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Mas se os filhos são dos esposos - germanos - deixa de vigorar aquela restrição que só
tem sentido se cada um dos esposados tiver os seus próprios filhos unilaterais, consanguíneos
ou uterinos - PGR, no D.R. II, de 18.4.95, pág. 4207.
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nubentes possam fazer doações entre si em vista do futuro casamento - 1720º, nº
2 - são proibidas as doações entre casados - 1762º.
Embora os esposos não possam, na convenção antenupcial, regulamentar a
sucessão hereditária dos cônjuges ou de terceiro - 1699º, 1, a) - são válidos os
pactos sucessórios, com o regime fixado nos art. 1700º e ss.
A convenção antenupcial tem requisitos de fundo - capacidade (1708º, nº
1) e consentimento - 1708º, nº 2 - e de forma - escritura pública ou auto -
1710º- lavrado pelo Conservador no processo de publicações - 189º do CRC -
desde que apenas seja estipulado um dos regimes tipo de bens previsto na lei.
Só é eficaz em relação a terceiros após o registo (1711º do CC e 191º, do
CRC), no registo civil e predial se respeitar a bens sujeitos a registo predial - nº 3
do art. 1711º.
O registo não é condição de eficácia em relação aos cônjuges, seus
herdeiros e mais outorgantes na escritura que não são considerados terceiros -
nº 2 do 1711º.
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«As sociedades por quotas que, depois da entrada em vigor do Código Civil de 1966 e
mesmo depois das alterações nele introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 496/77, de 25 de No-
vembro, e antes da vigência do Código das Sociedades Comerciais, aprovado pelo Decreto-Lei
nº 262/86, de 2 de Setembro, ficaram reduzidas a dois únicos sócios, marido e mulher, não
separados judicialmente de pessoas e bens, não são, em consequência dessa redução, nulas».
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Depois de algumas hesitações e decisões divergentes, o STJ decidiu - Ac. de 23 de
Março de 1999, na Col. STJ 99-II-30, que é válido o contrato promessa de partilha dos
bens comuns celebrados pelos cônjuges na pendência de acção de divórcio por mútuo
consentimento e subordinado à condição suspensiva do decretamento do divórcio.
Com este contrato promessa não se altera a natureza dos bens e apenas se combina o
modo de preencher os direitos que ambos têm a metade do valor dos bens comuns e o modo
como esta repartição é projectada deve ficar apenas submetido aos mecanismos gerais de
defesa de um contraente contra o outro - G. Oliveira, RLJ 129-274 e ss.
Igualmente se decidiu ser tal contrato-promessa válido, susceptível de execução
específica e gerador da obrigação de prestar contas por Ac. do STJ, na Col. (STJ) 01-I-161.
Sobre a natureza jurídica da comunhão conjugal não vale a pena perder tempo com
as mais variadas teorias que a procuram explicar.
Parece serem mais conformes com a realidade jurídica as chamadas teorias da proprie-
dade colectiva, de comunhão de tipo germânico ou de mão comum.
Os traços mais salientes desta comunhão são que os titulares não têm qualquer direito à
divisão, não existe a actio communis dividendi, por haver um só direito de propriedade, a
todos ele pertencendo em bloco e só em bloco, à colectividade por todos formada; e que,
portanto, não existem quotas ideais de que cada titular possa gozar e dispor. A divisão só pode
ser pedida quando cessar a causa determinante da constituição do património comum.
De forma que os cônjuges não podem pedir a divisão na constância do seu matrimónio,
pois que a comunhão entre eles é indissolúvel e indivisível por natureza; e só ambos eles,
conjunta e unitariamente, podem gozar e dispor do património colectivo.
Esta teoria da comunhão de mão comum tem contra si, no nosso direito, o que atrás
referimos, já que também ela conduz à ideia de um património autónomo, dotado de vida
própria e afectado a um fim especial.
Diferente, porém, da comunhão personificada, a comunhão de mãos reunidas, dotada
embora de uma certa individualidade, é uma comunhão actuante e não personificada.
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bens próprios de qualquer dos cônjuges respondem, ainda que subsidiariamente, por dívidas
comuns - 1695º, nº 1.
Por isso têm alguma razão os Autores que afirmam tratar-se de uma comunhão
especial do direito da família, distinta de toda e qualquer outra...
COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS
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Visa-se aqui a dissolução do casamento e consequente partilha, pois antes disso os
cônjuges são simultaneamente titulares de um único direito sobre todos e cada um dos bens
que integram o património comum1.
- Não se trata das vantagens resultantes do regime de bens adoptado, matéria de que se
ocupa o artigo anterior.
Vejamos então como interpretar o termo benefícios usado pelo preceito em anotação.
O cônjuge declarado único ou principal culpado do divórcio perde de pleno direito
todas as doações ou outras vantagens que tenha recebido do outro cônjuge ou de terceiro, em
vista do casamento ou em atenção a este.
O preceito tem grande interesse prático relativamente às doações entre esposados que
são normalmente irrevogáveis (artigo 1758º) ao contrário do que acontece com as doações
1
- A. Varela, D.to da Família, 462.
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entre casados (artigo 1765º); o cônjuge que no contrato de casamento tenha feito uma doação
ao seu cônjuge poderá, portanto, reaver os bens doados se no divórcio vier a ser declarado que
este foi o único ou o principal culpado pelo fracasso do casamento.
São excluídos do âmbito deste preceito os presentes habituais entre parentes e amigos.
Os legados também são compreendidos como as doações entre os benefícios que o
cônjuge culpado perde (...).»
«(...) a sanção legal abrange somente as liberalidades quer inter vivos quer mortis causa
provenientes do cônjuge inocente ou do cônjuge menos culpado ou de terceiro mas não os
benefícios ou vantagens resultantes da lei ou do regime convencionado até porque rela-
tivamente a este existe hoje desde a entrada em vigor do Código de 1966 a disposição do
artigo 1790." (...)»
III - Bens próprios
Também se considerou bem próprio um andar sorteado por compras efectuadas pela
mulher, com dinheiro dado pela mãe dela, estando os cônjuges casados em comunhão de
adquiridos mas separados de facto, sem contribuição do marido para as despesas da mulher -
RLJ 133-348.
Além dos enumerados, outros bens podem considerar-se adquiridos por virtude de
direito próprio anterior, como os obtidos através de contrato aleatório realizado antes do casa-
mento (prémio da lotaria ou do totobola, quando o bilhete tenha sido comprado ou o
boletim entregue antes do casamento, mas o sorteio seja de data posterior) ou mediante
contrato condicional, anterior ao matrimónio, mas em que a condição se tenha verificado
depois dele.
A aquisição dos bens próprios, nas circunstâncias que acabam de ser
expostas, pode envolver a obrigação, para o cônjuge adquirente, de compensar o
património comum.
Assim sucederá, por exemplo, quando alguma das prestações da coisa
comprada com reserva de propriedade tiver sido paga com dinheiro comum, ou
quando o direito de preferência tiver sido exercido com dinheiro comum.
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- Ac. da Relação do Porto, de 1 de Julho de 1982, na Col. Jur. 1982-IV-198.
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É às situações deste tipo que o nº 2 do artigo 1722º pretende referir-se,
quando expressis verbis alude à «compensação eventualmente devida ao patri-
mónio comum».
Mas esta al. c) do art. 1723º pressupõe que estejam em jogo, também ou
apenas, interesses de terceiros.
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f) - São ainda considerados como bens próprios, quer a parte atribuída a
um dos cônjuges, em virtude da divisão da coisa de que ele seja proprietário, fora
da comunhão, quer a parte que ele adquira, nas mesmas condições, para além da
sua quota - 1727º.
Assim, se A, casado com B, for comproprietário com C, D e E de certo imóvel,
constituindo o respectivo direito parte integrante do seu património próprio, como bens
próprios se hão-de considerar, quer a parte especificada do imóvel que lhe couber na divisão
da coisa (comum), quer a quota que, para além da inicial, ele venha a adquirir, depois do
casamento, no imóvel indiviso.
Neste último caso, porém, se a aquisição for efectuada à custa de bens comuns, será
devida ao património comum a correspondente compensação (art. 1727.º, in fine).
As reservas livres produzidas pela sociedade não devem ser consideradas como frutos
civis.
No regime de comunhão de adquiridos tais reservas livres constituem bens próprios do
cônjuge, pelo que uma quota, bem próprio, acrescentada com reservas livres, continua bem
próprio no seu novo valor - R.ão de Lisboa, Col. 1997-IV-114.
