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ATUALIDADES

CIÊNCIA
A importância do erro
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Há uma imagem do cientista que se tornou muito popular em livros
escolares. Nela, ele é representado como um homem de avental
branco, muito sério e concentrado em seus experimentos. Estaria ele
prestes a fazer uma importante descoberta que revolucionará o
mundo?

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A realidade, porém, é mais prosaica. A ciência é menos um


empreendimento solitário do que coletivo. E o trabalho do cientista
envolve mais esforço físico e intelectual do que inspirações divinas.

E, nesse processo, o erro é muito mais comum do que se imagina.


Mesmo aqueles considerados gênios, como Galileu, Newton e
Einstein, se deparavam com as tentativas, as falhas e os fracassos.

O erro, aliás, nem sempre é negativo. Ele desempenha um


importante papel no avanço da ciência, desde que se saiba como lidar
com a incerteza. Como dizia o cientista francês Louis Pasteur (1822-
1895), “o acaso favorece a mente preparada”.

Para entender isso, é preciso examinar três passos que compõem o


método científico. Primeiro, ao se deparar com um determinado
problema – uma doença incurável, um mistério do cosmos ou a
origem da vida, por exemplo – o cientista formula hipóteses, que são
respostas possíveis para uma questão. É nesse momento que ele
emprega a criatividade.

Em seguida, por meio do raciocínio dedutivo, o pesquisador extrai as


consequências de sua hipótese. Ele formula, então, uma teoria, ou
seja, uma regra geral que deve ser aplicada a todos os casos
particulares.

Mas o trabalho não termina aí. Para que uma teoria seja aceita pela
comunidade científica, ela deve ser testada, confrontada com os
fatos. Inicia-se, então, uma série de testes em campo ou laboratório.
É o chamado método indutivo. Neste processo, teorias cujos
resultados destoam da realidade são descartadas, enquanto outras
permanecem e ganham status de verdades, ainda que provisórias.
Einstein, por exemplo, lidava com um problema astrofísico no começo
do século passado. Caso a teoria da relatividade especial estivesse
correta, a teoria da gravidade de Newton estaria errada, pois esta
concebia espaço e tempo invariáveis, enquanto aquela, relativos.

Ele então formulou a hipótese de que o espaço não seria plano, mas
curvo, e que a massa e energia dos corpos celestes o deformariam,
criando o campo gravitacional. Daí nasceu a famosa teoria da
relatividade geral, que substituiu a cosmologia newtoniana.

Faltava, ainda, a comprovação. Duas famosas experiências foram


feitas durante o eclipse solar de 1919, nas ilhas Príncipe, na África
Ocidental, e em Sobral, no Ceará. Os experimentos comprovaram a
teoria e Einstein ficou mundialmente famoso.

“Errologia”
Acontece que o público só fica sabendo dos resultados positivos da
ciência. Tem-se, assim, a impressão da ciência como um conjunto de
descobertas definitivas, que não demandariam gastos inúteis ou mal-
empregados, de tempo e dinheiro.

Uma revista científica inaugurada neste mês, o “Journal of Errology”


(Revista de Errologia), pretende abalar esse mito. A publicação vai
divulgar um pouco do “lado B” da ciência: experimentos que não
deram certo e teorias que foram deixadas de lado.

São, na verdade, hipóteses plausíveis, formalizadas em teorias até


interessantes, mas que não passaram nos testes indutivos e, por
isso, foram recusadas pela comunidade acadêmica. Mas nem por isso,
acreditam os editores, deixam de ter uma função pedagógica. Afinal,
se os erros são tão importantes na aprendizagem do indivíduo,
porque experiências negativas não o seriam para os cientistas?

O erro de um cientista pode ajudar outro a evitar cometer a mesma


falha, ou mesmo se tornar positivo quando as ideias são empregadas
com diferentes objetivos e métodos.

Voltando ao exemplo de Einstein, depois de formular a teoria da


relatividade geral, ele se deu conta de que ela descrevia um universo
em expansão, contrariando o que até então se acreditava. Para dar
conta desse problema (e preservar a concepção de universo estático),
Einstein mudou as equações e introduziu uma variável chamada
constante cosmológica, que impediria a evolução do cosmos.

Em 1920, Edwin Hubble provou que o universo estava se expandindo,


ou seja, que as galáxias de afastavam umas das outras. Esta
descoberta, por sua vez, levou à formulação da teoria do Big Bang, até
hoje a explicação mais aceita para a origem do universo.
Anos depois, Einstein admitiu que a constante cosmológica foi o maior erro de sua vida.
Porém, o “erro” de Einstein talvez tenha possibilitado mais avanços da ciência
contemporânea do que qualquer outro acerto. E, mais recentemente, cientistas
reconheceram que ele não estava tão errado assim, pois pode existir uma constante
cosmológica agindo de forma inversa à força da gravidade.

A lição da ciência é que não há nada mais trivial do que tentativas e erros. Não se trata
de desvios da verdade, mas de maneiras humanas de entender o mundo. Por esta razão,
o filósofo francês Edgar Morin dizia que o maior erro que se pode cometer é ser
insensível ao próprio erro.

Direto ao ponto
O Uma nova revista acadêmica inaugurada este mês, o “Journal of Errology” (Revista
de Errologia), vai divulgar os erros dos cientistas, contrariando o habitual de
publicações do gênero de comunicar apenas os resultados positivos da ciência.

A revista pretende, assim, que a comunidade científica tenha acesso a teorias e


experimentos que não deram certo. Com isso, permitirá que cientistas não gastem
tempo e dinheiro com hipóteses equivocadas ou mesmo que aproveitem teorias que,
apesar de não terem dado certo numa determinada área, podem render bons
resultados em outra.

Mesmo homens considerados gênios da ciência, como Einstein, cometeram falhas. E


algumas delas até contribuíram para o avanço da ciência. Como diz o filósofo francês
Edgar Morin, o maior erro que se pode cometer é subestimar o próprio erro.

PIRATAS VIRTUAIS
Vitória no Congresso, derrota na Justiça
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Na mais recente ofensiva contra a pirataria on-line, sites de
compartilhamentos de arquivos conseguiram vencer,
provisoriamente, uma batalha no Congresso norte-americano, onde
foram suspensas as votações de duas rigorosas leis antipirataria.
Sofreram, entretanto, uma derrota na Justiça, com a determinação
do fechamento do site Megaupload.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O endurecimento de leis contrárias à violação dos direitos autorais e


os processos judiciais contra pessoas acusadas por esses crimes
tornaram-se mais frequentes nos últimos anos, na Europa e nos
Estados Unidos. Os confrontos, nos campos políticos e jurídicos,
opõem empresas tradicionais de entretenimento e as novas mídias
digitais.

Dois projetos de lei foram “congelados” no Congresso norte-


americano após protestos que se espalharam pela internet: o SOPA
(Lei para Parar a Pirataria On-line, na sigla em inglês), elaborado pelo
deputado republicano Lamar Smith, e o PIPA (Lei para Proteger a
Propriedade Intelectual), de autoria do senador democrata Patrick
Leahy.

As leis estabelecem que sites estrangeiros, cujos conteúdos


desrespeitem leis de propriedade intelectual, sejam bloqueados nos
Estados Unidos. As medidas atingiriam qualquer site que veicule
cópias ilegais de músicas, filmes, livros etc. Além de não poderem
mais ser acessados em território norte-americano, eles teriam os
anunciantes vetados.

Mas como atender à Lei de Direitos Autorais, que protege o trabalho


de artistas, sem restringir o direito à liberdade de expressão e a
criatividade na internet?

Os projetos de lei contam com o apoio da indústria fonográfica,


cinematográfica, de conglomerados de mídia e provedores de TV a
cabo e internet. Empresas como a Apple, a Microsoft e a Nintendo
também têm recorrido à Justiça para tentar conter a distribuição e
comercialização ilegal de produtos, o que causaria um prejuízo anual
de US$ 100 bilhões.

Outras companhias, como a Google, a Wikipedia, o Facebook, a


Amazon e o Mozilla, alguns dos “gigantes” da internet, se opuseram
aos projetos. Elas alegam que as medidas são de censura.

Em protesto, em 18 de janeiro a Wikipedia inglesa e outros 7 mil


sites menores suspenderam as atividades ou colocaram links e
imagens contendo manifestações contrárias ao SOPA e ao PIPA. Um
total de 4,5 milhões de pessoas assinou uma petição on-line contra
os projetos, segundo o Google, e outras milhares expressaram suas
críticas em redes sociais.

A reação negativa fez com que os congressistas norte-americanos


recuassem e suspendessem a tramitação dos projetos de lei. A
adesão de senadores e deputados também diminuiu após a
repercussão no ciberespaço.

Megaupload
No dia seguinte, em 19 de janeiro, os “piratas” sofreram um revés. O
site de compartilhamento de arquivos Megaupload, um dos mais
populares do mundo, foi fechado por agentes federais sob a acusação
de violação dos direitos autorais e de leis antipirataria nos Estados
Unidos.
O fundador do website, o alemão Kim Schmitz, e três executivos
foram presos na Nova Zelândia. Schmitz, mais conhecido como Kim
Dotcom, teve ainda a extradição requerida pelo governo americano.

O site abriga arquivos de produtos pirateados, como músicas e


filmes. Segundo a acusação, o Megaupload teria causado prejuízos de
US$ 500 milhões a proprietários de direitos autorais. O site alega que
a maioria do material compartilhado é legal e que atende aos pedidos
de remoção de conteúdo pirata.

Após as prisões, sites semelhantes – Filesonic, Uploaded.to, 4Shared,


Fileserve e VideoBB, entre outros – adotaram ações preventivas. Eles
removeram arquivos suspeitos e contas com material ilegal, retiraram
de suas páginas a opção de compartilhamento de vídeos, músicas e
imagens ou simplesmente encerraram as atividades nos Estados
Unidos.

O recrudescimento de frentes antipirataria também acontece na


Europa, onde países votaram leis mais duras ou as empresas
recorreram a ações judiciais. Há quase três anos, em 17 de abril de
2009, a Justiça sueca condenou os responsáveis pelo site The Pirate
Bay a penas de prisão e multas.

No Brasil, existem leis federais e estaduais que penalizam a pessoa


que baixar ilegalmente, produzir e comercializar material protegido
por copyright. O Artigo 184 do Código Penal brasileiro prevê pena de
um a três anos de prisão ou multa para o crime de violação de
direitos autorais.

Mas, de acordo com relatório divulgado ano passado, o Brasil ocupa o


quarto lugar no ranking dos países mais ineficientes na proteção da
propriedade intelectual, atrás apenas da China, Rússia e Índia.

Direto ao ponto
Dois projetos de lei antipirataria foram suspensos no Congresso norte-
americano após protestos na internet. O SOPA (Lei para Parar a Pirataria On-
line, na sigla em inglês) e o PIPA (Lei para Proteger a Propriedade Intelectual)
determinam que sites estrangeiros, cujos conteúdos desrespeitem leis de
propriedade intelectual, sejam bloqueados nos Estados Unidos.

Em 18 de janeiro a Wikipedia inglesa e outros 7 mil sites menores


suspenderam o funcionamento por um dia ou colocaram links e imagens
contendo críticas aos projetos. A reação fez com que os políticos
suspendessem a tramitação.

No dia seguinte, o site de compartilhamento de arquivos Megaupload, um dos


mais populares do mundo, foi fechado por agentes federais sob a acusação de
violação dos direitos autorais e de leis antipirataria nos Estados Unidos. O
fundador do website, o alemão Kim Schmitz, e três executivos foram presos na
Nova Zelândia.

Após as prisões, sites semelhantes – Filesonic, Uploaded.to, 4Shared,


Fileserve e VideoBB, entre outros – removeram arquivos suspeitos e contas
com material ilegal, retiraram de suas páginas a opção de compartilhamento ou
simplesmente encerraram as atividades nos Estados Unidos.

OPERAÇÃO NA CRACOLÂNDIA
As pedras no meio do caminho
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Desde o dia 3 de janeiro a Polícia Militar realiza uma operação para
combater o tráfico de drogas e dispersar viciados da região conhecida
como cracolândia, no centro da cidade de São Paulo.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O objetivo do Estado é dificultar o acesso às drogas pelos


dependentes, forçando-os a procurar ajuda especializada para
deixarem o vício. A estratégia, chamada “dor e sofrimento”, consiste
em impedir a venda e o uso de drogas, por meio da ocupação policial,
e, com isso, obrigar os usuários a buscarem apoio junto à rede
municipal de saúde e assistência social.

A eficácia do cerco, entretanto, vem sendo questionada por


especialistas em segurança pública e saúde. Um dos pontos criticados
é que a “limpeza” não resolveria o problema. Os frequentadores do
local estariam apenas sendo deslocados para outros bairros da
região. O Ministério Público também investiga possíveis abusos por
parte da PM.

Em dez dias de operação, 69 pessoas foram presas (a maioria,


pequenos traficantes), 152 usuários foram encaminhados para
unidades de tratamento e 3.607 pessoas revistadas, de acordo com o
balanço da PM. A maior apreensão ocorreu no dia 12, quando uma
mulher foi detida com 16 mil pedras de crack.

Nesse mesmo período, 50 crianças foram recolhidas das ruas,


segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social. Elas foram
encaminhadas ao serviço de saúde pública, para tratamento, ou a
abrigos, conselhos tutelares e suas famílias. A ocupação é por tempo
indeterminado.

Euforia
O crack é uma droga de alto poder viciante, composta de pasta de
cocaína e bicarbonato de sódio. Vendida em forma de pedra e fumado
em cachimbo, a substância produz um efeito de euforia que dura
alguns minutos, ao fim dos quais o usuário sofre depressão e é
levado a consumir mais.

A droga surgiu nos Estados Unidos nos anos 1980. Em 1990 o


prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso por uso e porte de
crack. Desde então, o país conseguiu reverter os índices de
criminalidade associados ao entorpecente, com medidas policiais, de
saúde e campanhas educativas.

No Brasil, o crack se popularizou nos anos 1990 (a primeira


apreensão ocorreu em 1991). Ele se espalhou rapidamente por ser
mais barato que a cocaína, ter uma produção doméstica e por ser
consumido mais facilmente, dispensando o uso de seringas. O país
tem hoje estimados 1,2 milhão de usuários.

Uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com o


Governo Federal, apontou a existência de 29 cracolândias em 17
capitais brasileiras, que se movem de acordo com as investidas da
polícia e o confronto entre traficantes. Nenhuma delas, contudo,
possui as dimensões da existente em São Paulo.

Boca do lixo
A cracolândia existe há 20 anos no bairro da Luz e imediações, no
centro da capital. O local é frequentado diariamente por cerca de 400
pessoas, mas a população flutuante chega a mais de 2 mil.

A “boca do lixo” ficou conhecida nos anos 1960 por concentrar


produções de cinema brasileiro. Era um lugar de boemia, casas de
jogos, prostituição e tráfico, que proliferou com a conivência do
Estado.

Nos anos 1990 houve um pico de violência urbana em São Paulo,


com chacinas em bairros de periferia. Entre as vítimas dessas
matanças estavam os “noias”, como são chamados os viciados em
crack. Eles eram mortos por furtarem objetos nas comunidades em
que viviam (para sustentar o vício), por delatarem traficantes ou
acumularem dívida junto ao tráfico.

Os “noias” então buscaram refúgio no centro, que acabou se


tornando um território livre para o consumo e a venda ilegal de
drogas. Diferente das periferias, onde a venda de drogas é controlada
por facções criminosas, na cracolândia o comércio ocorre de forma
indiscriminada. Essa facilidade de acesso, combinada com o uso
“liberado” em imóveis abandonados ou nas ruas, fez surgir a
cracolândia.

Soluções
Nos últimos anos, houve uma tentativa mais sistemática de resolver
o problema. A Prefeitura de São Paulo lançou o programa Nova Luz,
para revigorar a região central e atrair investimentos imobiliários.
Entre as medidas adotadas estão a isenção de IPTU, para estimular a
reforma de fachadas, e a desapropriação de imóveis.

Outras providências do governo incluem o fechamento de bares e


hotéis ligados ao tráfico, o encaminhamento de moradores de rua
para programas assistenciais e o reforço do policiamento nos bairros.

Em dezembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) lançou um programa


“Crack, é possível vencer”, com investimentos de R$ 4 bilhões, aplicados até 2014, em
ações de prevenção, tratamento médico e ações de repressão ao tráfico. Estão previstas a
ampliação da oferta de tratamento aos usuários e a criação de enfermarias especializadas
em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), com leitos exclusivos para usuários.
Além disso, serão oferecidos cursos de qualificação profissional e feitas campanhas
preventivas nas escolas.

Direto ao ponto
A Polícia Militar realiza desde 3 de janeiro uma operação para combater o
tráfico de drogas e dispersar viciados da região conhecida como cracolândia,
no centro da cidade de São Paulo.

A estratégia consiste em dificultar o acesso às drogas pelos dependentes,


forçando-os a procurar ajuda especializada para deixarem o vício. A eficácia
do cerco, entretanto, vem sendo questionada por especialistas. Eles criticam
a suposta violência policial e a expulsão dos dependentes sem que o
problema seja, de fato, resolvido.

O crack é uma droga de alto poder viciante, composta de pasta de cocaína e


bicarbonato de sódio. A droga surgiu nos Estados Unidos nos anos 1980. Em
1990, a substância se popularizou no Brasil, por ser mais barata que a
cocaína e consumida mais facilmente.
A cracolândia existe há 20 anos no bairro da Luz, no centro da capital. O
local é frequentado diariamente por cerca de 400 pessoas, mas a população
flutuante chega a 2 mil.

Em dezembro, o Governo Federal lançou um programa de combate à


dependência do crack. Estão previstos investimento de R$ 4 bilhões até
2014, em ações de prevenção, tratamento médico e repressão ao tráfico.

MUNDO EM 2012
Eleições decidem futuro de Obama, Sarkozy e Putin
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O mundo não vai acabar em 2012, dizem os cientistas, contrariando
interpretações obtusas do Calendário Mesoamericano. Este ano,
porém, será decisivo para alguns dos principais líderes mundiais, que
devem enfrentar o veredicto das urnas em mudanças que, estas sim,
terão impacto sobre o planeta.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Para se ter uma ideia da importância dos pleitos do ano, dos cinco
membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – um dos
mais prestigiados e poderosos órgãos internacionais –, apenas o
Reino Unido não terá seu governante, o premiê britânico David
Cameron, submetido ao teste de fogo do eleitorado. Todos os demais
integrantes do conselho, Estados Unidos, França, Rússia e China,
realizarão eleições cruciais para o futuro político de presidentes e
primeiros-ministros.

Dois presidentes, o americano Barack Obama e o francês Nicolas


Sarkozy, devem tentar a reeleição. Mas ambos estão com a
popularidade em baixa, por conta da crise financeira nos Estados
Unidos e na Zona do Euro.

Na Rússia, os planos de sucessão do premiê Vladimir Putin, há mais


de uma década no poder, ficam cada vez mais improváveis diante das
manifestações contra a corrupção que agitam Moscou. E na China, o
regime comunista prepara uma renovação de 70% da cúpula
partidária que governa o país há 62 anos.

Casa Branca
A disputa pela Casa Branca já começou e será acirrada. O processo
eleitoral nos Estados Unidos é complexo (começa um ano antes das
eleições) e polarizado entre dois partidos, o Democrata e o
Republicano.
Neste ano, dois fatores tornam a escolha imprevisível. De um lado, os
índices de aprovação de Barack Obama têm oscilado, gerando
incertezas quando ao voto de confiança do eleitorado americano para
mais um mandato.

Quando foi eleito, há três anos, havia muitas expectativas quanto às


mudanças de rumo do país, sobretudo na área econômica, afetada
por gastos militares com duas guerras no Iraque e no Afeganistão. A
estagnação econômica e a falta de soluções em curto prazo abalaram
a reputação do democrata.

Já os republicanos (segundo fator) não possuem, ainda, um nome


forte para concorrer à Presidência. Na primeira prévia, realizada no
Estado de Iowa em 3 de janeiro, dois pré-candidatos saíram como os
mais cotados para concorrer ao cargo: Mitt Romney, ex-governador
de Massachusetts, e Rick Santorum, ex-senador pelo Estado da
Pensilvânia.

Em agosto, o Partido Republicano indicará o candidato de oposição e


os democratas devem confirmar a candidatura de Obama. A eleição
será em 6 de novembro. Além de presidente, os americanos
escolherão senadores e deputados federais (Câmara dos
Representantes).

Direita
A política também deve dominar Paris, onde, em meio à crise dos
débitos na Europa, os franceses elegerão presidente e representantes
da Assembleia Nacional. As eleições presidenciais acontecem em 22
de abril e 6 de maio, e as Legislativas, em 10 e 17 de junho.

