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Novo livro de George Knight mostra que a proposta educacional adventista está relacionada ao cotidiano e vai
muito além da sala de aula
“É impossível chegar ao destino a menos que você saiba para onde está indo”
é uma das muitas frases instigantes do livro Educando Para a
Eternidade (CPB, 2017, 160 p.), do eloquente e provocador George Knight. A
obra do prolífico historiador e educador adventista traz à tona uma reflexão
profunda e necessária sobre o propósito da educação.
Nesse contexto, o educador adventista é peça-chave. Ele precisa agir com base em pressuposições sobrenaturais,
diferenciando sua abordagem da educação secular, que é limitada por uma visão naturalista da realidade. Por isso, não
basta mesclar propostas filosóficas; é preciso atuar a partir de uma teoria cristã de educação. E o livro de George Knight
cumpre muito bem o papel de ajudar a delinear essa teoria.
Na segunda parte da obra, o autor descreve as implicações da filosofia para a educação adventista. Para isso, retoma
conceitos de Ellen White, pioneira adventista, que também se dedicou ao tema, especialmente no livro Educação. Knight
destaca a necessidade de considerar a natureza do ser humano e o propósito de Deus ao criá-lo, a mudança ocorrida na
condição humana após a
queda moral no Éden e o plano divino de redimir Suas criaturas e o Universo.
O estado de perdição humana oferece o propósito da educação cristã. Em um sentido mais amplo, educação é
redenção, restauração e reconciliação. Restauração da imagem divina em cada estudante e a reconciliação dele com
Deus, seus semelhantes, consigo mesmo e o mundo natural.
Como parte desse processo, há na sequência o objetivo de desenvolver uma mentalidade cristã, adquirir conhecimento,
preparar-se para o mercado de trabalho e desenvolver plena saúde física e emocional. Entretanto, tudo isso perde o
sentido se não for redirecionado para o propósito máximo da educação adventista: serviço a Deus e ao próximo, agora e
na eternidade.
Esses propósitos não devem apenas ser ensinados pelo professor, mas vividos por ele, que incutirá nos alunos a
convicção de que o serviço cristão não é algo que começa após o recebimento do diploma; ao contrário, é parte da vida
do cristão desde o momento de sua conversão. É preciso fazer com que os alunos não apenas internalizem o amor, mas
o externalizem também por meio de um estilo de vida voltado para o bem-estar alheio.
Nessa dinâmica, o educador desempenha um papel pastoral com seus alunos, estabelecendo bons relacionamentos, a
exemplo do próprio Cristo, inspirando esperança e demonstrando coerência. Para isso, precisa unir dependência de
Deus e conhecimento elevado das matérias de ensino. Com integridade moral deve agregar elevadas aquisições
literárias e ser capaz de relacionar o conteúdo que ensina ao sentido máximo da existência humana.
Sobre o currículo escolar, o autor considera a máxima de que toda verdade é a verdade de Deus e por isso, em todas as
áreas, ela vem de Deus. Essa reflexão é de extrema importância, pois corre-se o risco de haver uma falsa dicotomia
entre o conhecimento secular e o religioso, mesmo não sendo essa a premissa bíblica. Assim, a Bíblia exerce um papel
estratégico na grade curricular, servindo de moldura interpretativa dentro da qual os conceitos podem ser trabalhados.
Na escolha da metodologia, os professores irão selecionar e enfatizar aquelas que os ajudem a desenvolver nos alunos
um caráter mais semelhante ao de Cristo e a alcançar as outras metas da educação adventista. Knight apresenta vários
recursos metodológicos para que o educador possa delinear os processos da verdadeira educação.
Ao tratar sobre a função social, o autor ressalta o papel conservador, mas também revolucionário da educação
adventista, posto que ela deve ser agente de mudança, proclamando reformas e conclamando seus jovens a ser
atuantes na pregação da mensagem final. Nesse sentido, a função da escola adventista é educar os jovens para o
serviço a Deus e seus semelhantes, e não simplesmente instruí-los para a sobrevivência e o sucesso profissional.
Com a máxima de Ellen White de que “é inútil a educação que não fornece conhecimento tão duradouro como a
eternidade”, George Knight fecha com maestria o livro, revisando os conceitos trabalhados ao longo dos capítulos e
instigando com perguntas de reflexão que servem a todo leitor interessado em educar e ser educado para a eternidade.
TRECHOS
“Uma escola adventista é cristã somente quando ensina todas as matérias a partir da perspectiva da Palavra de Deus.”
“A maior necessidade do aluno é de um renascimento espiritual que coloque Deus no centro da existência.”
ADRIANA TEIXEIRA é graduada em Letras, mestre em Linguística Aplicada e editora de livros didáticos na Casa
Publicadora Brasileira