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ENTREVISTA

Entrevista com
Jon "maddog" Hall,
da Linux Internacinal

ENTREVISTA
Entrevista com
http://revista.espiritolivre.org | #008 | Novembro 2009 Danilo Rodrigues César,
do Projeto Robótica Livre

Comunidades e
Movimentos Livres

CAPA COTIDIANO UBUNTU 9.10


Colaborativos... Cuidado com o "teco" Conheças as novidades
Até que ponto?! em informática deste release
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

EXPEDIENTE
Só no movimento... Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
A cada mês, uma vitória. Este não poderia ser diferente. Mesmo quando
muitos acham que estamos cansados a ponto de desistir eis que despontamos Editor
em mais uma edição de qualidade, como os leitores por si só comentam. Esta João Fernando Costa Júnior
edição da Revista Espírito Livre traz como tema de capa Comunidades e
Movimentos Livres, apresentando aos leitores um pouco mais sobre este tema Revisão
tão vasto. Tivemos contato com diversas comunidades que se prontificaram a Pamella Castanheira
apresentar suas histórias, seus cases, sua visão em matérias que demonstram Tatiana Al-Chueyr
o real valor e pontencial destas que iniciativas que arrastam exércitos e
movem montanhas. Nossos agradecimentos a estes redatores convidados. Arte e Diagramação
João Fernando Costa Júnior
Como as comunidades de software livre se manifestam? Como se
apresentam diantes da rede? Será que ao constituir uma comunidade tudo Capa
será mil maravilhas? Tentamos, através de várias matérias, apresentar as res- Carlos Eduardo Mattos da Cruz
postas consisas e focadas sobre estas e muitas outras indagações que permei-
am as comunidades de software livre/código aberto. Contribuiram nesta edição
Alex Sandro Gomes
Tivemos a honra de trazer como entrevistado principal Jon "maddog" Alexandre Oliva
Hall, considerado por muitos um exemplo de vida, superação e engajamento Ana Luiza de Souza Rolim
no movimento do software livre. Maddog "peregrina" em diversos eventos por Andre Gondim
todo o mundo e sempre está alí disposto para mais aquela foto e para um bom Andressa Martins
papo sobre novas tecnologias. Ele muito prontamente respondeu aos Bruno de Sousa Monteiro
questionamentos passados pela equipe da revista, respondendo com bom Cárlisson Galdino
humor sem igual! Danilo Rodrigues, do Projeto Robótica Livre também Cezar Taurion
conversou com nossa equipe e explicou um pouco mais sobre este Clayton Lobato
interessante projeto. Danilo Rodrigues César
Fernando Leme
Tivemos ainda novas participações em nossa equipe. Fernando Leme
Filipe Saraiva
estava para fazer parte do corpo editorial e nesta edição ele aparece com Gleibson Rodrigo Silva de Oliveira
falando sobre as armadilhas do mercado. João Marcello também foi uma grata Hailton David Lemos
surpresa... Ele começa sua participação na revista apresentando um case bem Ivanildo José de Melo Filho
interessante sobre o "teco" de informática. Clayton Lobato é outro que estava João Marcello Pereira
para entrar em nossa equipe já a algum tempo, mas diversos fatores sempre Jomar Silva
atrapalhavam. Pois bem Clayton participa dessa edição com um assunto Jon "maddog" Hall
polêmico sobre as comunidades. José James F. Teixeira
Continuamos uma nova coluna do Cárlisson, a Warning Zone, que Luiz Eduardo Borges
apresenta uma perspectiva diferente sobre a narração da história em questão. Mônica Paz
Vale a pena conferir. Wagner Emmanoel, da Fuctura, apresenta ainda um Otávio Gonçalves de Santana
Pamella Castanheira
review bem interessante sobre a mais nova versão do Linux para as massas, o
Paulo de Souza Lima
Ubuntu 9.10 Karmic Koala.
Roberto Salomon
O pessoal da ASL e do Ubuntu-BR também participaram enviando Rodrigo Carvalho
materiais, enriquecendo ainda mais a publicação. Já os colunistas fixos tais Rosângela S. Carvalho
como Alexandre Oliva, Cezar Taurion, Sinara Duarte, Jomar Silva, Filipe Sinara Duarte
Saraiva, Luiz Eduardo e aos tantos outros que de alguma forma participaram Stefanie Silveira
desta edição, meus sinceros agradecimentos! Tatiana Al-Chueyr
Wagner Emmanoel
A revista continua premiando os leitores que nos acompanham pelo Wallisson Narciso
Twitter, Identi.ca e demais veículos, então fique atento, pois novas promoções Wanny Figueiredo
sempre estão pipocando nestes lugares. Também fiquem atentos ao site ofici- Wesley Samp
al da revista [http://revista.espiritolivre.org], tem sempre novidade por lá. Yuri Almeida
Agradecemos a todos que não foram citados acima e continuamos a
Contato
convidar cada vez mais o leitor a participar do processo de
revista@espiritolivre.org
criação da revista. Quer saber como ajudar? Entre em
contato, contamos com você!
O conteúdo assinado e as imagens que o
integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
João Fernando Costa Júnior opinião da Revista Espírito Livre e de
seus responsáveis. Todos os direitos
Editor sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 008

SUMÁRIO
CAPA
27 Colaboração no mundo dos
negócios
Veja como isto é possível
Entrevista com
30 Difundindo ideias em busca
de uma sociedade livre Jon "maddog"
Ideias em movimento...
Hall
33 Das armadilhas do mercado
Tome cuidado...
PÁG. 22
35 Um site de rede social para a
comunidade de software
livre do Brasil
Socializando...

38 Colaborativos... Até que Entrevista com


ponto?!
Perguntinha difícil esta Danilo Rodrigues,
do projeto
41 O que faz uma comunidade
forte
Anota a receita!
Robótica Livre
43 Ubuntu-BR
Comunidade do Ubuntu no Brasil
PÁG. 59

COLUNAS
11 A Distopia do Remoto
Controle
Eu vejo tudo enquadrado...

15 Warning Zone
Episódio 2 - Reset
93 AGENDA 06 NOTÍCIAS
18 Open Source e Serviços
O Open Source já deixou de ser notícia...

20 Participação e Comunidade
Vivemos em comunidade...
FORUM EM DEBATE
45 Ética em informática
Você tem?
62 Paciente informado e web 2.0
Vai um remedinho aí?

48 O Desenvolvimento da
Computação e das Redes -
Parte 3
REVIEW
Uma nova forma de distribuição cultural
65 Novidades do Ubuntu 9.10
Lá vai o Karmic Koala...
51 Por que o cidadão
consciente deveria optar
pelo software livre - Parte 1
Introdução e uma pitada de história e COTIDIANO
filosofia

70 Cuidado com o "teco" em


informática
TECNOLOGIA Te pega daqui, te pega de lá...

55 Qual é a importância dos


padrões abertos para o SOFTWARE PÚBLICO
software livre?
Pensando na coletividade 73 Amadeus
Interação para educação a distância

ENTREVISTA
EDUCAÇÃO
59 Entrevista com Danilo
Rodrigues César
Projeto Robótica Livre
79 Software Livre e Ciências
A química perfeita!

EVENTOS
84 8ª Oficina para Inclusão
Digital - Belo Horizonte/MG
Release sobre o evento

86 Ekaaty na Feira dos


Formandos 2009 -
Salvador/BA
Relato do evento

08 LEITOR 10 PROMOÇÕES 88 Eventos sobre Software


Público - Brasília/DF
Relato do evento

QUADRINHOS
Os Levados da Breca
91 Nanquim2 - Helpdesk
Agenda Lotada
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

Go: a linguagem de programação do Google Startup Litl lança "webbook" baseado em


O Google apresentou recen- Linux
temente seu mais novo proje- A startup Litl, funda-
to: a nova linguagem de da uns dois anos
programação Go. Buscando atrás, lançou enfim
resolver alguns problemas seu primeiro produ-
encontrados em outras lin- to: um “webbook”,
guagens já existentes, o Goo- ou seja, um notebo-
gle anuncia que GO é: ok voltado para o
simples, rápida, tem compila- uso da web. Seguin-
ções e builds em frações de segundo (com códi- do a filosofia de que
go compilado executado a velocidades “menos é mais”, o sistema operacional e o
semelhantes às do C/C++), segura (quanto os ti- hardware foram simplificados para não ficar en-
pos de dados e no acesso à memória), concor- tre o usuário e a internet. Uma das característi-
rente (preparada para a execução de milhares cas mais interessantes do webbook é a
de rotinas sem problemas de stack overflows), di- possibilidade de dobrar o teclado para trás da te-
vertida (une as vantagens de uma linguagem de la, de forma que a ser possível apoiar o notebo-
programação dinâmica à velocidade e seguran- ok “em pé” sobre armários em qualquer lugar da
ça de uma linguagem estática e é claro... open casa. Mais informações no site oficial
source. Existe um vídeo bastante rico em infor- http://www.litl.com.
mações no site oficial, bem como tutoriais.

Fundador do KDE recebe condecoração na


Firefox completa 5 anos Alemanha
Há 5 anos atrás, a versão O fundador do KDE, Matthi-
1.0 do browser Firefox era as Ettrich, foi condecorado
disponibilizada para downlo- na Alemanha com a Cruz
ad pela Mozilla Organizati- Federal de Mérito, por sua
on. Um browser open contribuição ao Software Li-
source que, além de ser rá- vre. A Cruz Federal de Méri-
pido e prático, permitia ao to é a mais prestigiosa,
usuário alterá-lo conforme assim como a única decoração geral entregue
suas necessidades. O resultado é que ao fim de pela República Federal da Alemanha. É outorga-
5 anos, já na sua terceira versão, o Firefox con- da pelo presidente para as destacadas realiza-
ta com 24% da quota de mercado mundial, ten- ções nas diferentes esferas política, econômica,
do já superado o número de usuários do cultural e outros. Ettrich começou no projeto
Internet Explorer 6. KDE a 13 anos. Mais informações em:
http://dot.kde.org.

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Lançado Mandriva 2010 nas a interface, a biblioteca que faz a comunica-


Foi lançado o Mandriva ção ou se o conjunto todo será aberto. O
2010, que traz programas re- anúncio pode ser conferido aqui: http://sha-
centes e algumas outras novi- re.skype.com/sites/linux/2009/11/skype_open_-
dades. Existem melhorias source.html.
no que diz respeito ao tem-
po necessário para o boot, Lançado OpenSUSE 11.2
que ficou um pouco mais rápi-
do. A versão ainda conta Acaba de ser lançada a
com os ambientes KDE e Gnome disponíveis versão 11.2 do OpenSU-
nas versões 4.3.2 e 2.28.1, respectivamente. Es- SE, a distribuição Linux
ta versão ainda conta com o LXDE, um ambien- patrocinada pela Novell,
te mais leve, destinado a PCs mais antigos ou que conta com kernel
lentos. Mais informações em http://wiki.mandri- 2.6.31, KDE 4.3, sistema
va.com/en/2010.0_Tour. de arquivos ext4 como
default, GNOME 2.28, entre outras novidades.
Screenshots e detalhes podem ser vistos em:
Curso online gratuito de Metasploit http://pt.opensuse.org/OpenSUSE_11.2.
Excelente curso online gratui-
to sobre como utilizar a fra- Yahoo! doa seu Traffic Server à Fundação
mework Metasploit. A Apache
Metasploit Framework (MSF)
é considerada como uma das O Yahoo! decidiu publicar o
melhores ferramentas de audi- código do Traffic Server,
toria livres que existem para os profissionais de uma plataforma que eles
segurança atualmente. Para saber mais visite: mesmos desenvolveram
http://www.offensive-security.com/metasploit-un- para gerenciar o tráfego de
leashed/. seu webmail e outros serviços web. Entre outras
coisas, a plataforma se encarrega do caching,
processamento e balanceamento de carga no
Skype open source para Linux Yahoo!, além disso é utilizado para gerenciar o
Os desenvolvedores do Sky- tráfego nos serviços de virtualização de
pe anunciaram que preten- armazenamento interno do Yahoo!
dem lançar o cliente Skype
para Linux como open sour-
ce. O anúncio não deixa claro
se o que será aberto será ape-

Quer contribuir?
Então participe entrando em contato através do email
revista@espiritolivre.org

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07


COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Ainda não teve seu comentário publicado por matérias voltadas para educação. Parabéns pe-
aqui? Então o que está esperando?! Envie sua lo trabalho...
mensagem e ajude a revista a ficar ainda me- Kilson Araujo Lima Junior - Fortaleza/CE
lhor! Contribua, enviando suas sugestões e críti-
cas. Abaixo listamos alguns comentários que Eu acredito que ela é a representação da liber-
recebemos neste mês: dade e da solidariedade que que habita em ca-
da ser que usa o software livre.
É uma revista muito interessante, onde tratam Carlos Alberto Lages - Santarém/PA
de assuntos relacionados a tecnologia (software
livre) e cultura de uma forma muito dinâmica. Acho a revista otima, com otimos topicos e as-
Gosto muito. suntos sempre interessantes, espero algum dia
Geysa Galvão - Jaboatão dos Guararapes/PE poder participar e ajudar presentemente com a
revista.
A melhor revista sobre Software Livre da Améri- Wagner Gonçalves - Rio de Janeiro/RJ
ca Latina.
Diemesleno Carvalho - Campo Grande/MS Atualmente, a revista tem conquistado seu espa-
ço na comunidade de software livre. Particular-
Revista show de bola... Oferece conteúdo de mente, despertei interesse na revista assim que
qualidade e mantém o espírito livre até na forma acessei o site pela primeira vez e a cada lança-
de distribuição do material. mento é grande a expectativa para ler as matéri-
Filipe Seiti Nakamura - São Paulo/SP as. Parabéns!
Josué José Júnior - Lauro de Freitas/BA
Eu adoro ler a Revista Espírito Livre, assim, pos-
so me manter informada do que ocorre no mun- A melhor iniciativa que conheço, acompanho
do da informática de uma forma muito fácil e desde a primeira edição, e assim que tiver expe-
agradável. riência para falar ou ensinar alguma coisa pode-
Fátima Aparecida Tagliaferro - Mogi Mirim/SP rão contar com a minha contribuição. Sou
usuário linux a 4 anos e não troco nem se me
Uma ótima fonte de informação, de um mundo pagarem! Faço propaganda de todas as edi-
que precisa muito que as pessoas tenham co- ções da revista na faculdade e levo a "boa no-
nhecimento. va" do software livre aonde posso, profetizando
Janayna Alves Rocha - Palmas/TO uma era em que seremos todos livres e não fica-
remos mais acorrentados as "janelas".
Gostei muito da revista, bem ilustrada, abrange Luiz F. Silva - São Bernardo do Campo/SP
assuntos bem diversificados. Gostei muito das

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08


COLUNA DO LEITOR

Acho a revista espirito livre uma revista muito diversificado, atendendo a diversos nichos. A in-
boa para minha área e tambem para a profissão teração com leitores -- como não poderia deixar
pois com ela consegui tirar algumas dúvidas de- de ser nessa seara! -- é valorizada, agregando
cisivas. uma qualidade essencial para uma revista de
Alessandro Marchi Panccione - Caçador/SC software livre. Toda a equipe editorial está de
parabéns!
Revista de conteúdo técnico de alta qualidade. Fábio Malagoli Panico - Ribeirão Preto/SP
Indo ao encontro dos profissionais de TI; princi-
palmente aqueles adeptos do software livre. A Espírito Livre, ajuda não só a mim, mas tam-
Sérgio Adão da Silva - São José/SC bém todos os meus amigos alguns até que não
são da área de informática. Ajudo divulgando a
Acho deveras interessante a Revista Espírito Li- revista na minha rede de contatos para que os
vre. Ela de fato me orienta nos diversos estudos mesmos possam ter um conhecimento com fon-
que tenho feito a respeito de softwares. Todos tes confiavéis e de boa base.
que estão ligados ao processo de produção da Diogo Alvez P. da Silva - Belo Horizonte/MG
mesma estão de parabéns!
Janine Louise Brioude - Belo Horizonte/MG A revista pode ser resumida em uma palavra:
F@NTÁSTIC@!!
Tem pouco tempo que leio a revista. Recebi a in- Alexandro Sousa dos Santos - Araguaína/TO
dicação de uma amiga, pois precisava pesqui-
sar sobre Wikis. A revista é muito bacana e A revista espírito livre é um excelente canal de
trata de forma clara assuntos que antes conside- informação para a disseminação da cultura e co-
rava de 'setes cabeças'. Parabéns a toda equi- nhecimento da comunidade de software livre
pe. brasileira.
Anderson B. dos Santos - Belo Horizonte/MG Odair Rubleski - Nova Trento/SC

Conheci a revista há pouco tempo, desde então Acompanho a revista, desde sua 2ª edição. Re-
tenho utilizado bastante seu conteúdo e tam- comendo ela a todos meus amigos que gostam
bém divulgado para outros educadores. Ela opor- de Software Livre. A última edição estava ótima,
tuniza uma atualização constante sobre como tem sido desde a sua 1ª edição, aprecio
software livre, o que eu acredito ser muito impor- muito o trabalho. Quando me perguntam o que
tante. é a Revista Espírito Livre, respondo: Uma Revis-
Ana Paula Leme Baptistella - São Paulo/SP ta de qualidade, que ajuda a divulgar o Software
Livre, e que está no mesmo nível de outras
A Revista Espírito Livre é a publicação que falta- grandes revistas de informática e tecnologia do
va no mercado brasileiro. Agora que o modelo Brasil, com a grande vantagem de ser gratuita.
de produção open-source começa a ser percebi- Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
do como um campo com vasto potencial, sendo
até mesmo "transportado" para outras áreas do Revista dinâmica que prende o leitor do início
conhecimento, carecia uma revista que trouxes- ao fim, mas mantendo-o livre nas páginas do co-
se, como faz a Espírito Livre, com competência nhecimento.
e ludicidade, material de leitura e atualização pa- Adriano euclides m Gomes - Maceió/AL
ra os entusiastas (profissionais ou amadores)
do software livre. A diagramação é muito bonita, Uma ótima revista pois é feita de/para pessoas
moderna e prática, o conteúdo sempre muito in- que apóiam e utilizam software livre.
teressante e de excelente qualidade é bastante Nathan Scapini - Erechim - RS

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09


PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

PROMOÇÕES
Na edição #007 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções bem como promoções através
de nosso site e canais de relacionamento com os leitores, como o Twitter e o Identi.ca, onde
sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas.
Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoções. Fique ligado!

Ganhadores da Promoção VirtualLink:

1. Robson Ferreira Vilela - Prata/MG


2. Daniel Gianni - Ribeirão Preto/SP Ganhadores da promoção SOLISC 2009:
3. Marco Aurélio Capela - Ananindeua/PA
4. Alexandre da Costa Leite e Silva - São Gonçalo/RJ 1. Kaléu Puskas Caminha - Florianópolis/SC
5. Tomas Waldow - Guaíra/PR 2. Carlos A. de Freitas - São José dos Campos/SP
3. Yuri dos Santos Radziwill - Blumenau/SC
4. Rodigo Carvalho Silva - Rio de Janeiro/RJ
Ganhadores da promoção PHP Conf: 5. Rafael Schmidt Sampaio - Florianópolis/SC
6. Luiz Alberto Avelino Filho - Uberlândia/MG
1. Diogo Freitas - São Paulo/SP 7. Kelvin Pinho da Silva - Rio Branco/AC
2. Gabriel da Silveira Costa - Carapicuiba/SP 8. Daniela Barbosa de Oliveira - Cuiaba/MT
3. Alberto Barbi Brescia - Belo Horizonte/MG 9. Nathan Scapini - Erechim/RS
4. Marcos P. Gonçalves de Moura - Guaratinguetá/SP 10. Thiago Corbari Feldhaus - Caçador/SC
5. Kaio Rocha Ribeiro - Goiânia/GO 11. Marcoantonio Gemelli - Lages/SC
12. Leandro Amaral - Biguaçu/SC
13. Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
Ganhadores da promoção Clube do Hacker: 14. Odair Rubleski - Nova Trento/SC
15. Jurandir R. da Silva - Francisco Morato/SP
1. Ricardo Esteves Pontes - Campinas/SP
2. Jardel Segalla Flores - São Leopoldo/RS
3. Allan Denis Muniz Alves - Atalaia/AL

A organização do GOPHP e a Revista Espírito Livre estarão sorteando 3


inscrições entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer!

A promoção continua! A VirtualLink em parceria


com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O


Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

A Distopia do Bar
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Remoto Controle
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Por Alexandre Oliva

Muito já se falou e escreveu sobre o risco


de ceder controle sobre seu computador a al-
guém potencialmente mal intencionado. A confi-
Meu amor cadê você? ança cega que alguns depositam em
Eu acordei fornecedores de software privativo dificulta a
Não tem ninguém ao lado... aceitação da plausibilidade do risco, mas fatos
recentes corroboram o perigo, mostrando que
nem só de más intenções se o constrói.
Pela janela do quarto Veja o caso da Amazon.com. Vendeu mi-
Pela janela do carro lhares de cópias da distopia orwelliana 1984,
restritas ao seu leitor portátil de livros eletrôni-
Pela tela, pela janela cos, antes de descobrir que tal distribuição não
Quem é ela? Quem é ela? fora autorizada. Presumivelmente por receio das
Eu vejo tudo enquadrado perdas que sofreria numa disputa e provável der-
rota judicial, achou por bem interromper as ven-
Remoto controle... das da obra e cancelar as vendas já concluídas:
comandou os equipamentos que carregavam có-
pias da obra a que as removessem imediata-
-- Adriana Calcanhotto, em Esquadros
mente. Para usar o termo escolhido pelo próprio
fabricante para batizar o produto, ateou fogo nos
livros. É capaz disso porque mantém controle re-

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Fornecedores de progra-
mas que funcionam através da In-
Fornecedores de ternet, por exemplo, podem
determinar, a cada acesso ao
programas que funcionam serviço, qual versão do progra-
ma executar ou oferecer ou não
através da Internet, por exemplo, para o usuário. Computadores
podem determinar, a cada acesso possuídos pelo Microsoft Win-
dows também consultam seu
ao serviço, qual versão do mestre todos os dias, e podem
ser comandados a instalar atuali-
programa executar ou oferecer ou zações sem sequer avisar ao
usuário. O mesmo pode aconte-
não para o usuário... cer com computadores possuí-
dos por qualquer outro software
Alexandre Oliva privativo, seja sistema operacio-
nal, seja aplicativo. Não podendo
moto sobre esses equipamentos que suposta- estudar o código fonte, adaptá-lo às próprias ne-
mente já não mais lhes pertencem. Curioso é cessidades e preferências ou contar com a aju-
que, etimologicamente, a palavra “remòto” pro- da de terceiros à sua escolha para fazê-lo,
vém justamente do particípio passado do verbo usuários podem classificar software privativo em
“removère”, remover. A obra foi “remòta” remota- dois grupos: os que sabidamente estão sob con-
mente, clientes reclamaram, Amazon.com trole remoto de seus mestres e os que talvez es-
prometeu não fazer mais, mas o prospecto de tejam. Todo software privativo carrega o risco
que fatos semelhantes se repitam é cada vez me- de que o fornecedor decida ou seja obrigado a
nos, digamos, remoto. dar uma, digamos, amazoneada orwelliana no
Há semelhanças com o caso da nVidia, le- programa. O usuário acorda no outro dia e des-
vada ao tribunal e condenada pela implementa- cobre que sua amada funcionalidade não está
ção de uma otimização nos chipsets que mais ao seu lado.
desenvolveu para diversas placas mãe. Não con- Pode ocorrer de o usuário se ver impedido
seguiu obter permissão para uso da tecnologia, de acessar seus próprios dados, sem aviso pré-
então acabou tendo de fazer todo o possível pa- vio. A empresa canadense i4i, por exemplo, pro-
ra desabilitar a otimização, até nas placas que cessou a Microsoft por uso de algumas técnicas
já estavam nas mãos de clientes. Precisou con- de representação de dados em formato XML, en-
vencer todos os fabricantes de placas mãe com tendendo que o Microsoft Word praticava essas
os chipsets otimizados a preparar e publicar “atu- técnicas. Microsoft foi multada e proibida de co-
alizações” da BIOS que impediriam o uso da oti- mercializar o Word nos EUA. Cabe recurso, mas
mização. Ante o risco jurídico, foi fácil o juiz até que foi complacente. Poderia ordenar
convencê-los a também remover as versões anti- que a Microsoft fizesse tudo que estivesse ao
gas que o permitiriam. Diversos usuários manti- seu alcance para que usuários em qualquer lu-
veram o bom desempenho de seus gar do mundo não mais pudessem se valer des-
equipamentos evitando a atualização. Felizmen- sas técnicas desenvolvidas e distribuídas a
te para eles, a nVidia não tinha mecanismos à partir dos EUA pela Microsoft. Ela teria de utili-
sua disposição para providenciar a remoção re- zar sua porta dos fundos em cada computador
mota da funcionalidade. Mas há quem tenha... possuído pelo Windows para forçar a atualiza-

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

ção do Word para uma versão sem essas funcio- mo última atualização silenciosa a remoção da
nalidades. Verdade seja dita, não seria um gran- funcionalidade, baseada em plugins do navega-
de desastre: com algum esforço da Microsoft, dor, que permitiria receber outras atualizações?
continuaria possível abrir arquivos OpenXML, ain- Quantos conseguirão ler na Internet as notícias
da que com alguma perda. Mas outras patentes a respeito, antes de terem os navegadores infra-
poderiam ser tão amplas a ponto de exigir a re- tores silenciosamente “remòtos” de seus compu-
moção de todo o suporte a um determinado for- tadores?
mato de arquivos, deixando usuários cujos Patentes de software são uma péssima
computadores são controlados remotamente ime- ideia, como já previa o visionário Bill Gates em
diatamente incapazes de acessar os dados que 1991. Enquanto a Corte Suprema dos EUA ten-
assim armazenaram. O pior é que não parece ta por um fim à distorção de decisões anteriores
que juízes ou titulares de patentes estejam incli- que deu margem a essa aberração, o órgão res-
nados a se preocupar com os usuários e, dados ponsável por receber pedidos de patentes no
os termos típicos de licenciamento de software Brasil se empenha em desprezar nossa lei e im-
privativo, haveria pouquíssimas possibilidades portar a interpretação distorcida, impondo um
para demandar do fornecedor sequer reparação enorme risco desnecessário e daninho a todos
pela perda de funcionalidade. os desenvolvedores, distribuidores e usuários
Há outro caso aterrorizante, que materiali- de software do país.
za os piores pesadelos de Tim Berners-Lee. A Mesmo revertidos esses desmandos, o ris-
empresa americana Eolas obteve patente sobre co aqui exposto permaneceria enquanto fornece-
plugins para navegadores, processou a Micro- dores mantiverem o poder de controlar
soft em 1999, teve a patente anulada em 2004, remotamente os computadores de seus usuári-
reverteu a anulação em 2005 e acabaram che- os. Mesmo sendo bem intencionados, havendo
gando a um acordo judicial em 2007, permitindo qualquer munição jurídica capaz de levar um
à Microsoft reativar facilidades que desativara pa- juiz a ordenar que façam tudo que estiver ao
ra contornar a patente. Eolas teve recentemente seu alcance para evitar que usuários se valham
outra patente concedida nos EUA, agora sobre de certas funcionalidades de programas que de-
tecnologias AJAX, aquelas que tornam páginas
web interativas sem precisar de
plugins. Armada dessas paten-
tes, processou Google, Yahoo,
Apple, Sun, Amazon.com, Citi-
group, JPMorgan, eBay, Go
Daddy, Playboy, YouTube e ou-
Quantos
tras 14 empresas. Quantas delas conseguirão ler na Internet as
cederão às ameaças e pagarão
pela proteção para usar essas notícias a respeito, antes de terem
tecnologias para servir seus cli-
entes? Quantas resistirão, tentan- os navegadores infratores
do invalidar ou contornar as
patentes, correndo o risco de se- silenciosamente “remòtos” de
rem obrigadas, por ordem judici-
al, a puxar o tapete dos clientes?
seus computadores?
Quantos clientes desprevenidos
cairão? Quantos receberão co- Alexandre Oliva

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

les receberam, podem ser obrigados a usar o * http://homembit.com/2009/10/openxml-who-fooled-


controle remoto de maneira daninha aos usuári- who.html
os e a si mesmos. Ainda que não reconheça- * http://arstechnica.com/tech-policy/news/2009/10/compa
mos patentes de software ou outros poderes de ny-that-won-585m-from-microsoft-sues-apple-google.ars
exclusão injustos, um juiz remoto pode dar a or- * http://en.wikipedia.org/wiki/Eolas
dem na origem do software e afetar usuários no * http://www.groklaw.net/article.php?story=20091002212
mundo inteiro. 330353
* http://www.groklaw.net/staticpages/index.php?page=
Fornecedores de software e hardware, pe-
2009022607324398
lo seu próprio bem, deveriam deixar de manter
controle remoto sobre os computadores de seus
clientes. Nós, usuários, não deveríamos jamais
ceder o controle sobre nossos computadores e
dados, exorcizando o software privativo que os
Copyright 2009 Alexandre Oliva
possui: utilizando somente Software Livre, do
qual nosso controle não é “remòto”, escapamos
Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste
do enquadramento. “Quem é ela? Quem é
artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o
ela?”, que vislumbramos cortada e destroçada
mundo, desde que sejam preservadas a nota de
nas telas e janelas de quartos e carros do e-mun-
copyright, a URL oficial do documento e esta nota de
do distópico do remoto controle? Seu nome é Li-
permissão.
berdade! Ame-a e cuide para não acordar um
dia e descobrir que ela foi, tipo assim, “remòta”!
http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/distopia-do-
remoto-controle
Para mais informações:
* http://letras.mus.br/adriana-calcanhotto/43856/
* http://www.theregister.co.uk/2009/07/18/amazon_
removes_1984_from_kindle/
* http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=
106989048
* http://www.defectivebydesign.org/blog/1248
* http://www.fsf.org/news/amazon-apologizes
* http://www.etimo.it/?term=remoto
* http://www.nforcershq.com/forum/bios-update-warning-
t72851.html
* http://www.dvhardware.net/article30967.html
* http://www.ngohq.com/news/14892-nvidia-forced-to-
disable-chipset-pci-prefetch.html
* http://fsfla.org/blogs/lxo/pub/isca-anzol-rede
* http://www.findmysoft.com/news/Microsoft-Pushes-
Windows-Updates-without-User-Permission/ ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da
* http://www.fsf.org/blogs/rms/mac-osx-mistakes-and- Fundação Software Livre América Latina,
mantenedor do Linux-libre, evangelizador
malfeatures do Movimento Software Livre e engenheiro
* http://news.bbc.co.uk/2/hi/8197990.stm de compiladores na Red Hat Brasil.
Graduado na Unicamp em Engenharia de
* http://www.groklaw.net/article.php?story=20090817235 Computação e Mestrado em Ciências da
436439 Computação.

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14


COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Por Carlisson Galdino

No episódio anterior, um acidente na


instalação da SysAtom Technology termina
fazendo com que o vírus ationvir, que vinha
sendo desenvolvido na empresa, infecte a
equipe de trabalho. Darrell e Pandora fogem,
enquanto os outros se reúnem com Oliver para
ouvir seu plano de dominação global.
Episódio 02 -
Reset
Tungstênio: Agora vocês vão ouvir o meu
plano de dominação global! Bwahahahaha!

Seamonkey: ?

Minotaur: Tá, chefe. Mas o que é que é pra


fazer com o refém? Eu trouxe esse sujeito aqui.

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Ele diz que se chama Nazareno. Darrell: Calma, Pandora. Temos que entender
porque sua voz está assim. Parece até que
Tungstênio: Não importa o nome dele. Ele foi engoliu um plugin do XMMS.
trazido pra cá pra fazermos testes sobre
infecção do ationvir em novos contágios, não Pandora: Muito engraçado você. Fica assim
lembra? Isso ficou bem claro no capítulo porque não aconteceu nada com você. Eu vi lá:
anterior, droga! Arsen! Ou melhor, Montanha! nossos colegas viraram monstros! Você não viu?
Cuide disso pra mim, tá?
Darrell: O que quer que tenha acontecido nos
Montanha: Pois não chefe. Louise, me ajuda? transformou. Eu tenho algumas habilidades
especiais agora.
Tungstênio: Que Louise?! Ela escolheu o nome
dela! É Seamonkey! Chame ela de Seamonkey Pandora: Ah, é? Como é que você sabe? Tava
então, ué! Será que nem vocês leram o primeiro no changelog do Darrell 2.0? O da Pandora 2.0
episódio desta história!? estava vazio! Quem me programou é muito
preguiçoso ou eu não tenho importância
Seamonkey: Tá, muito bonito tudo isso, mas mesmo...
tem um problema.
Darrell: Você sabe que você é importante, né
Tungstênio: E o que foi agora? Pandora? É importante pra mim.

Seamonkey: Vamos fazer testes como!? Já viu Vamos deixar os dois pombinhos se acertando
onde a gente tá? e voltar nossa atenção para a sede da SysAtom
Technology. Antigamente, uma das grandes
Só então Oliver se dá conta de que o prédio da empresas de tecnologia do Brasil. Hoje, só...
Sysatom não existe mais. Está tudo em ruínas. Bem... Hoje...

Minotaur: Ainda tem o projeto da casa pra Tungstênio: Acho que ficou bom!
gente recompilar? Kkkkkk!
Seamonkey: Ficou uma merda!
Tungstênio: Vamos pensar em alguma coisa
nós três. Seamonkey, vá vendo o que pode Montanha: E o que você queria? Quem não
fazer com esse sujeito aí. ajudou não tem direito de reclamar não. Fique
calada que calada ainda tá errada.

Pandora: Ó, a gente devia ir ver o que está Minotaur: Pô, eu achei massa!
acontecendo com eles, Bem! Que será que está
havendo lá? Seamonkey: Tá parecendo... Uma cabana de
índio, só que feita de ferro!
Darrell: Não faço idéia. E temos que entender
também o que está havendo conosco. Minotaur: Ué, por isso que ficou legal!

Pandora: É mesmo, né? E minha voz desse Seamonkey: Espero que a Pandora não veja
jeito... Vou chorar! isso...

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Minotaur: Designers... Tudo um bando de Darrell: ...ou qualquer coisa parecida com isso.
fresco, isso sim!
Minotaur: Ei, Louise!
Tungstênio: Que Pandora? Chamem pelo
codinome! Seamonkey: Se o Oliver vir você me chamando
pelo nome vai ficar doido contigo.

Seamonkey olha pra Tungstênio com cara de Minotaur: Pior é você chamar o nome dele. Ei,
raiva, com o canto dos olhos. Seamonkey não é um nome do Mozilla?

Seamonkey: É. É como ficou conhecida a suíte


Seamonkey: E qual é? de navegação que antes se chamava Mozilla
Suite.
Tungstênio: É mesmo. Não sabemos. Onde ela
está? E o Darrell? Precisamos deles agora! Minotaur: Ah... E não dá problema?
Temos que saber como vamos chamá-los!
Seamonkey: O quê?
Os fortes raios do Sol bahiano já se
enfraquecem na segunda metade da tarde Minotaur: Sei lá, usar o nome deles!
quando Darrell e Pandora se aproximam da
sede. E o que eles encontram é... Bem... Seamonkey: Se der, pior é seu caso.

Darrell: PQP! Como diria Valdid: que peste é Minotaur: Como assim?
isso?
Seamonkey: Minotaur é como o Thunderbird
Pandora observa espantada a estranha era conhecido antes.
construção
Minotaur: Era? Mas não são mais, então tá
Darrell: Vamos? liberado pra eu usar!

Pandora permanece em estado de choque. Seamonkey: Não. Eles mudaram de nome


porque foram processados.
Darrell: Ei!!! Minha flor, vamos indo?
Minotaur: Que merda! Preciso mudar de nome
Pandora: Eles... Eles... antes que seja tarde demais!

Darrell: É, eles fizeram uma casa nova usando


chapas de ferro e cabos de aço.
CARLISSON GALDINO é Bacharel em
Pandora: Eles... Ciência da Computação e pós-graduado
em Produção de Software com Ênfase
em Software Livre. Já manteve projetos
Darrell: Vamos, não podemos ser vistos. como IaraJS, Enciclopédia Omega e
Temos que encontrar uma janela. Losango. Hoje mantém pequenos
projetos em seu blog Cyaneus. Membro
da Academia Arapiraquense de Letras e
Darrell para por uns instantes. Artes, é autor do Cordel do Software
Livre e do Cordel do BrOffice.

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COLUNA · CEZAR TAURION

Open Source e Serviços


Por Cezar Taurion

Wagner Magni - sxc.hu

Open Source já está dei- res, um crescimento de 25%


xando de ser notícia de mídia. sobre o ano anterior. Em 2013,
Não que o assunto tenha se es- as previsões são que alcan-
gotado, mas é que não é mais cem 12,7 bilhões de dólares! A
novidade. Open Source já está receita de serviços acumulada
no dia a dia das empresas. E entre 2008 e 2013 será de
um dos negócios em torno do mais de 54 bilhões de dólares.
Open Source que está crescen- Realmente, estamos falando
do bastante são exatamente de muito dinheiro.
os serviços. Neste modelo, O que estes números re-
não se ganha dinheiro direta- presentam? Indiscutivelmente
mente com venda de licenças, que Open Source já criou um
mas principalmente com servi- ecossistema forte e saudável e
ços. Segundo o IDC, neste que não tem como ser ignora-
ano de 2009 o mercado mundi- do.
al de serviços em torno do
Open Source deverá atingir a Open Source já está atin-
casa dos sete bilhões de dóla- gindo a maturidade e as dis-

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COLUNA · CEZAR TAURION

cussões ideológicas estão sen- pela Black Duck Software Source é a demanda de maior
do deixadas de lado. Lembro (http://www.blackducksoftware. oportunidade. Assim, não tem
que em 2004 e 2005 as discus- com/) e OpenLogic sentido uma empresa ser espe-
sões se centravam na luta en- (http://www.openlogic.com/) cializada 100% em Open Sour-
tre o bem e o mal, com o mal que vasculham código e vali- ce.
simbolizado pelo software pro- dam se existe alguma violação Adicionalmente sugiro
prietário. Pouquíssimas discus- de patentes. prestar atenção à rápida disse-
sões eram pragmáticas...Não Também já vemos Open minação da chamada Internet
se falava em mercado, das difi- Source entrando em outros se- das coisas, onde sensores e
culdades das empresas em tores de software, como um sis- outros dispositivos estarão atu-
adotar Open Source. Muitas ini- tema de sistema de trouble ando em tempo real, integra-
ciativas eram, no âmbito gover- ticket, o OTRS dos à infraestrutura física do
namental, definidas por (http://www.otrs.org/), e siste- planeta. As oportunidades de
decreto, sem uma visão clara e mas de shopping cart para co- novos negócios usando tecno-
consistente dos desafios a se- mércio eletrônico como o logias Open Source serão ab-
rem enfrentados. Na época, a osCommerce (http://www.os- solutamente imensas.
IBM era a única das grandes commerce.com/) ou o Zen Cart
empresas de software a acredi- (http://www.zen-cart.com/). Exis-
tar e investir em Open Source. tem soluções para integração
Já em 2001, a IBM anunciava de dados e ETL, como o Ta-
investimentos de um bilhão de lend (http://www.talend.com/) e Para mais informações:
dólares em iniciativas ligadas diversos outros softwares.
ao Linux. Foi um marco para a Site Black Duck Software
indústria de software, sinalizan- Mas, voltando aos servi- http://www.blackducksoftware.com/
do que Open Source era coisa ços, o segmento de maior cres-
séria. cimento é exatamente o de Site OpenLogic
integração. Curiosamente, os http://www.openlogic.com/
Hoje o contexto é diferen- de menor oportunidade de ne-
te. Muitos projetos de software gócios são as atividades de Site OTRS
Open Source já estão amadure- educação e treinamento. Por http://www.otrs.org/
cidos. O Linux já tem 18 anos, outro lado, os treinamentos
o MySQL 14 anos, o Post- abrem portas para os serviços Site osCommerce
greSQL é de 1996, o Apache de maior valor agregado como http://www.oscommerce.com/
surgiu em 1995, o Eclipse em consultoria e integração.
2001, Mozilla em 1998 e o Site Zen Cart
OpenOffice.org em 2000. OK, e que sugestões po-
http://www.zen-cart.com/
demos fazer para empreende-
A industria de software, dores que queiram entrar
salvo ainda raras exceções já neste setor? Apenas duas: Ge-
Site Talend
entendeu que Open Source é ir- rar dinheiro com software
http://www.talend.com
reversível. E muitas empresas Open Source é diferente do mo- CEZAR TAURION é
de software misturam código delo proprietário. Não existem li- Gerente de Novas
Open Source com seu código cenças e portanto devem
Tecnologias da IBM
Brasil.
proprietário, criando soluções buscar receita em serviços ou Seu blog está
híbridas. Estas alternativas obter ganhos indiretos. E não
disponível em
www.ibm.com/develo
abrem espaço para produtos esquecer que integração entre perworks/blogs/page/
inovadores como os ofertados sistemas proprietários e Open ctaurion

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

B S K - sxc.hu

Participação e Comunidade
Por Roberto Salomon

Cada um de nós tem um O envolvimento nas co-


motivo para participar de uma munidades de Software Livre,
comunidade. Na maioria das ve- no entanto, é gradual, quase
zes, somos membros a comuni- imperceptível. É um processo
dade onde vivemos, da de crescimento onde começa-
comunidade onde trabalhamos mos como "ouvintes" de listas
e outras comunidades físicas. de discussão, vendo outros fa-
Estas participações acabam se zerem as perguntas que gosta-
dando mais pela proximidade fí- riamos de ter feito mas não
sica da comunidade que neces- tinhamos coragem de fazê-lo.
sariamente por afinidades Grande bobagem! Com o tem-
culturais ou de outro tipo. Nas po, descobrimos que repetir
comunidades de Software Li- uma pergunta nos custa, no
vre, no entanto, uma coisa dife- máximo, uma resposta man-
rente parece acontecer: dando ver a mensagem tal. Is-
aparentemente, apenas por afi- so quando temos sorte. Alguns
nidade intelectual, nos filiamos poucos mal-educados, e eles
a comunidades de completos existem em qualquer comuni-
estranhos. Pessoas que conhe- dade, mandam a gente procu-
cemos apenas por e-mail e rar direito antes de fazer uma
que atendem por nicks e não pergunta. Ainda bem que são
por nomes. exceções.

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

ção só é possível pela


existência destas comunida-
Crescemos e, apesar dos des virtuais.

trolls, começamos a perguntar. Gosto de lembrar de


quando conheci o Asrail que
Com o tempo descobrimos que assumiu a coordenação do pro-
cesso de QA do BrOffice.org.
também podemos responder as Tivemos boas discussões so-
bre métodos e resultados sem
perguntas dos outros ou até nunca nos termos encontrado.
Na verdade um não tinha a me-
mesmo comentar uma nor ideia de como era o outro.
Não era necessário. Quando fi-
resposta de alguém mais nalmente nos conhecemos, a
experiente... reação foi muito semelhante:
ele achava que eu era mais no-
Roberto Salomon vo, e eu que ele era mais ve-
lho. Às vezes fico imaginando
como teria sido a dinâmica do
trabalho se este encontro tives-
Crescemos e, apesar dos de comunidade. Em uma lista se ocorrido antes.
trolls, começamos a perguntar. de discussão não há rostos.
Com o tempo descobrimos As pessoas discutem e argu-
que também podemos respon- mentam livremente sem ne- Para mais informações:
der as perguntas dos outros ou nhum pré-conceito sobre os
até mesmo comentar uma res- demais. Infelizmente, tende- Blog do Roberto Salomon:
posta de alguém mais experien- mos a imaginar a capacidade in- http://rfsalomon.blogspot.com
te, dando ao tema uma nova telectual do outro pela sua
abordagem (ou perspectiva, co- aparência física. Em uma lista Artigo na Wikipédia sobre Troll
mo queiram). E, quando me- de discussão, isso não existe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll_
nos esperamos, estamos tão A discussão se dá sem a inter- (internet)
enfronhados na comunidade ferência de padrões culturais
que alguém chega para pergun- que nos são impostos pelas
tar se não gostariamos de nos nossas criações. Exagerando,
tornar mais ativos, assumindo mas não tanto assim, é possí-
alguma coordenação ou ativida- vel acompanhar uma divertida
de. discussão entre um PHD em fí-
É sempre assim. A partici- sica nuclear e um estudante
pação em comunidade é envol- de segundo grau sobre qual a
ROBERTO
vente e natural do ser humano. melhor solução para um deter- SALOMON é
Gostamos de nos sentir úteis. minado problema que ambos arquiteto de software
vem enfrentando. Seja na for- na IBM e voluntário
do projeto
E, no caso específico das matação de um texto científico, BrOffice.org.
comunidades de Software Li- ou na codificação mais eficien-
vre, há uma coisa que as distin- te de um algorítmo, esta intera-
gue de todos os outros tipos

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CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL

Entrevista com
Jon "maddog" Hall
Por João Fernando Costa Júnior, Tatiana Al-Chueyr e Pamella Castanheira

Revista Espírito Livre: Jon "maddog"


Hall, hoje você é um ícone na área de softwa-
re livre. De volta para o passado... Você ti-
nha interesse em tecnologia durante a
infância?
Jon Maddog Hall: Sim. Quando criança,
eu estava constantemente desmontando coisas
para ver como elas funcionavam. Frequente-
mente eu não conseguia montá-las novamente,
mas, em geral, quando eu tinha acesso a elas,
elas já tinham parado de funcionar de qualquer
forma, então meus pais não ligavam muito.

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CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL

gramas pequenos custavam em


torno de 5 dólares, e os maiores
Uma boa parte da cha- em torno de 15 dólares) e eles
chegavam pelo correio em fita de
mada "inovação" de hoje consiste papel.

em tornar as coisas menores, Então eu experimentava os


programa, e, se eles fossem
mais rápidas, mais eficientes, bons, eu fazia copias e os vendia
para os meus colegas por um dó-
mais consistentes. Trata-se de lar ou dois cada um, para cobrir
os custos da nova fita de papel e
um bom trabalho de engenharia, para reembolso do que havia pa-
go para receber o primeiro.
mas não é o que eu chamaria de Desde que os programas
"inovador". eram livremente distribuíveis e co-
piáveis, isso não era ilegal na épo-
Jon "maddog" Hall
ca.

Até os meus 15 anos meu pai tinha um se- REL: Desde então, a tecno-
gundo trabalho em uma loja de brinquedos. Ain- logia mudou um pouquinho... Como você se
da muito novo eu ia lá e o ajudava a montar manteve atualizado?
bicicletas, karts, casas de bonecas e outras coi- JMH: Antes de tudo, minha educação foi
sas que necessitavam leitura e execução de ins- muito intensa. Estudei engenharia elétrica, e
truções de manuais. aprendi como os transistores podem ser coloca-
Eu também sempre gostei de ficção científi- dos em uma unidade de armazenamento (cha-
ca, de ler revistas técnicas e, muitos livros. mada de “flip-flop”), como os flip-flops poderiam
ser colocados em regístros e memórias, como
barramentos funcionavam, etc. Eu programei
REL: Há relatos de que seu primeiro con- em linguagem de máquina, estudei como compi-
tato com software livre foi quando você traba- ladores e sistemas operacionais funcionam.
lhou no Digital Equipment Corporation, Quando vieram as redes e processamento gráfi-
como foi? co, também estudei esses assuntos.
JMH: Bem, estes relatos parecem estar er- Eu trabalhava para a Western Electric, a fili-
rados. Meu primeiro contato com software livre al industrial da Bell System quando eu estava
foi em 1969 quando eu era um estudante univer- na faculdade, e mais tarde no Bell Laboratories.
sitário na Drexel University, na Philadelphia,
Enquanto eu provavelmente teria alguma
Pennsylvania. Eu encomendava programas da bi-
dificuldade em escrever código no atual kernel
blioteca da Digital Equipment Corporation's User
do Linux, eu não tenho dificuldades em enten-
Society, DECUS. DECUS publicava um catálo-
der como ele funciona.
go impresso (na época esse catálogo custava
15 dólares) dos programas que eles possuíam. Uma boa parte da chamada "inovação" de
Eu lia o catálogo e via qual programa eu precisa- hoje consiste em tornar as coisas menores,
va, então eu encomendava (geralmente os pro- mais rápidas, mais eficientes, mais consisten-
tes. Trata-se de um bom trabalho de engenha-

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |23


CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL

ria, mas não é o que eu chamaria de


"inovador".
Além disso, eu continuo lendo re-
Tudo que faço pelo
vistas técnicas, participando de confe-
rências, etc.
Linux é tentar explicar de forma
REL: O seu apelido “maddog”, clara e concisa, o que é Soft-
foi dado por estudantes do estado
de Hartford State Technical College ware Livre e como ele ajuda as
quando você foi chefe do departa-
mento de ciência da computação,
pessoas e nações.
devido ao seu temperamento, na Jon "maddog" Hall
época. Hoje em dia, você sempre
aparece extremamente calmo duran-
te as conferências de software livre
ao redor do mundo... Existe ainda alguma coi- REL: Você é também um dos embaixa-
sa que o transforma num velho “maddog”? dores do Koolu, o qual permitiu grandes
avanços na aplicação do software livre em
JMH: Sim, quando as pessoas são grossei-
dispositivos de baixo consumo de energia.
ras, ou pensam que são melhores que as ou-
Quais são os avanços recentes neste cam-
tras. Fanatismo, sexismo, racismo. As pessoas
po?
que se recusam a ajudar aqueles que tentam aju-
dá-las. Políticos que tem dificuldades para ler e JMH: O Koolu, em si, decidiu se concen-
entender a constituição dos Estados Unidos. trar, por enquanto, em “cloud computing”, a qual
pode ser feita através de thin clientes e servido-
res virtuais, por isso não está tão envolvido com
REL: Quais são as suas atividades atu- as coisas de baixo consumo.
ais como diretor executivo do Linux Internati-
onal?
REL: Atualmente, em que projetos você
JMH: Infelizmente a entidade “Linux Interna-
está engajado?
tional” tem estado adormecida durante algum
tempo devido à falta de verba, mas eu tenho um JMH: Ah! Continuo envolvido e interessado
plano para reativá-la e revitalizá-la em breve, en- por “coisas de baixo consumo”, e estou traba-
tão fiquem atentos. lhando com a Universidade de São Paulo para
testar e desenvolver a próxima geração de um
Tudo o que faço pelo Linux é tentar expli-
“Open phone”, muito parecido com o Openmoko
car de forma clara e concisa, o que é o software
FreeRunner, mas para ter o telefone sob uma li-
livre e como ele ajuda as pessoas e nações. Re-
cença livre, para que as fábricas no Brasil e no
centemente tenho me concentrado no que cha-
resto da América Latina possam produzi-los. Is-
mo de “economias emergentes”, pois acredito
so criaria empregos na América Latina e reduzi-
que o software livre tem mais impacto nelas, e
ria o custo dos telefones para o cliente final.
pode ajudar ainda mais a vida das pessoas.
Eu também estou profundamente envolvi-
Neste verão passei um tempo no Vietnã mi-
do com o Projeto Cauã, que é um projeto que
nistrando alguns cursos gratuitos, patrocinados
usa computação em thin client para reduzir o
pelo WITFOR, uma organização parcialmente
uso de eletricidade, torna a computação mais
fundada pelas Nações Unidas, sobre como utili-
fácil, cria uma bolha de Internet wireless grátis
zar software livre para fazer negócios.

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CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL

ra que as pessoas acreditem que


acontece, mas continuarei tentando.
O governo, por
exemplo, não deve proteger mo- REL: Apesar de afetar as com-
panias que desenvolvem tecnolo-
nopólios para que alguns pou- gia, você vê o movimento do
software livre se espalhando para
cos "fiquem ricos". O governo outros setores?

deve buscar levar a sociedade tá criando


JMH: A Creative Commons es-
uma revolução nas artes e
adiante. em publicidade. Empresas de seguro
(por exemplo) têm me perguntado co-
Jon "maddog" Hall mo eles podem usar técnicas de
Software Livre para colaborar com
seus concorrentes para reduzir cus-
para a Inclusão Digital, e cria 1-2 milhões de tra- tos.
balhos na área de alta-tecnologia no Brasil, e
mais 1-2 milhões para América Latina. Nós faze-
mos tudo isso de modo capitalista e sustentável, REL: Em paralelo ao envolvimento de
sem financiamento do governo. empreendimentos, mais e mais governos
Promover a paz no mundo terá que espe- têm se mobilizado e encorajado a utilizar e
rar até o mês que vem. :-) promover tecnologias open source. Qual é o
papel dos governos neste campo?
JMH: Eu gosto de pensar que a maioria
REL: Com tantas atividades, há tempo pa- dos governos são “das pessoas e pelas pesso-
ra dormir? Quantas horas você dorme por dia? as”. Portanto o que é bom para as pessoas em
JMH: Eu geralmente gosto de dormir oito geral é o que o governo deveria fazer. O gover-
horas, mas como estou ficando mais velho isso no, por exemplo, não deve proteger monopólios
se torna mais difícil. Normalmente durmo em tor- para que alguns poucos "fiquem ricos". O gover-
no de seis horas ou menos por noite. no deve buscar levar a sociedade adiante.
Este é o motivo para eu acreditar que as
patentes de software devem ser demanteladas
REL: Suas conferências são mágicas e
por lei. Patentes de software, se elas algum dia
desmistificam crenças como “não é possível
tiveram qualquer efeito positivo na economia, ho-
ganhar dinheiro com software livre”. Em que
je têm um papel prejudicial que se sobrepõe a
ponto você vê as empresas “comprando” es-
qualquer benefício que elas poderiam gerar.
ta ideia?
Os governos não devem conceder paten-
JMH: A empresa Red Hat parece ter com-
tes de software, e devem ter um programa acele-
prado. Assim como a IBM, Hewlett Packard, Goo-
rado de abolir antigas patentes de software.
gle, etc. Mais perto de vocês, o Metrô de São
Paulo e a Caixa Econômica Federal, e muitas ou- REL: Em sua opinião, como a recente cri-
tras. Eu realmente não sei quantos casos que fo- se global afetou o desenvolvimento e utilização
ram bem sucedidos em "fazer dinheiro com de software livre nos Estados Unidos e no mun-
Software Livre" que eu precisarei apresentar pa- do como um todos?

