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Nº 12 - Novembro - 2006 www.abreucardigos.

com

2 Fiscalização
3 Assembleia Geral
4 Estado Enquanto Accionista

6 Não Concorrência
Administradores 7 Responsabilidade
na Administração 8 Novas Responsabilidades

Editorial
A importância da reforma do direito de descrição das alterações introduzidas, os nossos clientes e empenhamo-nos em tinacionais, incluindo sociedades cotadas
societário de 2006, incidente sobre os chegou o tempo de apresentar análises desenvolver esse relacionamento. em bolsa e conhecidos grupos internacio-
modelos de governação das sociedades criticas sobre os reflexos da reforma ope- nais, portugueses e estrangeiros.
anónimas, a simplificação ou elimina- rada. É este o contributo que se pretende Os advogados da APDC possuem extensa
ção de actos e procedimentos registrais, com a primeira Aware da APDC. e intensa experiência, no acompanhamen- Fazemos votos de que aprecie a Aware
e implementando um novo regime da to da vida e das operações das empresas, da APDC. O nosso propósito é criar um
dissolução e liquidação de sociedades A APDC é uma área chave da Abreu sociedades e grupos de sociedades, em instrumento que seja simultaneamente
comerciais, levou-nos a tomar a opção Cardigos & Associados (ACA). A nossa matéria de responsabilidade de ad- informativo e de leitura agradável. Ficare-
de centrar a primeira Aware da Área de filosofia consiste no exercício da advo- ministradores e corporate governance, mos a aguardar os seus comentários, as-
Prática de Direito Comercial (“APDC”) cacia, em áreas de especialidade no âm- na formação, negociação e análise de sim como sugestões de temas a tratar em
nas inovações levadas a efeito, apre- bito do direito comercial, numa lógica de contratos comerciais e nas relações com a futuras Awares.
sentando uma primeira análise crítica funcionamento de grupo, por advogados Autoridade da Concorrência e outras Au-
das suas parcelas mais significativas. com experiência e formação variadas. A toridades de Regulação Sectorial. A nossa Bem-vindos à primeira Aware da Área de
Os escassos meses decorridos desde a nossa missão é a melhoria continua da experiência resulta do aconselhamento Prática de Direito Comercial!
entrada em vigor dos textos legislativos qualidade do serviço a prestar asseguran- quotidiano e contínuo, ao longo dos anos,
da reforma, não permitem que a nossa do um valor acrescentando para o cliente, aos inúmeros clientes da ACA, que abran-
abordagem se possa valer de doutrina a honorários competitivos e com custos gem o empresário individual, investidores Miguel de Avillez Pereira
ou jurisprudência. Mas, esgotada a fase controlados. Valorizamos a relação com e das maiores empresas nacionais e mul- miguel.avillez.pereira@abreucardigos.com

Administração de Sociedades
Novas regras e modelos
de organização
que respeita à administração das so- turas, com poupança assinalável de executivas. Embora os membros
Armando Martins Ferreira
armando.m.ferreira@abreucardigos.com ciedades, são as seguintes: custos. Este modelo dá expressão da comissão executiva sejam ad-
às boas práticas de governo soci- ministradores, limitou-se a sua
i) Aparecimento de um novo mo- etário, através do reforço da coope- remuneração a uma quantia fixa,

A reforma do Código das Socie-


dades Comerciais promovida
pelo Decreto-lei 76-A/2006 veio
delo de raiz anglo-saxónica e apro-
fundamento dos dois modelos já e-
xistentes: modelo clássico (conselho
ração e articulação da estrutura da
administração com a supervisão e
fiscalização da sociedade, por via
não dependente, nem variável em
função da actividade da sociedade,
de modo a assegurar condições de
permitir aos empresários uma es- de administração / administrador do funcionamento de uma comissão maior imparcialidade.
colha mais ampla, mas também mais único, conselho fiscal /fiscal único) e de auditoria (“audit committee”) O conselho de administração é
exigente, dos diversos modelos de modelo dualista (direcção, conselho dentro do conselho de administra- composto por um número mínimo
organização das sociedades anóni- geral e revisor oficial de contas). ção. Os membros da comissão de de cinco administradores, três
mas, considerando nomeadamente a auditoria são administradores, mas membros da comissão de auditoria
dimensão do projecto empresarial, o O novo modelo (anglo-saxónico) com estatuto, nalguns casos neces- e dois membros com funções exe-
recorte das estruturas de administra- Representa a consagração do sariamente independente, e funções cutivas, um dos quais o presidente
ção e de fiscalização e os necessários modelo existente nomeadamente de supervisão das decisões da ad- do conselho de administração, com
equilíbrios accionistas. nos EUA e em Inglaterra e visa fa- ministração e poderes de suspensão voto de qualidade.
cilitar às sociedades portuguesas, de administradores com funções
Em traços necessariamente largos, nomeadamente às cotadas nas bol- executivas (“auto-controlo”), bem
dadas as inúmeras alterações e inova- sas de NY e Londres, bem como como de fiscalização da actividade
ções operadas, as principais linhas de aos investidores estrangeiros, a do ROC da sociedade, sendo-lhes
fundo do Decreto-lei 76-A/2006, no possibilidade de replicarem estru- vedado o exercício de funções (Continuação pág. 9)
2 Nº 12 - Novembro - 2006

Novo CSC:
Fiscalização
Conselho Fiscal e ROC
Miguel Teixeira de Abreu, Paulo Cordeiro de Sousa, Marta Romano de Castro, Alexandra Courela e Leonardo Marques dos Santos

Análise Critica funções, assegurando a existência contabilísticas, à fiscalização da eficá- , o qual, adivinhamos continuará
O artigo 278º do CSC estabelece as de qualificações técnicas. Parale- cia do sistema de gestão de riscos, a ser o preferido considerando os
três modalidades de administração e lamente, também a possibilidade de do sistema de controlo interno e do custos elevados de implementação
fiscalização1 . A redacção não é feliz. contratação de peritos para coadjuva- sistema de auditoria interna não repre- do novo sistema e o facto de a sua
Com efeito, a alínea a) do mencio- rem o exercício das funções do órgão sentam uma possibilidade da interfe- adopção ser uma mera faculdade;
nado artigo 278º do CSC refere que a de fiscalização – alínea l) do artigo rência na gestão efectiva da sociedade ii) Inquestionável é a alteração
fiscalização pode ser estruturada com 420º - representa uma outra vertente não consubstanciando uma situação verificada ao nível das sociedades
recurso a um Conselho Fiscal, no en- desta profissionalização. de fiscalização subjectiva. cotadas em bolsa que obrigatoria-
tanto o n.º 1 do artigo 413º que visa O n.º 2 do artigo 420º cria um du- mente terão que adoptar o novo
concretizar a composição desse Con- Os conceitos de independência e plo grau de controlo (Assembleia Ge- modelo (Conselho Fiscal);
selho Fiscal admite que este possa imparcialidade são também eles ex- ral e Conselho Fiscal) sobre o Revisor iii) Criou duas outras modalidades
ser composto por um Fiscal Único. plorados e valorizados neste novo dis- Oficial de Contas e sobre a preparação de estruturação da administração e
Assim, o défice de eficácia do positivo legal. Com efeito, o membro da documentação contabilística e de fiscalização as quais nos parecem
sistema de fiscalização mantém-se, do Conselho Fiscal quanto a quem, prestação de contas. Paradoxalmente complexas e pesadas em termos
porquanto, os objectivos de atri- conforme acima mencionado, se e- nas situações em que o órgão de fis- organizacionais sem que a sua
buição das funções de fiscalização xige a formação universitária, tem, calização é composto por um Fiscal adopção seja obrigatória. Mais
a um órgão colegial, independente igualmente que ser independente. Su- Único, o qual inclui, entre as suas uma vez parece estarmos perante
e multidisciplinar não são alcança- cede que o conceito de independência competências, a preparação da docu- soluções legislativas cuja con-
dos. O Fiscal Único continua a ser plasmado no n.º 5 do artigo 414º do mentação contabilística e dos docu- cretização e aplicação prática será
um mero órgão de revisão oficial de CSC é, em nossa opinião, demasiado mentos de prestação de contas, apenas pouco significativa.
contas. vago podendo abarcar situações que o a Assembleia Geral exerce algum tipo iv) As grandes empresas, que não
legislador não pretendia contemplar. de controlo. sejam obrigadas a adoptar o siste-
Por outro lado, os limites estabe- Paralelamente, o legislador optou, no ma previsto na alínea a) do artigo
lecidos no n.º 2 do artigo 413º que que se refere às incompatibilidades 278º do CSC, tenderão a adoptar
determinam a obrigatoriedade de co- dos membros do Conselho Fiscal e Nota final a modalidade prevista na alínea
legialidade do orgão (Conselho Fis- considerando a dignidade e importân- O legislador pretendeu criar um c) desse mesmo artigo, no qual, o
cal) são, na nossa opinião, excessivos cia da matéria, por autonomizar esta sistema completo e multi-orgânico de Conselho de Supervisão servirá de
porquanto, sociedades comerciais questão num novo artigo – 414º A. controlo/fiscalização da sociedade a intermediário entre os accionistas
com grande impacto no panorama ser efectuada por um órgão colegial, e o Conselho de Administração,
económico-financeiro português Infelizmente, esta preocupação contudo, o resultado final nem sem- algo que nos parece positivo.
muito facilmente não ultrapassam de valorização não redundou na cria- pre foi alcançado. Senão vejamos:
os limites estabelecidos na lei e as- ção de mecanismos de controlo, pelo i) Criou uma modalidade de es- 1
Sem prejuízo de se encontrar previsto
sim poderão continuar a adoptar que temos que salientar como menos truturação da administração e fis- no n.º 2 do mesmo artigo a possibilidade
como orgão de fiscalização um Fis- positiva, a inexistência de um órgão calização composta por um Con- de uma quarta modalidade de administra-
cal Único. externo a quem seja atribuída a com- selho de Administração e por um ção e fiscalização, nos casos especifica-
mente previstos na lei, nos termos da qual
Mais uma vez ficam comprometi- petência de fiscalização destas incom- Conselho Fiscal mas permitiu que
se prevê a existência de um administrador
dos os objectivos de colegialidade e patibilidades bem como a fiscalização o Conselho Fiscal fosse composto único e de um fiscal único.
controlo acima mencionados. dos pressupostos para a adopção obri- por um Fiscal Único, porquanto,
2
Um aspecto que nos parece bas- gatória de um dos modelos de admi- os requisitos subjacentes à obri- Note-se que com a redacção deste novo
tante positivo é a intenção de profis- nistração e fiscalização. gatoriedade de adopção de um CSC deixa de ser obrigatória a inclusão
sionalização subjacente às alterações Conselho Fiscal são demasiados no Conselho Fiscal de um ROC.
introduzidas quanto ao órgão fiscali- Existe um alargamento de com- exigentes. Em suma temos uma 3
Note-se, a título meramente exemplifica-
zador. Efectivamente, o n.º 4 do ar- petências do órgão de fiscalização e, nova modalidade de fiscalização
tivo que lhes compete não só a verificação
tigo 414º do CSC, torna obrigatória a em consequência, um aumento das que visa substituir a anterior mas da exactidão do balanço e demonstração
inclusão no Conselho Fiscal2 de um suas responsabilidades3 . No entanto, as sociedades poderão continuar a de resultados, como sucedia na versão
membro que tenha um curso supe- parece-nos que as novas competências utilizar o antigo sistema - Conselho anterior, mas de todos os documentos de
rior adequado ao exercício das suas subjacentes à verificação das políticas de Administração + Fiscal Único - prestação de contas.
3 Nº 12 - Novembro - 2006

Assembleia
Duarte de Athayde
Global
duarte.athayde@abreucardigos.com

O DL 76-A/2006 de 29 de
Março consagra uma sé-
rie de medidas que visam adap-
Sublinha-se que se trata de uma
nova forma de presença, o que não
se confunde de todo com as formas
facilita a constituição de sociedades
Portuguesas por investidores não
residentes, o que, numa sociedade
tar as regras sobre constituição e admitidas de representação. aberta e de livre circulação de capi-
funcionamento das assembleias- tais, é positivo.
-gerais à moderna sociedade de Colocam-se no entanto alguns
comunicação. As assembleias já desafios, pois a lei exige que a so- Por fim, os meios telemáticos
não são apenas gerais, são tam- ciedade encontre os meios adequa- aplicam-se também às assembleias-
bém globais. dos a assegurar a autenticidade gerais universais, constituídas pela
das declarações e a segurança das totalidade dos sócios com dispensa
De facto, a partir de agora, comunicações, sem contudo os es- de prévias formalidades de convo-
permite-se que uma assembleia- pecificar. A certificação digital das cação.
-geral, convocada por correio assinaturas será sem dúvida um dos
electrónico, se realize por meios caminhos. O voto por correspondência é de
telemáticos, com exercício de entre estas alterações a que coloca
voto por correspondência. O recurso a meios telemáticos questões mais complexas. Diz a lei
tem assim algumas consequências que se os estatutos não proibirem
A convocação por correio elec- curiosas: temos de admitir, por ex- o voto por correspondência devem
trónico é uma evolução perfeita- emplo, que o presidente da mesa, regular o seu exercício… e se não
mente normal e esperada do re- com todas as funções e competên- o fizerem?
gime (que já previa convocatórias cias inerentes ao seu cargo, não
por carta registada com aviso de esteja fisicamente presente na re- Se as sociedades nada fizerem, o
recepção). A validade desta con- união. voto por correspondência dá-se por
vocação depende do prévio con- admitido. Mas, sem regulamentação
sentimento dos accionistas. Por outro lado, os sócios que adequada, a sociedade pode ver-se
participem à distância podem es- envolvida em questões graves e de
Ainda que nada se diga sobre tar fora do país, sobretudo sendo difícil solução.
a forma desse consentimento, em sócios estrangeiros ou não residen-
nosso entender, por razões de bom tes. Em última instância a reunião A começar pelo valor a dar aos
senso e prudência, deve ser explí- da assembleia-geral da sociedade votos emitidos em relação a pro- propostas subsequentes, até ao máxi-
cito e por escrito, e pode ter um portuguesa pode ter lugar apenas postas de deliberação posteriores. A mo de cinco dias seguintes à assem-
carácter geral, válido para todas e entre ausentes, quer estejam todos lei prevê duas alternativas mas não bleia, pode potenciar terríveis nego-
quaisquer convocatórias futuras. concentrados noutro país ou disper- consagra uma solução supletiva. ciações do sentido de voto. Além de,
sos por vários, até porventura cada apesar da lei o não dizer, só ser admis-
Quanto à utilização de meios um no seu… Esse facto não afecta Aliás, ambas as alternativas su- sível para sócios que já haviam votado
telemáticos, note-se antes de mais a nacionalidade e a lei aplicável à geridas pela lei têm deficiências. por correspondência no momento da
que a assembleia-geral continua a sociedade, desde que a sua sede Determinar que os votos emitidos deliberação original, sob pena de se
ser uma reunião de sócios o que se mantenha em Portugal, nem a por correspondência são sempre colidir com as regras sobre quórum
significa que todos têm de estar sua residência para efeitos fiscais, negativos em relação a propostas da assembleias-gerais e até com o
em contacto ao mesmo tempo. O desde que aqui se localize a sua di- apresentadas ulteriormente pode, na princípio de igualdade entre sócios.
que se flexibiliza é a forma dos recção efectiva. prática, impedir a apresentação de
sócios se colocarem em contacto tais propostas ainda que por vezes É essencial que as sociedades co-
uns com os outros: o contacto Desta forma, o novo regime totalmente justificadas e até ne- merciais portuguesas desde já adap-
ou a presença já não tem de ser facilita a participação de não resi- cessárias. tem os seus estatutos ou adoptem
física, pode verificar-se através dentes no capital de sociedades um regulamento interno que permita
de meios telemáticos. Portuguesas ou dito de outra forma, Autorizar a emissão de votos sobre evitar este tipo de problemas.
4 Nº 12 - Novembro - 2006

Notas Sobre o Novo


Regime Privado do Estado
Francisco Patrício
Enquanto Accionista
francisco.patricio@abreucardigos.com

A s alterações ao Código das


Sociedades agora postas em
prática pelo do DL 76-A/2006, de
que o Estado vinha mantendo
enquanto accionista/sócio de so-
ciedades comerciais.
tárias ao exercício do direito
de voto do Estado ou entidades
equiparadas 1 e a extinção do re-
No entanto, resta saber se as
mesmas – sobretudo a segunda
– vão ser respeitadas na prática,
29 de Março, são muitas e signifi- gime de excepção dos adminis- atenta a fortíssima posição com
cativas. Como já é aliás prática na maio- tradores nomeados pelo Estado, que o Estado se apresenta, na
ria dos sistemas jurídicos moder- os quais passaram a estar sujei- negociação dos seus direitos so-
Apesar deste diploma não ter revo- nos, foi intenção do legislador, tos à destituição por deliberação ciais (v.g. de voto, de eleição de
gado o anterior Código das Socie- revogar determinadas prerroga- da Assembleia Geral, tal como administradores, de transmissão
dades Comerciais, “mexeu” em tivas especiais do Estado, en- os demais administradores elei- de participações sociais, de dis-
mais de metade das disposições até quanto sócio/accionista, detentor tos. tribuição de dividendos, de ou-
então em vigor e alterou a lógica de uma participação no capital tras decisões estratégicas) com
de muitos conceitos materializados social de uma sociedade portu- O desaparecimento destas pre- os seus “pares”.
e instituídos de há vinte anos a esta guesa (por quotas ou anónima). rrogativas são em nossa opin-
parte. ião saudáveis e perfeitamente
1
De entre as principais realçamos compreensíveis, no domínio do Com excepção das acções a privatizar,
Uma das alterações, prende-se com a abolição da norma que excluía regime privado do Estado en- nos termos das disposições transitórias
a abolição de certos privilégios a aplicação de limitações estatu- quanto accionista. do referido Decreto de Lei.

Regime
de Incompatibilidades
Ana Sofia Batista
à luz do “novo” CSC
Anasofia.batista@abreucardigos.com

O Decreto-Lei nº 76-A/2006, de
29 de Março, que inter alia al-
terou profundamente o Código das
os restantes artigos remetem são
as vertidas nos artigos 414º, nº 5
(Composição Qualitativa) e 414º-
co ou revisor oficial de contas (ou
por remissão, com as necessárias
adaptações, i) do artigo 374º-A,
grupo (alínea e) do nº 1 do artigo
414º-A), os que exerçam funções
em empresa concorrente e actuem
Sociedades Comerciais (doravante, A (Incompatibilidades), incluí- membros da assembleia geral; em representação ou por conta
“CSC”) aprovado pelo Decreto-Lei dos na Secção II do Capítulo IV ii) do artigo 423º-B, membros da desta ou que, por qualquer outra
nº 262/86, de 2 de Setembro, veio do Título IV do CSC, sob o tema comissão de auditoria, e iii) do forma, estejam vinculados a in-
estabelecer um regime mais aper- “Fiscalização”. artigo 434º, membros do conselho teresses da empresa concorrente,
tado de incompatibilidades para o geral e de supervisão), os que, de e os que exerçam funções de ad-
exercício das funções de membro Falando apenas nas alterações modo directo ou indirecto prestem ministração ou de fiscalização de
dos órgãos sociais nas sociedades em nossa opinião mais relevantes, serviços ou estabeleçam relação cinco sociedades, exceptuando
anónimas. estabelecem aquelas disposições comercial significativa com a so- inter alia as sociedades de advo-
que não podem ser eleitos mem- ciedade ou com sociedade com gados (alínea h) do nº 1 do artigo
As regras gerais para as quais bros do conselho fiscal, fiscal úni- ela em relação de domínio ou de 414º-A).
5 Nº 12 - Novembro - 2006

A lei não só clarificou conceitos dois mandatos, de forma continua ou de 2006 uma deliberação estatuindo
como alargou o universo de situa- intercalada (artigo 414,º nº 5). que os requisitos de independência
ções geradoras de incompatibili- e o regime de incompatibilidades
dade. Estas regras aplicam-se às so- quanto à eleição de determinados
ciedades emitentes de acções ad- cargos sociais não se aplicam aos
A enumeração e definição das mitidas à negociação em mercado serviços prestados por advogados,
situações geradoras de incompatibi- regulamentado e às sociedades, não por força dos princípios fundamen-
lidade traduziu um “apertar de ma- totalmente dominadas por outra so- tais a que estão sujeitos por força
lhas” do crivo destinado a assegurar ciedade que adopte este modelo, que do Estatuto da Ordem dos Advoga-
a independência na fiscalização e ultrapassem durante dois anos con- dos, maxime da sua necessária inde-
administração das sociedades. secutivos dois de três limites (nº 2 do pendência. Recomenda a delibera-
artigo 413º). Ou sejam, aplicar-se-ão ção a criação de norma interpretativa
Por outro lado, estabelece a lei a sociedades anónimas de alguma que esclareça o acima com clareza.
– artigo 414º para o conselho fiscal, dimensão.
artigo 423º-B para a comissão de A Comissão do Mercado de Va-
auditoria e artigo 434º para o con- Assim sendo, nos casos das so- lores Mobiliários parece no entanto
selho geral e de supervisão, estes ciedades acima descritas, poderá ter opinião contrária, que parece
por remissão para o artigo 414º - a entender-se que advogados que lhes estar já a aplicar às sociedades co-
obrigatoriedade de um dos membros prestem serviços jurídicos, mesmo tadas.
desses órgãos colectivos ser inde- em regime de avença ou de presta-
pendente. Considera-se indepen- ção ocasional de serviços (ou seja, Apesar de nos parecer que o es-
dente, nos termos da lei, a pessoa sem estarem sujeitos a contrato de pírito da disposição não seria tão
que não esteja associada a qualquer trabalho) poderiam ser impedidos abrangente como a deliberação da
grupo de interesses específicos na de exercer funções, maxime, como Ordem dos Advogados indica, tam-
sociedade, nem se encontre em cir- presidente ou secretário da mesa da bém nos parece que limitar de forma
cunstância susceptível de afectar a assembleia geral, ou até ser desti- tão radical as funções que os advo-
isenção da análise ou decisão, nome- tuídos sem justa causa, ou até serem gados podem exercer será ir muito
adamente por ser titular, ou actuar atacadas as assembleias gerais a que longe.
em nome ou por conta de titulares, presidam.
de participações qualificadas iguais Resta-nos assim aguardar por
ou superiores a 2% do capital social, O Conselho Geral da Ordem dos eventuais alterações legislativas ou
ou por ter sido reeleita por mais de Advogados aprovou em 29 de Junho interpretativas.
6 Nº 12 - Novembro - 2006

O Dever de Não Concorrência


dos Administradores
e a Indemnização
Bruno Sampaio Santos
em Caso de Violação
bruno.s.santos@abreucardigos.com

O s administradores das socie-


dades têm um dever de leal-
dade (decorrente do princípio da boa
auferidos pelo director”. Esta norma
conferia em favor da sociedade uma
presunção legal relativamente ao
fé) para com estas, que a nova versão quantum indemnizatório, sendo ape-
do Código das Sociedades Comerci- nas necessário provar os prejuízos
ais agora explicita na alínea b) do ar- sofridos quando os mesmos fossem
tigo 64º. Uma das decorrências desse superiores aos lucros auferidos pelo
dever de lealdade é o dever de não administrador faltoso.
concorrência, previsto no número 3
do artigo 398º, também objecto de Ora a nova redacção do artigo 428º
alteração. Na nova redacção: ”Na eliminou tout court tal presunção,
falta de autorização da assembleia remetendo para o regime dos artigos
geral, os administradores não podem 397º e 398º, que não contém dis-
exercer por conta própria ou alheia posição semelhante. Não se vislum-
actividade concorrente da sociedade bra – para além do claro objectivo
nem exercer funções em sociedade de harmonização de regimes de res-
concorrente ou ser designados por ponsabilidade independentemente
conta ou em representação desta”. interesse social e que não devem nistradores, será sempre necessária da modalidade de administração
A novidade consiste exactamente na prosseguir interesses pessoais ou de uma resolução de autorização, não adoptada – o objectivo preciso des-
parte final do artigo, no que respeita terceiros em detrimento desse inte- funcionado a presunção de consen- ta alteração. É certo que a nossa lei
ao exercício de funções em socie- resse social. Sendo a obrigação de timento ainda que o exercício seja prevê a restituição em espécie, pelo
dade concorrente, a não ser que devi- não concorrência uma sua concreti- anterior à nomeação e amplamente que será sempre possível à sociedade
damente autorizados pela assembleia zação, expressa no Códigos das So- conhecido pelos sócios. ir reclamar os lucros auferidos pelos
geral. Outra alteração consiste na in- ciedades Comercias, o dever de leal- Mantém-se também inalterado o administradores em violação dos
clusão de um número novo, o núme- dade implica, também, o dever de não número 5 do artigo 254º no que res- seus deveres de não concorrência.
ro 4 do mesmo artigo 398º, segundo aproveitamento de oportunidades so- peita às consequências da violação Contudo, não é claro porque não se
o qual “A autorização a que se refere cietárias, ou corporate opportunities da obrigação de não concorrência, poderia ter mantido tal presunção,
o número anterior deve definir o re- – aqui se incluindo a celebração de as quais consistem no facto de cons- estendendo-a a todas as modalidades
gime de acesso a informação sensível negócios vantajosos de que se tenha tituir justa causa de destituição e na de administração de sociedades
por parte do administrador”. Assim, conhecimento por força do exercício obrigação de indemnizar a sociedade anónimas previstas no novo artigo
na resolução da assembleia geral que das funções de administração ou de pelo prejuízos causados – a violação 278º, em vez de a mesma ser elimi-
autorize um administrador a exercer utilização de informação privilegiada do dever de não concorrência é assim nada no que concerne ao modelo que
actividades concorrentes, deverá para esse efeito. geradora de responsabilidade obriga- adopta agora um conselho geral e de
também ser regulado o acesso do Quanto ao seu regime, o artigo 397º cional. supervisão. Agora, em qualquer caso,
mesmo administrador a informação remete para os números 2, 5 e 6 A este respeito, uma alteração opera- será sempre necessário à sociedade
que o possa colocar num conflito de do artigo 254º, mas já não para os da pelo Decreto-Lei 76-A/2006 de provar os seus prejuízos e os lucros
interesses com a sociedade, sendo- números 3 e 4 da mesma disposição 29 de Março foi a da eliminação do auferidos pelos administradores, dei-
lhe vedado o acesso à mesma no caso legal, os quais não terão assim apli- número 3 do artigo 428º, o qual regu- xando estes de estar onerados pela
de se tratar de informação de facto cação aos administradores, sendo de lava directamente a indemnização presunção legal até então em vigor
sensível – o que sem dúvida reforça a destacar que o número quatro do ar- dos directores da sociedade no caso para os directores. Não alterando
protecção dos interesses da sociedade tigo 254º estabelece uma presunção de violação do dever de não concor- o regime geral dos deveres de não
na medida em que obriga os sócios a de consentimento para o exercício rência: “quando a actividade exerci- concorrência, esta eliminação não
defrontar-se com questões de incom- de actividade concorrente caso esse da pelo director, sem autorização do estará exactamente conforme com o
patibilidades e conflito de interesses exercício seja anterior à nomeação conselho geral, for concorrente com espírito das orientações que pugnam
a nível do acesso a informação por para o cargo e fosse conhecido dos a da sociedade, deve aquele indemni- por uma crescente responsabilização
parte desse mesmo administrador. sócios que disponham da maioria do zar os prejuízos sofridos por esta, ao dos administradores, de acordo com
O dever de lealdade implica que os capital social. Donde, esta alteração quais se consideram, pelo menos, de os melhores princípios de corporate
administradores devem prosseguir o parece significar que, para os admi- montante igual aos lucros e proventos governance.
7 Nº 12 - Novembro - 2006

