Вы находитесь на странице: 1из 29

DIREITO DO CONSUMIDOR

Tópico 01
1. A relação jurídica de consumo.

2.1. O conceito de consumidor: a abrangência das normas do Código de Defesa do


Consumidor frente ao consumidor por equiparação;
2.3. O conceito de serviço;
2.4. Os serviços públicos;
2.5. A relação jurídica de consumo.

Relação jurídica é um vínculo que une duas ou mais pessoas caracterizando-se uma como o sujeito ativo e
outra como passivo da relação.
Este vínculo decorre, geralmente, da lei ou do contrato e, em conseqüência, o primeiro pode exigir do
segundo o cumprimento de uma prestação do tipo dar, fazer ou não fazer. Se houver incidência do Código
de Defesa do Consumidor na relação, isto é, se uma das partes
se enquadrar no conceito de consumidor/a e a outra no de
fornecedor/a e entre elas houver nexo de causalidade capaz de
obrigar uma a entregar a outra uma prestação, estaremos diante
de uma relação de consumo.

CONSUMIDOR

DEFINIÇÃO LEGAL – (Art.2°, CDC).


- Pessoa física ou jurídica (desde que legalmente constituída);
- É o/a destinatário/a final, não podendo se beneficiar
intermediários/a (de produtos ou serviços).

Singular
Coletivo
 CONSUMIDOR
Terceiros/as
Familiares sucessores/as

 DESTINATÁRIO FINAL (Arts. 2°, 17, 29 – CDC).

- Art.2°, caput:
a) Pessoa física ou jurídica (microempresa, multinacional, sociedade simples,
sociedade empresária, associação fundação).
b) ADQUIRIR a título oneroso ou gratuito.
c) UTILIZAR, no sentido de consumir sem ter adquirido.

O que se entende por destinatário/a final? Significa, na prática, quem retira o bem do mercado, seja para
uso pessoal, seja para uso familiar, enfim, que não tenha a pretensão de comércio do bem.
Desta forma, cabe questionar: o/a profissional que adquire bem para colocar em seu trabalho, o que
seria considerado?
É cediço que pessoas comuns e pessoas jurídicas que adquiram ou utilizem o produto ou serviço se
encaixam na definição de consumidor/a. Contudo, as pessoas jurídicas de cunho empresarial são incluídas
como consumidoras, desde que sejam destinatárias finais. Neste caminho, o CDC admite que a pessoa
jurídica (INCLUSIVE PÚBLICA) seja beneficiada por suas normas protetivas, desde que seja destinatária
final do produto ou serviço.

CORRENTES DE DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR:


(em relação à abrangência)

A. FINALISTA (STJ) – restritiva ao fim, utilização do bem em proveito próprio, por necessidade
pessoal, sem usar em cadeia produtiva, no uso próprio ou da família, seria o não-profissional, pois o
CDC protege os mais vulneráveis.
B. MAXIMALISTA – não somente direcionada ao consumidor não-profissional, mas sim para a
sociedade de consumo (ora como fornecedores, ora como consumidores). Seria uma aplicação de
abrangência maior (com objetivo de lucrar ou não).

Isso provoca um problema interessante: o/ profissional que adquire bem para seu trabalho, pela finalista,
não seria consumidor/a.

Vemos alguns resquícios da influência maximalista na situação do art 17, bem como do art. 29. Contudo,
não nos enganemos, nossa concepção brasileira é finalista.

 A COLETIVIDADE DE CONSUMIDORES (Art.2°, §único e 29, CDC).

- Equipara-se ao conceito de consumidor a coletividade de pessoas, mesmo que não possam ser
identificadas e desde que tenham de alguma maneira, participado da relação de consumo.

- A COLETIVIDADE pode ser determinável ou não, mesmo que NÃO constituam PESSOA JURÍDICA.
A massa falida e o condomínio podem ser consumidores.

- O objetivo é conferir à UNIVERSALIDADE ou GRUPO DE CONSUMIDORES instrumentos jurídico-


processuais para obter a mais completa reparação, dando legitimidade à propositura de ações coletivas
para a defesa dos direitos coletivos e difusos.

- INTERESSES:
a) INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – a mesma situação que causou um dano, os interesses de origem
comum, mesmo sem vínculo obrigacional.
b) COLETIVOS – direitos transindividuais de natureza indivisível de que seja titular: grupo, categoria ou
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base
c) DIFUSOS – direitos transindividuais de natureza indivisível, que sejam titulares pessoas
indeterminadas, ligadas por uma circunstância de fato.

 PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS

(Art.29, CDC)  Consumidor em potencial.


- Mesmo que não haja pessoas lesadas, sequer um (conceito difuso de consumidor).
- Legitimidade ao MP para Medida Judicial necessária para obstar a prática.

 VÍTIMAS DO EVENTO DANOSO


(Art.17, CDC)  Consumidor equiparado

- Equiparam-se ao consumidor as vítimas do acidente de consumo, mesmo sem ser consumidoras diretas,
mas foram atingidas pelo evento danoso.
- Responsabilidade civil objetiva do fornecedor.
Tópico 02

2. A relação jurídica de consumo.

Ponto no plano de Tópicos


2.2. O conceito de fornecedor;

Relação de consumo é a relação existente entre o consumidor e o fornecedor na compra e venda de um


produto ou na prestação de um serviço. Não basta a existência de um consumidor numa determinada
transação para que ela seja caracterizada como relação de consumo. É preciso também, a existência de um
fornecedor que exerça as atividades descritas no artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as


de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Fornecedor (gênero) = toda pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade mediante remuneração
(desempenho de atividade mercantil ou civil) e de forma habitual, seja ela pública ou privada,
nacional ou estrangeira e até mesmo entes despersonalizados.

Espécies:

Fabricante = realiza atividade econômica de transformação de produtos.

Produtor = realiza atividade econômica extrativa ou de agropecuária (grosso modo, produtos não-
industrializados)

Construtor/a= coloca no mercado produto imobiliário.

Importador/a = introduz mercadoria de origem estrangeira no país.

PRÁTICA HABITUAL

Para identificarmos a pessoa como sendo fornecedora de serviços, é indispensável que a mesma
detenha além da prática habitual de uma profissão ou comércio (atividade), também forneça o serviço
mediante remuneração.

A palavra atividade do art.3º traduz o significado de que todo produto ou serviço prestado deverá ser
efetivado de forma habitual, vale dizer, de forma profissional ou comercial.

Lembre-se: fornecedor é gênero! Suas espécies constituem o/a fabricante, o/a comerciante, o/a
importador/a, entre outros/as. Fica claro, portanto, que há momentos em que o/a legislado destaca uma
espécie, às vezes destaca o gênero. Quando ocorre, aponta literalmente sua intenção (exemplo o art. 12),
quando não, apenas utiliza "fornecedor" para que todos/as sejam responsabilizados/as.

Sobre os produtos, há alguma polêmica, pois crêem autoras/es (como Cláudia Lima Marques) que deveria
ter sido nomeado bens. Independente disso, cumpre-nos abranger a idéia.
Dos bens, podemos ainda diferencia-los em móveis e imóveis, servindo-nos do C.C.
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para
outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.

Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:


I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

Contudo, o CDC não se limita apenas a classificar o produto como móvel, imóvel, material e
imaterial. Mais à frente, nos incisos I e II do art. 26, o CDC dispõe sobre produtos duráveis e não duráveis.

O produto durável é aquele que não extingue com o tempo e o produto não durável é aquele que extingue
pelo uso.

SERVIÇOS
Sobre serviços, às vezes há polêmica. Por exemplo, há alguns anos, o STF julgou a ADin nº 2591 (Ação
Direta de Inconstitucionalidade) movida pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif),
julgando-a improcedente, consagrando serviço, dessa forma, como os de natureza bancária, financeira e de
crédito.

TÓPICOS 03 E 04

Pontos no plano de Tópicos


3. Os princípios da lei 8.078/90 e os direitos básicos do consumidor.
3.1. Dignidade;
3.2. Proteção à vida, saúde e segurança;
3.3. Vulnerabilidade
3.4.Transparência e informação;
3.5. Liberdade de contratar e liberdade contratual;
3.6. Do dever governamental;
3.7. A boa-fé objetiva;
3.8. Acesso à Justiça,
PRINCÍPIOS E DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

1) Dignidade – da pessoa humana e do consumidor


 Art. 1º, III, CF (fundamentos da República).
 Art. 6º, CF – enumera o mínimo de direitos sociais.
 Art. 225, CF – meio ambiente ecologicamente equilibrado.
 Art. 4º, caput, CDC – ligada à noção constitucional.
2) Proteção – à vida, à saúde e à segurança.
 Idéia de mínimo vital (arts. 1º, III; 6º e 225, CF).
 Art. 4º, caput, CDC – quadro amplo de asseguramento moral e material.
 Art. 6º, I, CDC
 Art. 4º, II, CDC - Intervenção estatal na proteção às situações mais relevantes. Ex: medicamento
essencial a tratamento, produzido por um/a fornecedor/a apenas.

3) Transparência e dever de informar


 Art. 4º, caput, CDC – transparência.
 Art. 6º, III, CDC – dever de informar.
 Art. 31, CDC – informações antes de contratar.
 Arts. 8º, 9º, 10, CDC – proteção à saúde e à segurança.
 Art. 46, CDC – apresentação prévia do conteúdo do contrato.

