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FREI LUÍS DE SOUSA


de Almeida Garrett

A) Frei Luís de Sousa obedece à estrutura formal de um drama, mas quanto ao


conteúdo é uma tragédia.

É uma TRAGÉDIA quanto ao assunto, porque:


 o nº de personagens é reduzido
 Madalena casa sem ter a certeza do seu 1º marido, D. João, estar morto,
desafiando assim a lei dos homens e de Deus (HYBRIS);
 Madalena vive em permanente conflito interior (AGON), por recear que o seu
1º marido esteja vivo e, consequentemente, Maria seja uma bastarda, o que lhe
provoca sofrimento (PATHOS);
 o sofrimento de Madalena será progressivo, até atingir o CLÍMAX, aquando
descobre que D. João afinal está vivo;
 o reconhecimento do Romeiro como sendo D. João(AGNÓRISE) vem
precipitar o desenlace;
 o desenlace é fatal (CATÁSTROFE), conduzindo as personagens à destruição:
Maria morre de tuberculose e Madalena e D. Manuel entram para um convento,
renunciando assim ao mundo; por sua vez o Romeiro, que fora dado como
morto há muito, vê-se confinado a permanecer no anonimato;
 Telmo e Frei Jorge funcionam como o CORO, admoestando e confortando,
respetivamente;
 as personagens estão sujeitas a um Destino ( ANANKÉ), que não é possível
alterar;
 os presságios são constantes nas palavras agoirentas de Telmo e nas visões de
Maria.

São também nítidas as marcas do DRAMA ROMÂNTICO:


 o assunto nacional
 a divisão em três atos
 a unidade de ação
 a prosa .
 a existência de cenas melodramáticas, como a morte de Maria em
palco, e de cenas violentas, como o incêndio
 o Amor como causa de desgraça
 a linguagem das personagens adequada à sua condição social

B) A AÇÃO - unidade de ação


Exposição (cenas I-IV do 1ºato) – Madalena vive em permanente
sofrimento por não ter a certeza que o seu 1º marido esteja morto;
Conflito (cenas V do 1ºato a IX do 3º ato) – Manuel de Sousa incendeia
o palácio; o 1º marido regressa e conduz à destruição da família;
Desenlace (cenas X a XII do 3º ato) - catástrofe - morte física de Maria e
morte psicológica de Madalena e Manuel.
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C) O ESPAÇO - não há unidade de espaço, dado que a ação se desenrola em


múltiplos espaços

Tem função simbólica

1 ° acto - o palácio de Manuel FELICIDADE (aparente)


2° acto - o palácio de D.João FATALIDADE/DESGRAÇA
3° acto 1°quadro: parte baixa do palácio POBREZA
A cruz conota Morte e Esperança.
2°quadro: a capela (a "mortalha": a profissão religiosa
e a morte como esperança de SALVAÇÂO)
Existe uma redução gradual do espaço: palácio de Manuel palácio de D. João
parte baixa do palácio retrato de D. João, que tende a intensificar
dramaticamente a ação até culminar com o reconhecimento da figura do
Romeiro(CLIMAX) O espaço tem uma função opressora, fatal, trágica.

D) O TEMPO - não há unidade de tempo, dado que a acção dura uma semana

1º acto: noite/2º acto: tarde/3º acto: noite e madrugada

6ª feira 6ª feira 6ª feira

Notar o valor simbólico do número 7 e da 6a feira:

7 - 7 anos depois do 1º marido desaparecer, Madalena casa; 2x7 anos


decorreram desde então
6a feira - dia do 1 ° casamento de Madalena, da batalha, do conhecimento de
Manuel, do regresso do 1 ° marido, um dia especial para D. João

O tempo tende a concentrar-se e tal torna-se um factor trágico: 21 anos, 14 anos,


7 anos, tarde, noite, amanhecer.
"a hora fatal" - "o dia fatal"

E) AS PERSONAGENS

 de temperamento marcadamente romântico

Madalena
- vive em conflito interior, sempre receosa, cheia de pressentimentos;
- privilegia a família, a Honra, a Religião e, acima de tudo, o AMOR
- vive em conflito com Telmo e com Maria, dado as ideias sebastianistas
destes
- misto de Anjo/Demónio
- procura na religião a remissão para os seus pecados
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Manuel
- corajoso, audaz, íntegro, inflexível; protótipo do indivíduo racional
(herói clássico)
- defende a Honra e o Amor pela Pátria
- idealista, vive desprendido dos bens materiais e procura evadir-se do mundo
através da profissão religiosa ( herói romântico)

Maria
- frágil(tuberculosa), acredita em sonhos, visões, tradições populares,
- bondosa, crê no regresso de D. Sebastião
- privilegia a Família e o Amor à Pátria
- a mulher Anjo
- verdadeira personagem trágica, pois é a vítima inocente da acção funesta do
Destino

Telmo
- vive em conflito de consciência (a Fidelidade a D. João ou o Amor a Maria)
- vive agoirando D. Madalena e tem forte ascendente sobre Maria

D. João
- patriota, generoso, regressa desejoso de vingança; inicialmente Anjo de
terror, transforma-se num Anjo-bom
- preserva o Amor a Madalena , o Patriotismo e a Honra (?)

Frei Jorge
- bondoso, calmo, sensato, voz do bom senso
- espírito cristão, apoiando os outros nos momentos difíceis e
apontando o caminho certo
- revela também caráter firme ao defender de forma implacável a recolha do
casal ao convento

F) A LINGUAGEM, ao serviço de:

 Caracterização de personagens
Exemplo: Linguagem emotiva de Madalena - utilização de frases incompletas,
repetições, exclamações, interrogação retórica, vocabulário abstracto, adjetivação e
antíteses para exprimir o seu conflito (cena 1, acto I)
Manuel - linguagem sóbria e cuidada
Maria - linguagem viva
Romeiro - linguagem serena e enigmática, às vezes agressiva
Telmo - linguagem familiar e respeitosa

• Adequada às circunstâncias

- criando um ambiente de suspeita e insegurança


Exemplo: frases interrompidas, frases com duplo sentido, utilização
do futuro, apartes, hesitações (cena 2 do I acto)
- desanuviando um ambiente dramático
Exemplo: utilização do tom coloquial, e dos níveis corrente e
familiar da língua (cena 2 do II acto)
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- adensando a carga dramática


Exemplo: oscilação na forma de tratamento (tu/vós), frases
interrogativas, frases curtas, respostas com duplo sentido e ainda
frases interrompidas e incompletas (cenas referentes ao
interrogatório do Romeiro no II ato)

G) A INTENÇÃO DO AUTOR

“... no drama oferecei-lhe(ao povo) o espelho em que se mire a si e ao seu tempo ... "
-Almeida Garrett

1. Literárias:

 Renovação do teatro português

2. Pessoais:

 A ilegitimidade de filhos nascidos fora do casamento


- O drama de Maria é o da filha de Garrett, fruto da sua relação com
Adelaide Pastor, a qual morreu vitimada pela tuberculose.
- Garrett vive atormentado, tal como Madalena, por não poder
legitimar a sua filha, dado estar casado com Luísa Midosi
- A ameaça permanente do passado de Madalena concretiza-se com a
vinda de D. João, destruindo assim a sua felicidade e aniquilando
Maria; comparativamente, Luísa Midosi era uma sombra permanente
à felicidade de Garrett, impossibilitando-o de fazer qualquer legado à
sua filha

3. Políticas:

 O Patriotismo, evidenciado no ato heróico de Manuel de Sousa


Coutinho, homem de caráter íntegro que, perante a iminência dos
traidores se instalarem em sua casa, não hesita em despojar-se dos
seus bens para que tal não aconteça. O degredo e a perseguição de
que é alvo em seguida não o demovem dos seus ideais, preferindo
não pactuar com o regime vigente, a desculpar-se com a "vilania de
uma mentira". É de homens desta fibra que o Portugal de 1850
necessitava para pôr cobro à ditadura de Costa Cabral.

4. Sociais:
 o mito do SEBASTIANISMO
A figura do Romeiro identifica-se com o mito sebastianista da crença no
regresso do rei Encoberto que viria libertar o povo do jugo filipino e do
marasmo em que vivia, para o conduzir a uma época de brilho e de glória
(Quinto Império). O seu regresso veio conduzir à desagregação de uma
família, à sua destruição; em suma, desencadeou uma catástrofe. Para a
nação, o seu regresso também seria uma catástrofe, na medida em que os
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valores do passado, que ele representa, não fazem sentido no presente,


dado que entram em choque com ele. A identificação do Romeiro com
"Ninguém", a sua irremediável condenação ao anonimato, a nível
nacional, representa a impossibilidade dos valores e crenças do passado
coexistirem com os do presente, por serem obsoletos.

5. Culturais

• a tradição cultural portuguesa


- a crítica à repressão e ao desprezo a que os valores da cultura
portuguesa estavam votados( ver referência à descrição de Camões feita
por Telmo na 1ª cena do II acto)
- a defesa da cultura nacional, num momento da história em que os
valores estrangeiros eram moda, visível na referência a duas obras da
literatura que afirmam a nossa identidade : Menina e Moça de Bernardim
Ribeiro e Os Lusíadas (a glorificação dos feitos dos portugueses)

H) A ÉPOCA

Características românticas presentes:

 o assunto de caráter nacional


 o Individualismo que leva ao conflito eu/sociedade (particularmente
visível em Madalena);
 o Amor como causa da desgraça
 o Patriotismo
 o Sebastianismo (alimentado por Telmo e Maria)
 a Religiosidade [uma referência de todas as personagens; note-se, no
entanto, a religiosidade de Manuel de Sousa Coutinho, que inclui o uso
da razão e que determina a tomada do hábito como solução para o
conflito; Madalena, por exemplo, não compreende a atitude de Joana
de Castro, a condessa de Vimioso que se tornou freira (Soror Joana)]
 as crenças e superstições (alimentadas por Madalena, Telmo e
Maria, que, sistematicamente, aludiam a agouros, visões, sonhos)
 a Fatalidade
 a Morte como solução dos conflitos
 o Autobiografismo
 a existência de cenas violentas e melodramáticas
 a intenção pedagógica da obra
 o hibridismo de subgéneros( tragédia pela índole, drama na forma)
 a divisão em três atos

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