Responsabilidade
na Administração,
Rita Sousa Maltez
Direito dos Accionistas
rita.s.maltez@abreucardigos.com

D e entre as alterações ao Có-


digo das Sociedades Comer-
ciais (CSC) as de maior substância
relativamente aos seus direitos, por
outro.

foram as relativas ao governo das Todos sabemos de inúmeras falên-


sociedades, ou seja, à sua estrutura cias cujos principais responsáveis
orgânica e relacionamento entre os são os administradores das empresas
órgãos sociais. em questão. Todos sabemos de casos
Os principais aspectos que são objec- de fugas de informação que desvalo-
to de tratamento no contexto do Cor- rizam ou penalizam empresas. To-
porate Governance como se sabe são dos sabemos de relações impróprias
três: (1) a garantia de independência entre administração e interesses ac-
na administração das sociedades, (2) cionistas.
a garantia de que os accionistas e
outros interessados dispõem de cor- Não é curioso que haja pouca confli-
recta e completa informação sobre a tualidade nessa área?
vida da sociedade e os seus negócios
e (3) a garantia de que os accionistas Bastará para explicar esta realidade
têm a capacidade de, pelo exercício a reduzida sofisticação da nossa eco-
esclarecido e activo dos seus direitos nomia? O facto de o nosso tecido
(de voto e direito à informação), in- gra que, na verdade, todos devemos fiscalização das sociedades. De igual empresarial ser tradicionalmente
tervir na vida da sociedade, quer seja seguir na vida: na Administração modo as regras que densificam o di- composto de empresas de pequena
pela fiscalização da administração das sociedades devemos proceder de reito dos accionistas à informação e média dimensão? O facto de a
quer seja pela apresentação de pro- forma criteriosa e ordenada, tendo e agilizam o exercício do direito de lentidão dos Tribunais não se com-
postas, pedidos de esclarecimentos em consideração todos os interesses voto foram objecto de alterações si- padecer com os interesses económi-
ou discussão de orientações. envolvidos. gnificativas, no mesmo sentido. cos, quase sempre urgentes?
Como se pode ver, a principal preo-
cupação neste domínio está no exer- Este artigo sofreu duas alterações: Pretende-se assim, com uma alte- Penso que não.
cício das funções de administração por um lado, uma diferente enuncia- ração legislativa vasta e profunda,
da sociedade. E foi exactamente na ção dos deveres dos administradores, melhorar a performance das nossas Os administradores devem ser com-
composição e nas competências do exigindo-se-lhes competência técni- empresas, através de uma adminis- petentes, criteriosos e diligentes. E
Conselho de Administração das so- ca e conhecimento da actividade da tração mais competente, diligente e responsáveis. E responsabilizados.
ciedades anónimas que se verifica- sociedade e estabelecendo um dever transparente e de uma fiscalização
ram as alterações mais substanciais expresso de lealdade e, por outro, mais próxima e apertada. E os accionistas devem ser interes-
ao CSC (não me esqueci a alteração a inclusão do dever dos órgãos de sados, atentos e fiscalizadores.
dos privilégios do Estado, mas essa fiscalização das sociedades desem- Mas, neste caso, a lei não basta.
não é matéria para esta opinião). penharem as suas funções segundo É também no exercício dos direi-
elevando padrões de diligência pro- Se procurarmos nas decisões dos tos dos accionistas (principalmente
Para além destas, houve uma outra fissional e com lealdade. nossos Tribunais, poucas são as de- o direito à informação, o direito de
alteração que suscitou particular cisões sobre a responsabilidade de participar nas assembleias e o direito
interesse, mais pelo espírito que a Em linguagem corrente: a administ- administradores ou responsáveis de voto) que reside uma fonte impor-
motivou do que pelas alterações ração das sociedades deve ser mais pela gestão da sociedade. E esse fac- tante de sucesso da actividade das
efectivas que introduziu: refiro-me eficiente e competente e deve ser to não é, (por uma vez!), culpa dos empresas. Não se tratar de influen-
à alteração do artigo 64ºdo CSC que mais controlada e fiscalizada. tribunais. ciar ou usurpar funções, mas sim de
versa sobre o dever de diligência dos legitimamente participar na vida das
Administradores das sociedades. Esta é também a ideia que mais Trata-se antes, em minha opinião, de sociedades de que são accionistas.
Trata-se, como não podia deixar de transparece das alterações aos arti- uma significativa ausência de cultura Trata-se de analisar e avaliar critérios
ser, de uma disposição puramente gos que versam sobre o Conselho de de responsabilidade, por um lado e de gestão. De exercício dos direitos
conceptual, da qual resulta uma re- Administração e sobre os órgãos de de desconhecimento dos accionistas fundamentais dos accionistas.
8 Nº 12 - Novembro - 2006

