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UNIVERSIDADE TIRADENTES

CURSO DE PSICOLOGIA

Análise do Filme “Fale com Ela”

Aracaju
15.06.2007
UNIVERSIDADE TIRADENTES
CURSO DE PSICOLOGIA

Análise do Filme “Fale com Ela”

Análise referente à disciplina Processos


Psicológicos Básicos III, ministrada pelo
professor Guilherme, como recurso
avaliativo da III unidade.

Alunos:
Erasmo Barros
Gabriela Rodrigues
Marcus Vinicius

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Aracaju
15.06.2007
Sumário

Descrição das Cenas e Diálogos.................................................................................4


Análise das Dinâmicas de Personalidade das Personagens......................................16

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Descrição das Cenas e Diálogos
O filme começa com a apresentação de uma encenação em um teatro em que os dois
personagens analisados estão a assistir, um ao lado do outro. Benigno e Marco Zuloaga não se
conhecem e estão totalmente envolvidos com a apresentação, em determinado momento Marco
começa a chorar e Benigno percebe.
A outra cena mostra Benigno, que é enfermeiro em um hospital, fazendo as unhas de uma
paciente, para qual ele descreve a apresentação assistida no dia anterior.
Benigno: “O palco está cheio de cadeiras e mesas de madeira. Aparecem duas mulheres
usando camisolas. Os olhos delas estão fechados, como se fossem sonâmbulas. Dá medo pensar
que as coitadas vão esbarrar em tudo. De repente, aparece um homem com um rosto muito triste.
A cara mais triste que já vi em minha vida e tira as cadeiras e mesas do caminho delas. Nem
imagina como foi emocionante. Havia um quarentão do meu lado. Muito bonito. Ele chorou
várias vezes de emoção. A verdade é que não era para menos. Foi tão lindo. Tenho uma surpresa
para você”.
Ele vai até o armário e traz um pôster autografado pela atriz e dançarina do espetáculo.
Benigno: “Fui ao camarim e pedi para você um autógrafo de Pina Baush. Tive que
comprar a foto. Olha, diz algo do tipo ‘espero que vença os obstáculos e comece a dançar’”.
Outra cena, Benigno e outra enfermeira banham Alicia, e ele percebe: “Olha, ela
menstruou”. E continuam a banhar o corpo imóvel de Alicia.
Na cena seguinte, a enfermeira que acompanha Benigno no trabalho, chega e pergunta se
ele pode ficar esta noite no hospital com Alicia, já que era sua vez mas, tinha que ir para casa pois
seus filhos não têm com quem ficar.
E ele: “Então, para que veio? Tinha telefonado”.
Ela: “Veio 3 vezes, só esta semana”.
Ele: “Não te preocupes, tendo uma tarde livre, está bom. Tenho que falar com os pedreiros
sobre o apartamento. Está uma bagunça. E tenho que enquadrar uma foto”.
Ela: “A minha situação não vai melhorar. Se quiser o plantão na clínica, então decida”.
Ele: “Você não tem culpa do seu marido ter te deixado com três filhos! Venha nas noites
que puder, e nas que não, fico eu! Demos um jeito entre os dois”.
Ela: “Viu que tiraram o soro dela?”.
Ele: “Sim, ela não tolerava”. “Agora, vai. Ânimo”.
Ela: “Obrigada”.
A seguinte cena, Marco Zuloaga se exercita em um aparelho de ginástica e assiste a um
programa de televisão em que uma apresentadora entrevista a toureira Lydia, com quem entra em
desavença ao vivo. Marco, que é colunista em um jornal, fala com seu empresário ao telefone e
sugere uma matéria com Lydia.
Marco: “Alô, Juan Luiz. É Marco. Queria te pedir uma coisa. Gostaria de escrever um
artigo com Lydia González. Claro, também estou vendo. Queria fazer algo profundo. Para o
jornal de domingo? Ótimo”.
Próxima cena, Lydia aparece em uma tourada. Marco a assiste. Logo após, os dois se
encontram em um bar, num suposto hotel.
Marco: “Poderia falar um minuto com você, por favor”?

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Lydia: “Perdão. O que dizia?”.
Marco: “Poderia falar um minuto com você, por favor”?
Lydia: “Se me levar para Madrid, poderemos falar pelo caminho”.
Marco: “Ficaria encantado”.
No carro a caminho de Madrid,
Marco: “Quem lhe deu seu nome”?
Lydia: “Meu pai”.
Marco: “Ele selou seu destino”.
Lydia fala sobre seu pai.
Marco: “O "El País" me encomendou uma reportagem sobre você”.
Ela diz não recordar do nome dele como comentarista de touradas.
Marco: “A verdade é que não entendo nada de touros”. ”E sim, de mulheres
desesperadas”. “Deu-me essa impressão”
Eles chegam a casa dela. Ela desce do carro, entra em casa e grita. E volta ao carro.
Marco: “O que aconteceu”?
Lydia: “Tem uma cobra na cozinha. Tire-me daqui”.
Marco pede as chaves da casa. Pede que se acalme e permaneça no carro. Ele vai até a
casa dela, mata a cobra e volta para o carro chorando.
Lydia pede que a leve para um hotel, pois não volta mais a sua casa.
Ele a deixa em um hotel e ela pede que não conte a ninguém sobre a cobra. E ele
responde: “Se há algo que respeito nos outros são suas fobias”.
Lydia: “Depois do que você fez por mim, não sei como dizer não à reportagem”.
Marco: “Pense mais a respeito, amanhã te ligo para saber sua decisão”.
Ela agradece e se despedem. Ele volta.
Marco: “Quer que eu fique? Posso dormir no sofá. Não seria a primeira vez”.
Lydia rejeita e Marco vai embora.

Na outra cena, Benigno acorda e vai trabalhar. Chega ao apartamento de Alicia, onde
Matilde e outra enfermeira estão lavando o cabelo dela.
Benigno: “Olá a todas! Estão lavando o cabelo dela?”.
Matilde: “O que você acha”?
Benigno: “Como foi a noite?”
Matilde: “Normal”.
Benigno: “Me dá isto aqui, eu continuo”.
Benigno sugere que se corte o cabelo de Alicia, e ele mesmo o faz.
A enfermeira sugere que corte bem curto, e ele rejeita dizendo que deixará como estava
quando ela chegou ao hospital.
Benigno: “Não quero que ela note diferença quando acordar”.
Enfermeira: “Depois de quatro anos em coma, seria um milagre, Benigno”.
Benigno: “Pois eu creio nos milagres. E você deveria acreditar também”.
Enfermeira: “Por que”?
Benigno: “Porque está muito necessitada deles. E como não acredita é possível que não os
perceba”.