I - A questão de saber se, (por virtude de obras efectuadas por ambos os cônjuges, na
pendência do casamento, em regime de comunhão de adquiridos, em prédio doado à mulher),
tal prédio passa, ou não, a ter a natureza de bem comum do casal, depende de as mesmas se
terem traduzido em benfeitorias ou em se terem reconduzido a acessão industrial imobiliária.
II - Realizando-se as tais obras em prédio urbano da mulher, não houve a inovação em
solo ou terreno alheio, que a acessão pressupõe, mas tão só a valorização de prédio já existen-
te, por ambos os cônjuges, em razão do vínculo de casamento, o que retira a virtualidade para
transferir (por acessão) o imóvel de bem próprio para bem comum do casal.
III - Trata-se, apenas, de benfeitorias realizadas, na pendência do casamento, sem
prejuízo da compensação devida ao património comum do valor delas - R.ão do Porto, Col.
95-II-184.
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COMUNHÃO GERAL - 1732º a 1734º
Além dos casamentos celebrados até 31 de Maio de 1967, véspera da entrada em vigor
do CC, este regime de comunhão geral só vigora se expressamente convencionado e são-lhe
subsidiariamente aplicáveis (1734º) as normas do regime regra que é o da comunhão de
adquiridos.
Neste regime matrimonial de bens o património comum é constituído por
todos os bens presentes e futuros dos cônjuges que não sejam exceptuados por
lei - 1732º.
Exceptuados imperativamente por lei e, como tal, bens próprios de que
os esposos não podem estabelecer a comunicabilidade (1699º, nº 1, d), são os
indicados taxativamente nas várias alíneas do art. 1733º.
Pode haver, além dos bens próprios de cada um, bens em compro-
priedade - 1736º - mas a quota de cada um dos cônjuges em relação a esses bens
integra o seu património próprio, podendo deles pedir a divisão como qualquer
comproprietário. Estes bens são comuns em compropriedade, não em comu-
nhão conjugal.
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móveis presumem-se em compropriedade de ambos os cônjuges, em caso de
dúvida sobre a propriedade exclusiva de qualquer deles.
O proveito comum do casal não é mera questão de facto e, sim, antes, uma questão
mista ou complexa: de facto enquanto se trata de apurar o destino dado ao dinheiro que o
cônjuge administrador porventura haja recebido e de direito quando se procura determinar,
em face do destino apurado, se a dívida foi ou não contraída em benefício do casal.
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Assim, a mera alegação de que o empréstimo invocado reverteu em proveito comum
do casal deverá extrair-se dos factos materiais que a suportam, não constituindo em si mesma
a alegação dum facto material - Col. 99-III-133.
Antes da Reforma de 1977, a redacção desta alínea d) não permitia a prova de que a
dívida, apesar de contraída no exercício do comércio, não o foi em proveito comum do casal.
Com a actual redacção, o cônjuge pode provar que a dívida, ainda que contraída no
exercício do comércio, não o foi em proveito comum do casal.
De resto, nos termos do nº 3 deste art. 1691º, o proveito comum do casal não se
presume, excepto nos casos em que a lei o declarar.
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- BMJ 301-437, citado por A Varela, ib., nota 1 a fs. 403.
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Assim, o cônjuge não comerciante, se se quiser furtar à comunicabilidade da dívida
comercial do cônjuge comerciante, poderá ter que combater essas duas presunções: Provando,
primeiro, que a dívida do cônjuge comerciante não foi contraída no exercício do seu comércio.
Se o conseguir, então caberá ao credor provar o proveito comum do casal, para comunicar a
dívida ao património conjugal comum. Se o não conseguir, então, o cônjuge não comerciante
poderá ainda provar que, embora contraída no exercício do comércio do cônjuge comerciante,
ela não foi contraída em proveito comum do casal.
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- Parece-nos claro que, suprimida a moratória que se previa na anterior versão do art. l696º, nº l , do Código
Civil. este texto da lei comercial (art. 10º) perde a sua razão de ser, deixa de fazer sentido, fica sem qualquer
campo possível de aplicação; em suma, desaparece do ordenamento jurídico, por força da mencionada revogação
tácita - 7º, nº 2, do CC - Col. 98-II-19.
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VI - Dívidas contraídas antes do casamento, por um dos cônjuges, em
proveito comum do casal, no regime da comunhão geral - 1691º, nº 2.
Se neste regime se comunicam os bens, justo é que se comuniquem tam-
bém as dívidas contraídas em proveito comum.
Já nos restantes regimes, porque não há comunicação de bens, também não
deve haver comunicação de dívidas.
Estão neste segundo caso as dívidas por imposto de sucessões e doações, de contri-
buição autárquica que, onerando bens próprios, se referem a rendimentos que, como visto, são
comuns - 1728º, nº 1 e 1733º, nº 2.
O Dr. Augusto Lopes Cardoso, escrevendo na revista dos Tribunais, ano 86º, pág. 105,
diz o seguinte:
"A respeito de dividas provenientes deste tipo de responsabilidade, exclusivamente
civil, já pode fazer-se a prova de que houve proveito comum para o casal, de molde a fazer
responder o outro cônjuge."
"Não existirá esse proveito no caso de acidente de viação, com culpa objectiva, como é
manifesto, e, portanto, por indemnização assim fixada não responde o outro cônjuge; o mesmo
se diga da culpa "proprio jure dicta".
E em nota acrescenta: isto resulta não só dos princípios do proveito comum, mas
também do disposto no art. 56º, 11, do Cód. da Est., donde flui que, sendo a responsabilidade
exclusiva do cônjuge, a dívida assim criada permite execução com separação de meações.
A dívida resultante do acidente de viação em causa neste processo, (indemnização pedida
pela entidade patronal ao seu empregado pelos danos sofridos em consequência de acidente de
exclusiva responsabilidade deste) implicando responsabilidade meramente civil, não está
abrangida pelos nº 1 e suas alíneas ou 2 do art. 1691º, do Cód. Civil.
Ac. de 6.7.93, Col. STJ 93-I-189
3 - Dívidas que onerem bens próprios (art. 1692º, c)), salvo se por causa
de percepção de rendimentos - 1694º, nº 2, in fine.
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Vigorando entre os cônjuges o regime da separação de bens, já não é
solidária (1695º, nº 2) a responsabilidade dos bens próprios de cada cônjuge, a
menos que voluntariamente se tenham obrigado como devedores solidários
perante o credor: na falta de estipulação em contrário, cada um dos cônjuges
responde apenas, com os seus bens próprios, pela parte da dívida que lhe
compete ou pela parte que lhe caiba no pagamento do remanescente, após o
sacrifício dos bens de que ambos sejam contitulares.
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2 - Qualquer dos cônjuges pode requerer, dentro de 15 dias, a separação de bens, ou
juntar certidão comprovativa da pendência de acção em que a separação já tenha sido
requerida, sob pena de a execução prosseguir nos bens penhorados.
3 - Apensado o requerimento em que se pede a separação ou junta a certidão, a
execução fica suspensa até à partilha; se, por esta, os bens penhorados não couberem ao
executado, podem ser nomeados outros que lhe tenham cabido, contando-se o prazo para a
nova nomeação a partir do trânsito da sentença homologatória.
o cônjuge que tenha a posição de terceiro pode, sem autorização do outro, defender
por meio de embargos os direitos relativamente aos bens próprios e aos bens
comuns que hajam sido indevidamente atingidos pela diligência prevista no
artigo anterior.
a) - quando tenha sido requerida a sua citação, nos termos do art. 825º, nº
1 e o executado não tenha bens próprios;
b) - quando a penhora incida sobre bens levados para o casal pelo
executado ou por ele posteriormente adquiridos a título gratuito e sobre os
rendimentos de uns e outros desses bens, ou sobre bens sub-rogados no
lugar deles, ou ainda sobre o produto do trabalho e os direitos de autor do
executado, dado que estes bens, ainda que comuns, respondem ao mesmo
tempo que os bens próprios (art. 1696-2 CC).
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Não se esqueça que se só um dos cônjuges consta do título executivo
como devedor só esse cônjuge pode ser executado, não podendo executar-se o
cônjuge obrigado no título com base nessa obrigação cartular e o outro com base,
p.e., no proveito comum ou na relação subjacente - 55º, nº 1, do CPC.
Nos termos da norma geral do 55º do CPC, a execução só pode ser intentada contra o
cônjuge subscritor, e só pode pretender-se a penhora dos seus bens próprios. Porém, uma vez
que, segundo a lei civil, os bens próprios do cônjuge executado só respondem subsidia-
riamente, na falta ou insuficiência dos bens comuns, o executado pode opor-se à penhora,
“suscitando questões (...) que obstem (à) imediata penhora de bens que só subsidiariamente
respondam pela dívida exequenda” (art. 863º-A CPC). Para evitar esta oposição, parece que o
credor terá de prescindir do título executivo que já tem e deverá intentar uma acção conde-
natória em que intervenham os dois cônjuges.