4) Vulnerabilidade
 Art. 4º, I, CDC – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor.
 Incapacidade técnica – vulnerabilidade
 Incapacidade econômica – hipossuficiência

5) Boa-fé objetiva
 Art. 4º, III, CDC.
 Art. 51, IV, CDC – cláusula geral contratual.
 Conduta ideal desejada do consumidor e do fornecedor.
 Parâmetros de honestidade e lealdade.

6) Igualdade nas contratações


 Art. 6º, II, CDC – igualdade nas contratações e liberdade de escolha.
 Não pode haver diferenças entre consumidores iguais diante de cláusulas contratuais iguais.
 Poderá haver privilégios para idosos, gestantes e crianças.

7) Proibição de práticas abusivas (será visto em Tópicos específica)


 Art. 6º, IV, CDC – idéia de abuso de direito.
 Art. 39, CDC – rol enumerativo de práticas abusivas.
 Arts. 67 a 69, CDC - crimes.

8) Proibição de publicidade enganosa ou abusiva (será visto em Tópicos específica)


 Art. 6º, IV, CDC – adequação ao dever de informar.
 Enganosa (art. 37, § 1º, CDC) – não informa corretamente.
 Abusiva (art. 37, § 2º, CDC) – exclui determinada categoria de consumidores.
 Art. 51 a 53, CDC - cláusulas abusivas.

9) Conservação e modificação das cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais


 Art. 6º, V, CDC – modificação quando houver desproporcionalidade.
 Art. 51, § 2º, CDC – nulidade absoluta das cláusulas abusivas.
 Não se trata de cláusula rebus sic stantibus (teoria da imprevisão).
 Apenas revisão pura – basta a existência da onerosidade excessiva para o consumidor apenas. Ex:
antigos contratos de leasing em dólar.

10) Proibição de tarifamento


 Reabilitação integral de dano – danos emergentes e lucros cessantes.
 Art. 6º, VI, CDC – danos materiais, morais; individuais, coletivos e difusos.
 Prevenção: possibilidade de medidas cautelares (arts. 83 e 84 CDC).

11) Acesso à justiça


 Art. 6º, VII, CDC – acesso aos órgãos judiciários.
 Art. 6º, VIII, CDC – inversão do ônus da prova.

12) Adequada e eficaz prestação de serviços públicos (será aprofundado em RC)


 Art. 6º, X, CDC
 Art. 37, CF – princípio da eficiência (EC 19).
 Não basta estar à disposição, tem de cumprir a finalidade.

13) Responsabilidade solidária (será aprofundado em RC)


 Art. 7º, parágrafo único, CDC.
 Art. 46, CPC – litisconsórcio facultativo.
 Arts. 18, caput; 19, caput; 25, §§ 2º e 3º; 28, § 3º; 34, CDC.
 Responsabilidade objetiva.

Tópico 05

Pontos no plano de Tópicos :


4. Das práticas abusivas.

Proibição de práticas abusivas – Contexto legal

Art. 6º, IV, CDC – idéia de abuso de direito.


Art. 39, CDC – rol enumerativo de práticas abusivas.
Arts. 67 a 69, CDC - crimes.

PRÁTICAS ABUSIVAS – ART. 39, CDC.

Rol meramente exemplificativo. Possibilidade de outras práticas abusivas, violações à:


Dignidade (art. 1º, III, CF); igualdade de origem, raça, sexo, cor, idade (art. 3º, IV, CF); direitos humanos (art.
3º, II, CF); intimidade, vida privada, honra e imagem (art. 5º, X, CF).
Bancos de dados cadastrais, cobrança constrangedora, negativação indevida ( terá Tópicos própria).
Práticas abusivas discriminadas no CDC:

a) publicidade ilícita (arts. 36 a 38, CDC);


b) práticas comerciais (arts. 40, 41 e 49, CDC);
c) cláusulas abusivas (arts. 51, 53 e 54, CDC).

1- PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS

 Venda casada no fornecimento (inciso I)


 Usos e costumes razoáveis. Possibilidade ou não de venda em separado.
 Quantidade mínima: promoções (observar a razoabilidade).
 Recusa no atendimento (inciso II)
 Pode vender o que estiver no estoque, inclusive vitrine.
 Quantidade máxima: possibilidade em tempos de crise (Rizzato Nunes) ou estoque limitado (Antônio
Herman de Vasconcelos e Benjamin).
 Fornecimento não solicitado (inciso III c/c parágrafo único), entende-se gratuito
 Aproveitamento da hipossuficiência e/ou vulnerabilidade do consumidor (inciso IV)
 Venda sob impulso. menores, idosos/as, posição social e intelectual inferior.
 Vantagem excessiva (inciso V) Conceito de vantagem exagerada (art. 51, § 1º)

SITUAÇÕES ABUSIVAS GERAIS

Normas técnicas (inciso VIII)


Nenhuma norma técnica tem validade se contrariar o CDC.
Função de garantir qualidade, segurança, padronização do processo de produção e oferta.

Elevação de preços (inciso X)


A fixação do preço antes da contratação é livre pelo fornecedor.
Os aumentos devem estar amparados em justa causa, podendo haver inversão do ônus da prova.

Reajuste de preço diverso do previsto (inciso XI)


Trata-se de reajustes periódicos contratuais (educação, planos de saúde).
Ver artigo 51, X e XIII, CDC.

Falta de prazo ou deficiência (inciso XII)


Fixação exata do prazo de cumprimento de obrigação pelo fornecedor.

ORÇAMENTO – ART. 40, CDC

Ausência – prática abusiva (art. 39, IV, CDC).


Na prestação de serviços: a) orçamento do fornecedor e b) autorização expressa do consumidor.
Qualquer serviço sem anuência do consumidor, trata-se de liberalidade do consumidor.

Requisitos do orçamento
Prévio – não pode haver surpresa. Discriminação de mão-de-obra e material.
Informações mínimas (valores): a) mão de obra; b) materiais e equipamentos; c) condições de pagamento;
d) início e término (ao menos estimado).
Prazo de validade (§1º) – 10 dias do recebimento do consumidor, salvo estipulação em contrário.
Vinculação do fornecedor (§ 2º) – condições inalteráveis após a anuência do consumidor – “um verdadeiro
contrato” (Antônio Herman Vasconcelos e Benjamin). Alteração posterior somente mediante negociação e
anuência do consumidor.
Serviços de terceiros (§ 3º) – se estiver previsto no orçamento. Se não estiver, encargo do fornecedor.
Taxa de visita ou orçamento – possibilidade, desde que previamente avisado ao consumidor.
Práticas anteriores (art. 39, VI, CDC) – dispensa de orçamento.
Tópico 06

4.1. Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva


7.1. Da Oferta: princípio da vinculação contratual;
7.2. A publicidade clandestina;
7.3. A publicidade enganosa;
7.4. A publicidade abusiva;
7.5. Princípios da Publicidade;
7.6. A prova da verdade e correção do desvio publicitário;

PUBLICIDADE ABUSIVA
Sobre a publicidade... “são todos os métodos, mecanismos, técnicas que servem, direta ou indiretamente ao
escoamento da produção (...) inclui marketing, garantias, serviços pós-venda, arquivos de consumo e
cobrança de dívidas.” (Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin)

Publicidade implica... TV, jornal, rádio, revista, cinema, folhetos, internet, etc. É forma de divulgação da
informação.

Informação – qualquer explicação, pessoal, no rótulo, informação, embalagem, etc.


Informação suficientemente precisa – que não deixe dúvidas (art. 31, CDC).

Proibição de publicidade enganosa ou abusiva – arcabouço legal

Art. 6º, IV, CDC – adequação ao dever de informar.


Art. 51 a 53, CDC - cláusulas abusivas.
Publicidade ilícita arts 36 a 38 CDC

Proposta (oferta) no CC (art. 427, CC) é diferente da proposta no CDC (arts. 30 e 31).

Incluem-se a pré-venda, venda e pós-venda. Também amostra grátis, prêmios, sorteios...

Vinculação do fornecedor à proposta (informação ou publicidade) – integra o contrato que vier a ser
celebrado
Publicidade comparativa - não pode tirar proveito denegrindo o concorrente.

Características das informações


Corretas
Claras - acessíveis a quaisquer consumidores, evitando o rigor técnico.
Precisas – não vagas, nem ambíguas, que não deixem dúvidas.
Ostensivas – que todas as características, de forma destacada (informações mais importantes). Nas
cláusulas de contratos de adesão (art. 54, § 4º, CDC).
Língua portuguesa (vernáculo) e legibilidade (art. 54, § 3º, CDC) – possibilidade de língua estrangeira,
desde que incorporados à língua portuguesa. Ex: milk shake, mouse, pizza, cheseburguer. Tradução
(adaptação) de mesmo idioma em países diferentes.
Características – tamanho, forma, cor, brilho, consistência.
Qualidade – finalidade, maneira de usufruir, utilidade.
Quantidade – nº de unidades, peso, conteúdo líquido (produto); nº de dias, horas, Tópicoss (serviço).
Composição – especialmente para alimentos e medicamentos
Preço (sempre a vista) e forma de pagamento visíveis. Juros – somente podem ser cobrados por instituições
financeiras.
Garantia, validade e origem (produtor e naturalidade, origem).

VAMOS DIFERENCIAR?

Enganosa (art. 37, § 1º, CDC) – não informa corretamente.