Lydia toma banho. O telefone toca.


- Alô?
- Oi, sou o Marco. Lembra de mim?
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- Claro.
- Como está?
- Nuazinha.

Eles se encontram e fazem compras.


Lydia - Deveria comprar umas roupas, só tenho este vestido.
Marco - Se quiser pode ir à sua casa, para buscar o que precisa.
Lydia - Não, não. Não quero nada desta casa.
Marco - Aonde vamos?
Lydia - Para Sybilla.

No carro:
Lydia - Deve pensar que estou louca.
Marco – Por quê?
Lydia - Porque não quero ir mais na minha casa.
Marco - Não, eu te entendo. Quando eu me separei não pude continuar dormindo na
mesma cama e dormia no sofá da sala.
Lydia - Ah, sim? Portanto, está separado?
Marco – Estou só.

Vários meses depois.


Lydia e Marco estão viajando de carro a uma cidade onde ela participará de uma tourada
importante.
Lydia – Marco, temos que conversar depois da corrida.
Marco - Se já estamos há uma hora falando...
Lydia - Você. Eu, não.
Marco - É verdade.

Lydia se arruma para o evento e marco a assiste. Ela é atacada violentamente pelo touro. E
é internada no mesmo hospital em que Alicia se encontra e Benigno trabalha. A irmã de Lydia
chora desesperadamente o estado dela. Marco se encontra em estado de choque. Chega ao
hospital o ex-companheiro de Lydia com quem ela havia discutido dias antes de ser entrevistada
no programa ao vivo, no qual Marco a conheceu.

Três semanas depois.


Marco pergunta a enfermeira de Lydia se seria possível colocar as medalhas de novo nela,
pois ela nunca as tirava. A enfermeira diz que não é aconselhável com tudo que ela tem no
momento, a traqueotomia, as feridas. Nesse momento o ex-companheiro de Lydia entra no
quarto. Tenta conversar com Marco, mas este não responde. Eles se retiram do quarto e ficam no
corredor do hospital.
Ex-companheiro de Lydia - Falou com você no dia da corrida?
Marco - Sim. Ou melhor, dizendo eu falei.
- Falaram de quê?
- De coisas minhas.
- Não te disse nada de mim?
- Se quer que te diga a verdade havia muito tempo que
a Lydia não falava de você....
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- Tenho culpa de tudo que aconteceu.
- Não. A culpa foi minha.

Marco relembra momentos que passara com Lydia, em uma festa numa casa de fazenda na
qual Caetano Veloso cantava e tocava em uma roda de amigos. Em determinado momento, Marco
se emociona, chora e sai da roda amigos e se distancia. Lydia vai atrás dele e o abraça.
Marco - Este Caetano me deixa todo arrepiado.
Lydia - Marco...sempre quis te perguntar por que você chorou naquela noite que te
conheci depois de matar a cobra?
Marco - Me trouxe muitas lembranças.
Lydia - Que lembranças?
Marco - Há muitos anos, também tive que matar outra cobra. Estávamos na África. Ela
parecia ter a mesma fobia que você, fora da cabana, apavorada, indefesa e completamente nua.
Porque tinha descoberto o bicho enquanto dormíamos.
Lydia - Era a mesma mulher por quem você dormiu na sala? Odeio essa mulher.
Marco - Há anos que não a vejo.
Lydia - Pior. O que posso fazer para que a esqueça?
Marco - Isso mesmo que está fazendo.
E os dois se beijam.
Marco acorda e percebe que tudo foi uma lembrança. Procura o Doutor de Lydia.
Marco - Bom dia, doutor. Quero falar com você.
Doutor - Como não? E então? Como passou a noite?
Marco - Vamos tomar um café. Doutor... Quanto tempo o Senhor acha que a Lydia poderá
ficar assim?
Doutor - Meses, anos...a vida inteira.
Marco - Não há esperanças?
Doutor - Como médico, devo dizer que não. Contudo...
Ele mostra a Marco uma manchete de jornal na qual diz que uma mulher, depois de 15
anos em coma, despertou.
Doutor - Entrou em coma ao dar à luz ao terceiro filho. A Meryl era uma "EVP", estado
vegetativo persistente, tal como a Lydia, teoricamente inconsciente para o resto da vida.O
despertar dela contraria tudo que vou dizer a partir de agora.
Marco - Isto significa que sim, há esperanças?
Doutor - Não, repito. Cientificamente, não. Mas se prefere acreditar,
não serei eu a contraria-lo.
Marco - Ela pode abrir os olhos?Ou é uma alucinação minha?
Doutor - Não, sim, sim. Pode abrir os olhos. Mas isso não significa que esteja
vendo, nem que se dê conta de nada. A Lydia tem o córtex cerebral totalmente devastado.
Porém, o encéfalo está íntegro. O encéfalo é o órgão que controla as funções automáticas como a
respiração, o sono, o despertar, os movimentos intestinais. Ela pode abrir os olhos, mas como um
ato mecânico. O cérebro dela está parado. Não concebe idéias nem sentimentos.

Marco sai da sala do doutor e passa pelo quarto de Alicia, que está com a porta
entreaberta, Benigno o vê passando e diz:
- Entre. Ei, você. Entre.
- Me chamo Benigno.
- Marco Zuloaga.
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- Ela é a Alicia.
- É a primeira noite que passa aqui?
- Sim.
- A primeira é a pior. Depois você se acostuma.
- Para que são estas botas?
- São para que os pés não se virem para o lado, ou tombem para frente.
- Parecem as botas de Ibiza.
- Ah, sim? Nunca estive em Ibiza.
- Mas a você, eu conheço.
- Leu algum dos meus livros?
- Não, não, não.
- Foi assistindo o "Caffé Müller".
- Estávamos sentados juntos, por casualidade.
- Não me dei conta...
- Houve um momento em que, em você, caíram lágrimas.
Benigno vira para Alicia e diz: - Este é o homem de quem te falei. O que vi chorar no
"Caffé Müller".
Marco - Bom, tenho que ir.
Benigno - Já vai, tão depressa? Ainda nem falamos de nada...
Marco - Em outro momento.
Benigno - Volta esta tarde?
Marco - Sim.
Benigno - Pois venha nos ver, sim? Eu não saio daqui, e também fico muitas noites. Sou o
mais velho do andar. Pode contar comigo para o que queira.
Marco - Muito obrigado.
Benigno - Até logo!
Marco sai do quarto de Alicia e Benigno continua a fazer massagens no corpo dela.
Logo após, o pai de Alicia, o sr Roncero, chega ao quarto. Diz que esteve vendo as
anotações que fez quando da primeira vez que Benigno fora se consultar com ele. E viu que havia
uma questão que seria abordada na sessão seguinte, a qual ele nunca compareceu. A tal questão
fazia referência a orientação sexual de Benigno. Doutor Roncero recordou que na época Benigno
afirmara que era virgem. Benigno diz:
- Respondendo um pouco à sua pergunta, acho que prefiro os homens.
- É por isso que foi me ver?
- Pois já não me lembro. Mas acho que sim. Mas agora estou muito bem!
- Tem alguém?
- Mais ou menos. Já não estou só. Não tenho mais esse problema.
- Espero que a pergunta não tenha te afetado.
- Não, não...Que isso!

O pai de Alicia se vai, e a enfermeira que acompanha Benigno no trabalho pergunta sobre
a visita dele. Benigno conta que foi questionado acerca de sua orientação sexual.
Benigno toma banho de sol com Alicia sentada em uma cadeira ao seu lado. Chega a
professora de balé de Alicia, conversa com ela como se ela a ouvisse. A professora vai embora e
Benigno acredita conversar com Alicia, mostrando-lhe uma revista com ilustrações de um quarto.
Benigno - Veja...Este, vamos pôr junto da janela. Assim, poderá ver as suas amigas
dançando na frente! Encanta-me este quarto. Vou encomendá-lo todinho.
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Marco entra no quarto de Alicia. Benigno grita da varanda do quarto:
- Entre e feche a porta, por favor!
- Como está?
- Olá, Benigno.
- Sente-se.
- Obrigado.
Benigno vira-se para Alicia: - Alicia, veja quem veio. Estávamos aqui tomando um pouco
de ar, lendo umas revistas...
- Ah, sim? Quem é essa mulher que acaba de sair?
- Katerina, a professora da Alicia.
- A professora?
- A professora de ballet, sim. É um incrível personagem, a Katerina...Tem uma academia
bem diante da minha casa. A Alicia era aluna dela. A Katerina gosta dela como se fosse uma filha.
Neste momento, mostra uma retrospectiva de quatro anos antes, quando Benigno
conheceu Alicia. Todas as tardes, Benigno a via dançando no grupo de ballet que fica em frente a
sua casa. Um dia, a acompanha até em casa. Alicia deixa sua carteira cair e Benigno pega e
devolve. Eles começam a conversar e ele se oferece a acompanhá-la até em casa. Benigno vê que
seu pai é psiquiatra e marca uma consulta com ele.
Ao chegar, aproveita e conta sobre sua mãe. Relata que passou quinze anos cuidando dela.
Fez curso de cabeleireiro, manicure e pedicure, por correspondência. O que fazia era,
exclusivamente, cuidar da mãe. Afirmou nunca ter tido relação sexual com mulher, tampouco
com homens. E marcou uma nova consulta para a semana seguinte. Benigno sai do consultório e
entra na casa do doutor que é ao lado e está aberta. Entra no quarto de Alicia e pega um
prendedor de cabelo dela e leva consigo. Quando está saindo se depara com Alicia vindo do
banho, ela se assusta e diz:
- O que você faz aqui?
- Nada, já ia embora. Não tenha medo. Só queria te ver. Mas sou inofensivo.
Benigno explica a Marco:
- A Alicia não voltou à Academia. E eu não queria assustá-la de novo. Assim, não voltei
na sua casa uma semana depois como havia marcado com o pai dela. Durante toda a semana, não
parou de chover. Quando voltei a vê-la, já foi aqui.
Marco – e o que aconteceu com ela?
Benigno - Um acidente de carro, num desses dias de chuva. O pai não queria que ela
ficasse sozinha um só momento, nem de dia nem de noite. Perguntou pelos melhores
enfermeiros...e bem, eu aqui tenho boa reputação e me recomendaram. Quando me viu, lembrou-
se que nos conhecíamos e teve um momento de dúvida, mas acabou nos contratando com
exclusividade, à Matilde e a mim. Disso, já se vão quatro anos e aqui estamos. Não é, Alicia?
Nos dias de folga, comecei a ir ao ballet.Também vou à Cinemateca. Vejo todo filme
mudo que posso. O alemão, o americano, o italiano, todos. Depois, conto a ela tudo o que vi.
Estes últimos quatro anos têm sido os mais ricos da minha vida...ocupando-me da Alicia e
fazendo as coisas que ela gostava de fazer. Menos viajar, é claro.
Marco - Comigo e com a Lydia, acontece o contrário.
Benigno - É mesmo?
Marco - Não sou capaz nem de tocá-la. Não reconheço o corpo dela. Sou incapaz até de
ajudar as enfermeiras a virá-la na cama. E me sinto muito mesquinho.
Benigno – Fale com ela, conte-lhe isto.
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Marco – Eu gostaria, mas ela não pode me ouvir.
Benigno – Como está certo que ela não nos ouve?
Marco - Porque seu cérebro está parado, Benigno!
Benigno - O cérebro da mulher é um mistério, e neste estado, ainda mais. Às mulheres, é
preciso considerar. Falar com elas, ter uma atenção, de vez em quando, acariciá-las prontamente,
lembrar a elas que existem, que estão vivas e que nos importam. Esta é a única terapia. Digo por
experiência.
Marco – E que experiência tem você com as mulheres?
Benigno – Eu?! Toda. Passei 20 anos com uma e 4 com esta aqui.
Na cena seguinte, Marco está no apartamento de Lydia trabalhando em seu computador.
Benigno entra :
- Hoje tenho a noite livre. Vou à Cinemateca. Quer ir?
- Vou ver o meu editor, Benigno. Um dia desses tenho que voltar a trabalhar.
Benigno olha para Lydia e diz: - Esta mulher não está bem.
- Benigno, por favor!
- Homem, me entenda! Tem a pele tão
seca, a pobre... Tem falado com ela?
- Não, e não insista!
Passa um creme nos lábios dela e fala com ela:
- Adeus, Lydia. Tem que ter muita paciência com ele. Bom...se cuide!

