Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
RESUMO
Este artigo discute as capacidades físicas e os testes motores voltados à promoção da saúde em
crianças e adolescentes, de forma a subsidiar trabalhos em que este tema esteja em voga. A idéia de avaliar
a atividade física em uma população é baseada no desejo de determinar o estado de atividade atual da
mesma, e verificar se ela está de acordo com os critérios apropriados para uma boa saúde. Do ponto de vista
morfofuncional, uma boa “saúde relatada” é definida a partir dos componentes: composição corporal (não
abordado neste trabalho), força e resistência muscular e flexibilidade, componentes estes que são verificados
a partir da aplicação de testes ou baterias de testes que pretendem medir e verificar os níveis individuais e/ou
populacionais de saúde relatada. A literatura de referência, que classifica os testes motores como referenciados
a partir de normas ou critérios é o ponto de partida para esse debate.
ABSTRACT
This article discusses physical capacity and health-promotion-oriented motor tests in children and
adolescents, in order to provide a foundation for future studies that intend to debate this topic. The idea of
evaluating physical activity levels in a population is aimed to determine the level of physical fitness, and to
verify that this is in line with criteria for good health. From a functional point of view, .good health is defined
by the following components: body composition (not considered in this article), strength, muscular endurance
capacity and flexibility. These components are measured by test batteries that are intended to measure the
health of individuals and/or populations. The starting point for this debate is the published reference literature
that classifies motor tests as either norm-referenced or criterion-referenced standards.
1
SEED-SE
76 Santos Silva
desempenho físico; c) avaliar os efeitos da ati- referenciados por critério: 1. A acurácia dos
vidade física regular no crescimento, matura- parâmetros/padrões fixados para os testes de
ção e saúde; d) examinar a treinabilidade de desempenho são questionáveis; 2. Devido ao
crianças durante os anos circumpubertários; e) condicionamento dos estudantes, os parâme-
monitorar potenciais lesões ocorridas a partir tros adotados podem ser fáceis ou difíceis de
da participação em esportes de alto rendimen- serem alcançados, o que pode desmotivar os
to durante os anos circumpubertários; f) enten- avaliados; 3. Os parâmetros referenciados por
der a resposta aguda ao exercício de crianças critério não têm a função de distribuir escores,
em várias intensidades; g) monitorar a tendên- o avaliador deve determinar a validade e confi-
cia secular. ança dos parâmetros encontrados.
Capacidades físicas e os testes motores voltados à promoção da saúde em crianças e adolescentes. 77
centes, o estudo do VO2max, ainda exige algum muscular que estará ativa durante a atividade.
aprofundamento de forma a obter-se melhores Tomando por referência o nível matu-
explicações, sobre especificidades aí envolvi- racional, Williams, Armstrong e Powel (2000),
das. Nesta perspectiva, Léger (1996), coloca ao comparar dois tipos e treinamento por oito
que quando comparado com adultos as crian- semanas (um intervalado e outro em cicloergô-
ças e os adolescentes tendem a ter menor metro) em meninos pré-púberes, não se encon-
VO2máx quando este é expresso de forma ab- traram diferenças significativas nas variáveis
soluta (l.min-1), entretanto, quando considerado observadas, tanto máximas (pico de VO2max)
relativamente ao peso corporal (ml.kg.min-1), quanto submáximas (VO2, volume ventilatório
para meninos, esta variável tende a ser relati- ou freqüência cardíaca).
Capacidades físicas e os testes motores voltados à promoção da saúde em crianças e adolescentes. 79
Como colocado anteriormente, o se- qual inicia-se processo de fadiga. Segundo este
gundo componente que interfere na capacida- mesmo autor, este componente pode ser ex-
de aeróbia, é a eficiência mecânica, sendo que presso em %VO2 de maneira a acompanhar e
esta está relacionada ao gasto energético des- controlar o VO2máx e a eficiência mecânica, ou
pendido para a realização de uma determinada seja, de forma a medir a resistência aeróbia.
tarefa. É também devido à eficiência mecânica,
que duas pessoas com o mesmo VO2máx têm
O trabalho de força em crianças e
resultados diferentes em desempenho ou que adolescentes
tendo VO2máx diferentes, tenham resultados
semelhantes. Este componente está relaciona- Dentre as capacidades físicas voltadas
do à economia de movimento, fato que é tam- à promoção da saúde, pode-se citar a força
bém chamado de economia de corrida (muito como uma das mais importantes devido a sua
estudada em corredores). relação com a diminuição de lesões, aumento
Um fato interessante, é o relatado por da autonomia de movimento, sendo também
Williams et al. (2000), que colocam que os da- relatadas algumas melhoras anatômicas e psi-
dos existentes sobre as respostas obtidas em cológicas.
