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Esta nova coletânea traz como novidade a apresentação

2004 O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso no Sebrae


dos casos por área temática, visando facilitar a consulta teve sua origem em 2002 com o objetivo de disseminar
e melhor entendimento do conteúdo. 2004 as melhores práticas vivenciadas por empreendedores
e empresários de diversos segmentos e setores,
O primeiro volume da nova edição descreve casos participantes dos programas e projetos do Sebrae
vinculados aos temas de artesanato, turismo e cultura, em vários Estados do Brasil.
empreendedorismo social e cidadania. O segundo relata
histórias sobre agronegócios e extrativismo, indústria, A primeira fase do projeto, estruturada para escrever estudos
comércio e serviços. E o terceiro aborda exclusivamente de caso sobre empreendedorismo coletivo, publicou em
casos com foco em inovação tecnológica. 2003 a coletânea Histórias de Sucesso – Experiências

Os resultados obtidos com o projeto Desenvolvendo


Histórias de Sucesso Empreendedoras, em três livros integrados de 1.200
páginas, que contou 80 casos desenvolvidos em
Casos de Sucesso, desde sua concepção e implantação, Experiências Empreendedoras diferentes localidades e vários setores, abrangendo as
têm estimulado a elaboração de novos estudos sobre cinco regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
histórias de empreendedorismo coletivo e individual, e, Nordeste. Participaram 90 escritores, provenientes do
conseqüentemente, têm fortalecido o processo de Gestão quadro técnico interno ou externo do Sebrae.

Histórias de Sucesso
do Conhecimento Institucional. Contribui-se assim, de forma
significativa, para levar ao meio acadêmico e empresarial Esta segunda edição da coletânea Histórias de Sucesso –
o conhecimento acerca de pequenos negócios bem- Experiências Empreendedoras – 2004, composta de três
sucedidos, visando potencializar novas experiências volumes que totalizam cerca de 1.100 páginas, contou com
que possam ser adotadas e implementadas no Brasil. a participação de 89 escritores e vários profissionais de
todos os Estados brasileiros, que escreveram os 76 casos.
Para ampliar o acesso dos leitores interessados em utilizar
os estudos de caso, o Sebrae desenvolveu em seu portal A continuidade do projeto reitera a importância da
(www.sebrae.com.br) o site Casos de Sucesso, onde o disseminação das melhores práticas observadas no âmbito
usuário pode acessar na íntegra todos os 156 estudos de atuação do Sistema Sebrae e de sua multiplicação para
das duas coletâneas por tema, região ou projeto, bem o público interno, rede de parceiros, consultores, professores
como fotos, vídeos e reportagens. e meio empresarial.

Todos os casos do projeto foram desenvolvidos sob a orientação


de professores tutores, atuantes no meio acadêmico e em
diversas instituições brasileiras, que auxiliaram os autores
a pesquisar dados, entrevistar pessoas e escrever os casos,
de acordo com a metodologia elaborada pelo Sebrae.

Foto do site do Sebrae. Casos de Sucesso.

Esperamos que essas histórias de sucesso possam


produzir novos conhecimentos e contribuir para fortalecer
os pequenos negócios e demonstrar sua importância
econômica no País.
Série Histórias
Boa leitura e aprendizado! de Sucesso.
Primeira edição 2003.
COPYRIGHT © 2004, SEBRAE – SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer


forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Armando Monteiro Neto
Diretor-Presidente
Silvano Gianni
Diretor de Administração e Finanças
Paulo Tarciso Okamotto
Diretor Técnico
Luiz Carlos Barboza
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Gustavo Henrique de Faria Morelli
Gerente da Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia
Paulo César Rezende de Carvalho Alvim
Coordenação do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Comitê Gestor do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Cezar Kirszenblatt, SEBRAE/RJ; Daniela Almeida Teixeira, SEBRAE/MG; Mara Regina Veit, SEBRAE/MG;
Renata Maurício Macedo Cabral, SEBRAE/RJ; Rosana Carla de Figueiredo Lima, SEBRAE Nacional
Orientação Metodológica
Daniela Abrantes Serpa – M.Sc., Sandra Regina H. Mariano – D.Sc., Verônica Feder Mayer – M.Sc.
Diagramação
Adesign
Produção Editorial
Buscato Informação Corporativa

D812h Histórias de sucesso: experiências empreendedoras / Organizado


por Renata Barbosa de Araújo Duarte – Brasília: Sebrae, 2004.

