HEAD COACH BRASIL – FUTEBOL AMERICANO INTELIGENTE 5 de outubro de 2017

“Sacadas sobre ser treinador”

Woody Hayes
Eu gostaria de começar com algumas sacadas sobre a profissão de treinador que foram tiradas de um
livro publicado em 1969. O autor graciosamente me deu a permissão para retirá-las. O nome do livro é Hot Line to
Victory (Linha Direta para a Vitória).

1. Uma das características de um treinador bem sucedido é ser você mesmo. Foi
Sócrates quem disse: “Conheça-te a ti mesmo”; mas parte do treinador essa decisão. Geralmente,
um treinador jovem irá imitar um de seus treinadores antigos. É excelente emular um treinador já
consolidado, mas não tente imitar antes.
2. Há duas qualidades que um treinador precisa para ter um grau mais alto que
qualquer outro membro da comissão técnica. Primeiro, o treinador precisa ter um intenso e
contínuo interesse no bem-estar e no desenvolvimento geral de cada jogador. Refletindo um
pouco, o treinador irá entender que seu próprio sucesso é dependente da atitude e esforço
daqueles jogadores. Se ele for bem sucedido, ele certamente deve muito àqueles jogadores e seu
contínuo interesse em ajudar esses jovens se torna importante e valoroso.
Segundo, o treinador precisa ter um desejo extremo de vencer. Ainda sim, precisa ser uma
atitude de “Nós vencemos” e não uma atitude de “Eu venci”. Ele é o líder do time, mas também é
membro do time. Quando ele é confrontado com a derrota, ele precisa nunca usa o doentio álibi
que “se aquele passe não tivesse sido interceptado” ou “se nosso recebedor tivesse pegado a
bola na endzone”. Essas desculpas são reflexo de individualismo e serão feitas na tentativa por
parte do treinador de se livrar da culpa da derrota. Na hora da vitoria, há muitos aplausos para
todos, mas na da derrota, a responsabilidade precisa ser assumida pelo mais maduro e
responsável homem envolvido: o head coach.
3. Há um luxo o qual o treinador não se pode dar – é o luxo da auto-piedade.
Quando o treinador recorre a esse mecanismo psicológico, seus dias na profissão estão contados.
4. O treinador precisa assumir uma atitude positiva sobre seu trabalho. Se ele gosta
de treinar, como um bom coach gostará, ele precisa entender que ele é pago pelas dores de
cabeça envolvidas nessa profissão. Dores de cabeça – como problemas de moral, problemas de
treino, pressão – todas essas coisas vem junto com a profissão e o treinador precisa reconhecê-

