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MEDICINA LEGAL
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Medicina Legal
BLOCO 01
I – Perícias médico-legais e peritos
O que é Medicina Legal? É a arte de por os conceitos médicos a serviço da administração
da justiça. É a aplicação dos conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução
das leis que deles carecem.
A Medicina Legal, embora seja uma ciência de conhecimentos autônomos, que está entre
o Direito e a Medicina, utiliza conhecimentos dos seguintes ramos do saber:
Criminalística, Sociologia, Balística, Física, Química, Patologia, Ciência Penal e Política
Criminal.
O que faz a Medicina Legal? O objeto de seu estudo é a perícia médica, que é assim
conceitualmente definida: todo ato médico com o propósito de contribuir com as
autoridades administrativas, policiais ou judiciárias com conhecimentos específicos da
área médica.
A perícia médica é, portanto, um exame de todos os fatos materiais que busca contribuir
com a justiça / com a verdade real no processo, colaborando com a investigação policial
e visando oferecer provas objetivas para uma investigação.
As perícias médico-legais podem ser feitas em pessoas, vivas ou mortas (necropsias e
exames de antropologia forenses), coisas e fatos.
Além disso, a Medicina Legal, presta esclarecimentos à justiça em suas mais diversas
formas: Criminal (ex: crimes de homicídio, lesões corporais, abortos), Civil (ex:
investigação de paternidade, capacidade civil), Trabalhista (ex: acidente de trabalho,
periculosidade, insalubridade) e Previdenciária (ex: aposentadoria por invalidez, auxílio
doença).
A perícia é aquele “exame que visa informar e fundamentar, de maneira objetiva, todos
os elementos consistentes do corpo de delito e, se possível, aproximar-se de uma provável
autoria”. (Atenção! Bizu de prova: conceito retirado do livro indicado como
bibliografia).
Nesta conceituação, observa-se o Princípio da Objetividade, que está relacionado com o
termo em latim visum et repertum (visto e referido, ver e reportar) o perito tem que ser
objetivo em seu exame pericial na busca pela verdade real, não pode emitir juízos de
valor.
Corpo de delito: são todos os elementos materiais (perceptíveis pelos nossos sentidos)
da conduta incriminada, inclusive meios ou instrumentos de que se sirva o criminoso. É
a base residual do crime. Em outras palavras, é o conjunto de elementos materialmente
sensíveis do fato criminoso.
O corpo de delito se distingue da ideia de corpus criminis e corpus instrumentorum, não
sendo sinônimos.
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Corpus criminis: toda coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Corpus instrumentorum: objeto, coisa, instrumento utilizado pelo criminoso para
produzir a conduta delitiva.
Perícia: exame dos elementos materiais de um fato alegado.
Perito: detém o conhecimento técnico sobre determinado assunto.
Costuma-se dizer que não existe crime perfeito, mas sim mal investigado.
Os peritos podem ser:
- Oficiais: médicos legistas e peritos criminais, profissionais que são servidores públicos
efetivos e que foram aprovados em concursos públicos. Devem ser imparciais em seus
laudos.
- Nomeados: livre escolha da autoridade policial / judicial, chamados de peritos ad hoc
(para o ato). Devem ser imparciais em seus laudos.
- Assistentes técnicos: indicados pelas partes (mais frequentes nos processos cíveis e
trabalhistas). Portanto, suas atividades não são regidas pela imparcialidade, uma vez que
são consultores das partes e que devem “tomar partido”.
Importante salientar que existe a obrigatoriedade de se realizar a perícia por um perito
oficial (servidor público efetivo) ou por dois peritos ad hoc (nomeados).
Princípios que regem a atividade dos peritos: da objetividade (visum et repertum), da
verdade real, da imparcialidade.
Código de Processo Penal: perícias arts. 158 a 184 / peritos arts. 275 a 281.
A FUMARC, em relação a estes assuntos, tem cobrado letra de lei.