292 p. : il. – (Casos de Sucesso, v.3)

Publicação originada do projeto Desenvolvendo Casos de


Sucesso do Sistema Sebrae.
ISBN 85-7333-387-1
1. Empreendedorismo 2. Estudo de caso 3. Tecnologia
4. Inovação I. Duarte, Renata Barbosa de Araújo II. Série

CDU 65.016:001.87

BRASÍLIA
SEPN – Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – Asa Norte
70.770-900 – Brasília
Tel.: (61) 348-7100 – Fax: (61) 347-4120
www.sebrae.com.br
PROJETO DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO

OBJETIVO
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi concebido em 2002 a partir das prioridades
estratégicas do Sistema SEBRAE com a finalidade de disseminar na própria organização, nas
instituições de ensino e na sociedade as melhores práticas de empreendedorismo individual e
coletivo observadas no âmbito de atuação do SEBRAE e de seus parceiros, estimulando sua
multiplicação e fortalecendo a Gestão do Conhecimento do SEBRAE.

METODOLOGIA “DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO”


A metodologia adotada pelo projeto é uma adaptação do consagrado método de estudos
de caso aplicado em Babson College e Harvard Business School, que se baseia na história
real de um protagonista, que, em dado contexto, se encontra diante de um problema ou de
um dilema que precisa ser solucionado. Esse método estimula o empreendedor, o aluno ou a
instituição parceira a vivenciar uma situação real, convidando-o a assumir a perspectiva do
protagonista.

O LIVRO HISTÓRIAS DE SUCESSO – Edição 2004


Esse trabalho é o resultado de uma das ações do projeto Desenvolvendo Casos de Su-
cesso, elaborado por colaboradores do Sistema SEBRAE, consultores e professores de ins-
tituições de ensino parceiras. Esta edição é composta por três volumes, em que se
descrevem 76 estudos de casos de empreendedorismo, divididos por área temática:
• Volume 1 – Artesanato, Turismo e Cultura, Empreendedorismo Social e Cidadania.
• Volume 2 – Agronegócios e Extrativismo, Indústria, Comércio e Serviço.
• Volume 3 – Difusão Tecnológica, Soluções Tecnológicas, Inovação, Empreendedorismo e
Inovação.

DISSEMINAÇÃO DOS CASOS DE SUCESSO DO SEBRAE


O site Casos de Sucesso do SEBRAE (www.casosdesucesso.sebrae.com.br) visa divulgar as
experiências geradas a partir das diversas situações apresentadas nos casos, bem como suas
soluções, tornando-as ao alcance dos meios empresariais e acadêmicos.
O site apresenta todos os estudos de caso das edições 2003 e 2004, organizados por área de
conhecimento, região, municípios, palavras-chave e contém, ainda, vídeos, fotos, artigos de
jornal, que ajudam a compreender o cenário onde os casos se passam. Oferece também um
manual com orientações para instrutores, professores e alunos de como utilizar o estudo de caso
na sala de aula.
As experiências relatadas ilustram iniciativas criativas e empreendedoras no enfrentamento
de problemas tipicamente brasileiros, podendo inspirar a disseminação e aplicação dessas
soluções em contextos similares. Esses estudos estão em sintonia com a crescente importância
que os pequenos negócios vêm adquirindo como promotores do desenvolvimento e da geração
de emprego e renda no Brasil.
Boa leitura e aprendizado!