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CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL

JMH: Completamente. As pessoas estão REL: Quais os principais desafios na


buscando fazer mais com menos dinheiro, e é aí área de software livre? E cultura livre?
que o software livre aparece. Infelizmente eles JMH: Fazer as pessoas entenderem que é
não estão também implementando muitos novos necessário trabalho e dedicação pra fazer acon-
projetos, que é outro lugar onde o Software Li- tecer... não é mágica... e se as flores da Cultura
vre se destaca. Conforme a economia for recupe- Livre não forem regadas e adubadas, elas irão
rada, eu espero que as lições de Software Livre murchar e morrer.
aprendidas durante a recessão inspirem o uso
de Software Livre em novos projetos.
E é claro, o Vista foi a melhor coisa que a REL: Muito obrigado pela entrevista. Vo-
Microsoft poderia ter feito para o Linux. Talvez o cê gostaria de deixar uma mensagem para
grande número de licenças do Windows 7 dirija os leitores da Revista Espirito Livre?
mais pessoas ao software livre. JMH: O projeto que mencionei antes, o Pro-
jeto Cauã, é uma homenagem ao meu afilhado
brasileiro. O nome vem dos índios Tupi - signifi-
REL: A filosofia do software livre foi es- ca "Águia" - e por isso escolhi este nome para o
tendida para outras áreas através de movi- projeto.
mentos sociais frequentemente chamados
de “cultura livre”. Qual foi a demostração de A águia é provavelmente um dos espíritos
“cultura livre” mais impressionante que você mais livres que eu possa imaginar. Então, da
já viu? música "The Eagle & The Hawk" de John Den-
ver e Mike Taylor, eu deixo esta mensagem:
JMH: “Big Buck Bunny”, um filme livre feito
com a utilização do Blender. Aqueles caras de "And reach for the heavens and hope for the future
Amsterdam estão pegando fogo! And all that we can be and not what we are"

"E busque pelos céus e tenha esperança pelo futuro


REL: O que você pensa ser importante E tudo o que nós podemos ser e não o que somos"
para manter viva a comunidade do software li-
vre ou a cultura livre? Esta é a mensagem para o Software Livre
JMH: É preciso uma massa crítica de pes- e para a Cultura Livre.
soas, juntamente com comunicação de alta velo- Carpe Diem!
cidade de comunicação e baixo custo e
compartilhamento de conhecimento.
Acho que não foi por acaso que o projeto
do kermel do Linux decolou da maneira que fez,
justamente quando os custos de acesso a Inter-
net permitiram que a Internet estivesse nas ca-
sas das pessoas, computadores razoavelmente
poderosos passaram a ser acessíveis tanto a
Para mais informações:
amadores quanto a estudantes universitários, e Site oficial Linux Internacional:
vários papers sobre como escrever um sistema http://www.li.org
operacional estavam disponíveis. Tudo o que fal-
tava era adicionar um estudante com força de Site oficial Koolu:
vontade de Helsinki, Finlândia... http://koolu.com

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CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS

Colaboração no
mundo dos negócios
A interação entre empresas usuárias de software livre com
suas comunidades
Por Rodrigo Carvalho

Mark Normand - sxc.hu

A cada dia, mais empresas começam a en- 1. Ter contato direto com a comunidade;
xergar o software livre como uma opção viável e 2. Terceirizar este contato;
estratégica para seus negócios, gerando inde- 3. Se tornar parte da comunidade;
pendência de fornecedores e economia. No mo-
delo proprietário, existe a figura do fornecedor, Contato direto com a comunidade
que dá suporte a problemas e consultoria, figura Normalmente feito por empresas de maior
esta que normalmente não existe no modelo li- porte, é quando ela decide que irá interagir dire-
vre. Algumas vezes, existem empresas especiali- tamente com os desenvolvedores do software.
zadas em prestar serviços a determinados Na prática, isto normalmente significa que um
softwares livres, mas, o que acontece na maio- grupo de pessoas da área de TI desempenhará
ria dos casos, é que a comunidade é seu princi- funções de:
pal mantenedor, tornando necessária a
interação da empresa usuária com ela. 1. Reporte de problemas (bugs);
2. Pedidos de novas funcionalidades;
Esta interação pode ser feita de várias for- 3. Repasse de dúvidas para a comunidade;
mas, cabendo à empresa decidir como a fará,
mas elas podem ser enquadradas em alguma O problema deste tipo de interação é que
destas três categorias: é bastante passiva e não trás garantias de que

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CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS

a resposta será adequada ao nível de severida- com o que viremos a seguir.


de que um possível problema possa ter. Ele é pa-
recido com o modelo proprietário, onde estas
mesmas interações são com a fornecedora do Terceirizando o contato
software, mas, neste caso, não existe contrato Uma empresa também pode escolher por
para poder cobrar judicialmente uma resposta não ter nenhum contato direto com a comunida-
adequada. de e contratar empresas que farão este traba-
Esta forma de interação normalmente é o lho. A contratada fica responsável por
mais comum de ser visualizado por quem está solucionar os problemas nos softwares livres, co-
começando com software livre (e que acaba ge- mo se eles fossem propriedade dela. Assim, se
rando a famosa pergunta “quem dá suporte?”). esta não responder às demandas de forma con-
Apesar disso, o risco é menor quando a empre- veniente, a usuária estará resguardada judicial-
sa usuária já é experiente neste assunto e sabe mente por um contrato.
lidar melhor com a comunidade. Isto é bastante parecido com o modelo pro-
No entanto, este tipo de interação pode ser prietário, com a diferença fundamental que a
interessante para casos menos críticos, como pe- usuária poderá fazer o mesmo tipo de contrato
quenos aplicativos livres. Como isto não irá inter- com outra consultoria. Como o software livre
romper nenhum serviço crítico, o seu uso não tem donos, a partir do momento que a con-
torna-se seguro, mesmo contando apenas com tratada não honra o contrato, ele poderá ser res-
o suporte informal. cindido e ser refeito com outra. Isto também é o
mais simples de ser implementado por empre-
Mas não é interessante que a empresa ape- sas de menor porte e pelas que estão iniciando
nas “sugue” o trabalho desenvolvido colaborativa- a adoção.
mente. Elas normalmente dão um retorno para o
projeto, como doações ou publicidade. Neste últi- Um exemplo muito bom de empresa que
mo caso, o próprio fato de uma empresa com no- faz isto de uma maneira muito inteligente é a
me de peso estar utilizando um software livre, já Caixa. A empresa abre licitações para contrata-
o torna mais conhecido, trazendo para a sua co- ção de consultorias em software livre, contendo
munidade mais pessoas interessadas em contri- exigências de que a empresa contratada tenha
buir. um número mínimo de membros ativos na comu-
nidade. Isto, ao mesmo tempo que garante uma
Para softwares maiores, também podem qualidade de serviço melhor, pois a consultoria
ser feitos patrocínios ou organização de even- terá pessoas qualificadas para o trabalho, contri-
tos. Um exemplo de empresa que faz bastante is- bui para que o software se fortaleça, remuneran-
to é o SERPRO. Este órgão é um dos maiores do os membros ativos e incentivando a entrada
usuários da linguagem Python e sempre que pos- de novos.
sível patrocina os eventos da comunidade no
Brasil. Ele é, inclusive, um dos grandes responsá-
veis pela popularização da linguagem no nosso Tornando-se parte da comunidade
país.
Existem também algumas empresas que,
Nos casos onde são necessários desenvol- de certa forma, se tornam parte da comunidade.
vimentos, como correção de bugs e implementa- Elas, ao invés de terem um papel passivo, tiram
ção de novas funcionalidades, empresas total proveito da liberdade do software se tornan-
usuárias às vezes fazem pagamentos diretos pa- do membros ativos da comunidade, desempe-
ra um desenvolvedor ativo do software fazer o nhando funções de:
trabalho necessário. Esta solução se aproxima

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CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS

1. Desenvolver novas funcionalidades; o modelo proprietário possa pensar, não é ruim.


2. Corrigir bugs; Isto gera uma movimentação em volta do softwa-
3. Sanear dúvidas de outras pessoas; re que trará mais garantias de sua continuidade,
4. Gerar documentação; incentiva que mais empresas deem suporte a
ele (aumentando a concorrência), melhora sua
Obviamente, para se fazer isso, é necessá- própria imagem perante o público e fica cada
rio que pessoas da empresa tenham um conheci- vez mais independente de empresas externas.
mento mais profundo do software Mas deve ficar claro que não existe uma
(especialmente nos dois primeiros casos) e que forma de interação melhor que a outra e, da
ela tenha mais experiência com o modelo colabo- mesma forma, uma forma não impossibilita ou-
rativos e de como lidar com a comunidade. Mas tra (as empresas citadas nos exemplos intera-
este tipo de interação se torna mais fácil quando gem por diversas maneiras). Como tudo no
a empresa fez algum trabalho interno que possa software livre, isto que é uma questão de esco-
ser liberado para o público externo. Ela o disponi- lha - a empresa usuária tem o poder de escolher
biliza para que todos possam se beneficiar dele. de qual a melhor forma para ela.
Quem utiliza bastante este modelo é o Ban- Olhando para o mercado, o que podemos
co do Brasil. Ele faz contribuições para os softwa- ver é que a maioria das empresas têm uma atitu-
res que usa, como o desenvolvimento de de mais passiva. Como o software livre ainda es-
melhorias no Wine, traduções do Freemind e có- tá começando na maioria delas, estas formas de
digo e documentação do BrOffice.org. Estes tra- interação se tornam mais interessantes por se-
balhos foram feitos para o atendimento de rem mais parecidas com as do modelo proprietá-
demandas internas e que, posteriormente, fo- rio do qual já estão acostumadas. Algumas têm
ram disponibilizados. Neste caso, ambas as par- uma atitude mais ativa, mas por terem alguns
tes ganham: todos os usuários, que contarão funcionários próprios que participam de projetos
com um software melhor, e a própria empresa, livres e acabam trazendo isso para seus traba-
que não precisará manter os códigos desenvolvi- lhos. De uma forma ou de outra, o importante é
dos por conta própria. incentivar que as comunidades cresçam e que
Além disso, algumas empresas enxergam os softwares se fortaleçam para que o investi-
esta forma de trabalho como algo essencial pa- mento feito não tenha sido em vão.
ra usos em atividades críticas. Nestes casos,
elas preferem absorver um conhecimento mais Para mais informações:
profundo do software para que, na ocorrência
Artigo: Software livre é usado em 73% das grandes
de problemas que possam comprometer a em-
empresas no Brasil
presa de maneira mais severa, ela mesma seja
http://ur1.ca/enit
capaz de resolvê-los, dando prioridade máxima
a eles e sem depender da disponibilidade de em-
Artigo: Empresas e a Comunidade Software Livre
presas externas.
http://ur1.ca/eniz

RODRIGO CARVALHO é analista de


Concluindo sistemas com experiência pessoal e
profissional com software livre e membro
Ao utilizar software livre, será praticamente ativo na divulgação do software livre no
inevitável que uma empresa tenha algum tipo de Rio de Janeiro através do grupo SL-RJ.
interação com a sua comunidade. Mas isto, ao
contrário do que muitas delas acostumadas com

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CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre

Difundindo ideias
em busca de uma
sociedade livre
Por Stefanie Silveira

Ideias em movimento. É a ideia de promover o software


assim que Mario Teza define o livre dentro da companhia.
movimento do software livre. Após ser dada a largada, um
Ele, junto com Marcelo Branco grupo de cerca de 40 pessoas
e Ronaldo Lages, foram os res- se reuniu na Procergs e deu
ponsáveis pelo projeto inicial início ao Projeto Software Livre
do Fórum Internacional Softwa- Rio Grande do Sul.
re Livre que hoje culmina na As- A partir daí, com o apoio
sociação Software Livre (ASL) de universidades e comunida-
e no Projeto Software Livre Bra- des de usuários, surgiu o Fó-
sil. rum Internacional Software
Não foi um trajeto fácil, Livre, o fisl. As três primeiras
mas o quadro em que se encon- edições do evento foram orga-
tra atualmente o software livre nizadas governamentalmente.
no país mostra que não foi Quando se anunciou a desgo-
nem é uma luta em vão. Confor- vernamentalização do projeto,
me conta Marcelo Branco, hoje nasceu a organização não go-
coordenador geral da ASL, tu- vernamental que daria suporte
do começou em 1999. Na épo- ao Fórum: a Associação
ca, Branco era vice-presidente Software Livre. Neste momen-
da Companhia de Processa- to, também nascia o Projeto
mento de Dados do Estado do Software Livre Brasil (PSL-Bra-
Rio Grande do Sul, a Pro- sil). Para Marcelo Branco, em-
cergs. Junto com os também bora tenha nascido depois do
funcionários da Instituição, na Fórum, a ASL já existia na prá-
data, Mario e Ronaldo, surgiu tica e se constitui na organiza-
ção social mais antiga do país

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CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre

dades e propostas que ocor-


rem paralelamente ao fisl e
Conseguimos dar uma são apoiadas pelos participan-
tes”, afirma.
amplitude maior para o movimento O movimento do qual faz
pela liberdade de conhecimento, parte o Fórum é baseado na ló-
gica da Internet, da colabora-
penetrar nas administrações ção e do compartilhamento.
“Nós somos os precursores dis-
públicas, dar visibilidade para o so de certa forma, porque a In-
ternet nasceu baseada em
movimento... padrões historicamente livres
e hoje ela precisa continuar
Marcelo Branco sendo produto desta comunida-
de original que vem se autoafir-
mando”, alerta Mario Teza.
na defesa do software livre e mais respeitados do mundo”, Segundo ele, o modelo proprie-
da cultura livre. explica. tário de software vem sendo
Segundo o coordenador O representante do Tercei- contestado também pelo suces-
geral, a ASL e o PSL-Brasil ro Setor no Comitê Gestor da so das iniciativas em software
são alguns dos responsáveis Internet no Brasil, Mario Teza, livre que se demonstram mais
pelo software livre passar a ser ressalta que o Fórum Internacio- baratas, eficientes e mobiliza-
um tema nacional que interfere nal Software Livre, que em doras de colaboradores ao seu
em áreas como a economia, a 2009 teve sua décima edição redor.
política, a cultura e a filosofia. realizada, foi muito importante Para Teza, o diferencial
“Conseguimos dar uma amplitu- para ajudar a constituir e solidifi- do Projeto Software Livre Rio
de maior para o movimento pe- car o movimento software livre Grande do Sul, foi que, em seu
la liberdade de conhecimento, no país. Em crescimento cons- princípio, em 1999, a ideia con-
penetrar nas administrações pú- tante, na edição deste ano, o seguiu reunir governo, empre-
blicas, dar visibilidade para o fisl reuniu mais de oito mil parti- sas e universidades no mesmo
movimento sob o ponto de vis- cipantes. espaço, o que não ocorria em
ta dos meios de comunicação”, De acordo com Teza, a outros países. “Essa experiên-
afirma Branco. Ele ressalta adesão de pessoas de diferen- cia de juntar todos no mesmo es-
que, no início, quem mais atua- tes áreas da sociedade e a rea- paço, somada ao fato de trazer
va pelo software livre eram os lização do evento que a cada os criadores das tecnologias, os
desenvolvedores, mas, na atua- ano demonstrou crescimento e desenvolvedores, os pais e as
lidade, o tema se ampliou. “Os solidez fez com que se conse- mães de algumas das principais
desenvolvedores são a mola guisse criar repercussão e res- tecnologias utilizadas acabou fa-
mestra deste movimento, o co- sonância para o tema do zendo do Brasil referência por
ração, o pulmão, mas ao ampli- software livre. “Nós não somos criar uma sinergia que não exis-
ar o tema para ativistas sociais os únicos responsáveis por is- te em outros lugares”, diz ele.
e jornalistas acabamos sendo so, mas o fato de sermos o mai- A Associação Software Li-
um pouco responsáveis pelo fa- or evento acaba sendo o vre é uma associação civil sem
to de que o movimento softwa- catalisador de diversas comuni- fins-lucrativos, com sede em
re livre do Brasil é um dos

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CAPA · Difundindo ideias em busca de uma sociedade livre

Porto Alegre, no Rio Grande


do Sul. A ASL reúne hoje em-
presários, profissionais libe- ...o movimento software
rais, estudantes e servidores
públicos, estabelecendo rela- livre no Brasil é um dos mais
ções com os mais diversos seto-
res da sociedade como o respeitados do mundo.
poder público, universidades,
empresas, grupos de usuários, Marcelo Branco
hackers e ONGs. Seguindo o
seu propósito fundador, o princi-
programação e promoções nos
pal objetivo da organização é Para mais informações:
tornar o software livre ampla- estandes dos expositores.
mente incluído na sociedade, O Projeto Software Livre Site ASL.Org
propiciando espaço de discus- Brasil é uma rede social, manti- http://associacao.softwarelivre.org
são, apoio, fomento e organiza- da pela ASL, que reúne univer-
ção de iniciativas nas mais sidades, empresários, poder Site PSL-Brasil
diversas áreas relacionadas ao público, grupos de usuários, http://www.softwarelivre.org
tema. hackers, ONG's e ativistas pe-
la liberdade do conhecimento. Site Oficial FISL
Os principais projetos da http://fisl.softwarelivre.org/
ASL são o Fórum Internacional Com mais de três mil usuários
Software Livre e o Projeto cadastrados, o projeto objetiva
promover o uso e o desenvolvi- Site Rádio Software Livre
Software Livre Brasil. O fisl é re- http://softwarelivre.org/radio
alizado anualmente em Porto mento do software livre como
Alegre e reúne milhares de par- uma alternativa de liberdade
econômica e tecnológica. Além Site TV Software Livre
ticipantes de diversos lugares http://tv.softwarelivre.org/
do país e do mundo. Em 2009, disso, o PSL-Brasil e a ASL de-
o Fórum trouxe para o Brasil o fendem a cultura e o conheci-
co-fundador do Pirate Bay, Pe- mento livres e a construção do
STEFANIE SILVEI-
ter Sunde, além do mentor do marco civil regulatório para ga- RA é jornalista e
movimento software livre, Ri- rantir os direitos fundamentais mestranda em Comu-
nicação e Informa-
chard Stallman e do presidente dos usuários de Internet no Bra- ção na UFRGS. Já
da Linux International, Jon sil. trabalhou em rádio,
jornal impresso, jor-
“Maddog” Hall. Os participan- nal online e assesso-
tes puderam conferir mais de ria de imprensa.
Atualmente colabora
300 atividades envolvendo pa- na equipe de Comu-
lestras técnicas, eventos cultu- nicação da Associa-
ção Software Livre
rais, shows, desafios de (ASL).

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CAPA · DAS ARMADILHAS DO MERCADO

Das armadilhas do mercado


Por Fernando Leme
Nusrin - sxc.hu

Uma das promessas da Cultura Livre era a


de que mudaríamos o foco do produto para o
serviço. Esta promessa foi realizada pela meta-
de, porque a outra metade ainda encontra no lu-
cro empresarial e na publicidade seu alicerce
econômico.
O código aberto provou ser um método
mais eficiente (porque mais rápido) e mais bara-
to de desenvolvimento. Manter uma comunida-
de de voluntários será sempre mais
economicamente viável do que sustentar um
grupo de desenvolvedores especializados. E aí
jaz a encruzilhada.
Desde que esta constatação tornou-se o
alicerce da maioria das empresas de tecnologia
atuais, o lucro (fundamento comercial) e a ideo-
logia (fundamento comunitário) encontraram-se
mais uma vez ameaçando-se mutuamente por
que não ficou claro quem financia o pensamen-
to.

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CAPA · DAS ARMADILHAS DO MERCADO

A economia universal é baseada na teoria por meio de voluntários, as comunidades desen-


da escassez (cujo postulado mais conhecido é a volvem seus próprios critérios e códigos de con-
lei da oferta e da procura). Uma vez que o produ- duta. Transformam-se em centros de excelência
to principal das empresas de tecnologia deixa na difusão de conhecimento e carregam consigo
de ser um bem escasso, como cobrar por ele? Pi- um histórico de superação. Mantém-se indepen-
or ainda, como manter ativa uma comunidade e dentes da estrutura econômico-mercantil que as
sua infraestrutura sem obter qualquer vantagem rodeia e são um porto seguro para as investidas
econômica desta atividade. da idéia de lucro.
Preciso deixar claro que não sou contrário
O Financiamento ao lucro, ao capitalismo, etc. Apenas considero
perigoso que esta seja a perna mais importante
A solução mais frequentemente utilizada (e de um movimento como o software e cultura li-
em alguns casos encarada como a panaceia) é vres.
a publicidade. O Youtube, o Facebook e o Orkut
são exemplos claros em que determinado servi- Paralelamente, iniciativas como o Software
ço é oferecido gratuitamente àqueles que se dis- Público brasileiro demonstram que, tal qual a
puserem a aceitar newsletters de outros Comunicação (que sempre contou com investi-
produtos e publicidade em seus perfis (o ho- mento e iniciativas de caráter público dada a
mem-sanduíche em versão digital). O que muita sua importância estratégica), a Tecnologia da In-
gente ainda não entendeu é o quanto esta solu- formação merece tratamento especial porque
ção é provisória. pode conduzir todo um país, sua estrutura
econômica e educacional em direção à indepen-
O que a publicidade tem feito é empurrar dência e ao domínio das ferramentas.
um elo para a frente a cadeia de consumo. Não
se compra o produto original, mas o produto que
é anunciado nele. E o foco no produto persiste! Conclusão
Por outro lado empresas como a Canoni- Não se pode, portanto, encarar o futuro do
cal, Mandriva, IBM e Novell (parcialmente) conse- código livre e aberto apenas com uma solução
guiram manter a oferta gratuita de seus comunitária. E creio encontrar-se neste ponto o
produtos enquanto financiam sua atividade com desafio maior das comunidades. Ou como resu-
a oferta de serviços (para fabricantes e para o miu Matt Asay em seu “The Open Road”: Sem a
consumidor final) “lógica” do lucro, o código aberto nunca poderia
Na web este desafio ainda não encontrou se tornar o fenômeno global que vemos hoje.
solução satisfatória. Um ponto em que algum lu-
cro justifique a oferta de um serviço. Como críti-
co do mercado e do consumo não aceito
soluções provisórias baseadas num mesmo mo-
delo usado pela televisão nos últimos 50 anos.

FERNANDO LEME é escritor, músico e


Software dirigido pela comunida- professor. Particularmente influenciado por
de e o software público questões relativas ao software e cultura
livres, sociologia e filosofia do direito.
Escreve regularmente para o blog “Universo
Comunidades como o Debian, o Slackware Fer”, http://fernandohleme.wordpress.com.
e o GoOO são, entretanto, um exemplo de orga-
nização e sucesso. Mantendo suas atividades

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CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil

Um site de
rede social para
a comunidade
software livre do Brasil
Por Mônica Paz

Desde maio desde ano, a comunidade


software livre do Brasil conta com uma platafor-
ma de rede social. É a rede Software Livre Bra-
sil que veio ocupar o espaço que antes era do
portal do Projeto Software Livre Brasil - PSL-BR,
mas que mantem a função de agregar notícias
desse antigo site e também une a comunidade
em rede social na internet. Com isso, a rede tem
como objetivo unir “universidades, empresários,
poder público, grupos de usuários, hackers,
ONG's e ativistas pela liberdade do conhecimen-
to” para a “promoção do uso e do desenvolvi-
mento do software livre como uma alternativa de
liberdade econômica e tecnológica”, segundo o
seu site. Vale lembrar que a responsável pela re-
de é a Associação Software Livre Brasil (ASL),
muito conhecida por realizar o Fórum Internacio-
nal de Software Livre - FISL, que ocorre anual-
mente em Porto Alegre- RS, dentre outras
ações.
O lançamento da rede ocorreu em Salva-
dor, no evento III Encontro Nordestino de
Software Livre & IV Festival de Software Livre
da Bahia em maio de 2009, com a presença de

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35


CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil

alguem mesmo que esteja distante geografica-


mente. Trocar experiencias adquiridas com o es-
tudo, praticas...”, mas também usa a rede para
conhecer pessoas que morem em sua cidade e
que tenham interesses em comum.
A comunidade do movimento software livre
já está bastante acostumada com ferramentas
que proporcionam sociabilidade no ciberespaço,
principalmente, com processos colaborativos.
Dessa forma, a rede busca pela convergência
de práticas que a transformem em um ambiente
propício para a congregação e trocas da comuni-
dade. Para tal, além do blog, estão disponíveis
Figura 1: Página inicial da rede social Softwarelivre.org
funções de gerenciador de conteúdo (mídias de
áudio, texto, imagem e vídeo são suportadas),
agregador de feeds, domínio softwareli-
Sady Jacques representando a ASL. Para Anto- vre.org/(nome do usuário), além da criação das
nio Terceiro, integrante das equipes de desenvol- já citadas comunidades, que ajudam ainda mais
vimento da plataforma e de organização do a segmentar as discussões por temas.
evento, a importância está em “modernizar o anti-
go portal softwarelivre.org, transformando-o nu- Uma importante funcionalidade disponibili-
ma rede social com vida própria” e ainda em zada aos usuários é o blog, que tanto pode ser
“mostrar a viabilidade de serviços web com códi- criado a partir da plataforma quanto receber o fe-
go livre”, além de servir para demarcar a relevân- ed (completo ou resumido) de blogs externos.
cia dos eventos na agenda nacional e a atuação Em cada página do blog existe o botão “publi-
baiana no cenário de desenvolvimento de softwa- car” que possibilita o envio da publicação nas co-
res livres. munidades às quais o usuário pertence,
propagando mais eficientemente a informação
A quantidade de pessoas cadastradas na que dessa forma tem maior alcance do que ape-
rede já é bem significativa e ainda pode crescer nas a rede de contatos da pessoa. Dentre as co-
bastante ao decorrer do tempo, devido a maior di- munidades da rede destaca-se a “PSL Brasil”
vulgação do site e mesmo com o crescimento através da qual os usuários podem enviar textos
do número de entusiastas do movimento. A rede para a página principal do site da rede.
conta com 2.747 usuários e 414 comunidades
(dados de 14 de outubro de 2009 e crescendo) O uso das redes como forma de estrutura-
e com isso reúne um parcela da comunidade ção da sociedade é uma prática que também
software livre do país, além de congregá-las em tem sido bastante explorada no ciberespaço, a
comunidades virtuais relacionadas aos seus exemplo de grandes sites que conseguiram des-
softwares, grupos, entidades e projetos preferi- taque em alguns países (como o Orkut no Brasil
dos. A estudante de redes de computadores de e na Índia) ou mesmo globalmente (Facebook).
uma faculdade de Salvador, Ana Paula Maia, 22 Parte dessa adesão, pode ser explicada com o
anos, recém chegada à rede por indicação de que diz a pesquisadora gaúcha Raquel Recue-
amigos, nos indica uma intenção de uso que tal- ro, em seu livro “Redes Sociais na Internet”, que
vez seja a mesma de muitos outros usuários. considera que redes são adequadas às intera-
Ana Paula diz que visa “buscar conhecimentos ções no ciberespaço por serem dinâmicas e te-
e poder contribuir com algo que possa ajudar a rem a capacidade de se adaptar. Além dessa
adaptação interna, os sites de redes ainda com-

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |36


CAPA · Um site de rede social para a comunidade software livre do Brasil

mentar ao máximo, aumentando as possibilida-


des de escolha do público. Para este autor,
estaríamos vivendo a cultura do “e” ao invés da
cultura do “ou” e o mesmo se ver nas redes soci-
ais, como o caso da rede Software Livre Brasil.
O software que provê a rede ainda apre-
senta melhorias a serem desenvolvidas e outras
funcionalidades poderiam ser adicionadas à pla-
taforma, mas a mesma conta com atualizações
constantes e a possibilidade de colaboração da
comunidade com desenvolvimento, testes, tradu-
ções, críticas e sugestões. Dessa maneira, o
mundo software livre pode, continuamente, se
transformar em um “mundo pequeno” através
desse ambiente, que pode aumentar a interação
entre seus membros e fortalecer seus laços soci-
ais, além de ser um meio eficiente de propaga-
ção de informações e conhecimentos.

