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INTRODUÇÃO

Os termos bíblico e teologia evocam uma gama de conotações e associações.


O que, então, dizer da combinação Teologia Bíblica? Não é tautológico o uso em
conjunto? Não é auto-evidente que os adjetivos bíblico e teológico são praticamen­
te sinônimos e que, em todo caso, a teologia é inconcebível sem a Bíblia?
Estas e outras perguntas semelhantes têm surgido desde os tempos do An­
tigo Testamento e ao longo do curso da história da Igreja e exigido novas respos­
tas a cada geração. Hoje, na primeira década do século XXI, mais do que nunca,
isto é verdadeiro, pois as disciplinas gêmeas da teologia e erudição bíblica estão
em tremenda desordem e raramente a Igreja tem estado menos segura sobre as
suas inter-relações.1
A s D is t in ç õ e s d a T e o l o g ia S is t e m á t ic a

A interpretação tradicional da Teologia Bíblica manifesta-se em uma de


duas formas: (1) é o corpo da verdade contida na Bíblia, quer esteja ou não
sistematizada em algum ponto; ou (2) é a verdade que se origina na Bíblia,
mas que se expressa em categorias lógicas e filosóficas.2 A última forma, mais
corretamente definida por Teologia Sistemática, é essencialmente de método e
elaboração dedutivas, ao passo que a primeira forma, Teologia Bíblica no senti­
1James Barr, “The Theological Case against Biblical Theology”, in: Canon, Theology, and Old
Testament Interpretation, Gene M . Tucker, David L. Petersen e Robert R. Wilson, ed. (Filadélfia:
Fortress, 1988), pp. 3-19.
2 Gerhard Ebeling, “The M eaning of ‘Biblical Theology”’, in: Journal o f Theological Studies 6
(1955): p. 210.
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do restrito e técnico, é indutiva. Em outras palavras, a Teologia Bíblica procura


encontrar suas categorias e focos teológicos na própria Bíblia e não a partir de
padrões racionais ou clássicos derivados de fora e impostos na Bíblia.
Outra diferença entre Teologia Bíblica e Teologia Sistemática está nos ter­
mos do desenvolvimento e dinamismo, de um lado, e conclusão e estatismo, de
outro. Falando teologicamente, uma é de perspectiva diacrônica e a outra, sin-
crônica.3A Teologia Sistemática interessa-se em ver e articular a verdade bíblica
em termos do testemunho canônico completo, sem preocupação particular pelo
processo desenvolvente em ação para criar a forma final. É a mais sintética das
disciplinas e objetiva um resultado unificado. A Teologia Bíblica interessa-se
em discernir, localizar e descrever o progresso da revelação divina ao longo do
Canon desde as primeiras até às mais recentes expressões. Precede, logicamente,
a sistemática e é a ponte entre a exegese e a sistemática.
Estas duas abordagens à teologia, se compreendidas e definidas correta­
mente, de modo nenhum são mutuamente exclusivas. Uma Teologia Sistemá­
tica genuinamente cristã encontrará sua doutrina somente na Bíblia e interes-
sar-se-á em limitar as categorias organizacionais às inerentes na Bíblia. Não
obstante, ainda emprega um método essencialmente sintético para avaliar a
matéria-prima teológica com que trabalha. Por exemplo, a Soteriologia, sen­
sível como é às diferenças entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento,
perscrutará a Bíblia do começo ao fim em busca de dados que, juntos, com­
põem as doutrinas da salvação. Por outro lado, a Teologia Bíblica Cristã traçará
a história da salvação, um passo de cada vez, ao longo da Bíblia, permitindo
que a história tome qualquer forma apropriada em qualquer determinada fase
da revelação, reconhecendo como a doutrina desenvolveu-se à medida que a
revelação progredia. Então, e só então, a Teologia Bíblica procurará organizar e
sintetizar os resultados da investigação.
No esforço de distinguir entre Teologia Bíblica e Teologia Sistemática, é
enganador contrapor uma contra a outra, como se ambas estivessem em conflito
mútuo ou uma fosse superior à outra. São dois modos de ver e expressar o mes­
mo corpo de revelação. Muito dano tem sido causado pela inabilidade em per­
ceber as suas respectivas naturezas, prioridades e relações. Os que praticam só a
Teologia Bíblica, às vezes, não entendem a integração apropriada dos campos da
verdade que eles descobrem na indagação longitudinal. Vêem o desenvolvimen­
to da revelação divina, mas não conseguem entender a plenitude para a qual o
processo avança. Terminam muitas vezes com campos paralelos da verdade que
jamais são sistematizados em um padrão coerente. Os teólogos sistemáticos, às
vezes, são culpados de trazer estruturas epistemológicas à revelação bíblica que
são alienígenas ou estranhas a essa revelação. Forçam o material em conformi­
3Gerhard Hasel, Old Testament Theology: Basic Issues in the Current Debate, 3 ed. (Grand Rapids:
Eerdmans, 1982), pp. 42-43, 69-70. [Edição brasileira: Teologia do Antigo Testamento: Questões
Fundamentais no Debate Atual (Rio de Janeiro: JUERP, 1992).]
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dade com a grade filosófica própria, sem considerar a possibilidade de que a


verdade de Deus é intratável e tem de produzir as suas próprias categorias.4
Bons teólogos, de ambas as abordagens, reconhecerão a obrigação que de­
vem uns aos outros. Os intérpretes sistemáticos entendem que o material com o
qual trabalham deve ser extraído pelos exegetas e teólogos bíblicos, e os teólogos
bíblicos sabem que o trabalho não está completo se eles meramente localizarem
e delinearem os principais temas teológicos de determinadas porções da Bíblia.
Esses temas devem ser integrados e entretecidos de tal modo a produzir um
arranjo auto-consistente, harmonioso e equilibrado da revelação divina. Esta
tarefa, admitem eles, é do teólogo sistemático.
Lógica e metodologicamente, tem de haver um empreendimento coope­
rativo em fazer teologia que honre a Deus. Os teólogos bíblicos têm de abrir
caminho através de testes bíblicos, descobrindo indutiva e progressivamente a
verdade teológica. Nesse processo, podem ou não discernir padrões e paradig­
mas importantes, mas têm de fazer o esforço de extrair princípios que forneçam
os dados concretos para a síntese. Quer dizer, eles tem de ser diacrônicos e
sensíveis à revelação gradual, mas progressiva da disposição de Deus em revelar
informações sobre si mesmo. Os teólogos sistemáticos têm de fornecer o ponto
crucial do empreendimento teológico. Idealmente, recusam ler no determinado
texto o que não está ali, extraem os princípios pelos quais os teólogos bíblicos
trabalham (que não seja o seu produto) e negam-se a confeccionar uma cami-
sa-de-força filosófica na qual os dados indutivamente derivados tenham de ser
comprimidos.
S u a A p l ic a ç ã o n e st e s V o l u m e s

As contribuições literárias para estes volumes5 são, deliberada e autocons-


cientemente, limitadas à Teologia Bíblica no sentido no qual acabamos de des­
crever. São o esforço de inspecionar a Bíblia como um todo a partir de uma
posição analítica e indutiva para extrair dela esses temas e interesses que lhe
são inerentes e que ocorrem periodicamente com tal regularidade e em tais pa­
drões evidentes a ponto de gerar a própria rubrica teológica. Não há a pretensão
de fazer uma sistematização completamente integrada e inclusiva da doutrina
bíblica. Esta é a tarefa dos teólogos sistemáticos que, esperamos, usarão estes
e outros estudos semelhantes no empreendimento do seu trabalho. Nem há
uniformidade total de ponto de vista dentro desses capítulos, pois cada estu­

4 Para inteirar-se de uma análise antiga, mas ainda importante, sobre este assunto da relação
entre a Teologia Bíblica e a Teologia Sistemática, veja Altdorf Address de Johann Gabler, in:
J. Sandys-Wunsch e L. Eldredge, “J. P. Gabler and the Distinction between Biblical and Dog-
matic Theology: Translation, Commentary, and Discussion of His Originality”, in: Scottish
Journal of Theology 33 (1980): pp. 133-158.
5O segundo, de dois volumes desta série, é Teologia do Novo Testamento, editado pela CPAD.
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dioso da Bíblia chega ao texto bíblico com certas inclinações e normalmente as