Gustavo Morelli
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Coordenadora do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004


CONFECCIONANDO A QUALIDADE
EM CARLOS BARBOSA
RIO GRANDE DO SUL
MUNICÍPIO: CARLOS BARBOSA

INTRODUÇÃO

L ocalizada na Serra Gaúcha, em meio à região turística da uva e do


vinho, Carlos Barbosa é uma cidade simpática e acolhedora que
cativa seus visitantes por seu clima tipicamente europeu e pela hospi-
talidade de seu povo.
Conhecida como a Terra do Queijo, Carlos Barbosa reúne diversas
queijarias e vinícolas nacionais e internacionais. O ramo metalúrgico
também é destaque, ao lado do segmento de calçados, sediando os
maiores fabricantes da América Latina.
No início da década de 1990, em virtude da proximidade de cidades
voltadas para o turismo de compras, como Farroupilha, Canela e Grama-
do, vários empreendedores locais iniciaram a fabricação de confecções. A
produção foi absorvida gradativamente pelo mercado das três cidades e
pelas lojas da própria Carlos Barbosa.
Inexistindo a cultura local para a fabricação de artigos de confecção,
os empreendedores enfrentaram todo o tipo de problemas, desde a
escassez de fornecedores até a falta de mão-de-obra qualificada em con-
fecção. Como se esses problemas não fossem suficientes, as empresas
padeciam da má qualidade dos produtos, da falta de criação e de mode-
lagem própria, da dependência total do regime de subcontratação e de
métodos de produção ultrapassados, o que lhes gerava um alto percentual
de devoluções e de desperdício de matérias-primas. Todas essas dificul-
dades, somadas à inexperiência dos próprios empreendedores, eram par-
cialmente compensadas pela vontade de vencer, principal característica
dos moradores da região. A situação estava insustentável, o setor não
tinha como se desenvolver.
Esse cenário predominava e exigia dos empresários de Carlos
Barbosa uma tomada de decisão no sentido de promover mudanças para
garantir a sobrevivência de seus negócios.

Dusan Schreiber, consultor da Unidade de Estratégia e Diretrizes do SEBRAE/RS, elaborou o estudo de


caso sob a orientação do professor Rafael Lobato de Mattos e Boubolhosa, do Centro Universitário do
Pará (Cesupa), integrando as atividades do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso do SEBRAE.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 1


Acervo SEBRAE/RS

EMPRESÁRIO DA BELFAST COMÉRCIO DE CONFECÇÃO LTDA.


Acervo SEBRAE/RS

EMPRESÁRIA DA NEUSI CONFECÇÕES


CONFECCIONANDO A QUALIDADE EM CARLOS BARBOSA – SEBRAE/RS

UM POUCO DE HISTÓRIA

C arlos Barbosa, localizada na Serra Gaúcha, começou a ser formada há


mais de 150 anos, quando os primeiros imigrantes alemães se
instalaram nas regiões de Paraguaçu e Forromeco. No início de 1870, as
primeiras famílias italianas chegaram à região, seguidas de imigrantes po-
loneses, suíços e franceses. Quando a ferrovia foi inaugurada em 1910, o
distrito passou a ser chamado de Carlos Barbosa, em homenagem ao go-
vernador da época, dr. Carlos Barbosa Gonçalves.
A mistura de etnias produziu em Carlos Barbosa um povo ímpar, onde
em pleno século XXI as várias influências culturais ainda são evidentes,
como se pode observar pelas diferenças arquitetônicas entre as casas ale-
mãs, com enxaiméis, e italianas, em pedra.
A cidade é reconhecida por sua vocação no ramo metal-mecânico e de
alimentos, com destaque para empresas de grande porte e de renome na-
cional e internacional, como o Grupo Tramontina e a Cooperativa Santa
Clara, e conhecida também pela fabricação de queijo, sendo considerada
a melhor microbacia leiteira do Estado.
A comunidade, empreendedora pela própria natureza dos imigrantes,
apoiava as iniciativas de diversificação da economia local, concentrada,
em 2004, em 78% na atividade de cutelaria e 10% no setor agroindustrial,
segundo a Prefeitura Municipal de Carlos Barbosa. As duas principais for-
ças vivas da comunidade, a prefeitura e a Associação Comercial e Indus-
trial (ACI), vinham apoiando os empreendedores como podiam, mas
como estes trabalhavam de forma isolada os esforços não estavam obten-
do resultados significativos.
A Associação Comercial e Industrial de Carlos Barbosa foi fundada em
10 de junho de 1977, contando, em 2004, com aproximadamente 425 as-
sociados. Seu objetivo é oferecer serviços com qualidade que atendam às
necessidades e expectativas dos associados, contribuindo para seu forta-
lecimento e desenvolvimento.
As empresas de confecção localizadas no município surgiram, como a
maioria das micro e pequenas empresas, por meio do empreendedorismo
de necessidade, em alguns casos, e empreendedorismo de oportunidade,
em outros. Impulsionados pelo desemprego e pela dificuldade de se in-
serirem no mercado de trabalho formal, vários empreendedores deram
início a uma nova profissão, acertando em determinados momentos e
aprendendo com seus erros em outros, colocando em risco suas econo-