Para mais informações:


Rede Software Livre Brasil
http://softwarelivre.org/

Comunidade "PSL Brasil" ou "portal"


http://softwarelivre.org/portal

Figura 2: Capa do livro Redes Sociais na Internet


Noosfero, software livre base da rede:
http://noosfero.com.br
portam novas tendências para se fixarem nesse
mercado, pois tendo sido criados desde os anos Download do livro "Redes Sociais na Internet"
iniciais dessa década, os sites de redes sociais http://www.redessociais.net/
vêm sendo cada vez mais explorados em diferen-
tes aplicações e também estão buscando circu- Blog Mônica Paz
lar diferentes capitais sociais. http://softwarelivre.org/monicapazz

Uma atual tendência é a segmentação (ni-


chos), ou seja, as redes sociais de nicho bus-
cam agregar pessoas de acordo com seus
MÔNICA PAZ é bacharel em Ciência da
interesses, segmentando o público e atendendo Computação, mestranda em Cibercultura
às suas demandas específicas. O editor e escri- pela Faculdade de Comunicação da
tor Chris Anderson em seu livro “A Cauda Lon- UFBA e integrante do Projeto Software
Livre Bahia - PSL-BA, pelo qual já
ga” chama de “cultura de nicho” toda essa organizou vários eventos.
mudança ocorrida nos meios de comunicação
que deixam de ser massivos e passam a se seg-

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CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?

Colaborativos...
Até que ponto?
Por Clayton Lobato Sanja Gjenero - sxc.hu

Outra noite estava conver- lhar uma mangueira (pé de


sando com um amigo, em manga) em frente a janela de
mais um de nossos momentos meu escritório em casa, e con-
fim de uma semana puxada de templando mais um momento
trabalho e onde a filosofia de de colaborativismo promoven-
boteco entra em ação, apesar do a vida.
de não estarmos em um. Falá- Se observarmos tudo a
vamos de tecnologias, evolu- nossa volta, somos dependen-
ção da humanidade e do tes de algo ou alguém e ao
quanto açaí com farinha e pei- mesmo tempo temos algo ou
xe frito é maravilhoso... Em alguém dependentes de nós,
meio a tantos assuntos estra- criando um ciclo que denomino
nhos, como o açaí com peixe, de ciclo colaborativo da vida e
mas para nós que somos do da evolução.
norte é prato fundamental em
nossa alimentação, algo me O grande problema é que
chamou a atenção... somos limitados e até mesmo
idiotas em acharmos que
Em um certo momento não... apenas outros depen-
perguntei a ele o que seria da dem de nós, somos soberanos
humanidade e mesmo da vida e auto-suficientes... Grande en-
em nosso planeta se não fosse gano.
o processo colaborativo entre
os seres... Isso me tirou o so- Se olharmos para nosso
no e vou tentar compartilhar dia-dia, sempre há alguém co-
um pouco do que foi esta noite laborando para que possamos
em claro vendo a chuva mo- fazer nossas tarefas mais sim-
ples, como ir ao banheiro na

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CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?

ração da cobra … Sim , a ma-


çã foi oferecida para eva pela
Hoje vivemos a cobra... Tudo bem ..Só ocorreu
a grande explosão que deu ori-
era da idiocracia colaborativa gem a criação do mundo, por
colaboração de um monte de
isolacionista, traduzindo... Somos partículas que se uniram e fo-
ram ficando cada vez mais den-
colaborativos sim... mas não nos sas e quentes.
misturamos, somos melhores que Eu só consigo escrever
esta matéria por quê houve a
os vizinhos... colaboração entre índios e por-
tuguese e italianos e o mundo
Clayton Lobato para formar a língua portugue-
sa como conhecemos e esta-
mos em processo evolutivo
empresa. para promover cada vez a cola-
um bom dia ou obrigado. Em
boração entre povos, prova es-
Sim... ir ao banheiro da um sistema colaborativo não
tá que nosso querido
empresa... Lá temos além de existem mais ou menos impor-
português foi modificado na
cabines reservadas e lugares tantes... Todo mundo tem um
tentativa de facilitar a comuni-
pendurados onde podemos ali- papel definido de forma clara e
cação entre os povos que tem
viar nossas necessidades um são partes de uma engrena-
esta como língua padrão .
personagem fundamental e pou- gem que faz o sistema funcio-
co conhecido e que na minha nar. Em 1969, Ken Thomp-
opinião é o motor de todo o fun- son, pesquisador do Bell Labs,
Aí alguém pode pergun-
cionamento do lugar... O se- criou a primeira versão do
tar neste momento “ mas e daí,
nhor ou senhora que limpam e Unix, um sistema operacional
o que isso tem haver com tec-
mantém todo o funcionamento multi-tarefa. Este sistema era
nologia ? “... TUDO …
básico do sistema para que pos- utilizado pelos grandes compu-
Hoje vivemos a era da idio- tadores que existiam na déca-
samos sair mais felizes de lá.
cracia colaborativa isolacionis- da de setenta em
Tudo bem, você me pergunta
ta, traduzindo... Somos universidades e grandes em-
e daí ?
colaborativos sim.. mas não presas, os mainframes. O Unix
Imagine então, este perso- nos misturamos, somos melho- era distribuído gratuitamente
nagem não fazendo suas ativi- res que os vizinhos … para as universidades e cen-
dades... Certamente neste tros de pesquisa, com seu códi-
Caramba eu fico doente
momento você se daria ao tra- go-fonte (suas linhas de
com isso .
balho de perguntar o nome des- programação) aberto.
ta pessoa para levar alguma Desde que mundo é mun-
reclamação ao superior dele. do e independente da forma co- Em 1971, Richard Stall-
Então porquê não perguntar o mo acredite ser a formação do man, do Massachusetts Institu-
nome dele na hora que o encon- mundo tudo só funcionou e evo- te of Technology (MIT),
tra nos corredores ou mesmo luiu por causa do colaborativis- inaugurou o movimento Open
no momento em que lava suas mo.. Adão só foi mandado Source. Ele produziu no Labo-
mãos ao menos para dizer-lhe embora do paraíso por colabo- ratório de Inteligência Artificial

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |39


CAPA · COLABORATIVOS... ATÉ QUE PONTO?

do MIT diversos programas


com código-fonte aberto. Em
1979, quando a empresa ...vivemos uma triste
AT&T anunciou seu interesse
em comercializar o Unix, a Uni- realidade que é a guerra de egos
versidade de Berkley criou a
sua versão do sistema, o BSD entre os projetos que se dizem
Unix. A AT&T se juntou a em-
presas como IBM, DEC, HP e melhores que os outros...
Sun para formar a Open Sour-
Clayton Lobato
ce Foundation, que daria supor-
te ao BSD.
Em 1983, Stallman criou qualquer coisa que outros e go, aos que ensinaram a quem
o Projeto GNU, com o objetivo mais... comunidades fechadas me ensinou e a todos que de-
de desenvolver uma versão do entre amigos, onde o acesso a senvolvem verdadeiramente a
Unix com código-fonte aberto, estas pessoas é difícil para evolução e o funcionamento
acompanhada de aplicativos e grande maioria por serem mui- de tudo o que está a nossa vol-
ferramentas compatíveis (co- to importantes. ta e não notamos.
mo um editor de textos, por ex-
Caramba, se não for o pro- Aos DEUSES e GURUS
emplo) igualmente livres. Em
jeto kernel.org manter e desen- e melhores que os outros...
1985, ele publicou o manifesto
volver o kernel raramente obrigado, por me fazerem per-
GNU e um tratado anti-copy-
teríamos grandes avanços nes- ceber que somo iguais, usuári-
right intitulado General Public Li-
ta camada do Sistema operacio- os de um sistema tão mais
cense. Esse tratado criava a
nal, se não for o pessoal do complexo e lindo que serão in-
Free Software Foundation, ex-
samba desenvolver as melhori- capazes de perceber, pois
plicando a filosofia do software
as, idem, se o pessoal respon- seus universos se limitam ao
livre.
sável pelo qmail não metiver a conceito da idiocracia colabora-
Em 1991, nasce o GNU/Li- mão na massa nada mais sai- tiva isolacionista.
nux, usando um conjunto de fer- rá neste sentindo. Ou seja,
ramentas do Projeto Software quem mantém a máquina funci- Um forte abraço a todos
Livre e chega ao patamar de onando, nossos garçons, nos- e até a próxima onde continua-
um divisor de águas na história sas copeiras que não sabemos rei abordando sobre este te-
da humanidade. ao menos os nomes e agrade- ma...
Observe que em todos os cemos.
exemplos acima, saliente a Que tal acordarmos prá re-
questão da colaboração e o de- alidade então de que não exis-
senvolvimento sem egos ou te melhor ou pior ou o GURU
CLAYTON LOBATO
aplausos. ou DEUS do linux, haja vista é Membro da
que tudo é fruto da colabora- comunidade do SL
Hoje vivemos uma triste há mais de 10 anos,
realidade que é a guerra de ção de uma universo incalculá- atuou por anos com
egos entre projetos que se di- vel de pessoas e experiências administração do
tecnologias livres e
zem melhores que outros, ou de vida ? consultor de
mais importantes ou mais le- segurança. Hoje
Muito obrigado a todos dedica-se ao Projeto
gais ou mais bonitos ou mais que um dia me ensinaram al- Alice.

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CAPA · O QUE FAZ UMA COMUNIDADE FORTE

O que faz uma


comunidade forte
Por Luiz Eduardo Borges

Muitas vezes me fizeram essa pergunta: (alterações de escopo) ou para conquistar um


qual Software Livre adotar? Seja em distribui- novo ambiente. A natureza cobra um preço alto
ções de Linux, linguagens de programação ou dos que não se adaptam, e da mesma forma,
aplicativos, geralmente existe grande variedade projetos que não continuam evoluindo perdem o
de opções, que confundem quem não está habi- lugar para outros com o tempo. Tal como na bio-
tuado. Tal efeito se torna mais crítico ainda em logia, espécies diferentes podem também coope-
cenários corporativos, aonde a implantação de rar para sobreviver.
um novo software pode ser muito cara, devido Por trás de processo todo existem pessoas
aos custos de migração. (o elemento essencial), que motivações diver-
O meu primeiro passo para lidar com a sas, garantem a continuidade das comunidades.
questão sempre foi olhar para as comunidades Elas podem estar ali por razões que vão do idea-
em busca das mais fortes. O que leva a outra lismo até desejo por reconhecimento ou aceita-
pergunta: o que é uma comunidade forte? ção.

Darwin e o Software Livre Credibilidade e meritocracia


É comum traçar um paralelo entre a forma Uma das características mais importantes
de desenvolvimento do Software Livre com a evo- das comunidades de Software Livre é que elas
lução biológica: basicamente, exitem vários proje- necessariamente implementam alguma forma
tos competindo no ecossistema Open Source, e de meritocracia, sendo assim, a relação entre as
a seleção “natural” elege os mais aptos (aqueles pessoas acontece de forma semelhante com a
que se destacam), fazendo com estes se espa- relação entre comunidades. Se as pessoas mais
lhem e, com isso, garantindo sua sobrevivência. hábeis e capazes forem de alguma forma des-
O código fonte faz o papel do DNA, que se modi- prezadas, a comunidade pode ter sérios proble-
fica, aprimora e mistura através das versões / ge- mas para garantir sua sobrevivência.
rações. Eventualmente, um projeto pode dar Eventualmente, líderes naturais se destacam.
origem a uma nova espécie (fork) por não conse-
guir se adaptar às mudanças no meio ambiente

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |41


CAPA · O QUE FAZ UMA COMUNIDADE FORTE

Comunicação e controle Livre, e que, no final das contas, podem acabar


O substrato das comunidades é principal- por afastar o público realmente interessado.
mente a internet. Embora o Software Livre já No mercado de linguagens de programa-
existisse antes da popularização da rede mundi- ção, esse processo é facilmente observável. En-
al, a conectividade em escala planetária provê o quanto linguagens como o C ou Fortran nunca
ambiente que ele precisa para sobreviver. foram moda realmente e continuam vivas depois
Nesse substrato, as próprias comunidades de décadas, cruzando gerações, outras que se
de Software Livre construíram ferramentas de co- tornaram extremamente populares sucumbiram
laboração para manter seus processos de produ- rapidamente. Parece que forma mais saudável
ção, como por exemplo, sistemas de controle de de crescer é lentamente, pois assim é possível
versão, como o SVN e o Mercurial, que são fun- manter a cultura da comunidade, sem modis-
damentais para garantir a qualidade do desenvol- mos.
vimento. Além disso, também existem Para aqueles que participam (e principal-
programas para rastreamento de bugs e tarefas, mente lideram) projetos colaborativos livres, re-
visualizadores de código e wikis. Aplicativos co- comendo a leitura do livro Art Of Community, de
mo Trac e Redmine fornecem esses recursos, Jono Bacon, responsável pela comunidade do
incluindo integração com outros sistemas. Ubuntu Linux, uma das mais fortes que existem
hoje.

O ponto de partida
Muitas comunidades fortes de hoje começa- Outras informações
ram da mesma forma: um software proprietário, Art Of Community Online, site oficial do li-
que foi licenciado de forma livre, geralmente atra- vro, onde ele se encontra disponível para down-
vés de uma empresa ou fundação. São tantos load sob licença Creative Commons:
exemplos: Mozilla Firefox (que derivou do Nets- http://www.artofcommunityonline.org/.
cape Navigator), OpenOffice.org (que evoluiu
do StarOffice) e Blender (que era um produto pro-
prietário e teve o seu código aberto), entre ou-
tros. Outros sempre foram livres, mas
organizações formais se aproximaram ou se for- Para mais informações:
maram em torno deles, tal como a PSF (Python Download do livro Art Of Community Online:
Software Foundation), e zelam pela condução http://www.artofcommunityonline.org/
do projeto.

Crescimento progressivo versus hipérbole


Uma comunidade numericamente grande
não significa necessariamente que é forte. Um
cenário desfavorável é quando o software se po-
pulariza rápido (entra em moda) e a comunida- LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro
Python para Desenvolvedores, analista de
de passa a ter muitos usuários novos, que não sistemas na Petrobras, com pós graduação
absorveram a cultura da comunidade. Estes ge- em Ciência da Computação pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
ralmente, por vir de ambientes aonde predomi- (UERJ) e criou o blog Ark4n
nam sistemas proprietários, não compreendem [http://ark4n.wordpress.com/].
o funcionamento das comunidades de Software

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CAPA · UBUNTU-BR - COMUNIDADE DO UBUNTU NO BRASIL

Comunidade do Ubuntu no Brasil


Por André Gondim

Segundo o Wikipedia "Do ponto de vista tinfo/ubuntu-l10n-ptbr) onde é divulgado o que


da sociologia, uma comunidade é um conjunto foi feito e então alguém do time de revisão irá re-
de pessoas que se organizam sob o mesmo con- visar e orientar se está certo de acordo com os
junto de normas, geralmente vivem no mesmo lo- termos já estabelecidos e padronizados para tra-
cal, sob o mesmo governo ou compartilham do dução. Muitas pessoas adentram na colabora-
mesmo legado cultural e histórico. Os estudan- ção através da tradução, por não exigir
tes que vivem no mesmo dormitório podem for- conhecer linguagem de programação a fundo,
mar uma comunidade, assim como as pessoas apenas saber algumas linguagens de marcação
que vivem no mesmo bairro, aldeia ou cidade." como HTML, XML e ter noções de variáveis de
Aprimorando o que o Wikipedia informa, co- programação. Caso não saiba programação, na
munidade no meio do software livre é um conju- hora de traduzir a ferramenta Rosetta
to de pessoas envolvidas em torno de uma (https://translations.launchpad.net/ubuntu/kar-
ideia, ideologia e convicção. No caso a ideia é mic/+lang/pt_BR/) terá as dicas em cada string.
buscar cooperação, ideologia é ser livre e convic- - Documentação (http://wiki.ubuntu-br.org/Time-
ção é poder ajudar, contribuir e colaborar com DeDocumentacao): O projeto de documentação
os vários projetos existentes. Há várias formas é super importante, garantido aos usuários ter
de colaborar e vários projetos aguardando cola- uma documentação de como proceder em diver-
boração. sas maneiras. Documentação sobre instalação,
No Ubuntu Brasil há diversas formas de aju- remoção, resolução de problemas são sempre
dar ao projeto. Entre eles temos: úteis para de forma rápida e por conta própria
achar a solução ao qual se procurava. Este time
- Tradução (http://wiki.ubuntu-br.org/TimeDeTra- tem a missão de manter atualizado a documen-
ducao): O projeto de tradução ao qual sou líder tação do Ubuntu, buscando em documentações
é um projeto bem importante, onde as pessoas externas oficiais, blogs ou desenvolvendo solu-
com conhecimento de inglês técnico ou fluente ções. Para um bom uso e conhecimento de um
podem vir a fazer parte e ajudar neste time. Sem- sitema é necessário uma boa documentação, e
pre é orientado a traduzir, depois usar uma lista é nisto que está focado o Time de Documenta-
de tradução (https://lists.ubuntu.com/mailman/lis- ção do Ubuntu-BR. Criando, traduzindo, organi-

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CAPA · UBUNTU-BR - COMUNIDADE DO UBUNTU NO BRASIL

zando, catalogando e mantendo Documentação ser.com.br/blog/).


do Ubuntu em português do Brasil no Wiki Estas são algumas possibilidades de contri-
(http://wiki.ubuntu-br.org/). buir com o Ubuntu no Brasil. Mostrando que
- Divulgação: Um sistema operacional não é na- uma comunidade se faz com voluntários, pesso-
da sem seus usuários, grande parte da populari- as empenhadas em ajudar, contribuir e fazer da
dade do Ubuntu vem da divulgação. Existem filosofia do software livre uma prática. Quando
muitas maneiras de divulgar o Ubuntu, por exem- alguém colabora com tradução, está ajudando
plo: na inclusão de pessoas que têm dificuldades
* Compartilhe e distribua CDs com seus amigos, com inglês. Quando alguém faz uma boa docu-
família, colegas de trabalho mentação está ajudando todo o software livre a
manter sua qualidade e o seu acesso. Quando
* Fale sobre o Ubuntu na sua faculdade ou vizi- se busca ajudar com suporte há um aprendiza-
nhança do imediado bem como o compartilhamento do
* Participe de eventos de tecnonlogia da sua fa- mesmo. E quando faz-se divulgação, faz essa
culdade e apresente o Ubuntu aos alunos comunidade crescer.
* Coloque um adesivo do Ubuntu no seu carro e
notebook
* Vista (um)a camisa, literalmente :)
Para mais informações:
Site da Comunidade Ubuntu-br:
http://www.ubuntu-br.org
- Suporte: há diversas formas de dar suporte, lis-
tas de usuários (https://lists.ubuntu.com/mail- Cadastro e sobre Launchpad:
man/listinfo/ubuntu-br), fórum http://andregondim.eti.br/?p=170
(http://ubuntuforum-br.org/), IRC (#ubuntu-br na
rede Freenode) e outros. Time de Tradução:
- Grupo Regional (http://wiki.ubuntu-br.org/Gru- https://launchpad.net/~lp-l10n-pt-br
posRegionais): Um Grupo Regional é uma célu-
la do Ubuntu nos estados. Onde cada célula é Documentação:
incentivada a ser capaz de organizar eventos, en- https://launchpad.net/~ubuntu-br-doc
contros e aproximar ainda mais os entusiastas e
interessados no Ubuntu. Blog do André Gondim:
http://andregondim.eti.br/

Para um bom funcionamento é sempre Twitter do André Gondim:


bom pessoas que estejam comprometidas em @AndreGondim
manter, ajudar e dar continuidade em todo o pro-
cesso. No caso do Ubuntu Brasil há um conjun-
to formado por três pessoas que são eleitas
pelos membros oficiais, também chamados de ANDRÉ GONDIM faz parte da comunidade
Ubuntu Member (http://www.ubuntu.com/commu- Ubuntu Brasil. Iniciou pela parte de tradução
nity/processes/newmember). Estas três pessoas onde hoje é líder desde o FISL 10. Já
contribuiu com documentação, suporte
formam o Conselho Ubuntu Brasil ao qual faço (onde vez por outra ainda contribui seja com
parte juntamente com Laudeci (http://laudecioli- post, seja na lista de usuários do Ubuntu).
Ubuntu Member desde 2007. Eleito membro
veira.org/blog/) e Fábio Nogueira(http://ubuntu- do Conselho Ubuntu Brasil em Agosto de
2009.

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FORUM · ÉTICA EM INFORMÁTICA

ÉTICA EM INFORMÁTICA
Por Hailton David Lemos

Vivek Chugh - sxc.hu

Antes de iniciarmos nossa discussão sobre


ética em informática, é bom definir alguns con-
ceitos que são pertinentes e ligados a área de
Software, que será o foco deste artigo.
• Software não é um produto concreto e palpá-
vel.
• Software é desenvolvido; não manufaturado.
• Software não desgasta;
• Software, ainda não resulta da montagem das
partes, apesar de vários esforços e frameworks
para componentização.
• Conjunto de instruções que, quando executa-
do, realizam as funções desejadas, com o de-
sempenho desejado, no tempo programado.
• Conjunto de dados que permite a programas
os manipularem adequadamente e conseqüen-
temente gerar informação, correta e confiável.

É interessante destacar também alguns tó-


picos que compreendem a Ética em Informática:

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FORUM · ÉTICA EM INFORMÁTICA

• Utilização de Software Livre/Proprietário/Pirata perante si, mas não perante a sociedade ou gru-
• Acesso não autorizado a recursos computacio- po no qual esta inserido. Por isso nem sempre o
nais; que é Ético ou correto para mim seja para você,
• Direitos de propriedade intelectual; mas não podemos pensar apenas, no eu, temos
• Desenvolvimento de Sistemas; pensar na coletividade, na sociedade na qual es-
• Confidencialidade e privacidade dos dados; tamos inseridos.
• Manipulação de Dados e Informação; Um código de ética consiste também em
• Conteúdo de Sites e Comércio Eletrônico; um conjunto de diretrizes que esclarecem as cir-
• Etc... cunstâncias em que cada um dos mandamentos
se aplica, ou pode haver um conjunto de casos
Agora sim, podemos definir ética; Ética é para estudo comparativo, auxiliando na resolu-
um ramo da filosofia que estuda o comporta- ção de novas situações. Alguns autores definem
mento moral do ser humano, classificando-o a ética profissional como sendo um conjunto de
como bom ou ruim, correto ou errado. normas de conduta que deverão ser postas em
Para o filósofo inglês Bertrand Russel, a éti- prática no exercício de qualquer profissão, inclu-
ca é subjetiva, não contém expressões verdadei- sive, e principalmente na área que abraçamos
ras ou falsas, ela é a expressão dos desejos de como profissão, a Informática.
um grupo, sendo que certos desejos devem ser Apesar de muitos dizerem que não temos
reprimidos e outros reforçados, para se atingir a um Código de Ética regulamentado e sacramen-
felicidade ou o equilíbrio do grupo. tado através de um Conselho de Informática, é
A Ética aplicada esta relacionada com a possível seguir algumas diretrizes de organiza-
conduta diária de uma pessoa, e conseqüente- ções internacionais e nacionais. Pode ser citado
mente de um profissional, inclusive em Informáti- a ACM e também o Instituto para Ética da Com-
ca. A Ética profissional esta relacionada com a putação que criaram alguns mandamentos, ao
conduta da pessoa engajada na pratica de uma qual podemos chamar de “Um pequeno Código
profissão particular. Na maioria das profissões, de Conduta para Área de Informática”.
inclusive na área de Informática, a Ética deve Estes preceitos seguiram algumas premis-
ser abrangida nos dois aspectos, na conduta da sas básicas, e diretivas voltadas para alguns as-
pessoa como Ser Humano bem como também pectos como os descritos a seguir, e que deram
na conduta do Ser Profissional. origem ao “Um pequeno Código de Conduta pa-
Uma questão muito importante, ao se falar ra Área de Informática”.
sobre Ética, é a pessoal. Uma vez que, no ponto • Para com a sociedade em geral, zelando pelo
de vista e no bom senso de cada pessoa, o que bem estar de todas as pessoas sem qualquer
é considerado "justo" para uns pode ser conside- discriminação, visando construir ou manter uma
rado "injusto"para outros; e o mais importante, sociedade livre, justa e solidária;
deve ser levado em conta às intenções que leva- • Para com os empregadores, usualmente quan-
ram um indivíduo a realizar alguma coisa defini- do estes não têm conhecimento na área e o su-
da como antiética, como certa ou errada. Um pervisionamento técnico do trabalho é todo
individuo, pode sim agir em desacordo com a mo- realizado com base na confiança;
ral da sociedade em que está inserido, podendo • Para com os clientes, se estes forem leigos co-
inclusive prejudicar os outros indivíduos, no en- mo no caso dos empregadores, quando o profis-
tanto, se as suas ações são justificáveis para o sional é um prestador de serviços ou consultor;
próprio individuo e estão de acordo com as suas • Para com a sociedade de classe, no caso, a
crenças sobre o que é correto, é dito que este in- comunidade computacional, com o intuito de pro-
dividuo possui um comportamento ético, correto

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FORUM · ÉTICA EM INFORMÁTICA

teger os interesses da associação criadora do có- tribuí-lo como sendo de sua autoria?
digo e de seus membros. • É ético prometer e não entregar?
• Para com os colegas de profissão, que compar- • Por que os programas não ficam prontos rapi-
tilham os mesmos interesses e colaboram para damente?
o bem estar de todos. • Por que os custos de desenvolvimento são
• Para com a profissão em geral, com o objetivo tão altos?
de não difamar os outros trabalhadores da área • Por que os erros não são detectados antes da
e evitar que a profissão não seja mau vista pelo entrega aos clientes?
restante da sociedade. • Por que é difícil medir o progresso durante o
desenvolvimento?
“Um pequeno Código de Conduta para • Será que a grande dificuldade em se falar de
Área de Informática” ética na informática seja o grande número de
pessoas de qualquer área do conhecimento que
• Evitar danos a terceiros, atuam na área de informática?
• Conhecer e respeitar as leis existentes, relati-
vas ao trabalho profissional, Questões relacionadas à Ética, Moral e
• Respeitar a privacidade de terceiros, Conduta são fenômenos naturais à sociedade,
• Ser honesto e digno de confiança, e podendo-se até dizer que lhe são inerentes.
• Articular a responsabilidade social de mem- Quanto mais complexa uma sociedade, quanto
bros de uma organização e encorajar a aceita- mais se desenvolve, mais estará sujeita à verifi-
ção completa das suas responsabilidades. cação de novas formas de questões Éticas, Mo-
• Não interferir no trabalho de computação de rais e de Conduta, e o resultado é o que se
outra pessoa; verifica na realidade atual. Como é dito: “o maior
• Não interferir nos arquivos de outra pessoa; desafio não é como viver, e sim, como convi-
• Não usar o computador para roubar; ver”.
• Não usar o computador para dar falso testemu-
nho;
• Não usar software pirateado; Para mais informações:
• Não usar recursos de computacionais de ou-
tras pessoas; Artigo na Wikipedia sobre Ética
• Não se apropriar do trabalho intelectual de ou- http://pt.wikipedia.org/wiki/Ética
tra pessoa;
• Refletir sobre as conseqüências sociais do Código de Ética - ACM [em inglês]
que escreve; http://www.acm.org/about/code-of-ethics
• Usar o computador de maneira que mostre
consideração e respeito ao interlocutor.
HAILTON DAVID LEMOS (hailton@ter-
Após o que foi exposto existem algumas ra.com.br) Bacharel em Administração de
perguntas que ficam, e não querem se calar. Empresas, Tecnologo em Internet e Re-
des, Especialista em: Tecnologia da Infor-
Pense a respeito do assunto e sinta-se a vonta- mação, Planejamento e Gestão
de para respondê-las de maneira critica e Ética. Estratégica, Matemática e Estatistica. Tra-
balha com desenvolvimento de Sistema
• É ético utilizar um Software proprietário e não há mais de 20 anos, atualmente desenvol-
pagar sua licença de uso? ve sistemas especialistas voltados à pla-
nejamento estratégico, tomada de
• É ético cobrar por um Software? decisão e normas iso, utilizando platafor-
• É ético cobrar por um Software Livre? ma Java e tecnologia Perl, VBA, OWC, é
membro do GOJAVA (www.gojava.org).
• É ético se apropriar de um Software Livre e dis-

