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sermões

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em busca de esperança 1
Produção Executiva: Erton Köhler, Marlon Lopes e Edward Heidinger
Autor dos sermões: Pr. Israel Cavalli
Coordenação: Luís Gonçalves
Diagramação e Capa: Antonio Abreu
Imagens: Shutterstock
tema 1

pecadores anônimos

INTRODUÇÃO
Aquela era uma noite tensa. Os dedos das mãos estavam em constante movimento. Os
pés inquietos chacoalhavam de um lado para outro. As mãos suavam. O calor incomoda-
va. Pela primeira vez o jovem estava participando daquela reunião. A princípio procurou
parecer imparcial. Mas não demorou muito para que seu semblante fosse carregado de
preocupação! Os relatos ouvidos mexeram profundamente com ele. Histórias reais e dra-
máticas que contavam a trajetória de pessoas que perderam tudo – emprego, dinheiro,
família e a dignidade. O grande vilão da história: o alcoolismo.
Alguns anos antes daquela reunião, ele havia perdido o pai em um acidente de trân-
sito. O motorista do carro que atropelou seu pai estava embriagado. Não deu tempo de
fazer nada, apenas lamentar a perda incalculável. Agora, formado em jornalismo, o jovem
escrevia sua primeira matéria para o jornal da cidade sobre a comunidade de homens
e mulheres que compartilhavam entre si suas experiências, forças e esperanças, com o
propósito de resolver seu problema comum e ao mesmo tempo ajudar outros a se recu-
perarem do alcoolismo.
A Bíblia diz que todos nós temos um problema muito mais grave do que qualquer vício
conhecido. Esse problema se chama pecado. Mais perigoso e letal que qualquer substân-
cia química; um mal terrível que tem causado dor e destruição há milhares de anos. Mas
gostaria de afirmar que esse problema, por mais grave que seja, pode ser superado e ven-
cido. E, hoje, você irá descobrir o segredo para conquistar a vitória sobre esse terrível vício,
que se não for tratado corretamente pode acarretar prejuízos eternos.

DESENVOLVIMENTO
I. Quem precisa de ajuda?
Como sabemos, o primeiro passo para vencer qualquer vício é admiti-lo, afinal, não
há como buscar uma solução para um problema sem antes admitir sua existência. Então,
vamos começar!
Quem aqui admite ser pecador? Como assim? É isso mesmo! Quem aqui é pecador
e poderia levantar sua mão bem alto? Não precisa ter vergonha! Levante a mão quem
admite ter pecado pelo menos uma vez na vida? Apenas um pecado em toda a sua vida

em busca de esperança 3
já é o suficiente. Vejo muitas mãos levantadas! Tem gente que levantou as duas! Podem
abaixar as mãos. Gostaria de dizer que se você não levantou a mão, você acabou de pecar,
isto mesmo, acabou de pecar! Se você não levantou a mão acabou de mentir e até onde
sei, isso também é pecado!
A Bíblia é clara em dizer que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3:32). E
antes que você argumente “é verdade que eu já pequei, mas sou uma pessoa boa”, alguns
versos antes a Bíblia menciona que não há nenhuma pessoa justa, nenhuma sequer (Rm
3:10). Portanto, todos nós que estamos aqui reunimos hoje somos pecadores, alguns mais,
outros menos!
Mas há um detalhe importante. Qual a consequência final de nossos pecados? A mor-
te! (Rm 6:23). A Bíblia não diz que a consequência final do pecado é ficar de castigo por
um tempo. Não diz que é pagar uma multa. Não é ir preso. Não é prestar algumas horas
de serviço comunitário. A Bíblia diz que o resultado do pecado é a morte! Portanto, esta-
mos todos destinados a morrer! Mas a segunda parte do verso coloca um contraponto. Se
por um lado o “salário do pecado é a morte”, por outro, se quisermos, podemos receber de
Deus um presente maravilhoso: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23).
Deus não oferece esse presente maravilhoso que chamamos de salvação porque so-
mos bons, mas sim porque Ele é bom! No livro de Romanos 5:8, lemos o seguinte: “Mas
Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos
pecadores”. Deus não falou, “vou esperar os pecadores mudarem de vida sozinhos para
poder amá-los”, pelo contrário, porque Ele nos ama incondicionalmente nos dá condições
de mudar de vida. O grande problema é que tem gente que está doente, mas pensa “vou
melhorar sozinho, antes de ir ao médico”. Mas esquece de que em primeiro lugar, a doen-
ça do pecado é impossível de ser curada quando estamos sozinhos. E em segundo lugar,
ainda que fosse possível tratar desse problema terrível sem ajuda, não precisaríamos ir ao
médico. Em resumo, não precisaríamos de Deus. Isso não faz o menor sentido!
Da mesma forma que não se trata um câncer com aspirina, não podemos tratar o pe-
cado como se fosse uma coisa simples, cotidiana e sem importância. Não podemos tratar
uma doença grave e mortal como se fosse um resfriado qualquer. O pecado é a doença
mais grave e terrível que a humanidade já enfrentou e que ainda hoje tem destruído mi-
lhões de vidas. E o primeiro passo é entender que esse vício mortal precisa ser combatido,
caso contrário, mais que perder a saúde, dinheiro ou família, poderemos perder a vida
eterna!

II. Doze passos


Os alcoólicos anônimos desenvolveram doze passos que são utilizados por aqueles

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que desejam parar de beber. Esses passos devem ser seguidos durante todo o processo de
recuperação. Aliás, o processo de recuperação dura a vida toda. Por mais que uma pessoa
já esteja sem beber há décadas, ela ainda continuará a se apresentar como um alcoólico
em recuperação, pois sabe que qualquer distração de seu propósito de permanecer sóbrio
pode fazer com que todos os seus esforços caiam por terra. Da mesma forma, o processo
de luta contra o pecado é diário. Dura a vida toda, até a volta de Jesus. Quando Cristo vol-
tar, finalmente seremos completamente transformados. Mas enquanto isso não acontece,
precisamos seguir os doze passos espirituais dos pecadores anônimos. Vamos verificar
que passos são esses?
1. Admitimos que sozinhos éramos impotentes perante o poder do pecado, e por esta razão
estávamos condenados à morte eterna (Rm 3:32). É impossível resolvermos o problema
do pecado sozinhos. Assim como um homem é incapaz de mudar a cor de sua pele
(Jr 13:23), é impossível para um pecador vencer o pecado sem o poder de Deus.
Sozinhos somos impotentes contra o poder do pecado.
2. Viemos a acreditar no único Deus verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo, conforme revelado
na Bíblia, reconhecendo-O como criador, mantenedor e redentor (1Pe 1:2). A Bíblia nos
apresenta quem Deus é. Um Deus pessoal, amoroso e verdadeiro que, através do
sacrifício de Jesus e da atuação do Espírito Santo, quer transformar a nossa vida
por completo.
3. Compreendemos que o sacrifício substitutivo de Cristo Jesus em nosso lugar é a única
maneira possível de alcançarmos perdão e vida eterna (Rm 6:23; Jo 3:16). Como
Deus nos ama e não quer que venhamos a morrer eternamente, Ele enviou seu
filho, Jesus Cristo que, voluntariamente, Se ofereceu para morrer em nosso lugar.
Assim, Deus demonstrou Seu amor e Sua justiça!
4. Fizemos minucioso e destemido exame moral de nós mesmos, reconhecendo nossa indigni-
dade e impossibilidade de mudar sozinhos (1Jo 1:8). Cada um de nós tem uma história
diferente e fraquezas diferentes. O problema do viciado, seja qual for o vício, é que
ele tem dificuldade de admitir que tem um problema. Ele afirma “eu paro quando
quiser”. O problema é que ele nunca quer parar. E pior ainda, quando deseja parar,
não consegue!
5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outras pessoas a gravidade e na-
tureza exata de nossos pecados (1Jo 1:10). Todos temos pecados e precisamos reconhe-
cer isso. Tem gente que diz: “A vida é minha eu faço o que eu quiser”. Em primeiro
lugar, a vida não é sua, é de Deus, pois Ele é o autor da vida e dono de tudo que
existe. Em segundo lugar, é preciso ter em mente que o pecado afeta negativamen-
te nosso relacionamento com Deus, nossa visão e conceito acerca de nós mesmos,

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e a maneira como agimos para com as outras pessoas. E essa mudança é sempre
de forma negativa.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter
através da atuação constante de Seu Santo Espírito em nosso ser (1Jo 1:9). Como resulta-
do de nossa confissão, Deus nos perdoa todos os pecados. Todos, sem exceção. O
único pecado que não tem perdão é aquele que não é confessado.
7. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossa culpa e condenação (Rm 8:1; 2Co
5:17). Deus então tira de nós a culpa e a condenação do pecado e nos oferece uma
nova vida.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
reparar os danos a elas causados (1Jo 4:21). O processo de cura do pecado envolve uma
restauração do nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo. Nosso
amor a Deus precisa ser evidenciado através do amor ao próximo.
9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, sal-
vo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem (Lc 19:8). O verdadeiro arre-
pendimento será demonstrado de forma concreta através de atos, e não apenas
palavras.
10. Continuamos a fazer uma entrega diária, completa e incondicional de nossa vida a Deus,
reconhecendo nossa necessidade de renovação diária e santificação constante (Lc 9:23). A
cada dia precisamos entregar a Deus nossas decisões e vontades.
11. Procuramos, através da oração e da leitura da Bíblia, melhorar nosso contato consciente
com Deus, rogando o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar
essa vontade (Rm 12:2). A oração é a maneira como nós falamos com Deus. A leitura
da Bíblia é como Deus fala conosco. Através desse diálogo, constante e diário, va-
mos nos tornando cada vez mais próximos de Deus. Ao abrirmos nosso coração a
Deus, como a um amigo, Ele nos ensina e aconselha através de Sua Palavra. Quanto
mais contato tivermos com Deus, menos iremos nos conformar com este mundo.
12. Tendo experimentado uma transformação radical em nossa vida, procuramos viver e
transmitir esta mensagem de amor e salvação através de nossa vida e testemunho (Mt
28:19-20). Não importa se você está vindo pela primeira vez a esta igreja ou se você
já a frequenta há anos. Deus tem um desafio para você: contar para seus amigos
e familiares que você encontrou algo maravilhoso que eles também precisam co-
nhecer. Se você descobrisse a cura para o câncer, você guardaria para si mesmo ou
iria contar para todo mundo? Saiba que hoje você descobriu a cura para o pecado,
e você precisa compartilhar isso com outras pessoas.

6 em busca de esperança
CONCLUSÃO
Um estudante do curso de veterinária, voltando para casa após um dia de aula, encon-
trou um cachorro no meio do caminho. Ele estava com sarna, magro, quase esquelético e,
para piorar, havia sido atropelado por um carro e estava com a pata quebrada. Apesar de
saber que não poderia salvar todos os animais de rua que existem, alguns em situações
semelhantes ou até piores, resolveu fazer a diferença na vida daquele pobre cachorro.
Levou-o para casa. Imobilizou e tratou a pata quebrada. Passou remédio em seu corpo.
Deu as vacinas necessárias e para completar uma alimentação balanceada. Pouco tempo
depois aquele cachorro parecia outro. Um dia ao voltar para casa, após a faculdade, des-
cobriu que o cachorro havia desaparecido. Com raiva, pensou: “Que cachorro miserável!
Ingrato! Sem vergonha! Tratei de suas doenças e feridas, e tão logo ficou bom, foi embora”.
O estudante ficou bem chateado com a situação, mas foi estudar para uma prova que teria
no dia seguinte. Algumas horas se passaram e ele ouviu alguns latidos. Quando foi verifi-
car viu que era o cão fugitivo! Mas ele não estava sozinho. Voltou acompanhado de outro
cachorro, magrelo, doente e com a patinha machucada. Ele encontrou algo bom e queria
compartilhar com seu amigo que tinha as mesmas necessidades.
Mesmo um cachorro irracional, às vezes, parece ser menos egoísta do que alguns de
nós. Nesta semana, iremos estudar mensagens de salvação e esperança através da histó-
ria de personagens pouco conhecidos da Bíblia e sob uma ótica pouco explorada, e o de-
safio que eu lhe proponho é: não guarde isto apenas para si mesmo. Convide seus amigos!
Esteja conosco todos os dias e com certeza você não irá se arrepender!

APELO
Com toda certeza Jesus está aqui hoje, Ele falou ao seu coração. Este é o momento de
dar permissão para que Deus faça uma linda obra em sua vida. Sinta Jesus falando agora,
eu posso ver o Espírito Santo se movendo aqui neste lugar. Eu já tomei a minha decisão,
quero entregar minha vida a Ele, quero viver uma vida nova. Tenho certeza que você tam-
bém quer, não é mesmo? Então, se você realmente quer dar este passo de fé, levante-se
agora, coloque-se em pé na presença deste Deus maravilhoso. Agora quero pedir a um
amigo dessa pessoa que se levante ao lado dela e coloque a mão no seu ombro. Muito
bem, meus parabéns, agora meu irmão e minha irmã, traga o seu amigo aqui à frente, pois
desejo orar com vocês e por vocês.

