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2- CONCEITO
3- A IMPORTÂNCIA DA PROCEDIMENTALIZAÇÃO
7- CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES
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2.1- A NÃO POPULARIDADE INICIAL DA EXPRESSÃO: A expressão atos administrativos nem sempre foi
utilizada, no período Absolutista era muito comum o uso das seguintes expressões “atos do Rei, atos do Fisco, atos
da Coroa”, já que o Estado personificado na figura do Príncipe ("L'État c'est moi"- Rei Luis XIV)
2.2- A LEI 16/1790 E A LEI 3-9-1790
Não se sabe exatamente em que momento a expressão foi utilizada pela primeira vez, mas o primeiro texto legal a
tratar dos atos da AP em geral foi a Lei 16/24-8-1790 que vedava aos tribunais de conhecerem de “operações dos
corpos administrativos” e dps veio a lei 3-9-1790 que vedava “aos tribunais de conhecer dos atos da administração
qq que seja a sua espécie”. Essas leis deram origem, na França, ao contencioso administrativo, que para separar as
competências, houve necessidade de elaboração de listas dos atos da Administração excluídos da apreciação
judicial.
2.3- A NOÇÃO ATUAL DE ATO ADMINISTRATIVO- Começou a ser construída a partir do
constitucionalismo, do fortalecimento do principio da separação dos poderes (subordinando-se cada um deles a um
regime-jurídico próprio) e da subordinação da AP ao direito (Estado de Direito). Ou seja, a noção de ato adm só
existe nos países que possuam um regime jurídico-administrativo, ou seja, sujeitando a AP a um regime de
direito público. Onde não se adota esse regime, como nos sistemas de common Law, a noção de ato administrativo,
tal como a conhecemos, não é aceita. Nesses países do common Law (ex: EUA e Inglaterra) nega-se a existência de
um regime jurídico que sujeite a AP, diverso do regime a que se submetem os particulares; o direito é comum
(commom Law) tanto pro Estado como pro particular.
A nossa noção de ato adm, portanto, surgiu e se desenvolveu nos países filiados aos Civil Law, em especial na
França, Itália e Alemanha
2.4- O SURGIMENTO NO DIREITO BRASILEIRO- Se considerarmos ato adm como uma espécie de ato
jurídico, a origem do conceito de ato adm no direito brasileiro veio com o art 81 do CC/1916 que define a ideia de
ato jurídico como sendo “Todo o ato lícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar ou extinguir direitos.”
3- CONCEITO
Antes de tudo o ato administrativo é uma espécie de ato jurídico. Logo, para a compreensão do conceito devemos
inicialmente considerar a clássica divisão entre ato e fato jurídico difundida pela Teoria Geral do Direito.
3.1- DISTINÇÃO CLÁSSICA ENTRE ATO E FATO JURÍDICO-
3.1.1- A IMPORTAÇÃO DO CONCEITO DE ATO E FATO JURÍDICO PARA O D. ADM
Nessa distinção clássica da TGD, o ato jurídico seria o comportamento humano voluntário (uma conduta
humana) destinado a produção de efeitos jurídicos e o fato jurídico seria um evento material, da natureza ou
comportamentos humanos alheios que tb gerariam efeitos jurídicos.
Nesse sentido, importando esses conceitos pro D. Adm, o ato administrativo e o fato administrativo seriam,
respectivamente, espécies de ato jurídico e de fato jurídico que tenderiam a produzir efeitos administrativos.
Exs: Fato adm: Uma enchente que destrói uma obra pública, a morte de um servidor público que gera vacância do
cargo e a obrigação da AP pagar pensão em favor da viúva; O decurso do tempo que gera a prescrição adm. Ato
adm: um alvará de construção, uma licença pra dirigir, uma expropriação, uma demissão...
3.1.2- POSICIONAMENTO CRÍTICO DE CELSO ANTÔNIO
P/ Celso Antonio essa distinção clássica não mais atende ao D. Adm, pois existem atos adm q não são um
comportamento humano voluntário (ex:atos praticados por máquinas: sinais de transito, parquímetro, “chupa
cabras”). Por isso, segundo ele, deve-se buscar uma outra forma de distinguir. P/ ele: Ato jurídico seria uma
declaração q prescreve um comando a ser seguido e tem efeitos jurídicos. Já o fato jurídico simplesmente
acontece, sem nada a declarar, mas o direito lhe confere efeitos jurídicos
3.1.3- UTILIDADE DA DISTINÇÃO- A utilidade da distinção é a seguinte:
1) fatos administrativos não são nem anuláveis nem revogáveis;
2) fatos administrativos não gozam de presunção de legitimidade;
3) fatos administrativos não se pode examinar manifestação de vontade em termos de discricionariedade.
Já os atos administrativos podem tudo isso.
3.2- “ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA” E OS “ATOS ADMINISTRATIVOS”
3.2.1- RELAÇÃO DE GÊNERO E ESPÉCIE
Todos os atos praticados no exercício da função administrativa são “Atos da AP”. A AP pratica uma série de atos,
mas nem todos esses atos, são atos adm. Desse modo, a expressão atos da AP é gênero, na qual o ato adm é
espécie.
3.2.2- AS ESPÉCIES DE ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em síntese, a AP pratica 4 espécies de atos:
A) ATOS POLÍTICOS- Atos praticados no exercício da função política do Estado e que estão
regidos pelo regime jurídico-constitucional. São muito discricionários, logo não estão
sujeitos ao controle judicial abstrato. Ex: anistia, declaração de guerra, veto de lei,
nomeação de um ministro.
OBS: Parte da doutrina considera atos políticos como atos administrativos cercados de muita discricionariedade.
Vale ressaltar que a professora Kaline em seu livro: “A dimensão política da Administração Pública” faz uma
crítica a essa separação entre atos políticos (regidos erroneamente pelo D. constitucional) e atos
administrativos (regidos pelo D.adm), já que os atos dos chefes do Executivo fazem parte da função
administrativa do Estado e devem ser reguladas pelo D. adm.
B) ATOS PRIVADOS- Ato praticado pelo regime d. privado, sem nenhuma prerrogativa pública. Estado atua em
pé de igualdade com o particular. Ex: Doação, permuta, locação...
C) ATOS MERAMENTE MATERIAIS OU FATOS ADM- Atos de mera execução de atividade. Não
manifestam vontade do Estado. Ex: Determinar a demolição de um prédio é um ato adm, a demolição em si é
um ato material. Apreensão de uma mercadoria, a realização de um serviço
OBS: FATOS ADMINISTRATIVOS- Expressão com duas significações.São os fatos da natureza que repercutem
no d. administrativo. Ex: uma enchente que destrói uma obra pública/ São tb os atos materiais.
E por exclusão, teremos o conceito de Ato administrativo:
D) ATOS ADM- É a manifestação de vontade do Estado, no exercício da sua função administrativa, sob regime de
direito público.
“manifestação de vontade do Estado”- não são atos materiais
“função administrativa”- não são atos políticos (segundo boa parte da doutrina)
“regime de direito público”- não são atos privados
EXEMPLOS DE ATOS ADM: uma licença para dirigir, licença de pesca, uma nomeação de servidor público, uma ordem de
serviço, um alvará de construção, um auto de infração de trânsito, um parecer administrativo, um confisco de
mercadoria etc.
OBS: A VONTADE ADM- Essa manifestação de vontade, é chamada a vontade administrativa, ou seja, a vontade
objetivamente vinculada a satisfação das necessidades coletivas, formada segundo as imposições de uma
democracia republicana. É diferente de uma vontade no d. privado que é cercada pela autonomia (autonomia da
vontade), o gestor público não pode agir como bem quiser, não pode favorecer seus interesses pessoais, ele deve
satisfazer o interesse público.
4- A IMPORTÂNCIA DA PROCEDIMENTALIZAÇÃO
4.1- A MUDANÇA DO MODELO “ATOMISTA” P/ O “PROCEDIMENTALISTA”-
Antes do Estado Democrático de Direito, o conceito central do Direito Adm era o ato adm. Essa velha teoria do ato
administrativo corroborava com uma visão antidemocrática de que a atuação da AP era simplesmente uma
declaração unilateral de vontade, em que pouco importava a opinião dos administrados.
Com a edificação do Estado Democrático de Direito, todavia, ocorreu uma mudança de paradigma no D. Adm. O
conceito central do D.Adm deixa de ser o ato adm e torna-se o processo adm. Muda-se a visão antidemocrática de
da atuação estatal para se estabelecer uma atuação mais consensual, em que os particulares possam participar
democraticamente dando-lhe legitimidade, controlando-lhe e dando-lhe maior eficácia. Ou seja, o processo
administrativo possibilita: controle, legitimidade e eficácia da atuação estatal
E a pergunta que não quer calar é: COMO? Como que ele faz isso?
4.2- A PROCEDIMENTALIZAÇÃO
4.2.1- CONCEITO- É uma sequência lógica de atos, é um mecanismo formal necessário para que a AP possa
praticar qualquer ato adm visando atingir o interesse público, ou seja, para que o Estado possa praticar sua função
administrativa.
Basta perceber que, o Estado ao praticar sua função legislativa, ele necessita do proc. legislativo/ para desempenhar
a função judiciária – necessita do processo jurisdicional/ p/ a função adm tb precisa de um processo, esse processo é
o Proc adm.
A procedimentalização é, assim, uma exigência formalista para a atividade administrativa democrática.
4.2.2- AS ETAPAS DO PROCEDIMENTO- Não existe uma fórmula única aplicável a todos os casos, a depender
da natureza, complexidade e características da situação o procedimento pode variar. Mas o certo é que todo
procedimento segue ao menos 3 etapas:
A) INSTAURAÇÃO- Envolve a divulgação a todos os interessados da perspectiva de produção de uma decisão
administrativa sobre determinado tema e que todos os possíveis interessados tem direito de se manifestar.
B) INSTRUÇÃO- Coleta de informações necessárias e produção de provas
C) DECISÃO - AP analisa todas as manifestações e produz uma escolha entre os diversos interesses e alternativas,
determinando a solução para o caso concreto.
Nesse diapasão, a atuação adm deve seguir essa sequência lógica de atos (procedimento) corroborando com o
seu controle, legitimidade e eficácia.
4.2.3- CONSEQUÊNCIAS
A) O CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA: O procedimento fraciona a atuação estatal em vários
atos e com a participação de vários sujeitos, o que facilita a sua fiscalização. Ex: audiências públicas, controle
interno, controle popular...
B) A LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA: atuação adm terá o respaldo popular na medida em
que é uma atuação transparente, e facilmente controlada.
C) A EFICÁCIA DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA: procedimento visa aperfeiçoar a atuação adm, restringe a
possibilidade de atitutes imediatas e impulsivas, visa uma atuação eficaz, pois facilita a correção dos atos.
Essa procedimentalização impede a concentração decisória em um ato imediato e único, evitando assim abusos de
poder, e favorece a participação dos interessados na formação do ato estatal.
Além disso reduz os encargos do PJudiciário (pois se os interessados participam da atuação, eles podem resolver
as controvérsias na seara adm. E se for pro PJ vai ser mais fácil controlar os atos, que estão numa sequencia lógica)
4.3- LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
4.3.1- CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CF- art 1º, caput: Noção de Estado democratico de direito
art 5º, LIV (devido processo legal) e LV (contraditório e ampla defesa)
art 37(principios da AP: LIMPE)
4.3.2- LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI 9.784/99)- Um grande avanço no Brasil dessa mudança
de paradigma foi a edição de uma lei federal expressamente voltada para a atuação procedimental do Estado-
administrador, qual seja a Lei n. 9.784/99, conhecida como Lei do Processo Administrativo (LPA).
4.4- CONCLUSÃO- Todos os atos administrativos devem obedecer ao devido processo legal. Todos os atos
adm necessariamente devem ser procedimentalizados (até mesmo os atos instantâneos devem ter um mínimo
de processalidade). O que varia, em cada caso, é a complexidade do procedimento, de acordo com o grau de
participação do administrado e o momento destinado ao exercício da sua defesa. Todo ato adm precisa de um
processo adm.
Ex: Toda vez que a AP for tomar uma decisão, executar uma obra, editar um regulamento, o ato final é sempre
precedido de uma série de atos materiais ou jurídicos, consistentes em estudos, pareceres, informações, laudos,
audiências, enfim tudo o que for necessário para instituir, preparar e fundamentar o ato final objetivado pela
Administração
OBS: Diante dessa mudança de paradigma, Justen Filho ao invés de utilizar a expressão estática de “ato
administrativo” utiliza a expressão “atividade administrativa”
6.3- FINALIDADE- É aquilo que a lei busca quando prevê a prática do ato. Divide-se a finalidade em dois:
6.3.1- FINALIDADE GENÉRICA- É o IPúblico. Todo ato adm busca atingir o IPúblico.
6.3.2- FINALIDADE ESPECÍFICA- Finalidade específica de cada ato. Ex: Remoção de um servidor -> serve pra
estruturar a prestação de serviços. O servidor praticou uma infração e a AP remove ele pra outro local para
puni-lo (isso é desvio de finalidade).
6.4- FORMA
6.4.1- CONCEITO- É a exteriorização do ato, é o meio sobre o qual o ato se apresenta, é a maneira específica
como cada ato administrativo deve ser externado; manifestado. Ex: Escrito, oral, gestual, etc.
6.4.2- REGRA E EXCEÇÕES
Em regra, o ato adm é escrito, por razões de segurança e certezas jurídicas (p/ q não se altere com facilidade e p/
q se possa consultar o ato depois). Exceções:Entretanto, há atos expressos por via oral (por exemplo, ordens
verbais para assuntos rotineiros) ou por gestos (ordens de um guarda sinalizando o trânsito), ou, até mesmo, por
sinais convencionais, como é o caso dos sinais semafóricos de trânsito.
OBS: Art 22 da lei 9784: consagra como regra o principio do informalismo no direito administrativo: “os atos do
processo adm não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente exigir”
6.4.3- FORMALIDADE ESSENCIAL E ACIDENTAL
De acordo com o grau de vinculação legal, a formalidade poderá ser essencial (necessária à validade do ato
administrativo- ex: Licitação) ou acidental (mera irregularidade sanável, que não invalida o ato). Essa
classificação vem sendo repelida pela doutrina por não existirem critérios seguros para distinguir uma
formalidade essencial de uma acidental.
6.5- MOTIVO
6.5.1- CONCEITO- É a causa de agir da Administração ao praticar o ato, vale dizer, “o pressuposto de fato e de
direito que fundamenta o ato administrativo”. Pressuposto de direito é o dispositivo legal em q se baseia o ato.
Pressuposto de fato é a situação da vida que leva a AP praticar o ato. Ex:Punição- o motivo foi a infração.
Tombamento- motivo foi o valor cultural do bem. Exoneração do servidor estável- motivo foi o pedido do
mesmo.
6.5.2- DIFERENÇA ENTRE MOTIVO E MOTIVAÇÃO- Motivo é a causa do ato adm. Motivação é o ato
formal escrito que expõe os motivos. A motivação é diz respeito a forma do ato. Em regra, todos os atos adm
devem ter motivação, isso é uma garantia legal permite q a qq momento possa se verificar a legalidade do ato
(princípio da motivação- art 2º da lei 9784). Mas existem exceções: atos que têm motivo (que é elemento), mas
não depende de motivação (não precisa demonstrar os motivos). Ex: Cargos em comissão são de livre nomeação e
exoneração. A exoneração “ad nutum”, por ex, não precisa de motivação (há motivo, mas não precisa de
motivação).
6.5.3- TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES- Segundo a teoria dos motivos determinantes, a
indicação do motivo (motivação) assume grande importância para a validade do ato. A validade do ato se vincula
aos motivos indicados como seu fundamento. Desse modo, quando a AP motiva o ato, mesmo que a lei não exija
motivação, ele só será válido se os motivos forem verdadeiros. Assim, se os motivos forem falsos ou
inexistentes, o ato administrativo será nulo.
Exs: a exoneração ad nutum, para a qual a lei não define o motivo, se a Administração praticar esse ato alegando
que o fez por falta de verba e depois nomear outro funcionário para a mesma vaga, o ato será nulo por vício Qto ao
motivo”.Ex²: revogaçao de uma permissão de usos de BP, alegando que o uso se tornou incompatível com a
destinação do BP. Se a AP logo após permitir o mesmo uso para um terceiro, ato será nulo.
6.6- OBJETO
6.6.1- CONCEITO- É aquilo que o ato busca, é o seu resultado visado. É o efeito/consequência principal que o ato
gera no mundo jurídico. É o conteúdo do ato administrativo. Ex: Objeto da demissão = demissão. Objeto da
desapropriação = desapropriação
OBS: Como todo ato jurídico, o objeto de um ato adm deve ser lícito, possível, determinado ou determinável.
OBS²: Parte minoritária da doutrina critica essa divisão em 5 elementos do ato adm (CFFMO). Celso Antônio, por
ex, afirma q elemento seriam (CF) e os demais seriam pressupostos de existência ou de validade.
OBS³: A doutrina considera que a C, F, F são sempre elementos vinculados em todos os atos adm. E que o
Motivo e o objeto podem ser vinculados ou discricionários
EXEMPLO GERAL COM TODOS OS 5 ELEMENTOS DO ATO ADM
Um agente da Polícia Rodoviária Federal autua um motorista que trafegava na BR 324 com excesso de velocidade.
Nesse exemplo, temos:
A competência existe porque, na forma da lei e da Constituição, compete à Polícia Rodoviária Federal, por meio de
seus agentes, exercer a fiscalização nas rodovias federais, como é o caso da BR 324.
A finalidade se consubstancia no interesse público de reprimir as infrações às normas de trânsito, a fim de evitar
acidentes e preservar vidas humanas
A forma se verificará através do procedimento adequado para a autuação policial, consistente no preenchimento do
auto de infração assinado pelo agente policial e pelo motorista, com indicação do motivo (motivação) e da sanção
aplicável à espécie na forma da lei (geralmente com indicação da norma de trânsito violada), bem como do prazo
para discutir administrativamente a autuação.
O motivo se identifica no fato de o motorista estar dirigindo o carro acima da velocidade legal permitida.
O objeto é a aplicação da sanção prevista em lei para a infração cometida pelo motorista, que, no caso, resultará em
uma multa pecuniária e perda de pontos na carteira de habilitação.
8- CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES
8.1- QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE NA ATUAÇÃO ADM: DISCRICIONÁRIO E VINCULADOS
8.1.1- DISCRICIONÁRIOS- AP tem uma margem de escolha (oportunidade e conveniência), dentro dos limites
da lei.
OBS:
B) VINCULADOS- Lei estabelece todos os elementos de forma objetiva não tendo essa margem de escolha pro
agente.
11.2.2- QTO AOS DESTINATÁRIOS: GERAIS OU INDIVIDUAIS
A) INDIVIDUAL- Se refere a indivíduos específicos. O ato especifica os indivíduos que serão atingidos. Produz
efeitos no caso concreto. Ex: Nomeação, demissão, tombamento...
B) GERAL- Atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Se refere a uma situação e todos que
se adequem aquela situação devem respeitar o ato. Ex: Atos normativos Regulamento, portaria,resoluções, etc
“amanhã todo mundo que estiver na sala de aula vai ter que estar de farda”
11.2.3- QTO A FORMAÇÃO DA VONTADE: SIMPLES, COMPLEXOS E COMPOSTOS
A) SIMPLES- Ato pra ser perfeito e acabado depende de uma única e simples manifestação de vontade da AP.
Dependem da manifestação de vontade de um único órgão. Ex: Nomeação de um servidor do TRT, só
depende da portaria do presidente do tribunal.
B) COMPLEXOS- Ato pra ser perfeito e acabado depende de mais de uma manifestação de vontade da AP.
Dependem da manifestação de vontade de mais de um órgão Decorre da soma de vontades de órgãos
independentes. Ex: Nomeação do Procurador da Faz. N depende de vontade do ministro da fazenda + da
vontade do AGU (soma as duas vontades independentes)
C) COMPOSTO- Ato pra ser perfeito e acabado depende de mais de uma manifestação de vontade da AP.
Dependem da manifestação de vontade de mais de um órgão. Decorre de uma vontade principal e uma
vontade acessória que depende dessa, que é meramente ratificadora. Ex: Nomeação do PGR depende da
prévia aprovação do Senado.Nomeação é o ato principal, a aprovação é o ato acessório. Ato que depende de um
visto, de uma homologação (visto e homologação são vontade acessória a uma vontade principal regular)
OBS: Aprovação é uma vontade independente em relação a primeira vontade. Logo, todo ato que dependa de uma
aprovação é um ato complexo. Ex: Aposentadoria do servidor público (depende da vontade do órgão +
aprovação do TContas). Se o TC não aprovar a aposentadoria, a aposentadoria não está sendo anulada, mas
impede que o ato de aposentadoria seja perfeito. Por isso, a não aprovação do TC não precisa respeitar
contraditório e ampla defesa (SV nº3)
11.2.4- QTO ÀS PRERROGATIVAS PÚBLICAS: ATOS DE IMPÉRIO, DE GESTÃO, DE EXPEDIENTE
A) DE IMPÉRIO- Estado atua com prerrogativas públicas, jus imperium, pode trazer imposições unilaterais pro
administrado.
B) DE GESTÃO- Estado atua sem prerrogativas públicas, isto é, em pé de igualdade com os particulares, com
regime jurídico privado, jus gestionis
C) DE EXPEDIENTE- De mera execução da atividade pública.
OBS: Na verdade só os atos de império são atos adm. Os de gestão são atos privados. De expediente são atos
materiais
OBS²: Essa classificação surgiu na doutrina francesa pela teoria dos atos de gestão, em que se previa a
responsabilidade do Estado nos atos de gestão e a irresponsabilidade nos atos de império.
11.2.5- AMPLIATIVOS OU RESTRITIVOS
A)AMPLIATIVOS- Geram direitos, concedem benefícios aos particulares. Ex: licença, aprovação, autorização
B) RESTRITIVOS- Impõe obrigações, penalidades.
11.2.6- NORMATIVOS, ORDINATÓRIOS, NEGOCIAIS, ENUNCIATIVOS E PUNITIVOS
A) ATO NORMATIVO- Decorrem do poder normativo, estabelecem normas gerais e abstratas na atividade adm
(não é lei) dentro dos limites da lei.
Espécies:
A1- REGULAMENTOS (DECRETOS)- Atos privativos do chefe do Poder executivo (PRep, Gov, Prefeito).
Podem ser executivos ou autônomos. Visa especificar o texto legal
A2- AVISOS- São atos normativos expedidas pelas autoridades superiores imediatamente subordinados aos chefes
do PE, ou seja, atos dos ministérios e secretarias. Ex: Avisos ministeriais
A3- INSTRUÇÃO NORMATIVA (IN)- Ato normativo feito pelas demais autoridades
A4- DELIBERAÇÕES E RESOLUÇÕES- Ato normativo dos órgãos colegiados. Ex: Resolução da Câmara, do
Senado, do conselho diretivo (colegiado) de uma agência reguladora.
B) ATO ORDINATÓRIO- Decorre do poder hierárquico. Visam fazer a ordenação e organização interna na
estrutura adm.
Espécies:
B1- ATOS DE COMUNICAÇÃO: OFÍCIOS E MEMORANDOS- Memorando é ato de comunic interna (agts
do mesmo órgão). Ofício é feito entre autoridades diferentes ou entre autoridade pública e um particular. Ex:
Oficiar um banco
B2- PORTARIAS- Ato ordinatório individual interno, se referem a indivíduos específicos. Ex: Portaria de férias,
nomeação, posse.
B3- CIRCULAR- Normas internas uniformes, se referem a todos. Ex: Circular definindo a divisão das garagem,
farda dos funcionários...
B4- ORDENS DE SERVIÇO- Distribui internamente o serviço do órgão. Ex: Tal órgão vai ser dividido em vários
setores. Esse setor vai ficar com essa função... etc
C) ATO NEGOCIAL- Aquele na qual a manifestação de vontade do Estado coincide com o do particular, o
particular pede algum benefício e o Estado concede. Ex: licença, autorização, permissão
OBS: Um ato adm unilateral não pode ser considerado um negócio jurídico, pois a AP não tem liberdade para
estabelecer, por sua própria vontade, os efeitos jurídicos, que são fixados em lei. Ex: Um ato adm com
imperatividade é uma ordem, não é uma negociação ou um consentimento entre as partes. Um ato sem
imperatividade é um ato negocial mas não é um negocio jurídico, pois não se tem liberdade de estipular os
efeitos do ato, que decorrem da lei.
Espécies
C1- AUTORIZAÇÃO- Ato discricionário (margem de escolha) e precário (não gera direito adquirido). Existem
duas formas:
Autorização pra atividades materiais (autorização de polícia) ato de polícia- Atividades
materiais que dependem de fiscalização (policiamento) do Estado. São atividades que em geral são proibidas ao
particular por questões de segurança, economia e outros motivos, mas que podem ser autorizados pelo Estado
se a prática do ato não for nociva ao IPúblico. Ex: Portar arma, abrir uma escola -> Estado fiscaliza e dps
autoriza.
OBS: A lei de contravenções penais denomina essa autorização impropriamente como uma licença (art. 19)
Autorização de uso especial de BPúblico- O uso comum do BP pelo particular pode ocorrer sem
precisar da manifestação do Estado. Ex: Tomar um banho de mar na praia. Andar na pracinha. Todavia, o
particular pode querer um uso especial/anormal dos BPs, e pra isso depende de autorização do Estado, pois o
Estado vai verificar se o uso especial não vai prejudicar o uso comum do BP. Ex: particular quer fechar a praia
pra fazer o casamento. O bar quer colocar suas cadeiras e mesas na rua. -> Pode se for autorizado. Particular
quer casar em Copacabana no domingo meio dia (não pode, impede o uso comum)
C2- LICENÇA- Ato vinculado e de polícia. É vinculado pois se o particular cumpriu os requisitos legais terá
direito a licença. Ex: mostrou os documentos pode construir na sua casa (terá o alvará de licença)
C3- PERMISSÃO DE USO DE BP- Ato discricionário e precário, por meio do qual o Estado admite que o
particular faça uma utilização especial do BP. Qual a diferença entre autorização de uso e permissão de uso? A
autorização é feita no interesse do particular (quero casar na praia), já a permissão tem o interesse privado, mas
tb tem interessse público (feira de artesanato -> difusão da cultura)
OBS: Permissão de SP é contrato, não é ato adm.
OBS: O alvará é a forma de se expedir os atos de licença, da autorização e permissão (alvará de licença, da
autorização e permissão)
C4- ADMISSÃO- Estado admite que o particular usufrua de um determinado SP prestado pelo Estado. Ex:
Admissão em escola pública. Admissão em hospital público.
D) ATOS ENUNCIATIVOS- Não manifestam vontade do Estado, mas atestam situações de fato e emitem opinião
do ente público. OBS: Uma parte da doutrina não considera os atos enunciativos como atos administrativos
Espécies dos que atestam fatos
D1- ATESTADO- Atesta uma situação de fato, não registrada nos órgãos públicos, que o Estado verifica naquele
momento. Ex: Atestado médico, hospital verifica se vc ta doente pra dps emitir o atestado. / Oficial atesta que o
réu não mora no domicílio indicado
D2- CERTIDÃO- É a divulgação pra sociedade de uma situação já registrada nos órgãos públicos. Ex: Nasceu um
bebê. Registra o nascimento no hospital público. Dps vai se dá a entrega da certidão de nascimento divulgando
o nascimento do bebê. Certidão de nascimento, de débito, de óbito, etc.