interpreta dentro e fora do texto. Os melhores esforços na objetividade dificil­
mente são bem-sucedidos. A Bíblia em si não é uniforme na apresentação da
revelação de Deus. Quer dizer, pela própria natureza da revelação progressiva
e pela multiformidade da literatura e gêneros literários, há a sujeição a temas e
focos diferentes. Não é provável que os principais conceitos teológicos de Josué,
por exemplo, sejam os mesmos de Romanos. A Teologia Bíblica que emerge
destes respectivos livros está propensa a ser diferente em termos de conteúdo e
expressão.
Ao mesmo tempo, esperaríamos idealmente que estes diferentes aspectos
e fases fossem harmoniosos e complementares (certamente não contraditórios).
Além disso, eles deveriam ter o potencial ao menos para contribuir com um
núcleo ou centro teológico comum, que seja suficientemente minucioso para
servir como declaração única da intenção divina e, suficientemente amplo, para
abranger a grande variedade de sua declaração na Bíblia. Se em sua totalidade
a Bíblia é a Palavra de Deus, um reflexo da mente e propósito divino, é razo­
ável esperarmos que esteja organizada em torno de um tema central, pouco
importando quão esquiva essa verdade esteja em certas partes da Bíblia e como
diversificada esteja em outras partes.6 Os trabalhos apresentados a seguir foram
escritos com esta convicção em mente e isso é mais do que evidente que um
consenso geral apareça apesar da ausência do editor teológico. O que é este
núcleo e como se manifesta ao longo do Canon, ficará claro ao leitor cuidadoso
destes volumes.
o D e s e n v o l v im e n t o n o s Ú l t im o s S é c u l o s

Embora as distinções entre Teologia Bíblica e Teologia Sistemática devam es­


tar claras agora, é importante lembrar que esta distinção é de época bastante recen­
te. 7Até há uns duzentos anos, teologia era teologia, isto é, o estudo de Deus, seus
atributos e o meio em que Ele atua no mundo. O adjetivo bíblico era considerado
supérfluo, pois obviamente a teologia era derivada da Bíblia e tinha conteúdo bíbli­
co como o próprio objeto de estudo. Em tempos mais antigos, inclusive na era dos
escritos do Novo Testamento, a teologia nem mesmo era sistematizada. Consistia
apenas na apropriação da verdade do Antigo Testamento como fundamentação e
apoio para a revelação de Deus em Jesus Cristo. Em certo sentido, era verdadeiro
ao conceito e princípios da Teologia Bíblica, porque o judaísmo ou o cristianismo

6 Ainda que Hasel rejeite a possibilidade de tal centro, a análise das idéias e opções é esclare­
cedora. Veja “The Problem of the Center in the OT Theology Debate”, in: Zeitschrift fiir die
Alttestamentliche Wissenschaft 86 (1974): pp. 65-82.
7 Para inteirar-se de história mais antiga do movimento da Teologia Bíblica, veja John H. Hayes
e F. C. Prussner, Old Testament Theology: Its History and Development (Atlanta: John Knox,
1985), pp. 1-142.
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primitivo não faziam esforços para criar rubricas lógicas e mutuamente exclusivas
de acordo com as quais a revelação bíblica (ou seja, o Antigo Testamento) fosse
entendida. Por outro lado, tal empenho teológico não era teologia verdadeiramente
bíblica no sentido atual, pois nem o Novo Testamento nem outro antigo escrito
judaico e cristão empreendeu o tipo de investigação analítica e sintética do registro
bíblico como estes volumes estão fazendo. A teologia, como entendemos o termo no
século XXI, era uma noção estranha em tempos mais antigos.
O surgimento da Teologia Sistemática, às vezes conhecida por Teologia
Dogmática, acompanhou o surgimento dos estudos neoclássicos na igreja oci­
dental, especialmente o estudo da filosofia platônica e aristotélica. Isto ocorreu
de dois modos: (1) como resposta e discussão contra o paganismo associado
a tal pensamento filosófico e (2) pela apropriação de argumentos metafísicos
e epistemológicos empregados por esses filósofos. Havia aspectos negativos e
positivos do uso cristão da filosofia clássica.
Infelizmente não demorou muito para que a natureza formal da análise
e reconstrução filosófica fosse confundida com a sua natureza material. Quer
dizer, a teologia, no empenho de sistematizar, começou a absorver as categorias
filosóficas de organização e os conteúdos extrabíblicos e até antibíblicos deri­
vados do racionalismo filosófico. O resultado foi a imposição de estruturas e
pensamentos extrabíblicos nos dados teológicos da Bíblia. Foi em reação a isto
que nasceu o movimento da Teologia Bíblica em meados do século XVIII. O
brado tornou-se “de volta à Bíblia” em prol da substância da teologia e também
da metodologia a ser empregada na averiguação dessa substância. A reação foi
tão forte que os próprios conceitos da Teologia Sistemática ou Dogmática esta-
vam ameaçados, até que se percebeu que as duas, longe de serem inerentemente
antitéticas, eram complementares e que ambas as disciplinas eram necessárias.
A Teologia Bíblica assumiu o seu lugar legítimo como depósito do qual a Teolo­
gia Sistemática retirava seus recursos e a Teologia Sistemática reconheceu que só
podia falar com autoridade bíblica quando derivava suas categorias e substância
da Bíblia mediada pela Teologia Bíblica.
A análise precedente espelha principalmente o trabalho e atitude dos teó­
logos tradicionais e ortodoxos. Mas com o surgimento da moderna alta crítica,
aproximadamente contemporânea com esta nova distinção entre Teologia Bíblica
e Teologia Sistemática, desenvolveu-se um racionalismo cético para com a Bíblia
que a eviscerou da autoridade científica, histórica e teológica. O resultado foi que
a Teologia Bíblica do Antigo Testamento tornou-se nada mais, nada menos que a
história da religião de Israel, ao passo que a Teologia Sistemática tornou-se uma
tentativa objetiva e não mais normativa de organizar o conteúdo de uma Bíblia
desacreditada. A troca da Bíblia como base e foco da teologia resultou em novas
abordagens, como a Teologia Filosófica ou a história da doutrina.
As implicações avassaladoras disto para a vida e sobrevivência da Igreja
ficaram claras para muitos pensadores cristãos de dentro e de fora da comuni­
dade evangélica. Foi assim que ocorreram os primeiros sinais do movimento da
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“Nova Teologia Bíblica” imediatamente após a Primeira Guerra Mundial, um


