Sob o ponto de vista privado, o direito de informação da palavras de ordem, hierarquia militarizada, táticas militares etc.
sociedade englobará, por exemplo, a atividade jornalística,
que pode divulgar informações, ainda que pessoais, que XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de
sejam de interesse da sociedade. Admite‑se, nessa atividade, cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
porém, o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício interferência estatal em seu funcionamento19;
profissional. Esse sigilo não impede, porém, a responsabi-
lização do responsável pela informação no caso de ela ser Comentário: como visto no inciso anterior, é livre a
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

inverídica, por exemplo. criação de associações. A associação de pessoas em um


O direito de informação sob o aspecto privado será es- regime de cooperativa, porém, pressupõe o preenchimen-
tudado adiante, no inciso XXXIII deste artigo. to de diversos requisitos legais, tendo em vista os diversos
benefícios que são concedidos a esse tipo de associativismo.
Não é permitida a interferência do estado no funcionamento
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo
das associações, o que não impede que o Poder Judiciário
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
venha a suspender ou dissolver uma associação no caso de
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens16; se verificar a prática de uma atividade ilícita.
A título de exemplo: cinco amigos, moradores de uma
Comentário: o direito de locomoção, como os demais favela, decidem criar uma associação para lutar por me-
direitos fundamentais, não é absoluto. lhorias nas condições de saneamento básico do local. Um
Primeiramente, há que se observar, para o seu exercício, político da região, sabendo da iniciativa, informa-lhes
a prevalência da paz. Em hipóteses de guerra, que suscitam que, para tanto, será necessário obter, junto à Prefeitura,
a instituição de Estado de Sítio, é possível a restrição da uma autorização para sua criação e funcionamento. Nesta
liberdade de locomoção no território nacional. Além desse hipótese, a informação que receberam está errada, pois a
aspecto, há que se observar que o direito de locomoção Constituição Federal estabelece que a criação de associa-
inclui os bens pertencentes ao seu titular. Isso não significa, ções independe de autorização.20
porém, que os bens possuam de forma autônoma o direito
de locomoção, mas sim que eles possam acompanhar o 17
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico
proprietário que esteja se locomovendo. Legislativo/Técnico em Radiologia, Esaf/Ministério da Integração Nacional/
Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012. Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/
Escrevente Técnico Judiciário/2010.
15
Assunto cobrado na prova do Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico 18
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
Judiciário/2010. 19
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legis-
16
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/ lativo/2010 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010.
Padrão I/2012. 20
FCC/Instituto Nacional do Seguro Social/Técnico do Seguro Social/2012.

6
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão ju- priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
dicial, exigindo‑se, no primeiro caso, o trânsito em julgado21; social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Comentário: como estudado no inciso anterior, as as-
sociações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou Comentário: a desapropriação não pode ser confundida
terem suas atividades suspensas por uma decisão judicial. com o confisco, que é uma forma de expropriação definida
A hipótese de dissolução, porém, mostra uma medida mais no art. 243 da Constituição Federal. A desapropriação resulta
drástica, o que impõe que a decisão judicial seja revestida de na aquisição compulsória de uma propriedade por parte do
um caráter definitivo, sem possibilidade de reforma por meio Estado, que deverá fundamentar tal ato de força na neces-
de recurso. Por conta disso, exige‑se o trânsito em julgado sidade pública, na utilidade pública ou no interesse social.
de uma decisão judicial para que ela possa dissolver uma Essa previsão demonstra bem a ideia do inciso anterior, que
associação. Uma decisão terá trânsito em julgado quando demonstra que o interesse do Estado está acima de interes-
ses particulares quando se trata de dar à propriedade uma
não for mais cabível a interposição de recurso contra ela.
função social. A indenização devida pelo ente estatal será,
XX – ninguém poderá ser compelido a associar‑se ou a de regra, justa, prévia e em dinheiro. A própria Constituição
permanecer associado; Federal, porém, excepciona tal previsão, dispondo, em seus
arts. 182, §4º, III, e 184, acerca da desapropriação‑sanção,
Comentário: assim como há a liberdade de criação de na qual a indenização é recolhida com base em títulos da
associações, temos também a liberdade individual de inte- dívida pública e títulos da dívida agrária.
grar ou deixar de integrar a associação. Os integrantes da
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade
associação, portanto, não poderão ser compelidos a ingressar
competente poderá usar de propriedade particular, assegu-
na entidade ou de continuar compondo a associação.
rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano23;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente Comentário: esse inciso trata da requisição adminis-
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados trativa, que permite ao Estado a utilização compulsória da
judicial ou extrajudicialmente22; propriedade particular. Existem duas diferenças quanto à
indenização paga na requisição e na desapropriação. Pri-
Comentário: a principal finalidade de uma associação é, meiramente, a indenização na requisição administrativa não
sem dúvida, a defesa de interesses dos associados. A defesa representará o valor total do bem, mas apenas o valor do
dos interesses pode ocorrer perante o poder judiciário ou dano eventualmente causado. Em segundo lugar, tendo em
de forma extrajudicial. A defesa de interesses por meio da vista que o perigo iminente não é previsível, temos que o pro-
associação, porém, depende de autorização dos associados,
prietário somente será indenizado posteriormente ao uso,
que podem se expressar de forma individualizada ou conce-
der uma autorização genérica. e não de forma prévia, como acontece na desapropriação.
A defesa de interesses dos associados é realizada por
meio do instituto da representação processual. Na represen- XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em
tação processual a associação fala em nome do associado e, lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
por tal razão, precisa da autorização desse associado. penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati-
Existe uma situação em que a associação atua de forma vidade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar
extraordinária por meio da substituição processual. Trata‑se o seu desenvolvimento;
da hipótese de impetração de mandado de segurança
coletivo. A associação, nesse caso, defende interesses dos Comentário: a penhora consiste na utilização de bens do
associados em nome próprio, razão pela qual não necessita devedor para a quitação de sua dívida. O Poder Judiciário,
porém, não poderá utilizar‑se desse instituto para penhorar

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


de autorização.
propriedades rurais se estiverem presentes alguns requisitos:
XXII – é garantido o direito de propriedade; – tratar‑se de uma propriedade pequena, tal qual defi-
nido em lei;
Comentário: o núcleo de direitos enumerados no caput – for a propriedade trabalhada pela família;
do art. 5º já dispõe sobre o direito de propriedade, consi- – a obrigação objeto do inadimplemento referir‑se a
derado pela doutrina como inserido em norma de eficácia dívida contraída para a produção.
contida. Isso significa que é possível que o legislador venha a
restringir certos aspectos da propriedade, desde que não ve- Tendo em vista a impossibilidade de penhora dessas
nha a reduzi‑la aquém de seu núcleo mínimo, ou seja, desde terras, torna‑se pouco interessante o empréstimo de valores
que não venha a desconfigurar esse direito de propriedade. aos respectivos produtores rurais. Por tal razão, dispõe a
Constituição que a lei disporá sobre os meios de financiar seu
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; desenvolvimento, que muitas vezes é fomentado pelo Estado.
Comentário: a propriedade, como qualquer direito
fundamental, não é absoluta, devendo ser garantida na pro- XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de
porção em que também garante o bem‑estar da sociedade. utilização, publicação ou reprodução de suas obras, trans-
O descumprimento da função social da propriedade pode missível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar24;
levar, por exemplo, à desapropriação do bem, destinando‑o
a uma finalidade que atenda ao interesse social, como a Comentário: a propriedade intelectual também é pro-
reforma agrária. tegida no âmbito constitucional. Aqui estamos a tratar dos
direitos autorais, que protegem bens imateriais destinados
21
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Legislativo 23
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/PRF/Agente Administrativo/
de Serviços Técnicos e Administrativos/2010. Classe A/ Padrão I/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
22
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judi- Nacional de Defesa Civil/2012.
ciário/2013 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010. 24
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012.

7
essencialmente a uma função estética (obras literárias, tante salientar que essa regra, por questões de soberania,
músicas, pinturas etc.). Compete à legislação a definição somente é aplicável aos bens situados no Brasil.
do prazo o qual os herdeiros poderão usufruir dos direitos
patrimoniais da propriedade intelectual. XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor;
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co- Comentário: o Direito Constitucional constitui a base de
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive diversos ramos do Direito, instituindo as diretrizes necessá-
nas atividades desportivas; rias para que o legislador venha a criar a base legal necessária
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico à plena eficácia de seus preceitos.
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, Isso é exatamente o que ocorre com o Direito do Con-
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e sumidor. Estudar o Direito Consumerista sob a ótica cons-
associativas; titucional é visitar os preceitos que servem de base para a
instituição de diversas garantias, tal qual aquelas definidas
Comentário: a coautoria, por exemplo, também deve ser no Código de Defesa do Consumidor.
protegida, tendo em vista que o texto constitucional protege Sendo assim, não se cuida aqui de estudar o Direito do
as participações individuais em obras coletivas. A imagem e Consumidor, mas sim as disposições inseridas dentro da
a voz humanas também são protegidas, independentemente ótica constitucional. Esse é um ponto que merece destaque
de sua utilização comercial. Cabe lembrar, porém, que tanto a no presente estudo.
imagem quanto a voz podem sofrer divulgação, independen- A Constituição Federal começa a referir-se ao consumidor
temente de autorização, quando houver um interesse público em seu art. 5º, XXXII, que assim determina: “XXXII – o Estado
de informação. Nesse caso, a relativização desse dispositivo promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”.
encontra amparo no art. 5º, XIV, da Constituição Federal, que Verifica-se que a Constituição Federal não elabora lista-
trata do direito de informação. O direito de fiscalização do gem sobre o que venha a ser o direito do consumidor. Por
aproveitamento econômico das obras é feito, por exemplo, outro lado, traz a obrigação constitucional de sua proteção
por meio do Ecad – Escritório Central de Arrecadação e Dis- pelo Estado. Tal defesa será efetivada por meio da edição de
tribuição, entidade que arrecada e distribui direitos autorais. leis, como se verifica no Código de Defesa do Consumidor
(Lei nº 8.078/1990).
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus- O referido código também possui previsão no Ato das
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). O ADCT,
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, em seu art. 48, determina que o Congresso Nacional deveria
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo elaborar o Código de Defesa do Consumidor dentro de cento
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e vinte dias após a promulgação da Constituição Federal.
e econômico do País; Esse dispositivo possui grande importância, já que criou a
obrigação de legislar sobre a matéria, reduzindo, assim, a
Comentário: apesar de se relacionar também com a discricionariedade do Poder Legislativo.
propriedade intelectual, a propriedade industrial se difere do O referido prazo não foi respeitado, visto a data de edição
direito autoral em virtude do caráter pragmático da invenção, da Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990.
que se volta à utilidade da atividade criativa. Como a utilidade Os consumidores também são protegidos pelo texto cons-
deve ser regulada segundo o interesse social e o desenvolvi- titucional quando é estabelecida, no art. 24, VIII, da Constitui-
mento tecnológico e econômico do País, o privilégio de utili- ção Federal, a competência concorrente para a edição de lei
zação dessa propriedade será apenas temporário. Após um que disponha sobre a responsabilidade por dano causado ao
determinado período, uma invenção, por exemplo, poderá ser consumidor. Amplia-se, assim, a gama de normas que podem
produzida e comercializada sem necessidade de licença de seu ser editadas nesse sentido, nas órbitas federal e estadual.
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

inventor ou do detentor do direito de propriedade industrial. Outro dispositivo de grande interesse para o direito do
consumidor é o que garante o esclarecimento acerca dos
XXX – é garantido o direito de herança; impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Assim
dispõe o art. 150, § 5º, da CF:
Comentário: o direito de herança, como todos os de-
mais direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser A lei determinará medidas para que os consumidores
relativizado, por exemplo, quando a ele se opõem débitos sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam
decorrentes de atividades ilícitas praticadas pelo de cujus, sobre mercadorias e serviços.
como estudaremos no dispositivo a seguir.
Essa disposição constitucional ganha destaque pelo fato
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no de consistir em obrigação destinada ao ente Estatal, que
institui tributos. Demonstra-se, assim, que o Direito do Con-
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
sumidor não se restringe a impor obrigação ao fornecedor de
ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
bens ou serviços, mas também a todos aqueles que possam
favorável a lei pessoal do de cujus25;
atingir a categoria dos consumidores.
Por fim, destacamos a disposição expressa no
Comentário: a Constituição brasileira tenta proteger
art. 170, V, que estabelece a defesa do consumidor como um
cônjuge e filhos brasileiros quando da partilha de bens de
dos princípios da ordem econômica. A inserção do direito
estrangeiros situados no Brasil. Para tanto, dispõe que deve
consumerista em nossa ordem econômica representa um
ser aplicada a lei mais favorável aos familiares brasileiros, contrapeso ao liberalismo econômico, destacado pela liber-
mesmo que, para tanto, seja necessário afastar a legislação dade de iniciativa. Demonstra que a atividade econômica,
civil brasileira para que seja aplicada a legislação do país de apesar de livre, não se situa em posição de anarquia, tendo
origem do de cujus, ou seja, do estrangeiro falecido. Impor- em vista o papel cogente dos direitos fundamentais, como
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010.
25 do consumidor.

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Essas são as disposições constitucionais relacionadas ao de convenção de arbitragem livremente acordada em um
Direito do Consumidor. negócio jurídico. É possível também que a Fazenda Pública
venha a condicionar um parcelamento tributário à renúncia
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos do direito de discutir o débito perante o Poder Judiciário.
informações de seu interesse particular, ou de interesse Em alguns casos, o prévio acesso à via recursal adminis-
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob trativa se mostra necessário para a configuração do interesse
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo de agir, condição para o ajuizamento de uma ação. Para
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado26; a impetração de habeas data, por exemplo, é necessário
que o interessado em obter acesso ou a retificação de seus
Comentário: o direito de informação pode ser encarado dados pessoais comprove a existência de prévia negativa do
sob ótica pública ou privada. Sob o aspecto privado, refere‑se detentor do banco de dados.
ao direito de ser informado, independentemente de censu- A justiça desportiva possui uma precedência sobre o
ra. Sob a ótica pública, podemos entender tal prerrogativa sistema judicial no que se refere às causas relativas à dis-
como o direito que possuímos de obter, junto aos órgãos ciplina e às competições desportivas. Nesse caso, a justiça
públicos, informações de interesse particular, ou de interesse desportiva terá o prazo de 60 dias, a partir da instauração
coletivo ou geral. Esse direito é essencial, tendo em vista a do processo, para proferir sua decisão final. Somente após
adoção de forma de governo republicana, que insere a ideia o esgotamento da instância desportiva é que será possível
de que o Estado é uma coisa pública, de todos, razão pela submeter a causa ao Poder Judiciário.
qual deve imperar o princípio da publicidade. A lei definirá o
prazo no qual, sob pena de responsabilidade, a informação XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
será prestada. Há, porém, exceções a esse princípio e que jurídico perfeito e a coisa julgada;
possibilitam a existência de informações sigilosas nos órgãos
públicos. Esse sigilo deverá estar amparado na segurança da Comentário: nosso sistema constitucional adota a ideia
sociedade e do Estado. de irretroatividade da lei, impedindo, assim, que uma nova
Interessante notar que os fundamentos para o sigilo das lei produza efeitos sobre atos anteriormente realizados, até
informações constantes dos órgãos públicos recebeu funda- mesmo sobre os efeitos futuros desses atos. A irretroativida-
mento diverso do segredo de justiça, que, segundo o art. 5º, de, porém, não é total. A proibição constitucional limita‑se
LX, da CF, será possível nos casos de proteção do interesse aos casos em que a aplicação retroativa da lei prejudica o
social ou da intimidade. direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
A Lei de Introdução ao Código Civil, o Decreto‑Lei
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente nº 4.657/1942, define o alcance dos referidos termos da
do pagamento de taxas: seguinte forma:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de e a coisa julgada.
interesse pessoal27; § 1º Reputa‑se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
Comentário: trata o presente inciso de uma gratuidade § 2º Consideram‑se adquiridos assim os direitos
constitucional incondicionada, o que significa dizer que a que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer,
cobrança de taxas para o exercício do direito de petição ou como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo
do direito de obter certidões será sempre inconstitucional. pré‑fixo, ou condição preestabelecida inalterável,
Há que se ressaltar que a constituição dispõe também sobre a arbítrio de outrem.
a gratuidade de duas certidões específicas: de óbito e de

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§ 3º Chama‑se coisa julgada ou caso julgado a decisão
nascimento, no art. 5º, LXXVI, da CF, que no âmbito consti- judicial de que já não caiba recurso.
tucional alcança apenas os reconhecidamente pobres, nos
termos da lei. XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
Comentário: a proibição da existência de juízo ou tribunal
lesão ou ameaça a direito;
de exceção impede que alguém seja julgado por um órgão
judicial que não seja aquele ordinariamente competente para
Comentário: cuida‑se da inafastabilidade da jurisdição
o julgamento da causa. A vedação do dispositivo, porém, não
ou do princípio do amplo acesso ao Poder Judiciário, que
se limita a esse aspecto, relativo à competência. A proibição
demonstra a intenção do constituinte de submeter ao Poder
Judiciário toda lesão ou amea­ça de lesão a direito, afastando, também visa a evitar que no processo seja utilizado proce-
assim, o modelo francês de contencioso administrativo, ou dimento diverso daquele previsto em lei, ofendendo, assim,
seja, de submissão de questões administrativas a tribunais a legislação processual.
específicos. Sendo assim, seria inconstitucional, por exemplo,
a estipulação de taxas judiciárias elevadas ou fixadas em per- XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a orga-
centuais sobre o valor da causa, sem limite, pois impedem o nização que lhe der a lei, assegurados:
amplo acesso da população ao Poder Judiciário. a) a plenitude de defesa;
Em certos casos é possível transacionar acerca do direito b) o sigilo das votações;
de acesso à máquina judiciária, por exemplo, nas hipóteses c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
26
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico contra a vida;
Judiciário/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional
de Defesa Civil/2012. Comentário: o júri configura uma forma de exercício direto
27
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci-
vil/2012. da soberania popular, tendo em vista que assegura ao povo

9
o julgamento de crimes dolosos contra a vida. No tribunal do em branco, que admitem a existência de complemento a ser
júri, o conselho de sentença, formado por pessoas leigas, do veiculado por normas infraconstitucionais, como a Lei de
povo, será o juiz de fato, sendo que o juiz de direito, togado, Tóxicos, por exemplo, que possui regulamento infraconstitu-
apenas terá a função de coordenar os atos processuais. cional no intuito de disciplinar quais substâncias devem ser
Como foi dito, o tribunal do júri possui competência para consideradas entorpecentes para efeitos penais.
julgar os crimes dolosos contra a vida, que são aqueles crimes
cometidos intencionalmente e que se voltam diretamente XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
contra o bem “vida”. São exemplos de crimes contra a vida
o homicídio, o aborto, auxílio ou a instigação ao suicídio e o Comentário: trata‑se do princípio da irretroatividade da
infanticídio. Para que o crime seja julgado pelo júri, é neces- lei penal mais maléfica, da retroatividade da lei penal mais
sário que ele se volte diretamente contra a vida, não sendo benéfica ou da ultratividade da lei penal mais benéfica.
cabível o julgamento de crimes que se destinam a ofender Segundo o referido princípio, a legislação penal não pode
outros valores, mas que acabam por atingir também a vida ser aplicada a fatos produzidos antes de sua vigência, salvo
da vítima, tais como o latrocínio e a lesão corporal seguida quando tratar‑se de aplicação que beneficie o réu.
de morte. Dessa forma, se uma pessoa comete um crime quando
No júri, é admitida a utilização de quaisquer meios lícitos da vigência de uma Lei A e, posteriormente, surge uma lei
para o convencimento do conselho de sentença, garantia que B, mais maléfica, a data do julgamento será aplicada a Lei A,
a Carta Maior denomina plenitude de defesa. Também será ainda que não mais tenha vigência, tendo em vista que não
garantido o sigilo da votação, o que impede que os juízes se trata de retroatividade em prol do réu.
leigos sejam ameaçados ou que sejam feitas tentativas de
suborno, por exemplo. Por fim, cabe lembrar que o vere-
dicto resultante do julgamento do conselho de sentença é
soberano, o que impede que o juiz‑presidente do tribunal
venha a alterar alguma conclusão decorrente da votação. Isso
não impede, por outro lado, que sejam interpostos recursos
contra a decisão proferida pelo tribunal do júri, ocasião na
qual é possível que o julgamento seja desconstituído. No caso de a lei posterior ser mais benéfica, a condena-
ção aplicar‑lhe‑á, ainda que não vigente à época da conduta
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem delitiva. Essa retroação pode até mesmo desconstituir deci-
pena sem prévia cominação legal; sões que já tenham transitado em julgado.
Cabe nota de que não se admite a Combinação de Leis.
Comentário: trata‑se do princípio da reserva legal ou da Se a lei posterior for em parte melhor e em parte pior que a
anterioridade da lei penal. A definição de crimes e a comina- anterior, o juiz não pode se utilizar da parte benéfica de uma
ção de penas somente é possível por meio de lei em sentido Lei W e da parte benéfica da Lei K, sob pena de agir como
estrito, excluindo‑se portanto atos normativos primários, um legislador positivo, já que criará uma terceira lei. O juiz
como as medidas provisórias. A previsão constitucional deverá, portanto, analisar qual das leis é mais branda para
desse inciso, porém, não impede a existência de leis penais beneficiar o réu no caso concreto.

Ex. 1:
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Crime Permanente
Na hipótese de crime permanente, a prática criminosa se alonga no tempo. Como na extorsão mediante sequestro, a lei
será aplicada levando‑se em conta o último momento em que praticado ato executório do crime. Vejamos.

Ex. 2:

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos Comentário: primeiramente, há que se asseverar que o
direitos e liberdades fundamentais; racismo consiste em atitude de segregação, não se limitando a
ofensas verbais de conteúdo discriminatório. Ademais, o racis-
Comentário: trata‑se de cláusula genérica de proteção mo não precisa estar atrelado a critérios biológicos, englobando
ao próprio sistema de garantias fundamentais do cidadão. qualquer forma de discriminação baseada em critérios étnicos,
religiosos etc. A inafiançabilidade impede a concessão de liber-
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e dade provisória mediante pagamento de fiança. A imprescriti-
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; bilidade impede que o Estado venha a perder sua pretensão

10
punitiva em virtude do decurso do tempo. Por fim, a pena de XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará,
reclusão impõe a aplicação de regime de pena inicialmente entre outras, as seguintes:
fechado, sendo cabível, porém, a progressão de regime. a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí- c) multa;
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito d) prestação social alternativa;
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos e) suspensão ou interdição de direitos;
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
tes, os executores e os que, podendo evitá‑los, se omitirem; Comentário: as penas descritas no presente inciso for-
malizam um rol meramente exemplificativo das penas que
Comentário: os delitos definidos nesse inciso não admi- podem ser adotadas em nosso ordenamento jurídico. Estabe-
tem o pagamento de fiança com a finalidade de se obter a lece a Constituição, ainda, o princípio da individualização da
liberdade provisória, bem como a concessão dos benefícios pena, que impõe a pena adequada ao réu, segundo elemen-
da graça ou da anistia. Interessante notar que será cabível tos objetivos (relacionados à conduta criminosa) e subjetivos
a modalidade omissiva em relação àqueles que puderem (relativos ao perfil do réu). Segundo esse preceito, deve o juiz,
evitar esses crimes. ao proceder à dosimetria da pena, adequar a pena de forma
a amoldar‑se perfeitamente à situação segundo critérios de
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a quantidade, tipo e regime de cumprimento.
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem Por conta desse preceito já foi considerada inconstitucional
constitucional e o Estado Democrático28; a tentativa de se proibir a progressão de regime, que permite
ao réu progredir, passando do regime fechado, mais grave,
Comentário: o presente inciso disciplina o terceiro grupo para os regimes semiaberto e aberto. A imposição de regime
de crimes que mereceram do constituinte uma repressão integralmente fechado retira do juiz a possibilidade de indivi-
especial. Tal qual no racismo, foi excluída a possibilidade de dualizar a pena segundo as peculiaridades existentes no caso,
pagamento de fiança e de prescrição de tais delitos. aplicando o mesmo regime de pena em qualquer situação.
Sendo assim, temos o seguinte panorama no que se
refere aos crimes com repressão especial, definidos cons- XLVII – não haverá penas:
titucionalmente: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
– inafiançáveis: racismo, crimes hediondos, tráfico, termos do art. 84, XIX;
tortura, terrorismo e ação de grupos armados contra b) de caráter perpétuo;
a ordem constitucional e o Estado Democrático; c) de trabalhos forçados;
– imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados d) de banimento;
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; e) cruéis;
– sujeitos a reclusão: racismo;
– insuscetíveis de graça ou anistia: hediondos, tráfico, Comentário: a pena de morte, como podemos perce­
tortura e terrorismo. ber, somente é cabível quando o Presidente da República
declara guerra, sendo aplicada nas hipóteses previstas na
Cabe lembrar que nada impede que a legislação venha a legislação penal específica57.
ampliar as características aqui listadas, prevendo, por exem- Apesar de a Constituição Federal proibir a condenação
plo, que outros crimes também sejam sujeitas a prescrição. em relação a penas de caráter perpétuo, é possível que uma
sentença condenatória venha a impor pena de duzentos anos
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, de reclusão, por exemplo. Ocorre que, apesar de a sentença
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do impor pena que provavelmente extrapola a prazo de vida

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perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos de um ser humano, impõe o Código Penal que a execução
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do dessa pena não poderá ultrapassar o prazo de trinta anos,
patrimônio transferido; o que acaba por impedir que a condenação resulte em uma
penalidade de caráter perpétuo.
Comentário: o princípio da pessoalidade da pena impede A pena de trabalhos forçados impede que o condenado
que a condenação penal venha a ser estendida, subjetiva- seja obrigado a trabalhar de forma desumana, sendo obri-
mente, extrapolando a figura do autor. Nosso sistema repudia gado a empreender esforços que extrapolem o limite da
a responsabilidade de pena objetiva, razão pela qual a pena capacidade humana.
somente pode ser aplicada a quem seja culpado (em sentido O banimento significa o exílio, o desterro de um nacional.
lato) pela conduta delitiva. A referida limitação, porém, não Consiste na proibição de permanência no território de seu
se aplica aos reflexos patrimoniais da atividade criminosa. país. Não pode ser confundido com a expulsão, que se refere
A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento apenas aos estrangeiros e não é propriamente uma pena,
de bens pode alcançar os herdeiros, desde que a execução mas uma medida de resguardo da soberania do país. Se fosse
da dívida se limite ao patrimônio efetivamente transferido. considerada uma pena, seríamos obrigados a obedecer a um
Dessa forma, ainda que os reflexos patrimoniais sejam devido processo legal para poder expulsar um estrangeiro,
transferidos aos sucessores, a obrigação nunca poderá ser o que não ocorre. Na expulsão, o estrangeiro é retirado do
cobrada em montante superior ao valor do patrimônio País por ter cometido ato contrário aos interesses nacionais.
transferido, o que, de certa forma, impede a existência de Também não pode ser confundida com banimento a ex-
uma responsabilidade penal objetiva. tradição, que consiste na entrega de um estrangeiro ou de um
brasileiro naturalizado a um país estrangeiro, permitindo‑se,
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
28
assim, seu julgamento e a aplicação de pena naquele Estado.
Técnico Legislativo/2010; FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrati- Por fim, registramos que o banimento não pode ser
va/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área
Administrativa/2010. confundido com a deportação, que decorre da retirada do

11
território brasileiro daqueles estrangeiros que não cumprem XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade
com os requisitos legais migratórios. física e moral;
Resumindo:
Comentário: o preso fica sob a tutela do Estado, devendo
ter resguardada sua integridade física e moral. O Estado será
responsável tanto pelos danos gerados por seus agentes,
quanto por aqueles que sejam gerados pelos demais presos,
tendo em vista o dever de cuidar da integridade daqueles
que estão sob sua custódia.

L – às presidiárias serão asseguradas condições para


que possam permanecer com seus filhos durante o período
de amamentação;
Por fim, registra a Constituição do Brasil a proibição
de aplicação de penas cruéis, já que ferem a dignidade da Comentário: o direito à amamentação assegura, de certa
pessoa humana. forma, a obediência ao princípio da pessoa­lidade da pena,
já que a criança não será afetada nem sofrerá prejuízo em
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos virtude do fato cometido pela mãe.
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado; LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o na­
turalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
Comentário: a medida acima visa a resguardar a figura do naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
preso, evitando abusos em virtude da maior suscetibilidade ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei58;
de certos presos. Evita também que a prisão deixe de ser
um local de ressocialização para se tornar uma verdadeira Comentário: cuida‑se, aqui, da primeira distinção trazida
escola de crime, já que os presos de menor periculosidade no texto constitucional acerca dos brasileiros natos e dos na-
poderiam ser influenciados pelos presos de maior tendência turalizados. Graficamente podemos representar a disposição
à criminalidade. acima da seguinte maneira:
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LII – não será concedida extradição de estrangeiro por LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão
crime político ou de opinião31; pela autoridade competente32;

Comentário: o disposto neste inciso impede que o ins- Comentário: cuida‑se do princípio do juiz natural, que
tituto da extradição venha a ser utilizado como forma de garante ao jurisdicionado o direito a receber a prestação
perseguição política. É respeitado, portanto, o pluralismo jurisdicional segundo as regras rigidamente estabelecidas em
político, que é a liberdade de se optar por determinadas lei. Se uma causa é julgada em juiz incompetente, por exem-
concepções políticas. Cabe lembrar, ainda, que a Constituição plo, estamos diante de nítida ofensa ao referido princípio.
Federal, em seu art. 4º, X, prevê a concessão de asilo políti- Há quem defenda a existência do princípio do promotor
co, que nada mais é do que um impedimento à extradição, natural, que também seria um consectário do presente inci-
concedido àqueles que sofrem de perseguição política em so. Esse princípio diz respeito à impossibilidade de alteração,
país estrangeiro. de forma arbitrária, do membro do Ministério Público desig-
nado para uma causa, buscando‑se, dessa forma, a garantia
da independência funcional, já que impede que os membros
29
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. do parquet sofram qualquer pressão.
30
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico
Legislativo/Técnico em Radiologia/2012 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
Legislativo de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.
31
Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010. Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
32

12
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens São exemplos de prisões cautelares as temporárias,
sem o devido processo legal; preventivas, por pronúncia etc.

Comentário: estamos diante do princípio do devido pro- LVIII – o civilmente identificado não será submetido a
cesso legal, que impõe a observância das normas processuais identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
vigentes para que alguém seja privado de sua liberdade
ou de seus bens. A presente regra também é denominada Comentário: em nosso país, privilegiando‑se a presun-
“devido processo legal substancial” e impõe a observância ção de legitimidade e a fé pública, adota‑se como regra a
da proporcionalidade de da razoabilidade. identificação feita por meio de documentos civis. Em casos
excepcionais, porém, desde que haja previsão legal, poderá
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrati- ser feita a identificação criminal, papiloscópica ou fotográfica,
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório por exemplo.
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Assim, quando alguém é detido, somente será obrigado
a proceder a uma identificação criminal se, por exemplo,
Comentário: este inciso explicita o conteúdo do devido não possuir identificação civil, tiver identificação civil em
processo legal processual, estipulando duas regras básicas, mau estado de conservação ou cometer delitos específicos,
que são o contraditório e a ampla defesa. previstos em lei.
O contraditório consiste no direito de con­tra‑argumen­tar,
ou seja, de apresentar uma versão que conteste as alegações LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação
feitas pela parte adversa. pública, se esta não for intentada no prazo legal33;
A ampla defesa pressupõe a possibilidade de se produzir Comentário: esse é o caso da ação penal privada sub-
provas no processo, juntando elementos fáticos à argumen- sidiária da pública. Vamos aqui, de forma sintética, resumir
tação feita em sua defesa. esse trâmite.
O Poder Judiciário somente age quando é provocado.
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas A isso chamamos princípio da inércia. Dessa forma, para
por meios ilícitos; que o Estado possa condenar alguém pelo cometimento de
um crime, é necessário que o Judiciário seja provocado por
Comentário: no exercício da ampla defesa, não é possível meio de uma ação penal.
juntar aos autos provas que tenham sido obtidas por meios As ações penais podem ser ajuizadas pela vítima (ação
ilícitos. A presente medida busca evitar que a atividade de pro- penal privada) ou pelo Ministério Público (ação penal pú-
dução de provas se torne um estímulo à prática de atos ilícitos. blica), quando for o caso. Quando proposta pela vítima,
Em certos casos, porém, essa proibição é relativizada, denominamos queixa‑crime; quando iniciada pelo Ministério
desde que a prova obtida por meio ilícito seja o único meio Público, denominamos denúncia.
de prova capaz de garantir o direito de defesa de pessoa que A lei penal possui o papel de definir qual será a forma de
esteja na condição de acusada. propositura da ação, sendo mais comum a propositura pelo
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a regra da Ministério Público. Nesse caso, se o Ministério Público não
prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore en- apresentar denúncia no prazo legal, abrir‑se‑á oportunidade
venenada). Segundo tal regra, também serão inadmitidas de a vítima substituir o Ministério Público, por meio da ação
no processo as provas que forem obtidas a partir de uma penal privada subsidiária da pública.
prova obtida por meio ilícito. Vamos supor, por exemplo,
que um policial faça uma escuta clandestina, descobrindo LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
que um crime será cometido no dia seguinte, em tal lugar, processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse

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em tal hora. Se esse policial presenciar o crime e fotogra- social o exigirem34;
far a cena, tais fotos também serão ilícitas, pois somente
foram obtidas a partir das informações colhidas na escuta Comentários: os atos processuais, via de regra, são
clandestina, atividade criminosa que contamina as provas públicos, assim como os julgamentos realizados no âmbito
subsequentes. do Poder Judiciário (art. 93, IX, da CF). Excepcionalmente,
Por fim, ressaltamos que o simples fato de existirem provas porém, teremos o chamado “segredo de justiça”, que impõe
obtidas por meios ilícitos em um processo não significa que restrição à publicidade dos atos processuais. A Constituição
haverá absolvição do réu. É possível, dessa forma, a conde- Federal traz duas hipóteses de restrição do acesso aos atos
nação se existirem no processo outras provas independentes processuais:
e capazes de fundamentar eventual sentença condenatória. a) defesa da intimidade;
b) interesse social.
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito É importante que o aluno não confunda esse segredo
em julgado de sentença penal condenatória; com o segredo relativo às informações de caráter público.
O art. 5º, XXXIII, da CF dispõe sobre o acesso às informações
Comentário: cuida o presente inciso do que comumente constantes de órgãos públicos. Naquele caso, as hipóteses de
se denomina princípio da presunção de não culpabilidade sigilo são as relacionadas à defesa do Estado e da sociedade.
ou da presunção de inocência. Com base nesse dispositivo, Interessante notar que a Constituição defenda a possi-
somente após o trânsito em julgado da sentença condenató- bilidade de um julgamento ser sigiloso para a proteção da
ria, o réu poderá ser considerado culpado. Isso não significa, intimidade, mas dispõe que não será possível restringir a
porém, que ele não poderá ser preso antes disso. A prisão
não é atrelada à culpa, já que pode ser uma medida de cau-
tela, evitando‑se a fuga do preso ou o risco de cometimento FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
33

Assunto cobrado na prova da FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Admi-


34

de novos delitos. nistração/2012.

