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Como processo psicoterápico, a ludoterapia envolve jogos quedo seu meio natural de auto-expressão lhe é dada a
e brincadeiras como forma de auto–expressão, dando a opor- oportunidade de brincando, expandir seus sentimentos
tunidade ás crianças que as vivenciam de se libertarem de seus acumulados de tensão, frustração, insegurança, agressivi-
sentimentos e problemas por meio do brincar (ou) dos brinque- dade, medo, espanto e confusão (AXLINE, 1972, p. 14).
dos (AXLINE, 1972).
De acordo com Axline (1972), a Ludoterapia pode ser Para que esse processo ocorra, segundo Axline (1972), o
conduzida de duas maneiras: (1) diretiva, o terapeuta conduz o terapeuta deve estabelecer um amistoso rapport com a criança,
atendimento por meio de orientações e interpretações; (2) não – aceitando-a e permitindo que essa perceba a sala de Ludotera-
diretiva, própria da gestalt, sendo que nela a criança conduz o tra- pia como um lugar onde ela está livre de repressões e críticas,
tamento. Neste artigo será abordada a metodologia não-diretiva. sentindo-se a pessoa mais importante daquele local.
Utilizando-se dos princípios da teoria humanista de Carl Para Aguiar (2005), na Ludoterapia gestáltica, o terapeu-
Roger, o terapeuta aceita seu cliente incondicionalmente e per- ta utiliza-se da linguagem descritiva com seu cliente, fazendo
missivamente, abandonando suas premissas e reservas pessoais. com que esse reconheça seus sentimentos e o aceite, confi-
Acredita-se que o ser humano possua uma capacidade interior gurando a imagem de si.
de se autodirigir, portanto podemos pensar na alteração do ter- Exemplificando a Ludoterapia não-diretiva, encontramos um
mo de condução da ludoterapia não-diretiva para autodirigida, exemplo clássico do tratamento e sua eficácia no livro Dibs- Em
isto é: o próprio sujeito conduz o tratamento. busca de si mesmo da autora Axline (1976).
Isso acontece segundo a abordagem gestáltica, uma vez que O livro conta a história de um garoto de cinco anos, que
para ela o indivíduo é um ser de potencialidades em busca de sua apresentava sérios problemas comportamentais, mostrando–
auto- realização, contudo, para que isso ocorra, é necessário que se bastante agressivo e anti–social, aparentando debilidade
este tenha completa aceitação de si e dos outros, direcionando mental. Na escola, os professores e diretores não sabiam
seu processo de amadurecimento para a inteira liberdade e res- mais o que fazer, pois, embora apresentasse algumas melho-
ponsabilidade sobre suas escolhas (AXLINE, 1972). ras, elas não eram suficientes e todos se sentiam desafiados
A mesma autora compara a personalidade dos indivíduos por aquela criaturinha tão enigmática.
com os pedaços de vidro colorido de um calidoscópio, em que, à Buscando alternativas, a escola convida Virginia Axline para
medida que o tubo é girado, uma nova forma se configura. Assim observar a criança e sua mãe e possibilitar um diagnóstico e inter-
também acontece com a personalidade, pois essa vai se estrutu- venção para aquele caso. Assim, a psicoterapeuta inicia o proces-
rando a cada mudança de forças psicológicas e ambientais. Dessa so de ludoterapia com a criança e relata suas sessões.
forma, as pessoas reagem de maneiras diferentes, a partir do que Dibs, por meio do brinquedo, começa a expressar seus sen-
vai sendo adquirido como bagagem de experiências, e, dessa timentos, depositando muitas vezes sua raiva do pai em um bo-
forma, vão modificando seu comportamento (AXLINE, 1972). neco de plástico e desabrochando-se em seu processo de busca
Axline (1974) afirma que a Ludoterapia se dá no propósito em si mesmo. Com a ajuda da terapeuta, o garoto encontra seu
de conduzir a criança ao seu desenvolvimento saudável, perce- caminho, demonstrando muito potencial cognitivo e afetivo.
bendo seus sentimentos, reconhecendo seu corpo, identifican- A história emociona o leitor pela sutileza do tratamento,
do, aceitando e verbalizando-os em congruência com a imagem que leva o garoto a exteriorizar o que lhe desagradava, reve-
do seu eu verdadeiro. De acordo com a autora, lar uma força interior que o motiva a se desenvolver e aceitar
a si e ao próximo.
A Ludoterapia não-diretiva, como foi dita antes, pode ser Embora a obra nos revele vários exemplos sobre a utilização
descrita como uma oportunidade que se oferece á criança da linguagem descritiva na Ludoterapia, escolhemos um diálogo
de poder crescer sob melhores condições. Sendo o brin- que nós ilustrará a abordagem: