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O Segredo do Rio

Teatro
(adaptação do livro de Miguel Sousa Tavares)

(Cenário de Primavera)

NARRADOR –Era uma vez um rapaz que morava numa casa no campo que era branca e tinha
uma chaminé muito alta. À roda da casa havia um pomar com várias árvores de fruto. Lá ao
longe havia um ribeiro e a sua água era ótima para beber. Nas noites de Verão o rapaz deitava-se ao
lado do ribeiro e um dia…

PEIXE – Olá rapaz! Tu vives aqui?

RAPAZ- Vi-vi-vi-vo.

PEIXE – Ah! Este é um sítio muito bom. Este lago é teu?

RAPAZ – É, é m-meu. É on-onde eu tomo banho, e brin- brinco no Verão. Mas, diz- me uma coisa
peixe como é que tu falas a língua das pessoas?

PEIXE – Ah, isso é a história da minha vida. Queres ouvi-la?

RAPAZ – Quero!

PEIXE – Pois bem. Vou contar-te. Eu nasci e cresci dentro de um aquário que pertencia a um rapaz
assim da tua idade. Ele gostava muito de mim e tratava-me bem. Estava sempre a dar-me comida,
por isso cresci muito. E falava muito comigo, por isso aprendi a falar essa língua.

(Peixe vai respirar dentro de água)

RAPAZ - Que espécie de peixe és tu?

PEIXE – Sou uma carpa, um peixe de rio, as que dão os maiores saltos fora de água. Alimento-me de
lagartos do fundo do rio ou de insetos que pousam à superfície da água.

RAPAZ – Então, vamos fazer um acordo. Tu ficas a morar aqui, constróis a tua casa e fazes a tua
vida. Mas ninguém pode saber que tu falas a língua das pessoas e que conversamos os dois. Se
souberem que eu falo com um peixe, vão achar que eu sou maluco. Ouviste?

PEIXE – Fica combinado, e vamos ser amigos. Muito e muito obrigado!

NARRADOR – E, assim, durante toda aquela Primavera, o rapaz e o peixe foram ficando amigos
e aprendendo a brincar juntos.

(Rapaz e peixe jogam à bola juntos.) (Cenário de Verão)


NARRADOR – Chegou o Verão e os dias lindos continuaram, agora com mais calor. Estava sempre sol,
e noites claras de estrelas.

MÃE – Já podes voltar a tomar banho no rio, meu filho.

RAPAZ – Iupi!!! Obrigada, mãezinha!

PEIXE – Agarra-te ao meu rabo com força que vamos mergulhar lá no fundo, para eu te mostrar umas
pedras muito bonitas!

NARRADOR – Passou o Verão, veio o Outono e o sol continuava a brilhar.

(O pai do rapaz aparece a andar de um lado para o outro)

NARRADOR - O pai do rapaz andava calado, porque não chovia e as colheitas de outono estavam
ameaçadas.

(Pai e mãe a falar)

PAI – Já não há pão no celeiro, não há azeite no lagar, não há fruta nas árvores. Não temos legumes
nenhuns para vender na cidade e trocar por comida. Não sei o que vamos dar de comer aos filhos daqui
em diante. Nem sequer há caça nos campos. Não vejo um coelho, uma lebre, ou uma perdiz. Fugiu tudo.

MÃE – Também não há fruta para as compotas, nem trigo ou milho para fazer farinha. Já restam
poucas galinhas e patos. O porco não engordou o suficiente para ser abatido.

PAI – Não sei o que vamos fazer. Não sei o que vamos dar de comer aos nossos filhos.

MÃE – Ah! Agora me lembro. Vi há dias uma carpa gigante aqui no ribeiro, em frente de casa. Voltei a vê-la
dois dias depois, o que quer dizer que vive aqui. Se tu bloqueasses o rio com uma rede, ela não fugiria e
podíamos pescá-la. Digo-te…o peixe pesa aí uns 50 quilos e dá comida para uns dois meses.

PAI – Grande ideia! Amanhã mesmo, logo pela manhãzinha, vou tirar a rede da capoeira e estendê-la de um
lado ao outro o ribeiro.

NARRADOR – O rapaz ouviu aquela conversa e ficou gelado de terror. A tremer, vestiu-se e foi ter
com o peixe.

RAPAZ – Ei, peixe… peixe.

PEIXE – Mas o que queres a uma hora destas?

RAPAZ – Tens de fugir já esta noite. Quando romper o dia, o meu pai vem cercar o rio para te
prender.

NARRADOR – O peixe compreendeu e desatou a nadar rio abaixo. O rapaz ali ficou a chorar.
(Ouve-se o rapaz a chorar)

PEIXE – Não chores, talvez um dia possa vir visitar-te.


NARRADOR – Claro que no dia seguinte foi grande a deceção do pai quando percebeu que a carpa já
não vivia ali. Passaram-se dias, semanas, e tudo tinha perdido a sua beleza. O rio tinha perdido a
sua magia, o seu segredo. Até que um dia…. O rapaz apercebe-se de um remoinho debaixo de água.

RAPAZ – É ele. Ele voltou.

NARRADOR – O rapaz dirigiu-se ao rio e lá estava o peixe.

PEIXE – Olá, rapaz. Voltei. E trouxe uma surpresa que vai trazer de volta a alegria à tua aldeia.

RAPAZ – O quê? Tu vais é arranjar de ser pescado.

PEIXE - E se eu resolver o vosso problema? Se eu vos trouxer comida para dois meses?

RAPAZ – Como?

PEIXE – Ouve-me com atenção. Quando eu desci até ao rio grande fiquei a viver dentro de um navio
naufragado. Parece que encalhou numas pedras e partiu-se ao meio, no Inverno passado. Lá dentro
encontrei latas de comida. Demorou-me três dias a estender esta rede, a fazer um saco enorme e a
meter tudo lá para dentro.

RAPAZ – E como conseguiste trazê-lo até aqui?

PEIXE – Foram doze dias e doze noites de esforço. As raposas ajudaram-me. Elas puxaram este fio de
cá de cima e eu ajudava lá em baixo.

RAPAZ – E elas onde estão?

PEIXE – Elas foram-se embora. Lá para a serra, com medo de serem mortas pelos caçadores.

RAPAZ – Fantástico, fantástico! Nós estamos salvos e tu também estás salvo.Vou contar ao meu
pai. Vou-lhe dizer que és um peixe muito inteligente e muito nosso amigo e que não podemos expulsar
nem matar quem nos salvou da fome e que nos dás sorte.

NARRADOR – Foi o que o rapaz fez logo de seguida. Os pais não queriam acreditar naquela milagre.
Durante toda a manhã arrastaram a rede para fora de água, e arrumaram tudo para dentro de casa.
Havia latas de atum, de sardinhas, de carne, de tomate, de feijão, de legumes, de frutas.

PAI – Realmente, este peixe trouxe-nos sorte e mostrou ser nosso amigo. Os animais também
são nossos amigos. Um peixe não fala, mas pode ser amigo dos homens, como o cão, o gato, o
cavalo…

NARRADOR – A primeira coisa que o pai fez foi fazer uma tabuleta a dizer…
(dizem todos) - PROIBÍDO PESCAR

NARRADOR – E o rapaz também fez uma…

(dizem todos) – ESTE RIO TEM UM SEGREDO E ESTE SEGREDO É SÓ MEU.

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