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 3


SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

mias, que haviam sido acumuladas ao longo dos anos de trabalho assala-
riado ou com a indenização pelo momento de sua demissão.
Em outros casos, a desmotivação causada pela rotina de trabalho,
pela falta de perspectiva de crescimento profissional, a perda de interes-
se pela profissão ou simplesmente o desejo de mudar fizeram com que
vários outros empreendedores iniciassem suas fábricas de confecção.
Minimizando seus riscos, muitos empreendedores continuaram em seus
empregos, o que lhes garantia o sustento da família, enquanto seus côn-
juges, filhos ou parentes próximos procuravam aprender o ofício, sem
que para isso possuíssem a qualificação técnica apropriada, além daque-
las que recebiam como orientação básica dos vendedores de máquinas
e equipamentos.
Outro caso foi o dos empreendedores de oportunidade, que apresen-
tavam, além do capital necessário, a vontade de multiplicá-lo, investindo
nos ramos que melhores perspectivas de negócios apresentassem, mesmo
que não possuíssem experiência anterior. Estes geravam empregos desde
o início do planejamento, tanto no município como fora dele, ao trazer
profissionais com experiência no setor, buscando a redução do risco e a
conquista do mercado com maior rapidez.
Segundo os dados da ACI, os empreendedores por necessidade repre-
sentavam 10% do total dos empreendedores do município. Do total de
425 empresas associadas, 20 eram do segmento de confecção e têxtil, ge-
rando 245 empregos.
Começaram, então, a surgir iniciativas esporádicas de alguns empreen-
dedores do ramo de confecção do município em busca de alternativas.
Como, no entanto, não tinham orientação técnica, método e/ou foco, as
iniciativas não conseguiam passar de percepções isoladas da necessidade
de um caminho alternativo para o crescimento do setor.
Em agosto de 2003 foi apresentado à comunidade local, pela gestora do
SEBRAE de Bento Gonçalves, Noeli Guindani, o Programa Empreender do
SEBRAE. Já na apresentação, ficou claro que se tratava de um programa
cujo sucesso dependia do envolvimento da comunidade, representada pela
prefeitura, e, principalmente, da ACI, que percebeu a oportunidade de
ampliar o leque dos serviços ofertados, principalmente para as micro e pe-
quenas empresas da região.
Com a contratação da facilitadora do Empreender, Rejane Turcatel, em
setembro de 2003, que promoveu reuniões com os representantes da As-
sociação Comercial e Industrial e da prefeitura, definiram-se os setores

4 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


CONFECCIONANDO A QUALIDADE EM CARLOS BARBOSA – SEBRAE/RS

econômicos que mais necessitavam de apoio. O setor de confecção foi


apontado como prioritário.
Cada um dos empreendedores, dentro de seu universo particular, tinha
suas dificuldades a enfrentar, problemas a superar e objetivos a atingir.
Cada um deles precisava de auxílio e orientação, respeitada a realidade
de cada um.
O que fazer? Que caminho seguir? Essas eram algumas das perguntas
que exigiram respostas rápidas.

CHEGOU A HORA DA VIRADA

R ejane estacionou seu carro na rua ao lado da empresa Belfast. Essa se-
ria a décima segunda empresa a ser visitada. Já fazia duas semanas
desde que foi contratada pelo SEBRAE como facilitadora do Empreender
e até agora apenas quatro empresas confirmaram sua participação na pri-
meira reunião do núcleo das empresas de confecção de Carlos Barbosa.
Olhou para o relógio. Faltavam dez minutos para o horário combi-
nado com o sr. Jorge de Rossi, da empresa Belfast, momento em que
conversariam sobre o Programa Empreender. Estava nublado e come-
çava a chover. A motivação dela permanecia inalterada. Nem imagina-
va o quanto seria complicado convencer as pessoas para uma simples
conversa sobre o que estavam sentindo, suas dificuldades e seus pro-
blemas. Afinal de contas, ela representava o SEBRAE, a ACI e a prefei-
tura, e estava apta a oferecer soluções para muitos dos problemas que
eles apresentariam.
No dia da reunião, Rejane chegou meia hora antes do horário marca-
do. Além de fazer questão de verificar se a sala e o equipamento de pro-
jeção estavam em ordem, não conseguia disfarçar sua ansiedade. Nada
mais natural, tratando-se de uma primeira reunião, dessa vez com o gru-
po de fabricantes de confecção, setor apontado como prioridade não ape-
nas pelo SEBRAE Regional de Caxias do Sul, como também pela
comunidade de Carlos Barbosa.
Uma hora depois se deu início à atividade. Dos 24 empresários convi-
dados, apenas 12 apareceram. Mas, como um deles brincou, o que impor-
ta é a qualidade, e não a quantidade. Iniciou-se com esse quórum a
primeira reunião do núcleo de empresas fabricantes de confecção, a pri-
meira de muitas que ainda estariam por acontecer.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 5


SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

No entanto, não foram necessárias tantas reuniões para que o grupo de


empresários começasse a se dar conta da gravidade da situação. Apesar
das diferentes realidades de cada um deles, todos começaram a perceber
que o caminho do crescimento, com redução de riscos e maior probabi-
lidade de sucesso, passava, necessariamente, pela união do grupo.
Fácil de entender o porquê. É que, das alternativas possíveis, apenas
duas possibilitavam o crescimento com segurança. Eram elas: a) contratar
modelistas, apostando na criação e modelagem própria, participar de fei-
ras, com marca própria, e convencer os lojistas que sua marca teria acei-
tação e b) locar espaços próprios de comercialização na Serra e com
possibilidade de expansão para a região metropolitana de Porto Alegre,
com investimento maciço em publicidade e propaganda.
Se, por um lado, eles passavam a ter a solução para seus problemas,
por outro, passavam a ter um novo: a necessidade de aplicar um volu-
me significativo de recursos financeiros, que nenhum deles poderia alo-
car individualmente. No entanto, a ação em grupo poderia viabilizar as
ações necessárias no setor.
Os fornecedores de matérias-primas não davam a devida importância
aos empresários, pois seus volumes de compra eram pouco significativos
e não compensavam o investimento em infra-estrutura comercial e logís-
tica. Os custos de suprimentos refletiam essa preocupante realidade. Os
agentes financeiros não tinham interesse em oferecer crédito, pois as di-
ficuldades das empresas em comercializar seus produtos despertavam
desconfiança e receio no meio financeiro. Quando concediam emprésti-
mos, procuravam se proteger com garantias reais que viessem a assegurar
o ressarcimento de eventual inadimplência. Isso sem falar em custos altos,
que oneravam a liberação do crédito.
Conscientes desse cenário e chegando ao consenso quanto ao ca-
minho a seguir, os empresários montaram um plano de ação, no qual
se definiu que deveriam se preparar primeiro para crescer depois. Na
etapa de preparação foi priorizada a consultoria sobre melhorias do
processo produtivo, criação e modelagem.
Tendo o grupo tomado a decisão e elegido as prioridades, Rejane
encaminhou a solicitação para Noeli, gestora do SEBRAE de Bento Gon-
çalves, que pediu à área de Consultoria a indicação das pessoas que pu-
dessem atender às necessidades dos empresários. Pela proximidade
geográfica e pela reconhecida competência em confecção, a solicitação
chegou, dois dias depois, à Universidade de Caxias do Sul (UCS).