13
publicidade se a sua divulgação for necessária para o res- Comentário: duas são, portanto, as comunicações obri-
guardo do direito de informação (art. 5º, XIV, da CF), que gatórias relativas à prisão de uma pessoa e ao local onde
possui titularidade coletiva. se encontre:
a) ao juiz competente. Essa comunicação justifica‑se, por
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou exemplo, pelo fato de esse juiz possuir o poder de relaxar a
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária prisão, quando ilegal.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou b) à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A co-
crime propriamente militar, definidos em lei35; municação à família ou a pessoa indicada é essencial para
que o direito à assistência seja prontamente exercido.
Comentário: nesse ponto do texto constitucional, come- Se, porém, o preso não indicar nenhuma pessoa, torna‑se
ça a ser tratado o instituto da prisão. A utilização do termo irrelevante a previsão da segunda comunicação, segundo o
“ninguém será preso senão...” dá a entender que se trata entendimento do Supremo Tribunal Federal.
de um rol taxativo, motivo pelo qual não há que se aceitar
hipóteses de prisão que não se ajustem às hipóteses previstas LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre
constitucionalmente. os quais o de permanecer calado, sendo‑lhe assegurada a
O presente inciso inicialmente dispõe sobre duas hipóte- assistência da família e de advogado37;
ses de prisão: prisão em flagrante e prisão por ordem judicial
escrita e fundamentada. Comentário: o presente dispositivo garante ao preso três
A prisão em flagrante, primeira hipótese tratada, pode prerrogativas: permanecer calado, assistência da família e
ser feita por “qualquer do povo”, nos termos do que dispõe assistência de advogado.
o art. 301 do Código de Processo Penal. Está em situação O direito de permanecer calado deve ser garantido a
de flagrante quem: todos, independentemente de serem presos. As testemu-
• está cometendo a infração penal; nhas, porém, somente possuem direito de permanecerem
• acaba de cometê‑la; caladas em relação às informações que possam servir para
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen- sua incriminação. Essa determinação protege o direito que
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça temos contra autoincriminação (princípio do nemo tenetur
presumir ser autor da infração; se detegere).
• é encontrado logo depois com instrumentos, armas, O direito de permanecer calado pode ser estendido
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da para alcançar também o direito de mentir sem incorrer em
infração. atividade ilícita.
A assistência da família impede, por exemplo, que o preso
Atenção! Nas infrações permanentes, como na de ex- fique incomunicável. A assistência do advogado é irrestrita,
torsão mediante sequestro, entende‑se o agente em fla- devendo ser assegurada proteção da defensoria pública ao
grante delito enquanto não cessar a permanência. Dessa preso que não possua condições de contratar um advogado
forma, é possível sua prisão durante todo o período do às suas expensas.
sequestro, sem necessidade de autorização judicial.
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsá-
Como a prisão em flagrante pode ser feita por qualquer veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
do povo, ela será a única possibilidade de prisão que é con-
cedida às Comissões Parlamentares de Inquérito. Comentário: a identificação dos responsáveis pela prisão
A segunda hipótese de prisão diz respeito à ordem ou pelo interrogatório do preso é um instrumento necessário
judicial escrita e fundamentada. Nesse caso, deverá o juiz à proteção contra abusos, já que intimida o agente público
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determinar a expedição do respectivo mandado, que poderá quanto às práticas abusivas ou ilícitas. Importante notar que
instrumentalizar diversos tipos de prisão (preventiva, tem- a identificação será obrigatória mesmo nas hipóteses de cri-
porária etc.). Cabe notar o fato de que essa prisão, por ser minosos de alto grau de periculosidade, independentemente
escrita, nada tem a ver com a voz de prisão, que pode ser de supostamente oferecerem risco de retaliação em relação
dada pelo juiz em uma audiência, por exemplo. aos agentes públicos.
A terceira hipótese de prisão refere‑se à transgressão
militar ou crime propriamente militar, que, no caso, pres- LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
cindem de ordem judicial. Ressalte‑se que a Constituição autoridade judiciária;
expressamente proíbe a impetração de habeas corpus, que
é uma medida destinada à proteção do direito de ir e vir, Comentário: como já ressaltado, cabe ao juiz analisar
nas hipóteses de punição disciplinar militar (art. 142, § 2º). a legalidade da prisão, podendo, de ofício, determinar o
Por fim, cabe registrar uma hipótese bem específica de relaxamento da prisão.
prisão, que será criada no caso de decretação de Estado de
Defesa. Trata‑se da prisão por crime contra o Estado, que LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
tem previsão no art. 136, § 3º, da Constituição do Brasil. quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se Comentário: a liberdade provisória consiste no direito de
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- o preso responder ao processo em liberdade. A lei definirá
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada36; quais são as hipóteses em que a liberdade provisória será
admitida, casos em que o acusado não poderá ser levado à
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
35 prisão ou nela mantido.
Assunto cobrado nas seguintes provas: FGV/Senado Federal/Técnico Legisla-
36

tivo/Administração/2012 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrati-


va/2010. FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
37

14
Existem duas modalidades de liberdade provisória: sem Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
pagamento de fiança e mediante pagamento de fiança. Com- “Remédios Constitucionais”.
pete à lei definir quais serão as hipóteses em que a liberdade
provisória exigirá o pagamento de fiança, que é um valor LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser im-
dado em garantia pelo preso, assegurando sua colaboração petrado por:
nas investigações e na instrução. a) partido político com representação no Congresso
Não admitem fiança: racismo, crime de grupos armados Nacional.
contra o Estado Democrático e contra a ordem constitucional, b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do ou associados39.
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Remédios Constitucionais”.
Comentário: a prisão civil é aquela utilizada na cobrança
de dívidas. Não tem um caráter punitivo, mas sim coerciti- LXXI – conceder‑se‑á mandado de injunção sempre que
vo, voltado ao adimplemento da obrigação. A prisão civil é a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
admitida em duas hipóteses: dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
a) inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania40;
alimentícia;
b) depositário infiel. Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
A prisão por obrigação alimentícia somente ocorrerá “Remédios Constitucionais”.
nos casos em que a dívida é voluntária, ou seja, quando não
houver um motivo de força maior para o inadimplemento LXXII – conceder‑se‑á habeas data:
da obrigação. a) para assegurar o conhecimento de informações
O depositário infiel é responsável pelo bem, devendo relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
devolvê-lo imediatamente nas hipóteses legais. ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
Tais hipóteses eram definidas em nosso ordenamento caráter público.
jurídico. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal veio a consi- b) para a retificação de dados, quando não se prefira
derar o Pacto de São José da Costa Rica, tratado internacional fazê‑lo por processo sigiloso, judicial ou administra­tivo.
que impede esse tipo de prisão, uma norma supralegal, ou
seja, superior às demais normas legais. Isso fez com que Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
fossem derrogadas as normas legais que dispunham sobre “Remédios Constitucionais”.
a prisão civil do depositário infiel.
Antes desse entendimento, a prisão do depositário infiel LXXIII – qualquer cidadão41 é parte legítima para propor
era justificada por uma obrigação processual ou por uma ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú-
obrigação contratual. Na primeira situação, estando o bem blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
em discussão perante o Poder Judiciário, determinava-se que administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
o detentor fosse nomeado depositário infiel. Na segunda si- e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má‑fé, isento
tuação, o depositário recebia o bem em virtude de uma obri- de custas judiciais e do ônus da sucumbência42;
gação contratual, como no contrato de alienação fiduciária.
Em resumo, a situação que temos hoje é a seguinte: Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


a prisão civil do depositário infiel é prevista na Constituição “Remédios Constitucionais”.
nos casos previstos em lei. O Pacto de São José da Costa
Rica, porém, com seu status supralegal, derrogou todas as LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral
previsões legais de prisão do depositário, de tal forma que e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
tornou, na prática, inviável a utilização do instrumento de
prisão nessas hipóteses. Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Gratuidades Constitucionais”.
LXVIII – conceder‑se‑á habeas corpus sempre que al-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judi-
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou ciário, assim como, o que ficar preso além do tempo fixado
abuso de poder38; na sentença;

Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico Comentário: essa indenização não poderá ser plei­teada
“Remédios Constitucionais”. pela via do habeas corpus. Será necessário portanto que,
além do habeas corpus liberatório, seja ajuizada ação ordi-
LXIX – conceder‑se‑á mandado de segurança para prote- nária para demonstração da responsabilidade civil do Estado.
ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa 39
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
40
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci-
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; vil/2012.
41
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de
38
Administrativo/2013.
Diligências/2012 e FCC/Instituto Nacional do Seguro Social /Técnico do Seguro 42
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico
Social/2012. Judiciário/2010.

15
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, do regime e dos princípios constitucionais, bem como de
na forma da lei: tratados internacionais.
a) o registro civil de nascimento; Nesse sentido, já foi reconhecida a existência de direitos
b) a certidão de óbito43. e garantias individuais até mesmo no art.150 da Constituição
Federal, que estabelece as limitações constitucionais ao
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico poder de tributar.
“Gratuidades Constitucionais”. Cabe lembrar que os tratados internacionais que apenas
disponham de direitos e garantias fundamentais, sem se
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e submeter ao procedimento de aprovação similar ao da pro-
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao posta de emenda constitucional, não terá status de emenda
exercício da cidadania44. constitucional, mas força de norma supralegal.

Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
“Gratuidades Constitucionais”. direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
assegurados a razoável duração do processo e os meios que emendas constitucionais46.
garantam a celeridade de sua tramitação.
Comentário: o presente dispositivo, inserido pela Emen-
Comentário: esse dispositivo foi inserido na reforma da Constitucional nº 45/2004, abriu a possibilidade de trata-
constitucional de 2004 que, por meio da Emenda Constitucio- dos e convenções internacionais possuírem força de emenda
nal nº 45, realizou a chamada “reforma do Poder Judiciário”. constitucional. Para tanto, será necessário preencher os dois
No caso, os processos judicial e administrativo passam a ter requisitos, de forma cumulada: tratar de direitos humanos
a garantia da razoável duração do processo. e ser aprovado por três quintos de cada Casa do Congresso
Dois problemas surgem em relação a tal dispositivo. Nacional em dois turnos de votação.
Os tratados que não cumprirem tais requisitos, como
Primeiramente, temos a dificuldade em definir qual será a
vimos, terão forma de lei ordinária ou força supralegal.
duração razoável do processo, principalmente pelo fato de
que as ações possuem múltiplos graus de complexidade.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Em segundo lugar, a dificuldade encontrada reside no fato
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão47.
de o dispositivo possuir uma redação muito ampla, que não
especifica, no caso concreto, as medidas a serem adotadas.
Comentário: essa importante determinação acaba por
A conclusão a que chegamos, portanto, é a de que se trata
colocar em discussão a noção clássica de soberania, que vê no
de uma norma‑princípio, que exigirá concretização por meio Estado Soberano um ente totalmente independente. Passa
de políticas públicas e da atividade legislativa. o Brasil, a partir da inserção desse dispositivo pela Emenda
O judiciário, em caráter excepcional, tem deferido pedi- Constitucional nº 45/2004, a submeter‑se à jurisdição de um
dos de julgamento imediato da causa em respeito ao direito organismo internacional se houver manifestado adesão ao
à razoável duração do processo. ato de criação. Cumpre ressaltar, porém, que essa previsão
se limita aos tribunais penais, não podendo ser estendida a
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias outras áreas como a do comércio internacional.
fundamentais têm aplicação imediata45.
Remédios Constitucionais
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

Comentário: o fato de as normas desse artigo terem apli-


cação imediata significa dizer que podem ser aplicadas a um Os remédios constitucionais são garantias definidas no
caso concreto imediatamente, sem necessidade de norma corpo do art. 5º da Constituição Federal, que visam à prote-
regulamentadora, por exemplo. Essa é a razão pela qual di- ção de valores também definidos na Carta Maior. Apesar de
versos remédios constitucionais, ainda que não tivessem seu a maioria dos remédios tramitar perante o Poder Judiciário,
papel bem definido pela legislação, puderam ser utilizados existem remédios, como o direito de petição, que podem
imediatamente, como é o caso do mandado de segurança. tramitar perante órgãos administrativos. Consideraremos,
em nosso estudo, os seguintes remédios constitucionais:
A aplicação imediata, porém, não impede que uma nor- • habeas corpus;
ma tenha eficácia contida, ou seja, que admita a restrição • habeas data;
de sua eficácia por meio da atuação do legislador ordinário. • mandado de segurança;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição • mandado de injunção;
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios • ação popular;
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a • direito de petição.
República Federativa do Brasil seja parte.
Habeas Corpus
Comentário: o presente dispositivo deixa claro que o rol
de direitos do art. 5º não possui caráter exaustivo, mas sim, Finalidade: este remédio constitucional, previsto no
exemplificativo. Fica, portanto, aberta a oportunidade de art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, visa à proteção da
reconhecimento de novos direitos e garantias decorrentes liberdade de locomoção (direito de ir, vir e permanecer)
46
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico
43
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati- Judiciário/2012; Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/Técnico
va/2010. em Radiologia/2012 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legisla-
44
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. tivo/2010.
45
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. 47
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.

16
contra lesão ou ameaça causada por abusos de poder ou Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
ilegalidade48. Como se percebe, não há uma necessária mente de qualquer condição.
correlação desse remédio ao Direito Penal, motivo pelo qual
o habeas corpus poderá ser impetrado até mesmo no caso Habeas Data
de prisão civil por dívida, já que está envolvida, nesse caso,
Finalidade: o presente remédio constitucional, previsto
a liberdade de locomoção.
no art. 5º, LXXII, da Constituição do Brasil possui uma dupla
Como já salientamos anteriormente, este remédio constitu-
finalidade. Vejamos no quadro abaixo.
cional não se presta a discutir punições disciplinares militares.
O habeas corpus não se submete a prazo prescricional de informações relativas à pessoa do
ou decadencial, sendo cabível enquanto durar a lesão ou acesso impetrante, constantes de registros
ameaça de lesão ao direito que se pretende proteger. Visa a ou  ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter
assegurar retificação público.
Legitimidade ativa: possui legitimidade ativa aquele
que pode impetrar o habeas corpus, chamado, portanto,
de impetrante. Esse remédio é dos mais informais, já que Portanto, uma das finalidades do habeas data é a pos-
pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, sibilidade de retificação de dados, quando não se prefira
independentemente de capacidade civil, de advogado e de fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.49
mandato outorgado pelo paciente. Exige‑se, porém, como A impetração do habeas data exige, ainda, a demonstra-
um formalismo mínimo, que a petição seja assinada, já que ção de que houve uma prévia negativa administrativa. Em
é considerado inexistente o habeas corpus apócrifo. outras palavras, o impetrante deve demonstrar que buscou
previamente o acesso às informações diretamente junto ao
Paciente: será considerado paciente aquele que estiver a banco de dados, sem obter, porém, sucesso.
sofrer lesão ou ameaça a seu direito de locomoção e venha
a ser protegido pelo remédio constitucional. O paciente Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode impetrar o
será necessariamente uma pessoa física, já que as pessoas habeas data, desde que as informações pleiteadas se refiram
jurídicas não possuem liberdade de locomoção, prerrogativa exclusivamente ao impetrante. Trata‑se, dessa forma, de uma
que é incompatível com elas. ação personalíssima.

Legitimidade passiva: a legitimidade passiva é conferida Legitimidade passiva: apenas pode ser impetrado o
àquele que age como coator, praticando atos ilícitos ou em banco de dados de caráter público (Serasa, SPC etc.) ou
abuso de poder, razão pela qual será considerado impetrado. respectiva entidade governamental (INSS, Receita Federal
do Brasil, Polícia Federal etc.).
Tipos: podemos classificar o habeas corpus como pre­
ventivo, que é aquele impetrado quando há uma amea­ça ao Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
direito de locomoção, ou repressivo, impetrado quando já mente de qualquer condição.
se configura a ilegalidade ou o abuso de poder, e “de ofício”,
concedido pelo juiz independentemente de impetração. Mandado de Segurança
No habeas corpus preventivo, pode ser expedido salvo
conduto, que é instrumento que impede a prisão do paciente Finalidade: o mandado de segurança se presta à proteção
nas hipóteses descritas na ordem judicial concessiva da ordem. de direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalida-
Imaginemos uma situação em que o paciente será ouvido de. Direito líquido e certo é aquele que se mostra delimitado
como acusado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito quanto à extensão e inquestionável quanto à existência. De
e requer, por meio de um habeas corpus, a expedição de um forma simplificada, podemos dizer que o direito líquido e

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


salvo conduto para garantia de seu direito de permanecer ca- certo é aquele que não demanda ampla instrução probatória,
lado. Poderá o Supremo Tribunal Federal, nesse caso, conceder motivo pelo qual a única prova admitida no mandado de
o remédio para que o paciente não seja preso caso venha a segurança é a de caráter documental.
legitimamente exercer seu direito sem que incida, portanto, No mandado de segurança, o direito é facilmente aferí-
em crime, caso recaia em falso testemunho. vel a partir da leitura das normas legais aplicáveis ao caso.
No writ repressivo, já existe a situação de coação e o Compete à parte, portanto, apenas demonstrar que se
paciente requer, portanto, a sua soltura, por exemplo. Tanto enquadra na situação descrita na lei. Cabe mandado de se-
no habeas corpus preventivo quanto no repressivo, há a gurança, portanto, para pleitear aposentadoria por tempo de
possibilidade de concessão de medida liminar. serviço, quando bastar a certidão de tempo de serviço para
A liminar é uma medida precária, que busca a proteção comprovar que o impetrante preenche os requisitos legais
do bem quando exista perigo de dano irreparável ao bem para usufruir do benefício. No caso, porém, de aposentadoria
tutelado. Somente será concedida a liminar se houver a fu- por invalidez, quando é necessário realizar perícias e ouvir
maça do bom direito, ou seja, a plausibilidade das alegações testemunhas, o direito não é líquido e certo, motivo pelo qual
feitas pelo impetrante. não será possível, a priori, impetrar mandado de segurança.
Por fim, o habeas corpus ex officio é aquele que é Dessa forma, no mandado de segurança não se discute
concedido pelo juiz independentemente de provocação. matéria probatória, de cunho fático. Por outro lado, mos-
Imaginemos que um impetrante ingressa com um recurso
tra‑se plenamente possível discutir questões de direito, de
requerendo a atipicidade da conduta do réu. Nesse caso,
cunho abstrato. Nesse sentido, a Súmula nº 625/STF dispõe
o magistrado, ainda que não concorde com o impetrante
que “a controvérsia sobre matéria de direito não impede
no que toca à atipicidade da atitude do réu, pode conceder
concessão de mandado de segurança”.
habeas corpus de ofício, para reconhecer que o crime está
A impetração do mandado de segurança não está vincu-
prescrito.
lado ao esgotamento da instância administrativa. Por conta
48
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010. 49
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/Direito/2010.