Sarkozy foi eleito em 2007 pelo partido União por um Movimento


Popular (UMP), de centro-direita, após derrotar os socialistas. O
cenário político começou a mudar em setembro do ano passado,
quando o governo perdeu a maioria no Legislativo. Foi a primeira vez,
desde 1958, que a esquerda francesa conseguiu 175 das 348
cadeiras do Senado.

Em outubro, o socialista François Hollande foi escolhido candidato


pela oposição, após a candidatura de Dominique Strauss-Kahn ter
desmoronado em razão do escândalo sexual envolvendo o ex-diretor
do FMI.

Desde então, as pesquisas de opinião têm dado vantagem a


Hollande, apesar de a diferença ter diminuído nos últimos meses. O
maior inimigo de Sarkozy nas urnas, entretanto, é a crise na
Eurozona, que já derrubou nove governantes.
Outro líder que pode estar com os dias contados é Vladimir Putin.
Desde dezembro, o Kremlin é alvo de protestos em razão de
denúncias de fraudes nas eleições parlamentares. O partido de Putin
(Rússia Unida) saiu vitorioso sobre os comunistas, mesmo com o
aumento de cadeiras ocupadas pela oposição na Duma (parlamento
russo).

Há 12 anos no poder, Putin era o favorito para as eleições


presidenciais de 4 de março, quando apenas trocaria de cargo com o
presidente Dmitri Medvedev. Protestos contra a corrupção no governo
podem agora decretar o fim da hegemonia do Rússia Unida.

China
Nada de votos nem debates públicos. Na China, a alternância de poder será consolidada
no 18o Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado entre outubro e novembro
próximos.

Nessa ocasião, o presidente Hu Jintao e primeiro-ministro Wen Jiabao serão substituídos


no comando do partido por, respectivamente, Xi Jinping e Li Keqiang. E, a partir de
maio de 2013, sucedidos também em seus respectivos cargos políticos. Um total de sete
dos nove membros do alto escalão devem ser trocados.

A mudança na cúpula partidária na China é esperada com expectativa pelo Ocidente. O


PC chinês sobreviveu à derrocada do comunismo no final dos anos 1980, adotando a
economia capitalista. Mas, diferente da Rússia, manteve o Estado centralizador, alvo de
constantes críticas por parte das nações democráticas.

Direto ao ponto
Dois mil e doze será um ano eleitoral decisivo para a política mundial. Dos
cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, apenas o
Reino Unido não terá seu líder, o premiê britânico David Cameron, submetido
ao veredicto das urnas. Todos os demais integrantes do conselho, Estados
Unidos, França, Rússia e China, passarão por processos eleitorais.

Nos Estados Unidos, a disputa pela Casa Branca será acirrada. A reeleição de
Barack Obama é ameaçada pela queda nos índices de popularidade entre os
americanos, enquanto os republicanos ainda escolhem o candidato de
oposição.

O presidente francês Nicolas Sarkozy encontra dificuldades semelhantes no


caminho do segundo mandato. Contra ele concorre o socialista François
Hollande, primeiro colocado nas pesquisas de opinião, e o palco conturbado
da crise dos débitos na Zona do Euro.

Na Rússia, os planos de sucessão do premiê Vladimir Putin, há mais de uma


década no poder, são contrariados por protestos contra a corrupção, que se
espalham pelo país desde dezembro. Já na China o 18o Congresso do Partido
Comunista substituirá toda a cúpula do poder e preparará a saída do
presidente Hu Jintao e do premiê Wen Jiabao, em 2013.
CRISE DO EURO
União monetária faz dez anos na Europa
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Há dez anos, em 1o de janeiro de 2002, entrou oficialmente em
circulação o euro, a moeda única corrente em países que compõem a
União Europeia (UE). Na época, o lastro monetário simbolizava a
integração do continente que, no século 20, enfrentou duas guerras
mundiais e uma divisão ideológica que quase provocou uma terceira.
Hoje, porém, o euro é sinônimo de incertezas, numa crise que
ameaça a futuro da segunda maior economia do planeta.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A Eurozona é composta por 17 dos 27 Estados-membros da União


Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia,
Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália,
Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. Na ocasião em que o
euro foi instituído, Dinamarca, Suécia e Reino Unido optaram por não
aderir ao projeto e mantiveram suas moedas locais.

O euro é usado diariamente por 332 milhões de europeus. A moeda


também é a segunda maior reserva monetária internacional e a
segunda maior comercial, atrás somente do dólar americano.

Apesar disso, a Europa enfrenta desde 2009 uma crise de débitos que
ameaça a estabilidade do bloco, obrigando os governos a fazer
reformas impopulares. Em 2012, o desafio dos líderes europeus será
manter todos os países integrantes da Zona do Euro, de modo a
impedir o enfraquecimento da aliança.

Desde 1999, a moeda que passou a ser usada pelos europeus há uma
década já era corrente entre os mercados financeiros. Nesse ano, os
governos aboliram moedas locais como o marco alemão, a lira
italiana, a peseta espanhola e o franco (belga e francês) nas
transações comerciais entre países. O objetivo era unir mais as
nações, em um bloco com maior representação política, e gerar mais
desenvolvimento econômico, pois o sistema monetário integrado
facilitaria o comércio e os negócios entre os países.

Nos primeiros anos, tudo caminhava bem e os europeus estavam


entusiasmados com a novidade. E, mesmo não correspondendo às
projeções mais otimistas, houve crescimento de até 15% na
economia da UE. Outro benefício da adoção da moeda única foi o
controle da inflação, que em média não ultrapassa os 2%. Empresas
também pouparam dinheiro com os custos de transações cambiais –
somente na indústria automobilística, a economia chegaria a 500
milhões de euros por ano.

Grécia
Os problemas começaram com a crise econômica de 2008, que
atingiu o “calcanhar de Aquiles” da Zona do Euro. Em uma década de
moeda única, não houve uma política fiscal comum que regulasse o
mercado, deixando o sistema exposto a especulações de alto risco e
endividamento desmedido dos Estados.

O colapso iniciou-se na Grécia, berço da democracia ocidental. O país


gastou muito além do que seu orçamento permitia em programas
sociais, na folha de pagamento dos servidores públicos, em pensões e
outros benefícios. Para pagar as contas, o Estado adquiriu
empréstimos junto a instituições bancárias.

A dívida pública grega atingiu 124,9% do PIB (Produto Interno


Bruto), mais do que o dobro permitido na Eurozona (60%). O déficit
no orçamento, isto é, a diferença de quanto o país gasta e quanto
arrecada, correspondia a 13,6% do PIB grego em 2009, índice mais
de quatro vezes a porcentagem tolerada de 3%.

A crise atingiu outros países da Zona do Euro, que também estão em


condições fiscais debilitadas, como Irlanda (déficit de 14,3% do PIB),
Espanha (11,2%) e Portugal (9,4%). Os déficits orçamentários
desses governos, que tiveram de socorrer a economia injetando
recursos públicos durante a crise e sofreram queda de receitas, são
os piores desde o período da Segunda Guerra Mundial.

Além disso, a ameaça de anunciarem “calotes” em suas dívidas


causou desconfiança nos mercados. Como consequência, tornou-se
mais difícil para empresas e governos refinanciarem suas dívidas,
aprofundando a recessão no bloco. Em 2010, no auge da crise, o euro
acumulou perdas de 14% perante o dólar.

Os Estados enfrentaram a situação com programas e pacotes de


estímulo ao mercado. Entre as medidas, algumas impopulares, como
aumento dos impostos e corte em programas sociais, que afetaram o
modelo de justiça social do capitalismo europeu.

Política
Atingida no bolso, a população reagiu com protestos em toda a Europa, alguns mais
organizados, como o movimento dos “Indignados” na Espanha. Na esteira da crise,
nove presidentes e primeiros-ministros foram destituídos do cargo, entre eles o premiê
grego George Papandreou e o italiano Silvio Berlusconi.

No plano político, a Europa parece também ter regredido. A insatisfação com a


economia fez também ressurgir partidos de direita e grupos de extrema direita,
aprofundando divisões ideológicas. Ainda que compartilhem moeda, bandeira e
instituições em comum, cisões entre governos mostram que falta unidade política aos
europeus, pondo em risco o plano de integração.

A despeito de todos os problemas, o risco do fim do euro é mínimo, pois os prejuízos


seriam compartilhados por todos. Se a moeda fosse abolida, poderia haver uma
valorização muito grande de moedas nacionais fortes como o marco alemão. Isso
prejudicaria as exportações da Alemanha, gerando desemprego em massa no país.
Mesmo a saída de algum membro, como a Grécia, é algo que se tenta evitar a todo o
custo, pois afetaria a estabilidade do bloco.

Direto ao ponto
Há dez anos, em 1o de janeiro de 2002, entrou oficialmente em circulação o
euro, a moeda única corrente em países que compõem a União Europeia
(UE). O lastro monetário simbolizava a integração do continente que, no
século 20, enfrentou duas guerras mundiais e uma divisão ideológica que
quase provocou uma terceira.

A Eurozona é composta por 17 dos 27 Estados-membros da UE: Alemanha,


Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia,
França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. A
moeda é usada diariamente por 332 milhões de europeus. O euro também é a
segunda maior reserva monetária internacional e a segunda maior comercial,
atrás somente do dólar americano.

A moeda que passou a ser usada pelos europeus, há uma década já era
corrente entre os mercados financeiros desde 1999. Nesse ano, os governos
aboliram moedas locais nas transações comerciais entre países. O objetivo
era unir mais as nações e gerar mais desenvolvimento econômico.

Apesar disso, a Europa enfrenta desde 2009 uma crise de débito que ameaça
a estabilidade do bloco, obrigando os governos a fazerem reformas
impopulares que já derrubaram nove líderes político nos últimos três anos. Em
países como Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, a dívida pública e o déficit
no orçamento ultrapassam em muito os limites estabelecidos para a Eurozona.

RETROSPECTIVA 2011
Os protestos que abalaram o mundo
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Mohamed Bouazizi, 26 anos, era um vendedor ambulante numa
cidadezinha na zona rural de Túnis, capital da Tunísia. Na manhã de
17 de dezembro de 2010, teve a barraca de frutas confiscada pelas
autoridades. Humilhado e sem meios de sustentar a família, ateou
fogo ao próprio corpo em frente à sede do governo. Morreu no
hospital 18 dias depois.

Direto ao ponto: Ficha-resumo


A morte do tunisiano foi o estopim de revoltas que se espalharam no
mundo árabe em 2011 e influenciaram outras revoltas na Europa,
Estados Unidos e América Latina. A chamada “primavera árabe”,
ainda em curso, foi um fato inédito na região. Pela primeira vez na
história, ditadores e dinastias foram depostos do poder pela
população, exasperada com a alta do preço dos alimentos e a falta de
liberdade.