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8 em busca de esperança
tema 2

“the walking”and “the dead”

INTRODUÇÃO
Se você pudesse remover qualquer trecho da Bíblia, qual parte você tiraria? Qual o
trecho da Bíblia que você menos aprecia? Que parte você acha que seria desnecessária?
Qual seria o trecho da Bíblia que, se removido, provavelmente não faria falta nenhuma?
Confesso que se essa pergunta fosse feita a mim, alguns anos atrás, minha resposta ins-
tantânea seria com certeza: “Genealogias”. Que listas intermináveis de nomes estranhos
e incomuns!
Você não precisa se esforçar muito para entender e até concordar com a minha esco-
lha. As genealogias, num primeiro olhar, é algo totalmente desnecessário e desinteres-
sante, e se fossem tiradas da Bíblia, provavelmente ninguém sentiria falta delas. Nunca
vi alguém dizer que seu verso preferido da Bíblia é uma genealogia. E digo mais, se em
algum momento eu encontrasse alguém que afirmasse algo do tipo, não precisaria muito
tempo para chegar à conclusão de que essa pessoa tem problemas sérios.
Na Bíblia, logo nos primeiros capítulos, encontramos essas narrativas, às vezes mais
curtas, às vezes mais longas, mas que apenas ao serem mencionadas já são capazes de
levar alguém a um sono profundo, criar desinteresse completo pelo assunto ou, no míni-
mo, gerar indiferença total. Sejamos sinceros, esse tipo de relato não é nada atrativo ou
agradável, mas, hoje, gostaria de convidá-lo a descobrir algumas lições extraordinárias
sobre esse assunto.
O termo genealogia vem do hebraico toledoth e significa descendência ou geração. Ok, essa
informação não ajudou em nada para tornar o assunto mais interessante ou atrativo, mas, se você
prestar atenção naquilo que vou dizer a seguir e vencer a tentação de mexer no celular,
tirar um cochilo, ou fazer qualquer outra coisa nos próximos minutos que não seja pres-
tar atenção, posso garantir que seu pensamento sobre as genealogias irá mudar. Aceita o
desafio?

DESENVOLVIMENTO
I. Origens
Gostaria de chamar sua atenção para as duas primeiras genealogias apresentadas na
Bíblia. Vamos analisar a genealogia de Adão, através da linhagem de Caim, e a genealogia

em busca de esperança 9
de Adão, através da linhagem de Sete. É importante notar que as duas primeiras genea-
logias da Bíblia possuem algo em comum, que também é notado em outras genealogias.
Elas parecem seguir um modelo; elas possuem uma mesma estrutura que é uma refe-
rência a uma pessoa, número de anos que ela viveu até o nascimento de seu primeiro
filho, nome do filho, número de anos que viveu depois do nascimento do primogênito e,
por fim, a idade da pessoa por ocasião de sua morte. Leia comigo os seguintes textos de
Gênesis: 4:1, 2; 17-24 e 5:1-32.
Existem pelo menos três informações importantes sobre essas genealogias:
• As duas genealogias têm uma mesma origem: ADÃO.
• As duas genealogias possuem nomes repetidos: ENOQUE e LAMEQUE.
• As duas genealogias chamam a atenção para uma geração específica.

Já fizemos a leitura do relato bíblico, mas agora gostaria de chamar sua atenção para
um detalhe adicional: quando ambas as genealogias chegam à sétima geração, acontece
algo diferente. A sequência: nome da pessoa, anos vividos, filhos que teve, anos que viveu
após o primeiro filho e idade da pessoa quando morreu, é interrompida. Você reparou nis-
so? Vamos contar juntos? (realizar a contagem junto com a igreja utilizando os dedos da mão).
Genealogia de Adão, na linhagem de Caim: (1) Adão é o primeiro; (2) Adão gerou Caim; (3)
Caim gerou Enoque; (4) Enoque gerou Irade; (5) Irade gerou Meujael; (6) Meujael gerou
Metusael; (7) Metusael gerou Lameque; e do nada, há uma pausa na sétima geração para
dar alguns detalhes específicos sobre a pessoa.
Genealogia de Adão, na linhagem de Sete: (1) Adão é o primeiro; (2) Adão gerou Sete; (3)
Sete gerou Enos; (4) Enos gerou Cainã; (5) Cainã gerou Maalael; (6) Maalael gerou Jarede;
(7) Jarede gerou Enoque, e novamente há uma pausa na sétima geração para dar alguns
detalhes.

II. Contrastes
A Bíblia nos informa que umas das primeiras atitudes de Caim ao se retirar da presen-
ça do Senhor foi edificar uma cidade (4:17). O que a princípio parece uma atitude simples,
de autoproteção, em realidade revela ser uma atitude de contínua rebelião e desconfian-
ça. Como sentença por ter assassinado seu irmão Abel, Deus disse que Caim seria “fugitivo
errante pela terra” (4:12). Ao construir uma cidade Caim desafia o juízo divino de que ele
deveria ser um errante sem paradeiro e mostra a sua falta de fé na proteção fornecida pela
marca que Deus lhe havia colocado (4:15).
Na sétima geração dos descendentes de Caim, a rebelião e o pecado atingem um novo
patamar. Lameque, seguindo o exemplo de rebelião de seu tataravô Caim, resolve ir con-
tra a vontade de Deus. Ignorando conscientemente a base monogâmica estabelecida por

10 em busca de esperança
Deus para o casamento, ele toma para si duas esposas: ADA e ZILÁ e é com essas mulheres
que ele vai ter seus três filhos: Jabal, Jubal e Tubalcaim.
Lameque não se contentou apenas em ser o primeiro polígamo da história da huma-
nidade, ele também se tornou um grande assassino. Como se isto não fosse suficiente, ele
escreveu uma canção na qual se gabava de sua maldade. Ele cantava “matei um homem
porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou” (4:23). Se você observar em sua Bíblia,
vai perceber que a formatação do texto dos versos 23 e 24 é diferente do restante do ca-
pítulo, indicando que se trata de uma poesia hebraica, uma música que ele costumava
cantarolar. Lameque parece estar no auge da maldade e da rebelião aberta contra Deus.
Esse mesmo sentimento de rebelião parece ser compartilhado por sua descendência.
Ao invés de viverem como nômades que estavam neste mundo apenas de passagem, eles
se preocupavam apenas com o presente, com o aqui e o com o agora. A Bíblia nos rela-
ta que eles rapidamente fizeram avanços tecnológicos. A impressão que temos é que na
mesma proporção que cresciam suas habilidades, crescia também a maldade e o pecado.
Os filhos de Lameque foram pessoas que se destacaram em sua época. A Bíblia afirma
que Jabal foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado (4:20). Se fosse em nossos
dias, possivelmente seria considerado o Ministro da Habitação e da Agricultura. Jubal era
o pai dos que tocam harpas e flautas (4:21) e possivelmente uma ótima indicação para o
Ministério do Lazer e Cultura. E, por fim, Tubalcaim era artífice de todo instrumento cor-
tante, de bronze e de ferro (4:22), sendo um nome perfeito para assumir o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação.
Os descendentes de Lameque buscavam coisas que ainda hoje continuam a ser a gran-
de prioridade em nossos dias: moradia, conforto, lazer, entretenimento, cultura, inovação,
avanços tecnológicos e segurança. Todos esses itens são necessários e desejáveis. Não há
nada de errado com eles. Não são ruins em si mesmos. O problema é a motivação que nos
leva a buscá-los. Para os descendentes de Caim, essa busca nada mais era do que uma
tentativa de alcançar independência completa de Deus.
Enquanto vemos pecado e rebelião na descendência de Caim, na genealogia de Sete,
vemos obediência e adoração. Sobre a linhagem de Sete é dito “daí se começou a invocar
o nome do Senhor” (4:26). Os descendentes de Sete viviam uma vida pastoral e simples,
como nômades. Estavam no mundo, mas não pertenciam a ele e nem desejam nele per-
manecer, por isso não estabeleceram residência fixa. Eram peregrinos, viviam como es-
trangeiros em terra estranha. E novamente a sétima geração é enfatizada, mas desta vez
de forma positiva (5:22).
Pela primeira vez o ciclo de nascimento, reprodução e morte é rompido. Surge na histó-
ria um homem chamado Enoque, e acerca dele é dito “andou Enoque com Deus”. Este foi o
primeiro sobre quem não é dito ter morrido, “porque Deus o tomou para si”. Hebreus 11:5,

em busca de esperança 11
falando acerca de Enoque afirma: “Foi pela fé que Enoque escapou da morte. Ele foi leva-
do para Deus, e ninguém o encontrou porque Deus mesmo o havia levado. As Escrituras
Sagradas dizem que antes disso ele já havia agradado a Deus” (NTLH).

III. Destinos
Nos últimos dias da história deste mundo, o mesmo contraste visto nas duas primeiras
genealogias da história da humanidade se repete. Há dois tipos de pessoas: os desobe-
dientes e os obedientes, os que se rebelam contra a vontade de Deus e os que a aceitam,
os que vivem para este mundo e os que vivem como estrangeiros, com saudade de sua pá-
tria celestial. Os que escolhem andar sozinhos por seus próprios caminhos e os que esco-
lhem andar com Deus, os que vão cair no esquecimento ainda que tenham feito grandes
descobertas e conquistas incríveis e os que terão seus nomes gravados pela eternidade,
por atos simples, mas importantes, como o hábito de andar com Deus.
Enquanto Lameque andava por aí cantado sobre sua maldade, Enoque andava com
Deus apreciando Sua bondade. A caminhada de Enoque era diária e constante. A Bíblia
diz que Enoque viveu 65 anos e teve um filho chamado Matusalém, e depois disso ainda
viveu mais 300 anos antes de Deus o levar para o Céu sem ter que experimentar a morte.
Você já se deu conta disto? Enoque viveu 365 anos com Deus, e a amizade deles era tão
grande que Deus o tomou para Si. Se Enoque viveu 365 anos com Deus, isto significa que é
possível vivermos 365 dias com Ele a cada ano.
Andar com Deus não significa que não teremos dificuldades. Andar com Deus não sig-
nifica que não teremos problemas. Andar com Deus não fará de você uma pessoa rica ou
milionária. Andar com Deus não o tornará imune a doenças. Andar com Deus não evitará
todo e qualquer tipo de sofrimento. Mas andar com Deus é o que vai definir onde você
passará a eternidade, por isso esta decisão é tão importante. Na verdade, esta é a decisão
mais importante de sua vida.
Talvez, simplesmente afirmar que Enoque escolheu andar com Deus e por isso está
vivo pela eternidade e Lameque escolheu seguir seus próprios caminhos e por isso está
morto, seja uma informação incompleta e simplória demais, sabe por quê? A Bíblia men-
ciona pelos menos outra pessoa que andou com Deus. Aliás, ela não apenas afirma que
esta pessoa andou com Deus, mas ao falar de sua vida, ela diz que este homem era justo e
íntegro (Gn 6:9). Este personagem é Noé, e apesar de ter entrado para a galeria dos heróis
da fé, em Hebreus 11, ele não foi diretamente para o Céu sem passar pela morte, como foi
no caso de Enoque.
A grande verdade é que nem sempre os resultados de nossa caminhada serão imedia-
tos. Talvez este seja o motivo porque podemos ver ao nosso redor pessoas que estão mor-
tas espiritualmente, que ignoram conscientemente a necessidade de se relacionar com

12 em busca de esperança
Deus e se rebelam contra Sua vontade, e que, apesar disto, ainda convivem conosco, mas
que poderiam ser considerados mortos vivos. E por outro lado, há pessoas que apesar de
estarem temporariamente mortas, quando Cristo voltar irão viver eternamente, porque
enquanto estavam vivas escolheram andar com Deus e fazer Sua vontade.
Em Amós 3:3 encontramos uma pergunta importante: “Andarão dois juntos, se não
houver entre eles acordo?” Para andar com Deus precisamos estar em acordo com Sua
vontade. É necessário que haja uma entrega completa de nossa vida. O próprio Jesus afir-
mou em Lucas 9:23: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a
sua cruz e siga-me”. Há um preço que precisa ser pago. Mas uma coisa eu posso garantir,
essa caminhada vale cada segundo. E a certeza que temos ao caminhar com Deus é que
ainda que em algum momento cheguemos a tropeçar, e talvez cheguemos a cair, o nosso
Deus estará sempre pronto a nos reerguer e nos guiar.

CONCLUSÃO
Se vamos passar a eternidade no céu e ter nosso nome lembrado para todo o sempre,
ou se vamos morrer sem esperança e cair no completo esquecimento, isso depende de
nossa decisão hoje. É por isso que andar com Deus é a escolha mais importante da vida.
Toda grande caminhada começa com um simples passo e você pode escolher dar esse
primeiro passo hoje. Agora. Neste momento. Você quer andar com Deus? Quer caminhar
com Ele e permitir que Ele dirija sua vida, suas escolhas, suas prioridades, seus planos?
Uma caminhada sem fim com Deus (the walking) ou a morte eterna (the dead), a escolha
é sua!

APELO
Talvez você esteja pensando: os argumentos que acabei de ouvir não me convencem!
Então, convido você nesse momento a falar com Seu melhor Amigo: “Senhor, sinto-me va-
zio, sinto que falta algo em minha vida. Quero crer e não consigo. Faça um milagre. Dá-me
a capacidade de acreditar, porque preciso encontrar a saída para a minha vida e sozinho
estou perdido, necessito de Ti”. Ele ouvirá seu clamor e responderá. Tenha certeza disso!

em busca de esperança 13
14 em busca de esperança
tema 3

celebridade #sqn

INTRODUÇÃO
O que um caso de injúria racial, uma suposta ameaça de bomba e assassinatos alea-
tórios em um shopping tem em comum? Preconceito? Ódio racial? Rivalidade? Falta de
amor? Não! A busca pela fama! Todos estes casos foram protagonizados por jovens que
queriam ter seus quinze minutos de fama na internet e televisão. Ser famoso se tornou
uma obsessão para alguns jovens que vivem em uma era em que através da internet é
possível sair do completo anonimato e se tornar uma celebridade da noite para o dia. O
que é irônico em todas as situações anteriormente mencionadas é que ninguém lembra o
nome das pessoas que as realizaram. Ao invés de celebridades instantâneas, continuaram
no anonimato. Ao invés de serem admirados, foram alvo de desprezo por suas atitudes
reprováveis.
O que você seria capaz de fazer para ter o seu nome conhecido em todo o mundo? O
que é necessário para se tornar famoso e ter seu nome lembrado ao longo da história?
Você pode até negar o desejo pelo reconhecimento e pela fama, mas o que você já foi ca-
paz de fazer para impressionar alguém? Para receber reconhecimento no trabalho ou na
faculdade? Para ganhar a admiração de uma pessoa por quem você era apaixonado? Para
ser aceito pelos seus amigos?
A Bíblia narra a história de uma pessoa que, apesar de ser conhecida em seu tem-
po, logo se tornou um ilustre desconhecido. Hoje vamos falar um pouco sobre Ninrode.
Quantos aqui já ouviram falar sobre esse personagem? Talvez alguns já tenham ouvido
esse nome, mas quantos sabem de fato quem foi Ninrode e o que ele fez? Por mais que
alguns aqui possam conhecer esse personagem bíblico, provavelmente são poucos os que
o admiram. Para a maioria das pessoas o seu nome não significa absolutamente nada. E
mesmo para os que sabem quem ele foi, sua fama está longe de ser comparada com a de
outros personagens famosos da Bíblia como Noé, Elias, Davi, Daniel, Maria, José, Pedro,
etc.