Benigno assiste ao filme mudo “Amante minguante”. Ao chegar no hospital, fala com
Alicia:
- A Rosa está com gripe. Espero que você não tenha pegado nada. Me alegro que você
esteja bem. Ainda assim, vou te dar uma massagem com álcool de alecrim. Enquanto fala com
ela, Benigno tira a roupa de Alicia. *********CONFLITO
- Não, não tenho nada. É que ontem à noite eu vi um filme que me deixou transtornado.
Era uma história de amor. Entre Alfredo, um cara um pouco gordinho, como eu, mas boa pessoa e
Amparo, sua noiva, uma cientista. Amparo está investigando a fórmula de uma dieta
experimental que vai ser uma bomba no mundo da nutrição.
O filme mudo retrata a história deste casal, cuja mulher descobre uma poção que faz
emagrecer. O marido dela toma a poção e emagrece cada dia mais, incontrolavelmente, até ficar
com o tamanho de um polegar. Em determinada noite, a mulher dorme em sua cama ao lado do
pequenino marido. Enquanto este começa a explorar o corpo de sua esposa, e acaba mantendo
“suposta” relação sexual com ela. E fica dentro dela para sempre.
Ao falar isso, Benigno, explora também o corpo de Alicia.

Passa-se um mês.
Marco relembra o dia em que foi ao casamento de sua ex-mulher, na cidade de Lucena,
onde e no dia em que Lydia iria protagonizar a tourada. Ele a encontra no casamento também e
chorando. Ele supõe que seja por ciúmes e, a caminho da tourada, lhe fala sobre seu
relacionamento com Ângela, sua ex-esposa.
Marco vai ao hospital e ao chegar ao quarto de Lydia encontra o seu ex-companheiro ao
seu lado, falando sobre amor com ela, mesmo estando ela desacordada. Aí, ele percebe que Lydia
chorava no casamento por ele, e não por Marco.***** FRUSTRAÇÃO
Na cena seguinte, Marco está no quarto de Alicia olhando para ela enquanto Benigno
arruma a roupa de cama de Alicia. Eles conversam:
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- Oi, Alicia. Voltei a ficar só.
- Não vai me negar que estava olhando o peito dela.
- Difícil evitar, se cada dia está maior. Benigno...Acho que vou sair em viagem.
- Isso porquê?
- Tenho que trabalhar.
- Mas e a Lydia?
- A Lydia já não precisa de mim.
- Vocês romperam?

- É um modo de dizê-lo.
- Sabe, Marco, eu já previa isto. Não me pergunte como, mas previa. Havia algo na sua
relação, me perdoe que não funcionava. Quando pensa partir?
- Dentro de uns dias, mas nos veremos antes.
- Eu espero. Sentirei muita pena que você se vá.
Rosa, a enfermeira entra no quarto.
- Olá, Rosa.
- Olá, Marco.
Marco - Bom, eu já vou. Benigno, depois nos falamos. Adeus, Rosa.
- Tchau.

Rosa - Benigno, já veio a menstruação dela?


Benigno - Não.
Rosa - Estou vendo os relatórios da enfermaria do mês passado, e já deveria ter vindo.
Benigno - Sim. Está um pouco atrasadinho.
Rosa - São mais de duas semanas. É atraso demais. Tem certeza que veio no mês passado?
Benigno - Eu mesmo pus nela o absorvente. Foi justamente na semana
em que você esteve com gripe. NEGAÇÃO OU SIMPLES MENTIRA?
Rosa - Notou que ela está inchada?
Benigno - Sim, mulher, mas às vezes isto vem irregular. Na Lydia, por exemplo, já
pararam as regras.
Rosa -. Sim. De todo modo, deveríamos informar o Dr. Vega.

Na outra cena, Benigno está comendo numa mesa de restaurante do hospital e chega
Marco.
- Olá, Benigno.
- Olá.
- Trouxe alguns de meus guias turísticos, para a Alicia e para você.
- Muito obrigado.
- Já me despedi da Lydia.
- E depois quis ver a Alicia, mas, o Dr. Vega e a enfermeira-chefe estavam no quarto dela
e não me deixaram entrar. Algum problema?
- Não, é porque acho que a Alicia tem uma infecção. Leva-me pra casa? Hoje estou de
folga.
- Espero que não seja nada grave.
- Olhe, não sei. Estão fazendo uns exames, mas a mim também não dizem o que há.
Eles vão em direção ao carro e eles conversam sobre guias turísticos:
Marco - Abdijã, Iêmen, Brasil, Turquia, Cuba.
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Benigno - Eu os lerei para a Alicia de noite.
Marco - São só guias turísticos.
Benigno - Se você os escreveu, estou certo de que são bons. Vai sozinho?
Marco - Sim.
Benigno - Queria te falar sobre isso, Marco, antes que se vá.
Marco - De que?
Benigno - Da solidão. Quero me casar.
Marco - Casar-se com quem?

Benigno - Com a Alicia, com quem seria?


Marco - Benigno, está louco!
Benigno - Alicia e eu nos damos melhor que na maioria dos casamentos. Porque é tão
errado um homem apaixonado por uma mulher e querer se casar com ela?
Marco - Porque a mulher está em coma! Porque a Alicia não pode dizer com nenhuma
parte do seu corpo, "sim, quero". Porque não sabermos se à vida vegetativa podemos chamar de
vida! Entre no carro.
Benigno - Como pode dizer isso?
Marco - Entre no carro!
Eles entram no carro.
M - Benigno, sua relação com a Alicia é um monólogo e uma loucura. Não quero dizer
que falar não sirva de nada...mas também se fala com as plantas, mas não se casa com elas!
B - Parece mentira que você diz isso. Pensei que você era diferente.
M - Prometa-me que não vai voltar a falar disso, e nem sequer vai voltar a pensar.
Prometa-me!
B - Por quê?
M - Porque se disser a alguém o que acabou de me dizer, vai ter problemas muito graves.
E eu não estarei por perto para te ajudar.
B - Se isso te tranqüiliza, eu te prometo.
M - Por mais que gostemos dela...
B - Você também gosta?
M - Claro que gosto, como não iria gostar?
B - Ela também gosta de você.
M - Benigno, a Alicia está praticamente morta! Não pode sentir nada por ninguém! Nem
por você, nem por mim, nem sequer por ela. Meta isto bem na sua cabeça!
A cena seguinte mostra uma reunião na sala do diretor do hospital, na qual ele diz que
Alicia foi violentada e está grávida. O principal suspeito é benigno, uma vez que falsificou os
dados acerca da menstruação de Alicia e passa muitas noites com ela, pois Matilda está com
problemas em casa e ele a substituiu várias vezes.
Depois de afirmar que burlara os dados acerca da menstruação de Alicia, para não causar
alarde, já que é normal pacientes dessa espécie a suspenderem, um empregado do hospital,
presente na reunião, afirma ter ouvido uma conversa de Benigno com o Sr Marco Zuloaga no
estacionamento. Conversa esta na qual Benigno dizia querer casar com Alicia, pois se dava muito
bem com ela como um casal.

Oito meses se passam. Marco se encontra na Jordânia. Em um jornal lê a notícia de morte


de Lydia. Liga para o hospital e procura Benigno. É informado que este já não mais trabalha ali.
E pede para falar com a enfermeira Rosa.
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Marco se identifica e diz que já sabe da morte de Lydia. Ela diz sentir muito.
Marco - Teria gostado que me avisassem.
Rosa – É que temos tido tantos problemas aqui.
Marco - O que há, Rosa? A telefonista me disse que o Benigno não trabalha mais aí?
Rosa – O Benigno está preso.
Marco - Preso? Porquê?
Rosa - O acusaram de ter violado a Alicia Roncero.
Marco - Mas o que está dizendo?
Rosa – Dê uma ajuda a ele. O pobre não tem ninguém.
Marco - Foi visitá-lo?
Rosa - Eu? Depois do que ele fez, eu já não posso. Mas alguém tem que ajuda-lo, e você é
amigo dele.
Marco - Está bem. Em que prisão está?
Rosa – Em Segóvia.

Marco vai até a cadeia visitar Benigno. Ao chegar, não é dia de visita e descobre que só
pode visitá-lo se Benigno solicitar. Deixa seu número de telefone. Benigno liga para Marco.
- Sim, alô?
- Marco, é você?
- Sim, Benigno.
- Que bom te ouvir! Olhe, já pedi a sua visita. Nos vemos no sábado.
- Está bem.
- Onde está?
- Diante da clínica. O Dr. Vega me contou tudo. Como foi capaz, Benigno?
- Você voltou à Espanha para dar uma bronca, é?
- Não. Precisa de algo que possa te levar no sábado?
- Preciso de informações. O que sabe da Alicia? O pessoal da clínica foi proibido de falar
comigo.
- Segundo me disseram, o pai a levou para outra clínica, mas não sabem onde.
- Nisso eu não acredito.
- Eu também não, mas não estranho que não queiram me dizer.
- Escute... você continua sendo meu amigo?
- É claro, homem. Porque acha que estou aqui?
- Então... descubra o que aconteceu com a Alicia. Se está viva, se deu à luz, se é menino
ou menina, se estão bem...Preciso saber, Marco! Não posso ficar nessa dúvida.
- Sim, sim. Eu tentarei averiguar. Nos vemos no sábado.

Na cadeia, precisamente nas cabines de visita com aparelho de telefone:

Benigno - Descobriu algo?


- Ainda não, mas descobrirei. Tenha paciência.
Benigno - Eu tive paciência até a data do parto. Mas disso, já passou um mês.
- Pois tem que continuar esperando, Benigno. O que faz aqui, durante o dia?
Benigno - Trabalho na enfermaria. Como a prisão é nova, ainda não tem muita gente.
Estamos tranquilos.
- Lá de fora não parece uma prisão.

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Benigno - Meu problema não é a prisão, Marco. Meu problema é não ver a Alicia.
Segundo o psiquiatra daqui e o pai da Alicia, eu sou um psicopata. Sim, um psicopata. Para o
julgamento, dizem que é bom, mas eu nem quero saber do julgamento. Necessito ver a Alicia e
saber como terminou tudo. E se isto não mudar te juro que sou capaz de fazer qualquer coisa.
Não dizem que sou psicopata? Pois me comporto como psicopata.
Marco - Não diga isso, Benigno, por favor!
Benigno - Ah, consiga-me outro advogado. O que tenho é oficioso, e quando me olha na
cara, quase me vomita em cima.
Marco - De acordo, de acordo.
Benigno - Vou ligar para a porteira, para que te dê as chaves lá de casa. Você a aluga para
pagar o advogado.
Marco - Se quiser, eu posso alugar sua casa. Eu também aluguei a minha.
Benigno - Ah, ótimo. Me agrada que você seja meu inquilino. Estes últimos meses tenho
pensado muito em você. Principalmente à noite.
- Porquê de noite?
- Porque de noite eu leio. Eu li todos os guias turísticos que me deu. Foi como viajar
durante meses com você ao lado me contando as coisas que ninguém conta das viagens! O meu
guia favorito é o de Havana. E me identifiquei muito com essa gente que não tem nada e que tem
que inventar tudo! Quando descreve essa mulher cubana apoiada numa janela diante da rua,
esperando inutilmente vendo como o tempo passa sem que nada aconteça. Pensava que essa
mulher era eu.
Marco vai ao apartamento de Benigno. Conversa com a porteira e nega saber a causa da
prisão de Benigno. Entra no apartamento, vai até a janela de onde Benigno via Alicia dançar. Aí,
ele vê uma mulher chegar ao salão de dança devagar, e a reconhece: Alicia.
Marco vai ao advogado que lhe explica tudo sobre o episódio de Alicia e Benigno: o feto
nasceu morto, era um menino. Mas, Alicia saiu do coma. Marco insiste em contar a Benigno
sobre Alicia, pois afirma ser seu único amigo. CONFLITO**** Tendo em vista, o estado
psicológico de Benigno, o advogado se compromete a continuar contando a mentira, dizendo que
Alicia está em coma e o bebê nasceu morto.
Marco volta à cadeia. E eles se falam de novo.
- Olá, Marco.
- Olá, Benigno.
- Se molhou?
- Um pouco.
- Tenha cuidado pra não se resfriar. Assim que chegar em casa, tome um grande copo de
leite quente com uma colherada de mel. Está bem. Desde que estou aqui, gosto dos dias de
chuva...
- Viu o novo advogado?
- Sim, esteve aqui. E me informou de tudo. Estou ferrado, não é?
- Na verdade, sim.
- Pelo menos a Alicia não piorou depois do parto. É a única coisa... a única coisa que me
dá consolo e esperanças.
- Você está bem, Benigno?
- Gostaria de poder te dar um abraço, Marco.
- Mas para isso, eu teria que pedir um "vis-a-vis"... E eu tentei, sabe? Perguntaram-me se
você era meu namorado. Não me atrevi a dizer que sim. Não sabia se te incomodaria.
- Não me incomoda em absoluto. Pode dizer o que quiser.
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- Abracei muito poucas pessoas na minha vida.

Marco está deitado na cama em sua casa. Levanta e recebe uma mensagem gravada por
Benigno pelo telefone.
- “Marco, queria te dizer que me alegrou muito te ver hoje e poder me despedir de você.
Como já sabe, não me deixarão sair daqui, e se sair, será para me enfiarem em outro lugar.
Marco, eu não quero viver num mundo onde não esteja a Alicia. Num lugar onde nem sequer
possa ter comigo um fio de cabelo dela. Assim, decidi fugir. Não quis te dizer tudo para que não
se preocupasse, nem tentasse me impedir. Um abraço bem forte, Marco”.

Marco sai correndo em direção ao presídio, e ao chegar o diretor do lugar o espera em sua
sala. Ele corre até a sala do diretor. Benigno deixa uma carta para Marco:
"Querido Marco. Continua chovendo. Eu acho que é um bom presságio. Quando a Alicia
teve o acidente, também chovia. Escrevo-te momentos antes de fugir. Espero que tudo o que
tomei seja suficiente para entrar em coma e reunir-me com ela. Você é o meu único amigo. Te
deixo a casa que preparei para a Alicia e para mim. Onde quer que me levem, venha me ver... E
fale comigo. Conte-me tudo. Não seja tão hermético! Até sempre, meu amigo”.
Marco chora. Carrega consigo os pertences deixados por Benigno.
Marco vai ao túmulo do Benigno, leva flores e fala com ele:
- Benigno, sou eu. A Alicia está viva! Você a despertou. Quando ouvi a sua mensagem,
voltei correndo à prisão para te dizer, mas cheguei tarde. Coloquei no seu bolso a presilha de
cabelo da Alicia. E também coloquei a foto dela e da sua mãe para que te acompanhem por toda a
eternidade.

Na cena seguinte, Marco assiste a um musical. Quando sai do espetáculo encontra Alicia e
eles conversam. A professora de ballet, Katherina volta com água e leva Alicia de volta ao
espetáculo. Discretamente, questiona Marco sobre o que conversavam. Ele diz que sobre nada em
especial.
- A Alicia me perguntou se eu estava bem, e eu agradeci. Se me vir por seu bairro, não se
assuste. Moro bem em frente à sua academia.
- Na casa do Benigno?
- Sim.
- Por que mora lá?
- Benigno está morto.
- Algum dia, você e eu deveríamos conversar.
- Sim. E será mais simples do que imagina.
- Nada é simples. Sou professora de ballet, e nada é simples.

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Análise das Dinâmicas de Personalidade das Personagens
Na 1ª Cena os dois personagens surgem Benigno e Marco Zuloaga estão assistindo a
uma peça lado a lado, porém casualmente. Nesta cena Marco chora e Benigno percebe, mas, nada
fala ou gesticula.
Em outra cena Benigno, como enfermeiro, cuida de uma paciente, a Alicia. Ele está
“fazendo” as unhas da paciente e conta naturalmente, como se falasse para alguém que escutasse
e entendesse perfeitamente o que dizia. E fala do Marco, o homem que chorava ao seu lado.
Tal ato até o momento não indica nada, concretamente, mas já se pode com relação as
cenas posteriores especular que há na situação o desenvolvimento de dois mecanismos de defesa,
a negação e compensação decorrente de uma frustração.
A dedicação de Benigno ao trabalho é notável e até exacerbada. Ele compra uma foto,
da atriz da peça, e pede um autógrafo com dedicatória a Alicia, pois apesar de seu estado de
coma, ele tem uma atenção incrível, suas expressões e gesticulações são de alguém feliz por estar
ali apesar das condições de Alicia.
Na própria dedicatória está escrito “espero que vença os obstáculos e comece a
dançar”, o que representa expectativa por parte de Benigno com relação à melhora de Alicia.
Nesta cena, Benigno está a conversar com outra enfermeira, esta não pode vir
trabalhar, mas Benigno dispõe-se a ficar com Alicia. Esta atenção agora já podendo ser
identificada como apego, de certa maneira, quando comparada às cenas posteriores.
Marco exercita-se num aparelho de ginástica e logo depois vai para assistir TV. Ao ver
uma entrevista com uma Toureira Alicia Gonzáles, isto o atrai e ele deseja escrever um artigo
sobre ela, Marco demonstra estar motivado a fazer tal entrevista, tanto que vai até a Toureira,
onde se encontram.
Marco leva-a para Madri e no carro conversam. Durante o diálogo Marco demonstra
interesse pela Toureira, mas ele nega a entrevista, vinda mais quando ele diz entender de
mulheres desesperadas. (ela sente-se ofendida) Marco “frustrado” a leva para casa. Ao chegarem
ele entra em casa e no momento que Marco se distancia com o carro ela volta aos gritos. Era uma
cobra. Marco entra e mata a cobra, e ao fazer chora. Marco lembra de uma situação passada que
ocorreu com uma garota que ele namorava.