6 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


CONFECCIONANDO A QUALIDADE EM CARLOS BARBOSA – SEBRAE/RS

Mais alguns dias e a consultora de moda e design Lígia Osório começou


a visitar cada um dos empresários do grupo, verificando in loco os proble-
mas de produção, criação e modelagem. Verificou a existência de realida-
des diferentes, logo, faziam-se necessárias soluções diferentes. Dias depois,
foram apresentadas propostas de consultoria para cada um dos empresá-
rios, respeitando as peculiaridades encontradas e o momento de cada um
dentro do processo de profissionalização.
Os 70% de subsídio, previstos no Programa SEBRAE de Consultoria Tec-
nológica (Sebraetec), oferecidos pelo SEBRAE, foram decisivos no aceite da
proposta por oito dos empresários pertencentes ao grupo. Seguindo o cro-
nograma previsto, o trabalho de consultoria foi iniciado na metade do mês
de outubro de 2003.
Cada empresário e seu quadro de colaboradores possuíam um entendi-
mento particular de como funcionava o trabalho de consultoria e tinham ex-
pectativas diferentes quanto a seus resultados.
O nivelamento dessas expectativas foi o primeiro desafio da consultora
Lígia. Reuniões com todos os colaboradores passaram a ter como objetivo
o de explicar detalhadamente o processo, minimizando uma possível resis-
tência, além de procurar deixar todos tranqüilos quanto à não-eliminação
dos postos de trabalho. Essa etapa terminou em janeiro de 2004.
Uma vez compreendido o objetivo do trabalho, iniciou-se a parte técni-
ca propriamente dita, mapeando os processos existentes, identificando os
gargalos na produção e os procedimentos inadequados. Após a identifica-
ção dos problemas, a consultora combinou com cada um dos empresários
e seus colaboradores os métodos de transferência do conhecimento, de
como produzir melhor, de como proceder dali em diante. Foi um mês de
trabalho intenso.
Foram identificadas, nas oito empresas que passaram pela revisão do pro-
cesso produtivo, oportunidades para reduções de custos de produção, dos
tempos de produção por peça produzida e dos desperdícios do material, com
modificação do processo de modelagem e corte. A qualidade do processo de
acabamento das peças também fez parte do foco da consultoria, tendo apre-
sentado como resultado um índice zero, ou próximo a esse, de devoluções
por problemas de qualidade das peças comercializadas.
Com o objetivo de sedimentar o conhecimento transmitido pela consul-
tora e de incorporar novos conceitos e práticas recém-apreendidos, o grupo
de empresários contratou do Senai o curso de treinamento da mão-de-obra.
O custo foi compartilhado com a prefeitura.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 7


SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

Entusiasmados com o progresso do trabalho, com o apoio recebido e


com os resultados obtidos, quatro empresários do grupo solicitaram o ser-
viço de consultoria em design gráfico, com a finalidade de desenvolver o
logotipo e a programação de identidade visual. Para atender a essa solici-
tação, foi contatado o Centro Universitário Feevale de Novo Hamburgo,
do Vale do Sinos.
O consultor Luís André Werlang visitou cada uma das empresas, com o
objetivo de conhecer a realidade de cada uma delas e ter subsídios para
propor marcas que preservassem o aspecto cultural, sem prejudicar o con-
ceito mercadológico, focando o público-alvo. Esse tipo de preocupação re-
sultou no desenvolvimento de uma identidade visual alinhada com as
tendências de mercado, valorizando as empresas e suas linhas de produtos.
Nos meses de abril e maio de 2004 foi a vez de se criarem novos pro-
dutos que incrementassem as coleções das empresas. Cada um dos oito
empresários que tinham contratado a consultoria de reestruturação do
parque fabril requisitou agora a consultoria em design e criação para o de-
senvolvimento de cinco peças, tanto no segmento de moda masculina
quanto feminina.

UMA REVOLUÇÃO NA MODELAGEM

S eguindo a sistemática indicada pela metodologia Sebraetec, a consul-


tora teve a preocupação de não apenas desenvolver, como também de
transmitir o know-how aos empresários, dentro do espírito “ensinar a pes-
car”. O método de preparação e procedimentos de modelagem fez parte
da consultoria, e, com isso, várias empresas que dependiam de serviços
externos de modelagem conseguiram a sua independência.
De acordo com o sr. Jorge de Rossi, “o custo com modelagem caiu em
50%, além disso, devido à melhoria da qualidade e da nova coleção, as
vendas para fora do Estado cresceram 150%”. O fato de a modelagem ter
passado a ser desenvolvida internamente incorreu em redução do tempo
transcorrido entre a concepção e a fabricação. “A empresa que nos pres-
tava o serviço de modelagem era de Caxias do Sul [...] apesar de estar a
poucos quilômetros daqui, demorava até duas semanas para nos dar o re-
torno. O tempo suficiente para perder o pedido”, declara o sr. Jorge. Ao
todo, a Belfast Confecções conseguiu crescimento de 10% no faturamen-
to e contratou mais três funcionários.

8 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


CONFECCIONANDO A QUALIDADE EM CARLOS BARBOSA – SEBRAE/RS

“A nossa empresa era de um jeito antes da consultoria e passou a


ser de outro depois da consultoria”, comenta a sra. Neusi Maria Soa-
res, proprietária da empresa Neusi Confecções. A empresa foi funda-
da em 1992, começou costurando sob medida para algumas lojas do
centro da cidade e hoje já tem duas lojas próprias em Farroupilha,
uma só para turistas e outra para atender pessoas jurídicas. “O proble-
ma de modelagem me impedia de aumentar as minhas vendas, entrar
em novos mercados. Por exemplo: não tinha jeito de acertar os ternos.
Hoje, a venda de ternos já representa mais de 30% do meu fatura-
mento.” Quando resume os resultados obtidos, declara: “A consulto-
ria proporcionou um aumento total de faturamento em 35%, além de
possibilitar a abertura de uma loja para atendimento aos lojistas,
onde trabalham hoje quatro funcionários”.
“A própria comunidade de Carlos Barbosa percebeu essa mudança,
com a oferta de produtos diferenciados e competitivos”, confirmou a fa-
cilitadora do Empreender, Rejane Turcatel.
“O entusiasmo pelo processo foi contagiante”, contribuiu com o
depoimento o sr. Dorício Luiz Maggioni, presidente da ACI. Segundo
Maggioni, a ACI conseguiu colocar à disposição dos empresários as
ferramentas necessárias para a solução de seus problemas, proporcio-
nando um crescimento empresarial e elevando sua competitividade
no mercado.
A partir da renovação de suas coleções, as empresas começaram a
mostrar a sua cara para o mercado. Com subsídio de 50%, participaram
de duas feiras de moda e design no Estado, a Fenin 2004 e a RS Moda
Show 2004. Também tiveram oportunidade de expor e comercializar
seus produtos na feira anual do município de Carlos Barbosa, Feira da
Micro e Pequena Empresa, evento realizado em paralelo à Festiqueijo
2003 e 2004. Apoiados pelo Programa Empreender, visitaram a Fenit,
versões 2003 e 2004, onde puderam acompanhar as tendências da
moda e design no Brasil e no exterior.
Com a produção em fase de organização, surgiram novas necessida-
des. Como controlar melhor as finanças, planejar a empresa, acompanhar
as vendas, custos e suprimentos? Questões importantes e prementes
cujas soluções vieram por meio do Programa Oficina Gerencial, do
SEBRAE, no qual os empresários, durante quatro meses, aprenderam a
controlar suas operações, coroando dessa forma a primeira fase do pro-
cesso de profissionalização.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 9


SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

CONCLUSÃO

O s empresários estão cientes de que apenas iniciaram a caminhada


para o crescimento e para o sucesso e que dependerá deles o
cumprimento dos objetivos traçados. A ACI, a prefeitura, o SEBRAE e
as entidades executoras do Sebraetec, como universidades, escolas téc-
nicas e laboratórios, estarão presentes para apoiá-los na caminhada,
prestando auxílio em seus campos de conhecimento e dentro de suas
respectivas áreas de atuação, sendo, no entanto, insubstituível a inicia-
tiva do empreendedor.
Muitas das dificuldades foram superadas, tendo em seu lugar surgido
outras, com igual ou maior nível de complexidade que as anteriores, que
também terão de ser superadas. Foi necessário mudar conceitos, quebrar
resistências, ganhar parceiros. Conscientizar-se de que quem ganha é
quem luta e não desiste. Perceber que a força está no grupo e que mu-
dar os conceitos do passado vale a pena.
Em julho de 2004, já haviam sido realizadas 69 reuniões do núcleo,
tendo sido contabilizados avanços e conquistas. O volume de vendas
cresceu 12%, 40 novos modelos foram incluídos nas coleções, aproxima-
damente 30 novos empregos, entre diretos e indiretos, foram gerados. A
margem operacional foi majorada em 20%, em média, em virtude da ino-
vação na modelagem e dos novos mercados abordados.
Das reuniões do núcleo, 13 empresas participam regularmente, deba-
tendo os problemas e dilemas que surgiam a todo instante. A cada novo
lance, a cada nova jogada no tabuleiro do mercado, novos desafios, obs-
táculos e oponentes apareciam no caminho e exigiam soluções cada vez
mais criativas e rápidas. Mas, assim como surgiam desafios, surgiam
também oportunidades, que exigiam uma tomada de decisão firme e
ação concreta.
A ACI e o SEBRAE, por meio do Programa Empreender, procuram au-
xiliar o grupo de empresas nas tomadas de decisão, reduzindo o risco e
orientando, com o auxílio de especialistas, em várias áreas do conheci-
mento. Temas como exportação e busca do mercado externo entraram
em questionamento em várias reuniões. A possibilidade existe, mas es-
pecialistas em acesso ao mercado externo convidados para esclarecer o
tema aos empresários foram unânimes:

10 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


CONFECCIONANDO A QUALIDADE EM CARLOS BARBOSA – SEBRAE/RS

“A empresa, antes de pensar no mercado externo, tem que


se exercitar primeiramente no mercado interno. As dificuldades
no mercado externo, além de serem as mesmas do mercado
interno, são maximizadas pelas agravantes de idioma, cultura,
legislação e práticas comerciais desconhecidas, além dos custos
elevados de logística”.

Mesmo o mercado interno exige dos empresários um preparo cada


vez maior para enfrentar a concorrência, acompanhar as tendências de
moda e capacitar a si e a suas equipes de colaboradores. Por isso, os
empresários encaminharam mais uma vez, em julho de 2004, a solicita-
ção de consultoria em moda e design, via Sebraetec. Ações de divulga-
ção mais focadas e dirigidas foram também objeto da solicitação de
consultoria em marketing. Os empresários agora sabem que devem se
manter à altura das exigências do mercado e sabem ainda como procu-
rar o auxílio.
A conquista do mercado recém começou.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 11


SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

• Que alternativas os empresários tinham para sair das dificuldades em


que se encontrava o setor de confecções?

• Quais são os riscos inerentes de implementação dessas alternativas?

• De que forma esses riscos poderiam ser reduzidos?

• Cite ao menos três variáveis controláveis das alternativas encontradas e


comente-as.

• Cite ao menos três variáveis incontroláveis das alternativas encontradas


e comente-as.

• Destaque as etapas do processo de consultoria seqüencialmente e


comente cada uma delas.

BIBLIOGRAFIA

PREFEITURA MUNICIPAL DE CARLOS BARBOSA. Disponível em:


<http://www.carlosbarbosa.rs.gov.br>. Acesso em: 23 ago. 2004.

AGRADECIMENTOS

Diretoria Executiva do SEBRAE/RS: Deomedes Roque Talini, José Cláudio Silva dos Santos, Susana
Maria Kakuta.

Coordenação Técnica: Dusan Schereider, coordenador do Sebraetec.

Colaboração: Empresa Núcleo do Empreender de Confecções de Carlos Barbosa, Associação


Comercial e Industrial de Carlos Barbosa (ACI), Rejane Turcanel, Lígia Osório.

12 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS

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