DESENVOLVIMENTO
I. Um famoso desconhecido
O nome de Ninrode aparece pelo menos quatro vezes em toda a Bíblia (Gn 10:8; Gn

em busca de esperança 15
10:9; 1Cr 1:10; Mq 5:6). O nome Ninrode surge pela primeira vez na genealogia de Noé,
famoso por ter construído um grande barco. Ninrode era bisneto de Noé, neto de Cam,
e filho de Cuxe. A Bíblia relata o seguinte “Cuxe gerou a Ninrode, o qual começou a ser
poderoso na terra. Foi valente caçador diante do SENHOR; daí dizer-se: Como Ninrode,
poderoso caçador diante do SENHOR. O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e
Calné, na terra de Sinar. Daquela terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir
e Calá” (Gn 10:8-10).
Existem algumas características que valem destacar sobre esse enigmático
personagem:
• O nome Ninrode, tem origem hebraica e significa “Rebelião” ou “Nos rebelaremos”.
• É o primeiro personagem a quem a Bíblia se refere como sendo alguém poderoso
na terra; seu poder teve um grande alcance geográfico, sua força parece ser tanto de
ordem física quanto política.
• Ninrode é identificado como valente caçador; comentaristas rabínicos argumen-
tam que ele oprimia os fracos na sua busca pelo poder (Leibowitz, Studies in Bereshit
(Genesis), 91-98). Há quem diga que a expressão “valente caçador” deva ser traduzida como
caçador de homens ou “escravista” (Leupold on the Old Testament, v. I, p. 366). Seja como for,
ele era um hábil caçador e reconhecido construtor, tendo edificado diversas cidades, confor-
me o relato bíblico.
• A expressão valente caçador “diante do Senhor”, apesar de ser de difícil interpretação, parece
ter uma conotação negativa, onde “diante do Senhor”, ao invés de descrever a aprovação de
Deus, parece sugerir uma atitude de rebeldia, “contra o Senhor”.
• As cidades construídas por Ninrode deram origem às duas grandes nações que mais tarde
oprimiriam e atacariam o povo de Deus. Ao longo da narrativa bíblica, podemos notar
que os assírios e babilônios se tornaram os grandes responsáveis pela destruição de
Israel e Judá, séculos mais tarde.
• Mas o que me chama a atenção é que a Bíblia menciona que o princípio de seu reino
foi “Babel... na terra de Sinar”, conforme descrito em Gênesis 10:10. Entre todas as
demais cidades construídas na Mesopotâmia, essa região se destaca por uma gran-
de construção ali realizada, que parece ecoar o mesmo tipo de rebelião que Ninrode
levava em seu nome. Sobre que famosa construção estamos falando? Sim, exata-
mente! A Torre de Babel.

II. Rebeldes sem causa


É justamente na terra de Sinar, território sob o governo de Ninrode, que umas das his-
tórias mais conhecidas da Bíblia toma lugar. Leiamos juntos Gênesis 11:1-10 para desco-
brimos como tudo aconteceu. Se você acha que a busca pela fama é algo recente, se você

16 em busca de esperança
pensa que o desejo de se tornar uma celebridade é algo novo, ou ainda, se você imagina
que a vontade de ter seu nome conhecido por todos é algo inédito e singular, acompanhe
esta história. (Ler Gênesis 11:1-10, preferencialmente em uma tradução moderna, como a NTLH.)
Apesar do autor de Gênesis mencionar em Gênesis 10:31 que os descendentes de Noé
estavam divididos “segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em
suas nações”, é somente em Gênesis 11 que a divisão das línguas vai acontecer de fato. Na
história da Torre de Babel é apresentada a origem e explicação detalhada dessa variedade
de línguas apontada no capítulo anterior. O registro não está em ordem cronológica, por
isso a ordem está invertida.
Nós já lemos o que a Bíblia diz. Que tal extrairmos algumas lições práticas do ocorrido
para nossa vida? Gostaria de compartilhar com vocês, pelo menos, sete lições interessan-
tes que podemos extrair desta história. Vamos lá:
O povo, ao invés de se espalhar como Deus ordenou que deveriam fazer após o dilú-
vio, obedeceu apenas a uma parte da ordem que Deus havia dado. Que ordem era esta?
Gênesis 9:1 nos responde a esta pergunta. “Tenham muitos filhos, e que os seus descen-
dentes se espalhem por toda a terra” (NTLH). Você percebe o que aconteceu? Eles obe-
deceram apenas ao que lhes interessava, ignorando conscientemente aquilo que não
queriam. Primeira lição: “obediência parcial não é obediência alguma” (Ler Tiago 2:10.) Não
podemos obedecer apenas ao que queremos ou ao que nos agrada. A obediência precisa
ser completa. Será que em nossa vida existe algum ponto onde está havendo apenas uma
“obediência” parcial?
Mas sabe como é: “uma coisa leva à outra”, e já que não haviam se espalhado como
Deus havia dito, porque não construir uma cidade? Eles tiveram uma ideia: “Vamos fazer!”,
“Vamos construir”, “Vamos edificar”. Todo jovem tem vontade de fazer, de construir e de re-
alizar coisas grandiosas, mas o fato é que, ao longo de nossa vida podemos construir ou
realizar coisas que nos aproximam de Deus ou que nos afastam dEle e de Sua vontade.
Segunda lição: “tão importante quanto construir, é o que se constrói!” O que você tem cons-
truído através de suas decisões? O que tem prevalecido, os seus sonhos ou os sonhos de
Deus? A sua vontade ou a vontade dELe? (Ler Salmo 127:1.)
“Que chegue até o céu”. Os babilônios construíam templos em forma de torres, chama-
dos zigurates. Por meio deles queriam subir até o céu. É comum ouvir pessoas dizerem “o
céu é o limite!” Sabe, jovem, essa frase não é nova! Lúcifer já dizia há muito tempo: “Eu
subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono” (Is 14:13). O detalhe é que
a única maneira de chegarmos ao céu não é destronando Deus, mas entronizando Jesus
Cristo em nosso coração! Terceira lição: A única maneira de chegarmos ao céu é através do
que Cristo fez, e não através de qualquer coisa grandiosa que possamos fazer.
“Assim ficaremos famosos”. Outras traduções dizem “tornemos célebre o nosso nome”

em busca de esperança 17
(ARA). Os construtores da Torre de Babel tiveram seus sonhos e planos completamente
frustrados. É curioso notar que nem a construção da Torre nem a divulgação do nome de
seus construtores foram alcançadas. A Bíblia afirma em Lucas 18:14 que “quem se exalta
será humilhado, e quem se humilha [diante de Deus] será exaltado”. Quarta lição: a humil-
dade é pré-requisito para a exaltação, pois a humildade precede à honra (Pv 15:33).
“Então o SENHOR desceu”. Você reparou como esta frase é curiosa? O que há de tão irô-
nico neste trecho? O plano dos construtores era que sua torre chegasse ao céu, mas, por
mais que tivessem se esforçado, curiosamente para poder vê-lo, Deus precisa descer. Você
consegue imaginar Deus dizendo “vou dar uma descidinha ali porque ouvi boatos que os
homens estão se rebelando e fazendo uma ‘grandiosa’ construção, mas daqui de cima não
consigo ver nada”. Quando a Bíblia descreve que Deus precisou descer, e descer bastante,
para enxergar alguma coisa, ela está dizendo que Deus em sua grandeza é incomparável.
Quinta lição: Deus sempre está acima de nós! Seus propósitos e caminhos são sempre su-
periores aos nossos (Is 55:6-9).
Quando Deus desce, Ele o faz com um propósito “o SENHOR desceu para ver a cidade
e a torre que aquela gente estava construindo”. Nada passa despercebido diante de Deus;
não Lhe era necessário descer para ver o que os homens estavam fazendo. De Seu trono
Ele poderia visualizar. Esse trecho descreve um juízo onde Deus julga as decisões e ações
daquela gente e em seguida pronuncia uma sentença. Na Bíblia vemos que após exami-
nar os propósitos (intenções) e realizações (ações) daquele povo, Deus Se pronuncia. Sexta
lição: No tempo em que Deus achar oportuno, Ele há de julgar todas as coisas, grandes e
pequenas, boas e más, nada passará despercebido diante dEle (Ec 12:13-14).
E a história termina dizendo que, através da confusão das línguas, Deus interrompe
os planos humanos e cumpre os Seus propósitos. “Assim o Senhor os espalhou” (11:8). Após
o dilúvio Deus tinha dado ordens claras sobre o que o homem deveria fazer: se espalhar.
Mas o homem, em uma atitude de rebeldia sem causa, resolveu desobedecer a Deus. A
sétima lição é que, no final das contas, a vontade de Deus sempre irá prevalecer, pois Seus
propósitos não podem ser frustrados ou impedidos (Jó 42:2). Ninrode e seus amigos bus-
cavam estabelecer e ampliar seu domínio e poder que era pequeno e limitado. Por outro lado,
é interessante notar o que a Bíblia afirma sobre o poder de Deus. Salmos 66:7 diz: “Ele, em
seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações; não se exaltem os rebeldes”
(Sl 66:7).

III. Ironias da vida


O mais irônico de tudo é que enquanto vemos no capítulo 11, pessoas se esforçando
para serem reconhecidas e famosas e que caíram no esquecimento, no capítulo 12 co-
nhecemos a história de uma pessoa que se tornou ilustre e famosa, mesmo sem ter essa

18 em busca de esperança
pretensão. Ele se tornou conhecido não por quem era ou pelo que fez, mas principalmente
por aquilo que Deus fez por ele e através dele. Apesar de sua história ser longa, gostaria de
chamar atenção apenas para os três primeiros versos (Gn 12:1-3).
O resumo é o seguinte: Ele deveria sair de sua terra (sair da zona de conforto), aban-
donar as influências negativas e tradições equivocadas de sua família e seguir o caminho
que Deus lhe mostrasse. Como resultado ele seria próspero (teria muitos descendentes,
que era algo impossível já que sua esposa era estéril), seu nome seria conhecido, ele seria
abençoado, e através dele outras pessoas seriam abençoadas.
Abrão, que mais tarde ficou conhecido como Abraão, é conhecido e respeitado ainda
hoje por judeus, islâmicos e cristãos. Seu nome não caiu no esquecimento porque através
de sua descendência surgiu Jesus Cristo! Quer ser famoso e ter seu nome gravado pela
eternidade? A fórmula é simples: Jesus afirmou “aquele que me confessar diante dos ho-
mens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10:31). Confessar
é mais que pronunciar, é se comprometer, é se entregar por completo.
Para Abraão esse comprometimento e entrega envolvia decisões difíceis. Para nós,
isso pode significar a necessidade de sair da zona de conforto. Talvez para alguns, será
necessário ter que deixar um emprego estável, mas que torna impossível uma completa
obediência a Deus. Para outros, talvez seja preciso abandonar as influências e tradições
familiares que são contrárias ao ensino da Bíblia e, talvez ainda, para alguns, seja essen-
cial romper com alguns relacionamentos e hábitos que os afastam de Deus.

CONCLUSÃO
O fato é que cada decisão tem o poder de nos afastar ou de nos aproximar de Deus.
Abraão não escolheu construir torres ou cidades. Ele preferiu edificar altares (Gn 12:7;
12:8; 22:9). Por onde passava ele confessava sua fé em Deus através de seu testemunho. Ao
aceitar a Jesus, somos abençoados e, através de nosso testemunho público, abençoamos
a vida de outras pessoas. Ao confessar Jesus em nossa vida, temos a certeza de que jamais
cairemos no esquecimento. Ao sermos salvos, seremos lembrados pela eternidade!

