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Texto que serviu de base à intervenção no VI Colóquio do Direito do Trabalho, no dia
22-10-2013, no Supremo Tribunal de Justiça.
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Discordo da solução dada pelo Ac. da Rel. do Porto, de 24-4-14 (www.dgsi.pt), Rel.
Ramalho Pinto, onde se concluiu que “em sede de processo laboral, e dado que a re-
dacção do art. 79º-A do CPT não foi objecto de alteração, o art. 691º do anterior
CPC mantém-se em vigor, em detrimento do art. 644º do NCPC”. Creio ser mais
curial a solução adoptada no Ac. da Rel. do Porto proferido no âmbito do processo
nº 936/12.6TTMTS.P1 (Rel. Paula Leal de Carvalho), onde se concluiu que o art.
79º-A, nº 1, al. i), do CPT, “fez seu o conteúdo das als. c), d), h), i), j) e l) do nº 2 do
art. 691º (do anterior CPC)”, com relevo na determinação do prazo para interposição
dos recursos dessas decisões interlocutórias proferidas no âmbito do processo laboral.
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Relativamente aos recursos no processo do trabalho, nos termos que resultaram da
modificação do CPT introduzida pelo Dec. Lei nº 295/09, de 13-10, poderão ser en-
contradas respostas mais desenvolvidas no meu livro “Recursos no Processo do Trabalho
– Novo Regime”, ed. Almedina, 2010, com os necessários ajustamentos decorrentes da
aplicação remissiva ou subsidiária do NCPC de 2013.
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Por outro lado, em face das normas que no CPT remetem para normas
do CPC de 1961, na redacção que vigorava antes da entrada em vigor do
NCPC, enquanto não forem efectuadas as pertinentes alterações, tal re-
missão deve agora encontrar eco nas normas correspondentes do NCPC,
na medida em que não contrariem aquele regime específico.
Assim, a remissão que é feita pelo art. 79º para o art. 678º do anterior
CPC, deverá reportar-se ao art. 629º do NCPC, daqui decorrendo, além
do mais, que também no processo do trabalho é admitida a recorribilida-
de do acórdão da Relação que, no domínio da mesma legislação (substan-
cial) e sobre a mesma questão fundamental de direito, esteja em contradi-
ção com acórdão dessa ou de outra Relação (ou mesmo com acórdão do
STJ), em situações em que a irrecorribilidade não seja definida em função
da alçada do tribunal da Relação, mas de outro critério legal (art. 629º, nº
2, al. d), do NCPC).4
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De todo o modo, a aplicação deste preceito sempre adviria por via da subsidiariedade
do CPC (agora do NCPC), considerando que o CPT é totalmente omisso quanto a
essa situação (art. 1º, nº 2, al. a), do CPT).
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Sobre este e todos os demais preceitos do NCPC remete-se no meu livro “Recursos
no Novo Processo Civil”, 2ª ed, 2014, ed. Almedina, onde com mais desenvolvimento
são analisados todos os preceitos do NCPC sobre a matéria, sendo de destacar aqueles
que, por via remissiva ou subsidiária, têm aplicação no foro laboral.
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É de notar que a admissibilidade de recurso pode estar sujeita a outros pressupostos,
com destaque para o que conjuga o valor do processo ou da sucumbência com o valor
das alçadas da 1ª instância e da Relação (art. 629º, nº 1, do NCPC).
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Sobre a interpretação deste preceito, cfr. Abrantes Geraldes, “Recursos no Processo
do Trabalho – Novo Regime”, págs. 32 a 35.
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Numa futura alteração processual impõe-se que se estabeleça uma correspondência
entre os prazos previstos no CPC e no CPT. Assim o demandam razões de certeza e de
segurança que ficam prejudicadas quando se confrontam as partes com verdadeiros
“alçapões”, com graves consequências no direito material, atentos os efeitos preclusi-
vos determinados pelo simples decurso de prazos de natureza peremptória.