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las. Ele precisa antecipar os problemas; ele precisa não dizer “se isso acontecer”, mas “quando
isso acontecer”; e então ele precisa tomar todas as precauções para evitar que isso aconteça.
5. O treinador precisa vencer. Há uma expressão romana “Res nolunt diu male
administrari” que significa “As coisas se recusam a ser mal-administradas por muito tempo”. Na
profissão de treinador não há substituição adequada para a vitória.
6. Criticas precisas ser tratadas como impessoais, por isso são um perigo
ocupacional. Usualmente, a crítica é vocal apenas quando o time perde, e isso não pode ser
tratado como uma crítica pessoal. O crítico talvez nem mesmo conheça o treinador, mas ele sabe
que o treinador é o líder do time que perdeu. Muito freqüentemente, esse tipo de crítica é mais
dura para o treinador que retorna a sua faculdade ou comunidade local. Ele precisa entender que
a mesma pessoa que o apoiou enquanto jogador pode mudar sua mira e figurativamente cornetá-
lo como treinador. O treinador e sua família que não estão preparados para isso vão ter
momentos difíceis.
7. No colegial, o treinador é contratado para uma coisa e despedido por outra. Uma
das verdadeiras anormalidades no colegial é o fato que o treinador recebe uma pequena
porcentagem do seu salário por ser treinador e uma grande porcentagem por seu ensino na sala
de aula e outras funções. Mesmo assim, ele raramente será demitido por falhas enquanto
professor de sala de aula.
8. A segurança do trabalho do head coach se apóia em três áreas:
Primeiro, ele precisa se confiar em suas próprias habilidades e recursos. Segundo, ele precisa
acreditar absolutamente nos jogadores e seus treinadores. Isso não significa que um treinador
discernido não reconhece as fraquezas de cada jogador e treinador, mas sim que ao mesmo
tempo, ele precisa reconhecer nele e em si mesmo a oportunidade para a vitória do time. Ele
precisa entender que você ganha com pessoas, as pessoas certas, propriamente lideradas.
Terceiro, o treinador de futebol americano precisa cooperar com sua administração. Coach Bear
Bryant, um dos grandes treinadores universitários de todos os tempos, apoiaria isso 100%. Ele iria
além para dizer que um treinador sempre deve ter um contrato de longo prazo. Essa cooperação
com a administração é obviamente um caminho de duas vias. Maioria dos administradores vê no
treinador e no time uma força positiva pela boa atitude e boa disciplina no sistema escolar.
9. O treino do treinador precisa ser uma experiência extremamente ampla. Em geral,
os treinadores sentem que o mais importante atributo para eles é experiência após a graduação;
segundo, experiência atlética pré-graduação; terceiro, escolas treinadas e clinicas feitas após a
graduação. Trabalhos pré-graduação com educação física, psicologia, educação são consideradas
pelos treinadores como tendo relativo pouco valor na preparação para ser treinador. Com isso em
mente, vai parecer que o treinador em graduação precisa fazer um esforço enorme para
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conseguir uma boa comissão técnica de high school ou ficar em sua universidade, ou alguma
outra universidade, para trabalho graduado. Mesmo que ele trabalhe por “amendoins”, será
válido enquanto ele estiver apto a trabalhar numa boa comissão técnica universitária por um ano
ou dois. Quando um coach se torna head coach, ele precisa ter um conhecimento sólido de todas
as fases do futebol americano. Por essa razão, um treinador jovem precisa ser um rápido e
faminto apreendedor. Embora nós geralmente digamos que há coisas mais importantes que X’s
and O’s, isso é apenas parcialmente verdadeiro; para o primeiro contato de um treinador jovem
com um jogador é como treinador individual (posicional) e ele precisa se provar como um bom
“tecnicista” com bom conhecimento intrínseco de futebol americano. Ele precisa estar apto a
cativar o jogador mentalmente e construir com ele o desejo de competir e melhorar. A primeira
impressão que o jogador precisa ter é “Aqui está um cara que realmente conhece o jogo e sabe
como fazer as coisas”. Considerando as primeiras coisas primeiro, o treinador jovem precisa ser
um bom tecnicista.
10. Partindo para o futebol universitário, nós achamos que quase sempre um
treinador bem sucedido de high school tem aspirações para ir para o universitário. Embora
existam muitas razoes para isso, algumas parecem ser as mais importantes.
Primeiro, o treinador quer encontrar a resposta para a questão: “Quão bom coach eu sou?”.
Segundo, o treinador universitário gasta mais tempo em suas funções de treinador e menos
tempo em outras funções. Terceiro, o treinador universitário consegue maior reconhecimento e,
por esta razão, ir para o college é um avanço. O treinador de high school têm visto seus próprios
jogadores passarem por rankings universitários e ele tem o desejo se seguir o caminho deles e
trabalhar com atletas mais maduros. Quarto, ele tem o desejo pela excelência e acredita que ele
pode atingir isso mais facilmente no nível de college. Quinto, padrões salariais maiores são um
fator, embora não seja sempre o caso.
11. Muito tem sido escrito e discutido sobre o treinador e relações públicas.
Certamente sua mais importante qualificação nessa área é viver de acordo com todas as coisas
que o futebol apresenta.
Nessa área, ele precisa ser como ninguém exceto si mesmo. Ao lidar com a imprensa, ele precisa
dizer a verdade ou não dizer nada. Enganar a imprensa não é ético, nem sensível. A maioria
desses homens estão interessados em esportes e querem retratar esportes num sentido positivo
e muito freqüentemente um treinador pode dá-los informação que irá ajudá-los a fazer isso. Por
outro lado, o treinador não tem o direito de esperar que esses homens escrevam exatamente
como o treinador vê.
Uma precaução: a imagem de relações públicas pode ser grosseiramente exagerada; o treinador
que gasta muito do seu tempo se associando com diferentes grupos está cometendo um erro. Os
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ex-alunos, os patrocinadores e seus amigos próximos nunca ganham jogos; mas um grupo bem
treinado de jovens rapazes vencerá.
Nos círculos educacionais muito freqüentemente a palavra “vitória” é colocada com uma
conotação “maligna”, porque é dito que vencer significa quebrar algumas regras, mas isso
certamente não é verdade. Pelo contrário, vencer significa a união, esforço comum e todos os
recursos mentais e físicos de um elenco de futebol americano e seus treinadores, que não
admitem desculpas de maneira nenhuma.
Se um treinador de futebol americano é bem sucedido, ele irá usualmente se mover mudando de
posições cinco ou seis vezes durante a carreira dele. Em cada um desses movimentos, sua
entrevista com o comitê de seleção é um passo muito importante para o seu sucesso. O trabalho
da entrevista é raramente discutido, mas vai bastar dizer que o treinador deveria ir para essa
entrevista tão preparado quando possível, antecipando cada exigência que pode ser feita e seu
futuro depende de ele se apresentar bem nesse momento crucial.
12. Coaching não é uma profissão que oferece grande segurança; um treinador quase
sempre desiste de treinar antes de estar pronto para se aposentar. Esse fenômeno é igualmente
verdade no high school e college e precisa ser levado em consideração na preparação da vida do
treinador.