17
disso, dispõe a Súmula nº 430/STF que “pedido de reconsi- direito, já que o seu titular poderá pleitear seu direito por
deração na via administrativa não interrompe o prazo para meio de uma ação ordinária. Cabe lembrar que, no mandado
o mandado de segurança”. de segurança preventivo, não há prazo decadencial, tendo
em vista que o ato coator sequer foi produzido.
Legitimidade ativa: o mandado de segurança pode ser
ajuizado por qualquer pessoa, física ou jurídica. Súmula nº 512/STF: segundo entendimento jurispru-
dencial do Supremo Tribunal Federal, não cabe condenação
Legitimidade passiva: somente pode ser impetrado em em pagamento de honorários advocatícios em Mandado
um mandado de segurança quem seja autoridade pública de Segurança. Em outras palavras, a parte que sucumbente
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições não será obrigada a pagar à parte vencedora uma parcela
do Poder Público50, ou seja, a ela equiparado por atuar em do valor da causa para pagamento do advogado responsável
função eminentemente pública, mediante delegação. pelo êxito.
Tipos: o mandado de segurança pode ser classificado em
preventivo ou repressivo, e ainda em individual ou coletivo. Atenção! O prazo decadencial para impetração do man-
O mandado de segurança preventivo presta‑se a evitar dado de segurança foi considerado constitucional pelo
ofensa a direito líquido e certo que seja e que se ache ame- Supremo Tribunal Federal, o que resultou na edição da
açado, ainda que não exista o ato lesivo. Súmula nº 632/STF.
O mandado de segurança repressivo volta‑se a afastar
ofensa já perpetrada contra direito líquido e certo. Já existe, Jurisprudência: vejamos alguns entendimentos jurispru-
nesse caso, lesão ao bem jurídico que se quer tutelar. denciais acerca do cabimento do mandado de segurança.
O mandado de segurança individual busca a proteção
dos interesses do impetrante. O mandado de segurança será Cabe mandado de se­gurança Não cabe mandado de se­­
individual ainda que vários impetrantes optem por ajuizar gurança
uma só ação, na condição de litisconsortes. Para a proteção do direito de Contra lei em tese.
No mandado de segurança coletivo, previsto no art. 5º, reunião.
LXIX, da Constituição Federal, o impetrante defende, em
Para proteção do direito de Contra decisão judicial transi-
nome próprio, um direito alheio. Cuida‑se de forma de subs-
certidão. tada em julgado.
tituição processual, razão pela qual não há necessidade de
autorização dos titulares do direito protegido. Nesse sentido, Para a proteção de direito que Contra ato judicial passível
a Súmula nº 629/STF, que determina que a “impetração de esteja na pendência de decisão de recurso.
mandado de segurança coletivo por entidade de classe em na esfera administrativa.
favor dos associados independe da autorização destes”. Mandado de Injunção
São legitimados a impetrar o mandado de se­gurança
coletivo: Cabimento: o mandado de injunção, previsto no art. 5º,
• partido político com representação no Congresso LXXI, da Constituição Federal, pode ser impetrado sempre que
Nacional51; a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
• organização sindical, entidade de classe ou associação dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania54.
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou Cuida‑se, assim, de ação voltada à supressão de omissão
associados. legislativa relativa à regulamentação de direitos previstos cons-
titucionalmente. Se tivermos uma norma de eficácia limitada,
Um partido político com representação no Congresso por exemplo, que ainda não produza totalmente seus efeitos
Nacional possui legitimidade para impetrar mandado de porque ainda não foi produzida lei regulamentadora, será
segurança coletivo apenas em defesa de seus filiados.52 cabível o mandado de injunção contra o órgão responsável
É possível a concessão de mandado de segurança cole- pela omissão, buscando‑se a edição da norma.
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

tivo impetrado por partido político com representação no Durante muito tempo defendeu‑se que o mandado de
Congresso Nacional, para proteger direito líquido e certo injunção não poderia dar ao Poder Judiciá­rio o poder de,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando persistindo a omissão, determinar qual será a disciplina legal
o responsável pelo abuso de poder for ministro de Estado.53 a ser aplicada ao caso concreto. Entendia‑se, nesse caso, que
Destaca‑se que a entidade de classe possui legitimidade estaríamos ferindo o princípio da separação dos poderes,
para impetrar o mandado de segurança ainda que a preten- motivo pelo qual era necessário adotar posicionamento não
são veiculada interesse apenas a uma parte da categoria concretista. Esse não é, porém, o atual entendimento do
(Súmula nº 630/STF). Supremo Tribunal Federal, que já admite que o Poder Judiciário
indique, no caso de omissão, quais serão as regras aplicáveis
para que os impetrantes possam usufruir de forma plena os
Atenção! O mandado de segurança coletivo é hipótese iso- direitos que lhe foram conferidos pela Constituição do Brasil.
lada em que as associações fazem substituição processual. O desrespeito à determinação de regulamentação de um
Nas demais ações ajuizadas pelas associações, o que se dispositivo constitucional é denominada inconstitucionalida-
pratica é a representação processual, que exige autorização de por omissão, e também pode ser combativa por meio da
dos representados. ação direta de inconstitucionalidade por omissão, que será
posteriormente tratada.
Prazo Decadencial: a impetração do mandado de se­
gurança deve ser feita no prazo de cento e vinte dias, con- Legitimidade ativa: o mandado de injunção pode ser
tados da data da ciência do ato ilegal ou cometido em abuso impetrado por qualquer pessoa que possua interesse direto
de poder. A perda desse prazo, porém, não leva à perda do na regulamentação do dispositivo constitucional.

50
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012.
Legitimidade passiva: será considerado impetrado aque-
51
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa- SP/Agente Legislativo le que seja responsável pela omissão legislativa.
de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.
52
Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012. 54
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Legislativo de Serviços Técnicos e Admi-
53
Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2013. nistrativos/2010.

18
Tipos: são cabíveis o mandado de injunção individual e o Gratuidades Constitucionais
mandado de injunção coletivo. O segundo tipo de mandado O texto constitucional trata de diversas hipóteses de
de segurança é uma criação pretoriana, ou seja, foi reco- gratuidade, sendo de suma importância que o candidato
nhecido pelos tribunais, ainda que não houvesse disciplina identifique quais as condicionantes para a fruição desse
constitucional a respeito. Assim, devem ser aplicadas ao direito. Vamos esquematizar.
mandado de injunção coletivo as disposições do mandado
de segurança coletivo. Dispositivo Gratuidade Observações
5º, XXXIV Direito de peti- Incondicionada – independe
Ação Popular ção do pagamento de taxas
Finalidade: a ação popular é voltada à anulação de ato 5º, XXXIV Direito de certi- Incondicionada – independe
dão do pagamento de taxas
lesivo:
• ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 5º, LXXIII Ação Popular Condicionada à boa-fé do autor
participe; 5º, LXXIV Assistência jurídi- Condicionada à comprovação
• à moralidade administrativa; ca integral da insufi­ciência de recursos
• ao meio ambiente; 5º, LXXVI Certidão de nas- Condicionada à comprovação
• ao patrimônio histórico e cultural. cimento de pobreza, na forma da lei
5º, LXXVI Certidão de óbito Condicionada à comprovação
Cumpre notar que a ação popular só se presta à anulação de pobreza, na forma da lei
desses atos, não sendo o instrumento adequado à punição 5º, LXXVII Habeas corpus Incondicionada
do agente público que causou um dano a interesses da socie-
5º, LXXVII Habeas data Incondicionada
dade. A punição, no caso, poderá ser discutida em eventual
ação de improbidade. 5º, LXXVII Atos necessários Gratuitos na forma da lei
É possível declarar a inconstitucionalidade de uma lei ao exercício da
por meio da ação popular, desde que essa declaração não cidadania
seja o objeto principal da ação popular. Assim, a declaração
de inconstitucionalidade da lei pode ser um meio, nunca a Direitos Sociais
finalidade precípua da ação.
A ação popular deverá ter por objeto um ato adminis- A Constituição dedica um capítulo inteiro aos direitos
trativo. Não é cabível essa ação contra uma decisão judicial. sociais, quais sejam: a educação, a saúde, a alimentação o
Por permitir que o cidadão defenda diretamente os trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
interesses do povo, pode‑se considerar a ação popular uma previdência social, a proteção à maternidade e à infância
forma de exercício da democracia direta. e a assistência aos desamparados56.
Não existe foro por prerrogativa de função em relação à Esses direitos, delineados no art. 6º da CF, possuem um
ação popular. Assim, ainda que a ação seja ajuizada contra caráter protetivo, assistencial. Trata‑se de direitos funda-
o Presidente da República, não será julgada pelo Supremo mentais de segunda geração (introduzidos em larga escala
Tribunal Federal. no Brasil com a política social introduzida por Getúlio Vargas,
principalmente em 1934). Outros direitos sociais podem ser
Legitimidade ativa: só podem ajuizar ações populares encontrados no Título VIII do texto constitucional.
os cidadãos, ou seja, aqueles que possuam direitos políticos. Os direitos sociais consubstanciam, em sua grande maio-
Ficam excluídas, portanto, as pessoas jurídicas e as pessoas fí- ria, normas programáticas. Esse tipo de norma possui eficácia
sicas que não estejam no pleno gozo de seus direitos políticos. limitada, exigindo, para seu alcance, a construção de políticas
públicas pelo legislador constituído. Questão tormentosa
Legitimidade passiva: a ação popular deve ser ajuizada que hoje se apresenta é aquela relativa à possibilidade de

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


contra a autoridade pública autora do ato impugnado. se limitar a efetividade dos direitos fundamentais em nome
do princípio da reserva do possível. Em outras palavras, isso
Gratuidade: a ação popular será gratuita, mas sua gratuida- resulta em saber se o Estado pode deixar de cumprir com
de é condicionada à boa‑fé. Se a ação for ajuizada com má‑fé, seu papel de garantir os direitos sociais à população, sob a
o autor será condenado ao pagamento das custas judiciais. alegação de não possuir recursos materiais para tanto.
Em contraposição à limitação da reserva do possível,
Direito de Petição encontra‑se a previsão de um mínimo existencial no que
tange à concretização dos direitos sociais. Esse contraponto
Finalidade: o direito de petição, previsto no art. 5º, XX- é reforçado pela proibição do retrocesso, outra teoria que
XIV, da CF, também considerado um remédio constitucional, também impede que a reserva do possível sirva de justificati-
difere‑se dos demais por não consistir em uma ação judicial. va ao abandono das previsões constitucionais programáticas.
Trata‑se de instrumento exercido perante o Poder Público A proibição do retrocesso impede que venha a reduzir
com o objetivo de: o montante de recursos voltados à execução de políticas
• defesa de direitos; públicas concretizadoras dos direitos fundamentais. Essa
• representação contra ilegalidade ou abuso de poder. teoria, porém, pode desenvolver um perigoso efeito colateral.
Caso reconhecida a proibição da diminuição dos recursos
Qualquer pessoa pode utilizar‑se do direito de petição, alocados em determinada atividade, é possível que o gestor
que não pode ser impedido por meio de obstáculos legais. evite aumentar a parcela orçamentária destinada à política
Dessa forma, segundo o novo entendimento do Supremo pública desenvolvida, com vistas a evitar uma vinculação nos
Tribunal Federal, é inconstitucional exigir depósito prévio orçamentos vindouros.
ou arrolamento de bens e direitos como condição de ad­ Sobre a eficácia das normas programáticas, o Supremo
missibilidade de recurso administrativo55. Tribunal Federal vem expedindo alguns pronunciamentos no
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.
55
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ibama/Técnico Administrativo/2012.
56

19
sentido de que o Estado não pode deixar de atender à popu- • Salário mínimo, fixado em lei e nacionalmente uni­
lação sob a alegação de que não possui receita orçamentária. ficado. Mesmo aqueles que recebem remuneração
A maioria dos casos se relaciona à atuação do Estado na área variável não podem receber nunca salário inferior ao
da saúde, nos quais o Tribunal tem julgado procedentes re- mínimo.
cursos interpostos com o objetivo de se autorizar a compra
de medicamentos. O salário mínimo deve ter aumentos periódicos, de modo
Conforme estudamos, o Brasil terá como um de seus fun- a manter seu poder aquisitivo. O reajuste, porém, deve ser
damentos a busca da função social do trabalho e, para tanto, veiculado por lei, nada impedindo que a matéria seja tratada
prevê a Constituição Federal alguns direitos do trabalhador. também por meio de medida provisória.
Os direitos dos trabalhadores podem ser divididos em duas O salário mínimo atender às necessidades básicas do
categorias: direitos individuais e direitos coletivos do trabalho. trabalhador e de sua família, com moradia, alimentação,
Os trabalhadores urbanos e rurais são tratados de forma igua- educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
litária, sendo que a maioria dos seus direitos individuais está previdência social.
A economia não pode ser indexada ao salário mínimo. Em
descrita no art. 7º da CF, que passaremos a estudar.
outras palavras, o salário mínimo não pode servir de valor
Antes de visualizarmos os direitos em espécie, devemos
de referência, vinculando reajustes de preços e serviços. Isso
registrar que para o Direito do Trabalho não há uma total evita que os reajustes periódicos deixem de surtir efeitos
coincidência entre os termos “trabalhador” e “emprega- reais, já que, ao mesmo tempo em que o salário mínimo
do”, sendo que o segundo pressupõe o preenchimento de aumentasse, toda a economia sofreria um fenômeno infla-
diversos requisitos, como a habitualidade, a onerosidade, cionário automático.
a subordinação e a pessoalidade. Para o Direito Constitu- A Suprema Corte entende que o salário mínimo não pode
cional, porém, de natureza marcantemente principiológica, servir de base de cálculo de nenhum adicional, inclusive do
essa distinção deixa de ter importância, de tal forma que adicional de insalubridade. Nesse julgamento foi aprovada a
utilizaremos os dois termos indiscriminadamente. quarta súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, que
recebeu a seguinte redação:
Isonomia Trabalhista
Salvo os casos previstos na Constituição, o salário
A Constituição Federal se preocupou com a discriminação mínimo não pode ser usado como indexador de base
entre os trabalhadores que apresentam formas diferentes de cálculo de vantagem de servidor público ou de
de contratos. Sendo assim, cuidou o texto de impor o trata- empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
mento igualitário entre os trabalhadores:
• urbanos e rurais; Nada impede que pensões, estipuladas em virtude de
• portador de deficiência; ato ilícito (morte de um pai de família, por exemplo), sejam
• trabalhador manual, técnico e intelectual; fixadas com base no salário mínimo, já que essas prestações
• trabalhadores com vínculo empregatício permanente buscam satisfazer as necessidades básicas tratadas pelo
e trabalhador avulso57; art. 7º, IV, da CF. Então, se alguém atropela um trabalhador,
• não pode, ainda, haver diferenças por motivos de sexo, pode ser obrigado a pagar um salário mínimo à viúva, du-
idade, cor ou estado civil. rante o prazo provável em que a vítima teria de sobrevida,
sem que isso signifique ofensa à proibição de vinculação ao
Proteção da Relação de Trabalho salário mínimo.
• Piso salarial: é aquele valor considerado como o mí-
nimo a ser pago por determinada empresa. Não deve
• Proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa
ser confundido com o salário mínimo profissional.
causa, a ser definida em lei complementar, que deve
• Irredutibilidade do salário: não é possível ao em-
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

prever indenização compensatória, entre outros direitos:


pregador diminuir o salário, salvo por meio acordo
atualmente, uma indenização compensatória imposta ao ou convenção coletiva de trabalho, que são acordos
empregador que promove a demissão arbitrária ou sem firmados entre o sindicato e o empregador ou entre o
justa causa é a multa de 40% sobre o saldo do FGTS do sindicato patronal e os sindicatos dos trabalhadores,
trabalhador, autorizada pelo art. 10 do ADCT. respectivamente.
• Seguro-desemprego, no caso de despedida involuntá- • Décimo terceiro salário.
ria do trabalhador. • Remuneração do trabalho noturno superior ao
• Aviso prévio proporcional, no mínimo de trinta dias, diurno. Para cumprir tal determinação a legislação
proporcional ao tempo de serviço, nos termos da lei. infraconstitucional prevê, além de um percentual
• Proteção em face da automação: a evolução de ramos a mais no salário daquele que trabalha no período
da ciência, tal qual a mecatrônica, pode levar a uma noturno, também uma redução na contagem da hora
demissão em massa (exemplo: uso de catracas ele- trabalhada, que se reduz a 52 minutos e 30 segundos.
trônicas em ônibus coletivos). Deve o Estado cuidar • Proteção contra a retenção dolosa do salário, cons­
para que os trabalhadores se preparem para as novas tituindo crime o não pagamento sem justificativa58.
tecnologias e não se tornem “obsoletos” no mercado Proíbem‑se, assim, descontos no salário que não sejam
de trabalho. autorizados pelos trabalhadores. No caso de a empresa
estar passando por sérios problemas financeiros, o não
Prestações Pecuniárias pagamento do salário pode não ser doloso, e sim,
culposo, não constituindo, portanto, crime.
• Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, obri- • Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
gatório aos trabalhadores. da remuneração, e participação na gestão da empre­

Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra-


57
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra-
58

tiva/2010. tiva/2010.

20
sa, conforme definido em lei, sendo que a participa­ desse no acidente. As ações acidentárias atualmente são
ção na gestão tem um caráter excepcional59. julgadas na Justiça do Trabalho (art. 114 da CF).
• Salário‑família, pago por cada dependente do traba-
lhador de baixa renda, nos termos da lei. Prescrição Trabalhista
• Remuneração das horas extras em pelo menos cin­
quenta por cento superior à hora normal60. A legisla- • A prescrição resulta da perda de uma pretensão em
ção, porém, pode determinar a aplicação de hora extra virtude da inércia de seu titular. O direito de ação, vi-
em percentual superior em casos específicos. sando ao recebimento de créditos trabalhistas, existe
• Remuneração paga em virtude do gozo de férias, desde que o empregado busque a proteção jurisdi-
correspondente a 1/3 (um terço) do salário normal, cional no prazo de cinco anos após o surgimento do
independentemente da remuneração ordinariamente direito reclamado, limitado tal prazo a dois anos após
devida no período. o término do contrato de trabalho. Anteriormente,
• Pagamento de adicional para as atividades penosas havia uma diferenciação para o prazo prescricional dos
(que exigem muito esforço do trabalhador), insalubres trabalhadores rurais. Porém, com a Emenda Constitu-
(que oferecem risco à saúde do trabalhador) ou peri- cional nº 28/2000, o prazo passou a ser único para os
gosas (que apresentam risco de morte ao trabalhador). trabalhadores urbanos e rurais.
Interessante notar que, no caso de morte do trabalha-
Jornada de Trabalho dor, se aplica apenas o prazo de cinco anos, sem se le-
var em conta o prazo de dois anos. Assim, a prescrição
• Jornada de trabalho não superior a oito horas diá­rias total dos direitos ocorrerá apenas cinco anos após a
de forma a não ultrapassar, no total, quarenta e quatro morte do trabalhador.
horas semanais. Por meio de acordo ou convenção
coletiva é possível a compensação de horários ou Vejamos alguns exemplos de prescrição.
redução de jornada.
O turno ininterrupto de revezamento, hipótese na
qual o empregado não desfruta do intervalo intrajor-
nada, exige jornada de trabalho máxima de seis horas,
salvo negociação coletiva61. O STF, no julgamento do
RE nº 205.815/RS firmou o entendimento de que o
fato de a empresa conceder intervalo para descanso
e refeição não descaracteriza o turno ininterrupto de
revezamento, com direito a jornada de seis horas,
prevista no art. 7º, XIV, da Constituição Federal.
• Repouso semanal remunerado. Tal repouso deve ser
concedido preferencialmente aos domingos.
• Férias anuais remuneradas, com o pagamento de um
adicional correspondente a 1/3 do salário normal,
conforme tratado anteriormente. Interessante notar
que, apesar de o direito de férias possuir fundamento
constitucional, o período de gozo das férias não tem Maioridade Trabalhista
cunho constitucional, sendo definido pela legislação.
Assim, uma eventual redução do período de férias, • Os menores de 18 anos não podem exercer trabalho
visando à flexibilização das relações trabalhistas, no noturno, perigoso ou insalubre62. Somente a legislação
ponto, sequer exigiria a edição de norma constitucio- infraconstitucional restringe o exercício de atividade

