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Sumário

o espectador emancipado 7

Desventuras do pensamento crítico 27

Paradoxos da arte política 51

A imagem intolerável. 83

A imagem pesisativa 103

Origem dos textos 127


saber. É a conclusão outrora formulada por Platão: o teatro é
o lugar onde ignorantes são convidados a ver sofredores. O
que a cena teatral lhes oferece é o espetáculo de um páthos,
a manifestação de uma doença, a doença do desejo e do so-
frimento, ou seja, da divisão de si resultante da ignorância.
O efeito próprio do teatro é transmitir essa doença por meio
de outra: a doença do olhar subjugado por sombras. Ele
transmite a doença da ignorância que faz as personagens
sofrer por meio de uma máquina de ignorância, a máquina
óptica que forma os olhares na ilusão e na passividade. A
comunidade correta, portanto, é a que não tolera a media-
ção teatral, aquela na qual a medida que governa a comuni-
dade é diretamente incorporada nas atitudes vivas de seus
membros.
É a dedução mais lógica. Contudo, não é a que preva-
leceu entre os críticos da mimese teatral. Estes, na maioria
das vezes, ficaram com as premissas e mudaram a conclu-
são. Quem diz teatro diz espectador, e isso é um mal, disse-
ram eles. Esse é o círculo do teatro que nós conhecemos, que
nossa sociedade modelou à sua imagem. Portanto, precisa-
mos de outro teatro, um teatro sem espectadores: não um
teatro diante de assentos vazios, mas um teatro no qual a
relação óptica passiva implicada pela própria palavra seja
submetida a outra relação, a relação implicada em outra pa-
lavra, a palavra que designa o que é produzido em cena, o
drama. Drama quer dizer ação. O teatro é o lugar onde uma
ação é levada à sua consecução por corpos em movimento
diante de corpos vivos por mobilizar. Estes últimos podem
• ter renunciado a seu poder. Mas esse poder é retomado, rea-
tivado na performance dos primeiros, na inteligência que
constrói essa performance, na energia que ela produz. É so-
bre esse poder ativo que cabe construir um teatro novo, ou
melhor, um teatro reconduzido à sua virtude original, à sua
essência verdadeira, de que os espetáculos assim denomina-
dos oferecem apenas numa versão degenerada. É preciso um
teatro sem espectadores, em que os assistentes aprendam
em véZ de ser seduzidos por imagens, no qual eles se tornem
participantes ativos em vez de serem voyeurs passivos.
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