Quatro regimes autoritários chegaram ao fim, na Tunísia, Egito, Líbia


e Iêmen, dando início a processos de transição em países sem
partidos, Constituição ou sequer registros de eleições livres. Na Líbia,
Muamar Kadafi, há 42 anos no poder, teve um final trágico:
capturado por rebeldes em 20 de outubro, foi executado e exibido
como troféu. Em outros países, manifestações têm sido reprimidas
com violência. Na Síria, o governo de Bashar al-Assad teria matado
entre 4 e 5 mil pessoas, reprimindo protestos ainda em curso que
visam a sua deposição.

Protestos de rua também agitaram capitais do continente europeu,


que enfrenta a pior recessão econômica desde o fim da Segunda
Guerra Mundial. Em maio, 58 cidades espanholas foram tomadas por
manifestantes do grupo “Indignados”, às vésperas das eleições
regionais. Nos dias seguintes, o movimento reuniu até 8 milhões de
espanhóis no país e em outras 16 capitais estrangeiras.

Por motivos diversos, Londres foi palco de uma onda de violência que
deixou cinco mortos e mais de 3 mil detidos pela polícia. Tudo
começou em 9 de agosto, quando 120 pessoas marchavam contra a
morte de um rapaz de 29 anos, ocorrida durante uma ação da polícia
londrina. Na madrugada, gangues iniciaram distúrbios que se
estenderam até 10 de agosto por outras cidades do Reino Unido.

Na América Latina, os chilenos foram às ruas para protestar contra o


sistema de ensino. Em 26 de agosto, confrontos entre policiais e
manifestantes causaram a morte de um jovem de 16 anos. Os
sindicatos aderiam ao movimento, até que, em setembro,
conseguiram forçar o governo a negociar as reivindicações dos
grupos estudantis.

Porém, nenhum movimento inspirado na “primavera árabe” foi mais


global que o “Ocupe Wall Street”. Iniciado em Nova York em 17 de
setembro, logo se alastrou pelas principais cidades norte-americanas
e outras metrópoles mundiais (incluindo Brasil). O alvo dos rebeldes
são a especulação financeira e as políticas neoliberais,
responsabilizadas pela crise de 2008.
Sustos nas bolsas
O ano de 2011 foi também aquele em que a população mundial
atingiu a marca de 7 bilhões de habitantes, de acordo com a ONU
(Organização das Nações Unidas). O número representa desafios para
viver nas cidades, que já concentram 70% da população.

China e Índia são os países mais populosos com, respectivamente,


1,35 bilhão e 1,2 bilhão de habitantes, posição que se inverterá até
2025; nesse ano, de acordo com as projeções, estaremos a um
quarto de século dos 9,3 bilhões de habitantes no planeta. E como
será o mundo em 2050?

O olhar sobre 2011 oferece mais incertezas do que respostas. Mesmo


na zona do Euro, com potências econômicas como Alemanha, França
e Reino Unido, o ano foi de abalos na economia e na política.
Ameaçada pela recessão e a crise dos débitos fiscais, a Europa teve
que aprovar pacotes de ajuda a países como a Grécia, que anunciou
um calote de 50% da dívida pública para evitar a moratória. Como
resultado da crise, líderes políticos, entre eles o polêmico premiê
italiano Silvio Berlusconi, perderam o cargo junto com a confiança do
mercado e dos eleitores.

Um dos momentos mais dramáticos aconteceu em 5 de agosto,


quando a agência de classificação de risco S&P rebaixou a nota da
dívida americana para AA+ (fato que não acontecia desde 1917). O
motivo foi a insegurança deixada pela disputa entre os partidos
Democrata e Republicano sobre a elevação do teto da dívida, para
evitar um calote histórico do governo americano.

Contudo, o presidente norte-americano Barack Obama teve uma


importante vitória no ano que lembrou uma década dos ataques do
11 de Setembro. Em 1o de maio, Osama Bin Laden foi morto em uma
operação militar nos arredores de Islamabad, capital paquistanesa. A
guerra contra o terrorismo custou US$ 1,18 trilhão aos cofres
americanos, em gastos militares com duas guerras, no Afeganistão e
no Iraque.

Tsunami
Na Ásia, uma das piores tragédias de 2011 foi o terremoto no Japão,
ocorrido em 11 de março. O tremor de 8.9 de magnitude provocou
um tsunami no Oceano Pacífico que devastou a região noroeste do
país, matando 20 mil pessoas e causando vazamento na usina
nuclear de Fukushima.

Já no continente africano, as tragédias, como é usual, têm causas


humanas. Em 20 de julho, a ONU anunciou crise de fome no Chifre da
África, que inclui Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália e Uganda. A
epidemia de fome afeta 12,5 milhões de pessoas e já é considerada a
pior do século. A situação é mais grave na Somália, onde metade da
população passa fome e 15 crianças morrem por hora.

No Brasil, o primeiro ano do mandato da presidente Dilma Rousseff foi


caracterizado pela queda de sete ministros, em razão de denúncias de irregularidades, e
pelo aumento do prestígio internacional do país, que deve superar o Reino Unido e se
tornar a sexta maior potência econômica do mundo, atrás dos Estados Unidos, China,
Japão, Alemanha e França.

Direto ao ponto
O ano de 2011 foi marcado por manifestações que se espalharam no mundo árabe
e influenciaram outros protestos na Europa, Estados Unidos e América Latina. A
chamada “primavera árabe” derrubou quatro regimes autoritários, na Tunísia, Egito,
Líbia e Iêmen, fato inédito na região.

Na Europa, ocorreram passeatas na Espanha, com o movimento dos “Indignados”,


e protestos violentos em Londres e outras cidades inglesas. O Chile também teve
seus dias de fúria, com o movimento estudantil pedindo reformas no sistema de
educação. Nos Estados Unidos, o “Ocupe Wall Street”, de Nova York, repercutiu por
outras cidades americanas e algumas das principais capitais do mundo.

O ano de 2011 foi também aquele em que a população mundial atingiu a marca de
7 bilhões de habitantes, impondo desafios para viver nas cidades, que concentram
70% da população mundial. Na esfera econômica, a zona do euro foi ameaçada
pela crise dos débitos fiscais, que destituiu líderes mundiais e também levou os
Estados Unidos a terem sua nota da dívida rebaixada.

No ano em que foram lembrados os 10 anos dos ataques do 11 de Setembro,


Osama Bin Laden foi morto em uma operação militar nos arredores de Islamabad,
capital paquistanesa. Na Ásia, 20 mil pessoas morreram no Japão após um
terremoto de 8.9 de magnitude que provocou um tsunami e vazamento na usina
nuclear de Fukushima. No continente africano, a ONU anunciou crise de fome no
Chifre da África, onde, somente na Somália, metade da população passa fome e 15
crianças morrem por hora.

Já o Brasil termina o ano com prestígio no plano internacional – deve ultrapassar o


Reino Unido como a sexta maior potência econômica do mundo, atrás dos Estados
Unidos, China, Japão, Alemanha e França.

KIM JONG-IL
Líder norte-coreano ameaçou o mundo com confronto nuclear
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O ditador norte-coreano Kim Jong-il, morto no dia 17 de dezembro,
transformou seu país em uma potência militar que, nos últimos cinco
anos, ameaçou o planeta com um programa nuclear com fins
militares. A dinastia de Jong-il comanda há meio século a Coreia do
Norte, um dos países mais pobres e fechados do mundo.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O líder comunista morreu de ataque cardíaco enquanto viajava de


trem, próximo à capital Pyongyang. O anúncio foi feito pela TV estatal
na segunda-feira (19), dois dias depois da morte. Ele estava com 69
anos e doente desde 2008, quando o serviço de inteligência norte-
americano informou que havia sofrido um derrame cerebral.

A notícia da morte de Jong-il levou apreensão aos países vizinhos na


Ásia. A Coreia do Norte continua tecnicamente em guerra com a
vizinha Coreia do Sul, quase 60 anos após assinado o armistício
(cessar-fogo).

Por conta do risco de instabilidades na transição de poder, a Coreia


do Sul colocou suas Forças Armadas em estado de alerta máximo, e
afirmou que a vizinha do Norte fez testes com mísseis, logo depois do
comunicado da morte do ditador.

Jong-il comandava há 17 anos a república fundada por seu pai, Kim


Il-sung, após a divisão das Coreias, ao fim da Segunda Guerra
Mundial. Ele era chamado de “querido líder” e cultuado como uma
espécie de divindade por seu povo, com imagens suas espalhadas por
todo o país. Para os ocidentais, era visto como uma figura de
aparência exótica, com óculos escuros enormes e penteados
extravagantes.

O Partido Trabalhista anunciou que o filho mais novo do ditador, Kim


Jong-un, substituiu o pai no cargo. Pouco se sabe sobre o sucessor.
Jong-un estudou na Suíça e estima-se que tenha 28 anos (nasceu em
1983 ou 1984). Ele foi escolhido ano passado para suceder o pai em
2012. A inexperiência política de Jong-un, entretanto, poderá
dificultar a manutenção do regime comunista norte-coreano.

Armas atômicas
A Coreia do Norte possui um PIB de US$ 28 bilhões, menor do que
países africanos e 36 vezes menor do que a Coreia do Sul, de US$ 1,
007 trilhões. Apesar disso, possui o quarto maior exército do mundo,
com 1,1 milhão de soldados na ativa (ou 20% da população
masculina com idade entre 17 e 54 anos). O número só é menor que
os efetivos dos exércitos da China (2,3 milhões), Estados Unidos (1,5
milhões) e Índia (1,3 milhões).

O Estado norte-coreano conta ainda com armas nucleares – entre 2 e


9 – e mísseis de médio alcance, que permitem atingir países vizinhos
como Coreia do Sul e Japão.
A militarização da Coreia do Norte começou após a Guerra Fria. Ao
fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão desocupou a Coreia, que foi
dividia em dois países: a do Sul ficou sob o controle dos Estados
Unidos, enquanto a do Norte foi ocupada pela antiga União Soviética.

Entre 1950 e 1953, as duas Coreias travaram guerra. Os confrontos


foram suspensos por um cessar-fogo que dura até hoje, sem que um
acordo de paz fosse assinado.

Com o fim da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas


no Leste Europeu, a Coreia do Norte sofreu abalos econômicos. Sem
os antigos parceiros comerciais, mergulhou num período de escassez
de alimentos que, aliado aos desastres naturais, teria causado a
morte de cerca de dois milhões de norte-coreanos nos anos de 1990.