APELO
Você não pode fugir de Deus. Ele vai alcançá-lo e transformá-lo. Esse poder transfor-
mador da Bíblia é para mim o maior argumento de sua origem divina. Meu amigo, este
livro, mais do que a Palavra de Deus, é a declaração do Seu amor pelo ser humano.
Neste momento, embora não possa vê-Lo, Ele está perto de você, conhece a história
da sua vida. Sabe se você, neste momento está sofrendo, ferido, ou atormentado pelo
complexo de culpa. Conhece os seus problemas familiares, financeiros, existenciais ou de
saúde. Sabe se você tem medo do futuro, da morte ou se você se sente sozinho nesta vida.
em busca de esperança 19
Há momentos nos quais você não sabe para onde ir? Há momentos nos quais você se
sente tão indefeso, tão amarrado, tão impotente, tão incapaz, tão triste que não sabe o
que fazer? Há momentos em que você se deita na cama angustiado e não sabe o que fazer?
Você acha que Deus é indiferente a tudo isso? Acha que Deus o criou e o deixou perdido
no espaço? Não, Deus se interessa por você. Às vezes somos nós que não queremos ouvir
a Sua voz. Corremos como loucos por esta vida. Experimentamos de tudo, até as coisas
que sabemos que vão nos fazer mal e trarão dor à nossa vida. O ser humano tem um fas-
cínio pelo desconhecido. Se alguém nos diz que não devemos fazer, aí é que queremos
fazer. É próprio de nossa natureza. E você acha que Deus é indiferente a tudo que acontece
conosco?
Não, meu amigo. Ele quer falar com você. O problema é que o único meio que Ele tem
para Se comunicar com você é a Bíblia. É através deste livro que Ele quer chegar ao seu
coração. É por isso que você tem que ler este livro. Não pode crer? Então peça a Deus:
“Senhor, ajuda-me a crer!”

20 em busca de esperança
tema 4

coadjuvante ou um mero figurante

INTRODUÇÃO
Você tem irmãos? Sim? Não? Que tal descobrir quem aqui entre nós tem mais irmãos?
Levante a mão quem tem um irmão? Quem tem dois? Quem tem três? Quantos aqui têm
cinco irmãos? Que legal! Uma vez conheci uma família onde havia onze irmãos! Um time
de futebol completo! Por acaso alguém aqui hoje tem onze irmãos ou mais? Deixe-me
fazer outra pergunta: aqueles que não têm irmãos, se pudessem, gostariam de ter um? Ter
irmãos é algo muito bacana. É verdade que às vezes saem algumas brigas. O mesmo braço
que abraça de vez em quando é usado para tentar esganar o irmão. O abraço vira uma cha-
ve de braço. De vez em quando rola uns ciúmes também; “ah, minha mãe prefere ele(a) a
mim!”. Tem irmãos que se ajudam! Tem irmãos que só atrapalham um ao outro. O fato é
que a gente sempre aprende com nossos irmãos, seja pelo exemplo, seja pelo contraste.
A Bíblia conta a história de dois irmãos que viviam entre tapas e beijos! Como em qua-
se todas as famílias, ora estavam bem, ora estavam brigando e quase sempre estavam dis-
putando. Tudo começou muito cedo, no nascimento deles. Eles eram gêmeos. Nasceram
agarradinhos. Um segurando no calcanhar do outro. Mas apesar de gêmeos eram muito
diferentes. Enquanto um nasceu peludo, o outro nasceu pelado! Sobre quem estamos fa-
lando? Exatamente: Jacó e Esaú! Protagonista e coadjuvante! Apesar de ser o mais velho,
Esaú sempre ficou em segundo plano. É verdade que era o primogênito e queridinho do
papai, mas por causa de suas escolhas deixou de ser o protagonista para ser um mero
figurante!
Vamos ler Gênesis 25:24-34:  “Chegou o tempo de Rebeca dar à luz, e ela teve dois
meninos. O que nasceu primeiro era vermelho e peludo como um casaco de pele; por isso
lhe deram o nome de Esaú. O segundo nasceu agarrando o calcanhar de Esaú com uma
das mãos, e por isso lhe deram o nome de Jacó. Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca
teve os gêmeos. Os meninos cresceram. Esaú gostava de viver no campo e se tornou um
bom caçador. Jacó, pelo contrário, era um homem sossegado, que gostava de ficar em casa.
Isaque amava mais Esaú porque gostava de comer da carne dos animais que ele caçava.
Rebeca, por sua vez, preferia Jacó. Um dia, quando Jacó estava cozinhando um ensopado,
Esaú chegou do campo, muito cansado, e foi dizendo:
— Estou morrendo de fome. Por favor, me deixe comer dessa coisa vermelha aí!
Jacó respondeu:
em busca de esperança 21
— Sim, eu deixo; mas só se você passar para mim os seus direitos de filho mais velho.
Esaú disse:
— Está bem. Eu estou quase morrendo; que valor têm para mim esses direitos de filho
mais velho?— Então jure primeiro — disse Jacó.
Esaú fez um juramento e assim passou a Jacó os seus direitos de filho mais velho. Aí
Jacó lhe deu pão e o ensopado. Quando Esaú acabou de comer e de beber, levantou-se e foi
embora. Foi assim que ele desprezou os seus direitos de filho mais velho”.
Não sei se você já fez alguma negociação ou troca em sua vida na qual saiu no prejuízo.
Já vi gente que trocou um fusca por uma bicicleta, uma televisão por uma geladeira, um
notebook por um skate. Aliás, tem algumas negociações que de tão estranhas, nem dá
para saber de quem foi o prejuízo. Às vezes a gente ganha, e às vezes a gente perde. Mas
no caso desses dois irmãos, Esaú definitivamente saiu perdendo, pois trocou parte de sua
herança por um prato de Miojo, na Bíblia diz lentilha, mas você entendeu a ideia.
Esaú trocou os benefícios duradouros de seu direito de primogenitura pelo prazer
imediato de um fast food. Esta escolha fez com que ele deixasse de ser o protagonista pa-
ra se tornar um mero coadjuvante. Até então o foco da história estava nele. Ele era o cara
de destaque. Na região de Canaã ele era bem conhecido, um rapaz de presença. Arqueiro
habilidoso, excelente caçador, personalidade forte. Tinha tudo para ser a estrela do filme,
mas abriu mão de tudo por um benefício passageiro.
Acho curioso que na Bíblia aparece 18 vezes a expressão “Abraão, Isaque e Jacó”, mas
o nome que era para constar ali era o de ESAÚ! Ao filho mais velho cabiam os direitos de
primogenitura, o irmão mais velho era consagrado (Ex 13:2), tinha direito ao dobro da
herança (Dt 21:17), recebia a autoridade do pai e exercia supremacia sobre os irmãos (Gn
27:29, 40; 49:8). E no caso de Esaú, que era neto de Abraão, de brinde ainda ia o privilégio
de ser da linhagem do Messias. Era para ser Abraão, Isaque e Esaú, mas...

DESENVOLVIMENTO
I. Decisões inconsequentes têm consequências
A história de Esaú nos mostra que erros e pecados, por vezes, têm consequências dura-
douras. Mesmo o arrependimento e o perdão não eliminam as tais consequências. Já pa-
rou para pensar que às vezes você pode tomar decisões com base no que você quer agora,
ao invés de pensar no que você precisa ao longo do caminho? Ao decidir, avalie os efeitos
de longo alcance de suas escolhas e ações.
Quando vemos algo que queremos, nosso primeiro impulso é fazer de tudo para con-
seguir. No começo, quando alcançamos o que queríamos, nos sentimos intensamente sa-
tisfeitos e às vezes até mesmo poderosos. Mas o prazer imediato muitas vezes perde de
vista o futuro. Somos desafiados a evitar o erro de Esaú. Ele exagerou sua fome: “Estou
22 em busca de esperança
prestes a morrer”, para justificar a sua falta de interesse nas questões espirituais, afinal,
mais que benefícios financeiros, a primogenitura tinha que ver com bênçãos espirituais.
Esse pensamento imediatista fez com que a sua escolha fosse muito mais fácil de ser to-
mada. Se ele estava morrendo de fome, de que o benefício de uma herança ou o direito da
primogenitura futura adiantariam?
A pressão do momento distorceu sua visão e a capacidade de julgamento. Mas é muito
fácil apontar os erros dos outros sem parar para pensar que muitas vezes estamos come-
tendo o mesmo erro, para não dizer erros piores! Imagino que aquele prato preparado por
Jacó estava bem saboroso, cheiroso, com a aparência bonita, mas conheço jovens que têm
trocado os benefícios da salvação por alguns pratos que nem de longe se classificariam no
Master Chef ou seriam escolhidos como prato do dia.

II. Miojo espiritual


O macarrão instantâneo é um alimento prático e gostoso. Mais conhecido como Miojo,
é o tipo de refeição que parece tudo de bom: o preparo é rápido e simples, leva apenas
três minutos para ficar pronto depois que a água ferveu, o preço é razoavelmente barato,
por isso é o prato mais comum entre estudantes e solteiros, o sabor é delicioso, e com
alguns acréscimos de ingredientes você pode transformar seu prato em um Miojo gour-
met! Talvez por isso ele tenha sido eleito como a invenção do século 20 no Japão. E ao que
parece, ele é querido não apenas no Oriente. No mundo inteiro são consumidas aproxi-
madamente 95 bilhões de unidades a cada ano. É muita coisa!
O grande problema é: como convencer uma geração que busca resultados instantâ-
neos a aguardar por algo melhor? Como lidar com a geração Miojo que não sabe esperar?
Vivemos em uma época onde tudo precisa ser rápido, o resultado tem que ser imediato, a
solução instantânea, afinal de contas, tempo é dinheiro. Chegamos a um ponto que mes-
mo o fast food parece ser demorado. Já viu pessoas na fila do McDonald’s incomodados
com a demora? O tempo para uma pipoca de microondas ficar pronta parece uma eterni-
dade para alguns. E os três minutos de preparo do Miojo, aparentam ser intermináveis pa-
ra outros. O grande problema é que a pressa nem sempre permite as melhores decisões.
Agora, você sabe que toda escolha tem um preço a ser pago. Em algumas decisões o
preço é cobrado à vista, em outras a prazo. No caso do Miojo, não é preciso pesquisar mui-
to para descobrir que ele é um alimento com altos teores de gorduras saturadas e carga
glicêmica, o que pode aumentar o risco de alterações metabólicas ligadas a doenças car-
díacas e acidente vascular cerebral, entre outros problemas de saúde. Não quer dizer que
você vai morrer se comer Miojo. Nunca fui a um velório, “tão jovem, e morreu por comer
Miojo!”. Mas o fato é que apesar de prática, a escolha sob uma visão mais ampla não é a
melhor, nem a mais saudável!

em busca de esperança 23
E assim também é com a vida espiritual. Cuidado com soluções rápidas e baratas que
se encontram por aí, que não alimentam de verdade. Não fornecem os nutrientes e força
necessária, e ainda destroem a saúde espiritual. Faça escolhas que sejam boas a curto e
longo prazo. Nem sempre o sabor será o mais agradável ou o preparo o mais simples. Mas
com certeza o resultado será o melhor!

III. Benefícios a curto e longo prazo


Esaú desprezou sua primogenitura porque não tinha paciência para esperar os benefí-
cios que a mesma lhe traria. Hoje em dia, muitos jovens desprezam a salvação afirmando
“não quero ser feliz no Céu quando Jesus voltar, quero ser feliz hoje! Quero ser feliz agora!”
Deixe-me dizer uma coisa. A Bíblia não promete apenas benefícios no futuro. A Bíblia nos
apresenta resultados favoráveis no presente também. Mas quem não é capaz de entender
isso, acaba trocando sua primogenitura por um prato de lentilhas, por um prato de Miojo,
por um prato de qualquer coisa, que pode trazer satisfação passageira, mas que na verda-
de não atende às nossas verdadeiras e mais importantes necessidades!
Mas quais são os benefícios da salvação?
1. Recebemos perdão de nossos pecados. “Então, por meio da fé em Mim, eles serão per-
doados dos seus pecados e passarão a ser parte do povo escolhido de Deus” (At 26:18; ver
também 1Jo 1:9).
2. Somos libertos da condenação eterna. Se por um lado, “o salário do pecado é a morte”
(Rm 6:23), aqueles que aceitam Jesus não precisam se preocupar com isso: “Agora já não
existe nenhuma condenação para as pessoas que estão unidas com Cristo Jesus” (Rm 8:1).
3. Passamos a ter paz com Deus. “Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele,
temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1).
4. Recebemos o amor de Deus. “Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus
derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu” (Rm
5:5).
5. Temos a certeza de sermos filhos de Deus. “Porém alguns creram nele e o receberam, e
a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus
pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o
próprio Deus é quem foi o Pai deles” (Jo 1:12-13).
6. Passamos a ter direito a uma herança valiosa. “Nós somos seus filhos, e por isso recebe-
remos as bênçãos que ele guarda para o seu povo, e também receberemos com Cristo aquilo
que Deus tem guardado para ele. Porque, se tomamos parte nos sofrimentos de Cristo, tam-
bém tomaremos parte na sua glória” (Rm 8:17).
7. Passamos a ter um novo futuro. “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; aca-
bou-se o que era velho, e já chegou o que é novo” (2Co 5:17).

24 em busca de esperança
8. Recebemos um novo coração. “Eu lhes darei um coração novo e uma nova mente. Tirarei
deles o coração de pedra, desobediente, e lhes darei um coração humano, obediente” (Ez
11:19).
9. Recebemos o Espírito Santo. “Porei o meu Espírito dentro de vocês e farei com que obede-
çam às minhas leis e cumpram todos os mandamentos que lhes dei” (Ez 36:27).
10. E temos nossa esperança e forças renovadas. “Por isso nunca ficamos desanimados.
Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia” (2Co
4:16).

CONCLUSÃO
Não sei se você se deu conta, mas a maioria desses benefícios pode ser usufruída ime-
diatamente. E aí, vai valorizar a sua herança ou vai trocá-la por um prato de Miojo? Hoje
você precisa definir perante o universo se vai ser um protagonista ou um mero figurante.
Se irá valorizar sua herança ou desprezá-la em troca de coisas passageiras! O Deus de
Abraão, Isaque e Jacó, pode ser o seu Deus também, mas para isso você precisa ser dife-
rente de Esaú; do contrário, você corre um sério risco de ter sua história narrada de uma
forma nada legal!

APELO
Escolha com sabedoria. Se você deseja desfrutar de benefícios extraordinários hoje, e
uma herança ainda melhor no futuro, você só tem uma opção. Escolha o melhor. Escolha
o que perdura. Escolha Jesus!

em busca de esperança 25
26 em busca de esperança
tema 5

esqueceram de mim!?

INTRODUÇÃO
Aquela mensagem respingava romance. A cada frase uma declaração de coragem e
bravura. “Por você eu atravessaria os mares; escalaria as mais altas montanhas; enfren-
taria as mais terríveis tempestades! Por você eu seria capaz de enfrentar as mais temidas
feras e derrotaria os mais difíceis inimigos! Por você eu seria capaz de qualquer coisa!
Seria capaz de matar e morrer! Te amo de forma sobrenatural! O que sinto por você é algo
tão sublime que não há palavras no mundo que possam expressar a grandeza do meu
sentimento! O meu amor por você é tão grande que nada nem ninguém são capazes de
me impedir de amar você e de estar ao seu lado! Você é a razão da minha existência! Você
é minha vida, os meus sonhos, o meu tudo!”
Que mulher não se comoveria diante de tal declaração? A vontade que dá ao ouvir
estas palavras é gritar “Sim! Eu aceito casar com você!” Aquele casal já estava em um re-
lacionamento sério por longos sete... dias! E a mensagem que chegou a seguir foi: “Estou
contando as horas para poder ver você! Vou visitar você amanhã, a não ser que esteja
chovendo, ou minha mãe não possa me dar carona!” Você percebe a ironia? Dizia ser capaz
de atravessar o oceano, mas não era capaz de pegar um ônibus ou enfrentar uma chuva!
Ao contrário das paixões, que apesar de intensas são passageiras e inconstantes, o
amor de Deus por nós é completo, imutável e incondicional! Deus nos ama de tal forma
que não existe NADA que possamos fazer para forçar Deus a nos AMAR MAIS; e NADA
que fizermos, vai fazer com que Deus nos AME MENOS. Vamos demonstrar isso estudan-
do a vida de um dos reis de Judá, Manassés. Abramos a Bíblia em 2 Reis 21:1-6.

DESENVOLVIMENTO
I. Um rei que se esquece
Se houvesse uma lista dos mais procurados da Bíblia, Manassés seria o primeiro nome a
aparecer. Sua lista de pecados parecia uma extensa ficha criminal. Manassés era o pior entre
os piores. Ele receberia o prêmio de pecador do ano, caso esse prêmio existisse. Ele foi o rei
mais ímpio do povo de Deus. Ninguém foi mais perverso que ele, a personificação do próprio
mal. Seu nome e maldade se tornaram proverbiais de tal forma que quando os escritores que-
riam falar de um rei ímpio diziam que este monarca seguiu os caminhos de Manassés.

em busca de esperança 27
No reino do Norte, em Israel, o pior rei foi o famoso Acabe. No reino do Sul o pior rei,
muito pior que Acabe, foi Manassés. Ele começou a reinar aos 12 anos e foi até aos 67,
quando morreu. Reinou por 55 anos. O reinado mais longo em Judá. E durante a maior
parte desse período ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, sendo pior que os reis
pagãos. Construiu altares idólatras, forçava as pessoas a adorarem ídolos, prostrava-se
diante do sol, da lua, das estrelas e chegou ao ponto de colocar ídolos dentro do próprio
santuário – o lugar que foi dedicado ao culto do Deus verdadeiro. Mas não parou por aí!
Queimou alguns de seus filhos como uma oferenda a essas divindades.
Como se isso não fosse o bastante, praticava adivinhações, feitiçarias e por causa disso
estava cheio de espíritos malignos. Tornou-se um mago, tendo a mente e o comportamen-
to completamente distorcidos. Guiou o povo para longe de Deus. Fez pior que as nações
que o Senhor tinha destruído diante dos filhos de Israel. Tornou-se um assassino (v. 16)
terrível! Sangue de pessoas inocentes corria pelas ruas de Jerusalém. Claramente era mui-
to obstinado, teimoso.

II. Um rei que não é esquecido


O que Deus pode fazer numa situação como essa? Deus não desistiu de Manassés.
Enviou profeta após profeta para repreendê-lo e tentar alcançá-lo. Manassés matou um
por um. Aliás, uma das pessoas impiedosamente executadas, de acordo com uma forte
tradição judaica, foi o rei de todos os profetas – Isaías. Manassés teria mandado que o
profeta fosse colocado dentro de um tronco oco e mandou serrá-lo ao meio (Hb 11:37). E
não! Este não era um truque de mágica. Este era o rei Manassés. Um monstro repugnante,
um homem mal e obstinado, um pecador constante e inveterado.
Preste bem atenção no que vou lhe dizer: nada pode nos separar do amor de Deus.
Seria isto verdade no caso de Manassés? Deus odiava o que ele fazia, mas embora seja
difícil de compreender, Deus amava aquele rei. O pecado separou Adão e Eva de Deus,
mas não separou Deus deles. O pecado nos separa de Deus, mas não separa Deus de nós.
Deus está sempre em busca do ser humano, mesmo quando pecamos. Aliás, devo dizer:
principalmente porque pecamos.
Você deve se lembrar de que existe outro capítulo da Bíblia que também descreve a
história de Manassés. No segundo livro de Crônicas, no capítulo 33 temos a história de
Manassés sendo apresentada de forma bem semelhante, exceto alguns detalhes diferen-
tes. A principal diferença é que no livro de Reis um filho é sacrificado, no livro de Crônicas
a palavra aparece no plural, indicando que ele sacrificou filhos. Mas nos dois ele provocou
a ira de Deus.
O que é a ira de Deus? Não é algo semelhante às nossas emoções como às vezes
nos tornamos irados a ponto de perder o controle. Isso é algo irracional que depois nos

28 em busca de esperança
arrependemos. Na Bíblia a ira de Deus significa a zelosa e justa reação de Deus contra o
pecado. Mas a ira é primariamente contra o pecado e não contra os pecadores. O proble-
ma é que na medida em que a vida de alguém avança mais e mais associada com o pecado,
há uma identificação entre a pessoa e o pecado, entre a rebelião e o pecador. E é isso o que
traz a destruição.

III. Um pecador advertido


Deus advertiu a nação de Judá (v. 10). Manassés e o povo não deram ouvidos. Como
falar não era suficiente, Deus teve que agir. Deus teve que usar outro método, um pouco
mais doloroso, mas funcional (v. 11). Deus permitiu que os cruéis assírios, liderados pro-
vavelmente por Assurbanipal (um dos reis mais cruéis, mais sanguinários que a Assíria
teve), invadissem o reino de Manassés. Assurbanipal coloca literalmente um gancho no
nariz de Manassés e o arrasta para a Babilônia, para uma viagem muito longa. Você não
deixaria facilmente que alguém apertasse ou torcesse seu nariz, porque dói. Imagine se
fosse um gancho! De escavações arqueológicas temos quadros dos assírios puxando pri-
sioneiros pelo nariz.
Manassés estava agora destruído, arrasado. Não havia nada que pudesse fazer. Suas
mãos estavam amarradas. Toda riqueza e poder que ele tinha ostentado agora não sig-
nificavam absolutamente nada. Esse é o nosso problema. Deus deseja sempre nos falar
de maneira amorosa, branda e calma, mas infelizmente não estamos ouvindo, não pres-
tamos atenção. Então, algumas vezes, Ele tira Sua proteção e permite que certas coisas
aconteçam para nos fazer enxergar a realidade. Quando permanecemos em rebelião e
teimosia Ele vem com medidas extremas para nos trazer de volta à vida.

IV. Um pecador arrependido


Quando estava remoendo sua tristeza, Manassés caiu em si e começou a buscar ao
Senhor. Ele se humilhou perante Deus. Ele se arrependeu de seus erros. Que confissões ele
deve ter feito! Quanta culpa ele deve ter admitido! Confissão não é contar a Deus o que
nós fizemos. Ele já sabe. Confissão é admitir para Deus que estamos errados. Sua maneira
de ver a vida mudou.
Quando o Titanic estava afundando e botes salva-vidas já estavam sendo arremessa-
dos no oceano, um cavalheiro enfrentou água até a altura do pescoço para voltar a sua ca-
bine. No cofre havia pedras preciosas, mas sabe o que ele trouxe nas mãos? Três laranjas!
O mesmo aconteceu com Manassés. Quando ouvimos os passos do anjo da morte, nos-
sa percepção da realidade e dos valores muda drasticamente (Manning, B., O obstinado
amor de Deus, p. 111). Muitos são como Manassés. Estão esperando alguma circunstância
da vida vir e os humilhar para depois caminharem ao lado do Senhor. Esse não é método

em busca de esperança 29
preferido de Deus, mas se for preciso, para que você O busque e possa alcançar a salvação,
Ele vai enviar um rei assírio na sua direção.
Precisamos entender que às vezes os infortúnios e os momentos de angústia não são
punição, mas disciplina. Visam a nos ensinar algo, que em águas tranquilas jamais apren-
deríamos. Muitos são os casos onde “para nos edificar Deus nos anula primeiro” (Barth, K.,
Carta aos Romanos, p. 84).

V. Um pecador perdoado
O que Deus faria agora com o arrependimento de Manassés? Aceitaria (vs. 12 e 13)?
Aceitaria? Claro! Agora, note no verso 12: “O Senhor seu Deus”. Esta simples expressão nos
lembra de uma das mais surpreendentes verdades. O Senhor é Deus de toda a humanida-
de – dos justos e até dos ímpios.
Manassés, certamente um dos mais ímpios homens que já viveu, voltou-se para Deus
e o Senhor em Sua graça aceitou ser o seu Deus. Sabe qual é uma das coisas mais difí-
ceis de aceitar na graça? Nós não merecemos o favor de Deus! Mas justamente por isso é
que se chama graça. Graça significa sermos aceitos, apesar de sermos inaceitáveis (Tillich, P.).
Quando você estiver em contato com pessoas orgulhosas lembre-se disso!
O perdão e a aceitação de Deus estão sempre disponíveis aos arrependidos, não im-
porta quem sejam ou o que tenham feito – à distância de apenas uma oração encontra-
mos o perdão. O negócio divino da salvação nunca fecha após o expediente ou nos feria-
dos (Holbrook, F., O sacerdócio expiatório de Cristo). Nosso Deus é o Deus da graça, amoroso,
compassivo, tardio em irar-Se, e que não deseja nos enviar calamidades. Quando aquele
pervertido orou, o Senhor Se tornou favorável (v. 13). Deus nos ama muito mais do que vo-
cê possa imaginar. Não existe nada que você possa fazer para forçar Deus a amá-lo mais.
E você também não vai conseguir fazer nada para que Deus o ame menos. Você vale tanto
para Deus que se Ele colocasse uma etiqueta de preço em você, o número seria tão grande
que você não saberia ler.
Deus não apenas ouviu e aceitou o arrependimento daquele homem, mas fez algo
extraordinário por Manassés – o fez voltar para Jerusalém, para o seu reino. E Manassés
reconheceu o senhorio de Deus. Até pouco tempo Manassés estava em trevas, mas passou
a ser luz. Quem é esse Deus de Manassés? Como diz Paulo em Romanos 5:6 é o Deus que
justifica o ímpio. Mas não apenas justifica – restaura o ímpio. Deus odeia o pecado, mas
transforma o pecador.
No momento em que somos justificados, perdoados por Deus, começa um processo
de restauração dentro de nós. Porque salvação é cura (Tillich, P., Teologia sistemática, p.
451). Uma grande obra de restauração começou na Judéia. Reavivamento sempre leva à
reforma e então lemos que ele esteve liderando a reconstrução da cidade de Jerusalém.

30 em busca de esperança
Purificou os montes dos deuses pagãos, os bosques, o templo e apelou a toda a Judéia
para servir ao Senhor.
Fez o seu melhor para trazer de volta aqueles a quem havia empurrado para o peca-
do. O governante que havia sido responsável pelo reavivamento do paganismo (Ellen G.
White, Profetas e reis, p. 371) em Jerusalém, foi transformado por Deus no pivô do reaviva-
mento da verdadeira fé.

VI. Tempo de lembrar


O arrependimento de Manassés, embora notável, veio muito tarde para salvar o reino
da influência corruptora de anos de idolatria. Muitos haviam tropeçado e caído, para nun-
ca mais se levantarem. O ministério do profeta Isaías foi interrompido e os próprios filhos
que ele matou nunca mais seriam trazidos de volta (idem, p. 373).

CONCLUSÃO
Não podemos fechar os olhos para o fato de que alguns danos que o rei trouxe ao povo
foram irreparáveis. Seu pecado resultou em sérias consequências que não foram desfei-
tas, mesmo após o arrependimento. Essa é uma razão para nos aproximarmos de Deus
o quanto antes em nossa vida. Se adiarmos nossa decisão, ainda que Deus nos alcance
mais adiante, pode ser que já seja tarde demais para nossos amigos, família, vizinhos,
que talvez pela nossa influência poderiam ser alcançados e salvos. Ou ainda, pode ser
que o perdão de nossos erros venha, mas as consequências de nossas escolhas e demora
em decidir permaneçam.

APELO
Apesar de Manassés ter se esquecido de Deus ao longo de quase toda sua vida, Deus
nunca Se esqueceu dele. Da mesma forma, Deus nunca se esquece de você! O grande pro-
blema é que às vezes nós nos esquecemos dEle e O afastamos de nossa vida, de nossas
escolhas, de nossas prioridades. Lembre-se hoje dAquele que nunca o esquece. Ele ama
você! Ele o perdoa! Ele alcança você. Saiba que você tem esta oportunidade hoje. Não a
deixe passar, amanhã pode ser tarde!

em busca de esperança 31
32 em busca de esperança
tema 6

fome de algo melhor

INTRODUÇÃO
O pastor estava pregando um sermão sobre o amor de Deus. Ele havia lido na Bíblia
que o salário do pecado é a morte e também havia explicado que Deus nos ama e não quer
que ninguém morra. Por esse motivo, Jesus Cristo veio a esse mundo, viveu uma vida per-
feita, morreu na cruz em nosso lugar e ressuscitou, “para que todo aquele que nEle crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Em determinado momento, o pastor pediu para
que todas as pessoas que estavam presentes na igreja virassem para a pessoa que estava
assentada ao seu lado e perguntassem: “Você já aceitou a Jesus como seu Salvador pesso-
al?” Aliás, faça isso agora. Pergunte para a pessoa que está ao seu lado se ela já aceitou a
Jesus. (Dê um tempo para que a pergunta seja feita.)
Naquele dia, havia um garoto de cinco anos que estava sentado na primeira fileira.
Ele se virou rapidamente para o senhor que estava ao seu lado e disparou: “O senhor já
aceitou a Jesus como Salvador?”. Aquele homem ficou indignado com a pergunta e lhe
disse: “Olha, menino, eu sou um cirurgião pediátrico renomado. Vim de uma família tra-
dicional, missionária e pioneira. Trabalho como ancião desta igreja há três décadas. Fui
líder de mordomia e evangelismo, além de ter tido outros cargos de liderança. Atuei como
tesoureiro e diácono, e você me pergunta se eu já aceitei a Jesus?”.
O menino não entendeu metade das coisas que aquele homem havia dito, mas como
era uma criança, virou-se para ele e tentou consolá-lo, dizendo: “Não tem problema que o
senhor já tenha feito tudo isso, a Bíblia diz que Deus pode salvar todas as pessoas, inclu-
sive o senhor!”.
Muitas vezes, acontecem coisas em nossa vida capazes de nos surpreender de forma
incrível! E nesta noite vamos ver a história extraordinária de um povo que foi salvo por
pessoas consideradas perdidas!

DESENVOLVIMENTO
I. Morto de fome!
Você já passou fome? Entenda bem. A pergunta não é se você já fez uma dieta maluca
com restrição de certos alimentos por um período de tempo, nem se por algum motivo
teve que comer às pressas e acabou comendo pouco. A pergunta não é se um dia você

em busca de esperança 33
esqueceu o lanche do recreio (digo, do intervalo da aula) ou a marmita do trabalho. A
pergunta é se você já passou fome de verdade, fome resultante da abstinência total e
completa de alimentos, não por uma escolha, mas devido às circunstâncias!
Certa vez, um pastor que havia sido missionário em uma região específica da África re-
latou que uma família muito carente recebia regularmente doações de alimentos. Havia
pelo menos dez filhos naquele lar. O tempo passou, mas curiosamente algumas crianças
não ganhavam peso. O missionário começou a desconfiar da situação. Imaginou que o
pai estava comendo a comida de seus filhos e, por esta razão, resolveu confrontá-lo. Ao
confirmar suas suspeitas, o pastor começou a lhe passar um “sermão”. “Você não tem ver-
gonha? Como você ousa comer a comida de seus próprios filhos?” Foi nesse contexto que
aquele pai de família que até então olhava triste para o chão ergueu a cabeça, olhou em
seus olhos e perguntou: “Você conhece a fome? Você já sentiu fome de verdade? Fome a
ponto de tentar dormir para esquecer que sua barriga está vazia? Fome a ponto de ter que
escolher entre sua própria vida e a vida de seus filhos? A ponto de pensar, se eu morrer de
fome, quem cuidará dos meus filhos?”. Aquele missionário percebeu que algumas situa-
ções são mais complexas na prática do que na teoria. Pela primeira vez, compreendeu o
real significado da palavra FOME.

II. Strogonoff de cérebro de jumento


A nação de Israel estava passando por um momento de crise. Havia entrado em guerra
com os sírios, e a situação não era das melhores! Naquela época, existia uma estratégia
de guerra bem peculiar. Algumas nações protegiam suas cidades com grandes muralhas,
muros muitas vezes tão altos que pareciam intransponíveis. Se algum exército inimigo
tentava escalar aquelas paredes, era alvejado por lanças, pedras e flechas pelo exército
que estava na parte de cima do muro, de modo que era bem complicado conquistar cida-
des fortemente protegidas dessa maneira.
Mas, em tempo de guerra, a estratégia adotada é o que muitas vezes determina o ven-
cedor. O fato é que como o exército inimigo na maioria das vezes não conseguia entrar na
cidade, o jeito era acampar ao redor para que ninguém pudesse sair. Essa estratégia exigia
paciência, mas era muito eficaz. Aqueles que estivessem dentro da cidade continuariam
sua vida normalmente por um período de tempo, mas a tendência era que, com o passar
do tempo, a água e a comida fossem se esgotando, o que criava uma situação bem compli-
cada, já que não poderiam sair para buscar água e alimento, visto que estavam cercados
pelo exército inimigo.
É justamente nesse contexto que está a nossa história de hoje. Abra sua Bíblia em 2
Reis 6:24. Vamos ler o relato para conhecer e compreender essa história bíblica que é pou-
co conhecida. (Ler 2 Reis 6:24-33 em uma tradução moderna da Bíblia.)

34 em busca de esperança
Que situação terrível! De cara, vemos como era desesperadora a situação daquela ci-
dade. O verso 25 aponta que “a falta de alimentos naquela cidade foi tão grande, que uma
cabeça de jumento custava oitenta barras de prata, e duzentos gramas de esterco de pom-
ba custavam cinco barras de prata”. O jumento era considerado um alimento impróprio
para consumo (Lv 11:2-7; Dt 14:4-8); e sua cabeça era a menos desejada! Você ficaria com
água na boca se ouvisse que “o prato de hoje é strogonoff de cérebro de jumento”? É claro
que não! E o que dizer do esterco de pomba? Alguns comentários bíblicos apontam que
a expressão na verdade se referia a um tipo de verdura da época, mas seja como for, pelo
nome que possuía, este alimento não deveria ser o mais saboroso do mundo.
O preço dos alimentos mais indesejáveis ter subido demonstra a crise pela qual o po-
vo de Israel estava passando. Apenas a título de comparação, na época de Salomão, um
cavalo de guerra vivo e saudável era vendido por 150 barras de prata, mais da metade do
valor da cabeça do jumento. O desespero era tanto que duas mães, possivelmente amigas,
ou comadres, como dizem no interior, resolveram cozinhar os próprios filhos. Se você não
gostou da história do homem que comia a comida dos filhos, o que dizer dessas mulheres
que fizeram de seus filhos o cardápio do dia? Desespero! Apenas essa palavra pode des-
crever a ação dessas mães.

III. Crise, desespero e esperança


Ao passarem por problemas, muitas pessoas têm a tendência natural de buscar explicações
e, às vezes, quando não encontram, simplesmente assumem que aquela dificuldade aconteceu
por que era a vontade de Deus. Embora Deus possa tirar proveito até das situações adversas para
o nosso benefício e salvação (Rm 8:28), precisamos entender que Deus não Se agrada do nosso
sofrimento, principalmente aquele que pode ser evitado. Por isso, devemos tomar as nossas de-
cisões com sabedoria.
O rei seguiu a tendência natural de culpar a Deus pela situação que o povo enfrentava e, por
esta razão, foi ao profeta de Deus. Eliseu era um mensageiro especial, possivelmente o profeta
que mais realizou milagres no Antigo Testamento. Para você ter uma noção, ele foi usado por
Deus para ressuscitar um defunto. O detalhe é que ele mesmo, Eliseu, estava morto. 2 Reis 13:20-
21 conta essa história: “Então Eliseu morreu e foi sepultado. Todos os anos bandos de moabitas
costumavam invadir a terra de Israel. Certa vez, alguns israelitas que estavam fazendo um sepul-
tamento viram um desses bandos. Então os israelitas jogaram o defunto na sepultura de Eliseu e
fugiram. Assim que o corpo tocou nos ossos de Eliseu, o homem ficou vivo de novo e se levantou”.
Foi justamente esse profeta que Deus encarregou de trazer esperança em meio ao desespe-
ro! Quando procurado pelo rei, ele profetizou: Escute o que o SENHOR diz: “Amanhã a esta hora,
você poderá comprar em Samaria três quilos e meio do melhor trigo ou sete quilos de cevada por
uma barra de prata” (2Re 7:1).

em busca de esperança 35
Aquela profecia parecia impossível de se cumprir, tanto que o ajudante pessoal do rei
desconfiou! Duvidando da palavra de Deus comunicada pelo profeta, ele falou: “Mesmo
que o SENHOR Deus abrisse janelas no céu e fizesse cair trigo e cevada, isso nunca pode-
ria acontecer!” (7:2). Mas o profeta não se intimidou e emendou mais uma profecia sobre
a primeira: “Com os seus próprios olhos você vai ver isso acontecer, mas não vai comer”.

IV. Leprosos, caras legais!


Na sequência do capítulo sete, vemos o desfecho da história. Vamos ler a partir do
verso três até o final. (Ler 2Re 7:3-20.)
Temos algumas informações importantes que vale a pena salientar:
A vontade de Deus não depende da crença humana! O profeta fez uma profecia que
parecia ser impossível, mas seu cumprimento foi real e literal.
Deus atua com base na fé das pessoas e não com base em sua nacionalidade. Em 2 Reis
5:14, Naamã, comandante do exército da Síria, havia sido curado da lepra, mas em Israel,
povo escolhido de Deus, ainda havia leprosos (Lc 4:27). A salvação e a atuação de Deus não
são exclusivas para uma nação, mas são oferecidas a todo o mundo.
Deus usou quatro homens excluídos da sociedade, sem esperança e com uma doença
incurável e degenerativa para fazer Sua vontade. Qual é a sua desculpa para que Deus não
possa usá-lo hoje?
Ao compartilhar as boas-novas que haviam descoberto, os leprosos foram um instru-
mento para trazer esperança e alegria para seu povo e, provavelmente, para sua própria
família, que possivelmente estava dentro da cidade. Já parou para pensar que talvez Deus
deseje usar você para trazer esperança e salvação para sua família?
O exército sírio não foi derrotado pelas forças israelitas, mas por Deus (v. 6, 7). Muitas
vezes, é justamente quando não temos mais o que fazer, em circunstâncias onde estamos
de mãos atadas, que Deus age! Portanto, não se desespere!
A vontade de Deus sempre se cumpre. Seus propósitos não podem ser frustrados.
Quando Deus promete, Ele cumpre Sua palavra. Ainda que pareça demorada, Sua palavra
não falha (2Pe 3:9).
Não confiar na Palavra de Deus pode ser um erro fatal. Para o ajudante do rei, isso lhe
custou a vida.

CONCLUSÃO
Quando olho para o mundo em que vivemos hoje, percebo algumas semelhanças com o
cenário vivenciado na época do profeta Eliseu e do povo de Israel. Vivemos em um mundo em
desespero. Pior que a fome física, vivemos em um mundo de fome espiritual. E na batalha entre
o bem e o mal, parece que estamos cercados pelo exército inimigo, sem chance de sobreviver.
36 em busca de esperança
No momento de desespero, ou perdemos a esperança por completo, ou nos apegamos à
Palavra de Deus e Suas promessas. Se para o povo de Israel a promessa era de que em breve eles
teriam paz e comida em abundância, para nós, são prometidos um novo céu e uma nova terra,
onde não apenas a fome será eliminada, mas onde também não existirá mais sofrimento, nem
morte, nem dor!
É justamente no momento em que o mundo mergulha em desespero pela crise financeira,
corrupção política, violência generalizada, injustiça constante e desvalorização dos princípios
e valores morais que surge uma promessa que não pode ser esquecida nem desacreditada:
VOLTAREI! (Ler Jo 14:3.)
A você e a mim é dada a oportunidade de encontrar um porto seguro em meio à tempestade,
encontrar paz em meio à guerra. Encontrar esperança em meio ao desespero. O ajudante do rei
duvidou da promessa feita. Ele duvidou de que haveria um futuro melhor. Ele duvidou que Deus
cumpriria Sua promessa e, como resultado, viu com seus próprios olhos o milagre acontecer, mas
não pôde desfrutar dele!