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FORUM · A luta por uma nova forma de distribuição cultural no seio da comunidade

O Desenvolvimento da
Computação e das
Redes como uma Série
de Apropriações – Parte III:
A luta por uma nova forma de distribuição
cultural no seio da comunidade
Por Filipe Saraiva

Denis Slogar - sxc.hu

O embate entre partilhadores e indústria cial movido pela APCM – Associação


ocorre algumas vezes de maneira muito sútil, ten- Antipirataria de Cinema e Música [2]. Outro caso
do a Internet como principal campo. Notadamen- semelhante, mas de maior repercussão, ocorreu
te, a indústria cultural com seu poderio quando a comunidade do orkut “Discografias” foi
econômico e grande poder de barganha e influên- fechada por seus administradores após uma sé-
cia se utiliza de uma política de disseminação rie de intimações e pressão movidas pela indús-
do medo e perseguição aos partilhadores. Perce- tria cultural [3].
be-se também que existe um movimento mundi- Outra forma de disseminar o medo entre
al de criminalização do compartilhamento, os partilhadores é levá-los aos tribunais com pe-
levando governos de vários países a estudarem didos de indenização bastante caros por atos co-
a implementação de leis de controle sobre a re- mo baixar uma música da rede. Recentemente
de. uma mulher norte-americana foi condenada a
Muitos são os grupos e sites que proporcio- pagar uma multa de dólares por ter baixado 24
nam download de material protegido por copy- músicas protegidas por copyright [4].
right. Algumas vezes, estes sites são Assume-se também que a indústria é a
perseguidos e fechados pelos detentores do principal responsável por fazer lobby em gover-
copyright de algum artista ao qual representam. nos ao redor do mundo para aprovar leis que pu-
No início do ano, o blog “Som Barato” foi fecha- nem os partilhadores, monitorando as atividades
do após um processo movido pela gravadora de todas as pessoas que afetam a rede a partir
“Biscoito Fino”, que detêm os direitos sobre im- dos logs que obrigatoriamente devem ser cedi-
portantes obras musicais brasileiras das déca- dos pelos provedores. Uma lei com estes contor-
das de 60 e 70 [1]. nos foi aprovada na França, e no Brasil a Lei
Outro caso refere-se ao site “Legen- Azeredo cumpre este mesmo papel [5].
dasTV”, que foi retirado do ar após processo judi- Se por um lado a indústria continua com

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FORUM · A luta por uma nova forma de distribuição cultural no seio da comunidade

esta escalada de retiradas de sites do ar, proces- Alguns ativistas passaram então a levar os
sos a internautas, e lobby para leis de controle conceitos expressos por estas liberdades do
na rede, cada vez mais do lado dos partilhado- software para as demais formas de produção e
res constroem-se espaços de resistência e con- distribuição de cultura. Logo estas liberdades re-
testação, que tentam de variadas maneiras ceberiam a alcunha de copyleft, representando
continuar o embate sobre o compartilhamento li- diretamente um contraponto ao conceito de
vre de qualquer conteúdo pela rede. É interes- copyright. Enquanto este último significa algo co-
sante notar que estes espaços também ganham mo “direito de copiar”, “direitos reservados”,
força e saem do contexto da Internet para deba- copyleft seria como “direito de cópia”, ou “alguns
ter o copyright e a distribuição também fora des- direitos reservados”.
te ambiente virtual. O próprio Stallman escreveria, após a
Um desses espaços de maior influência é GNU GPL, a licença GNU FDL – Free Docu-
o Movimento Software Livre. As pessoas que par- ment License. Esta última leva as 4 Liberdades
ticipam deste grupo pregam, utilizam e desenvol- do Software Livre para a produção e distribuição
vem programas de computador no qual o de textos e imagens.
código-fonte do mesmo é aberto, de forma que Anos depois, Lawrence Lessig, professor
todos possam contribuir para o aperfeiçoamento de direito de Strandford, criaria o Creative Com-
do software. Ele foi fundado por Richard Stall- mons, que consiste em um conjunto de licenças
man após o mesmo ter seu direito negado por onde o autor pode disponibilizar sua obra abrin-
uma empresa de ter acesso ao código-fonte de do mão de algumas exclusividades sobre a mes-
um programa que ele mesmo escreveu. ma, de forma a adotar algumas das liberdades
Stallman então escreveu uma licença de do copyleft.
software chamada GNU GPL – GNU Public Li- As licenças GNU FDL e Creative Com-
cense. O objetivo era respaldar uma forma de cri- mons já são bastante utilizadas na Internet. Mui-
ação e distribuição de código onde todos tos blogs licenciam seu conteúdo em uma
poderiam ter acesso ao mesmo, adaptar as su- licença Creative Commons, enquanto a maioria
as necessidades e contribuir de alguma forma. dos sites sobre Software Livre dispõem suas ma-
Os termos dessa licença são melhor expressos térias em GNU FDL.
no enunciado das 4 Liberdades do Software Li-
vre: Essa permissividade quanto a disponibiliza-
ção de conteúdo para livre distribuição, adapta-
- A liberdade de executar o programa, para qual- ção e melhoria é o que possibilita as criações
quer propósito (Liberdade nº 0); coletivas em rede, que Pierre Lévy irá chamar
- A liberdade de estudar como o programa funcio- de Inteligência Coletiva. Dentre alguns
na, e adaptá-lo para as suas necessidades. Aces- exemplos, destaca-se o software Linux, mantido
so ao código-fonte é um pré-requisito para esta por uma comunidade internacional de desenvol-
liberdade (Liberdade nº 1); vedores, e a enciclopédia livre Wikipédia.
- A liberdade de redistribuir cópias de modo que
você possa beneficiar o próximo (Liberdade nº Para além da Internet, a contestação do
2); copyright já se faz inclusive quanto a própria pro-
- A liberdade de aperfeiçoar o programa, e libe- dução científica feita pelas universidades e cen-
rar os seus aperfeiçoamentos, de modo que to- tros de pesquisa. Vários grupos e autores
da a comunidade se beneficie. Acesso ao chegam a duvidar da constitucionalidade de se
código-fonte é um pré-requisito para esta liberda- ter monopólio sobre a distribuição de um conhe-
de (Liberdade nº 3). cimento produzido nas universidades públicas,

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FORUM · A luta por uma nova forma de distribuição cultural no seio da comunidade

visto que o investimento público à pesquisa vi- cepção de Inteligência Coletiva poderá resultar
sa, exatamente, que os resultados desta pos- em importantes experiências sobre as capacida-
sam ser utilizados pelas pessoas de forma livre, des que a Internet proporciona.
beneficiando a população que o custeou. Por fim, a contestação do copyright se ex-
Outro espaço de resistência ao copyright pande para além da proibição de baixar músicas
está se dá no viés político institucional clássico, da Internet. Ela já chega à produção acadêmica,
nos partidos políticos e parlamentos. Foi funda- questionando o monopólio sobre a distribuição e
do na Suécia o Partido Pirata, que tem como uso dos resultados de uma pesquisa; e chega
seu principal programa político o fim do copy- agora também à política, pela fundação de um
right; alteração no sistema de patentes e defesa partido que prega até a revisão da lei de paten-
do direito de privacidade na Internet. Esse parti- tes.
do também está sendo construído aqui no Brasil Certamente, estamos em um ponto de tran-
[6]. sição de concepções quanto a posse e proprie-
dade de conhecimento, e a Internet tem papel
Conclusão fundamental na abertura para este tipo de ques-
tionamento.
A característica intrínseca ao computador,
que é a manipulação de objetos virtuais, aliada Para mais informações:
ao ambiente de alta disponibilidade de conexão
[1] Blog Som Barato encerra atividades
entre vários computadores, permitiu que informa-
http://ur1.ca/eqh1
ções de vários tipos pudessem ser compartilha-
das e replicadas a baixo custo.
[2] Anti-pirateiros mandam fechar o Legendas.tv
Esse fato é o que coloca em tensão a indús- http://ur1.ca/eqgy
tria cultural e os partilhadores em conflito. A in-
dústria sustenta-se a partir de um modelo [3] Comunidade Discografias é fechada por pressão
baseado no monopólio da distribuição. Então, co- da APCM
mo garantir este monopólio se potencialmente to- http://ur1.ca/eqgo
das as pessoas conectadas podem distribuir
cópias virtuais de músicas, filmes, livros, revis- [4] Mulher multada em quase U$ 2 milhões por baixar
tas, e etc, a um custo extremamente baixo? músicas
Fica claro que o modelo de negócios da in- http://ur1.ca/eqgp
dústria deve mudar, se adaptar a esta nova reali-
dade. Apesar dos esforços em barrar o [5] Brasil pode ter sua própria Lei Sarkozy
compartilhamento, os partilhadores nunca irão http://ur1.ca/eqgt
“acabar”, pois a característica de facilidade de
distribuição é inerente a todos que tem acesso à [6] Partido Pirata
Internet. http://www.partido-pirata.org

Esse ambiente que facilita o compartilha- FILIPE DE OLIVEIRA SARAIVA estuda


mento já mostrou importantes feitos e potenciali- Ciências da Computação na Universidade
dades. As pessoas podem construir Federal do Piauí, entusiasta do GNU/Linux,
da Cultura Livre e das possibilidades de
conhecimento coletivamente e distribuí-lo, seja criação coletiva oferecidas pelo mundo
representado no produto de um software, como conectado. É pesquisador da área de
Cibercultura, Pesquisa Operacional e
acontece com as comunidades de software li- Inteligência Artificial.
vre, seja através das wikis. Desenvolver esta con-

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

Por que o cidadão


consciente deveria
optar pelo software livre?
Parte 1 - Introdução e uma pitada de
história e filosofia
Por Paulo de Souza Lima

Paulo Correa - sxc.hu

Recentemente, fui convidado a participar


de uma missa em comemoração à morte de São
Francisco de Assis, e aos 800 anos do seu caris-
ma, ou seja do seu pedido ao papa Inocêncio III
para fundar a ordem dos frades franciscanos, e
a autorização deste, em 1209. Na ocasião, have-
ria uma representação teatral dos momentos fi-
nais da vida de São Francisco de Assis e uma
apresentação de canto gregoriano. Não sou ca-
tólico, nem tampouco sigo a religião cristã, mas
aceitei o convite por dois motivos: primeiro, por-
que adoro o canto gregoriano e a oportunidade
de ouvi-lo dentro de uma igreja franciscana me
pareceu fabulosa. E foi. Segundo, porque tenho
uma grande admiração por este santo católico
sui generis. Dos santos católicos, sua doutrina é
a que mais se aproxima das doutrinas religiosas
orientais e do panteísmo, ao considerar animais,

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

vegetais e minerais como irmãos, pois provém Na antiga Grécia, os detentores do conhe-
da mesma fonte, Deus. São Francisco de Assis cimento eram os filósofos. Os filósofos conheci-
foi, quem sabe, o primeiro militante ecológico de am matemática, lógica, astronomia, astrologia,
que temos notícia, isso no século 13, em plena física, química, alquimia, medicina, tecnologia
Idade Média. Na missa, um dos celebrantes leu de armas, engenharias, artes, música, poesia,
um sermão no qual, uma das recordações que teatro, política e, é claro, filosofia. Entretanto, ha-
se fazia aos presentes era a de que “nada nos viam dois tipos de filósofos. Os do primeiro tipo
pertence, tudo vem de Deus e, por isso, deve eram os que discutiam a filosofia em público,
ser devolvido”, por isso, a doutrina franciscana com os amigos, com estrangeiros, com o povo.
prega o desapego aos bens materiais. Eram os que criticavam as ações dos governan-
Naquele momento lembrei de um outro fa- tes, os que propunham soluções e, é claro, os
to histórico, ocorrido centenas de anos depois que eram perseguidos e, com frequência, mor-
de São Francisco de Assis: a carta de um chefe tos, exilados ou presos. Suas ideias eram discu-
indígena da etnia Seattle ao presidente dos Esta- tidas e rediscutidas, conhecimentos de todos os
do Unidos da América, em 1854. Nessa época, participantes eram agregados e discutidos até
os EUA estavam em franca expansão para o descobrir-se falhas em linhas de raciocínio.
Oeste. Os brancos Ianques tentavam de todas Quando algo assim era encontrado, as discus-
as maneiras apropriar-se das terras indígenas, sões recomeçavam, até chegarem a um consen-
comprando-as a preços simbólicos, ou tomando- so de que determinada ideia estaria
as e eliminando milhares de índios na empreita- filosoficamente correta e, portanto, poderia ser
da. Nesse episódio, o governo dos EUA tentava disseminada. Essa era a dinâmica dos diálogos
convencer ao chefe que vendesse suas terras. de Sócrates. A característica mais marcante de-
Não vou trascrever a carta de resposta aqui, les era que eles discutiam assuntos filosóficos,
pois ela pode ser facilmente encontrada na web, que englobavam todos as áreas citadas anterior-
mas basicamente, a resposta foi: "Vamos pen- mente, abertamente, ensinando às pessoas e,
sar, porque não compreendemos como uma coi- principalmente, aos jovens. O conhecimento
sa que a natureza deu gratuitamente possa ser desses filósofos era aberto e disseminado gratui-
possuída e vendida. Vocês são loucos". tamente, em praça pública, o “peripatos” que,
mais tarde, deu nome à escola peripatética de
O texto tem sua autenticidade questiona- Aristóteles. Os diálogos de Sócrates, imortaliza-
da, mas ninguém tem dúvidas de que expressa dos nos livros de seu discípulo, Platão, são o ex-
o sentimento dos povos indígenas de qualquer emplo mais marcante desse comportamento.
parte do mundo.
O segundo tipo de filósofo eram os chama-
Na história da humanidade é difícil encon- dos “sofistas“. Os sofistas eram pessoas com
trar passagens onde a apropriação e a retenção grande conhecimento intelectual e dominavam a
de “bens”, em especial, do conhecimento, foram arte da retórica, no entanto, sua característica
benéficas para a maioria. Pessoalmente, não principal era: seu conhecimento era limitado e
me recordo de nenhuma. Ao contrário, essa práti- vendido. As pessoas das classes mais abasta-
ca tem beneficiado e enriquecido uns poucos, das pagavam caro a esses “profissionais do co-
deixando a maioria pobre e ignorante. A tecnolo- nhecimento” para que educassem seus filhos.
gia é peça fundamental para o desenvolvimento Os embates entre os filósofos e os sofistas
da sociedade mas, na verdade, a tecnologia e a eram impressionantes embates de conhecimen-
inovação são subprodutos do conhecimento. E to, nos quais, quase invariavelmente, os filóso-
não só do conhecimento científico, mas de todo fos literalmente “colocavam os sofistas para
tipo de conhecimento. correr”, porque sua retórica era vencida pelos fa-

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

zado, leva à pessoa a utilizá-lo


em seu próprio favor. Isso signifi-
ca que, se uma pessoa obtém o
A tecnologia é conhecimento sem a consciência
de que deve utilizá-lo em favor
peça fundamental para o do seu povo, tornar-se-ia egoísta
e, um egoísta com poder tornar-
desenvolvimento da sociedade se-ia um tirano. Essas teorias fi-
mas, na verdade, a tecnologia e a caram evidentes em duas situa-
ções distintas: a primeira foi a
inovação são subprodutos do experiência de Platão, quando
foi convidado a ser tutor de Dioní-
conhecimento. sio I, tirano de Siracusa, que Pla-
tão tencionava instruir nas artes
filosóficas e torná-lo um estadis-
Paulo de Souza Lima ta. Falhou e teve de fugir da cida-
de. A segunda foi quando
Aristóteles, discípulo de Platão,
tornou-se tutor de Alexandre, fi-
tos expostos claramente pelos filósofos. E, co- lho do rei Felipe II da Macedônia. Apesar de
mo se diz, contra fatos não há argumentos. No eternamente questionar e contrariar seu mestre,
entanto, a força política e econômica dos sofis- Alexandre interiorizou bem os conhecimentos
tas era consideravelmente maior do que a dos fi- que Aristóteles lhe transmitiu, tornando-se o rei
lósofos e, por esse motivo, tinham mais da Macedônia e, pouco mas tarde, o governante
influência nas decisões e mais benesses do esta- de um vasto império que ia da Grécia e Macedô-
do e da sociedade como um todo. nia até as fronteiras da Índia.
Era difícil, para uma pessoa do povo com- Esses dois casos emblemáticos, demons-
preender as profundas discussões filosóficas des- tram que o mesmo conhecimento, quando utili-
ses dois grupos e, infelizmente, os sofistas zado de formas diferentes podem ter efeitos
tinham soluções práticas para problemas pontu- radicalmente opostos. O mesmo emblema en-
ais para os que podiam pagar, enquanto os filó- contramos nos registros históricos dos filósofos,
sofos entendiam que as transformações da sua contribuição para o desenvolvimento da
deveriam ser globais para serem eficientes e du- humanidade e das civilizações que apareceram
radouras. Outro problema enfrentado pelos filóso- depois deles. Hoje em dia, não se pode dizer
fos era que seu principal objetivo era tornar as que um sofista tenha tido alguma influência no
pessoas melhores e, para isso, era necessário pensamento de qualquer civilização posterior,
uma transformação interior. Não bastava ao indi- mesmo porque, eles quase não deixaram regis-
víduo ter o conhecimento disponível. Era neces- tros (talvez por medo da cópia não autorizada
sário interiorizá-lo, o que fatalmente causaria de seus conhecimentos), e quase tudo o que se
uma transformação no modo desse indivíduo per- sabe deles nos chegou por intermédio de seus
ceber o mundo e as pessoas. O problema é que próprios opositores, os mesmos que difundiam o
essa transformação é percebida em atitudes conhecimento, e que, com seus métodos resga-
que levam o indivíduo a se preocupar cada vez taram-nos da morte histórica, do esquecimento.
mais com a sociedade do que consigo mesmo. No entanto, o conhecimento difundido dos filóso-
Esse mesmo conhecimento, quando não interiori- fos tornou-se a base, ou influenciaram de algu-

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

ma forma, muitas doutrinas filosóficas, religio- indivíduo faz: ele sacrifica parte de sua liberda-
sas, do direito, políticas de, praticamente, todas de inerente em troca da vida em sociedade que,
as civilizações posteriores, principalmente do pe- por sua vez, torna sua vida mais fácil e mais se-
ríodo romano em diante. Com exceção das civili- gura (Thomas Hobbes). Com isso quero dizer
zações pré-colombianas, todas as outras, de que, se não há lei que proíba algo, o sentimento
alguma forma, receberam influência de suas idei- geral é de que esse algo é permitido. Numa soci-
as. Seus textos foram lidos, discutidos, revistos. edade onde o conhecimento é restrito e as leis
Novas doutrinas e novos pensamentos surgiram ocupam centenas de livros, o próprio conheci-
e, novamente, houveram os que se apropriaram mento das leis também o é. Pela falta de disse-
do conhecimento e os que preferiram difundi-lo. minação desse conhecimento, o cidadão não
Novamente, também, os primeiros foram protegi- tem nem o conhecimento do que pode e do que
dos pelo status quo, e os segundos persegui- não pode fazer, do que está escrito na lei. Para
dos, presos e mortos. complicar, a própria lei é ambígua e cheia de fa-
A história é cíclica? As mesmas situações lhas. A retórica retorna, hoje, como a principal
ocorrem de tempos em tempos, mudando ape- ferramenta para a determinação da justiça, e
nas o contexto? Hoje, o embate entre os que de- não a verdade dos fatos. A tendência de uma so-
fendem a propriedade intelectual e a detenção ciedade, nessa situação, é a de que o indivíduo
do conhecimento, e os que defendem a liberda- sinta-se livre para fazer o que quiser, até que al-
de intelectual e a disseminação da cultura e do guém de carne e osso, com cara de poucos ami-
conhecimento, segue os mesmos padrões dos gos e autoridade, lhe diga que não pode, e
embates do passado. A luta dos que defendem mais, lhe ameace com sanções se o fizer. Essa
a liberdade, formalizada em movimentos como o é a situação da nossa sociedade brasileira, qui-
do software livre, contra os “donos do poder”, per- çá do mundo, com relação ao conhecimento.
sonificados nas empresas de software proprietá-
rio, como a Microsoft, e nas empresas de
entretenimento, segue mais ou menos os mes-
mos padrões das lutas filosóficas, religiosas, ide-
ológicas do passado. Se acreditamos que a
história é realmente cíclica, então poderemos su-
Para mais informações:
por que o desfecho será o mesmo, com os mes- Artigo na Wikipedia sobre São Francisco de Assis
mos resultados e as mesmas baixas. Não estou http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Assis
querendo dizer com isso que haverão mortos e
feridos nessa contenda, que tende a durar por Artigo na Wikipedia sobre Sócrates
longo tempo, mas muitos já foram presos, multa- http://pt.wikipedia.org/wiki/Sócrates
dos e condenados judicialmente, não entrando
no mérito se eles estavam, ou não, violando algu- Artigo na Wikipedia sobre Thomas Hobbles
ma lei que, por sua vez, são normalmente escri- http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes
tas pelos “donos do poder”. Nem tampouco,
estou afirmando que os defensores do conheci-
PAULO DE SOUZA LIMA é técnico em
mento livre se restringem aos que contribuem pa- eletrônica formado pelo CEFET/MG,
ra esses movimentos organizados. bacharel em administração pela UFPR e
estudante de história e filosofia autodidata.
Vamos entender isso um pouco mais a fun- Autor do blog Alma Livre onde discute
sobre software livre, cidadania, ética,
do: a sensação de liberdade é inerente ao ser hu- filosofia e sociedade. Utiliza software livre
mano. As leis não são naturais, mas impostas a desde 1998 e, desde 2004, divulga e
cada indivíduo da sociedade. É uma troca que o incentiva o uso dele por empresas,
governo e sociedade.

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TECNOLOGIA · IMPORTÂNCIA DOS PADRÕES ABERTOS

Qual é a importância dos


padrões abertos para o
Software Livre?
Por Jomar Silva

Armin Hanisch - sxc.hu

Um amigo meu me fez es- dos do usuário. Um excelente


ta pergunta há alguns dias, e exemplo disso são os formatos
confesso que tive um pouco de binários criados pela Microsoft
trabalho para lhe responder, e para o armazenamento de do-
por isso, gostaria de comparti- cumentos de escritório, os fa-
lhar aqui a resposta que enviei mosos .doc, .xls e .ppt.
a ele. Além de “prender” os cli-
Empresas que desenvol- entes aos seus produtos, este
vem tecnologias proprietárias, artifício traz ainda vantagens
precisam encontrar uma forma adicionais bem interessantes
de reter seus clientes e infeliz- para a empresa dona da tecno-
mente a tecnologia é utilizada logia proprietária. Dentre es-
de forma equivocada aqui, atra- tas, a que mais se destaca é a
vés do que chamamos de capacidade de “forçar” a aquisi-
“lock-in”. A forma mais fácil de ção de novas versões dos pro-
fazer isso é através da criação dutos que a empresa passa a
de um formato proprietário pa- ter, através da alteração do for-
ra o armazenamento dos da- mato, tornando-o incompatível

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TECNOLOGIA · IMPORTÂNCIA DOS PADRÕES ABERTOS

com as versões anteriores da


sua própria aplicação. Mais
uma vez podemos nos lembrar
aqui da eterna saga de atualiza-
Empresas que
ções de suítes de escritório desenvolvem tecnologias
que vimos na última década,
pois cada nova versão da suíte proprietárias, precisam encontrar
proprietária gerava documen-
tos que não podiam ser aber- uma forma de reter seus clientes e
tos pelas versões anteriores e
isso acabava forçando um up- infelizmente a tecnologia é utilizada
grade no mercado todo.
de forma equivocada, através do que
Tão conveniente quanto
a capacidade de forçar as atua- chamamos de lock-in...
lizações, é a capacidade de cri-
ar dependências entre versões Jomar Silva
específicas de produtos da mes-
ma empresa, fazendo com que
a dependência em uma aplica-
triz da empresa na Noruega compatível com os requisitos
ção específica se transforme
que não conseguíamos abrir, mínimos deste novo sistema!
na verdade na dependência
pois os documentos haviam si- Resumo da ópera: fica-
em uma série de outras aplica-
do gerados pela nova versão mos algumas semanas sem po-
ções e sistemas. Usando nova-
da suíte de escritório. Naquela der acessar as informações
mente as suítes de escritório,
época a internet ainda funciona- (pois a maioria dos documen-
me lembro que em meados da
va “a corda”, e por isso, o meio tos, quando convertidos para a
década de 90, quando uma
mais rápido e eficiente para a versão anterior da suíte, perdi-
das atualizações da suíte propri-
troca de documentos eletrôni- am muito a sua formatação e
etária da Microsoft foi lançada,
cos era via CDs e correio (ou funcionalidades) e tivemos que
ela tinha como requisito básico
seja, uma conversão e re-en- fazer uma compra absurda, de-
o novo sistema operacional lan-
vio de documentos levava dias mandada por um “singelo up-
çado pela empresa. Este por
ou até semanas, e custava mui- grade” de software: Um novo
sua vez, demandava novos pro-
to caro). A solução teórica pa- computador, um novo sistema
cessadores, convenientemente
ra os nossos problemas na operacional e finalmente a no-
fabricados pela maior parceira
época, era bem simples: com- va suíte de escritório.
de negócios da empresa na
prem ao menos uma licença
época. Vivi um caso real disso, Claro que depois disso tu-
da nova suíte de escritório,
e acho que vale a pena conta- do só resolvemos o problema
mas o problema inicial era que
lo para vocês. de “abrir os documentos”, e aí
ela ainda não havia sido lança-
Na época eu era o respon- da oficialmente no Brasil! precisamos resolver o outro
sável pela TI da filial brasileira problema que era “qualquer
Este problema era mais usuário da empresa precisa
(ainda bem pequena) de uma
sério ainda, pois para poder- abrir os documentos”: Tivemos
empresa multinacional do se-
mos utilizar a nova suíte, preci- que trocar todos os computado-
tor de telecomunicações. Come-
sávamos também do novo res, todos os sistemas operaci-
çamos a receber documentos
sistema operacional, e não tí- onais e suítes de escritório! (e
(.doc, .ppt e .xls) vindo da ma-
nhamos nenhum computador

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TECNOLOGIA · IMPORTÂNCIA DOS PADRÕES ABERTOS

isso aconteceu em TODAS as Ainda hoje vivemos uma e para o desenvolvedor de


empresas que usavam a tal suí- situação muito semelhante na software livre é a utilização de
te de escritório na época). própria Internet, pois não é ra- padrões abertos em todas as
Contei esta história toda, ro encontrarmos sites que só interfaces do software com o
para ilustrar o fato de que uma funcionam em Internet Explo- mundo externo. Pode-se dizer
simples alteração em um pa- rer, rádios e TVs online que só que os Padrões Abertos são
drão proprietário forçou todas podem ser exibidas em Win- como o cimento que permite a
as empresas do mundo a fazer dows Media Player (ou Flash) construção de um mundo livre
um upgrade em seus computa- e isso demonstra que você po- e robusto, com tijolos feitos de
dores e sistemas. Foi alteração de mudar o tipo de conteúdo Software Livre.
do padrão que, na verdade, de- (texto, vídeo, áudio, projetos Muita gente confunde a in-
sencadeou tudo! de engenharia e outros) que a teroperabilidade propiciada pe-
receita de bolo para fazer di- los padrões abertos com a
Não preciso lembrar aqui nheiro rápido é sempre a mes-
que estas atualizações todas integração tradicionalmente fei-
ma: quem controla o padrão ta em projetos de software pro-
envolvem ainda a readequa- controla DE VERDADE o mer-
ção de todas as aplicações prietário, mas que também
cado. existe no mundo livre.
que se integravam com as ver-
sões anteriores do sistema ope- O Software Livre inverte Se tenho acesso ao códi-
racional e aplicativos e por esta lógica toda e é por nature- go fonte de um determinado
isso, ao final de cada ciclo de za inclusivo e não exclusivo programa, tenho condições téc-
atualizações destes, muito di- (aliás, já perceberam como a nicas de desenvolver minha
nheiro tinha irrigado as contas palavra EXCLUSIVIDADE é própria aplicação de forma que
das empresas de Tecnologia feia... ela representa exclusão, ela interaja com este software.
da Informação (e em alguns ca- rejeição, repulsa, eliminação e Isso no mundo do software pro-
sos, as “novas funcionalida- ainda assim é usada como al- prietário demanda uma série
des” implementadas no padrão go “positivo”). de contratos e acordos, e nor-
eram simplesmente dispensá- A única forma de garantir malmente demanda ainda o de-
veis, para não dizer inúteis). a total liberdade para o usuário senvolvimento de uma série de
bibliotecas (as famosas APIs,
que na verdade dão o acesso
sem “entregar o jogo”).

... o desenvolvimento A grande diferença entre


o desenvolvimento de um pa-
de um padrão aberto vai buscar drão aberto e de uma integra-
ção “um a um” (aberta ou
atender aos requisitos e interesses proprietária) é que o desenvol-
vimento do padrão aberto vai
da coletividade e não de uma ou buscar atender aos requisitos
e interesses da coletividade e
outra empresa ou comunidade de não de uma ou outra empresa
ou comunidade de software li-
software livre. vre.
Jomar Silva Temos um exemplo inte-
ressante disso na própria histó-

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TECNOLOGIA · IMPORTÂNCIA DOS PADRÕES ABERTOS

ria do desenvolvimento do pa- uma tratasse os documentos tenho mesmo pena de ver
drão ODF. gerados pela outra, mas isso aquele pessoal passando tanta
Uma das primeiras comu- não seria mais oneroso para to- vergonha assim :) ).
nidades de desenvolvimento do mundo, principalmente para
que se envolveu com o desen- os usuários, que teriam que Para mais informações:
volvimento do ODF foi a comu- conviver com conversões diaria- Artigo sobre Padrões Abertos na
nidade que desenvolvia o mente? Wikipédia
KOffice (O ODF nasceu dentro Hoje já temos centenas http://pt.wikipedia.org/wiki/Padrões_
do projeto do OpenOffice.org). de aplicações, bibliotecas e fer- abertos

Note que estamos falan- ramentas de software que mani-


do de dois projetos de softwa- pulam documentos em ODF, Artigo sobre interoperabilidade na

re livre (KOffice e nas mais diversas plataformas Wikipédia

OpenOffice.org), que possuem operacionais e computacionais http://pt.wikipedia.org/wiki/Interopera-

duas comunidades de desenvol- existentes. Ainda assim, existe bilidade

vimento distintas, e que por ra- uma “certa empresa” que con-
zões específicas decidem, de segue fazer a sua implementa- Site Oficial KOffice

forma sadia, concorrer uma ção de ODF de tal forma que http://www.koffice.org

com a outra. seus documentos só sejam tra-


tados de forma integral pela Site Oficial ODF Alliance
Ao ver o desenvolvimento sua própria aplicação... para http://br.odfalliance.org/
do ODF, os desenvolvedores que suportar o padrão então?
do KOffice podiam ter optado Blog do Jomar:
por desenvolver também o seu Culpam o padrão, dizen-
http://homembit.com
próprio padrão de documen- do que implementaram “tudo
tos, replicando no mundo livre de forma adequada”, que “se-
o que costumeiramente vemos guiram as regras”, mas pas- JOMAR SILVA é
engenheiro
no mundo proprietário, mas a sam uma vergonha danada eletrônico e Diretor
opção deles foi por fazer parte cada vez quem ficam sem res- Geral da ODF
Alliance Latin
do desenvolvimento do ODF e posta para uma simples pergun- America. É também
suporta-lo também em sua suí- ta: Por que todas as outras coordenador do
aplicações trabalham em con- grupo de trabalho na
te de escritório: Ganharam as ABNT responsável
duas comunidades e os seus junto e só a de vocês apresen- pela adoção do ODF
usuários! ta tão graves problemas? como norma
brasileira e membro
Depois de ler este artigo do OASIS ODF TC,
Notem que as duas aplica- o comitê
ções poderiam utilizar seus pró- todo, espero que vocês sai- internacional que
prios padrões e ainda assim bam a resposta (e se pude- desenvolve o padrão
ODF (Open
haver a possibilidade de que rem, contem prá eles... eu Document Format).

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ENTREVISTA · DANILO RODRIGUES CÉSAR - ROBÓTICA LIVRE

Entrevista com Danilo Rodrigues César

Projeto

Por Andressa Martins

Revista Espírito Livre; O que é a Robóti-


ca Livre?
Danilo Rodrigues César é Graduado Danilo Rodrigues César: O Projeto Robóti-
em Tecnologia em Processamento de ca Livre é uma proposta diferenciada de robóti-
Dados (TPD), Licenciado em ca em ambiente escolar, utilizando soluções
Matemática e Informática pelo CEFET- livres em substituição aos produtos comerciais,
MG, Especialialista em Rede de propondo a quebra de paradigma com a utiliza-
Computadores, Pós-graduado em ção de Software e Hardware Livre.
Educação Profissional Técnica
Além da utilização de softwares livres (Li-
Integrada ao Ensino Médio na
nux e seus aplicativos), o projeto também tem o
Modalidade Educação de Jovens e
caráter ecológico, pois utilizamos sucatas que
Adultos (PROEJA), mestrando na área
geralmente são descartadas (o chamado Lixo
de educação e Doutorando na área de
Eletrônico) como material base para a constru-
difusão do conhecimento, ambos pela
ção de kits alternativos e de artefatos tecnológi-
Universidade Federal da Bahia com o
cos, por exemplo robôs e protótipos de objetos
tema Robótica Livre...
da vida real.

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |59


ENTREVISTA · DANILO RODRIGUES CÉSAR - ROBÓTICA LIVRE

imadiatas ao utilizar a linha de comando

REL: Qual foi o primeiro robô produzi-


do?
DRC: Eu chamo ele de Frank (Frankstein),
foi um trabaho interessante, por que nós utiliza-
mos capas de CDs, tiramos 2 motores de drives
de disquetes 1.44'', batentes de portas, roldanas
de impressoras, ee muita sucata, e nesse traba-
lho usamos apenas Shell Script, sem nenhuma
interface gráfica padrão.
Hoje existe o Kommander [0], que é uma
Figura 1: Danilo Rodrigues César do Projeto Robótica Livre IDE para criação de interfaces para o KDE, com
ele podemos criar interfaces para programas em
REL: Quando e como começou o proje- modo texto ou mesmo criar um programa inteiro
to? sem escrever um linha de código.

DRC: A Robótica Livre começou em 2001,


quando eu tive uma disciplina isolada de mestra- REL: Quais são as vantagens da aquisi-
do no CEFET em Minas Gerais, um professor ção de um kit para Robótica utilizando
que trabalhava com logo, que é uma linguagem Software e Hardware Livre?
educacional, e eu achei interessante essa forma DRC: Temos a preocupação com o meio
de aprendizado, e tentei associar entretenimen- ambiente, com o que é jogado fora, além de per-
to aquilo. Ou seja, além de ver uma aplicação mitir que as escolas públicas que não tem condi-
na tela (como uma tartaruga andando) eu queria ções de ter kits de robótica, que são caros para
ver isso fisicamente andando fisicamente. serem adquiridos e caros para serem mantidos.
Então disponibilizamos Hardware Livre, cha- Ouve-se falar de escolas que ganham Kits
mado IHL e alguns componentes como LED's, proprietários para estudo de Robótica (LEGO) e
para que os alunos pudessem entender de for-
ma visual o que estava acontecendo.
Em 2002 eu comecei a trabalhar com Klo-
go, que é uma versão do logo para Linux, na épo-
ca junto com Euclides Cunha lá em São Paulo,
onde começamos a implementar alguns coman-
dos de robótica.

REL: Qual a linguagem mais utilizada


por você em Robótica Livre?
DRC: Eu dando aula eu resolvi trabalhar
com os alunos com a linguagem Shell Script, ela
mais fácil de trabalhar com os alunos, por ser
Figura 2: Kit didático
uma linguagem interpretada e por ter respostas

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |60


ENTREVISTA · DANILO RODRIGUES CÉSAR - ROBÓTICA LIVRE

que de certa forma ficam parados, por não ha- Robótica Livre.
ver processo de capacitação dos professores, E o professor pode trabalhar com os alu-
que é um investimento alto. nos, usando o computador como mediador da si-
E muitas com Kits fabricados as alunos e tuação para controlar os dispositivos, usando
professores não são capacitados, mas sim “ades- lixo tecnológico sem precisar de forma muito
trados”, sem ter incentivo do lado criativo. Tam- aprofundada as disciplinas. Eu por exemplo, já
bém há a limitação pela forma e quantidade de cheguei a dar oficinas para pedagogas em que
peças de cada Kit. Utilizando materiais recicla- elas mesmas fizeram soldas, sendo um ativida-
dos, o processo de aprendizado da robótica é tra- de interessante, por desmitificaram algumas falá-
balhado com um todo, a construção da cias que soldar ou aprender eletrônica é muito
ferramenta e artefato técnico. difícil.
“O foco não é extramente no produto, mas Nós vemos Paulo Freire falar da pedago-
a todo o caminho.” gia da autonomia, pedagogia do oprimido, a nos-
E nosso objetico não é trabalhar simples- sa é chamada de Pedagogia da Sucata :-P.
mente com a construção de robôs, mas com pro- Utilizamos capacitores, baterias, pilhas que po-
tótipos de elevadores, braços mecânicos, dem ser reaproveitados em circuitos. É muito li-
semrpe utilizando material reciclado. xo tecnológico jogado for a, grande deles é
preducial, e poderia ajudar nessa forma de peda-
gogia. Contribuindo para o capital social de um
REL: A Robótica é engloba disciplinas grupo de pessoas que buscam a preparação pa-
de matemática, física, eletrônica, programa- ra inclusão digital ou sócio digital.
ção... Como vencer barreiras da falta de co-
nhecimento em alguma dessas matérias?
DRC: Existe a questão educacional e peda- Para mais informações:
gógica. Em caso de educação de jovens e adul-
tos, por exemplo, os indivíduos são atores [0] - Site Kommander
http://kommander.kdewebdev.org/
sociais que estão exluídos tecnologicamente e
quando você mostra sobre a possibilidade de [1] – Site Robótica Livre
http://roboticalivre.org
aprender robótica, eles constroem objetos rapi-
damente de acordo com o que vêem fazendo no
dia-a-dia. ANDRESSA MARTINS é entusiasta de
software livre, idealizadora dos projetos
Por exemplo, um protótipo de um elevador Robótica Livre, Membro da Associação de
Software Livre de Goiás e curiosa.
por um aluno porque um aluno que dava manu-
tenção no elevador, mas não sabia como ele fun-
cionava. Então para entender como funcionava,
ele criou um protótipo que pode ser estudado na

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EM DEBATE · PACIENTE INFORMADO E WEB 2.0

Desafios para classe


médica em tempo
de Paciente
Informado e
Web 2.0
Por Yuri Almeida

Sanja Gjenero - sxc.hu

A internet provocou mudanças no relacio-


namento entre médicos e pacientes a partir do
momento em que ampliou o leque de informa-
ção sobre doenças, tratamentos e medicamen-
tos. Se por um lado, tais transformações exigem
da classe médica maior interação com o pacien-
te, cada vez mais informado, por outro, implica
debater certificação e/ou credibilidade do con-
teúdo publicado no ciberespaço.
Primeiro é preciso destacar que a relação
médico versus paciente é marcada pela autori-
dade científica e poder simbólico daquele que
detém o conhecimento sob aquele que realiza
uma consulta. Vale destacar que o conhecimen-
to adquirido pelos profissionais na academia é
elemento estruturante desta relação. Porém, a li-
beração do pólo emissor, impulsionada pela
Web e novas tecnologias de informação e comu-

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EM DEBATE · PACIENTE INFORMADO E WEB 2.0

nicação, potencializaram o acesso a informação que “a qualidade do atendimento passa pela


e radicalizaram o ditado popular de que "de médi- qualidade da linguagem”. Santana defende tam-
co e louco, todo mundo tem um pouco". bém a criação de uma rede para médicos, que
Basta uma busca no Google para encon- ensinem os profissionais desde como “utilizar” a
trar solução caseira para curar um câncer até Internet até a produção de guias/cartilhas médi-
consulta online. Independente da credibilidade e cas digitais.
exatidão da informação publicada, o paciente O jornalista e pesquisador de mídias soci-
consulta o Dr. Google antes e após a consulta, ais, Eduardo Pelosi, acredita que o aumento de
implicando para o médico uma nova forma de informações publicadas no ciberespaço proble-
se relacionar com o seu paciente. matizam as “verdades” estabelecidas pelos ma-
Para o pesquisador da Fiocruz, André Perei- nuais médicos. “Quando temos diversas
ra, o Paciente Informado promove um equilíbrio opiniões sobre um mesmo fato é mais complica-
entre a relação médico versus paciente. Já para do encontrar a exatidão de qual remédio ou tra-
o vice-presidente da Federação Nacional dos Mé- tamento adequado”. Por isso, André Pereira,
dicos (Fenam), Eduardo Santana, o médico que argumenta que diante de um “mar de informa-
não estiver conectado às novas tecnologias, cer- ção”, o médico precisa construir “arcas” que faci-
tamente, terá dificuldades em se relacionar com litem a navegação do paciente neste universo
o Paciente Informado. médico. Afinal, a bula médica não ajuda nem
aos pacientes e nem aos médicos.
Para Claudio Freitas, professor e médico,
gestor do projeto GDF em Brasília, um paciente Para o diretor executivo da agência Pólvo-
informado significa também uma melhor consul- ra, Mário Soma, a classe médica deve se organi-
ta médica, tendo em vista que as consultas são zar e elaborar portais com informações sobre
cada vez mais rápidas e nem sempre o profissio- tratamentos, medicamentos e demais orienta-
nal consegue traduzir as especificações técni- ções que facilitem a vida dos pacientes. “Entre-
cas em uma linguagem acessível para o tanto, não é apenas o conhecimento do
paciente. profissional que deve ter validade. É preciso en-
volver médicos e pacientes que, de forma cola-
Fernando Vogt, da InterSystems, destaca borativa, produzam essas informações”, frisa o
que a internet tem cumprido uma lacuna deixa- vice-presidente da Fenam. O médico ortopedis-
da pelos tradicionais médicos da família, que ta, Carlos Andrade, vai mais além “temos que
são cada vez mais raros. “O paciente busca infor- parar de jogar tudo nas mãos de nossas "socie-
mações no Dr. Google porque perdeu o contato dades" médicas. Isto só elitiza e cria feudos.
com o médico”. Para ele, além de um paciente in- Quanto mais informação melhor. Serve para os
formado, é necessário que o profissional de saú- dois lados quando estes querem se ajudar”, po-
de também tenha informações sobre seu lemiza.
paciente através de prontuários virtuais. “Antes
do paciente informado é preciso ter a informa-
ção do paciente para que o acompanhamento se- Federação Nacional dos Médicos pro-
ja contínuo”, defende Vogt. põe certificação de conteúdo na Web
Nesta seara de transformações, a socieda- Diante da infinidade de textos sobre trata-
de e o mercado sinalizam para a classe médica mento, sintomas e curas disponíveis na Web em
novos desafios e a necessidade de um profissio- qual confiar? Afinal, café faz bem ou mal a saú-
nal cada vez mais “comunicativo”. “É preciso de? Estas e outras questões são rotineiras para
que o médico seja um agente da informação”, os pacientes que buscam na internet orienta-
pontua o vice-presidente da Fenam, lembrando ções sobre saúde, mas a cada clique uma infor-

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EM DEBATE · PACIENTE INFORMADO E WEB 2.0

mação diferente, uma verdade diferente. O que tes que os “não-médicos”, munidos de técnicas
tem credibilidade? O que é verdade, do ponto SEO e soluções milagrosas dominem a Web.
de vista médico? O que realmente vai aliviar es- Para isso, enxergar a Internet apenas como um
sa dor de cabeça? meio de transmitir informação é pueril. Vale lem-
Dar respostas a estas questões é o objeti- brar que a Web, sobretudo é espaço para intera-
vo da proposta da Federação Nacional dos Médi- ção, logo é preciso que os médicos se
cos em certificar os produtores de conteúdo e preocupem com seus pacientes além do consul-
sites que abordem a temática médica na Web. A tório, estejam nas redes sociais, mantenham
idéia ainda não esta finalizada em termos de exe- blogs ou pelo menos entendam que o Dr. Goo-
cução, mas a necessidade foi defendida por mé- gle é um aliado para o exercício de uma medici-
dicos e pacientes durante uma mesa redonda na mais humana e eficiente.
realizada em Salvador na última quinta-feira (8).
“Como abrir uma página da Web, sobre de-
terminado assunto em saúde, e confiar no que
se lê? Minha sugestão: um “selo” atestado por
uma entidade médica informando: “Este é um si-
te médico”, assim, quase explícito, defende Car- Para mais informações:
los Andrade.
Blog Herdeiro do Caos
O médico Eduardo Santana diz que a identi- http://herdeirodocaos.com
ficação elevaria a credibilidade destes conteú-
dos publicados na Web, além de garantir ao
cidadão que aquilo que ele lê foi elaborado por
um profissional e, portanto, apto para proferir
tais orientações.
“Existe a necessidade de qualificar a infor-
mação encontrada via "dr. Google".Mais impor-
tante do que encontrar a informação, é que esta YURI ALMEIDA é jornalista, especialista
em Jornalismo Contemporâneo,
informação seja verdadeira”, opina o professor pesquisador do jornalismo colaborativo e
de marketing digital, Eduardo Sales. edita o blog herdeirodocaos.com sobre
cibercultura, novas tecnologias e
Para além de um serviço para o paciente, jornalismo. Contato: hdocaos@gmail.com /
twitter.com/herdeirodocaos
a grande questão para os profissionais da área
de saúde é: ocupar espaço no ciberespaço an-

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REVIEW · AS GRANDES NOVIDADES DO UBUNTU 9.10

As grandes novidades do
Ubuntu 9.10 Karmic Koala e o
futuro do Ubuntu
Por Wagner Emmanoel

Diferentemente das tendências de merca-


do, o Ubuntu já nasceu arrasando os corações
de muitos entusiastas e administradores de siste-
mas que tem o “espirito livre”. Desde o seu pri-
meiro lançamento que ocorreu em 20/10/2004,
com a versão 4.10 de codinome Warty Warthog,
o Ubuntu tem crescido de forma inesperada, e
hoje, com a sua atual versão 9.10 de codinome
Karmic Koala lançada em 29/10/2009, fica com-
provado que nenhum software, principalmente
tratando-se de um sistema operacional, conse-
guiu amadurecer tanto em menos de seis anos.
Estima-se que alguns dos motivos para essa re-
volução foi a soma de uma grande companhia,
um grande visionário e uma grande comunida-
de.
Essa grande companhia por trás desse pro-
jeto é a Canonical Ltd. que além de manter o
Ubuntu, também patrocina projetos de software li-
vre. A Canonical Ltd. foi fundada pelo visionário
Mark Shuttleworth que intitulou-se CEO do proje-
to, para poder tomar decisões que afetarão o
destino do Ubuntu. E a camada principal que co-
bre todo esse projeto, são as comunidades cola-
borativas que estão espalhadas pelo mundo,
escrevendo softwares, criando e traduzindo docu-
mentações, além de dar suporte a novos usuári-
Figura 1.1
os.

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REVIEW · AS GRANDES NOVIDADES DO UBUNTU 9.10

as expectativas do seu público, trazendo diver-


sas novidades como as que veremos a seguir.
Acrescentou suporte a novas linguagens
para o processo de instalação. Isso não é atoa,
e sim mostra que o Ubuntu está cada vez mais
atravessando fronteiras.
Utiliza o sistema de arquivos ext4 por omis-
são durante a instalação, e mantem os demais
para garantir a liberdade de escolha entre seus
usuários.

Figura 1.2

O Ubuntu trabalha com atualizações basea-


das em tempo, sendo assim a cada 6 meses tere-
mos uma nova versão que traz uma série de
novidades relacionadas a segurança, usabilida-
de, interfaces e outros recursos. Ao mesmo tem-
po a Canonical mantem versões de longo prazo
conhecidas como LTS (Long Term Support), pa-
ra que empresas não precisem estar migrando
de versões constantemente. Sendo assim, es-
sas versões que são lançadas a cada 6 meses,
Figura 1.4
são suportadas durante 18 meses, já as versões
LTS tem uma vida útil de 3 anos para o Desktop Traz a possibilidade de utilizar criptografia
e 5 anos para o Server. no diretório home do usuário.
Com o seu último lançamento, o Ubuntu
9.10 Karmic Koala, mais uma vez surpreendeu

Figura 1.5

Figura 1.3

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REVIEW · AS GRANDES NOVIDADES DO UBUNTU 9.10

Acrescentou banners trazendo informa-


ções sobre as novidades da versão durante a ins-
talação.

Figura 1.6 Figura 1.8

Mudou o Bootloader para o GRUB 2.


Novo visual para XSplash do sistema, ga-
nhando performance durante o processo de inici-
alização.

Figura 1.9

Figura 1.7

Novo visual para a tela do GDM, o applet


para de troca de usuário foi redesenhada para
um melhor conforto visual.
Novo visual para área de trabalho. Utiliza a
versão 2.28.1 do Gnome, acrescentou novos íco-
nes e mudou o tamanho das fontes do sistema
para melhorar à aparência.
Figura 1.10
Aprimorou o antigo Adicionar/Remover Pro-
gramas, unificando todos os gerenciadores de

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REVIEW · AS GRANDES NOVIDADES DO UBUNTU 9.10

Figura 1.14
O navegador padrão continua sendo o Fire-
Figura 1.11
fox, porém com a sua nova versão 3.5.

Figura 1.12
Figura 1.15
pacotes existentes e passou a chamar de Cen-
tral de Programas do Ubuntu. Acrescentou a versão 1.1 do Wine em seu
repositório oficial e ainda mudou o ícone padrão
Removeu o Ekiga por ter sido pouco utiliza- dos “.exe” que são executados pelo Wine.
do pelos seus usuários em versões anteriores e
trocou o mensageiro Pidgin pelo Empathy para
“facilitar” as comunicações de textos, áudios e ví-
deos.

Figura 1.16

Mudou o visual do gerenciador de redes,


para facilitar a utilização dos seus usuários,
além de aprimorar o suporte a tecnologias de
segurança como WPA e WPA2.
Melhorou o suporte a modens 3G, passan-
do a ser praticamente PLUG AND PLAY, restan-
do exatamente esses seis passos mostrados
nas figuras abaixo, que são as perguntas ao
Figura 1.13 usuário sobre sua localização e sua operadora.
Suíte do OpenOffice foi atualizada para a A ferramenta WUBI (Windows Ubuntu Ins-
versão 3.1 talador), foi reimplementada para permitir a mi-

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REVIEW · AS GRANDES NOVIDADES DO UBUNTU 9.10

Figura 1.20

Bom, essas são apenas algumas das novi-


dades referentes a versão do Ubuntu Desktop
9.10 Karmic koala. Ainda existem muitas outras
como, a integração de novos drivers Intel e Nvi-
Figura 1.17
dia, utilitários para disco rígido, a presença do
Quickly que é um sistema simplificado para de-
senvolvimento de aplicativos Ubuntu e muito
mais.
Devido a toda essa estrutura funcional, o
Ubuntu passou a ser sinônimo de Linux, como
vem acontecendo com alguns concursos públi-
cos, que onde “deveria” pedir conhecimento em
Linux, pede explicitamente o conhecimento em
Ubuntu, exemplo real disso é o edital da Funda-
Figura 1.18 ção de Amparo à Ciencia e Tecnologia do Esta-
do de Pernambuco (FACEPE).
gração de uma intalação do tipo WUBI para
uma instalação utilizando uma partição real, ga-
nhando assim mais performance.

Figura 1.21
Devido a essas mudanças do mercado vol-
Figura 1.19 tadas para o Ubuntu, a Canonical já criou cur-
sos voltados para os seus produtos, como os
A grande bola da vez chama-se Ubuntu cursos Ubuntu Desktop e Ubuntu Certified Pro-
One, que é um pacote de serviços online basea- fessional (UCP) que já são oferecidos por uma
dos em Cloud Computing, oferecendo aos seus instituição oficial parceira da Canonical.
usuários 2 GB de espaço para armazenamento
online. Esse serviço pode ser utilizado para sin-
cronizar e compartilhar arquivos e realizar peque- Para mais informações:
nos backups. Esse serviço já era oferecido Site Oficial Ubuntu:
desde maio de 2009 com a sua versão beta, po- http://www.ubuntu.com
rém poucos usuários conheciam e o serviço não
era de boa qualidade, mas a versão 9.10 do WAGNER EMMANOEL é Instrutor da
Ubuntu já traz um ícone localizado em Aplicati- Fuctura, Partner Oficial Ubuntu Brasil.
vos > Internet > Ubuntu One, que levará você di-
retamente para a página do serviço, permitindo
que você utilize caso já seja cadastrado ou reali-
ze seu cadastro para utilizar o serviço.

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COTIDIANO · CUIDADO COM O "TECO" EM INFORMÁTICA

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Cuidado com o “TÉCO”


em informática!
Por João Marcello Pereira

Ao contrário do que se pensa o computa-


dor não é objeto que, uma vez comprado novo,
“viverá” por anos sem defeitos. Todo computa-
dor, como qualquer outra máquina eletrônica ou
não, necessita de manutenção periódica como
limpeza física e lógica, atualizações e outros.
Para isto, há a necessidade de consultar um téc-
nico qualificado e honesto, pois não existe coisa
pior do que ser enganado, principalmente, se es-
se engano é um prejuízo de algumas centenas
de reais por conta da irresponsabilidade de al-
gum “profissional”.
Muitos são os “técnicos” de informática
que esbanjam absurdos quando se trata de
energia elétrica - O aterramento é o maior fator
de erros desses “profissionais”. Por falta de co-
nhecimento, que exige considerável formação

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COTIDIANO · CUIDADO COM O "TECO" EM INFORMÁTICA

técnica ou superior, grandezas físicas como ten- McGyver – um chiclete serve como fita isolante,
são, corrente, resistência, potência elétrica são lâmpada incandescente de 100W é multímetro,
a mesma coisa quando se trata de fazer o com- pedaço de chinela havaiana é suporte da placa-
putador funcionar. Vejamos alguns absurdos: mãe, e por aí vai. Ou seja, é doutor honoris cau-
Aterramento “interno” feito de um clip de papel sa em gambiarra, não possui qualquer suporte
conectando o neutro e terra, garrafas PET chei- científico ao jeitinho empregado e seu maior
as de água sobre o gabinete para economizar trunfo é saber “tudo” de informática sem nunca
energia, condutores (fios) mal dimensionados pa- ter feito um curso de capacitação - é o tipo total-
ra a instalação elétrica, e muitas outras solu- mente prático sem nenhum conhecimento teóri-
ções “baratas e inteligentes”. co. Uma conseqüência desse poder autodidata
Outra coisa que aterroriza é a forma como é a famosa lábia (ou “queixo” como se diz aqui
o “técnico” faz o diagnóstico do computador. É tu- no Piauí) aplicada para enganar o cliente em
do no "olhômetro" e na sensibilidade "paranor- qualquer situação, seja na solução mágica do
mal" (poder ninja) adquirida ao longo de anos problema ou fazer o cliente assumir o prejuízo
de experiência (ou experiências com máquinas de uma irresponsabilidade.
dos outros). O mais interessante disso é a solu- Muito cuidado com o TÉCO, e mais cuida-
ção-padrão adotada: formatar o HD e instalar o do ainda com os seus serviços e conselhos. Pa-
Windows. Tudo bem que isto é uma solução, ra não ser enganado, sempre consulte a
mas sem um diagnóstico preciso do HD há risco indicação de algum conhecido e analise como
de dano à peça e perda de dados. Outro fator du- ele trabalha. Mesmo sem conhecimento técnico,
vidoso é o “técnico” saber exatamente uma solu- o usuário pode evitar dor de cabeça observando
ção imediata para qualquer problema da algumas características típicas do TÉCO Profes-
máquina, ou seja, se está lenta é vírus ou memó- sional:
ria; o Windows não “abre” é o HD; a máquina - Nunca tem ferramentas apropriadas e quando
não liga é placa-mãe queimada; computador tem não sabe usar – o principal erro é nunca ter
não aceita as configurações, aparece uma tela um multímetro para avaliar a energia elétrica ou
azul e ainda fica “apitando”, chuta que é macum- ainda medir 220V na escala errada;
ba! - Nunca verifica as instalações elétricas e o am-
Outro potencial prejuízo financeiro ocorre biente no qual o computador será ou está insta- l
quando o entendido de informática costuma insta- ado em relação à presença de campo
lar dezenas de programas piratas na máquina magnético, campo elétrico, infravermelho, poei-
do cliente, principalmente de segurança, sem ra e temperatura ambiente;
atentar para o fato que as empresas fabricantes - Nunca faz diagnóstico através de software ou
de software (Symantec fabricante do Norton anti- qualquer outro equipamento de teste, sempre
vírus, por exemplo) possuem mecanismos via in- aposta no “desconfiômetro” ou “olhômetro”;
ternet que descobrem se o programa instalado - Inventa mil e um defeitos de nomes esquisitos
no computador é pirata ou não, permitindo blo- sem dar melhores explicações - “o hd está sem
quear atualizações ou ainda multar a empre- bufferamento linear ao nível de máquina”.
sa/usuário por pirataria. - Sempre instala mil e um programas piratas
Profissionais assim são conhecidas no mun- (antivírus, programas de contabilidade e gerenci-
do da informática como TÉCO em informática amento financeiro) no computador sem o devido
por realizarem somente serviços ruins. O TÉCO conhecimento do cliente, afirmando que traba-
é um artista nato, sempre resolve as coisas no lha só com os “melhores” programas que exis-
“jeitinho” e tem mil e uma soluções “mágicas” pa- tem no mercado;
ra tudo quanto é problema ao melhor estilo - Nunca faz um relatório dos problemas encon-

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COTIDIANO · CUIDADO COM O "TECO" EM INFORMÁTICA

trado e menos ainda do serviço realizado, e Para mais informações:


quando faz só ele entende;
Notícia: Técnico de informática trapalhão tenta golpe
- Desconfie do “TÉCO” que faz aterramento, le-
(e fracassa) contra cliente nos EUA
vanta muro, é carpinteiro, conserta placa-mãe e
http://ur1.ca/epxu
ainda toca pagode. Bons profissionais são espe-
cíficos na sua área;
Artigo: OAB da Informática pode ser criada. Isso é
- Sempre tem o valor do serviço na ponta da lín-
bom?
gua mesmo sem nunca ter visto o estado do com-
http://ur1.ca/epxm
putador.
Entrevista: O Futuro do Técnico de Informática
Tenho visto nos jornais propagandas de http://ur1.ca/epxg
“técnicos” que em duas horas “ajeitam” qualquer
computador ao preço de R$ 20,00. Sinceramen- Artigo: A mochila do técnico de informática
te não sei como isso é possível, pois somente http://ur1.ca/epws
no diagnóstico e relatório gasto entre 1,5 a 2h, e
para realização do serviço necessito em média Artigo: Futuro do técnico em informática
de 4 horas. Pior ainda acontece quando uma pe- http://ur1.ca/epwt
ça está queimada e o TÉCO já possui na mão ou-
tra disponível ou “similar” - é outra ou será a
mesma peça modificada intencionalmente como
sendo nova?
Pensando bem, o TÉCO é também fruto
da “teconicidade”* do próprio cliente, em que-
rer sempre o menor preço por um serviço – pre-
ço é proporcional à qualidade. Como o barato
via TÉCO sempre sai caro, procure um bom
profissional capacitado em cursos de monta-
gem e manutenção de computadores, e de ex-
periência comprovada. Não fuja desse
JOÃO MARCELLO PEREIRA é graduado
conselho, pois a próxima vítima pode ser você. em física (UFPI) e ciências da computação
(UFPI), técnico em eletrônica (CEFET-PI), e
especializando em segurança de redes de
computadores (FACID). É profissional de
* Estado da arte de querer resolver as coi- informática, inventor, e professor de física
sas da maneira mais legal, rápida e barata possí- (UAPI), informática (SENAC-PI), matemática
e eletrônica.
vel.

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SOFTWARE PÚBLICO · AMADEUS

AMADEUS
Novas Formas de Interação
para Educação a Distância
Por diversos autores

O ensino a distância torna-se política públi- se nesse contexto como uma alternativa criada
ca e ganha destaques estratégico apenas em para tornar as tarefas de professores, tutores,
2004. Na ocasião, países da Ásia, Europa e Amé- designers instrucionais e alunos mais simples.
rica do Norte já a praticavam em escala há pelo Ao mesmo tempo, ele amplia, sem comprometer
menos uma década. Naquele momento, poucas a usabilidade de suas interfaces, o conjunto de
plataformas de ensino estavam prontas a servir práticas envolventes e criativas. Nas seções a
de meio a implementação de projetos de forma- seguir, descrevemos o Amadeus, os princípios
ção a distância. No entanto, os projetos mais ma- norteadores do projeto e as principais interfaces.
duros datavam e utilizavam tecnologia antiga de
programação de aplicativos para internet. O re-
sultado é que a usabilidade de suas interfaces é Amadeus: e-learning de segunda
de baixa qualidade e os estilos de interação pos- geração
síveis são limitados. Isso torna o uso desses pro- O Amadeus é um sistema de gestão de
gramas uma tarefa difícil para usuários sem aprendizagem para educação presencial, a dis-
formação na área de informática e limitam as situ- tância e todas as suas variações. Ele é baseado
ações didáticas que podem ser oferecidas. Am- no conceito de blended learning, segundo o qual
bas criam resistências e afastam-se dos ideais para se atingir um grande público com projetos
do ensino amplo proposto pela corrente conheci- de formação a distância faz-se necessário uma
da como blended learning. Esta orienta a constru- combinação de formas de mediar a apresenta-
ção de abordagens da educação a distância a ção e interações com os conteúdos das aulas.
partir da proposição de uma ampla gama de for-
O termo Amadeus é um anagrama para a
mas de interação para atingir os aprendizes pe-
expressão Agentes Micromundos e Análise do
las diversas formas de aprender: manipulando
Desenvolvimento do Uso de Instrumentos. Essa
representações, ouvindo, lendo, discutindo, resol-
expressão expressa a influência construtivista
vendo problemas em grupo. O Amadeus insere-

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SOFTWARE PÚBLICO · AMADEUS

que deu origem ao projeto. No início, o projeto vi- ção e inserir neste locus o próprio usuário.
sava apenas criar interfaces educativas que aju- Dessa forma, desejamos permitir o acesso e a
dassem os usuários a aprender conceitos participação dos usuários estando ele interagin-
específicos. Esses módulos foram chamados de do por meio de dispositivos distintos como: apli-
agentes micromundos e alguns deles foram de- cações desktop, celulares, PDAs e TV Digital,
senvolvidos para o ensino de Matemática (Quei- jogos, interfaces tangíveis (para analfabetos).
roz, 2008) e Física (Costa, 2008). O Amadeus é Essa diversidade de formas de acesso aos con-
o projeto principal do grupo de pesquisa Ciênci- teúdos e aos pares que participam de uma co-
as Cognitivas e Tecnologia Educacional (CCTE: munidade de aprendizagem torna o Amadeus
http://www.cin.ufpe.br/~ccte) do Centro de Infor- uma interface presente e acessível de forma ubí-
mática da Universidade Federal de Pernambu- qua.
co. Portanto, o Amadeus nasceu de um Estando o usuário no centro do processo,
conjunto de pesquisas acadêmicas na área de In- o elemento central da concepção da plataforma
teração Humano Computador (IHC) e Tecnolo- é a experiência que podemos gerar no mesmo.
gia Educacional (TE). Entendemos, anos após o Ela deve ser oferecida de forma integrada e con-
início do projeto, que nossa contribuição para a sistente. A interação dos usuários entre si e com
Sociedade poderia ser mais ampla que apenas os conteúdos que é proporcionada pelo sistema
a formação de recursos humanos e a publica- permite a execução de novas estratégias de en-
ção de nossos resultados em forma de artigos ci- sino e de aprendizagem orientadas por teorias
entíficos, e decidimos então, distribuir o construtivistas ou sócio-interacionista do desen-
Amadeus. Vários anos foram necessários até volvimento humano. Assim, estas são as princi-
que tivéssemos transformado um protótipo em pais características do Amadeus:
produto em versão beta. Ele é hoje distribuído
sob uma licença de Software Livre e desde mar-
ço de 2009, passou a integrar o PSPB – Portal - Interface simplificada e intuitiva, concebida
do Software Público Brasileiro, tornando-se as- com usabilidade e desenvolvida com tecnologi-
sim, um bem nacional. as da Web 2.0 e AJAX;
- Uso de uma ampla gama de mídias, desde os
tradicionais chats até a discussão simultânea en-
Amadeus: Uma plataforma ubíqua tre vários usuários que estão assistindo ao mes-
A plataforma foi concebida ao longo de vári- mo vídeo, por exemplo;
os anos de pesquisa sobre as interações huma- - Compartilhamento de vídeos em situações de
nas em plataformas da mesma categoria e colaboração síncrona;
análises de seu uso no contexto de ensino a dis- - Servidor de jogos multiusuários promovendo
tância. Além das funções básicas que permitem formas alternativas de interação com mídias de
ao professor disseminar seu conteúdo e ao alu- jogos;
no construir esse conhecimento, a plataforma ain- - Sistema de controle de experimentos e medida
da oferece ferramentas para facilitar suas em tempo real pela internet;
práticas, tornando mais rico esse processo, esti- - Percepção da atividade social na interface web
mulando a interação e o aprendizado pela ação. e nos diversos ambientes interligados;
O Amadeus amplia o conjunto de experiências - Mobile learning: estilos de interação por meio
que os usuários encontram em diversas platafor- de dispositivos móveis, tais como celulares e
mas assemelhadas. PDAs;
Nessa tentativa de ampliar, tentamos reti- - Integração com o Sistema Brasileiro de TV Di-
rar a plataforma do centro do processo de forma- gital;

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SOFTWARE PÚBLICO · AMADEUS

A seguir descreveremos os módulos que já


conseguimos construir. Que estes sejam um con-
vite convincente para trazer você leitor para a
nossa comunidade!

Amadeus: Por seus módulos


Como não poderia deixar de ser, o Ama-
deus tem uma interface web. O talento principal
dessa interface é a de servir de meio às ativida-
des de planejamento e de mediação dos profissi-
onais de educação. Parte da experiência dos
alunos acontece nessa plataforma. A interface
web pode ser descrita em três módulos, a sa-
ber: cadastros, gestão de conteúdo e avaliação.
A seguir descrevemos cada um deles.
Cadastro – este módulo coordena os servi- Figura 1: Módulos de conteúdo do Amadeus
ços de cadastro de usuários (novo usuário, atuali-
zação de dados, mudança de senha, solicitação
sível de informações sobre o comportamento e
de docência, currículo, lista de usuários, visuali-
a participação dos usuários em formações se-
zação de perfil, entre outros), e também os servi-
jam monitoradas e apresentadas de forma sim-
ços de cadastro de cursos (novo curso, buscar
plificada. Este módulo permite os professores
curso, validação de curso, visualizar perfil do cur-
avaliarem os alunos com base nas atividades re-
so, entre outros). Permite ainda parcelas de ges-
alizadas e na interação com o ambiente. Tam-
tão acadêmica e tarefas administrativas.
bém, está relacionado ao módulo de gestão de
conteúdo, o que permite capturar informações
Gestão de Conteúdo – este módulo é res- sobre a participação dos alunos nas atividades
ponsável por manter os materiais que serão as- disponibilizadas.
sociados aos módulos dos cursos (Figura 1). Na concepção das interfaces web do Ama-
Assim, visa permitir a gestão de conteúdos e áre- deus, nossas preocupações principais foram as
as de interação em diversos formatos e compo- de simplificar tarefas de gestão e de interação.
nentes de aprendizagem, tais como: vídeos, Elementos construtivos da Web 2.0 foram utiliza-
jogos, fóruns, questionários, além da tradicional dos para tornar mais simples a compreensão
funcionalidade de anexar arquivos. Este módulo dos fenômenos de interação que são comunica-
também está integrado com as funcionalidades dos por meio da interface. Trabalhamos ainda
de avaliação, o que permite o acompanhamento em três aspectos relacionados a interface web.
dos alunos, dentro de uma perspectiva formati- A primeira é a geração de informações sobre ati-
va e construtivista. vidades sociais que acontecem pela interface, o
que chamamos de percepção social. A segunda
é a integração de formas de visualização de da-
Avaliação – um dos maiores desafios do dos relativos a interação passada e presente. E
ensino a distância concentra-se na avaliação a terceira é a integração de ferramentas de co-
dos alunos. Nossa proposta de avaliação no municação síncronas com a interface web. Os
Amadeus é permitir que a maior quantidade pos- dois primeiros estão sendo pensados em nosso

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |75


SOFTWARE PÚBLICO · AMADEUS

grupo, e a terceira já está sendo desenvolvida pe- sos nos quais estão inscritos. A comunidade,
la comunidade. colegas no Pará, desenvolve um módulo J2ME
A seguir apresentamos os componentes que permite obter da plataforma web os objeti-
inovadores de aprendizagem que introduzem ex- vos a serem atingidos por um usuário e ajudá-lo
tensões da experiência dos usuários. Estas ex- a gerir em modo offline o seu aprendizado.
tensões são projetadas para atingir o ideal de
ampliar ao máximo as formas de acesso (incluin- Jogos Multiusuários - Com a finalidade
do pessoas com características distintas de habi- de aumentar o grau de motivação dos alunos e
lidades) e corrigindo sempre a consistência do explorar as possibilidades cognitivas associadas
conjunto de interfaces que constituem a experiên- às técnicas não tradicionais de ensino, conce-
cia do usuário. beu-se o servidor de jogos multiusuário do Ama-
deus, observe a Figura 3 que apresenta um
Amadeus Mobile - Uma adaptação do sis- exemplo de sala de jogos.
tema Web para dispositivos móveis, concebida Esta interação ocorre de forma síncrona,
para lidar com três fenômenos específicos: per- mediada por interfaces de jogos e comunicação
cepção, consciência social e aprendizagem auto- textual, o que possibilita perceber a presença e
dirigida. Através do navegador Web do celular, ações dos participantes.
que está presente na maioria dos modelos atu-
ais, mesmo os de menor valor comercial, é possí-
vel obter informações sobre cursos e artefatos
disponíveis. Para facilitar a visualização, a interfa-
ce exibe em cores diferentes as informações for-
necidas ao usuário, vide Figura 2.
A consciência do aluno, acerca das ativida-
des realizadas pelo grupo no ambiente, também
é proporcionada pela distribuição de mensagens
SMS (Short Message Service) contendo informa-
ções sobre as modificações ocorridas nos cur-

Figura 3: Micromundo de jogos

Amadeus TV Digital - Este módulo permi-


te que informações adicionais ao conteúdo tele-
visivo sejam disponibilizadas ao telespectador,
inclusive com dados provenientes da Plataforma
Amadeus. Ele também permite que o usuário in-
teraja com o conteúdo através de simulações, jo-
gos e aplicações interativas de forma geral;
Figura 2: Amadeus Mobile, exemplo de notícias de cursos sempre contextualizadas com a programação te-

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |76


SOFTWARE PÚBLICO · AMADEUS

levisiva principal. Seu objetivo é tornar acessí- ra 5. O módulo foi concebido com a participação
veis os conteúdos e vivências do Amadeus atra- de policiais militares que foram voluntários para
vés do meio de comunicação mais difundido no avaliar as várias versões da interface. Foram
território nacional, a TV. Até o momento, foram testados diversos modelos, e a versão final per-
concebidas soluções técnicas e conceituais que mite que uma seção síncrona de apresentação
exploram da melhor forma os potenciais da inte- de vídeo ocorra com debate em tempo real sem
ração local da TVD no contexto educacional, ba- necessidade de stream de vídeo pela internet.
seada nos padrões do Sistema Brasileiro de TV Os vídeos em vários formatos são baixa-
Digital, vide Figura 4. dos a partir de um link, armazenado no sistema
Como resultado final, busca-se o desenvol- ou diretamente no Youtube, informado pelo pro-
vimento de um sistema que integre a emissora te- fessor. Cada usuário carrega o fluxo de vídeo a
levisiva a um Sistema de Gestão de seu tempo, devido à heterogeneidade dos mei-
Aprendizagem, o Amadeus LMS, além de dispo- os de acesso à Internet. Um usuário pode convi-
nibilizar uma extensão deste LMS, na forma de dar os demais para “irem” a uma determinada
um portal interativo executado sobre o Middlewa- cena (posição) do vídeo, desta forma todos
re Ginga. Interagimos com a comunidade, em vêem a mesma cena.
particular com colegas do Instituto de Computa-
ção da UFRGS, grupo do colega Valter Roesler,
para construir soluções de interoperabilidade de
conteúdo.

Figura 5: Player de Vídeo Colaborativo

Amadeus: Quem já usa


Figura 4: Tela inicial do Amadeus TV
O SENAI do Rio Grande do Norte foi a pri-
meira instituição nacional a usar oficialmente o
Vídeo Colaborativo – A construção desse Amadeus. Lá, ele é usado em um projeto de for-
módulo foi motivada pela constatação dos impac- mação de técnicos. Diversas universidade e fa-
tos positivos do uso de vídeos na formação de culdades já usam o mesmo para ensino ou
adultos. Esta ferramenta permite ao professor projetos de extensão, dentre outras podemos ci-
compartilhar vídeos de forma intuitiva e acompa- tar: UFPE (especialização a distância), FACAPE
nhar as ações e discussões dos alunos, como (Petrolina), Univasf, FIR. Colégios públicos no
por exemplo, o modo como os aprendizes organi- Brasil e no exterior usam o Amadeus para orga-
zam suas ações e como ocorre o processo de nizar materiais de aula de matérias específicas.
aprendizagem por colaboração, conforme Figu- Grupos que lidam com saúde pública como o

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SOFTWARE PÚBLICO · AMADEUS

Núcleo de Telemedicina (NUTES) estuda usar o Maiores informações:


Amadeus na formação de profissionais de saú- Software Público
de. Empresas de consultoria como a VH Consul- http://www.softwarepublico.gov.br
tores usam o Amadeus na formação de
empreendedores.
Alex Sandro Gomes, Ph.D. – Coordenador da Comunidade
AMADEUS.
Amadeus: do público adveio, ao Email: asg@cin.ufpe.br
público retorna
Gostaríamos de concluir refletindo sobre a Bruno de Sousa Monteiro, Ms.C. - Mestre em Ciência da Com-
putação pela Universidade Federal de Pernambuco.
origem do projeto e seu futuro. Ele foi concebido E-mail: bruno84@gmail.com
com recursos públicos dentro de um centro de
pesquisa em uma universidade pública. Apesar Rosângela Saraiva Carvalho - Mestranda em Ciência da Com-
do esforço para a distribuição do Amadeus sob li- putação do Centro de Informática da UFPE.
cença livre e as atividades de coordenação da Email: rsc@ufpe.br
comunidade não contarem para a construção de
pesquisadores de carreira, nos sentimos honra- Ivanildo José de Melo Filho - Mestrando em Ciência da Com-
putação do Centro de Informática da UFPE.
dos em podermos ter transformado o esforço de Email: ivanildo.melo@belojardim.ifpe.edu.br
mais de cinquenta colegas em um produto que
pode transformar a forma como fazemos educa- Ana Luiza de Souza Rolim, Ms.C. - Mestre em Física pela UF-
ção a distância em nosso país. Dessa forma, de- PE.
sejamos demonstrar que pesquisa aplicada e Email: analuiza.rolim@belojardim.ifpe.edu.br

intervenção social, ou mesmo protagonismo soci-


al devem ser fortalecidos e incentivados no con- Gleibson Rodrigo Silva de Oliveira – Bacharel em Ciência da
Computação pela UFPE.
texto das instituições públicas de ensino e E-mail: grso@cin.ufpe.br
pesquisa.

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EDUCAÇÃO · SOFTWARE LIVRE E CIÊNCIAS: A QUÍMICA PERFEITA

Software livre e ciências:


a química perfeita!
Por Sinara Duarte

Estudar ciências naturais é fundamental pa-


ra compreender os fenômenos naturais, bem co-
mo desenvolver uma consciência reflexiva sobre
a vida. As crianças pensam sobre os fatos da na-
tureza que observam, formulando hipóteses so-
bre seus fenômenos criando teorias explicativas
para o seu funcionamento.
O certo é que, todo ser humano é ávido pe-
lo desconhecido. Alias, já nascemos cientistas.
Tudo queremos saber, ver, tocar, sentir, saber
que gosto tem. E como somos curiosos aos qua-
tro anos! Nossa vontade aprender chega a ser
um dilema “socrático”. Como uma ladainha, os
pais ouvem diariamente: Por que temos fome?
De que é feito a nuvem? Como agem os remédi-
os? Para onde vai o Sol? Por que o fogo quei-
ma? Por que? Por que... Nada passa incólume à
curiosidade infantil. Enfim, esse dilúvio de
porquês exemplifica bem o verdadeiro prazer
que é o ato de aprender. As crianças rapidamen-
te, percebem que a ciência está no nosso dia-a-
dia e que ela é chave de todos os mistérios da
vida.