Reparou
nas Suas Novas
Inês Sequeira Mendes
ines.s.mendes@abreucardigos.com
Responsabilidades?
A s recentes alterações intro-
duzidas pelo DL 76-A/2006,
de 29 de Março ao Código do Re-
gisto Comercial (CRC) não só foram
muitas como, algumas, representam
uma verdadeira revolução (ainda que
relativamente silenciosa) no que res-
peita ao sistema e funções do registo
comercial, criando responsabilidades
adicionais para as sociedades e seus
representantes.

Na génese destas alterações esteve a


intenção de prosseguir-se no cami-
nho da desformalização e da simpli-
ficação de procedimentos, objectivo
também presente nas alterações ao
Código das Sociedades Comerciais e
aí consubstanciado, nomeadamente, imediata (processo que corre registo foi também alterado, bem sociedades por quotas.
na supressão da obrigatoriedade de apenas junto da conservatória, inici- como o processo de impugnação das Trata-se, como é bom de ver, de ac-
titulação por escritura pública de ando-se com requerimento do inte- decisões sobre registos. tos com particular relevo na vida so-
actos relativos à vida das sociedades ressado/ou auto que é analisado pelo cietária e potencialmente geradores
comerciais (p.ex. contrato de socie- conservador, sendo a dissolução logo Não obstante o necessário impacto de conflitos graves. Por essa razão,
dade, aumentos e reduções de capi- registada caso o conservador assim o de todas estas modificações, há uma até à data, a lei munia-se de espe-
tal, transmissões de quotas) e na alte- decida); a possibilidade de o registo que, apesar de menos patente, se re- ciais cautelas na verificação da sua
ração ao regime das fusões e cisões. ser requerido verbalmente; a redução veste de particular importância para legalidade, impondo um pesado du-
dos prazos de registo e das publica- a vida das sociedades e dos seus res- plo controlo sucessivo, primeiro pelo
Parte das alterações ao CRC mais ções oficiosas. ponsáveis. notário e depois pelo conservador.
não são do que a adaptação deste
Código às novas regras aplicáveis às Destaca-se a eliminação da com- Falamos da alteração dos factos que Contudo, de uma vez só, tudo mu-
sociedades comerciais. Outras, por petência territorial das conser- se encontram sujeitos ao regime do dou. Por um lado desaparece o
seu turno, visam manifestamente a vatórias, que entra em vigor a 1 de registo por transcrição e ao regime controlo notarial em decorrência da
desburocratização e simplificação Janeiro de 2007. A partir dessa data de registo por depósito. desnecessidade de escritura pública
dos procedimentos registais. São qualquer Conservatória passa a ser e, por outro, desaparece o controlo
exemplos das primeiras, a revoga- competente para efectuar o registo Uma grande parte dos factos passa efectuado na conservatória, que só se
ção da necessidade de legalização e receber os respectivos meios de a ser sujeita ao registo por depósito, mantém, em boa verdade, para os ac-
de livros; a eliminação da sujeição prova, para emitir certidões e cópias ou seja registam-se com o mero ar- tos sujeitos a registo por transcrição.
a registo de vários actos (v.g. a au- não certificadas. quivamento dos documentos que os
torização do sócio para manter o seu titulam. Assim, e muito em particular no que
nome na sociedade após a sua saída; A par desta eliminação, é criada a respeita às quotas, não existe agora
a cessação da existência do Conselho certidão permanente on-line com o Entre esses, e a título meramente ex- nenhuma instância de controlo; toda
Fiscal e a introdução do fiscal único; mesmo valor probatório da emitida emplificativo, estão a transmissão, a responsabilidade sobre a validade
a possibilidade de, em certas circuns- em suporte papel e prevê-se a utili- a unificação, a divisão de quotas; a e boa titulação desses actos recai so-
tâncias, ser dispensada a tradução zação de meios electrónicos para a constituição e a transmissão de usu- bre quem os pratica. É urgente tomar
de documentos). São exemplos das apresentação de registos e comunica- fruto, penhor, arresto, arrolamento e consciência destas mudanças e das
segundas a implementação de um ção com as conservatórias. penhora de quotas ou direitos sobre suas implicações, nomeadamente a
procedimento simplificado de justifi- elas; a amortização de quotas e a ex- nível da responsabilização da socie-
cação para as situações de dissolução O suprimento de deficiências do clusão e a exoneração de sócios de dade e dos seus órgãos de gestão.
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Aware da Área de Prática
de Direito Comercial
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Nº 12 - Novembro - 2006