APELO
Que triste seria participarmos da geração que pela graça de Deus verá Jesus voltar nas
nuvens com milhões e milhões de anjos, ver cumprir-se a maior de todas as promessas,
mas não participar dela, não desfrutar da eternidade com Jesus, não receber gratuita-
mente a vida eterna, não estar para sempre em um lugar feliz e repleto de paz.
Você não pode ficar de fora! Mas para tanto, você precisa decidir! Você precisa se en-
tregar! Você precisa acreditar! Jesus está aqui no meio de nós, Ele está ao seu lado agora.
Enquanto eu falo, o Espírito Santo está tocando o seu coração. Será que você pode sentir?
Por favor, não feche, não endureça o seu coração. Tome uma decisão agora mesmo!
Este é o momento de nascer de novo, é o momento de uma entrega total. Tenho certe-
za de que você quer ser limpo, lavado, purificado de todas as manchas do pecado. Então,
levante-se agora mesmo! Quero pedir a um amigo da igreja que se levante ao lado do
seu convidado e coloque a mão no ombro dele. Agora que estamos abraçados, por favor,
venha aqui à frente. Eu quero orar por você. Venha agora em nome de Jesus! Parabéns por
sua decisão. Antes de orar, vamos ouvir uma música e em seguida vamos orar.

em busca de esperança 37
38 em busca de esperança
tema 7

Suficiente

INTRODUÇÃO
Um pai tinha três filhos e resolveu fazer um teste para ver como eles reagiriam a uma
mesma situação. Deu a cada um deles uma maçã, que apesar de bonita, possuía uma pe-
quena parte estragada. O primeiro filho comeu toda a sua maçã, inclusive a parte podre.
O segundo filho jogou a fruta inteira fora, porque sabia que uma pequena parte estava
estragada. Mas o terceiro filho, utilizando uma faca, cortou a parte ruim da maçã e comeu
o resto; adivinha quem foi considerado o filho mais sábio?
Na Bíblia não existe nenhuma parte podre ou estragada. Nós sabemos que toda a es-
critura é inspirada por Deus (2Tm 3:16). Nenhuma parte da Bíblia deve ser desprezada ou
descartada. Não podemos confundir a mensagem (Bíblia) com o mensageiro (aquele que
prega a Bíblia). Hoje em dia, muitas pessoas se dizem cristãs, mas na realidade fazem exa-
tamente o oposto daquilo que Jesus Cristo ensinou na Bíblia. Além de não ensinar aquilo
que é dito na Bíblia, através de sua vida hipócrita e incoerente, confundem aqueles que
querem seguir a vontade de Deus. Por causa disso muitas pessoas têm jogado fora tudo
que está associado ao cristianismo, quando, em realidade, o problema está naquele que
se diz “cristão”, mas na verdade é um impostor, uma falsificação. Não podemos confundir
as duas coisas que são bem distintas e diferentes.
Precisamos ter sabedoria para separar o certo do errado. Se por um lado precisamos
rejeitar todos os ensinos que sejam falsos e antibíblicos, por outro lado devemos ter o
cuidado de não jogar fora nada daquilo que a Bíblia realmente ensina. É importante
mencionar que algumas pessoas compartilham falsos ensinos de forma consciente, mas
outras o fazem de forma inconsciente e ingênua. Elas não sabem que estão equivocadas.
Pensam estar certas e ensinam aquilo que aprenderam e acreditam. Mas quando se trata
de salvação, sinceridade não é o suficiente.
Se você for viajar para algum lugar e pegar a estrada errada, ou ainda, se pegar a estra-
da certa, mas seguir no sentido oposto do seu destino, não importa o quão sinceramente
você acredite que esteja correto, você nunca irá chegar ao seu destino! Sinceridade é im-
portante, mas não é tudo! Uma vez ouvi uma história em que uma mãe havia preparado
um bolo, mas no lugar de um determinado ingrediente, pegando o pote errado, colocou
sem querer veneno na massa. Por melhor que fossem suas intenções e por mais sincera
que fosse, toda a família teve que ser hospitalizada horas mais tarde. A sinceridade não
em busca de esperança 39
transforma coisas ruins em coisas boas! Algo que é prejudicial e perigoso vai continuar a
trazer seus malefícios e riscos, não importa o quanto você deseje o contrário.
Aliás, mais do que saber o que é certo ou errado, é preciso viver o que é certo. Algumas
pessoas ao descobrirem que foram ensinadas de forma equivocada, escolhem continuar
no erro. Alguns pensam que é vergonhoso admitir que viveram tantos anos sendo enga-
nados. Outros permanecem seguindo ensinos equivocados para não entristecer a família,
não perder amigos ou ainda ter que realizar determinadas mudanças em sua vida. Mas
nós precisamos nos posicionar pelo que é certo. Precisamos fazer o que é certo ainda que
a maioria esteja agindo de maneira errada. Precisamos decidir pelo que é certo ainda que
isso tenha um preço a ser pago.

DESENVOLVIMENTO
I. Sabiam mas não fizeram
A própria Bíblia afirma: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está
pecando” (Tg 4:17). Ela menciona diversos personagens que, apesar de terem tido a opor-
tunidade de ouvir a palavra de Deus de maneira clara e correta, não se posicionaram, não
tomaram a decisão certa. Fizeram uma entrega apenas parcial de sua vida. Mas quando
se trata de salvação, ou a pessoa está completamente salva ou está completamente per-
dida. Não existe meio termo. Você já ouviu alguma mulher dizer: “Estou sentido enjoo.
Acho que estou meio grávida!” Você já conheceu alguém meio grávida? Não? É claro que
não! Por que não existe meio grávida. Ou está grávida ou não está. Da mesma forma, ou
você está salvo ou não está! Não existe meio salvo. Parcialmente salvo é completamente
perdido.
Você sabe que no futebol, quando a bola bate na trave, apesar da emoção que o lance
gera na torcida, o acontecimento em si não tem valor algum. Bola na trave não ganha
campeonato e nem altera o placar do jogo. Conheço muitas pessoas que lamentam: “Uau,
quase foi gol”; “quase ganhamos”; “quase conquistamos o campeonato”, mas que no final
das contas têm que amargar a derrota, pois quase não é o bastante! Acompanhe comigo
alguns exemplos da Bíblia que demonstram atitudes que, apesar de boas, não são sufi-
cientes para a salvação!

II. Quando muito não é o bastante


Para ser salvo não basta tremer diante da palavra como Félix (At 24:25). Félix era um procu-
rador romano da Judeia. Governou a província de um modo cruel e corrupto. Seu período
de governo foi repleto de conflitos e revoltas. Paulo foi trazido diante de Félix na Cesareia
e colocado na prisão por dois anos, pois Félix tinha esperança de extorquir algum dinhei-
ro dele. Curiosamente, quando foi confrontado com a mensagem trazida por Paulo, ele
40 em busca de esperança
tremeu! Sentiu medo. Tem gente que quando ouve que Deus vai julgar todas as coisas
fica amedrontado, mas infelizmente são poucos os que se preparam para o juízo de Deus.
Quando se trata de salvação, tremer não é o bastante.
Para ser salvo não basta ouvir a mensagem como Agripa (At 26:28). Talvez você já tenha
ouvido falar do Rei Herodes Agripa II. Ele era filho de Agripa I (que havia martirizado o
discípulo Tiago, filho de Zebedeu. Ele teria feito o mesmo com Pedro se um anjo não o
houvesse libertado miraculosamente da prisão; ver At 12:1-19). Esse rei era o bisneto de
Herodes, o Grande. E ficou famoso pela frase “Por pouco me persuades a me fazer cristão”
(ARA, At 25:28). Muitas pessoas ao ouvir a mensagem do amor de Deus quase são conven-
cidas. Quase decidem. Mas quase não é o bastante para ser salvo.
Curiosamente aquilo que parece ser uma conversão na trave não passa de uma des-
culpa. Na realidade a melhor tradução para a fala de Herodes Agripa é “Você acha que em
tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão?” (NVI, At 25:28). O fato é que
ouvir o evangelho não é o bastante! Algumas pessoas colocam a desculpa no tempo. Faz
tão pouco tempo que estou estudando a Bíblia! Tem pouco tempo que frequento a igre-
ja, ainda é cedo para me decidir! Tenho muito a aprender, talvez deva esperar um pouco
mais! A questão não é quanto tempo ou quanto você conhece da mensagem, a pergunta
é: dentre aquilo que você já aprendeu, qual a sua decisão? Quando se trata de salvação,
ouvir não é o bastante!
Para ser salvo, não basta trazer grandes ofertas, como Ananias e Safira (At 5:2). Ananias e
Safira haviam vendido um terreno e resolveram ofertar o dinheiro para a pregação do
evangelho. No final do capítulo anterior, Barnabé tinha feito o mesmo. Eles não eram
obrigados a entregar aquele dinheiro, mas eles o fizeram tentando dar a impressão de
que estavam entregando tudo, quando na verdade estavam guardando parte para si. Em
outras palavras, estavam mentindo. Queriam aparentar uma entrega completa, quando
na realidade estavam fazendo apenas uma entrega parcial.
Como você já deve ter percebido é impossível enganar a Deus. Ele não se ilude com
as aparências, afinal, ele conhece completamente nosso coração. Para sermos salvos não
basta fazer uma entrega parcial de nossa vida e fazer de conta que estamos entregando
tudo. Deus sabe de todas as coisas e não pode ser feito de bobo (Gl 6:7). Quando se trata
de fidelidade ou somos fiéis ou não somos.
Existem muitas pessoas que frequentam a igreja. Devolvem o dízimo. Dão ofertas.
Mas adiam constantemente aquilo que para Deus tem mais importância: a entrega do
coração! Nosso dinheiro é incapaz de nos garantir um lugar no Céu. Quando se trata de
salvação, trazer grandes ofertas não é o bastante!
Para ser salvo, não basta começar bem, como Demas (2Tm 4:10). Temos poucas informações
acerca de Demas. Sabemos apenas que por um tempo ele foi companheiro de trabalho de

em busca de esperança 41
Paulo; parece ter sido útil na pregação do evangelho a ponto de ter sido chamado de “meu
cooperador” pelo apóstolo (Fm 1:24). No entanto, a última menção que temos acerca do
mesmo afirma que ele havia abandonado Paulo e abandonado a fé!
“Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica”
(ARA, 4:10); uma tradução mais moderna da Bíblia diz que “Demas se apaixonou por este
mundo” (NTLH, 4:10). Você percebe o problema? Alguém que pouco tempo antes havia
sido de grande ajuda, alguém que havia tomado uma decisão e que havia se posicionado
pelo que era certo, agora abandona tudo por amor às coisas deste mundo. O cristão preci-
sa perseverar. Continuar firme até o fim. Para ser salvo, não basta começar bem, é preciso
terminar bem!
Paulo neste aspecto foi um exemplo. Ao findar seu ministério e compreender que o
momento de sua morte se aproximava, disse: “Combati o bom combate, completei a car-
reira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz,
me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua
vinda” (2Tm 4:7-8). Não temos informações se em algum momento Demas chegou a se
arrepender, mas uma coisa parece clara, para ser salvo, não basta começar bem é preciso
terminar bem!
Para ser salvo, não basta zelar por Deus, como Israel fez (Rm 10:2). Se há um povo que ze-
lava por Deus, este era o povo judeu. No entanto, no capítulo 10 de sua carta aos cristãos
que moravam em Roma, Paulo começa a argumentar que os judeus rejeitaram a justiça
de Deus e, pior que isto, por conta do conhecimento que tinham de Deus e cuidado que
Ele tinha por eles, não poderiam alegar falta de oportunidade.
O povo judeu tinha informações, mas lhe faltava entendimento (10:2); apesar de te-
rem conhecimento de todas as profecias que apontavam para o Messias e para a salva-
ção através de Cristo Jesus, rejeitaram a justiça de Deus e, com isto, a oportunidade de
serem salvos. Você percebe que irônico? Apesar de conhecerem a lei de Deus e a palavra
dEle (Bíblia) ignoraram a salvação oferecida por Ele, Seu amor é a essência de Sua pa-
lavra (Jesus; que era o verbo, conforme Jo 1:1). Conheciam a mensagem, conheciam as
profecias, mas por ignorarem o seu cumprimento, o zelo que tinham por Deus não era o
bastante. Ao rejeitarem a Cristo estavam rejeitando a Deus!
O que acontecerá com o povo judeu que acreditou em Deus, mas não em Cristo? Uma
vez que eles acreditam no mesmo Deus eles não vão ser salvos? Jesus é a revelação mais
completa de Deus, portanto, não podemos conhecer plenamente Deus sem crer em Cristo.
É por isso que Paulo trabalhou tão arduamente e com tanta ênfase para tentar ensiná-los
acerca de Cristo. Visto que Deus designou Jesus como meio de salvação, não podemos
chegar a Deus por outro caminho. Os judeus e todo o mundo pode encontrar salvação
somente através de Jesus Cristo (Jo 14:6; At 4:12).

42 em busca de esperança
Se por um lado a rejeição de Jesus Cristo como salvador é a causa da perdição de mui-
tas pessoas, por outro, a aceitação dEle como salvador é a garantia da vida eterna para
todo aquele que nEle crer (Jo 3:16). Em Romanos 9:10 Paulo afirma: “Se, com a tua boca,
confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo”. Enquanto o simples zelo por Deus não é o bastante para alcançar a
salvação, aceitar a Jesus como salvador é mais do que suficiente para lhe dar a vida eterna!

CONCLUSÃO
Certa vez alguém perguntou para o grande evangelista D. L. Moody: “Quantas pessoas
se converteram na noite passada?” Ele respondeu: “Duas e meia”. Então a pessoa disse:
“Você quer dizer que dois adultos e uma criança se convertam ontem?” E ele respondeu:
“Não! Duas crianças e um adulto”. Parece que quanto mais novos somos, maior nossa sin-
ceridade e capacidade de fazer uma entrega por completo, mas à medida que o tempo vai
passando, temos mais dificuldades de fazer uma entrega integral de nossa vida, e passa-
mos a fazer entregas parciais. “Vou deixar Deus controlar esta parte da minha vida, mas
esta outra aqui, não!” Lembre-se: uma entrega parcial não é o bastante você precisa se
entregar por completo!