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A partir daí acontece uma “reviravolta”, pois agora Lydia passa a aceitá-lo
consideravelmente. Ele se oferece ata para dormir no hotel em que ela ficou, sugeriu ficar no
sofá, porém ela rejeitou. Porém Marco vai sabendo que agora conseguirá o artigo.
Benigno chega ao quarto de Alicia e ajuda as enfermeiras a lavarem e cortarem o
cabelo da garota. Nesse momento Benigno recusa-se a cortar o cabelo curto, pois dessa forma
Alicia não se assustará ao acordar. (Ela está desacordada por 4 anos Benigno apresenta então no
momento, sendo que moderada, para “o despertar” de Alicia e negação as afirmações da
enfermeira quem diz: “Depois de quatro anos em coma, seria um milagre, Benigno”. Benigno
nega a idéia de Alicia não poder mais acordar utilizando da idéia de ocorrência de um milagre, e
com uma grande esperança.
Passaram-se meses e Marco e Lydia ficaram juntos, num romance.
Ao estarem viajando de carro para uma apresentação de Lydia conversam. Marco é
que na verdade fala enquanto Lydia só escutou. Este fato irá gerar um sentimento de
arrependimento por parte de Marco no futuro por não terem conversado (Marco apresentava
ansiedade pela apresentação de Lydia).
Depois que ocorre o incidente com o touro Lydia é levada para o mesmo hospital que
Alicia está. Lá Marco não chora ou fala com alguém abertamente, o que revela uma situação de
apresentar recalque.
Passam-se três semanas. Marco estava no quarto com Lydia inconsciente (Ele estava
com a fisionomia de alguém abatido, na verdade frustrado e ansioso pela recuperação).
O ex-namorado de Lydia chega ao quarto, mas Marco não fala com ele. Somente lá
fora eles conversam. E Marco assume a “culpa” onde no verdadeiro arrependimento por não
escutá-la antes do incidente.
Marco relembra momentos com Lydia. Quando estavam numa reunião onde Caetano
cantava. Nesse dia eles conversaram acerca do porque Marco chorou quando matou a cobra. Ele
chorou, pois sua ex-mulher também sofria de fobia por cobras, e isso o deixava triste.
Marco acorda e vai conversar com o doutor. O doutor o explica que cientificamente é
impossível dela acordar. Mas mostra-lhe um caso que uma mulher depois de 15 anos “volta”, ele
então demonstra ter um pouco de esperança, apesar do que o medicou falou a ele.
Marco ao sair da sala do doutor passar pelo quarto de Alicia. É nesse momento que ele
conhece Benigno. Benigno fala quem é Alicia e fala a ela sobre ele. Marco vê a situação com

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expressão de estranheza. Depois de conhecerem-se Marco sai e fica certo de voltar no quarto de
Alicia.
Dr. Roncero, pai de Alicia, chega ao quarto dela e é quando Benigno fazia massagens
nas pernas de Alicia.
Benigno é questionado sobre sua orientação sexual e responde que é gay, mas que no
momento conseguiu companhia.
Logo o Dr. Roncero sair Benigno conversa com uma enfermeira e fala sobre a
conversa com o Dr. Roncero e revela que mentiu para ele, pois na verdade não é gay.
Na varanda, Benigno e Katerine, prof de ballet de Alicia, estão juntos a ela tomando
um banho de sol na varanda do quarto. Ambos falam diretamente com Alicia.
A Katerine fala de uma peça que vai apresentar e depois vai embora. Da mesma forma
Benigno conversa com Alicia, “mostrando-lhe” umas revistas sobres quartos. Isso só demonstra
mais ainda o esforço que Benigno faz para compensar o que não pode fazer antes por Alicia (que
será abordado posteriormente).
Nisso, Marco chega ao quarto e Benigno o chama para entrar. Começam a conversar e
assim Benigno conta como conheceu Alicia.
Benigno ficava à janela observando Alicia no ballet, pois a escola de ballet era em
frente a casa dele.
Certa vez ao observar Alicia, ele a conhece por casa da atenção de Benigno. Quando
Alicia saía do ballet ela deixou cair sua carteira. Benigno rapidamente a pegou e levou até Alicia.
No momento ele pára por alguns instantes e fica a olhá-la, mas é rápido, logo ela pergunta se ele
a segura. Ele responde que sim e entrega a carteira. Ela fica feliz e agradece, daí Benigno se
oferece a acompanhá-la e vai com ela até a casa dela. Lá se despede, mas antes memoriza o
endereço e o número do local, sabendo agora que o pai dela é psiquiatra, e assim marca uma
consulta só para poder vê-la.
Na consulta Benigno fala de sua mãe e como foi cuidar dela por muitos anos. Fala que
não teve relações com nenhuma mulher até o momento e tampouco com algum homem. Depois
marca uma consulta para a semana seguinte.
Antes de sair Benigno vai até o quarto de Alicia, que ficava ao lado do consultório.
Observou calmamente o quarto e as coisas dela, chegou quase a derrubar um objeto.

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Sorrateiramente vê as coisas do quarto e então pega uma presilha para cabelo, pertencente a
Alicia.
Ao sair do quarto encontra-se com ela, mas fala que só veio para vê-la e era
inofensivo. (Ao pegar o prendedor de cabelos Benigno demonstra que está realmente apegado à
garota.).
Benigno fala a Marco, que ficou a esperá-la aparecer no ballet. Ficou alguns dias na
janela ansioso, mas ela não voltara.
Eram dias chuvosos e ele ficava a esperar. Mas o que havia ocorrido foi que ela
acidentou-se num desses dias e coincidentemente foi internada no hospital que Benigno
trabalhava. Lá o pai dela apesar de um pouco de receio contratou Benigno, pela sua boa
reputação, e outra enfermeira para cuidarem de Alicia.
Foram quatro anos, e estes foram dedicados exclusivamente a ela por Benigno, a
frustração por não tê-la naturalmente foi compensada pela presença e contato permanente agora.
Daí Benigno formou um “laço afetivo” muito intenso com Alicia, ou seja, ficou apegado a ela e
para o mesmo esses foram os 4 anos mais ricos da vida dele.
Durante esses anos ele passou a fazer o que ela gostava de fazer, foi ao ballet, viu
peças, filmes mudos, mas não viajava, pois apesar dele gostar ele não iria fazer pois estaria se
distanciando dela e isso seria ruim para ele.
Marco escutou tudo, mas com a expressão de frustração, por ser diferente com ele e
Lydia e pode-se dizer também que porque o comportamento de Benigno era atípico.
Marco diz que é incapaz de tocá-la. Não reconhece o corpo dela e é incapaz até de
ajudar as enfermeiras a virá-la na cama. Tal cena evidencia uma frustração do personagem
Marco.
Em outra cena seguinte Benigno diz a Marco que ele tem que conversar com as
mulheres, pois o cérebro das mulheres é um mistério. Marco pergunta então a Benigno que
experiência ele tem com as mulheres. Benigno responde que tem toda, pois passou 20 anos com
uma e 4 com outra. Neste caso se mostra o mecanismo de defesa da racionalização por parte do
personagem Benigno.
Benigno foi assistir ao filme “Amante Minguante”, e ao chegar no quarto de Alicia,
por um momento hesita, mas depois tira a roupa dela. Em tal cena é evidenciado um conflito por