Abusiva (art. 37, § 2º, CDC) – exclui determinada categoria de consumidores.
ESTUDO DE CASO
Representação nº 091/92
Denunciante: Conar, de ofício
Denunciado: anúncio "XUPERSTAR", do produto Tênis Superstar (TV)
Anunciante: GRENDENE S.A.
Agência: W/BRASIL PUBLICIDADE LTDA.
Relatora: Consª Eliana Cáceres
O Anúncio,
Exibido em duas versões - em português e em castelhano - mostrava crianças estragando os seus tênis
para trocá-los pelo produto anunciado.
A denúncia
Fundamentou-se nos artigos 1º, 3º, 6º e 37, letras "a", "d", "e", "f" e "g", do Código Brasileiro de Auto-
Regulamentação Publicitária, qualificando o anúncio como uma exaltação ao comportamento anti-social e,
portanto, como deseducativo.
Medida Liminar
Foi deferida pelo Presidente da 1ª Câmara Consº Mário Oscar C. Oliveira, através deste despacho:
"De ofício, a 07/05/92, o Sr. Diretor Executivo do Conar, nos termos do parágrafo 1º do art. 49 dos Estatutos
Sociais, ofereceu representação ao E. Conselho de Ética, objetivando os anúncios acima especificados,
sendo deferido o processamento da representação pelo Sr. Diretor Secretário, no exercício da Presidência,
em despacho de 08.05.92.
Juntadas notícias veiculadas pela imprensa escrita, envolvendo PROCONS de Minas Gerais e DF, também
veio acostada representação do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, à vista da qual, 19.05.92,
o Senhor Diretor Executivo remeteu-se, na qualidade de Presidente da 1ª Câmara de Ética, os autos para
exame da conveniência de aplicação da medida prevista no art. 30 do Regimento Interno.
Finalmente, na data de hoje, encaminha-me o Sr. Diretor Executivo cópia do ofício 524, de 19/05/92, do Dr.
Antonio Thomé, Diretor do Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério de
Justiça, solicitando ao Presidente do Conar as providências necessárias para a suspensão, em todo o
território nacional, dos comerciais em referência, que infringiram os artigos 37 e 66 da Lei nº 8078/90.
Pleiteia-se, nestes autos, com fulcro nas hipóteses previstas no artigo 30 do Regimento Interno do Conselho
de Ética RICE - decisão sobre a concessão, ou não, de liminar.
Julgo-me competente para prolatá-la, com fundamento na letra "b" do artigo 31 do RICE. A representação
fundamenta-se nos artigos 1º, 3º, 6º e 37, letras "A", "D", "E", "F" e "G" do Código Brasileiro de Auto-
Regulamentação Publicitária.
Liminares, como já tive oportunidade de expressar-me em processo anterior, embora não impliquem no
julgamento do mérito, justificam-se quando houver indícios do bom direito e perigo de mora. Todavia, sua
concessão deve ser cuidadosamente examinada. Ainda assim, a simples fumaça do bom direito não deve
inibir o julgador, pois prejuízos podem advir, que de sua ação, quer de sua inação. Deve ele formar sua
convicção, com o devido cuidado, decidindo sem demora.
No caso, trata-se de anúncio de tênis, em que Maria das Graças Menegel, a famosa Xuxa, dirige-se a uma
platéia de crianças convocando-as para, quando seus tênis estivem velhinhos, trocá-los pelo produto por ela
apregoado, o único da Xuxa. As crianças entreolham-se, e, tirando seus tênis, passam a transformá-los em
"velhinhos", ou pintando-os, ou usando um torno, ou cortando-os com tesoura etc. Em seguida, todas
pleiteiam das mães um tênis novo, conforme o anunciado. A imagem é bastante forte e sobrepõe-se ao texto
inicial. O Código do Conar reflete especial atenção com a publicidade dirigida aos hipossuficientes, isto é,
certas categorias especiais de consumidores, dentre as quais as crianças.
O Código do Conar elenca os cuidados que devem revestir o anúncio dirigido à criança ou ao jovem. Isto
porque, no caso da criança, a publicidade não pode ser considerada como um simples auxílio no processo
decisório racional. Por isso, justificam-se preocupações com as características psicológicas da audiência-
alvo, a não admissão de que o anúncio torne implícita uma inferioridade do menor, caso este não consuma
o produto oferecido, a não permissão à influenciação do menor que o leve a constranger seus responsáveis
ou importunar terceiros, a preocupação com suas boas maneiras. Ademais, a publicidade em geral deve
estar em consonância com os objetivos de desenvolvimento econômico, da educação e da cultura nacionais
e deve respeitar e conformar-se às leis vigentes no País.
Dessa forma, com fundamento nos arts. 1º, 6º e 37, "A", "D", "E" e "G" do Código Brasileiro de Auto-
Regulamentação Publicitária, nos estritos limites do artigo 30, encontro nos seus incisos I e II fundamento
para a concessão da liminar requerida, para sustar a veiculação da publicidade em apreço.
Cumpra a Secretaria o disposto no art. 32 do RICE." A defesa foi apresentada pela agência de propaganda,
acompanhada de uma avaliação do comercial promovida pela "Gomide Assessoria". A manifestação da
Consª Relatora foi acolhida, por unanimidade, pela Câmara, confirmando a liminar de sustação da
veiculação do comercial:
"Senhor Presidente da 1ª Câmara:
Trata o presente da representação de ofício, objetivando o anúncio "XUPERSTAR", veiculado em TV de
responsabilidade do anunciante Grendene S. A. e da agência W/BRASIL Publicidade. As duas versões do
anúncio, em português e em espanhol, podem induzir as crianças a comportamentos reprováveis e anti-
sociais, segundo alegações das diversas correspondências e outras manifestações enviadas ao Conar. Em
manifestação às fls. 31 e 32, o Senhor Presidente da 1ª Câmara, com base no artigo 30 do Regulamento
Interno do Código de Ética, decidiu, liminarmente, pela suspensão do anúncio. O Código do Conar traz, em
seu bojo, capítulo especial que trata de anúncios dirigidos a crianças e jovens, elencando situações que
devem ser evitadas, advertências essas que o anúncio em tela, enquadra-se totalmente.
Instado o anunciante, por sua agência, a manifestar-se nos autos, extemporaneamente, apresentou como
defesa argumento bastante frágil, uma vez que junto ao processo resultado da pesquisa que demonstra a
repercussão do comercial, junto a um grupo de crianças. No relato da pesquisa a agência W/BRASIL, por
seu advogado, aponta que:
"...mesmo porque elas próprias (as crianças pesquisadas) constataram que o "meio empregado" para fazer
com que seus pais comprem um novo tênis - o da XUXA - NÃO É CORRETO..." (página 63 destes autos).

Tópico 07
4.2. Proibição de cláusulas abusivas;
4.3. Princípio da conservação;
4.4.Modificação das cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais

CLÁUSULAS ABUSIVAS

Cláusula contratual (art. 51, IV, CDC).

Conservação e modificação das cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais


Art. 6º, V, CDC – modificação quando houver desproporcionalidade.
Art. 51, § 2º, CDC – nulidade absoluta das cláusulas abusivas.
Não se trata de cláusula rebus sic stantibus (teoria da imprevisão).
Apenas revisão pura – basta a existência da onerosidade excessiva para o consumidor apenas. Ex: antigos
contratos de leansig em dólar.

10) Proibição de tarifamento


Reabilitação integral de dano – danos emergentes e lucros cessantes.
Art. 6º, VI, CDC – danos materiais, morais; individuais, coletivos e difusos.
Prevenção: possibilidade de medidas cautelares (arts. 83 e 84 CDC).

Adequada e eficaz prestação de serviços públicos


Art. 6º, X, CDC
Art. 37, CF – princípio da eficiência (EC 19).
Não basta estar à disposição, tem de cumprir a finalidade.

Responsabilidade solidária
Art. 7º, parágrafo único, CDC.
Art. 46, CPC – litisconsórcio facultativo.
Arts. 18, caput; 19, caput; 25, §§ 2º e 3º; 28, § 3º; 34, CDC.
Responsabilidade objetiva.

Tópico 08 - Consumidor

Ponto no plano de Tópicos:

5. Qualidade e segurança dos produtos e serviços.


5.1. O recall;
5.2. Comunicação do fato às autoridades competentes e introdução no mercado de divulgação publicitária;
5.3. Da indenização.

Recall

Gratuito, bem divulgado, devolução, conserto ou recompra.

Arcabouço legal:
Inciso II do artigo 6º - direito à informação
Art. 9º nocividade deve ser informada de forma ostensiva
Responsabilidade objetiva independendo da existência de culpa (art. 12 a 14 da Lei 8.078).

Artigo 10 – O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.

§ 1º - O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo,


tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às
autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2º - Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e
televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3º - Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança
dos consumidores, a União, os estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.

