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Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de
História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP,
2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)
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Doutora em Ciências Humanas: Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ
(IESP-UERJ); Mestre em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio). Bacharel e Licenciada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Professora Substituta no Departamento de História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
Agência Financiadora: CAPES
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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de
Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de
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responsáveis por manter a justiça, conservando de forma latente o poder dado por Deus.
Poderiam, portanto, tomá-lo de volta em caso de arbitrariedade do detentor da
soberania. Nos grandes movimentos de fins de século XVIII e primeira metade dó
século XIX essa idéia esteve amplamente presente, somando-se às idéias da ilustração
francesa.
No movimento de 1817 na Província de Pernambuco essa concepção apareceu
de forma evidente. A nobreza pernambucana se referia à tradicional relação entre os
povos e o monarca, recordando que “a obrigação do rei e dos seus ministros é conservar
os vassalos e suditos em paz, fazendo observar a cada um os ditames da razão e justiça”.
Porém, continuava o documento, “como a justiça divina é só reta e igualmente
distributiva, permite algumas vezes superiormente, que os mesmos que reconhecem a
obediencia castiguem as tiranias, mostrando rebeldia (...)” (Ordenações Manoelinas,
1984: 1)
Para além dessas concepções tradicionais e a-históricas sobre o povo no sistema
político, o mundo luso brasileiro viveu na segunda metade do século XVIII as
conseqüências de uma política que pretendeu “modernizar” o Império em crise através
de diversas reformas institucionais e econômicas. O despotismo ilustrado pombalino
buscou horizontalizar os povos como “súditos” do monarca, enfraquecendo a idéia de
que estes tinham privilégios específicos dentro do Estado, os quais o rei deveria
respeitar. Também combateu a penetração do ideário lustrado europeu.
Trouxe também, o que é central neste trabalho, a noção do povo como realidade
natural a ser diagnosticada e controlada pelo estado monárquico. Nesta visão, os
administradores do Estado deveriam basear sua ação política na apreciação do “estado
civilizacional” do povo, o que seria definido por uma visão do mundo sócio-político
orientada pelas ciências naturais.
Neste contexto, o conceito de “população” teve grande importância contra o
perigo que o conceito povo representava enquanto sujeito de direitos e privilégios e
ação no mundo. Na linha da doutrina fisiocrata, os administradores coloniais
preocupavam-se com a falta de uma população na colônia, tanto no sentido quantitativo,
como qualitativo, e a necessidade de aumentá-la, conhecê-la e controlá-la. Nas
memórias da Academia de Ciências de Lisboa, essa temática foi constante.
A população colonial sempre foi um problema para as elites dirigentes, questão
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que se agravou no século XVIII. Além da imensa quantidade de escravos, que sempre
foi motivo de preocupação no que diz respeito à segurança, as autoridades percebiam
como muito problemática a existência de um contingente humano etnicamente diverso,
formado, por brancos pobres, índios, escravos libertos e mestiços sem lugar definido no
sistema produtivo. Fora muito comum a percepção de que na colônia não havia um
verdadeiro povo, mas sim uma vasta “plebe”, palavra correlata à palavra povo, que
denota uma parte considerada inferior da população. Quero destacar que na primeira
metade do século XVIII, a plebe era percebida de maneira totalmente diferente do que
foi feito na segunda metade. Ao se buscar compreender as características da plebe, os
administradores coloniais, via de regra, buscavam o exemplo histórico ou a autoridade
de autores clássicos. A plebe do século XVIII era tida como a mesma da Antiguidade.
Era como se o tempo não houvesse transcorrido. O mundo Antigo era um repertório de
exemplos e máximas edificantes capazes de apontar características constantes da
natureza do homem. O curso do tempo não era ainda visto como produtor do novo, pois
a natureza humana não sofria alteração histórica.
Deste ponto de vista, tratando de uma revolta ocorrida na primeira metade do
século XVIII, um administrador colonial buscou Platão que comparava a plebe
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Qual será entre nós aquele que pretenda cingir sua frente com os louros
ensangüentados dos Thouréts, dos Clemens, dos Maral, e dos Desmoullins?
Quem deseja ver cortada a carreira dos seos dias, ser hoje applaudido por um
partido ephémero como foi Caio Graco em Roma e amanhm ser assassinado,
como aquele foi ás portas do Templo de Diana? Ser hoje levado ao Pantheon
como Mirabeau e amanhãn lançado na cloaca como esse fingido republicano?”
(Regulador Brasílico-Luso. 29 de Julho de 1822)
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Fontes
Anais da Câmara dos Deputados.
Anais do Senado Imperial.
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Aurora Fluminense.
COUTO, Domingos de Loreto. Desagravos do Brasil e Glórias de Pernambuco. Rio
de Janeiro: Officina Typographica da Biblioteca Nacional, 1904.
Memórias Econômicas da Academia Real de Ciências de Lisboa para o
adiantamento das Artes e da industria em Portugal e suas conquistas.
Tomo V, ano. 1815.
Ordenações Manoelinas. Livro I. Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
Regulador Brasílico-Luso.
Relatórios de Ministros da Justiça. [on line] E-collections at the Center for Research
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<http://www.crl.edu/content.asp?l1=5&l2=24&l3=45>
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Razão Histórica. Teoria da História: Fundamentos da Ciência Histórica.
Brasília: Editoda Universidade de Brasília, 2001.
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro a.164,
n. 421. Out/dez 2003.