RELAÇÃO TREINADOR-JOGADOR
Nós sentimos que a mais importante consideração é que o jogador de futebol americano precisa
conseguir educação e que nada menos que uma graduação é considerado educação completa. A ajuda e
encorajamento que um treinador pode dar ao jogador é extremamente importante, particularmente
durante o primeiro ano que o jogador estiver no campus.

Tantos jovens nesse momento estarão não propriamente guiados ou motivados, e desde que o
treinador tenha um contato mais próximo com esses jogadores, ele está numa posição ideal para prestar
ajudar real. O treinador que é inteligente o suficiente para ensinar numa universidade precisa ser
inteligente o suficiente para sentar com um estudante e ajudá-lo nos percalços da vida. Qualquer
treinador universitário que não é capaz ou disposto a fazer isso não deve estar numa comissão técnica
universitária.

Em nosso programa, nós acreditamos que o único jeito que nós podemos reembolsar um jogador
por seus esforços é se certificar que nós fazemos tudo dentro de nossas regras do college, que nós
podemos ajudar esse cara a conseguir educação. Apenas nesse caminho nós podemos nos certificar que o

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atleta universitário não está sendo enganado. Isso é base para a relação treinador-jogador em Ohio State
University.

Em Ohio State, nós estamos cientes do enorme valor educacional do futebol. Nunca foi nossa
intenção enfatizar demais o futebol, mas talvez em algum momento nós o tenhamos feito. Mesmo assim,
quanto mais um treinador fica no futebol universitário, maior o peso que ele dá para o valor da educação
no esporte. À medida que ele estuda ex-jogadores de futebol em suas variadas carreiras, ele entende que
uma grande parte da educação útil que eles levaram do campus é diretamente ou indiretamente pareada
com o futebol americano.

Jogar futebol é respeitar as regras, pelo fato do jogo não poder existir sem regras. Regras talvez
não sejam absolutas, mas eles são necessidades absolutas para as metas do grupo. O jogador de futebol
precisa não apenas ter respeito pelas regras, mas precisa ter igual respeito pelas mudanças de regras,
quando uma regra fica ultrapassada ou não consegue atingir sua intenção. O absoluto deve ser
ordenadamente mudado. Isso implica o processo democrático, um processo que tem sido recentemente
quebrado em muitos campus, mas um processo que em comparação com todos os outros métodos de
mudança, permanece o melhor. Se isso soa como doutrinação, isto é exatamente o que parece ser.

Um bom elenco de futebol é controlado mais pelas atitudes que pelas regras. Atitude inclui
muitas coisas: primeiro, o desejo de melhorar individualmente, para garantir lugar no time; segundo, o
desejo de vencer traduzido em conduta de time; terceiro, o desenvolvimento de um alto respeito pelos
direitos e privilégios dos outros no elenco. Em nosso elenco, há duas regras.

Primeiro, não há lugar num elenco de futebol americano para odiadores, sejam brancos ou
negros. Segundo, cada jogador tem o direito de abordar qualquer treinador fora do campo sem medo de
recriminação, se o jogador sentir que tem uma reclamação legítima. Nós sentimos que isso é uma válvula
de escape necessária.

Padrões para jogador de futebol precisam, obrigatoriamente, variar de outros estudantes. Suas
condutas precisam sempre ser consideradas à luz do efeito que isso tem sobre outros membros do
elenco. No sentido da vestimenta, pontualidade e hábitos de convivência, o jogador de futebol americano
leva uma vida muito mais disciplinada e precisa entender que para o time ser bem sucedido, isso é uma
necessidade.

Outra área na qual o treinador pode ser de grande ajuda para o jogador está na seleção de seus
associados da faculdade. Nós o dizemos que quando ele começa a lidar com algum novo conhecimento
que ele deve sempre perguntar a si mesmo: “Esse cara (ou moça) seria bem vindo (a) na minha casa num
final de semana?”. Isso talvez soe “meloso”, mas nós achamos que é bastante efetivo.

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Nós estamos continuamente enfatizando a importância dessas coisas como aparência e

associados, mas nós sabemos que esses estudantes não gostam de ser cerceados.

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