Recall - Texto do Procon de São Paulo

Assim e excepcionalmente, o produto ou serviço será considerado defeituoso nos termos da Lei 8078, se
vier a apresentar a potencialidade de causar dano, quando não tinha essa característica como própria ou
ainda quando supera os riscos previsíveis para o homem médio. Se o fornecedor verificar que após a
colocação de produto ou serviço no mercado, esse apresenta nocividade ou periculosidade que não faz
parte de sua essência ou destinação normal, deverá com base no princípio da segurança prestar de
imediato, todas as informações necessárias e adequadas a respeito do problema verificado.
As informações devem ser prestadas pelo fornecedor, por meio da adoção de procedimento denominado
de recall. A palavra recall, de origem inglesa, é utilizada no Brasil para indicar o procedimento, previsto em
lei, e a ser adotado pelos fornecedores como forma de alertar consumidores, indicando para a necessidade
de chamar de volta o consumidor, tendo em vista problemas verificados em produtos ou serviços colocados
no mercado de consumo evitando assim a ocorrência de um acidente de consumo.
O chamamento (recall) tem por objetivo básico proteger e preservar a vida, saúde, integridade e
segurança do consumidor. Supletivamente visa evitar prejuízos materiais e morais dos consumidores.
A prevenção e a reparação dos danos estão intimamente ligadas, na medida em que o recall objetiva
sanar um defeito, que coloca em risco a saúde e a segurança do consumidor, sendo que qualquer dano em
virtude desse defeito será de inteira responsabilidade fornecedor. Nos termos do Código de Defesa do
Consumidor, a responsabilidade do fornecedor é objetiva independendo da existência de culpa (art. 12 a 14
da Lei 8.078). O recall visa ainda a retirada do mercado, reparação do defeito ou a recompra de produtos ou
serviços (quando for o caso) defeituosos (buyback) pelo fornecedor. O recall deve ser gratuito, efetivo e sua
comunicação deve alcançar os consumidores expostos aos riscos.
Evidencia-se, portanto, a importância do recall, que visa informar, orientar, prevenir e reparar danos. A
reparação ou mesmo a retirada do mercado de produtos e serviços com defeitos, que apresentem
nocividade e periculosidade à incolumidade físico-psíquica do consumidor, é uma das formas mais
eficientes de prevenção de acidentes de consumo. O conteúdo da comunicação do fornecedor, por meio
do recall, deve alcançar todos os consumidores expostos aos riscos decorrentes ou que podem decorrer do
produto ou serviço defeituoso e deve ser gratuito e efetivo. As autoridades competentes, também devem ser
comunicadas. Os consumidores por sua vez, no caso de reparos, devem exigir e guardar o comprovante do
serviço efetuado.
No Brasil, o instituto do recall está previsto no Código de Defesa do Consumidor, Lei 8078/90, que define
em seu artigo 10, § 1º:

Artigo 10 – O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.

§ 1º - O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo,


tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às
autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2º - Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e
televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3º - Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança
dos consumidores, a União, os estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
Assim sendo e face a importância do "recall" para a segurança dos consumidores, cabe aos fornecedores
empreenderem todos os esforços para que sejam prevenidos e sanados os defeitos verificados nos
produtos ou serviços colocados no mercado de consumo. Após as divulgações, nos veículos de
comunicação, os fornecedores devem realizar levantamentos periódicos (diário, semanal, quinzenal etc.)
para que seja verificada a eficácia das medidas adotadas. Não havendo retorno dos consumidores, ao
chamamento do fornecedor em número adequado e compatível ao objetivo proposto, cabe ao fornecedor
adotar novo "recall" além de buscar outras formas que possam efetivamente alcançar os consumidores.

A armadilha do Fox

Oito donos do carro da Volkswagen perderam parte do dedo ao rebater o banco traseiro. A empresa
descarta fazer recall - FLAVIO MACHADO

Rebater o banco traseiro do Fox não é uma operação complicada. O usuário deve puxar uma pequena alça
flexível que fica presa a uma argola de metal na parte inferior do encosto. O problema é quando alguém
ajusta o dedo na argola, como fez Funada. Ao ser destravado, o
mecanismo aciona uma mola que puxa a argola para dentro,
prendendo assim o dedo do usuário (leia o quadro ). Nos últimos
três anos, pelo menos sete pessoas, além de Funada, dizem que perderam parte do dedo assim. Um nono
usuário, o pecuarista Antônio Félix de Souza, de Goiânia, Goiás, afirma que teve a mão esquerda
gravemente atingida ao tirar um dedo da mão direita da argola. Segundo ele, o banco parcialmente
suspenso caiu sobre sua mão esquerda, apoiada no assoalho. Souza conseguiu reconstruir três dedos
esmagados e recuperar os movimentos.

“Há erro de projeto. O dispositivo induz o usuário a colocar o dedo instintivamente na argola, o que pode
resultar em mutilação. E o manual deveria prevenir sobre falhas na operação. Dizer como proceder na
ausência da alça”.

Argola desleal
Entenda o erro que pode decepar o dedo

O manual do Volkswagen Fox O primeiro passo para rebater o Acidentes ocorrem quando a
orienta o proprietário a fazer o banco é destravar o encosto. Para pessoa, instintivamente, coloca o
rebatimento do banco pela isso, basta puxar uma alça dedo na argola de metal.
traseira do carro, com a porta do flexível que fica presa numa Destravado, o mecanismo puxa a
porta-malas aberta argola de metal argola com força, o que pode
decepar a ponta do dedo
Tópicos 09 e 10

Pontos no plano de Tópicos:


6. Responsabilidade Civil no Código de Defesa do Consumidor: vício e defeito.
6.1. A teoria do risco do negócio: a base da responsabilidade objetiva;
6.2. Vício e defeito: distinção;
6.3. Os vícios dos produtos;
6.4. Os vícios dos serviços;
6.5. O fato do produto: os acidentes de consumo/defeitos e sua responsabilidade;
6.6. O fato do serviço: os acidentes de consumo/defeitos e sua responsabilidade;
Teoria da qualidade

RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC

TEORIAS DE RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA: risco/ custo/ benefício

- Produção em série (Fordismo, Beleza Americana, Revolução Industrial...)

a) Diminuição de custos
b) Surgimento de vícios e defeitos

- Receita de vendas e o patrimônio devem arcar com os prejuízos

- Ausência de culpa + reparação integral:


Danos emergentes
Lucros cessantes
Danos morais, estéticos e à imagem
Art.18 a 20, CDC

- VÍCIOS ≠ DEFEITOS:

Ars.12 a 14, CDC

VÍCIOS  origem: Vício Redibitório do Direito Civil (lembra o vício oculto do CDC).
Podem ser aparentes ou ocultos (o vício é intrínseco ao produto ou serviço).
- VÍCIOS DE PRODUTOS (Art.18 e 19, CDC).
Vício aparente ou de fácil constatação (Art.26, caput, CDC).
Vício oculto só aparece algum tempo depois, NÃO podem ser identificados ordinariamente.

DEFEITO  é o vício acrescido de um problema (prejuízo) extra.


O defeito causa, além do vício, outros prejuízos ao patrimônio jurídico material, e/ou moral (+ estéticos e à
imagem)  ACIDENTE DE CONSUMO.

- RESPONSABILIDADE CIVIL: “Os Fornecedores... respondem solidariamente...”.

 PRODUTOS:

IMPRÓPRIOS – não correspondem (atendem) à sua função principal.


Ex: alimento estragado; faca que não corta; carro que não anda.

INADEQUADOS – não atendem à sua função secundária.


Ex: problemas elétricos no carro; problemas em geral de eletrodomésticos.
c) QUE DIMINUAM O VALOR DO PRODUTO

d) EM DESACORDO COM INFORMAÇÕES NO RECIPIENTE, EMBALAGEM, RÓTULO, EM MENSAGEM


PUBLICITÁRIA
Ex: Falta de informações sobre acondicionamento; composição; sem manual.

- USO e CONSUMO (Art.18, §6°, CDC).

Produtos não - duráveis

Produtos duráveis

PRAZO DE VALIDADE VENCIDO: informação ao consumidor / delimitação do risco do fornecedor

- VARIAÇÕES DECORRENTES DA NATUREZA DO PRODUTO (desgastes normais dos produtos NÃO)

 Os produtos in natura geralmente possuem variações.


 Cerâmicas de cor diferente; tinta de cor diferente.

- PRAZO PARA O SANEAMENTO DO VÍCIO: “podendo o consumidor exigir a substituição das partes
viciadas”.(Art.18, §1°, CDC)

 Contagem do prazo: se o vício for o mesmo, o prazo é cumulativo (suspensivo).


 Se o vício for diferente, novo prazo de 30 dias (mas há limites: Art.18, §3°, CDC).
 Vício oculto (Art.26, §3°, CDC)  momento que ficar evidenciado o vício.

- DIREITOS DO CONSUMIDOR APÓS OS 30 DIAS, À SUA ESCOLHA:

SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO DE MESMA ESPÉCIE (+ marca e modelo)


 (c/c §4°)

- CASO DE RECUSA PELO FORNECEDOR: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C TUTELA


ANTECIPADA + multa imposta peloqa juiz/a; busca e apreensão; inversão do ônus da prova.

RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA + PERDAS E DANOS

ABATIMENTO PROPORCIONAL DO PREÇO

- PERDAS E DANOS (inciso II) valem para os outros casos.

- DIMINUIÇÃO E AUMENTO DE PRAZO (por convenção das partes)

 Mínimo de 7 dias: pode ser menor


 Máximo de 180 dias: NÃO pode ser maior

- INOBSERVÂNCIA DE PRAZO  §3°, hipóteses:

1º. Compromete a qualidade do produto

2º. Compromete as características do produto

3º. Diminui o valor do produto

d) Quando se tratar de produto essencial (vício é insanável)


Ex: produtos alimentícios, de higiene pessoal, de saúde.

- SUBSTITUIÇÃO DOS PRODUTOS (§1°, I)  §4°.

 Pode complementar o preço ou receber a diferença.


 Pagamento a prazo: divisão da diferença / manutenção das parcelas

VÍCIOS DE QUANTIDADE – (Art.19, CDC)


- Não se fala de variações decorrentes de sua natureza.
- Não há prazo para reclamação do consumidor (mas dentro do prazo de garantia).
 Possibilidades: I, II, III e IV.

- Pesagem ou medição  a cargo do/a fornecedor/a imediato/a:

O instrumento pode aferir conforme padrões oficiais, e não existir vício de quantidade; (manipulação do/a
fornecedorqa).
O instrumento pode não aferir conforme os padrões oficiais, e não existir qualquer vício. (tecnicamente
perfeito).

Teoria da qualidade
A responsabilidade legal dos fornecedores tem como fundamento a Teoria da Qualidade, segundo a
qual a lei imporia a toda a cadeia de fornecedores um dever de qualidade dos produtos que são colocados
no mercado e dos serviços que são prestados. Pragmaticamente, o CDC impõe aos fornecedores a
obrigação de colocar no mercado somente produtos isentos de vícios ou defeitos. Portanto, o dever de
qualidade é um dever anexo à atividade dos fornecedores.

Tópico 11

6.7. As Excludentes de Responsabilidade Civil;


6.8. A regra da Responsabilidade Solidária;

6.7 Excludentes de Responsabilidade Civil (em sentido lato)

* Caso fortuito ou força maior - f.m. = natureza


- c.f. = causa conhecida mas imprevisível

* Culpa exclusiva da vítima

* Culpa de terceiro (ainda assim, há situações que a culpa de terceiro não exclui o dever de indenizar,
ainda que caiba ação regressiva)

* Culpa concorrente (Não chega a ser um excludente, posto que normalmente não elimina. Em alguns
causo há neutralização da responsabilidade, em outros não vigora, depende do tipo da
responsabilidade)

Aqui, são de excludentes de responsabilidade civil, ou seja, de indenizar.

– Mas existem os excludentes de ilicitude, como estado de necessidade, legítima defesa, exercício
regular de um direito, remoção de perigo

Questão importante:

“A enumeração dos pressupostos da responsabilidade civil não pode ser formulada em caráter dogmático ou
de forma definitiva. A teoria da responsabilidade varia ao longo do processo histórico de evolução do próprio
direito” (Acelino Carvalho)

Cada tipo de responsabilidade (objetiva ou subjetiva) comporta pressupostos diferentes. Por esta razão, é
importamos destacar os pressupostos que são comuns a todos os tipos (os três requisitos já citados).
Se isso acontece aos pressupostos, o mesmo se pode dizer quanto aos excludentes.

Embora possa ocorrer na Responsabilidade na esfera civil, é nula na esfera consumerista:


* Cláusula de não indenizar

Em sentido lato, os excludentes são quantificados nos dedos de sua mão.

Tópico 12

6.9. A responsabilidade dos profissionais liberais: culpa;

6.8 Responsabilidade dos profissionais liberais - Subjetiva Art.186 C.C.

Conceito
Responsabilidade subjetiva é a derivada de dolo ou culpa (pode ser contratual ou extracontratual). É a
clássica.

Divisões da culpa

Lato sensu – dolo


Stricto sensu- negligência,imprudência,imperícia (há quem chame este tipo de culpa de aquiliana, como o
autor Flávio Monteiro de Barros)

Aferição (feita pelo chamado comportamento médio- in concreto –ex. Art.629, porém o in abstrato é
utilizada na prática)

Grave- negligência ou imprudência grosseira (qualquer pessoa, ainda que abaixo da média, teria
comportamento diferente)

Leve- homem/mulher médio/a agiria de forma diversa.

Levíssima – apenas a extrema cautela evitaria.

Tipos

In comittendo (em geral ligada à imprudência)


In omittendo (em geral ligada à negligência)
In vigilando (ligada à vigília sobre alguém, uma pessoa)
In eligendo (ligada à escolha de alguém para desempenhar uma função)
In custodiando (freqüentemente ligada à coisas e animais, relacionada à teoria da guarda)

Detalhes importantes

* Caso dos contratos gratuitos/benéficos, Art. 392 C.C. (apenas em dolo ou culpa grave)
* Isto em relação à parte favorecida. Em caso inverso a mera culpa é suficiente para ensejar uma
indenização, o que é natural.

Há uma tendência, por vezes, de equiparação entre culpa grave e dolo.

Tópico 13

6.10. Decadência e Prescrição e: os prazos para reclamar e para propor ação judicial.

6.10 Decadência e prescrição

Prazos (art.26, CDC) – a) 30 dias (não-duráveis); b) 90 dias (duráveis).

Critérios legais para fixação do prazo


a) facilidade de constatação do vício;
b) durabilidade.
Início da contagem do prazo (§1º). Vício oculto (§3º).

Obstacularização da decadência (§2º)


 O efeito da reclamação pelos vícios (art. 26, caput, CDC) é constitutivo do direito do consumidor
(Mirella D’Ângelo Caldeira).
 O cumprimento da reclamação abre duas possibilidades:
 a) obter a solução em relação aos vícios;
 b) em caso de silêncio ou resposta negativa, constitui-se um DIREITO SUBSEQUENTE.
 Prazos legais para saneamento dos vícios.

Exercício do direito de reclamação


 Pode ser verbal, pessoal ou por telefone (SACs, call centers). Melhor se for por AR ou notificação
(art. 26, §2º, I, CDC).
 Pode haver inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC). Ver Súmula 229, STJ.
 A reclamação pode ser entregue a qualquer preposto do fornecedor (art. 34, CDC).

Prescrição (art. 27, CDC)


 Geralmente para fato do produto ou serviço, sobretudo sobre as perdas e danos.
 Início da contagem do prazo de 5 anos – a) conhecimento do dano +; b) conhecimento da autoria.

Tópico 14

8. Dos Bancos de dados e cadastros.


9.1. Da Cobrança de Dívidas;
9.2. Dos Órgãos de Proteção ao Crédito;

Cadastros restritivos - conceituando SPC e SERASA


2.1 A origem das “ listas negras”
2.2 Meios de entrada (é preciso ensinar?). Motivos que ensejam a inscrição.

SERASA (por si mesma)

A SERASA é “ uma empresa privada que se dedica à atividade de prestar serviços de interesse geral a partir
do seu banco de dados de informação para crédito, sendo reconhecida pelo CDC como entidade de caráter
público”.

Segundo a mesma, suas fontes são os próprios interessados, cartórios, instituições financeiras, publicações
oficias e outras fontes próprias e pertinentes.

Estas informações são acessadas por bancos, mercados, lojas e empresas em geral, para apoiar decisões
de negócios. Segundo a mesma, possui um Serviço de Orientação ao Cidadão, que auxilia na regularização
das pendências, fazendo cumprir o famoso Habeas Data.

SPC
A sigla SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), constitui um banco de dados privado de informações de
crédito, de caráter público, de acordo com a definição do CDC, organizado pelas associações comerciais e
câmaras de dirigentes lojistas, que trocam entre si informações colhidas em todo o território nacional por
meio de uma entidade chamada de RENIC, Rede Nacional de Informações Comerciais.
2.1 A origem das listas de pessoas negativadas

No Brasil, temos a origem do SPC com a união de lojistas de Porto Alegre. Segundo o CDL local, “em 22 de
julho de 1955 um grupo de 12 empresas que trocavam informações entre si fundou o SPC de Porto
Alegre. Assim, o pioneiro dos SPCs no país surgiu para agilizar sistema de crédito e proporcionar
maior segurança às empresas. O SPC-POA era então uma entidade de caráter público, sem fins
lucrativos que, em agosto de 1986, passou também a divulgar informações do Banco Central
(BACEN). A idéia fundamental da entidade evoluiu, passando a prestar informações sobre crédito e
cheques. Hoje, estamos interligados com outros SPCs do Estado e do país. O SPC protege a venda e
a compra - fornecedor e o consumidor -, para que as negociações tenham maior agilidade e
segurança. A preocupação com a qualidade do atendimento se faz visível nas instalações modernas
e na tecnologia de última geração, recursos indispensáveis para um crescimento permanente. Com
um quadro funcional em constante processo de treinamento, o SPC aprimora-se a cada dia, criando
as condições necessárias para proteger e facilitar ainda mais a vida das empresas associadas. Em
junho de 1999, a CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre incorporou o SPC. As duas
entidades uniram-se para fortalecer o movimento lojista e a junção criou uma entidade com os serviços
do SPC e a representatividade da CDL, onde quem ganha é a associada. 1”
Em 1965, outros grupos também formaram-se, como em São Paulo. A ACIL, Associação Comercial e
Industrial de Limeira, já possuía, antes do referido cadastro, informações em seu departamento jurídico dos
chamados clientes “inconvenientes”, informalmente chamada de lista negra. 2.2 Meios de entrada. Motivos
que ensejam a inscrição.

SERASA

Normalmente,
Cheques sem fundos (CCF)
Protesto de título em cartório
Ação Judicial (execução de título judicial e extrajudicial, busca e apreensão de bens, falência e concordata)
Dívida vencida (pendência bancária ou financeira, ação de execução fiscal federal)

SPC
Normalmente
Dívidas no comércio, mas cada associação tem em seus regulamentos ou estatutos os motivos específicos.

Não existe um prazo mínimo, estabelecido em lei, para a inclusão. Isso implica dizer que ela pode ser feita
até um dia depois da data. Normalmente as empresas esperam ao menos trinta dias, por uma questão de
relacionamento com os clientes, aguardando que os/as mesmos/as possam apenas ter atrasado seus
débitos.

É interessante observar que a pessoa pode, sim, ter cheque especial ou cartões bancários bloqueados por
inscrição nestes cadastros, mesmo que as dívidas não sejam com a instituição em tela. No entanto, vale
consignar que é fundamental que ocorra a notificação anterior. Vale observar que escolas e faculdades
também podem servir-se destes cadastros. Por essa razão, nenhum/a estudante ou genitor/a deve
simplesmente abandonar as Tópicoss sem comunicação, pois será devedor/a. O correto é informar, por
escrito, à faculdade, da desistência.

Atenção: apenas o credor terá a informação sobre o valor atualizado do débito.

Não há mágicas nem facilidades para consertar o que, algumas vezes, é fruto de um mau planejamento
financeiro motivado por uma educação financeira deficiente. Enquanto advogado ou advogada
comprometido/a, é aconselhável analisar a possibilidade de orientar seu cliente a buscar maiores
conhecimentos na área de controle do orçamento doméstico para evitar futuras quedas. Existem diversos
livros acessíveis e de boa qualidade no mercado para orientar seu/ua cliente e a você mesmo (vida
bibliografia e sugestões).

3.1 Consultando os cadastros

1
O SPC e a SERASA não disponibilizam as informações de cadastros publicamente. Não há como
saber se existem cadastros em seu nome através de telefones, sites ou e-mail.

Apenas empresas conveniadas (bancos, supermercados, lojas, etc) e que pagam mensalidades ou valores
por consulta, têm acesso a estes dados.
Para saber se seu nome está incluído no SPC e SERASA e quem é o responsável pelo registro negativo, a
forma mais correta e segura é você comparecer pessoalmente a uma central de atendimento destes bancos
de dados, de posse de identidade ou cpf. Se você for conduzir esta parte, deve levar estes documentos, ou
cópias autenticadas deles, mais a procuração com assinatura reconhecida e poderes para tal. Atenção: a
certidão deve ser gratuita! É possível também através de AR, através de pedido com firma autenticada e
cópia simples do CPF e da identidade.

3.2 Como é possível a retirada do cadastro

Excluir o nome do SPC e SERASA não é tão rápido e fácil como por vezes apregoam.
Normalmente, o nome será excluído nos seguintes casos:

- Se a dívida for paga, valendo para isto o acordo à vista com desconto ou acordo parcelado. Neste último
caso, a exclusão deve ser feita após o pagamento da primeira parcela.

- Se o consumidor discutir a dívida na justiça (falando-se em cadastro indevido, ou valores discutíveis, como
se a dívida já tenha sido quitada, não foi feita pelo consumidor ou nos casos de discussão de cláusulas
abusivas, como juros). Uma previsão disto está na cláusula 20 do regulamento do SPC.

- Se a dívida já completou 5 anos, da data em que deveria, mas não foi paga. (atenção, não é da data da
inscrição no cadastro, e sim da inadimplência: o Código de Defesa do Consumidor e o Código de Processo
Civil prevêem que o dia de início deve corresponder à data do vencimento da dívida sem pagamento,
quando inicia o prazo prescricional da ação de cobrança para o credor.)

Prescrição :quando o credor perde o direito de cobrar a dívida na justiça, pois não cobrou dentro do prazo
previsto na lei, que no caso é de 5 anos.
( claro que havendo mais de uma inscrição, os prazos devem ser contados separadamente.)
Se a dívida já está prescrita, e mesmo assim continua nos cadastros, é possível ingressar com uma
ação judicial pedindo liminar para a exclusão imediata dos cadastros. Bem como se pode exigir o
pagamento de indenização por danos morais. Mas se oqa cliente fizer um acordo para pagar a dívida e não
cumprir com este acordo, seu nome poderá ser cadastrado novamente no banco de dados.

Tópico 15

9. A proteção contratual.
9.1. As formas de contratação;
9.2. Os contratos de adesão;
9.3.Contratos: transparência e interpretação. Princípio da equivalência contratual.

Proteção contratual do consumidor no CDC (texto de Daniela Barcellos)

“A proteção contratual do consumidor brasileiro, apresenta-se como um processo, bem no


entendimento do professor Clóvis do Couto e Silva (29), uma vez que possui várias fases que surgem no
desenvolvimento da relação obrigacional e que entre si se ligam com interdependência. A proteção
contratual vista como um processo, compõe-se, em sentido lato, do conjunto de atividades necessárias à
satisfação do interesse do credor, que neste caso é o consumidor.

3.1. Fase Pré- Contratual

Na fase pré-contratual observa-se a predominância do princípio da transparência, ou seja, informação clara


e correta acerca do contrato e a respeito do produto ou serviço; e lealdade e respeito entre fornecedor e
consumidor (30).
A informação surge antes da formação do contrato ao mesmo tempo como um dever imposto pela lei ao
fornecedor (art. 8º do CDC) e como uma obrigação que vincula a manutenção da oferta (art. 30 do CDC).
Assim teremos como dois principais deveres por parte do fornecedor o dever de informar sobre as
condições da negociação e sobre as características do produto ou serviço, tais como preço, composição,
riscos (31).

A publicidade, sempre tida como mero instrumento de vendas, e portanto juridicamente neutra, ganha
múltiplas funções no Código do Consumidor. É vedada quando enganosa - mentirosa, fraudulenta, omissa -
ou abusiva - atentatória contra os bons costumes, incitadora de violência (32) - deve ser identificável
enquanto publicidade (art. 36 do CDC) e sobretudo ser verdadeira (art. 38 do CDC).

Cláudia Lima Marques (33) bem observa que todos estes papéis atribuídos a publicidade são decorrentes
da sujeição ao princípio da boa-fé objetiva no sentido de que a publicidade seja uma atividade leal e
refletida, pensando no receptor da mensagem. A publicidade pode, inclusive, ser fonte de obrigação, sendo
equiparada à oferta quando suficientemente clara e precisa (art. 30 do CDC). Segundo Comparato (34),
houve um alargamento da contratação, no sentido de entender os processo de publicidade comercial como
integrante do contrato, em razão do aumento da preocupação com o consumidor. Por isso, os anúncio
públicos, a apresentação de mercadorias e produtos devem ser feitos no interesse do consumidor, quanto a
indicação dos preços, a embalagem e os rótulos.

A oferta, considerada como elemento inicial do contrato, aumenta seu caráter vinculativo não somente no
que se refere à publicidade, mas também em razão de qualquer informe seja ele um pré-contrato, um
recibo, ou qualquer declaração de vontade. Os efeitos gerados pela oferta é a obrigação de efetuar a
obrigação principal, uma vez dada a aceitação pelo consumidor.

3.2. Formação do Vínculo

O art. 46 do CDC prevê que sem o conhecimento prévio do conteúdo contrato ou a presença de contrato
cuja redação não for clara, não obriga o consumidor. Deve-se levar em conta o evidente desequilíbrio entre
as partes, evitando-se a Lesão Enorme para um dos contratantes, Dentre os dispositivos que visam o
equilíbrio contratual temos o art. 6º, VI, 1ª parte, e a norma que proscreve o destaque em caixa alta para as
cláusulas restritivas dos direitos dos consumidores.

3.3. Fase Contratual

Na fase contratual propriamente dita, temos a presença do Dirigismo, que não se limita a interpretar os
contratos realizados em massa, mas manifesta-se também através da imposição de cláusulas contratuais
em favor do mais fraco e proibição de certas condutas que, uma vez presentes, são anuladas ou tornadas
ineficazes quando pouco eqüitativas (35).

Neste mesmo sentido insere-se a regra da interpretação mais favorável, em caso de cláusulas dúbias em
favor do consumidor. Caso a cláusula seja abusiva segundo o art. 51 do CDC ou se inobservar os princípios
da equidade e da boa-fé, teremos a nulidade de pleno direito.

Em caso de vendas agressivas, ou seja aquelas realizadas fora do estabelecimento comercial temos o
direito de arrependimento que se manifesta através da devolução do produto e reembolso das quantias já
pagas a ser exercido no prazo de sete dias. (art.49 do CDC)

Por fim, temos a execução forçada da obrigação a ser realizada nos termos do art. 84 (36). (art. 48 do CDC)

3.4. Fase Pós-Contratual

A responsabilidade civil em matéria de consumidor, segundo Comparato (37), deu-se em razão de dois
principais fatores: a produção em série e o circuito de distribuição dos bens em massa. O Código de Defesa
do Consumidor Brasileiro, prevê nos arts. 12 a 14 a responsabilidade civil objetiva, independentemente de
culpa do agente, por todos os danos causados aos consumidor. Esta responsabilidade do fabricante ou do
produtor situa-se na esfera extracontratual, já que não há vínculo contratual direto como consumidor, não
obstante as construções doutrinárias e jurisprudenciais para estabelecer uma relação direta entre as pontas
de produção e do consumo.”

Tópico 16

10. As compras feitas fora do estabelecimento comercial: o prazo de reflexão e arrependimento

As compras feitas fora do estabelecimento comercial: o prazo de reflexão e arrependimento.

O Código de Defesa do Consumidor dá maior garantia e direitos especiais aos/as consumidoresqas que
adquirem produtos ou serviços a domicílio. Alguns direitos, como o direito de arrependimento, não são
previstos em circunstâncias normais de compras do consumidor, entretanto, se a compra for realizada por
oferta do vendedor na residência do consumidor, ou em local que seja sede do estabelecimento comercial, o
consumidor poderá desistir do negócio dentro do prazo de sete dias e se já tiver pago deverá receber a
importância paga integralmente.

Nesta hipótese estarão contempladas, e passíveis de arrependimento, as compras realizadas por


pedidos por reembolso postal (anúncios em revistas, TV, jornais, etc. ); pedidos por telefone; aquisição de
produtos ou contratação de serviços oferecidos no domicílio do consumidor; compras realizadas em "stands"
de feiras; outros meios quaisquer de aquisição de produtos ou de pedido de execução de serviço, desde
que contratados fora do estabelecimento comercial.

Recomendações:
Ter em mente/ anotar
o nome, endereço e telefone do vendedor e os dados da empresa fabricante ou revendedora do produto;
a inscrição e o CGC da empresa;
a discriminação dos bens ou dos serviços contratados;
a discriminação das ofertas apresentadas pelo vendedor e os termos acertados no ato da compra;
o orçamento detalhado dos bens ou dos serviços oferecidos.

Tópicos 17, 18, 19, 20

11. Da Defesa do Consumidor em Juízo


12.1. Os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos;
12.2. A legitimidade ativa para propositura de ações coletivas;
12.3. As ações judiciais;
12.4. Os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos;
12.5. A legitimidade ativa para propositura de ações coletivas.
12.6. Custas, despesas e honorários nas ações coletivas;
12.7. A inversão do ônus da prova;
12.8. A competência;
12.9. Da coisa julgada nas ações coletivas;
12.10.Aspectos da litispendência e continência da ação coletiva com a ação individual;

Sabemos que a Lei 8.078/90 é norma protecionista, baseada no inc. XXXII, art. 5º da CR/88, que reza: "O
Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor".

O CDC não só trata da defesa e proteção do consumidor , mas mostra como esta garantia deve ser feita
em juízo.

Arcabouço legal

Art. 6º, CDC. São direitos básicos do consumidor:


(...)
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;
(...)

A tutela processual dos interesses e direitos do/a consumidor/a é garantida pelo art. 81 e seguintes da lei
consumerista. A defesa dos interesses do consumidor pode ser exercida de duas maneiras: individualmente
ou coletivamente.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

O exercício em juízo da defesa dos interesses e direitos individuais do/a consumidor/a é pouco explorado
pelo CDC, pois há uma clara atenção à questão coletiva. Há razões para o desinteresse de consumidores e
consumidoras pela tutela judical. O alto custo da demanda e o baixo valor das lesões é uma delas.

Lembremos os conceitos de consumidor e vítimas de consumo.


O consumidor "é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final' (art. 2º do CDC). Assim, para ser consumidor, a pessoa física ou jurídica deve ser destinatário final.

A vítima do evento é equiparada ao consumidor por força do art. 17 do CDC. Desta maneira, são tratadas
como consumidores todos aqueles que, não sendo consumidores, sofrem um dano em virtude de um
acidente de consumo.

DEFESA INDIVIDUAL

Dispositivos que tratam especificamente da defesa individual

Art. 101, I do CDC - competência do domicílio do autor


A competência para o ajuizamento da ação para apurar a responsabilidade do fornecedor pelos danos
causados em ação judicial individual pode ser a do domicílio do autor;

Art. 101, II do CDC - vedação de denunciação da lide


O fornecedor de produtos e serviços que for réu na ação de responsabilidade pode chamar ao processo seu
segurador (chamamento ao processo) e não denunciá-lo à lide. Isso amplia a garantia do consumidor de ver
seus danos reparados e não retarda o feito;

Arts. 97 e 103, §3º do CDC - liquidação e execução individual das sentenças condenatórias proferidas nas
ações coletivas.

Por fim, importa registrar que a defesa dos interesses individuais do consumidor, quando apreciados pelo
Poder Judiciário, segue a sistemática do Código de Processo Civil e dos dispositivos acima apontados.

Quando tratarem de causas de menor complexidade, podem ser ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis.
Em alguns estados existem comarcas que possuem Juizados Especiais Cíveis de Relações de Consumo
(NÓS TEMOS UM)

DIREITOS COLETIVOS

A proteção que hoje temos aos direitos coletivos pode ser associada o desenvolvimento da própria CF/88
isto porque ela aperfeiçoou. meios processuais importantes no intuito de tutelar os interesses
metaindividuais e os individuais homogêneos, entre eles e o que nos importa neste momento, é o art. 129,
III e §1º, que estabelece que o Ministério Público e determinados entes têm a função de promover ação civil
pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos.
Lei da ação civil publica 7347/85

Há ligação entre as ações coletivas dispostas pelo CDC e as ações civis públicas tratadas pela Lei da Ação
Civil Pública?

Ambas ações se ligam pelo objeto, pois objetivam a tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos. Mas o CDC define estes interesses:

Art. 81, parágrafo único, CDC. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

A diferença clara entre interesses difusos e coletivos está na titularidade que já vimos na primeira Tópicos
(vamos revisar?).

Art 83 CDC

Ele garante que todas as espécies de ações (conhecimento, cautelar e executória) podem ser interpostas
para a defesa dos interesses individuais e coletivos dos consumidores.

Relembrando, sabemos que, grosso modo, as ações se classificam em conhecimento, cautelar e execução.

A ação de conhecimento pode ser:

- Declaratória: ação que confirma ou não a existência de uma certa relação jurídica. Como exemplo no
âmbito consumerista podemos citar a ação que visa a declaração de nulidade de uma determinada cláusula
contratual abusiva.

- Constitutiva: ação que busca a exceção, modificação ou extinção de uma certa relação jurídica. Como
exemplo no âmbito consumerista podemos citar a ação que visa desconstituir todo um contrato que foi
maculado por apenas uma cláusula abusiva.

- Condenatória: a pretensão é de imposição de uma obrigação à parte contrária. Como exemplo no âmbito
consumerista podemos citar a ação que visa conferir direitos individuais homogêneos.

- Mandamental: não busca uma condenação para fazer ou dar, é uma ordem de fazer ou não fazer, de dar
ou não dar. Como exemplo no âmbito consumerista podemos citar a ação que visa a proibição de produção,
divulgação e distribuição de um produto nocivo à saúde dos consumidores.

Quem são os legitimados para a ação judicial em defesa do/a consumidor/a e o interesse de agir deles/as?

Primeiro, vejamos as condições da ação:

possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade da parte para a causa.

São tratadas pelo art. 3º do CPC, que assim dispõe: "para propor ou contestar ação é necessário ter
interesse e legitimidade". Quando as condições estão ausentes, o/a titular do direito de ação torna-se
carecedor de ação.Para apreciar o conflito de interesses, aqueles/as que estão litigando devem ser os/as
titulares da pretensão deduzida em juízo.

São legitimados para a defesa individual em juízo: o consumidor individual e as vítimas de consumo.
Estes possuem a chamada legitimação ordinária, pois há uma correspondência de titularidade na relação de
direito material e na de direito processual.

Art. 82, CDC. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:

I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização
assemblear.

Art. 5o, Lei 7.347/85. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem
econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA

A legitimidade para o ajuizamento de ações coletivas em defesa dos interesses difusos, coletivos e
individuais homogêneos classifica-se em:
Concorrente
Disjuntiva: as pessoas dispostos/AS nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 podem ingressar em
juízo sozinhas, sem a necessidade de autorização dos demais ou formação de litisconsórcio

Lembrete:

Litisconsórcio equivale à presença de várias (duas ou mais) pessoas ou entes que, em geral, se reúnem
pela comunhão ou conexidade de interesses (direitos ou obrigações) sobre o objeto da demanda, com o
intuito de obterem os mesmos resultados.

Legitimidade no individual e no coletivo

- Autônoma: as pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 pleiteiam em
nome próprio direito próprio.

- Extraordinária: as pessoas e entes dispostos nos arts. 82 da Lei 8.078/90 e 5º da Lei 7.347/85 pleiteiam
em nome próprio direito alheio, o que demonstra hipótese de substituição processual. O CPC permite esta
legitimação quando dispõe: "Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei" (art. 6º do CPC).

A Lei 8.078/78 estendeu a legitimação também aos entes públicos (entidades e órgãos públicos da
administração direta ou indireta) que não tenham personalidade jurídica.

Contudo, estes devem ser especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos dos consumidores.

1-O procon tem legitimidade ativa, e não passiva, pois não tem personalidade jurídica.

Exemplo para compreensão:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DECISÃO


ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DE MULTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO PROCON. FALTA
DE PERSONALIDADE JURÍDICA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 5º, INCISO XXXII, DA CF/88 E 81 E 82
DO CDC. NULIDADE DO JULGADO. INOCORRÊNCIA. I - O Tribunal a quo julgou satisfatoriamente a lide,
pronunciando-se sobre o tema proposto, tecendo considerações acerca da demanda, tendo apreciado a
questão acerca da legitimidade passiva da recorrida, ainda que não tenha expressamente dissecado acerca
dos artigos apontados pela recorrente. II - Não há que se falar, ainda, em obscuridade do acórdão
vergastado, pois esse expressou de forma transparente que a recorrida teria legitimidade ativa ad causam,
com base nos arts. 81 e 82 do CDC, sendo que lhe falta a legitimação passiva em razão da falta de
personalidade jurídica, inexistindo, portanto, contradição. (...). IV - De acordo com os arts. 81 e 82 do CDC,
os PROCONs possuem legitimidade ativa ad causam para a defesa dos interesses dos consumidores.
Precedente: REsp nº 200.827/SP, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de 09/12/02.

2- O CDC permite que as associações sejam partes legítimas para a interposição de ação judicial em defesa
do consumidor.

Contudo, faz duas exigências:

- Que as associações sejam legalmente constituídas há pelo menos um ano;

- Que as associações incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos do
consumidor.

Detalhe: dispensa de autorização da assembléia

É importante mostrar que sua legitimação ad causam é independente de


autorização assemblear. Ou seja, a associação não precisa de autorização
concedida em assembléia prévia para ajuizar ação em defesa do consumidor.

IMPORTANTE!

O/a Juiz/a pode dispensar o requisito de um ano na defesa dos direitos individuais homogêneos!