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parte do personagem Benigno, já que ele tinha o desejo de ter relações com Alicia, mas seus
valores “diziam” que tal conduta é errada.
Logo após tal fato, Benigno conta o filme para Alicia, dizendo que o personagem
principal era um gordinho simpático, como ele. E que no filme o protagonista penetrava o corpo
da amada e lá ficava pra sempre. Demonstrando assim uma identificação com tal personagem.
Em outra cena Marco vai ao hospital e ao chegar ao quarto de Lydia encontra o seu
ex-companheiro ao seu lado, falando sobre amor com ela, mesmo estando ela desacordada. Aí,
ele percebe que Lydia chorava no casamento por ele, e não por Marco. Daí o Marco fica frustrado
e decide abandonar Lydia.
Mais a frente no filme, Rosa pergunta a Benigno se a menstruação da Alicia já havia
chegado, pois já estava atrasada há duas semanas. Benigno responde que não. Evidenciando uma
negação, pois futuramente se descobre que ele é o responsável por esse atraso. Benigno responde
a Rosa que isto é normal e que o mesmo vinha acontecendo com Lydia. Demonstrando assim
uma racionalização.
Benigno se encontra com Marco, e este pergunta o que houve com Alicia que a
enfermeira chefe não o deixou entrar no quarto de Alicia. Benigno diz que deve ser uma infecção.
Novamente evidenciando o mecanismo da racionalização.
Em outra cena, Benigno confessa a Marco que quer casar com Alicia. Marco diz que é
impossível porque Alicia nem sequer pode dizer que sim. Benigno diz que achava que Marco era
diferente. Demonstrando uma Projeção Especular. Marco diz então que não quer que Benigno
pense em uma loucura dessas, pois enquanto estivesse viajando não queria que o Benigno
estivesse em problemas. Neste caso, Marco fica ansioso.
Algum tempo depois, Marco liga da Jordânia para o hospital e fala com Rosa. Diz a
ela que gostaria que tivesse avisado a ele sobre a morte de Lydia e da prisão de Benigno. Então
Marco sente-se frustrado.
Mais adiante, Benigno liga da prisão para Marco e diz que precisa saber de notícias de
Alicia, se ela teve o bebê, se está viva, se é menino ou menina. Dessa forma Benigno expõe sua
ansiedade.
Durante o encontro entre Benigno e Marco na prisão, aquele fala a este que foi
diagnosticado como psicopata pelo psiquiatra. E já que dizem que ele é um psicopata, então ele
poderia se comportar como um. Demonstrando assim uma identificação com o que lhe rotularam.

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Benigno fala a Marco pensava que a moça cubana, que esperava inutilmente o tempo
passar sem que nada aconteça, era ele. Evidenciando a identificação com a situação de tal moça.
Marco aluga o apartamento de Benigno, e ao chegar lá ele é questionado por uma
senhora se ele sabia o porquê de Benigno estar preso. Marco diz que não sabia. Expondo uma
negação, quando na verdade ele sabia.
Marco encontra o advogado de Benigno, que lhe diz que Alicia está viva, mas que o
feto morreu. Então Marco decide contar isto a Benigno, já que é o único amigo dele. Mas o
advogado intervém e diz para Marco não contar nada. Em tal fato, fica evidente o conflito, pois
Marco tem o desejo de contar, mas a vontade de acordo com o pedido do advogado.
Marco recebe uma mensagem de Benigno em tom de despedida. Marco sai as pressas
ao encontro de Benigno na incerteza do que poderia acontecer. Demonstrando-se ansioso em
relação a tal fato.
Marco recebe uma carta deixada por Benigno no cárcere, e descobre que ele havia se
suicidado ao ingerir uma alta dosagem de comprimidos. Marco fica então muito frustrado.
Adiante, Marco encontra Alicia no teatro e ambos conversam. Ao ser questionado pela
professora de ballet de Alicia, Marco diz que nada conversavam. Evidenciando uma negação.
Na última cena, Marco olha para trás onde Alicia está sentada, ela retribui o olhar, e
este desvia o olhar. Nesta cena, aparentemente tem-se uma projeção especular, pois Marco após
receber o olhar de Alicia, desvia o olhar, achando que ela poderia pensar algo a seu respeito.
No filme é percebido com relação ao personagem Benigno, que este passa por muitos
conflitos entre seu desejo e seus valores, com relação a Alicia. Percebe-se também que o zelo que
ele tinha pela mãe e que é deslocado para Alicia é uma forma de compensar a solidão que ele
tanto fala. Para amenizar a sua dor, Benigno utiliza Negações e Formações Reativas para
amenizar o sofrimento do ego. O tratamento que ele direciona a Alicia, está relacionado com a
motivação dele para que ela se recupere e eles se casem. Em relação às dinâmica afetivas,
percebe-se a atração que ele tem por Alicia.
Com relação ao personagem Marco, este tem um passado que ele quer esquecer. Foi
uma pessoa muito frustrada. E após se apegar a Lydia, se frustra novamente, tanto pelo acidente
dela, como por descobrir que ela ainda gostava do ex-companheiro. Por fim, se motiva a ajudar
Benigno, pois ele sabe que este também não tem sorte com as mulheres.

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