Mesmo assim, Jong-il aplicou a maior parte dos recursos econômicos


na área militar, e passou a chantagear países ocidentais com um
programa atômico. Em 2006 e 2009, Pyongyang realizou dois testes
com armas nucleares, violando a resolução 1.718 do Conselho de
Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Desde então, a ONU
vem pressionado o país comunista para que suspenda os testes e abandone o programa.

Direto ao ponto
O líder norte-coreano Kim Jong-il morreu no dia 17 de dezembro de ataque
cardíaco. No comando há 17 anos de um dos regimes mais fechados do mundo,
Jong-il ameaçou o Ocidente com testes de artefatos nucleares, principalmente a
vizinha Coreia do Sul.

A morte do ditador foi anunciada dois dias depois pela TV estatal. Ele estava com
69 anos e doente desde 2008, quando sofreu um derrame cerebral. Jong-il era
chamado de “querido líder” e cultuado como uma espécie de divindade por seu
povo. Ele foi substituído no cargo por seu filho mais novo, Kim Jong-un, que tem
menos de 30 anos de idade e pouca experiência política.

A Coreia do Norte é um dos países mais pobres e isolados do mundo. Apesar


disso, possui o quarto maior exército, com 1,1 milhão de soldados na ativa, e
armas nucleares. O país continua tecnicamente em guerra com a vizinha Coreia
do Sul, quase 60 anos após o cessar-fogo.

Em 2006 e 2009, o governo norte-coreano realizou dois testes com armas


nucleares, violando tratados da ONU (Organização das Nações Unidas). Desde
então, vem sendo pressionado para que suspenda os testes e abandone o
programa.

RÚSSIA
Suspeita de fraude eleitoral motiva protestos
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Atualizado em 16/01/2012, às 12h49.
Denúncias de fraudes em eleições parlamentares provocaram a maior
onda de protestos na Rússia contra o governo desde o fim do regime
comunista em 1991. As manifestações reuniram milhares de pessoas
em Moscou, capital, e outras dezenas de cidades russas.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

As eleições para o Parlamento, ocorridas dia 4 de dezembro,


terminaram com a vitória do partido do primeiro-ministro Vladimir
Putin. O partido governista, Rússia Unida, obteve 49% dos votos
contra o Partido Comunista, que ficou em 19%.

Apesar de ter encolhido – passando de 64%, nas últimas eleições,


para 49% – a legenda de situação manteve a maioria, obtendo 238
das 450 cadeiras da Duma (parlamento russo). Por outro lado,
cresceu a representatividade da oposição, formada por comunistas,
nacionalistas e social-democratas.

As acusações de fraude foram feitas por observadores internacionais


da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e
a PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa). Na Rússia,
o grupo Golos apontou o registro de 5,3 mil irregularidades.

O Golos é o único grupo independente que monitora as eleições


russas. Ele é mantido com fundos vindo dos Estados Unidos e da
Europa. Depois de ter denunciado irregularidades nas urnas, o site do
grupo sofreu ataque de hackers.

Nas eleições parlamentares anteriores, de 2007, nas quais Putin


também saiu vitorioso, aconteceram as mesmas acusações de
fraudes. Mas, neste ano, pela primeira vez o Kremlin foi alvo da
insatisfação dos eleitores.

Após a votação, os protestos tomaram conta da capital e outras


cidades por três dias seguidos. Centenas de pessoas foram presas em
manifestações em Moscou e São Petersburgo, as maiores cidades
russas. Apesar das autoridades terem liberado locais para protestos,
mediante negociações com líderes de oposição, houve confrontos com
a polícia.

Manifestantes usaram a internet, celulares e redes sociais para


disseminar informações sobre supostas irregularidades na votação.
Isso foi possível devido ao maior contingente de russos com acesso a
novas tecnologias.
Até mesmo o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev pediu que as
eleições fossem anuladas. O governo, contudo, descartou qualquer
anulação dos resultados e sustentou a legitimidade do pleito.

A situação teve repercussão internacional e esfriou ainda mais as


relações entre Rússia e Estados Unidos. Putin acusou o governo
americano de incentivar a oposição, em razão de a secretária de
Estado americana, Hillary Clinton, ter manifestado reservas quanto
aos resultados da votação.

Autoritário
Putin está há 12 anos no poder na Rússia. Ele foi presidente entre
2000 e 2008 e depois primeiro-ministro, cargo que ocupa
atualmente. O premiê é favorito para a eleição presidencial em março
do próximo ano. As manifestações, no entanto, podem mudar esse
quadro.

A Rússia é o maior país do mundo em área, o nono mais populoso


(142 milhões de habitantes) e a nona economia do planeta. Por 74
anos, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) foi uma
superpotência militar e modelo de Estado comunista.

Reformas políticas e econômicas derrubaram o regime comunista em


1991. Seguiu-se uma crise econômica que, nos anos 1990, causou a
contração do PIB (Produto Interno Bruto) em 40%.

A partir de 1998, por uma década, a alta do preço do petróleo


impulsionou um período de crescimento econômico – o PIB registrou
aumento de 185%, uma média anual de 7,3%. Por isso, o país foi
incluído no Brics, grupo das economias em desenvolvimento, que
inclui Brasil, Índia, China e África do Sul. Em 2008, a crise econômica
mundial derrubou as exportações e trouxe um período de recessão.

No plano político, a Rússia não abandonou por completo o Estado


autoritário dos tempos de Stalin. A despeito de ter adotado a democracia e o
regime semipresidencialista, abolindo o domínio do Partido Comunista, o partido
Rússia Unida, do premiê Putin e do presidente Dmitri Medvedev, dominam a cena
política.

Putin (ex-oficial da KGB, o serviço secreto russo), é acusado de perseguir inimigos


políticos; reprimir com violência os separatistas da Chechênia; atos de corrupção; e
censura velada aos meios de comunicação do país, por meio do controle estatal dos
canais de TV.

Os bons rumos da economia russa fizeram Putin desfrutar da aprovação de 78% do


eleitorado, o que garantiu sua reeleição presidencial. Ao término do mandato, foi
empossado premiê pelo presidente Medvedev, e apontado como seu sucessor.
Se Putin for eleito presidente em 2012, Medvedev deverá ser empossado primeiro-
ministro, invertendo as posições atuais dos políticos e garantindo, assim, a permanência
do mesmo grupo no poder. Mas agora os planos de Putin enfrentam obstáculos com a
oposição, que prometeu continuar os protestos da “primavera russa”.

Direto ao ponto
Denúncias de fraudes em eleições parlamentares provocaram a maior
onda de protestos na Rússia contra o governo desde o fim do regime
comunista em 1991. Pela primeira vez, o premiê Vladimir Putin, há 12 anos
no poder, enfrenta oposição do povo russo, contrariando seus planos de se
eleger presidente em 2012.

As eleições para o Parlamento, ocorridas dia 4 de dezembro, terminaram


com a vitória do partido governista, Rússia Unida. A legenda obteve 49%
dos votos contra o Partido Comunista, que ficou em 19%. As denúncias de
irregularidades partiram de observadores independentes e foram negadas
pelo governo, que manteve o resultado do pleito.

As manifestações reuniram milhares de pessoas em Moscou, capital russa,


e outras dezenas de cidades. Os russos usaram celulares, internet e redes
sociais para se mobilizarem. Contribuiu para a insatisfação do povo com a
política a crise econômica, que encerrou um período de uma década de
crescimento e levou o país a ser incluído no grupo dos países em
desenvolvimento, o Brics.

10 ANOS DE BRICS
A força dos emergentes
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric
para se referir a quatro países de economias em desenvolvimento –
Brasil, Rússia, Índia e China – que desempenhariam, nos próximos
anos, um papel central na geopolítica e nos negócios internacionais.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O acrônimo ganhou uso corrente entre economistas e se tornou um


dos maiores símbolos da nova economia globalizada. Neste quadro,
os países emergentes ganharam maior projeção política e econômica,
desafiando a hegemonia do grupo de nações industrializadas, o G7
(formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França,
Alemanha, Itália e Japão).

Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam


conferências anuais. Em abril do ano passado, a África do Sul foi
admitida no grupo, adicionando-se um “s” ao acrônimo, que passou a
ser Brics.

No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos


últimos dez anos, os países do Bric apresentaram crescimento além
da média mundial. Estima-se que, em 2015, o PIB (Produto Interno
Bruto) do Brics corresponda a 22% do PIB mundial; e que, em 2027,
ultrapasse as economias do G7.

A China é o “gigante” do grupo. A abertura da economia chinesa,


mediante um conjunto de reformas, tornou o país a segunda maior
economia do planeta, atrás somente dos Estados Unidos e
ultrapassando Japão e países da Europa.

A economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro


que compõem o grupo. O PIB chinês, em 2010, foi de US$ 5,8
trilhões, superior aos US$ 5,5 da soma de todas as outras – Brasil
(US$ 2 trilhões), Rússia (US$ 1,5), Índia (US$ 1,6) e África do Sul
(US$ 364 bilhões).

Mas os chineses enfrentam hoje desafios em áreas como meio


ambiente e política, alvos da pressão internacional.

Brasil
A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional
positiva, que dificilmente seria alcançada de outro modo e em um
curto período. Como resultado, o país tem hoje representação nas
principais cúpulas internacionais, como o Conselho de Segurança da
ONU (Organização das Nações Unidas) e o G20.

O Brasil entrou no grupo em razão do crescimento econômico,


ocorrido principalmente a partir de 2005. Esse crescimento foi
possível por causa do controle da inflação, com a implantação do
Plano Real, em 1994, e o aumento das exportações para países como
China, principal parceiro comercial, a partir de 2001.

Com a estabilidade econômica, veio a confiança do mercado e o


aumento do crédito para empresas e consumidores. O setor privado
contratou mais gente, gerando mais empregos, e houve aumento de
salários, fazendo que, entre 2005 e 2006, 30 milhões de brasileiros
migrassem das classes D e E para a C, a classe média. Contribuíam
também, para isso, programas sociais como o Bolsa Família. Assim,
mais pessoas passaram a consumir, aquecendo o mercado de varejo.

Desigualdade
Os programas do governo Lula também tiveram reflexos no âmbito da justiça social. Na
última década e meia, o país foi o único entre os Brics a reduzir a desigualdade, de
acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Porém, mesmo assim, a distância entre ricos e pobres no Brasil ainda é a maior entre os
países emergentes.

A desigualdade é medida pelo índice Gini, que caiu de 0,61 para 0,55 entre 1993 e 2008
(quanto menor o valor, melhor o índice). Nos demais países do Brics, houve aumento.
Mesmo assim, o Gini do Brasil é o maior entre eles e o dobro da média dos países ricos:
no Brasil, 10% dos mais ricos ganham 50 vezes mais do que os 10% mais pobres.

Outro desafio para o país é fazer ajustes na política econômica. A divulgação do


resultado do PIB do terceiro trimestre deste ano, que registrou uma variação zero em
relação ao trimestre anterior, apontou a desaceleração da economia. Para sair da
estagnação, o governo terá que fazer reformas, inclusive no sistema de tributação, para
estimular o investimento por parte do setor privado.

Direto ao ponto
Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric para se
referir a quatro países de economias em desenvolvimento: Brasil, Rússia, Índia
e China. O acrônimo se tornou um dos maiores símbolos da nova economia
globalizada e, nos últimos anos, os países emergentes ganharam projeção
política, desafiando a hegemonia dos Estados Unidos e das nações
industrializadas.

Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam conferências


anuais. Em abril do ano passado, a África do Sul foi admitida no grupo,
adicionando-se um “s” ao acrônimo, que passou a ser Brics.

No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos últimos dez
anos, os países integrantes do Brics apresentaram crescimentos além da média
mundial. A China se tornou o país com a segunda maior economia do planeta. A
economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro que
compõem o grupo.

A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional positiva. Como


resultado, o país tem representação nas principais cúpulas internacionais, como
o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e o G20.
A inclusão se deve à estabilidade econômica e à redução da desigualdade
social, resultados do Plano Real, de 1994, e de programas sociais do governo
Lula.

PRIMAVERA ÁRABE
Egípcios vão às urnas, mas repressão continua na Síria
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Quase um ano após o início dos protestos no Oriente Médio, o Egito
realiza as primeiras eleições livres de sua história. Porém, enquanto
os egípcios dão o primeiro passo rumo à democracia, as revoltas
continuam em países como a Síria, onde a repressão fez milhares de
vítimas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Direto ao ponto: Ficha-resumo


Até agora, a “primavera árabe” derrubou três ditadores, na Tunísia,
no Egito e na Líbia. Em outros países, como Jordânia, Bahrein, Iêmen
e Síria, manifestações populares levaram ao anúncio de reformas ou
violentas reações do Estado.

Nações árabes, tradicionalmente, são governadas por monarquias


absolutistas, ditaduras militares ou teocracias, que controlam
algumas das maiores reservas de petróleo do planeta. Os protestos
pró-democracia se espalharam pelo Norte da África e Oriente Médio,
em razão da alta do preço dos alimentos, do desemprego e da
insatisfação de uma geração jovem com a falta de liberdade.

A primeira queda de um ditador aconteceu na Tunísia, em 14 de


janeiro. O presidente Zine El Abidine Ben Ali renunciou depois de 23
anos no cargo. Em 23 de outubro foi eleita a Assembleia Nacional
Constituinte, na primeira eleição livre ocorrida no país.

Na Líbia, Muammar Gaddafi foi expulso do Palácio por forças rebeldes


em agosto, ao final de seis meses de guerra civil. Dois meses mais
tarde, foi capturado e morto pelos revoltosos. Entre os líderes árabes,
era o que estava há mais tempo no poder – 41 anos.

O Conselho Nacional de Transição (CNT), que assumiu o controle da


Líbia, prometeu realizar eleições no prazo de oito meses.

Egito
No Egito, mais influente e populoso país árabe (82 milhões de
habitantes), o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de
fevereiro, encerrando três décadas de ditadura. Mesmo assim, os
protestos recomeçaram em 19 de novembro, desta vez contra a junta
militar que constituiu o governo provisório. Os manifestantes exigem
a transição para um governo civil.

Na tentativa de conter os levantes, que já mataram 42 pessoas nas


últimas semanas, as eleições parlamentares foram antecipadas. A
votação começou em 28 de novembro e o processo terminará em 11
de janeiro.

Serão eleitos 498 deputados para a Assembleia do Povo ou Câmara


Baixa do Parlamento. Um terço dos cargos será preenchido pelos
candidatos mais votados, e o restante, eleito pelo sistema
proporcional (por exemplo, se um partido tiver 10% dos votos, terá
direito a ocupar 10% das cadeiras).

A despeito da precariedade política – os partidos de oposição eram


proibidos durante a ditadura – a população compareceu às urnas para
escolher entre 10 mil candidatos e 40 partidos diferentes. Dados
preliminares apontam vitória da Irmandade Muçulmana, do recém-
fundado Partido Liberdade e Justiça (PLJ).

Se isso se confirmar, grupos fundamentalistas islâmicos, que


venceram também as eleições na Tunísia e no Marrocos, serão a
principal força no cenário político pós-ditatorial no Oriente. O sucesso
eleitoral desses partidos religiosos preocupa sobretudo Israel, devido
ao seu conflito histórico com o mundo islâmico.

Massacre
Em outros países, revoltas e reformas estão em curso. O caso mais dramático ocorre na
Síria, onde a repressão do governo de Bashar al-Assad (há 11 anos na Presidência)
estaria promovendo o maior massacre contra opositores do regime desde o começo da
“primavera árabe”.

Segundo um relatório da ONU, divulgado no dia 28 de novembro, 3,5 mil pessoas


foram assassinadas, incluindo 256 crianças, e mais de 20 mil foram presas. A violência
afetaria 3 milhões de pessoas na Síria, que possui 22,5 milhões de habitantes.

O governo estaria impedindo a população de fugir do país, colocando minas terrestres e


soldados armados nas fronteiras. O relatório conclui que a Síria cometeu crimes contra a
humanidade durante a repressão aos manifestantes, desde março deste ano.

No começo do mês, o governo sírio firmou um acordo com a Liga Árabe para o término
da repressão, a libertação de presos políticos e a promoção de reformas políticas. As
medidas, contudo, não entraram em vigor, e aumentaram a pressão internacional e as
sanções contra o governo de al-Assad.

No Iêmen, uma das nações mais pobres do mundo árabe, o ditador Ali Abdullah Saleh
assinou um acordo, em 23 de novembro, que prevê sua renúncia e eleições livres. Saleh,
que escapou ferido de um atentado em junho, governa há 33 anos.

A pressão popular também resultou em reformas na Jordânia, anunciadas pelo rei


Abdullah 2º. Já no Bahrein, o rei sunita Hamad al Khalifa resiste com violência aos
opositores da monarquia.

Direto ao ponto
Há quase um ano, protestos se espalharam por países do Norte da África e do
Oriente Médio, governados por monarquias e ditaduras. Os manifestantes
pedem reformas políticas e a renúncia de tiranos que detêm o poder há
décadas.

Desde então, três ditadores deixaram o cargo, na Tunísia, no Egito e na Líbia.


Em outros países, os protestos continuam, levando os governos a promoverem
reformas ou reprimirem a população com violência, como acontece na Síria.

No Egito, uma junta militar sucedeu o presidente Hosni Mubarak após sua
renúncia, em 11 de fevereiro. Para conter novos protestos, os militares
convocaram eleições parlamentares para 28 de novembro. Pesquisas indicam a
vitória da Irmandade Muçulmana, do recém-fundado Partido Liberdade e Justiça
(PLJ), confirmando uma tendência nos países árabes pós-ditaduras.

Na Síria, por outro lado, o governo de Bashar al-Assad comanda a repressão


mais violenta na região. Segundo um relatório da ONU, 3,5 mil pessoas foram
assassinadas pelo regime, incluindo 256 crianças, e mais de 20 mil foram
presas.

PRÉ-SAL
Vazamento no Rio revela despreparo de autoridades
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O vazamento de milhares de litros de petróleo na Bacia de Campos,
no Rio de Janeiro, evidenciou o quanto o governo brasileiro está
despreparado para lidar com acidentes dessa natureza.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O acidente aconteceu no Campo do Frade, localizado a 120 km do


litoral fluminense, no dia 8 de novembro. Ainda não se sabe ao certo
a extensão do desastre e nem o impacto à biodiversidade marinha e
à pesca na região.

A multinacional Chevron do Brasil, que explora o campo, assumiu a


responsabilidade pelo derramamento de óleo. No dia 23 de
novembro, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) determinou a
suspensão das atividades da empresa no país até que sejam
explicadas as causas e identificados os responsáveis pelo acidente.

A ANP também negou o pedido de abertura de um novo poço no


Campo do Frade, que teria como objetivo atingir a camada pré-sal. A
empresa americana explora 12 poços na Bacia de Campos e produz
79 mil barris diários.

A Chevron já recebeu multas de R$ 50 milhões e de R$ 100 milhões,


aplicadas, respectivamente, pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pela ANP. O Estado
do Rio de Janeiro também entrou com uma ação civil pública para
pedir indenizações de R$ 100 milhões.

Especialistas, no entanto, acham baixos os valores das multas: para


as empresas, dizem, é mais barato correr o risco de poluir o
ambiente do que investir em equipamentos caros de prevenção.

Para se ter uma ideia, o valor da multa do Ibama representa menos


de 1% do plano de investimento de US$ 5 bilhões da Chevron no
país, no prazo de dez anos.

O desastre aconteceu durante a perfuração de um poço de petróleo


no fundo do mar. Segundo a petroleira, o derramamento durou
quatro dias ? o poço começou a ser fechado dia 13 ?, e o óleo que
continua vazando é ?residual? (20 barris de petróleo por dia).

A mancha de óleo se estendeu por uma área de 163 quilômetros


quadrados, o equivalente a 16,3 mil campos de futebol. No último dia
22, a ANP informou que a mancha havia sido reduzida a dois
quilômetros quadrados.

O volume vazado seria o correspondente a 2,4 mil barris (381,6 mil


litros), de acordo com a Chevron. Dezenas de espécies de baleias,
golfinhos e pequenos cetáceos que usam a Bacia de Campos como
rota de migração podem ser afetados pelo óleo.

Em janeiro de 2000, 1,3 milhão de litros de óleo vazaram na


Refinaria Duque de Caxias, da Petrobras, na Baía de Guanabara. Em
julho do mesmo ano, outros 4 milhões de litros de óleo cru foram
derramados da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária
(PR).

Despreparo
A Bacia de Campos possui as maiores reservas de petróleo do Brasil e responde por
80% de toda a produção nacional do minério. Há quatro anos foi anunciada as
descoberta de uma imensa reserva na camada pré-sal, o que tornaria o Brasil um dos
principais produtores e exportadores mundiais de petróleo e derivados.

Há hoje 140 plataformas marítimas em atividades nas bacias de Campos, Santos e


Espírito Santo, a maioria pertencente à Petrobras.

O vazamento no Campo do Frade serviu de alerta para a falta de fiscalização e de


preparo do Estado em prevenir e conter desastres ambientais provocados por
derramamento de óleo, na exploração de petróleo na camada pré-sal.

Como o pré-sal fica distante da costa, medidas de segurança envolvem custos mais altos
e complexa logística na sua adoção.

No ano passado, após o desastre ocorrido no Golfo do México, um dos maiores


vazamentos do mundo, o governo brasileiro se comprometeu em criar um Plano
Nacional de Contingência para Derramamento de Óleo.

O objetivo do plano seria preparar uma estratégia de contenção de vazamentos de


grandes proporções, evitando a degradação ambiental, contaminação da fauna e da flora
marinhas e prejuízos à pesca e turismo. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente,
o projeto está em fase de conclusão e será enviado ao Congresso para ser votado.

Direto ao ponto
O vazamento de milhares de litros de petróleo na Bacia de Campos, no Rio de
Janeiro, evidenciou o quanto o governo brasileiro está despreparado para lidar
com acidentes dessa natureza. Ainda não há um plano nacional para prevenir
ou conter desastres ambientais provocados por derramamento de óleo na
exploração da camada pré-sal.

O acidente aconteceu no Campo do Frade, localizado a 120 km do litoral


fluminense, no dia 8 de novembro. Ainda não se sabe ao certo a extensão do
desastre e nem o impacto à biodiversidade marinha e à pesca na região.

A mancha de óleo se estendeu por uma área de 163 quilômetros quadrados, o


equivalente a 16,3 mil campos de futebol. O volume vazado seria o
correspondente a 2,4 mil barris (381,6 mil litros). A multinacional Chevron do
Brasil, que explora o campo, assumiu a responsabilidade pelo derramamento
de óleo. No dia 23 de novembro, a ANP (Agência Nacional do Petróleo)
determinou a suspensão das atividades da empresa no país até que sejam
explicadas as causas e identificados os responsáveis pelo acidente. O valor
das multas aplicadas à petroleira pode chegar a R$ 250 milhões.

REVOLTA NA USP
Protestos vão além da questão da segurança
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Setenta e dois estudantes foram detidos no último dia 8 de novembro
durante a desocupação da reitoria da USP (Universidade de São
Paulo), a mais prestigiada universidade do país, realizada pela Tropa
de Choque da Polícia Militar.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Eles foram liberados após o pagamento de fiança e podem responder


a crimes de desobediência à ordem judicial (em razão de não terem
respeitado o prazo dado pela Justiça para desocuparem o imóvel), e
dano ao patrimônio público.

Foi o episódio mais dramático de uma crise política na universidade,


motivada por um convênio firmado entre a USP e a PM para
aumentar a segurança na Cidade Universitária, situada no bairro
Butantã, zona oeste de São Paulo.

Os alunos ocupavam o prédio desde o dia 2 de novembro, em


protesto contra a presença da PM no campus e processos
administrativos envolvendo funcionários e estudantes da instituição.
Segundo os manifestantes, os processos teriam o objetivo de
intimidar o movimento estudantil.

A USP é a maior universidade pública do Brasil, com


aproximadamente 75 mil estudantes matriculados, e é considerada a
melhor da América Latina. O exame de admissão é o maior e um dos
mais concorridos do país.

O estopim das manifestações foi um conflito entre estudantes e


policiais ocorrido em 27 de outubro, após a detenção de três alunos,
por posse de maconha, no estacionamento da faculdade de História e
Geografia. Viaturas policiais foram depredadas e os policiais reagiram
lançando bombas de gás lacrimogêneo.

No dia seguinte, estudantes invadiram um prédio administrativo da


FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e, uma
semana depois, ocuparam a reitoria.

A segurança da universidade era feita por empresas privadas


contratadas pela USP. Em 8 de setembro, porém, o governador
Geraldo Alckmin (PSDB) e o reitor João Grandino Rodas assinaram
um convênio com a PM para assegurar a presença mais frequente de
rondas policiais.

A medida foi adotada depois do assassinato do estudante Felipe


Ramos de Paiva, 24 anos, no estacionamento da FEA (Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade), durante uma tentativa de
roubo.

Cidades universitárias são espaços públicos onde circulam milhares


de pessoas, não somente estudantes e funcionários. O problema na
USP é que a falta de iluminação, a presença de bosques e a longa
distância entre os prédios prejudicam a segurança.

Interesses políticos
Parte dos estudantes é contrária à presença da Polícia Militar na Cidade Universitária
por acreditarem que a policia coíbe manifestações e contraria o princípio de autonomia
da universidade. Confrontos entre policiais e estudantes aconteceram em outras
ocasiões, em 2007 e 2009.

O DCE (Diretório Central dos Estudantes) defende que a segurança fique a cargo da
Guarda do Campus. Uma pesquisa recente feita pelo Datafolha, entretanto, apontou que
58% dos alunos são favoráveis à presença da PM.

Já a reitoria alega que os manifestantes, que representam uma minoria dos estudantes da
USP, são manipulados por partidos políticos de esquerda e sindicatos. De fato, os jovens
são ligados ou influenciados por partidos como o PSOL e o PSTU e a central sindical
CSP-Comlutas, à qual o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) é filiado.

A insatisfação dos alunos, porém, vai além das questões de segurança. Eles reivindicam
eleições diretas para a reitoria (o que depende da mudança do estatuto). Atualmente, o
reitor é indicado pelo governador de São Paulo a partir de uma lista de três nomes de
professores titulares escolhida pelo Conselho Universitário.
Após a detenção dos manifestantes, alunos das faculdades de Comunicação e Artes
(ECA) e Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP entraram em greve. Houve também
passeatas dentro do campus e nas ruas do centro de São Paulo. Entre os dias 22 e 24 de
novembro acontecem eleições do DCE da USP, que deve decidir o futuro do
movimento.

Direto ao ponto
Setenta e dois estudantes foram detidos no último dia 8 de novembro durante
a desocupação da reitoria da USP (Universidade de São Paulo), a mais
prestigiada universidade do país, realizada pela Tropa de Choque da Polícia
Militar.

Foi o episódio mais dramático de uma crise política na universidade, motivada


por um convênio firmado entre a USP e a PM para aumentar a segurança na
Cidade Universitária, situada no bairro Butantã, zona oeste de São Paulo.

A reitoria e o governo do Estado firmaram um convênio com a PM para


intensificar as rondas na Cidade Universitária depois que um aluno foi morto
durante uma tentativa de assalto em outubro. Os manifestantes alegam que a
presença da PM inibe protestos e fere a autonomia universitária. Um total de
58% dos estudantes apoia a iniciativa.

O movimento estudantil da USP, contudo, tem motivações políticas. Os


estudantes reivindicam eleições diretas para a escolha do reitor, que hoje é
indicado pelo governador do Estado a partir de uma lista tríplice. Os
manifestantes também são ligados a partidos de esquerda e sindicatos.

DEMOGRAFIA
Os desafios de um planeta com 7 bilhões de pessoas
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A população mundial atingiu os 7 bilhões de habitantes no dia 31 de
outubro, segundo estimativas da ONU (Organização das Nações
Unidas). O ritmo acelerado de crescimento populacional impõe
desafios para garantir uma convivência mais equilibrada nos centros
urbanos, nas próximas décadas.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Durante séculos, o número de pessoas na Terra aumentou muito


pouco. A marca de 1 bilhão de habitantes foi alcançada em 1800. A
partir dos anos 1950, porém, melhorias nas condições de vida em
regiões mais pobres provocaram uma rápida expansão. Em apenas
meio século, a população mais do que dobrou de tamanho, chegando
a 6 bilhões em 2000.

As projeções indicam que, em 2050, serão 9,3 bilhões de habitantes


no planeta, índice que atingirá os 10 bilhões até o final do século,
antes de estabilizar. O aumento ocorrerá principalmente em países
africanos que registram altas taxas de fertilidade.

A China é hoje o país mais populoso do mundo, com 1,35 bilhão de


pessoas, seguida da Índia, com 1,24 bilhão. Mas, segundo a ONU, em
2025 a Índia terá 1,46 bilhão de habitantes, ultrapassando os
estimados 1,39 bilhão de chineses nesta data.

O problema não é acomodar tanta gente: há espaço de sobra. As


questões envolvem o balanço entre população idosa e jovem, uso de
recursos naturais, fluxo migratório e desenvolvimento sustentável em
zonas urbanas, que concentrarão 70% da população mundial.

Em 2008, pela primeira vez na historia, havia mais gente morando


em cidades que no campo. Em 1975, havia três megacidades
(aglomerados urbanos com mais de 10 milhões de pessoas) no
mundo: Nova York, Tóquio e Cidade do México. Hoje, são 21, entre
elas São Paulo e Rio de Janeiro. Essas cidades demandam soluções
para problemas como trânsito, violência, saneamento básico e
desemprego.

O aumento populacional cria também disparidades sociais. Nos países


mais pobres, como no continente africano, as altas taxas de
fecundidade e o crescimento da população mais jovem dificultam o
desenvolvimento. Não há emprego para todos e nem acesso à
educação de qualidade.

Já em nações ricas, como o Japão e países europeus, o problema é o


envelhecimento do povo. O maior número de pessoas idosas reduz a
força de trabalho e sobrecarrega os sistemas previdenciários,
onerando o Estado.

Por isso, governos usam estratégias opostas: campanhas de controle


da natalidade no primeiro caso, como prevenção de gravidez na
adolescência, e estímulo econômico às mulheres para que tenham
mais filhos, no segundo.

Em geral, as taxas de fecundidade (número médio de filhos por


mulher) caíram de 6 filhos para cada mulher para 2,5, desde os anos
1970. As causas foram os avanços sociais e econômicos, que
permitiram às mulheres acesso à educação, trabalho e métodos
contraceptivos.

Mas, ao mesmo tempo, a expectativa de vida passou de 48 anos, no


início da década de 1950, para 68 anos na primeira década do século.
E a mortalidade infantil, que era de 133 mortes para cada 1 mil
nascimentos, na década de 1950, caiu para 46 mortes em cada 1 mil,
no período entre 2005-2010.

Jovens com menos de 25 anos compõem 43% da população mundial.


Eles representam uma importante mão de obra para estimular
economias, sobretudo aquelas em crise; mas, para isso, precisam ter
educação, saúde e emprego.

Brasil
No Brasil, há uma tendência para o envelhecimento da população,
que é hoje de 192 milhões de habitantes. Em 1960, cada mulher
tinha uma média de 6 filhos, taxa reduzida para 2,4 no começo deste
século.

Na última década, projeções apontam uma tendência de queda para


índices entre 1,8 e 1,9, abaixo da taxa de reposição de 2,1 filhos. São
taxas de fecundidade próxima a países como Alemanha, Espanha,
Itália, Japão e Rússia.

O aspecto positivo é que isso contribui para a diminuição da pobreza, pois o Estado tem
menos crianças para assistir e há mais mulheres no mercado de trabalho. Contudo, nesse
ritmo, o país terá que lidar em breve com gastos causados pelo envelhecimento
populacional. Estima-se que, em 2100, os idosos com mais de 80 anos serão 13,3% da
população brasileira, superando a parcela de pessoas economicamente ativas.

Enquanto isso, o país aproveita uma característica demográfica que favorece o


crescimento econômico: há um número maior de adultos, ou seja, de pessoas em idade
produtiva que não dependem do Estado. É o chamado “bônus demográfico”, que dura
um tempo determinado e deve ser aproveitado.

Por esta razão, especialistas afirmam que agora é o momento de pensar políticas
públicas para lidar com o envelhecimento dos brasileiros. Outro ponto importante é o
planejamento urbano. O Brasil, com 85% pessoas vivendo nas cidades, é um dos países
mais urbanizados do mundo, e, com mais gente vivendo nas cidades, há mais demanda
por habitação, saneamento e transporte público, postos de trabalho, saúde e educação.

Direto ao ponto
A população mundial atingiu os 7 bilhões de habitantes no dia 31 de outubro,
segundo estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas). A China é hoje
o país mais populoso do mundo, com 1,35 bilhão de pessoas, seguida da Índia,
com 1,24 bilhão.

As projeções indicam que, em 2050, serão 9,3 bilhões de habitantes no planeta,


índice que atingirá os 10 bilhões até o final do século, antes de estabilizar. O
aumento ocorrerá principalmente em países africanos que registram altas taxas
de fertilidade.

O ritmo acelerado de crescimento populacional impõe desafios para garantir


uma convivência mais equilibrada nos centros urbanos, nas próximas décadas.
O problema não é acomodar tanta gente: há espaço de sobra. As questões
envolvem o balanço entre população idosa e jovem, uso de recursos naturais,
fluxo migratório e desenvolvimento sustentável em zonas urbanas, que
concentrarão 70% da população mundial.

No Brasil, com 192 milhões de habitantes, há uma tendência para o


envelhecimento da população. Na última década, projeções apontam uma
tendência de queda para índices de fecundidade próximos aos registrados em
países europeus. Outro desafio é a vida em centros urbanos: o Brasil, com 85%
da população vivendo nas cidades, é um dos países mais urbanizados do
mundo.

IDH, PIB e Mortalidade Infantil - Saiba o que significa


Em Geografia é muito comum o uso de palavras como IDH, PIB, Mortalidade
Infantil e Renda Per Capita. No entanto, muitos alunos acabam ficando
confusos e mesmo com uma explicação do professor não conseguem entender
o que significa essas siglas e conceitos.

IDH: O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa


de riqueza, alfabetização, educação, esperança média de vida, natalidade e
outros fatores. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-
estar de uma população, especialmente o bem-estar infantil.

PIB: O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários)
de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região
(qual seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês,
trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na
macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma
região.

Mortalidade Infantil: Mortalidade infantil consiste no óbito de crianças durante


o seu primeiro ano de vida e é a base para calcular a taxa de mortalidade
infantil que consiste na mortalidade infantil observada durante um determinado
período de tempo, normalmente um ano, referida ao número de nascidos vivos
do mesmo período.

Anfíbios são os mais ameaçados de extinção

Os anfíbios formam o grupo mais ameaçado de extinção, segundo um relatório


de biodiversidade da União Internacional para a Conservação da Natureza e
dos Recursos Naturais (IUCN), divulgado no dia 3 de novembro. A ONG
analisou 47,6 mil espécies que integram a Lista Vermelha da organização e
afirmou que quase 18 mil correm sério risco de extinção - entre eles 21% de
mamíferos, 30% de anfíbios, 12% dos pássaros, 28% dos répteis e 37% dos
peixes

Entre os anfíbios, das 6,2 mil espécies que integram a lista, cerca de 1,9 mil
estariam em perigo de extinção. Destes, 39 já estariam extintos ou extintos no
habitat natural e quase 500 estariam "seriamente ameaçados". "A prova
científica de uma crise séria de extinção está se acumulando", disse Jane
Smart, diretora da IUCN. Segundo ela, a análise recente mostra que a meta de
biodiversidade para 2010 não será cumprida.

Lista

A Lista Vermelha é considerada a avaliação mais conceituada e séria sobre o


estado das espécies que habitam o planeta. Além dos anfíbios, apontados
neste ano como o grupo mais ameaçado, o documento sugere ainda que entre
os mamíferos, a situação também é preocupante.

Do cerca de 5,5 mil mamíferos presentes na Lista, 79 estariam extintos ou


extintos no habitat natural e 188 estariam "seriamente ameaçados". Entre os
répteis, dos 1,6 animais listados, 22 já estão extintos e cerca de 460 estariam
ameaçados. "Já chegou a hora dos governos começarem a agir com seriedade
para salvar as espécies e garantir que isso estará no topo das prioridades
porque estamos ficando sem tempo", disse Smart.

"Na nossa vida, nós mudamos de nos preocuparmos com um número


relativamente pequeno de espécies seriamente ameaças para o colapso de
ecossistemas inteiros", disse Jonathan Baillie, diretor dos programas de
conservação da Zoological Society, de Londres. "Em que ponto a sociedade vai
realmente responder a essa crise crescente?", disse.

Consumo e aquecimento global


Por: Akatu - Mariana Chammas e Helio Mattar
O Instituto Akatu esteve presente na 15ª Conferência das Partes sobre
Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague. O objetivo era analisar como
o consumo estaria sendo pautado nas discussões de mudanças climáticas,
além de buscar introduzir as questões relacionadas ao consumo nos eventos
paralelos.

Naturalmente, dentro da linha trabalhada pelo Akatu, trata-se de introduzir a


questão do poder contido nos atos individuais de consumo, que podemos ser e
fazer a mudança de comportamentos para contribuir com a sustentabilidade da
vida no planeta. Nesse sentido, é uma reflexão sobre o estilo de vida, sobre o
espaço ocupado pelo consumo na vida contemporânea.

Estamos convencidos, no Akatu, de que não haverá sustentabilidade sem uma


mudança no estilo de vida das sociedades expresso por mudanças nos
comportamentos de consumo. Apenas as mudanças tecnológicas não serão
suficientes para fazer frente ao tamanho da crise climática atual. No entanto, a
questão do consumo praticamente não foi abordada nas reuniões da COP-15.

Naturalmente, não se esperava que o consumo fosse tratado nas salas de


negociações, visto que ali as questões eram mais técnicas e específicas,
envolvendo NAMAs, REDD, quanto os países do Anexo 1 deveriam ou não
pagar aos países em desenvolvimento, metas de emissão para 2020, entre
outros temas. Mas, mesmo nos eventos paralelos do Bella Center, local onde
aconteceram as negociações, praticamente não se falou de consumo, que foi
mencionado apenas em eventos específicos — por exemplo, onde se fazia a
ligação entre desmatamento e consumo de carne. No entanto, tanto quanto
pudemos perceber na lista dos eventos paralelos à COP-15, e mesmo nos
Fóruns externos ao Bella Center, o consumo não foi abordado sob a
perspectiva do indivíduo com capacidade de transformação de seu entorno.

Por outro lado, um tema exaustivamente abordado foi o das novas tecnologias
mais sustentáveis, envolvendo desde novas formas de produção de energia e
novas tecnologias de produção até sistemas para equipar uma casa
sustentável.

Sem dúvida, as tecnologias podem contribuir no combate ao aquecimento


global. O risco, no entanto, é de uma acomodação no sentido de se pensar que
as novas tecnologias mais sustentáveis vão permitir manter o modelo de
consumo atual. Ao pensar assim, esquecemos que as mudanças climáticas são
um entre vários problemas ambientais que tornam insustentável a sociedade
atual, sem falar nos problemas sociais, econômicos e individuais.

Inovações tecnológicas são necessárias, mas não suficientes


Se, por um lado, é muito bom que se desenvolvam tecnologias mais
sustentáveis, as mesmas devem ser tomadas como medidas de transição
durante o processo de transição para um novo consumo, um consumo
diferente, um novo estilo de vida, em que a sociedade como um todo deverá
caminhar na direção dos produtos duráveis mais que os descartáveis, para o
local mais do que o global, para o uso compartilhado de produtos mais do que
o individual, para o virtual mais do que o material, para o intangível mais do que
o tangível, para a qualidade mais do que a quantidade, para o necessário
substituindo o desperdício, para a moderação substituindo o excesso.

São mudanças profundas que exigem tempo e implicam em uma mudança de


cultura, que, por definição, exigirá tempo da sociedade. Para isso, será preciso
educar as crianças e os jovens para o consumo consciente e a
sustentabilidade, como o Akatu já
vem fazendo com o apoio da HP, e será preciso continuar a sensibilização e a
mobilização dos adultos para esse novo modelo de consumo. Esse novo
modelo deverá ser apreciado e valorizado pela sociedade, sob pena de não se
manter a mudança necessária nos comportamentos de consumo.

O mero uso das tecnologias reforça a inércia dos hábitos atuais, à medida que
elas permitem agir exatamente da mesma maneira em nosso consumo com
menor uso de recursos naturais, energia e água. No entanto, dado que já
consumimos hoje 35% a mais do que a Terra consegue renovar, e que 25% da
humanidade consome mais do que o necessário, enquanto 75% consome o
mínimo necessário ou abaixo desse mínimo, apenas a mudança no modelo de
consumo permitirá a inclusão no mercado de consumo das enormes
populações que a ele hoje não tem acesso.

Reproduzir os atuais padrões de consumo, usando tecnologias sustentáveis,


não permitirá que o grande problema social de inclusão de toda a humanidade
em um modo digno de vida possa ser resolvido. Talvez até mesmo se resolva a
questão do aquecimento global, o que não parece provável, mas certamente o
mundo se deparará com outros limites naturais e sociais. Melhor começar a
mudança mais cedo e não mais tarde, conscientizando as pessoas para o
poder e o impacto social e ambiental de seus atos de consumo, e buscando
fazer com que um novo modelo de consumo seja gradualmente introduzido e
valorizado pela sociedade. Um modelo onde se consome para viver e não se
vive para consumir.

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