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


nal, bastando uma reforma legislativa. penosa pelo menor, não havendo, portanto, previsão
constitucional. Os menores de 16 anos só podem tra-
Proteção à Saúde do Trabalhador balhar na condição de aprendiz, que é um contrato de
trabalho específico, o qual busca a profissionalização
• Licença-gestante, com garantia de manutenção do do educando. Por fim, temos que os menores de 14
emprego e do salário, pelo período de 120 (cento anos não podem exercer nenhum trabalho.
e vinte) dias e licença‑paternidade de acordo com
o que a lei estabelecer, que é atualmente de cinco Em resumo, temos o seguinte quadro:
dias. A licença‑paternidade pode, sob determinados
Menores de Menores de Menores de
aspectos, se afastar de uma literal medida de proteção
18 anos 16 anos 14 anos
à saúde do trabalhador. Sua manutenção neste tópico
Proibição de trabalho Somente podem exer-
se faz sob o ponto de vista didático. noturno, perigoso ou cer trabalho na condi-
Não podem exercer
• Redução dos riscos de acidentes de trabalho, utilizan- atividade laborativa.
insalubre. ção de aprendiz.
do‑se de medidas eficazes na prevenção de acidentes
e de doenças profissionais. Outros direitos
• Seguro contra acidentes de trabalho, que deverá ser
pago pelo empregador, sem que isso exclua a possibili- • Incentivo ao mercado de trabalho da mulher.
dade de sua responsabilização civil quando houver culpa • Aposentadoria, desde que preenchidos os critérios
previstos na legislação.
59
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Ad-
ministrativa/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/
• Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde
Área Administrativa/2010. o nascimento até cinco anos de idade em creches e
60
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra- pré‑escolas.
tiva/2010.
61
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra-
tiva/2010. Assunto cobrado na prova da Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012.
62

21
Com a nova redação do art. 7º, parágrafo único, dada vínculo permanente e trabalhador avulso. Alguns desses não
pela EC nº 72/2013, foram assegurados aos trabalhadores são previstos, pois são incompatíveis com o vínculo domés-
domésticos os seguintes direitos em total equiparação aos tico, como a distribuição de lucros e o trabalhador avulso.
demais trabalhadores: O rol de direitos aqui apresentado é meramente exem-
• salário mínimo; plificativo, sendo que outros podem ser previstos na própria
• irredutibilidade de salário; Constituição ou pela legislação infraconstitucional. Nesse
• garantia de salário mínimo a quem percebe remune- sentido, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional
ração variável; o art. 118 da Lei nº 8.213/1991, que garante a manutenção
• décimo terceiro salário; do contrato de trabalho, em caso de acidente de trabalho,
• proteção do salário, constituinte crime sua retenção dolosa; pelo prazo mínimo de doze meses.
• jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias e
quarenta e quatro semanais; Sindicatos
• repouso semanal remunerado; Em nosso País, é livre a associação profissional ou sin-
• hora extra; dical, constituindo uma importante forma de proteção dos
• férias anuais remuneradas; direitos sociais. Assim, seria inconstitucional a estipulação
• licença à gestante; por meio da legislação de restrições à liberdade de criação
• licença-paternidade; de sindicatos ou associação profissional. Isso não significa,
• aviso prévio proporcional; porém, que não existam na Constituição inúmeras restri-
• redução dos riscos inerentes ao trabalho; ções à sua atuação. O texto constitucional, por exemplo,
• aposentadoria; estipula que somente é permitida a criação de uma única
• reconhecimento das convenções e acordos coletivos organização sindical, para cada categoria profissional ou
de trabalho; econômica, em cada base territorial, que nunca será inferior
• proibição de diferença de salários, de exercício de à área de um Município. Não existe, portanto, concorrência
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, entre sindicatos, já que cada trabalhador estará vinculado
idade, cor ou estado civil; a uma categoria, que, por sua vez, terá um único sindicato
• proibição de discriminação do trabalhador portador na base territorial.
de deficiência; Os sindicatos não dependem de autorização do Estado
• proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a para sua fundação, porém a Constituição impõe que sejam
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores registrados no órgão competente. Dispõem, assim, de direito
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a de auto‑organização, que impede a interferência e a inter-
partir dos quatorze anos. venção estatal na organização sindical.
Além disso, cabe registro de que os trabalhadores tam-
Outros direitos foram estendidos, porém com ressal- bém são livres para decidir se serão ou não inscritos nos
vas. A Constituição define que os direitos a seguir devem quadros do sindicato. Mesmo que não inscrito no sindicato,
ser conferidos às empregadas domésticas se atendidas as o trabalhador possui direito de ser protegido por essa ins-
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação tituição. A filiação ao sindicato pode trazer algumas prer-
do cumprimento das obrigações tributárias, decorrentes da rogativas que não são previstas em lei como, por exemplo,
relação de trabalho doméstico e suas peculiaridades. Em a utilização de serviços assistenciais (clubes de recreação,
outras palavras, podemos dizer que são direitos que depen- planos de saúde etc.), que são um atrativo à filiação.
dem de regulamentação específica, que levará em conta as O objetivo do sindicato é a defesa dos interesses da
características e peculiaridades da relação doméstica, que é categoria, razão pela qual, por exemplo, é obrigatória a parti-
marcada por um grau de informalidade e pela simplicidade cipação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
do empregador, que não possui tanto aparato econômico e Essa defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais da
burocrático quanto uma empresa. São eles: categoria envolve tanto questões judiciais quanto administra-
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

• relação de emprego protegida contra a despedida ar- tivas. Na defesa no âmbito judicial, os sindicatos exercem o
bitrária ou sem justa causa, inclusive com indenização que se denomina direito de substituição processual, no qual
compensatória, dentre outros direitos; se defende em nome próprio direito alheio. A substituição
• seguro-desemprego, em caso de desemprego involun- processual é feita sem a necessidade de autorização de seus
tário; filiados ou dos integrantes da categoria.
• fundo de garantia do tempo de serviço; Quanto à substituição processual, cabe notar que se for-
• remuneração do trabalho noturno superior à do diur- maram duas correntes. A primeira entendia que os sindicatos
no; poderiam defender interesses coletivos (supraindividuais)
• salário-família; e individuais homogêneos, mas não teria a capacidade de
• assistência gratuita aos filhos e dependentes desde executar a sentença, papel que caberia individualmente aos
o nascimento até cinco anos de idade, em creches e beneficiados. A segunda corrente, mais ampliativa, defendia a
pré-escolas; possibilidade ampla de os sindicatos defenderem os interesses
• seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do em- da categoria. No julgamento do RE nº 210.029‑STF, a Supre-
pregador, sem excluir a indenização no caso de dolo ma Corte, em votação por maioria, definiu a prevalência em
ou culpa; nosso País da segunda corrente, findando, assim, a discussão
• integração à previdência social. a respeito da amplitude do art. 8º, III, da CF. De acordo com o
Supremo Tribunal Federal, o art. 8º, III, da CF, assegura ampla
Continuaram sem previsão o piso salarial, a participa- legitimidade ativa ad causam dos sindicatos como substitutos
ção nos lucros, jornada reduzida para turnos ininterruptos, processuais das categorias que representam na defesa de di-
proteção do mercado de trabalho da mulher, adicional por reitos e interesses coletivos ou individuais de seus integrantes.
atividades penosas, insalubres ou perigosas, proteção em A contribuição confederativa/assistencial, destinada
face da automação, ação trabalhista com prazo prescricional à manutenção do sistema confederativo, será fixada em
de cinco anos, proibição de distinção entre trabalho manual, assembleia, tem incidência facultativa aos trabalhadores
técnico ou intelectual e igualdade entre trabalhador com da categoria e não se confunde com a contribuição sindical,

22
fixada em lei e de pagamento obrigatório por todos aqueles III – fundo de garantia do tempo de serviço;
que integram a categoria. IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifica-
Os aposentados têm direito de votar e serem votados nas do, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
organizações sindicais. A Carta Maior traz ainda a estabilida- de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
de sindical, que significa que o empregado sindicalizado não lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
pode ser dispensado a partir do registro da candidatura a reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se V – piso salarial proporcional à extensão e à complexi-
cometer falta grave. dade do trabalho65;
Por fim, note‑se que as disposições constitucionais VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
acerca dos sindicatos também se aplicam à organização de convenção ou acordo coletivo66;
sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
condições que a lei estabelecer. os que percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração
Considerações Finais integral ou no valor da aposentadoria;
A Constituição Federal de 1988 assegura aos trabalha­ IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
dores o direito de greve63, que não deve, no entanto, ser diurno;
confundido com o direito de greve dos servidores públicos, X – proteção do salário na forma da lei, constituindo
o qual possui fundamento em norma de eficácia limitada, crime sua retenção dolosa;
prescrita no art. 37, VII, da Constituição Federal. XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
Essa prerrogativa deverá ser utilizada segundo a vontade da remuneração, e, excepcionalmente, participação na ges-
dos trabalhadores, não sendo admitida a greve do empre- tão da empresa, conforme definido em lei;
gador, chamada lock out. Dessa forma, compete aos traba- XII – salário‑família pago em razão do dependente do
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
de greve e os interesses que devam por meio dele defender. XIII – duração do trabalho normal não superior a oito
A lei deve definir os serviços ou atividades essenciais, dis- horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
pondo sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da compensação de horários e a redução da jornada, mediante
comunidade, bem como deve prever penalidades para o caso acordo ou convenção coletiva de trabalho;
de cometimento de abusos no exercício do direito de greve. XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado
Dispõe ainda o texto constitucional, que é assegurada em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
a participação dos trabalhadores e dos empregadores nos coletiva;
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão aos domingos67;
e deliberação. XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no
Finalizando o rol do Capítulo II do Título II, dispõe o texto mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
constitucional que é assegurada, nas empresas com mais XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me-
de duzentos empregados, a eleição de um representante nos, um terço a mais do que o salário normal;
dos trabalhadores com a finalidade exclusiva de promover XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
o entendimento direto com os empregadores. Seria assim, salário, com a duração de cento e vinte dias;
um verdadeiro representante eleito pelos empregados para XIX – licença‑paternidade, nos termos fixados em lei68;
a defesa de seus direitos junto ao empregador. Cabe ressal- XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
var que isso não retira a obrigatoriedade da intervenção do diante incentivos específicos, nos termos da lei;
sindicato nas negociações coletivas de trabalho. XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei69;

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
Dispositivos Constitucionais de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades pe-
TÍTULO II nosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Dos Direitos e Garantias Fundamentais XXIV – aposentadoria;
............................................................................................. XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes
CAPÍTULO II desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches
Dos Direitos Sociais e pré‑escolas70;
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos cole-
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimen- tivos de trabalho;
tação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Re- do empregador, sem excluir a indenização a que este está
dação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 15/9/2015) obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
I – relação de emprego protegida contra despedida trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple- após a extinção do contrato de trabalho;
mentar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos; 65
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
II – seguro‑desemprego, em caso de desemprego in­
66
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên-
cias/2012.
voluntário64; 67
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
68
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.
63 69
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
64 70
Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2013.

23
a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº 28, Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
de 25/5/2000) e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, de discussão e deliberação.
cor ou estado civil; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante é assegurada a eleição de um representante destes com a
a salário e critérios de admissão do trabalhador portador finalidade exclusiva de promover‑lhes o entendimento direto
de deficiência; com os empregadores.
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual,
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Nacionalidade
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a Nacionalidade é o laço de caráter político e jurídico que
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, liga um indivíduo a um determinado Estado, de forma a
a partir de quatorze anos; qualificá‑lo como parte integrante do povo. Esse laço traz em
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com si muitos direitos e muitos deveres àqueles que se enquadram
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. nos requisitos necessários à aquisição de uma nacionalidade.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba-
lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, Origem da Nacionalidade
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas A nacionalidade pode ser adquirida por um critério terri-
em lei e observada a simplificação do cumprimento das torial ou por critério hereditário. No primeiro caso, trata‑se
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes do ius soli, hipótese na qual se adquire uma nacionalidade em
da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos virtude do nascimento dentro do território de determinado
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua in- Estado. Por outro lado, a aquisição de uma nacionalidade
tegração à previdência social. (Redação dada pela Emenda pode decorrer da nacionalidade dos pais do indivíduo, caso
Constitucional nº 72, de 2013) em que teremos um direito transferido de maneira consan-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob- guínea, hereditária, o que a doutrina denomina ius sanguinis.
servado o seguinte: Na maioria dos países, os critérios utilizados para a con-
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para cessão do vínculo da nacionalidade combinam os critérios
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão consanguíneo e territorial, como no caso do Brasil, que
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a veremos à frente.
intervenção na organização sindical; Cabe notar que o Direito Constitucional tem um caráter
II – é vedada a criação de mais de uma organização histórico muito marcante, decorrente da evolução gradativa
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria pro- nos negócios do Estado. Dessa maneira, conseguimos per-
fissional ou econômica, na mesma base territorial, que será ceber fatores históricos que influenciam demasiadamente
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, na adoção dos critérios de nacionalidade. Por exemplo,
não podendo ser inferior à área de um Município; em países que tiveram forte movimento emigratório ou
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses que apresentam baixa densidade demográfica, percebe‑se
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões uma tendência à adoção do critério do ius sanguinis (ex.:
judiciais ou administrativas; Itália e Japão). Em outros, porém, que recebem um grande
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se contingente de imigrantes ou que possuem alta densidade
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, demográfica, nota‑se que o critério do ius soli ganha mais
para custeio do sistema confederativo da representação sindical força (ex.: Estados Unidos da América).
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

V – ninguém será obrigado a filiar‑se ou a manter‑se Espécies de Nacionalidade


filiado a sindicato;
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas Destacam‑se duas espécies de nacionalidade: a primária
negociações coletivas de trabalho71; e a secundária. A primária ou originária é aquela que resulta
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado do nascimento, por mais que o reconhecimento somente
nas organizações sindicais; ocorra posteriormente. Em nosso país denominamos bra-
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado sileiro nato aquele que possui esse tipo de nacionalidade.
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou A nacionalidade secundária, derivada ou adquirida, se forma
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até após o nascimento do indivíduo, caso em que brasileiros são
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave denominados naturalizados.
nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam‑se à Polipátridas e Apátridas
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
atendidas as condições que a lei estabelecer. É possível que uma pessoa possua mais de uma nacio­
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos nalidade. Trata‑se do polipátrida, indivíduo que adquire,
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê‑lo de forma primária ou de forma secundária, nacionalidades
e sobre os interesses que devam por meio dele defender. diversas, mantendo‑as72. No caso do Brasil, as hipóteses de
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e dupla (ou múltipla) nacionalidade estão prevista no art. 12,
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis § 4º, II, que estudaremos a seguir.
da comunidade. Por sua vez, os apátridas, também chamados heimatlos,
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às não possuem qualquer nacionalidade. Tal situação ocorrerá,
penas da lei. por exemplo, no caso de os pais possuírem a nacionalidade
Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
71
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2013.
72

24
de um país que adota exclusivamente o critério do ius soli e cionalidade tem caráter personalíssimo (só pode ser exercida
terem seu filho em um país que apenas aceita o ius sanguinis. pelo titular do direito), só podendo ser exercida quando o
A criança não possuirá a nacionalidade do país de origem indivíduo adquirir a capacidade civil, ou seja, o menor não
de seus pais nem a nacionalidade do país em que nasceu. pode ser representado ou assistido pelos pais para exercer
O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos a opção. Assim sendo, depois de atingir a maioridade civil,
estatui que todos têm direito a uma nacionalidade e proíbe a opção passa a ser condição suspensiva da nacionalidade
que as pessoas sejam privadas de sua nacionalidade ou que brasileira, isto é, o direito só vale a partir do implemento da
sejam obrigados a mudar a nacionalidade de forma arbitrária. condição. O menor, antes da opção, é, portanto, brasileiro
nato, sendo que, após a maioridade, a opção passa a cons-
Formas de Aquisição de Nacionalidade no Brasil tituir condição para a continuidade do vínculo do indivíduo
com o Brasil. A necessidade da maioridade para a realiza-
Primária (brasileiros natos) ção da opção foi positivada pela Emenda Constitucional
A Constituição brasileira denominou natos aqueles bra- nº 54/2007, que inseriu, ainda, a possibilidade de registro
sileiros que adquirem a nacionalidade primária. A naciona­ em repartição brasileira no exterior.
lidade primária pode ser estabelecida pelo ius soli (critério
territorial), que é aquele determinado pelo local de nasci­ Secundária
mento, ou pelo ius sanguinis (critério hereditário), quando Existem duas formas de se adquirir a nacionalidade
a aquisição se dá pela ascendência, ou seja, pelo sangue73.
brasileira, que estão previstas na Constituição Federal. Há
No Brasil os critérios de ius soli e ius sanguinis foram
outras hipóteses de naturalização, que são previstas em lei,
adotados de forma mesclada, de tal maneira que diversas
mas não possuem cunho constitucional, estando afetas à
hipóteses descritas no texto constitucional envolvem ques-
tões territoriais e hereditárias ao mesmo tempo. matéria Direito Internacional Público. Deixaremos de tratar
das hipóteses legais, referindo‑nos apenas às hipóteses
São brasileiros natos: previstas expressamente no texto constitucional.
1º caso: São brasileiros naturalizados:
• nascidos no Brasil; 1º Caso (naturalização ordinária)
• excetuando‑se os filhos de pais estrangeiros a serviço • ser um estrangeiro originário de país de língua por­
de seu país de origem. tuguesa;
2º caso: • residir há pelo menos um ano, sem interrupção, no
• nascidos no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasilei­ Brasil;
ro (não importa se nato ou naturalizado), a serviço • possuir idoneidade moral, ou seja, ter uma conduta
do Brasil74. Por exemplo, o filho de uma diplomata moralmente correta perante a sociedade.77
brasileira a serviço do Brasil em Cuba. A utilização do 2º Caso (naturalização extraordinária)
termo ou deixa claro que basta que um dos genitores • ser estrangeiro, de qualquer nacionalidade;
esteja na situação descrita para que o filho receba a • residir no Brasil há pelo menos quinze anos, sem
nacionalidade brasileira. interrupção;
Ex.: conforme disposição da CF, será brasileiro nato • não possuir condenação penal;
o filho, nascido em Paris, de mulher alemã e de em- • requerer a naturalização.78
baixador brasileiro que esteja a serviço do governo
brasileiro naquela cidade quando do nascimento do O primeiro caso de naturalização depende de um ato
filho.75 discricionário do Presidente da República, enquanto o se-
3º caso: gundo caso configura um direito subjetivo do estrangeiro,
• nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiros, ficando o Estado brasileiro obrigado a concedê‑la caso todos
desde que: os requisitos estejam preenchidos. A concessão da naturali-

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


– sejam registrados em repartição brasileira compe- zação, portanto, não está sujeita a juízo de conveniência da
tente; ou administração, sendo um ato vinculado.
– venham a residir na República Federativa do Brasil e Importante lembrar que a naturalização sempre depen-
optem, em qualquer tempo, após atingida a maiorida- derá de requerimento do estrangeiro, não existindo mais
de, pela nacionalidade brasileira. A jurisprudência do previsão para a naturalização automática, como a grande
STF diz que, nesse caso, a nacionalidade é primária, naturalização que ocorreu no governo provisório do marechal
pois existe desde o nascimento, ficando apenas sujeita Deodoro da Fonseca (1889‑1891).
a uma condição para o seu implemento. O STF decidiu que o requerimento de naturalização
possui caráter meramente declaratório. O que isso traz de
A título de exemplo: Eulina, nascida em 18 de novembro
efeito prático? Na prática, isso leva ao entendimento de que
de 2011 no Brasil, é filha de cidadão espanhol e de cidadã
os efeitos da naturalização retroagem à data da solicitação.
croata que estavam passando suas férias em passeio turís-
Assim, um estrangeiro que possua os 15 anos de residência
tico no Piauí. Carmem, nascida em 22 de fevereiro de 2012
ininterrupta e não tenha sido condenado criminalmente,
na Grécia, é filha de cidadãos brasileiros que estavam a
nos termos do art. 12, II, b, da CF, poderá ser investido em
serviço da República Federativa do Brasil no mencionado
país. Neste caso, Eulina e Carmem são brasileiras natas76. um cargo público, mesmo que sua posse tenha ocorrido
antes da naturalização, desde que ele já tenha solicitado a
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a opção pela na-
nacionalidade brasileira.
73
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/
Administrativo/2013.
74
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MF/Assistente Técnico/Adminis-
trativo/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de
Defesa Civil/2012. 77
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MF/Assistente Técnico/Adminis-
75
Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. trativo/2012 e Esaf/Ministério da Intergação Nacional/Secretaria Nacional de
76
FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/Auxiliar Ad- Defesa Civil/2012.
ministrativo/2012. 78
Assunto cobrado na prova da Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.

25
Observação: aos portugueses residentes no Brasil • adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos em que
podem ser atribuídos os mesmos direitos reservados é admitida a dupla nacionalidade:
aos brasileiros naturalizados107. Tal instituto, chamado – concessão de nacionalidade estrangeira de forma
de quase nacionalidade (a ser estudado a seguir), não originária pela lei estrangeira, ou seja, o brasileiro não
pode ser confundido com a naturalização ordinária. tenha optado por adquiri‑la. Ainda que o brasileiro se
esforce por reconhecer essa nacionalidade, esse reco-
79
nhecimento não pode ser confundido com pedido de
Quase Nacionalidade naturalização, já que se trata de nacionalidade originá-
ria. Tal situação é muito comum com os descendentes
É possível que os portugueses possuam todas as prerro- de italianos, caso em que a nacionalidade italiana é
gativas dos brasileiros naturalizados, caso em que teremos a concedida pelo critério do ius sanguinis, tornando o
figura do português equiparado. Para obter um certificado de brasileiro um polipátrida.
equiparação, é necessário que o português venha a residir – exigência da aquisição da nacionalidade estrangeira
no Brasil e que haja reciprocidade em relação aos brasileiros para que o brasileiro exerça seus direitos civis no país
que venham a residir em Portugal. Não há, como se pode estrangeiro, ou para que permaneça no território desse
perceber, um prazo mínimo de residência e sequer critérios país.
quanto à índole do português que requer a naturalização.
Cabe ressaltar que a quase nacionalidade não é concedida Dispositivos Constitucionais
a todos aqueles que sejam oriundos de países que adotem
o idioma português como língua oficial, mas apenas àqueles TÍTULO II
que sejam oriundos da República de Portugal. Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Nesse caso, não teremos um português naturalizado .............................................................................................
brasileiro, mas sim, um português que, mesmo sem se natu- CAPÍTULO III
ralizar, possui todos os direitos que são conferidos aos brasi- Da Nacionalidade
leiros naturalizados, bastando um certificado de equiparação.
Art. 12. São brasileiros:
Distinções entre Natos e Naturalizados I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Não poderá haver distinções entre brasileiros natos e na- que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
turalizados, salvo nos casos previstos na Constituição, a saber: serviço de seu país84;
• possibilidade de extradição apenas dos brasileiros b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
naturalizados (art. 5º, LI, da CF); brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
• restrições quanto à propriedade de empresas de República Federativa do Brasil;
comunicação social para os brasileiros naturalizados, c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
consistente na exigência de um mínimo de dez anos brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasi-
de naturalização (art. 222 da CF); leira competente ou venham a residir na República Federativa
• previsão de cargos privativos de brasileiros natos do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
(art. 12, § 3º, da CF). maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II – naturalizados:
São cargos privativos, ou seja, reservados apenas aos a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileiros natos: brasileira, exigidas aos originários de países de língua
• Presidente e Vice‑Presidente da República80; portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
• Presidente da Câmara dos Deputados81; idoneidade moral;
• Presidente do Senado Federal; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

• Ministro do Supremo Tribunal Federal82; na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
• Carreira diplomática; ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram
• Oficial das Forças Armadas83; a nacionalidade brasileira.
• Ministro de Estado da Defesa; § 1º Aos portugueses com residência permanente no
• Membros do Conselho da República (art. 89, VII), que País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
define a existência de seis brasileiros natos a serem atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
indicados para esse Conselho. previstos nesta Constituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi-
Perda da Nacionalidade leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
Constituição.
Perderá a nacionalidade o brasileiro que: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
• tiver contra si sentença judicial que cancele a naturali- I – de Presidente e Vice‑Presidente da República;
zação, por haver o brasileiro cometido atividade nociva II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
ao interesse nacional (não alcança os natos). III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
79
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci-
vil/2012. V – da carreira diplomática;
80
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ VI – de oficial das Forças Armadas;
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. VII – de Ministro de Estado da Defesa.
81
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasi-
82
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judi- leiro que:
ciário/2012; FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/ I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judi-
Auxiliar Administrativo/2012; Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secre-
taria Nacional de Defesa Civil/2012 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
Técnico Judiciário/2010.
83
Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012. Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2013.
84

26
II – adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: é que, naquele, o Estado realiza a consulta pública antes de
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela editar o ato, enquanto no referendo, o ato é instituído an-
lei estrangeira; teriormente à consulta pública. Tanto no plebiscito quanto
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, no referendo a decisão popular é soberana.
ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição Um exemplo prático de plebiscito decorreu da previsão
para permanência em seu território ou para o exercício de contida no art. 2º do ADCT. Em tal dispositivo, havia a pre-
direitos civis. visão de um plebiscito a ser realizado com a finalidade de
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú- se estipular a forma de governo (república ou monarquia
blica Federativa do Brasil. constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ou presidencialismo). Tal plebiscito, que fora previsto ini-
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. cialmente para o dia 7 de setembro de 1993, acabou sendo
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode- transferido para a data de 21 de abril de 1993 pela Emenda
rão ter símbolos próprios. Constitucional nº 2/1992.
Quanto ao referendo, podemos citar aquele realizado em
Direitos Políticos outubro de 2005, com a finalidade de decidir a respeito do
fim do comércio de armas e munição no Brasil.
Esta parte da Constituição prevê uma série de regras De acordo com o art. 49, XV, da Constituição, compete
destinadas a delimitar a forma de atuação do indivíduo nas exclusivamente ao Congresso Nacional, independentemente
decisões políticas do Estado. Aquele que se enquadra nos de sanção do Presidente da República, autorizar o referendo
requisitos impostos pela Constituição para atuar ativamente e convocar plebiscito. A Lei nº 9.709/1998 regulamentou o
na vida política do País recebe a denominação “cidadão”. exercício do referendo e do plebiscito, assim definindo os
A atuação política é um direito público subjetivo que institutos em seu art. 2º:
confirma a opção feita no parágrafo único do art. 1º da
Constituição Federal, de um regime político democrático, Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formu-
no qual “o poder emana do povo, que o exerce por meio de ladas ao povo para que delibere sobre matéria de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta acentuada relevância, de natureza constitucional,
Constituição”. legislativa ou administrativa.
A participação indireta do povo no poder ocorre com a § 1º O plebiscito é convocado com anterioridade a
representação. Nesta, o representante exerce um mandato ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo,
e não fica vinculado à vontade dos representados. Além pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido
disso, o eleito não representa apenas os seus eleitores, mas submetido.
toda a população de um território. Desse modo, o mandato § 2º O referendo é convocado com posterioridade a
é considerado livre e geral.85 ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo
a respectiva ratificação ou rejeição.
A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos86.
A iniciativa popular de lei é uma forma de os cidadãos
Deve‑se ter muito cuidado com esses termos:
iniciarem um projeto de lei, que será votado pelo Congresso
• Sufrágio é o núcleo básico do direito político, que se
Nacional, pelas Assembleias Legislativas ou pelas Câmaras
exprime pela capacidade de atuar politicamente, vo-
Municipais de Vereadores, conforme a iniciativa seja de ato
tando, sendo votado etc. O sufrágio aqui adotado é o
legislativo federal, estadual ou municipal, respectivamente.
universal, que garante a todos o direito do voto com
Cabe ressaltar que o termo “iniciativa popular” não é o mais
peso único, contrapondo‑se ao sufrágio censitário ou
adequado, pois não é qualquer um do povo que pode iniciar
capacitário, em que há critérios discriminatórios para
o processo legislativo, mas tão somente os cidadãos.
o acesso à cidadania.
Os requisitos para a iniciativa popular variam segundo a
• Voto representa o próprio exercício do poder decisório.

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


esfera, conforme quadro abaixo:
O voto é direto, secreto e tem valor igual.
• Escrutínio é o modo de exercício do direito de voto.
Iniciativa popular
Segundo o art. 60, § 4º, o voto direto, secreto, universal Ato normativo requisitos
e periódico é cláusula pétrea, ou seja, algo que não pode Assinatura de 1% do eleitorado nacional,
ser extinto por meio de emenda constitucional. Cabe res- dividido em pelo menos cinco Estados,
saltar que não é cláusula pétrea o voto obrigatório, o que Federal sendo que em cada Estado deve ser re-
nos leva a pensar que podemos, por meio de uma emenda colhida assinatura de 0,3% (três décimos
constitucional, instituir o voto facultativo como regra. Voto por cento) do eleitorado estadual.
universal significa o fim do voto censitário ou capacitário,
Os requisitos devem ser definidos em lei
no qual apenas aqueles que tinham riquezas podiam votar. Estadual
Outras formas de exercício da soberania popular são o estadual.
plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Tais instrumen- Assinatura de 5% (cinco por cento) do
Municipal
tos se apresentam como emanações da democracia direta, eleitorado do Município.
aquela por meio da qual os cidadãos definem diretamente
suas pretensões, sem a intervenção de representantes. Capacidade Eleitoral Ativa
Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de
perguntar aos cidadãos o que eles pensam sobre determi- Para votar é necessário o alistamento eleitoral. O alis-
nada opção política do Estado (lei ou ato administrativo a ser tamento eleitoral é um procedimento administrativo feito
adotado). Tais formas de consulta pública, porém, não são junto à Justiça Eleitoral e que irá permitir a aquisição dos
idênticas. A grande diferença entre o plebiscito e o referendo direitos políticos àquele que preencher os requisitos legais
para ser eleitor.
Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
85 É obrigado a se alistar e a votar o brasileiro que possua
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
86
mais de dezoito anos.

27
Podem ou não se alistar e votar, ou seja, possuem alis- rada a vida pregressa do candidato, e a normalidade
tamento e voto facultativo o analfabeto, o maior de setenta e legitimidade das eleições contra a influência do
anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. poder econômico ou o abuso do exercício da função,
Cabe lembrar que tanto o alistamento eleitoral quanto o voto cargo ou emprego na administração direta e indireta.
são facultativos. Assim, um cidadão que se aliste aos dezessete
anos, ainda assim, mantém a sua opção de votar ou não. Esse papel é exercido pela Lei Complementar nº 64/1990.
Não podem se alistar, sendo considerados, portanto, Não é possível a criação de inelegibilidade por lei ordi-
inalistáveis, os estrangeiros e, durante o serviço militar nária ou medida provisória. Não cabe à lei complementar
obrigatório, os militares conscritos87. a criação de inelegibilidades absolutas, papel reservado à
própria Constituição.
Capacidade Eleitoral Passiva – Condições de Há vários tipos de inelegibilidade:
Elegibilidade • absoluta: são impedimentos para a eleição em qual-
quer cargo.
Para que um cidadão possa se candidatar é necessário São absolutamente inelegíveis os inalistáveis (como os
comprovar sua elegibilidade. Para tanto, são necessários estrangeiros e militares conscritos88) e os analfabetos.
alguns requisitos: O rol de inelegibilidades absolutas é taxativo, sendo
• Nacionalidade brasileira. A nacionalidade brasi­leira impossível o seu implemento por meio de lei.
nata só é exigível para a candidatura a Presidente da • relativa: não são impedimentos relativos à própria
República e Vice‑Presidente da República. Nos cargos pessoa, mas a uma condição circunstancial que restrin-
de senador e deputado federal, a nacionalidade nata ge o exercício da capacidade eleitoral passiva no que
só é exigida do presidente da respectiva Casa. tange a certos cargos. A Constituição Federal admite
• Pleno exercício dos direitos políticos. Se o cidadão a criação de novas inelegibilidades relativas por meio
sofre uma suspensão ou perda dos direitos políticos, de lei complementar. Tratando dessas inelegibilidades
por exemplo, não está apto a ocupar um cargo público legais, temos a Lei Complementar nº 64/1990.
eletivo.
• Alistamento eleitoral. É possível o exercício isola­do da Inelegibilidades Relativas
capacidade eleitoral ativa, ou seja, é possível que uma O doutrinador Alexandre de Moraes, em seu Direito
pessoa possa votar sem ter capacidade de ser votado, Constitucional, sintetizou com grande clareza as possíveis
tal qual os analfabetos. Por outro lado, o exercício da inelegibilidades relativas. Ousamos, porém, em discordar
capacidade eleitoral passiva depende do alistamento quanto à suposta inelegibilidade relativa referente aos mi-
como eleitor, de tal forma que não é possível ser votado litares. As regras distintas, aplicadas aos militares com mais
sem ter a capacidade de votar. ou com menos de dez anos de serviço, não são, em verdade,
• Domicílio eleitoral na circunscrição. O domicílio inelegibilidades, tendo em vista que não impedem de ne-
eleitoral, que não se confunde com o domicílio civil, nhuma forma o exercício da capacidade eleitoral passiva por
é aquela região onde o cidadão se alista e mantém parte daquele que compõe as forças armadas ou as forças
algum vínculo. militares estaduais. Trata‑se, como veremos, de uma regra
• Filiação partidária. Não é permitida a candidatura funcional castrense, que somente definirá a possibilidade de
de candidato não filiado a partido político. Existem permanência do candidato nas forças armadas.
regras próprias para a candidatura daqueles que não A primeira inelegibilidade que encontramos é a inele-
podem exercer atividade político‑partidária, tais como gibilidade por motivos funcionais. Nesse caso, temos que
os militares. os chefes do Poder Executivo federal, estadual, distrital e
• Idade mínima. A idade mínima será definida de acor- municipal e quem os houver sucedido ou substituído ao
do com o cargo que o candidato pretende ocupar. longo do mandato somente poderão ser reeleitos para um
Segundo o art. 11, § 2º, da Lei nº 9.504/1997, o preen- único período subsequente.
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

chimento desse requisito será verificado com base na Essa possibilidade foi inserida pela Emenda Constitucio-
data da posse, não do registro da candidatura. Vejamos nal nº 16/1997, beneficiando o então Presidente da República,
quais são as idades relativas a cada cargo eletivo de Fernando Henrique Cardoso (1995‑1998 e 1999‑2002). Tam-
nossa república: bém foi reeleito o Presidente da República Luiz Inácio Lula da
– trinta e cinco anos para Presidente da República, Silva (2003‑2006 e 2007‑2010). A experiência mostrou que
Vice‑Presidente da República e senador; há forte tendência de que o povo venha a preferir a estabi-
– trinta anos para governador e vice‑governador; lidade, evitando a quebra do ciclo iniciado pelo Presidente
– vinte e um anos para deputado federal, estadual e da República em seu primeiro mandato. Essa tendência tam-
distrital, prefeito, vice‑prefeito e juiz de paz; e bém pode ser verificada em outros países, como os Estados
– dezoito anos para vereador. Unidos da América do Norte.
O que se proíbe não é o exercício de mais de dois man-
Inelegibilidade datos, mas que se exerça mais de dois mandatos de forma
sucessiva. Nesse ponto, a Constituição brasileira se distingue
As inelegibilidades são condições impeditivas do exercício da Norte Americana, que proíbe que alguém exerça o car-
da capacidade eleitoral passiva. A Constituição traz algumas go de Presidente da República mais de uma vez, de forma
hipóteses de inelegibilidade e prevê que uma lei complemen- sucessiva ou não.
tar deverá estabelecer A renúncia antes do término do mandato não retira a
vedação a um terceiro mandato sucessivo, já que, do con-
outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua ces- trário, a norma poderia ser facilmente burlada, bastando
sação, a fim de proteger a probidade administrativa, que se renunciasse em períodos muito próximos ao fim
a moralidade para o exercício do mandato, conside- do mandato. Além disso, essa vedação também alcança as

Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis-


87
Assunto cobrado na prova do Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administra-
88

trativa/2010. tiva/2013.