BLOCO 02
CAPÍTULO II
Obs: o presente artigo traz 03 conclusões que sempre são cobradas nas provas da
FUMARC, quais sejam: a indispensabilidade do exame de corpo de delito nos crimes que
deixam vestígios, o exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto; nem mesmo a
confissão do acusado tem o condão de suprir o exame de corpo de delito nos crimes que
deixam vestígios. Importante saber as diferenças do exame de corpo de delito direto para
o indireto. Direto é quando o perito está diante dos / examina os próprios vestígios da
conduta criminosa, quando tais vestígios ainda não se esvaíram . Indireto é quando o
perito não consegue mais examinar os próprios vestígios, quando estes já tiverem
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esvaídos no tempo (ex: examinar a prova testemunhal, prontuários médicos, fichas de
atendimento médico, fotografias).
*Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
Obs. O termo “perito oficial” está no singular, portanto o exame é feito apenas por um
perito oficial (servidor público concursado). Atenção! Pegadinha: a FUMARC gosta de
colocar que são necessários dois peritos oficiais, o que está errado.
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§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito
oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
*Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
*Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se
os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes
daquele prazo, o que declararão no auto.
Obs. Atenção! Pegadinha: tem que ser feito após o óbito, e não após a identificação do
cadáver, como tem sido erroneamente cobrado em provas passadas. Por que 06 horas?
Porque há o chamado período de incerteza, período em que pode não ser possível observar
macroscopicamente que o indivíduo esteja de fato morto. Tem que aguardar até que
apareçam os sinais de certeza da morte, chamados de fenômenos cadavéricos abióticos
consecutivos, apenas detectáveis macroscopicamente por volta de 06 horas de óbito.
Exceção é nos casos em que se tem a certeza de que a pessoa está morta, como por
exemplo, em uma situação de decapitação, na qual poderá ser iniciada a autópsia antes
do período de 06 horas.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame
interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
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quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do
auto.
*Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o,
I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
data do crime.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração,
a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquemas elucidativos.
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Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem
ter sido o fato praticado.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
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Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao
diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que
será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser
datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Obs. Atenção! Pegadinha: FUMARC cobra da seguinte maneira “não havia perito
oficial na localidade, nomearam-se dois peritos ad hoc, que devem obrigatoriamente
concordarem em suas conclusões”. Está errado a afirmativa, pois a perícia é ato de
autonomia do médico, não há qualquer necessidade de concordância, podem muito bem
discordarem entre si.
*Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo,
no todo ou em parte.
Obs. O juiz, na dúvida, pode: - intimar perito para esclarecer / complementar seu laudo
(art. 181, caput, CPP); - nomear outros peritos (art. 181, P. Ú., CPP); - pode rejeitar o
laudo no todo ou em parte, devendo-se fazer de forma motivada.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto
no art. 19.
(...)
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III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Obs. As causas de suspeição dos juízes previstas no CPP também se aplicam aos peritos.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral:
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
BLOCO 03
II – Documentos médico-legais
Os principais são:
1 – Notificações: consistem em comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades
competentes, acerca de determinado fato profissional. Ex: doenças infecto-contagiosas
(tuberculose, febre amarela), doenças do trabalho; morte encefálica (a fim do transplante de
órgãos). Atenção! Bizu de prova: o uso de drogas ilícitas não é mais uma condição de
notificação compulsória. Art. 269, CP, crime de omissão: “deixar o médico de denunciar à
autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”, pena - detenção, de seis meses a
dois anos, e multa.
Dever de sigilo médico (art. 73, do Código de Ética Médica) existem 03 possibilidades em
que o médico pode violar o segredo do paciente sem que isso configure quebra de sigilo ilícita:
A) consentimento por escrito do paciente; B) justa causa; C) dever legal (aqui que se enquadra
a notificação compulsória);
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Classificação dos atestados quanto à finalidade: administrativos (atestado emitido em prol
do serviço público, ou de um servidor público, para uso no serviço público), judiciários (emitido
por requisição do poder judiciário, para ser utilizado em um processo) e oficiosos (mais comum,
simples, emitido a pedido de uma pessoa física ou de uma pessoa jurídica de direito privado
para atestar fatos com fins particulares); quanto ao conteúdo: idôneo (honesto, probo, correto,
verdadeiro, lícito eticamente), gracioso / complacente / de favor (feito a pedido do paciente e
que não é propriamente um atestado verdadeiro, o médico geralmente dá uma exagerada para
ajudar o paciente, por amizade, é antiético), imprudente (descuidado, apressado), falso (é o
objeto do crime doloso de falsidade ideológica, previsto no art. 302, CP).