Nem sequer as razões de celeridade que estivaram na génese da redução dos prazos no
processo do trabalho justificam a manutenção da actual situação. Para além de ser
irrisória a diferença de prazos (20/30 dias ou 10/15 dias), quer em termos absolutos,
quer em termos relativos (considerando a duração média dos processos do foro labo-
ral), a solução legal determina um resultado paradoxal precisamente para os processos
a que o CPT atribui natureza urgente (art. 26º), com destaque para as acções de im-
pugnação da regularidade e licitude do despedimento ou para as acções emergentes de
acidente de trabalho e doença profissional. Contrariando essa qualificação, verifica-se
que o prazo para interposição de recursos em tais processos (e também para apresen-
tação de contra-alegações) acaba por ser mais longo do que aquele que resultaria da
adopção do regime de prazos previsto no NCPC (e que também já resultava do ante-
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rior CPC). Com efeito, uma vez que no CPT não existe qualquer redução de prazo
conexa com a natureza urgente do processo em que foi proferida a decisão recorrida, o
prazo de interposição de recurso de decisões finais no processo laboral é sempre de 20
dias quando, nas mesmas circunstâncias, tal prazo é reduzido para 15 dias nos proces-
sos que o NCPC qualifica como urgentes (art. 638º, nº 1).
Ainda que seja irrisória a contribuição deste alongamento do prazo para a duração
global de tais processos, o certo é que o valor da segurança jurídica beneficiaria larga-
mente com a unificação do regime, evitando-se que, por motivos meramente formais,
seja definitivamente prejudicada a justa composição do litígio e a apreciação do mérito
da decisão em função do direito material.
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Em termos racionais, a solução adoptada no NCPC (art. 105º, nº 4) encontra justifi-
cação não apenas em razões de celeridade da resposta, como também na maior garan-
tia de uniformidade do critério delimitador da competência relativa, factores que
igualmente merecem acolhimento no foro laboral. Com efeito, a reclamação é subme-
tida a um regime processual mais simples, permitindo que com a máxima celeridade
seja apreciada pelo Presidente da Relação que, como órgão uninominal, adoptará para
as mesmas situações a mesma solução, livrando as partes do factor aleatório sempre
associado à dispersão jurisprudencial emergente da distribuição pelos diversos juízes
desembargadores.
Como se disse, estes factores são assegurados por via remissiva para o art. 652º, nº 5,
al. a), do NCPC, quando se trata de decisões sobre competência relativa da Relação,
não fazendo sentido uma diversidade de soluções em face de incidentes processuais
com a mesma natureza e efeitos.
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652º, nº 5, al. a), do NCPC, creio que também no foro laboral a impug-
nação da decisão sobre competência relativa deve ser veiculada através de
reclamação para o Presidente da Relação, em lugar o recurso de apelação
que, assim, fica circunscrito à decisão que aprecia a competência absoluta
do tribunal, em razão da nacionalidade, da matéria ou da hierarquia.
Posto que não se encontre qualquer preceito que delimite as decisões que
apreciam o mérito da causa das demais decisões, o elemento histórico sus-
tentado no art. 691º, nº 2, do CPC de 1961, na redacção anterior ao Dec.
Lei nº 303/07, permite-nos concluir que aquela previsão abarca os despa-
chos saneadores em que, independentemente do resultado, se aprecia al-
guma excepção peremptória ou se conhece de algum dos pedidos ou de
parte do pedido).10
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Cfr. “Recursos no Processo do Trabalho – Novo Regime”, pág. 42, e anot. ao art. 644º,
em “Recursos no Novo Código de Processo Civil”, 2ª ed.
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Solução que já era prevista no anterior CPC (arts. 685º, nº 1, e 691º, nº 5).
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O art. 79º-A, nº 2, al. i), do CPT, por referência ao art. 691º, nº 2, al. i),
do anterior CPC, apenas abarcava os despachos de admissão ou de rejei-
ção de meios de prova.
Todavia, o art. 644º, nº 2, al. d), do NCPC, veio equiparar a tais decisões
aquelas em que se admite ou rejeita algum articulado.
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Apenas será de 20 dias nos casos em que o despacho saneador põe termo ao processo,
designadamente quando aprecia a totalidade do pedido ou dos pedidos formulados.
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Cfr. “Recursos no Processo do Trabalho – Novo Regime”, págs. 37 e 38.