28
eleições previstas no art. 81 da CF, que são aquelas abertas para cargos no Município, os parentes do governador ficam
no caso de vacância dos cargos de Presidente da República e impedidos de se elegerem pelo próprio Estado e os paren-
Vice‑Presidente da República antes do término do mandato. tes do Presidente da República não podem se eleger para
Também não é possível que o titular de dois mandatos qualquer cargo no território brasileiro. Já houve decisão do
presidenciais sucessivos venha a se candidatar a Vice‑Presi- TSE que estendeu esse impedimento não só para o cônjuge,
dente, ainda que realize a desincompatibilização, pois o vice mas também para o companheiro, ou seja, aquele a que se
substitui e sucede o presidente. Assim, teríamos a possibilidade une por meio de uma união estável. Interessante notar que
de um indivíduo exercer o cargo três vezes consecutivas. a união estável entre pessoas do mesmo sexo, denominada
Diferente é a situação do vice, que possui interessantes homoafetiva ou homossexual, também resulta em inelegi-
posicionamentos jurisprudenciais. Vejamos: bilidade, equiparando‑se ao casamento para tais efeitos.
• O vice, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do A desincompatibilização (afastamento do cargo nos
titular, mesmo se houver substituído o titular durante seis meses anteriores ao pleito) também traz reflexos para
o mandato. a inelegibilidade reflexa. Assim, de acordo com o entendi-
• Se o vice houver substituído o titular nos últimos seis mento do Tribunal Superior Eleitoral, caso o titular do cargo
meses anteriores à eleição, poderá se candidatar ao eletivo executivo renuncie ao mandato seis meses antes das
cargo do titular, mas não poderá buscar, posterior- eleições, seus parentes e cônjuge (ou companheiro) poderão
mente, a reeleição. A substituição já terá contado se candidatar para cargos eletivos no mesmo território de
como um primeiro mandato. Essa mesma regra, com jurisdição.
maior razão, também é aplicada no caso de sucessão, Cabe, porém, uma ressalva no sentido de que o parente
a qualquer tempo. somente poderá ocupar o mesmo cargo preenchido pelo
• Se o vice desejar disputar cargo que não seja o do seu renunciante por uma vez consecutiva. Então, se João, pai de
respectivo titular, deverá obedecer à norma descrita Marília, é prefeito de uma cidade e realiza a desincompati-
no art. 1º, § 2º, da LC nº 64/1990, que assim dispõe: bilização, Marília somente poderá ocupar o cargo por um
mandato. Essa regra se mostra de extrema importância, pois
o Vice‑Presidente, o Vice‑Governador e o Vice‑Pre- considera os parentes como um único candidato, mesmo que
feito poderão candidatar‑se a outros cargos, preser- pela via reflexa, evitando assim a perpetuação de oligarquias
vando os seus mandatos respectivos, desde que, no poder pela técnica do revezamento entre membros da
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não mesma família. A possibilidade de ocupar o cargo de chefe
tenham sucedido ou substituído o titular. do Poder Executivo não será concedida ao parente, porém,
se o atual ocupante estiver no segundo mandato, caso em
• Se o vice houver sucedido o titular, ele ocupará de que, efetuada a desincompatibilização por um prefeito, por
forma plena esse cargo e, com isso, recebe também exemplo, o parente fica elegível, não podendo, entretanto, se
todas as incompatibilidades. Dessa forma, caso queira candidatar ao cargo de prefeito, nem mesmo de vice‑prefeito,
se candidatar a cargo diverso, deverá proceder à de- em respeito ao art. 14, § 5º e 7º, da CF.
sincompatibilização. Dessa forma, se o renunciante ao mandato for o prefeito
reeleito do Município de Cabrobró, sua companheira poderá
Estes mesmos chefes do Executivo, caso queiram se ele- se candidatar a deputada federal, mas não a prefeita do
ger para outros cargos, deverão renunciar ao mandato seis referido Município.
meses antes das eleições. Esta norma não se aplica para o O Supremo Tribunal Federal decidiu que não subsiste a
caso de reeleição para o mesmo cargo, em que é inexigível inelegibilidade se havia separação de fato do cônjuge antes
tal afastamento. Essa renúncia é o que a doutrina chama de do início do mandato, já que o que a norma busca é evitar
norma de desincompatibilização do chefe do Poder Execu- o monopólio do poder político por grupos hegemônicos
tivo, já que tem a função de retirar uma incompatibilidade, ligados por laços familiares. No caso concreto analisado
evitando o uso da máquina pública para favorecimento do pela Suprema Corte, a separação de fato foi reconhecida na

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


candidato. sentença que decidiu o pedido de divórcio.
O vice que deseja se candidatar ao cargo de titular não Outra inelegibilidade é a denominada inelegibilidade por
tem obrigação de proceder à desincompatibilização. motivo de domicílio, que deriva da condição para exercício
A renúncia ou licença para o exercício de outros cargos da cidadania passiva e envolve a exigência de que, na forma
pode ser requerida, mas não é obrigatória e nem gerará da lei, o requisito do domicílio eleitoral seja preenchido. As-
inelegibilidade do renunciante. sim sendo, a legislação eleitoral determina um prazo mínimo
O Vice‑Presidente, vice‑governador e vice‑prefeito po- de domicílio na circunscrição eleitoral em que se pretende
derão concorrer para outros cargos sem a necessidade de concorrer. Isso acaba gerando um obstáculo ao cidadão que
renunciar, desde que nos seis meses antes das eleições não deseja alterar seu domicílio para se candidatar em uma outra
tenham sucedido ou substituído o titular. circunscrição, por exemplo.
Outra inelegibilidade relativa é aquela que aparece por Por fim, cabe registro de que as inelegibilidades e as
motivo de casamento, parentesco ou afinidade. No território condições de elegibilidade são aferidas ao tempo do registro
de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos da candidatura.
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente
da República, de governador de Estado ou Território, do Militares
Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído
dentro dos seis meses anteriores não poderão ser eleitos. O militar das forças armadas e os militares dos Estados,
No caso de reeleição do cônjuge ou parente, não há esse Distrito Federal e Territórios são plenamente alistáveis, desde
impedimento, ou seja, se o cônjuge ou parente já é titular de que não estejam na condição de conscritos. Por outro lado,
mandato eletivo e está concorrendo ao mesmo cargo, não o art. 142, § 3º, V, da Constituição Federal, determina que o
haverá tal impedimento, que é denominado inelegibilidade “militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a
reflexa. partidos políticos”.
Como consequência de estar restrita à jurisdição do chefe Diante desse quadro surgiu um problema: como permitir
do Executivo, os parentes do prefeito não podem se eleger o registro da candidatura do militar se, para comprovar a

29
elegibilidade, é necessário comprovar filiação partidária? A dos direitos políticos, por também resultarem na perda da
resposta foi dada pelo Tribunal Superior Eleitoral. nacionalidade, por exemplo, a perda da nacionalidade pela
O TSE entendeu que o militar da ativa, sendo alistável e aquisição de outra (art. 12, § 4º, II).
elegível, mas não filiável, em função de sua condição excep-
cional, não precisa comprovar a prévia filiação partidária, Princípio da Anualidade da Lei Eleitoral
bastando demonstrar o pedido do registro da candidatura,
apresentado pelo partido e autorizado pelo candidato. Para evitar mudanças de última hora nas regras do “jogo”,
Interessante notar que a mesma regra não será aplica- a Constituição Federal prevê que uma lei editada para alterar
da ao servidor da Justiça Eleitoral, tendo em vista que se o processo eleitoral só se aplicará às eleições que ocorram
trata de situação diversa. O referido servidor, em respeito à pelo menos um ano após sua vigência. A vigência dessas leis
moralidade que deve ser preservada nos pleitos eleitorais, coincidirá com a sua publicação, não existindo, via de regra,
para candidatar‑se deverá pedir exoneração do cargo público vacatio legis, ou seja, período de tempo entre a publicação
em tempo hábil para o cumprimento da exigência legal de e a vigência.
filiação partidária.
A partir do registro da candidatura o militar será: Dispositivos Constitucionais
• afastado da atividade se tiver menos de dez anos de
serviço; ou TÍTULO II
• agregado pela autoridade superior se contar com mais Dos Direitos e Garantias Fundamentais
de dez anos de serviço. O militar ficará na condição de .............................................................................................
agregado a partir do registro da candidatura até a diplo- CAPÍTULO IV
mação, caso eleito, ou até o regresso à força armada, Dos Direitos Políticos
caso não seja eleito. Na hipótese de ser eleito, o militar
que estava agregado, passará para a inatividade no ato Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
da diplomação. universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante:
O afastamento da atividade do militar que possui menos I – plebiscito;
de dez anos de serviço é considerado definitivo, sem possi- II – referendo;
bilidade de retorno à atividade, portanto. III – iniciativa popular89.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para:
Não existe mais no Brasil a cassação de direitos políticos, a) os analfabetos;
utilizada como instrumento político de repressão em tempos b) os maiores de setenta anos;
passados. Atualmente, somente é permitida a perda (tempo c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
indefinido) ou suspensão (tempo definido) desses direitos. § 2º Não podem alistar‑se como eleitores os estran-
O fato de a perda não ter tempo definido de duração não geiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
significa que ela seja perpétua. Haverá sempre a possibi- os conscritos90.
lidade de se afastar a causa da perda, restaurando‑se os § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
direitos políticos. I – a nacionalidade brasileira91;
A perda/suspensão dos direitos políticos implica a im- II – o pleno exercício dos direitos políticos;
possibilidade de votar, de ser votado e, se já detentor de III – o alistamento eleitoral;
mandato eletivo, de perder o cargo. IV – o domicílio eleitoral na circunscrição92;
São hipóteses de perda dos direitos políticos: V – a filiação partidária;
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

• cancelamento da naturalização por sentença transitada VI – a idade mínima de:


em julgado; e a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice‑Presidente
• recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres- da República e Senador93;
tação alternativa (art. 5º, VIII, da CF). b) trinta anos para Governador e Vice‑Governador de
Estado e do Distrito Federal94;
São hipóteses de suspensão: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
• condenação criminal com trânsito em julgado, enquan- Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice‑Prefeito e juiz de paz95;
to durarem os efeitos da pena; d) dezoito anos para Vereador.
• improbidade administrativa (art. 37, § 4º, da CF); e § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
• incapacidade civil absoluta. § 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
Basta a verificação judicial da incapacidade civil abso- sucedido, ou substituído, no curso dos mandatos poderão
luta, mediante decretação de interdição de incapaz, para a ser reeleitos para um único período subsequente.
imediata suspensão dos direitos políticos. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
A suspensão por condenação criminal com trânsito em República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
julgado se aplica inclusive aos casos de condenação por con-
travenções penais. No caso de o condenado ser beneficiado 89
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
com a suspensão condicional da pena, o sursis, não ocorre a 90
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
reaquisição dos direitos políticos, continuando suspensos até 91
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
a extinção da punibilidade. 92
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Di-
ligências/2012 e FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
É necessária uma sentença judicial para a decretação da 93
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área
perda dos direitos políticos, de uma forma geral. Administrativa/2013; Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012 e
Existem outras hipóteses previstas na Constituição FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
94
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
Federal que acabarão por resultar em perda e suspensão 95
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.

30
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos • prestação de contas à Justiça Eleitoral100;
até seis meses antes do pleito96. • funcionamento parlamentar de acordo com a lei101.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
lar, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o Os partidos políticos são dotados de autonomia no que
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, tange à sua estrutura interna. Os estatutos, que devem ser
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, registrados no Tribunal Superior Eleitoral após a aquisição da
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis personalidade civil, devem estabelecer normas de fidelidade
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato e disciplina partidárias.
eletivo e candidato à reeleição. O Supremo Tribunal Federal entende que a fidelidade
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes partidária emana da Constituição e impede que os candi-
condições: datos eleitos venham a migrar de partido. Entendeu‑se que
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá
o caráter partidário é particularmente verificado no sistema
afastar‑se da atividade;
proporcional e que a mudança de partido quebra um voto
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- de confiança que é dado pelo cidadão‑eleitor e gera uma re-
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. lação desequilibrada de forças no parlamento. Ressaltou‑se,
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de na hipótese, que não se tratava de impor sanções como as
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger descritas no art. 55 da Constituição Federal, mas de reco-
a probidade administrativa, a moralidade para exercício de nhecer que não há direito subjetivo a manter‑se no cargo,
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a nor- que, em essência, pertence ao partido. Considera‑se, assim,
malidade e legitimidade das eleições contra a influência do a desfiliação ou a transferência injustificada um ato culposo
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo incompatível com a função representativa do ideário político
ou emprego na administração direta ou indireta. responsável pelo ingresso do parlamentar na sua função
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante representativa.
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da di­ Ainda em relação à fidelidade partidária, entendeu a Su-
plomação, instruída a ação com provas de abuso do poder prema Corte que o reconhecimento da fidelidade partidária
econômico, corrupção ou fraude97. não implicava atividade legiferante do Poder Judiciário, mas
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em sim conferir a máxima efetividade das normas constitucio-
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se nais. Asseverou‑se, ainda, que não haveria nulidade nos atos
temerária ou de manifesta má‑fé. praticados pelos parlamentares tidos por infiéis, tendo em
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja vista a aplicação da teoria do agente estatal de fato.
perda ou suspensão só se dará nos casos de: Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo
I – cancelamento da naturalização por sentença transi- partidário e a horários gratuitos na televisão e no rádio.
tada em julgado; É proibida a formação de partidos políticos de caráter
II – incapacidade civil absoluta;
paramilitar. Aliás, toda forma de associação é proibida de
III – condenação criminal transitada em julgado, enquan-
possuir tal caráter. Uma associação de caráter paramilitar é
to durarem seus efeitos;
aquela que se caracteriza, por exemplo, pelo uso de unifor-
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; mes, patentes e palavras de ordem com fins militares.
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
§ 4º. Verticalização
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição A Emenda Constitucional nº 52, de 8 de março de 2006,
que ocorra até um ano da data de sua vigência. acabou com o instituto denominado verticalização, ou

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


seja, a obrigação de que as coligações de âmbito nacional
Partidos Políticos encontrassem paralelo nas coligações feitas no âmbito es-
tadual, municipal e distrital. Essa regra, apesar de constituir
Os partidos políticos podem ser livremente criados, importante norma de moralização do sistema partidário,
fundidos, incorporados ou extintos, desde que se resguarde: impedindo a utilização do partido para efeitos eleitorais que
• a soberania nacional; subvertessem as diferentes ideologias por eles defendidas,
• o regime democrático; limitava a atuação dos partidos, o que levou o Congresso
• o pluripartidarismo; Nacional a promulgar a EC nº 52/2006, com a intenção de
• os direitos fundamentais da pessoa humana. que ela tivesse validade para as eleições que ocorreriam no
mesmo ano.
Existem alguns preceitos que devem ser observados A tentativa de fazer com que a verticalização já se extinguis-
pelos partidos políticos. São eles: se no ano de 2006 feria o art. 16 da Constituição Federal, que
• caráter nacional98; prevê o princípio da anterioridade da lei eleitoral, o que foi reco-
• proibição de recebimento de recursos financeiros de nhecido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação nº 3.685/DF–STF, em que se entendeu que o § 1º do art. 17
a estes99; alterava profundamente o processo eleitoral em nosso País,
96
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati-
razão pela qual somente deve incidir sobre as eleições que
va/2010. ocorram após um ano da sua inserção no texto constitucional.
97
Assunto cobrado na prova da FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Admi-
nistração/2012.
98
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
Judiciário/Área Administrativa/2010. 100
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
99
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Judiciário/Área Administrativa/2010.
Administrativa/2013 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judici- 101
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
ário/Área Administrativa/2010. Judiciário/Área Administrativa/2010.

31
Dispositivos Constitucionais 2. (Secretaria de Defesa Social/Curso de Formação de Ofi-
ciais da Polícia Militar de Pernambuco/2014) Quanto
TÍTULO II às chamadas “ações constitucionais”, é correto afirmar
Dos Direitos e Garantias Fundamentais que:
............................................................................................. a) o Mandado de Segurança poderá ser concedido
CAPÍTULO V para proteger direito líquido e certo, mesmo ampa-
Dos Partidos Políticos rado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, exercício de atribuições do Poder Público.
o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fun- b) o habeas data somente é concedido para a retifi-
damentais da pessoa humana e observados os seguintes cação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
preceitos: processo sigiloso, judicial ou administrativo.
I – caráter nacional; c) associação legalmente constituída e em funciona-
II – proibição de recebimento de recursos financeiros mento há menos de um ano poderá impetrar Man-
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação dado de Segurança coletivo em defesa dos interesses
a estes; de seus associados.
III – prestação de contas à Justiça Eleitoral; d) o Mandado de Injunção será concedido sempre que
IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei. a falta de norma regulamentadora torne inviável o
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas co- rania e à cidadania.
ligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre e) somente o Ministério Público é parte legítima para
as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou propor ação popular que vise anular ato lesivo ao
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de patrimônio público ou de entidade de que o Esta-
disciplina e fidelidade partidária. do participe, à moralidade administrativa, ao meio
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no
Tribunal Superior Eleitoral. 3. (Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes/ Secretaria
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do Municipal de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na Econômico/Guarda Municipal/2014) Sobre os Direitos
forma da lei. e Garantias Fundamentais, assinale a alternativa incor­
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de reta nos termos da Constituição Federal.
organização paramilitar. a) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei.
EXERCÍCIOS b) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador,
1. (Secretaria de Defesa Social/Curso de Formação de salvo em caso de flagrante delito, desastre, para
Oficiais da Polícia Militar de Pernambuco/2014) Todos prestar socorro ou, durante o dia, por determinação
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na- judicial.
tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros c) O preso tem direito à identificação dos responsáveis
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos d) A lei não poderá estabelecer distinção entre brasilei-
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

termos seguintes: ros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos


I – A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela na Constituição Federal.
podendo penetrar sem consentimento do morador, e) A Constituição Federal veda que os Estados, o Distrito
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para Federal e os Municípios tenham símbolos próprios.
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial. 4. (IAUPE/ARPE/Analista de Regulação de Serviços Públi-
II – A lei estabelecerá o procedimento para desapro- cos Delegados/Área Jurídica/2014) Com relação aos
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por direitos e garantias fundamentais constantes da Cons-
interesse social, mediante justa e prévia indenização tituição, analise as afirmativas abaixo:
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nessa Cons- I – A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
tituição. podendo penetrar sem consentimento do morador, sal-
III – Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação vo em caso de flagrante delito, desastre, para prestar
popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público socorro ou, durante qualquer horário, por determina-
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade ção judicial.
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histó- II – Ninguém será privado de direitos por motivo de
rico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, crença religiosa, de convicção filosófica ou política,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
Assinale a alternativa correta. nativa fixada em lei.
a) Somente a afirmativa III está correta. III – A criação de associações e a de cooperativas in-
b) Somente a afirmativa I está incorreta. dependem de autorização, não sendo exigida lei que
c) Somente as afirmativas I e III estão incorretas. as regule, sendo vedada a interferência estatal em seu
d) Todas as afirmativas estão corretas. funcionamento.
e) Todas as afirmativas estão incorretas.