O modelo clássico
O estatuto e poderes do presiden-
te do conselho de administração são
reforçados, passando este a dispor
de voto de qualidade sempre que o
número de membros do conselho de
administração seja par. Clarifica-se
a metodologia de eleição de admi-
nistradores por listas e sua realiza- assembleia geral, se os estatutos o internacionais de corporate gover- de um ROC para efeitos de revisão
ção entre accionistas minoritários e determinarem; - a designação de nance, de que já eram expressão, legal continua a ser indispensável
estabelece-se um regime da faltas, pessoa colectiva para o conselho de entre nós, as Recomendações e o apenas quando sejam ultrapassados
que se traduz no reforço do dever administração executivo; - a represen- Regulamento sobre o Governo das dois dos limites previstos no artigo
de diligência, do controlo accionista tação de um administrador por outro; Sociedades da CMVM, as adminis- 262º do CSC.
sobre a administração e do estatuto -a designação de administradores trações das sociedades emitentes Não obstante, cremos que a im-
dos administradores “executivos”. substitutos. Mantém-se a possibili- de valores mobiliários admitidos à portante alteração ocorrida no quadro
Mantém-se a possibilidade de a so- dade de a sociedade optar por ter um negociação em mercado regulamen- do dever de diligência exigível aos
ciedade optar por ter um adminis- administrador único, se o seu capital tado e as sociedades que, não sendo órgãos de governação de todas as
trador único, se o seu capital não não ultrapassar €200.000. Por outro totalmente dominadas por outra so- sociedades tenderá a estimular, pelo
ultrapassar €200.000. Regista-se lado, e à semelhança do modelo clás- ciedade, que adopte este modelo, menos aos mais avisados, a imple-
a possibilidade de segregação de sico, implementa-se a segregação de durante dois anos consecutivos, ul- mentação de estruturas de adminis-
funções de supervisão no interesse funções de supervisão no interesse trapassem dois dos seguintes limites: tração, mas também de fiscalização,
dos accionistas, a cargo do conselho dos accionistas, a cargo do conselho - total do balanço - €100.000.000; profissionais e conformes.
geral e de supervisão, das funções de geral e de supervisão, das funções de - total das vendas líquidas e outros
fiscalização e certificação a cargo de fiscalização e certificação, a cargo de proveitos - €150.000.000; e - núme- De facto, o novo artigo 64º do
um revisor oficial de contas. um revisor oficial de contas. ro de trabalhadores empregados em CSC consagra elementos objectivos
média durante o exercício - 150; de aferição do dever de diligência
O modelo dualista Reforço das normas de con- passam a estar sujeitas à dupla fis- dos órgãos sociais, de entre eles
Procura-se solucionar as dificul- teúdo permissivo. Flexibilizam-se calização de um conselho fiscal e de destacando-se “a disponibilidade,
dades que conduziram à sua pouca as estruturas de organização pos- um revisor oficial de contas ou uma a competência técnica e o conhe-
expressão prática aproximando-o do síveis e a possibilidade de adição de sociedade de revisores oficiais de cimento da actividade da socie-
modelo clássico, sobretudo quando comissões e estruturas organizativas contas que não seja membro daquele dade adequados às suas funções” e
este funciona com a comissão exe- supletivas, conquanto se mantenha a órgão. a menção à exigência de “dever de
cutiva no quadro de um conselho de proibição da combinação de elemen- cuidado” e a “elevados padrões de
administração alargado (“conselho tos típicos de cada modelo nos órgãos As sociedades por quotas. A re- diligência profissional…”, o que não
de administração executivo, con- de existência obrigatória. forma não consagrou quaisquer alte- deixará de ter reflexos, quer no que
selho geral e de supervisão e revi- rações ao modelo de gestão aplicável se refere à protecção dos interesses
sor oficial de contas”). Confere-se Consagração de requisitos ex- às sociedades por quotas. Estas con- dos credores em geral, quer no que
maior autonomia às partes, passando clusivos aplicáveis às sociedades tinuam em geral a poder ser incorpo- se refere à responsabilização dos
a ser possível também neste modelo: anónimas de dimensão relevante. radas e a existir apenas com um órgão membros dos órgãos societários com
- a eleição dos administradores pela Influenciada pelas melhores práticas obrigatório: a gerência. A designação funções executivas e de gestão.

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