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“Recursos no Processo do Trabalho – Novo Regime”, pág. 42 a 44, e “Recursos no Novo
Código de Processo Civil”, 2ª ed., anot. ao art. 644º.
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feita da norma remissiva (art 79º-A, nº 2, al. i), do CPT, em conexão com
o art. 691º, nº 2, al. i), do anterior CPC e, agora com o art. 644º, nº 2, al.
d), do NCPC), quer por via da aplicação subsidiária do regime processual
comum (art. 1º, nº 2, al. a), do CPT). Com efeito, nada se prevendo no
CPT acerca de tais decisões, impõe-se o recurso subsidiário ao NCPC cu-
jo preceito prevê a admissibilidade apelação do despacho interlocutório
de admissão ou de rejeição de algum articulado.15
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Nem sequer se mostra necessário invocar para o efeito o elemento de ordem racio-
nal que imporia uma tal solução. Os mesmos argumentos que justificam a admissibi-
lidade de recurso imediato das decisões sobre a admissibilidade de meios de prova se
aplicam à admissão ou rejeição de articulado. Na verdade, ainda que o diferimento da
impugnação de tais decisões não colidisse com a utilidade absoluta do respectivo resul-
tado, resulta manifesto que um melhor aproveitamento da actividade processual se
obtém quando uma tal decisão intercalar é submetida de imediato a reapreciação em
via de recurso, sob pena de formação de caso julgado formal.
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Por outro lado, não sendo necessária (embora também não seja vedada) a
transcrição dos depoimentos, o recorrente identificará a sua localização
temporal para efeitos de sustentar a modificação da decisão.16
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Cfr. “Recursos no Novo Código de Processo Civil”, 2ª ed., anot. ao art. 640º.
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Cfr. “Recursos no Novo Código de Processo Civil”, 2ª ed., anot. ao art. 662º.
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Trata-se de situação que encontrará nas acções laborais espaço para apli-
cação, uma vez que as circunstâncias que rodeiam tais litígios potenciam a
existência de depoimentos parciais (a favor da entidade patronal ou do
trabalhador) ou propositadamente vagos ou imprecisos (tendo em consi-
deração a ligação da testemunha a cada uma das partes ou o receio de re-
presálias), sem um firme compromisso quanto ao dever de veracidade dos
factos conhecidos.
É óbvio que tal dever da Relação, situado a jusante, não dispensa a actua-
ção a das partes e do juiz durante a audiência de julgamento no que con-
cerne ao controlo da credibilidade do depoente ou da veracidade do de-
poimento, designadamente através do contra-interrogatório dirigido pelo
mandatário da parte contrária à que arrolou o depoente, do pedido de
esclarecimentos formulado pelo juiz ou da dedução dos incidentes de im-
pugnação, de acareação ou de contradita.
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Cfr. “Recursos no Novo Código de Processo Civil”, 2ª ed., anot. ao art. 662º.
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Assim, o prazo geral é de 20 dias, em lugar dos 30 dias que, em regra, vi-
goram no NCPC. Será de 10 dias (e não de 15, como decorre dos arts.
638º, nº 1, 677º e 671º, nº 4, do NCPC) nos recursos de acórdãos inter-
locutórios, nos termos do art. 80º, nº 2, do CPT.
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Trata-se de solução uniformemente adoptada pelo Supremo Tribunal de Justiça, não
apenas nas Secções Cíveis, mas igualmente na Secção Social.
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Assim, ao invés do que decorria do anterior CPC, foi dado relevo à fun-
damentação do acórdão da Relação, por contraposição à fundamentação
da decisão da 1ª instância, implicando uma análise casuística que pondere,
por exemplo, o recurso a um instituto jurídico diverso ou a afirmação de
uma qualificação jurídica diversa.
7. Por fim, existe um pormenor válido para todos os recursos e que está
previsto no art. 218º do NCPC. Sempre que seja decretada a anulação da
sentença ou do acórdão da Relação ou ordenada a ampliação da matéria
de facto, o novo recurso de apelação ou de revista que seja interposto é
atribuído ao mesmo juiz relator, em lugar de passar por nova distribui-
ção.
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