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COMPARAÇÃO ENTRE PLANILHA DE QUANTITATIVOS E PROJETO

EXECUTIVO EM LICITAÇÕES PÚBLICAS DE ENGENHARIA CIVIL1

Admilson Eustáquio Prates2


Jhone Rafael Teixeira Andrade3
Leonardo Augusto Couto Finelli4
Kátia Suely de Melo Gusmão5
Robson Rener Ribeiro Silva6

RESUMO

A carênciade profissionais qualificados, somada às incompatibilidades no


planejamento de obras e serviços no Brasil, vem trazendo uma série de prejuízos
aos órgãos públicos, principalmente na elaboração do projeto básico. Denomina-se
projeto básico o conjunto de serviços e seus custos, que formam a planilha
orçamentária, em conjunto com um projeto executivo, por meio do qual se faz o
levantamento dos quantitativos. Pensando nisso, buscou-se com o presente artigo
estudar processos licitatórios, com intuito de averiguar os possíveis problemas
comuns entre eles e mostrar o quanto cada um desses pode ser significativo para
todo o processo de licitação, e o quanto isso pode alterar o valor de contrato e,
consequentemente, elevar o custo da obra para a administração pública. Para tanto,
utilizamos referências bibliográficas de autores que trabalham o tema e,
principalmente, a lei de licitações (Lei n. 8.666/93), que serviram de embasamento
para a elaboração deste trabalho.

Palavras-chave: Licitação Pública. Planilha de Quantitativos. Projeto Executivo.


Projeto Básico

1 INTRODUÇÃO

Percebe-se através de estudos de jornais e revistas de engenharia civil,


como por exemplo, Zênite ILC, Licitações e contratos – Orientações e Jurisprudência
do Tribunal de Contas da União (TCU) e Jornal do Brasil, uma grande quantidade de
dinheiro público investido em obras no Brasil. Isso expõe, ao mesmo tempo,

1
Texto construído no ano de 2014.
2
Orientador e professor das Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE) no período de
2013/2014. Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia de Goiás/Câmpus
Formosa/GO. Doutorando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo – PUC/SP. Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP
3
Graduado em Engenharia Civil pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE).
4
Professor Coorientador das Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE).
5
Advogada. Professora Universitária e Coordenadora Adjunta do Curso de Direito das Faculdades
Integradas do Norte de Minas (FUNORTE).
6
Graduado em Engenharia Civil pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE).
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algumas irregularidades que acabam gerando custos desnecessários aos órgãos
públicos. Desde que passou a ser considerada como princípio constitucional através
da Constituição de 1988, a licitação passou a ganhar status em nosso país. Ao
mesmo tempo são recorrentes os problemas enfrentados pela administração pública
quando se pretende executar uma obra ou serviço (TISAKA, 2011).
De maneira geral, a grande problematização da má elaboração do projeto
executivo e consequentemente da planilha de quantitativos são: os projetos
7
arquitetônicos mal elaborados e incompletos, memoriais descritivos com
informações imprecisas, especificações técnicas deficientes e, por fim, as planilhas
orçamentárias e cronogramas que não condizem com os projetos. Sem esses
elementos do projeto e seus complementares , fica quase impossível fazer uma
planilha de quantitativos precisa. Essa, quando apresenta erros, promove gastos
significativos de dinheiro e tempo para o órgão interessado (LIMA, 2010).
Os erros que ocorrem no projeto básico devem ser percebidos no início
do processo licitatório. A partir deles decorrerão todos os procedimentos para
análise, elaboração e execução da licitação. Não se pode dizer que todos os
documentos técnicos serão perfeitos e com todos os detalhes necessários, pois
durante uma obra podem ocorrer diversos imprevistos, entretanto ao se prever
esses erros no início, ao longo do processo terão suas modificações e falhas
evitadas, acarretando um menor custo ao órgão público (LIMA, 2010).
Nesse sentido, ainda, cumpre ressaltar que é de suma importância a
comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em
características, quantidades e prazos com o objeto da licitação e do pessoal técnico
adequado e disponível para a realização e verificação do objeto licitado, bem como
da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará
(BRASIL, 1993).
O órgão licitatório que é responsável por avaliar todos os documentos
recebidos pelos concorrentes da licitação junto com as propostas, é responsável

7
Descrição de todas as características de um projeto arquitetônico, especificando os materiais que serão necessários à obra, da fundação ao
acabamento. Normalmente tem o objetivo de explicitar, na forma de um texto, as informações mais importantes e que constam do projeto completo e que,
porém, devido ao volume de informações ser grande, não são facilmente observáveis, principalmente para uma pessoa sem a formação técnica.
8
São os projetos de Elétrica, hidráulica e Estrutura feita por profissionais especializados a partir das informações contidas no Anteprojeto. Os projetos
Complementares são normalmente coordenados por arquiteto responsável
pelo projeto, pois costumam gerar interferências que precisam ser solucionadas.

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também por avaliar se o projeto e a planilha estão de acordo com o que foi licitado
anteriormente e se há compatibilidade entre eles. Também tem a responsabilidade
de fiscalizar o andamento da execução das obras licitadas, para que se cumpra
fielmente a execução dos projetos executivos e suas planilhas de quantitativos de
acordo com o que foi contratado inicialmente (BRASIL, 1993).

2 LICITAÇÕES PÚBLICAS DE ENGENHARIA CIVIL

São processos administrativos, isonômicos9 , nos quais a administração


seleciona a proposta mais vantajosa, menos onerosa e com a melhor qualidade
possível para o interesse público na contratação de uma obra ou serviço de
engenharia civil (LICITAÇÃO.NET, 2014).
Para candidatar-se a uma licitação o proponente deve apresentar uma
proposta de trabalho. Essa deve conter o projeto básico, seguido do projeto
executivo que por sua vez contém a planilha orçamentária.

2.1 Projeto Básico

Inicialmente, é importante dizer que caso a Administração Pública decida


licitar com utilização do projeto básico, esse deve corresponder exatamente ao que
determina o art. 6º, inciso IX, da Lei das Licitações (TCU, 2013, p.28).

Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível


de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de
obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações
dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do
prazo de execução.

O projeto básico deve ser, portanto, completo, adequado e suficiente para


permitir a elaboração das propostas das empresas interessadas no certame 10

9
Igualdade de direitos.
10
A palavra certame, segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é derivada do latim
certámen que significa disputa ou desafio.

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licitatório e a escolha da proposta mais vantajosa para a Administração Pública
(TCU, 2013, p.28).
Após a elaboração do projeto básico, a Administração Pública 11 deve
providenciar o projeto executivo, que deve apresentar os elementos necessários à
realização do empreendimento com nível máximo de detalhamento de todas as suas
etapas. Para a execução desse projeto, deve-se ter pleno conhecimento da área em
que a obra será executada e de todos os fatores específicos necessários à atividade
de execução (TCU, 2009, p.26).

2.2 Projeto Executivo

A Lei n° 8.666/93, denominada como a Lei de Licitações e Contratos


Públicos, em seu artigo 6º, inciso X, conceitua o projeto executivo como sendo “O
conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de
acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT.” (BRASIL, 1993).
Essa lei estabelece que o projeto executivo seja elaborado após a
conclusão do projeto básico e previamente à execução da obra. Mas,
excepcionalmente, a lei permite que o projeto executivo seja desenvolvido
concomitantemente à realização do empreendimento. Nesse caso, deve haver a
autorização expressa da Administração Pública (BRASIL, 1993).

2.3 Planilhas de Quantitativos

Paralelo à elaboração do projeto básico também é construída a planilha


de quantitativos, o que significa a composição de insumos de determinado produto
que se utiliza como base para quantificar os itens levantados em um projeto.
Segundo Mattos (2006), o início da orçamentação de uma obra requer o
conhecimento dos diversos serviços que a compõe. Não basta saber quais os
serviços, é preciso saber também quanto de cada um deve ser feito. Em outra
passagem, Mattos (2006) argumenta que: a etapa de levantamento de quantidades
(ou quantitativos) é uma das que mais se exigem do orçamentista, porque demanda
11
A administração pública é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços
públicos, sendo dividida em administração direta e indireta.

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leitura de projeto, cálculos de áreas e volumes, consulta a tabelas de engenharia e
tabulação de números.
Conforme Mattos (2006), para se fazer o levantamento de todo o material
que será usado em um determinado serviço ou obra, é imprescindível que o
orçamentista tenha em mãos os projetos executivos tais como: projeto hidráulico,
elétrico, arquitetônico, estrutural, dentre outros, uma vez que a ausência desses
projetos inviabiliza os dados do quantitativo real, para se chegar com precisão ao
custo desse empreendimento.
A memória de cálculo deve ser de fácil manipulação para o levantamento
das quantidades de cada material dentro de um processo, a fim de que as contas
possam ser conferidas por outra pessoa e que uma mudança de características ou
dimensões do projeto não acarrete um segundo levantamento completo. Em vista
disso, são normalmente usados padrões para formulários em cada empresa
(MATTOS, 2006).
Para se elaborar uma planilha de quantitativos com alto nível de precisão,
é fundamental as informações do projeto executivo, as especificações técnicas e os
memoriais descritivos e de cálculo, que hoje pode considerar itens básicos para
execução de qualquer processo licitatório (TISAKA, 2011).

2.4 Planilha Orçamentária

Sendo uma das ferramentas indispensáveis para se executar uma obra, a


planilha orçamentária tem o papel de preestabelecer o valor a ser investido no
projeto ou serviço. Segundo Sampaio (1989, p.17), “o orçamento é o cálculo dos
custos para executar uma obra ou um empreendimento, quanto mais detalhado,
mais se aproximará do custo real”.
Orçamento é um documento valioso em qualquer estudo preliminar ou de
viabilidade. Uma obra iniciada sem a definição do seu custo ou sem o seu
provisionamento adequado dos recursos necessários, pode resultar numa obra
inacabada. O orçamento, como parte integrante dos contratos é, portanto, o
documento por meio do qual o auditor acessa as mais variadas informações dos
projetos de arquitetura e de engenharia, podendo ainda efetuar diversas

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confrontações com os documentos e relatórios de prestação de contas (CARDOSO,
2009, p. 15).
Tisaka (2011) afirma que o orçamento, ao ser elaborado, deverá conter
todos os serviços a serem executados na obra, compreendendo o levantamento dos
quantitativos físicos do projeto, da composição dos custos unitários de cada serviço,
das leis sociais e dos encargos complementares apresentados em planilha.
Nesse contexto, cumpre ressaltar que o orçamento é considerado parte
integrante do projeto básico e, em virtude disso, é entendido como elemento
imprescindível em qualquer licitação, nos termos do que estabelece o artigo 6°da Lei
de licitações e contratos públicos n° 8.666/93 (BRASIL, 1993).
Da análise das definições descritas, nota-se que o orçamento é uma
ferramenta de importância para abordar os custos relacionados à realização de uma
obra, sendo necessário efetuar o levantamento de dados com exatidão para que ele
seja o mais real possível.
Desta forma, o presente estudo tem por objetivo uma análise de oito
projetos e planilhas de licitações públicas abordando os seus principais aspectos,
com embasamento na Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988), na Lei de
Licitações e Contratos N° 8.666/93 (BRASIL, 1993) apresentando uma comparação
entre os projetos executivos e suas planilhas de quantitativos contidos nesse
processo. Visa com isso a comparação entre o projeto executivo, a planilha de
quantitativos e a legislação vigente, de modo a expor as falhas comuns encontradas
e o modo em que estas afetam economicamente os cofres públicos. Coloca também
a necessidade de uma maior fiscalização pelo poder competente e ao mesmo tempo
mostrar uma realidade que está relacionada diretamente com o profissional de
engenharia civil (CARDOSO, 2009).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O método utilizado foi uma revisão bibliográfica e pesquisa documental,


cujo objetivo foi explicitar as divergências entre a planilha de quantitativos e o projeto
executivo, dentro do processo licitatório de obras públicas. Tendo como foco a
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identificação das diversas falhas desse processo. O estudo de pesquisa foi dedutivo,
uma vez que buscou-se de processos licitatórios já existentes nos quais foram
encontrados erros nos levantamentos de quantitativos em comparação com seus
respectivos projetos. Como base para análise, estabeleceu-se um estudo de caso
desses processos.
Foram selecionados oito processos licitatórios em que o foco foi analisar
os projetos executivos e suas planilhas de quantitativos, processos esses
executados na região Norte de Minas que apresentaram problemas em sua
execução. Esses foram buscados via internet em sites de prefeituras. Trabalhou-se
com aqueles que estavam disponíveis no período de fevereiro a maio de 2014 para
serem baixados para impressão e análise off-line.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Para cada edital licitado, encontraram-se diversos vícios nos termos de


referência e/ou nos projetos executivos oriundos de processos licitatórios da
Administração Pública Brasileira.
Utilizou-se como critério para identificar os erros encontrados, a
comparação entre o projeto executivo e a planilha de quantitativos, já que através
desta tornou-se possível perceber que nas obras analisadas houve alteração em
alguns de seus itens, quais sejam eles alvenaria, concreto, aço, formas de madeira,
instalação elétrica e hidráulica e escavação.
Assim, para melhor visualização foi produzida a tabela 1, a seguir, com o
comparativo dos erros nas obras.

TABELA 1 - COMPARATIVA DAS OITO OBRAS ANALISADAS

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Obras
Obra Obra Obra Obra Obra Obra Obra Obra
12 13 14 15 16 17 18 19
1 2 3 4 5 6 7 8

S Alvenaria de vedação X
E Concreto estrutural. X X X X X
R
V Aço CA 50/60. X X X X
I Formas de madeira. X X X
Ç
Inst. Elétrica. X
O
S Inst. Hidráulica. X X X
Escavação de terra. X X X X X
Fonte: Coletado dos editais de licitações analisados.

Observando a tabela acima, pode-se averiguar que a obra de número 1,


referente à Construção da 1ª Etapa da pista de bicicross no município de
Pirapora/MG, foi a que mais ocorreu divergências de quantitativos em relação ao
projeto executivo, tendo em vista que houve irregularidades em seus serviços, quais

12
Obra 1 - Construção da 1º Etapa da pista de bicicross – Site:<
http://www.pirapora.mg.gov.br/arquivos-licitacao/48 >.
13
Obra 2 - Prestação de serviços de construção da pista de skate no município de Pirapora –
Site: < http://www.pirapora.mg.gov.br/licitacoes >.
14
Obra 3 - Reforma do espaço físico da lavanderia atual para o novo Serviço de Nutrição e Dietética

SND, do Hospital Universitário Clemente de Faria da UNIMONTES.
Site: < http://ftp.unimontes.br/images/stories/arquivos/2013/07_-_Julho/Edita. 2013. pdf >.
15
Obra 4 - Contratação de empresa especializada na construção de quadra coberta com vestiário na
escola municipal Eunice carneiro, no bairro José Corrêa machado.
Site: <
http://www.montesclaros.mg.gov.br/central_compras/paginas/Tomada_de_preco/2012/tp%2020-
12/edital-tp-020-12. pdf >.
16
Obra 5 - Contratação de empresa especializada para realizar a urbanização do parque Guimarães
Rosa no município de montes claros.
Site: < http://www.montesclaros.mg.gov.br/central_compras/paginas/convite_eng.htm >.
17
Obra 6 - Contratação de empresa especializada no ramo de construção civil para execução da
reforma do posto de saúde Paulo Vieira Souto, no Bairro Pernambuco.
Site: < http://www.bocaiuva.mg.gov.br/index. php?option=com_docman&ltemid=83&limitstart=63 >.
18
Obra 7 - Contratação de empresa especializada no ramo de construção civil para construção de
UBS – Porte I no distrito de Engenheiro Dolabela, de acordo com a portaria Nº. 340/2013 do
Ministério da Saúde.
Site: < http://www.bocaiuva.mg.gov.br/index.php?option=com_docman&Itemid=83&limitstart=7 >.
19
Obra 8 - Contratação de empresa especializada no ramo de construção civil para construção de
academia da saúde (Bairro Tancredo Neves), de acordo com a portaria Nº. 1.401/2011 do Ministerio
da Saúde. Site: <
http://www.bocaiuva.mg.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_details&gid=20&Itemid >.

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sejam eles o concreto estrutural, formas de madeira, aço CA 50/60 e escavação de
terra.
Em contrapartida, a obra de número 2, que foi a Prestação de serviços de
construção da pista de skate no município de Pirapora/MG, teve irregularidades nos
serviços de alvenaria de vedação, aço CA 50/60 e escavação de terra.
Em relação à reforma do espaço físico da lavanderia atual para o novo
Serviço de Nutrição e Dietética – SND, do Hospital Universitário Clemente de Faria
da UNIMONTES, referente à obra de número 3, teve falhas nos serviços de
instalações elétricas e instalações hidráulicas.
Já a obra de número 4, que foi a Contratação de empresa especializada
na construção de quadra coberta com vestiário na Escola Municipal Eunice carneiro,
no município de Montes Claros, teve falhas nos serviços de concreto estrutural, aço
CA 50/60 e instalações hidráulicas.
Em seguida, ficou a obra de número 5, referente à Contratação de
empresa especializada para realizar a urbanização do parque Guimarães Rosa no
município de Montes Claros, que teve ocorrência de erros nos seguintes serviços:
instalações hidráulicas e escavação de terra.
Já a obra de número 6 – contratação de empresa especializada no ramo
de construção civil para execução da reforma do Posto de Saúde Paulo Vieira
Souto, localizada no bairro Pernambuco, no município de Bocaiuva –, ocorreu erros
nos serviços de alvenaria de vedação, aço CA 50/60 e escavação de terra.
A obra de número 7, referente à construção de UBS – Parte I, no distrito
de Engenheiro Dolabela, teve alterações nos seguintes itens: concreto estrutural e
formas de madeira.
Já os serviços de concreto estrutural, aço CA 50/60 e escavação de terra
apresentaram irregularidades no quantitativo da obra de número 8, referente à
construção de academia da saúde, no município de Bocaiuva.
Assim, a obra de número 1 foi tomada como eixo desse estudo, já que
em comparação com as outras 7 obras analisadas, foi a que ocorreu mais
divergências na comparação entre a planilha de quantitativos e o projeto executivo.
Vê-se que, quando esses erros ocorrem, eles influenciam no cronograma
da obra, e em gastos excessivos aos cofres públicos, antes não esperados.

4.1 Estudo de Caso


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Para ilustrar a discussão passou-se a análise refinada de um projeto aqui
apresentado como estudo de caso. Para tal foi escolhido o projeto de número 1 que
refere-se a construção da 1º Etapa da pista de bicicross no município de
Pirapora/MG.
Na Tabela 2, em anexo, há uma planilha de quantitativos representada
em condições originais e refere-se ao projeto executivo do processo licitatório. Em
estudo, constataram-se falhas causadoras de ônus à administração pública. Já na
tabela 3, em anexo, apresentou-se a mesma planilha com as devidas revisões
retificando as falhas iniciais. Observou-se os itens enumerados nos tópicos 1.1.3,
1.6.2, 1.6.3, 1.6.5, 1.7.5, 1.7.6, 1.7.7, 1.7.11, 1.7.12, 1.7.13, que tiveram os seus
quantitativos alterados e verificaram-se consequentemente os seguintes erros.
No item 1.1.3, aterro compactado/modelação dos obstáculos, foi
verificado inicialmente um quantitativo de 1535,71 m³ de terra, com a revisão deste
item houve uma alteração de 948,29 m³ de terra o que leva ao incremento de
aproximadamente 62% a mais da quantidade inicial calculada, chegando então ao
valor de 2.520 m³ usados na obra em questão.
Em seguida, ao analisar os itens 1.6.2; 1.7.6; 1.7.11, que anteriormente
apresentavam quantidade somada de 677,44 m³, referentes a formas de madeira,
houve um acréscimo total após a revisão de 208,04 m² de formas, alcançando um
incremento de aproximadamente 31%, finalizando uma quantidade total de 885,48
m² de formas.
Após esse item verificou-se o serviço de aço Ca 50/60 que inicialmente
somados os itens 1.6.3; 1.7.7; 1.7.12 tinham a quantidade total de 3.648,41 kg de
aço, após revisão foi acrescido à quantidade de 4.099,52 kg de aço, incrementando
uma porcentagem de 112,36%, portanto foi usada a quantidade total de 7.747,93 kg
de aço.
Por último, analisou-se o serviço de concreto estrutural fck = 20 MPa que
inicialmente somava-se os itens 1.6.5; 1.7.5; 1.7.13 na quantidade total de 63,9 m³,
porém após análise e revisão foi acrescidos 46,78 m³ de concreto, o que leva a um
incremento de 73%, ficando então a quantidade total de 110,68 m³.

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Originalmente, o contrato apresentava o valor orçado em R$539.965,46.
Após a revisão, através de uma análise sucinta de todo o projeto executivo,
evidenciam-se o valor aditivado de R$116.269, 30, o que remete a um incremento
de aproximadamente 22% além do que foi contratado inicialmente. Em decorrência
disso, observa-se que houve uma alteração contratual que elevou o preço final do
contrato para R$ 656.234,76, o que permite concluir as falhas juntamente com o
ônus.
Percebe-se, portanto, que há claras divergências no resultado dos
quantitativos, ao se ter em vista o que fora estabelecido pelo contrato inicial licitado.
Em relação, inclusive, aos outros itens citados, que também tiveram seus
quantitativos alterados, em razão de não suprir a necessidade da obra em questão,
voltando para um elevado aumento do valor global previsto em contrato.
Algumas hipóteses foram levantadas a respeito dos problemas
encontrados no estudo desse artigo. O que leva a se perguntar: por que ocorrem
tantos erros na elaboração do edital de licitação? Em especial, pode-se destacar a
parte técnica, uma vez que foi o foco do estudo de caso desse artigo.
Pode citar também, como uma das possíveis hipóteses, a desonestidade
dos profissionais que trabalham nos setores de licitação pública, hipótese essa que
pode ser comprovada através de mídias como jornais e revistas eletrônicas, que
denunciam essas fraudes em que esses profissionais negociam propinas com
empresas de Engenharia Civil para que façam vistas grossas sobre as
irregularidades contidas tanto na contratação inicial quanto no decorrer do contrato
de uma obra ou serviço de Engenharia Civil. Isso faz com que, após o início da obra,
essas empresas façam o levantamento desses quantitativos, algumas vezes até
maior que o real executado, para aumentar o valor global do contrato inicial.
Um exemplo de fraudulência foi à deflagração da operação feita pela
polícia federal no Norte de Minas que ficou conhecida como Sertão Veredas, onde
uma quadrilha, formada por empresários da construção civil em conjunto com
servidores públicos e agentes políticos atuantes na região, fraudava processos
licitatórios, direcionando as contratações para empresas integrantes da organização
criminosa (G1, 2013).
Outra hipótese que pode ser levantada para a não correta elaboração do
edital de licitação pode estar relacionada com a falta de qualificação do profissional
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de engenharia. Isso porque, se esse profissional que elabora a parte técnica do
edital de licitação não tiver uma qualificação suficiente para elaborar um projeto bem
detalhado assim como o levantamento da planilha de quantitativos, ele pode acabar
favorecendo os erros, e consequentemente acarretar futuras contratações de
aditivos para a administração pública.
Por fim, pode-se levantar também, a hipótese da má ou até mesmo falta
de fiscalização na elaboração e finalização de todo o edital público antes da
licitação, o que favorece e muito o aumento de irregularidades e consequentemente
o gasto maior do dinheiro público.
Segue abaixo a tabela 4 comparativa, onde foi calculado somente o custo
total dos itens que apresentaram irregularidades no contrato inicial, em paralelo com
o quantitativo acrescido de cada um desses itens e o valor total do acréscimo
respectivamente dos mesmos, juntamente com o incremento percentual de cada
item, deixando explícito que essas irregularidades existem e que afetam diretamente
os cofres públicos.

TABELA 4

Fonte: Coletada dos editais de licitação analisados – adaptada.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se com essa pesquisa, que existem alguns editais com vícios
comuns que estão ligados diretamente com o quantitativo de obra.
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Consequentemente, acarretando custo diferente do valor contratado incialmente.
Nesse sentido a pesquisa alcançou seu objetivo principal de publicitar tal
problemática.
Com a comparação entre os editais, observaram-se as divergências nos
itens de alvenaria de vedação, concreto estrutural, aço CA 50/60, formas de
madeira, instalações elétricas e hidráulicas e escavação de terra, sendo os erros
presentes nas planilhas e nos projetos analisados, em que se demonstrou o quanto
é prejudicial esses erros quando ocorrem processos de licitação.
Não obstante ter encontrado erros em todos os editais analisados, foi no
de número 1, que se refere à construção da 1º Etapa da pista de bicicross no
município de Pirapora/MG, que se verificou uma maior incidência desses erros, o
que levou a utilizar o referido edital como objeto de estudo desse artigo. Ademais,
através de uma análise minuciosa dele, percebeu-se que as possíveis causas das
divergências apontadas entre o seu projeto executivo e a planilha de quantitativos se
devem a carência de profissionais qualificados, da má ou até mesmo da falta de
fiscalização na elaboração e finalização de todo o edital público antes da licitação.
Vale ressaltar, portanto, que esta comparação é de extrema importância,
pois através dela conseguiu-se identificar vícios existentes em editais que precisam
ser solucionados, para se evitar prejuízos posteriores. Fica então o ensejo para a
progressão da investigação em trabalhos futuros.

6 REFERÊNCIAS

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documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação.
Rio de Janeiro, 2003a. 5p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e


documentação: elaboração: referências. Rio de Janeiro, 2002a. 24p.

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engenharia de custos. São Paulo: PINI, 2009.

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Edição Especial Revista Pensar Direito, v.7, n. 1, Jul./2015


CONTINUAÇÃO

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CONTINUAÇÃO

CONTINUA

Fonte: Coletado do edital da obra 1 – Pista de Bicicross, Pirapora/MG

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ANEXO B – TABELA 2

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ANEXO B – TABELA 2
Fonte: Coletado do edital da obra 1 – Pista de Bicicross, Pirapora/MG - Adaptada.

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