movimento que acentuava a centralidade da Bíblia para o recurso teológico à
parte ou mesmo apesar das suas deficiências conforme sáo definidas pela crítica
histórica. Este foi o esforço empreendido principalmente pelos estudiosos com­
prometidos com o atual método crítico. Os proponentes de uma crença orto­
doxa nunca abandonaram uma Teologia Bíblica ou uma Teologia Sistemática
apropriada, embora a primeira fosse lamentavelmente negligenciada como um
método a favor da última.
Hoje, o movimento da “Nova Teologia Bíblica” envelheceu, mas nem por
isso o interesse das pessoas diminuiu. Estudiosos católicos, protestantes e ju­
deus estão ativamente ocupados em muitas formas de abordagens ao tema, que
variam de uma teologia como declaração da revelação de Deus em uma Bíblia
atemporal e inerrante para uma teologia como prisma pelo qual podemos en­
tender o antigo Israel como um fenômeno religioso e sociológico. E impossível
prever se o impulso do movimento, com todas essas características modernas e
criativas, conseguirão se sustentar por mais tempo.8
Estes dois volumes atestam a significação da Teologia Bíblica na percep­
ção da maioria da comunidade evangélica. Nos últimos cinqüenta anos foram
feitos excelentes trabalhos,9 mas este é talvez o primeiro deste tipo, um esforço
colaborador feito por uma equipe comprometida, com uma visão sublime da
autoridade da Bíblia e com a proposição de que a Teologia Sistemática sadia
tem de encontrar raízes e substância em uma Teologia Bíblica corretamente
empreendida. Os autores colaboradores são os primeiros a reconhecer o caráter
experimental do que fizeram. Entretanto, estão convencidos de que tal passo,
por mais preliminar que seja, é necessário para que o evangelicalismo faça uma
contribuição digna de confiança à teologia contemporânea.
Eugene H. M e r r i l l

8 Para inteirar-se de história mais antiga do movimento da Teologia Bíblica, veja John H. Hayes
e F. C. Prussner, Old Testament Theology: Its History and Development (Atlanta: John Knox,
1985), pp. 1-142.

9 Para inteirar-se do estado da Teologia Veterotestamentária Contemporânea e saber as pro


jeções quanto ao futuro, ver Gerhard Hasel, “Old Testament Theology from 1978-1987”, in:
Andrews University Seminary Studies 26 (1988): pp. 133-157; e Marvin E. Tate, “Promising
Paths toward Biblical Theology”, in: Revieiv and Expositor 78 (1981): pp. 169-185.

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