APELO
Crer em Jesus e aceitá-Lo como salvador, esta é a decisão que você precisa tomar hoje:
simples assim! É tudo muito simples, mas não é nada fácil. É simples porque não há nada
complicado sobre o que precisa ser dito ou feito. Mas não é fácil, pois envolve uma entrega
constante ao longo de toda a vida que resultará em uma mudança radical do seu ser. Você
crê que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos e deseja aceitá-Lo como Senhor da sua
vida? Saiba que isto é suficiente, porque é a autorização para que Deus o transforme por
inteiro!

em busca de esperança 43
44 em busca de esperança
tema 8

#157 (um, cinco, sete)

INTRODUÇÃO
Um dia desses aconteceu algo inusitado! Uma mulher estava dirigindo seu carro no
centro da cidade quando foi assaltada e teve seu veículo roubado. Para sua surpresa, ho-
ras mais tarde ela conseguiu recuperar o veículo graças a um telefonema feito pelo ladrão
para a polícia, onde pediu desculpas e informou a localização do automóvel. Este não é o
primeiro nem o último caso que narra a história de ladrões arrependidos. Basta você pes-
quisar um pouquinho na internet e você irá encontrar muitas histórias que são no mínimo
curiosas.
Talvez o caso mais conhecido de todos seja o ladrão da cruz, um daqueles que foi cru-
cificado com Jesus. Se por um lado costuma-se dizer que “bandido bom é bandido morto”,
esse sujeito é conhecido por muitos de nós como sendo o “bom ladrão”, em face daquilo
que fez enquanto ainda estava vivo. Ele teve uma atitude de fé e confissão, enquanto o ou-
tro ladrão, que também estava sendo crucificado, além de não se arrepender, demonstrou
uma atitude de rebelião.
Parece que a vida é feita de contrastes. Pessoas em situações semelhantes muitas ve-
zes têm reações tão diferentes que fica até difícil compreender o porquê de tais atitudes!
Tem gente que parece sempre ser do contra. Certa vez, à porta de uma igreja estava um
bêbado parado. Um conhecido passou por ali e achou curiosa a situação já que nunca ha-
via visto aquela pessoa em uma igreja. Ele se aproximou do bêbado e perguntou: “Sobre
o que o pastor está pregando?” Para sua surpresa ele respondeu: “O que ele está pregando
eu não sei, mas seja lá o que for EU SOU CONTRA!”
Apesar de possivelmente você nunca ter cometido um crime grave, é importante notar
que todos nós temos algo em comum com os ladrões que foram crucificados com Jesus
Cristo naquele dia. Somos pecadores e por esse motivo estamos condenados à morte! A
menos que sejamos perdoados por Deus, com base no sacrifício de Jesus, mais cedo ou
mais tarde teremos de lidar com essa terrível condenação.

DESENVOLVIMENTO
I. Pessoas equivocadas
Vamos analisar o relato bíblico de Lucas 23:33-43 e tentar extrair algumas lições

em busca de esperança 45
práticas para nossa vida espiritual hoje. Vejamos o que diz o texto (ler o texto em uma
tradução moderna). Temos aqui o cenário da crucificação de Jesus. Ele foi crucificado com,
pelo menos, duas outras pessoas, dois criminosos que haviam sido condenados à morte.
Além deles, estão junto à cruz, pelo menos, três outros grupos de pessoas: os soldados
(Lc 23:36); os líderes judeus (Lc 23:35); e o povo, que momentos antes havia gritado pela
condenação de Jesus (Lc 23:20-21).
Curiosamente vemos na cena descrita por Lucas, quatro possíveis tipos de influências,
que refletem as mesmas que vemos também em nossos dias: amizade ou companheiris-
mo (ladrões); religião (líderes judeus); autoridades (soldados romanos); e a multidão (o
povo), que em sua maioria apoiava tudo o que estava acontecendo. Infelizmente a maio-
ria deles estava completamente equivocada.
Em primeiro lugar, apesar de a Bíblia não deixar claro qual o grau de proximidade que
os ladrões tinham entre si, podemos, no mínimo, afirmar que eram colegas de “profissão”.
Alguns comentaristas chegam a especular que ambos teriam sido presos juntos e que pra-
ticavam seus delitos em parceria. Apesar de não termos maiores detalhes, uma coisa po-
demos dizer com convicção: as más companhias corrompem os bons costumes (1Co 15:33).
Do ponto de vista espiritual, as influências podem nos aproximar ou afastar de Deus, por
isso devemos escolher nossas amizades com sabedoria. Seguir práticas e crenças, religio-
sas ou não, apenas porque bons amigos seguem tais ideias pode ser perigoso.
Em segundo lugar, fica claro no relato bíblico que nem todo líder religioso é confiável.
Aqueles líderes pensavam estar fazendo o que era certo, mas acabaram matando o fi-
lho de Deus. Não é difícil concluir que em nossos dias muitos líderes religiosos (pastores,
bispos, padres, apóstolos, etc.), por mais sinceros que possam ser, estão completamente
equivocados. Isso sem falar naqueles que, de forma consciente, enganam e manipulam
as pessoas, mesmo sabendo que seus ensinos são contrários ao que a Bíblia ensina! Se a
Bíblia é a mesma, porque tantos ensinos diferentes? A reposta mais direta e simples é que
infelizmente existem muitos líderes religiosos por aí ensinando doutrinas e crenças que
nem a Bíblia nem Jesus jamais ensinaram.
Em terceiro lugar, apesar de sermos instruídos a respeitar os que governam e as auto-
ridades existentes (Tt 3:1), precisamos compreender que, do ponto de vista espiritual, esse
grupo nem sempre será o mais confiável e melhor exemplo a ser seguido. É por isso que
a Bíblia ensina que se em algum momento tivermos que decidir entre fazer a vontade de
Deus ou seguir uma ordem contrária ensinada por autoridades humanas, não devemos
ter dúvidas: “Mais importante obedecer a Deus do que aos homens!” (At 5:29).
E por último, o que dizer acerca do povo? Será que de fato a voz do povo é a voz de
Deus? Cada povo tem sua cultura e crenças religiosas. Agora, é importante lembrar que
mesmo o povo de Israel, que era a nação escolhida por Deus, errou feio quanto ao seu

46 em busca de esperança
posicionamento religioso. O que dizer então de nações que nem sequer temem a Deus, ou
ainda, adotam para si a crença em muitos deuses? Seria a voz do povo confiável? Parece
que não.
Em resumo, apesar de poderem ajudar e influenciar positivamente em nossas esco-
lhas, as amizades, os líderes religiosos, as autoridades estabelecidas, a cultura de nosso
povo, e mesmo as tradições familiares, tudo isso não pode ser o fator determinante em
nossa escolha. Precisamos ter como base a Bíblia e sua mensagem, caso contrário, pode-
mos errar feio.

II. Tomando uma decisão


É interessante notar que tão importante quanto tomar a decisão correta é fazê-lo pelo
motivo certo. É possível fazer algo aparentemente bom e ainda assim, ser reprovado por
essa atitude? É claro que sim! Certa vez ouvi falar de um político que construía muitos
hospitais, mais sua motivação era desviar verbas e recursos e enriquecer de forma ilícita.
O ato era bom, mas a sua motivação era desprezível. Poderíamos pensar em outras
situações como essa, mas gostaria de me ater às questões espirituais. Será que é possível
fazermos coisas aparentemente boas no aspecto espiritual, mas com a motivação errada?
Não faltam exemplos de coisas boas em si, mas cuja motivação está completamente
errada do ponto de vista bíblico. Quer alguns exemplos? Tem gente que ajuda pessoas
que moram na rua, doando alimentos e roupas para os mais necessitados, mas o fazem
porque acreditam que desta forma terão direito de um dia morar no Céu! A Bíblia nos
ensina que nós iremos para o Céu unicamente por aquilo que Jesus fez (morreu em nosso
lugar) e não por aquilo que a gente faz. A salvação é pela graça, ou seja, pelos méritos de
Jesus e não por nossos próprios méritos (Ef 2:8-9).
Existem muitas igrejas que afirmam pregar a Bíblia, o que é algo bom, mas, muitas
delas o fazem de forma distorcida e completamente equivocada, o que é um perigo. A
pior mentira que existe é aquela que é misturada com a verdade. Esse tipo de engano é
mais difícil de ser percebido do que uma mentira completa. Quando uma igreja faz isso
o resultado é confusão e engano. É como se um cego estivesse guiando outro cego num
campo minado (Mt 15:14). Por mais bonito e sincero que um ensino possa parecer isso não
é o bastante, ele precisa ser verdadeiro!
Outro aspecto prático da religião é a questão dos dízimos e ofertas, assunto muito
discutido por cristãos e não cristãos. O dízimo e a oferta são ensinos bíblicos. Quanto a
isto não há grandes dificuldades. Mas na prática, ao invés de ensinar o conceito bíblico
de adoração, onde os dízimos tem que ver com nosso reconhecimento e gratidão a Deus,
muitas igrejas transformam essa parte da adoração, que é tão importante, em um sistema
de exploração e barganha. Não devolvemos o dízimo para sermos abençoados, nós o

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fazemos porque reconhecemos que já fomos abençoados! Se você devolve o dízimo e
dá ofertas acreditando que por isso será salvo ou ficará rico você está com as intenções
completamente equivocadas.
Poderíamos citar muitos outros exemplos, mas você já deve ter compreendido que tão
importante quanto o que se faz é o porquê se faz. Deus conhece nosso coração e nossas
intenções. Não podemos enganar Aquele que sabe de todas as coisas.

III. A entrega
Quando paramos para analisar a história daqueles dois ladrões crucificados ao lado de
Jesus, vemos algo extraordinário. Em Lucas 23:39-43 encontramos a essência do Evangelho.
Vemos dois homens e duas reações bem distintas. Ali temos representada a fé e a descrença,
o arrependimento sincero e a dureza de coração, a possibilidade de crer em Jesus Cristo ou de
rejeitá-Lo.
Não encontramos registrado o nome dos malfeitores na Bíblia. Eram pecadores anôni-
mos, conhecidos apenas por sua desgraça e condenação. Em um documento antigo eles são
identificados como Dimas e  Gestas, respectivamente o “bom” e o “mau” ladrão. No evange-
lho de Mateus (27:44) e Marcos (15:32) nos é informado que inicialmente ambos zombavam
de Jesus. Apenas no relato de Lucas vemos informações adicionais sobre a postura de ambos.
Em algum momento houve uma mudança de atitude. Após ter zombado e insultado a Cristo,
um dos homens condenados é convencido e convertido. Talvez tenhamos alguém aqui que já
zombou de Deus. Que contrariou sua vontade, mas que hoje precisa também ser convencido
e transformado por Deus.
Ao afirmar “você não teme a Deus” (23:40) ele afirmou crer que Cristo era o filho de Deus.
Você crê nisso? Você acredita que Cristo morreu de forma injusta para que eu e você possamos
ter direito à vida eterna? Ao fazer isso, ele contrariou a opinião popular. Ele ignorou o que o
povo pensava, o que os líderes religiosos diziam, o que as autoridades gritavam e o que seu
amigo condenado falava. Você teria esta coragem, de contrariar a multidão? De ir contra o
senso comum? De seguir na contramão? No sentido oposto do que os outros pensam?
Ao dizer: “a nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós me-
recemos por causa das coisas que fizemos; mas ele não fez nada de mau” (23:41), ele confessou
a justiça de Cristo, ao mesmo tempo em que reconhecia sua injustiça e miséria. Você teria co-
ragem de confessar a Jesus como o Filho de Deus e seu Salvador? Teria coragem de reconhecer
que precisa dEle mais do que qualquer outra coisa?
Ao crer em Jesus, contrariar a multidão e confessar sua crença em Jesus como filho de
Deus, Dimas confirmou a sua salvação. Mesmo condenado à morte. Mesmo tendo pouco tem-
po. Mesmo sendo quem era, ele ouviu de Cristo a promessa “em verdade te digo hoje, estarás
comigo no paraíso” (Lc 23:43).

48 em busca de esperança
Algumas traduções erroneamente trazem a ideia de que o ladrão foi para o céu naque-
le mesmo dia. Essa ideia não é correta por pelo menos duas razões: em primeiro lugar, os
ladrões não morreram naquele dia (Jo 19:31, 32); e, em segundo lugar, Jesus não ascendeu
ao céu naquele dia (Jo 20:17). Mas naquele dia, naquele exato instante, aquele ladrão teve
a garantia de que estaria um dia no céu! Dimas sabia que a vinda do reino de Deus era
algo futuro. Ele pediu “lembra-te de mim quando vieres em teu reino”.

CONCLUSÃO
Sabe, ao encerrarmos esta semana sobre Esperança nosso desejo é que possamos to-
dos ir para o Céu hoje! Que pudéssemos encontrar com Jesus nesse dia. Infelizmente eu
não posso prometer a você isso. Não posso dizer quando Jesus virá. Mas uma coisa eu lhe
digo hoje: se você crer em Deus de todo o seu coração, se você estiver disposto a contrariar
as tradições e ensinos que talvez tenha aprendido ao longo da vida, mas que de uma for-
ma ou outra contrariam o que a Bíblia ensina, se você confessar Jesus como seu Salvador,
por palavras e ações, você pode desfrutar da certeza, hoje, de que muito em breve estare-
mos com Cristo no Céu.
Nesta semana tomamos e reafirmamos muitas decisões. Nesta semana aprendemos
sobre a importância de decidir hoje, pois amanhã pode ser tarde. Nesta semana aprende-
mos que a mais importante escolha da nossa vida é seguir a Jesus e fazer Sua vontade, e se
você fizer isso, eu posso lhe afirmar uma coisa: você deixará de ser um pecador anônimo,
para se transformar em um salvo reconhecido em todo o universo, pois quando Cristo vol-
tar, Ele vai chamar você pelo nome e vai confessar o seu nome diante de Deus Pai e todos
os Seus anjos! (Ap 3:5).

APELO
Ao transcorrerem os anos da eternidade, virão mais e mais gloriosas revelações de Deus
e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a admiração e a fe-
licidade. Quanto mais os seres humanos aprendem sobre Deus, mais admiram Seu caráter.
Tudo será demais! Pecado e pecadores não mais existirão. O Universo inteiro estará purificado.
Uma única sensação de alegria vibrará por toda a vasta criação. Do Criador provém vida, luz
e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos
mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeita alegria, de-
clararão que Deus é amor. (Texto adaptado de Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 678).
Prepare-se para viver eternamente neste novo Céu e Nova Terra! Quero marcar um encon-
tro com você no primeiro culto que será realizado no Céu. Se você aceita o convite, levante-se
e venha aqui à frente, vamos fazer uma oração de entrega e decisão.

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