Possibilidade de revelação, expressa e por escrito ou por meio do CID (Classificação
Internacional de Doenças), do diagnóstico no atestado: apenas se tiver autorização e
consentimento do paciente.
3 – Prontuários: é o conjunto de documentos padronizados e ordenados, onde são registrados
todos os cuidados profissionais prestados ao paciente em instituições de saúde ou consultórios.
Sigilo médico: princípio que rege o prontuário, sendo que este é de propriedade do paciente, o
hospital / consultório / médico apenas têm o dever de guarda e conservação.
Art. 89 e 90, Código de Ética Médica: “É vedado ao médico:
Art. 89 - liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo
paciente, para atender ordem judicial ou para sua própria defesa. §1° - Quando requisitado
judicialmente o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz. §2° -
Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja
observado o sigilo profissional.
Art. 90 – deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente quando de sua
requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina”.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, em que situações pode o médico entregar
cópias do prontuário? I) quando tiver autorização expressa do paciente; II) quando for para
atender a uma requisição judicial; III) quando for para sua própria defesa, tanto nos processos
ético-profissionais (CRM), quanto nos processos judiciais; IV) quando for para os Conselhos
Regionais de Medicina.
4 – Relatórios *(laudo x auto): relatório é gênero e auto e laudo são espécies. Relatório nada
mais é que uma descrição minuciosa de uma perícia médica a fim de responder a autoridade
policial ou judiciária. É o documento médico-legal por excelência. Importante saber a
diferenciação entre laudo e auto, muito cobrada pela banca FUMARC: o laudo é aquele
relatório que é redigido pelo próprio perito após a realização da perícia. Já o auto é aquele
relatório que é ditado a um escrivão durante a realização da perícia.
Componentes do relatório (7): I – preâmbulo, II – quesitos (perguntas objetivas voltadas ao
direcionamento de uma perícia em determinado sentido), III – histórico (é a história do caso
anterior à realização daquele exame, logo o médico não tem responsabilidade sobre a
veracidade do histórico, já que é uma informação dada exclusivamente pelo paciente), IV –
descrição (parte mais importante, traz o princípio do visum et repertum – ver e reportar de forma
objetiva), V – discussão (questionar, trazer dúvidas da doutrina, debates adicionais), VI –
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conclusão (de forma clara e objetivo), VII – resposta aos quesitos (também de forma direta e
elucidativa).
5 – *Pareceres: o parecer médico-legal é aquele documento que busca esclarecer divergências
quanto à interpretação de achados de perícia. Normalmente o parecerista não está em contato
com os vestígios, não está fazendo o exame de corpo de delito direto, mas sim fazendo um
exame posterior no decorrer da instrução processual. É quando se solicita, por exemplo, um
esclarecimento mais aprofundado, feito por um perito ou professor com competência
inquestionável e autoridade reconhecida.
Componentes do parecer (6):
I – preâmbulo; II – quesitos, III – histórico, IV – discussão, V – conclusão (+ importante), VI –
respostas aos quesitos (+ importante)
Atenção! Pegadinha: não há descrição em um parecer médico-legal
6 – Depoimento oral: Declaração tomada ou não a termo em audiências de instrução e
julgamento sobre fatos obscuros ou conflitantes descritos no relatório da perícia.
7 – Declaração de óbito: é o documento base do Sistema de Informações sobre Mortalidade do
Ministério da Saúde – SIM/MS. Possui três finalidades: confirmar a morte; determinar a causa
médica da morte, por meio dos diagnósticos; satisfazer interesses de ordem civil, estatística,
demográfica e político-sanitária.
Atenção! Bizu de prova Duas perguntas mais frequentes acerca da declaração de óbito: I –
declaração de óbito é sinônimo de atestado de óbito? Existem duas correntes. Uma diz que sim,
são sinônimos. Já a outra corrente, mais tecnicamente precisa, afirma que não, uma vez que o
atestado de óbito é apenas um campo / uma parte de todo o documento/formulário que é a
declaração de óbito, parte esta propriamente médica em que o médico relata claramente os seus
diagnósticos; II - em toda declaração de óbito é obrigatório haver o diagnóstico especifico da
causa de morte? NÃO, pode se preencher o campo com o termo “causa mortis indeterminada”.
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