Para isso, deve haver: manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou características do dano ou
pela relevância do bem jurídico a ser tutelado

Ex: associação para defesa de vitimas de acidentes aéreos

A defesa do/A consumidor/a em juízo pode ser realizada de forma individual ou coletiva, variando conforme
os direitos a serem protegidos. Assim, a defesa é individual se os interesses são individuais e coletiva, se os
interesses são difusos, coletivos ou individuais homogêneos.
COMPETÊNCIA, CUSTAS, HONORÁRIOS NAS AÇÕES COLETIVAS

COMPETÊNCIA

Capitulo II titulo III

A definição mais comum da competência é que seria "é a medida da jurisdição", configurando o exercício
pleno da função jurisdicional, limitado, contudo, pela lei.

Uma ação só pode ser proposta perante o/a juiz/a competente para julgar a causa. Por este motivo, a
jurisdição (poder/dever do Estado de dirimir conflitos) só pode ser exercida após a propositura da ação em
consonância com a competência correspondente.

A competência em razão do valor e da matéria é tratada pelo CPC conjuntamente através do art. 91.

- Razão do valor: o valor da causa determina o juízo competente para dizer o Direito. Por exemplo, a Lei nº
9.099 dispõe que as causas de valor até 40 (quarenta) salários mínimos são de competência dos Juizados
Especiais Cíveis.

- Razão da matéria: o Direito material determina a existência de um juízo especializado. Exemplo: vara de
família, vara de sucessões, etc..

- Funcional: leva em consideração a função exercida pelo juízo.

- Territorial: é determinada pelo domicílio da parte, pela localização da coisa ou pelo local do fato. Também é
conhecida como competência de foro.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto
nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

Art. 93, CDC. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:

I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional,
aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente

A natureza jurídica do/a fornecedor/a

A expressão "Ressalvada a competência da Justiça Federal" disposta no início do caput do art. 93 do CDC
demonstra a importância do conhecimento da natureza jurídica do/a fornecedor/a para a delimitação da
competência.

Isso porque, as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
fornecedores, a competência para julgamento é da Justiça Federal. (art.109, I da CR/88). Destarte, nas
demais causas, cujos fornecedores não forem pessoas ou entes públicos, devem ser julgados pela Justiça
local

O legislador consumerista utilizou-se do critério do local do dano para a fixação da competência para o
ajuizamento das ações coletivas. Com isso criou artigos específicos de competência territorial, baseados no
critério do local do resultado do dano.

Reitera-se que se o dano de âmbito local, é competente o foro do lugar onde ocorreu (dano real) ou deva
ocorrer o dano (dano potencial) - art. 93, I do CDC . Se o dano for de âmbito nacional ou regional, é
competente o foro da Capital do Estado ou Distrito Federal - art. 93, II do CDC.

Lei 734785 usa o critério do local do dano.


Sempre no intuito de proteger o/a consumidorqa, a leidispôs no inciso I do art. 93 que a competência para a
causa cujo dano é de âmbito local é no foro do lugar onde ocorreu o dano ou deva ocorrer.

Porém é preciso interpretar e aplicar conjuntamente os dispositivos que tratam da competência das ações
coletivas (art. 93, I do CDC) com o das ações individuais (art. 101, I do CDC).

Como ambos encontram-se inseridos no mesmo Título - Da defesa do consumidor em juízo - não se
excluem e podem se complementar para benefício do consumidor.

Quando se tratar de dano de âmbito local, a ação coletiva deve ser impetrada no local que ocorreu ou deva
ocorrer o dano ou no domicilio do/a autor/a

O art. 93, II do CDC reza que a competência para a causa cujo dano é de âmbito nacional ou regional é no
foro da Capital do Estado ou do Distrito Federal.

A presença do "ou" gerou interpretações diversas na doutrina, Mas oSTJ entende que deve ser interpretado
conforme a opção doqa autor /a que opta por acionar no foro que lhe beneficia.

Assim como a legitimidade ativa, a competência para as ações coletivas ajuizadas devido a dano de âmbito
nacional ou regional é concorrente

O CDC portanto estabeleceu normas específicas de competênciapara ações coletivas, afastando o CPC,
nesse sentido.

Custas

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.

Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela
propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas,
sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos

Litigância de má-fé
A litigância de má-fé é tratada pelo art.17 do CPC que dispõe:

Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
Vl - provocar incidentes manifestamente infundados.
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Ocorre que o CDC determina que esta má-fé seja comprovada, ou seja, é preciso que esta seja
demonstrada nos autos do processo.

Vale lembrar que havendo observação de má fé, haverá a desconsideração da personalidade jurídica
( diretores da associação dançam...)
Aliás, apesar do dispositivo consumerista falar apenas em associação autora, os demais legitimados para as
ações coletivas também devem responder pela litigância de má-fé.

COISA JULGADA

A doutrina ainda não chegou a um consenso sobre o conceito de coisa julgada. pode-se dizer que a coisa
julgada é um instituto processual que qualifica a sentença tornando-a imutável e indiscutível.
A sentença, (art. 162, §1º do CPC), gera efeitos no mundo jurídico: declarar, constituir, condenar, executar e
mandar.Sabe-se que há a sentença declaratória, mandamental, constitutiva, executiva, condenatória.

A coisa julgada é uma qualidade que torna tais decisões (declaratórias, constitutivas, condenatórias,
executivas e mandamentais) imutáveis. CPC no art. 467 "Denomina-se coisa julgada material a eficácia,
que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário".

Ler o art 472 CPC

Lembrete:
O litisconsórcio corresponde à pluralidade de sujeitos (autores/ réus) no mesmo processo. O litisconsórcio
necessário ocorre quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a
lide de modo uniforme para todas as partes.

A coisa julgada se divide em...

Coisa julgada formal


A coisa julgada se denomina formal quando, esgotados ou precluídos todos os recursos possíveis dentro do
processo, a decisão se torna imutável. Entretanto, a imutabilidade da decisão só tem eficácia no processo
em que foi prolatada, podendo a matéria ser discutida em outro processo.

Coisa julgada material


Já a coisa julgada material ultrapassa os limites da decisão, tornando imutável não só a decisão do
processo, mas também de qualquer outro. Destarte, não se pode mais discutir sobre o que foi decidido em
nenhum outro processo.

Ler o 469 CPC

Os motivos (fundamentos) da sentença não fazem coisa julgada material. Ora, se a sentença é composta
pelo relatório, fundamentação e dispositivo, apenas a ffundamentação, ainda que seja importante para a
determinação do alcance do dispositivo, não faz coisa julgada.

A apreciação de questão prejudicial decidida incidentalmente nos autos do processo também não faz coisa
julgada.

- Coisa julgada erga omnes - sentença que atinge todas as pessoas, indistintamente.
- Coisa julgada ultra partes - sentença que atinge um grupo de pessoas envolvidas no objeto da demanda.

Percebe-se, então, que a lei consumerista ao estabelecer quais são as pessoas que serão alcançados pela
sentença transitada em julgado, mostra a extensão da coisa julgada.

O efeito erga omnes nestes casos indica que:

- Com a procedência da ação, todos/as os/as consumidores, titulares do direito difuso, aproveitarão da
sentença.

- Com a improcedência da ação, os consumidores titulares dos direitos difusos não poderão ajuizar nova
ação coletiva com o mesmo intuito. Isso só pode ser feito através de ação individual.

Porém, ão fará efeito erga omnes, porém, se for improcedente por falta de provas.

Efeito ultra partes

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de
provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único
do art. 81;

A sentença neste caso, atinge todos os consumidores que integram o grupo, categoria ou classe que se
beneficiam com a ação em defesa dos interesses coletivos.
Cumpre asseverar que se a ação for julgada improcedente, mas estiver baseada na análise do mérito e
fatos devidamente provados, a coisa julgada continua produzindo efeito ultra partes, o que impede o
ajuizamento de nova ação coletiva com o mesmo intuito. Contudo, isso pode ser feito através de ação
individual.
A exceção encontra-se na hipótese da ação ser julgada improcedente por insuficiência de provas.

Litispendência, a continência e a conexão entre a ação coletiva e a ação individual.

Litispendência
Conforme determina o CPC através dos §§ 3º e 2º do art. 301:

§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; (...)


§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.

Na ação coletiva, o pedido varia conforme os interesses envolvidos (interesses coletivos, interesses difusos
e interesses individuais coletivos). Já na ação individual, o/a consumidor/a individual busca apenas o
ressarcimento do dano.

Ocorre que apenas pode coincidir a causa de pedir, o que não induz a litispendência uma vez que devem
ser idênticas as partes, o pedido e a causa de pedir.

Com a suspensão da ação individual, o/a consumidor/a se beneficia de uma eventual procedência da ação
coletiva. Se não a requerer, a ação individual corre por sua conta e risco, podendo ser julgada improcedente

Acontece que esta suspensão deve ser requerida no prazo de 30 dias, a contar da ciência nos autos do
ajuizamento da ação coletiva. Ou seja, o requerimento da suspensão deve ser feito a partir da prova na
ação coletiva da ciência do consumidor, que é feita através de intimação pessoal deste.

Continência
Conforme determina o CPC através do art. 104:

Art. 104, CPC. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e
à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

Conexão
Conforme determina o CPC através do art. 103:

Art. 103, CPC. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de
pedir.

Ocorre conexão, portanto, quando duas ou mais ações possuem o mesmo objeto ou causa de pedir.

Lembre que o objeto não pode ser o mesmo. Já a causa de pedir sim. Como a conexão ocorre quando duas
ou mais ações têm o mesmo objeto ou a mesma causa de pedir, existe divergência se pode ou não haver
conexão entre ambas.

Вам также может понравиться