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EDUCAÇÃO · SOFTWARE LIVRE E CIÊNCIAS: A QUÍMICA PERFEITA

Como verdadeiros Sherlock Holmes, vão tia alguma! Mas cuidado! A maioria dos
garimpando pistas na tentativa de compreender softwares de ciência apresentam a lógica capita-
o mundo a sua volta. Assim, as crianças da mes- lista, no qual o professor pouco participa da ela-
ma forma que os cientistas, procuram explica- boração do software, trazendo modelos já
ções para fatos e fenômenos que observam, prontos, e que na maioria das vezes, não aten-
constróem suas hipóteses baseadas em situa- de as reais necessidades do educador, fazendo-
ções não diretamente visíveis, dão nomes àqui- o perder tempo e investimento. Ao aluno interes-
lo que vêem e buscam explicar aquilo que não sa muito mais o aprendizado por descoberta, do
vêem e buscam explicar aquilo que não vêem e que por instrução.
que procuram entender. Já a opção pelo software livre na educa-
Esse é um momento privilegiado para nós ção apresenta além de uma dimensão libertá-
professores. Cabe aos nós, educadores criar con- ria, visto que pode ser criado, copiado, alterado,
dições para que os conhecimentos que a crian- replicado, sem segredos e amarras a possibilida-
ça já possui antes de chegar à escola, aqueles de de autonomia e valorização docente. Como
que trazem de suas vivências extra-escolares, assim? Sem a lógica proprietária de acumula-
transformem-se em objetos de conhecimento a ção, o docente deixa de ser um mero consumi-
possam investigados e desenvolvidos dentro da dor e torna-se um co-autor, visto que participa
sala de aula. de uma rede colaborativa, podendo apropriar-se
É importante que o professor valorize a curi- do processo criativo, sugerir alterações, e em al-
osidade e a capacidade de investigação infantil guns casos até mesmo contribuir na documenta-
propondo e organizando atividades de observa- ção (construindo planos de aula, manuais etc) e
ção, considerando as hipóteses infantis e as teo- com algum esforço, também na manutenção do
rias espontâneas que as crianças formulam software.
para explicar o mundo ao seu redor. Numa perspectiva dialética, professor e de-
A escola é o local de excelência de novas senvolvedor estão em posição de igualdade, am-
aprendizagens. A informática educativa, pode bos possuem conhecimentos específicos,
contribuir para o ensino de ciências. Um vídeo relevantes e diferenciados, e que em igual medi-
por exemplo, pode em questão de segundos da, têm acesso a novas e heterogêneas informa-
apresentar, mesmo que de forma acelerada, o ci- ções.
clo de crescimento de uma planta que levaria
meses ou anos, do modo convencional. Da mes-
ma forma, um software de simulação, pode-se
testar misturas químicas, sem nenhum risco a
saúde ou mesmo apresentar reações químicas
que só poderiam ser vistas em microscópios ele-
trônicos.
A Química não é uma disciplina complica-
da, que necessite de laboratórios caros e sofisti-
cados. Pelo contrário, é possível ensinar
química, utilizando pequenos experimentos em
sala de aula, ou mesmos softwares específicos.
Não tem desculpa, não! Um computador
desligado em sala de aula é o mesmo que um li-
vro numa prateleira empoeirada. Não tem serven- Figura 1: Tela do Kauzium

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EDUCAÇÃO · SOFTWARE LIVRE E CIÊNCIAS: A QUÍMICA PERFEITA

Desta forma, neste artigo apresentarei al- traduzido ainda para português (BR), todavia
guns destes softwares livres que podem ser utili- sua interface simples não impede sua utilização.
zados no ensino de química. Apresenta apenas versão para Linux, sendo que
O primeiro deles, é o Kalsium, um software a ultima (1.6.12), foi disponibilizado em junho de
livre que faz parte do pacote KDE-EDU e se pro- 2009. O download pode ser feito diretamente na
põe a ser uma tabela periódica completa. Funcio- pagina oficial: http://ruby.chemie.uni-frei-
na como um banco de dados. Neste software é burg.de/~martin/chemtool/, no formato tar.gz e
possível consultar a estrutura atômica, proprieda- RPM.
des, modelo atômico, características, história, cal- Outro software livre, na mesma linha de ra-
cular a massa molecular, e em alguns casos até ciocínio é Bkchem (versão 0.12.6), ideal para
visualizar o elemento. Na opção linha do tempo, construir fórmulas químicas no computador. Es-
é possível descobrir quando este um determina- crito em Python, sua licença é GPL, possuindo
do elemento foi descoberto, o estado físico da versão para Linux, Mac e Windows. Apesar de
matéria, ou seja, é possível conhecer se determi- não estar traduzido para o português (BR), ape-
nados elementos, em seu formato natural, são nas em inglês, sua interface simples não é limi-
gasosos, líquidos ou sólidos. Ainda é possível cri- tante. Um de seus atrativos é a possibilidade de
ar gráficos que indicam diversas propriedades exportação no formato PDF. Na página oficial
dos elementos, realizando a comparação entre do software é possível fazer o download:
eles. Muito interessante! http://bkchem.zirael.org/download_en.html.
Outro programa bastante útil é o Chemto-
ol, um software livre de desenho de estruturas
químicas, desenvolvida em linguagem C, usan-
do a biblioteca GTX para Unix. Assim fica bem
mais fácil e prático desenhar aquelas fórmulas
químicas, tão necessárias para apostilas, TDs,
aulas, slides, dentre outras aplicações didáticas.
Eu particularmente, sempre gostei de criar meu
próprio material didático sendo que o livro didáti-
co, deve ser apenas mais um suporte ao profes-
sor, não o único. Este software não foi

Figura 3: Tela do Bkchem

Um software bastante interessante que


também trabalha o lúdico permitindo que o alu-
no teste seus conhecimentos em Química, funci-
onando como jogo educacional é o Katomic.
Este software livre, pode ser baixado facilmente
via apt-get ou synaptic. Outra vantagem é que já
Figura 2: Tela do Cheemtool foi traduzido para português “brasileiro”. É uma

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EDUCAÇÃO · SOFTWARE LIVRE E CIÊNCIAS: A QUÍMICA PERFEITA

pondendo os questionamentos e avançando ou


retrocendo no tabuleiro. Meus conhecimentos
na área de química, se limitam ao 9º ano (anti-
ga 8ª série), por isso não pude sair da tela 1.
Agora, o mais legal de tudo isso que é software
livre, ou seja, a licença é GPL . Tem versão pa-
ra linux (em deb) e para Windows (exe), que po-
de ser baixado no site oficial:
http://www.ludoquimico.com.br/index.html.
O autor está aberto a críticas e sugestões
a melhoria do projeto.
Temos ainda o Ghemical, é um software
livre desenvolvido em linguagem C++, com
Figura 4: Tela do Katomic licença GPL, no qual é possível, construir
moléculas em 3D. Na pagina oficial
espécie de labirinto, no qual o educando vai for- http://www.uku.fi/~thassine/projects/download é
mando a molécula no menor número possível possivel fazer o download. Os softwares de
de movimentos. Possui 82 níveis. Quem conse- simulação tem surgido como opção, visando
guir chegar até o final? Um manual em portu- substituir as representações pictográficas e os
guês é encontrado em modelos estáticos de ensino.
http://docs.kde.org/stable/pt/kdegames/katomic/
index.html.
Uma de minhas recentes descobertas foi o
ludo químico, um software livre criado por um jo-
vem pesquisador brasileiro, o prof. Manoel Guer-
reiro, que se propõe a contribuir com o ensino
de química inorgânica. O game, ou melhor o
software educativo, se baseia em um jogo india-
no milenar de tabuleiro, no qual o aluno vai res-

Figura 6: Tela do Ghemical

Por fim, gostaria de comentar sobre o


Genchemlab, um software livre baseado em
open GL, que simula alguns exercícios em
química, como calorimetria, ponto de
congelamento, dentre outros e que está parado
desde 2004. (http://genchemlab.sourceforge.
net/.) É uma pena, pois a motivação do
desenvolvedor é a certeza de que seu trabalho
Figura 5: Tela do Ludo Químico
não é em vão, que poderá contribuir para

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EDUCAÇÃO · SOFTWARE LIVRE E CIÊNCIAS: A QUÍMICA PERFEITA

Maiores informações:
Site Kalzium
http://edu.kde.org/kalzium/

Site Chemtool
http://ruby.chemie.uni-freiburg.de/~martin/chemtool/

Site Bkchem
http://bkchem.zirael.org/download_en.html

Figura 7: Tela do Genchemlab Site Katomic


melhorar os já sofríveis índices de inclusão http://docs.kde.org/stable/pt/kdegames/katomic
sócio-digital, mais principalmente melhorar a
qualidade da educação brasileira. Alguém se Site Ludo Químico
habilita a dar continuidade? http://www.ludoquimico.com.br

Enfim, existem muitos outros softwares


Site Ghemical
“órfãos”, necessitando de desenvolvedores para
http://www.uku.fi/~thassine/projects/download
melhorá-los, de tradutores para populariza-los,
de professores para aplicá-los em sala de aula e
Site Genchemlab
revolucionar a educação, de pessoas como
http://genchemlab.sourceforge.net/
você, caro leitor da Espírito Livre, que acreditam
que podem melhorar o mundo fazendo a sua
Site Oficial Software Livre Educacional:
parte!
http://sleducacional.org
Finalizo, defendendo que a opção pelo
software livre é muito mais do que uma escolha
técnica, mas sobretudo uma forma de incentivar
a solidariedade, a cooperação e principalmente SINARA DUARTE é professora da rede
a inteligência coletiva. municipal de Fortaleza, pedagoga,
especialista em Informática Educativa e
Mídias em Educação, com ênfase no
Software livre. Colaboradora do Projeto
Software Livre Educacional e
mantenedora do Blog Software Livre na
Educação.

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EVENTO · 8ª OFICINA PARA INCLUSÃO DIGITAL

Por Wanny Figueiredo, Thiego Carlos e Ana Carina G. de Andrade

Desde 2003, o Comitê Técnico de Inclu- ção do Ministério do Planejamento, Orçamento


são Digital do Governo Federal, como parte de e Gestão - SLTI/MP em conjunto com o Comitê
suas ações de coordenação e fomento às ativida- Técnico de Inclusão Digital do Governo Federal,
des nesta temática, promove a Oficina para Inclu- atualmente coordenado pela Empresa de Tecno-
são Digital. O evento é gratuito e privilegia a logia e Informações da Previdência Social - Da-
participação, em seus debates e atividades, de taprev, e as instituições Sampa.org, Rede de
agentes locais de inclusão digital, como monito- Informações para o Terceiro Setor - RITS, Cida-
ras e monitores de telecentros, e também de pes- dania Digital, Coletivo Digital, Projeto Saúde &
soas que atuam na coordenação de iniciativas, Alegria e Instituto de Pesquisas e Projetos Soci-
na gestão de programas públicos, em proces- ais e Tecnológicos - IPSO. Nesta edição, tam-
sos de formação de agentes, em estudos sobre bém fazem parte da organização o governo
o tema e em conselhos gestores. municipal, por meio da Empresa de Informática
Após contemplar todas as regiões do país, e Informação do Município de Belo Horizonte -
a Oficina retorna ao Sudeste e realiza-se pela pri- Prodabel, o governo estadual, por meio da Se-
meira vez em Belo Horizonte. As edições anterio- cretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e En-
res passaram por Brasília, Porto Alegre, São sino Superior - Sectes e um conjunto de
Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belém. parceiros de atuação regional, que constituem o
comitê organizador local do evento.
A 8ª Oficina para Inclusão Digital acontece-
rá entre os dias 24 e 27 de novembro de 2009, A 8ª Oficina é um espaço de discussão e
na capital mineira. O local será o SESC Venda proposição de estratégias, políticas públicas e
Nova, situado na Rua Maria Borboleta, s/nº, Bair- diretrizes de acesso e uso das tecnologias da in-
ro Letícia. formação e comunicação (TICs). Tem como ei-
xo fundamental a promoção de ações concretas
O evento é organizado anualmente pela Se- para a inclusão digital, com o objetivo de avaliar
cretaria de Logística e Tecnologia da Informa- e mapear mecanismos voltados ao desenvolvi-

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EVENTO · 8ª OFICINA PARA INCLUSÃO DIGITAL

mento do país. Visa aproximar pessoas que tra- - Políticas Públicas de Inclusão Digital.
balham diretamente na implementação, em ativi-
dades de formação e nas áreas técnicas dos Será selecionado um caso de sucesso por
grandes temas da atualidade em torno da inclu- categoria, que terá, cada um, 15 minutos para
são digital. exibição antes das plenárias que ocuparão as
Para tanto, o evento contará com plenári- manhãs da Oficina. Os representantes das inici-
as, apresentação de casos de sucesso, oficinas ativas para inclusão digital selecionadas terão a
práticas, laboratórios, debates e, ainda, consoli- viagem com transporte, hospedagem e alimenta-
dará um documento produzido pela sociedade ci- ção custeados pelo evento. O resultado será di-
vil com propostas para a política pública de vulgado no dia 13/11.
inclusão digital. Também serão realizados encon- Este ano informações sobre os preparati-
tros paralelos, entre equipes dos programas e vos da Oficina e últimas notícias sobre o evento
projetos de inclusão digital presentes. Pautará, podem ser obtidas no Twitter seguindo o perfil
entre outros temas, conexão banda larga pela re- http://twitter.com/OficinaID.
de elétrica, o papel das lanhouses e dos telecen-
tros e o uso das TICs no ensino formal. O
destaque será o Programa Nacional de Apoio à
Inclusão Digital nas Comunidades – Telecen-
tros.BR instituído pelo decreto N° 6.991, de 27 Para mais informações:
de outubro de 2009.
Site oficial da Oficina
A programação completa pode ser consulta-
http://oficina.inclusaodigital.gov.br/
da no site oficial da Oficina - http://oficina.inclu-
saodigital.gov.br/ - assim como informações
Perfil do evento no Twitter
sobre o evento, tais como o histórico das edi-
http://twitter.com/OficinaID
ções anteriores, localização e dicas importantes
no que diz respeito à hospedagem, alimentação,
transporte, turismo e saúde na cidade de Belo
Horizonte (MG). No site também estão disponí-
veis as inscrições dos participantes, casos de su-
cesso e imprensa, por meio do menu
Inscreva-se no evento. O comprovante da inscri-
ção dará acesso ao material do evento no local -
o SESC Venda Nova - e facilitará o registro dos
participantes para entrega dos certificados.
Os casos de sucesso de iniciativas para in-
clusão digital podem ser inscritos em uma das
seis categorias:
- Conectividade.
- Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades.
THIEGO CARLOS é graduando em Pedagogia pela
- Lanhouses e Telecentros: Concorrentes ou Alia- Universidade de Brasília e assistente de inclusão digital.
dos? WANNY FIGUEIREDO é Antropóloga e Editora Web.
ANA CARINA GOMES DE ANDRADE é analista de sistemas e
- E-Lixo / Recondicionamento de Computadores. assessora de inclusão digital.
- O Uso das Tecnologias da Informação e Comu- Todos atuam na Assessoria de Inclusão Digital da Secretaria
nicação no Ensino Formal. de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e são usuários Linux.

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EVENTO · RELATO: EKAATY NA FEIRA DOS FORMANDOS 2009

Ekaaty na
Feira dos
Formandos 2009
Por Wanny Figueiredo

A Feira de Formandos é um evento inova-


dor que reúne, em um só local, tudo que um es-
tudante precisa para celebrar sua formatura,
aperfeiçoar-se profissionalmente ou começar
com o pé direito a sua carreira. No evento deste
ano, que aconteceu nos dias 2, 3 e 4 de outubro
no Centro de Convenções da Bahia (Salvador -
Bahia), foram registrados cerca de 7000 alunos
que compareceram ao Centro para prestigiar e
aproveitar tudo o que o evento poderia oferecer.
Lá estiveram reunidas empresas de organiza-
ção de formatura, prestadores de serviços no
segmento de eventos, empresas de recursos hu-
manos e colocação profissional, cursos de pós-
graduação, cursos de idiomas, dentre outras.
Dentre os stands de apresentação mais vi-
sitados na Feira, podemos destacar a equipe do
projeto Ekaaty que desenvolve e mantém a dis-
tribuição "Ekaaty Linux" - um sistema operacio-
nal livre, robusto, seguro e amigável, baseado
no GNU/Linux. Desenvolvida por membros es-
palhados por todo Brasil, inclusive na célula de
Software Livre da Faculdade ÁREA1 (Salvador -
Bahia), a distribuição marcou presença e fez bo-
nito na edição 2009 como base tecnológica do
evento, o que significa que todos os computado-
res utilizados para auxiliar na feira funcionaram
com a distro Ekaaty Linux.

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EVENTO · RELATO: EKAATY NA FEIRA DOS FORMANDOS 2009

as: dentre os novos acordos firmados podemos


citar o estabelecido com a Sivoplê - Assessoria
de eventos, que agora apoia o Ekaaty na sua
empresa, e outro com a Revista do Universitá-
rio. Além destes, a rede Educa se mostrou mui-
to interessada no projeto com a proposta de um
programa aberto para toda a rede nacional .
"Provavelmente estaremos lá para realizar um
programa sobre “ferramentas de educação livre
com o Ekaaty Linux”, confirmou um dos mem-
bros da equipe do Ekaaty presentes na Feira.
Mas os interessados não pararam por aí, o que
Figura 1: Cristiano Furtado em palestra durante o evento
comprova ainda mais a potencialidade e a com-
petência da distribuição: a Lego Produções tam-
bém manifestou desejo de começar a utilizar
A Feira de Formandos deste ano trouxe co-
soluções open source na sua empresa para ativi-
mo novidade premiação aos participantes que
dades de edição de vídeos. Certamente o Eka-
mais indicaram o evento a amigos. O primeiro co-
aty Linux tem programas para suprir as
locado ganhou um notebook funcionando com a
demandas da empresa, além de suporte e o de-
distribuição Ekaaty Linux. O segundo e terceiro
senvolvimento do seu site.
colocados receberam, respectivamente, uma bol-
sa de estudos para concursos públicos e uma
bolsa de estudo da língua inglesa. Na mídia
Para o próximo ano, já ficou acordada a par- Não foram somente os grupos empresari-
ceira entre o evento e o projeto Ekaaty. ais e educacionais que voltaram sua atenção pa-
ra o projeto Ekaaty. Durante o evento, os
membros do projeto deram várias entrevistas ,
Novas parcerias uma delas para um veículo impresso e outra pa-
A Feira dos Formandos deste ano culmi- ra o site plugados.com. Fiquem ligados.
nou também como uma grande oportunidade pa-
ra divulgação do projeto Ekaaty Linux e para o
estabelecimento de novas e importantes parceri-

Para mais informações:


Site oficial do Ekaaty
http://www.ekaaty.org

OTÁVIO GONÇALVES DE SANTANA é


Graduando em Engenharia de Computação
e Líder da célula de Desenvolvimento da
Faculdade Area1, Desenvolvedor em
solução Open Source, membro da equipe
Ekaaty Linux.

Figura 2: Cerca de 7000 alunos passaram pela Feira de Formandos 2009

Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |87


EVENTO: EVENTOS SOBRE SOFTWARE PÚBLICO - BRASÍLIA/DF

Eventos sobre
Software Público
em Brasília
Por Tatiana Al-Chueyr

No final de outubro, Brasília hospedou o no estado do Rio Grande do Sul. "Atualmente


maior evento de tecnologia da informação já reali- aproximadamente 73% dos 5.400 municípios do
zado para os municípios brasileiros, tendo como país tem estrutura de TI precária." descreveu
base software livre. O Encontro de Tecnologia Sérgio Rosa, Diretor da Cobra Tecnologia, du-
da Informação para os Municípios Brasilei- rante a abertura do evento. "Hoje é um marco: o
ros foi realizado de forma conjunta e complemen- e-Cidade proporciona liberdade aos municípios
tar ao Encontro Nacional do Software brasileiros. A gestão pública de municípios se
Público, no Centro de Convenções Brasil 21. Fo- lembrará deste dia".
ram cerca de 100 atividades distribuídas em qua- Na abertura também foram lançados os
tro dias, incluindo palestras, oficinas práticas e softwares: PW3270, pelo Banco do Brasil, e o
encontros de comunidade. MDArte, pela Marinha. Na mesa de abertura foi
anunciado o lançamento de outras soluções, co-
Encontro de Tecnologia da mo o caso do sistema João-de-Barro, que será
Informação para os Municípios
Brasileiros
O encontro dedicado a gestão de prefeitu-
ras ocorreu nos dias 27 e 28 de outubro e teve
como destaque o lançamento do software públi-
co de gestão municipal e-Cidade. Para Rogério
Santanna, Secretário de Logística a Tecnologia
da Informação, do Ministério do Planejamento,
"a solução de gestão municipal disponibilizada
para as prefeituras vai gerar um conjunto de
oportunidades para o mercado de tecnologia da
informação no país".
O e-Cidade já é utilizado na cidade de Ara-
piraca, em Alagoas, e em mais de 10 cidades
Figura 1: Parte da Mesa de Abertura dos Eventos

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EVENTO: EVENTOS SOBRE SOFTWARE PÚBLICO - BRASÍLIA/DF

disponibilizado em breve pelo ITI. "Não vai ser prestados pelo mercado privado.
nenhum cacique, pajé... Mas quem sabe um indi- Na área de saúde, foi apresentada a solu-
ozinho", descreveu Renato Martini, diretor do Ins- ção InVesalius [2] que está sendo extendida pa-
tituto Nacional de Tecnologia da Informação ra atender de melhor forma hospitais públicos.
Renato Martins (ITI), comparando o lançamento Dentre as discussões sobre o tema de software
do João-de-Barro ao sucesso do sistema de in- livre para saúde também foram mencionadas as
ventário CACIC, primeiro software público brasi- soluções Hospub e HospLivre.
leiro.
Durante o encontro dos municípios tam-
Já para Olavo Noleto, da Presidência da bém foram apresentados temas como financia-
República, o evento para municípios foi históri- mento público para iniciativas de tecnologia da
co. "Temos uma agenda positiva aqui neste en- informação pelo BNDES, FINEP e PNAFM, e
contro. Estamos trazendo os municípios para também os casos de sucesso de cidades de
Brasília na intenção de apresentar um conjunto Dourados, Arapiraca, São Gonçalo e Piraí.
de soluções livres que poderão ser utilizadas de
imediato pelas prefeituras brasileiras”, reforçou O site 4CMBr [3] permitiu avaliar a deman-
Olavo. da de prefeituras em TI e estimulou a organiza-
ção do evento. Segundo Paulo Coelho,
Em debate sobre o e-Cidade estavam pre- presidente da PRODERJ e Conselheiro da
sentes mais de 500 pessoas, que discutiram ABEP, este portal pioneiro "permite acesso às ci-
não apenas sobre a solução, mas também so- dades mais distantes, sendo uma forma eficaz
bre a política de implantação do sistema em pre- de comunicação em rede para o setor público".
feituras municipais. Alguns representantes de Mais informações sobre as iniciativas de softwa-
prefeituras defenderam a necessidade do gover- re livre voltadas a municípios podem ser lidas e
no federal implantar e dar suporte, enquanto ou- discutidas pelo site.
tros consideraram que o mercado privado
deveria prestar serviços na área. Corinto Meffe,
coordenador do Portal do Software Público [1], Encontro Nacional do Software
reforçou que a oferta do e-Cidade se configura Público
como mais uma alternativa de uso para os muni- Durante o evento geral sobre software pú-
cípios. Uma alternativa que atende tanto a lide- blico, realizado entre os dias 29 e 30 de outu-
rança do setor público como também a serviços bro, foram reconhecidos esforços de
colaboradores que se destacaram no desenvolvi-
mento dos softwares livres disponíveis no Portal
do Software Público. Adriano Vieira (CACIC),
Eriksen Costa (i-Educar), Paulo Francisco
Slomp (Pandorga), Ana Nunes (I3GEO) e Sér-
gio Graças (Linux Educacional) foram premia-
dos durante a abertura, com notebooks e
televisões LCD por meio do III Prêmio Ação Co-
letiva, organizado pela ONG ATA e patrocinado
pela Intel.
Juntamente, foram realizadas quatro confe-
rências: CACIC, KyaPanel, OpenACS e BrOffi-
ce. A conferência do OpenACS reuniu não
Figura 2: Adultos brincam com Pandorga, distribuição GNU apenas desenvolvedores brasileiros, mas tam-
Linux para educação

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EVENTO: EVENTOS SOBRE SOFTWARE PÚBLICO - BRASÍLIA/DF

cimento acumulado na academia e dos


especialistas da área estejam acessíveis a qual-
quer cidadão e organização, agregando experi-
ências práticas de metodologias já aplicadas no
desenvolvimento dos softwares disponíveis no
Portal do Software Público. “A intenção é criar
uma grande comunidade para debater o tema
de qualidade de software no Brasil”, complemen-
tou Jarbas.
O evento consolidou o segundo ano do
Portal do Software Público, que hoje reúne 34
soluções, 56.000 pessoas, mais de 30 institui-
ções parceiras e busca auxiliar na estruturação
Figura 3: Participantes da Conferência CACIC econômica, social e política do software livre no
Brasil.
bém dois convidados internacionais. Já a Confe-
rência do CACIC contou com a presença de
mais de 100 pessoas. Segundo Marcio Sena, da Para mais informações:
Dataprev, foi uma das maiores conferências já re- [1] Portal do Software Público
alizadas de um software livre nacional. http://www.softwarepublico.gov.br/

Dentre as oficinas, rodadas de compartilha- [2] Revista Espírito Livre # 03 (Junho de 2009)
mento, palestras e encontros relacionados aos http://ur1.ca/fom9
mais de 30 softwares disponíveis no Portal do
Software Público, as soluções da área educacio- [3] Portal 4CMBr
nal atraíram atenção especial do público: i-Edu- http://www.softwarepublico.gov.br/4cmbr
car [4], Pandorga [4], Amadeus (descrito nesta
edição), e-Proinfo e Linux Educacional [5]. [4] Revista Espírito Livre # 06 (Setembro de 2009)
A palestra relacionada ao Ginga [6], mid- http://ur1.ca/blwc
dleware para criação de aplicativos de TV Digi-
tal, manifestou a curiosidade entre participantes [5] Revista Espírito Livre # 05 (Agosto de 2009)
das cidades mais remotas que somente "ouvi- http://ur1.ca/fomg
ram falar" da TV Digital.
[6] Revista Espírito Livre # 04 (Julho de 2009)
Uma importante conquista durante o encon-
http://ur1.ca/fomh
tro foi o lançamento do Grupo de Interesse
5CQualiBr [7], para a discussão de metodologi-
[7] Portal 5CQualiBr
as para melhorar a qualidade não apenas dos
http://www.softwarepublico.gov.br/5cqualibr
próprios softwares públicos, mas também do pro-
cesso de desenvolvimento de software livre em
geral. O projeto foi financiado pela FINEP/MCT TATIANA AL-CHUEYR é engenheira de
computação pela UNICAMP e membro da
e é executado pelo Centro de Tecnologia da In- Associação Python Brasil. Usuária de
formação Renato Archer (CTI). software livre desde 2002, é programadora e
coordenadora da Comunidade InVesalius,
Segundo Jarbas Cardoso, coordenador do trabalhando desde 2004 no Centro de
Tecnologia da Informação Renato Archer
projeto, o lançamento do Grupo de Interesse rela- (CTI), unidade de pesquisas do Ministério da
cionado a qualidade vai possibilitar que o conhe- Ciência e Tecnologia em Campinas.

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QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Wesley Samp, Wallisson Narciso e José James Figueira Teixeira

OS LEVADOS DA BRECA

http://www.OSLEVADOSDABRECA.com

NANQUIM2

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QUADRINHOS

AGENDA LOTADA

http://josejamesteixeira.blogspot.com

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
NOVEMBRO Evento: Game Development
School 2009 DEZEMBRO
Evento: CESoL-CE Data: 20/11/2009
Data: 10 a 13/11/2009 Local: São Leopoldo/RS Evento: DISI 2009 – Dia Interna-
Local: Fortaleza/CE cional de Segurança em Infor-
Evento: JBOSS: Conceitos, De- mática
Evento: LinguÁgil – Misturando safios e Soluções Data: 02/12/2009
Linguagens e Agilidade Data: 21/11/2009 Local: Salvador/BA
Data: 12 a 14/11/2009 Local: São Paulo/SP
Local: Lauro de Freitas/BA Evento: Palestra - Atualidades
Evento: 1ª Conferência Web e tendências em estratégias
Evento: Seminário de C e C++ W3C Brasil corporativas no meio digital
para Sistemas Embarcados Data: 23 e 24/11/2009 Data: 03/12/2009
Data: 14/11/2009 Local: São Paulo/SP Local: São Paulo/SP
Local: São Paulo/SP
Evento: Palestra - Virtualização Evento: Java Enterprise Day
Evento: Javaneiros 2009 em Sistemas Computacionais Data: 05/12/2009
Data: 14/11/2009 Data: 24/11/2009 Local: Goiânia/GO
Local: Campo Grande/MS Local: Rio de Janeiro/RJ
Evento: ENESI – Encontro Naci-
Evento: GeoLivre Conference Evento: 1ª Plone Symposium onal das Empresas de Software
2009 South America e Serviços de Informática
Data: 17 a 20/11/2009 Data: 24 e 25/11/2009 Data: 08/12/2009
Local: Brasília/DF Local: São Paulo/SP Local: Brasília/DF

Evento: Show Day – Comprome- Evento: PHP Conference Brasil Evento: Sun Tech Days
timento: como lidar com mudan- Data: 26 a 29/11/2009 Data: 08 e 09/12/2009
ças e avanços em TI Local: Osasco/SP Local: São Paulo/SP
Data: 17/11/2009
Local: São Paulo/SP Evento: Dev In Sampa 2009 Evento: GOPHP Conference
Data: 28/11/2009 2009
Evento: Palestra - Rodando pro- Local: São Paulo/SP Data: 12/12/2009
gramas Windows... Sem Win- Local: Goiânia/GO
dows Evento: H2HC 6th - Hackers To
Data: 19/11/2009 Hackers Conference
Local: Rio de Janeiro/RJ Data: 28 e 29/11/2009 Divulgação de eventos:
Local: São Paulo/SP revista@espiritolivre.org

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