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A“PAX BRITANICA” E A INDEPENDENCTA DO URUGUAL ESTADO-TAMPAO E BALCANIZACAO NO ESPACO PLATINO* Enrique Serra Padrds RESUMO O presente texto avalia © protagonisma do império britinica no context histérico em que se doting a independéncia do Estado uruguaio, Para tan- to, destaca a articulaciu, na politica externa daquela poténeia, entre uma agao politica de newtralizagio ¢ equilibrio na Europa pés-napolednica, ¢ a procura de hegemonia nas relagées intemacionais da primeira metade do sécula XIX. Como desdobramento dessas dirctrizes, a Inglaterra aca- tba asssumindo importante papel no prozesso de “baleanizagao” do espa- co platino assim como na formulagio de um Uruguai internacional eom perfil de Estado-tampao. Nesse sentido, ocupando a vazia politica pro- vorado pela retirada das poténcias ibéricas na tex ide, abjetivou a inviabi- lizacio do controle unilateral do estudio do Ria da Prata por parte dos emergentes Estados argentino ¢ brasileiro. © texto destaca ainda como través da pressia econdmica, diplomitica e até militar, o império britin cio perseguiu, na bacia platina, a satisfacao dos scus interesses mais ime- diatos vinculaclos tanto. as erescentes necessidades do processo industrial, quanto a consolidacao de una infra-estrutura de sustentacio da rede de dom inacae ccondmica do seu império mundial ABSTRAC ‘The present text evaluates the character of the british empire in the histor- ical context in wich it defines the independence of the urtiguayan slats, For such purpose, it stands out the articulation, to its external poliey, fram a nrique Serra Padris é Professor Assistente do Departamento de Histéria (Setor de Hist6tia Contempordnea)/UFRGS. specialists er Historia cla América Latina e Mestre em Cigneia Politica, “Bstc texto ¢ uma adequagiio dos dois primeiras capitulos da minha tese de mes “As origens da insercio intemacional do Uruguat: do Pstatlo-tampiio 80 pequeno Esia- do perilérico”, detendida junto ao Programa de Pés- Gradungio de Ciencia Politica, ecri- entada pelo Piof. Dr, Paulo Vizentini, Nesses dois capitulos discuto as condicionantes interniacionais e, especificamente, o papel que eabe A Inglaterra na discussio ¢ ago so- bre as forcas histéricas que explicam a independéncia da antiga Banda Oriental Anos 90, Porto Alegre, n.5, julha 1996 107 politieal action of neutrality and balance in post-Napoleon Europe, and the search forhezemony at international relationships fram the first half of 19" century. As a result to these guidelines, England ends up taking over an importat role on the balcanization process of the “platino” space as well avon the formation of an international Uruguay with the characteristic of a buffer state, Meanwhile, occupying the political emptyness provoked by the retreat of the iberian powers at that region, purposed the incapacity of the one-sided control of estuary “Rio de la Plata”, under responsability of the emerging Brazilian and Argentine governments. The text also stands out how through economical pressure, diplomatic and even military ritish empire pussued, on the “platina” basin, the satisfaction of its most immediate interests connected fo inchustrial growth needs, regarding the enlargement of an infra-structure to support the netwosk of the world he- gemonic domination empire. No processo de independéncia dos Estados latino-americanos, du- rante o século XIX, ocorre o envolvimento direto da Inglaterra, potén- cia ancorada na eonsolidagao do seu desenvolvimento industrial, na im- posicdo do liberalismo & escala do caméreio planetirio, ¢ na procura de hegemonia no cenario das relagées internacionais daquele petfodo. A definigio do Uruguai como Fstado independente no complexo cenario platino passa pela ago conseqtiente dos interesses econdmicos ¢ estra- tégicos daquela poténcia mundial. Nio sendo o tinico elemento justifi- cativo na irrupgio histérica do Uruguai como ator internacional, é, en- tretanto, fator fundamental para entender 0 enquadramento da Bacia do Rio da Prata & dinamica do capitalismo industrial. ‘A importancia da regio do Prata a partir do século XIX esta inti- mamente vinculada as transformag6es econOmicas provocadas pela Re- volucio Industrial ¢ & primazia assumida pelo Estado inglés consolidan- do-se como a primeira grande poténeia capitalista. © precesso econdmico desencadcado a partir daquela, mudou a perfil do sew intercémbio comercial com as outras poténcias européias. No lastro do capitalismo industrial em expansao, os paises ibéricos, cada vez mais, assumiram © cardter de mercados consumidores dos manufa- jurados ingleses, As demandas provocadas pelas necessidades da indds. tria conectaram a Inglaterra ao mundo colonial ibérico, fosse através das préprias metropoles, fosse através do contrabando. Por outro lado, o pro~ blema emergente e crescente de maior demanda de mercados levou ao questionamento da manutengio colonial. A. combinagao devastadara das foras histéricas desencadeadas pela industrializagio e pela Revolugio Francesa acelerarou 0 esgotamento de uma prittica colonial cada vez mais 108 Anos 90) optessiva ante os interesses locais que, partindo de necessidades econé- micas concretas e opostas aos interesses metropolitanos, sinalizou 0 ca- minho das mudancas Desde final do século XVIU, a Inglaterra avaliava o potencial eco némico do mercado americano: a manutengia da crescente produgao in- dustrial implicava na obtengio de novos espacos part o escoamento dos seus manufaturados. As barreiras do monopélio colonial levaram a enca- rar com simpatia os surtos politicos emancipacionistas da América espa- nhola. A Bacia do Prata era analisada, também, numa perspectiva geopa- litica © como instrumento de ocupagao € subordinacdo do interiar conti- nental, A regido, economicamente fornecedora de produtos necessarios ¢ valorizados pela nascente industria inglesa, tinha na sua rede fluvial, uma grande vantagem comparativa ante outros novas mercados apresentando possibilidades de ripida integrag4o ¢ comunicagio das economias locais ao circuito mundial, assim como de dinamizacao dos fluxes comerciais. Tais interesses foram confirmados pela existéncia de projetos militares para © Rio da Prata desde 0 séeulo XVIII (WINN, 1975:10). Desde a Paz de Utrecht (1713) ¢ o'Tratado de Methuen (1703), a Inglaterra arraneara importantes concessGes da Espanha ¢ Portugal. O controle sobre o trifico de eseravos, 0 contrabando, a autorizagao dos navios de “perméso”, a titica do uso de corsiirios e 0 crescente interesse nos metais preciosos ¢ comércio das Indias, levou a elite inglesa a con- iderar os lucros «la abertura do comércio destas regides. Contava ainda com at vantajosa situacdo de controlar a técnica do vapor (tanto na pers pectiva mercantil quanto bélica), assim como de uma organizacio ban- cAria e financeira que dinamizavam os investimentos dos capitais acu- mulados no interior do complexo processo industrial. Para Beyhaut, a intensificagao comercial foi o primeiro mecanismo norteador das agdes curopéias, no inicio do século XIX, sobre a América Latina; o fomento e controle de fretes, a obtengio de vantagens aduanciras, € 0 confronto com outros competidores, foram agées tao decididas quanto a defesa dos siditos © empresas instaladas na rogiao (e que faziam parte, segundo 0 autor citado, da estratégia de vender a superioridade dos padroes de vida curapeus as elites locais) (1968:84). Especial atengao merecem, até pela importincia que terio no pos- terior desenvolvimento da histéria latino-americana e especificamente platina, a “cléusula de nagao mais favorecida”, ¢ a “livre navegagao dos rios”, importantissimos instrumentes do capitalismo para subordinar a sua periferia, O significado da unida das Treze Colénias originarias dos UA fez compreender as poténcias européias (e depois também ao pré- Anos 90) 109 prio Estado norte-americano), da necessidade da fragmentagao @ cone- SHo dependente dos novos Estados ao mercado mundial, A “cléusula da aco mais favorecida” foi a contraposigio a possibilidatle de relagoes bilaterais regionais que promovessem, no caso latino-americano, citcui- tos economieos marcadas por privilégios exclusivos ¢ evidentes desdo- bramentos politicos integracionistas (por exemplo, a sempre retomada discusséo sobre a “Patria Grande”)'. J a questo da “livre navegagio- dos rios”, resullava da pressio das necessidades da dinamica capitalista de abrir mercados utilizando as vias fluviais internas. As negociagoes Sstabelecidas no Congresso de Viena, em 1815, a partir do reordenamento europen, legislaram sobre o assunto determinando a partir dai, quea na- tegagao dos rios deixaria de ser direito exetusivo das nagoes ribeirinhas Ou seja, abria-se passagem aa coméreio internacional. Os desdobramen- tos da Doutrina de Viena provocariam muita discussio e seriam sempre teferéncia nos conflilos diplométicos militares provocados pela inter pretacio sobre o.assunto imposta pelas grandes poténcias no cendrio plt- Lino e amazénico. ‘A preponderiincia industrial ¢ comercial inglesa na perfodo fize- cam desta poténcia o principal ator externo do proceso emancipacionista Tatino-americano, Proceso que teve como contexto maior a crise euro- péia demarcada pela expansito do ideario burgués tevoluciondtio, a sua Ferrota e 1 agio testauradora, Aliada as exigéncias internacionais do | Deralismo econéntico, as winculagdes da Espanha com a Franga napole- dnica impulsionaram a Inglaterra a atingir duramente o império colonial daquela?, colocando firmemente um pé em territério latino-american auaves da subordinacao portuguesa, com at transferéneia das Braganca ao Rio de Janeiro. ‘A crise internacional provocada pelo expansionismo napalednico no continente curopeu, as batalhas de Trafalgar ¢ Austerlitz, em 1805, ¢ a deflagracio das “politicas de bloqueio” entre a Franga e a Inglatesra pos- Sibilitow, a esta tllima, tomar medidas mais drasticas contra os monopsli- os coloniais das seus inimigos. Nesse sentido, iniciou-se uma politica de Gesestruturagio dos monopélios espanol c portugués, A idéia mais aca- hada dessa acdo fo a estratégia de “proteger” a Coroa portuguesa dos exer- citos napolednicos em traca de vantagens econdmieas que tepresentavam o derrubada das barreiras monopolistas em tomo do Brasil. Alias, desde século XVIII, Portugal era grande elo de ligagiio do contrabando ingles ta Amética espanhola. Aproveitando-se dos canais regulares que Portu- tBu possufa com os portos do Prata (a abastecimento de escravos no Co” mércio regional e a propria existéncia de comerciantes portugueses maque- 110 Anos 90) las cidades), a Inglaterra participava indiretamente davida econémica pla- tina. Portugal constitufa, na pritica “... a lava que dissimulave a mao in~ glesa” na Bacia do Prata (REYES ABADIE, 1968:63). Se a Inglaterra ficou relativamente isolada ¢ “fora” de continente curopeu, no entanto, consalidow seu dominio maritimo, o que the per- mitin controlar o fluxo comercial das principais rotas marflimas € invis bilizar 0 acesso das poténcias continentais aos mereados coloniais, No periodo de 1806¢ 1807, estimulou a insurteicio na América Latina contra © império espanhol enquanto mantinha o contra-bloqueio ao sistema con- tinental bonapartista, Expressiva parcela dos setores

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