Nos termos do novo art. 352º CPC, “o cônjuge que tenha a posição de terceiro pode,
sem autorização do outro, defender por meio de embargos os direitos relativamente aos bens
próprios e aos bens comuns que hajam sido indevidamente atingidos pela diligência prevista
no artigo anterior” - P. Coelho, 420
O art. 1037º, nº 2, 2ª parte, CPC/6l estipulava que "o próprio condenado ou obrigado
pode deduzir embargos de terceiro quanto aos bens que, pelo título da sua aquisição ou pela
qualidade em que os possuir, não devam ser atingidos pela diligência ordenada". Isso
justificava que, por exemplo, o herdeiro executado por uma dívida da herança pudesse
embargar de terceiro, se na execução fossem penhorados bens que não pertencessem à herança
(artº 827º, nº 3, CPC/61).
Na nova versão do Código de Processo Civil a qualidade de terceiro é aferida
exclusivamente pela sua posição processual: só é terceiro aquele que não for parte na
causa em que é ordenada a diligência contra a qual se pretende reagir - (cfr. artº 351º, nº
1). Esta solução também justifica o novo meio de oposição à penhora previsto nos art .
863º-A, al. c), e 864º-B.
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Cabem naquela primeira hipótese os casos em que, numa execução
movida contra um só dos cônjuges, são penhorados bens próprios do cônjuge
não executado ou são penhorados bens comuns sem que o exequente peça a
sua citação para requerer a separação de bens (art. 825º, nº 1): em qualquer
destas situações, o cônjuge do executado, que é terceiro relativamente à
execução, pode embargar para defender, no primeiro caso, os seus bens
próprios e, no segundo, os bens comuns.
Uma das alterações importantes trazidas pela reforma da legislação processual civil foi
a nova redacção dada pelo art. 4º, nº 1, do Dec-lei nº 329-A/95 ao art. 1696º, nº 1, CC, da qual
resultou a supressão da moratória forçada de que beneficiava o cônjuge do executado.
Segundo a versão agora revogada do art. 1696º, nº 1, CC, pelas dívidas da responsa-
bilidade do cônjuge executado respondiam os seus bens próprios e, subsidiariamente, a sua
meação nos bens comuns, mas, neste caso, o cumprimento só era exigível depois de dissol-
vido, declarado nulo ou anulado o casamento ou depois de decretada a separação judicial
de pessoas e bens ou a simples separação judicial de bens entre os cônjuges.
Com a revogação da moratória forçada pretendeu-se, sem dúvida, aumentar as hipó-
teses de o exequente obter a satisfação efectiva do seu crédito sobre o cônjuge, embora
sacrificando, em alguma medida, os interesses da família.
Embora a lei não o estabeleça, há que considerar tacitamente revogado o art. 10º
C. Com, que dispensava a moratória quando fosse exigido de qualquer dos cônjuges o
cumprimento de uma obrigação emergente de um acto de comércio.
Com a supressão da moratória na nova versão do art. 1696º, nº 1, CC, pode dizer-
-se que se generalizou o regime que era específico das dívidas comerciais.
Na nova redacção do art. 1696º, nº 1, CC, foi suprimida a moratória, mas continua a
estabelecer-se que, pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges, respon-
dem os bens próprios desse cônjuge e, subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns,
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pelo que o exequente não está inibido de, na falta de bens próprios do cônjuge executado,
nomear à penhora bens comuns dos cônjuges. Só que, nesse caso, incumbe-lhe o ónus de,
conjuntamente com essa nomeação, pedir a citação do cônjuge do executado, para que este
requeira a separação de bens (art. 825º, nº 1).
Qualquer dos cônjuges deve requerer, dentro de 15 dias, a separação de bens ou juntar
certidão comprovativa da pendência de acção em que a separação já tenha sido requerida, sob
pena de a execução prosseguir nos bens penhorados (art. 825º, nº 2).
Apensado o requerimento ou junta a certidão, a execução fica suspensa até à partilha;
se, por esta, os bens penhorados não couberem ao executado, podem ser nomeados outros que
lhe tenham cabido (art. 825º, nº 3)6.
Já se decidiu que
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T. de Sousa, Estudos...,188 e 621.
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Porto, Dezembro de 2.001
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