32
Assinale e) As liberdades públicas não são incondicionais, por
a) se somente I estiver correta. isso devem ser exercidas de maneira harmônica, ob-
b) se somente II estiver correta. servados os limites definidos na própria Constituição
c) se somente III estiver correta. Federal e nas leis inferiores.
d) se somente II e III estiverem corretas.
e) se I, II e III estiverem corretas. 9. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer-
ca do Princípio da Livre Manifestação de Pensamento,
5. (IAUPE/ARPE/Analista de Regulação de Serviços Públi- é incorreto afirmar que
cos Delegados/Área Jurídica/2014) A garantia consti- a) o direito à livre expressão não pode abrigar, em sua
tucional, que deve ser usada para incluir nos assenta- abrangência, manifestações de conteúdo imoral que
mentos do impetrante a justificativa sobre informação implicam ilicitude penal.
verdadeira, mas que está pendente de decisão admi- b) as liberdades públicas não são incondicionais, por
nistrativa ou judicial, denomina-se isso devem ser exercidas de maneira harmônica, ob-
a) mandado de segurança. servados os limites definidos na própria Constituição
b) mandado de injunção.
Federal.
c) habeas data.
c) o preceito fundamental de liberdade de expressão
d) ação ordinária.
não consagra o ‘direito à incitação ao racismo’, dado
e) medida cautelar.
que um direito individual não pode constituir-se em
6. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com
ca dos Direitos Fundamentais, é correto afirmar que: os delitos contra a honra.
a) os estrangeiros residentes no País não fazem jus aos d) a liberdade de expressão constitui-se em direito fun-
direitos e garantias fundamentais. damental do cidadão, envolvendo o pensamento, a
b) somente os estrangeiros residentes legalmente no exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.
País fazem jus aos direitos e garantias fundamentais. e) a proteção constitucional à livre manifestação de
c) não há, no Brasil, direitos ou garantias que se revis- pensamento não engloba os direitos de ouvir, assistir
tam de caráter absoluto. ou ler.
d) os direitos e garantias individuais têm caráter abso-
luto. 10. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer-
e) somente os brasileiros fazem jus aos direitos e ga- ca dos Princípios da Inviolabilidade da Intimidade, da
rantias fundamentais. vida privada, da honra e imagem, marque a alternativa
incorreta.
7. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- a) É inadmissível, como regra, a quebra do sigilo fiscal,
ca do Princípio da Igualdade, é correto afirmar que bancário e telefônico de qualquer pessoa ou autori-
a) o princípio da isonomia para ter aplicação efetiva dade pública.
precisa de regulamentação ou de complementação b) A utilização de imagem ou fotografia, sem prévia au-
normativa. torização, de pessoa em anúncio com fins lucrativos
b) é ilegal a promoção de militares dos sexos masculino caracteriza violação a sua imagem.
e feminino mediante critérios diferenciados, haja vis- c) É inadmissível, como prova, a degravação de conver-
ta todos pertencerem à mesma Corporação Militar. sa telefônica e de registros contidos na memória de
c) a lei específica pode estabelecer critérios diferen- microcomputador, obtidos sem ordem escrita do juiz
ciados para promoção entre homens e mulheres, do promotor ou do delegado.
na carreira militar. d) É inadmissível a utilização de provas ilícitas ou for-

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


d) não é possível, em hipótese alguma, se estabelecer jadas.
diferença de critérios de admissão, considerando-se e) É inadmissível a veiculação pública, por órgão de co-
o sexo.
municação, de fatos apurados em inquérito policial.
e) é ilegal se estabelecerem diferenças em razão de
tamanho e/ou requisitos físicos para homens e mu-
11. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer-
lheres ingressarem no serviço público.
ca do Princípio da inviolabilidade de Correspondência
8. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- e de Comunicação, não se pode afirmar que:
ca do Princípio da Legalidade, assinale a alternativa ver- a) é ilegal a condenação de alguém, se, no processo,
dadeira. foi utilizada prova ilícita, caracterizada pela escuta
a) A previsão de exame psicotécnico em concurso pú- telefônica indevida, ainda que outras provas existam
blico depende, apenas, de prévia previsão no edital sobre a culpa do réu.
do certame. b) somente a lei pode estabelecer os casos e as condi-
b) A decisão que grava um prédio pelo tombamento, ções em que se realizará a escuta telefônica.
decorrente do poder de polícia, limitando o direito c) não se pode preventivamente impedir que o juiz
de propriedade, tendo em conta sua feição social, há possa autorizar uma escuta telefônica.
de ser exercida em estrita observância ao princípio d) a gravação clandestina de uma conversa torna ilegal
da legalidade. esta prova, não podendo a gravação ser utilizada,
c) A lei ou o regulamento podem ditar regras de ação ainda que para inocentar o réu.
positiva (fazer) ou negativa (Não fazer ou de se abs- e) a gravação de conversa pessoal, ambiental ou te-
ter). lefônica feita por um dos interlocutores sem o co-
d) Pode-se criar obrigações, funções e deveres aos nhecimento dos demais constitui ação clandestina,
servidores públicos militares pela via de decreto mas não ilegal, podendo esta prova ser usada num
autônomo ou resoluções. processo para condenar um dos interlocutores.

33
12. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- a) não poderá participar do concurso, tendo em vista
ca do Direito de Reunião e de Associação, não se pode a restrição do edital.
afirmar que b) poderá impetrar “habeas data” e assegurar o seu
a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos. direito de participar do concurso.
b) a lei poderá estabelecer requisitos objetivos para c) poderá impetrar mandado de segurança, pleiteando
criação de associações e sindicatos sem que isso con- sanar a ilegalidade do edital e assegurar a sua parti-
figure interferência estatal no seu funcionamento ou cipação no concurso.
na sua autonomia. d) poderá ingressar em juízo com “habeas corpus” e
c) o direito à livre associação, embora seja atribuído participar do concurso.
e reconhecido a cada pessoal, somente pode ser e) terá como única alternativa ingressar com represen-
exercido de forma coletiva, com várias pessoas. tação perante o Ministério Público, o qual proporá
d) é assegurado ao servidor público o direito à livre ação popular atinente à matéria.
associação, permitindo que os policiais militares
estaduais tenham suas próprias associações e sin- 16. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) O
dicatos, para atuarem na defesa de seus interesses. princípio constitucional, segundo o qual ninguém é
e) o Policial Militar Estadual associado poderá ser re- considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-
presentado por sua associação de classe, na defesa tença penal condenatório, é o princípio da(o)
dos interesses da categoria, desde que previsto nos a) vedação às provas ilícitas.
estatutos desta ou em lei. b) ampla defesa..
c) contraditório.
13. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- d) presunção de inocência
ca dos Direitos Fundamentais, é incorreto afirmar que e) devido processo legal.
a) embora os direitos fundamentais estejam previstos
na Constituição Federal de 1988, nada impede que 17. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009)
outros sejam reconhecidos, decorrentes dos princí- Quando a falta de norma regulamentadora de uma
pios por ela adotados ou dos tratados internacionais previsão constitucional inviabilizar o exercício dos di-
em que a República Federativa do Brasil seja parte. reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
b) a proteção ao direito à vida prevista na Constituição inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania,
Federal de 1988 impede a realização de abortos fora pode o prejudicado ingressar em juízo com um
dos casos previstos em lei. a) Mandado de Segurança.
c) o Brasil se submete à jurisdição de tribunal penal b) Mandado de Segurança Coletivo.
internacional desde que tenha aderido a este e con- c) Mandado de Injunção
cordado com sua criação. d) “Habeas Data”.
e) “Habeas Corpus”.
d) a proteção ao direito à vida prevista na Constituição
Federal de 1988 impede que se reconheça o direito
18. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Com
à eutanásia.
relação ao sigilo de correspondência, é correto afirmar
e) a proteção ao direito à vida prevista na Constituição
que:
Federal de 1988 impede que se reconheça o direito a) o sigilo telefônico só pode ser quebrado pela polícia
ao suicídio, sendo sua prática um crime. judiciária nas hipóteses de crime(s) apenado(s) com
reclusão.
14. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Acer- b) é possível a interceptação telefônica por ordem do
ca do Direito de Propriedade, é correto afirmar que Ministério Público, para fins de investigação de pa-
a) o direito à propriedade não é absoluto, devendo ternidade.
atender a sua função social. Considera-se ato ca- c) a interceptação telefônica só pode ser determinada
racterizador do não atendimento da função social
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

pelo Juiz após representação do Delegado de Polícia,


da propriedade rural o fato de essa não cumprir os pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) dias.
direitos trabalhistas dos empregados que nela tra- d) a interceptação telefônica poderá ser decretada pelo
balham. Juiz para fins de investigação criminal ou instrução
b) viola o direito de propriedade o estabelecimento processual penal.
de regras que limitem o seu exercício, tais como o e) no caso de crimes hediondos, pode a autoridade
estabelecimento de recuos e limites máximos de policial determinar a interceptação telefônica.
área construída ou a fixação de altura máxima para
edificação. Com base nessa informação, responda às duas questões
c) o descumprimento da função social da propriedade seguintes
pode autorizar a desapropriação de um imóvel urba-
no para fins de reforma agrária, desde que precedido O art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal, determi-
de prévia e justa indenização em dinheiro. na que a casa é o asilo inviolável do indivíduo, nela
d) os procedimentos para desapropriação para fins de ninguém podendo penetrar sem o consentimento do
interesse social, utilidade pública e reforma agrária morador, salvo em algumas situações expressamente
podem ser estabelecidos por decreto do poder exe- previstas na própria Constituição.
cutivo estadual.
e) toda desapropriação deverá ser precedida de prévia 19. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Po-
e justa indenização em dinheiro, independentemen- de-se dizer que não está compreendido como domicílio
te de sua finalidade. (“ou casa”)
a) o apartamento em que o indivíduo resida com sua
15. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) família.
Aquele que estiver na iminência de sofrer coação ao b) o quarto de hotel, quando não esteja sendo utilizado.
seu direito de inscrever-se em um concurso público, c) a área destinada à administração e gerência de um
por questões alusivas à cor da sua pele bar ou restaurante.

34
d) o “trailler” que sirva de residência. 24. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) O
e) as alternativas “b” e “d” estão corretas. princípio constitucional em decorrência do qual não
se admite a pena de morte no Brasil é o princípio da(o)
20. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) Du- a) reserva legal.
rante a noite, não se pode ingressar na casa do indiví- b) ampla defesa.
duo, sem o seu consentimento, c) contraditório.
I – para cumprimento de ordem judicial. d) “favor rei”.
II – para prestar socorro. e) humanidade.
III – em caso da prática de crime em flagrante.
IV – em caso de desastre. (Cespe/MPU/Técnico do MPU/Segurança Institucional e
Transporte/2015) Os direitos fundamentais arrolados pela
Somente está incorreto o que se afirma em CF balizam o trabalho do servidor público. Considerando as
a) I. disposições constitucionais insculpidas nos artigos que vão
b) I e III. do 5º ao 15, julgue os itens subsecutivos.
c) II e III. 25. O fornecimento de certidão para a defesa de direitos
d) II, III e IV. ou para o esclarecimento de situações pessoais pelos
e) III. órgãos públicos encontra respaldo constitucional.
26. É incondicional o direito à reunião com fins pacíficos em
21. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) O local aberto ao público.
suspeito da prática de um crime que é conduzido até 27. A prática de racismo constitui crime inafiançável e im-
uma Delegacia de Polícia prescritível.
a) está obrigado a responder às perguntas que lhe fo- 28. Só a lei pode obrigar a pessoa a fazer ou deixar de fazer
rem formuladas, sob pena de que seu silêncio seja alguma coisa.
interpretado em desfavor de sua defesa. 29. As cartas dirigidas a servidor podem ser livremente aber-
b) não está obrigado a responder às perguntas que tas pelos órgãos de segurança institucional.
lhe forem formuladas, salvo se estiver em flagrante
delito. 30. (Funiversa/SAPeJUS-GO/Agente de Segurança Prisional/
c) não está obrigado a responder as perguntas que lhe 2015) Segundo a Constituição Federal, é correto afirmar
forem formuladas, não podendo o seu silêncio ser que
interpretado em prejuízo de sua defesa. a) é possível a aplicação da pena de banimento no Brasil.
d) não pode se recusar a falar, pois o direito ao silêncio b) a lei regulará a individualização da pena e adotará,
só é válido em juízo. entre outras, a prestação social alternativa e a sus-
e) poderá exercer o seu direito ao silêncio, salvo se pensão ou interdição de direitos.
estiver sendo acusado da prática de crime hediondo. c) o brasileiro nato pode ser extraditado, em caso de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de en-
22. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) As- torpecentes e drogas afins, na forma da lei.
sinale a alternativa correta. d) pode ser concedida a extradição de estrangeiro por
a) No Brasil, não há prisão civil por dívida. crime de opinião.
b) Somente se admite a prisão civil por dívida decorren- e) é permitido o trabalho noturno a menores de 16 anos,
te do inadimplemento de pena de multa que tenha na condição de aprendiz.
sido aplicada em processo criminal.
31. (Funiversa/SAPeJUS-GO/Agente de Segurança Prisional/
c) Admite-se a prisão civil pelo não pagamento de fiança.
2015) Com base na Constituição Federal, assinale a al-
d) A prisão civil por dívida somente subsiste no Brasil,

Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais


ternativa correta.
nas hipóteses de inadimplemento de pensão alimen-
a) É reconhecida a instituição do júri, sendo asseguradas
tícia e de depositário infiel.
a plenitude de defesa, a publicidade das votações e
e) As alternativas “b” e “d” estão corretas.
a soberania dos veredictos.
b) O racismo constitui crime imprescritível e é sujeito
23. (Secretaria de Defesa Social/PMPE/Soldado/2009) As- pena de detenção, nos termos da lei.
sinale a alternativa correta. c) A tortura é crime inafiançável e insuscetível de graça
a) Em nenhuma hipótese, a exposição da imagem do ou anistia.
preso em canal de televisão pode ensejar ação de d) É crime passível de fiança, a despeito de sua gravidade,
reparação civil de reparação do dano. a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
b) É legítima a exposição da imagem daquele contra ordem constitucional e o Estado democrático.
quem foi expedido mandado de prisão e não foi e) A obrigação de reparar o dano e a decretação do
localizado em seus endereços, até que a prisão se perdimento de bens podem ser estendidas aos suces-
concretize. sores do condenado e contra eles executadas, acima
c) Em nome do princípio da igualdade entre os presos, do limite do valor da herança transferida.
após ser catalogado na penitenciária, o indivíduo
perde o direito de ser chamado pelo próprio nome, 32. (CRSP/PM-MG/Soldado/2013) De acordo com a Consti-
sendo identificado, apenas, por um número. tuição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu
d) Desde que haja o trânsito em julgado da sentença artigo 5º e seus incisos que trata dos direitos e deveres
condenatória, o preso não mais gozará do direito de individuais e coletivos, é correto afirmar que:
ser visitado pelos seus familiares. a) A criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
e) O direito à imagem é absoluto, não podendo haver, perativas independem de autorização desde que seu
em nenhuma hipótese, a divulgação da imagem do estatuto de funcionamento esteja em concordância
acusado. com parâmetros de funcionamento do governo estatal.

35
b) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- c) determina que ninguém será preso sem que haja o
mações do seu interesse particular, ou de interesse trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, d) admite a condenação à pena de privação de liberdade
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas de caráter perpétuo.
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socie-
dade e do Estado. 37. (Funcab/SEDS-TO/Assistente Socioeducativo/Técnico em
c) A lei penal não retroagirá, salvo para punição do réu. Enfermagem/2014) Assinale a alternativa em conformi-
d) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis dade com a Constituição Federal
de graça ou anistia a prática da tortura, peculato, o a) Estrangeiros, militares e analfabetos não têm direito
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o ter- ao voto.
rorismo e os definidos como crimes hediondos, por b) Servidores públicos civis têm direito à greve, porém
eles respondendo os mandantes, os executores e os não à livre associação sindical.
que, podendo evitá-los, se omitirem. c) Banimento e perda de bens são duas das penas ad-
mitidas pela Constituição Federal
33. (Funcab/SEDS-TO/Analista Socioeducador/2014) Entre d) Provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no
os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais garantidos processo.
expressamente no artigo 7° da Constituição Federal de
1988 estão: 38. (Exatus/PM-RJ/Soldado da Polícia Militar/2014) “Todos
a) o fundo de garantia do tempo de serviço e a licença- são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na-
-paternidade. tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
b) o décimo terceiro salário e a igualdade na remune- residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
ração dos trabalhos noturno e diurno. liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”.
c) o seguro-desemprego, em caso de desemprego vo- Esse trecho dos Direitos e Garantias Fundamentais trou-
luntário, e o aviso-prévio proporcional ao tempo de xe à luz dos princípios constitucionais o princípio da:
serviço, sendo no mínimo de trinta dias. a) Moralidade.
d) a garantia do salário mínimo, exceto para os que re- b) Igualdade.
cebem remuneração variável, e a aposentadoria. c) Legalidade.
d) Publicidade.
34. (Funcab/SEDS-TO/Analista Socioeducador/2014) Em
39. (Fumarc/PC-MG/Investigador de Polícia/2014) É livre a
relação aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
criação, a fusão, a incorporação e a extinção de partidos
disciplinados no artigo 5° da Constituição Federal, é
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
correto afirmar que:
democrático, o pluripartidarismo e os direitos funda-
a) é assegurado a todos o livre exercício de cultos religio- mentais da pessoa humana e observados os seguintes
sos, embora seja proibida a prestação de assistência preceitos, exceto:
religiosa nas entidades civis e militares de internação a) a prestação de contas à Justiça Eleitoral.
coletiva. b) a proibição de recebimento de recursos financeiros
b) a todos é assegurado o acesso à informação, sendo, de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-
no entanto, resguardado o sigilo da fonte, quando nação a estes.
necessário ao exercício profissional. c) o caráter nacional.
c) o racismo, o terrorismo e o tráfico internacional de d) o funcionamento parlamentar de acordo com o es-
drogas são crimes inafiançáveis e imprescritíveis. tatuto.
d) é garantido a todos o direito de reunir-se pacificamen-
te, sem armas, em locais abertos ao público, desde
Conhecimentos de Direitos e Garantias Fundamentais

que haja autorização prévia da autoridade pública


GABARITO
competente.
1. d 11. a 21. c 31. c
35. (Funcab/SEDS-TO/Analista Socioeducador/2014) Assina- 2. d 12. d 22. d 32. b
le a alternativa correta em relação aos direitos políticos 3. c 13. e 23. b 33. a
disciplinados na Constituição Federal. 4. b 14. a 24. e 34. b
a) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para 5. c 15. c 25. C 35. d
6. c 16. d 26. E 36. a
os maiores de dezoito anos e os analfabetos.
7. c 17. c 27. C 37. d
b) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros
8. b 18. d 28. C 38. b
e os analfabetos.
9. e 19. b 29. E 39. d
c) O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para
10. c 20. d 30. b
os maiores de setenta anos e para os conscritos du-
rante o serviço militar obrigatório.
d) A filiação a um partido político e a nacionalidade
brasileira são duas das condições de elegibilidade
previstas no texto constitucional.

36. (Funcab/SEDS-TO/Assistente Socioeducativo/Técnico em


Enfermagem/2014) Ao regular as hipóteses de privação
de liberdade, a Constituição Federal:
a) admite hipótese de prisão por dívida civil.
b) admite a prisão apenas quando há ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente

36
Livros de Aprofundamento

Gramática pela Prática Intelecção e Interpretação de Textos Análise Sintática Visual

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