pré-púberes são esparsos, sendo que muitos Entretanto, antes de um maior aprofun-
estudos não controlaram ou monitoraram cui- damento desta questão, se faz interessante res-
dadosamente o nível maturacional, a modalida- saltar, que neste contexto serão abordadas
de de treino e a intensidade de exercício. idéias voltadas ao trabalho com exercícios re-
Nesta perspectiva, Léger (1996) colo- sistidos voltados à saúde e não à competição
ca que em atividades em que se tenha que car- em crianças e adolescentes.
regar o próprio peso, as crianças tendem a ter De um modo geral, pode-se definir for-
um maior consumo de energia que os adultos, ça como a capacidade máxima de tensão/tra-
entretanto, ele também relata que sujeitos mais ção que um músculo ou grupamento muscular
novos têm maior capacidade para manter altas pode gerar em um padrão específico de movi-
velocidades que os mais velhos, sendo que os mento em uma determinada velocidade de mo-
adultos têm menor economia de movimento que vimento, sendo dependente do código de fre-
as crianças para a mesma intensidade de tra- qüência e recrutamento das fibras motoras
balho. De forma a ilustrar melhor este fato, este (Fleck e Kraemer, 1999; Monteiro, 1999), como
autor durante a validação de um teste de cam- tal, o seu aprimoramento vem a partir da reali-
po para calcular o VO2 de crianças, adolescen- zação de exercícios que se adeqüem a esta
tes e adultos (Léger, Mercier, Gadoury & Lam- característica.
bert, 1988), verificou um alto gasto energético Quanto aos tipos de trabalho de força,
Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano
em crianças, encontrando um aumento curvili- em âmbitos gerais, pode-se enfatizar que es-
near desta eficiência entre os 08 e 18 anos. tes se dividem em estático e dinâmico, onde no
De um modo geral, Léger et al (1988), primeiro caso, o ganho de força ocorrerá ape-
colocam que na criança a eficiência mecânica nas no ângulo treinado. Se faz interessante res-
é sempre constante independente da intensida- saltar que este tipo de trabalho também é cha-
de, entretanto, é sempre menor que os valores mado de isométrico.
dos adultos. Nesta perspectiva, Williams et al No que se refere ao trabalho dinâmico,
(2000), colocam que, há evidências de que a do ponto de vista prático, pode-se dividi-lo em
atividade física padrão de crianças e adolescen- excêntrico e concêntrico. Segundo Monteiro
tes, contenha períodos de cinco, 10 ou 20 mi- (1997), no primeiro caso há “um alongamento
nutos de atividade física sustentada. do músculo e o segmento será deslocado no
O terceiro componente, dentre os an- sentido oposto à linha de força”, enquanto que
teriormente relatados, é o limiar anaeróbio, tam- o trabalho concêntrico “a força gerada promove
bém conhecido como resistência aeróbia (Lé- um torque onde o músculo é encurtado e o se-
ger, 1996). De um modo geral, ele corresponde guimento é deslocado no sentido da força”. Ain-
à concentração sanguínea de lactato a partir da da segundo este autor, há o trabalho isocinéti-
80 Santos Silva
co, onde a produção de força é constante em visionado. Já Payne et al (1997), a partir de uma
toda a amplitude do movimento em função de meta-análise, colocam que independente do
uma determinada velocidade, o que só é con- participante ou características do estudo, quan-
seguido com alguns aparelhos e programas de do consideradas crianças e adolescentes, o trei-
computador que devido ao seu alto custo aca- namento de resistência é geralmente efetivo.
bam por tornarem-se inviáveis para a utilização Partindo destas afirmações retiradas
dos professores em geral. de trabalhos de revisão, pode-se supor não ha-
Especificamente no que se refere ao ver riscos para a criança e o adolescente quan-
trabalho com crianças e adolescentes, há uma do há um adequado acompanhamento e são
idéia geral de que este tipo de trabalho tende a seguidas algumas normas de segurança, sen-
trazer uma série de malefícios na forma de le- do ainda enfatizada a necessidade de ativida-
sões ósteo-mio-articulares que além de descon- des dinâmicas de forma a minimizar a monoto-
forto, tendem a favorecer a inibição do cresci- nia e aumentar o estímulo a este tipo de prática.
