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Produção e preço da cana- 1

Dinamar Maria Ferreira Marques


de-açúcar em Goiás Tallyta Carolyne Martins da Silva
2

3
André Luiz Miranda Silva Zopelari
4
Dr. Reginaldo Santana Figueiredo

Resumo: O Estado de Goiás vem se configurando como grande levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
produtor brasileiro de cana-de-açúcar. Até o ano de 2011 tinha
Estatística (IBGE), a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM)
aproximadamente 33 usinas de álcool e açúcar em operação no
território goiano, distribuídas em cinco mesorregiões, definidas pelo
de 2010, a produção goiana de cana, representava 6,7%
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cana-de-açúcar da produção brasileira, posicionando o Estado como
na safra de 2000/2001 representava 4,5% de toda a área plantada em quarto produtor nacional. Para a safra 2010/2011,
Goiás e em 2009/2010 passou a ocupar 12,8% da área de uso agrícola,
segundo estimativa do Levantamento Sistemático da
portanto, houve crescimento de 315,8% nos últimos dez anos. Para o
desenvolvimento do presente artigo foi feita uma análise de correlação e
Produção Agrícola do IBGE - LSPA, Goiás passou a ser o
regressão entre a quantidade produzida de cana-de-açúcar e o preço terceiro produtor do país, superando a produção do
recebido pelos produtores em Goiás. O resultado para o teste estado do Paraná.
apresentou um coeficiente de correlação positiva de 88,2%, com
A cana-de-açúcar está espalhada por 193 municípios
significância estatística (p<0,05). Com referência ao teste de regressão,
o resultado revelou que 75,3% da variação da produção de cana-de-
goianos que são abrangidos pelas cinco Mesorregiões
açúcar em Goiás podem ser explicados pelo preço recebido pelo Geográficas definidas pelo IBGE. Ao analisar as
produtor e que 24,7% permanecem não explicados pela respectiva reta mesorregiões, fica evidente a concentração em duas: a
de regressão.
do Sul Goiano que, em 2010, concentrava 77,4% da
produção e a mesorregião do Centro Goiano que
Palavras-chave: cana-de-açúcar, preço, produção, correlação,
regressão. respondeu por 17,9%. As duas mesorregiões
representaram 95,3% da produção estadual. No recorte

Introdução municipal, os maiores produtores naquele ano foram:


Quirinópolis (7,7%), Santa Helena de Goiás (6,7%),
Nos últimos anos, o Brasil se tornou o maior produtor
Porteirão (4,6%) e Mineiros (4,2%).
mundial de cana-de-açúcar, álcool e açúcar. A criação do
O cultivo de cana tem se expandido por todo o estado de
Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL (1975) e a
Goiás, chegando a ocupar, aproximadamente, 12,8% da
utilização crescente de carros com motores flexíveis a
área de uso agrícola do Estado (safra 2009/10), sendo
partir de 2003 foram alguns dos fatores que ajudaram a
que no ano de 2000, essa área representava 4,5% da
incentivar ainda mais a produção de cana. Na esteira do
área plantada em Goiás. Assim, a área plantada cresceu
crescimento da produção nacional, o estado de Goiás
315,8% nos últimos dez anos. Deste modo, a cadeia da
tornou-se destaque, redesenhando a geografia de
cana-de-açúcar vem se firmando como um dos principais
produção e de expansão da cultura. Segundo o último
setores da economia goiana.

1
Economista. Aluna do Programa de Pós-graduação em Agronegócios – Mestrado (UFG). dinamarmfm@gmail.com
2
Graduanda em Estatística (UFG). tallytacarol@yahoo.com.br
3
Doutorando em Ciência do Sistema Terrestre no INPE. andre.zopelari@uol.com.br
4
Doutor em Economia pela UFRJ e Professor do programa de Pós-Graduação em Agronegócio (Mestrado) da Universidade Federal de Goiás – UFG.
E-mail: santanarf@uol.com.br

32
Nesse sentido, Miziara (2011), em seu artigo a “Expansão monocultura de cana-de-açúcar (LOURENÇO et al,.
da Lavoura de Cana em Goiás e Impactos Ambientais”, 2009).
associa a expansão agrícola moderna com o No início, a cana foi plantada em solo de massapê, sob o
desmatamento das regiões que ainda não foram clima tropical quente e úmido, com mão de obra escrava
utilizadas para a atividade produtiva, como parte da e vinda da África. Assim se iniciou o primeiro ciclo
região Norte do país, identificando esse acontecimento econômico brasileiro, o “ciclo da cana-de-açúcar”. O
como a expansão da “fronteira agrícola”, fenômeno que já enriquecimento de Portugal com o comércio do açúcar
havia acontecido nos anos 1970. Ainda, que a expansão estimulou a produção na América Central tanto por
do setor sucroalcooleiro em Goiás está se dando nas franceses quanto por espanhóis e ingleses. (UNICA,
áreas de cerrado, que antes não eram utilizadas para 2011).
cultura de cana, o que tem tornado o estado de Goiás No Brasil, a capitania com maior produção era,
uma região muito demandada para tal cultura, ou seja, inicialmente, a de Pernambuco, de Duarte Coelho, onde
está surgindo uma “nova fronteira agrícola”. foi criado o primeiro centro açucareiro do país. Depois, o
Quanto ao mercado de açúcar e etanol, este vem se plantio se estendeu para as capitanias da Bahia de Todos
ampliando em todo território brasileiro nos últimos anos. A os Santos, São Tomé (Rio de Janeiro) e São Vicente
produção de cana tem crescido bastante, com a (São Paulo). Embora mais distantes da Europa, as duas
ocupação de novas regiões, alinhando-se ao aumento da últimas foram as primeiras a lucrar com o açúcar. Em São
demanda interna e externa. Embora a produção de cana- Paulo, a cana ocupou a Serra do Mar, com a instalação,
de-açúcar tenha aumentado de forma expressiva nas em 1532, do Engenho dos Erasmos, do governador-geral
regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte do Sul do país, o Martim Afonso de Souza (UNICA, 2011).
estado de São Paulo ainda responde sozinho por cerca O processo de colonização e crescimento da agricultura
de 60% de toda produção brasileira (IBGE, 2011). brasileira e goiana está ligado a vários ciclos
agroindustriais, como da cana-de-açúcar, com grande
1 – Breve histórico desenvolvimento na região Nordeste; a borracha na
região Amazônica, o café como importante fonte de
Há mais de 500 anos, a cana-de-açúcar já tinha sua poupança interna e o principal financiador do processo de
importância na história da agricultura brasileira. Foi por industrialização do país e mais recentemente, a soja
muito tempo monocultura de exportação. Houve como principal commodity brasileira na pauta de
momentos na Europa que o açúcar era tão valioso quanto exportação. (UNICA, 2011).
o ouro, sua produção era limitada a quantidades que não Segundo a Conab (2010), são produzidos diversos
supriam a demanda do mercado. Assim, o seu plantio era produtos a partir do caldo de cana-de-açúcar e dos
um negócio bastante rentável, mas não era possível resíduos sólidos e líquidos da moagem da mesma.
cultivar na Europa, principalmente, por questões Destaca-se como produtos oriundos da cana o açúcar, o
climáticas. (UNICA, 2011). álcool etílico, a cachaça, rapadura, além da cogeração de
No Brasil, a introdução da cana-de-açúcar iniciou-se sob energia elétrica gerada a partir da queima do bagaço da
o regime das sesmarias, período em que houve grandes cana. As indústrias são montadas para produzir tanto
doações de terras para quem quisesse plantar cana, açúcar como álcool etílico, sua produção é em função do
tentativa de reprodução da bem-sucedida experiência de preço de mercado desses dois produtos. A partir da
Cabo Verde; doação de vastas porções de terra para década de 1970, com a implantação de políticas
quem se aventurasse vir ao Brasil se dedicar ao cultivo da macroeconômicas que possibilitaram a criação de

33
programas de incentivos ao consumo de álcool etílico A cana vem se tornando um produto dinamizador do
como combustível automotivo, o cultivo de cana ganhou agronegócio goiano, representa 18,5% do valor da
força. Tais programas contribuíram para a expansão da produção agrícola, sendo que a soja, o principal produto,
cana no território brasileiro. representa 48,4% e o milho, 13,7%. Juntos, os três
Goiás, em 2000, representava 2,9% da área plantada de produtos representam 79,6% do valor da produção das
cana e a produção participava em 3,1% da nacional. Em lavouras temporárias (SEGPLAN 2011).
2009 a área passou a representar 6,0% e a produção Conforme Tabela 2, a ocupação da cana-de-açúcar no
6,5% dos totais nacionais. estado de Goiás ganhou força a partir de 2002. A área
A expansão da área plantada de cana-de-açúcar em plantada em Goiás de 2002 a 2010 cresceu 345,4% e a
Goiás é explicada pelas vantagens que o Estado possui produção cresceu 368,1%. Em termos de rendimento
em relação a outras unidades da federação. Os custos médio (produção em relação à área colhida), Goiás em
com a lavoura de cana em Goiás são menores, a colheita 2002 produziu 80,5 t/ha, saltando para 82,9 t/ha em 2010.
é quase toda mecanizada, são realizados altos Na comparação com a produção brasileira, em 2002 o
investimentos em tecnologia, são plantadas variedades rendimento médio foi de 71,4 t/ha, chegando em 2010
mais produtivas, os preços das terras são baixos, com 79,0 t/ha. Com base nesses dados, observa-se que
comparados com São Paulo, maior produtor brasileiro, em Goiás a produção tem melhor rendimento, o que
além da boa produtividade (83,4 t/ha). Tudo isso torna também contribuiu para a forte expansão da cana no
Goiás atrativo para essa cultura. território goiano no período em análise.

Tabela 1 – Área colhida, produção e rendimento médio – 2002- 2010


Rendimento médio
Área colhida (ha) Produção (t)
(t/ha)
Ano
GO/BR GO/BR
Brasil Goiás Brasil Goiás Brasil Goiás
(%) (%)
2002 5.100.405 145.069 2,8 364.389.416 11.674.140 3,2 71,4 80,5
2003 5.371.020 164.861 3,1 396.012.158 12.907.592 3,3 73,7 78,3
2004 5.631.741 176.328 3,1 415.205.835 14.001.079 3,4 73,7 79,4
2005 5.805.518 196.596 3,4 422.956.646 15.642.125 3,7 72,9 79,6
2006 6.355.498 232.577 3,7 477.410.655 19.049.550 4,0 75,1 81,9
2007 7.080.920 278.000 3,9 549.707.314 22.387.847 4,1 77,6 80,5
2008 8.140.089 401.100 4,9 645.300.182 33.112.209 5,1 79,3 82,6
2009 8.617.555 523.808 6,1 691.606.147 43.666.585 6,3 80,3 83,4
2010 9.076.706 578.666 6,4 717.462.101 48.000.163 6,7 79,0 82,9
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

3
Da produção da cana brasileira, 50% se transforma em milhões de m de álcool. Conforme Tabela 3, 95,9% da
álcool e 50% em açúcar, em média. Nos demais países cana processada ocorrem em nove estados, sendo São
produtores de cana, a totalidade é direcionada para a Paulo responsável por 60,9% do processamento e o
produção de açúcar (CARVALHO; OLIVEIRA, 2006). estado de Goiás, por 5,2% do processamento brasileiro.
Como pode ser observado no gráfico abaixo, durante a A produção de álcool em Goiás é superior à produção de
safra 2008/2009, o setor sucroalcooleiro no Brasil moeu açúcar. Assim, enquanto o álcool goiano representa 6,3%
569,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, da produção nacional, o açúcar representa 3,1%.
produzindo 31,0 milhões de toneladas de açúcar e 27,5 Conforme levantamento do Instituto Mauro

34
Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos usinas de álcool e açúcar em operação em Goiás.
(IMB-Segplan-GO), até o ano de 2011 havia 33

Tabela 2 - Produção de cana, álcool e açúcar - 2008/09

Brasil e Unidades da Cana Participação Produção de Participação Produção de Participação/


Federação processada /BR (%) álcool /BR (%) açúcar BR (%)

Rio Grande do Norte 3.186.768 0,6 114.909 0,4 197.914 0,6


Pernambuco 18.949.518 3,3 530.467 1,9 1.521.275 4,9
Alagoas 27.309.285 4,8 845.363 3,1 2.200.862 7,1
Minas Gerais 42.480.968 7,5 2.167.616 7,9 2.207.621 7,1
São Paulo 346.292.969 60,9 16.722.478 60,8 19.662.436 63,3
Paraná 44.829.652 7,9 2.048.752 7,4 2.459.512 7,9
Mato Grosso 15.283.134 2,7 952.171 3,5 478.424 1,5
Mato Grosso do Sul 18.090.388 3,2 1.076.161 3,9 657.078 2,1
Goiás 29.486.508 5,2 1.726.080 6,3 958.419 3,1
Região Centro Sul 504.962.891 88,7 25.101.963 91,2 26.749.819 86,2
Região Norte Nordeste 64.099.738 11,3 2.410.999 8,8 4.299.387 13,8
Brasil 569.062.629 100 27.512.962 100,0 31.049.206 100,0
Fonte: Única
Elaboração: Os autores

A cana também está presente na balança comercial de exportação goiana é basicamente composta por produtos
Goiás. Em 2008 a exportação de açúcar representava advindo deste setor, complexo soja participa com 39,9%
4,8% das exportações do Estado, em 2010 expandiu para das vendas estaduais, e complexo carne com 26,5%, daí
7,3%. A exportação do agronegócio goiano representa a importância do agronegócio para a economia goiana
3,9% da exportação do agronegócio brasileiro. A pauta de (Tabela 4).

Tabela 3 - Estado de Goiás- exportação – 2008-2010


2008 2009 2010
Produtos
Kg Líquido US$ FOB Kg Líquido US$ FOB Kg Líquido US$ FOB
TOTAL 5.440.306.822 4.091.751.671 5.372.521.799 3.614.963.748 5.861.541.670 4.044.660.617

Complexo Carne 370.694.770 1.084.570.378 377.546.880 830.714.397 390.136.885 1.015.571.031

Complexo soja 3.801.848.608 1.634.018.361 3.833.098.079 1.519.966.625 3.830.214.499 1.374.628.633

Complexo minério 415.443.766 806.399.453 394.717.063 794.906.187 396.514.485 941.606.113

Açúcares 85.259.538 32.262.074 294.404.162 105.601.832 428.802.493 195.404.522

Demais Produtos 767.060.140 534.501.405 472.755.615 363.774.707 815.873.308 517.450.318


Fonte: Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

34

35
Mapa 1 – Produção de cana-de-açúcar em Goiás (2000)

Fonte: IMB – Goiás em Dados, 2005


Elaboração: Segplan-GO/IMB – Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais – 2012

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Mapa 2 – Produção de cana-de-açúcar em Goiás (2010)

Fonte: IMB – Goiás em Dados, 2011


Elaboração: Segplan-GO/IMB – Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais – 2012

37
2 – Metodologia

Buscou-se fazer uma aplicação estatística, com teste de O coeficiente de correlação mede a intensidade da
correlação e regressão, para explicar a crescente relação linear entre os valores quantitativos
expansão da cana-de-açúcar em Goiás, a partir do ano emparelhados    em uma amostra e é representado
2000. As possíveis correlações existentes entre a pela fórmula:
quantidade produzida e o preço da cana-de-açúcar
recebido pelos produtores goianos na porta da fazenda
Ʃ ∑  − Ʃ ∑ ∑ 
 =
permitem inferir sobre o comportamento de ambas as 
Ʃ ∑   − Ʃ ∑   
Ʃ ∑    − Ʃ ∑  
variáveis. Já na análise de regressão, o quanto uma
variável (preço recebido) pode ter influenciado a outra Sendo que:
(quantidade produzida).
representa o número de pares presentes;
Nesse trabalho foi considerado como variável dependente ∑ representa a soma dos itens indicados;
a produção de cana-de-açúcar e como variável ∑ denota a soma de todos os valores de ;
independente o preço recebido pelo produtor na porta da Ʃ ∑  indica os valores de x devem ser somados e o
fazenda. Primeiramente, foi realizada a análise total elevado ao quadrado;
exploratória dos dados como, por exemplo, gráficos de ∑  indica que cada valor de x deve ser multiplicado por
dispersão (Gráfico 1) para o período correspondente seu valor correspondente de . Depois de obtidos todos
entre 2000 e 2010. esses produtos calcula-se a sua soma;
Karl Pearson e Francis Galton são os criadores da  representa o coeficiente de correlação linear para uma
fórmula de correlação. Garson (2009) afirma que amostra;
correlação “é uma medida de associação bivariada (força)  letra grega Rô, usada para representar o coeficiente de
do grau de relacionamento entre duas variáveis”. Para correlação linear para uma população.
Triolla (2008), “existe correlação entre duas variáveis
quando uma delas se comporta mediante variações na O modelo estatístico de regressão linear simples, MRLS,
outra”. Para Moore (2007), “A correlação mensura a é um modelo que estabelece uma relação linear entre
direção e o grau da relação linear entre duas variáveis uma variável dependente e outras variáveis
quantitativas”. Em uma frase: o coeficiente de correlação independentes (ou explanatórias), e um termo de erro
de Pearson (r) é uma medida de associação linear entre (PYNDYCK, 2002).
variáveis. Muitas vezes o modelo explicativo de apenas duas
Segundo Triolla (2008), uma análise de correlação pode variáveis é insuficiente para explicar a correlação,
ser calculada respeitando-se os seguintes requisitos: necessitando de outra variável para ajustar o modelo de
regressão. Deste modo, precisa-se ampliar o modelo de
1. A amostra de dados ,  tem que ser uma
regressão simples para um que envolva mais variáveis,
amostra de dados quantitativos independentes;
que leva o nome de modelo de regressão múltipla
2. O diagrama de dispersão deve confirmar que os
(PYNDYCK, 2002). O sucesso de qualquer teste
pontos se aproximam de uma reta;
econométrico depende de dados confiáveis e
3. Quaisquer outliers devem ser removidos caso
apropriados. Portanto, seguindo essa premissa, para a
tenha erros nos dados.
realização deste artigo foram utilizadas informações
retiradas de fontes oficiais.

38
Para Stevenson (2001), regressão e a correlação são variável a ser predita,  é o valor preditor. O coeficiente
duas técnicas estreitamente relacionadas que envolvem ∆
angular é representado por  = .
∆
uma forma de estimação. A análise da correlação e
No caso específico deste artigo, a análise da regressão
regressão compreende a análise de dados amostrais para
indicará a relação entre o aumento no preço da cana e a
saber como duas ou mais variáveis estão relacionadas
produção de cana.
uma com a outra numa população. A análise de
O teste de correlação entre as variáveis de produção de
correlação dá um número que resume o grau de
cana e preço recebido pelos produtores goianos foi
relacionamento linear entre duas variáveis; a análise de
estimado pelo método de Correlação Linear de Pearson e
regressão tem como resultado uma equação matemática
utilizou-se o programa SPSS Statistics, versão 17.0.
que descreve o relacionamento entre as variáveis. A
Segundo CALLEGARI-JACQUES (2003, p. 90), o
equação pode ser usada para estimar, ou predizer,
coeficiente de correlação pode ser avaliado
valores futuros de uma variável quando se conhecem ou
qualitativamente da seguinte forma:
se supõem conhecidos valores da outra variável. A
análise de correlação é útil em trabalho exploratório, se 0,00 <||< 0,30 , existe fraca correlação linear;
quando um pesquisador ou analista procura determinar se 0,30 ≤||< 0,60 , existe moderada correlação linear;
quais variáveis são potencialmente importantes e o se 0,60 ≤||< 0,90 , existe forte correlação linear;
interesse está basicamente no grau ou força do se 0,90 ≤||< 1,00 , existe correlação linear muito forte.

relacionamento.
A regressão constitui uma tentativa de estabelecer uma
3 – Resultados e discussão
equação matemática linear (linha reta) que descreve o
relacionamento entre duas variáveis. A finalidade de uma
equação de regressão seria estimar valores de uma
A Tabela 4 apresenta a evolução da produção e do preço
variável, com base em valores conhecidos da outra. Outra
da cana-de-açúcar em Goiás, com base nos dados de
finalidade das equações de regressão é explicar valores
2000 a 2010. Com base nesses dados e nos conceitos
de uma variável em termos da outra, isto é, podemos
estatísticos discutidos, buscou-se as possíveis
suspeitar de uma relação de causa e efeito entre duas
correlações na evolução da produção de cana-de-açúcar
variáveis (STEVENSON, 2001).
e dos preços recebidos pelos produtores pela tonelada de
A equação linear tem duas importantes características, o
cana. Com referência ao preço recebido pelos produtores,
coeficiente angular da reta e a cota da reta em
considerou-se que o mercado brasileiro e goiano de cana-
determinado ponto. Uma equação linear tem a forma
de-açúcar funciona sem interferência governamental, ou
 =  + , onde  e  são valores que se determinam
seja, em plenas condições de livre.
com base nos dados amostrais,  é a cota da reta em
 = 0, e  é o coeficiente angular. A variável  é a

39
Tabela 4 – Goiás: Produção e preço da cana – 2000- 2010

Ano Produção de cana Preço da cana (R$/t)

2000 10.162.959 19,98


2001 10.253.497 23,50
2002 11.674.140 25,35
2003 12.907.592 24,96
2004 14.001.079 30,30
2005 15.642.125 27,19
2006 19.049.550 27,01
2007 22.387.847 33,97
2008 33.112.209 37,46
2009 43.666.585 38,06
2010 47.733.283 36,50
Fonte: Fonte: IBGE /FGV

A partir do Gráfico1, comparação do comportamento da pago aos produtores atingiu seu máximo 25,8%. No ano
produção de cana-de-açúcar com o movimento de preços seguinte a produção de cana atingiu uma variação de
pago ao produtor, pode-se inferir que, à medida que 47,9%, a maior da série analisada. Na sequência, 2009 e
aumenta o preço, a produção tende a crescer. No ano de 2010, o movimento de variação de ambos seguiu o
2007, conforme observado, a variação no preço da cana mesmo comportamento, de redução na variação.

Gráfico 1 – Goiás: Variação na produção e no preço da cana – 2001- 2010 (%)

60,0

50,0
47,9

40,0

31,9
30,0 25,8
21,4 21,8
17,6
20,0
13,9
10,6
17,5
10,0 10,3 9,3
11,7
7,9 8,5
0,9 1,6
-1,5 -0,7
0,0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
-10,0 -10,3 -4,1

-20,0
Produção de cana-de-açúcar (t)
Preço da cana (R$/t)
Fonte: Fonte: IBGE /FGV

40
Segundo Hotelling (1936), pode-se testar se duas insignificante, assim se rejeitou a hipótese que preço e
variáveis possuem relação linear por meio do teste de produção de cana não possuam relação linear.
hipótese (teste de hipótese para ρ = 0). A forma simétrica O coeficiente de correlação foi de 88,2%, portanto tem-se
da distribuição, quando ρ = 0, torna possível testar a forte correlação linear. O Gráfico 2 indica uma relação
hipótese H : ρ = 0 contra a hipótese H : ρ ≠ 0, através da linear entre as variáveis produção e preço da cana em
distribuição t de Student. Goiás, nota-se que na medida em que aumenta o preço
Considerando a hipótese nula H : ρ = 0, no caso da cana pago ao produtor, aumenta-se a produção de
específico do presente artigo obteve-se p-valor cana.

Gráfico 2 - Dispersão da produção e preço da cana em Goiás – 2000- 2010

60000000

50000000
Produção de cana (t)

40000000

30000000

20000000

10000000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40

Preço da cana (R$)

Fonte: Fonte: IBGE /FGV

A análise de regressão tem como resultado uma equação cana pode explicar até 75,3% da produção de cana em
que descreve a relação entre a produção de cana e o Goiás.
preço, ou seja, uma equação de oferta. Os resultados A tabela 5 apresenta as estimativas para os coeficientes
indicam que o aumento no preço da cana parece ter de regressão e seus respectivos p-valores:
influenciado um aumento na sua produção. O preço da

Tabela 5 – Estimativas para os coeficientes


de regressão

Coeficientes p-valor

a -35097319 0,008

b 1932470 0,000

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Os resultados anteriores mostram que a variável análise de correlação mostrou-se positiva e significativa; a
independente preço é significativa (p-valor= 0,000) para regressão com a variável produção de cana e preço
explicar a produção de cana-de-açúcar em Goiás. Assim, recebido pelos produtores em Goiás revelou efetiva
ajustando-se o MRLS para descrever a produção de influência deste sobre aquela. A correlação da produção
cana-de-açúcar () de acordo com a variação do preço de cana-de-açúcar com o preço é importante, pois
(), temos: permite verificar a sensibilidade do aumento na produção
em relação aos preços praticados, e o resultado foi uma
& = −35.097.319 + 1.932.470 ∗ ç!.
!"#çã! correlação positiva, ou seja, aumentos de preço do
produto acarretaram aumento na produção. Contribuiu
No intervalo de tempo analisado, a cada unidade em reais para os resultados apresentados nos testes
espera-se que a produção média aumente em econométricos o crescente aumento da área plantada de
1.932.470 t. cana, da produção e do rendimento médio por hectare,
Com a criação do Programa Nacional do Álcool – tornando o estado de Goiás atrativo para esse tipo de
PROÁLCOOL – em 1975, a obrigatoriedade da mistura cultura e para a instalação de diversas indústrias
do álcool anidro à gasolina, e o lançamento, em 2003, processadoras de álcool e açúcar.
pelas montadoras Volkswagen, GM e Fiat, de carros com
motores flexíveis (flexfuel), que funcionam com qualquer Referências Bibliográficas
proporção de mistura de álcool e gasolina, impulsionou o
consumo de álcool, resultando em preços mais elevados, CONAB- Companhia Nacional de Abastecimento,
com isso incentivou o aumento da produção. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Perfil do setor do açúcar e do álcool no Brasil.
Brasília- DF. Maio de 2009. Disponível em:
http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/perfil.
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O setor sucroenergético tem se mostrado, nos últimos
anos, um dos mais importantes segmentos dentro da GARSON, G. David. (2009), Statnotes: Topics in
Multivariate Analysis.Disponível em:
economia goiana, pelo dinamismo e pela sua capacidade
http://faculty.chass.ncsu.edu/garson/PA765/statnote.htm
de impulsionar os demais setores. É uma atividade
Hotelling, H. Relations between two sets of
relevante para o crescimento e/ou desenvolvimento
variants,1936. Disponível em:
socioeconômico de Goiás. Neste contexto, a cadeia http://www.lth.se/fileadmin/tvrl/files/vvr005f/3_CCA.pdf.
Acesso em junho de 2011.
produtiva da cana-de-açúcar tem contribuído para isso,
na medida em que diversas indústrias processadoras tem IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
se instalado no território goiano, gerando novos empregos Estatística. Produção Agrícola Municipal 2009, Rio de
Janeiro, 2010.
e agregando valor a produção primária, seja produzindo
álcool, açúcar ou gerando energia mais limpa, reduzindo MIZIARA, Fausto. XIV Congresso Brasileiro de
Sociologia GT 23 – Sociedade e Ambiente. Expansão
o impacto ao meio ambiente. da Lavoura de Cana em Goiás e Impactos Ambientais,
O presente artigo teve como objetivo exploratório, fazer 2011.

uma discussão conceitual estatística, com base nos MOORE, David S. (2007), The Basic Practice of
dados de produção de cana-de-açúcar e preços Statistics. New York, Freeman.

recebidos pelos produtores em Goiás visando identificar a


correlação existente entre as variáveis e a regressão. A

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PINDYCK, Robert. S. Rubinfeld, Daniel. L http://www.unica.com.br/downloads/estatisticas/PROCES
Microeconomia – Vol. 1. 5ª Ed, São Paulo, Prentice Hall, SAMENTO%20DE%20CANA%20BRASIL.xls. Acesso em
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TRIOLA, Mário F. Introdução à Estatística – Vol. 1. 10ª Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal do
Ed, São Paulo, Editora LTC, 2008, 692 p. Paraná CURITIBA, 2004.
UNICA - União da Indústria de Cana-de-açúcar,
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