D3- APOSTILA OU AVERBAÇÃO- Acréscimo de informações em um registro público. Ex: Trabalhou 10 anos
numa empresa privada. Passou num concurso. Vc quer aproveitar aquele tempo de contribuição pra
aposentadoria. Vc vai no INSS pega uma certidão e vai averbar no órgão público.
Espécies dos que emitem opinião
D1- PARECERES- Ato meramente opinativo, mera opinião do Estado. O parecer não vincula a autoridade ao qual
se dirige, salvo disposição legal expressa em contrário. O parecerista, em regra, não responde pelos atos
danosos baseados no seu parecer, salvo em caso de dolo do parecerista
E) ATOS PUNITIVOS- Atos de aplicação de penalidades. Logo, deve ser precedido de um processo adm que
garanta o contraditório e ampla defesa
B) REVOGAÇÃO- Retirada de um ato em razão de mérito. É um ato adm válido (sem vícios), mas que seja
inoportuno ou inconveniente (não há IPúblico na manutenção desse ato). Se o ato é válido desde a origem o que
não se quer é a manutenção dos efeitos pro futuro, logo os efeitos da revogação é ex nunc (dali pra frente). Se a
revogação é análise de mérito quem pode fazer isso?
A própria AP (autotutela), mas o PJudiciário não pode revogar um ato adm (o judiciário não pode controlar o
mérito adm).
É possível a revogação de um ato administrativo vinculado? NÃO. Se o ato vinculado tem todos os elementos
determinados em lei, se não há análise de mérito, não pode haver revogação.
É possível a revogação de atos administrativos consumados? NÃO, se o Ato consumado é aquele q já produziu
todos os seus efeitos, a revogação não tem utilidade, pois ela é ex nunc (efeitos futuros). Ex: Vc pediu férias no
mês de Junho. Foi concedida. Vc ficou o mês todo de junho em casa curtindo as férias. Acabou as férias
consumou o ato. Não adiante revogar, pois a revogação não retroage.
C) CASSAÇÃO E CADUCIDADE- Decorrem de ilegalidade superveniente. O ato é originariamente válido e se
torna inválido durante sua execução. A cassação é a ilegalidade superveniente é por culpa do beneficiário do
ato. A caducidade é a ilegalidade superveniente decorrente de uma lei nova.
Ex de cassação: José montou um Hotel grande perto da fonte nova pra Copa do mundo. Para construir e explorar
atividade hoteleira ele teve uma licença. Dps que a copa do mundo passou o hotel ficou às moscas, vazio, vazio.
Aí José transformou o Hotel num Bordel. Mas a licença foi pra atividade hoteleira, e não pra bordel. A licença
tornou-se invalida. Licença vai sofrer cassação. Ex²: Vc passou no exame da OAB, ganhou a carteirinha
(licença pra advogar), fez alguma ilegalidade na profissão, houve a cassação da licença.
Ex de caducidade: José vendeu o bordel. Montou um circo. Pediu uma autorização de uso pra montar o circo na
praça da Pituba e concederam. Mas após ele conseguir a autorização, veio uma nova lei, mudou o plano diretor
de Salvador e transformou aquela área numa área residencial, proibindo circo. A nova lei torna inválida a
autorização. A autorização vai sofrer a caducidade. Como a autorização é ato precário, José não tem direito a
indenização
D) CONTRAPOSIÇÃO OU DERRUBADA- O ato é licito, mas existe um novo ato que disponha sobre a mesma
matéria que extingue o primeiro. Ex: A exoneração extingue os efeitos da nomeação. Um ato se contrapõe ao
outro.
OBS: Na retirada não existe direito represtinatório. A anulação do ato anulador ou revogação do ato revogador não
gera represtinação dos efeitos do primeiro ato. Ex: Ato A revogou o ato B e o Ato C revoga o ato B. Isso faz
retornar o ato A? Não, A não represtina (não volta a viger, pq se revogou o ato que o revogou)