mento, prejudicando a estatura final. Dessa Do ponto de vista prático, parece não
forma, segundo Payne, Morrow Jr., Johnson e haver diferença entre os benefícios obtidos pelo
Dalton (1997), de um modo geral as idéias que treinamento de força entre crianças e adoles-
se opõem a prática regular de exercícios de re- cente e adultos, havendo um ganho de força
sistência por pré-púberes, se fundamentam nas entre os dois grupos, sendo que do ponto de
seguintes concepções: 1) crianças necessitam vista fisiológico nas crianças pré-púberes, este
de uma quantidade suficiente de androgênios aumento ocorre devido à melhoria na freqüên-
circulantes de forma a facilitar um significativo cia de transmissão e recrutamento das fibras
aumento na resistência muscular ou na força; motoras e não necessariamente a hipertrofia,
2) mesmo que haja aumento, não haverá me- fato que só passa a ocorrer com a puberdade
lhora no rendimento esportivo; 3) o treinamento devido ao aumento da quantidade de hormônio
de resistência em pré-púberes pode induzir de crescimento, sendo que nos meninos ainda
uma alta freqüência de lesões. Ainda segundo há o aumento da testosterona, o que tende a
estes autores, estas afirmações podem ser favorecer algumas respostas relacionadas à
equivocadas, pois, os mesmos não encontra- melhora da força.
ram tais afirmações em seus estudos. Nesta perspectiva, um ponto interes-
Nesta persepctiva, a partir de um tra- sante a ser relatado, refere-se à afirmação de
balho de revisão, Monteiro (1997), coloca que Payne et al (1997), que colocam que talvez haja
se adequadas aos estágios de maturação, as um baixo nível de condicionamento de resistên-
cargas utilizadas nos exercícios resistidos ten- cia muscular na criança e adolescente, devido
dem a trazer benefícios, pois segundo ele, “o ao fato de haver um provável estado de destrei-
importante não é saber a idade com que se co- namento desta variável em relação à capacida-
meça um treinamento com pesos, mas conhe- de aeróbia nesta faixa etária.
cer a correspondência das cargas usadas com Segundo Fleck e Figueira Júnior (1997),
as possibilidades da idade”. quando a criança se aproxima da puberdade,
Esta idéia é considerada por Oliveira e “o aumento da massa muscular em função do
Gallagher (1997), que em um trabalho de revi- treinamento com peso pode apresentar resul-
Volume 5 – Número 1 – p. 75-84 – 2003
são, coloca que “o treinamento tradicional de tados melhores que em outros períodos da vida”,
peso pode, desde que seja desenvolvido com o que sugere ser este um bom período para o
sufuciente intensidade, volume e duração, pro- trabalho de aumento de massa muscular.
piciar melhorias substanciais na força da crian- Oliveira e Gallagher (1997), comple-
ça pré-adolescente”. mentam estas colocações afirmando que há
Fleck e Figueira Júnior (1997), tendem aumento de força com aumento da estatura em
a completar estas afirmações, quando colocam ambos os sexos durante a infância, sendo que
que este tipo de trabalho não trás problemas após a puberdade ela tende a ser mais rápida
para esta faixa etária, inclusive ocorrendo be- nos meninos devido à ação hormonal. Estes au-
nefícios quando corretamente prescrito e super- tores também relatam que quando comparadas
Capacidades físicas e os testes motores voltados à promoção da saúde em crianças e adolescentes. 81
Nieman, D. C. (1999). Exercício e saúde: como se Wagner, P.D. (2000). Nem ideas on limitations to
prevenir de doenças usando o exercício como seu VO2max. Exercise and Sport Sciences Revi-
medicamento. São Paulo: Manole. ews, 28 (1),10-14.
Oliveira, A.R. & Gallagher, J.D. (1997). Treinamento Weineck, J. (1999). Treinamento ideal. 9ed. São
de força muscular em crianças: novas tendênci- Paulo: Manole.
as. Revista Brasileira de Atividade Física e Welk, G.J.; Corbin, C.B. & Dale, D. (2000). Measure-
Saúde, 2(3), 80-90. ment issues in the assessment of physical activi-
Payne, V.G.; Morrow Jr, J.R.; Johnson, L. & Dalton, ty in children. Research Quarterly for Exercise
S.N. (1997). Resistence training in children and and Sport, 71(2),59-73.
youth: a meta-analysis. Research Quarterly for Williams, C.A.; Armstrong, N. & Powel, J. (2000).
Exercise and Sport, 68(1), 80-88. Aerobic responses of prepurbetal boys to two
Safrit, M.J. (1995). Complete guide to youth fitness modes of training. British Journal of Sports
testing. Chapaign (Il), Human Kinetics. Medicine, 34, 168-173.
Endereço do autor: